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No processo de produção de textos escritos, espera-se que o aluno: redija
diferentes tipos de textos, estruturando-os de maneira a garantir: a
relevância das partes e dos tópicos em relação ao tema e propósitos do
texto; a continuidade temática; a explicitação de informações contextuais
ou de premissas indispensáveis à interpretação; a explicitação de
relações entre expressões mediante recursos lingüísticos apropriados
(retomadas, anáforas, conectivos), que possibilitem a recuperação da
referência por parte do destinatário; realize escolhas de elementos
lexicais, sintáticos, figurativos e ilustrativos, ajustando-as às
circunstâncias, formalidade e propósitos da interação; utilize com
propriedade e desenvoltura os padrões da escrita em função das
exigências do gênero e das condições de produção; analise e revise o
próprio texto em função dos objetivos estabelecidos, da intenção
comunicativa e do leitor a que se destina, redigindo tantas quantas forem
as versões necessárias para considerar o texto produzido bem escrito.
(BRASIL, 2000, p. 51, 52)
Não há como negar que a proposta e os objetivos descritos nos PCN’s, para o
ensino e aprendizagem da escrita de textos escolares, não sejam adequados e, até mesmo,
necessários. Verifica-se nesta proposta, não de forma explícita, que o trabalho com a
produção textual deva ser conduzido a partir de uma perspectiva interacionista de ensino,
que considere, dentre tantos fatores, as orientações contidas nas condições de produção,
para o ensino da escrita de textos. Acredita-se, que um indivíduo que domine todas estas
habilidades consiga se expressar de maneira crítica e competente, em qualquer
circunstância, valendo-se tanto da modalidade oral, quanto da modalidade escrita da
língua. Entretanto, se considerarmos a realidade atual do ensino brasileiro, verificar-se-á
que o aluno pretendido pelos PCN’s representa uma pequena parcela daqueles que
egressam anualmente de nossas escolas, tendo como parcela representativa, aqueles que
não alcançaram a proficiência na leitura e produção textual.
No entanto, se por um lado os PCN’s representam um avanço significativo em
direção à melhoria do ensino de língua materna, pois, no caso específico da área de LP,
trazem embutido, entre outras coisas, a noção das condições de produção para o ensino da
escrita de textos (REINALDO & SANT’ANA, 2005), por outro, esse documento, por si só,
não tem o poder de modificar a práxis do professor. Até porque, possivelmente muitos
professores nunca o leram na íntegra, visto não terem acesso aos PCN’s, e quando isto
ocorre, quase sempre, é por intermédio dos manuais teórico-metodológicos dos LD’s, que
apresentam trechos ou paráfrases do documento. Quer dizer, o acesso do professor aos
PCN’s, geralmente, é de forma fragmentada, ou parcial. Isto é comentado por Reinaldo &
Sant’ana: