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FUNASA - maioo/2003 - pág. 31
10. UPA/mL - Número de unidades de organismos por área padronizada (400mm
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) por mililitro de água.
De acordo com faixas de valores de turbidez e de concentração de microalgas (expressa em clorofila-a) na água
bruta, os autores sugerem processos que são mais eficientes no tratamento. Observa-se que, para uma faixa abrangente de
concentração de microalgas, o teor de turbidez presente na água é que é o fator condicionante para a definição do
processo mais adequado. Assim, para baixos valores de turbidez, a filtração direta é recomendada quando o teor de
clorofila-a é inferior a 10mg/L, e a filtração por ar dissolvido seguida de filtração para valores de clorofila-a mais elevados.
Vlaski et al. (1996), por meio de experimentos em escala de bancada com cultura de Microcystis aeruginosa,
compararam a eficiência da sedimentação e da flotação por ar dissolvido. Adotando um pH de coagulação de 8, sob
condições de dosagem ótima de um sal de ferro, os autores relatam que a performance da sedimentação foi superior à da
flotação, com eficiências de remoção de, respectivamente, 87% e 71%. No mesmo trabalho, o uso combinado de coagulante
metálico com polieletrólito catiônico como auxiliar de floculação, resultou em aumento significativo da eficiência de remoção
dessa cianobactéria pelos dois processos, atingindo, em ambos os casos, remoções da ordem de 99%.
Os resultados obtidos por Vlaski et al. (1996) contradizem os resultados obtidos por Edzwald e Wingler (1990) e
por Zabel (1985). A partir de experimentos utilizando culturas de uma clorofícea (Chlorella vulgaris) e de uma diatomácea
(Cyclotella sp.), Edzwald e Wingler (1990) relatam que, tanto em relação à turbidez residual quanto à remoção de
microalgas, a flotação por ar dissolvido teve melhor eficiência (~99,9%) do que a sedimentação (~90%), principalmente
a baixas temperaturas. Entretanto, com relação à remoção de matéria orgânica dissolvida, não houve diferença entre os
dois processos, pois a remoção está associada à mudança de estado, de matéria solúvel para particulada, o que é realizado
pela coagulação. Por sua vez, Zabel (1985) observou que, em escala real, a flotação por ar dissolvido apresentou 92% de
eficiência de remoção de cianobactérias enquanto que a eficiência da sedimentação uma ordem de magnitude inferior.
Nesse trabalho, a água bruta apresentava concentrações de M. aeruginosa da ordem de 10
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células/mL.
Em estudos posteriores, em escala piloto, ainda estudando a remoção de M. aeruginosa, Vlaski et al. (1997)
voltam a relatar que a sedimentação foi superior à flotação por ar dissolvido em termos de remoção de turbidez e
minimização dos residuais de ferro. Contudo, em relação a remoção de Microcystis, a flotação por ar dissolvido mostrou-
se muito eficiente e apropriada, mesmo considerando as baixas dosagens de coagulante adicionadas. Enquanto que para
a flotação por ar dissolvido a dosagem ótima de ferro variou de 7mgFe/L a 12mgFe/L, para a sedimentação foram necessárias
dosagens na faixa de 20 a 24 mgFe/L. A adoção de uma etapa de pré-oxidação com ozônio ou permanganato resultou em
efeito positivo na eficiência de remoção dessa cianobactéria pela flotação por ar dissolvido.
Kaur et al. (1994), a partir de investigação sobre o tratamento de águas sujeitas à floração de cianobactérias,
também contestam a eficiência de remoção de microalgas por flotação por ar dissolvido. A planta piloto usada era composta
por mistura rápida, seguida de três estágios de floculação, flotação por ar dissolvido, filtração em dupla camada (antracito
e areia) e, após estas etapas, a água era dividida em dois fluxos, um com estágio de desinfecção por ozônio seguido de
filtro de carvão ativado granular (CAG) e outro com cloração seguida de filtro de carvão ativado granular. A instalação
piloto foi operada em dois períodos distintos onde predominavam, respectivamente, as cianobactérias Aphanizomenon
sp. e Oscillatoria sp. Enquanto a flotação por ar dissolvido apresentou uma remoção de cianobactérias inferior a 30%, a
remoção obtida no filtro de dupla camada foi de 50%, o filtro de carvão ativado sem pré-desinfecção atingiu 60% de
remoção, a combinação de cloração seguida de filtração em carvão ativado removeu 80% e, o mais eficiente, a ozonização
seguida de filtração em carvão ativado, chegou a promover 99% de remoção de cianobactérias. Os autores explicam que
a alta eficiência do ozônio pode estar relacionada ao processo chamado de “ozoflotação”, no qual o ozônio atua fisicamente
na flotação e quimicamente como oxidante. Entretanto, os próprios autores sugerem que o baixo rendimento da flotação
por ar dissolvido é, possivelmente, em virtude das condições inadequadas de coagulação observadas nos experimentos.
Mouchet e Bonnelye (1998) revisaram vários métodos disponíveis para remoção de microalgas, a saber:
micropeneiramento; filtração direta; sedimentação; flotação; polimento usando ozônio e carvão ativado granular; e, filtração
em membrana. Testes conduzidos pelos autores, numa instalação no sul da França, demonstraram que o tratamento
combinando peróxido de hidrogênio com ozônio sinaliza para uma melhoria no desempenho da filtração direta, resultando
em remoção de microalgas superior a 99%. Remoção de 93% foi obtida sem aplicação de ozônio e de 95,3% usando
apenas ozônio. Os resultados obtidos ao longo desses estudos os levaram a concluir que as carreiras de filtração tornam-
se inaceitavelmente curtas quando a densidade de microalgas na água bruta excede a 1.000 UPA/mL
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, usando areia ou
antracito de 0,9mm; ou 2.500UPA/mL, usando antracito de 1,5mm em filtro de dupla camada.