outro fato importante é que os resultados da pesquisadora apontam para um grande
número de manutenções do encontro acentual. Embora, como dito acima, isso possa ser
devido ao caráter opcional das regras, faltou um trabalho estatístico que discutisse a
relevância das manutenções do encontro acentual.
O trabalho de AMC Moraes (2000, 2001) verificou que houve um grande
número de manutenção do encontro acentual nos dados, mas careceu de elaborar os
dados do ponto de vista estatístico para poder afirmar a importância dos mesmos.
Meu trabalho atual investigou, do ponto de vista fonético, o fenômeno do
encontro acentual e a aplicação ou não de estratégias como a retração acentual e o
alongamento para desfazer tais encontros. Contrariamente aos resultados encontrados na
minha pesquisa de iniciação científica (Moraes, 2001), na qual trabalhei do ponto de
vista fonológico, os dados desta pesquisa mostraram que não houve “desfazimento” do
encontro acentual em nenhum contexto. A questão que se coloca é, ao elaborar um
corpus controlado por um grande número de variáveis estáveis (número de sílabas,
mesmo ambiente fonético, frases-controle) tem-se uma garantia maior de outros
parâmetros lingüísticos não interferirem. Além disso, sabe-se do caráter opcional da
aplicação de tais regras e, principalmente, o que foi apontado no trabalho de Scarpa
(1997) e Komatsu & Santos (2005), uma “submissão” do acento lexical ao acento
entonacional na hierarquia prosódica, anulando a possibilidade de aplicação de regras
rítmicas.
Ao ter formulado um corpus controlado, observando o número de sílabas, a
necessidade de elaborar frases-controle para contrapor às frases-alvo, além de ter o
cuidado de utilizar uma cabine acústica para, quando digitalizar, ter o menor número de
ruídos possível, consegui garantir um processo de elaboração para obter uma análise o
mais acurada possível, isto é, garantindo a análise do fenômeno rítmico sem
interferências para-lingüísticas. Claro que sabemos que não há uma análise
completamente isenta da interferência de outros fenômenos (contexto situacional,
emocional, etc.) mesmo nas condições de um corpus controlado, mas, pelo menos, há
um controle maior dada a elaboração do corpus.
É importante pensar que, com os resultados desta pesquisa, poderemos cotejá-la
com os dados da fala espontânea deste mesmo sujeito. Neste caso, deverão ser levados
em conta todos os outros fatores (paralingüísticos) em questão que, certamente,