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É possível que isso tenha ocorrido, já que a idéia basilar do imaginário é a de ser
integrante de alguma coisa, de algo comum, de fazer parte de uma determinada tribo. O
sociólogo Patrick Tacussel também faz considerações sobre o imaginário social. De
acordo com ele, o imaginário social
apresenta como um trajeto do psíquico para o social-histórico, revelando
‘verdadeiras infra-estruturas do espírito coletivo’; ele permite analisar os
fatos e eventos sociais através das crenças, representações e sentimentos
comuns; enfim, ele desemboca sobre a tomada em consideração
epistemológica dos elementos simbólicos em ação nos regimes de
pensamento (racional, mítico, ideológico, religiosos, etc.)
75
.
Assim como os Beatles, Che Guevara foi um personagem da geração dos anos
60. É possível considerar que a banda de Liverpool e o revolucionário viveram sob o
mesmo ambiente ou sob o que Walter Benjamin e Michel Maffesoli chamam de aura.
Para ambos, o imaginário é uma aura, uma atmosfera, que não se pode ver, mas que se
pode senti-la. “O imaginário é uma força social de ordem espiritual, uma construção
mental, que se mantém ambígua, perceptível, mas não qualificável”.
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Maffesoli não se
engana também quando relaciona comunicação, informação e imaginário, cujo cimento
desta construção é a imagem e a inclinação que as sociedades contemporâneas têm por
ela. Comenta Maffesoli:
O gosto atual, intenso, pelas imagens pode levar a estabelecer o laço entre
comunicação, informação e imaginário. Vale tentar: o imaginário é a
partilha, com outros, de um pedacinho do mundo. A imagem não passa
disso: um fragmento do mundo. A informação serve, então, para fornecer
elementos de organização do puzzle de imagens dispersas. Assim, as tribos
de cada cultura, partilhando pequenas emoções e imagens, organizam um
discurso dentro do mosaico mundial
77
.
75
TACUSSEL, Patrick. A sociologia interpretativa. In Revista Famecos, mídia, cultura e tecnologia.
Porto Alegre: Edipucrs, nº 18, 2002, p. 7.
76
Entrevista de Michel Maffesoli a Juremir Machado da Silva. In Revista Famecos, mídia, cultura e
tecnologia. Porto Alegre, Edipucrs, n
º 15, p. 75.
77
MAFFESOLI, M. A comunicação sem fim (teoria pós-moderna da comunicação). In Revista
Famecos, mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre: Edipucrs, nº 20, 2003, p. 17.