Download PDF
ads:
POLIANA CASAGRANDE RIBEIRO VIEIRA
CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS, NUTRICIONAIS E
HÁBITOS DE VIDA DE ADOLESCENTES EUTRÓFICAS COM
GORDURA CORPORAL ELEVADA,
EM VIÇOSA - MG
Tese apresentada à Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências do Programa
de Pós Graduação em Ciência da Nutrição para
obtenção do título de “Magister Scientiae”.
VIÇOSA
MINAS GERAIS BRASIL
2003
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Vieira, Poliana Casagrande Ribeiro, 1975-
V658c Características socioculturais, nutricionais e hábitos
2003 de vida de adolescentes eutróficas com gordura corporal
elevada, em Viçosa-MG / Poliana Casagrande Ribeiro
Vieira. Viçosa : UFV, 2003
115p. : il.
Orientador: Silvia Eloiza Priore
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de
Viçosa
1. Adolescentes - Nutrição. 2. Adolescentes - Compo-
sição corporal. 3. Adolescentes - Antropometria. 4.
Adolescentes - Condições sociais. 5. Hábitos alimentares.
6. Estilo de vida. 7. Metabolismo energético. I. Universi-
dade Federal de Viçosa. II. Título.
CDD 19.ed. 613.0432
CDD 20.ed. 613.0432
ads:
POLIANA CASAGRANDE RIBEIRO VIEIRA
CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS, NUTRICIONAIS E
HÁBITOS DE VIDA DE ADOLESCENTES EUTRÓFICAS COM
GORDURA CORPORAL ELEVADA,
EM VIÇOSA - MG
Tese apresentada à Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências do Programa
de Pós Graduação em Ciência da Nutrição para
obtenção do título de “Magister Scientiae”.
APROVADA: 31 de março de 2003.
_________________________________ ___________________________
Profª. Sylvia do C. C. Francheschini Profª. Josefina B. R. Monteiro
(Conselheira) (Conselheira)
_________________________________ ___________________________
Prof. Gilberto Paixão Rosado Prof. Joel Alves Lamounier
____________________________________
Profª. Silvia Eloiza Priore
(Orientadora)
ii
“Sempre que lia agradecimentos em teses pensava: Meu Deus, é tanta gente para
agradecer; será que o que vem primeiro é o mais importante? E se esquecermos de
alguém? Não, claro que não, a ordem não importa e saiba que mesmo que se seu
nome tenha sido o último ele é tão importante quanto o primeiro. E se eu esqueci de
agradecer a alguém, saiba que este agradecimento já foi feito em meu coração”.
A Deus, por ter-me dado a oportunidade de realizar um sonho e força, coragem e
condições para não deixá-lo morrer.
A meus Pais, pelo Dom da vida, e pelo exemplo de dignidade e virtude que sempre
foram para mim.
A minha orientadora, por ter aceitado me orientar, e por ter-me ajudado a crescer,
não só profissionalmente, mas também como pessoa.
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Nutrição e Saúde por
todas as oportunidades oferecidas.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela
bolsa de mestrado concedida para a realização deste trabalho.
À minha orientadora Silvia Eloiza Priore, pela amizade, pelo incentivo, por suas
aulas, seus conselhos, seu ombro, e principalmente por sua Amizade.
Às professoras Josefina Bressan e Sylvia Franceschini, pelos conselhos sempre
preciosos.
Ao professor Gilberto Paixão Rosado, que é um exemplo de profissional.
Ao Professor Joel Alves Lamounier, pela presteza e simplicidade com que aceitou o
convite de participar da Banca.
A meu marido Emerson de Assis Vieira, pelo ombro, pelos ouvidos, pela paciência,
pela compreensão, pelo amor e por tudo mais....
A minha filha Isabela, por ter colorido ainda mais este período, e por não ter
deixado, junto ao seu pai, que esta fase fosse mais dura do que ela já é.
Às adolescentes que fizeram parte da amostra, principalmente pela alegria com que
encararam a tarefa de serem voluntárias.
iv
Às escolas e seus dirigentes, pois sem a ajuda de vocês este trabalho teria sido muito
mais difícil.
Aos todos colegas do mestrado em especial, Cida Queiroga, Wilson, Conceição,
Luíza, Valéria, Danielle, Renato, Íris, Sandra, Handiara e Regiane.
Ao Professor Adelson Tinôco, pelo incentivo quando realizei a seleção para o
mestrado.
Ao Professor Paulo Amorim, pelos conselhos na escolha do Registro de Atividade
Física.
A Patrícia Pereira, pela troca de informações, pela ajuda na coleta e digitação dos
dados, e também por sua amizade.
A todos os Professores e Funcionários do Departamento de Nutrição, que muito
contribuíram para conclusão desta etapa.
A Solange Brandão, por toda a ajuda durante o curso e principalmente nesta etapa
final.
Ao meu Pai (Antônio Carlos Lopes Ribeiro) de quem acho que herdei a
organização ou será “bagunçação”, e o gosto por papéis.
A minha mãe (Marlene Casagrande Ribeiro) de quem acho que herdei o Dom de
querer ensinar.
Aos meus irmãos, Júnior, Alessandra e Janaína, pela amizade, e pelo
companheirismo. Saibam que vocês sempre foram para mim um exemplo de
competência e amizade.
A D. Geny Borges e ao Sr. Luiz Gonzaga Vieira. A contribuição de vocês foi
muito importante para a conclusão deste trabalho.
Ao meu sobrinho Felipe, pela vontade de eu ser um exemplo para você e pela
saudade que me faz continuar.
v
A meu avô Tônico (Antônio Casagrande Filho) de quem acho que herdei a
perseverança, ou será a teimosia?
A minha avó Nega (Ana Davino Casagrande) de quem acho que herdei a alegria e
principalmente a Memória !!!
Ao meu avô João (João Xavier Ribeiro) de quem acho que herdei a calma e a
curiosidade.
A minha avó Lia (Maria da Conceição Xavier Ribeiro) de quem acho que herdei a
força e a coragem.
À Dona Maurília , pois sem você acho que não teria conseguido.
vi
1. BIOGRAFIA
POLIANA CASAGRANDE RIBEIRO VIEIRA, brasileira, casada, filha de
Antônio Carlos Lopes Ribeiro e Marlene Casagrande Ribeiro, nasceu em Rio Casca,
Minas Gerais em 07 de maio de 1975.
Em outubro de 1998, graduou-se em Nutrição pela Universidade Federal de
Viçosa- MG.
De 1999 a 2001, exerceu a profissão de nutricionista, atuando como
Coordenadora do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional da cidade de Rio
Casca e também em atendimento clínico dietoterápico em consultório nutricional
próprio, em fevereiro de 2000, passou a prestar serviço como Nutricionista para a
Prefeitura Municipal de Jequeri /MG.
Em fevereiro de 2001, foi aprovada na prova de seleção do Programa de Pós-
graduação em Ciência da Nutrição, onde iniciou as atividades em Abril de 2001,
submetendo-se a defesa de tese em 31 de março de 2003.
Em fevereiro de 2003, após ser aprovada no concurso do Centro Universitário
do Sul de Minas (UNIS- MG) em Varginha - MG, ingressou para o Cargo de
Coordenadora do Curso de Nutrição.
vii
LISTA DE SÍMBOLOS
% GC - Porcentagem de Gordura Corporal
- Somatório
AI Adequate Intake
ATF - Nível de Atividade Física
ATFG - Gasto Calórico por Níveis de Atividade
CB - Circunferência Braquial
CDC Center for Disease Control and Prevention
CINTURA - Circunferência da Cintura
DP Desvio Padrão
DRI Dietary References Intake
EAR Estimated Average Recomendations
ENDEF -Estudo Nacional da Despesa Familiar
GH - Hormônio de Crescimento
IGF-1 - Fator de Crescimento Insulino Mimético Tipo 1
IMC - Índice de Massa Corporal
IMCG - Índice de Massa Corporal de Gordura
IMCLG - Índice de Massa Corporal Livre de Gordura
viii
MG - Massa de Gordura em quilogramas
MM - Massa Magra em quilogramas
NCHS - National Center for Health Statistics
OR - Odds ratio
PCB - Prega Cutânea Bicipital
PCSE - Prega Cutânea Subescapular
PCSI - Prega Cutânea Suprailíaca
PCT - Prega Cutânea Tricipital
PNSN - Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição
QFCA - Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar
QUADRIL - Circunferência do Quadril
SBAN Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição
Tanita
- Tanita Body Fat Monitor Scale
TMB - Taxa Metabólica Basal
TMR - Taxa Metabólica de Repouso
VET Valor Energético Total
X - Média
ix
CONTEÚDO
Resumo...................................................................................................................... xii
Abstract.................................................................................................................... xiv
1. Introdução...........................................................................................................01
2. Revisão de literatura ..........................................................................................04
2.1 Composição corporal e Adolescência ...............................................................04
2.2 Obesidade na Adolescência ...............................................................................09
2.3 Hábitos Alimentares ..........................................................................................16
3. Justificativa..........................................................................................................20
4. Objetivos .............................................................................................................21
4.1. Geral...............................................................................................................21
4.2. Específicos .....................................................................................................21
5. Casuística e Metodologia ...................................................................................22
5.1 Casuística ............................................................................................................22
5.2 Material e Métodos.............................................................................................24
5.3 Caracterização biológica e social das Adolescentes estudadas......................25
x
5.4 Antropometria e Composição corporal ...........................................................26
5.4.1 Peso ...................................................................................................................26
5.4.2 Estatura ............................................................................................................27
5.4.3 Composição corporal ......................................................................................27
5.4.4 Índice de Massa Corporal (IMC) ..................................................................28
5.4.5 Índice de Massa Corporal de Gordura e Índice de Massa corporal livre de
Gordura ....................................................................................................................28
5.4.6 Pregas Cutâneas .............................................................................................28
5.4.7 Gordura Central..............................................................................................29
5.4.8 Gordura Periférica ..........................................................................................29
5.4.9 Relação Gordura Central/Periférica .............................................................29
5.4.10 Circunferência braquial ...............................................................................29
5.4.11 Gordura em quilos ........................................................................................30
5.4.12 Massa Magra .................................................................................................30
5.4.13 Circunferência da cintura ............................................................................30
5.4.14 Circunferência do quadril ............................................................................30
5.4.15 Relação cintura quadril ................................................................................30
5.4.16 Comprimento de Perna ................................................................................30
5.5 Atividade Física ..................................................................................................30
5.6 Gasto Energético Total e gasto energético por níveis de Atividade Física
...............................................................................................................................31
5.7 Metabolismo Basal ........................................................................................... 31
5.8 Composição da Dieta e Hábitos Alimentares ................................................32
5.8.1 Número de refeições .....................................................................................33
5.8.2 Substituição do Jantar por lanche ..............................................................33
5.8.3 Omissão do Desjejum ..................................................................................33
5.8.4 Preferências e Aversões alimentares ..........................................................33
5.8.5 Consumo de Alimentos no Lanche Escolar ...............................................33
5.8.6 Consumo de alimentos diet /light e desnatados ..........................................34
5.10 Softwares...........................................................................................................34
5.11 Analise Estatística ............................................................................................35
5.12 Ética ..................................................................................................................37
6. Resultados e Discussão .....................................................................................38
6.1 Fatores biológicos e sociais...............................................................................38
xi
6.2 Enfermidades crônico degenerativas dos familiares ....................................50
6.3 Parâmetros Antropométricos e de Composição corporal ............................51
6.4 Atividade física e Gasto energético .................................................................57
6.5 Metabolismo basal e taxa metabólica basal ...................................................61
6.6 Hábitos Alimentares e Composição da dieta ..................................................63
6.7 Fatores de Risco ................................................................................................81
7. Conclusão ...........................................................................................................86
8. Bibliografia ........................................................................................................88
9. Anexos ..............................................................................................................103
xii
RESUMO
VIEIRA, Poliana Casagrande Ribeiro. M. S. Universidade Federal de Viçosa, março
de 2003. Características socioculturais, nutricionais e hábitos de vida de
adolescentes eutróficas com gordura corporal elevada, em Viçosa - MG.
Orientadora: Silvia Eloiza Priore. Conselheiras: Sylvia do Carmo Castro
Franceschini e Josefina Bressan Resende Monteiro.
Sabe-se que o excesso de gordura corporal aumenta os riscos de
desenvolvimento de doenças crônicas. Encontra-se na literatura uma alta prevalência
de adolescentes eutróficas com elevado percentual de gordura corporal. Objetivou-se
conhecer as variáveis biológicas, comportamentais e de saúde de 120 adolescentes
eutróficas, que foram divididas em dois grupos, o de estudo (n=60) com gordura
corporal elevada, e o controle (n=60) com gordura corporal normal. Foram aferidos o
peso, a estatura, a porcentagem de gordura corporal pela Tanita e pelo somatório
das quatro pregas cutâneas (bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca), a
circunferência braquial, da cintura e do quadril e o comprimento de perna. As
técnicas utilizadas foram as propostas na literatura. As adolescentes responderam a
um inquérito sobre os fatores de risco, registraram a sua atividade física durante 24 h,
e 20% do total amostral foi sorteado para aferição do gasto energético basal, através
do monitor Deltratac II. Calculou-se a Odds Ratio, considerando-se como
significantes os valores de p<0,05. Os dados foram analisados pelo software Epi Info
e Sigma Stat. Os grupos não se diferiram quanto à idade cronológica, etnia
informada, peso ao nascer, aleitamento materno, tempo de aleitamento, uso de dieta
para emagrecer, tabagismo e presença de enfermidades crônico-degenerativas nos
familiares. Quanto às variáveis antropométricas, não se observou diferença na
xiii
estatura, no comprimento de perna, na massa magra e no IMCLG. O número de
refeições realizadas, o consumo energético total, a inadequação dos nutrientes da
dieta analisados segundo as DRIs, as preferências e a freqüência alimentar de
consumo, também, não foram significantemente diferentes, com exceção das
hortaliças cruas cujo consumo foi maior para o grupo de estudo. O consumo de
bebidas alcoólicas foi maior no grupo de estudo que no controle. O grupo de estudo
apresentou peso, circunferência da cintura, do quadril, gordura em quilos, IMC e
tempo gasto em atividades sedentárias superiores ao grupo controle. Esse tempo
maior refletiu em maior gasto energético nessas atividades. A taxa metabólica basal e
o metabolismo basal de gordura foi maior nas adolescentes do grupo controle que no
de estudo. Um maior número de adolescentes do grupo de estudo omitia o desjejum,
possuía menor consumo de carboidratos em gramas, e menor percentual destes na
dieta com maior porcentagem de proteínas em relação ao VET total. Apresentaram-
se mais inadequadas em relação às recomendações propostas pela SBAN, e tinham
um consumo maior de alimentos diet/light ou desnatados que o grupo controle. Os
fatores de risco para a gordura corporal elevada foram o uso de adoçantes e produtos
diet/light, ou desnatados, omissão do desjejum, consumo de bebidas alcoólicas,
presença de obesidade na infância, baixo consumo de carboidratos, consumo de
proteínas acima de 12% do VET e idade da menarca menor que 12 anos.Verificou-se
a importância de avaliar a composição corporal detalhada e não simplesmente a
utilização do IMC para classificação do estado nutricional de adolescentes, uma vez
que o IMC não prevê o excesso de gordura corporal. Alguns fatores biológicos e
sociais estão associados ao elevado percentual de gordura corporal. Na vida adulta, o
excesso de gordura corporal está associado ao aumento de peso e este, por sua vez,
com o aumento da morbimortalidade. Alguns dos fatores de risco encontrados são,
também, fatores de risco para a obesidade e devem ser tratados com cautela. Com a
análise da composição corporal e desses fatores, pode-se fazer um diagnóstico
precoce do excesso de gordura corporal, propor intervenções e modificações nos
hábitos inadequados.
xiv
ABSTRACT
VIEIRA, Poliana Casagrande Ribeiro. M. Sc. Universidade Federal De Viçosa,
March, 2003. Behavioural and nutritional characteristics and life habits of
normal weight adolescent with high body fat, in Viçosa MG. Adviser: Silvia
Eloiza Priore. Committee Members: Sylvia do Carmo Castro Franceschini and
Josefina Bressan Resende Monteiro.
It is well known that the excess of body fat increases the risks of chronic
diseases development. Literature shows a high prevalence of normal weight
adolescent with high percentage of body fat. Our objective were know the biological
and behavioural variables of 120 health, normal weigh adolescent that were divided
in two groups, the one of study (n=60) with high body fat, and the control group
(n=60) with normal body fat. Weight, height, body fat using Tanita and skinfold
somatory (biceps, triceps, subescapular and suprailiac), brachial, waits and hip
circumference, and also leg length were gauged. The techniques used were the ones
recommended in the literature. The adolescents answered to an inquiry about risk
factors, they registered their physical activity during 24 hours, and a sample of 20%
of the total study population were randomly taken in order to measure basal energy
expenditure, using Deltratac II. Odds Ratio was calculated, being considered as
significant values of p <0,05. Data were analyzed by Epi Info and Sigma Stat
softwares. The groups were not differed in relationship to their chronological age,
informed race, born weighs, breast feeding, time of breast feeding, diet use to lose
weight, smoking, and presence of chronic-degenerative illnesses in relatives.
Regarding anthropometric variables, differences were not observed in height, leg
length, lean body mass and in IMCLG. The number of accomplished meals, total
xv
energy consumption, inadequacy of analysed nutrients according to DRIs, food
preferences and food frequency, also were not significantly different, except for raw
vegetables whose consumption were larger for the study group. Consumption of
alcoholic beverages was larger in the study group comparing to control group. The
study group presented weight, waist and hip circumference, weight of fat (Kg), BMI
and time spent in physical activities higher than control group. That higher time
reflected in higher energy expenditure in those activities. The basal metabolic rate
and the basal metabolism of fat were larger in the adolescents of control group than
the one of study. A larger number of adolescents on study group omitted their
breakfast, and they had a smaller carbohydrate consumption in grams, smaller
percentage of carbohydrate in the diet and also a larger percentage of proteins
comparing to total caloric value. They were more inadequate regarding
recommendations proposed by SBAN, and they had a larger consumption of
diet/light or skimmed foods than that ones on control group. The risk factors for high
body fat found were artificial sweeteners, diet/light or skimmed products, omission
of breakfast, consumption of alcoholic beverages, obesity during childhood, low
carbohydrate consumption, consumption of proteins above 12% of total caloric value
and age of the first menstruation lower than 12 years old. The importance of
evaluating the detailed body composition and not only the use of BMI for assess
nutritional state of adolescents were confirmed, once BMI doesn't foresee the excess
of body fat. Some biological and social factors are associated to the high percentage
of body fat. In the adult life, excess of body fat is associated to weight gain and
weight gain is associated with an increase of morbimortality. Some of the found risk
factors on this study are, also, risk factors for obesity and they should be treated with
caution. Using the analysis of body composition and those factors, it can be made a
precocious diagnosis of excess body fat, propose interventions and changes in the
inadequate habits.
1
1. INTRODUÇÃO
A adolescência é um período de transição da infância para a vida adulta, sendo
cronologicamente definida pela Organização Mundial da Saúde (1977) como a faixa
etária que compreende indivíduos de 10 a 19 anos. É um importante período de
crescimento em que ocorre o estirão, com aumento do peso e da estatura. É
caracterizada pelas intensas mudanças corporais da puberdade, e também pelo
desenvolvimento emocional, mental e social (WHO,1995).
No decorrer da adolescência, com o processo de maturação, a composição do
organismo é alterada. Durante a infância e antes da puberdade, meninos e meninas
apresentam proporções similares em relação à gordura corporal e à massa magra. Na
puberdade, as adolescentes apresentam maior deposição de tecido adiposo do que o
sexo masculino (FORBES, 1991; PRIORE, 1998; WELLS et al., 1999).
O aumento dos hormônios sexuais, que acontece na puberdade, tem um papel
fundamental na distribuição e deposição da gordura corporal. Eles afetam a deposição
regional de gordura, determinando padrões diferentes entre os sexos (GORAN e
GOWER, 1999; ROGOL et al., 2002).
No sexo feminino, a menarca tem sido considerada fator marcante do processo
de crescimento, sinalizando a finalização do processo de maturação sexual. A idade
dia da menarca, para as adolescentes brasileiras, encontrada pela Pesquisa Nacional
sobre Saúde e Nutrição (PNSN), em 1989, foi de treze anos e dois meses (BRASIL,
1990).
ROGOL et al. (2002) relatam que as mudanças na composição corporal e as
proporções corporais (estatura e peso) que ocorrem na adolescência são elementos
2
essenciais do processo de crescimento, e o foco tradicionalmente dado apenas a
estatura, atualmente, é voltado também aos outros compartimentos corporais.
O crescimento somático é influenciado por diversos fatores não modificáveis,
como potencial genético, e modificáveis, como os fatores hormonais, o estado
nutricional e a nutrição. Esta última, incluindo a ingestão de energia e de alguns
nutrientes específicos, é o maior determinante do crescimento (ROGOL et al., 2002).
Mundialmente a ingestão ou absorção deficientes, são os maiores responsáveis
pelo atraso no crescimento. O desenvolvimento e o crescimento muscular podem ser
mais afetados que o próprio desenvolvimento ósseo. A desnutrição está também
associada com a idade tardia da menarca refletindo um atraso no desenvolvimento
sexual. Um grau moderado de obesidade é associado com a maturação sexual precoce
(FORBES, 1987)
A prevalência de doenças infecciosas e crônicas na adolescência é baixa,
comparando-se com outros grupamentos etários. Em Viçosa, 71,4% da mortalidade na
faixa etária de 15 a 19 anos é atribuída a causas externas; entre 10 e 14 anos esse
percentual atinge 100% das causas de morte. O risco para a saúde, nessa fase, é melhor
caracterizado pelo uso indevido de substâncias psicoativas, doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez e lesões acidentais ou intencionais (Sistema de Informações
sobre Mortalidade SIM,1999).
Estudo feito com adolescentes da rede pública e privada de ensino, na cidade de
São Paulo, detectou que uma proporção significativa de estudantes enquadra-se entre os
que têm comportamentos de risco, como andar de motocicleta sem capacete (70,4%),
ter relação sexual sem o uso de preservativos (34% dos sexualmente ativos), andar
armado (4,8%) e tentar o suicídio (8,6% em 1999). O sexo feminino apresentou menor
porcentagem para os comportamentos de riscos, à exceção de tentativas de suicídio e
práticas não saudáveis para perder peso, como o uso de laxantes ou de remédios para
emagrecer (CARLINI-COTRIM et al., 2000).
Entretanto, ao contrário das doenças infecciosas, a prevalência de obesidade e
de doenças crônicas têm aumentado nessa faixa etária em países industrializados como
os Estados Unidos, e em desenvolvimeto como o Brasil (PINHAS-HAMIEL et al.,
1996; NEUTZLING, 1998, PREVALENCE, 1999). Concomitante com esse aumento
alguns trabalhos realizados na cidade de Viçosa encontraram entre adolescentes
eutróficas do sexo feminino um alto percentual delas com excesso de gordura corporal
(VIEIRA et al., 2002
a
; VIEIRA et al., 2002
b
). Foram observados alguns hábitos
3
alimentares mais prevalentes nesses adolescentes com alto percentual de gordura
corporal, como a baixa proporção de calorias provenientes de carboidratos na dieta
(VIEIRA et al. 2002
c
).
Com este trabalho, pretende-se avaliar as características socioculturais,
nutricionais e os hábitos de vida de adolescentes eutróficas que possam contribuir para
a porcentagem de gordura corporal elevada.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. COMPOSIÇÃO CORPORAL E ADOLESCÊNCIA
Para a maioria da população, com exceção das pessoas fisicamente muito ativas,
medidas como o peso e a estatura, e sua correlação com índices específicos podem
estimar o conteúdo de gordura corporal, embora métodos mais precisos sejam
necessários para uma avaliação mais eficaz. A maioria desses métodos baseia-se na
divisão do corpo humano em dois compartimentos, de composição relativamente
constantes: a gordura corporal, e a massa magra, constituída da gordura essencial, água,
proteína e conteúdo mineral ósseo (DURNIN e WORMESLEY, 1974). É com base
nesse método que medidas precisas de avaliação da gordura corporal podem ser feitas
pelas pregas cutâneas, impedância bioelétrica e outras técnicas. A desvantagem
consiste em ignorar a variabilidade da composição da massa magra entre indivíduos e
assumir como constante o conteúdo mineral ósseo, a água corporal e a densidade da
massa magra (WELLS et al., 1999).
Outros autores propõem modelos mais complexos de divisão do conteúdo
corporal como o modelo de quatro componentes que divide o peso corporal em
gordura, água, conteúdo mineral ósseo e massa muscular, diferente do que ocorre no
modelo de dois componentes, permite avaliação das relações assumidas como
constantes no outro modelo, porém, por sua complexidade e custo, deve-se avaliar sua
relação custo-benefício (FOMON et al., 1982; FULLER et al., 1992; GUEDES e
GUEDES, 1998; WELLS et al., 1999).
5
A relação entre a densidade corporal e as quatro pregas cutâneas (bicipital,
tricipital, subescapular, e suprailíaca) é suficientemente uniforme de forma que
equações de regressão e tabelas possam ser construídas para calcular a porcentagem de
gordura corporal de adolescentes e adultos (DURNIN e RAHAMAN, 1967; FULLER
et al., 1992).
DURNIN e WORMESLEY (1974) encontraram coeficientes de correlação entre
o somatório de duas ou mais das quatro pregas cutâneas citadas (através da
transformação logarítmica) e a densidade corporal obtidas pela pesagem hidrostática, os
quais variavam de 0,7 a 0,9, para diferentes grupos de idade e sexo, incluindo
adolescentes.
Os adolescentes do sexo masculino apresentam menores valores de
porcentagem de gordura corporal que o sexo feminino, apresentando diferenças
significativas em relação à composição corporal. Ambos os sexos acumulam peso em
tecido magro durante a adolescência; porém, esse acúmulo é menor nas adolescentes
que acumulam mais tecido adiposo (FORBES, 1991; PRIORE, 1998).
Portanto, a determinação da composição corporal tem por objetivo verificar a
qualidade do peso corporal e dos compartimentos que o compõem. O indivíduo pode
apresentar peso dentro dos parâmetros considerados normais pelo Índice de Massa
Corporal, mas se a relação entre o peso corporal e os seus componentes for
desfavorável, com excesso de tecido adiposo em detrimento da massa muscular, isso
pode indicar riscos à saúde (GUEDES e GUEDES, 1998; CONSENSO, 1999; VEIGA
et al., 2000; SAMPEI, 2001).
A obesidade tem sido definida como excesso de gordura corporal e não somente
como excesso de peso corporal (WHO, 1995; GUEDES e GUEDES, 1998;
CONSENSO, 1999; DIETZ e BELIZZI, 1999; MULLER, 2001). Segundo GUEDES e
GUEDES (1998), uma porcentagem de gordura entre 25 e 30% classifica uma mulher
adulta como portadora de obesidade leve, e entre 30 e 35% como obesidade moderada.
Em 1999, o Consenso Latino Americano sobre obesidade sugeriu os valores de 25% e
33% de gordura corporal, respectivamente, para homens e mulheres adultos, para
classificação da obesidade, quando se utilizar métodos de determinação da gordura
corporal.
Em adolescentes, quando se avalia a porcentagem de gordura corporal, o risco
de sobrepeso no sexo feminino é definido como acima de 25% do peso sob a forma de
6
gordura corporal e a presença de sobrepeso é definida como acima de 30% de gordura
corporal (LOHMAN , 1992).
SIGULEM et al. (1995) estipulam que a porcentagem de gordura corporal para
o sexo feminino é considerada alta quando esta se apresentar maior que 25% do peso
corpóreo, adequada entre 15 e 25% e baixa quando for inferior a 15%.
Somente a análise do peso corporal torna-se insatisfatória para determinar a
obesidade de um indivíduo, pois não revela se esse peso é proveniente de excesso de
tecido adiposo ou de massa isenta de gordura. Além disso, o peso corporal não reflete
as mudanças nos compartimentos corporais que acontecem no período da adolescência
(WHO,1995; PRIORE, 1998).
PIMENTA (2000), estudando adolescentes de dois níveis sócioeconômicos, não
encontrou diferenças significativas na prevalência total de sobrepeso entre os níveis
sócioeconômicos, porém encontrou uma porcentagem mais elevada de gordura corporal
em adolescentes do nível sócioeconômico baixo ressaltando a importância de se utilizar
outros parâmetros além de peso e altura na avaliação nutricional de adolescentes.
MALINA e KATZMARZYK (1999), estudando a validade do Índice de Massa
Corporal (IMC) como indicador do risco ou da presença de obesidade em adolescentes,
revelaram que os indicadores verdadeiros de obesidade seriam as pregas cutâneas e a
porcentagem de gordura, devido ao fato do IMC ter sido um pobre preditor da
obesidade em algumas amostras, quando comparado a porcentagem de gordura
corporal. O IMC classificou corretamente todos os indivíduos que eram obesos e
tinham alta porcentagem de gordura; porém, deixou de classificar aqueles que não
tinham excesso de peso e sim de gordura corporal e estavam também em risco,
justamente por não diferenciar a qualidade dos compartimentos corporais.
VEIGA et al. (2000), estudando a relação entre o IMC e o percentual de gordura
corporal na avaliação da obesidade em adolescentes, encontraram uma baixa
sensibilidade para o sexo feminino. O IMC classificou como eutróficas muitas das
adolescentes que, na verdade eram obesas ou que apresentavam altos índices de
gordura corporal, tendo sido essa sensibilidade de 0% na faixa etária de 17 anos. Nessa
faixa etária, o IMC não conseguiu detectar nenhum caso de obesidade, o que reforça a
necessidade de se avaliarem os compartimentos corporais no diagnóstico nutricional de
adolescentes.
PRIORE (1998) verificou que adolescentes do sexo feminino,
independentemente da faixa etária, apresentavam quantidade e percentual de gordura
7
corporal total, em relação ao peso, significativamente maiores que os do sexo
masculino. Assim, estes resultados demonstram que o peso para adolescentes, não é um
bom indicador antropométrico, quando considerado isoladamente, evidenciando a
necessidade de se caracterizar a composição corporal, pois existe uma variabilidade na
composição corporal entre os sexos e as faixas etárias.
BITTAR et al. (1999) não encontraram variações no tecido adiposo com estágio
de maturação sexual em meninos, porém, para o sexo feminino, a massa de gordura foi
significativamente mais alta em meninas pós-puberes que púberes e pré-púberes.
Porém, quando se avaliou a gordura corporal em porcentagem do peso corporal, esta foi
significativamente mais baixa em meninos pós-púberes que em púberes e pré-púberes,
mas não variou significativamente com o estágio de maturação em meninas.
O excesso de gordura corporal é acompanhado por um aumento na
susceptibilidade a uma variedade de disfunções metabólicas e crônico-degenerativas,
sendo que outros fatores, como o sexo e a idade, podem atuar na intensidade da
associação entre a obesidade e os índices de morbidade e mortalidade (GILIUM, 1987).
RUDERMAN et al. (1998) introduziram o conceito de metabolicamente obeso,
ou seja, indivíduos de peso normal, mas que apresentavam várias disfunções
metabólicas como hiperinsulinemia, resistência insulínica e predisposição ao diabetes
tipo 2, hipertrigliceridemia, com riscos prematuros de desenvolver problemas do
coração.
TERSHAKOVEC et al. (2003), estudando composição corporal e fatores
metabólicos em crianças e adolescentes obesos, encontraram associação entre fatores
metabólicos como níveis de insulina, resistência insulínica e níveis de leptina e a
gordura corporal total.
Os padrões de distribuição da gordura corporal são estabelecidos, na
adolescência ou antes dela, sendo que a composição corporal e os hábitos alimentares
de adolescentes podem influenciar essa distribuição, repercutindo não só na sua saúde
atual, mas também na futura (BARKER et al., 2000).
A localização do excesso de gordura na região abdominal oferece maior risco de
desenvolvimento de doenças crônicas que o excesso por si só (GILIUM, 1987; WHO,
1995).
LURBE et al. (1998), avaliando o impacto da obesidade e da distribuição da
gordura corporal em crianças e adolescentes, encontraram associação entre a relação
cintura/quadril e a hipertensão arterial, independente de outros fatores, como idade,
8
sexo, índice ponderal e pregas cutâneas. Crianças obesas com distribuição da gordura
corporal predominantemente abdominal apresentaram valores mais altos de pressão
arterial.
Entretanto, TERSHAKOVEC et al. (2003) não encontraram associação entre os
níveis de insulina, a resistência insulínica e os níveis de leptina. Com a distribuição da
gordura corporal, esses fatores mostraram-se mais fortemente associados à gordura
corporal total. Os autores sugerem ainda que a gordura subcutânea pode ser associada
com a resistência insulínica especialmente na população afro-americana.
CLARKE et al. 1986 e OLIVEIRA et al. 2001 também demonstraram que em
adolescentes o excesso de gordura corporal demonstrou-se altamente correlacionado
com o aumento da pressão arterial, independente da distribuição da gordura corporal.
Vários equipamentos e métodos podem ser utilizados para avaliar a composição
corporal, entre eles pesagem hidrostática, tomografia computadorizada, determinação
de Potássio 40, Oxigênio 18, antropometria, impedância bioelétrica e creatinina
urinária. Alguns são considerados muito invasivos ou caros, sendo que outros são de
mais fácil acesso e menos invasivos. Os métodos antropométricos têm a vantagem de
não serem invasivos, com equipamentos de fácil transporte, mas precisam de pessoal
altamente treinado, pois apresentam erros interobservadores. A acurácia desse método
também se deve à utilização de uma equação adequada a faixa etária que se está
trabalhando, pois os cálculos de cada equação foram desenvolvidos baseados na
gordura corporal dessa faixa etária (FORBES, 1991).
Em adolescentes, as dobras cutâneas podem ser difíceis de ser aferidas, por
causa da rigidez do tecido subcutâneo, podendo ser encontrados valores subestimados
principalmente nos obesos (FORBES, 1991).
A Tanita
(impedânica bioelétrica vertical) tem sido referenciada para avaliar o
percentual de gordura em grandes amostras ou em trabalhos em campo, em razão da
facilidade e praticidade no manuseio (OLIVEIRA et al., 2001; SAMPEI, 2001,
TYRREL et al., 2001; WAHRLICH e ANJOS, 2001).
SAMPEI et al. (2001), encontraram valores de porcentagem de gordura mais
altos avaliados pela Tanita
do que os encontrados pela interactância na faixa do
infravermelho próximo (Futrex
) e pelas pregas cutâneas (p < 0,05); porém, os autores
não consideraram que essa diferença poderia alterar o estado nutricional das
adolescentes.
9
TYRRELL et al. (2001) encontraram uma boa correlação da TANITA
com
outros métodos de avaliação da composição corporal como a DEXA (dual-energy X-
ray absorptiometry) e o método convencional de BIA (Impedância Bioelétrica), sendo
que a Tanita
foi considerado um método eficaz para avaliar a composição corporal.
Para o diagnóstico da obesidade na infância e na adolescência, segundo
recomendação de vários autores, utiliza-se o IMC e sempre que possível deve se levar
em consideração outros parâmetros como pregas cutâneas e, ou, outras medidas de
composição corporal; principalmente na adolescência, quando a maturação sexual
pode afetar os resultados obtidos pelo IMC. Lembrando que o IMC não deverá ser
usado isoladamente para avaliar o crescimento da criança ou adolescente (MUST et al.,
1991; WHO, 1995; PRIORE, 1998; BELIZZI e DIETZ, 1999; COLE et al., 2000).
Os parâmetros recomendados para adolescentes pela Organização Mundial de
Saúde são peso, altura, idade, sexo, relação peso/altura em metros ao quadrado (IMC) e
a aferição das pregas cutâneas tricipital e subescapular (WHO, 1995).
O diagnóstico de risco de sobrepeso ocorre quando o adolescente apresentar
IMC igual ou superior ao percentil 85 da referência do National Center Health Statistics
(NCHS), e obesidade quando apresentar IMC igual ou superior ao percentil 85 e prega
cutânea tricipital e subescapular, com valores superiores ao percentil 90 da referência
do NCHS (WHO,1995). MUST et al., (1991) propuseram a utilização do IMC acima do
percentil 95 do NCHS para diagnóstico da obesidade, na impossibilidade de se aferir as
pregas cutâneas, sendo esses pontos de corte sugeridos pelo Center Disease Control and
Prevention (2001).
2.2. OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
A obesidade é uma doença crônica multifatorial na qual ocorre uma
sobreposição de fatores genéticos e ambientais (SORENSEN et al., 1997). São
relatados três períodos críticos para o desenvolvimento da obesidade entre eles a
gestação e o primeiro ano de vida; dos cinco a sete anos de idade - período de aumento
da adiposidade e a adolescência (DIETZ, 1994; CONSENSO, 1999).
O início da adolescência tem sido apontado como um dos momentos mais
críticos, não só pelo aumento do número de células, mas também pelas diversas
interações hormonais e psicológicas sofridas nesse período (MULLER, 2001).
A obesidade tem aumentado muito entre crianças e adolescentes nas últimas
décadas, sendo que, nos EUA, a prevalência de excesso de peso corporal passou de 5%
para 14% na faixa etária de 12 a 19 anos de 1963 a 1999, ou seja, o número de
adolescentes com excesso de peso quase triplicou nas três décadas (PREVALENCE,
1999). Concomitante ao aumento da obesidade, o diabetes tipo 2 na população
pediátrica americana vem tomando as mesmas proporções. Segundo PINHAS-
HAMIEL et al. (1996), 33% dos casos de diabetes diagnosticados foram do tipo 2;
sendo que a prevalência aumentou de 4% em 1982 para 16% em 1994.
No Brasil, dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989,
demonstraram uma prevalência de obesidade de 7,6% entre os adolescentes, sendo que
o sexo feminino apresentou uma prevalência estatisticamente maior (p < 0,0001)
(10,5%) que o masculino (4,8%); a prevalência de sobrepeso também se diferenciou
pelas faixas de renda, sendo a correspondente ao nível superior de renda, a de maior
ocorrência. As regiões mais atingidas pelo sobrepeso foram os do Sul e Sudeste, sendo
o Nordeste a região de menor prevalência (NEUTZLING, 1998).
ABRANTES et al. (2002) avaliando a prevalência de sobrepeso e obesidade em
crianças e adolescentes, encontraram maior prevalência de sobrepeso (9,3% e 7,3%) em
adolescentes do sexo feminino que no masculino, respectivamente, sendo que a região
Sudeste apresentou maiores prevalências (10,4%) que a região Nordeste (6,6%) na
faixa etária de 10 a 19 anos.
Existem várias classificações para a obesidade de acordo com a distribuição de
gordura, o início da enfermidade e também a etiologia. A distribuição regional do
excesso de gordura classifica a obesidade em generalizada, andróide e ginóide. A forma
generalizada é a distribuição mais freqüente nas crianças e nos adolescentes
(CONSENSO, 1999).
A distribuição corporal do tecido adiposo implica em diferentes riscos para o
desenvolvimento de alterações metabólicas. A gordura centralizada, mais no tronco,
está claramente associada ao maior risco para diabetes, doenças cardiovasculares e
hipertensão arterial (ESCRIVÃO et al., 2000).
Do ponto de vista causal, a obesidade no adolescente se divide em obesidade de
causa nutricional ou exógena que corresponde a 95% dos casos; e obesidade secundária
relacionada a uma síndrome ou endógena (CONSENSO, 1999).
O foco anteriormente dado à obesidade na adolescência, visualizando-a apenas
como fator de risco para a obesidade na vida adulta, mudou nos últimos anos, ao se
considerarem as evidências das alterações e complicações metabólicas que se iniciam
ou ocorrem já nessa faixa etária, como a formação das estrias gordurosas nas artérias e
as disfunções hormonais, como a diminuição na concentração do hormônio de
crescimento e aumento na secreção de insulina, que trazem prejuízos para o
crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente, na sua saúde atual e futura
(BERENSON et al., 1992; FISBERG, 1995; LAESSLE et al., 1997; SINAIKO et al.,
2001.)
NEUTZLING (1998) ressalta que a continuidade da obesidade da adolescência
até a vida adulta provavelmente ocorre também entre os adolescentes brasileiros, e que
estudos de coorte são necessários para estabelecer esses padrões, além de dados de
vigilância sobre as doenças crônicas já existentes nessa faixa etária, que são de suma
importância para se entender a magnitude do problema.
Os fatores causais da obesidade exógena estão ligados à excessiva ingestão de
energia, ao reduzido gasto energético ou a alterações na regulação desse balanço
energético (RAVUSSIN, 1995; PRENTICE et al., 1996).
Segundo a FAO/OMS/UNU,1985, o gasto energético total (GET) na criança e
no adolescente se compõe em Gasto energético basal (GEB), termogênese induzida
pela dieta (TID), gasto energético utilizado em atividades físicas (GEATF) e a energia
gasta para crescimento (GEC). A Figura 1 ilustra os componentes do gasto energético
total na criança e no adolescente.
Fonte: Adaptado de SAMPEI, (1992).
Figura 1 Componentes do Gasto energético: Gasto Energético Basal (GEB), Gasto
Energético de Repouso (GER), Gasto Energético com Atividades Físicas
(GEATF), Termogênese Induzida pela Dieta (TID), Gasto Energético
utilizado para Crescimento (GEC).
No entanto, não tem sido demonstrado que a obesidade na infância e
adolescência é decorrente do aumento do consumo energético. Estudos comparando a
ingestão energética em grupos de crianças e adolescentes obesos e eutróficos não
encontraram diferenças significativas entre os grupos (EPSTEIN et al., 1989;
WILKINSON et al., 1997).
LAESSLE et al. (1997) estudaram a ingestão energética de 19 adolescentes
eutróficos e 19 obesos por meio do registro alimentar por 7 dias. As mães dos
adolescentes e os adolescentes foram instruídos a anotar porções; tipo de preparações
assim como os ingredientes utilizados nas mesmas. Como resultados, eles não
encontraram diferenças no total energético ingerido por obesos e controles. Somente,
como já era esperado, houve uma ingestão maior para meninos que meninas. Esses
efeitos foram independentes da idade. Os autores discutem a possibilidade de
subestimação da ingestão energética pelos adolescentes a exemplo do que ocorre com
adultos, porém, independentemente da ingestão de energia, o gasto com atividades
físicas parece ser o fator mais importante no balanço energético desses adolescentes.
BORROTO et al. (1993), estudaram a ingestão energética de 40 adolescentes
obesos e controles, pareados por sexo, idade e estatura. A metodologia utilizada foi o
GEC
TID (10%)
GEATF (15 20%)
GER
65 75%
GEB
registro alimentar de três dias. Os autores não encontraram diferenças entre os grupos
na média diária de calorias ingeridas. Entretanto, a adequação dessa energia sobre as
recomendações foi significativamente superior para o grupo de obesos. A maior parte
das calorias ingeridas era proveniente de proteínas e gorduras, em contrapartida com os
controles eutróficos, cujo maior percentual provinha de carboidratos. A distribuição das
calorias parece também ser um fator primordial. Os adolescentes obesos apresentaram
maior proporção de calorias ingeridas no período da tarde e menor no desjejum e
colação. Os autores sugeriram que os adolescentes obesos, como grupo, apresentam
características relacionadas à ingestão energética que os diferiram dos controles.
Em relação ao metabolismo basal e à obesidade, não foram encontradas
diferenças significativas no metabolismo basal após ajuste para massa magra e massa
de gordura; entretanto, diferenças têm sido encontradas entre os sexos e as idades
(LAESSLE et al., 1997; MOLNÁR e SCHUTZ, 1997).
MOLNÁR e SCHUTZ (1997) não encontraram diferenças no gasto energético
de acordo com o estágio puberal, quando ajustados para massa de gordura (MG) e
massa magra (MM). Esses autores demonstraram que a massa de gordura pode ser um
importante preditor do gasto energético, principalmente em meninas cujo percentual de
gordura corporal é maior que no sexo masculino. A MG explicou 3,4% da variação no
gasto energético no sexo feminino e apenas 0,9% no masculino. A MM explicou 68,9%
no sexo masculino e 87,4% da variação no sexo feminino.
Estudos longitudinais comparando crianças eutróficas que tinham pais obesos e
eutróficas cujos pais também eram eutróficos, mostraram que as do primeiro grupo
apresentaram Taxa Metabólica Basal (TMB) mais baixa (GRIFFITHS e PAYNE, 1976,
1990). Esses resultados discordam dos encontrados por GORAN et al. (1995), que não
encontraram diferenças significativas no total de energia gasto, na taxa metabólica de
repouso entre crianças filhos de pais obesos e eutróficos.
EPSTEIN et al. (1989), BANDINI et al. (1990), MAFFEIS et al. (1991);
LAESSLE et al. (1997); MOLNÁR e SCHUTZ, (1997), não encontraram diferenças
significativas entre a TMB de adolescentes obesos e eutróficos, após ajuste para o peso
corporal.
EGAH et al. (2001), encontraram valores mais altos para a Taxa Metabólica de
Repouso (TMR) em adolescentes obesos, porém, esses também apresentaram maior
massa magra, sendo que, quando a TMR foi ajustada para massa magra, idade e sexo,
permaneceu alta.
O tempo gasto assistindo TV foi o maior componente do estilo de vida
sedentário relacionado com a obesidade na infância e adolescência (DIETZ e
GORTMAKER, 1985).
Crianças com menos atividade física apresentaram maior risco de obesidade que
as mais ativas (ROBERTS et al., 1988).
DELANY et al. (1995) usaram água duplamente marcada e encontraram gasto
energético semelhante para obesos e eutróficos, e o excesso de peso nas crianças
obesas indicava uma redução na atividade física.
GORAN et al. (1997), avaliando a atividade física relacionada com o gasto
energético e a gordura corporal, encontraram menor tempo gasto com atividades
recreativas em crianças com massa corporal maior (peso), sendo que isto não reflete
diferenças no custo da atividade física total no gasto energético, visto que estas
crianças, por terem peso maior, mesmo com menor tempo de atividade física, gastam
mais energia que os controles eutróficos para realizar as mesmas atividades. O tempo
de atividade física e não o custo por atividade física pode ser o fator mais significante
na manutenção dos estoques de energia corporal.
Dados analisados do NHANES III (National Health and Nutrition Examination
Survey III) revelaram que crianças e adolescentes que passam mais de quatro horas
assistindo a televisão, tiveram maiores valores de pregas cutâneas e IMC. Entretanto, a
relação entre atividade física e IMC não foi significativa, mas a relação entre atividade
sedentária e IMC foi, ressaltando a grande importância da inatividade na etiologia da
obesidade (ANDERSEN et al., 1998).
A obesidade na infância e adolescência pode estar acompanhada das mesmas
alterações metabólicas observadas nos adultos; entre as cardio-respiratórias, estão a
hipertensão arterial e apnéia do sono. Além disso, 80% das crianças e adolescentes
obesos tornam - se adultos obesos, sendo que esta obesidade tem pior prognóstico
(CONSENSO, 1999).
MUST (1996) considerou que a obesidade na infância e adolescência teria risco
em longo e não em curto prazo, pois em curto prazo a mortalidade associada à
obesidade na adolescência é rara. Entretanto, estudos longitudinais demonstraram que o
risco de ser obeso na vida adulta é maior nas crianças e nos adolescentes obesos.
Um estudo que examinou as artérias de crianças, adolescentes e adultos jovens
(idades entre 2 e 39 anos) que morreram acidentalmente e participavam do Bogalusa
Heart Study, que avaliava fatores de risco cardiovascular como IMC, hipertensão
arterial, fumo, e níveis séricos de lipídios, demonstrou forte correlação entre fatores de
risco e comprometimento do tipo arteriosclerótico, com formação de estrias gordurosas
e outras complicações (BERENSON et al., 1992).
SINAIKO et al. (2001), correlacionaram o IMC elevado de crianças e
adolescentes com os níveis plasmáticos de insulina, sendo que a sensibilidade à insulina
foi inversamente relacionada. A insulina plasmática foi também fortemente
correlacionada com a pressão arterial sistólica em ambos os sexos e todos os lipídios
séricos, com exceção do HDL no sexo masculino, e triglicerídeos e HDL no sexo
feminino.
Na puberdade, ocorre a elevação fisiológica dos esteróides sexuais, antes
mesmo do aparecimento das características sexuais externas. Esse aumento é seguido
por um aumento nos níveis do hormônio de crescimento (GH) e também pelo fator de
crescimento insulino mimético tipo 1 (IGF-1). Esses dois hormônios irão agir na
cartilagem óssea promovendo o crescimento do adolescente (CARRASCOSA e
GUSSINYÉ, 1998). Comparando-se adolescentes obesos e eutróficos, foram
encontrados, em adolescentes obesos, níveis de GH menores que nos controles
eutróficos, indicando possível comprometimento no crescimento do adolescente obeso.
O GH estimula a lipólise. Conseqüentemente, decréscimos do níveis de GH podem
contribuir para a manutenção da obesidade (LAESSLE, et al., 1997).
Além do crescente aumento da obesidade na adolescência, alguns trabalhos têm
demonstrado alta prevalência de adolescentes eutróficas, com excesso de gordura
corporal que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas
mesmo com o Índice de Massa Corporal considerado adequado (VIEIRA et al., 2002
a
;
VIEIRA et al., 2002
b
; SAMPEI, 2001).
VIEIRA et al. (2002
b
), em um estudo realizado com estudantes recém-ingressos
em uma universidade brasileira encontraram entre as adolescentes eutróficas 83% com
excesso de gordura corporal, sendo que para o sexo masculino 22,8% dos eutróficos
tinham percentual de gordura considerado elevado (>25% e > 20% para os sexos
feminino e masculino, respectivamente), o que demonstra a importância e magnitude
do problema.
Em estudo piloto com adolescentes do sexo feminino, 34% das adolescentes
avaliadas apresentaram alto percentual de gordura corporal, quando aferido pela
impedância bioelétrica (VIEIRA et al., 2002
a
).
Por ser a obesidade uma doença de difícil tratamento, a atenção, em nível
primário, evitaria o seu surgimento já na infância e adolescência, podendo diminuir os
riscos de obesidade na vida adulta. Em nível secundário, pode impedir a evolução dos
casos já diagnosticados, sendo de fundamental importância, já que o tratamento nessa
fase apresenta melhor prognóstico que na vida adulta (VEIGA et al., 2000).
O tratamento deve visar principalmente à reeducação alimentar e o aumento do
tempo gasto em atividades físicas (VEIGA et al., 2000). A abordagem de uma equipe
multidisciplinar é de fundamental importância para o sucesso do tratamento, visto a
intensidade de fatores que influenciam no estado nutricional nessa faixa etária.
Importante lembrar que, por se tratar de um período de crescimento, não devem ser
feitas restrições calóricas que possam afetá-lo. A perda de peso gradual ou a
diminuição da velocidade de ganho de peso seria o mais recomendável, pois seria
proveniente de mudanças no estilo de vida, que poderão ser mantidas para o resto da
vida (JACOBSON, 1998; VILLAR et al., 2002).
2.3. HÁBITOS ALIMENTARES
Os hábitos alimentares não são predeterminados somente pela disponibilidade
natural ou tecnológica dos alimentos em um dado espaço geográfico mas também por
padrões sociais e culturais herdados. A imitação de padrões de classes sociais ou grupo
de referência tem um forte poder de motivação (GRAMACHO, 1998).
Em adolescentes, os hábitos alimentares sofrem influências de fatores externos
e internos. Entre os internos, pode-se citar a formação dos hábitos alimentares que
ocorre desde a infância, as preferências e aversões, as experiências vividas com aqueles
alimentos, as necessidades nutricionais aumentadas devido ao estirão e a presença de
enfermidades. Entre os externos, estão a influência dos amigos, companhia às refeições,
dinheiro gasto com alimentos, refeições feitas fora de casa, nível de independência
social e influência da mídia (JACOBSON, 1998).
ANTA et al. (1996) citam a possibilidade dos adolescentes terem dietas
inadequadas e por conseguinte que estas sejam uma das causas que possam contribuir
para prejudicar-lhes a saúde. Os autores não observaram diferenças na ingestão
energética de adolescentes eutróficas e com sobrepeso, porém, a contribuição de
gorduras no total calórico é superior e o de carboidratos inferior nas adolescentes com
sobrepeso, comparado às eutróficas. As com sobrepeso tiveram ingestões mais altas de
colesterol, cálcio e vitamina D que as eutróficas.
Além disso, a adolescência é um período em que as necessidades nutricionais
estão aumentadas, dado o rápido crescimento com desenvolvimento muscular e
esquelético, tendo a nutrição um papel importante no processo de desenvolvimento do
adolescente (ALBANO e SOUZA, 2001).
Os adolescentes representam um grupo especialmente vulnerável do ponto de
vista nutricional, cujas alterações podem ser oriundas de hábitos alimentares
inadequados, que venham constituir fatores de risco para o desenvolvimento de
doenças crônicas na vida adulta. Entretanto, a infância e adolescência são as melhores
fases para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis, pois a aprendizagem
inconsciente e a formação de atitudes ocorrem, fundamentalmente, nesta etapa da vida
(MOREIRAS e GARBAJAL, 1992)
ORTEGA et al. (1995), verificando a influência do tempo gasto assistindo a
TV com hábitos alimentares, concluíram que adolescentes que assistem TV por mais
tempo tiveram suas dietas mais desequilibradas que aqueles que ficavam menos horas
em frente da televisão.
PRIORE (1998), estudando adolescentes de escolas públicas de São Paulo,
constatou que a ingestão calórica era inferior à recomendada para adolescentes de 12 a
18 anos, sendo que na faixa etária de 16 a 18 não houve diferença estatisticamente
significativa. No sexo masculino, a ingestão calórica não foi estatisticamente diferente
dos 12-14 e dos 16 aos 18 anos. Para a ingestão de proteína em ambos os sexos e em
todas as faixas etárias, a ingestão foi superior ao recomendado.
PERL et al. (1998) estudaram as preferências alimentares de adolescentes, não
encontrando diferenças significativas entre os eutróficos e os obesos. Porém, sempre
houve preferência por doces (chocolates, biscoitos, sorvetes), carne e derivados de
cereais, sendo que os eutróficos do sexo masculino apresentaram índices hedônicos de
preferência maiores para os doces que os obesos. Os dois grupos tiveram uma alta
escala hedônica para frutas e baixa para hortaliças, peixe e produtos ricos em gordura
como manteiga, maionese e bacon. Os autores citaram a mídia e seu culto à magreza,
com a forte ligação de alimentos ao ganho de peso, ou aqueles que são benéficos à
saúde, fazendo com que muitas vezes os adolescentes respondessem criando vieses nas
suas verdadeiras preferências.
LAESSLE et al. (1997) não verificaram diferenças entre a ingestão energética
relatada entre adolescentes obesos e eutróficos, havendo diferenças significativas
(p<0,04) entre os sexos. O masculino apresentou maior ingestão que o feminino. Os
autores citam que, apesar de já terem sido validadas, as técnicas utilizadas neste
trabalho para obter a ingestão, os indivíduos obesos tendem a subestimar sua ingestão
energética.
Além da necessidade maior de energia na adolescência que em outras fases da
vida, a necessidade de proteínas é determinada de acordo com a quantidade necessária
para a manutenção das funções normais do organismo e para a formação dos novos
tecidos (FAO/OMS/UNU, 1985, IOM, 2002
a
).
Entre os minerais, ressalta-se a importância do cálcio e ferro na adolescência. O
balanço positivo de cálcio é necessário para o crescimento ósseo, até que o pico da
massa óssea seja atingido. Não se sabe ao certo em qual período tem-se a finalização
desse pico, mas, acredita-se que ela não ocorra antes dos 25 anos de idade. O ferro é
necessário não somente para manter as concentrações de hemoglobina, mas também
pelo aumento da quantidade total de ferro corporal que ocorre com o crescimento
(ALBANO e SOUZA, 2001).
A vitamina C tem papel primordial no crescimento e no aumento da
biodisponiblidade do ferro não-heme, uma vez que a absorção deste tipo de ferro é
aumentada na presença de vitamina C (SAITO, 1985).
Entre os vários métodos para se obter informações sobre a ingestão alimentar de
indivíduos, o método recordatório 24-horas é considerado válido para estimar a
ingestão energética e protéica de adolescentes, principalmente quando o objetivo do
estudo é comparar as médias de ingestão entre os grupos (GREGER e ETNYRE, 1978;
BUZZARD, 1998; ALBANO e SOUZA, 2001).
JACOBSON (1998) relata que o recordatório das últimas 24 horas fornece uma
boa estimativa da ingestão energética de adolescentes, tem a vantagem de ser simples,
mas não oferece informações sobre a variedade entre os dias, depende da capacidade de
recordar do interrogado e da habilidade do avaliador. O autor relata ainda que a
complementação do recordatório por uma verificação da freqüência de consumo de
alimentos resolve alguns desses problemas .
2.4. JUSTIFICATIVA
A adolescência é um período importante para diagnosticar as alterações do
estado nutricional, pois a detecção precoce de distúrbios alimentares pode tornar mais
eficientes as intervenções mediante orientações dietéticas e incremento da atividade
física. Essas intervenções apresentam implicações não somente para o momento
presente, mas também para as eventuais conseqüências advindas do excesso ou déficit
de peso e nutrientes na vida adulta (GUEDES e GUEDES 1998).
A adolescência é considerada um dos períodos críticos para o desenvolvimento
da obesidade. Alguns trabalhos vêm demonstrando altas prevalências de adolescentes
com excesso de gordura corporal com índices de peso para estatura considerados
normais (IMC), principalmente no sexo feminino.
O excesso de gordura corporal é um fator de risco para o desenvolvimento de
doenças crônico-degenerativas, o que pode trazer prejuízos a saúde atual e futura das
jovens.
A menarca é um marcador do desenvolvimento puberal da adolescente de fácil
acesso, demonstrando que a adolescente já passou pelo estirão de crescimento, ou seja,
já sofreu as alterações corporais fisiológicas dessa faixa etária.
Prentende-se, portanto investigar as características socioculturais, nutricionais e
os hábitos de vida de adolescentes eutróficas do município de Viçosa-MG, que já
apresentaram a menarca há pelo menos um ano. Assim, a associação desses fatores com
a porcentagem de gordura corporal elevada será de fundamental importância para a
elaboração de campanhas de esclarecimento à população, evitando que adolescentes
com alto percentual de gordura permaneçam desta forma, tendo maiores chances de
desenvolverem doenças crônico-degenerativas na vida adulta.
2.5.OBJETIVOS
Geral
Estudar variáveis socioculturais, nutricionais e hábitos de vida de adolescentes
eutróficas com gordura corporal elevada, em Viçosa - MG.
Específicos
Verificar a associação de variáveis biológicas, educacionais e comportamentais
com a porcentagem de gordura corporal.
Verificar as diferenças antropométricas existentes em adolescentes eutróficas com
elevado percentual de gordura corporal.
Avaliar a história familiar das adolescentes estudadas.
Estudar a relação entre o gasto energético e a composição corporal.
Verificar a associação entre a composição da dieta, hábitos alimentares e a
composição corporal.
Estabelecer um modelo de risco para o alto percentual de gordura corporal em
adolescentes do sexo feminino.
3. CASUÍSTICA E METODOLOGIA
3.1. CASUÍSTICA
Este baseia-se em um estudo tipo transversal em que foram avaliadas 560
adolescentes, sendo que destas, 120 entraram para compor a amostra e foram divididas
em dois grupos (Estudo e Controle).
A amostra foi calculada pelo software Epi Info 6.04, sendo o universo amostral
de 4.507 adolescentes, determinando-se a freqüência esperada do evento na população
de 25%, com uma variabilidade nessa freqüência de 10%, com base em estudo piloto
realizado nas escolas públicas de Viçosa (VIEIRA, et al. 2002
a
), sendo o tamanho
amostral resultante de 55, ou seja, aproximadamente 60 indivíduos por grupo.
Foi realizado na cidade de Viçosa, situada na Zona da Mata de Minas Gerais
que apresenta uma população total de 64.854 habitantes, segundo dados do Censo,
2000 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e uma população de adolescentes
entre 10 e 19 anos de 13.752 sendo que, destes, 4.507, (32,77%) correspondiam à faixa
etária e ao sexo em estudo.
Para a adolescente ser incluída no estudo, os dados da porcentagem de gordura
corporal tinham de coincidir com a faixa de classificação pelos dois métodos
(Quadro1).
Quadro 1 Padronização da seleção das adolescentes pelos métodos de determinação
da composição corporal
% de gordura corporal Tanita
das PCTs
Situação
20-25% Sim Sim Grupo controle
20-25% Sim Não Dado descartado
20-25% Não Sim Dado descartado
> 30% Sim Sim Grupo de Estudo
> 30% Sim Não Dado descartado
> 30% Não Sim Dado descartado
das PCTs = Porcentagem de gordura pelo somatório das quatro pregas cutâneas
Ø Grupo controle - Porcentagem de gordura > 20 e < 25% considerado
normal para o sexo feminino (LOHMAN, 1992; SIGULEM et al., 1995) e o Índice
de Massa Corporal na faixa de normalidade para idade e sexo (WHO, 1995).
Ø Grupo de estudo Porcentagem de gordura maior ou igual a 30%,
considerado como sobrepeso para o sexo feminino (LOHMAN, 1992) e o Índice de
Massa Corporal na faixa de normalidade para idade e sexo (WHO, 1995).
Houve diferença estatisticamente significante (p < 0,001) entre os valores de
porcentagem de gordura corporal entre os grupos (ANEXO I).
As adolescentes que compuseram a amostra pertenciam à rede pública estadual
de ensino, sendo provenientes de quatro escolas da região urbana do município
(estaduais e municipais), nos três turnos (manhã, tarde e noite). As escolas foram
escolhidas ao acaso e também pela disponibilidade demonstrada por seus dirigentes em
concordar com a realização do estudo.
Todas as escolas receberam um relatório parcial, contendo o número de
adolescentes com distúrbios nutricionais, e estas, mesmo não fazendo parte do estudo,
eram encaminhadas para atendimento individual no Programa de Atenção a Saúde do
Adolescente (PROASA).
Como critério de inclusão, a adolescente deveria estar na faixa etária de 14 e 19
anos, já ter apresentado a menarca há pelo menos um ano (COLLI, 1988) não estar
usando medicamentos, não ser portadora de enfermidade crônica, e nunca ter
engravidado ou estar grávida.
No dia da triagem, a adolescente não poderia estar menstruada, ter feito
exercício físico extenuante há menos de 10 horas ou consumido bebida alcoólica há
menos de 12 horas, pois esses fatores afetam a hidratação corporal, interferindo assim
na passagem da corrente elétrica e alterando os dados aferidos pela impedância
bioelétrica bipedal (HEITMANN, 1994; FREEDMAN e PERRY, 2000)
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
Após contato inicial com os diretores das escolas e autorização destes para que
o trabalho fosse realizado com as estudantes nas dependências da instituição, fez-se
uma triagem inicial (ANEXO II), quando eram aferidos o peso, a estatura e a
porcentagem de gordura corporal. As adolescentes que atenderam os critérios de
seleção e concordaram em participar do estudo foram submetidas ao restante da
avaliação antropométrica, aplicação do inquérito sobre os fatores de risco (ANEXO III)
e registro de atividades físicas (ANEXO IV). Foi sorteada uma subamostra corresponde
a 20% de cada grupo estudado para a realização do metabolismo basal (ANEXO V).
Todas as adolescentes maiores de 18 anos assinaram um termo de
consentimento e às menores foi solicitada autorização por escrito dos pais ou
responsáveis (ANEXO VI).
As adolescentes tinham total liberdade de se recusar a participar do estudo,
assim como de se retirar dele em qualquer etapa deste, sem qualquer prejuízo ou ônus à
sua pessoa.
Das adolescentes que poderiam fazer parte do estudo, 4 (quatro) se recusaram a
participar e foram substituídas por outras, a fim de se completar a amostra calculada.
Todas as medidas antropométricas e inquéritos foram realizados pela autora
deste trabalho. A entrevista e aferição de medidas duravam em torno de 30 a 40
minutos para cada adolescente.
3.3. FATORES BIOLÓGICOS, EDUCACIONAIS E COMPORTAMENTAIS DAS
ADOLESCENTES ESTUDADAS (ANEXO II E III)
As variáveis biológicas estudadas foram a idade, idade da menarca, etnia
informada, peso ao nascer, aleitamento materno, tempo de aleitamento e enfermidades
ocorridas no último ano.
As variáveis educacionais foram a série e o período de estudo.
Entre as comportamentais, estão o uso de dieta de emagrecimento, consumo de
cigarros e bebidas alcoólicas (freqüência, e tipo).
Na história familiar, estão: presença de familiares com doenças crônico-
degenerativas como obesidade, diabetes, hipertensão e alterações da tireóide.
O nível de renda não foi analisado. Pela seleção das escolas da rede pública,
padronizou-se pela baixa renda para todas as adolescentes.
Idade cronológica e idade da menarca
Perguntou-se à adolescente na entrevista sobre a data de nascimento, e com ela
calculou-se quantos anos ela tinha no dia da entrevista e com quantos anos ela ficou
menstruada pela primeira vez.
Etnia
Perguntou-se na entrevista em qual etnia a adolescente se classificava: branca,
negra, parda ou amarela, sendo, posteriormente, categorizadas como brancas e não
brancas.
Peso ao nascer e aleitamento materno
A adolescente levou essas perguntas juntamente com o registro de atividade
física para casa e confirmou com sua mãe o peso ao nascer e o tempo de aleitamento
materno, sendo que não foi possível saber se esse aleitamento foi exclusivo ou não,
pois muitas mães não se recordavam. Sempre que possível foi confirmado com
documentos (cartão de vacina) o peso ao nascer da adolescente.
Dieta para emagrecer
A adolescente foi questionada se havia participado ou se participava de algum
programa de controle de peso ou se fazia dieta para emagrecer. Caso a resposta fosse
positiva, questionava-se se a dieta era orientada por profissionais especializados ou não
e o tempo em que a adolescente fazia a dieta.
Consumo de fumo e de bebidas alcoólicas
Questionou-se se a adolescente era fumante ou não. Em relação às bebidas
alcoólicas, foi questionado se a adolescente consumia alguma bebida alcoólica e, caso a
resposta fosse positiva, perguntava-se o tipo de bebida mais consumida e a freqüência
(semanal, mensal ou anual).
Enfermidades ocorridas no último ano
Verificou-se se a adolescente se lembrava de haver contraído alguma
enfermidade nos últimos doze meses. Caso a resposta fosse positiva, perguntava-se
qual enfermidade.
Enfermidades crônicas degenerativas nos familiares
Perguntou-se se pais, irmãos ou avós vivos ou falecidos tinham ou tiveram
obesidade, hipertensão, diabetes, alterações da tireóide ou problemas cardiovasculares,
sendo, posteriormente, categorizado em cada uma das doenças e também na presença
de pelo menos uma doença (presença de doença crônica).
Série e período de estudo
A adolescente foi questionada sobre qual série cursava e em qual período do
dia estudava.
3.4. ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL
3.4.1. Peso
Foi obtido pela balança Tanita
Tanita Body Fat Monitor Scale (modelo TBF
531, Tanita Corporation of America, Illinois) que têm capacidade máxima de 150kg e
subdivisão em 100g. As técnicas utilizadas foram as propostas por JELLIFFE (1968).
3.4.2. Estatura
Foi determinada, utilizando-se antropômetro vertical milimetrado, com escala
de 0,1 cm e extensão de 2 metros. As técnicas utilizadas foram as propostas por
JELLIFFE (1968).
3.4.3. Composição Corporal
A porcentagem de gordura corporal (%GC) foi determinada pelos métodos:
- bioimpedância vertical, utilizando-se o instrumento de BIA Tanita Body Fat
Monitor Scale - modelo TBF 531, Tanita Corporation of America, Illinois -
(VEIGA et al., 2000; PIMENTA, 2000; SAMPEI, 2001; WAHRLICH e ANJOS,
2001);
- somatório das quatro pregas cutâneas, (tricipital, biciptal, subescapular e
suprailíaca), sendo que o critério de avaliação foi o proposto por DURNIN e
RHAMAMAN (1967) para as adolescentes de 14 a 16 anos e segundo DURNIN e
WOMERSLEY (1974) para as maiores de 16 anos.
O quadro 2 ilustra a classificação da porcentagem de gordura corporal de acordo
com as referências utilizadas.
Quadro 2. Classificação da porcentagem de gordura corporal para adolescentes do
sexo feminino
Classificação
% de gordura corporal
SIGULEM et al. (1995) LOHMAN (1992)
< 15% Baixa -
15 e < 25%
Adequada -
25 e < 30%
Alta Risco de sobrepeso
30%
Alta Sobrepeso
Utilizou-se um algodão embebido em álcool (70%) para limpeza do aparelho,
como cuidado de higiene (SAMPEI, 2001).
3.4.4. Índice de Massa Corporal (IMC)
Foi calculado pela relação do peso (kg) por estatura ao quadrado (m
2
),
adotando como pontos de corte para classificar o estado nutricional das adolescentes os
preconizados pela WHO (1995), sendo considerados na faixa de normalidade valores
que estivessem acima ou iguais ao Percentil 5 e abaixo do Percentil 85, para sexo e
idade. (Quadro 3)
Quadro 3 - Pontos de corte para avaliação do estado nutricional do adolescente:
Indicador Variável Antopométrica Pontos de Corte
IMC baixo para idade IMC para idade < p5
Risco de sobrepeso IMC para idade
> p 85
Fonte: WHO, 1995.
3.4.5. Índice de Massa Corporal de Gordura (IMCG) e Índice de Massa Corporal
Livre de Gordura (IMCLG)
Foram utilizados os índices derivados do Índice de Massa Corporal, a fim de
corrigir a massa de gordura e a massa magra pela estatura, e melhor avaliar a massa de
gordura e a massa magra.
Os índices IMCG e IMCLG foram calculados a partir dos resultados, em
quilogramas de gordura corporal e massa livre de gordura, respectivamente, obtidos
pela bioimpedância vertical em relação à estatura ao quadrado (PRIORE, 1994,
SIGULEM et al., 1995; PRIORE, 1998; SAMPEI, 2001).
3.4.6. Pregas cutâneas
As aferições das pregas cutâneas tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca
foram verificadas no lado direito do corpo, pela autora, sendo cada uma verificada três
vezes não consecutivamente, seguindo-se a ordem citada, utilizando-se o equipamento
Lange Skinfold Caliper, que exerce pressão constante de 10g/mm
2
e tem precisão de 1
mm. (FRISANCHO, 1981; PRIORE, 1994; PRIORE, 1998).
As medidas das pregas cutâneas foram obtidas segundo as técnicas propostas
por CAMERON (1984).
Para o cálculo do somatório das quatro pregas (tricipital, bicipital subescapular
e suprailíaca), trabalhou-se com a média dos três resultados obtidos. Caso houvesse
divergência entre os três valores encontrados, superiores a 2 mm, a aferição era repetida
(BLACKBURN e THORTON, 1979).
Foram consideradas como pregas cutâneas de extremidades ou periféricas, a
tricipital e a bicipital, e como centrais, a subescapular e a suprailíaca (PRIORE, 1998).
3.4.7. Gordura central (GC) e Gordura Periférica (GP)
Foram calculadas a partir do somatório das pregas subescapular e suprailíaca
(gordura central) e bicipital e tricipital (periférica) (GUEDES e GUEDES, 1997;
PRIORE, 1998; BARBOSA e PRIORE, 2002).
3.4.7.1 Relação entre a Gordura Central/Periférica (GC/GP)
Foi obtida, dividindo-se a gordura central (GC) pela gordura Periférica (GP)
(BARBOSA e PRIORE, 2002).
3.4.8. Circunferência Braquial
Foi aferida utilizando-se fita métrica flexível e inelástica com a adolescente em
pé, com o braço fletido a 90º e, com a fita, mediu-se a distância entre o acrômio da
escápula e o olécrano da ulna, marcou-se o ponto médio entre os dois pontos citados
acima. Nesse ponto médio, o braço foi circundado, fazendo-se a leitura (CAMERON,
1984).
3.4.9. Gordura em quilogramas (Gord kg)
A partir dos dados obtidos pela impedância bioelétrica Tanita (porcentagem de
gordura corporal) e do peso da adolescente, foi calculada a gordura em quilogramas das
adolescentes (SAMPEI, 2001)
3.4.10. Massa magra em quilogramas (MM kg)
Foi obtida, subtraindo-se do peso total a gordura em quilogramas encontrada
para as adolescentes (SAMPEI, 2001).
3.4.11. Circunferência da Cintura (Cintura)
Foi aferida, utilizando-se fita métrica flexível e inelástica com a adolescente em pé
a mínima respiração, sendo a medida feita entre a menor circunferência entre a crista
ilíaca e a última costela (GILIUM, 1999; TAYLOR et al., 2000).
3.4.12. Circunferência do Quadril (Quadril)
Foi aferida, utilizando-se fita métrica flexível e inelástica com a adolescente em
pé, utilizando na maior proeminência das nádegas (GILIUM, 1999).
3.4.13. Relação cintura/quadril (RCQ)
Foi obtida através da divisão entre a circunferência da cintura pela
circunferência do quadril (GILIUM, 1999; TAYLOR et al., 2000).
3.4.14. Comprimento da perna (CP)
A estatura sentada foi aferida, utilizando-se um banco de altura conhecida. A
adolescente sentava-se ereta sobre o banco que era colocado debaixo do antropômetro,
era feita a leitura no milímetro mais próximo e descontada a altura do banco. O
comprimento da perna (CP) foi calculado como a diferença entre a estatura total e a
estatura sentada (SAMPEI, 2001).
CP = Estatura total (ET) Estatura Sentada (ES).
3.5. Atividade física (ANEXO IV)
Para determinação da atividade física foi realizado o registro de 24 horas e
convertido em gasto calórico total com atividades, custo energético por grupo de
atividades e tempo de gasto por grupo de atividades (BOUCHARD et al., 1983).
3.5.1 Gasto Energético total e gasto energético por níveis de atividade física
Para determinação do gasto energético total e do gasto energético por níveis de
atividade física, foram utilizados os dados do registro de atividade física multiplicados
pelo fator correspondente a cada nível de atividade e também pelo peso da adolescente
(BOUCHARD et al., 1983), encontrando-se, assim, o gasto calórico em cada nível de
atividade. Posteriormente, foi feito o somatório dos gastos calóricos, encontrando-se o
gasto calórico total.
O cálculo foi feito pela equação:
Total Calórico = (Peso x Fator
n
x ATF
n
), onde:
Peso = peso da adolescente;
Fator
n
= gasto calórico da atividade desenvolvida; e
ATF
n
= número de vezes que desenvolveu atividade.
3.6. Metabolismo basal (ANEXO V)
A determinação do gasto energético basal, foi realizada por calorimetria
indireta, por meio do monitor metabólico Deltatrac II
(MOLNÁR e SCHUTZ 1997;
BITTAR et al., 1999; ROSADO, 1999; WAHRLICH e ANJOS, 2001).
No momento dessa avaliação, as adolescentes estavam em jejum de 12 horas,
não tinham feito exercício físico extenuante nas últimas 24 horas, não tinham
consumido bebidas alcoólicas, e não faziam uso de medicamentos ou suplementos
alimentares.
Elas seguiram um protocolo de três dias, que lhes foi anteriormente esclarecido
(ANEXO V).
O metabolismo basal foi posteriormente corrigido pelo peso corporal e
denominado taxa metabólica basal. Foi também corrigido pela gordura em quilogramas
(Metabolismo MG) e pela massa magra em quilogramas (Metabolismo MM).
3.7. Composição da dieta e hábitos alimentares
Foi feita uma anamnese alimentar, que incluía a composição da dieta, os hábitos
alimentares, o número e o tipo de refeições realizadas, as preferências e aversões, o
consumo de alimentos no lanche escolar, e o uso de produtos diet/light ou desnatados.
3.7.1.Composição da dieta
Para avaliar a composição da dieta, realizou-se o inquérito recordatório de 24
horas (GREGER e ETNYRE, 1978).
Para análise dos dados, foi utilizado o software Dietpro
3.0. Foram verificados
o valor energético total (VET) ingerido, a quantidade de proteínas (g), carboidratos (g),
lipídios (g), fibras (g), cálcio (mg), ferro (mg), vitamina A (ug de retinol) e vitamina C
(mg).
Avaliou-se a ingestão de energia, fibras, macronutrientes (carboidratos, lipídios,
proteínas) e micronutrientes (cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C).
A adequação da ingestão em gramas de carboidratos e lipídios foi calculada
com base nas necessidades médias estimadas, de acordo com as recomendações do
Institute of Medicine/ Food and Nutrition Board (INSTITUTE, 2002
a
).
A adequação da ingestão de proteínas foi calculada com base na necessidade
média estimada (EAR), de acordo com as recomendações do Institute of Medicine/
Food and Nutrition Board (2002) que preconiza 0,71 g/kg de peso/dia. Utilizou-se para
cálculo da EAR total o peso mediano encontrado para cada grupo (INSTITUTE,
2002
a
).
A adequação da ingestão de energia foi feita segundo as recomendações do
National Research Council/Recommended Dietary Allowances (NRC/RDA, 1989).
A adequação da contribuição dos macronutrientes em porcentagem do valor
energético total foi calculada com base nas Faixas de Distribuição Aceitável de
Macronutrientes (ADMR) do Institute of Medicine/ Food and Nutrition Board (2002), e
também pelos valores propostos para a população brasileira pela Sociedade Brasileira
de Alimentação e Nutrição (SBAN) (VANNUCCHI et al., 1990).
A adequação da ingestão dos micronutrientes e fibra foram calculados com base
nas Ingestões Dietéticas de Referência (DRIs) do Institute of Medicine/ Food and
Nutrition Board (2000 e 2002), considerando-se a Necessidade Média Estimada (EAR)
como ponto de corte, exceto para o Cálcio e Fibras que foram avaliados tendo-se como
parâmetro de comparação a Ingestão Adequada (AI), (INSTITUTE, 2000).
Utilizou-se a metodologia de ingestão de nutrientes para os grupos, de acordo
com as preconizações do Institute of Medicine/ Food and Nutrition Board
(INSTITUTE, 2001).
3.7.2.Hábitos alimentares
O Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar (QFCA) tem sido
utilizado para verificar o consumo de grupos de adolescentes, fornecendo valores
bastante acurados sobre a média ingerida (PERKS et al., 2000) Neste estudo, utilizou-
se o QFCA para acessar o consumo de alimentos caracterizados como parte dos hábitos
alimentares das adolescentes.
3.7.3.Número de refeições e omissão do desjejum
A adolescente respondeu sobre quais refeições realizava e com as respostas foi
contabilizado o número de refeições e a omissão destas.
3.7.4.Substituição do jantar por lanche
A adolescente foi questionada se no horário do dia correspondente ao jantar ela
fazia uma refeição semelhante ao almoço, ou se substituía essa refeição por um lanche,
sendo este considerado qualquer coisa que não fosse uma refeição semelhante ao
almoço.
3.7.5.Preferências e aversões
As adolescentes foram interrogadas, quanto às aversões e preferências
alimentares, citando cinco alimentos sólidos e três líquidos de sua preferência.
3.7.6.Lanche escolar
Foram investigados os tipos de alimentos consumidos na escola no horário do
intervalo.
3.7.8.Uso de produtos diet/ light, ou desnatados.
Foi investigado se as adolescentes faziam uso de alimentos diet/light, ou
desnatados, sendo considerada a resposta positiva como o uso de qualquer produto e
posteriormente analisados os tipos de produtos citados.
3.8.Fatores de risco
Os fatores de risco que apresentaram diferenças significativas foram analisados
pela Odds Ratio, através do número de respostas afirmativas e negativas. São eles :
1. Obesidade na infância.
2. Consumo de bebidas alcoólicas.
3. Consumo de Vinho.
4. Omissão do desjejum.
5. Uso de produtos diet/light ou desnatados.
6. Uso de Adoçantes .
7. Consumo de Proteínas > 12% do VET.
Para outros fatores, utilizou-se o corte abaixo da mediana.
1. Idade da menarca < 12 anos.
2. Baixo consumo de carboidratos (g).
3.9.Software’s
Para composição do texto, foi utilizado o editor de texto WORD FOR
WINDOWS.
A composição da dieta em macronutrientes (calorias, lipídios, proteínas e
carboidratos) e micronutrientes, assim como a distribuição energética, foi calculada por
meio do software DIETPRO
3.0.
Para formatação, gerenciamento do banco de dados e parte da análise estatística
foi utilizado o programa EPI INFO 6.04.
O programa SIGMA Stat for Windows foi utilizado para concluir a análise
estatística.
3.10.Análise estatística
Para avaliar a homogeneidade da amostra foi utilizado o teste de Barlett’s. Se a
variável apresentava distribuição normal, ou seja p > 0,05, eram utilizados testes
paramétricos; caso contrário, trabalhou-se com o teste não paramétrico apropriado para
cada caso.
O Teste t de Student (t), para duas amostras independentes (SOKAL e RHOLF,
1969), foi utilizado para comparar:
Idade.
Idade da menarca.
Peso ao nascer.
Estatura e circunferência do quadril.
O Teste de Mann Whitney (U) (SIGEL, 1975), para duas amostras
independentes, foi utilizado no caso de variáveis que não atenderam as exigências dos
testes paramétricos.
Foi utilizado para comparar:
Medidas antropométricas como: peso, comprimento de perna, circunferência da
cintura, perímetro braquial, pregas cutâneas, porcentagem de gordura corporal,
gordura periférica e central .
Índice de Massa Corporal .
Índice de Massa Corporal de Gordura e Índice de Massa Corporal Livre de gordura.
Gordura corporal e massa magra.
Consumo de macro e micronutrientes.
Atividade física e custo calórico por atividade física.
Metabolismo basal, Taxa metabólica basal.
Tempo de aleitamento materno.
Teste do Qui-quadrado (χ
2
), entre o grupo de estudo e o controle, para verificar a
associação entre as variáveis independentes (EMERSON e COLDITZ, 1983):
Aleitamento materno, e fracionamento do tempo de aleitamento materno.
Uso de dieta para emagrecer.
Etnia informada.
Enfermidades crônico e,ou, degenerativas dos familiares (exceto alterações da
tireóide).
Consumo de bebidas alcoólicas, periodicidade e tipo de bebida consumida.
Número de refeições.
Substituição do jantar por lanche.
Preferências e recusas alimentares.
Alimentos consumidos no lanche escolar.
Consumo de alimentos diet/light ou desnatados.
Inadequação da ingestão de nutrientes.
Freqüência de consumo alimentar.
Teste de Fischer (χ
f
2
), para verificar a associação entre as variáveis independentes,
quando a freqüência esperada era inferior a 5:
Omissão do desjejum
Hábito de fumar
Consumo de alimentos diet/light ou desnatados
Enfermidades crônico e,ou, degenerativas dos familiares (alterações da tireóide).
Correção de Yates.
Correção feita ao teste do Qui-quadrado, quando a freqüência esperada for
muito baixa, com números fracionados ou iguais a zero. Foi utilizado para comparar:
Número de refeições;
Recusa de Alimentos; e
Freqüência de consumo alimentar.
A análise dos fatores de risco para a alta porcentagem de gordura corporal foi
calculada, sendo que, para cada fator em questão, calculou-se a Razão de Chances ou
“Odds Ratio” (OR), e os respectivos Intervalos de Confiança.
Média (ΧΧ) e desvio padrão (DP) e medianas de todas as variáveis paramétricas também
são apresentadas, apesar da característica de cada teste. Optou-se por fornecer essa
informação para possibilitar melhor compreensão dos resultados.
O nível de rejeição fixado em todos os testes foi sempre menor que 0,05 ou 5%.
Quando a estatística calculada apresentou valor significante, foi utilizado um
asterisco
(*)
para caracterizá-la.
3.11. Ética
O projeto foi aprovado pelo “Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
da Universidade Federal de Viçosa”, em 09 de abril de 2003, em conformidade com a
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde. (ANEXO
VII).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Fatores biológicos, educacionais e comportamentais das adolescentes
estudadas
Conforme descrito na metodologia, foram avaliadas 120 adolescentes, divididas
em dois grupos: de estudo e o controle, todas com pelo menos um ano após a menarca,
com idade entre 14 e 19 anos e que estudavam na rede pública estadual ou municipal de
Viçosa/MG.
Na Tabela 1, observa-se a média, o desvio padrão (DP) e a mediana da idade
(em anos) para as adolescentes de ambos os grupos estudados.
Tabela 1- Idade cronológica em anos (média, desvio padrão e mediana) de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de
Viçosa MG
Idade (anos)
Grupo de estudo Grupo controle Total
Média ± DP 16,00 ± 1,37 15,98 ± 1,49 15,95 ± 1,43
Mediana 16,00 16,00 16,00
Total 60 60 120
DP = Desvio Padrão Teste t de Student valor calculado = 0,062 p= 0,948
Analisando-se a idade média entre o grupo de estudo e o controle, observa-se
que não houve diferença estatisticamente significativa (p=0,948), garantindo, assim, a
homogeneidade do grupo em relação à idade cronológica.
Na Tabela 2 são apresentados, e posteriormente discutidos, dados referentes à
escolaridade e ao período de estudo, ou seja, se as adolescentes cursavam o ensino
fundamental ou médio, e o período do dia em que freqüentavam a escola.
Tabela 2 Perfil acadêmico de adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14
e 19 anos, do município de Viçosa MG
Grupo
de estudo
Grupo
controle
Total das
Adolescentes
Ensino n % n % n %
Ensino
Fundamental
10 16,70 19 31,70 29 24,16
Ensino Médio 50 83,30 41 68,30 91 75,84
Total 60 100 60 100 120 100
Período
Matutino 47 78,30 43 71,70 90 75,00
Vespertino 10 16,70 13 21,70 23 19,20
Noturno 3 5,00 4 6,60 7 5,80
Total 60 100 60 100 120 100
Observou-se que a maioria das estudantes, independente do grupo, cursava o
ensino médio, ou seja, possuíam no mínimo 8 anos de estudo, entretanto, 24,16% ainda
se encontram no ensino fundamental, apesar da faixa etária. Segundo dados do IBGE
(1998), a média de escolaridade para os adolescentes brasileiros de 14 a 19 anos vai de
5,6 a 7,8 anos de estudo (respectivamente). As adolescentes deste estudo demonstraram
escolaridade superior à encontrada pelo IBGE, porém, não foi objetivo deste estudo
verificar a adequação da idade cronológica à escolaridade (traduzida em anos de
estudo).
Em relação ao período do dia em que estudavam, observou-se comportamento
semelhante em ambos os grupos, ou seja, levando-se em consideração o grupo ou não,
a maioria das adolescentes freqüentava o período diurno.
A tabela 3 apresenta os valores da idade da menarca em anos, dos dois grupos
de adolescentes, sendo que houve diferença estatisticamente significativa (p=0,002)
entre os dois grupos, sendo a idade média menor para o grupo de estudo.
Tabela 3 - Idade da menarca (média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo)
de adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município
de Viçosa-MG
Idade da menarca (anos)
Grupo de estudo Grupo controle
Média ± DP 12,16 ± 1,01 12,80 ± 1,23*
Mediana 12,00 13,00
Mínimo 11,00 10,00
Máximo 14,00 16,00
DP = Desvio Padrão Teste t de Student valor calculado = 3,07 p= 0,002*
O crescimento normal é um processo harmônico que se dá em um determinado
tempo, até o alcance da maturação. No caso do sexo feminino, o indicador de
maturação sexual mais comumente utilizado é a idade da menarca (BRASIL, 1990).
Dados do Estudo de Santo André sugerem valores para a idade mediana da
menarca de 12 anos e 8 meses (COLLI, 1988). A idade média da menarca encontrada
para as meninas brasileiras, segundo dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e
Nutrição, foi de 13 anos e 2 meses, (BRASIL, 1990). Um pouco superior ao encontrado
por COLLI (1988). Melhores condições ambientais, principalmente nutricionais, têm
sido apontadas como as principais causas da ocorrência precoce da menarca (BRASIL,
1990).
COLLI (1988) encontrou a mediana da idade da menarca inferior para as classes
de renda maiores, sendo as diferenças entre as faixas menor e maior de renda,
estatisticamente significativas (p<0,05).
Com relação à associação da idade da menarca e os parâmetros
antropométricos, parece haver uma relação entre o peso, a altura e a porcentagem de
gordura corporal com a ocorrência da menarca (FRISH e REVELLE, 1971; FRISH,
1972; FRISH e MC ARTHUR, 1974; SAITO, 1985, KNISHKNOWY et al., 1989;
SIZONENKO e HIMES, 1993; GOLDBERG et al., 1996; FONSECA et al., 1998;
NEUTZLING, 1998, LAITINEN et al., 2001, BARBOSA e PRIORE, 2002).
SIZONENKO e HIMES (1993) afirmaram que a idade da menarca
correlaciona-se com o peso, IMC e a massa de gordura, sendo que o excesso de peso e
de gordura corporal associam-se com idades da menarca precoce.
FONSECA et al. (1998) relataram idade média da menarca menor para as
meninas com sobrepeso do que para aquelas classificadas como eutróficas, sendo que o
coeficiente de correlação de Person entre o IMC e a idade de ocorrência da menarca
mostrou uma correlação negativa e significante, ou seja, meninas com valores maiores
de IMC tiveram menarca mais precoce.
KNISHKNOWY et al. (1989) e NEUTZLING (1998) encontraram valores
maiores de peso para as adolescentes que já haviam apresentado a menarca, do que para
aquelas sem menarca. FRISH e REVELLE (1971) revelaram que um peso crítico é
necessário para iniciar o estirão de crescimento e as mudanças que ocorrem na
puberdade. Esse peso crítico seria de 45 kg para que o evento da menarca pudesse
ocorrer (FRISH, 1972). Posteriormente, definiu-se que seria necessário que as
adolescentes obtivessem no mínimo 17% do peso corpóreo sob a forma de tecido
adiposo para atingirem a menarca (FRISCH e MC ARTHUR 1974). GOLDBERG et al.
(1996) encontraram peso médio próximo aos propostos por FRISCH (1972) nas
adolescentes que já haviam apresentado a menarca.
O tecido adiposo age de forma a transformar os andrógenos supra-renais em
potentes estrógenos, portanto, a supra-renal determina o suplemento precursor, e a
quantidade de tecido adiposo determina a velocidade de conversão do estrógeno, dando
início à menarca (ELLISON, 1981).
SAITO (1985), analisando a relação entre peso, estatura, dobra cutânea tricipital
e a ocorrência da menarca, conclui que não existe um peso crítico associado à
ocorrência da menarca, mas sim uma relação entre as variáveis antropométricas
estudadas e a menarca, sendo que as adolescentes que já haviam menstruado tinham
dobras cutâneas superiores às daquelas que não haviam menstruado. Levando em
consideração que as dobras cutâneas traduzem a gordura subcutânea, esses dados
confirmam os propostos por FRISH et al. (1974), quanto à necessidade de se atingir um
percentual de gordura corpórea para se atingir a menarca.
LAITINEN et al. (2001) e BARBOSA e PRIORE (2002) encontraram a
mediana da idade da menarca menor para as adolescentes com IMC mais altos.
Os dados encontrados neste estudo estão de acordo com os encontrados na
literatura, pois o grupo com maior porcentagem de gordura corporal teve idade mediana
da menarca menor que a do grupo controle.
Observa-se, pelos dados da Tabela 4, que não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos de estudo em relação à etnia informada, ressalta-se,
entretanto, a dificuldade em se obter essa informação, visto que, no Brasil, a
miscigenação ocorreu de forma bastante acentuada, principalmente em Minas Gerais
onde se situavam mais de 20 quilombos, sendo que alguns historiadores listaram mais
de 100 (MARTINS, 1995), não sendo a cor da pele um bom parâmetro, para se analisar
a etnia.
Tabela 4 - Etnia informada de adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19
anos, do município de Viçosa - MG
Etnia Grupo de estudo Grupo controle Total
n % n % n %
Brancos 33 55,0 29 48,3 62 51,70
Não Brancos 27 45,0 31 51,7 58 48,30
Total 60 100,0 60 100,0 120 100,0
Teste do Qui-quadrado valor calculado = 0,53 p = 0,46
TERSHAKOVEC et al. (2003), estudando a composição corporal e os fatores
metabólicos em crianças e adolescentes obesos, não encontraram diferenças
significativas em relação à idade, IMC, estágio de maturação sexual, massa magra e
porcentagem de gordura corporal entre os adolescentes negros e brancos.
O peso ao nascer é considerado um indicador de saúde e pode ser um
prognóstico da condição de saúde da criança, sendo que crianças com baixo peso ao
nascer apresentam maior risco de mortalidade que as de peso normal. No Brasil, dados
do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (SINASC) revelam que 85,1% das crianças
brasileiras nascem com peso normal sendo que, destas, 61,5% apresentam peso de 3000
a 3999 g (DATASUS, 2001). As adolescentes deste estudo (Tabela 5) apresentaram a
média de peso ao nascer semelhante aos dados demonstrados pelo SINASC.
Tabela 5 - Peso ao nascer em gramas (média, desvio padrão e mediana,) de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de
Viçosa - MG
Peso ao Nascer (gramas)
Grupo de estudo Grupo controle Total
Média ± DP 3198,77 ± 548,74 3161,63 ± 515,87 3180,93 ± 530,90
Mediana 3250,00 3250,00 3200,00
Teste t de Student valor calculado = 0,351 p = 0,726
* 07 mães de adolescentes do grupo de estudo não sabiam dar esta informação
** 11 mães das adolescentes do grupo controle não sabiam dar esta informação
Neste estudo também não foram encontradas diferenças significativas entre as
categorias de peso ao nascer entre os grupos. (Tabela 6)
Tabela 6 - Peso ao nascer em gramas categorizados de adolescentes eutróficas,
após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Peso ao Nascer (gramas)
Grupo de estudo Grupo controle Total
n % n % n %
< 2500 g 05 9,4 05 10,2 10 9,8
2501-2999 g 12 22,6 10 20,4 22 21,6
3000 – 3999 g 34 64,2 30 61,2 64 62,7
> 4000 g 02 3,8 04 8,2 06 5,9
Total 53* 100,0 49** 100,0 102 100,0
Teste do Qui-Quadrado valor calculado
= 0,009 p=0,76
* 07 mães de adolescentes do grupo de estudo não sabiam dar esta informação
** 11 mães das adolescentes do grupo controle não sabiam dar esta informação
Alguns estudos têm demonstrado a relação entre o peso ao nascer acima de
4.000g e o excesso de gordura corporal na infância e adolescência (SEIDMAN et al.,
1994; SORENSEN et al., 1997).
FRISANCHO (2000) revelou que o peso ao nascer não foi um significante
preditor do excesso de gordura corporal na adolescência.
Os dados deste estudo estão de acordo com os encontrados por FRISANCHO
(2000), em relação ao peso ao nascer, pois o grupo com elevado percentual de gordura
corporal não apresentou média de peso ao nascer superior ao controle e também não
foram verificadas diferenças significativas entre os grupos, em relação ao peso ao
nascer maior que 4.000g.
Tabela 7 Aleitamento materno de adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e
19 anos, do município de Viçosa - MG
Aleitamento
materno
Grupo de estudo Grupo controle Total
n % n % n %
Sim 53 88,3 49 81,7 102 85,0
Não 7 11,7 11 18,3 18 15,0
Total 60 100,0 60 100,0 120 100,0
Teste do Qui- quadrado valor calculado = 1,03 p=0,30
Analisando-se os dados da tabela 7 verifica-se que não existiu diferença
estatisticamente significativa entre os grupos, sendo que as adolescentes do estudo, na
sua maioria, foram alimentadas com leite materno, exclusivamente ou não.
PASSOS et al. (2000), estudando as práticas de amamentação no município de
Ouro Preto-MG, encontraram que 93,4% das crianças iniciaram a vida sendo
amamentadas, sendo as demais 6,6% correspondentes às que nunca mamaram.
Os dados encontrados neste estudo (Tabela 8) foram inferiores aos encontrados
pelos autores citados acima para município de Ouro Preto, entretanto, há uma diferença
temporal entre os estudos, pois as adolescentes deste estudo receberam aleitamento
entre 14 e19 anos atrás.
Tabela 8 Tempo de aleitamento materno (média, desvio padrão, mediana,
mínimo e máximo) em meses de adolescentes eutróficas, após menarca,
entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo Grupo controle Total
Média ± DP 12,13 ± 11,54 13,041 ± 12,76 12,57 ± 12,09
Mediana 10,0 7,0 8,5
Mínimo 1,0 1,0 1,0
Máximo 48,0 60,0 60,0
DP = Desvio Padrão
Teste de Mann Whitney valor calculado = 0,005 p= 0,94
O tempo mediano de aleitamento materno encontrado por este estudo foi de 10 e
7 meses para o grupo de estudo e controle, respectivamente.
Tabela 9 Fracionamento do tempo de Aleitamento Materno em meses de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município
de Viçosa- MG
Tempo de Aleitamento Materno
Grupo de estudo Grupo controle Estatística
Tempo em meses n % n %
Valor
calculado
p
< que 4 15 28,3 14 28,6 0,00 0,97
> 4 e < 6 7 13,2 9 18,4 0,51 0,47
> 6 e < 23 23 43,4 14 28,6 2,42 0,12
> 24 08 15,1 12 24,4 1,43 0,23
Total 53 100,0 49 100,0 - -
Teste do Qui-quadrado
Observa-se, analisando os dados da Tabela 9 que não foram encontradas
diferenças entre os grupos, em relação ao tempo de aleitamento materno.
VENÂNCIO e MONTEIRO (1998) resgataram dados sobre mulheres em
lactação no Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), realizado entre 1974 e
1975, e comparando-os aos dados da PNSN, realizada em 1989, constataram
significativo aumento na mediana da prática de aleitamento materno de 2,5 para 5,5
meses. Esse incremento foi mais acentuado na área urbana, nos estratos sociais de
maior renda e de melhor nível de escolaridade materna, embora as mães da zona rural e
as de menor renda ainda amamentassem por mais tempo, em 1989.
PASSOS et al. (2000) encontraram que a duração mediana da amamentação foi
de 198 dias (6,6 meses), sendo de 71 dias para a amamentação exclusiva somada à
predominante e 17 dias para a amamentação exclusiva, e concluíram que embora a
maioria das mães amamente seus filhos ao nascer, a introdução de outros alimentos
ainda é bastante prematura, fato que justifica a necessidade de intervenções para
prevenir o desmame parcial e,ou, total precoce.
NEUTZLING (2002), estudando os fatores de risco para o sobrepeso e a
obesidade em adolescentes, encontram uma maior freqüência de adolescentes obesos
entre aqueles que tiveram tempo de aleitamento materno inferior a dois meses, sendo o
risco 1,53 maior de ser obeso ou ter sobrepeso se tivesse aleitamento menor que dois
meses.
Por este estudo, ter sido realizado com adolescentes entre 14 e 19 anos, não foi
possível avaliar se o aleitamento oferecido era exclusivo, ou não, visto que a maioria
das mães tiveram dificuldade ou não sabiam dar esta informação, entretanto, as
medianas de tempo de aleitamento encontradas por este estudo foram próximas aos
valores citados na literatura.
Dados da Tabela 10 apontam que o tempo médio que as adolescentes faziam
dieta foi de 2 meses, não havendo diferença significativa entre os grupos (p = 0,27),
sendo que nenhuma adolescente tinha orientação para fazer a dieta, ou estava sob
acompanhamento médico ou nutricional.
Tabela 10 Realização de dieta para emagrecer entre adolescentes eutróficas,
após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Fazer dieta Grupo de estudo Grupo controle Total
n % n %
n %
Sim 4 6,70 1 1,70 5 4,20
Não 56 93,30 59 98,30 115 95,80
Total 60 100,0 60 100,00 120 100,0
Teste do Qui-quadrado Valor Calculado= 1,86 p = 0,17
Fazer dietas para emagrecer tem sido relatado como comum entre adolescentes,
principalmente no sexo feminino, dada a forte preocupação com a imagem corporal e
muitas vezes do apelo da mídia para o magro (CASPER e OFFER, 1990; FIELD et al.,
1993; FONSECA et al., 1998; FIELD et al., 1999; STICE et al., 1999). Entretanto, o
uso indiscriminado de dietas de emagrecimento pode não ter o efeito desejado.
STRAUSS (1999) observou uma forte associação entre fazer dieta e o início do
sobrepeso ou obesidade em adolescentes, porém, este estudo não aferiu o peso das
adolescentes para classificá-las, e sim, analisou os valores que elas recordavam, o que
pode incidir em erros para mais ou para menos.
STICE et al. (1999), analisando prospectivamente o esforço para redução de
peso como fator preditor do ganho de peso e da obesidade em adolescentes do sexo
feminino, encontraram que 16% das adolescentes faziam dieta e que 15% tinham
sobrepeso, e que as meninas que se rotulavam “dieters” tiveram uma Razão de Chances
3,2 vezes maior que as outras de desenvolver o sobrepeso. Os autores concluíram que
essa extrema preocupação com a obesidade ou excesso de peso pode aumentar as
prevalências de obesidade e desencadear distúrbios do comportamento alimentar como
a Anorexia Nervosa e a Bulimia.
Esse aumento de peso mais freqüente nas adolescentes que relatavam fazer dieta
para emagrecer pode decorrer de um aumento na eficiência metabólica, quando pessoas
que fazem dieta podem necessitar de menos calorias para manter o peso, ou do fato de
estas adolescentes serem adeptas de dietas muito restritivas que raramente são mantidas
por longos períodos de tempo (BLACBURN et al., 1989).
FONSECA et al. (1998), avaliando os fatores de risco associados à obesidade
em adolescentes, encontraram que fazer dieta para emagrecer era mais freqüente no
sexo feminino que no masculino, sendo que, mesmo entre as meninas de peso normal,
24,3% relataram fazer dieta para emagrecer. As autoras atribuem essa grande
percentagem de adolescentes, que mesmo com peso normal fazem dieta, à preocupação
excessiva com peso corporal e à extrema valorização do “ser magro” entre os
adolescentes.
Os dados deste estudo estão de acordo com os encontrados na literatura, pois
todas as adolescentes tinham peso normal pelo IMC, ou seja, eram eutróficas, (WHO,
1995) e até aquele momento não sabiam do excesso de gordura corporal, portanto, não
necessitavam perder peso, e muitas delas já faziam dieta para emagrecer, inclusive no
grupo controle, embora não fossem encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos. Cabe ressaltar que nenhuma das adolescentes tinha
orientação médica ou nutricional para realizar a dieta, o que pode contribuir para uma
escolha errônea e um desequilíbrio na ingestão de alimentos, quando muitas vezes
mecanismos compensatórios são utilizados para saciar o apetite.
Em relação ao hábito de fumar, (Tabela 11) não foi evidenciada diferença
estatística entre os grupos (p = 0,69), sendo que apenas 3,33% das adolescentes tinham
este hábito independente do grupo de estudo.
Tabela 11 Hábito de fumar entre adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19
anos, do município de Viçosa - MG
Fumam Grupo de estudo Grupo controle Total
n % n % n %
Sim 2 3,3 2 3,3 4 3,3
Não 58 96,7 58 96,7 116 96,7
Total 60 100,0 60 100,0 120 100,0
Teste de Fischer - valor calculado = 0,26 p=0,69
PRIORE (1998), entre estudantes de escolas públicas de São Paulo, encontrou
uma freqüência no hábito de fumar entre as adolescentes de 13,8 %, sendo que a
freqüência observada foi superior à encontrada neste estudo. Espera-se que esta
porcentagem menor, encontrada nos estudantes de Viçosa, possa ser um reflexo do
aumento das campanhas governamentais anti-tabagismo.
Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO, 1999), na
América Latina, 40% dos homens e 20% das mulheres são fumantes, entretanto, as
menores taxas encontradas para as mulheres estão aumentando, principalmente na
Colômbia, Venezuela e Brasil, sendo que no Brasil as taxas aumentaram de 20 para
36% no sexo feminino, sendo que no masculino diminuíram de 54% para 40% entre
1971 e 1988 (VALDÉS e SÁNCHEZ, 1999).
Segundo Jimmi Carter ex-presidente dos Estados Unidos, “Se os jovens não
começam a fumar na adolescência, é pouco provável que o façam quando adultos,
entretanto 89% dos fumantes adquirem esse hábito e se tornam adeptos do cigarro antes
dos 18 anos de idade. Uma vez que se tornam dependentes, tanto crianças como
adolescentes os custa muito deixar de fumar” (VALDÉS e SÁNCHEZ, 1999).
SEGAT et al. (1998), estudando os fatores de risco associados ao tabagismo na
população urbana adolescente residente na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul,
encontram uma maior prevalência no sexo feminino (11,1%) do que no masculino
(9,1%). O Risco Relativo de ser fumante, sendo o melhor amigo fumante, foi de 5,24
(p < 0,001). Os autores ressaltam a importância da estimulação de estratégias de recusa
como forma de prevenção do tabagismo entre os adolescentes, visto que a convivência,
entre pares com fumantes cria repetidas oportunidades para a iniciação ao vício.
Como proposto por OLIVEIRA (1998) e VIEIRA et al. (2002
b
), a prevenção
nessa faixa etária é importante, pois o indivíduo se encontra em fase de consolidação do
seu estilo de vida, e sabendo-se que aproximadamente 90% dos fumantes ficam
dependentes da nicotina até os 19 anos de idade, considera-se de suma importância que
haja medidas de prevenção e conscientização sobre os prejuízos da dependência
química da nicotina e dos outros constituintes do cigarro, para as adolescentes.
Tabela 12 - Consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Consumo Grupo de estudo Grupo controle Total
n
% n % n %
Sim 24 40,0 14 23,3 38 31,6
Não 36 60,0 46 76,7 82 68,4
Total 60 100,0 60 100,0 120 100,0
Teste do Qui-quadrado valor calculado = 3,85 p =0,04*.
Tabela 13 Periodicidade do consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes
eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa
MG
Consumo Grupo de estudo
n %
Grupo controle
n %
Estatística
valor
calculado
p
Semanal 7 29,2 5 35,8 0,02 0,88
Mensal 11 45,8 8 57,1 0,45 0,50
Anual 6 25,0 1 7,1 1,88 0,17
Total 24 100,0 14 100,0 - -
Teste do Qui-quadrado
O consumo de bebidas alcoólicas foi estatisticamente diferente entre os
grupos, (tabela12) sendo que, no grupo de estudo, 45,8% das adolescentes consumiam
bebida alcoólica pelo menos esporadicamente (mensalmente) (Tabela13).
PRIORE (1998), estudando adolescentes entre 12 a 18 anos, matriculados em
escolas públicas de São Paulo, encontrou que 50% das adolescentes estudadas,
consumiam algum tipo de bebida alcoólica, e 77,1% o faziam esporadicamente.
VIEIRA et al. (2002
b
), estudando adolescentes recém-ingressos em uma
universidade pública brasileira, encontraram que 64% dos adolescentes consumiam
bebida alcoólica de forma esporádica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1993) revela que 20% dos
adolescentes brasileiros do sexo masculino e menos de 20% do feminino consomem
bebidas alcoólicas.
Os dados deste estudo diferem dos propostos pela OMS e encontram-se muito
superiores a este.
As bebidas mais consumidas foram a cerveja e o vinho, sendo que, o consumo
de vinho foi significativamente maior no grupo de estudo.(Tabela14)
Tabela 14 - Bebida alcoólica consumida de adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Total
Estatística
n % n % n
calculada (χχ
2
)
p
Cerveja 12 54,54 10 45,45 22 1,67 0,63
Vinho 18 81,80 4 18,18 22 14,21 0,001*
χχ
2
= Teste do Qui- quadrado
Em relação às enfermidades ocorridas nos últimos doze meses, não se
verificou diferença estatisticamente significativa (p=0,46) entre os grupos, sendo que
46,70% das adolescentes apresentaram algum tipo de enfermidade, sendo as mais
referidas as infeções respiratórias (32,70%), anemia e hipoglicemia (1,70%).
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade da Fundação Nacional de
Saúde revelam que 4,3% das causas de morte em adolescentes na região Sudeste são
atribuídas às doenças do aparelho respiratório (MINISTÉRIO., 1996).
Neste estudo, 32,70% das adolescentes referiram ter tido alguma doença do
aparelho respiratório nos últimos doze meses, maior atenção deve ser dada a este grupo
em relação as doenças respiratórias na cidade de Viçosa, com o objetivo de evitar essas
enfermidades e amenizar a sua gravidade ou intensidade, prevenindo-se, assim, um
aumento da morbimortalidade por essa causa.
As variáveis biológicas e comportamentais que apresentaram diferenças
significativas entre os grupos foram a idade da menarca, o consumo de bebidas
alcóolicas e o tipo de bebida consumida, sendo que as outras características estudadas
parecem ter comportamentos semelhantes entre os grupos estudados.
4.2.Enfermidades crônico degenerativas dos familiares
Analisando-se os dados da Tabela 15, constata-se que não foram encontradas
diferenças significativas em relação à presença de enfermidades nos familiares, entre os
grupos estudados.
Tabela 15 - Enfermidades crônicas e,ou, degenerativas dos familiares das
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do
município de Viçosa- MG
Fator em estudo Grupo de
estudo
Grupo
controle
Estatística
Sim Não Sim Não calculada p
Doenças Crônicas
1
49 11 43 17 1,68
a
0,19
Alterações da Tireóide 4 56 3 57 0,15
b
0,50
Obesidade 18 42 12 48 1,60
a
0,20
Diabetes 25 35 18 42 1,78
a
0,18
Hipercolesterolemia 19 41 22 38 0,33
a
0,56
Hipertensão 37 23 27 33 3,35
a
0,06
a
Qui- quadrado
b
Teste de Fischer
1
Considerado como resposta afirmativa para qualquer doença.
FRISANCHO (2000) encontrou que a presença de familiares obesos era o maior
determinante do excesso de gordura corporal na adolescência, período em que o
componente genético é associado ao ambiental, na gênese da obesidade.
Alguns fatores como obesidade dos pais não foram encontradas como fator de
risco neste estudo, como são encontrados por alguns autores na gênese da obesidade.
Uma possível limitação deste estudo foi usar a classificação de obesidade entre os
familiares, informada pelos adolescentes, entretanto, tem sido encontrada alta
correlação entre os valores informados e os aferidos (REED e PRICE, 1998;
SCHIMIDT et al., 1993).
NEUTZLING (2002), estudando os fatores de risco para o sobrepeso/obesidade
em escolares adolescentes de Pelotas/RS/Brasil, encontrou altos valores de IMC dos
pais como fator de risco para o sobrepeso e a obesidade em adolescente.
Ressalta-se, também, que neste estudo trabalhou-se com adolescentes
eutróficas, mas com porcentagem de gordura corporal elevada, e não foi possível aferir
ou questionar a porcentagem de gordura corporal dos familiares. Sabe-se que a
porcentagem de gordura elevada muitas vezes não é percebida sem a aferição por
instrumentos apropriados, então, questiona-se se os pais e familiares desses
adolescentes também não poderiam ter peso normal, mas porcentagem de gordura
corporal alterada.
Em relação às outras doenças, esperava-se maior freqüência nas adolescentes
com alta porcentagem de gordura corporal, o que não foi evidenciado neste estudo.
4.3 – Parâmetros antropométricos e de composição corporal
Neste item foram analisados e discutidos parâmetros antropométricos (com base
nos dados da tabela 16), Peso (kg), Estatura (m), Comprimento de Perna (CP),
Circunferência da Cintura (CC) e do Quadril (CQ), Índice de Massa Corporal (IMC),
Gordura kg (GORD), Massa magra kg (MM), Gordura Central (GC), Gordura
Periférica (GP), ), Índice de Massa Corporal Livre de Gordura (IMCLG), ), Índice de
Massa Corporal de Gordura (IMCG), e Relação Cintura-Quadril (RCQ), sendo que,
conforme a característica da variável, utilizou-se teste paramétrico ou não-paramétrico.
Tabela 16 - Parâmetros antropométricos e de composição corporal (média,
desvio padrão e mediana) de adolescentes eutróficas, após menarca, entre
14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Antropometria e
Composição Corporal
Grupo de estudo Grupo controle Estatística
X ± DP
Mi
X ± DP
Mi
calculada
p
ESTATURA (m)
1,59 ± 0,05
1,590
1,60 ± 0,06
1,60 -0,96
a
0,336
CP (m)
0,76 ± 0,49
0,75
0,77 ± 0,04
0,77 3905,00
b
0,150
PESO (kg)
56,26 ± 5,37
55,90
47,60 ± 3,98
47,90 5085,50
b
<0,001*
CINTURA (cm)
70,65 ± 4,31
70,50
62,95 ± 3,20
63,00 5152,00
b
<0,001*
QUADRIL (cm)
95,40 ± 0.51
95,00
88,10 ± 0,44
88,25 10,07
a
< 0,001*
MM (kg)
36,87 ± 3,26
36,95
36,57 ± 3,01
36,97 3582,50
b
<0,809
GORD ( kg)
19,38 ± 3,02
19,08
11,02 ± 1,26
11,28 1830,00
b
<0,001*
GP (mm)
34,06 ± 5,45
33,50
18,56 ± 2,50
18,00 1838,50
b
<0,001*
GC (mm)
36,95 ± 6,54
37,00
19,10 ± 3,26
19,00 1832,00
b
<0,001*
R GC/GP
1,10 ± 0,23
1,00
1,04 ± 0,20
1,00 1,22
b
0,22
IMC (kg/m
2
)
22,04 ± 1,37
21,90
18,43 ± 0,92
18,50 1826,00
b
< 0,001*
IMCG
7,58 ± 1,00
7,40
4,27 ± 0,40
4,30 1830,00
b
<0,001*
IMCLG
14,45 ± 0,82
14,46
14,16 ± 0,66
14,13 3229,00
b
0,809
RCQ
0,74 ± 0,04
0,74
0,71 ± 0,03
0,72 2980,00
b
< 0,001*
DP = Desvio Padrão
X = média Mi = Mediana
a
Teste t Student
b
Teste de Mann-Whitney
Em relação aos parâmetros antropométricos e de composição corporal, não se
obteve diferença estatisticamente significativas para estatura (p=0,336), comprimento
de perna (p=0,150), massa magra (p= 0,809) e IMCLG (p= 0,809), sendo que, para
todos as demais medidas estudadas, assim como para os respectivos índices derivados,
houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,05).
Segundo dados da PNSN (1989), para população urbana da região sudeste, a
altura mediana para a faixa etária de 14 a 15 e 18 a 19 anos foi de 1,54m e 1,58m,
respectivamente. PRIORE (1998), estudando adolescentes de São Paulo, encontrou
mediana de altura para as adolescentes de 12 a 14 anos de 1,59, de 14 a 16 anos de 1,62
m e de 16 a 18 anos 1,615 m. Os dados mostraram que a estatura do grupo de estudo foi
igual à que PRIORE (1998) encontrou nos adolescentes de São Paulo na faixa etária de
12 a 14 anos, enquanto o grupo controle foi superior a essa faixa etária e inferior a
todas as demais estudadas em São Paulo. Em relação à PNSN, as estaturas encontradas
foram superiores. Visto que a estatura é um parâmetro extremamente ligado às
condições de vida e saúde da população, espera-se que este aumento ocorrido seja
decorrente de melhorias ambientais e do acesso aos serviços de saúde.
A estatura não demonstrou diferença significativa entre os grupos, o que, de
certa forma, seria esperado, pois as adolescentes encontram-se em situações
semelhantes, ou seja, com menarca há no mínimo um ano, estão na mesma faixa de
idade e pertencem ao mesmo nível sócio-econômico.
O comprimento de perna (CP) não diferiu estatisticamente entre os grupos, o
que pode decorrer da estreita correlação com a estatura, sendo que esta distribuiu-se
uniformemente entre os grupos. Conclui-se, portanto, que a distribuição dos segmentos
corporais inferiores, manteve-se uniforme nas adolescentes estudadas, dado que seria
esperado, visto que a etnia, mesmo sendo informada, não diferiu estatisticamente, além
das condições sociais serem semelhantes.
Em relação ao peso, observa-se que a mediana foi de 55,9 e 47,9 kg, para os
grupos de estudo e controle, respectivamente. Os valores da mediana de peso foram
significativamente diferentes (p<0,001) entre os grupos, demonstrando que as
adolescentes do grupo de estudo, apesar de serem classificadas como eutróficas pelo
IMC, apresentam valor mediano de massa corporal 8,0 kg superior ao grupo controle.
PRIORE (1998) encontrou mediana de peso para as adolescentes de 12 a 14
anos de 47,4 kg , sendo na faixa etária de 14 a 18 anos de 53,80, os dados de peso do
grupo de estudo foram superiores aos encontrados por essa autora, entretanto, o grupo
controle apresentou valores próximos à faixa etária de 12 a 14 anos, apesar de, neste
estudo, esse grupo ter uma faixa de idade maior (14 e 19 anos).
O IMC usado para a avaliação nutricional na adolescência não reflete as
modificações que ocorrem nesta fase (ANJOS, 1992, GUEDES e GUEDES, 1998;
PRIORE, 1998). Segundo VANITALLIE et al.(1990), o desmembramento da massa
corporal total em quilogramas provenientes da gordura e da massa livre de gordura
para constituir os índices derivados do IMC (IMCG e IMCLG) será mais adequado,
como utilizado posteriormente por PRIORE (1994 e 1998); SAMPEI, (1992 e 2001).
OLIVEIRA et al. (2001) estudaram os indicadores antropométricos como
fatores de risco cardiovascular em adolescentes com sobrepeso. A correlação entre o
IMC e a porcentagem de gordura corporal e o perfil lipídico em ambos os sexos não foi
diferente. Entretanto, para o sexo feminino, houve maior correlação entre a
porcentagem de gordura corporal e a pressão arterial sistólica e a diastólica elevadas do
que destas com o IMC.
Analisando-se o IMC e os índices derivados IMCG e IMCLG, observou-se que
o IMC e o IMCG foram estatisticamente significativas (p<0,001) e maiores nos
indivíduos do grupo de estudo, sendo que o IMCLG não diferiu estatisticamente
(p=0,80), refletindo que as adolescentes eutróficas com maior percentual de gordura
corporal (grupo de estudo) tinham maior proporção de quilos de massa corporal total e
de massa de gordura por metros ao quadrado, sendo que a massa magra não
acompanhou essa tendência.
Em relação à massa magra, alguns trabalhos relatam que os indivíduos obesos
ou com sobrepeso apresentam maior quantidade de massa magra que os controles
eutróficos (FELIG et al., 1983; DANFORTH et al., 1985; PRIORE, 1998; BARBOSA
e PRIORE, 2002). Neste estudo, não foram verificadas diferenças estatisticamente
significativas em relação à massa magra, o que pode ser explicado pelo fato deste
estudo não trabalhar com adolescentes obesas, mas com alta porcentagem de gordura
corporal. Somente o componente de gordura apresentou diferença significativa (p
<0,001). Os valores médios de massa magra (MM) e desta corrigidos pela estatura
(IMCLG) não demonstraram diferenças significativas entre os grupos. Considerando-se
que os grupos apresentaram diferenças no peso e no IMC, este aumento ocorreu
exclusivamente pelo aumento do peso em gordura, pois a estatura média também não
foi diferente entre os grupos.
Neste trabalho, pode-se observar que ter mais gordura corporal (gordura em
quilogramas), com diferença significativa entre os grupos não interferiu em ter maior
massa magra, sendo que a maior quantidade de gordura corporal entre as eutróficas
alterou a composição corporal somente em relação à massa adiposa.
SAMPEI (1992) observou que a massa magra correlaciona-se diretamente com
a estatura. A autora encontrou uma massa magra significativamente maior nas obesas,
sem comprometimento estatural, quando comparadas às com comprometimento
estatural e com as eutróficas. Quando foi feita a correção da massa magra (IMCLG), a
diferença entre obesas com e sem comprometimento desapareceu, pois se apresentou
significativamente maior nas obesas, independente da estatura, comparado às
eutróficas.
Em indivíduos adultos, maior acúmulo de gordura na região central têm sido
associado a risco para a saúde (TAYLOR et al., 1998). Para crianças e adolescentes,
esse acúmulo maior na região central apresentou correlação positiva com concentrações
desfavoráveis de lipoproteínas séricas e pressão arterial (GILIUM 1999; GORAN e
GOWER et al., 1999).
CAPRIO et al. (1996) estudaram a distribuição da gordura e fatores de risco
cardiovascular em adolescentes obesas e eutróficas, e encontraram maior Relação
Cintura Quadril (RCQ), sendo que a adiposidade abdominal foi de duas a três vezes
maior nas adolescentes obesas que nas eutróficas (p< 0,001). Em conseqüência, os
veis sangüíneos de colesterol total, triglicerídeos, LDLc, insulina e a pressão arterial
sistólica e diastólica foram significativamente mais altos nas adolescentes obesas
comparadas ao grupo controle.
FREEDMAN et al. (1999), estudando a relação entre as circunferências da
cintura e do quadril e a RCQ e as pregas cutâneas tricipital e subescapular com o perfil
lipídico e a concentração de insulina, avaliaram 2.996 indivíduos na faixa etária entre 5
e 17 anos e observaram que o predomínio de gordura na região central, avaliada pela
circunferência da cintura, estava relacionada a altas concentrações de LDL,
triglicerídeos e insulina e baixas concentrações de HDL, independente da raça, do sexo,
da idade, do peso e da altura.
TAYLOR et al. (2000) ressaltam a importância da identificação desse acúmulo
de adiposidade na região central, por ser considerado um fator de risco cardiovascular.
A RCQ tem sido estudada e usada em adultos para verificar a presença de
adiposidade central, entretanto, alguns estudos revelaram que a circunferência da
cintura em adultos e crianças apresenta maior acurácia na determinação da adiposidade
central (FOX et al., 1993; GORAN et al., 1998; TAYLOR et al., 1998).
Outros estudos já demonstram a relação entre níveis adversos de lipídios
sangüíneos e pressão arterial evidenciados pela RCQ (ZONDERLAND et al., 1990;
CAPRIO et al., 1996; OLIVEIRA et al., 2001).
CAPRIO et al. (1996), avaliando a eficácia da RCQ e do IMC, encontraram que
a adiposidade abdominal aferida pela ressonância magnética, foi altamente
correlacionada com nivéis elevados de insulina, triglicerídeos e colesterol e não a RCQ
ou o IMC, enquanto a adiposidade femural foi inversamente correlacionada com os
níveis de triglicerídios e de LDL, confirmando, assim, o risco cardiovascular da
adiposidade central em detrimento da adiposidade femural.
ZONDERLAND et al. (1990) verificaram que entre adolescentes pré-menarca, a
RCQ foi positivamente associada com o colesterol total, LDL, e apolipoproteinaB.
TAYLOR et al. (2000), avaliando a circunferência da cintura (CC) e a RCQ
como medidas para avaliar a gordura central elevada em crianças e adolescentes entre 3
e 19 anos, encontraram maior correlação (r=0,92, p < 0,0001) em ambos os sexos para
a circunferência da cintura que para a RCQ (r=-0,40 r =-0,04) para o sexo feminino
e masculino, respectivamente. Os autores concluíram que a CC foi o melhor índice para
identificar o excesso de gordura na região central, em ambos os sexos, na faixa etária
estudada, e que o uso da RCQ para verificar a obesidade parece não ser apropriado. A
CC ainda apresenta a vantagem de ser uma medida antropométrica de fácil obtenção e
baixo custo.
OLIVEIRA et al. (2001)encontraram que a RCQ foi mais fortemente
relacionada com o HDL que a CC, para o sexo feminino, e após o ajuste para sexo,
maturação sexual e IMC, a RCQ foi o melhor preditor do HDL-c que a CC.
PEREIRA et al. (2002)
a
estudaram a caracterização da relação cintura quadril e
o Índice de Massa Corporal em adolescentes do sexo feminino, encontrando que a
circunferência da cintura e do quadril diferiram significativamente entre os grupos de
IMC, ocorrendo o contrário para a RCQ, a qual não diferiu significativamente de
acordo com o estado nutricional (eutrofia, risco de sobrepeso e sobrepeso).
PEREIRA et al. (2002)
b
, avaliando a localização da gordura corporal e o estado
nutricional de adolescentes de ambos os sexos, encontraram que a circunferência da
cintura e do quadril do sexo feminino diferiu significativamente entre os grupos de
IMC e a RCQ não diferiu entre os grupos. Para o sexo masculino, o comportamento da
cintura e do quadril e a RCQ foi semelhante ao demonstrado para o sexo feminino.
Entretanto, nas meninas, ocorreu associação positiva entre o aumento do IMC e as
circunferências da cintura de do quadril, o que não ocorreu para a RCQ. Já no sexo
masculino, a cintura, o quadril e a RCQ são maiores nos indivíduos com risco de
sobrepeso e obesos, o que demonstra uma diferença quanto à distribuição da gordura
corpórea entre os sexos. Dessa forma, as autoras propuseram a ampliação de estudos
em adolescentes, em relação a RCQ e o IMC.
Neste estudo, a circunferência da cintura (CC) e do quadril (CQ), e a relação
entre essas duas circunferências (RCQ) foram significativamente maiores no grupo de
estudo que no controle, o que indica maior acúmulo de gordura. Alguns autores
colocam que a RCQ apresenta uma pobre correlação com a adiposidade central (FOX
et al., 1993; GORAN et al., 1998) e diferenças na estrutura óssea podem atuar como
fator de confusão, alterando os resultados da RCQ (LEY et al., 1992), principalmente
nessa faixa etária, quando a mineralização e o crescimento ósseo estão ocorrendo
(CARRASCOSA e GUSSINYÉ, 1998).
Quanto à topografia da gordura subcutânea, observou-se que o grupo de estudo
apresentou valores medianos maiores (37,0 e 33,5 mm) para gordura central e
periférica, respectivamente, com diferenças significativas em relação ao grupo controle
(p<0,001). No grupo de estudo, esses valores foram quase duas vezes maiores que o
valor mediano do grupo controle, tanto para a gordura central, quanto para a periférica.
BARBOSA e PRIORE (2002) encontraram maior acúmulo de gordura,
predominantemente na região central em adolescentes com sobrepeso, enquanto no
grupo de eutróficos o depósito foi inverso, ou seja, a gordura periférica foi maior que a
central.
A distribuição centralizada da gordura é um importante indicador morfológico
relacionado com complicações metabólicas que predispõem ao aparecimento e
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, e alterações
lipídicas (ANDING et al., 1996; GUEDES et al., 1997).
Além da distribuição, a duração e a magnitude da gordura corpórea estão
diretamente relacionadas à gravidade das alterações metabólicas provocadas pelo
excesso de peso, bem como da morbidade e mortalidade decorrente da mesma.
RABELO (2001) ressalta que, para se avaliar o impacto da obesidade sobre a saúde, é
preciso considerar, principalmente, a distribuição da gordura corpórea. A concentração
da gordura na região tronco-abdominal ou central apresenta maior associação com a
morbidade e mortalidade que a concentração na região glúteo-femural, isto tanto para
indivíduos adultos como para crianças e adolescentes.
4.4. Atividade física e gasto energético em atividades físicas
Analisando-se os dados da tabela 17, observa-se que foram encontradas
diferenças significativas apenas para a ATF1, a ATF7, sendo que o grupo de estudo
apresentou maior valor médio para as atividades do grupo 1, que, em geral,
caracterizam “dormir” ou “estar deitado”.
Tabela 17 Tempo gasto (mediana, média e desvio padrão) em minutos/dia nos
níveis de atividades entre adolescentes, após menarca, entre 14 e 19 anos,
do município de Viçosa MG
Grupo de estudo Grupo controle Estatística(U)
Níveis de
Atividade
Física
Mediana
Média ±± DP
Mediana
Média ±± DP
calculada
p
ATF1
525,0
539,75 ± 93,75
495,0
508,00 ± 91,15
1,97
0,04*
ATF2 525,0
532,75 ± 119,79
555,0
560,50 ± 124,25
1,30 0,19
ATF3 180,0
188,50 ± 94,56
135,0
155,25 ± 79,27
1,90 0,05
ATF4 75,0
95,50 ± 67,81
90,0
111,25 ± 85,22
0,78 0,43
ATF5 22,5
35,00 ± 61,11
0,0
35,00 ± 61,11
1,29 0,19
ATF6 0,0
23,00 ± 42,74
0,0
36,50 ± 65,14
0,74 0,45
ATF7
0,0
0,25 ± 1,94
0,0
8,50 ± 29,14
2,22
0,02*
ATF8 0,0
18,00 ± 52,96
0,0
26,50 ± 54,07
1,30 0,19
ATF9 0,0
0,0 ± 0,0
0,0
3,00 ± 13,47
1,74 0,08
ATF 1 A 3 1275,0
1261,00 ± 106,88
1260,0
1223,75 ± 154,12
0,98 0,32
ATF 4 A 9 165,0
182,25 ± 108,41
180,0
220,75 ± 157,93
0,93 0,34
DP = Desvio Padrão U = Teste de Mann Whitney
Convertendo-se o valor mediano para a ATF1 em horas, o grupo de estudo
dormia ou ficava deitado por 9 h e 15 min, enquanto o grupo controle ficava 8 h e 25
min, sendo estes estatisticamente diferentes.
Em relação à atividade 7, o grupo controle apresentou valores maiores desse
tipo de atividade de caráter moderado a pesado, o que pode contribuir para sua menor
porcentagem de gordura corporal.
Agrupando as atividades em sedentárias (ATF 1 a 3) e não-sedentárias (ATF 4 a
9), não foram verificadas diferenças significativas, mas o grupo controle apresentou
média de 40 minutos a mais em atividades não-sedentárias por dia. Esse é um fator
relevante, pois se tem recomendado, para a prevenção da obesidade, que se incorpore
no dia a dia pelo menos 30 minutos de atividades de intensidade leve a moderada,
como andar, subir escadas, passear com cachorro; andar de bicicleta, etc. (PHYSICAL
ACTIVITY AND PUBLIC HEALTH, 1995), e a prática dessas atividades foi
encontrada justamente no grupo com percentual de gordura adequado, o que pode
sugerir o benefício dessa prática. Entretanto, cabe ressaltar que o grupo como um todo
apresentou baixo nível de atividade física, sendo as atividades desenvolvidas no dia a
dia mais de caráter sedentário (ATF 1 a 3 maior que ATF 4 a 9).
SILVA e MALINA (2000), também encontram um baixo nível de atividade
física para os adolescentes estudados, sendo que as meninas demonstram-se menos
ativas que os meninos. Embora a metodologia utilizada por esses autores seja diferente
da utilizada neste estudo, isso não descarta a importância de se comparar resultados
semelhantes, pois a inatividade física na adolescência, principalmente em meninas pode
contribuir para o desenvolvimento desse estilo de vida que, mantido quando adultos,
pode trazer risco à saúde das jovens (SALLIS et al., 1992).
VIEIRA et al. (2002
b
), estudando adolescentes recém-ingressos em uma
universidade pública brasileira encontrou que menos da metade dos adolescentes
estudados tinham o hábito de praticar esportes, entretanto, os principais meios de
locomoção foram a pé ou por bicicleta, o que segundo os autores pode contribuir para a
elevação do gasto energético e promoção da saúde dos jovens.
FONSECA et al. (1998), estudando os fatores de risco associados à obesidade
em adolescentes, não encontraram diferenças significativas entre os indicadores que
compuseram a avaliação da atividade física, sendo estas, freqüência semanal, tempo de
cada sessão e tempo total semanal das atividades, entre os adolescentes obesos e
eutróficos.
Várias influências positivas estão relacionadas à atividade física regular, entre
elas o aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal, melhora dos níveis de
eficiência cardio-respiratória, de resistência muscular e força isométrica, além dos
importantes efeitos psicossociais (VIEIRA et al., 2002
d
; KOTULÁN et al., 1980).
Especificamente para o adolescente, BARBOSA (1991) atribui como vantagens do
esporte: estímulo à socialização, servindo como um "antídoto" natural de vícios,
ocasionando maior empenho na busca de objetivos, reforçando a auto-estima, ajudando
a equilibrar a ingestão e o gasto de calorias e levando a uma menor predisposição a
moléstias.
PRIORE (1998), em estudo com adolescentes de 12 a 18 anos estudantes da
rede pública do município de São Paulo, encontrou que cerca de 93% participavam de
aulas de Educação Física. Destes, 24,8% também desenvolviam outras atividades
desportivas. Do total de estudados, 24,4% realizavam atividades físicas
extracurriculares; destes, 93,6% as realizavam duas ou mais vezes por semana e 5,1%
as mantinham nos finais de semana. Também foi constatado que 23,4% realizavam
duas ou mais modalidades desportivas diferentes durante a semana. Os estudantes que
não participavam de aulas de educação física alegaram como motivo a falta de
disposição do responsável pela aula e,ou, da escola em integrá-los com o conteúdo da
prática esportiva e com os demais colegas. Frente ao descompasso verificado entre as
aulas de educação física e o desejo dos adolescentes com relação a esse tipo de
atividade, a autora reforça a necessidade de maior integração entre a escola e o aluno
nesse aspecto.
Observando-se os dados da tabela 18 constata-se que houve diferença
significativa entre o custo calórico nos níveis de atividade física 1 (ATFG1), 2
(ATFG2), 3 (ATFG3) e 7 (ATFG7), sendo que o grupo de estudo apresentou maior
custo calórico em alguns níveis de atividade (1,2,3), sendo estas de caráter sedentário.
Para a atividade 7, o grupo controle apresentou gasto calórico maior para esta atividade
que o de estudo.
Tabela 18 Gasto calórico por níveis de atividade física e o gasto calórico total/dia
com atividades de adolescentes, após menarca, entre 14 e 19 anos, do
município de Viçosa MG
Grupo de estudo Grupo controle Estatística(U)
Gasto Calórico
Mediana
Média ±± DP
Mediana
Média ±± DP
calculada p
ATFG1 532,42
524,55 ± 100,69
409,03
420,81 ± 87,51
5,34
0,001*
ATFG2
771,17
761,93 ± 202,62
665,85
675,24 ± 153,99
2,80
0,004*
ATFG3
369,36
398,17 ± 194,10
262,65
280,15 ± 140,10
3,46
< 0,001*
ATFG4 202,45
248,62 ± 178,22
198,23
245,62 ± 192,17
0,38 0,690
ATFG5 67,28
143,19 ± 222,89
0,0
95,07 ± 165,80
1,63 0,100
ATFG6 0,0
97,39 ± 175,06
0,0
141,44 ± 256,16
0,60 0,545
ATFG7
0,0
1,11 ± 8,64
0,0
37,71 ± 131,44
2,23
0,025*
ATFG8 0,0
98,92 ± 287,24
0,0
127,76 ± 253,90
1,26 0,20
ATFG9 0,0
0,0 ± 0,0
0,0
18,66 ± 83,01
1,75 0,08
ATFG 1A 3 1715,35
1684,60 ± 250,45
1379,55
1376,16 ± 204,71
37,58
< 0,001*
ATFG 4 a 9 499,50
589,26 ± 409,92
493,50
666,25 ± 540,42
0,11 0,74
Total Calórico
2229,18
2262,02 ± 284,82
1977,82
2023,01 ± 397,76
4,20
0,001*
DP = Desvio Padrão U = Teste de Mann Whitney
Em relação ao gasto energético total desprendido com as atividades físicas
observou-se que o grupo de estudo obteve um gasto calórico maior que o controle, o
que seria esperado, pois o grupo de estudo apresentou peso significativamente maior
que o controle, o que implica um maior custo energético para desenvolver as atividades
físicas.
GORAN et al. (1997), avaliando a atividade física relacionada com o gasto
energético e a gordura corporal, encontraram menor tempo gasto com atividades
recreativas em crianças com massa corporal maior (peso), sendo que isto não refletiu
em diferenças no custo da atividade física total no gasto energético, visto que estas
crianças por terem peso maior, mesmo com tempo menor de atividade física gastam
mais energia que os controles eutróficos para realizar as mesmas atividades. O tempo
de atividade física e não o custo por atividade física pode ser o fator mais significante
na manutenção dos estoques de energia corporais.
Neste estudo o grupo controle apresentou maior tempo nos níveis de atividade
4, 6, 7, 8, 9, (tabela 18), entretanto somente a 7 apresentou diferença estatisticamente
significativa (p=0,02) entre os grupos, porém isto não refletiu diferenças no custo
calórico, dadas as diferenças de peso, como encontrado por GORAN et al. (1997).
DENADAI et al. (1996), estudando o efeito da atividade motora sobre a
composição corporal em adolescentes obesos, encontraram que o protocolo de
exercícios empregado no estudo promoveu uma diminuição de 4,83% na porcentagem
de gordura corporal no sexo masculino e de 2,58 no feminino, o que demonstra a
importância da atividade física na determinação da composição corporal.
4.5 Metabolismo basal e taxa metabólica basal
O metabolismo basal representa cerca de 65 a 75% do valor energético total
desprendido por indivíduos sedentários (RAVUSSIN et al., 1982; WHO, 1995), sendo
que o gasto energético parece ser mais dependente do tamanho corporal (peso) que da
massa magra (RAVUSSIM e BORGADUS, 1989; CUNNINGHAM, 1991).
Na adolescência, existem questionamentos a respeito de a maturação sexual ter
influência no metabolismo basal. BITTAR et al. (1999), avaliando as variações e os
determinantes da energia gasta aferidas por calorimetria indireta durante a puberdade
em adolescentes, concluíram que os estágios da puberdade não foram
significativamente determinantes nas mudanças no gasto energético, e sim as mudanças
na composição corporal que ocorrem na adolescência. Isto porque o aumento no
metabolismo decorrente das alterações hormonais podem ser compensados por
decréscimo da energia gasta pelos tecidos, resultante das alterações na composição
corporal que ocorrem na adolescência, sendo que o sexo masculino apresentou
metabolismo energético e massa magra significativamente maiores que o feminino.
Os resultados de BITTAR et al. (1999) foram confirmados por SUN et al.
(2001), que avaliaram a energia gasta em relação à composição corporal durante a
puberdade, em crianças negras e brancas.
Tabela 19 - Metabolismo basal, Taxa metabólica basal e metabolismo basal
corrigido pela massa de gordura e pela massa magra de adolescentes
eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa
MG
Grupo de
estudo
Grupo
controle
Estatística (U)
Variável
Mediana Mediana calculada
p
Metabolismo basal
(kcal/dia)
1488,73 1406,03 144,00 0,75
Taxa metabólica basal
(kcal/kg peso/dia)
26,48 30,50 208,00 < 0,001*
Metabolismo basal/MG
(kcal/kg de gordura/dia)
83,57 131,48 222,00 0,001*
Metabolismo basal/MM
(kcal/kg de massa magra/dia)
39,95 40,50 146,00 0,840
U = Mann Whitney
Analisando-se os dados da Tabela 19, pode-se observar que não foram
encontradas diferenças significativas em relação ao metabolismo basal e metabolismo
basal de massa magra, entre os grupos. Entretanto, no metabolismo basal corrigido pelo
peso (Taxa Metabólica Basal) e o metabolismo basal corrigido pela massa de gordura
(Metabolismo/ MG), foram encontradas diferenças significativas entre os grupos.
MOLNÁR e SCHUTZ (1997), estudando o efeito da obesidade, idade,
puberdade e sexo na taxa metabólica de repouso em crianças e adolescentes, encontram
valores mais altos de metabolismo basal para crianças e adolescentes obesos que para
os controles eutróficos, entretanto, essa diferenças desapareceram, quando os valores
foram ajustados para diferenças na composição corporal. Os autores ressaltam ainda
que, nas adolescentes do sexo feminino, a massa de gordura foi um forte determinante
do gasto energético, o que pode ser explicado pela maior porcentagem de gordura
corporal das meninas em comparação ao sexo masculino, sendo que o tecido adiposo
parece não ser totalmente metabolicamente inerte.
LAESSLE et al. (1997), comparando a taxa metabólica de repouso à ingestão
energética, os níveis de hormônio de crescimento e insulina em adolescentes obesos e
eutróficos, encontraram valores significativamente maiores (p < 0,001) para os
adolescentes obesos que para os eutróficos, sendo que a massa magra foi um
importante determinante do gasto energético. Entretanto, esses autores encontraram que
os adolescentes obesos apresentaram massa magra significativamente maior que os
controles, e ressaltaram que, quando o adolescente aumenta o tecido adiposo com o
ganho de peso, esse é acompanhado por um aumento simultâneo da massa magra e,
após ajuste para diferenças no peso corporal, não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos.
Outros estudos também não demonstraram diferenças significativas no
metabolismo basal entre crianças e adolescentes obesos e eutróficos (BANDINI et al.
1990; EPSTEIN et al., 1989; MAFFEIS et al., 1991).
Neste estudo, quando se corrigiu o gasto energético basal pela massa corporal
(peso) foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, sendo que o grupo
controle apresentou taxa metabólica significativamente superior ao do estudo. O
metabolismo basal corrigido pela massa de gordura apresentou-se significativamente
diferente (p = 0,001) e maior para o grupo controle. Entretanto, o metabolismo basal
corrigido pela massa magra não apresentou diferenças entre os grupos, o que pode ser
explicado pelo fato desse constituinte corporal também não ter se apresentado diferente
entre os grupos.
Os dados encontrados neste estudo estão de acordo com os encontrados na
literatura em relação ao metabolismo basal, pois não foram encontradas diferenças
significativas em relação a esse nos grupos estudados. Entretanto, a comparação da taxa
metabólica basal e do metabolismo MM e MG fica difícil, pois os outros estudos
trabalharam com obesos e o presente estudo com eutróficas, sendo que os obesos
apresentam maior massa magra que acompanha o aumento do tecido adiposo em
comparação com os controles eutróficos e este estudo não evidenciou essa diferença,
pois se trata de adolescentes eutróficas com composição corporal desfavorável.
4.6 Hábitos alimentares e composição da dieta
Utilizando-se o inquérito alimentar, pôde-se conhecer as diferenças na ingestão
de nutrientes entre os grupos, a realização das principais refeições, consumo de
calorias, macro e micronutrientes (cálcio, ferro, vitamina A e vitamina C), comparando
com as respectivas recomendações, em função do tamanho amostral deste estudo
(WILLETT, 1990; PRIORE, 1998).
BEATON (1994) afirma que para se classificar o consumo alimentar de grupos
populacionais um único recordatório de 24 horas é viável.
Analisando-se os dados da tabela 20, verifica-se que não foram encontradas
diferenças significativas em relação ao número de refeições realizadas pelas
adolescentes estudadas.
Tabela 20 - Número de refeições realizadas pelas adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo Grupo controle Estatística Número de
refeições
n % n % calculada p
2 01 1,7 - - 0,0
a
1,0
3 07 11,7 06 10,0 0,11
b
0,74
4 20 33,3 16 26,7 0,92
b
0,33
5 27 45,0 30 50,0 0,33
b
0,56
6 05 8,30 08 13,3 0,78
b
0,37
Total 60 100,00 60 100,00 - -
b
Qui- quadrado
a
correção de Yates
BARBOSA e PRIORE (2002) encontraram 15,6 e 16,6% de adolescentes com
fracionamento inferior a três refeições para adolescentes com sobrepeso e eutrófícos,
respectivamente.
Segundo JENKINS et al. (1994), o fracionamento das refeições está entre os
fatores que podem influenciar o metabolismo de carboidratos e gorduras, e,
conseqüentemente, na composição corporal.
A substituição do jantar por lanche, Tabela 21, pode incorrer muitas vezes em
troca de alimentos saudáveis por aqueles ricos em gordura como sanduíches ricos em
molhos gordurosos ou salgadinhos do tipo chips, o que, se mantido ao longo da vida,
poderá contribuir para um aumento na porcentagem de gordura das adolescentes,
entretanto não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos.
Tabela 21 Substituição do Jantar por lanche de adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo Grupo controle
Substituir do jantar
por lanche
n % n %
Sim 19 31,7 23 38,3
Não 41 68,3 37 61,7
Total 60 100,0 60 100,0
Teste do Qui- quadrado valor calculado= 0,59 p = 0,44
VIEIRA et al. (2002
b
) encontraram que apenas 15,9% dos adolescentes
estudados consumiam refeições em vez de lanches no horário referente ao jantar. Os
autores ressaltam a importância de se trabalhar esse hábito alimentar, transmitindo aos
adolescentes a importância de escolha de alimentos mais adequados a suas
necessidades nutricionais e de opções de lanches balanceados.
Os adolescentes têm o hábito de omitir refeições e segundo TOJO et al. (1995),
isto pode ser encarado como um fator de risco nutricional para essa faixa etária.
FONSECA et al. (1998) encontraram que maior porcentagem de omissão do
desjejum foi relatado pelos adolescentes com sobrepeso, sendo que o sexo masculino
omitia mais o desjejum que o sexo feminino. As autoras avaliaram por meio de um
modelo de regressão linear a associação da omissão do desjejum e o sobrepeso, sendo
que essa foi positiva e significativamente associada ao IMC (p= 0,03).
VIEIRA et al. (2002
b
) encontraram que 37% dos adolescentes estudados
omitiam o desjejum, valores superiores aos encontrados por este estudo (Tabela 22), o
que pode ser pelo fato desses adolescentes serem recém-ingressos em uma universidade
pública e portanto a grande maioria morava sozinho ou em repúblicas, o que poderia
dificultar a realização do desjejum.
O hábito de omitir o desjejum foi encontrado também por outros autores, sendo
uma característica preocupante do hábito alimentar nessa faixa etária (BULL e PHILL,
1992; ANDERSEN et al., 1998; PRIORE, 1998). Entretanto, BARBOSA e PRIORE
(2002) encontraram a omissão do desjejum apenas entre os adolescentes com
sobrepeso, sendo que nenhum dos eutróficos omitia o desjejum.
Neste estudo (Tabela 22) com diferenças estatisticamente significativas
(p=0,03), um maior número de adolescentes do grupo de estudo omitia o desjejum em
relação ao controle.
6
Tabela 22 Omissão do desjejum pelas adolescentes eutróficas, após menarca,
entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo Grupo controle
Omissão do
desjejum
n % n %
Sim 7 11,7 1 1,7
Não 53 88,3 59 98,3
Total 60 100,0 60 100,0
χχ
2
f
Teste de Fischer valor calculado = 3,35 p= 0,03*
A adolescência é um período de elevada demanda nutricional, sendo que as
necessidades energéticas aumentam com o rápido crescimento, com a maior proporção
de massa corporal magra, com a menor proporção de gordura no organismo, com o
aumento da atividade física, com o desenvolvimento muscular e com a maturação
esquelética (ALBANO e SOUZA, 2001).
Analisando-se os dados da Tabela 23, observa-se que não foram encontradas
diferenças significativas para o consumo calórico total, proteínas (g) e lipídios (g),
ingeridos entre os grupos.
Tabela 23 - Macronutrientes (gramas) e porcentagem do valor energético total
ingerido (média, DP e mediana ) de adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística
Nutrientes
X ±± DP
Mi
X ±± DP
Mi U p
Carboidratos (g)
239,91 ± 76,22
239,85
287,30 ± 93,44
276,27 2,66 0,007*
Proteínas (g)
70,31 ± 22,58
70,15
66,81 ± 23,29
63,58 1,010 0,312
Lipídios (g)
74,09 ± 34,21
66,84
77,08 ± 33,35
72,61 0,57 0,560
Carboidratos (%)
50,69 ± 7,59
49,64
54,82 ± 7,87
55,81 2,62 0,008*
Proteínas (%)
15,17 ± 4,35
15,24
13,00 ± 3,77
12,31 2,86 0,004*
Lipídios (%)
34,13 ± 8,17
32,55
32,08 ± 7,74
31,69 1,21 0,224
VET
1914,36 ± 596,54
1785,07
2066,49 ± 689,78
1965,16 1,38 0,165
DP = Desvio Padrão
X = média Mi = Mediana
U= Mann Whitney
Para o consumo e a distribuição dos carboidratos no VET, foi evidenciado que o
grupo de estudo ingeria menor proporção e quantidade de carboidrato em gramas
(p=0,008 e 0,007, respectivamente).
A contribuição dos lipídios no VET não se demonstrou significativamente
diferente entre os dois grupos estudados.
Em relação à contribuição das proteínas, foi encontrado uma maior proporção
de proteínas na constituição do VET do grupo de estudo (p= 0,004) que no controle.
ORTEGA et al. (1995), estudando a relação entre composição da dieta e o IMC
em adolescentes espanholas, não encontraram diferenças estatisticamente significativas
na ingestão energética de obesas e eutróficas. Entretanto, as obesas derivavam a grande
parte da sua energia de proteínas (19,8% e 16,4% para os obesas e eutróficas,
respectivamente), e gordura (45,4% e 38,7% para os obesas e eutróficas,
respectivamente), sendo que os carboidratos tinham menor contribuição (34,6% e
44,6% para os obesas e eutróficas, respectivamente), os autores ressaltam que, para se
prevenir a obesidade, é necessário não somente controlar a energia ingerida, mas
também manter o balanceamento da dieta.
LAESSLE et al. (1997); FONSECA et al. (1998); FONTANIVE et al. (2002)
BARBOSA e PRIORE (2002) não encontraram diferenças significativas na ingestão
energética entre adolescentes obesos e eutróficos.
MAFFEIS
et al. (1998) estudaram a influência da dieta, atividade física e
obesidade dos pais em relação a adiposidade infantil em um estudo longitudinal.
Encontraram que o IMC materno e assistir TV justificavam 17% da variação do IMC
aos 8 anos de idade, e o IMC dos Pais explicou 13,5% da variação no IMC. Aos 12
anos de idade, outras variáveis como energia ingerida, distribuição dos nutrientes e
atividade física foram totalmente rejeitados; os autores concluíram que a obesidade dos
pais foi o maior fator de risco no grupo de crianças estudadas.
MAFFEIS et al. (2000) estudaram a distribuição da energia ingerida como um
fator de risco para a obesidade na infância, não encontrando diferenças significativas na
ingestão energética e na distribuição do total energético diário em macronutrientes em
crianças obesas e eutróficas.
Os dados deste estudo estão de acordo com os encontrados na literatura para
ingestão energética, onde não foram encontradas diferenças significativas.
Alguns estudos estão revelando que adultos e adolescentes com sobrepeso ou
obesidade têm um menor consumo de carboidratos que eutróficos, apesar de neste
estudo todas as adolescentes serem consideradas eutróficas (IMC); mas, com alto
percentual de gordura corporal, apresentaram situação semelhanre ao encontrado na
literatura para indivíduos com sobrepeso e obesos (ANTA et al. 1996; CERVATO et al.
1997; BARBOSA e PRIORE, 2002).
MONTEIRO et al. (2000), analisando a distribuição do valor energético total
em macronutrientes, em três estudos nacionais, observaram que existe uma tendência
da menor contribuição dos carboidratos e maior de lipídios nas calorias totais, enquanto
a ingestão de proteínas pouco se alterou entre os estudos. Os autores ressaltam, ainda,
que esse tipo de dieta desequilibrada pode ser conseqüência de uma escolha inadequada
de alimentos ou de preparações, e da substituição das massas por alimentos de origem
animal, ou por preparações fritas em detrimento dos cozidos e refogados, acrescentando
um elevado percentual de lipídios à dieta.
Tabela 24 - Adequação da Mediana de Ingestão de adolescentes eutróficas, após
menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa MG
Grupo de estudo Grupo controle
Estatística (χχ
2
)
Nutrientes EAR
Mediana
%
Inadequação
Mediana % Inadequação
calc. p
Carboidratos (g) 100 g/d 239,85 - 276,27 - - -
Proteínas (g)
a
0,71 70,15 < 37,28
a
g 5,0
63,58 < 34
a
g 6,70%
0,54 0,35
Lipídios (g)
b
ND
b
66,84 - 72,61 - - -
Calorias Totais
c
< 2200
>2200
2200,00
1785,07
30,0
70,0
1965,16
33,30
66,70
0,15 0,69
% de Inadequação = Porcentagem de Inadequação χ
2
= Teste do Qui- Quadrado
calc.= calculada
a
calculados a partir da EAR (0,71 g/kg/dia, utilizando-se o peso na mediana do grupo)
b
ND = Não determinados
c
Segundo as recomendações do National Recencil Concil/ Recommended Dietary Allowances, 1989.
De acordo com o Instituto de Medicina (INSTITUTE, 2002
a
), os carboidratos
provêm energia para as células do corpo, e em particular do cérebro, que é dependente
de glicose. A Estimated Average Requeriment (EAR) ou Necessidade Média Estimada
foi estabelecida com base na utilização média de glicose pelo cérebro, ou seja, no
consumo mínimo.
Neste estudo, nenhuma das adolescentes de ambos os grupos consumiu menos
que a EAR de Carboidratos (Tabela 24), porém, quando foram avaliados outros
parâmetros da ingestão adequada de carboidratos, como a distribuição da energia
ingerida em macronutrientes, constatou-se que ambos os grupos estavam inadequados,
porém o grupo de estudo apresentou menor proporção de energia proveniente de
carboidratos que o controle.
Dados da tabela 27 indicam que, neste estudo as adolescentes apresentaram uma
inadequação em relação às recomendações, sendo que ambos os grupos tiveram
comportamento semelhante no consumo de proteínas, ou seja, a grande maioria
consumiu quantidades acima do recomendado, o que pode ser explicado pelo fato de os
adolescentes, em geral, terem dietas inadequadas, o que lhes confere um risco
nutricional. Para as calorias, ambos os grupos ingeriram menos que a quantidade
recomendada. Em relação aos lipídios, não foi possível fazer esta análise, por não se ter
valores médio de ingestão determinados pelas DRIs.
PRIORE (1998) encontrou comportamento semelhante ao encontrado para o
consumo de proteínas, neste estudo, onde a maioria dos adolescentes estudados ingeriu
proteínas acima do recomendado.
ALBANO e SOUZA (2001), estudando a ingestão de energia e nutrientes por
adolescentes de uma escola pública, encontraram médias de ingestão calórica e protéica
ligeiramente superiores ao encontrado neste estudo para o sexo feminino 2197,23 ±
825,68 e 81,10 ± 35,12 para calorias e proteínas, respectivamente.
Analisando-se os dados das tabelas 25 e 26, observa-se que uma grande
proporção de adolescentes ingeriu percentual de lipídios acima do esperado, porém, não
foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, o que não seria esperado,
pois tendia-se a pensar que os adolescentes com maior porcentagem de gordura
corporal ingerissem mais lipídios. Em relação à porcentagem de carboidratos,
observou-se que o grupo de estudo apresentou maior porcentagem de inadequação para
o consumo abaixo do esperado, ou seja, maior número de adolescentes desse grupo
ingeriu menos de 45% das calorias provenientes dos carboidratos.
Tabela 25 - Adequação da distribuição calórica dos macronutrientes de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do
município de Viçosa- MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística
Nutrientes
Mi
%
Inadequação
Mi
%
Inadequação
calculada
(χχ
2
)
p
Carboidratos (%)
49,64 - 55,81 -
< 45% 21,7% 10%
> 65% 1,70% 10%
Total 23,40% 20,00% 0,20 0,65
Proteínas (%) 15,24 - 12,31
< 10% 15% 16,70%
> 35% - -
Total 15% 16,70% 0,01 0,90
Lipídios (%) 32,55 31,69
< 20% - 3,30%
> 35% 38,3% 30%
Total 38,3% 33,30% 0,33 0,56
Fonte: IOM, 2002 - Faixas de Distribuição aceitável de macronutrientes (ADMR)
χχ
2
Qui Quadrado Mi= mediana
Tabela 26 - Adequação da distribuição calórica dos macronutrientes de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do
município de Viçosa- MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística
Nutrientes %
Inadequação
%
Inadequação
calculada
(χχ
2
)
p
Carboidratos < 60% 21,7 11,7 2,16 0,14
Proteínas > 12%
76,7 51,6 8,15
0,004*
Lipídios > 25% 90,0 83,3 1,15 0,28
Fonte: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (VANNUCCHI et al., 1990)
χχ
2
Qui Quadrado Mi= mediana
PRIORE (1998) encontrou que 90% dos adolescentes estudados ingeriam
calorias provenientes dos lipídios acima do recomendado, sendo que o consumo dos
carboidratos ficou abaixo do recomendado, como encontrado neste estudo. Vale
ressaltar que houve um aumento considerável nas recomendações de energia provinda
de lipídios, segundo as DRIs, sendo que em 1990 eram de 20 a 25% do VET, passando
para 20 a 35%.
Em relação às calorias provenientes das proteínas não foram encontradas
diferenças entre os grupos pelos pontos de corte das (IDRs, 2002), porém, ao se
analisar os dados, como proposto por VANNUCCHI et al. (1990), foi encontrada
diferença significante entre os grupos, sendo que o grupo de estudo consumia maior
proporção de proteínas (p=0,004).
Tabela 27 - Micronutrientes (mediana, EAR, AI, Média e DP ) de adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município
de Viçosa - MG
Valores Preconizados
Nutrientes
Grupo de estudo Grupo controle Estatística
Nutrientes
EAR AI Mediana
Média ±± DP
% de
Inadequação
Mediana
Média ±± DP
% de
Inadequação
calculada
χχ
2
p
Vitamina C (mg) 56,0 - 53,48
79,19 ± 80,33
50,0 66,74
122,23 ± 152,78
43,3 0,54 0,35
Cálcio (mg) - 1300,0 585,68
628,06 ± 355,18
- 727,20
718,34 ± 368,70
- - -
Ferro (mg) 8,1 - 10,02
10,61 ± 4,05
25,0 10,22
10,17 ± 4,22
33,30 1,01 0,31
Fibras (g) - 26,0 8,48
9,52 ± 5,91
- 8,31
10,61 ± 7,93
- - -
Retinol (eq) 500,0 - 547,18
547,18 ± 433,28
58,3 657,75
657,75 ± 627,60
51,70 0,54 0,46
EAR Estimated Average Requirement
AI Adequate Intake
DP- Desvio Padrão
χχ
2
- Teste do Qui Quadrado
O consumo de vitamina C foi maior no grupo controle que no de estudo, o que
seria um fato muito positivo, pois esse grupo apresentou maior porcentagem de
inadequação no consumo de ferro e a vitamina C tem um papel fundamental na
absorção do ferro não-heme. Entretanto, apesar da mediana de consumo ter sido maior,
43,3% e 50% dos adolescentes dos grupos controle e de estudo revelaram consumo
inadequado de vitamina C.
ALBANO e SOUZA (2001) encontraram um consumo de vitamina C superior
ao encontrado por este estudo (161,59 ± 199,14), no entanto, os autores ressaltam que
os adolescentes estudados por eles tinham hábito freqüente de consumir frutas e sucos
de fruta, o que não foi encontrado neste estudo.
Para o cálcio, observou-se que em relação a ingestão adequada (AI) de cálcio,
75% das adolescentes de ambos os grupos ingeriam menos que a AI. É importante
ressaltar que o crescimento do esqueleto necessita de um balanço positivo deste
mineral, até que o pico de massa óssea seja alcançado. A mineralização óssea continua
por alguns anos após o crescimento longitudinal ter cessado e não se sabe ao certo a
idade em que a massa óssea total é atingida, mas, provavelmente, isto não ocorre antes
dos 25 anos, o que torna a adequação do consumo de cálcio de suma importância na
adolescência (ALBANO e SOUZA. 2001).
O consumo inadequado de cálcio entre os adolescentes também foi encontrado
em outros estudos (PRIORE et al., 1995; PRIORE, 1998).
O ferro é necessário não somente para manter as concentrações de hemoglobina,
mas também para suprir as necessidades em relação ao crescimento de tecidos que
ocorre na adolescência (ALBANO e SOUZA, 2001). Ressalta-se que na adolescência
inicia-se a menarca, quando no sexo feminino ocorrem as primeiras perdas de ferro
através da menstruação, tornando este mineral de suma importância para as
adolescentes. Neste estudo, observou-se que 25% e 33,3% dos grupo de estudo e
controle, respectivamente, apresentavam ingestão de ferro abaixo da EAR para ferro.
Apesar de não ter sido encontrada diferença estatística entre os grupos, observou-se que
o grupo controle apresentava-se mais inadequado em relação ao consumo de ferro que
o de estudo. Isto pode ser em razão da maior recusa (Tabela 29) por alguns alimentos
fontes de ferro, como a carne e o feijão entre os adolescentes do grupo controle.
PRIORE (1998) encontrou, entre adolescentes do estado de São Paulo, que as
adolescentes apresentavam inadequação no consumo de ferro, muito abaixo do
recomendado para todas as faixas etárias estudadas, sendo que o contrário foi
encontrado para o sexo masculino que apresentou valor mediano de ingestão superior
as recomendações.
CROMER et al. (1992) colocam que a anemia é a carência nutricional mais
comum entre os adolescentes, sendo que para os do sexo masculino, por serem mais
suscetíveis ao déficit em função da demanda aumentada pelo incremento de massa
muscular e para as adolescentes, além do crescimento, acrescentam-se as perdas
menstruais, e em ambos os sexos essa maior demanda nem sempre é compensada por
uma alimentação balanceada em ferro.
ALBANO e SOUZA (2001), estudando a ingestão de energia e nutrientes por
adolescentes de uma escola pública, encontraram médias de ingestão de cálcio, ferro e
vitamina C e vitamina A superiores as encontradas neste estudo. Porém, esse consumo
maior destas adolescentes não foi suficiente para atingir as recomendações de cálcio,
ferro e vitamina A. As autoras ressaltam a importância de se realizar pesquisas, á nível
nacional para se verificar a dimensão do problema e propor estratégias de prevenção e
de controle.
Observou-se que em relação à ingestão adequada (AI) de fibras, 75% das
adolescentes de ambos os grupos encontravam-se com ingestão abaixo do valor da AI.
SALDANHA (1995); BARBOSA e PRIORE (2002) encontraram ingestão de
fibras abaixo do recomendado, independente do estado nutricional dos adolescentes,
como encontrado por este estudo.
As fibras favorecem o bom funcionamento gastrointestinal, e são importantes no
tratamento e prevenção de doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares, câncer
de cólon e diabetes (SALDANHA, 1995).
A baixa ingestão de fibras pode ser decorrente da influência familiar na escolha
e no preparo dos alimentos, principalmente na fase de introdução de novos alimentos
(GAMBARDELLA e GOTLIEB, 1998).
Analisando-se os dados da Tabela 28, nota-se que não foram encontradas
diferenças significativas para as preferências alimentares entre os grupos. Entretanto,
no grupo de estudo, uma maior porcentagem de adolescentes preferiu leite ou
derivados, refrigerante, batata frita, doces, frutas e salgados fritos, enquanto no controle
uma maior porcentagem de adolescentes preferiu café, suco natural e artificial, arroz e
feijão, chips, chocolate, hortaliças, massas e salgado assado.
Tabela 28 Preferências alimentares de adolescentes eutróficas, após menarca,
entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Total
Estatística
Preferências
n % n % n calculada
p
Arroz e Feijão 20 33,3 18 30,0 38 0,15 0,69
a
Batata Frita 19 31,7 25 41,7 44 1,29 0,25
a
Biscoito Recheado 05 8,3 06 10,0 11 0,10 0,75
a
Café 4 6,7 3 5,0 07 0,15 0,69
b
Carnes 34 56,7 34 56,7 68 0,00 0,85
a
Chips 02 3,3 01 1,7 03 0,34 0,55
b
Chocolate 26 43,3 16 26,7 42 3,66 0,05
a
Doces 13 21,7 15 25,0 28 0,19 0,66
a
Frutas 16 26,7 24 40,0 40 2,40 0,12
a
Hortaliças 20 33,3 17 28,3 37 0,35 0,55
a
Leite e derivados 15 25,0 21 35,0 36 1,43 0,23
a
Massas 37 61,6 32 53,3 69 0,85 0,35
a
Refrigerante 13 21,7
15
25,0 28 0,19 0,66
a
Salgado assado 06 10,0 05 8,3 11 0,10 0,75
a
Salgado frito 08 13,3 11 18,3 19 0,56 0,45
a
Suco Artificial
28
46,7
24
40,0 52 0,54 0,46
a
Suco Natural
53
88,3
52
86,7 105 0,08 0,78
a
Obs: Dados não excludentes
a
Qui- quadrado
b
Teste de Fischer
PRIORE (1998) ressalta que apesar, de a literatura enfocar que os adolescentes
geralmente preferem refeições rápidas, entre elas sanduíches, salgados, salgadinhos
(chips) e outros, a autora observou que estas preferências foram inferiores às
manifestadas por outros alimentos como massa, doce, batata e fruta. Este estudo
também encontrou preferências maiores para batata frita, arroz e feijão, chocolate,
doces, frutas, carne e massas, que para chips e salgados, assim como preferência maior
para sucos que para refrigerantes em ambos os grupos estudados.
As preferências alimentares podem ser associadas à etiologia da obesidade;
entretanto, para as adolescentes, estar ou não de dieta, tem maior influência nas
preferencias alimentares que o peso corporal (CONTENTO et al. 1995).
PERL et al. (1998), analisando a aceitação de diferentes alimentos com a
obesidade e sexo entre adolescentes, não encontraram diferenças significativas entre os
grupos, embora as meninas com obesidade tivessem uma escala hedônica menor para
cereais, carne (exceto peixe), gordura e produtos gordurosos, vegetais e doces ou
sobremesas, e maior para ovos, peixe e frutas. Os autores ressaltam que outros fatores
parecem ter maior influência na gênese da obesidade.
Os dados deste estudo concordam com o proposto por PERL et al. (1998), pois
não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos.
Tabela 29 Recusa de Alimentos pelas adolescentes eutróficas, após menarca,
entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa - MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística
Alimentos
n %
n % calculada p
Pelo menos
uma recusa
23 38,3 28 46,6 0,84
a
0,35
Carne*
- - 04 6,70 4,10
b
0,04*
Feijão 01 1,7 04 6,70 1,86
c
0,17
Legumes*
08 30,0 08 13,30 4,87
a
0,02*
Leite*
04 6,7 - - 4,10
b
0,04*
Verduras 11 18,3 10 16,60 0,05
a
0,81
Hortaliças
(Legumes e
Verduras)
29 48,3 18 29,90 4,23
a
0,03*
Outros 29 48,3 34 56,6 0,83
a
0,36
Obs: Dados não excludentes
a
χχ
2
Qui- quadrado
b
Correção de Yates
c
Teste de fischer
Pela análise dos dados mostrados na tabela 29 pode-se observar que o grupo
controle apresenta maior porcentagem de Pelo menos uma recusa que o grupo de
estudo, não sendo entretanto essa diferença estatisticamente significativa. Os grupos se
comportam de forma bastante diferente, sendo que o grupo de estudo apresentou maior
recusa por legumes, verdura, leite e hortaliças, e o grupo controle por feijão e carne,
este é um dado preocupante, visto que os alimentos rejeitados são importantes fontes de
nutrientes como por exemplo, fibras, ferro e cálcio, que são nutrientes de suma
importância para a manutenção de um bom estado nutricional na adolescência.
PRIORE (1998) verificou que, entre os adolescentes estudados, 69,9% de recusa
por hortaliças, 32,6% por carnes e 10,2% por leite, que são superiores à porcentagem
de recusa encontrada neste estudo, que foi de 48,3 e 29,9% para hortaliças, para o
grupo de estudo e controle, respectivamente, nenhuma e 6,66% para carne no grupo de
estudo e controle, respectivamente, e 6,66 e nenhuma para leite no grupo de estudo e
controle, respectivamente. Espera-se que essa menor porcentagem de recusa possa ser
proveniente de diferenças no hábito alimentar entre os adolescentes estudados por
Priore, que eram do estado e da cidade de São Paulo, e os deste estudo, realizado em
Minas Gerais.
Entre as outras recusas, estão alguns tipos de hortaliças, (almeirão, taioba,
agrião, chuchu, berinjela) miúdos e peixes. Porém, esses adolescentes não recusavam
um grupo de alimentos e sim alguns alimentos isolados, o que pode ser considerado
normal, pois cada um de nós tem seus hábitos e preferências, que fazem parte do
padrão alimentar individual, o que não implica necessariamente um risco nutricional.
Analisando-se o motivo da recusa, 95% dos adolescentes sem diferenças entre os
grupos relataram que não comiam aquele alimento ou grupo de alimentos porque não
gostavam; os outros 5% foram divididos entre intolerância, motivos religiosos e alergia.
Tabela 30 Consumo de alimentos no lanche escolar pelas adolescentes
eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa -
MG
Grupo de estudo Grupo controle Estatística
Lanche Escolar
n
%
n
%
calculada
p
Nada 13 21,6 11 18,3 0,21
a
0,64
Salgado Frito 09 19,1 07 14,3 0,29
a
0,59
Salgado Assado 27 57,4 22 44,9 0,86
a
0,35
Fruta 03 6,4 01 2,0 1,03
b
0,30
Balas, etc 07 14,9 07 14,3 0,00
a
1,00
Chocolate 01 2,1 02 4,0 0,34
b
0,50
Refrigerante 04 8,5 05 10,2 0,12
b
0,50
Biscoito 03 6,4 01 2,0 1,03
b
0,30
Merenda Escolar 13 27,6 18 36,7 1,09
a
0,29
Outros 03 10,6 13 26,5 6,60
b
0,15
Obs: Dados não excludentes Outros = pipoca, chup-chup, chips
a
χχ
2
= Qui quadrado
b
= Teste de Fischer
Analisando-se os dados da Tabela 30, observa-se que não foram encontradas
diferenças significativas em relação aos alimentos consumidos no lanche escolar entre
os grupos. É importante ressaltar que alguns alimentos tiveram uma baixa freqüência
de consumo como frutas (5,0 e 1,6% para grupo de estudo e controle respectivamente),
e o iogurte não foi relatado, o que pode ser explicado por este alimento não fazer parte
do hábito alimentar deste grupo, ou pelo baixo nível sócioeconômico desses grupos
onde muitos dos derivados do leite, que fornecem uma quantidade considerável de
cálcio para a alimentação, são considerados supérfluos em razão do preço.
Entre os outros alimentos consumidos que não estão listados na tabela os de
maior consumo, foram a pipoca doce industrializada, o chup-chup, e os salgadinhos do
tipo chips.
Tabela 31 Consumo de alimentos diet/light ou desnatados entre adolescentes
eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa -
MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística
Alimentos
n
%
n
%
calculada
p
Qualquer Produto 17 28,30 06 10,00 6,51
a
0,01*
Adoçante 11 18,30 01 1,70 9,26
a
0,002*
Leite desnatado 04 6,70 03 5,00 0,15
b
0,50
Margarina light 02 3,30 01 1,70 0,55
b
0,50
Suco diet/light 01 1,70 02 3,30 0,34
a
0,55
Refrigerante diet/light 09 15,00 04 6,70 2,16
a
0,14
Obs: Dados não excludentes
a
χχ
2
= Qui quradrado
b
= Teste de Fischer
Analisando-se os dados da tabela acima, observa-se que 28,30 e 10,00% das
adolescentes do grupo de estudo e controle, respectivamente, consumiam algum
produto diet/light ou desnatado, sendo que o maior consumo foi o de adoçante e
refrigerantes. Nota-se que foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
entre o consumo de qualquer produto e o de adoçante entre os grupos, sendo que o
grupo de estudo apresentou maior associação.
Segundo PRIORE (1998), o consumo de produtos diet/light está cada vez mais
difundido, utilizado e divulgado entre os adolescentes, de ambos os sexos, apesar de as
adolescentes serem as principais usuárias, o que pode ocorrer em função da
preocupação crescente com o controle de peso e com a imagem corporal. A autora
encontrou que 28,10% das adolescentes da rede pública de ensino de São Paulo
consumiam esse tipo de produto, sendo os mais consumidos os refrigerantes, adoçantes,
doces, leite e derivados, formulados diet, pão e margarina.
BARBOSA e PRIORE (2002) encontraram que o consumo de alimentos
diet/light foi maior nos adolescentes com sobrepeso que nos eutróficos, sendo que o
adoçante foi consumido apenas pelo grupo com sobrepeso.
ROSADO e MONTEIRO (2001), revisando os trabalhos sobre a substituição de
macronutrientes na dieta e a obesidade, concluíram que o uso de substitutos de
carboidratos deve estar associado a um plano alimentar disciplinado, o que pode
auxiliar alguns indivíduos a controlar o seu consumo energético, pois o valor energético
do carboidrato pode ser considerado o componente mais importante na eficiência da
saciedade e a sua substituição pelo adoçante não energético não resultaria na abstenção
e sim na compensação energética, principalmente com alimentos ricos em lipídios, que
tendem a aumentar a densidade energética da dieta, promovendo o superconsumo
passivo de energia, além de apresentar baixa prioridade de oxidação. Entretanto, alguns
tipos de adoçantes podem promover a redução da massa corporal por conseguir induzir
a eficiência da saciedade e reduzir o valor energético da dieta. As autoras ressaltam que
a substituição de carboidratos por adoçantes deve ser feita, desde que haja adesão a um
plano alimentar, o que indica a necessidade de acompanhamento nutricional desse
paciente, o que não ocorria com as adolescentes deste estudo, que simplesmente
utilizavam o adoçante.
Tabela 32 Freqüência alimentar de consumo entre adolescentes, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa MG
Grupo de estudo
Grupo controle
Estatística**
Alimentos
< 2 x
2 --4 x 4 --6 x
Diariamente Nunca < 2 x
2 --4 x 4 --6 x
Diariamente Nunca calculada
p
Leite 09 09 01 31 10 09 05 02 38 06 1,15
a
0,28
Achocolatado 07 05 01 20 27 08 11 00 12 29 0,13
a
0,71
Queijo 25 09 02 03 21 27 10 01 02 20 0,04
a
0,84
Frutas 11 15 03 27 04 15 11 07 23 04 0,0
b
1,00
Hortaliças Cruas 14 09 13 19 05 10 14 09 14 13 4,18
a
0,04*
Hortaliças Cozidas 23 14 04 05 14 14 20 03 04 19 1,04
a
0,30
Chips ou similar 13 07 04 01 35 16 10 04 03 27 2,14
a
0,14
Pipoca Doce 19 06 04 01 30 23 07 03 01 26 0,54
a
0,46
Pipoca Salgada 20 06 00 00 34 17 01 00 00 42 2,30
a
0,12
Salgado Assado 25 02 01 01 31 19 06 04 00 31 0,0
a
1,00
Salgado Frito 27 09 04 01 19 29 09 04 02 16 0,36
a
0,54
Refrigerante 30 10 03 05 12 27 09 03 04 17 1,14
a
0,28
Refrigerante Diet/light 5 3 1 0 51 4 0 0 0 56 2,16
a
0,14
Maionese 20 01 03 02 34 17 04 02 03 34 0,0
a
1,00
Carne* 04 13 08 35 00 10 16 09 22 03 1,37
c
0,12
Frituras 32 17 0 05 06 29 16 03 06 06 0,0
a
1,0
Chocolates 15 09 04 09 23 12 12 03 12 21 0,14
a
0,70
Balas e Similares 06 10 05 27 12 08 05 04 31 12 0,0
a
1,0
a
Qui quadrado
b
Teste de Fischer
c
Correção de Yates
** - Valores calculados em relação ao consumo e o não consumo entre o grupo controle e o de estudo.
Analisando-se os dados da Tabela 32 constata-se que não foram encontradas
diferenças significativas no consumo diário entre os grupos, com exceção das hortaliças
cruas, em que um maior número de adolescentes do grupo de controle consumiam
hortaliças cruas (p=0,04).
Os dados de consumo diário foram bastante próximos nos dois grupos refletindo
mais uma característica alimentar do grupo como um todo do que para os grupos em
separado.
FONTANIVE et al. (2002) encontraram maior freqüência de consumo diário
para alimentos com alto conteúdo lipídico (como margarina, manteiga, maionese, ovos
fritos e chocolates) e para frutas, entre os adolescentes com sobrepeso, e maior
consumo de leite, pão, queijo nos eutróficos, embora as diferenças também não sejam
significativas.
Em relação ao menor consumo diário de carne pelos adolescentes do grupo
controle, houve uma concordância entre o consumo diário e a recusa de alimentos, pois
o grupo controle apresentou maior recusa por este grupo e também menor consumo
diário.
4.7. Fatores de Risco: determinação de um “modelo de risco”
Fator de risco pode ser definido como aquele cuja presença está associada a um
aumento da probabilidade de que uma determinada doença ou condição se desenvolva
posteriormente. Dessa forma, quanto maior o número e a magnitude dos fatores de
risco maior a probabilidade de morbidade e mortalidade prematura (RABELO, 2001).
Segundo FLECHER et al., (1999), muitos fatores de risco podem ter longos
períodos de latência entre a exposição ao fator e as primeiras manifestações de
alterações, sendo que, quando as conseqüências aparecem, a exposição ao fator de risco
foi esquecida, ficando a ligação entre a exposição e a doença obscurecida.
Baseado nas variáveis com significância estatística, foi calculada a Odds Ratio e
foi desenhado um “modelo de risco” para a porcentagem de gordura corporal elevada.
A Figura 2 demonstra os fatores de risco analisados entre as adolescentes
estudadas
Figura 2 - “Modelo de risco” da porcentagem de gordura corporal elevada (adaptado de NEUTZLING,
2002)
As adolescentes que consumiam adoçante tinham uma chance de risco 13,24
vezes maior de ter alta porcentagem de gordura corporal que as que não usavam,
lembrando-se do caráter deste estudo que é transversal, portanto, sem condições de
predizer os motivos ou a relação causa efeito deste consumo. Sabe-se que este consumo
era feito de forma aleatória e sem nenhuma orientação profissional, o que pode
contribuir para o desequilíbrio da ingestão energética, favorecendo o desequilíbrio da
alimentação.
O hábito de omitir o desjejum confere uma razão de chances 7,79 vezes maior
de se ter alta porcentagem de gordura corporal em relação às adolescentes que não tem
este hábito, talvez por contribuir para um desequilíbrio na ingestão energética ao longo
do dia, influenciando negativamente no metabolismo energético.
O consumo de bebidas alcoólicas confere uma chance 4,93 vezes maior de se ter
porcentagem de gordura corporal elevada que o não-consumo. Visto que esse hábito
não é considerado favorável à boa saúde, tem-se mais um motivo para desencorajá-lo,
frente a este grupo
Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, pode-se dizer que cada grama de
álcool gera em torno de 7 calorias, e estas são consideradas “calorias vazias”, pois não
fornecem nenhum outro nutiente, o que pode contribuir para o alto percentual de
gordura corporal. Em relação ao consumo de vinho, não se acredita que seja o vinho em
especial que aumente a porcentagem de gordura, mas sim que esta seja a bebida mais
consumida entre as adolescentes do sexo feminino, e tem então seu valor alcoólico,
contribuindo para aumentar a porcentagem de gordura corporal.
A obesidade na Infância conferiu uma chance 4,8 vezes maior de se apresentar
elevado percentual de gordura corporal.
A obesidade na infância pode ser explicada pelo fato de que nesta fase o
indivíduo encontra-se em crescimento, quando ocorre um aumento do número de
células e estas são mantidas por toda a vida do indivíduo, sendo que, se o ganho de
peso se faz de forma exagerada, ocorre um maior incremento de células adiposas,
sendo, portanto, mantidas até a vida adulta (Obesidade Hiperplásica). Mesmo que o
indivíduo tenha perdido peso e este se encontre normal na adolescência, o número de
células adiposas permanece o mesmo, o que parece contribuir para a alta porcentagem
de gordura corporal.
O uso de produtos diet/light ou desnatados confere uma razão de chances de
3,56 vezes maior para se ter alta porcentagem de gordura corporal. Como já
especificado, este consumo também não era orientado, podendo fazer parte de uma
alimentação desequilibrada, com uma compensação energética ou de outros nutrientes
em lugar da substituição.
O consumo de proteínas excedendo 12% das calorias totais ingeridas conferiu
uma chance 3,07 vezes maior de se ter uma porcentagem de gordura corporal elevada,
para as adolescentes deste estudo.
O excesso de consumo de proteínas pode ser considerado como fator de risco
pois, quando a proteína não é utilizada para síntese de aminoácidos, ela entra na
formação de energia e esta, se exceder o gasto energético, causa um balanço energético
positivo, induzindo ao ganho de peso.
ORTEGA et al. (1995) encontraram que adolescentes obesas derivavam a
grande parte da sua energia de proteínas e gordura sendo que os carboidratos tinham
menor contribuição. Os autores ressaltam que, para se prevenir a obesidade, é
necessário não somente controlar a energia ingerida, mas também manter o
balanceamento da dieta.
A idade da menarca menor que 12 anos de idade conferiu uma razão de risco
2,43 vezes maior para se ter alta porcentagem de gordura corporal nas adolescentes
estudadas.
A ocorrência da menarca antes dos doze anos talvez seja mais uma
conseqüência do que uma causa, pois, conforme foi discutido neste trabalho, é
necessário um peso ou uma porcentagem de gordura para que o evento da menarca
possa ocorrer, e se este acúmulo de peso ou de gordura acontece precocemente, isto
talvez possa estimular a formação dos hormônios sexuais, e desencadear a ocorrência
da menarca.
O baixo consumo de carboidratos, conferiu uma chance de 2,33 vezes maior
para a alta porcentagem de gordura corporal nas adolescentes estudadas, o que
confirma a importância do equilíbrio da ingestão de nutrientes no total energético
ingerido.
O baixo consumo de carboidratos e o uso de produtos diet/light ou adoçantes
parecem associar-se ao excesso de gordura corporal, pois seu uso está sendo feito de
forma inadequada, contribuindo para uma dieta desequilibrada. Segundo LEHNINGER
et al. (1995), a biossíntese de glicose é uma necessidade absoluta nos mamíferos,
porque o cérebro e o sistema nervoso, bem como a medula renal, testículos, eritrócitos
necessitam de glicose fornecida pelo sangue como a sua única ou principal fonte de
energia. Portanto, questiona-se, se os baixos níveis de carboidratos consumidos não
estão estimulando uma hipoglicemia nesses adolescentes e conseqüente queima do
tecido muscular na neoglicogênese, o que poderia contribuir para menor porcentagem
de tecido muscular, em relação à gordura corporal, visto que o tecido adiposo parecer
ser o menos metabolicamente ativo para síntese de glicose.
Atividade física ou a inatividade não foi analisada como fator de risco pelo fato
de o grupo como um todo apresentar-se com baixos índices de atividade,
caracterizando-se como sedentário. No entanto, ressalta-se a importância da atividade
física como redutora da porcentagem de gordura, mas para fazer a comparação como
fator de risco, os grupos necessitariam apresenta níveis de atividades diferentes, o que
não ocorreu neste estudo.
5. CONCLUSÃO
Conclui-se com o presente estudo que é de fundamental importância a análise
da composição corporal na adolescência. As adolescentes estudadas eram eutróficas em
relação ao IMC, porém, quando se avaliou a porcentagem de gordura corporal, foram
encontradas diferenças significativas em relação à gordura, sendo que a massa magra
não acompanhou o aumento da gordura corporal nas adolescentes do grupo de estudo.
Alguns dos fatores de risco encontrados para a elevada porcentagem de gordura
corporal como obesidade na infância, ocorrência da menarca antes dos 12 anos, baixo
consumo de carboidratos, e consumo de proteínas acima de 12% do VET, também são
encontrados como fator de risco para a obesidade na vida adulta, portanto, com a
análise da composição corporal, poder-se-ia fazer um diagnóstico precoce e, analisando
a presença desses fatores, propor intervenções e modificações nos hábitos inadequados.
Dentre estes destaca-se a orientação nutricional para a adequação da dieta, a inclusão
do desjejum e o desestímulo ao consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes.
Em relação aos hábitos alimentares, conclui-se que o grupo como um todo
apresentou distribuição energética desequilibrada em macronutrientes, principalmente
em relação ao consumo de proteínas e de carboidratos.
O uso de adoçantes e produtos diet/light deve ser feito com cautela e como parte
de um plano alimentar equilibrado, pois, feito de forma aleatória, pode incorrer em
desequilíbrio do consumo de carboidratos.
Em relação a TMB e ao metabolismo basal ajustado para a massa de gordura, o
grupo controle apresentou uma taxa significativamente maior que o de estudo,
sugerindo uma influência do peso e da composição corporal no gasto energético total
das adolescentes estudadas.
Assim, verificou-se neste estudo a importância de se avaliar a composição
corporal detalhada e não simplesmente a utilização do IMC para classificação do estado
nutricional de adolescentes, além de se conhecer fatores biológicos e sociais que
possam estar associados ao elevado percentual de gordura corporal, lembrando-se que o
excesso de gordura corporal na vida adulta geralmente está associado ao aumento de
peso e este, por sua vez, com o aumento da morbimortalidade.
6. Considerações Finais
A adolescência é uma fase de transição. Assim, modificações de hábitos podem
favorecer um estilo de vida mais saudável, garantindo uma melhor qualidade de vida na
fase adulta. A atividade física orientada deve ser estimulada, uma vez que são
conhecidos os efeitos benéficos da atividade física na composição corporal. A
alimentação equilibrada deve fazer parte do cotidiano dos adolescentes. Programas e
campanhas de esclarecimento devem ser elaborados, a fim de se melhorar o hábito
alimentar das jovens.
Dessa forma sugere-se que outros estudos sejam realizados nesta faixa etária e
com amostras maiores, a fim de se confirmar os dados aqui apresentados, e verificar a
influência de outras variáveis na composição corporal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, M .M.; LAMOUNIER, J. A., COLOSIMO, E. A. Prevalência de
sobrepeso e obesidade em crianças das regiões Sudeste e Nordeste. J Pediatr. v. 78, n.
4, p. 335-40, 2002.
ALBANO, R. D.; SOUZA, S. B. Ingestão de energia e nutrientes por adolescentes de
uma escola pública. J Pediatr. v. 77, n. 6, p. 512-6, 2001.
ANDERSEN, R. E.; CRESPO, C. J.; BARTLETTS, J. Relationship of physical activity
and television watching with body weightand level of fatness, among children. JAMA ,
v. 279, p. 938-42 , 1998.
ANDING, J. D.; KUBENA, K. S.; McINTOSH, W. A.; O’BRIEN, B. Blood lipids,
cardiovascular fitness, obesity, and blood pressure: the presence of potential coronary
heart disease risk factors in adolescents. J Am Diet Assoc, v.96, p.771-7, 1996.
ANJOS, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal.estatura
2
) como indicador do
estado nutricional de adultos: revisão de literatura. Rev. Saúde Pública, v. 26, n.6, p.
431-36, 1992.
ANTA, R. M. CARVAJALES, A.P.; MARCOS, A. M. R.; SOBALER, A. M. L.;
SOBRADO, R. R. R.; FERNÁNDEZ, M. G. Hábitos alimetarios e ingesta de energia y
nutrirentes en adolescentes com sobrepeso en comparación com los de peso normal.
Anales Esp Pediatr, v. 44, n. 3, p. 203-8, 1996.
BANDINI, L. G.; SCHOELLER, D. A.; CYR, H. N.; DIETZ,W. H. Validity of
reported energy intake in obese and nonobese adolescents. Am J Clin Nutr v. 52, p.
421-425; 1990.
BARBOSA, D. J. O adolescente e o esporte. In: Maakaroun MF, Souza RP, Cruz A.R.
Tratado de adolescência: um estudo multidisciplinar. Rio de Janeiro: Cultura
Médica, 1991,p.70-5.
BARBOSA, K. B. F.; PRIORE, S.E. Impacto da Intervenção nutricional realizada
em adolescentes com sobrepeso e eutrofia atendidos pelo programa de Atenção à
Saúde do Adolescente. Relatório Final PIBIC/CNPQ, julho de 2002, 98 p.
BARKER, M.; ROBINSON, S.; WILMAN, C.; BARKER, D. J. P. Behaviour, body
composition and diet in adolescent girls. Appetite, v.35, p.165-170, 2000.
BEATON, G. H.; Approaches to analysis of dietary data; relationship between
planened analyses and choice of metodology. Am J Clin Nutr v.59, S.253-261S, 1994.
BELIZZI, M. C.; DIETZ, W. H. Workshop on childhood obesity; summary of the
discussion. Am J Clin Nutr v.70(s) p.173S-5S, 1999.
BERENSON, G. S.; WATTIGNEY, W. A.; TRACY, R. E. Atherosclerosis of the aorta
and coronary-arteries and cardiovascular risk-factors in persons aged 6 to 30 years and
studied at necropsy (The Bogalusa Heart Study). Am J Cardiol; v.70, p.851-8, 1992.
BITTAR, A.; FELLMAN N.; VERNET, J.; COUDERT, J.; VERMOREL, M.
Variations and determinants of energy expenditure as measured by whole-body indirect
calorimeter during puberty and adolescence. Am J Clin Nutr v. 69, p.1209-16, 1999.
BLACKBURN, G. L.; THORTON, P. A. Avaliação nutricional do paciente
hospitalizado. In: MARGEN, S. e CANN, B. Clínicas Médicas da América do Norte:
Simpósio sobre nutrição aplicada à medicina clínica. Rio de Janeiro, Interamericana,
1979, p.11103-15.
BLACKBURN, G. L.; WILSON, G. T.; KANDERS, B. S.; STEIN, L. J.; LAVIN, P.
T.; ADLER, J.; BROWNELL, K. D. Weight cycling: the experience of human dieters.
Am J Clin Nutr. v.49, (s), p.1105S-1109S, 1989.
BORROTO, J. M.; RAMOS, L. MORONÕ, M.; HERMELO, M.; BACALLAO, J.;
AMADOR, M. Ingreso energético en ninõs y adolescentes obesos. Rev Cuba. Pediatr;
v.65, n.3 p.165-75, 1993.
BOUCHARD, C.; TREMBLAY, A. Genetic effects in human energy expenditure
components. Int J Obes, v.14 , s. 1, p.48-58, 1990.
BOUCHARD, C.; TREMBLAY, A.; LEBLANC C. ; LORTIE, G.; SAVARD, R.;
THÉRIAULT G. A method to assess energy expenditure in children and adults. Int J
Obes, v.37, p. 461-7,1983.
BRASIL, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição. Pesquisa
Nacional sobre Saúde e Nutrição: perfil de crescimento da população brasileira de
0 a 25 anos. Brasília, MS/INAN, 1990.
BULL, N. L.; PHILL, M. Dietary habits, food consumption and nutrient intake during
adolescence. J Adolesc Health, v. 13, n. 5, p. 384-88, 1992.
BUZZARD, M. 24-Hour dietary recall and food Records Methods. In: Nutritional
Epidemiology, 2.ed, New York, Oxford, University Press. cap. 4, p. 54-73, 1998.
CAMERON, N. The measurement of human growth. Australia, Croom- Helm, 1984.
CAPRIO, S.; HYMAN, L. D.; MCCARTHY, S.; LANGE, R.; BRONSON, M.;
TAMBORLANE, W. V. Fat distribution and cardiovascular risk factors in obese
adolescent girls: importance of the intraabdominal fat depot. Am J Clin Nutr., v. 64, p.
12-17, 1996.
CARLINI-COTRIM, B.; GAZAL-CARVALHO, C.; GOUVEIA, N. Comportamentos
de saúde entre jovens estudantes das redes pública e privada da área metropolitana do
Estado de São Paulo. Rev Saúde Pública, v. 34, n.6, p.636-45, Dez, 2000.
CARRASCOSA, A.; GUSSINYÉ, M. Crescimento e mineralização do esqueleto
durante a puberdade e a adolescência: regulação nutricional e hormonal. Anais Nestlé,
v. 55, p. 9-17, 1998.
CASPER, R. C.; OFFER, D.; Weight and dieting concerns in adolescents, fashion or
symptom? Pediatrics, v. 86, p. 384-90, 1990.
CERVATO, A. M.; MAZZILLI, R. N.; MARTINS, I. S.; MARUCCI, M. F. N. Dieta
habitual e fatores de risco para doenças cardiovasculares. Rev Saúde Pública, v. 31, n.
3, p. 227-235, 1997.
CLARKE, W.R.; WOOLSON, R. F.; LAUER, R. M. Changes in poderosity and blood
pressure in chidhood: the musctine Study. Am J Epidemiol, v.124; p. 195-206, 1986.
COLE, T. J.; BELLIZZI, M. C.; FLEGAL, K. M.; DIETZ, W. H.; Establishing a
stardard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey
BMJ n. 320: may 2000. Disponível em bmj.com - Artigo capturado na internet em
18/12/2001 20:34.
COLLI, A. S. Crescimento e desenvolvimento pubertário em crianças e
adolescentes brasileiros VI- Maturação Sexual. São Paulo, 1ª ed. 1988 Ed.
Brasileira de Ciências,.
CONSENSO Latino Americano de Obesidade, 1999. 117p. CONSENSO.
Disponível em:< http://www.abeso.org.br/consenso.html> Acesso em 20 nov. 2000.
CONTENTO, I. R.; MICHELA, J. L.; WILLIANS, S. S. Adolescent food choice
criteria: Rle of weight and dieting status. Appetite, v.25, p. 23-36, 1995.
CROMER, B. A.; MCLEAN, C. S.; HEALD, F. P. A. Critical review of
comprehensive health screening in adolescents. J Adolesc Health, v.13 s.3-6, 1992.
CUNNINGHAM, J. J. Body composition as a determinant of energy expenditure: a
synthetic review and a proposed general prediction equation. Am J Clin Nutr, v.54,
p.963-69,1991.
DANFORTH, E. J. Diet and obesity. Am J Clin Nutr, v.11, p.1132-45,1985.
DATASUS/SINASC - Número de nascidos vivos, segundo peso ao nascer - 1999 a
2001 - Características Socioeconômicas - Sistema de Nascidos Vivos
DATASUS/SINASC, 2001. Disponível em <www.datasus.gov.br> set.02
DELANY, J. P.; HARSHA, D. W.; KIME, J. C.; KUMLER, J.; MELANCON, L.;
BRAY, G. A. Energy expenditure in lean and obese prepubertal children. Obes Res,
v.3, p.67-72 [s],1995.
DENADAI, R. C.; SIGULEM, D. M.; VÍTOLO, M. R.; FISBERG, M. ; DÂMASO, A.
R. Efeito da atividade motora sobre a composição corporal, taxa metabólica basal e
diária de adolescentes obesos. Rev Paulista de Pediatria; v. 14, n. 4, p.163-8, dez,
1996.
DIETZ, W. H.; BELLIZZI M. C. The use of body mass index to asses obesity in
children. Am J Clin Nutr.; v. 70 p.123-5[S], 1999.
DIETZ, W.H. Critical periods in childhood for the development of obesity. Am J Clin
Nutr v. 59, p. 955-959, 1994.
DIETZ, W. H.; GORTMAKER, S. L. Do we fatten our children at television set?
Obesity and television viewing in children and adolescents. Pediatrics v.75, p.807-812,
1985.
DURNIN J. V. G. A, RAHAMAN M. M. The assessment of the amount of fat in the
human body from measurements of skinfold thickness. Br J Nutr v. 3, n. 21, p.681-
9,1967.
DURNIN J. V. G. A. e WORMESLEY, J. Body fat assessed from total body density
and its estimation from skinfold thickness; measurements on 481 mem and women
aged from 16- 72 years. Br J Nutr v. 32, p. 77-97, 1974.
EGAH, van. M.; WESTERTERP, K. R.; KESTER A. D. M.; SARIS W.H. M. Energy
metabolism in relation to body composition and gender in adolescents. Arch Dis
Child, v.1, n. 85, p. 73-8, 2001.
ELLISON, P. T. Predictions of age of menarche from annual height increments. Amer
J Phys Anthrop, v. 53, p.71-6,1981.
EMERSON, J. D.; COLDITZ G. A. Use of statistical analysis. N Engl J Med, v. 309
p. 709-713, 1983.
EPSTEIN, L. H.; WING, R. R.;VALASKI, A. Chidhood obesity. Pedriatr Clin North
Am, v. 32, p. 363-79; 1985.
EPSTEIN, L. H.; WING, R. R.; CLUSS, P.; FERNSTROM, M. H.; PENNER, B.;
PERKINS, K. A.; NUDELMAN, S.; MARKS, B.; VALOSKI, A. Resting metabolic
rate in lean and obese children; relationship to child and parent weight and percent-
overweight change. Am J Clin Nutr, v. 49, p. 331-336; 1989.
ESCRIVÃO, M. A. M. S.; OLIVEIRA, F. L. C.; TADDEI, J. A. A. C.; LOPEZ, F. A.
Obesidade exógena na infância e na adolescência. J Pediatr, v.76, Supl.3, p.S305-
S310, 2000.
FAO/OMS/UNU. Necesidades de energía y de proteínas, Ginebra, 1985 (Série de
Informes Técnicos, 724).
FELIG, P.; CUNNINNGUAM, J.; LEVITT, M.; HENDER, R.; NADEL, E. Energy
expenditure in obesity infasting and pos prandial state. Am J Phys, v. 244, p.E.45-
51,1983.
FIELD, A. E.; CAMARGO, C. A.; TAYLOR, C. B.; BERKEY, C.S.; FRAZIER, A. L.;
GILLMAN, M. W, COLDITZ, G. A.; Overweight, weight concerns, and bulimic
behaviors among girls and boys. J Am Acad Child Adolesc Psych, v.38, p754-9;
1999.
FIELD, A. E.; WOLF, A. M; HERZO, D. B.; CHEUNG, L.; COLDITZ, G. A.; The
relationship of caloric intake to frequency of dieting among predolecent and adolescent
girls. J Am Acad Child Adolesc Psych, v.32, p.1246-51, 1993.
FISBERG, M. Obesidade na Infância e Adolescência. São Paulo: Fundação BYK,
1995.157p
FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; WAGNER, E. H. Risco, IN. Epidemiologia
Clínica: Elementos Essenciais. 2ª ed., Porto Alegre-RS, Artmed, p.102-19, cap. 5,1999.
FOMON, S. J.; HASCHKE, F.; ZIEGLER, E. E; NELSON, S. E. Body composition of
reference children from birth to age 10 years. Am J Clin Nutr., v. 35, p. 1169-75,
1982.
FONSECA, V. M.; SICHIERI R.; VEIGA, G. V. Fatores associados à obesidade em
adolescentes. Rev Saúde Pública, v.32, n.6, p.541-9,1998.
FONTANIVE, R. S.; COSTA, R. S.; SOARES, E. A. Comparision between the
nutritional status of eutrophic and overweight adolescents living in brazil. Nutr Res, v.
22, p. 667-78, 2002.
FORBES, G. B. Human body composition. Growth, aging, nutrition, and activity.
Springer-Verlag: New york, 1987. p.350.
FORBES, G. B. Body composition of adolescents girls. Nutrition Today, March/
April, p. 17-20, 1991.
FOX, K.; PETERS, D.; ARMSTRONG, N.; SHARPE, P.; BELL, M. Abdominal fat
deposition in 11-year-old children. Int J Obes, v. 17, n. 1, p. 11-16, 1993.
FREEDMAN, D. S.; PERRY, G. Body composition and Health Status among children
and adolescents. Preventive Medicine v. 31. s.34-53, 2000.
FREEDMAN, D. S.; SERDULA, M. K.; SRINVASAN, S. R.; BERENSON, G.
Relation of circumferences and skinfold thicknesses to lipid and insulin concentrationin
children and adolescents; The Bogalusa Heart Study. Am J Clin Nutr v. 69; p. 308-17,
1999.
FRISANCHO, A. R. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of
nutritional status. Am J Clin Nutr., v. 34, p. 2540-5, Nov., 1981.
FRISANCHO, A. R. Prenatal compared with parental origins of adolescent fatness. Am
J Clin Nutr. v.72, p.1186-90, 2000.
FRISH, R. E.; MC ARTHUR, J. W. Menstrual cycles: fatness as a determinant of
minimun weight for height necessary for their maintenance or onset. Science, v.185, p.
945-8, 1974.
FRISH, R. E. Weight at menarche: similarity for well-nourished and undernourished
girls at differring ages and evidence for historical constancy. Pediatrics v. 50, p. 445-9,
1972.
FRISH, R. E.; REVELLE, R. The height and weight of girls and boys at the time of
initiation of the adolescent growth spurt in height and weight and the relationship to
menarche. Hum Biol, v. 43, n. 1, p. 140-59, 1971.
FULLER, N. J.; JEBB, A. S.; COWARD, W. A.; ELIA, M. Four- component model
for the assessment of body composition in humans: comparison with alternative
methods, and evaluation of the density and hydration of fat free mass. Clin Sci, v. 82,
p. 687-93, 1992.
GAMBARDELLA, A. M. D.; GOTLIEB, S. L. D. Dispêndio energético de
adolescentes estudantes do período noturno. Rev Saúde Pública, v.32, n.5, p.413-9,
1998.
GILIUM, R. F. Distribution of waist-to-ratio, other indices of body fat distribution and
obesity and associations with HDL cholesterol in children and young adults aged 4-19
years: The Third National Health and Nutrition Examination Survey. Int J Obes, v. 23,
p. 556-63, 1999.
GILIUM, R. F. The association of body fat distribution with hypertension, hipertensive
heart disease, coronary heart disease, diabetes and cardiovascular risk factors in mem
and women aged 18-79 years. J Chron Dis, v.40, p. 413-420, 1987.
GOLDBERG, T. B. L.; COLLI, A. S.; CURI, P. R. Relação entre área muscular do
braço, área do músculo, área de gordura do braço e a menarca em adolescentes do
município de Botucatu. J Pediatr, v. 72, n. 2, p. 85-92, 1996.
GORAN, M. I.; GOWER, B. A. Relation between visceral fat and disease risk in
children and adolescents. Am J Clin Nutr v.70, (s), p 149-56(s), 1999.
GORAN, M. I.; GOWER B. A.; TREUTH, M. T.; NAGY, T. R. Prediction of
intraabdominal and subcutaneous abdominal adipose tissue in healthy prepubertal
children. Int J Obes Relat Metab Disord v.22, p.549-58, 1998.
GORAN, M. I.; HUNTER, G.; NAGY, T. R.; JOHNSON, R. Physical activity related
energy expenditure and fat mass in young children. Int J Obes v.21, p. 171-8, 1997.
GORAN, M. I.; CARPENTER, W. H.; MCGLOIN, A.; JOHNSON, R.; WEINSIER,
R. L. Energy expenditure in children of lean and obese parents. AJPH, v. 268, p. E917-
24, 1995.
GRAMACHO, R. C. T. Estilos de vida, hábitos, alimentares, nível sócio-econômico-
demográfico de indivíduos hipercolesterolêmicos e o efeito de proteína animal e
vegetal associados a flavonóides no controle do metabolismo lipídico. 1998. 139f.
Tese (Tese de Mestrado) Viçosa, UFV; Imprensa Universitária.
GREGER, J. L.; ETNYRE, G. M. Validity of 24-Hour dietary recalls by adolescent
females. AJPH , v.1, n.68, p.70-2,1978.
GRIFFITHS, M.; PAYNE, P. R. Energy expedinture in small children of obese and
nonobese parents. Nature v.260, p.698-700; 1976.
GRIFFITHS, M.; PAYNE, P. R.; STUNKARD, A. J.; RIVERS, J.P.W.; COX, M.
Metabolic rate and physical development in children at risk of obesity. Lancet, v. 336,
p.76-8; 1990.
GUEDES, D. P.; GUEDES J. E. P. Controle do peso corporal- composição corporal,
atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998. 312p.
GUEDES, D. P.; GUEDES J. E. P. Crescimento, composição corporal e
desempenho. São Paulo: Badieiro, 1997, 362 p.
HEITMANN, B. L. Impedance: a valid method in assessment of body composition?
Eur J Clin Nutr v. 48, p. 228-40, 1994.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Pesquisa nacional por amostra
de domicílios, 1997 (CD-RoM). Microdados. Rio de Janeiro; IBGE, 1998.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM), Dietary Reference Intakes for Energy,
Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids
(Macronutrients), Food and Nutrition Board (FNB), Institute of Medicine, 2002
a
.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM), Dietary Reference Intakes for Vitamin A,
Vitamin K, Arsenic, Boron, Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganese,
Molybdenum, Nickel, Silicon, Vanadium, and Zinc, Food and Nutrition Board (FNB),
Institute of Medicine , 2002
b
.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM), Dietary Reference Intakes: Aplications in
Dietary Assessment, Food and Nutrition Board (FNB), Institute of Medicine, 2001.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM), Dietary Reference Intakes for Vitamin C,
Vitamin E, Selenium, and Carotenoids, Food and Nutrition Board (FNB), Institute of
Medicine , 2000.
JACOBSON, M. S. Nutrição na adolescência. In: Nestlé Nutrition Services.
Adolescência. Anais Nestlé, v.55, p 24-33, 1998
JELLIFFE, D. B. Evaluación del estado de nutrición de la comunidad. Ginebra,
OMS., 1968.(Serie de monografias, 53).
JENKINS, D. J. A.; WOLEVER, T. M.; JENKINS, A. L. Diet factors affecting
nutrienteabsorption and Metabolismo. In: SHILLS, M. E.; OLSON. J. A.; SHIKE, M.
Modern Nutrition in Heath and Disease, v. 1, USA, 1994. 8ª ed.
KNISHKOWY, B. N.; PALTI, H.; ADLER, B.; GOFIN, R. A follow-up study of
adiposity and growth of Jerusalem schoolchildren from age 6 to 14 years. J Adolesc
Health Care, v. 10, p. 192-9, 1989.
KOTULÁN, J.; REZNICKOVÁ, M.; PLACHETA, Z. Exercise and growth. In:
Placheta, Z -. Youth and physical activity. Acta Facultatis Medicae Universitates
Brunensis. J. E. Purkyné University, Medical Faculty, 1980.
LAESSLE, R. G.; WURMSER, H.; PIRKE, K. M. A comparison of resting metabolic
rate, self-rated food intake, growth hormone, and insulin levels in obeses and nonobese
preadolescents. Physiology e Behavior; v. 61, n.5,p.725-9, 1997.
LAITINEN, J.; POWER, C.; JARVELIN, M. R. Family social class, maternal body
mass index, childhood body mass index, and age at menarche as predictors of adult
obesity. Am J Clin Nutr, n.74, p. 287-94, 2001.
LEHNINGER, A. A.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Biossíntese dos Carboidratos - In:
Princípios de Bioquímica. 2ª ed., São Paulo-SP, Sarvier, p.444-76; cap. 19, 1995.
LEY, C. J.; LEES, B.; STEVENSON, J. C. Sex- and menopause-associated changes in
body-fat distribution. Am J Clin Nutr, v.55, p.950-4, 1992.
LOHMAN, T. G. Assessing fat distribuition. In: Advances in body composition
assessment: current issues in exercise science. Illinois, Human Kinetics. Champaign,
p. 57-63, 1992.
LURBE, E.; ALVAREZ, V.; LIAO, Y.; TACONS, J.; COOPER, R.; CREMADES, B.;
TORRO, I.; REDON, J. The impact of obesity and body fat distribution on ambulatory
blood pressure in children and adolescents. Am J Hypert, v. 11, n. 4, p. 418-24, 1998.
MAFFEIS, C.; MICCIOLO, R.; ZOCCANTE, L.; ZAFFANELLO, M.; PINELLI, L.
Basal energy expenditure in obese and normal weigt schoolchildren. Acta Pediatr
Scand, v.80, p.1145-9,1991.
MAFFEIS, C.; PROVERA, S.; FILIPPI, L.; SIDOTI, G.; SCHENA, S.; PINELLI, L.;
TATO, L. Distribution of food intake as a risk factor for childhood obesity. Int J Obes,
v. 24, n. 1, p. 75-80, 2000.
MAFFEIS, C.; TALAMENI, G.; TATO, L. Influence of diet, physical activity and
parents'obesity on children's adiposity: a four-year longitudinal study. Int J Obes, v.
22, p.758-764, 1998.
MALINA, R. M.; KATZMARZYK, P. T. Validity of the body mass index as indicator
of the risk and presence of overweight in adolescents. Am J Clin Nutr v. 70 (s), p.
131s-6 s., 1999.
MARTINS, T. J. Quilombo de Campo Grande - A história de Minas roubada do
povo 1ª ed. Editora A Gazeta Maçônica, 1995, 318p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Mortalidade proporcional dos adolescentes de 15 a 19
anos de idade por causas selecionadas, segundo as Grandes Regiões do Brasil,
Fundação Nacional de Saúde, Sistema de informações sobre mortalidade: 1996.
MONTEIRO, C. A.; MONDINI, L.; COSTA, R. B. L. Mudanças na composição e
adequação nutricional da dieta familiar nas áreas metropolitanas do Brasil (1988-1996).
Rev Saúde Pública, v. 34, n. 3, p.251-8, 2000.
MOREIRAS, O.; CARBAJAL, A. Determinantes socioculturales del comportamiento
alimentario de los adolescentes. Anales Espanõles de Pediatria, v. 36, n.49, p.102-
105,1992.
MULLER, R. C. L.; Obesidade na Adolescência. Rev Pediatria Moderna, Maio, v.37,
2001.Disponível em: http://www.cibersaude.com.br/revistas.asp/id_materia, Acesso em
29-08-2001.
MUST, A.; DALLAL, G. E.; DIETZ W. H. Reference data for obesity; 85
th
and 95 th
percentiles of body mass index (wt/ht
2
) and triceps skinfold thickness. Am J Clin Nutr
, v. 53,p.839-46, 1991.
MUST, A. Morbidity and mortality associated whit elevated body weight in children
and adolescents. Am J Clin Nutr v. 63, p. 507-13, 1996.
NEUTZLING, M. B. Fatores de risco para Sobrepeso/obesidade em adolescentes
escolares de pelotas/RS/Brasil: Um estudo de Caso-controle.139 f.. (Tese de
doutorado) Doutorado em Nutrição: Unifesp: Escola Paulista de Medicina. São Paulo.
2002.
NEUTZLING, M. B. Sobrepeso em adolescentes brasileiros Brasil, PNSN- 1989.
211 p. (Tese de mestrado) Mestrado em Nutrição: Unifesp: Escola Paulista de
Medicina. São Paulo. 1998.
OLIVEIRA, C. L.; VEIGA, G. V. V.; SICHIERI, R. Antropometric markers for
cardiovascular disease risk factors among overweight adolescents. Nutr Res, v.21, p.
1335-1345, 2001.
OLIVEIRA, M. G. R. O tabagismo em crianças e adolescentes. boletim Informativo
Sociedade Mineira de Pediatria, n.3, dez., 1998.
ORTEGA, R. M.; REQUEJO, A. M.; ANDRES, P.; LOPEZSOBALER, A.M.;
REDONDO, R.; GONZALEZ-FERNANDEZ, M. Relationship between diet
composition and body mass index in a group of Spanish adolescents. Br J Nutr, v. 74,
n.6, p. 765-773, 1995.
PASSOS, M. C.; LAMOUNIER, J. A.; SILVA, C. A. M.; FREITAS, S. N.;
BAUDSON, M. F. R. Práticas de amamentação no município de Ouro Preto, MG,
Brasil. Rev Saúde Pública, v.34, n.6, p.617-22, 2000 www.fsp.usp.br/rsp.
PEREIRA, P. F.; VIEIRA, P. C. R.; PRIORE, S. E. Caracterização da relação cintura
quaril e do Índice de massa Corporal em adolescentes do sexo feminino, de escolas
públicas de Viçosa- MG. R Min Educ Fís, Viçosa, v. 10, n.1, p 237-238, 2002
a
.
PEREIRA, P. F.; VIEIRA, P. C. R.; PRIORE, S. E. FRANCHESCHINI, S. C. C.
Estado nutricional e localização da gordura corporal em adolescentes do município de
Viçosa- MG XII Simpósio de Iniciação Científica da UFV., Viçosa, v. 01, p 224,
2002
b
.
PERL, M.A.; MANDIC, M. L.; PRIMORAC L.; KLAPEC, T.; PERL, A. Adolescent
acceptance of different foods by obesity status and by Sex. Physiology e Behavior,
v.65, n.2, p. 241-245, 1998.
PERKS, S. M.; ROEMMICH, J. N. ; PAJEWSKI-SANDOW, M.; CLARK, P. A.;
THOMAS, E.; WELTMAN, J. P; ROGOL, A. D. Alterations in growth nad body
composition during puberty. IV Energy intake estimated by theyouth-adolescent food-
frequancy questionnaire;validation by the doubly labeled water method. Am J Clin
Nutr v. 72, p. 1455-60, 2000.
PHINHAS-HAMIEL O.; DOLAN, L. M.; DANIELS, S. R.; STANDIFORD, D.
KHOURY, P. R.; ZEITLER, P. Increased incidence of non-insulin-dependent diabetes
mellitus among adolescents. J Pediatr, v. 128, p. 608-15, 1996.
PHYSICAL ACITIVITY AND PUBLIC HEALTH. A recomendation from the centers
for disease control and prevention and the American College Sports Medicine. JAMA
v.273, n.5, p.402-7, 1995.
PIMENTA, C. D. Prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes de
diferentes níveis sócio econômicos, 63 f . Tese ( Tese de Mestrado) USP - São Paulo.
2000.
PRENTICE, A. M.; BLACK, A. E.; COWARD, W. A.; COLE, T. J.; Energy
expenditure in overweight and obese adults in affluent societies: an analysis of 319 .
doubly- labelled water measurements. Eur J Clin Nutr, v. 50, p. 93-7, 1996.
PREVALENCE of overweight among children and adolescents: United States, 1999.
NCHS Disponível em <http://www.cdc.gov/NCHS- Health E Stats- Prevalence of
Overweight Among Children and Adolescents United States, 1999.html> acesso em 24
maio 2001.
PRIORE, S. E.; FRANCESCHINI, S. C. C.; BRAGA, J. A. P.; SGARBIERI, U. R.;
SORAGGI NETO, C.; AZEVEDO, T. C. G.; FISBERG, M. Avaliação do estado
nutricional e dos níveis de hemoglobina em adolescentes em fase de treinamento
esportivo, do Centro Educacional Esportivo Ibirapuera. Pediatria Atual, v.8, n.8, p.11-
6, 1995.
PRIORE, S. E. Composição corporal e hábitos alimentares de adolescentes: uma
contribuição a interpretação de indicadores do estado nutricional. 211 p. ( Tese de
doutorado) USP: Escola Paulista de Medicina. São Paulo. 1998.
PRIORE, S. E. Condições nutricionais e maturação sexual de adolescentes do sexo
masculino residentes em favelas do município de São Paulo. 211 f.. (Tese de
Mestrado) USP: Escola Paulista de Medicina. São Paulo. 1994.
RABELO, L. M. Fatores de risco para a doença aterosclerótica na adolescência. J
Pediatr, v. 77, s.2, s.153-164, 2001.
RAVUSSIN, E. Low resting metabolic rate as a risk factor for weight gain: role of the
sympathetic nervous system. Int J Obes v.19 (S) p.8-9, 1995
RAVUSSIN, E.; BORGADUS, C. Relationship of genetics, age, and physical fitness to
daily energy expenditure and fuel utilization. Am J Clin Nutr v. 49, p. 968-75, 1989.
REED, D. R.; PRICE, R. A. Estimates of the heights and weights of family members:
accuracy of informant reports Int J Obes v.22, p.827 – 835, 1998.
ROBERTS, S. B. J.; SAVAGE, W. A.; COWARD, B.; CHEW, LUCAS A. Energy
enpediture and intake in infants born to lean nd overweight mothers. New England
Journal of Medicine. v. 318, p.461-6, 1988.
ROGOL, A. D.; ROEMMICH, J. N.; CLARK, P. A. Grouwth at puberty. J Adolesc
Health, v.31, p. 192-200, 2002.
ROSADO, E. L.; MONTEIRO, J. B. R. Obesidade e a substituição de macronutrientes
da dieta. Rev Nutr Campinas, v. 14, n.2, p.145-152, maio/ago., 2001.
ROSADO, E. L. Estudo da composição corporal e do metabolismo energético em
mulheres normais, obesas e pós-obesas estáveis. 126 p. (Tese de mestrado) Viçosa:
UFV. 1999.
RUDERMAN, N.; CHISHOLD D.; XAVIER P.S.; SCHNEIDER, S.; The
metabolically obese, normal-weight individual revisited. Diabetes, v.47, n.5, p. 699-
13,may, 1998.
SAITO M. I. Menarca e variáveis antropométricas em adolescentes brasileiras. São
Paulo, 1985. 84p. (Dissertação -Mestrado - Faculdade de Medicina - Universidade de
São Paulo).
SALDANHA, L. G. Fiber in the diet of United States children of national surveys.
Pediatrics, v.5, n. 5, p. 994-7,1995.
SALLIS, J. F.; SIMONSMORTON, B. G.; STONE, E. J.; CORBIN, C. B.; EPSTEIN,
L. H.; FAUCETTE, N.; IANNOTTI, R. J.; KILLEN, J. D.; KLESGES, R. C.;
PETRAY, C. K.; ROWLAND, T. W.; TAYLOR, W. C. Determinants of Physical-
Activity and Interventions in Youth. Med Sci Sports Exerc, v.24, n. 6, p. S248-S257,
1992.
SAMPEI, M. A. Antropometria e composição corporal em adolescentes nipônicas e
não nipônicas da rede privada de São Paulo: comparação étnica e análises de
distúrbios alimentares, imagem corporal e atividade física. 282 f. (Tese de
Doutorado) - USP- Escola Paulista de Medicina. São Paulo, 2001.
SAMPEI, M. A. Avaliação do estado nutricional e termogênese pós-prandial em
adolescentes faveladas da região de Vila Mariana, o município de São Paulo. 122 f.
(Tese de Mestrado) - USP- Escola Paulista de Medicina. São Paulo. 1992.
SAMPEI, M. A.; NOVO, N. F.; JULIANO, Y. ; SIGULEM, D. M. Comparison of the
body mass index to other methods of body fat evaluation in ethnic Japanese and
Caucasian adolescent girls. Int J Obes (2001) 25, 400-408.
MOLNÁR D.; SCHUTZ., Y. The effect of obesity, age, puberty and gender on resting
metabolic rate in children and adolescents. Eur J Pediatr; v.156, n.5, p376-81,1997.
SEGAT, F. M.; SANTOS, R. P.; GUILLANDE, S.; PASQUALOTTO, A. C.;
BENVEGNÚ, L. A. Fatores de risco associados ao tabagismo em adolescentes.
Adolesc Latinoam, v.1414 n.1, p.163-9, 1998.
SEIDMAN, D. S.; LAOR, A.; GALE, R.; STEVENSON, D. K.; DANPN, Y. L. A
longitudinal study of birth weight and being overweight in late adolescence. Am J Dis
Child, v. 145, p782-5, 1994.
SICHIERI, R.; ALLAM.V. L. C. Avaliação do estado nutricional de adolescente
através do índice de massa corporal. J Pediatr – Vol.72, nº 72, 1996.
SIGEL, S. Estatística não-paramétrica. Para as ciências do comportamento. São
Paulo: Mcgraw-hill, 1975.
SIGULEM, D.; VEIGA, G. V.; PRIORE, S. E. Estado Nutricional em adolescentes de
Baixa renda In Mauro Fisberg: Obesidade na Infância e Adolescência: São Paulo:
Fundação BYK, p. 80-3, cap. 10, 1995.
SILVA, R. C. R.; MALINA, R. Nível de atividade física em adolescentes do Município
de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Dez 2000, vol.16, no.4,
p.1091-1097
SIM SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE/ Mortalidade
Município: Viçosa/MG, Mortalidade proporcional (%) por Faixa Etária Segundo Grupo
de Causas- CID10, 1999. Disponível em: www.ibge.gov.br/Acesso em 10/01/2003.
SINAIKO A. R.; JACOBS, D. R, J.; STEINBERGER, J.; MORAN, A.; RUSSEL, L.;
ROCCHINI, A. P.; PRINEAS, R. J. Insulin resistance syndrome in childhood:
Associations of the euglycemic insulinclamp and fasting insulin with fatness and other
risk factors. J Pediatr, v. 139, n. 5, p. 700-7, 2001.
SIZONENKO, P.C.; HIMES, J. H. Introduction to the use and intrepretation of
antrophometry in adolescence. Horm. Res., v. 39, s. 3, p.7-8, 1993.
SOKAL, R. R.; RHOLF, F. J. Biometry; the principles and pratice of statitics. San
Francisco, Freeeman, 1969.
SORENSEN, H. T.; SABROE, S.; OLSEN, J.; ROTHMAN, K. J.; GILLMAN, M. W.;
FISCHER, P. Birth weight and cognitive function in yong adult life; historical cohort
study. BMJ, v.315 p. 401-3,1997.
STICE, E.; CAMERON, R. P.; KILLEN, J. D.; HAYWARD, C.; TAYLOR, C. B.
Naturalistic weight reduction efforts prospectively predict growth in relative weight
and onset of obesity among female adolescents. Journal Consult Clinical Psychology,
v. 67, p. 967-972., 1999.
STRAUSS, R. S. Self-reported weight status and dieting in a cross-sectional sample of
young adolescent. Archives Pediatrics Adolescent Medicine, v.153, p.741, 1999.
SUN, M.; GOWER, B. A.; BERTOLUCI, A. A. A longitudianl study of resting energy
expenditure relative to body composition during puberty in african American and write
children. Am J Clin Nutr, v.73, p. 308-15,2001.
TANITA
- TBF-531 - Body fat monitor scale. Instruction: Illinois, S.D.
100
TAYLOR, R. W.; KEIL, D.; GOLD, E. J.; WILLIAMS, S. M.; GOULDING, A. Body
mass index, waist girth, and waist-to-hip ratio as indexes of total and regional adiposity
in women: evaluation using receiver operating characteristic curves. Am J Clin Nutr
v. 67, p.44-9, 1998.
TAYLOR, E.W.; JONES, I. E.; WILLIAMS, S. M.; GOULDING, A. Evaluation of
waist circumference, waist-to-hip ratio, and the conicity index as screening tools for
high trunk fat mass, as measured by dual-energy X-ray absorptiometry, in children
aged 319 y. Am J Clin Nutr v.72, p. 490-5, 2000.
TERSHAKOVEC, A. M.; KUPPLER, K. M.; ZEMEL, B. S.; KATZ, L.;
WEINZIMER, S.; HARTY, M. P.; STALLINGS, V. A. Body composition and
metabolic factors in obese children and adolescents. Int J Obes, v.27, p.19-24, 2003.
TOJO, R.; LEIS, R.; RECAREY, M. D.; PAVON, P. Hábitos alimentares de crianças
em idade pré escolar e escolar: riscos para a saúde e estratégias de intervenção. In:
Nestlé Nutrition Services. A alimentação da idade pré escolar até a adolescência.
Nestlé, p. 11-13, 1995.
TYRREL, V. J.; RICHARDS, G.; HOFMAN, P; GILLIES, G. F.; ROBINSON, E.;
CUTFIELD, W. S. Foot-to-foot bioelectrical impedance analysis: a valuable tool for
the measurement of body composition in children. Int J Obes , v. 25, p. 273-8, 2001.
VALDÉS, N.; SÁNCHEZ, S. El tabaco y las adolescentes: tendencias actuales
Organización Panamericana de la Salud PAHO, p. 01-16, Washington, DC, 1999.
VANITALLIE, T. B.; YANG, M. U.; HEYMSFIELD, S. B.; FUNK, R. C. BOILEAU,
R. A. Height-normalized indices of the body,s fat fee mass and fat mass: potentially
useful indicators of nutritional status. Am J Clin Nutr v.52, p. 953-9, 1990.
VANNUCCHI, H.; MENEZES, E. W.; CAPANA, A. O.; LAJOLO, F. M. Aplicação
das recomendações nutricionais adaptadas à população brasileira Ribeirão Preto, 1990.
Sociedade Bradileira de Alimentação e Nutrição .156 p. (Cadernos de Nutrição 2).
VEIGA, G.V.; DIAS, P. C.; ANJOS, L. A. Relação entre o índice de massa corporal
(kg/m
2
) e percentual de gordura corporal na avaliação de obesidade em adolescentes.
In: Simpósio Obesidade e anemia carêncial na adolescência, 2000. Salvador: Bahia .
Instituto Danone, São Paulo, 2000. p225-6.
VENÂNCIO, S. I.; MONTEIRO, C. A. A evolução da prática da amamentação nas
décadas de 70 e 80. Rev Bras Epidemio, v.1, p.40-9, 1998.
VIEIRA, P. C. R.; PRIORE, S. E.; FRANCESCHINI, S. C. C.; MONTEIRO, J. B. R.;
Composição corporal de adolescentes após menarca. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10,
n.1, p.237-486, 2002
a
.
VIEIRA, V. C. R.; PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; FRANCESCHINI, S. C. C.;
ALMEIDA, L. P. Perfil sócio-econômico, nutricional e de saúde de adolescentes
recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Rev Nutr Campinas, v.15,
n. 03, p. 273-82 , março de 2002
b
.
101
VIEIRA, V. C. R.; PRIORE, S. E.; FRANCESCHINI, S. C. C. Associação entre a
ingestão de macronutrientes e fibras e o percentual de gordura corporal em
adolescentes eutróficos. In: XVII Congresso Brasileiro de Nutrição, S. A12. p.143,
2002
c
.
VIEIRA, V. C. R.; PRIORE, S. E.; FISBERG, M. A atividade física na adolescência.
Adolesc Latinoam, v.3, n.1, p. 0-0, 2002
d.
VILLAR, A. P. F.; VALVERDE, M. A.; FISBERG, M.; LEMES, S. O. Uma medida
de Peso Manual de orientação para crianças e adolescentes obesos e seus pais. 1ª
ed. São Paulo, Ed. Celebris:, 2002.
WAHRLICH, V.; ANJOS, L. A. Validação de equações de predição da taxa metabólica
basal em mulheres residentes em Porto Alegre, RS, Brasil. Rev Saúde Pública, v. 35,
n. 1, p.39-45, 2001.
WELLS, J. C. K.; FULLER, N. J.; DEWIT, O.; FEWTRELL, M. S.; ELIA, M.; COLE,
T. J. Four- component model of body composition in children: density and hydration of
fat-free mass and comparison with simpler models. Am J Clin Nutr. v. 69, p. 904-12,
1999.
WHITAKER, R. C.; DIETZ, W. H. Role the prenatal environment in the development
of obesity. J Pediatric, n. 132, p. 768-76,1998.
WHO Expert Committee. Physical Status: the use and interpretation of anthopometry,
Geneva, 1995 (Technical Report Series, 854).
WILKINSON, P. W.; PARKIN, J. M.; PEARLSON, G.; STRONG, M.; SYKES P.
Energy intake and physical activity in obese children. Br Med J, v. 1, p. 756-60, 1997.
WILLETT, W. Nutritional epidemiology. New York, Oxford University Press, 1990.
ZONDERLAND, M. L.; ERICH, W. B. M.; ERKELENS, D. W.; KORTLANDT, W.;
WIT, J. M.; HUISVELD, I. A. Plasma lipids and apolipoproteins, body fat distribuition
and body ftness in early pubertal children. Int J Obes, v. 14, p. 1039-46, 1990.
102
ANEXOS
103
ANEXO I
Tabela 33 - Porcentagem de gordura corporal (Tanita
) de adolescentes
eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município de Viçosa -
MG
Porcentagem de Gordura Corporal (Tanita
)
Grupo controle Grupo de estudo
nima
Mediana
Máxima
Média
Desvio Padrão
20,0
23,5
25,0
23,14
1,507
30,0
33,7
41,0
34,35
3,063
Teste de Mann-Whitney Valor calculado = 9,458 p* < 0,001
Tabela 34 - Porcentagem de gordura corporal (Somatório das pregas cutâneas) de
adolescentes eutróficas, após menarca, entre 14 e 19 anos, do município
de Viçosa- MG
Porcentagem de Gordura pelo Somatório das Pregas Cutâneas
Grupo controle Grupo de estudo
Mínima
Mediana
Máxima
Média
Desvio Padrão
20,0
23,5
25,0
23,422
1,522
30,2
32,1
37,8
32,215
1,640
Teste de Mann-Whitney Valor calculado = 9,51 p* < 0,001
104
ANEXO II
TRIAGEM
UFV/DNS/PROASA
QUESTIONÁRIO N.º
Nome:
Filiação:
Endereço Fone:
Escola:
Série: Período:____________
Data de Nascimento: / /
Data da Primeira Avaliação: / /
01 - IDADE ( em anos) :_____
02-Data da última menstruação:_______________
03 - Fez exercício Físico extenuante a menos de 10 horas ? ( ) Sim ( ) Não
04 – Consumiu bebidas alcoólicas a menos de 12 horas? ( ) Sim ( ) Não
05-Avaliação Nutricional
Parâmetros
Altura
Peso IMC Percentil do IMC: Tanita (% de GC)
Valores
Parâmetros
Cintura Quadril Estatura Sentada
Valores
Pregas Cutâneas:
Pregas 1ª aferição 2ª aferição 3ª aferição Média:
Tricipital
Bicipital
Subescapular
Suprailíaca
Somatório das quatro Pregas cutâneas ________________
% de gordura corporal _____________
105
ANEXO III
UFV/DNS/PROASA
Nome: ___________________________________________________________
01-Peso ao nascer ; ______________
02- Aleitamento:
Tipo de aleitamento Tempo (em meses)
Leite Materno
Leite de Vaca
Leite Pasteurizado
Fórmulas
Outro:
03 – Já apresentou obesidade em algum momento da vida?
( ) Sim ( ) Não Quando:______________________________________
04-Com que idade você menstruou pela primeira vez? __________________
05 –Você já ficou grávida alguma vez? ( ) Sim ( ) Não
06 - Você tem filhos ? ( ) Sim ( ) Não
07 - Raça
Você se considera de que raça:
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela
08 - Faz dieta ou participa de algum programa de controle de peso?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, Há quanto tempo?____________________
Recebe orientaçào Médica ou Nutricional ( ) Sim ( ) Não
09 - Perdeu mais que três quilos nos últimos três meses? ( ) Sim ( ) Não
Se sim Porque:_________________________________________________________
10 - Faz uso de suplementos ou vitaminas? ( ) Sim ( ) Não
Qual? ___________________________________________________________
Freqüência: _________________________
11- É portador de alguma doença crônica? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
12- Toma algum medicamento?(incluindo anticoncepcional)
( ) Sim ( ) Não
Quais? ___________________________________________________________
Há quanto tempo? __________________________________________________
106
13- Apresentou alguma enfermidade nos últimos 12 meses?
( ) Sim ( ) Não
Qual?
14- Fuma? ( ) Sim ( ) Não Quantos cigarros por dia:_________
15 - Você ingere bebidas alcoólicas?
( ) Sim ( ) Não
Qu+al a freqüência? semanal ( ) Mensal ( ) Anual ( )
Tipo: Cerveja ( ) Vinho ( ) Vodka ( ) Whisky ( )
Outros ( ) ________________________
Histórico Familiar
1- Algum parente próximo (pai, mãe, avós) apresenta enfermidade crônica ou faleceu
de alguma? (diabetes, hipertensão colesterol, obesidade, doenças cardiovasculares,
alterações da tireóide)
( )Sim ( ) Não
Grau de parentesco Enfermidade
Pai
Mãe
Avô Materno
Avô Paterno
Avó Materna
Avó Paterna
Irmão
Hábitos Alimentares
1 Preferências Alimentares
Cite cinco alimentos e cinco bebidas de que você mais gosta ?
Alimento sólido Bebida
1
2
3
4
5
2-Alimentos que não consome (por intolerância, alergias, tabus, não gosta,
religião, outros):
Alimento Motivo
107
3 O que geralmente você come no lanche da escola?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________________________________________________________
4 - Número refeições no dia :
Você toma o café da manhã? Sim Não
Come alguma coisa entre o café da manha e o almoço? Sim Não
Você almoça? Sim Não
Faz algum lanche no período entre o almoço e o jantar? Sim Não
Você janta ou faz algum lanche a noite ou a tardinha? Sim Não
Come alguma coisa após o jantar ou esse lanche? Sim Não
TOTAL: ________
5-Usa adoçante ou algum produto da linha diet/light ou desnatado?
( ) Sim ( ) Não
______________________________________________________________________
______________________________________________________________
108
6- Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar.
Alimento
Consumo
Sim Não
Freqüência Semanal
Leite
Achocolatado
Queijo
Tipos
Frutas
Hortaliças Cruas
Tipos:
Hortaliças cozidas
Tipos:
Chips ou similar
Pipoca
Salgadinho Assado
Salgadinho Frito
Refrigerante
Refrigerante light
Maionese
Carne
Tipo de preparação:
Frituras
Tipos:
Chocolates
Balas ou chicletes
Outros
Tipos:
109
7- Recordatório de 24 horas
ALIMENTOS QUANTIDADE
DESJEJUM
Hora:
Local:
COLAÇÃO
Hora:
Local:
ALMOÇO
Hora:
Local:
LANCHE
Hora:
Local:
JANTAR
Hora:
Local:
CEIA
Hora:
Local:
110
ANEXO IV
Registro de atividade física:
Nome: ________________________________________ Escola ____________
Código
Exemplos de Atividades
1 Repouso na cama: horas de sono,
2 Posição sentada: refeições, assistir TV, trabalho intelectual sentado(estudo, leitura),etc.
3 Posição em pé suave: higiene pessoal, trabalhos domésticos leves sem deslocamentos;
lavando louça, cozinhando, conversando em pé.
4 Caminhada leve (< 4 km/h); trabalhos domésticos com deslocamento, dirigir carros,
passear, jogos e brincadeiras dentro de casa, etc.
5 Trabalho manual suave: trabalhos domésticos como limpar o chão, lavar carros, cuidando
de crianças, jardinagem, etc.
6 Atividades de lazer e prática de esportes recreativos: voleibol, passear de bicicleta,
caminhar de 4 a 6 km/h ( moderado) , etc.
7 Trabalho Manual em ritmo Moderado: trabalho braçal, carpintaria, pedreiro, pintor, lavar
roupas, encerar o chão, etc.
8 Atividades de lazer e prática de esportes de alta intensidade: futebol, dança aeróbica,
natação, tênis, caminhar > 6km/h,etc.
9 Trabalho manual intenso e prática de esportes competitivos, carregar cargas pesadas,
atletas profissionais; jogando basquetebol, handebol ou futebol, natação, e alpinismo
Minutos/
Horas
0-15 minutos 16-30 minutos 31-45 minutos 46-60 minutos
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
111
Quadro 4 Gasto calórico das diferentes atividades por cada 15 minutos.
Código Gasto calórico
por 15 minutos
de atividade
Exemplos de Atividades
1 0,26 Repouso na cama: horas de sono,
2 0,38 Posição sentada: refeições, assistir TV, trabalho
intelectual sentado(estudo, leitura),etc.
3 0,57 Posição em pé suave: higiene pessoal, trabalhos
domésticos leves sem deslocamentos; lavando
louça, cozinhando, conversando em pé.
4 0,69 Caminhada leve (< 4 km/h);
trabalhos domésticos
com deslocamento, dirigir carros, passear, jogos e
brincadeiras dentro de casa, etc.
5 0,84 Trabalho manual suave: trabalhos domésticos
como limpar o chão, lavar carros, cuidando de
crianças, jardinagem, etc.
6 1,2 Atividades de lazer e prática de esportes
recreativos: voleibol, passear de bicicleta,
caminhar de 4 a 6 km/h ( moderado) , etc.
7 1,4 Trabalho Manual em ritmo Moderado: trabalho
braçal, carpintaria, pedreiro, pintor, lavar roupas
pesadas, encerar o assoalho; etc.
8 1,5 Atividades de lazer e prática de esportes de alta
intensidade: futebol, dança aeróbica, natação,
tênis, caminhar > 6km/h,etc.
9 2 Trabalho manual intenso e prática de esportes
competitivos: carregar cargas pesadas, atletas
profissionais; jogando basquetebol, handebol ou
futebol, natação, e alpinismo
112
ANEXO V
Esquema 1 - Protocolo utilizado para aferição do Gasto metabólico basal
Metabolismo Basal
7:00 - Entrada da adolescente no laboratório (jejum de 12 horas)
Repouso de 30 minutos
7:30 Início da aferição do metabolismo basal
(leitura no aparelho de 5 em 5 minutos)
8:00 Término da aferição
A temperatura ambiente foi padronizada entre 20 e 25º C.
Quadro 5- Orientações Gerais para o teste de Metabolismo Energético
Manter padrão alimentar normal, fazendo todas as refeições do dia (sem pular
nenhuma) nos 3 dias que antecedem o teste.
Na véspera:
Não fazer nenhum exercício extenuante
Não ingerir excesso de gordura (alimentos gordurosos, frituras, etc.)
Não ingerir excesso de açúcar (doces)
Na Noite anterior:
Permanecer em jejum por 12 h ( até a hora do teste), sendo permitida apenas a
ingestão de água, moderadamente. (Última refeição até 20h)
Anotar o horário em que fez a última refeição:_____________
Coletar toda a urina após as 20 h, guardar na geladeira e trazer para a Divisão de
Saúde.
Data prevista para o teste:
1)__/__/__
113
ANEXO VI
114
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
MESTRADO EM CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO
ÁREA : SAÚDE E NUTRIÇÃO EM GRUPOS POPULACIONAIS
Senhores Pais ou responsáveis,
Venho por meia desta solicitar a participação de sua filha no projeto de pesquisa
Características socioculturais, nutricionais e hábitos de vida de adolescentes
eutróficas com gordura corporal elevada, em Viçosa - MG”, este estudo tem por
objetivo identificar estilos de vida tais como: Hábito alimentar, atividade física,
doenças, entre outros; que são mais freqüentes em meninas com alto percentual de
gordura corporal e comparar esses comportamentos com aquelas que apresentam
percentual de gordura normal.
Neste estudo a adolescente se beneficiará conhecendo seu estado nutricional, e
poderá retirar dúvidas referentes a alimentação com um nutricionista. Ela saberá além
da adequação de seu peso a sua altura, sua porcentagem de gordura corporal.
Para as participantes do estudo; serão feitas medidas de peso, de estatura e de
gordura corporal. A adolescente responderá a perguntas sobre seus hábitos, como
alimentação, tipo de aleitamento que recebeu, peso ao nascer, se pratica ou não
atividade física, etc.
Esse estudo não oferece riscos à saúde da adolescente e a adesão de sua filha poderá
contribuir para que se descubra possíveis comportamentos de vida que podem interferir
na saúde atual e futura dos jovens.
Os profissionais estarão a inteira disposição para maiores esclarecimentos e
desde já agradecemos a sua atenção.
Telefone para contato:
Departamento de Nutrição e Saúde – 3899-2111
Email:ms32665@correio.ufv.br
Poliana Casagrande Ribeiro Vieira Silvia Eloiza Priore
Nutricionista Mestranda Orientadora e Coordenadora do
em Saúde e Nutrição da UFV Programa de Atenção a Saúde
do Adolescente (PROASA)
115
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
MESTRADO EM CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO
ÁREA : SAÚDE E NUTRIÇÃO EM GRUPOS POPULACIONAIS
Senhores Pais ou responsáveis,
Venho por meia desta solicitar a participação de sua filha no projeto de pesquisa
Características socioculturais, nutricionais e hábitos de vida de adolescentes
eutróficas com gordura corporal elevada, em Viçosa - MG”, este estudo tem por
objetivo identificar estilos de vida tais como: Hábito alimentar, atividade física, doenças, entre
outros; que são mais freqüentes em meninas com alto percentual de gordura corporal e
comparar esses comportamentos com aquelas que apresentam percentual de gordura normal.
Neste estudo a adolescente se beneficiará conhecendo seu estado nutricional, e poderá
retirar dúvidas referentes a alimentação com um nutricionista. Ela saberá além da adequação de
seu peso a sua altura, sua porcentagem de gordura corporal.
Para as participantes do estudo; serão feitas medidas de peso, de estatura e de gordura
corporal e a determinação do seu gasto de energia em repouso. A adolescente responderá a
perguntas sobre seus hábitos, como alimentação, tipo de aleitamento que recebeu, peso ao
nascer, se pratica ou não atividade física.
Para a dosagem do gasto de energia ela fará um exame, onde se utilizará um aparelho
eletrônico que mede a quantidade de ar que respiramos, ou seja, ela simplesmente terá de
respirar normalmente, e o aparelho medirá a quantidade de ar que ela estará respirando como a
quantidade de ar que ela estará eliminando. Este exame terá duração de aproximadamente 50
minutos. Essa dosagem será feita na Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa em
data à combinar de acordo com a disponibilidade da adolescente, e caso um familiar queira
acompanhá-la, fica a critério da família, mas solicitamos que este seja maior de idade
Esse estudo não oferece riscos à saúde da adolescente e a adesão de sua filha poderá
contribuir para que se descubra comportamentos adequados ou não a boa saúde.
Os profissionais estarão a inteira disposição para maiores esclarecimentos e desde já
agradecemos a sua atenção.
Telefone para contato:
Departamento de Nutrição e Saúde – 3899-2111
Poliana Casagrande Ribeiro Vieira Silvia Eloiza Priore
Nutricionista Mestranda Orientadora e Coordenadora do
em Saúde e Nutrição da UFV Programa de Atenção a Saúde
do Adolescente (PROASA)
116
ANEXO VII
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo