composta por trabalhadores de 31 a 60 anos, que tiveram empregos anteriores,
sendo que entre os com idade inferior a 30 anos, as atividades informais e
temporárias, sem vínculo empregatício, são a regra. Também são, em grande parte,
pessoas que têm sua origem no meio rural e que vieram buscar na cidade melhores
condições de vida. Chegando à cidade, se defrontam com a nova conformação
produtiva, maiores restrições de acesso ao mercado de trabalho formalizado, tendo
de ocupar, portanto, a franja produtiva, em atividades como a catação.
Assim, o que se percebe é que estes trabalhadores são marcados por
trajetórias ocupacionais relacionadas ao período em que se lançaram ao mercado de
trabalho, sendo comum, entre os mais velhos, atividades profissionais de referência,
como pedreiros, comércio, serviços, safristas e outras profissões de baixa
qualificação, enquanto os mais jovens geralmente não tiveram nenhuma inserção no
mercado formal de trabalho, não tendo passado pela experiência de assalariamento.
É importante ressaltar que, conforme observa Marcelino Gonçalves (2006), a
baixa escolaridade ou qualificação profissional, mesmo sendo uma característica
comum deste segmento de trabalhadores, não deve ser considerada como o agente
causador direto da realização da catação como forma de sobrevivência. Tal
explicação seria uma fuga teórica, que hiper-dimensionaliza os indivíduos que se
encontram nesta situação, desconsiderando, portanto, elementos estruturais do
sistema produtivo, apontando como responsável o desempregado pelo seu
desemprego e, em especial, pela pobreza. Esta maneira de compreender a pobreza
está ligada a uma explicação individualista, como se o sujeito em questão fosse
anômico, incapaz, em razão de déficit educacional, drogadição, saúde precária,
doença mental ou que, por uma combinação destes fatores, é incapaz de se adaptar
e “participar do bem-estar geral” (GALBRAITH, 1974).
Desta forma, quando analisamos a categoria de trabalhadores catadores, sem
observar os caracteres sistêmicos do modo de produção, e observando somente
casos isolados, ou a visão do indivíduo, muitas análises podem criar estereótipos
totalmente desligados da realidade do conjunto desta força-de-trabalho, como a
generalização do caso específico de Estamira (PRADO, 2005), documentário que
acompanha a vida de uma catadora idosa, com graves distúrbios mentais, em razão
de sua trajetória sofrida de vida. Ao tomar como característica própria, natural destes
sujeitos, por incapacidade individual de ocupar outras atividades, somente ajuda a