toes étnicas, religiosas, politicas, geracionais, de gênero, de exclusão social, etc. Além da
diversidade de temas, é comum também se encontrar uma grande variedade de abordagens.
O modo como um determinado tema é abordado em um projeto de educação ambiental
define tanto a concepção pedagógica quanto o entendimento sobre a questão ambiental que
estão sendo assumidos na proposta.
A questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em programas de educação ambiental
desde a perspectiva do "Lixo que não é lixo", em que o eixo central de abordagem está na
contestação do consumismo e do desperdício, com ênfase na ação individual por meio dos
três R (reduzir, reutilizar e reciclar), até aquela que toma essa problemática como consequên-
cia de um determinado tipo de relação sociedade-natureza, histórica e socialmente construída,
analisa desde as causas da sua existência até a destinação final do resíduo e, ainda, busca a
construção coletiva de modos de compreendê-la e superá-la.
Para quem se identifica com a primeira perspectiva, está implícita a ideia de que a preven-
ção e a solução dos problemas ambientais dependeriam, basicamente, de cada um fazer sua
parte. Assim, se cada pessoa passasse a consumir apenas o necessário (aquelas que po-
dem), a reaproveitar ao máximo os produtos utilizados e a transformar os rejeitos em coisas
úteis, em princípio estar-se-ia economizando recursos naturais e energia e, dessa forma,
minimizando a ocorrência de impactos ambientais negativos. Nesse quadro, à educação
ambiental caberia, principalmente, promover a mudança de comportamento do sujeito em
sua relação cotidiana e individualizada com o meio ambiente e os recursos naturais, objetivando
a formação de hábitos ambientalmente responsáveis no meio social. Essa abordagem evi-
dencia uma leitura acrítica e ingênua da problemática ambiental e aponta para uma prática
pedagógica prescritiva e reprodutiva. Assim, a transformação da sociedade seria o resultado
da transformação individual dos seus integrantes.
Na outra perspectiva, assume-se que o fato de cada um fazer sua parte por si só não
garante, necessariamente, a prevenção e a solução dos problemas ambientais. Numa socie-
dade massificada e complexa, assumir no dia-a-dia condutas coerentes com as práticas de
proteção ambiental pode estar além das possibilidades da grande maioria das pessoas. Mui-
tas vezes o indivíduo é obrigado, por circunstâncias que estão fora do seu controle, a consu-
mir produtos que usam embalagens descartáveis em lugar das retornáveis, alimentar-se
com frutas e verduras cultivadas com agrotóxicos, utilizar o transporte individual em vez do
coletivo, apesar dos engarrafamentos, trabalhar em indústria poluente, aceitar a existência de
lixôes no seu bairro, desenvolver atividades com alto custo energético, morar ao lado de
indústrias poluentes, adquirir bens com obsolência programada, ou seja, a praticar atos que
repudia pessoalmente, cujas razões, na maioria dos casos, ignora. De acordo com essa visão,
as decisões que envolvem aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais são as que
condicionam a existência ou a inexistência de agressões ao meio ambiente.
Nessa concepção, o esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para a com-
preensão e a busca de superação das causas estruturais dos problemas ambientais por meio
da ação coletiva e organizada. Segundo essa percepção, a leitura da problemática ambiental
realiza-se sob a ótica da complexidade do meio social, e o processo educativo deve pautar-se
por uma postura dialógica, problematizadora, comprometida com transformações estruturais
da sociedade e de cunho emancipatório. Aqui se acredita que ao participar do processo cole-
tivo de transformação da sociedade a pessoa também se estará transformando.