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UNIVERSIDADE PAULISTA
CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE
ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
SUPERMERCADISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
JOSÉ ALBERTO YEMAL
Dissertar3E3 43o apresentada ao
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CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE
ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
SUPERMERCADISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
JOSÉ ALBERTO YEMAL
Orientador: Prof. Dr. José Paulo Alves
Fusco
Área de Concentração: Engenharia
de Produção
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da
Universidade Paulista - UNIP, para
obtenção do título de Mestre.
SÃO PAULO
2006
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YEMAL, José Alberto
Centrais de negócios uma forma de organização: um estudo de
caso no setor supermercadista do estado de São Paulo./
José Alberto Yemal. São Paulo, 2006. 176 p.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Paulista, 2006.
Área de Concentração: Engenharia de Produção
Orientador: Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco
1. Alianças.
2. Redes de Empresas.
3. Centrais de Negócios.
4. Supermercados.
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Dedicatória
III
Dedico este trabalho ao meu filho
Nicholas, por ser a grande inspiração, a
maior razão para realizá-lo e pela sua
paciência e compreensão de minha
ausência nesta fase de nossas vidas.
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
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Agradecimentos
IV
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Agradecimentos
V
A minha grande amiga Fernanda e seus pais, Paulo e Miriam, pela
oportunidade, disposição, paciência e por abrirem as portas de sua empresa,
“Supermercado Caçula”, permitindo assim a realização deste trabalho.
Agradeço a Eldrem, da APAS e a Elisângela, da ABRAS, pela preocupação,
disposição e entusiasmo na ajuda pela busca das informações mais
atualizadas.
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Epígrafe
VI
Alguns homens vêem coisas que
existem e perguntam “Por quê?”
Eu vejo coisas que nunca existiram e
pergunto “Por que não?”.
Robert Kennedy
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CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
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Sumário
ÍNDICE
RESUMO ........................................................................................................ IX
ABSTRACT..................................................................................................... X
LISTA DE SIGLAS......................................................................................... XI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................... XII
LISTA DE QUADROS E TABELAS............................................................ XIII
1. APRESENTAÇÃO.................................................................................... 14
1.1. Introdução ............................................................................................... 14
1.2. Objetivos.................................................................................................. 21
1.2.1. Objetivo geral...................................................................................... 21
1.2.2. Objetivos específicos......................................................................... 21
1.3. Justificativa.............................................................................................. 21
1.4. Problema de pesquisa........................................................................... 23
1.5. Hipótese................................................................................................... 24
1.6. Metodologia............................................................................................. 24
1.7. Estrutura.................................................................................................. 28
2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 34
2.1. Cadeia de fornecimento........................................................................ 34
2.2. Varejo....................................................................................................... 43
2.3. Parcerias................................................................................................. 57
2.3.1. Confiança............................................................................................. 57
2.3.2. Governança corporativa.................................................................... 60
2.3.3. Alianças estratégicas......................................................................... 64
2.3.4. Estratégia competitiva e cooperação no varejo ............................ 68
2.3.5. Vantagem competitiva no processo de cooperação..................... 71
2.4. Redes como forma de organização.................................................... 76
2.4.1. Redes de empresas........................................................................... 77
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Sumário
VIII
2.4.2. Redes de cooperação ....................................................................... 81
2.4.3. Redes difusas e densas.................................................................... 82
2.4.4. Redes de operações.......................................................................... 86
2.4.5. Redes políticas................................................................................... 88
2.4.6. Redes de poder.................................................................................. 90
2.4.7. Redes associativas............................................................................ 94
2.4.8. Redes simultâneas............................................................................. 101
2.4.8.1. Rede física........................................................................................ 102
2.4.8.2. Rede de valor................................................................................... 103
2.4.8.3. Rede de negócios........................................................................... 105
2.5. Centrais de Negócios............................................................................ 108
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA........................................................ 119
3.1. Abordagem metodológica do estudo.................................................. 119
4. ESTUDO DE CASO................................................................................. 125
4.1. Supermercados...................................................................................... 125
4.1.1. Origem e evolução............................................................................. 128
4.2. Situação atual das Centrais de Negócios.......................................... 137
4.3. Apresentação da empresa ................................................................... 139
4.4. A Rede Litoral......................................................................................... 141
4.5. Critérios para avaliação........................................................................ 143
4.6. Mapeamento da rede de operações................................................... 144
4.7. Resultados e discussões...................................................................... 155
5. CONCLUSÃO........................................................................................... 161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 163
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Resumo
IX
RESUMO
YEMAL, J.A. Centrais de negócios uma forma de organização: um
estudo de caso no setor supermercadista do Estado de São Paulo.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Instituto de Ciências
Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista, 2006.
Palavras-chave: Alianças; Redes de Empresas; Centrais de Negócios;
Supermercados.
Este trabalho apresenta uma abordagem metodológica baseada no conceito
de redes simultâneas, para avaliação da competitividade em redes de
empresas. Adicionalmente, o trabalho apresenta um estudo de caso
emergente no setor supermercadista do Estado de São Paulo, com o
objetivo de ilustrar a aplicação da abordagem em um supermercado
independente. As centrais de negócios sendo uma forma emergente de
organização, onde pequenos e médios supermercados unem-se para formar
uma rede de empresas independentes, mas com alguns objetivos comuns,
onde o principal motivador é adquirir consistência para enfrentar a
concorrência das grandes empresas e corporações. Dessa maneira é
necessário analisar e avaliar as mudanças ocorridas com as organizações
que já utilizam dessa forma de associação, para que outras empresas
interessadas em formar uma central de negócios possam ter informações e
referências sobre as mudanças ocorridas. Para elaborar o referencial teórico
foi realizada uma pesquisa bibliográfica abordando os assuntos pertinentes e
também foram utilizadas informações de outras pesquisas com centrais de
negócios. O estudo foi realizado em um supermercado no litoral paulista,
onde foi aplicado um questionário e levantada as informações necessárias
para mapear a rede de relacionamento e analisar os atores envolvidos
nesses relacionamentos com o supermercado e a central de negócios. O
estudo revelou alguns desequilíbrios na rede de relacionamentos, mas com
o ingresso na central de negócios, pode ser observado as mudanças e
equilíbrio nesses relacionamentos, favorecendo dessa forma o crescimento
e novas oportunidades para o supermercado.
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Abstract
X
ABSTRACT
YEMAL, J.A. Central of businesses an organization form: A case study
in the supermarket section in Sao Paulo state. Dissertation (Master of
Science in Production Engineering) - Instituto de Ciências Exatas e
Tecnológicas, Universidade Paulista, 2006.
Key words: Alliances; Nets of Companies; Central of Businesses;
Supermarkets.
This work presents a methodological approach based on the concept of
simultaneous nets, for competitiveness evaluation in nets of companies.
Additionally, the work presents a study of emerging case in the supermarket
section of state Sao Paulo, with the objective of illustrating the application of
the approach in an independent supermarket. The businesses headquarters
as an emerging form of organization, where small and medium sized
supermarkets join to form a net of independent companies, but with some
common objectives, where the main reason is to acquire consistence to face
the competition of great companies and corporations. In that way it is
necessary to analyze and to evaluate the changes happened with the
organizations that have already used that association way, so that other
interested companies in forming headquarters of businesses can have
information and references on the happened changes. To elaborate the
theoretical reference, a bibliographical research was accomplished
approaching the pertinent subjects and also information of other researches
were used with headquarters of businesses. The study was accomplished in
a supermarket Sao Paulo coast, where a questionnaire was applied and the
necessary information was got, to map the relationship net and to analyze
the actors involved in those relationships with the supermarket and the
headquarters businesses. The study revealed some unbalances in the net of
relationships, but with the entrance to the businesses headquarters, the
changes and balance in those relationships, can be observed, favoring in that
way the growth and new opportunities for the supermarket.
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Lista de siglas
XI
LISTA DE SIGLAS
ABRAS Associação Brasileira de Supermercados
APAS Associação Paulista de Supermercados
CNs Centrais de Negócios
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
ICM Imposto sobre Circulação de Mercadorias
IVC Imposto sobre Vendas e Consignações
PIB Produto Interno Bruto
SCM Supply Chain Management
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Lista de ilustrações
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
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Lista de quadros
XIII
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 Principais Formatos de Varejo........................................ 50
Quadro 2 Definição de Aliança Estratégica segundo Diversos
Autores................................................................................ 65
Quadro 3 Objetivos e Necessidades da União de Esforços entre
Empresas............................................................................ 70
Quadro 4 Benefícios Conseguidos pelo Consumidor,
Supermercadista, Fornecedor e Funcionário com a
Formação da Rede de Compras .................................... 99
Quadro 5 Atividades ou Funções Desempenhadas por
Participantes nas Redes Simultâneas........................... 107
Quadro 6 Classificação dos Níveis de Dependência e Tipos de
Relacionamento................................................................. 121
Quadro 7 Níveis de Dependência e as Características
Estratégicas........................................................................ 123
Quadro 8 Classificação de Lojas do Setor Supermercadista
segundo a ABRAS............................................................ 127
Quadro 9 O Auto-Serviço Alimentar Brasileiro............................... 135
Quadro 10 Estrutura dos Supermercados Brasileiros..................... 136
Quadro 11 Dados Históricos das Centrais de Negócios................ 138
Quadro 12 Critérios para Avaliação................................................... 143
Quadro 13 Atividades e Atores Envolvidos com o Supermercado
Antes do da Central de Negócios................................... 146
Quadro 14 Atividades e Atores Atualmente envolvidos com o
Supermercado e a Central de Negócios....................... 147
Tabela 1 Mapeamento dos Relacionamentos com o
Supermercado Antes da Central de Negócios............. 156
Tabela 2 Mapeamento dos Relacionamentos Atual do
Supermercado e da Central de Negócios..................... 156
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Apresentação
14
1. APRESENTAÇÃO
O primeiro capítulo está dividido em sete seções que abrange a
introdução, os objetivos geral e específico, a justificativa, o problema, a
hipótese, a metodologia aplicada e a estrutura com o referencial teórico
utilizado no trabalho.
1.1. Introdução
No final do século XX, as grandes empresas rivalizavam em torno da
manutenção de posições competitivas sustentáveis, já que apenas adquirir
novas vantagens competitivas não era suficiente, uma vez que qualquer
diferenciação poderia facilmente ser copiada por algum concorrente. Pode-
se notar, então, um movimento das empresas em busca da renovação e
integração dos processos anteriores e/ou posteriores aos que já praticavam.
Com isso a cadeia produtiva, como um todo, passou a ser o foco principal de
preocupação das empresas para a permanência no mercado e não mais a
empresa e sua produção de forma individual.
Seguindo o raciocínio de Corrêa (2003) onde afirma que, a
administração da produção é a atividade de gerenciamento de recursos
escassos e processos que produzem e entregam bens e serviços visando
atender às necessidades e aos desejos de qualidade, tempo e custo de seus
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Apresentação
15
clientes. Assim, toda organização traz dentro de si uma função de produção,
pois cria algum pacote de valor para seus clientes, composto de produtos e
serviços, mesmo que dentro da organização essa função não tenha esta
denominação de produção. Do mesmo modo, as pequenas empresas se
enquadram nesse conceito e ao começarem a se especializar percebem que
precisam seguir o caminho idêntico ao das grandes organizações. Mas o
problema é “como”, já que encontram um fator limitante: a falta de recursos.
Para Olave & Amato Neto (2001) foi a partir do crescimento da
internacionalização da economia que se intensificou a necessidade da
reorganização dos fatores produtivos e os modos de gestão empresarial com
a finalidade de compatibilizar a organização com padrões internacionais de
qualidade e produtividade. As organizações dessa maneira passam a adotar
novas formas de gestão do trabalho, nos seus produtos e nos seus
processos produção, inovando na preocupação de se ajustar com as
exigências mundiais.
As empresas que sentem mais rápido os efeitos das mudanças em
função de estarem na ponta da cadeia produtiva, de se relacionarem
diretamente com o cliente final e que, na sua maioria, são de pequeno e
médio porte, são as empresas varejistas. No varejo é onde as maiores
barreiras são enfrentadas em função do porte das empresas, da total
dependência de seus fornecedores e da pouca influência sobre a sua cadeia
produtiva.
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Apresentação
16
Enquanto a indústria conseguia obter novas formas de vantagem
competitiva, o varejo passou a sofrer o impacto do acirramento da
concorrência. No Brasil esse processo se tornou marcante na década de 90
com a entrada de grandes grupos varejistas internacionais, que impunham
condições aos fabricantes e, dessa forma, prejudicavam o pequeno
comerciante local. Baseados nas iniciativas dos segmentos industriais,
usando o exemplo de modelos de países europeus e apoiados nas políticas
de diferenciação de preços para grandes volumes de compra, os pequenos
varejistas começaram a se articular formando associações ou cooperativas,
com o objetivo inicial de obter benefícios das compras em grande escala e
de um maior poder de barganha junto aos seus fornecedores. A partir
dessas primeiras parcerias começaram a se estruturar outros tipos de
alianças estratégicas, onde os objetivos não se restringem apenas a redução
de custos nos processos de compra, mas envolve também a aquisição de
conhecimento, informação, tecnologia e outras fontes que pudessem se
constituir em vantagens competitivas, como também uma maior eficiência
administrativa e operacional.
Podemos notar essas mudanças e transformações de forma mais
acentuada no setor de supermercados, onde a concorrência de grupos
internacionais e das grandes redes nacionais torna esse setor um dos mais
disputados. Considerando que, no sentido mais atual, o objetivo é a
permanência no mercado de pequenas e médias empresas e uma
alternativa para a profissionalização, pequenos supermercadistas têm unido
esforços para formar, em um primeiro momento, as chamadas “centrais de
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Apresentação
17
compras”. A estratégia é criar escala, evitar intermediários e comprar
produtos básicos e de alto giro diretamente da indústria.
Dentro deste contexto, Marques & Alcântara (2004) concordam que
se antes o gerenciamento estratégico da sua cadeia de suprimentos era
pouco relevante, principalmente para as empresas supermercadistas,
atualmente, essas empresas vêm buscando reestruturar suas atuações no
mercado com estratégias que consolidem maior interação entre elas e seus
parceiros. Dessa forma, essas empresas estão aderindo a um intenso
programa de modernização, investindo em tecnologias de informação e
comunicação.
No momento em que os supermercados passam a utilizar as
informações coletadas em seus terminais de vendas e repassam essas
informações a seus fornecedores visando reorganizar o fluxo de suprimento,
de acordo com o que os clientes compram e valorizam, percebem
oportunidades de agregar valor a partir de um maior e mais adequado
sortimento de produtos e serviços (SILVA & FISCHMANN, 1999).
A idéia é justamente reunir forças e criar sinergia entre as empresas
associadas, desenvolvendo uma melhoria no atendimento e na qualidade
dos serviços. Numa conseqüente evolução da estratégia do associativismo,
além de se concentrar na logística e na obtenção de preços melhores nas
negociações de compra com os fornecedores, é implementar uma
padronização nas lojas, no atendimento e no marketing da rede e por
conseqüência na imagem dos associados. Com uma visão de longo prazo,
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Apresentação
18
tais redes podem, por exemplo, planejar a construção de centros de
distribuição e armazenagem, ou investimentos em tecnologias inovadoras.
Por outro lado, no curto prazo elas podem trabalhar aspectos ligados a
marca, uniformes para os funcionários, letreiros para loja e a emissão de
cartão de crédito próprio de compra, facilitando o financiamento para os
clientes. A conseqüência dessa evolução é o surgimento das Centrais de
Negócios.
Mas como toda inovação e novos modelos de organização existem
também as dificuldades e os problemas gerados pela formação de uma
Central de Negócios, como a integração de diferentes culturas
organizacionais, a garantia dos direitos e identidades individuais e os
interesses individuais prevalecendo sobre os interesses coletivos. Os
problemas envolvendo a bi-tributação em função das compras serem
efetuadas pelas centrais e depois repassadas aos supermercados
associados ou pelo alto custo do frete causado pela entrega individual para
cada empresa.
Mesmo com essas dificuldades, as Centrais de Negócios no setor de
supermercados já movimentam no Brasil mais de R$ 14 bilhões, o que
equivale a 14% do faturamento do setor. Só em 2004, registrou 7,9% em
aumento de vendas em reais, sendo o Estado de São Paulo o responsável
por 18% desse crescimento. No mundo são aproximadamente 50% dos
estabelecimentos fazendo parte integrante de Centrais de Negócios
(SOUZA, 2004).
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Apresentação
19
Para Aguiar & Concha-Amin (2006) a questão que se coloca, diante
das transformações atuais, é se as mudanças estruturais têm sido no
sentido de aumentar o poder de mercado dos varejistas. Embora esta
questão seja de extrema relevância nos dias atuais, a literatura brasileira
tem dado pouca atenção às características da reestruturação do varejo,
recentemente. Ainda os autores afirmam que o último estudo aprofundado
visando caracterizar o setor supermercadista brasileiro foi realizado por
Cyrillo (1987), referente às três décadas anteriores a 1987. Outros autores
focalizaram questões especificas referente ao setor varejista, tal como
Wilder (2003), que investigou as estratégias associativas dos pequenos
supermercados, Sesso Filho (2003), que desenvolveu um histórico da
evolução dos supermercados no Brasil e Sesso Filho & Guilhoto (2004), que
dimensionaram o setor supermercadista dentro da matriz insumo-produto
brasileira. Souza (2004) que efetuou um levantamento da situação atual e
a evolução das Centrais de Negócios no Brasil e mais recentemente Pousa
(2006) que classificou o estágio do ciclo de vida das Centrais de Negócios
no setor supermercadista do Estado de São Paulo.
Aguiar & Concha-Amin (2006) afirmam ainda, que há uma lacuna na
literatura econômica brasileira sobre a estrutura do setor supermercadista,
em anos recentes, a qual impede maior compreensão sobre o que está
ocorrendo no setor de varejo. Por um lado, os dados e informações
apresentados em diversos estudos sugerem indiretamente, que a estrutura
do segmento supermercadista brasileiro tem mudado drasticamente. Por
outro lado, a literatura recente referente ao varejo brasileiro mostra-se
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Apresentação
20
carente de estudos que discutam, em profundidade, as várias dimensões
das mudanças estruturais pelas quais têm passado o setor. Os autores
admitem que as estratégias empresariais sejam decorrências da estrutura de
mercado, a caracterização das mudanças estruturais deveria ser o ponto de
partida para a compreensão dos impactos das diferentes estratégias
adotadas por supermercados. Para os autores o conhecimento das
características é de fundamental importância para as empresas que já se
encontram, ou pretendem entrar, no mercado, para que possam delinear
estratégias mais adequadas.
As Centrais de Negócios sendo uma nova forma de organização
necessitam obter informações, análises e estudos mais profundos para que
as empresas que venham a integrar ou já estejam integradas a uma Central
de Negócios possam avaliar de alguma maneira o grau de relacionamento
com todos os atores envolvidos nesse tipo de aliança. A proposta deste
trabalho é apresentar uma forma de análise desse tipo de organização
aplicando uma abordagem metodológica de análise de redes simultâneas.
Através dessa abordagem, espera-se encontrar uma mudança significativa
no poder de relacionamento entre os atores envolvidos na rede do
supermercado analisado com sua entrada a uma central de negócios.
Contudo este estudo deverá ser mais aprofundado e aplicado em mais
empresas, e assim, poder contribuir com informações para avaliar as
vantagens e desvantagens das empresas na participação em uma Central
de Negócios.
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Apresentação
21
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo geral
Apresentar uma abordagem metodológica baseada no conceito de
redes simultâneas, analisando o nível de dependência dos relacionamentos
de uma central de negócios, utilizando-se de um estudo de caso.
1.2.2. Objetivos específicos
Identificar os atores e atividades exercidas na rede e nas alianças de
um supermercado em razão de seu ingresso em uma central de negócios.
Analisar a atuação dos respectivos atores e seu grau de dependência,
mapeando o nível de relacionamento existente entre eles.
Comparar as mudanças ocorridas no nível de relacionamento e
dependência entre os atores da rede.
1.3. Justificativa
Com a globalização se tornando cada vez maior e irreversível, e com
a estabilidade econômica, o Brasil tornou-se atrativo para novos
investimentos de empresas estrangeiras que buscam em países emergentes
expandir ou criar novos negócios. Com isso, muitas empresas nacionais
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Apresentação
22
procuraram de alguma forma enfrentar essa concorrência através de novos
investimentos ou através de novas parcerias ou alianças. No setor varejista,
as empresas que mais procuraram investir ou instalar novas unidades no
Brasil foram as grandes redes de supermercados como o Carrefour, Wal-
Mart e Sonae. Muitas fusões e aquisições marcaram o setor com a redução
das redes de supermercados de origem nacional e de pequenos e médios
supermercados. Para conseguir sobreviver e até expandir seus negócios, os
pequenos e médios supermercados começaram a criar2ncsiçõal,
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Apresentação
23
los com os valores apresentados pelos mesmos indicadores após a sua
associação a uma central de negócios. No entanto, os resultados após a
mudança, poderão estar sendo influenciados por contingências do mercado,
tais como, aumento do poder de compra dos consumidores, uma situação de
deflação ou até um aumento da oferta de produtos no mercado. Todos esses
fatores, podem de alguma maneira, não demonstrar a verdadeira vantagem
conseguida mediante a associação à uma central de negócios. Com isso, a
aplicação do modelo proposto pode auxiliar e agregar informações que
ajudem no estabelecimento de estratégias competitivas, e demonstrar o
nível de dependência apresentado pelos relacionamentos existentes entre
os elos da rede onde o supermercado está inserido. A utilização da
abordagem de redes simultâneas pode evidenciar, assim, a situação
competitiva da rede onde se insere uma dada empresa.
1.4. Problema de pesquisa
Considerando-se as questões e tendências levantadas até o momento
e a relevância do tema proposto, o presente trabalho busca responder às
seguintes questões:
1. Como analisar a relação de dependência entre os atores
envolvidos na cadeia alimentícia do ponto de vista de um
supermercado independente?
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Apresentação
24
2. Quais as mudanças na relação de dependência entre os atores
envolvidos com um supermercado independente depois do seu
ingresso em uma central de negócios?
1.5. Hipótese
Como hipótese à resposta do problema levantado:
1. A utilização da abordagem metodológica baseada em redes
simultâneas, associada à classificação do nível de dependência
proposto por Gattorna & Walters (1996), permite identificar o
grau de dependência existente nas alianças entre os atores
envolvidos em uma determinada rede de operações, podendo
ser utilizada como uma das diretrizes para a formulação de uma
estratégia competitiva.
2. O ingresso em uma central de negócios permite um maior
equilíbrio nos relacionamentos dos atores envolvidos com o
supermercado, favorecendo condições mais sólidas para
sustentar o crescimento dos negócios explorados.
1.6. Metodologia
ANDRADE (2001) expressa que a pesquisa científica é um
procedimento baseado no raciocínio lógico, que encontra solução para
problemas propostos utilizando-se de métodos científicos. Dessa forma,
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Apresentação
25
métodos científicos são os caminhos que a ciência busca para aumentar o
conhecimento. Para o autor, os métodos de abordagem classificam-se em:
Método dedutivo: é o caminho das conseqüências, partindo-se de
teorias e leis gerais podem-se prever fenômenos particulares;
Método indutivo: parte-se do particular para o geral, e são nas
constatações do particular que se levam as teorias e leis gerais;
Método hipotético-dedutivo: uma hipótese é testada, determinando
se as deduções dela obtidas são corroboradas pela observação;
Método dialético: consiste em um modo esquemático de
explicação da realidade que se baseia em oposições e em
choques entre situações diversas ou opostas.
RUIZ (2002) separa os tipos de pesquisa quanto ao problema e
quanto à natureza ou gênero da pesquisa. Os tipos quanto ao problema são:
Pesquisa exploratória: o problema é pouco conhecido ou quando
as hipóteses não foram claramente definidas;
Pesquisa teórica: o objetivo é ampliar generalizações, estruturar
sistemas e modelos teóricos e capacidade de reflexão e de
síntese;
Pesquisa aplicada: toma certas leis ou teorias mais amplas como
ponto de partida, investiga, comprova ou rejeita hipóteses
sugeridas pelos modelos teóricos;
Quanto à natureza ou gênero, o autor classifica da seguinte forma:
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
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Apresentação
26
Pesquisa de campo: consiste na observação dos fatos que estuda,
permite o estabelecimento de relações constantes entre
determinadas condições;
Pesquisa de laboratório: pode ser experimental e não
experimental, permite que o pesquisador produza fenômenos em
condições de controle;
Pesquisa bibliográfica: qualquer espécie de pesquisa supõe e
exige pesquisa bibliográfica prévia, consiste no exame do
manancial de bibliografias.
GIL (2002) define pesquisa como sendo procedimentos racionais e
sistemáticos que têm o intuito de proporcionar respostas aos problemas
propostos, em outras palavras, a pesquisa pode ser definida como uma
investigação realizada por meio de processos científicos.
A pesquisa pode ser classificada a partir de dois fatores básicos: os
objetivos e os procedimentos técnicos utilizados (GIL, 2002). As pesquisas
referentes aos fatores com base nos objetivos dividem-se em:
Pesquisa exploratória: proporcionar maior familiaridade com
problemas para torná-los mais explícitos - pesquisa bibliográfica e
estudo de caso;
Pesquisa descritiva: estabelecimento de relações entre variáveis,
com utilização de técnicas padronizadas para coleta de dados;
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CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
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Apresentação
27
Pesquisa explicativa: identifica os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
As pesquisas baseadas nos procedimentos técnicos utilizados são:
Pesquisa bibliográfica: desenvolvida com base em materiais já
elaborados;
Pesquisa documental: estudos em materiais que ainda não
receberam tratamento analítico;
Pesquisa experimental: é utilizado para testar hipóteses que
estabelecem relação causa e efeito entre as variáveis;
Pesquisa ex-post fact: desenvolvidos a partir do fato passado, o
pesquisador não dispõe de controle sobre as variáveis
independentes;
Pesquisa coorte: pode ser prospectivo, elaborado no presente com
previsão de acompanhamento determinado, ou retrospectivo,
baseado em registros passados com seguimento até o presente;
Estudo de caso: pesquisador realiza a maior parte do trabalho
pessoalmente, pois é importante a experiência;
Estudo de campo: explicar as variáveis causais de determinado
fenômeno em situações complexas.
Segundo o conceito de GIL (2002), a análise de dados pode ser
dividida em dois métodos:
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CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
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Apresentação
28
Quantitativo: relacionado a números, estatística;
Qualitativo: busca descrever o comportamento de variáveis e
situações.
O presente estudo faz uso da pesquisa do tipo exploratória com
estudo de caso (GIL, 2002), onde se pode compreender os fenômenos e
buscar indícios que confirmem as hipóteses utilizadas. Utiliza-se da pesquisa
bibliográfica (GIL, 2002 e RUIZ, 2002) de forma a se obter um embasamento
teórico dos assuntos abordados. Para descrever o comportamento da
pesquisa, o método utilizado para analisar os dados é o qualitativo, com o
levantamento dos dados, sendo efetuado através de entrevista direcionada.
1.7. Estrutura
Este trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro trata da
introdução acerca do tema, dos objetivos, da justificativa pelo tema, do
problema levantado, da hipótese sugerida, da metodologia utilizada e da
estrutura do trabalho. A estrutura deste trabalho está baseada no diagrama
de argumentação (figura 1).
Legenda
2° nível de subdivisão temática
1° nível de subdivisão temática
Divisão temática
Divisão estrutural do estudo
Título
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
SUPERMERCADISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apresentação
29
Figura 1 - Diagrama de argumentação geral
(Fonte: Elaborado pelo autor)
ABORDAGEM
METODOLÓGICA
BASEADA EM REDES
SIMULTÂNEAS
(Capítulo 3)
ABORDAGEM
METODOLÓGICA
Rede Física
Rede de
Negócios
Rede de
Valor
Redes
Simultâneas
REFERENCIAL
TEÓRICO
(Capítulo 2)
CADEIAS DE
FORNECIMENTO
VAREJO
PARCERIAS
REDES COMO
FORMA DE
ORGANIZAÇÃO
Confian ça
Governança
Corporativa
Alianças
Estratégicas
Estratégia
Competitiva
e
Cooperação
Vantagem
Competitiva
no Processo
de
Redes de
Empresas
Redes de
Cooperação
Redes
Difusas e
Densas
Redes de
Poder
Redes
Associativas
Redes
Políticas
Centrais de
Negócios
Redes
Políticas
CONCLUSÃO
(Capítulo 5)
ESTUDO DE
CASO
(Capítulo 4)
SUPERMERCADOS
SITUAÇÃO ATUAL
DAS CENTRAIS DE
NEGÓCIOS
APRESENTAÇÃO
DA EMPRESA
A REDE LITORAL
Origem e
Evolução
CRITÉRIOS PARA
AVALIAÇÃO
MAPEAMENTO DA
REDE DE
MAPEAMENTO DA
REDE DE
OPERAÇÕES
CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO
SETOR SUPERMERCADISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
CENTRAIS DE NEGÓCIOS UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR
SUPERMERCADISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apresentação
30
Figura 2 - Diagrama do referencial teórico
(Fonte: Elaborado pelo autor)
REFERENCIAL TEÓRICO
(Capítulo 2)
CADEIAS DE
FORNECIMENTO
ALCÂNTARA (1997),
AMATO NETO (2000)
ARNOLD (1999)
CHAPMAN et al. (2000)
CHRISTOPHER (1997)
CORRÊA & PROCHNO (1998)
COX et al. (1995)
LEE & BILLINGTON (1993)
LAMBERT et at. (1998)
MARQUES & ALCÂNTARA (2004)
MENTZ ER et al. (2001)
PIRES (2004)
PIRES (2001)
POIRIER & REITER (1996)
SEGRE & BASTOS (2000),
VOLLMANN & CORDON (1996)
VOLLMANN et al. (1996)
VAREJO
BERMAN & EVANS apud
OLIVEIRA (2005)
GIULIANI (2003)
KEPPLER et al. (2005)
LEVY & WEITZ (2000)
MARONICK & WALKER apud
PARENTE (2000)
MORGADO & GONÇALVES (1999)
OLIVEIRA (2005)
PARENTE (2000)
PARCERIAS
REDES COMO FORMA
DE ORGANIZAÇÃO
SACOMAN O NETO (2004)
CASTELLS (1999)
NORTH (1990)
PORTER (1999)
Confiança
ARRUDA & ARRUDA (1998)
BUZZELL & ORTMEYER (1996)
FUSCO (2004)
HUMPHREY & SCHMITZ (2002)
LEWICKI & BUNKER (1996)
NOOTEBOOM (1999)
Governança
Corporativa
AGUIAR (2001)
ANDRADE & ROSSETTI (2004)
BUOSI (2005)
FIGUEIREDO et al. (2000)
HUMPHREY & SCHMITZ (2000)
IBGC (2006)
JESSOP (1988)
NOHRIA apud BUOSI (2005)
WILLIAMSON (1985)
Alianças Estratégicas
KLOTZLE (2003)
BROWN & PATTINSON (1995)
DAS & TENG (2000)
DUSSAUGE & GARRETE (1997)
GARAI (2003)
GLAISTER & BUCKLEY (1998)
GULATI (1998)
HAGEDOORN (1993)
HAGEDOORN & NARULA (1996)
KLOTZLE (2003)
LIPNACK & STAMPS (1994)
LORANGE & ROOS (1996)
OSBORN et al. (1998)
PARKHE (1991)
PORTER (1989)
TEECE (1992)
THOMPSON Jr. & STRICKLAND III (2004)
TROCCOLI & SOARES (2003)
TSANG (1999)
VYAS et al. (1995)
VARADARAJAN & CUNNINGHAN (1995)
YOSHINO & RANGAN (1996)
Estratégia Competitiva
e Cooperação no Varejo
AMATO NETO (2000)
FLEURY & FLEURY (2003)
PARENTE (2000)
PORTER (1989)
GHISI et al. (2003)
Vantagem Competitiva
no Processo de
Cooperação
CASAROTTO FILHO & PIRES (2001)
MINTZBERG & QUINN (2001)
PORTER (1989)
Redes d
e Empresas
AMATO NETO (2000)
BRITTO (2002)
DESS et al. (1995)
LEON (1998)
OLAVE & AMATO NETO (2001)
PORTER (1998)
POWEL (1990)
RIBAUT et al. (1995)
Redes de
Cooperação
AMATO NETO (2000)
CASAROTTO FILHO & PIRES
(2001)
GRANDORI & SODA (1995)
Redes Difusas e
Densas
BRITTO (2002)
GNYAWALI & MADHAVAN (2001)
POWELL & SMITH-DOER (1994)
ROWLEY et al. (2000)
SACOMANO NETO & SACOMANO
(2003)
Redes de Operações
SLACK et al. (2002)
CORRÊA & SLACK (1994)
Redes de Poder
BELLUZZO (2002)
HOLLINGSWORTH et al. (1994)
MARSH & RHODES (1992)
PAULILLO (2000)
RHODES (1990)
SCHNEIDER (1992)
TEECE et al. (1997)
VAN WAARDEN (1992)
Redes Associativas
BARNEY et al. apud BRAGA (1999)
BESANKO apud GHISI et al. (2003)
GHISI et al. (2003)
CASAROTTO FILHO & PIRES
(2001)
GOMES (1999)
HIROSHI (2000)
LIPNACK & STAMPS (1994)
LORANGE & ROOS (1996)
LUKIANOCENKO (2001)
RIBAUT et al. (1995)
SANTOS et al. (1994)
SOUZA (2004)
TAMASCIA (2002)
VÁZQUEZ (2002)
Redes
Políticas
DAUGBJERG (1997)
REDES
SIMULTÂNEAS
FUSCO et al. (2004)
FUSCO & GOBBO (2004)
CENTRAIS DE
NEGÓCIOS
AZEVEDO (2005)
DIÁRIO DE SÃO PAULO (2005)
GHISI et al. (2003)
KASPER (1998)
POUSA (2006)
SEBRAE (2005)
SOUZA (2004)
Rede de Negócios
FUSCO et al (2004)
GOBBO (2004)
RUBIATO (2005)
SIQUEIRA (2004)
Rede de Valor
FUSCO et al. (2004)
GATTORNA & WALTERS
(1996)
GOBBO JUNIOR (2004)
PAROLINI (1999)
PORTER (1989)
Rede Física
CHRISTOPHER (1997)
CORRÊA (2004)
FUSCO et al. (2004)
POIRIER & REITER (1996)
PRAHALAD & HAMMEL (1990)
VOLLMANN & CORDON (1996)
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Apresentação
31
O capítulo 2 contém o referencial teórico (figura 2) utilizado para
embasar o assunto abordado que está subdividido em quatro seções, e
fundamentado pelos seus respectivos autores, iniciando pela definição de
cadeia de fornecimento, seguido da contextualização e definição de varejo;
na seção seguinte trata dos tipos de parcerias, chegando às definições
envolvendo redes como forma de organização.
No capítulo 3 está descrito a proposta de uma abordagem
metodológica para responder aos problemas levantados neste trabalho e
fundamentado pelos seus respectivos autores (figura 3).
Figura 3 - Diagrama da abordagem metodológica
(Fonte: Elaborado pelo autor)
No quarto capítulo é apresentada a descrição de um estudo de caso
(figura 4) descrevendo o setor de supermercados, sua origem, a situação
atual e das centrais de negócios. Seguindo com a apresentação do
supermercado e da central de negócio, onde está sendo aplicada a proposta
ABORDAGEM METODOLÓGICA BASEADA EM REDES SIMULTÂNEAS
(Capítulo 3)
ABORDAGEM METODOLÓGICA
FUSCO et al. (2004)
GATTORNA & WALTERS (1996)
GIL (2002)
RUIZ (2002)
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Apresentação
32
da abordagem metodológica de análise de redes simultâneas, com seus
resultados e discussões.
Figura 4 - Diagrama do estudo de caso
(Fonte: Elaborado pelo autor)
ESTUDO DE CASO
(Capítulo 4)
SUPERMERCADOS
ABRAS (1993)
BRITO (1998)
NOBRE (2001)
ROJO (1998)
SILVEIRA & LEPSCH (1997)
WILDER (2003)
SITUAÇÃO ATUAL DAS
CENTRAIS DE NEGÓCIOS
APAS
AZEVEDO (2005)
DIÁRIO DE SÃO PAULO (2005)
GHISI et al. (2003)
KASPER (1998)
POUSA (2006)
REVISTA SUPERHIPER
(Setembro/2006)
SEBRAE (2005)
SOUZA (2004)
APRESENTAÇÃO DA
EMPRESA
A REDE LITORAL
POUSA (2006)
REVISTA SUPERHIPER
(Setembro/2006)
Origem e Evolução
ABRAS (1993)
ALDAY & PINOCHET (2002)
CONNOR & SCHIEK (1997)
CYRILLO (1987)
FROSSAR E ARKADER (2003)
LEPSCH (2001)
MORGADO & GONÇALVES (1999)
REVISTA SUPERHIPER (maio/2006)
REVISTA SUPERVAREJO (2006)
SAAB & GIMENEZ (2000)
SANTOS & GIMENEZ (1999)
SESSO FILHO (2003)
WERNER E SEGRE (2002)
WILDER (2003)
CRITÉRIO PARA
AVALIAÇÃO
MAPEAMENTO DA REDE
DE OPERAÇÕES
GATTORNA & WALTERS (1996)
SACOMANO NETO &
SACOMANO (2003)
RESULTADOS E
DISCUSSÕES
GATTORNA & WALTERS (1996)
SACOMANO NETO &
SACOMANO (2003)
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Apresentação
33
O quinto capítulo trata da conclusão que se pretende chegar com a
aplicação da abordagem metodológica de análise de redes simultâneas,
onde se espera encontrar uma mudança significativa no poder de
relacionamento entre os atores da rede em que se insere o supermercado. E
na última seção estão a
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Capítulo 2 Referencial teórico
34
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo descreve o referencial teórico utilizado no trabalho, com
a finalidade de se obter referencias de autores com relação aos assuntos
abordados. Está dividido em cinco seções: cadeia de fornecimento, varejo,
parcerias, redes como forma de organização e centrais de negócios.
2.1. Cadeia de fornecimento
Cadeia de fornecimento, cadeia de suprimento ou Supply Chain pode
ser definida como sendo o conjunto dos processos que envolvem
fornecedores-clientes e ligam as empresas desde a fonte inicial de matéria-
prima até o ponto de consumo do produto acabado. Segundo Cox et al.
(1995), envolve as funções dentro e fora de uma empresa de modo a
garantir que a cadeia de valor correspondente possa fazer e providenciar
seus produtos e serviços aos clientes. A cadeia abrange todos os esforços
envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o primeiro
fornecedor até último cliente do cliente (PIRES, 2004).
Uma outra definição sugerida por Lee & Billington (1993), é a de que a
cadeia de fornecimento representa uma rede de trabalho (network) para as
funções de busca de material, sua transformação em produtos
intermediários e acabados e a distribuição desses produtos acabados aos
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Capítulo 2 Referencial teórico
35
clientes finais. Por sua vez, Christopher (1997) define a cadeia de
fornecimento como sendo uma rede de organizações que estão envolvidas
por meio de ligações a jusante (downstream) e a montante (upstream), em
relações de causa e efeito nos diferentes processos e atividades que
produzem valor na forma de produtos e serviços liberados ao consumidor
final. Para Lambert et at. (1998), uma cadeia de fornecimento não é apenas
uma cadeia de negócios com relacionamentos um a um, mas uma rede de
múltiplos negócios e relações. Na mesma direção, Arnold (1999) afirma que
a cadeia de fornecimento consiste de várias empresas ligadas por uma
relação de oferta e demanda, ou seja, a cadeia de fornecimento contempla
desde o surgimento de matéria-prima, incluindo manufatura e montagem,
chegando até a distribuição ao consumidor final. Com relação ao número de
empresas, Mentzer et al. (2001) afirma que uma cadeia de fornecimento é
um conjunto de três ou mais entidades diretamente envolvidas nos fluxo a
montante ou a jusante de produtos, serviços, financeiro e de informação,
desde a fonte primária até o cliente final.
A cadeia de fornecimento é um grupo de empresas que buscam
juntas adquirir, converter e distribuir bens e serviços aos consumidores
finais. Vollmann et al. (1996), afirmam que a cadeia de fornecimento é um
canal de fluxo de informações onde são processadas matérias primas,
transformando essas em bens ou serviços que são entregues aos
consumidores finais. Em uma visão mais sistêmica Poirier & Reiter (1996)
definem a cadeia de fornecimento como sendo um sistema através do quais
empresas e organizações entregam seus produtos e serviços para seus
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Capítulo 2 Referencial teórico
36
consumidores, numa rede interligada. Uma cadeia de fornecimento pode ser
vista como um fluxo de água no rio: organizações localizadas próximas à
fonte original de suprimentos são descritas como estando a montante ou
upstream, enquanto aquelas localizadas próximo ao consumidor final estão
a jusante ou downstream. Os termos acima definidos representam um
crescente grau de integração como referência ao fluxo de todo o rio até
seu último destino.
Pires (2004) relata que a cadeia de fornecimento pode ser definida
como sendo o conjunto de todas as atividades associadas com o movimento
de bens, desde o estágio de matéria-prima até o usuário final. Isso significa
que independentemente do posicionamento da empresa dentro da cadeia de
fornecimento, ela é uma só e vai desde a fonte primária da matéria-prima ao
consumidor final.
Corrêa & Prochno (1998) afirmam que, num futuro breve, não mais
estará se falando em competições entre empresas, mas entre cadeias de
fornecimento. Isto significa deixar de olhar apenas para si próprio e ampliar
os horizontes de integração dos processos para parceiros de negócio, como
fornecedores e clientes. Mas chegar lá não será fácil. Integrar múltiplos e
diferenciados processos de negócios, suportados por tecnologias
diversificadas, pode chegar ao limite do impossível, uma vez que cada
empresa atua de uma determinada maneira.
Quando organizações trabalham independentemente, tendem a
desenvolver custos e ineficiências nas suas interfaces de negócios. Para
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Capítulo 2 Referencial teórico
37
serem mais competitivas, necessitam de coordenação e colaboração com os
demais participantes da cadeia produtiva. A competição cada vez mais
acirrada obriga as empresas a atuarem proativamente, otimizando a cadeia
de fornecimento, buscando parcerias e estabelecendo relacionamentos
duradouros com clientes e fornecedores, baseados num princípio básico de
ganhos mútuos (CORRÊA & PROCHNO, 1998).
Na visão de Pires (2001), o conjunto de desafios das empresas tem
representado um conjunto de oportunidades, já que provoca o surgimento de
inovações e buscas em muitas áreas para obtenção de vantagem
competitiva. Assim, a gestão da cadeia de fornecimento ou Supply Chain
Management (SCM) representa uma nova e ampla fronteira para as
empresas que buscam efetivas vantagens competitivas.
Segundo Vollmann & Cordon (1996), a visão tradicional de
competição é baseada em unidades de negócio competindo pelo mesmo
mercado, mas, à medida que foram surgindo alianças ao longo da rede de
suprimentos, ficou mais difusa a usual distinção entre as fronteiras das
unidades de negócios, trazendo uma nova visão de que a competição se
dava entre cadeias produtivas. Para Vollmann et al. (1996), a competição, no
contexto da Supply Chain Management (SCM), ocorre entre cadeias
produtivas, ou seja, entre ‘virtuais unidades de negócios’, uma combinação
de unidades negócios de diferentes corporações. O novo paradigma
competitivo é que as cadeias de fornecimento competem entre si e o
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Capítulo 2 Referencial teórico
38
sucesso de qualquer companhia dependerá de quão bem esta administra
suas relações na cadeia de fornecimento.
Christopher (1997) argumenta que não basta mais melhorar
internamente a empresa para melhorar sua competitividade. É preciso ir
além, isto é, melhorar o desempenho da sua cadeia produtiva. Assim,
enxergar apenas a própria empresa como fonte de melhoria se tornou uma
visão ultrapassada. Cada vez mais empresas têm focalizado num conjunto
bem definido e restrito de tarefas, comprando materiais e serviços de
fornecedores. Cada uma dessas organizações na cadeia são dependentes
umas das outras, por definição, ainda que paradoxalmente por tradição não
cooperem uma com as outras. Essas questões têm exigido que os
administradores definam uma ‘estratégia de Supply Chain Management
(SCM). No complexo contexto das cadeias isso vai muito além de uma
definição de combinação de produtos e canais de distribuição (VOLLMANN
et al., 1996).
A idéia de cadeia de fornecimento, por abranger todos os esforços
envolvidos na produção e entrega de um produto, praticamente induziu
empresas e pesquisadores à obtenção de um novo modelo representativo
da competição, para subsidiar os processos de gestão. Pode-se considerar a
gestão da cadeia de fornecimento como uma perspectiva expandida,
integrada e atualizada da tradicional administração de materiais, abrangendo
toda a cadeia produtiva. Assim, o pressuposto que as empresas devem
redefinir suas estratégias competitivas e funcionais de seus relacionamentos
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Capítulo 2 Referencial teórico
39
dentro das cadeias produtivas em função dos objetivos destas, ou seja, das
condições de competitividade enfrentadas nos vários mercados que
participam.
Marques & Alcântara (2004) destacam que no caso dos
supermercados existe um amplo conjunto de antigas práticas que estão
arraigadas, e que podem ser consideradas barreiras ao bom andamento de
projetos da cadeia de fornecimento. Dentre estas práticas, apontam os
autores, estão: o relacionamento com os fornecedores, ainda fortemente
dominado pela política de queda de braço mensal com relação aos preços
dos produtos, o recebimento direto da maioria dos produtos nas lojas, o que
dificulta o controle e recebimento e a avaliação de desempenho dos
fornecedores, a tecnologia de informação que, ainda, apresenta fortes
deficiências, etc.
Segundo Alcântara (1997), o grau de poder de cada elo influencia
fortemente a composição da estrutura do canal. O surgimento e a
consolidação das grandes cadeias supermercadistas no Brasil está
concentrando o poder nesse elo em detrimento da indústria e,
principalmente, do atacado, que passam a buscar alternativas estratégicas
para sobreviver como membro do canal. Assim, o autor verifica a
vulnerabilidade de muitos fornecedores pela dependência excessiva de
alguns grandes varejistas, que começam a impor suas condições de
fornecimento, definições de formas de abastecimento, bem como os
procedimentos de gestão que a indústria deve adotar.
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Capítulo 2 Referencial teórico
40
Dessa forma, Marques & Alcântara (2004) destacam alguns fatores,
como o avanço da tecnologia da informação, a necessidade de se chegar ao
consumidor final o preço mais competitivo possível, bem como o surgimento
de novas formas de relacionamento inter-organizacionais, estão levando as
empresas produtoras e os seus intermediários a repensar seu papel
estratégico e sua atuação dentro da cadeia de fornecimento.
De acordo com Chapman et al. (2000) e Segre & Bastos (2000), essa
busca pelo aumento de eficiência, redução de custos e competitividade para
prover maior valor agregado aos clientes, tem transformado o setor
supermercadista e seus fornecedores e modificado suas formas de
competição, principalmente sob três aspectos:
Ganhos de produtividade o uso das tecnologias de informação e
comunicação eleva o grau do conhecimento do negócio e torna
mais confiável o controle sobre as operações comerciais. Além
disso, proporciona a redução de custos com supressão de erros e
da duplicação de pedidos e cobranças, racionalizando os
processos;
Relacionamento entre a empresa e o fornecedor o surgimento
de grandes cadeias de supermercados tem modificado a forma de
distribuição de mercadorias na sociedade. Hoje, a tendência é que
a cadeia de fornecimento coloque à disposição informações
periódicas, que confiram aos fabricantes dos produtos facilidade
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Capítulo 2 Referencial teórico
41
maior de produzir aquilo que o consumidor espera encontrar nas
lojas;
Relacionamento entre a empresa e o consumidor as
informações dos consumidores quanto às suas necessidades e
preferências, coletadas por meio de informatização dos
estabelecimentos, trazem para os supermercadistas a
oportunidade de conhecimento de seus usuários. Com isso, tanto
os supermercados quanto seus fornecedores ganham, agradando
o cliente com um serviço adequado, focalizando a produção nos
produtos mais solicitados e identificando novas demandas a serem
desenvolvidas.
A competitividade das empresas tem dependido da capacidade de se
articularem e se beneficiarem de suas parcerias. A parceria exige
envolvimento entre compradores e fornecedores que vai além de um
contrato que defina preço, quantidade e prazo de entrega. Dentro de um
novo padrão de relacionamento entre empresas, o fornecedor passa a ser
considerado um dos elos mais críticos na corrente que liga uma organização
a seu cliente (AMATO NETO, 2000). A cadeia de fornecimento deve ter um
componente que traga os membros para trabalharem juntos ou então haverá
pouca chance para a otimização. Normalmente, os mais poderosos
membros da cadeia de fornecimento, simplesmente exercem sua influencia
sobre os mais fracos (POIRIER & REITER, 1996). As alianças podem ser
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ameaçadas somente se os benefícios esperados do relacionamento
diminuir, ou se o comportamento de alguma das partes for considerado
oportunista. Assim, é função do gerenciamento renovar periodicamente
esses relacionamentos, mantendo o foco nos fatores que possam ampliar as
chances de sucesso dessas parcerias. A existência de um sistema de
gestão dos relacionamentos em uma cadeia de fornecimento pode favorecer
a cooperação e a confiança (ver item 2.3.1), podendo melhorar as condições
de coordenação das atividades. Por outro lado, relacionamentos
inadequadamente administrados podem fazer com que as partes adotem um
comportamento que pode acarretar perdas em todas as partes da cadeia.
Dessa forma, é evidente a importância de se criar alianças sólidas, bem
elaboradas, suficientemente flexíveis para incluir mudanças e manter à
medida que o ambiente do mercado e os objetivos das empresas mudem.
Em resumo, as diferentes definições e linhas de pesquisa avaliadas
tendem a direcionar a competição para algo envolvendo sistemas que se
relacionam de forma aberta com o mundo e não mais apenas uma
competição entre empresas atuando individualmente. Em função disso, os
sistemas econômicos atuais apresentam, cada vez mais, condições de
negócios e operações que, na prática, privilegiam e induzem a formação de
parcerias competitivas, na ocupação e exploração de todas as
oportunidades, exigindo um nível relativamente mais elevado de
empreendedorismo. Esta busca por sinergia tem sido ajudada pelos
mecanismos cada vez mais desenvolvidos de integração das cadeias de
fornecimento. Tais mecanismos processam todas as atividades
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representadas em uma rede de trabalho, desde a busca de material, sua
transformação em produtos intermediários e acabados, até a distribuição dos
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classe, pois o varejo engloba diversas atividades não comparáveis entre si e
uma a
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Capítulo 2 Referencial teórico
45
Pode-se verificar que, conforme o autor demonstra na figura 5, entre o
fabricante e o consumidor existem estruturas com diferentes níveis de
intermediários. Em uma estrutura de nível 2, não existe intermediários, e o
fluxo vai diretamente do fabricante para o consumidor. Na estrutura de nível
3, existe um tipo de intermediário, desempenhado pela varejista. No nível 4,
atacadistas e varejistas desempenham o papel de intermediário.
Dependendo da região e do porte do intermediário, um fabricante de bens de
consumo normalmente utiliza simultaneamente vários níveis de canal. A
relação entre fabricantes e grandes redes varejistas costuma ser direta, sem
atacadistas. A distribuição para varejistas menores é feita por atacadistas, e
em regiões mais remotas, poderá existir mais de um nível atacadista.
O autor ainda considera que apesar de exercerem uma função de
intermediários, assumem cada vez mais um papel pró-ativo na identificação
das necessidades do consumidor e na definição do que deverá ser
produzido para atender às expectativas do mercado.
Levy & Weitz (2000) afirmam que os varejistas desempenham
funções que aumentam o valor dos produtos e serviços vendidos aos
consumidores. Essas funções são:
Fornecer uma variedade de produtos e serviços: significa oferecer
aos clientes a oportunidade de escolherem entre uma grande
seleção de marcas, modelos, tamanhos, cores e preços em um
único local;
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46
Dividir lotes grandes em pequenas quantidades: os fornecedores,
para diminuir o custo logístico, vendem seus produtos em caixas
ou fardos para os supermercadistas. Esses, então, fazem o
breaking bulk, isto é, o desdobramento para venda em unidades
ou em pequenas quantidades adequadas ao padrão de consumo
dos clientes e suas famílias;
Manter estoque: a função dos varejistas é manter um estoque para
que os produtos estejam disponíveis quando os consumidores os
quiserem. O estoque do varejista, que fica permanentemente
disponível para seus clientes, se torna um beneficio para esses
últimos, que podem comprar quantidades menores com mais
freqüência, mantendo em casa pequenos estoques;
Fornecer serviços: os varejistas fornecem serviços que facilitam a
compra e o uso dos produtos pelos clientes: oferecem crédito para
os consumidores possam adquirir um produto na hora e pagar por
ele mais tarde; exibem os produtos de maneira que os
consumidores possam vê-los e testá-los antes da compra;
disponibilizam pessoal de vendas para responder perguntas e
fornecer informações adicionais sobre os produtos.
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Capítulo 2 Referencial teórico
47
Fornecendo variedade, produtos em pequenas quantidades,
mantendo estoque permanente e fornecendo serviços, os varejistas
aumentam o valor dos produtos e serviços para os consumidores
(OLIVEIRA, 2005).
O varejo vem assumindo uma importância crescente no panorama
empresarial no Brasil e no mundo. Com o acelerado ritmo de consolidação
que vem caracterizando as atividades varejistas brasileiras, um número
crescente de varejistas aparecem na relação das maiores empresas do
Brasil. À medida que as empresas varejistas se expandem, passam a adotar
avançadas tecnologias de informação e de gestão, e desempenham papel
cada vez mais importante na modernização do sistema de distribuição e da
economia brasileira (PARENTE, 2000).
Na visão de Parente (2000), o varejo é certamente uma das
atividades empresariais que vem atravessando maior ritmo de
transformação, respondendo às modificações do ambiente tecnológico,
econômico e social em que está inserido. O autor demonstra algumas das
principais tendências que vem impulsionando a transformação no varejo:
Aumento da globalização: Grandes grupos empresariais
estrangeiros aportaram no Brasil, com atividades próprias ou em
associação com grupos brasileiros.
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Aumento da consolidação: Um pequeno número de empresas
estará, cada vez mais, assumindo uma crescente participação no
volume dos negócios varejistas.
Aumento do poder do varejo: À medida que a concentração se
acentua, e com o surgimento de enormes grupos varejistas, a
relação de poder entre fornecedores e varejistas começa a pender
a favor do varejista. Muitos fornecedores começam a sentirem-se
bastante vulneráveis, pela dependência excessiva de alguns
grandes varejistas, que começam a impor suas condições de
fornecimento, definindo desde a forma de abastecimento até os
procedimentos de gestão e processos de produtivos que o
fabricante deve adotar.
Parceria e alianças com fornecedores: O relacionamento com os
fornecedores está passando por uma modificação profunda, e o
desenvolvimento de alianças entre varejistas e fornecedores está
sendo considerado como uma forte vantagem competitiva.
Polarização = massificação versus especialização: Verifica-se uma
tendência crescente para a polarização entre varejistas pequenos
(especialistas) e varejistas grandes (massificados).
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Aumento da concorrência de formatos substitutos: A concorrência
não mais é exercida apenas entre varejistas do mesmo formato,
mas também entre diferentes tipos de varejistas.
Tecnologia da informação: Vem liberando o tempo que os
dirigentes varejistas costumavam gastar nas atividades de rotina,
permitindo que tenham mais disponibilidade para se concentrarem
em decisões de caráter estratégico.
Capital humano e profissionalização: Os varejistas começaram a
reconhecer a importância das pessoas para o crescimento da
organização, e estão empenhados em recuperara o tempo
perdido, com investimentos crescentes em programas de
treinamento e de capacitação profissional.
Segundo Morgado & Gonçalves (1999), devido á baixa
regulamentação por parte do estado e o volume de capital que circula na
atividade varejista, o dinamismo do segmento é único em toda a economia.
Para os autores, a empresa varejista se sofisticou e perdeu a sua identidade.
Pode-se ver no quadro 1 como os autores apresentam os principais formatos
de varejo no Brasil.
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Quadro 1 Principais Formatos de Varejo
Formato Principais características Exemplos no Brasil
Lojas de
departamentos
Localizadas no centro de grandes áreas urbanas ou em
shoppings centers
; variedades e profundidade de linhas em
diferentes departamentos.
Mappin, Mesbla,
Renner
Lojas de
especialidades
Médios ou pequenos estabelecimentos localizados em
centros comerciais de rua ou shopping centers
; grande
incidência de franquias
Água de Cheiro,
H.Ster, Fórum
Cadeias de
lojas
Controle centralizado; poder de compras combinado;
especialização com pouca flexibilidade quanto à prestação
de serviços, preços e promoções.
Casas Bahia,
Magazine Luiza
Supermercados
Organização de venda predominante
de alimentos frescos
e mercearia, artigo de higiene e limpeza. Auto-
serviço com
um mínimo de dois check-outs
e uma área de vendas
superior a 350 m
2
.
Pão de Açúcar,
Cândia, Barateiro
Hipermercados
Vendas de alimentos, artigos de higiene e limpeza,
eletrodomésticos, vestuário, artigos para o lar; auto-
serviço
com área de vendas superior a 5.000 m
2
.
Carrefour, Extra,
Paes Mendonça
Clube de
compras
Vendas de alimentos e artigos de higiene e limpeza,
eletrodomésticos, vestuário e artigos para o lar em
embalagens maiores ou fardos.
Sam’s Club, Makro
Lojas de
conveniência
Venda de alimentos e artigos de primeira necessidade;
variedade e profundidade restritas; localizadas em
vizinhanças de grande circulação em pequenas instalações
com um máximo de 250 m
2
.
AM/Pm, 7-Eleven,
Select
Home centers
Localizados às margens de grandes avenidas; vendem
materiais de construção e artigo para o lar; concorrem com
lojas de materiais de construção e loja especializadas.
Uemura, Conibra,
Madeirense
Autocenters
Venda de autopeç
as e serviços automotivos. Possuem
como principal atrativo a garantia do serviço executado das
peças originais.
Caçula Pneus, Jabur
Outlet stores
Grandes depósitos localizados em áreas distantes dos
centros, mas de fácil acesso.
Vila Romana, Luigi
Bertolli
Clouseout
stores
Venda de artigos para o lar, presentes e brinquedos por um
preço comum a todos os itens
Dollar Days, Pick
and Pay
Lojas de
desconto
Também conhecidas como lojas de variedades. Venda de
artigos de baixo preço: alimentos, vestuário, brin
quedos,
etc. Localizadas em áreas de grande fluxo de pedestres ou
shopping centers.
Lojas Americanas,
Lojas Brasileiras
Category
Killers
Lojas especializadas. Fazem muita propaganda e muitas
vezes atuam em parcerias com fabricantes.
Zarty, Casa Centro,
DIC
Vending
Machines
Varejo totalmente impessoal para a venda de produtos
padronizados como refrigerantes, confeitos, seguros de
viagem ou de automóveis e ingressos para espetáculos.
Coca-Cola
Vendas
domiciliares
Atendem os públicos que buscam bens especi
alizados ou
aqueles que vivem distantes dos grandes centros, não tem
tempo ou não gostam de fazer compras. As vendas podem
ser por reuniões, catálogos, telemarketing ou televendas.
Avon, Natura,
Amway
Fonte: Morgado & Gonçalves (1999).
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Parente (2000) classifica e formata as instituições varejistas
inicialmente pelo tipo de propriedade podendo ser independentes, cadeias,
franquias, alugadas, ou de propriedade de um fabricante ou atacadista. Em
seguida, elas são categorizadas em dois principais sistemas: varejo com loja
e varejo sem loja. Os varejistas com loja estão classificados em três
espécies: varejo alimentar, varejo não alimentar e varejo de serviços. Como
varejistas sem lojas, os seguintes tipos estão identificados: marketing direto,
venda direta, máquina de venda automática e varejo virtual (figura 6).
Figura 6 Classificação das instituições varejistas
(Fonte: Parente, 2000)
Independentes
Redes
Franquias
Departamentos
Alugados
Sistemas Verticais de
marketing
Instituições
Varejistas
Alimentícias
Não Alimentícias
Serviços
Marketing
Direto
Vendas Diretas
Máquinas de Vendas
Varejo Virtual
Instituições
com Lojas
Instituições
sem Lojas
C
lassificação
de acordo com
a propriedade
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Para Berman & Evans apud Oliveira (2005), o varejo se distingue de
outros tipos de negócio por apresentar diversas características especiais,
dentre as quais se destacam:
Pequeno volume médio de vendas por cliente, o que impõe ao
varejista a necessidade de controlar minuciosamente seus custos
associados a cada uma dessas transações;
Grande freqüência de compras por impulso ou não planejadas, o
que confere grande importância no ponto de venda, lay-outs de
lojas atraentes e lojas bem arrumadas;
Preferência dos clientes por fazer suas compras pessoalmente em
determinada loja, o que leva os varejistas a considerar fatores tais
como localização da loja, facilidade de transporte, horário de
funcionamento, proximidade de outros concorrentes, sortimento de
mercadorias, estacionamento e publicidade.
Do ponto de vista de Parente (2000) é possível aplicar o conceito do
ciclo de vida dos produtos também no varejo: introdução, crescimento,
maturidade e declínio (figura 7).
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Figura 7 Ciclo de vida do varejo
(Fonte: Parente, 2000)
Introdução: período em que o novo formato é introduzido no
mercado. Nesta fase, existem poucos ou nenhum concorrente
direto, os lucros são baixos, em virtude dos custos de
desenvolvimento e dos ajustes que o novo modelo ainda terá que
percorrer.
Crescimento: é o período de crescimento nas vendas. O modelo
alcança aceitação de mercado, pois muitos varejistas
desenvolvem lojas no novo formato, o que ajuda a propagar ainda
mais rapidamente o novo conceito. É um período de expansão nos
lucros, pois o mercado já atingiu alto volume, porém ainda não se
encontra saturado.
Maturidade: é a fase em que o crescimento das vendas se
estabiliza, pois o novo formato já alcançou a aceitação nos
mercados potenciais. A concorrência torna-se muito intensa, já
que o aumento das vendas de uma empresa faz-se às custas da
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diminuição da fatia de concorrentes. Há uma tendência para a
diminuição progressiva dos lucros.
Declínio: é o estágio em que as vendas e o lucro do formato
varejista já começam a declinar, cedendo espaço para modelo
mais competente e melhor ajustado ao mercado.
Morgado & Gonçalves (1999) descrevem o ciclo de vida no varejo
como sendo ‘roda de varejo’. Por ser um segmento muito dinâmico, o varejo
transforma-se rapidamente, abrindo espaço e atendendo a novos nichos de
consumidores. Os autores destacam que esses movimentos têm uma
seqüência natural observada em qualquer tipo de negócio, não apenas no
varejo.
Para Giuliani (2003), ainda pode ser definido o ‘varejo sanfona’, que
consiste na flutuação das instituições com relação à estratégia de oferta de
muitas categorias de mercadorias (amplitude), com estreito sortimento, para
a estratégia de oferta de amplo sortimento (profundidade) com um número
limitado de categorias. O autor comenta que as três formas de relacionar-se
com o mercado “são preciosos para ajudar a prever e adaptar às demandas
do mercado, embora não haja um modo especifico que possa explicar
completamente a natureza dinâmica do varejo”.
A evolução varejista pode ser explica pelo processo dialético. Em sua
essência, o processo dialético consiste no resultado (‘síntese’) do confronto
entre duas forças opostas (‘tese’ e ‘antítese’). Para o varejo, as seguintes
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explicações de Maronick & Walker apud Parente (2000) são muito
apropriadas para explicar o processo dialético no contexto da evolução das
instituições:
Processo dialético significa que os varejistas adaptam-se
mutuamente diante da concorrência de modelos ‘opostos’.
Assim, quando desafiados por um concorrente com uma
vantagem competitiva, uma instituição já estabelecida irá
adotar estratégias e táticas na direção dessa vantagem,
neutralizando assim parte da atratividade do concorrente
inovador. O inovador, por outro lado, não permanece
imóvel, e procura melhorar ou modificar seu modelo
original, incorporando alguns aspectos da instituição
tradicional que procurou combater. Como resultados
dessas duas adaptações mútuas, os dois varejistas
caminham para formatos semelhantes em termos de
variedade, instalações, serviços e preços. Eles, portanto,
tornam-se muito semelhantes e assim forma um novo
modelo, denominado de ‘síntese’. Essa nova instituição
ficará então novamente vulnerável à negação por novos
concorrentes, à medida que um novo processo dialético se
inicia.
Figura 8 O processo dialético no varejo
(Fonte: Parente, 2000)
TESE
SUPERMERCADO CONVENCIONAL
Área de vendas: média
Variedade grande: alimentos
Variedade pequena: não-alimentos
Preços: médios
Serviços: muitos
Localização: áreas residenciais
ANTÍ
TESE
HIPERMERCADO
Área de vendas: muito grande
Variedade grande: alimentos
Variedade grande: não-alimentos
Preços: baixos
Serviços: poucos
Localização: vias expressas
SÍN
TESE
SUPER LOJA DE ALIMENTOS
Área de vendas: muito grande
Variedade grande: alimentos
Variedade grande: não-alimentos
Preços: baixos
Serviços: médios
Localização: vias principais
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56
A figura 8 procura exemplificar o processo dialético no Brasil,
analisando-se a evolução dos supermercados, hipermercados e superlojas
de alimentação. Os hipermercados (antítese) adotaram um formato que
procurou negar muitas características dos supermercados (tese). Com o
passar do tempo, foram gradualmente introduzindo aspectos do modelo
supermercado, que inicialmente haviam sido rejeitados: ampliaram seu leque
de serviços, experimentaram lojas com áreas de vendas menore347o221.16 Tc 0.414 Tw ( ) T75347o221.98j-413.5634 Teriaimec Tzar03O PA12.o-d65e deaislifenciximom mplaramnsum handa.435 Tw 16
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2.3. Parcerias
As grandes corporações passaram a estabelecer um ritmo de domínio
e concentração nos cenários de negócios como nunca antes constatado. A
pequena empresa isolada não consegue sobreviver nesse ambiente mutável
e, assim, as parcerias apresentam-se como alternativa viável, porque
conseguem estabelecer uma relação positiva no que diz respeito à
combinação de pessoas, tecnologias e conhecimento, além do capital que
deixa de estar concentrado nas mãos de um só proprietário. Pode-se colocar
o varejo nessa situação onde a formação de parcerias dentro da cadeia de
fornecimento ou até com seus concorrentes pode levar a sobrevivência ou
até o crescimento e expansão no mercado. Mas para isso é necessário se
analisar algumas características que devem existir para que isso aconteça.
2.3.1. Confiança
Em qualquer tipo de relacionamento um dos fatores determinantes
para o sucesso é a confiança entre os parceiros envolvidos. Para Arruda &
Arruda (1998) confiança é definida com a crença de uma das partes em que
suas necessidades serão satisfeitas no futuro, por ações tomadas pela outra
parte. Dessa maneira confiança é um “tipo de expectativa que alivia o medo
de que o parceiro do intercâmbio atue de forma oportunista”.
Nooteboom (1999) determina uma diferença entre confiança e fé,
onde confiança está associada com uma escolha, enquanto que fé está
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associada com o inevitável. Confiança diz respeito às relações nas quais as
pessoas ou empresas se engajam e que, quando as coisas não vão bem,
podemos culpar nosso próprio julgamento por isso, enquanto que fé se
refere à continuidade da ordem natural e moral das coisas: natureza, Deus,
o governo, o sistema legal.
Segundo Fusco (2004), ser capaz de gerar confiança é a chave para
reduzir os custos de transações, tornando possível à criação de uma rede
estratégica economicamente viável. Para o autor a geração de confiança
passa por dois principais caminhos:
Trabalhar com a perspectiva do proprietário do recurso (a outra
parte), em relação à motivação do empreendedor: isso significa
incorporar dentro da empresa a mesma motivação de seus
clientes, ou implantar na cultura da empresa a responsividade em
relação a seus clientes. Tal caminho pode ser reforçado mediante
escolha cuidadosa dos parceiros dos diversos relacionamentos,
buscando explicitamente por pessoas com valores similares
àqueles dos clientes.
Trabalhar com a perspectiva do proprietário do recurso, em
relação à situação intrínseca: o empreendedor não pode esperar
confiança cega, se isto significar alto risco para os participantes da
rede. O ganho possível de ser obtido ferindo de morte um seu sub-
contratado compensaria a perda de eficiência que poderia ocorrer
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como resultado da deterioração do sistema? Obviamente não, e
esta é a razão pela qual a situação é, mesmo para os menores
sub-contratados, muito menos arriscada do que parece.
Lewicki & Bunker em 1996, afirmaram que a confiança p705 0s( ) Tj--27.75-527 TD -0.0639 Tc 1.6798 Tw basecadana gmarntria de que se patresagir7ão conorme 3o cmbintadouama
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Para Fusco (2004) a confiança não pode ser imposta, e
provavelmente seu desenvolvimento implicaria em um processo de longo
prazo, no sentido de que o ‘gerador’ da rede desenvolveria, pouco a pouco,
relacionamentos pessoais e uma reputação de justiça. Isso explica por que
muitas redes apresentam um forte componente geográfico ou cultural,
porque é mais fácil desenvolver relacionamentos estreitos com alguém que
possua um registro de integridade pessoal.
Humphrey & Schmitz (2002) afirmam que a confiança ampla se
desenvolve quando as empresas criam interações e interdependências mais
complexas. A interdependência não é algo novo, mas a literatura recente
sobre cadeias de fornecimento, aglomerados e redes sugere um grau de
entrosamento que só pode funcionar quando as relações entre as empresas
são sustentadas por mais do que confiança restrita. A necessidade de
confiança ampla é mais clara onde as eventualidades imprevistas podem ser
solucionadas por meio de cooperação.
2.3.2. Governança corporativa
Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são
dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre
acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria
independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa
têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao
capital e contribuir para a perenidade (IBGC, 2006). Governança corporativa
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é valor, apesar de, por si só, não criá-lo. Isto somente ocorre quando ao lado
de uma boa governança tem-se também um negócio de qualidade, lucrativo
e bem administrado. Neste caso, a boa governança permitirá uma
administração ainda melhor, em beneficio de todos os acionistas e daqueles
que lidam com a empresa.
De acordo com Aguiar (2001), no que tange às operações de uma
empresa,
A governança é um esforço de acesso à eficácia de modos
alternativos de organização. Uma estrutura de governança
é geralmente interpretada como uma estrutura
organizacional, na qual se decide a integridade de uma
transação ou de um conjunto de transações. Governar a
transação significa incentivar o comportamento que se
deseja obter e, ao mesmo tempo, conseguir monitorá-lo.
Na visão de Williamson (1985), governança corporativa trata da
justiça, transparência e da responsabilidade das organizações no que se
refere à resolução de problemas que envolvem os interesses do negócio e
da sociedade como um todo.
Para Andrade & Rossetti (2004), as partes mais diretamente
envolvidas com os valores e processos podem ser entendidas como os
acionistas, os conselheiros administrativos, auditores independentes,
conselhos fiscais, comitês corporativos, agências reguladoras e órgãos
normativos, entre outros. Os interesses estabelecidos para a governança
corporativa podem ser divididos em restritos ou ampliados.
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Os interesses restritos são os cumprimentos das disposições
estatutárias, as condições estabelecidas em acordo de acionistas,
desempenho estratégico no ambiente de negócios, maximização da riqueza
dos acionistas, otimização do retorno sobre ativos tangíveis, preservação de
ativos intangíveis, etc. Os interesses ampliados são os indicadores de
cumprimento de disposições legais, responsabilidades corporativas
nacionais e sociais e balanços de alcance externo social e ambiental
(ANDRADE & ROSSETTI, 2004).
De acordo com Nohria apud Buosi (2005), as redes como forma de
governança está sendo amplamente estudada a partir de uma nova lógica
produtiva. Redes como forma de governança estimula o acesso rápido a
recursos e know-how que não podem ser produzidos internamente. Para o
autor, também está se estudando o apoio institucional, de governos e
entidades afins como mecanismo importante para o estímulo do
desenvolvimento das redes horizontais de produção, sendo que a confiança
e a reputação podem suplementar ou substituir os procedimentos
administrativos ou até contratos transacionais.
O termo ‘governança’ é utilizado nos estudos referentes aos
processos de coordenação dos agentes de um determinado sistema
produtivo, em suas várias esferas de relacionamento, ou seja, entre os
setores públicos e privados, em níveis local, regional ou global. O estudo
dessas relações torna-se importante, uma vez que elas influenciam no
desempenho das organizações, desempenho esse que pode ser refletido
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também nos agrupamentos produtivos em que as mesmas possam estar
inseridas (WILLIAMSON, 1985).
Para Andrade & Rossetti (2004), a governança corporativa quanto a
sua abrangência é um sistema de gestão que visa a preservar e a maximizar
os direitos dos acionistas, assegurando a proteção dos minoritários, um
sistema de governo, gestão e controle das empresas, que disciplina suas
relações com as partes interessadas em seu desempenho, sistema de
valores que rege as corporações e suas relações internas e externas, sendo,
portanto, um conjunto de instrumentos, derivados de estatutos legais e de
regulamentos, que objetiva à excelência da gestão e a proteção dos direitos
das partes interessadas.
Humphrey & Schmitz (2000) elaboraram minucioso estudo
bibliográfico compilando a literatura sobre governança segundo Williamson
(1985) e Jessop (1988) e identificaram três tipos básicos de governança, por
eles denominados: governança de redes (ou quase-hierárquica), mercado e
hierárquica (ou vertical). Posteriormente, num outro estudo, esses autores
apresentaram um quadro comparativo entre os tipos de governança
identificados por eles (HUMPHREY & SCHMITZ, 2000) e por Figueiredo et
al. (2000). Estes, por sua vez, ressaltam a idéia central da análise das
cadeias de produção como sendo a identificação das estruturas de poder ou
governança (governance), em que uma ou mais empresas coordenam e
controlam atividades econômicas geograficamente dispersas.
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Capítulo 2 Referencial teórico
64
A importância de se considerar os diversos tipos de governança
reside no fato de que as diferenças nos padrões de coordenação dos atores
influenciam fortemente as possibilidades de respostas a situações de
mudanças aceleradas, tipicamente de um paradigma do contexto atual
(BUOSI, 2005).
2.3.3. Alianças estratégicas
Klotzle (2003), afirma que atualmente existe uma falta de definições
universalmente aceitas sobre o que constitui uma aliança estratégica. Isso
ocorre, em parte, em conseqüência da insuficiência de estudos de natureza
analítica internacionais, que faz com que diversos autores utilizem conceitos
diferentes na elaboração de seus estudos sobre a formação de parcerias
estratégicas.
Dessa forma Klotzle (2003) relacionou os diversos autores com suas
respectivas definições apresentado no quadro 2.
Quadro 2 Definição de Aliança Estratégica segundo Diversos Autores
Autor Definição de aliança estratégica
Parkhe (1991)
Alianças Estratégicas Globais (AEG) são definidas como acordos de cooperação
de longo prazo entre firmas independentes sediadas em dois ou mais países. Elas
envolvem fluxo de recursos e de capitais entre os diferentes países.
Teece (1992)
Acordos por meio dos quais dois ou mais parceiros dividem o compromisso de
alcançar um objetivo comum, unindo todas as suas capacidades e recursos e
coordenação estratégica e opera
cional das atividades conjuntas de pesquisa e
desenvolvimento (P&D), transferência mútua de tecnologia, concessão de direitos
exclusivos de produção e venda, e acordos de cooperação na área de marketing
.
Alianças estratégicas podem ou não envolver participação acionária.
Hagedoorn
(1993)
Acordos de cooperação entre empresas, cuja intenção é afetar o posicionamento
no mercado do produto de pelo menos um parceiro. Alianças estratégicas têm de
ser diferenciadas das chamadas “teias consumidoras fornecedor”,
que são
decisões de semi-
integração vertical baseadas na colaboração com fornecedores
e que têm como objetivo a economia de custos.
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Capítulo 2 Referencial teórico
65
Lipnack &
Stamps (1994)
As alianças estratégicas podem ser caracterizadas como sendo uma conformação
organizacional particu
lar, no qual empresas deliberadamente decidem empreender
um projeto comum, ou seja, é a união de empresas em prol de um objetivo
comum, utilizando-
se para isso de suas competências individuais a fim de se
fortalecerem mutuamente dentro do mercado na quais
estão inseridas, sendo elas
concorrentes ou não. Dentro do contexto das alianças estratégicas encontram-
se
diversos modelos de estruturação e organização de relacionamentos, como joint-
ventures, parcerias, consórcios, integração vertical, cluster, acordos
cooperativos,
franchising
, organização virtual, integração horizontal, redes empresariais
flexíveis, entre outros.
Brown &
Pattinson (1995)
Contrato de troca, integração ou união de recursos específicos por diferentes
parceiros, visando à obtenção de ganh
os mútuos. Entretanto, os parceiros
permanecem empresas independentes.
VYAS Et Al.
(1995)
Acordo feito entre dois ou mais parceiros com o objetivo de compartilhas
conhecimento ou recursos que possam trazer benefícios a todas as partes
envolvidas. Alianças
estratégicas podem ser formadas simplesmente por duas
empresas que dividem seus recursos tecnológicos e/ou de marketing
, ou assumir
formas mais complexa, envolvendo diversas companhias localizadas em
diferentes países.
Varadarajan &
Cunninghan
(1995)
Est
ratégias de cooperação interorganizacionais, que implicam a união de recursos
e capacidades específicas das empresas que fazem parte da parceria, visando ao
alcance tanto de objetivos comuns como de objetivos específicos dos parceiros
individuais.
Lorange
& Roos
(1996)
Empreendimentos de risco ao longo de uma escala contínua entre, de um lado,
transações em um mercado livre (“mercado”) e, de outro, a internalização total
(“hierarquia”). Temos, assim, os seguintes tipos de alianças estratégicas em
termos do grau de integração vertical com a empresa-
mãe: fusões e aquisições,
participação societária, joint venture
, empreendimento cooperativo formal e
empreendimento cooperativo informal.
Yoshino &
Rangan (1996)
União de duas ou mais firmas com a finalidade de
se alcançarem objetivos
comuns. Metas conjuntas de duas ou mais empresas não comprometem,
entretanto, sua independência depois da aliança: as empresas parceiras
participam dos benefícios, dividem o controle do desempenho das atividades e
contribuem sempre
para uma ou mais áreas estratégicas cruciais, como tecnologia
ou produto.
Hagedoorn &
Narula (1996)
Alianças estratégicas podem ser classificadas de duas maneiras. De um lado,
existem tipos que envolvem participação acionária, como joint ventures
e
compan
hias conjuntas de pesquisa. De outro lado, há formas sem participação
acionária, isto é, baseadas somente em contratos entre parceiros. Nesse grupo
encontram-
se, entre outros, acordos de desenvolvimento conjunto de produtos,
pactos de pesquisa conjunta, ac
ordos mútuos de licenciamento e contratos de
P&D.
Dussauge &
Garrete (1997)
Projetos de colaboração implantados por firmas rivais e operando na mesma
indústria. As firmas mantêm, entretanto, sua independência. Essa definição exclui,
portanto, fusões e aqu
isições, as quais levam à perda de autonomia de pelo
menos um parceiro. Também são excluídas parcerias verticais formadas por
fornecedores e compradores.
Gulati (1998)
Acordos voluntários entre empresas envolvendo troca, divisão de recursos ou
desenvolvimento cooperativo de produtos, tecnologia ou serviços.
OSBORN Et Al.
(1998)
Relação de troca reconhecida publicamente e/ou acordo de criação conjunta de
valor (no sentido de valor adicionado) entre duas ou mais empresas que têm suas
sedes em nações diferen
tes. A área de atuação da parceria é, no entanto,
especificada, e espera-se que o acordo seja de longo prazo.
Glaister &
Buckley (1998)
Existem dois tipos organizacionais básicos de alianças estratégicas: joint ventures
e alianças estratégicas sem participação de capital. Joint ventures
implicam a
criação de uma nova empresa, da qual um dos parceiros detém uma parcela do
capital. Em contraste, alianças estratégicas sem participação de capital são
acordos de cooperação entre parceiros, mas não envolvem a cr
iação de uma nova
empresa.
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Tsang (1999)
Acordo cooperativo de longo prazo entre duas ou mais empresas independentes
de países diferentes, com a finalidade de se obterem ganhos mútuos na
consecução de objetivos comuns. O tempo “longo prazo” não se refere a
nenhum
período determinado de tempo, mas ao caráter não transitório do acordo.
Das & Teng
(2000)
Alianças estratégicas podem ser classificadas de quatro maneiras: a) joi
nt
ventures; b) alianças com participação acionária minoritária; c) alianças baseadas
em contratos bilaterais; e d) alianças baseadas em contratos unilaterais.
Garai (2003)
Alianças estratégicas incluem acordos de esforços conjuntos na área de
marketing
, atividades conjuntas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D),
colaboração no desenvolvime
nto de novos produtos, transferência de tecnologia e
atividades de terceirização. Fusões e aquisições não são consideradas alianças
estratégicas.
Troccoli &
Soares (2003)
Aliança estratégica pode ser definida como um relacionamento estabelecido entre
duas
ou mais partes, que visa um compartilhamento do conhecimento e de outros
recursos, que possa ser benéfico para todos os envolvidos. As autoras afirmam
que nem sempre uma aliança é estratégica, só adquirindo essa qualificação
quando estabelecida com vistas
à manutenção ou a criação de vantagem
competitiva.
Thompson Jr. &
Strickland Iii
(2004)
As empresas fazem alianças por vários motivos estrategicamente benéficos. Os
três motivos importantes são ganhar economias de escala na produção e/ou
comercialização,
preencher lacunas em suas habilidades técnicas e de fabricação,
e obter acesso de mercado. Por meio de esforço conjunto na produção de
componentes, montagem de modelos e comercialização de seus produtos as
empresas podem conseguir economias de custos que
não seriam possíveis com
seus volumes menores.
Fonte: Klotzle (2003) adaptado pelo autor.
Com base nas definições do quadro 2 pode-se chegar à conclusão de
que alianças estratégicas podem assumir as seguintes formas:
Contratos unilaterais (licenças, acordos de distribuição, contratos
de P&D);
Participação acionária minoritária;
Participação acionária majoritária;
Joint venture internacional;
Fusões e Aquisições;
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Contratos bilaterais (P&D conjunto, marketing e promoção
conjuntos, produção conjunta, parcerias avançadas com
fornecedores e/ou concorrentes).
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2.3.4. Estratégia competitiva e cooperação no varejo
Os debates sobre os fatores que determinam a competitividade das
empresas têm sido enriquecidos nos últimos anos com diferentes
abordagens. A abordagem clássica é a análise da indústria ou do
posicionamento estratégico, que tem em Michael Porter seu maior
protagonista (FLEURY & FLEURY, 2003).
Segundo Porter (1989), estratégia competitiva é "a busca de uma
posição competitiva favorável em uma indústria, à arena fundamental onde
ocorre a concorrência". É através da determinação de uma estratégia
competitiva que uma empresa poderá estabelecer uma posição lucrativa e
sustentável em função das forças que determinam a rentabilidade e
atratividade da indústria à qual pertence.
Parente (2000) considera, em comparação com outros negócios, que
ainda é relativamente fácil começar uma operação de varejo. Essa facilidade
estimula novos empreendedores a entrar continuamente no mercado. Em
conseqüência dessa competição ampliada, os níveis de lucro tendem a se
deteriorar. O autor aconselha a que os varejistas procurem estabelecer
objetivos elevados, pois a concorrência é extremamente intensa no varejo.
A metodologia mais utilizada no meio gerencial é a proposta por
Porter (1989), conhecida como análise estrutural da indústria ou ‘matriz das
cinco forças’. Neste modelo, o autor afirma que a intensidade da
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concorrência em uma indústria tem suas raízes na sua estrutura econômica
básica e vai muito além do comportamento dos atuais concorrentes.
Porter (1989) propõe um contexto analítico formado por cinco forças
competitivas básicas, afirmando que é o conjunto dessas forças, e o modo
como uma empresa reage a elas, que irão determinar o potencial de lucro
existente em um determinado setor industrial. Deve-se ressaltar que, na
maioria das vezes a melhor estratégia pode não ser decorrente de um
controle sobre todas as forças simultaneamente, mas sim sobre as fontes de
uma ou mais delas que tenham um potencial relevante de contribuição ao
posicionamento competitivo de uma empresa. A análise das cinco forças
competitivas potenciais entrantes, ameaças de substituição, poder de
negociação com fornecedores, poder de negociação com clientes e
rivalidade entre os atuais concorrentes demonstra claramente que a
concorrência enfrentada por uma empresa pode não ter necessariamente
sua fonte em uma outra empresa estabelecida no mesmo segmento de
mercado. As fontes de concorrência podem ter sua origem no próprio
fornecedor e até mesmo no cliente, visto que também “concorrem” contra ou
agem contra o lucro da empresa. No entanto, quando nos deparamos com
processos de alianças estratégicas, essas forças tendem a se alterar
gerando novos cenários concorrenciais mais favoráveis aos participantes. O
primeiro deles e mais importante é o que resulta com as mudanças
quanto à rivalidade interna do setor ou segmento industrial. Nos processos
normais de concorrência, as grandes empresas tendem a impor suas
políticas, estabelecer preços, serviços e escolher seus concorrentes. A
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efetivação de alianças tende a tornar esses processos mais claros,
participativos e mais efetivos.
Segundo Amato Neto (2000), a cooperação entre empresas pode
viabilizar o atendimento de diversas necessidades e objetivos, que seriam
difíceis de serem atingidos se as empresas agissem de forma isolada. Dessa
forma, as organizações podem optar pela união de esforços visando aos
seguintes objetivos, destacados no Quadro 3.
Quadro 3 - Objetivos e Necessidades da União de Esforços entre
Empresas.
Combinar competências e utilizar know-how de outras empresas.
Ganhar maior capacidade de negociação com as instituições financeiras.
Garantir maior abrangência nas ações de marketing.
Dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, compartilhando o
desenvolvimento e os conhecimentos adquiridos.
Partilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades, realizando
experiências em conjunto.
Oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada.
Exercer uma pressão maior no mercado, aumentando a força competitiva em
benefício do cliente.
Compartilhar recursos, com especial destaque aos que estão sendo
subutilizados.
Ganhar competitividade em relação às grandes empresas do ramo.
Fortalecer o poder de compra.
Obter mais força, para atuar nos mercados internacionais.
Fonte: Ghisi et al. (2003).
Fleury & Fleury (2003) consideram que qualquer estratégia
competitiva, independentemente de suas características mais específicas,
pode ser classificada em uma de três categorias:
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Excelência operacional é aplicada pelas empresas que
competem em mercados nos qual a relação qualidade/preço é a
maior determinante da competitividade de produtos ou serviços. A
função critica para o sucesso da companhia é a função
Operações;
Inovação em produtos está continuamente investindo para criar
conceitos de produto radicalmente novos para clientes e
segmentos de mercados definidos. A função critica é Pesquisa e
Desenvolvimento e Engenharia (P&D&E);
Orientadas para o cliente é voltada para as necessidades de
clientes específicos e procuram se especializar no
desenvolvimento de produtos, sistemas e soluções que atendam a
suas demandas atuais e futuras. Para isso, tais companhias
priorizam o desenvolvimento do conhecimento sobre cada cliente
e seu negócio: Vendas & Marketing torna-se a função crítica,
impulsionando os esforços de Pesquisa, Desenvolvimento e
Engenharia, e também de Operações.
2.3.5. Vantagem competitiva no processo de cooperação
O estágio mais importante no processo de planejamento estratégico
de qualquer empresa é identificar onde ela pode agregar um maior valor ao
seu produto, ou seja, onde pode adquirir vantagens competitivas. Para isso
Porter (1989) criou uma estrutura denominada Cadeia de Valores, que “é
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uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir,
comercializar, entregar e sustentar seu produto”. Segundo o autor, as
atividades desenvolvidas dentro de uma empresa podem ser divididas em
dois tipos: as primárias, que são as atividades envolvidas na criação física
do produto (logística interna e operações), sua venda e transferência para ao
comprador (logística externa e marketing & vendas), bem como na
assistência após a venda (serviço); e as atividades de apoio, que sustentam
as atividades primárias e a si mesmas, fornecendo insumos adquiridos,
tecnologia, recursos humanos e várias funções ao âmbito da empresa.
Apesar das atividades de valor soarem muitas vezes como sendo
desenvolvidas em blocos independentes na construção da vantagem
competitiva, elas não o são. Elas ocorrem interligadas por meio de elos,
principalmente entre as atividades primárias e de apoio. Um acréscimo de
valor nasce quando uma empresa cria um diferencial de vantagem
competitiva para o seu cliente, reduz o custo para o cliente ou eleva seu
desempenho. O valor criado para o cliente deve ser, contudo, percebido por
ele, para que seja recompensado com um preço-prêmio (PORTER, 1989).
Em um processo de cooperação as empresas devem aceitar a idéia de que
os seus elos internos devem ter grau maior de compartilhamento com os
demais componentes da aliança formada, inclusive proporcionando o
aparecimento de novos elos entre cadeias.
De modo geral tem-se verificado um maior grau de compartilhamento
das atividades correspondentes ao inicio e fim da cadeia de valor, raramente
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indo até a função operações, normalmente no meio da cadeia. Segundo
Casarotto Filho & Pires (2001), as atividades iniciais são vitais e estão dentro
das atividades de apoio, sendo elas o desenvolvimento de tecnologia, pois
aumenta o valor do produto, e a aquisição de matérias-primas, “porque
diminui o preço final do produto, contribuindo para aumentar o coeficiente
valor/preço”. Neste ponto, a composição de redes pode contribuir na medida
em que fortalece as relações com fornecedores, reduz a necessidade de
capital de giro e disponibiliza acesso à tecnologia e a intercâmbios com
instituições ou empresas de pesquisas. A complexidade das funções finais,
marketing e logística, “normalmente não podem ser bem desempenhadas
por pequenas empresas que atuam isoladamente” (CASAROTTO FILHO &
PIRES, 2001), porque envolvem definições de marketing mix, armazenagem,
distribuição e transportes, demandando o concurso de recursos humanos
altamente capacitados para estas funções, o que tenderiam a elevar
demasiadamente os gastos das pequenas empresas.
É em um cenário de hiperconcorrência que as empresas devem
procurar desenvolver habilidades que criem vantagens competitivas
sustentáveis e, por mais contraditório que possa parecer, as organizações
devem procurar a cooperação acima da competição. Pode-se dizer que
concorrência e a cooperação andam de mãos dadas em todas as situações
da vida real. Existe um momento em todas as situações de conflito em que
ambas as partes ganham ou perdem menos na paz do que podem esperar
ganhar de qualquer vitória previsível em uma guerra (MINTZBERG &
QUINN, 2001). A busca pela cooperação envolvendo empresas
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concorrentes tende a ser favorável na medida em que evita a
hiperconcorrência, não deixando que crises provocadas pela competição por
baixo custo ou guerras de preços impliquem um impacto negativo para toda
a indústria, desta forma "o conflito continua, mas dentro de uma área
implícita de acordo cooperante" (MINTZBERG & QUINN, 2001). Uma
estratégia que envolva a cooperação interorganizacional, além de impedir
que a hiperconcorrência interfira de forma preponderante na rentabilidade
das organizações, permite que elas se unam contra as outras forças
competitivas que influenciam a indústria, como o poder de barganha dos
fornecedores. Os grandes grupos varejistas podem comprar em maior
quantidade levando, assim, a economias de escala até então improváveis
para empresas de menor porte.
Outra vantagem vinda da criação de alianças entre concorrentes é a
possibilidade de se difundir conhecimentos sobre o setor. O benchmarking é
facilitado e as vantagens competitivas tendem a emergir com maior
facilidade. Quando uma indústria trabalha buscando, além da competição,
uma cooperação, ela consegue criar ou fortalecer barreiras contra novos
entrantes ou estabelecer barreiras de mobilidade contra determinados
segmentos ou grupos estratégicos. Mintzberg & Quinn (2001) defendem
ainda que “em vez de competir cegamente, as empresas deveriam competir,
cada vez mais, somente nessas áreas precisas nas quais tenham uma
vantagem duradoura ou onde a participação é necessária para preservar o
poder do segmento, ou ainda para captar valor”. Os autores afirmam que a
busca por um posicionamento a qualquer custo, competindo de maneira
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voraz, leva todas as empresas da indústria a ficarem financeiramente
exaustas, intelectualmente depauperadas e extremamente vulneráveis a
ondas de inovação ou entrada de novos competidores no mercado. Se a
estratégia horizontal for implícita, ela encontrará dificuldades para resistir às
pressões que venha a sofrer e, assim, não poderá otimizar o desempenho
das unidades empresariais, principalmente as que possuem processo de
decisão descentralizado, observando também a raridade da ocorrência da
estratégia horizontal de baixo para cima. Sem uma estratégia explícita, as
unidades empresariais poderão reduzir sua habilidade para explorar inter-
relações ao invés de acentuarem sem isso as unidades empresariais podem
valorizar as inter-relações de formas diferentes. Quando as decisões
estratégicas forem tomadas independentes, pode ocorrer um
enfraquecimento das inter-relações, corrompendo o posicionamento da
empresa. Do mesmo modo pode ainda resultar na formação de alianças
externas, criando competição dentro da rede de cooperação, além de outros
problemas como a discriminação de concorrentes potenciais ou a não
transferência de know-how. Para melhor formular uma estratégia horizontal,
Porter (1989) afirma que “é preciso que a empresa identifique inter-relações
entre todos os concorrentes em múltiplos pontos, concorrentes em múltiplos
pontos em potencial e concorrentes buscando padrões diferentes de inter-
relações”.
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2.4. Redes como forma de organização
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De acordo com North (1990), as redes não são instituições, mas
arranjos institucionais com certas regras. Assim, o grau de
institucionalização de uma comunidade política é determinado pelas
preferências políticas de seus membros, que são formadas por regras,
princípios e padrões de procedimento desta comunidade.
De qualquer modo, o conceito de rede é, de forma geral, muito
abrangente e complexo, podendo-se referir à noção de um conjunto ou uma
série de células interconectadas por relações bem definidas. De acordo com
Porter (1999), o termo redes aliado a esta definição não é utilizado apenas
na teoria organizacional, mas em muitas outras ciências.
2.4.1. Rede de empresas
Segundo Porter (1998), esse termo pode ser compreendido como o
método organizacional de atividades econômicas pela coordenação e/ou
cooperação interfirmas. Para Amato Neto (2000), o termo redes de
empresas refere-se à noção de um conjunto ou de uma série de células
interconectadas por relações bem definidas. Ribaut et al. (1995) fazem uma
referência simplista ao conceito de redes, mas bastante esclarecedora ao
relacioná-lo ao agrupamento de empresas com o objetivo principal de
fortalecer as atividades de cada um dos participantes da rede, sem que,
necessariamente, tenham laços financeiros entre si.
Britto (2002) define redes de empresas como sendo arranjos
organizacionais baseados em vínculos sistemáticos muitas vezes de
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caráter cooperativo entre empresas formalmente independentes, que dão
origem a uma forma particular de coordenação das atividades econômicas.
De acordo com Leon (1998), as redes de empresas são formadas
inicialmente com o objetivo de reduzir incertezas e riscos, organizando
atividades econômicas a partir da coordenação e cooperação entre
empresas. Na formação de redes de empresas de pequeno e médio porte
existe a possibilidade destas configurarem-se como redes flexíveis, como
clusters de empresas (agrupamentos), ou redes de cooperação, geralmente
como organizações virtuais, ou ainda as chamadas Supply Chain
Management” (OLAVE & AMATO NETO, 2001).
Dess et al. (1995), definem três tipos de estruturas para as redes,
considerados formatos típicos de organizações sem fronteiras:
Estrutura modular: refere-se à organização que mantém as
atividades essenciais da cadeia de valores e terceiriza as
atividades de suporte, continuando, entretanto, a exercer controle
sobre elas;
Estrutura virtual: está relacionada às redes de fornecedores,
clientes e/ou concorrentes, ligadas temporariamente para
maximizar competências, reduzir custos e facilitar o acesso a
mercados;
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Estrutura livre de barreiras: diz respeito a definições menos rígidas
de funções, papéis e tarefas dentro da organização.
Nestes tempos modernos em que a exigência de consumo atingiu o
limite extremo, a cadeia de fornecimento permite às empresas alcançarem
melhores padrões de competitividade por ser um instrumento que possibilita
a empresa gerenciar seus processos produtivos com maior eficácia e
eficiência (DESS et al., 1995).
Olave & Amato Neto (2001) consideram que a diversidade de formas
que pode tomar a rede de empresas, não existe uma regra única com
respeito às vantagens da constituição em rede. Em contrapartida, não existe
modificação no grau de exclusividade que cada uma das empresas da rede
tem sobre a sua atividade ou sobre a sua parte de atividade. Para os
autores, as relações estabelecidas entre as empresas que têm um objetivo
nitidamente mais comercial do que técnico, não estão ligadas por cláusulas
de acesso cruzados às tecnologias ou aos processos de cada uma delas.
De acordo com Ribault et al. (1995), as principais vantagens são:
Cada uma das empresas de uma rede pode aprofundar uma
especialização. É ao nível do conjunto de rede que se faz a
perenidade de todo o know-how das atividades.
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As empresas de uma rede podem deste modo tornar-se o reflexo
da atividade econômica dessa rede. Esta é uma maneira de pôr
em prática o modelo da cadeia de valor de Porter.
As empresas escolhem-se por afinidade. Podem constituir uma
rede profundamente original relativamente às empresas
concorrentes, conferindo a si próprias um grau elevado de
exclusividade.
Olave & Amato Neto (2001) citam como exemplo a criação de uma
central de compras comum às empresas da rede, como uma forma delas se
completarem umas as outras nos planos técnicos (meios produtivos) e
comerciais (redes de distribuição) e decidem apoiar-se mutuamente em
prioridade. Trata-se de um modo de associação por afinidade de natureza
informal e que deixa cada uma das empresas responsável pelo seu próprio
desenvolvimento. Os autores afirmam ser uma escolha de estrutura bem
adaptada às pequenas e médias empresas para quem este tipo de
associação é uma maneira de concretizar o lema ‘a união faz a força’.
De maneira geral, as redes podem ser entendidas como uma forma
organizacional, já que segundo Powel (1990) não são sem mercado nem
hierarquias. As redes são alternativas às formas de mercado e de integração
vertical por conter estruturas horizontais e verticais de troca,
interdependência de recursos e linhas recíprocas de comunicação.
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2.4.2. Redes de cooperação
As redes de cooperação podem ser traduzidas como sendo uma
relação de colaboração mútua entre empresas, mantendo sua
independência, que se unem por objetivos lucrativos em comum, por
exemplo, financiar pesquisas, introduzir um novo produto no mercado,
realizar alianças oportunistas, entre outros (OLIVEIRA & GUERINI, 2003).
Um cluster, sendo um tipo particular de rede, representa um sistema
de cooperação entre empresas, que pode ser descrito como sendo
composto geralmente de pequenas empresas independentes, organizado
em um local ou região como base. Pertence normalmente a um mesmo setor
industrial, possuem especialização em uma fase em particular do processo
produtivo, reunidas e aproveitando a presença das instituições locais,
através de relacionamentos de competição e cooperação (AMATO NETO,
2000).
Grandori & Soda (1995), por sua vez, atribuem o surgimento das
redes de cooperação em função da ocorrência de falhas de mercado ou
falhas burocráticas. Os autores afirmam que as principais dificuldades que
se apresentam nos estudos organizacionais sobre redes, se referem a:
Como alcançar resultados específicos em redes de cooperação;
Como alcançar e estabilizar acordos interfirmas;
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Capítulo 2 Referencial teórico
82
Como esboçar um grau de estruturação e formalização da rede;
Como conduzir projetos de pesquisa em redes de cooperação, sob
o ponto de vista metodológico.
De acordo com Amato Neto (2000), a formação de redes de
cooperação surge como uma alternativa inovadora e estratégica nas
empresas, opondo-se à concepção verticalizada e fragmentada de uma
cadeia produtiva. O autor afirma ainda que, as competências e atribuições
de uma rede de empresas estão basicamente ligadas a processos de
coordenação que uma coalizão de empresas pode empregar.
Para Casarotto & Pires (2001) as redes de cooperação é algo
irreversível como a globalização, ou melhor, talvez seja a maneira como as
pequenas empresas possam assegurar sua sobrevivência e a sociedade
garantir o desenvolvimento equilibrado.
2.4.3. Redes difusas e densas
Segundo Sacomano Neto & Sacomano (2003), a análise posicional
das redes tem como premissa a consideração dos fatores estruturais e
relacionais da rede. Para os autores o posicionamento estrutural de uma
rede de empresas está relacionada a sua densidade.
Wasserman & Faust (1994) afirmam que as redes como forma de
análise fundamenta-se na estrutura das relações para compreender uma
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Capítulo 2 Referencial teórico
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variedade de aspectos. Essa estrutura pode ser econômica, política,
internacionais, dentre outras e, as relações podem ser representadas por
meio dos elos, conexões ou ligações entre as unidades de análise.
Segundo Britto (2002), alguns elementos morfológicos gerais das
redes podem ser correlacionados quando usados como forma de análise na
compreensão de múltiplos fenômenos das redes de empresas. Esses
elementos básicos são denominados de: nós, posições, ligações (conexões)
e fluxos, conforme demonstra a figura 9.
Figura 9 Elementos estruturais das redes de empresa
(Fonte: Sacomano Neto & Sacomano, 2003)
Morfológicos
gerais das
redes
Elementos constitutivos das redes de empresas
Nós
Posições
Ligações
Fluxos
Empresas ou atividades (são representados pelos pontos)
Estrutura de divisão de trabalho (as diversas cores dos pontos mostram
as diferentes posições estruturais ocupados pelos autores)
Relacionamentos entre as empresas (são representados pelos traços e
as diferentes espessuras mostram as diferenças no relacionamento
entre os atores)
Fluxos de bens e de informações (por meio das ligações fluem os
recursos tangíveis e intangíveis)
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Capítulo 2 Referencial teórico
84
Os nós são constituídos pelas unidades básicas das redes de
empresas e referem-se a um conjunto de agentes, ou seja, empresas ou
atividades inseridas nos arranjos. As posições são definidas como os
diferentes pontos de localização, no interior da estrutura, e está associada à
divisão do trabalho dos diferentes agentes.
Já por meio das ligações ou das conexões é possível estabelecer
uma determinada densidade da rede. O último elemento está relacionado
aos fluxos, pois, torna-se necessário identificar a natureza especifica dos
fluxos tangíveis e intangíveis que circulam pelos canais de ligação entre os
nós, também definidos como fluxos de bens e de informações (BRITTO,
2002).
Existem duas formas de análise que se diferencia nas suas
estruturas, uma refere-se às estruturas dispersas ou difusas, nas quais os
números de ligações entre os pontos são limitados e a outra, às estruturas
saturadas ou densas, nos quais cada ponto está ligado usualmente a todos
os demais pontos que configuram a rede (BRITTO, 2002). O autor descreve
o conceito de densidade como sendo “associado à relação existente entre o
número efetivo de ligações observada na estrutura e o número máximo de
ligações que poderia ocorrer no interior do arranjo em análise”. O grau de
interconexão destas relações nas redes densas e difusas pode ser
observado na figura 10.
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Figura 10 Rede difusa e rede densa
(Fonte: Sacomano Neto & Sacomano, 2003)
Conforme Powell & Smith-Doer (1994), as redes difusas estão
relacionadas ao menor grau de interconexão entre os atores, como também,
está associado ao acesso às inovações, uma vez que o relacionamento
existente entre os atores não se dá pelo caráter de repetição acentuado.
As redes densas apresentam três características: facilitar o fluxo de
informação e outros recursos; funcionar como sistemas fechados de
confiança e normas divididas em que as estruturas de comportamento
comum se desenvolvem mais facilmente e; facilitar as atribuições de
sanções (GNYAWALI & MADHAVAN, 2001).
Sacomano Neto & Sacomano (2003) alegam que no posicionamento
relacional deve-se entender a coesão dos relacionamentos existentes entre
os pares de atores com base na intensidade do relacionamento (forte e
fraco).
REDE DENSA REDE DIFUSA
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Em suma, a densidade (difusa ou densa) é uma variável da estrutura
geral da rede e a coesão é uma variável relativa às relações entre os pares
de atores da rede (forte ou fraco). A densidade e a coesão devem ser
tratadas em conjunto, já que intensidade do relacionamento é procedente da
estrutura da rede (ROWLEY et al., 2000).
2.4.4. Redes de operações
Segundo Slack et al. (2002), nenhuma operação produtiva, ou parte
dela, existe de maneira isolada. As operações fazem parte de uma rede
maior interconectadas a outras. As decisões de um projeto de rede
começam com a definição dos objetivos estratégicos para a posição da
operação na rede, ajudando assim a decidir como quer influenciar a forma
geral de sua rede, a localização de cada operação produtiva e como
administrar sua capacidade geral dentro dela.
Para o autor, em uma operação produtiva todas as outras operações
com as quais interage fazem parte do processo de transformação, algumas
das quais são seus fornecedores e outras, seus clientes. Matérias, peças,
idéias, outras informações, tudo flui pela rede de relações cliente-fornecedor
formado por essas operações. Toda operação tem seus fornecedores, e que
por sua vez tem seus próprios fornecedores. A operação também tem seus
clientes que podem não ser usuários finais dos produtos e serviços, podendo
ter seu próprio conjunto de clientes.
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Para Slack et al. (2002), em seu nível mais estratégico, a produção
deve incluir toda a rede da qual a operação faz parte, pois ajuda a empresa
a compreender como competir mais efetivamente, identificar ligações entre
nós especialmente significativos na rede, e, a focalizar uma perspectiva a
longo prazo na mesma.
De acordo com Corrêa & Slack (1994), a gestão de operações tem
sofrido profundas mudanças decorrente de novos padrões de competição no
mercado mundial e da necessidade das operações estarem interligadas ao
alcance dos objetivos estratégicos das organizações. As razões destas
mudanças podem estar interligadas: 1) à crescente pressão por
competitividade; 2) às novas tecnologias de processo e de gestão utilizadas
por sistemas integrados, às redes de comunicação eletrônica e à tecnologia
de informática e 3) às operações estratégicas para atingir os objetivos
organizacionais.
Segundo os autores, é necessário identificar as formas estratégicas
de operações, contudo, deve-se levar em consideração à criação, o
desenvolvimento, a implantação e a manutenção de um padrão coerente de
decisões que deverá refletir a integração eficaz entre setores e função de
operação na organização. Nas decisões; estratégicas, táticas ou
operacionais, o impacto será maior ou menor de acordo com o desempenho
estratégico da organização.
Com isso, a estratégia de operações poderá ser vista como uma
ferramenta para aumentar a competitividade das organizações,
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considerando na organização a integração entre os recursos, objetivos e
decisões nos níveis estratégico, tático e operacional, possibilitando através
de uma estruturação organizacional a interligação competitiva na rede de
operação que faz parte.
2.4.5. Redes políticas
Para se desenvolver uma análise de redes políticas, segundo
Daugbjerg (1997), deve-se incorporar elementos do institucionalismo
sociológico e da escolha racional. A rede política é a análise desenvolvida
para entender as relações entre o estado e suas agências e os grupos de
interesses privados. Esse relacionamento influencia o processo de políticas
públicas.
De acordo com o autor, o institucionalismo de escolha racional critica
a economia neoclássica e todas as ações podem ser explicadas através do
interesse racional do indivíduo. Seu padrão de interdependência de recursos
explica que obtém controle sobre o processo de informação da rede e então
diz a quais interesses a rede serve. Contribui para a abordagem de redes
enfatizando que os atores agem de maneira estratégica e instrumental
quando eles se estabelecem em redes.
Este processo político é explicado pelas redes difusas que
determinam a interdependência de recursos de assunto por assunto. Seus
membros definem seus interesses próprios independentemente da rede e
suas ações são restringidas pela estrutura da rede (DAUGBJERG, 1997).
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No caso do institucionalismo sociológico, em algumas situações os
atores copiam o design de rede de outras redes, que já existiram em
períodos anteriores, quando isso favorece aos interesses dos atores
envolvidos no processo, enfatizando como regras importantes e
determinantes das ações das pessoas. Assim, nas comunidades políticas,
os membros seguem regras, ideologias e princípios políticos quando
interagem.
Na visão de Daugbjerg (1997), o conceito de redes políticas m sido
definido e usado de diferentes formas. Entretanto, existe um amplo
consenso de que este é um conceito que promove uma ligação entre o nível
de micro análise, que trata do papel dos grupos de interesses e do estado
em relação às decisões políticas particulares e o nível de macro análise, que
trata de questões amplas sobre a distribuição de poder dentro da sociedade
contemporânea.
Para o autor, a análise de redes de poder enfatiza as relações entre
grupos de interesses privados e os departamentos do estado. A existência
das redes políticas tem influência sobre os resultados políticos, embora não
os determine, mas reflete o poder relativo dos interesses particulares nas
diversas áreas políticas. A rede política não é a única intermediação de
interesse, existe também o pluralismo e o corporativismo, concepções de
origem britânica.
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2.4.6. Redes de poder
Segundo Belluzzo (2002), diante da concorrência entre as grandes
empresas no mercado atual, o Estado não impõe presença nos negócios,
mas envolve a disputa por capacidade reguladora e pela captura de recursos
fiscais, demonstrando ser necessário definir o mercado, considerando-o a
partir de suas relações de poder e do conjunto de regras e normas que o
estabelece.
Para Paulillo (2002):
Os mercados são estruturados em redes de recursos de
poder, ou seja, a dinâmica de um mercado é definida a
partir de conexões complexas, entre organizações distintas
e dependentes de recursos de poder. E os recursos de
poder (financeiros, tecnológicos, organizacionais, políticos,
jurídicos e constitucionais) são desejados pelas
organizacionais com o objetivo de colher melhores
resultados e evitar uma possível dependência entre outros
atores. Na estrutura dessa dependência conformam-se,
então, as oportunidades e os mercados.
Na rede de poder, as características individualizadas e as habilidades
de negociação ou poder de barganha dos seus membros e das conexões
revelam a interdependência que se estabelece dentro da rede, embasada na
busca de recursos de poder e na representação dos interesses. As
habilidades diretas dos membros decorrem de suas habilidades próprias,
como o controle de gestão e integração vertical. Já as habilidades indiretas
provêem de algo que não foi desenvolvido pelo ator, como condições
naturais e externalidades positivas. As conexões podem ser formais por
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meio de contratos ou integrações, ou ainda informais em cooperação social
e em serviços acordados (PAULILLO, 2002).
Numa perspectiva mais ampla de análise, para além dos graus de
formulação, centralização e cooperação das conexões, segundo Van
Waarden (1992), observa-se que, nas redes, agentes endógenos e
exógenos atuam ao mercado. Desta forma, as redes são econômicas e
políticas, ou seja, são redes de poder, sendo definidas a partir das três
dimensões: do número de atores e tipos de agentes envolvidos no negócio;
funções dos atores envolvidos com acesso ao processo de decisão,
negociação ou capacidade de envolver produtos e de coordenar e cooperar
na formação e implementação de políticas públicas; estrutura baseada no
padrão das relações entre os atores a partir da intensidade das conexões;
do grau de institucionalização; das regras de conduta nas percepções,
interesse e atitudes dos atores e na distribuição de poder em autonomia de
decisão pelos atores públicos e privados.
O autor identifica diversas redes de poder, que não se diferenciam em
algumas características estruturais, como a restrição de grupos de
interesses participantes e a elevada interdependência de recursos de poder.
Contudo, de acordo com Van Waarden (1992) e Schneider (1992), elas
podem demonstrar diferenças específicas, menos importantes, no que tange
ao número de grupos participantes; à participação do Estado nas relações
via atribuição de status público; às formas de exclusão dos atores coletivos.
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A abordagem de redes de poder compõe um arranjo da teoria
institucional que trata a organização como uma área de interesses e valores
conflitantes, composta pela luta de poder. A classificação institucional mais
relevante entre os tipos de redes de poder é a da separação entre as redes
difusas e as comunidades políticas conforme Marsh & Rhodes (1992).
Na visão dos autores, as redes difusas apresentam relações de poder
instáveis por apresentarem normas não formalizadas e que se alteram a
cada momento, conforme a necessidade ou a pressão. São regras e
convenções básicas que não estão consolidadas.
Enfim, não apresentam representações coletivas definidas e os
interesses compartilhados relacionam-se a um assunto muito específico ou
particular, fazendo com que o acordo, caso venha a ocorrer, acontece
pontualmente. As redes difusas também são chamadas de temáticas ou
frouxas, sendo uma rede de poder mais aberta, menos institucionalizada e
de pouca integração. Para Rhodes (1990), a instabilidade e a falta de
continuidade das relações de poder seriam as principais características.
Essas tipologias apresentadas pelos autores acima referidos, servem
para ilustrar que a rede de poder é um marco de análise que propicia
compreender os diferentes mecanismos de governança, de distribuição de
forças e recursos e dos entornos organizacionais. As redes de poder, para
Paulillo (2000), estruturam-se porque as regras institucionais, os modos
operativos derivados das instituições e as representações dos interesses
determinam a interação entre os atores envolvidos.
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Os recursos de poder podem determinar a força de negociação de
cada ator, individual ou coletivo. Os recursos constitucionais e políticos são
recursos de poder fundamentais para a estruturação das relações de poder.
Regras e normas, quando legitimadas, determinam novas formas de
adaptação para as organizações lucrativas ou não, ocasionando mudanças
na estrutura de governança de cada rede (PAULILLO, 2002).
Segundo Teece et al. (1997), os recursos de poder são desejados
pelas organizações lucrativas ou não, com o objetivo de obter melhores
resultados e evitar uma possível dependência de outros atores. Nas redes
de poder, as organizações lucrativas operam com recursos, capacidades e
dotes diferenciados. As empresas em rede possuem pacotes de recursos
heterogêneos, e as estratégias são formuladas pela identificação dos
recursos específicos e não específicos das empresas, pela decisão das
melhores oportunidades e pela utilização efetiva dos ganhos proporcionados
por cada recurso, seja na disputa ou na cooperação com as empresas
relacionas.
A rede de poder é um elemento descritivo e analítico que pode captar
a dinâmica das configurações de força e as oportunidades de regulação e
permite compreender o modo de intermediação dos interesses e dos
recursos de poder, a conformação do monopólio da representação e a
montagem de verdadeiros pacotes de políticas com uma lógica comum, e de
coordenação entre as mesopolíticas (HOLLINGSWORTH et al., 1994).
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2.4.7. Redes associativas
Vem da influência ou predomínio dos princípios de associativismo:
união, sociedade, reunião de pessoas para um fim comum, conjunto
definido. A idéia envolve qualquer iniciativa formal, ou até mesmo informal,
que reúna um grupo de empresas ou pessoas com o objetivo de superar
dificuldades e gerar benefícios em nível econômico, social, cultural ou
político, como explica Tamascia (2002).
Embora Casarotto Filho & Pires (2001) apliquem seus conceitos nos
casos específicos de consórcios para exportação, estes também podem ser
utilizados para a avaliação de outros processos de alianças estratégicas
entre pequenas e médias empresas. Esses autores propõem que os
consórcios, assim como as redes associativistas, devem prestar alguns tipos
de serviços aos integrantes da rede: informações periódicas por meio de
revistas especializadas, pesquisas de mercado, campanhas de marketing
conjuntas, consultorias e orientação técnica, projetos específicos
relacionados à extensão das parcerias com fornecedores e convenções e
meetings. Lipnack & Stamps (1994) sugerem uma reflexão em torno de
vários aspectos que se constituem em motivadores essenciais nos
processos colaborativos. Dentre as áreas funcionais nas quais se
circunscrevem os motivadores da junção em rede, destaca-se o esforço
combinado junto às áreas de marketing, desenvolvimento de produto,
compras, treinamento e capacitação.
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As alianças estratégicas, parcerias, redes de empresas e outros tipos
de cooperação, estão se tornando cada vez mais presentes nas relações
empresariais. A união de esforços passou a ser uma alternativa para que as
organizações, especialmente as pequenas e médias empresas, possam
enfrentar seus inimigos através da transformação de concorrentes em
parceiros. Assim, segundo Ribaut et al. (1995) as empresas podem
complementar-se umas às outras, tanto nos aspectos técnicos (meios
produtivos), como mercadológicos (redes de distribuição).
Tais alterações nas relações empresariais agem não somente em
âmbito individual, beneficiando cada uma das organizações envolvidas nas
alianças, mas também são de significativa importância para o
desenvolvimento endógeno de cidades e regiões, o qual, segundo Vázquez
(2002): “pode ser visto como um processo de crescimento econômico e de
mudança estrutural, liderado pela comunidade local ao utilizar seu potencial
de desenvolvimento, que leva a melhoria do nível de vida da população”.
Com sua flexibilidade e capacidade empresarial e organizacional, são as
pequenas e médias empresas que estão destinadas a ocupar papel principal
nos processos de desenvolvimento endógeno, pois o principal não é o
tamanho das unidades produtivas, e sim, a formação de sistemas de
empresas que possibilitem a obtenção de economias de escala e de escopo
e redução dos custos de transação.
Para Lorange & Roos (1996), o que tem contribuído para o crescente
uso de estratégias cooperativas são fatores como: crescente industrialização
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com pressão competitiva intensificada pela escala global; necessidade de as
empresas permanecerem fortes em seus mercados e adaptarem-se às
realidades regionais; rápido desenvolvimento tecnológico traduzido em ciclos
de vida mais curtos dos produtos; maior demanda por soluções mais
complexas que demandam diversas competências e ofertas de produtos e
serviços, além da concorrência. Inseridas no presente cenário, decisões
relativas a investimento e mudanças tornam-se coletivas, utilizando-se de
vínculos pessoais, reduzindo, dessa forma, custos e riscos. A dinâmica
presente em uma rede tende a facilitar a pesquisa e a seleção de
informações, podendo levar, dentre outros, a um processo de aprendizagem
de caráter coletivo.
Para Santos et al. (1994), existem dois tipos de redes de empresas. O
primeiro pode ser classificado como redes verticais de cooperação, em que
as relações ocorrem entre uma empresa e seus parceiros comerciais:
produtores, fornecedores, distribuidores e prestadores de serviço. O
segundo pode ser classificado como redes horizontais de cooperação, em
que as relações se dão entre empresas que produzem e oferecem produtos
similares, pertencentes ao mesmo setor ou ramo de atuação, isto é, entre
uma empresa e seus próprios concorrentes. De acordo com Besanko apud
Ghisi et al. (2003), essa cooperação ou aliança estratégica pode ser informal
ou formal, envolvendo ou não a posse de capital e criando ou não uma
terceira entidade. A união de esforços, segundo esse mesmo autor, é
realizada visando desenvolver novos produtos, tecnologias e mercados.
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As redes de cooperação e alianças empresariais podem ser formadas
em diferentes setores e entre empresas de vários tamanhos, podendo
envolver distintos graus de cooperação e variando conforme os propósitos e
objetivos definidos como princípios básicos à sua formação. Conforme
Barney et al. apud Braga (1999), entre as razões para a formação de
alianças destacam-se: explorar economias de escala; ter baixo custo de
entrada em novos mercados; ter baixo custo de entrada em novos
segmentos de indústria e em novas indústrias; aprender com os
concorrentes; gerenciar a incerteza estratégica, bem como os custos e o
compartilhamento de riscos. De acordo com Lorange & Roos (1996), não
existe um melhor tipo específico de aliança estratégica, o importante é
escolher a forma apropriada para cada empresa de acordo com suas
condições e interesses.
Na opinião de Casarotto Filho & Pires (2001), o modelo ideal de
alianças de cooperação para micro, pequenas e médias empresas são as
redes de empresas flexíveis, devido à variedade de tipos e estruturas
funcionais decorrentes do segmento em que se incluem, do(s) produto(s)
envolvidos e da profundidade do nível de cooperação. Para estes autores,
no atual cenário de crescente complexidade das tarefas dentro das
organizações, é pouco provável que uma pequena empresa consiga ter
competitividade sozinha, sendo preciso estabelecer parcerias para trabalhar
de forma associativa com outras empresas. Através da formação de redes
de cooperação percebe-se que as pequenas e médias empresas,
geralmente mais ágeis e flexíveis nos seus processos do que as grandes,
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podem se tornar igualmente competitivas se agregarem vantagens
resultantes do compartilhamento de tecnologias, recursos de logística e da
obtenção de economias de escala.
Por meio destas ações, as empresas podem obter inúmeras
vantagens, como: superar fraquezas, compartilhar investimentos e
preencher espaços. Por outro lado, conforme Gomes (1999), a simples união
de empresas não assegura a realização de vantagens se não houver
cooperação e eficiência no gerenciamento, bem como o empenho de todas
as partes envolvidas nos processos. Nesse sentido, os executivos estão
mudando sua percepção, passando a adotar atividades de colaboração com
empresas do mesmo ramo de atividade, transformando concorrentes em
parceiros, compartilhando, desta forma, investimentos e riscos, bem como
sucesso e competitividade.
Souza (2004) descreve o conceito de multiparcerias, onde
organizações, até mesmo de empresas concorrentes entre si, passam a
compartilhar recursos, informação e tecnologia, para criar alternativas onde
possam, de forma inovadora e mais rápida, posicionarem-se, ampliarem
participação de mercado e, eventualmente, melhorar a rentabilidade. Num
âmbito mais dramático, algumas multiparcerias podem alinhar fornecedores
e varejistas até então concorrentes entre si na criação de soluções
absolutamente diferenciadas.
A formação de redes de compras tem sido um modelo muito
interessante, uma forma moderna, estratégica e inovadora de se fazer
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Capítulo 2 Referencial teórico
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negócios, segundo Ghisi et al. (2003). Ela fortalece as alianças com os
fornecedores na busca de melhores resultados de vendas, desenvolve e
integra em um objetivo comum empresários com culturas diferentes,
resultando em uma sinergia para o trabalho. Contudo, para que o modelo de
redes possa tornar-se mais competitivo, as empresas devem buscar a
profissionalização das operações, possível de ocorrer por meio de
informatização, diversificação do mix de produtos e alianças estratégicas
com fornecedores (HIROSHI, 2000).
Segundo Lukianocenko (2001), existem diversos benefícios que
podem ser conseguidos pelos consumidores, supermercadistas,
fornecedores e funcionários com a formação da rede de compra. O quadro 4
sintetiza os benefícios que podem ser alcançados.
Quadro 4 Benefícios Conseguidos pelo Consumidor, Supermercadista,
Fornecedor e Funcionário com a Formação da Rede de Compras.
Consumidor Supermercadista
Fornecedor Funcionário
Preços
competitivos
Melhoria
permanente da
loja
Garantia de
liquidez no crédito
Muda o perfil em
pouco tempo
Produtos novos e
de qualidade
Expectativa de
aumento das
vendas e
crescimento da
empresa
Eliminação de
intermediários
Treinamentos
técnicos
Promoções
semanais
Troca de
experiências
Redução do custo
de frete e
veiculação de
promoções na TV
Direitos
previdenciários e
sociais
Atendimento
profissional
Aumento das
vendas e
ampliação do mix
de produtos
Volume de vendas
interessante e
maior alcance da
introdução de
novos produtos
Possibilidade de
crescimento
profissional na
empresa
Fonte: Ghisi et al (2003).
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Capítulo 2 Referencial teórico
100
Existindo claramente dois tipos de multiparcerias, Souza (2004)
define: as corporativas amplas e as corporativas restritas, que são aquelas
que envolvem dois ou três parceiros, em vez de um grande número deles; e
as amplas de operadores independentes, sem vinculação com grandes
corporações. Podendo caracterizar essas como modelos de integração
horizontal, aliando negócios como forma de obter vantagem competitiva em
menor espaço de tempo. O autor considera essa última modalidade sendo o
universo das centrais de negócios um caminho alternativo, que integra
pequenos ou médios operadores independentes para fazer frente ao mesmo
quadro comum de agravamento de competição.
Uma empresa pode fazer parte de várias cadeias de fornecimento ao
mesmo tempo, como é o caso do varejo, mais especificamente o
supermercado, onde os pequenos e médios tem a dificuldade de negociação
com seus diversos fornecedores. A solução para os pequenos e médios
supermercados sobreviverem a essa disputa de mercado com grandes
corporações pode ser a formação de alianças para enfrentar a competição e
aumentar o poder de negociação com a cadeia de fornecimento. Dentre as
alianças existentes as redes de empresas se mostram mais favorável, na
forma de Centrais de Negócios.
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Capítulo 2 Referencial teórico
101
2.4.8. Redes simultâneas
Fusco et al. (2004) propõe um modelo para avaliação de
competitividade de redes de operações, conforme pode ser observado na
figura 11.
Figura 11 O composto da rede de operações
(Fonte: FUSCO et al., 2004)
Nos últimos anos muitas pesquisas vêm sendo feitas tentando “avaliar
propriamente a competitividade das cadeias de suprimentos ou rede de
empresas” (FUSCO & GOBBO, 2004). Entretanto, as cadeias de
REDE DE OPERAÇÕES
REDE DE
NEGÓCIOS
REDE FÍSICA
REDE DE VALOR
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Capítulo 2 Referencial teórico
102
suprimentos e redes de empresas permanecem dinâmicas,
multidimensionais, e usualmente entidades pouco entendidas. Quando o
assunto envolve a globalização dos negócios, a questão de como
permanecer competitivo quando se participa de uma rede global, traz a
necessidade de uma análise sob uma perspectiva mais holística.
A diferença básica deste modelo em relação a outras tipologias de
redes reside no fato de considerar o composto formado por todas as
empresas interconectadas em uma rede de operações global. Desse modo,
podem-se trabalhar as sub-redes dentro de pressupostos que tenham a
mesma dimensão básica ou natureza de operações. Dessa maneira, é
possível tipificá-las em rede física, rede de valor e rede de negócios.
2.4.8.1. Rede física
Segundo Prahalad & Hammel (1990), na medida em que o
desenvolvimento da tecnologia se acelera, aumentam as dificuldades para
as empresas se manterem em condições adequadas de desenvolvimento
tecnológico e de processo nas áreas em que concorrem. Essa situação tem
forçado uma maior concentração das competências essenciais e aumentado
a quantidade e a intensidade das trocas nas interfaces da cadeia de
suprimento onde as empresas se encontram, além de se tornarem mais
complexas.
Em 1996, POIRIER & REITER e VOLLMANN & CORDON e em 1997,
Christopher, afirmaram que, a partir do pressuposto da existência da
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Capítulo 2 Referencial teórico
103
competitividade entre cadeias de fornecimentos, não bastam apenas
melhorias de níveis internos dos processos de uma empresa isolada, sendo
necessário considerar também melhorias que privilegiem o desempenho da
cadeia produtiva como um todo. Segundo Corrêa (2004), a gestão das
relações entre os atores existentes nas cadeias de fornecimento passou a
ganhar mais atenção gerencial. Portanto, a partir daquela época os autores
definiram que o novo paradigma competitivo passou a envolver a idéia de
cadeias de fornecimentos. Como conseqüência, o sucesso de qualquer
empresa passa a ser dependente também do grau de acerto desta na
administração de suas relações internamente às cadeias das quais participa.
A rede física pode ser definida como a que movimenta insumos e
matérias-primas de fornecedores para as plantas produtivas, produz
fisicamente os bens e serviços, movimenta internamente os materiais em
processo, armazena e distribui os resultados do processo entre os diversos
clientes. Tais atividades devem ser consideradas no âmbito de todas as
empresas que formam a rede física visando manter a alimentação do
sistema produtivo para atender às necessidades mais pragmáticas e que
dependam de procedimentos físicos para acontecer (FUSCO et al., 2004).
2.4.8.2. Rede de valor
O objetivo da rede física é um eficiente fluxo físico de materiais em
direção aos consumidores finais. No entanto, Gobbo Junior (2004) e
Gattorna & Walters (1996) sugerem que há valor nos serviços providos pelos
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Capítulo 2 Referencial teórico
104
fornecedores o que aumenta a habilidade para servir seus próprios
consumidores. Essa visão estende a noção da rede física pela inclusão das
expectativas dos consumidores para ambos, produto e serviço, introduzindo
segmentação e enfatizando o papel do “valor” no conceito da rede de valor.
Parolini (1999) relata que as forças competitivas crescentes que
caracterizam muitos setores, geralmente, levam as empresas a descobrirem
os elementos-chave num sistema de fornecimentos e assim, determinar o
valor recebido. Para que tal situação aconteça, é necessária a sugestão de
um novo modelo (envolvendo a rede de formação de valor) que assuma os
sistemas de criação de valor como um objeto fundamental de investigação e
suas atividades como sendo unidades básicas de análise.
Segundo Porter (1989), o valor pode ser a qualidade, a exclusividade,
a conveniência ou a resposta possível do serviço (valor intrínseco), onde o
denominador comum é o custo para o consumidor, devendo o custo total
para o consumidor considerar o custo do produto mais os custos incorridos
para adquirir o produto (num nível mínimo). Porém, os custos não dão uma
visão total. Esses devem ser considerados junto com os benefícios de valor
que estão disponíveis no pacote total (produtos mais os serviços) antes que
o custo total para o consumidor possa ser derivado.
Fusco et al. (2004) sugerem que a rede de valor mostra uma nova
maneira de interpretar as regras para melhor atender as necessidades dos
clientes. As metas a serem alcançadas pelas empresas são essenciais para
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Capítulo 2 Referencial teórico
105
se posicionarem e repassarem essa informação a todos os parceiros
envolvidos.
2.4.8.3. Rede de negócios
Desde o final da década de 90, percebe-se uma tendência definida no
desenvolvimento de redes de negócios, como uma das estratégias para que
as companhias, sejam de pequeno, médio ou grande porte terá possam ser
competitivas internacionalmente (GOBBO, 2004). A remoção de barreiras
internacionais ao comércio, observada nos últimos anos, tornou os
mercados globais mais acessíveis e novas tecnologias de informação
facilitam a entrada de firmas em mercados antes inexplorados.
A rede de negócios pode ser definida como um grupo de atores que
coopera e se articula na procura de novas oportunidades para que as
empresas consigam efetuar o processo de negociações comerciais e colocar
os bens próximos dos potenciais consumidores (RUBIATO, 2005). Alguns
exemplos de empreendimentos desenvolvidos pela de rede de negócios
podem ser apresentados como os projetos de produção que incluem
inovação e design; comercialização de novos produtos ou serviços;
substituição de importação; marketing; exportação e solução de problemas.
Siqueira (2004) aponta uma rede de negócios sendo um grupo de
empresas que coopera e colabora na procura de novas oportunidades de
negócios. Empresas se reúnem para pesquisar, desenvolver, produzir,
distribuir novos produtos e serviços, conjuntamente, procurando otimizar
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Capítulo 2 Referencial teórico
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seus recursos, disponibilizar suas competências essenciais aos demais
atores participantes. Compartilham recursos e conhecimento para alcançar
mercados que provavelmente sozinhos dificilmente conseguiriam.
Para Gobbo (2004) uma vez formada, o crescimento de uma rede
dependerá de como bem encontra as necessidades de negócio de seus
membros, e sobre seu compromisso de longo prazo à aliança. O autor
afirma que as redes de negócios possibilitam também que uma série de
outras questões possa ser trabalhada em conjunto, como:
Os parceiros de negócios podem se aproximar, através das redes
de negócios, o que ajuda no crescimento de indústrias específicas
através da retenção dos negócios existentes e pela atração de
outros;
O intercâmbio de informações entre empresas e a solução de
problemas de forma conjunta, muitas vezes possibilita a criação de
novos empreendimentos o que possibilita a expansão dos
negócios.
Através das redes, os negócios são capazes de se engajar em
processos políticos nos níveis de governo local, estadual e federal.
Isso inclui o tratamento de temas específicos relacionados aos
negócios, desenvolvimento econômico e outros que afetam o
crescimento de uma indústria específica ou dos negócios em
geral.
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Capítulo 2 Referencial teórico
107
No quadro 5 estão relacionadas as atividades ou funções, e os atores
participantes em cada uma das três redes compondo a rede simultânea.
Quadro 5 Atividades ou Funções Desempenhadas por Participantes nas
Redes Simultâneas.
Tipo de
Rede
Atividade ou funções Quem participa
Rede de
Negócios
Aferir e medir as necessidades ditadas por um
mercado;
Descobrir tais necessidades e repassar para
os parceiros de negócios;
Desenvolver as atividades comerciais e
negociais;
Desenvolver e executar atividades para facilitar
o aceso de clientes a Produtos/Serviços
(financeiro);
Dar input para as atividades de produção
Determinar quem faz o que na rede.
Representante
comercial;
Varejistas;
Intermediários
financeiros;
Atacadistas;
Empresas com suas
áreas comerciais e de
marketing;
Empresas de pesquisa
de mercado;
Seguradoras
Rede de
Valor
Desenvolver alternativas para obtenção das
condições que permitem atender (via P/S) as
necessidades que os clientes consideram
importantes;
Determinar quem faz o que na rede;
Aferir e medir a obtenção dos valores
definidos.
Empresas ou atores
dentro da rede de
formação de valor (sob a
ótica dos clientes);
Empresas com suas
áreas de projeto de
produtos e serviços e de
processos;
Empresas ou atores
ligados à obtenção de um
determinado item de valor.
Rede
Física
Viabilizar o atendimento físico (ou objetivo)
das
necessidades definidas;
Desenvolver alternativas para obtenção de
cada uma das condições físicas (ou objetivas)
que levem ao atendimento de alguma das
necessidades definidas;
Determinar quem faz o que dentro da rede;
Aferir e medir o grau de atingimento dos
valores e metas definidas;
Operacionalizar o fluxo físico de bens ou linhas
de fluxo de serviço entre os atores principais da
rede de operações como um todo e entre estes e
o mercado atendido;
Aferir e medir variáveis de fluxo;
Atender programas de pedidos.
Empresas que
efetivamente produzem os
bens e serviços (físicos ou
não) que contém os
valores que se deseja para
atendimento de mercado;
Empresas que
transportam (fisicamente
ou não) bens e serviços
entre os envolvidos nas
operações;
Empresas que
operacionalizam
(fisicamente ou não) a
distribuição de produto e
serviço ao mercado.
Fonte: Fusco et al (2004).
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108
2.5. Centrais de Negócios
As centrais de negócios representam uma alternativa para os
pequenos empreendimentos em quase todo mundo. Sua origem está no
acirramento da concorrência, especialmente no varejo, com a globalização
da economia e, conseqüentemente, com o advento das grandes
corporações de empresas. Elas são tidas como a evolução das centrais de
compras que, como indica o nome, se preocupa basicamente com esta
variável do negócio.
Segundo o SEBRAE (2005), central de negócios pode ser definida
como uma entidade de base associativa, formada por empresas ou
empreendedores independentes, voltada para a busca de soluções
conjuntas de interesse econômico, com foco no mercado em que atuam. As
principais ações que podem ser desenvolvidas pelas centrais de negócios
são:
Compra conjunta as centrais de negócios realizam as compras
de determinada quantidade de produtos (mix de produtos) básicos
em conjunto para todos os associados da central;
Planejamento de ações de venda o departamento de marketing
da central desenvolve um planejamento de promoções de uma
seleção de produtos podendo estar relacionado com alguma
época do ano, por exemplo, “festa junina;
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Acesso diferenciado à mídia através das centrais de negócios
passam a ser negociados a veiculação das promoções ou
divulgação da marca nos meios de comunicação mais
abrangentes, por exemplo, televisão;
Capacitação de equipes a promoção de cursos de capacitação e
especialização do pessoal utilizado pelos associados, criando até
um banco de colaboradores pronto a ser utilizado pelos
associados;
Centro de distribuição - criado e gerido pela central com o objetivo
de reduzir custos logísticos e de ter acesso a benefícios fiscais;
Formato de lojas desenvolver uma padronização das lojas
associadas, tanto no lay-out como nas cores utilizadas, podendo
assim identificar mais claramente os associados da central;
Marca padrão comercializar determinados produtos com a marca
própria da central, em parceria com fabricantes ou produção
própria;
Melhores condições para exploração de linhas de crédito
implantar uma linha de crédito para os clientes (cartão de crédito)
administrado pela própria central criando assim uma financeira,
podendo ela passar a disponibilizar aos seus associados, também,
uma linha de crédito.
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O SEBRAE (2005) vê nelas uma solução para a sobrevivência e
superação de dificuldades dos pequenos negócios. Para um grupo de
empresas ou empreendedores formar uma central de negócios, é preciso
observar algumas das características a seguir:
Ter interesse em participar do processo.
Ter fornecedores/clientes em comum.
Estarem atuando no mesmo segmento ou segmentos
complementares (objetivo comum).
Estarem situados numa área geográfica compatível com o
mercado e possibilidade de participação nas atividades do grupo.
Souza (2004), por sua vez, define uma central de negócios como:
Operador que, dispondo de recursos econômicos e pessoa
jurídica própria, tem como objetivo desenvolver atividades e
prestar serviços às empresas independentes que, com
espírito de cooperação, tenham-se associado à sua
organização mediante uma regulamentação interna, para
melhorar sua posição competitiva no mercado. É toda e
qualquer iniciativa que visa através da união de forças e
ações conjuntas de empresas independentes superar
dificuldades, incrementar oportunidades e gerar benefícios.
Não são consideradas centrais de negócios: cooperativas, redes de
filiais, associações de comércio ou empresariais e franquias. (SOUZA, 2004)
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Souza (2004) afirma que a análise das experiências e da história do
desenvolvimento das centrais de negócios mostra que, assim como os
produtos, esse conceito tem um ciclo de vida, que poderia ser dividido em
quatro grandes etapas: precursora, de desenvolvimento, de amadurecimento
e maturidade plena. Ainda segundo o autor, para cada um desses estágios
pode-se definir um foco de atividade, um perfil de gestor, um âmbito de
atuação e o principal desafio. A análise do que ocorreu tanto no mercado
nacional quanto no internacional mostra que há uma correlação entre o
tempo, o volume de negócios e o grau de amadurecimento das associações
nessas diversas etapas:
Fase precursora: nesta fase seria até ambicioso chamar a
iniciativa de central de negócios, já que ela se caracteriza, e se
propõe a ser, muito mais uma central de compras, onde a principal
motivação da agregação do grupo, em especial no varejo, é a
melhoria das condições de compras junto aos fornecedores. O
foco concentra-se em melhorar essas condições de aquisição de
produtos, por meio de descontos e/ou prazos de pagamento,
sendo esse o principal benefício percebido e demandado pelo
associado nessa etapa. O gestor costuma ser um dos pequenos
varejistas, que descobre e lidera o processo de implantação do
conceito das centrais de compra. A área de atuação pode ser
caracterizada como micro regional, ou seja, os membros dessa
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central estão relativamente próximos entre si, mantidas uma
conveniente distância que evite a concorrência direta entre eles,
porem numa área não muito extensa. O desafio inicial que
caracteriza essa etapa é a sensibilização dos empresários para a
necessidade da associação, de modo a viabilizar a implantação
dos mecanismos necessários para que isso se concretize, em
particular com a troca de informações e compartilhamento de
dados.
Fase de desenvolvimento: Ocorre depois de se obter um razoável
grau de integração de informações entre os associados, além de
aprovar e usar o sistema de negociação conjunta. Neste ponto, a
central passa, então, a receber um maior apoio dos fornecedores.
O foco passa a ser a incorporação de serviços compartilhados,
sejam eles na área de propaganda ou na área financeira. O gestor
usualmente é o mesmo pequeno varejista da fase precursora, que
passa a dedicar a maior parte de seu tempo à atividade de gestão.
Como tal, o gestor torna-se um profissional, podendo ser recrutado
no mercado entre algum ex-executivo de uma rede de lojas, com a
missão única e exclusiva de profissionalizar a gestão da central.
Nesse momento será definido o futuro da central: ou ela vai se
limitar ao papel de melhoria de compras, comunicação ou alguma
troca de informação ligada a treinamento e gestão de pessoas ou
pode tornar-se um projeto mais ambicioso, propondo-se um salto
tecnológico e de processos, que permitira à central de negócios
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migrar de uma visão estreita de uma central de compras e serviços
para uma visão mais empresarial. A área de atuação usualmente
amplia-se para toda uma região e, nessa fase, a utilização da
propaganda integrada, principalmente via folhetos, jornal e
televisão, podem trazer significativa melhoria no volume de vendas
e na rentabilidade do próprio negócio. O maior desafio é ampliar o
grau de confiança mútua entre os associados, ao mesmo tempo
em que se deve desenvolver a confiança com a gestão da
associação, que se torna mais profissional, e passa a ser
percebida como tendo objetivos próprios.
Fase do amadurecimento: Essa é a fase decisiva, no sentido de
que agora a central passa pela formalização dos processos,
melhoria da logística, com eventual abastecimento centralizado, e
ampliação dos recursos oferecidos, podendo incluir as áreas de
pessoal, financeira ou de marketing. O gestor, nessa fase, passa a
ser um profissional dedicado a gestão da central, podendo ser ele
um pequeno varejista ou executivo que tenha atuado em rede de
lojas. O âmbito da central pode ser ampliado para incorporar
outras regiões, porém preferencialmente em áreas contínuas,
racionalizando os aspectos ligados à logística. Permanece como
fator crítico a localização das lojas ou serviços dos associados
como forma de gerenciar a concorrência direta, evitando atritos por
práticas comerciais distintas que poderiam inviabilizar ou dificultar
o crescimento da central. O fator crítico de sucesso nessa etapa é
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a capacidade de promover uma formalização ampla das
operações dos associados, ao menos na parte de compras, feitas
de maneira centralizada, condição necessária para ampliação do
suporte tecnológico que contribuirá para melhoria das
informações, controle dos resultados e racionalização dos
processos.
Fase da maturidade plena: O foco passa a envolver toda a
integração tecnológica, sistemas de informação, logística,
recebimento e pagamentos centralizados. É uma das fases mais
críticas do processo de desenvolvimento porque as vantagens
obtidas na compra devem compensar a formalidade necessária
para uma maior integração tecnológica. O benefício adicional
percebido é o aumento do volume de vendas como conseqüência
da comunicação integrada e da transferência de parte dos
descontos para o consumidor. Como gestor tem-se um profissional
com uma visão empresarial muito ampla. No caso de continuar
sendo o pequeno varejista, ele necessariamente terá passado por
um processo de educação e desenvolvimento pessoal, que o
capacitou a ter uma visão de longo prazo da central para entender
toda a amplitude de sua atuação e ser capaz de montar um
ambicioso projeto estratégico. A atuação da central de negócios
torna-se nacional ou estende-se, pelo menos, a territórios que
compreendam várias regiões. O grande desafio característico
dessa fase é, de fato, a integração tecnológica dos associados
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com seus fornecedores, aliando os instrumentos de previsão de
vendas, de compras, acompanhamento de resultados e
informações ligadas à logística. No campo societário existe a
oportunidade de um salto estrutural, com a criação de empresas
com fins específicos, onde todos, ou parte dos associados passam
a ter a participação acionária, sendo um conceito empresarial e
societário muito avançado.
Pousa (2006) acrescentou ao ciclo de vida das Centrais de Negócios
a fase do declínio, onde o gestor apresenta menos qualificação que a fase
de maturidade plena a abrangência se tornando mais localizada, regional.
Passando a perder o foco e deixando de investir como nas fases anteriores.
Tendo como as principais características a dificuldade de integração junto
aos fornecedores, deficiência na logística, aumento dos custos de compras e
perda no foco do negócio. As conseqüências dessas características causam
baixas nos associados e uma redução de novos associados, diminuindo
assim as exigências na pré-seleção para novos associados.
No Brasil, as centrais de negócios não chegam a ter 20 anos de
existência (até o inicio da década de 90 existiam apenas seis em atividade).
Na verdade, o caso mais antigo reportado teria 14 anos de operação razão
pela qual a maioria das centrais brasileiras encontra-se na sua fase
precursora, caracterizada ainda pela visão de centrais de compras, muito
mais do que centrais de negócios. Existem alguns poucos casos de centrais
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em estágio mais avançado de desenvolvimento e há gestores que acreditam
já ter modelos consolidados de forma a serem incluídos na fase de
amadurecimento (SOUZA, 2004).
Segundo Souza (2004) não há uma correlação direta entre o tempo
de existência de uma central e seu estágio de evolução. Para evoluir no ciclo
de vida, é preciso considerar o volume total de negócios dos associados e
aqueles realizados dentro do conceito, assim com a maturidade e visão
empresarial dos associados e dos gestores. Existirão casos de centrais com
20 ou 30 anos de existência que permanecerão em sua fase precursora
porque não conseguiram um alinhamento interno de visões, estratégias e
objetivos para caminhar a fase de desenvolvimento. Por outro lado, existirão
centrais com poucos anos de vida que estarão se constituindo e caminhando
rapidamente pelas etapas precursora, de desenvolvimento, chegando logo
ao amadurecimento. Chegar à fase de maturidade plena, porém, exige uma
mudança de natureza cultural muito grande já que nem sempre será
possível a convivência harmônica de associados acionistas com associados
não-acionistas nas centrais.
Ghisi et al. (2003), relatam que a primeira rede de compras de
supermercados do Brasil foi formada em 1981 na cidade de Vitória ES.
Kasper (1998), afirma que em 1998 havia, aproximadamente, 30 redes de
compras no Brasil. Em São Paulo a primeira rede surgiu em 1994, e o
sucesso das primeiras experiências de redes associativistas de
supermercados de pequeno e médio porte acabou impulsionando o
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117
surgimento de iniciativas semelhantes em outras áreas e setores como
farmácia, materiais de construção, açougues, panificadoras, autopeças,
entre outros.
De acordo com Azevedo (2005), as centrais de negócios são
responsáveis por 12 mil empregos diretos e consideradas o terceiro principal
cliente da indústria que fornece produtos para a cadeia supermercadista.
Hoje, as centrais formadas por supermercados já respondem por 10% da
quantia movimentada pelo setor anualmente, equivalente a R$ 10 bilhões.
Para quem não conhece o conceito, a idéia começou na França e na Itália.
No Brasil, as centrais consistem na união de supermercadistas de vários
portes, com o objetivo de realizar operações de compras de mercadorias,
gestão, ações de marketing e outras atividades. Além da maior vantagem na
hora de negociar preços, os varejistas de menor porte têm, por meio das
centrais, maior possibilidade de conseguir financiamentos, bem como o
intercâmbio de informações e a divisão dos custos.
As centrais de negócios surgiram com propostas diferentes, como as
próprias compras conjuntas, treinamento e capacitação de funcionários,
atividades integradas de marketing e até ações de maior complexidade
como padronização de marcas. Em outros países, como na Espanha, na
Itália e na França, as centrais de negócios já aparecem como multi-setoriais,
o que ainda não acontece no Brasil. Aqui, elas têm se formado em torno de
segmentos comuns, especialmente no ramo de supermercados. Porém, com
a entrada do Sebrae nessa área, atuando com uma metodologia própria, as
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Capítulo 2 Referencial teórico
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centrais de negócio avançaram muito em diferentes setores. O gerente da
Unidade de Acesso a Mercados, do Sebrae Nacional, Jorge Rincón
(SEBRAE, 2005), informou que na Espanha, por exemplo, 27% do comércio
varejista estão reunidos no formato de central de negócios. Para ele, o Brasil
ainda tem muito a investir para atingir os patamares de países da Europa.
“As centrais de negócio constam da Política Industrial do Governo Federal,
mas é preciso regulamentar uma legislação específica para essa união de
empresas”, acredita Rincón.
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
119
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA
Neste capítulo está descrito a abordagem metodológica utilizada no
presente trabalho, baseada em redes simultâneas com o objetivo de avaliar
as mudanças ocorridas no nível de relacionamento entre atores da rede de
operações de um supermercado independente e o seu ingresso a uma
central de negócios.
3.1. Abordagem metodológica do estudo
Dentro deste estudo foi apresentada uma pesquisa bibliográfica (GIL,
2002 e RUIZ, 2002) com o intuito de descrever todo um referencial para
sustentar de forma teórica o presente estudo. Será apresentada uma
pesquisa do tipo exploratória utilizando-se de um estudo de caso (GIL,
2002), onde se pode demonstrar de forma mais clara a proposta da
abordagem através de uma coleta de dados e observação sistêmica.
Será utilizado o modelo de redes simultâneas para demonstrar os
resultados obtidos da análise do fator ‘relacionamento com parceiros-
alianças’, em destaque na figura 12, como forma de ilustrar a sua
aplicabilidade, a partir do mapeamento dos relacionamentos existentes.
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
120
PAPÉIS DE FÁBRICA PRODUÇÃO PARCERIAS
E
S
T
R
A
T
É
G
I
A
S
T
E
C
N
L
O
G
I
A
S
PROJETO DE
PRODUTO E
PROCESSO
TIPOS DE
PROJETOS
CONHECIMENTO
OPERACIONAL
L
O
C
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I
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Ç
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F
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B
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L
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U
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G
O
V
E
R
N
A
N
Ç
A
A
L
I
A
N
Ç
A
FÍSICA
VALOR
NEGÓCIOS
Figura 12 Modelo de redes simultâneas
(Fonte: Fusco et al., 2004)
Com a delimitação do foco do trabalho, desenvolveu-se uma agenda
de atividades contendo os itens a serem abordados em entrevistas, que
ocorreram na empresa pesquisada, visando principalmente a obtenção de
elementos que permitissem conhecer e compreender os mecanismos e
procedimentos relevantes, considerando o assunto ‘aliança’. Dessa forma,
foram incluídos tópicos que pudessem ajudar a entender suas implicações
em cada tipo específico de rede simultânea, conforme a dinâmica típica dos
processos que ocorrem nos limites da rede de operações global. Desse
modo, procurou-se levantar inicialmente quais empresas estão presentes
dentro da rede de operações, e quais atividades são por elas desenvolvidas,
sendo feito posteriormente o mapeamento dos processos críticos em função
de seu potencial de contribuição para a formação da competitividade da
rede, bem como seus reflexos na sua dinâmica.
F
A
T
O
R
E
S
R
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D
E
S
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
121
Logo após, buscou-se avaliar a importância de se desenvolver
alianças (de quais tipos) entre os atores envolvidos em cada uma das redes
simultâneas, de modo a poder comparar como é operacionalizado na
prática, além de saber como é feito o acompanhamento do desempenho
destas alianças.
Complementando a composição do contexto analítico, foi utilizada a
tipologia sugerida por Gattorna & Walters (1996), para mapeamento e
avaliação do nível dos relacionamentos existentes, independente destes
serem de caráter vertical ou horizontal, como propõe os autores. O modelo
de mapeamento descreve quatro níveis principais, onde podem ser
classificados os relacionamentos existentes nas redes, considerando a
importância das transações em sua origem e destino, para as operações de
quem presta o serviço e de quem o recebe. Os autores definem os dois
extremos de um relacionamento como sendo os lados ‘fornecedor’ e
‘comprador’ do objetivo ou atividade que está sendo desenvolvida (quadro
6).
Quadro 6 Classificação dos Níveis de Dependência e Tipos de
Relacionamento
NÍVEL FORNECEDOR COMPRADOR
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICAS
1
2
3
4
ALTO
ALTO
BAIXO
BAIXO
ALTO
BAIXO
ALTO
BAIXO
CONTRATOS DE LONGO PRAZO
TERMOS DE CONTRATO
FIXAÇÃO DE PREÇO
ESTRATÉGIAS NÃO APROPRIADAS
Fonte: Gattorna & Walters (1996).
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
122
Nos níveis 1 e 4 não existem conflitos e abusos de poder, em
contrapartida aos níveis 2 e 3, onde o potencial de conflito é grande o que
aumenta a possibilidade de abuso de poder no mercado.
A classificação sugere que uma aliança deve ser mais
estrategicamente tratada quanto mais intensa for o relacionamento existente.
Uma vez feito o mapeamento da importância dos relacionamentos dentro
das redes, pôde-se traçar um quadro contendo as avaliações
correspondentes, evidenciando eventuais desvios bem como as correções
necessárias para re-equilibrar a situação, em consonância com o que exige
o contexto formado pelos objetivos dos envolvidos que são diretamente
derivados da forma de competir da operação sendo analisada.
O esquema de classificação sugerido por Gattorna & Walters (1996)
foi utilizado de forma complementar, para se ter uma idéia da profundidade e
abrangência (real versus necessária) do relacionamento entre os atores que
definem um determinado relacionamento.
Os níveis de dependência na relação entre os atores e a estratégia
adotada são apresentados no quadro 7 e conectados a seguir.
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
123
Quadro 7 Níveis de Dependência e as Características Estratégicas.
Ator
Comprador
Dependência
Alta Baixa
Alta
Estratégia comum alinhada ao
comprador final.
Cultura de parceria alinhada ao
comprador final.
Comunicação estrutural.
Informação integrada.
Negociações abertas.
Intercâmbio pessoal.
Contrato a longo prazo.
Estratégia de vendas alinhada a
cultura do comprador.
Sub-cultura de venda espelhada
no comprador.
Feedback de vendas versus
trocas de comunicação.
Estratégia de vendas incluindo a
diferenciação para construir
dependência.
Termos de contrato.
Fornecedor
Baixa
Estratégia de venda focada na
sinergia com outros negócios.
Estratégia de consumidores
alvo.
Logística do consumidor.
Fixação de preço, sem refletir o
desequilíbrio.
Estratégia de parcerias não
apropriadas.
Fonte: Gattorna & Walters (1996)
Segundo Gattorna & Walters (1996) o grau de dependência entre os
atores pode ser avaliado segundo o percentual de participação de cada
parceiro no negócio. Os autores associam o grau de dependência entre os
parceiros com a forma estratégica obtida na relação. Assim, no nível 1 existe
uma alta dependência entre fornecedor e comprador, tornando predominante
a estratégia comum e direcionada para o benefício do consumidor. No nível
2, o comprador possui relação de baixa dependência e o fornecedor alta
dependência. Com isso, a estratégia do fornecedor alinha-se à estratégia do
comprador. O fornecedor procura estabelecer contratos de longo prazo e
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Capítulo 3 Abordagem metodológica
124
diferenciação do produto ofertado visando aumentar a dependência do
parceiro. No nível 3, o comprador apresenta uma alta dependência,
enquanto o fornecedor baixa dependência, onde o fornecedor desenvolve
uma ampla rede de parceiros, ao passo que o comprador visa estabelecer
contratos de exclusividade. No nível 4, as relações entre os parceiros
apresentam baixa dependência entre ambos, tornando suas estratégias
independentes.
Somente quando os ganhos são compartilhados e a dependência é
bilateral é que o surgimento de relacionamentos de longo prazo entre as
partes torna-se possível. Assim, existe um esforço conjunto entre as partes e
a cooperação gera rese os
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Capítulo 4 Estudo de caso
125
4. ESTUDO DE CASO
Neste capítulo está descrito como o setor supermercadista é definido,
em um breve histórico, desde sua origem, sua evolução até o contexto atual.
Também está descrito a situação atual das centrais de negócios,
principalmente no Estado de São Paulo, onde estão inseridos o
supermercado e a central de negócios objetos de estudo da aplicação da
abordagem metodológica proposta. E por fim estão apresentados os
resultados obtidos na pesquisa e a discussão do estudo.
4.1. Supermercados
Rojo (1998) classificou as lojas que comercializam alimentos em
tradicionais e auto-serviço. As lojas de auto-serviço são caracterizadas por
comercializarem alimentos, exporem a maioria dos produtos de maneira
acessível permitindo aos fregueses se auto-servirem, disponibilizarem aos
clientes carrinhos e cestas e, principalmente, por possuírem o check-out, isto
é, um balcão com uma caixa registradora, ou qualquer outro equipamento,
que permita a soma e conferência das compras. As lojas tradicionais são
aquelas nas quais a presença de um vendedor é necessária.
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Capítulo 4 Estudo de caso
126
A Associação Brasileira de Supermercados ABRAS (1993)
considera que os supermercados são lojas de auto-serviços alimentares que
possuam no mínimo dois check-outs.
Para Silveira & Lepsch (1997) supermercado é um varejo generalista,
que revende ao consumidor final ampla variedade de produtos, dispostos de
forma departamental, no sistema de auto-serviço.
Segundo Nobre (2001), o supermercado pode ser considerado como
parte de um canal de distribuição. O autor explica que o auto-serviço e a
venda de diferentes tipos de produtos são características que os autores
mais citam quando precisam definir supermercado. Ele mesmo afirma que o
supermercado pode ser definido através do seu método operacional de
vendas que se caracteriza basicamente por oferecer uma grande variedade
de produtos através do auto-serviço.
A expressão auto-serviço (self-service), sistema no qual o cliente
escolhe os produtos sem a ajuda de funcionários, foi utilizado pela primeira
vez em 1912 por comerciantes do estado da Califórnia (EUA) para definir a
forma de operação de suas lojas. A denominação supermercado
(supermarket) surgiu da influência do cinema, no qual a palavra ‘super’ era
grandemente empregada (ABRAS, 1993).
De acordo com Rojo (1998), os hipermercados e os supermercados
são diferenciados pela variedade de produtos não-alimentares oferecidos.
Segundo o autor, o primeiro, além dos produtos alimentares, oferece uma
ampla variedade de não-alimentos, como as linhas hard (por exemplo,
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Capítulo 4 Estudo de caso
127
eletro-eletrônicos, utensílios domésticos e cine-foto-som) e soft (como
confecções, cama, mesa e banho).
Como o setor possui outras características além da variedade de
produtos a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) estabeleceu
uma classificação das lojas considerando a área de vendas (compreende o
espaço entre o inicio dos caixas e o último produto exposto), número médio
de itens disponíveis, porcentagem de vendas de produtos não-alimentares,
número de caixas e seções, como apresentado no Quadro 8.
Quadro 8 Classificação de Lojas do Setor Supermercadista segundo a
ABRAS.
Formato de loja
Área de
vendas (m
2
)
médio
de
itens
% de
vendas
não-
alimentos
Número
de
caixas
Seções
Loja de
conveniência
50 - 250 1.000 3 1 2
Mercearia, frios e
laticínios, bazar, snacks.
Loja de
sortimento
limitado
200 400 700 3 2 4
Mercearia, hortifrúti,
frios e laticínios, bazar.
Supermercado
compacto
300 700 4.000 3 2 6
Mercearia, hortifrúti,
carnes e aves, frios e
laticínios, bazar.
Supermercado
convencional
700 2.500 9.000 6 7 20
Mercearia, hortifrúti,
carnes e aves, frios e
laticínios, peixaria,
padaria, bazar.
Superloja 3.000 5.000 14.000
12 25 36
Mercearia, hortifrúti,
carnes e aves, frios e
laticínios, peixaria,
padaria, bazar, têxtil,
eletrônicos.
Hipermercado 7.000 16.000
45.000
30 55 90
Mercearia, hortifrúti,
carnes e aves, frios e
laticínios, peixaria,
padaria, bazar, têxtil,
eletrônicos.
Loja de
deposito
4.000 7.000 7.000 8 30 50
Mercearia, hortifrúti,
carnes e aves, frios e
laticínios, bazar, têxtil,
eletrônicos.
Clube
atacadista
5.000 12.000
5.000 35 25 35
Mercearia, carnes e
aves, frios e laticínios,
bazar, têxtil, eletrônicos.
Fonte: Brito (1998)
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Capítulo 4 Estudo de caso
128
As empresas do setor são classificadas pelo número de lojas. São
chamadas de redes ou cadeias as firmas que possuem seis ou mais lojas e
de rede ou cadeia independentes as que contam com cinco ou menos lojas
(WILDER, 2003).
4.1.1. Origem e evolução
De acordo com Morgado & Gonçalves (1999), o primeiro varejista de
venda em massa do mundo foi o Magazine Bom Marche que começou a
atuar em Paris, em 1852. A revolução do varejo, iniciada por volta de 1840,
até os anos 30 do século passado, ocorreu não só nos Estados Unidos, mas
também em todo o mundo industrializado, em função do crescimento
extensivo do mercado. Segundo os autores, a fórmula mágica da alta
rotação dos estoques permitia fortes ganhos absolutos com margens
reduzidas.
Para Cyrillo (1987) o auto-serviço surgiu nos Estados Unidos na
década de 30, período da Grande Depressão. Nessa época, a que da renda,
causada pelo desemprego, resultou na redução de demanda e rentabilidade
das tradicionais mercearias, que vendiam através de ‘balcões, ou seja, o
cliente era atendido por um funcionário que buscava as mercadorias. Com o
desenvolvimento do pré-empacotamento e enlatamento, permitiu-se a
apresentação das mercadorias em quantidades definidas, liberando o
funcionário das atividades de pesagem e acondicionamento. Assim, as
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Capítulo 4 Estudo de caso
129
dificuldades econômicas e o desenvolvimento de embalagens para
alimentos deram impulso ao setor.
A adoção do auto-serviço permitia a diminuição de custos com mão-
de-obra, eliminava os pedidos por telefone e entregas em domicílio. A idéia
era diminuir as margens de comercialização e aumentar o giro das
mercadorias. A implantação das novas idéias promoveu a queda dos preços
e a luta pelos clientes (CYRILLO, 1987).
Inicialmente, os armazéns eram adaptados para funcionar com auto-
serviço, assim, eram oferecidos aos clientes carrinhos e cestas para que
escolhessem os produtos da área de estoque das antigas lojas tradicionais e
pagassem na saída. Após constatar o sucesso da nova forma de
comercialização, os empresários abriram lojas mais semelhantes aos
supermercados existentes atualmente, com área de vendas relativamente
menores que os armazéns anteriormente adaptados (CONNOR & SCHIEK,
1997).
Segundo Wilder (2003), no Brasil, o auto-serviço começou no final da
década de 40 com a utilização de um regime parcial, no qual o consumidor
escolhia alguns produtos sem a ajuda do balconista. Porém, apenas em
1953 foi instalada a primeira loja que utilizava o sistema completo de auto-
serviço, em São José dos Campos, no Estado de São Paulo. No mesmo
ano, outras duas lojas foram inauguradas na cidade de São Paulo, o
Supermercado Sirva-se e o Supermercado Peg-Pag (ABRAS, 1993). Os
primeiros supermercados foram instalados nas áreas centrais das cidades,
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Capítulo 4 Estudo de caso
130
mais densamente povoadas e visando atender aos consumidores de maior
poder aquisitivo (CYRILLO, 1987). Segundo Lepsch (2001), os primeiros
supermercados eram cópias do luxuoso modelo norte-americano da época e
contavam com cerca de três mil itens distribuídos por grupos de produtos em
departamentos.
Sesso Filho (2003), afirma que os supermercados surgiram no Brasil
na década de 50, mas foi apenas a partir do final da década de 60 que estes
se desenvolveram mais rapidamente, Aumentando sua participação no
faturamento do varejo e se estabelecendo como o principal equipamento de
distribuição de alimentos no país.
Desde a implantação da primeira loja de auto-serviço, a expansão do
setor supermercadista foi afetada pelas variáveis macroeconômicas das
fases pelas quais passou a sociedade brasileira, tais como inflação,
mudanças de impostos, desenvolvimento da indústria de alimentos,
urbanização e planos de estabilização. Com isso, Sesso Filho (2003) dividiu
o histórico do desenvolvimento dos supermercados no Brasil em 5 fases:
1953-65 Introdução dos supermercados no Brasil nesse período
surgiu a primeira loja que funcionava completamente pelo sistema
de auto-serviço inaugurada em São José dos Campos, São Paulo.
Os primeiros supermercados foram instalados nas regiões centrais
das cidades e tinham como público-alvo os consumidores de maior
poder aquisitivo;
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Capítulo 4 Estudo de caso
131
1965-74 Rápida expansão do setor supermercadista surgimento
das grandes cadeias e também começaram a aparecer os
primeiros hipermercados;
1975-85 Desaceleração do crescimento período de estagnação
do setor causado além da intensidade da concorrência a
conjuntura de alta inflação e baixa rentabilidade;
1986-94 Adaptação à crise econômica investimento em
tecnologia e foco nos custos, em gestão de estoque e na logística;
1995 - Modernização do setor supermercadista - Com o início
da estabilização econômica e o controle da inflação, deu-se início
a um período de modernização das lojas, melhora da qualidade
dos serviços e do atendimento.
Nessa fase inicia no setor supermercadista os processos de fusões e
aquisições. Isso se deve ao processo de expansão das empresas
supermercadistas norte-americanas e européias em outros países, visto que
os mercados de lá já se encontravam consolidados, com baixo potencial de
crescimento e concorrência extremamente acentuada. Devido a isso
buscaram outros mercados e algumas empresas estrangeiras se instalaram
no Brasil, implicando na internacionalização do capital e no aumento da
concentração do setor (WILDER, 2003).
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Capítulo 4 Estudo de caso
132
O varejo de alimentos como outros setores, tem sofrido mudanças
estruturais causado pela globalização. Dentre estas modificações, Frossar &
Arkader (2003) citam, no caso do Brasil, o crescente grau de concentração
desencadeado por fusões e aquisições de empresas supermercadistas e o
acirramento da concorrência provocado pela estabilização da economia, a
desregulamentação de diversos setores e a abertura do mercado. Werner &
Segre (2002) também concordam que a concentração no segmento de
supermercados é uma tendência mundial. No Brasil, o índice de
concentração entre as maiores redes passou de 30% para mais de 40%
durante a década de 90. Os mesmos autores comentam que estes números
ainda são muito inferiores aos encontrados na Europa e Estados Unidos,
países onde a concentração chega a 70% entre as maiores redes. Em 1999,
a concentração aumentou para 39,2% e em 2000, segundo dados da
ABRAS, a concentração atingiu 41%.
Grandes grupos empresariais estrangeiros têm investido no Brasil,
com atividades próprias ou em associações com grupos brasileiros. No setor
varejista de alimentos as grandes empresas têm apresentado uma tendência
de fortalecimento, em detrimento das pequenas e médias redes que estão
sendo absorvidas ou vendidas a grupos maiores. Desta forma, tem-se
constatado o acirramento da competição e as vantagens obtidas pelos
grandes varejistas de alimentos que poderão se beneficiar da economia de
escala na prestação de serviços e com a implementação de medidas que
visem a redução de custos e o aumento da produtividade. Este cenário
constitui uma série de barreiras à entrada de novos concorrentes que para
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Capítulo 4 Estudo de caso
133
participar do mercado de forma competitiva precisariam de um alto
investimento em tecnologia e em prestação de serviço aos seus clientes
(SAAB & GIMENEZ, 2000 e ALDAY & PINOCHET, 2002).
Werner & Segre (2002) argumentam que a estratégia de fusão e
incorporação pode ser decorrente de três fatores: uma forma facilitada de os
grupos internacionais entrarem no mercado brasileiro, uma oportunidade de
os grupos brasileiros se capitalizarem e uma opção para os grupos já
existentes aqui se consolidarem.
Durante muitos anos, a indústria varejista de alimentos no Brasil foi
composta por pequenos empreendimentos familiares, que se negavam a
adotar práticas de gestão mais profissionais, com utilização de novas
tecnologias. Frossar & Arkader (2003) descrevem que, na década de 90 a
competição passou a ser mais acirrada depois da estabilização da economia
e do processo de abertura do mercado. Diante disso, o setor passou a se
preocupar com o melhoramento do serviço oferecido. Os autores continuam
a descrever, que nessa época, muitos grupos não conseguiram implementar
as mudanças que se faziam necessárias para se manterem no mercado e
então desapareceram, havendo alguns deles sido absorvido por outros. Os
que obtiveram melhor desempenho foram os que investiram desde o início
em novas tecnologias de informação e automação.
Pode-se observar que, como uma resposta ao alto grau de
concentração no setor, os pequenos e médios supermercados passam a
formar parcerias para enfrentar a expansão das grandes redes. Assim surge
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Capítulo 4 Estudo de caso
134
o associativismo, que tem o objetivo de segurar no mercado as pequenas e
médias empresas e promover uma oportunidade de profissionalização do
setor. Os pequenos empreendimentos de unem para formarem centrais de
compras. Para Werner & Segre (2002), a intenção é obter escala, reduzir o
número de intermediários e adquirir produtos básicos e de alto giro no
estoque, diretamente da indústria fabricante, com um custo reduzido. Esta
união, para os autores, possibilita que os associados desenvolvam melhorias
no atendimento e na qualidade dos serviços. O foco está na logística e na
obtenção de melhores preços nas compras com os fornecedores.
Os varejistas têm buscado estabelecer um novo tipo de interação com
os fornecedores. Santos & Gimenez (1999) argumentam, que não só no
mercado mundial, mas também no Brasil, tem acontecido o que se pode
considerar uma redefinição do equilíbrio de poder na cadeia de fornecimento
entre supermercadistas e fabricantes. Isto ocorre pelo fato de os
supermercados estarem adquirindo capacitação em tecnologia de
informação para conseguir dados sobre os consumidores e, como
conseqüência, estarem desenvolvendo práticas logísticas com o intuito de
obter benefícios com aumento de escala.
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135
Quadro 9 O Auto-Serviço Alimentar Brasileiro
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
2005x2004
Variação%
Número de
lojas
51.502 53.313 61.259 69.396 68.907 71.372 71.951 72.884 1,3
Faturamento
anual (em R$
bilhões
nominais)
56,8 61,5 69,2 74,2 81,7 89,3 98,7 106,4 7,8
Participação
% do
faturamento
sobre o PIB
6,2 6,3 6,3 6,2 6,1 5,7 5,5 5,5 -0,2
Número de
empregos
diretos
666.752 670.086 701.622 710.743 718.631 739.846 788.268 800.922 1,6
Área de
vendas (em
m
2
milhões)
12,7 13,1 14,3 15,3 15,9 17,9 18,1 18,4 1,7
Número de
check-outs
125.867 135.914 143.705 156.022 157.446 163.216 166.503 169.583 1,8
Fonte: Revista SUPERHIPER (Maio/2006)
O setor de auto-serviço alimentar no Brasil vem mantendo um ritmo
constante de crescimento nos últimos 3 anos, segundo o Ranking ABRAS de
2005 e de 2006, realizado anualmente desde 1978 (quadro 9). O setor
apresentou um faturamento nominal em 2005 de R$ 106,4 bilhões, 7,8%
maior que o de 2004 que foi de R$ 97,7 bilhões, 9,4% maior que o de 2003,
representando o mesmo volume de 5,5 % do PIB em 2004 e 2005 (segundo
o IBGE o PIB de 2005 foi de R$ 1,938 trilhão), comparando-se com 2003
(5,7% do PIB) resultaram numa pequena queda. Com relação a quantidade
de check-outs, houve um acréscimo de 2% para 2004 e 1,8% para 2005,
onde em 2003 somavam um total de 163,2 mil passando em 2004 para
166,5 mil e 2005 para 169,6 mil check-outs. Na área de vendas também
houve expansão passando de 17,8 milhões de metros quadrados em 2003
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136
para 18,1 milhões de metros quadrados em 2004 e para 18,4 milhões de
metros quadrados em 2005. O número de lojas ficou praticamente estável
em 2004 com 71.951 lojas com um aumento de 0,8% em relação a 2003
(71.372 lojas), mas em relação a 2005 houve uma expansão de 1,3%
chegando a 72.884 lojas. Na geração de empregos foi onde se notou o
maior crescimento de 2003 para 2004, 6,5% a mais, de 739,8 mil empregos
diretos para 788,3 mil, mas em 2005 esse crescimento diminui para 1,6 %
gerando, assim, 800,1 mil empregos diretos (REVISTA SUPERHIPER,
Maio/2006).
Outro dado importante a ser analisado tem relação com a estrutura
atual dos supermercados brasileiros onde, do ano de 2004 para 2005, houve
um maior crescimento numérico de lojas nos formatos de 5 até 9 check-outs
e de 10 a 19 check-outs, conforme se pode ver no quadro 10.
Quadro 10 Estrutura dos Supermercados Brasileiros
2005
Número
de lojas
Var. % número
de lojas 04 x 05
Part. núm.
de lojas %
Volume de vendas
%
Total Auto-Serviço 69.416 1,2 100,0 100,0
50 e + check-outs 133 -2,9 0,2 13,2
20 a 49 check-outs 565 0,0 0,8 20,4
10 a 19 check-outs 1.566 3,2 2,2 18,5
5 a 9 check-outs 3.869 3,1 5,6 16,2
1 a 4 check-outs 63.283 1,1 91,2 31,7
Fonte: Revista SUPERVAREJO (2006)
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Capítulo 4 Estudo de caso
137
4.2. Situação atual das Centrais de Negócios
Em maio de 2003, foi realizado o primeiro estudo no Brasil sobre
centrais de negócio, pela Gouvêa de Souza & MD (SOUZA, 2004), e este
apontou a existência, na época, de 163 centrais de negócios cadastradas. O
estudo abrangeu 74% dessas centrais e mostrou que setorialmente elas
estão assim divididas: supermercados (50,4%), materiais de construção
(18,2%), farmácias (16,5%), móveis (5,8%), panificação (5%), papelarias
(3,3%) e autopeças (0,8%). Segundo Jorge Rincón, há uma estimativa de
que, em 2008, haja em torno de 400 centrais de negócios no Brasil e cerca
de 30 mil pontos de venda, possibilitando geração de 392 mil postos de
trabalho.
Quadro 11 Dados Históricos das Centrais de Negócios (Supermercados)
2000 2001 2002 2003 2004 2005
2005x2004
Variação%
Faturamento bruto
(R$ bilhões)
2,0 3,0 8,2 10,15 12,02 14,2 18,3
Números de
centrais/redes
60 80 130 150 150 aprox.150 Estável
Número de loja.25 22.118.5 2 Tc64 Tc 11.25 rTw ( ) Tj74.25 w ( ) Tj17.25 0 .5000.0723 Tc 0 Tw (10,15) Tj17.25 0 TD 0 80.3735 Tw ( ) Tj24.75 01.8D 0.3725 Tc 0 Tw ( ) Tj(0 TD -0.003 Tc 0 Tw (80) Tj7.5 0 TD 0 Tc 0.3735 Tw ( ) Tj17.25 0 11000.0723 Tc 0 Tw (10,15) Tj17.25 0 TD 0 80.3735 Tw ( ) Tj17.25 0 15000.0723 Tc 0 Tw (10,15) Tj17.25 0 TD 0 Tc 0.3735 Tw ( ) Tj17.25 0 1 (.0723 Tc 0 Tw (12,02) Tj17.25 0 TD 0 3Tc 0.3735 Tw ( ) Tj17.25 03.0560.0723 Tc 0 Tw (12,02) Tj17.25 0 TD 0288.7 Tc 0 Tw11) Tj27.75 0 ,87 0.2786 Tc 0 Tw (18,3) Tj13.5 0 TD 0 Tc 0.373236. ) TjET111.75 311236.5 0.75 re f114 311.25 1236.575 re f236.25 311.2236..75 re f237.75 311.236..75 re f270.75 311.2236...75 re f271.5 311236..75 re f270.75 311.25236..75 re f306.75 311.25236..75 re f270.75 311.25236...75 re f271.5 288.75 0.0.75 re f375.75 311.2236...75 re f271.5 288.75.5 0.75 re f411 311.25.75..75 re f411.75 311.25.75.5 0.75 re f411 511236.5 0.75 re f456 311.25 236.
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Capítulo 4 Estudo de caso
138
lojas associadas cresceu 8,8%, sendo 3.056 lojas, com 13.667 check-outs e
1,56 milhões de m
2
(REVISTA SUPERHIPER, Setembro/2006). No setor
supermercadista as redes faturaram R$ 14,2 bilhões em 2005, o equivalente
a 13% das vendas totais do setor. A ABRAS projeta fechar o ano de 2006,
com faturamento de R$ 17 bilhões, o equivalente a 16,5% do total do setor,
chegando a 3.500 lojas, 15 mil check-outs e 1,7 milhões de m
2
de vendas.
No estado de São Paulo, onde mais de 90% dos supermercados têm
uma só loja, as centrais vêm ganhando fôlego: em 2004 eram 18
empreendimentos, com 415 lojas e um faturamento que chegou perto dos
R$ 2 bilhões. Em 2006 são 21 Centrais de Negócios, com
aproximadamente 520 lojas, distribuídas em 420 cidades do Estado. O total
da área de vendas chega a 160 mil m
2
e o faturamento está em R$ 3,5
bilhões, segundo o Comitê de Centrais de Negócios Associação Paulista de
Supermercados (APAS). Para o presidente da APAS, Sussumu Honda, em
entrevista ao Diário de São Paulo (2005), o sistema, baseado no modelo
europeu, é a forma de os pequenos supermercados apostarem no
associativismo, apesar das restrições da legislação na formação de
cooperativas de pessoas jurídicas. “Há anos nós pedimos mudanças na lei,
que nos permitissem a formação de cooperativas. Como isso ainda não veio,
as centrais de negócios vêm ganhando força, trazendo vantagens para os
empresários e consumidor final”, destaca o executivo.
O vice-presidente das Centrais de Negócios da APAS, Edivaldo
Bronzeri, em entrevista ao Diário de São Paulo (2005), explica que o perfil
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Capítulo 4 Estudo de caso
139
das empresas nas centrais paulistas são supermercados de um a 10 check-
outs (caixas). Muitas vezes, esses mini-mercados não teriam poder de
barganha para comprar diretamente dos grandes fornecedores e marcas
industriais. “Além de ganhar acesso direto ao fornecedor, as empresas
reunidas nas centrais conseguem redução de custos de 5% a 15%, que
podem se traduzir em melhores preços ao consumidor, competindo em pé
de igualdade com as grandes redes varejistas”, diz Bronzeri. “Ao mesmo
tempo, essas lojas mantêm as vantagens próprias ao pequeno varejo, estar
perto de seus clientes, garantindo atendimento mais próximo e
personalizado”, completa. Segundo a APAS, as centrais de negócios de
supermercados já movimentam no Brasil mais de R$ 14 bilhões, o
equivalente a 14% do faturamento total do setor. Em 2004 apenas duas
Centrais de Negócios possuíam centros de distribuições (CDs) próprios. Em
2006, das 21 centrais existentes no estado de São Paulo, pelo menos dez
possuem seus próprios CDs e mais duas centrais estão com os CDs em
construção, o que ajuda a alavancar e fortalecer ainda mais os negócios.
4.3. Apresentação da Empresa
O supermercado Caçula, situado na cidade de Bertioga, litoral
paulista, é uma empresa familiar que contava até ano de 2001 com uma loja,
9 terminais de caixa, 1.000 m
2
área útil e 60 funcionários. Há 6 anos só
havia um concorrente do mesmo porte na cidade. Com o crescimento
urbano o interesse das grandes redes em instalar novos supermercados na
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Capítulo 4 Estudo de caso
140
região começou a crescer. Tendo que tomar uma decisão sobre que tipo de
caminho tomar, surgiu a oportunidade de fazer parte de uma associação
formada por outros supermercados da região que se encontravam na
mesma situação, vindo a ingressar a Rede Litoral de Supermercados.
Durante esses seis anos a ação praticada pela Rede Litoral limitou-se
a assegurar alguns benefícios para seus associados. Em particular, para o
supermercado Caçula foi interessante, pois dificultou a entrada de novos
concorrentes. Durante esse tempo, somente um estabelecimento novo foi
inaugurado, encontrando o supermercado Caçula apto a disputar o mercado
de igual para igual. Adicionalmente, o fortalecimento da posição competitiva
do Caçula também possibilitou a abertura de uma segunda loja, passando a
ter no total 14 check-outs, 1.640 m
2
de área útil e 97 funcionários, dessa
forma, criou condições para alcançar um faturamento em 2005, próximo dos
R$ 12 milhões.
Essas mudanças trouxeram vários reflexos para os proprietários,
dentre eles a necessidade de profissionalizar a gestão do supermercado,
mudando também toda a estrutura da organização, começando pela direção
e gerência do supermercado para, assim, poder absorver e explorar as
possibilidades que o crescimento proporciona. Recentemente em parceria
com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais APAE, o
supermercado Caçula passou a contratar para seu quadro de funcionários
pessoas portadoras de deficiência e necessidades especiais.
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Capítulo 4 Estudo de caso
141
4.4. A Rede Litoral
Fundada em 30 de junho de 1999 a Rede Litoral que tem como razão
social a denominação: Associação de Supermercados do Litoral Paulista tem
hoje 21 associados em todo o Litoral Paulista (Santos, São Vicente, Praia
Grande, Peruíbe, Itanhaém, Cubatão, Guarujá e Bertioga). São 1.545
funcionários nas 36 lojas que ocupam juntas uma área de 27.275 m
2
contendo 234 check-outs alcançando em 2005 um faturamento de R$ 234
milhões. Tendo atualmente como serviços a confecção de tablóides
(encartes), cursos, palestras e assessoria jurídica. Através da internet os
fornecedores podem se cadastrar para poderem participar das negociações
junto a Rede Litoral para definição dos preços, prazos de pagamento, e
entrega dessa forma cada associado da rede poderá comprar com esses
fornecedores a quantidade de produtos que for necessária nas condições
negociada pela rede. Com isso a Rede Litoral é quem faz a negociação com
alguns fornecedores de um pequeno mix de produtos e a entrega e o
faturamento é realizado de forma individual para cada supermercado
associado.
O objetivo inicial da rede era produzir um tablóide (jornal promocional)
mensal, onde os produtos anunciados teriam uma negociação em conjunto
com os fornecedores visando reduzir os preços finais sem reduzir a margem
de lucro. Posteriormente o jornal passou a ser quinzenal, melhorando, dessa
forma, o relacionamento com os fornecedores. Aproveitando o fato de alguns
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Capítulo 4 Estudo de caso
142
associados, como o supermercado Caçula, já terem cartão de fidelidade
junto a uma financeira, houve uma negociação da Rede Litoral com a
financeira para estabelecer um convênio único com todos os participantes
reduzindo os custos correspondentes. Porém, diante de novas ameaças das
grandes redes, os associados chegaram a conclusão de que necessitavam
de apoio maior e mais benefícios da associação e, a partir do segundo
semestre de 2005, resolveram transformar a associação em uma Central de
Negócios. Definindo a missão, a visão, os pontos fortes, os pontos fracos, as
ameaças e as oportunidades para poderem desenvolver o planejamento
estratégico da Rede Litoral, favorecendo ou trazendo melhores condições
para atingir os objetivos de todos os supermercados associados à rede.
Dentre essas, a criação de um centro compras e de distribuição para todos
os associados, que atualmente esta em fase final de construção com
previsão de iniciar suas atividades em dezembro de 2006 e que irá
inicialmente operar somente com o setor de hortifruti (hortaliças e frutas).
Planos de implantar uma padronização das lojas (layout, pintura e
logomarca) e uniformes dos funcionários, bem como serviços hoje
terceirizados poderão ser administrados pela própria rede, como segurança,
seguros, consultoria e outros.
O principal objetivo com a implantação do centro de distribuição é
passar, além da negociação com os fornecedores, a entrega e o faturamento
a ser realizado também pela central e depois repassado para os associados
conforme a necessidade de cada um. Espera-se com isso uma redução nos
custos de logística e um aumento na lucratividade.
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143
Segundo a ABRAS, a Rede Litoral encontra-se no Ranking das Redes
2006, em 12ª. colocada por faturamento, com R$ 234,2 milhões em 2005
(REVISTA SUPERHIPER, Setembro/2006). Pousa (2006) classificou a Rede
Litoral na fase precursora no Ciclo de Vida das Centrais de Negócios, com
isso pode-se dizer que ainda há muito para se profissionalizar, crescer e
evoluir e assim poder contribuir mais com o crescimento de seus
associados.
4.5. Critérios para Avaliação
Os critérios utilizados para analisar os níveis de dependência entre os
relacionamentos dos atores envolvidos estão detalhados no quadro 12.
Quadro 12 Critérios para avaliação
Critérios
Como analisar a relação de
dependência entre os atores envolvidos
na cadeia alimentícia do ponto de vista
de um supermercado independente?
Quais as mudanças na relação de
dependência entre os atores envolvidos
com um supermercado independente,
depois de seu ingresso em uma central
de negócios?
Confiabilidade
Qual o nível na relação com os
atores da cadeia
Aumentou ou diminuiu nível com
a associação
Pontualidade e
Periodicidade de
entrega
Do fornecedor quanto a entrega Melhorou ou piorou
Poder de
Barganha
Quem tem maior poder de
barganha nas negociações
Aumentou ou diminuiu
Autonomia
Qual o nível nas decisões de
compra
Aumentou ou diminuiu
Disponibilidade
de produtos
Quantidade de produtos a
disposição
Aumentou ou diminuiu
Nível da
qualidade do
serviço
Tanto do serviço prestado ao
cliente quanto do serviço recebido
dos fornecedores
Melhorou ou piorou
Custos de
fornecimento
Transporte e estocagem Aumentou ou diminuiu
Troca de
informações
Ao nível de tecnologia utilizada
nas transações e dados obtidos
do mercado
Aumentou ou diminuiu, melhorou
ou piorou.
Fonte: Elaborado pelo autor
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Capítulo 4 Estudo de caso
144
4.6. Mapeamento da rede de operações
A fim de comparar as mudanças ocorridas com o ingresso do
supermercado Caçula na Rede Litoral através da análise dos
relacionamentos das redes simultâneas é necessário o levantamento das
redes: física, de valor e de negócios do supermercado antes de seu ingresso
na rede e atualmente. Após esse procedimento pode-se efetuar o
mapeamento do relacionamento das parcerias com base no modelo
proposto, na densidade dos relacionamentos segundo Sacomano Neto &
Sacomano (2003) e na classificação de Gattorna e Walters (1996).
A identificação dos atores e as atividades desempenhadas em cada
uma dessas redes podem ser visualizadas no quadro 13, onde estão
identificados os atores em suas respectivas redes, envolvidos com o
supermercado, antes do seu ingresso na central de negócios, e no quadro
14 como se apresenta hoje, com o envolvimento da central de negócios.
Pode-se observar que os participantes da rede física são encarregados do
fornecimento de produtos para comercialização e de apoio ao serviço de
atendimento ao cliente final. Os atores da rede de valor agregam de alguma
maneira valor ao produto ou serviço prestado, auxiliando no atendimento às
expectativas dos consumidores, e na rede de negócios estão os atores
envolvidos nas negociações comerciais.
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Capítulo 4 Estudo de caso
145
Quadro 13 Atividades e Atores Envolvidos com o Supermercado Antes do
da Central de Negócios
ATIVIDADES ATORES
Fornecimento de produtos para
comercialização
Fornecedores de produtos para
comercialização
Fornecimento e manutenção de
produtos de apoio a comercialização
Fornecedora de embalagens
Fornecedora de produtos para
supermercado (carrinhos, cestas, gôndolas,
etc)
Fornecimento e manutenção dos
sistemas de informação (software)
Soft-House
Comercialização de produtos e
serviços
Supermercado
Clientes
REDE FISICA
Entrega de produtos comercializados Supermercado
Monitoramento das necessidades do
consumidor com o objetivo de melhoria
do serviço prestado
Desenvolvimento e implantação de
melhorias nos processos atendimento
ao cliente
Desenvolvimento de formas de
comercialização e entrega de produtos
Treinamento e qualificação de recursos
humanos operacional para o
atendimento ao cliente
Supermercado
REDE DE VALOR
Desenvolvimento de formas de
financiamento ao cliente como um
serviço a mais ao cliente
Financeira
Bancos
Estudo do potencial da sazonalidade
das vendas, e de novos mercados.
Monitoramento do mercado para
definição dos objetivos e manutenção
das parcerias
Supermercado
Liberação de crédito de financiamento
para o cliente realizar suas compras
Financeira
Desenvolvimento e melhoria dos
produtos e logística de fornecimento
Fornecedores de produtos para
comercialização
Clientes
Desenvolvimento de produtos que
facilitem e auxiliem nos processos de
atendimento ao consumidor
Fornecedora de embalagens
Fornecedora de produtos para
supermercado (carrinhos, cestas, gôndolas,
etc)
REDE DE NEGÓCIOS
Desenvolvimento de sistemas mais
precisos e confiáveis de informação
Soft-House
Fonte: Elaborado pelo autor
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Capítulo 4 Estudo de caso
146
Quadro 14 Atividades e Atores Atualmente envolvidos com o
Supermercado e a Central de Negócios
ATIVIDADES ATORES
Fornecimento de produtos para
comercialização
Fornecedores de produtos para
comercialização
Fornecimento e manutenção de
produtos de apoio a comercialização
Fornecedora de embalagens
Fornecedora de produtos para
supermercado (carrinhos, cestas, gôndolas,
etc)
Fornecimento e manutenção dos
sistemas de informação (software)
Soft-House
Confecção e fornecimento dos
tablóides
Central de Negócios
Gráfica
Comercialização de produtos e
serviços
Supermercado
Clientes
REDE FISICA
Entrega de produtos comercializados Supermercado
Monitoramento das necessidades do
consumidor com o objetivo de melhoria
do serviço prestado
Desenvolvimento e implantação de
melhorias nos processos atendimento
ao cliente
Treinamento e qualificação de recursos
humanos operacional para o
atendimento ao cliente
Supermercado
Central de Negócios
Desenvolvimento de formas de
financiamento ao cliente como um
serviço a mais ao cliente
Financeira
Bancos
REDE DE VALOR
Desenvolvimento de formas de
comercialização e entrega de produtos
Supermercado
Estudo do potencial da sazonalidade
das vendas, e de novos mercados.
Monitoramento do mercado para
definição dos objetivos e manutenção
das parcerias
Supermercado
Central de Negócios
Liberação de crédito de financiamento
para o cliente realizar suas compras
Financeira
Central de Negócios
Desenvolvimento e melhoria dos
produtos e logística de fornecimento
Fornecedores de produtos para
comercialização
Clientes
Central de Negócios
Desenvolvimento de produtos que
facilitem e auxiliem nos processos de
atendimento ao consumidor
Fornecedora de embalagens
Fornecedora de produtos para
supermercado (carrinhos, cestas, gôndolas,
etc)
Central de Negócios
REDE DE NEGÓCIOS
Desenvolvimento de sistemas mais
precisos e confiáveis de informação
Soft-House
Central de Negócios
Fonte: Elaborado pelo autor
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Capítulo 4 Estudo de caso
147
O levantamento e a descrição desses atores têm como objetivo
demonstrar a densidade entre os relacionamentos da rede onde o
supermercado está inserido. A densidade pode ser avaliada pelas repetições
e volume de negócios realizados entre os atores e pode ser representado
pelo grau de densidade dos elos mais representativos da rede (figuras 13 e
14).
Figura 13 Mapa da Rede de Relacionamento do Supermercado Antes de seu Ingresso a
Central de Negócios
(Fonte: Elaborado pelo autor)
SSuuppeerrmmeerrccaaddoo
C
C
a
a
ç
ç
u
u
l
l
a
a
Fornecedor
Hortifruti
02
Fornecedor
Carnes
05
Bancos
03
Financeira
01
Fornecedor
Telefonia
03
Fornecedor
Leite e
derivados
08
Fornecedor
Grãos e
Cereais
12
Fornecedor
Utensílios
08
Fornecedor
Plásticos
08
Clientes
Fornecedor
Embalagem
03
Produtos p/
Supermercado
04
Fornecedor
Bebidas
10
Fornecedor
Rações
12
Fornecedor
Higiene
Pessoal
15
Fornecedor
Limpeza
15
Soft
-
House
01
Fornecedor
Outros
280
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Capítulo 4 Estudo de caso
148
Figura 14 Mapa Atual da Rede de Relacionamento do Supermercado e da Central de
Negócios
(Fonte: Elaborado pelo autor)
SSuuppeerrmmeerrccaaddoo
C
C
a
a
ç
ç
u
u
l
l
a
a
Fornecedor
Hortifruti
07
Fornecedor
Carnes
10
Bancos
03
Financeira
01
Fornecedor
Telefonia
04
Fornecedor
Leite e
derivados
12
Fornecedor
Grãos e
Cereais
15
Fornecedor
Utensílios
10
Fornecedor
Plásticos
08
Clientes
Fornecedor
Embalagem
05
Produtos p/
Supermercado
06
Fornecedor
Bebidas
10
Fornecedor
Rações
12
Fornecedor
Higiene
Pessoal
19
Fornecedor
Limpeza
18
R
R
e
e
d
d
e
e
L
L
i
i
t
t
o
o
r
r
a
a
l
l
Soft
-
House
01
Fornece
dor
Outros
340
APAE
Gráfica
Tablóide
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Capítulo 4 Estudo de caso
149
O Supermercado Caçula possui diversos fornecedores para cada
produto que comercializa, como pode ser visto nas figuras 13 e 14, cada ator
(representado em cada círculo) descreve o tipo de produto fornecido e a
quantidade de fornecedores ativos.
No caso da entrega dos produtos, a responsabilidade fica com o
fornecedor que pode utilizar veículos próprios, ou alguma empresa
terceirizada, e os custos envolvidos são negociados durante o fechamento
do pedido. Antes da Rede Litoral, todas as negociações com os
fornecedores eram realizadas diretamente com o supermercado, hoje com a
Rede Litoral, os fornecedores de carnes e hortifruti negociam com a central
de negócios os preços dos produtos, os prazos de entrega, as formas de
pagamento e o frete, sendo que os fornecedores entregam diretamente para
cada supermercado associado a quantidade pedida, e cada supermercado
se responsabiliza pelo pagamento de sua compra. Com os demais
fornecedores, a central de negócios somente participa das negociações dos
produtos anunciados no tablóide como oferta, promoção ou apenas
divulgação, caso contrário todas as negociações são realizadas pelo próprio
supermercado.
O relacionamento bancário é realizado com três entidades financeiras
diferentes, onde são efetuados os depósitos bancários, os pagamentos
diversos e o recebimento da receita proveniente de cartões de débito e de
crédito vinculados aos bancos ou administradoras de cartões de crédito.
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Capítulo 4 Estudo de caso
150
As empresas de telefonia móvel (celular) realizam seus negócios
diretamente com o Supermercado Caçula, fornecendo aparelhos de celular,
e cartões de crédito para abastecer as linhas pré-pagas de celular. O
supermercado também realiza o serviço de habilitação de linhas novas ou no
caso de troca de aparelhos.
As embalagens utilizadas no supermercado eram fornecidas por três
empresas, sendo que a escolha era feita através de cotações de preço e
escolhida a de menor preço. Atualmente, as cotações são realizadas pela
central de negócios, a entrega pelos fornecedores e o pagamento efetuado
pelo supermercado. Na confecção das sacolas plásticas são impressas de
um lado o nome e a logomarca do Supermercado Caçula e do outro lado o
nome e a logomarca da Rede Litoral.
Dentro de um supermercado são utilizados diversos equipamentos
que auxiliam o cliente durante o processo de compra como cestas,
carrinhos, terminais de consulta de preço, as gôndolas de exposição de
produtos, entre outros. Esses equipamentos, em sua grande parte, são
adquiridos quando da implantação do supermercado ou em alguma grande
reforma que seja realizada, mas sempre há necessidade de reposições ou
manutenção desses equipamentos. Atualmente, a seleção e escolha das
empresas que trabalham com esse tipo de equipamento são realizadas pela
Rede Litoral, mas o serviço, a entrega e o pagamento são realizados pelo
supermercado.
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Capítulo 4 Estudo de caso
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Todo o processo de controle de entrada, estoque e saída de produtos,
controle dos check-outs e do sistema administrativo são realizados por um
sistema informatizado fornecido por uma única empresa de Software. Hoje
essa empresa foi escolhida por uma pesquisa da central de negócios, que
buscou no mercado, entre as empresas que possuíam um sistema
especifico para o setor, um sistema atual, eficiente, e que houvesse por
parte da empresa um ótimo suporte técnico.
No Supermercado Caçula o cliente pode realizar suas compras pelo
telefone, indicando o produto e a quantidade que deseja, e agenda o dia e o
período para a entrega em sua residência, podendo efetuar o pagamento
através de cartão de crédito ou débito, em dinheiro ou cheque. O cliente
também pode utilizar o método tradicional, que ele mesmo faz suas compras
em uma das duas lojas, uma próxima ao centro da cidade e outra próxima a
entrada principal da cidade, as duas contam com estacionamento próprio. O
cliente pode levar suas compras ou utilizar o serviço de entrega do
supermercado, agendando o dia e período de entrega. Os serviços de
entrega são realizados por veículos próprios do supermercado.
Atualmente a Rede Litoral realiza as cotações e negociações de
alguns produtos sendo que o objetivo é aumentar gradativamente a
quantidade dos itens negociados. Também presta serviço de assessoria
jurídica e tributária, auxiliando o supermercado nessas áreas. Na área de
marketing a central de negócios publica quinzenalmente um tablóide, com
ofertas, promoções, lançamentos e divulgação de produtos. Está em fase de
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implantação, a padronização das fachadas das lojas com as mesmas cores
e com os displays (luminosos) com a logomarca da central de negócios e do
supermercado. A organização e realização de cursos direcionados à
capacitação da força de trabalho a fim de preparar novos colaboradores e
atualizar os funcionários efetivos com novas técnicas são constantes.
Também são atividades realizadas pela central de negócios a coleta e
divulgação das informações referentes às mudanças e tendências do
mercado na região, sobre novas formas de organização, de processos e
equipamentos que auxiliem na melhoria dos serviços prestados nos
supermercados.
Pode-se observar, durante o levantamento das informações no
supermercado, a preocupação dos proprietários no que tange à
individualidade da empresa dentro dessa forma de organização, de
cooperação e troca, afim de que o caminho a ser seguido não seja desviado
dos objetivos particulares do Supermercado Caçula.
Dessa forma, a confiança nas relações entre os atores da rede é
preocupação constante e onde é acompanhada e exigida pelos proprietários
para que se obtenham relações de longo prazo e de forma consistente.
A pontualidade e periodicidade das entregas efetuadas pelos
fornecedores são determinantes para que se obtenha um controle de
estoque eficiente. Existe necessidade de programar as compras em função
da sazonalidade do mercado, como feriados prolongados e a temporada de
férias escolares, quando a demanda na região aumenta significativamente,
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sendo de suma importância a pontualidade e periodicidade das entregas
pelos fornecedores.
O poder de barganha do supermercado nas negociações com seus
fornecedores está relacionado diretamente com o porte do fornecedor e o
interesse do fornecedor em colocar seus produtos nas prateleiras do
supermercado. Nessa questão, a intermediação da central de negócios traz
um equilíbrio diferente no poder de barganha, sendo o volume negociado
maior, passa a existir um interesse maior parte dos fornecedores de grande
porte em disponibilizar seus produtos. Contudo, aqueles pequenos
fornecedores, principalmente alguns distribuidores, começam a perder o
poder e passam a ter dificuldades em fornecer seus produtos.
Com relação à autonomia nas decisões, existe o cuidado de se avaliar
as decisões tomadas pela central de negócios, para que não haja nenhuma
maneira de prejudicar o resultado final do supermercado.
A disponibilidade de produtos, sendo em quantidade de itens ou
diversidade de marcas, é considerada, pelos proprietários do supermercado,
um diferencial para se conquistar novos clientes e principalmente manter os
clientes atuais. Os funcionários estão sempre procurando saber o que os
clientes desejam, ou o que não encontraram no supermercado, para assim o
supermercado poder oferecer novos produtos.
A preocupação no nível da qualidade do serviço prestado é uma
constante dentro do Supermercado Caçula, que procura sempre manter
seus funcionários motivados, capacitados e atualizados para que estes
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possam manter o nível de atendimento com qualidade, desenvolvendo
dessa maneira, um ponto forte para o supermercado e um diferencial da
concorrência. A mesma exigência é feita com o nível da qualidade do serviço
prestado pelos seus fornecedores, porque sempre irá refletir de alguma
maneira, na qualidade do serviço prestado pelo supermercado.
Os custos de fornecimento são controlados de perto pela gerência e
pela direção do supermercado, sendo que um dos fatores determinantes nos
resultados financeiros. Nestes resultados, procura-se constantemente,
reduzir custos ou mantê-los em níveis baixos, sem interferir na qualidade
dos produtos e dos serviços prestados. Na logística de recebimento de
produtos, a central de negócios participa desse controle e supervisão,
procurando sempre nas negociações reduzir custos, e a implantação do
centro de distribuição vêm de encontro a esse objetivo. Nos estoques, dentro
do supermercado, existe sempre o cuidado de manter as áreas de
estocagem em ótimas condições de armazenagem, para que não hajam
perdas com produtos empilhados de forma incorreta, controle da validade
dos produtos e aferição dos níveis de estoque.
Com relação à troca de informações, estas são colhidas com os
clientes no supermercado quanto à aceitação, a qualidade, as criticas e as
sugestões dos produtos fornecidos e são transmitidas aos fornecedores para
que possam saber a opinião dos clientes. Com a central de negócios são
trocadas as informações do mercado consumidor, as tendências do
mercado, os novos produtos, os lançamentos em equipamentos para
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supermercados, eventos do setor como feiras, workshops, palestras, cursos
e treinamentos.
Dentro da abordagem proposta, esses critérios podem ser
considerados como orientador para conduzir a relação dos atores na rede de
relacionamento, com o objetivo de manter o funcionamento e a manutenção
do equilíbrio da cadeia de fornecimento. A partir do levantamento dessas
informações, pode-se realizar o mapeamento das relações entre os atores
envolvidos com o supermercado e a central de negócios.
4.7. Resultados e discussões
Foram elaboradas as tabelas 1 e 2, a seguir, com base nas atividades
levantadas que definem os relacionamentos entre os atores da rede física,
de valor e de negócios que compõe a rede de operações do Supermercado
Caçula, utilizando a abordagem de redes simultâneas, posicionamento
relacional sugerido por Sacomano Neto & Sacomano (2003) e a
classificação de Gattorna & Walters (1996).
Na tabela 1 estão descritos os relacionamentos de maior densidade
entre os atores dentro de cada tipo de rede e o nível de dependência do
supermercado antes da central de negócios, e na tabela 2 estão descritos os
relacionamentos atuais com o supermercado e a central de negócios.
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Tabela 1 Mapeamento dos Relacionamentos com o Supermercado Antes
da Central de Negócios
RELACIONAMENTOS FÍSICA VALOR
NEGÓCIOS
Supermercado Cliente 1 1
Financeira Supermercado 3 4
Bancos Supermercado 3 3
Fornecedores Hortifruti Supermercado 3 3
Fornecedores Carne Supermercado 3 3
Fornecedores Bebidas Supermercado 3 3
Fornecedores Leite e Derivados Supermercado
1 1
Fornecedores Grãos e Cereais Supermercado 1 1
Produtos p/ Supermercado Supermercado 4 1 3
Fornecedores Embalagens - Supermercado 1 1
Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 2 Mapeamento dos Relacionamentos Atual do Supermercado e da
Central de Negócios
RELACIONAMENTOS FÍSICA VALOR
NEGÓCIOS
Supermercado Cliente 1 1
Supermercado CNs 1 1
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Nas duas tabelas foram identificados os relacionamentos de nível 1,
com os clientes, com os fornecedores de leite e derivados e com os
fornecedores de grãos e cereais. Esse tipo de relacionamento demonstra um
alto grau de dependência de ambas as partes e ocorreram na rede física e
de negócios. Verificou-se que o supermercado mantém um relacionamento
de longo prazo com esses fornecedores e a central de negócios não
interferiu nesses relacionamentos. No caso do relacionamento com os
clientes, não houve uma mudança significativa que pudesse alterar o nível
de relacionamento existente, e que se mantém com fidelidade e confiança
de ambas as partes.
Nas duas tabelas foi identificado apenas um relacionamento de nível
3, nos bancos. Fazendo parte apenas em duas sub-redes, a de valor e de
negócios. Nesse nível se apresenta uma dependência maior por parte do
supermercado em relação aos bancos, e não apresentou nenhuma alteração
com a existência da central de negócios.
Na tabela 1 e 2, o nível 3 de relacionamento foi identificado com a
financeira, na rede de valor, o que demonstra uma dependência maior por
parte do supermercado. Mas, pode-se notar uma mudança causada pela
presença da central de negócios na rede de negócios, onde apresentava
nível 4 e agora apresenta nível 1 de dependência. No nível 4 existe pouca
dependência entre as partes, apresentando contratos padrões e de curto
prazo. Essa mudança gerada pelo aumento de volume nos negócios, em
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função da central de negócios, aumentou a dependência entre as partes,
causando reformulação dos contratos e passou a ser de longo prazo.
Nos relacionamentos com os fornecedores de hortifruti e os
fornecedores de carnes, percebe-se uma mudança significativa no nível de
relacionamento, nas sub-redes que ocorrem, rede física e de negócios. Na
tabela 1 foi identificada nas duas sub-redes o nível 3 de dependência, que
apresenta uma dependência maior por parte do supermercado. Com a
central de negócios, é identificada na tabela 2 uma mudança nas duas sub-
redes para o nível 1, apresentado maior dependência de ambas as partes.
Um ponto a ser destacado, é a diferença no nível de relacionamento entre os
fornecedores de hortifruti e a central de negócios na rede de negócios, com
nível 2 de dependência, apresentando uma dependência maior por parte do
fornecedor. E entre os fornecedores de carnes e a central de negócios, na
mesma sub-rede, com nível 1, o mesmo nível identificado no relacionamento
com o supermercado. Nota-se, claramente, nessa diferença entre os níveis
identificados, o poder de compra gerado pelo aumento nos volumes de
negócios com a entrada da central de negócios.
No caso do relacionamento com os fornecedores de bebidas, que a
central de negócios não participa, se identifica a mesma mudança no nível
de dependência dos fornecedores de carnes. Mudando do nível 3, na tabela
1, para o nível 1, na tabela 2. Antes, se apresentava uma dependência maior
por parte do supermercado, agora, existe uma maior dependência de ambas
as partes. Mesmo sem a participação da central de negócios na negociação
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com os fornecedores de bebidas, a influência da central de negócios alterou
o relacionamento entre o supermercado e esses fornecedores, aumentando
o volume de negócios e os prazos dos contratos.
Uma mudança foi identificada no relacionamento com os fornecedores
de produtos para supermercado, com a entrada da central de negócios. Na
tabela 1, na rede de negócios, onde foi identificado o nível 3, maior
dependência por parte do supermercado, apresentou uma inversão na
tabela 2, sendo identificado nível 2 de dependência. Nesse nível a
dependência maior é por parte dos fornecedores de produtos para
supermercado. Com o aumento no número desses fornecedores, e a central
de negócios procurando sempre por produtos novos, mais modernos e
negociando custos, causa a inversão no nível de dependência. Mas, nas
outras duas sub-redes, física e de valor, não houve mudança nos níveis de
dependência entre as duas tabelas.
Outra mudança entre as duas tabelas, se relaciona com os
fornecedores de embalagens. Na tabela 1, onde apresenta nível 1 em duas
sub-redes, física e de negócios, e na tabela 2 apresenta nível 2, nas
mesmas sub-redes. Onde havia um nível alto de dependência de ambas as
partes, mudou para uma dependência maior por parte dos fornecedores de
embalagens. Essa mudança, também, causada pelo aumento do volume de
negócios com a entrada da central de negócios nas negociações.
Com relação à quantidade de fornecedores, pode-se notar o
crescimento no número de fornecedores com o ingresso da central de
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negócios, mesmo com os fornecedores onde a central não participa das
negociações.
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Capítulo 5 - Conclusão
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5. CONCLUSÃO
Este estudo apresenta uma forma alternativa para avaliação da
competitividade de redes de empresas, segmentando a rede de operações
total em sub-redes, envolvendo atividades e relacionamentos físicos, de
formação de valor e da comercialização e desenvolvimento de negócios.
A pesquisa, realizada por meio de um estudo de caso no setor
supermercadista do estado de São Paulo, buscou identificar os atores
envolvidos na rede e nas alianças onde o supermercado e a central de
negócios estão inseridos. Dessa maneira, se pode esboçar o desenho da
rede do supermercado independente e da rede atual com a participação da
central de negócios, bem como a densidade dos elos entre as alianças com
fornecedores e clientes.
Foi possível, assim, analisar o grau de dependência desses atores
para então, realizar o mapeamento dos relacionamentos, sugerido por
Gattorna & Walters (1996), existente entre eles. Os resultados obtidos
demonstraram que a abordagem simultânea aponta não somente os
aspectos das redes individualizadas, mas a inter-relação das mesmas.
O objetivo do estudo foi fornecer um instrumento de análise que
permitisse identificar o grau de dependência existente nas alianças entre os
atores envolvidos na rede de operações de um supermercado independente,
e assim, comparar as mudanças ocorridas com o seu ingresso a uma central
de negócios. Podendo dessa forma, as centrais de negócios, serem
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Capítulo 5 - Conclusão
162
utilizadas como uma estratégia competitiva, para fortalecer o poder dos
pequenos e médios supermercados frente à concorrência das grandes
corporações.
A central de negócios, sendo uma forma emergente de organização,
permite ao supermercado associado, obter maior equilíbrio nos
relacionamentos dos atores envolvidos na rede de operações, favorecendo
condições mais sólidas para sustentar o crescimento dos negócios
explorados.
A conclusão é que o modelo apresentado, assim como muitos outros,
não é suficiente para uma análise completa, mas representa uma forma
alternativa que, em conjunto com outros modelos adequados a cada tipo de
assunto focalizado pode trazer informações vitais à uma condução
estrategicamente equilibrada das operações.
Como proposta final, sugere-se que este estudo deva ser mais
aprofundado, sendo aplicado em mais supermercados e centrais de
negócios. Para esse novo estudo devem-se escolher centrais que estejam
em estágios diferentes do ciclo de vida das centrais de negócios,
identificarem as diferenças nos níveis de relacionamento entre os atores de
cada rede e verificar a existência de alguma relação entre as diferenças
identificadas e o estágio de vida em que a central se encontra. Dessa forma,
espera-se poder contribuir com informações para avaliar as vantagens e
desvantagens dos pequenos e médios supermercados independentes de se
associarem a uma Central de Negócios.
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