outorgue "liberdades democráticas" à Índia. As palavras "melhoria imediata e radical das condições de
vida" ressoam de maneira particularmente falsa e cínica. O capitalismo moderno - declinante, gangrenado,
decomposto - está cada vez mais obrigado a agravar a situação dos operários no próprio centro
metropolitano. Como ele poderia melhorar a dos trabalhadores das colônias, os quais ele é obrigado a
espremer todo o suco para manter seu próprio equilíbrio? A melhoria das condições das massas laboriosas
nas colônias só é possível na via da derrubada total do imperialismo.
Mas a IC foi ainda mais longe na via da traição. Os comunistas, segundo Manuilsky, "subordinam a
realização desse direito à secessão (...) aos interesses da vitória contra o fascismo". Em outras palavras, no
caso de uma guerra entre a Inglaterra e a França pelas colônias, o povo indiano deveria apoiar seus atuais
escravistas, os imperialistas britânicos. O que quer dizer que ele deveria derramar sangue, não pela sua
própria emancipação, mas para preservar o reino da City sobre a Índia. E esses canalhas que não valem
um tostão furado ainda ousam citar Marx e Lenin! Seu mestre, de fato, não é outro senão Stalin, o chefe
da nova aristocracia burocrática, o carrasco do Partido Bolchevique, o estrangulador de operários e
camponeses.
No caso em que a burguesia indiana seja obrigada a dar, nem que seja, um pequeno passo na via da luta
contra a dominação arbitrária da Grã-Bretanha, o proletariado apoiaria naturalmente essa iniciativa. Mas o
faria com seus próprios métodos: reuniões de massa, palavras de ordem corajosas, greves, manifestações e
ações de combate mais decisivas, em função da relação de forças e das circunstâncias. É exatamente para
poder fazer isso, que o proletariado deve ter suas mãos livres. Para o proletariado é indispensável uma
total independência diante da burguesia, sobretudo para poder influenciar os camponeses, a massa
predominante da população da Índia. Somente o proletariado pode avançar um programa revolucionário
agrário corajoso, levantar e reunir as dezenas de milhões de camponeses e conduzi-los à luta contra os
opressores indígenas e o imperialismo britânico. A aliança dos operários e camponeses é a única aliança
honesta e segura que pode garantir a vitória final da revolução indiana.
Os stalinistas escondem sua política de submissão aos imperialismos britânico, francês e americano, com
a fórmula da Frente Popular. Que zombaria para o povo! A "Frente Popular" não passa de um novo nome
para a velha política de colaboração de classe, de aliança do proletariado com a burguesia. Em qualquer
aliança similar, a direção acaba inevitavelmente nas mãos da direita, isto é, da classe dominante. A
burguesia indiana, como já indicamos, quer uma boa negociação, não a luta. A aliança com a burguesia
leva o proletariado a renunciar à luta contra o imperialismo. A política da coalizão implica patinar,
contemporizar, alimentar falsas esperanças e engajar-se em manobras e intrigas vãs. O resultado dessa
política é o aparecimento da desilusão nas massas trabalhadoras, enquanto os camponeses viram as costas
ao proletariado e recaem na sua apatia. A revolução alemã, a revolução austríaca, a revolução chinesa e a
revolução espanhola foram todas derrotadas como resultado de uma política de coalizão. É o mesmo
perigo que hoje ameaça também a revolução indiana, quando os stalinistas opõe a ela, sob o disfarce de
"Frente Popular", uma política de subordinação do proletariado à burguesia. Isso significa, na ação, a
rejeição do programa agrário revolucionário, do armamento do proletariado, da luta pelo poder, a rejeição
da revolução.
Todas as questões dos tempos de paz conservam plena força nos tempos de guerra, mas elas terão uma
expressão mais aguda. Em primeiro lugar, a exploração das colônias será intensificada de modo
importante. Não apenas as metrópoles vão arrancar das colônias produtos alimentares e matérias primas,
mas vão também mobilizar um grande número de escravos coloniais, que vão morrer pelos seus mestres
nos campos de batalha. Enquanto isso, a burguesia colonial enfiará seu focinho nas encomendas de
guerra, renunciando naturalmente à oposição em nome do patriotismo e dos lucros. Gandhi já está
preparando o terreno para esta política. Esses senhores vão continuar a rufar tambores: "Devemos esperar
pacientemente o fim da guerra, então Londres vai nos agradecer por nossa ajuda."