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que só voltaria a escrever 14 anos depois, em 1972, por acaso um ano antes de Sagan terminar
o livro Conexões cósmicas
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, onde Sagan discute tópicos da astrofísica e da ciência do Sistema
Solar até a colonização de outros mundos. Por acaso Sagan receberia o prêmio John W.
Campbell Memorial de melhor livro de ciência de 1974. Foi considerando este potencial
mercado de leitores de ficção científica para este tipo específico de trabalho que o escritor
preparou um artigo voltado somente para a publicação em revistas de ficção científica da
época, ou seja, submetendo o artigo a J. Campbell, que o publicou na Astounding, o que lhe
abriu a possibilidade de escrever sobre ciências de uma forma simples e compreensível,
personalizada e livre do estilo e da linguagem característica das publicações científicas. Uma
das razões que tornariam Asimov ainda mais prolífico como autor de não ficção era que em
ficção cada história tem que ser única e diferente; já no artigo sobre ciência escrito para um
jornal científico, ele pode ser ampliado e passado para uma linguagem popular a fim de ser
publicado na Analog, e em seguida, resumido e simplificado para publicação no Science
World
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. Mas foi de sua terra natal, a URSS, que veio a inspiração para se dedicar com afinco
ainda maior à literatura de divulgação científica. Em 1957, com o lançamento do Sputnik,
Asimov viu outro país tomando a dianteira da conquista espacial. Cidadão americano desde
1928, o escritor acreditava na ciência sendo colocada em beneficio do seu povo. Então a partir
de 1958, Asimov decidiu contribuir para a popularização da ciência. Foi daí que surgiu sua
coluna no Magazine of Fantasy and Science Fiction, publicada sem interrupção desde
novembro de 1958. Esse trabalho lhe garantiu em 1963, um prêmio de melhor escritor e
divulgador de ciência de ficção científica chamado “Hugo Especial”, uma homenagem feita
por ele levar ciência à ficção científica. Inicialmente, a temática era voltada a ciências como
astronomia, química, física, biologia e matemática. Em um de seus livros de divulgação,
Civilizações extraterrenas , Asimov faz uma declaração simples e objetiva sobre a exploração
espacial, segundo Asimov:
Se a chave do paradoxo da existência de muitas civilizações, num Universo
em que, para todos os efeitos, estamos sozinhos, reside na provável dificuldade da
exploração espacial, vamos examinar mais detidamente o problema. Afinal, os seres
humanos conseguirão colocar a primeira cápsula em órbita, iniciando assim a era
espacial, somente em 4 de outubro de 1957. Antes que a era espacial completasse
uma dúzia de anos, os homens pisaram na Lua. É um começo bastante promissor.
Certamente, agora podemos ir mais longe... Enquanto escrevo, há sondas a caminho
de Saturno, e para mais além. Essa distante penetração de instrumentos humanos
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CARL, S, Conexões Cósmicas: um perspectiva extraterrestre. Portugal: Gradiva, 2001.
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ASIMOV, I. Antologia I 1958-1974 e II 1974-1989. Introdução. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, p.1.