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Hermann von Ihering e Afonso D'Escragnolle de Taunay: pilares do Museu de Zoologia
instituição e seus fins, esta escrito:
Artigo 1º - O Museu Paulista tem por fim estudar a história natural da América do
Sul e em particular a do Brasil, cujas produções naturaes devem colligir,
classificando-as pelos methodos mais acceitos nos museus scientíficos
modernos e conservando-as, acompanhadas de indicações, quando possível,
explicativas, ao alcance dos entendidos e do público.
Artigo 2º - O caráter do Museu em geral será o de um museu Sul-Americano,
destinado ao estudo do reino animal, de sua história zoológica e da história
natural e cultural do homem. Serve o museu de meio de instrução pública e
também de instrumento scientífico para o estudo da natureza do Brasil e do
estado de São Paulo, em particular. (TAUNAY, 1937, p. 45).
À frente do Museu Paulista, Ihering empregava uma linha européia na condução
dos seus trabalhos (foto 26). Principalmente no que tange ao papel de 'instrutor público' e
de contribuidor ao progresso da ciência que o Museu deveria desempenhar, foram
adotadas por Ihering as concepções museológicas do curador norte americano George
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Brown Goode (1851-1896) . Os museus eram assunto nacional, e tinham um papel a
desempenhar na formação e no aperfeiçoamento da nação. Chegaram, na definição do
curador G.B. Goode, ao ponto em que se tornariam “[...] uma coleção de etiquetas
instrutivas ilustradas por espécimes bem selecionados”. (BLOM, 2003, p. 146). Este
curador tinha plena convicção da museologia que acreditava que deveria ser aplicada:
Os princípios para a administração de Museus de Goode eram os seguintes: a)
uma organização estável e meios adequados de manutenção; b) um plano
definido, sabiamente enquadrado de acordo com as oportunidades da instituição
e as necessidades da comunidade que dele se beneficia; c) material de trabalho
boas coleções ou facilidades de criá-las; d) um staff de curadores competentes;
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Em 1877, George Brown Goode deixou Wesleyan, Indiana, sua cidade natal, e foi para a Smithsonian
Institution, primeiramente como curator assistente e, mais tarde, curador. Em 1879, após o estabelecimento
formal do Museu Nacional dos Estados Unidos, Goode se tornou diretor assistente. Em 1887, foi designado
secretário assistente. Logo em seguida, assumiu completamente a responsabilidade do Museu Nacional.
Boa parte de sua carreira foi dedicada a administração. Goode era fervoroso advogado da ciência.
Acreditava na melhoria da vida de todos os cidadãos. Para ele, não havia nenhuma distinção entre a ciência
pura e aplicada; o aumento do conhecimento e a aplicação de seus benefícios eram inseparáveis. Também
acreditava na difusão do conhecimento científico ao público geral, para quem o museu era um veículo
preliminar. Escreveu sobre a teoria e a prática dos museus e transformou-se provavelmente no mais
importante museólogo de seu tempo. Organizou muitas exposições especiais, inclusive fora do seu local de
trabalho. Goode manteve interesse pela história, especialmente pelo desenvolvimento da ciência na
América. Entre seus trabalhos estão títulos como “O começo da história natural na América” (1886), “O
começo da ciência americana” (1886), e “As origens das instituições científicas e educacionais nacionais
dos Estados Unidos” (1890). Gastou os dois verões anteriores à sua morte num trabalho dedicado a história
da Smithsonian, que foi publicado postumamente: “A instituição Smithsonian 1846-1896” (1897).
(http://www.mnh.si.edu/vert/fishes/baird/goode.html, 26 de junho de 2006, tradução nossa).