As imagens como formas de representação construídas pelos homens para dar sentido ao mundo constroem o
imaginário. O imaginário como idéias visuais das representações coletivas, forma-se a partir de uma “re-apresentação”
simbólica, que confere sentido a algo ou alguém ausente em determinado momento.
Nesse ponto, onde a linguagem simbólica se torna comunicável, é que entram em
cena os imaginários sociais. Integrando o campo da representação, ou melhor,
exprimindo a representação, o imaginário tem, portanto, sua existência afirmada pelo
símbolo e sua expressão garantida pela evocação de uma imagem seja ela acionada
por palavras, por figuras de linguagens ou por objetos (DUTRA et al, 2000, p. 229)
A imagem é testemunha de uma época que tem, sem dúvida, valor documental, sem preocupar-se em ser a
reprodução fiel da realidade que representa. O mais importante em uma imagem são as maneiras pelas quais os homens
percebiam o mundo em que viviam.
A interpretação de uma imagem varia de acordo com os conceitos estabelecido por cada época. A significação
dada a uma imagem não é uma leitura inocente, ela é feita com base em valores pré-estabelecidos e adquiridos pelo
historiador em seu tempo.
Logo, o imaginário criado através da compreensão de uma representação de determinado período é
responsável pela formação de identidades. As imagens são construtoras de identidades na medida em que assumem dentro
do imaginário social as representações de classes sociais, religiões, gênero, raças.
Quando uma sociedade, grupos ou mesmo indivíduos de uma sociedade se vêem
ligados numa rede comum de significações, em que símbolo (significantes) e
significados (representações) são criados, reconhecidos e apreendidos dentro de
circuitos de sentido; são utilizados coletivamente como dispositivos orientadores/
transformadores de práticas, valores e normas; e são capazes de mobilizar
socialmente afetos, emoções, desejos, é possível falar-se da existência de um
imaginário social (DUTRA et al., 2000, p. 229).
As representações imagéticas podem ser usadas também como alicerce para a manutenção e estabilidade de
um sistema político e como elemento de persuasão, como afirma Balandier “o grande ator político comanda o real através
do imaginário” (1982, p.6).
Foi através de representações simbólicas e seus poderes persuasivos de “re-apresentação” sobre o imaginário
social que muitos políticos governaram ao longo dos tempos.
O poder estabelecido unicamente sobre a força ou sobre a violência não controlada
teria uma existência constantemente ameaçada; o poder exposto debaixo da
iluminação exclusiva da razão teria pouca credibilidade. Ele não consegue manter-se
nem pelo domínio brutal e nem pela justificação racional. Ele só se realiza e se
conserva pela transposição, pela produção de imagens, pela manipulação de símbolos
e sua organização em um quadro cerimonial (BALANDIER, 1982, p.7).
Nesse sentido, as imagens como representação simbólica de um determinado governo, agem diretamente no
imaginário a medida que através das representações convencem-se os indivíduos a aceitar determinada forma de política e
determinado governante. Sendo assim, as imagens podem contribuir para a compreensão de determinados regimes políticos
e suas estratégias, como afirma Dutra et al:
Assim, no retrato do rei, o absoluto se representa, e o rei se identifica e se reconhece
nesse real absoluto. O retrato transforma o indivíduo em monarca, uma vez que as
imagens são presença real, signos icônicos da realidade real, expressões da força, da
justiça e elementos da legitimidade política da autoridade real (2000, p. 230).