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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE PÓS – GRADUAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CARACTERIZAÇÃO, BIODEGRADABILIDADE E TRATABILIDADE DO
EFLUENTE DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL
ESTER OLIVEIRA SANTOS
RECIFE – PE
Maio– 2006
1
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CARACTERIZAÇÃO, BIODEGRADABILIDADE E TRATABILIDADE DO
EFLUENTE DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL
Dissertação apresentada ao Curso de Pós – Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), como um dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil.
Área de Concentração – Tecnologia Ambiental e Recursos
Hídricos, pela mestranda Éster Oliveira Santos, Orientada pela
Dra Lourdinha Florêncio do Departamento de Engenharia Civil
da UFPE; e pela Dra Fátima Maria Miranda Brayner –
Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP.
RECIFE – PE
Maio – 2006
2
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FICHA CATALOGRÁFICA
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFPE
S237c Santos, Ester Oliveira
Caracterização, biodegradabilidade e tratabilidade do
efluente de uma lavanderia industrial / Ester Oliveira Santos. –
Recife: O Autor, 2006.
xxii, 117 f., il. color., gráfs. tabs.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Curso de Pós-Graduação em Engenharia
Civil, 2006.
Inclui referências bibliográficas.
1. Engenharia Civil 2. Efluentes Têxteis. 3. Indústria –
efluentes. 4. Lavanderia industrial. 5. Efluentes Têxteis -
Tratabilidade e Biodegradabilidade. I. Título.
624 CDD (22.ed.) BCTG/2006-96
3
4
EPÍGRAFE
“O componente ecológico - chave para a manutenção do desenvolvimento é
uma mudança em direção ao cuidado preventivo do meio ambiente”.
O objetivo a longo prazo da proteção ambiental é prevenir a criação de
poluentes e produzir bens mais duráveis, recicláveis e menos perigosos “.
“Prevenção à poluição - Uma Estratégia Federal para Ação”
Governo do Canadá - 1996
5
DEDICATÓRIA
Ao meu Marido, MARCOS ANTONIO, pelo apoio nos momentos difíceis.
Ao meu filho MARCOS DIOGO, pelos momentos de ausência, os quais foram necessários
para me dedicar a este trabalho.
Aos meus pais, ISRAEL ANTONIO DOS SANTOS (in memoriam) e JUDITH OLIVEIRA
SANTOS (in memoriam), pelos ensinamentos, carinho e dedicação durante a minha
infância.
Aos Meus avós, ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS (in memoriam) e MARIA DAS DORES
DOS SANTOS (in memoriam), pelo o que sou hoje. Sem eles não sei se teria conseguido
mais esta conquista.
A Maria Cecília de Jesus Ferreira, uma pessoa maravilhosa, que Deus colocou na minha
vida para preencher um vazio que era a falta de uma mãe, a quem muito cedo perdi.
6
AGRADECIMENTOS
Gostaria de evidenciar os mais sinceros agradecimentos àquelas pessoas da Instituição
da qual faço parte, pela contribuição na realização deste trabalho, especialmente a:
Dra. Fátima Maria Miranda Brayner, pelo apoio na realização deste trabalho, pela co-
orientação, e por toda colaboração junto ao ITEP.
Sicionia Costa, por todo o incentivo na vida profissional, por todas as oportunidades, e
por sua amizade.
Professora Dra. Lourdinha Florêncio, pela orientação do presente trabalho, pela amizade
e dedicação, e pela oportunidade de compartilhar novos conhecimentos.
Sr. Edílson Tavares, pela oportunidade de desenvolver este trabalho junto a sua
Lavanderia industrial, e pela dedicação e atenção nos momentos solicitados.
Ao SINDVEST, especialmente ao Sr. Fred Maia - Presidente deste Sindicato - pela
oportunidade da realização deste trabalho.
Todos os Funcionários da lavanderia industrial estudada: Veridiana, Jairo, Jailson, Edinara
e, principalmente, ao gerente - André Luis da Silva e Souza, pela presteza e
disponibilidade das informações para a elaboração deste trabalho.
Ana Maria Bastos, pelas horas compartilhadas na realização dos dados ACP e gráficos;
pela amizade e disponibilidade em ajudar os amigos.
Às Amigas Suzete Correia da Silva, Maria Zélia de Barros Correia Leite e Águida Souza,
pelas palavras de conforto nos momentos difíceis.
7
Maria Aparecida Guilherme, pela amizade e ajuda na realização dos testes de Atividade
Metanogênica Especifica.
Aos Professores do programa de pós – graduação em Engenharia Civil, área Tecnologia
Ambiental e Recursos Hídricos, pelos ensinamentos que foram de grande valia para o
meu desenvolvimento profissional e intelectual.
Aos Técnicos e aos bolsistas do Laboratório de Saneamento Ambiental, e especialmente,
a Ronaldo Fonseca, pela amizade e dedicação nos diversos momentos.
Aos meus colegas do mestrado em Saneamento Ambiental: André Felipe, Maria Clara,
Rosinha, Petronildo, Valmir e Kátia; pela convivência durante o curso, pela parceria nas
horas de estudo, pela troca de experiência, e por todos os momentos de descontração
compartilhados.
Aos Colegas de Trabalho: Marta Duarte, Conceição Araújo, Márcia Valeria, Érika Cristina,
Rosineide Costa, Gilberto Pompeu, Carlos Alberto e Ricardo Barros; pela contribuição na
realização deste trabalho.
A Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP, pela disponibilidade dos
recursos para as coletas das amostras e análises.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. Muito
Obrigada.
8
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS i
LISTA DE TABELAS iii
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
RESUMO vi
ABSTRACT v
CAPITULO 1.O
INTRODUÇÃO
1.1
Apresentação do Tema da Dissertação
01
1.2
Objetivos
04
1.2.1
Objetivo geral
04
1.2.2
Objetivos específicos
04
1.3
Organização da dissertação
05
CAPÍTULO 2.0
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Indústrias Têxteis 06
2.1.1 No Brasil 06
2.1.2 No Nordeste 07
2.2 A Indústria do Vestuário 11
2.2.1 A Importância da Indústria do Vestuário 12
2.2.2 As Indústrias da Confecção 12
2.2.3 Pólo de Confecção em Pernambuco 13
2.2.4 Pólo de Confecção – Principais Dados do Setor 14
2.3 A Cidade de Toritama 14
2.4 O Semi - Árido 18
2.5 O Processo Produtivo Têxtil 19
9
2.5.1 Produção de Fibras 20
2.5.2 Fiação 21
2.5.3 Tecelagem 21
2.5.4 Malharia 22
2.5.5 Acabamento 22
2.5.6 Confecção 22
2.6 Corantes Têxteis 23
2.7 As Lavanderias Industriais da Cidade de Toritama 27
2.9 O Índigo 28
2.10 Pedras de Argila Expandida 30
2.11 As lavanderias Industriais de Jeans 31
2.12 Função de Alguns Produtos Usados nos Processos de
Lavagens e Tingimento
38
CAPITULO 3.0
EFLUENTES TÊXTEIS
37
3.1 Caracterização dos Efluentes Têxteis 42
3.2 Tratabilidade dos Efluentes Têxteis 42
3.2.1 Tratamentos Físico-Químicos 43
3.2.2 Tratamentos Oxidativos Avançados (POAS) 44
3..2.2 Tratamento com Ozônio 46
3.2.3 Tratamento com Reativo de Fenton 47
3.2.5 Tratamento com Peróxido de Hidrogênio ( H
2
O
2
)/UV 48
3.3 Tratamentos Biológicos 48
3.3.1 Tratamento Aeróbio 49
3.3.2
Tratamento Anaeróbio 50
3.3.3 Fatores que Influenciam a Digestão Anaeróbia 52
3.5 Reatores Anaeróbios 53
3.5.1 Reator Anaeróbio de manta de lodo (UASB)
53
3.5.2 Filtro Anaeróbio 54
10
3.5.3 Atividade Metanogênica Específica 54
CAPÍTULO 4.0
MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Caracterização Geral da lavanderia Industrial estudada 56
4.2 Caracterização dos Efluentes 61
4.3 Estudo da Tratabilidade com Reatores Anaeróbios 63
CAPÍTULO 5.0
RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Caracterização do Efluente Bruto 67
5.2 Caracterização do Efluente do Tanque de Equialização 71
5.3 Caracterização do Efluente Tratado 74
6.0 Caracterização das Amostras pontual e composta coletada por
12 horas, com coletas de 30 em 30 minutos
77
7.0 Testes da Atividade metanogênica do lodo de inóculo 79
8.0 Análise de Componentes Principais ( ACP) Componentes
Principais ( ACP)
81
9.0 Reatores 86
9.1 Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio 86
9.2
Upflow Anaerobic Slude UASB - Bed
90
9.3
Filtro Biológico Anaeróbio
94
9.3.1
Resultados dos reatores UASB e Filtro Biológico Anaeróbio
94
9.4
Resultado do Experimento Realizado com Cinco Tempo de
Detenção Hidráulica.
99
CAPÍTULO 6.0
105
CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES
11
CAPÍTULO 7.0
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
107
12
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura - 1 Pólo de Confecção em Pernambuco 15
Figura - 2 Placa na Entrada da Cidade 18
Figura - 3 Parque da Feira no Entorno da Br 104 19
Figura - 4 Mapa, mostrado as regiões e os seus respectivos climas do
Brasil – Localização do Semi-árido.
21
Figura - 5 Configuração Básica do Processo Produtivo Têxtil. 22
Figura - 6 Etapa Final da fabricação do Índigo 32
Figura - 7 Pedras de Argila Expandida 33
Figura - 8 Tipos de Máquinas de Lavar Usadas nas Lavanderias
Industriais
36
Figura - 9 Tipos de Lavagens e Processos Realizados pelas Lavanderias
Industriais
39
Figura - 10 Etapas da Digestão Anaeróbia 53
Figura - 11 Etapas do Processo na Lavanderia Industrial Estudada 61
Figura - 12 Etapas do Tratamento de Efluente da Lavanderia Industrial
estudada.
62
Figura - 13 Esquema do Tratamento Fsico-químico da lavanderia estudada
63
Figura - 14 Efluente Buto, Equalizado e Tratado 65
Figura -15 Figura do Reator Seqüencial em Batelada Usado no
Experimento
66
Figura -16 Figura do Reator UASB Usado no Experimento 67
Figura -17 Figura do filtro biológico Usado no Experimento 68
Figura:-18 Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente bruto,
obtidos na caracterização
71
Figura -19 Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente
equalizado, obtidos na caracterização.
74
Figura -20 Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente do tanque
de equalização, obtidos na caracterização.
77
Figura -21 Parâmetros como temperatura, pH, DQO e DBO analisados nas
amostras coletas no efluente bruto e do tanque de equalização
por um período de 12 horas, de 30 em 30 minutos.
79
13
Figura -22 Gráficos da AME, em função do tempo durante os testes. 82
Figura - 23 Gráfico dos escores dos objetos nas duas primeiras
componentes principais da Análise de Componentes Principais
para a caracterização dos efluentes; bruto (afluente),
equalizado e tratado (efluente), segundo parâmetros físico-
químicos e teor de metais
84
Figura - 24 Gráfico dos escores dos objetos nas duas componentes
principais da primeira e da terceira da ACP análise de
componentes principais para a caracterização dos efluentes;
bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente), segundo
parâmetros físico-químicos e teor de metais.
86
Figura - 25 Gráfico dos escores dos objetos nas duas componentes
principais da primeira e da quarta da ACP análise de
componentes principais para à caracterização dos efluentes
bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente), segundo
parâmetros físico-químicos e teor de metais.
87
Figura - 26 Valores de pH analisados no afluente e efluente do RSBAN,
com TDH de 24, 48 e 72 h.
88
Figura - 27 Valores de DQO analisados no afluente e efluente do RSBAN,
com TDH de 24, 48 e 72 h.
90
Figura - 28 Valores de DBO analisados no afluente e efluente do RSBAN ,
com TDH de 72 h.
92
Figura - 29 Valores de pH analisados no afluente e efluente do reator
UASB, com TDH de 24, 48 e 72 h.
90
Figura – 30 Valores de DQO analisados no afluente e efluente do reator
UASB, com TDH de 24, 48 e 72 h.
91
Figura - 31 Valores de DBO analisados no afluente e efluente do reator
UASB, com TDH de 24, 48 e 72 h.
93
Figura - 32 Valores de pH analisados no afluente e efluente do filtro
biológico, com TDH de 24, 48 e 72 h.
96
Figura - 33 Valores de DQO analisados no afluente e efluente do filtro
biológico anaeróbio , com TDH de 24, 48 e 72 h.
97
Figura – 34 Valores de DBO analisados no afluente e efluente do filtro
biológico anaeróbio, com TDH de 24, 48 e 72 h.
98
Figura - 35 Valores de pH, Turbidez , DQO, DBO,ST, STV , Alcalinidade e
cor no afluente do afluente, efluente do reator UASB e do
Filtro Biológico Anaeróbio, com TDH de 40, 30, 24, 12 e 8 h.
102
14
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela – 1 Principais Pólos de Confecções – Localização das Empresas 16
Tabela – 2 Pólo de Confecções do Agreste. 16
Tabela – 3 Classificação das Fibras Têxteis 23
Tabela – 4 Classificação dos Corantes Têxteis e suas Propriedades 26
Tabela – 5 Corantes Utilizados para Tingir Algodão, Linho e Fibras
Sintéticas e a Composição dos Efluentes Gerados no Tingimento
28
Tabela – 6 Tipos de Tecido Usados para Confeccionar Roupas que são
lavadas e tingidas nas lavanderias Industriais
32
Tabela 7 Evolução Químicas das Lavanderia Industriais no
BrasilQuímicas das ias de Jeans no Brasil
35
Tabela – 8 Tipos de Lavagens de Peças no Brasil e no Mundo. 38
Tabela – 9 Alguns Produtos Usados nas Lavanderias Industriais 41
Tabela – 10 Resumo de Alguns Poluentes Produzidos em Industria têxtil,
fonte, no processo e o Impacto ambiental.
43
Tabela – 11 Características dos Efluentes Gerados nas Indústrias Têxteis 44
Tabela – 12 Principais Produtos Químicos Usados em Tratamentos Físico –
Químicos de Efluentes.
46
Tabela – 13 Principais Características de Alguns Processos Oxidativos
avançados - POAS
47
Tabela – 14 Processo DESTROYED ESPECIAL 59
Tabela – 15 Processo: TINGIMENTO REATIVO SUJINHO (Texpal) - Cores
Múltiplas
60
Tabela – 16 Resultado da Caracterização do Efluente Bruto da Lavanderia
estudada
69
Tabela – 17 Resultado Caracterização do efluente do Tanque de Equalização
da Lavanderia Estudada
73
Tabela – 18
Resultado da Caracterização do Efluente Tratado da Lavanderia
Estudada
76
Tabela – 20 Resultados dos Testes da Atividade Metanogênica Espacífica
(AME) Resultados dos Testes da Atividade Metanogênica
Espacífica (AME)
81
Tabela – 21
Estatística básica da segunda fase do experimento com reator
UASB e Filtro biológico anaeróbio.
87
Tabela – 22 Experimento realizado Reator UASB, com cinco tempos de
detenção hidráulica para verificar a eficiência dos mesmos e
principalmente a redução da cor e turbidez.
101
15
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
Atividade Metanogênica Específica
ANEL
Associação Nacional de Empresas de Lavanderias
Al
2
(SO
4
)
3
Sulfato de Alumínio
DBO
Demanda Bioquímica de oxigênio
BNB
Banco do Nordeste do Brasil
BFZ
Berufliche Forbtildungszentren der Bayerischem Wirtschaft
ºC
Graus Celsius
Ca(OH)
2
Hidróxido de Cálcio
CdS
Sulfeto de Cádmio
DAFA
Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente
DQO
Demanda Química de Oxigênio
CNTI
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Industria.
CH
3
COOH
Ácido Acético
CH
4
Metano
CO
2
Dióxido de Carbono
CPRH
Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Fe
2
O
3
Óxido de ferro
FIEPE
Federação das Indústrias de Pernambuco
HCO
3
Ácido carbônico
H
2
Hidrogênio
H
2
O
2 -
Peróxido de Hidrogênio
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICP-AES
Espectrometria de Emissão Atômica em Plasma Indutivamente Acoplado
IEMI
Instituto de Estudos e Marketing Industrial.
ITEP
Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco
kg
Quilograma
kg/L
Quilograma por Litro
KMnO
4
Permanganato de Potássio
mg/L
Miligrama por Litro
N
2
Nitrogênio
16
NaOH
Hidróxido de Sódio
NaClO
Hipoclorito de Sódio
O
2
Oxigênio
O
3
Ozônio
(OH•)
Radical Oxidrila
RAFA
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente
RAFAALL
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente através de Leito de Lodo
RALF
Reator Anaeróbio de leito fluidificado
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro Pequenas Empresas
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDVEST
Sindicato do Vestuário
SINDTÊXTIL
Sindicato da Indústria Têxtil
SUDENE
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
TDH
Tempo de Detenção Hidráulica
TiO
2
Óxido de Titânio
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
PIB
Produto Interno Bruto
pH
Potencial Hidrogeniônico
POAS
Processos Oxidativos Avançados
UASB
Reator de Manta de Lodo
UV
Ultra Violeta
ZnO
Óxido de Zinco
ZnS
Sulfeto de Zinco
WO
3
Óxido deTungstênio
17
CARACTERIZAÇÃO, BIODEGRADABILIDADE E TRATABILIDADE DO
EFLUENTE DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL
RESUMO
O Pólo de Confecção Pernambucano está localizado na Mesorregião do Agreste que é
carente de água necessária às atividades do setor. As lavanderias tratam seus efluentes
por processos físico-químicos, reutilizando cerca de 60% do efluente tratado. Uma
alternativa para o tratamento seria a utilização de processos biológicos anaeróbios, que
são mais baratos do que os métodos convencionais além de gerar menor quantidade de
lodo para disposição final. O objetivo deste trabalho foi fazer uma caracterização desses
efluentes e estudar a sua biodegradabilidade por vias anaeróbias. Para isso foram
conduzidos experimentos com reatores seqüenciais em batelada anaeróbio (RSBAN),
reator de manta de lodo (UASB) e filtro biológico anaeróbio (FBAN), com tempo de
detenção de 72, 48 e 24 horas e no final foi feito um experimento com os reatores UASB e
filtro biológico como TDH de 40, 30, 24, 12 e 8 horas respectivamente. Os resultados
obtidos para redução da DQO foram de 50%, 65% e 62% e para DBO foram de 73%, 88 e
86%. Os resultados encontrados demonstram que os reatores anaeróbios de alta taxa
(UASB e Filtro) apresentaram reduções de DQO e DBO semelhantes e superiores aos do
RSBAN, indicando a viabilidade da aplicação desta tecnologia para o tratamento de
efluentes têxtil e da confecção. Adicionalmente foram observados para os reatores UASB
e filtro anaeróbio uma redução significativa na cor e turbidez, atingindo os valores de 75
UH e 30 UT respectivamente.
PALAVRAS - CHAVE: Efluentes Têxteis, Efluentes de Lavanderia industrial,
Caracterização de efluente de lavanderia industrial, Tratabilidade e Biodegradabilidade de
Efluentes têxteis.
18
CHARACTERIZATION, BIODEGRADABILITY AND TREATABILITY OF
EFFLUENTS IN INDUSTRIAL LAUNDRY
ABSTRACT
Most textile industries of Pernambuco, in the Northeast of Brazil, are located in a region
where there is a scarcity of water to this kind of industrial activity. Some textile mills treat
their wastewater by physical-chemical treatment processes reusing about 60% of the
treated effluent. Biological anaerobic treatment systems could be used as an alternative. It
has a lower cost and a low sludge production for final disposal. The focus of this work was
to characterize these effluents, and to study their anaerobic biodegradability. The
experiments were conducted using anaerobic reactor series, UASB and biologic filter,
having a detection time of 72, 48, and 24 h. At the end, an experiment using UASB and
biologic filter such as TDH of 40, 30, 24, 12 and 8 hours, respectively, was made. On the
other hand, DQO reduction were 50, 65 and 62 percent, and DBO reduction were 73, 88
and 86 percent, respectively. These findings showed that the reduction in DQO and DBO
for high rate anaerobic reactors (UASB and Filter) was similar or higher than those
obtained by RSBAN method, which allows the transfer of this technology to textile effluents
treatment systems. Additionally, a significant reduction in color and turbidity reaching rates
of 75 UH and 30 UT, respectively, for UASB reactors and anaerobic filter were observed.
KEY-WORDS: Textiles wastewater, Laundry Wastewater, Biological Treatment,
Characterization of Textile Wastewater and Production, Treatability and Biodegradability of
textile wastewater.
19
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
1.1 – Apresentação do Tema da Dissertação
As indústrias têxteis e do vestuário representam a quarta maior atividade econômica no
mundo. Estão entre as precursoras do processo de mecanização da produção durante a
Revolução Industrial ocorrida no período de 1780 a 1840. Porém, após a revolução
industrial, e até mais ou menos 1950, não ocorreram inovações técnológicas
significativas. Depois dos anos 50, a indústria têxtil passa por transformações importantes,
incorporando inovações tecnológicas de outros setores industriais, como o setor químico
(Lupatini, 2004).
O aumento da população mundial demandou uma maior produção de artigos têxteis,
exigindo também incremento nas indústrias químicas e petroquímicas, uma vez que
alguns de seus principais insumos, as fibras artificiais e sintéticas, são originadas dessas
indústrias (Vieira, 1995; Conchom, 1999; Lupatini, 2004).
A indústria têxtil no Brasil é vista como uma das atividades tradicionais na sua formação e
no seu papel histórico desde, a época da manufatura até a industrialização. Foi um dos
primeiros setores industriais a ser implantado como empresas em todas as cidades do
país. Tendo um valor sócio-econômico importante, gerando milhões de empregos diretos
na produção fabril, ou indiretos, na produção de matérias–primas e outros insumos
(Vieira, 1995), o que representa o mercado consumidor, com consumo per capita de 8,6
kg/hab/ano, superando a média mundial que é de 7,6 kg/hab/ano. (Analíse da ....., 2000).
Desempenha um papel de grande relevância no processo de desenvolvimento do país.
Com um faturamento total equivalente a 4,4 % do PIB brasileiro, e empregando cerca de
1,9 % da população ativa, este setor é de grande relevância para a economia do país e
com forte impacto social (Textilianet, 2002).
No Nordeste do Brasil, particularmente em Pernambuco, encontra-se 8,93% das indústrias
têxteis, e 10,77% de vestuário (IBGE, censo industrial, 1985).
20
Por outro lado, a indústria de confecção do Nordeste é uma das atividades econômicas
mais importantes para a região, tendo como marco o início da indústria têxtil no Brasil.
Este segmento surgiu na década de 60, atuando no mercado de produtos populares a
partir do aproveitamento de sobras de tecidos oriundos das indústrias do Recife e de São
Paulo, que posteriormente surgiria a feira da sulanca, em Santa Cruz do Capibaribe, e o
pólo de confecção em Toritama (Campelo, 1983).
O pólo de confecções pernambucano está localizado na mesorregião do Agreste, nos
municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe; onde se concentram mais
de 60% dos estabelecimentos industriais. Este setor responde por 15% da produção de
confecção do país, gerando um número elevado de empregos, estimado em mais de
10.000 pessoas. (Pernambuco, 2000; IBGE, 2000).
Há cerca de 30 anos, a cidade de Toritama se inspirou na moda jeans, e hoje se
transformou no maior pólo de produção do Norte-Nordeste, garantindo ocupação de seus
habitantes e atraindo pessoas de outros municípios que comercializam peças
confeccionadas, na maioria das vezes, nas suas próprias residências. É um dos mais
importantes pólos de confecções de jeans da região, contando com mais de 50
lavanderias industriais, que abastece cerca de 14% do mercado nacional, sendo a maior
atividade econômica, com produção de peças de vestuário vendidas em todo o Brasil e na
América do Sul (Pernambuco, 2002).
As lavanderias e tinturarias existentes na cidade de Toritama, realizam processos de
beneficiamento das peças de jeans confeccionadas e comercializadas na região, tais
como: lavagem, estonagem, amaciamento, tingimento e branqueamento. Utilizam uma
grande quantidade de água e, conseqüentemente, geram uma grande quantidade de
efluente de difícil caracterização, devido à descontinuidade e diversidade das etapas
realizadas e dos produtos químicos usados nos processos.
O consumo mensal de água de cada uma das lavanderias varia em torno de 50 a 300 mil
litros/mês. A implantação de sistemas de tratamento eficientes possibilita o reuso de
cerca de 50 a 60% do efluente tratado nos processos de beneficiamento do jeans, sendo
o restante do volume tratado descartado no rio Capibaribe.
O rio Capibaribe é a principal fonte de abastecimento de água das lavanderias e
tinturarias. Nasce na Serra do Jacarará, no município de Poção, possui cerca de 74
afluentes e banha 32 municípios pernambucanos, sendo os principais: Toritama, Santa
21
Cruz do Capibaribe, Salgadinho, Limoeiro, Paudalho e São Lourenço da Mata,
desaguando no Oceano Atlântico depois de cortar toda a cidade do Recife (Chacon,
1959). Sua bacia possui 240 Km de extensão e área de 7.716 Km
2
,
onde o clima
predominante é o semi-árido. O seu curso está dividido em três trechos: alto, médio e
inferior. Os cursos alto e médio estão localizados no polígono das secas, onde o rio tem
regime intermitente. Apenas o curso inferior o rio Capibaribe se torna perene, a partir do
município de Limoeiro na Região do Agreste (Chacon, 1959)
Um dos grandes desafios hoje é a sustentabilidade do desenvolvimento sócio-econômico
da região, minimizando a quantidade de água captada do rio através do reuso, além de
diminuir o impacto ambiental.
O impacto ambiental ocasionado pelos processos têxtil e das lavanderias, decorrente da
geração de grandes quantidades de efluentes líquidos com altas cargas poluidoras - forte
coloração e presença de inúmeros compostos químicos - pode causar riscos, quando os
efluentes são descartados diretamente nos cursos da água; principalmente pela inibição
nos processos naturais da fotossíntese, diminuindo a quantidade de oxigênio dissolvido e
modificando as propriedades físicas dos cursos d'água causando prejuízos a médio e
longo prazos a toda biota aquática (Balan, 2000; Hassemer et al.,2001; Zamora, 2002; ).
Nas indústrias têxteis, as etapas de lavagem, alvejamento, tingimento e acabamento são
as que mais geram efluentes com elevada carga poluidora, e altos teores de compostos
orgânicos, como amido, gomas, graxas, pectinas, álcoois, ácido acético, corantes, sabões
e detergentes e compostos inorgânicos, como hidróxido de sódio, carbonatos, sulfetos e
cloretos resultantes desses processos (Duenser, 1992; Vandeviere et al., 1998; Balan
2000; Hassemer et al., 2001).
A preocupação com a qualidade do meio ambiente, atingido por efluente têxtil leva à
busca de alternativas de tratamento, adequada para esses resíduos, que possuem
grandes variações de carga, em virtude do processo industrial que envolve a seqüência de
produção e acabamento, tornando-os muito complexos em sua composição, geralmente
com altas concentrações de DQO e DBO, e com diferentes características de
biodegradação (Gomes, 2000).
22
1.2 - Objetivos
1.2.1 - Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é estudar a caracterização, a biodegradabilidade e o
tratamento de efluentes líquidos industriais do setor têxtil (Lavanderia Industrial) da
Cidade de Toritama – Pernambuco.
1.2.2- Objetivos específicos
Caracterizar os efluentes de uma lavanderia industrial na Cidade de Toritama
situada na região Agreste: caracterização quantitativa e qualitativa, estudo do
processo industrial empregado e da geração de resíduos;
Estudar o tratamento biológico em reator anaeróbio contínuo.
Avaliar a geração de resíduos (tipo e quantidade), em função do processo industrial
utilizado.
Avaliar a biodegradabilidade do efluente de uma lavanderia industrial
Avaliar atividade metanogênica específica.
23
1.3 – Organização da dissertação
O Capítulo I trata da introdução tendo como foco o tema da dissertação.
O capítulo II apresenta a revisão da literatura, caracterizando a área de estudo, o semi-
árido, o processo produtivo têxtil, as indústrias da confecção do pólo de confecção do
Agreste, que abrange as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.
Esta revisão, também descreve um pouco da história das indústrias têxteis locais
(pernambucana) e as do Brasil, desde o seu surgimento até a sua extinção devido à praga
do bicudo no algodão e a abertura comercial.
O capítulo III trata dos efluentes das lavanderias industriais, características, geração,
composição e tratabilidade.
O capítulo IV descreve a metodologia usada para desenvolvimento deste trabalho de
pesquisa.
No capítulo V são apresentados e discutidos os resultados da caracterização dos
efluentes originados na lavanderia/tinturaria estudada, na cidade de Toritama, localizada
na mesorregião do Agreste. São presentados também os resultados do tratamento
anaeróbio, com reator seqüencial em batelada, UASB e filtro biológico anaeróbio em
escala de bancada.
No capítulo VI são apresentadas as conclusões gerais e as recomendações da
dissertação.
No capítulo VII encontram-se listadas as referências bibliográficas utilizadas nesta
dissertação.
24
CAPÍTULO 2.0
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- Indústrias Têxteis
2.1.1 - No Brasil
O processo de industrialização no Brasil teve início com a indústria têxtil, pois essa
atividade tem suas raízes no período que antecede a sua ocupação pelos portugueses,
quando os índios já exerciam atividades artesanais, técnicas primitivas de natureza têxtil,
entrelaçando fibras vegetais, produzindo telas para várias finalidades, inclusive para
proteger o corpo (Silva, 1980).
Desde o início do descobrimento, a partir da ocupação do Brasil pelos portugueses, em
linhas gerais, existiram três etapas importantes na evolução da indústria têxtil: a fase
colonial (de 1844 a 1959), a fase de implantação (de 1844 a 1913) e a fase da
consolidação (de 1919 a 1959) (Textilianet, 2000).
As primeiras fábricas têxteis foram implantadas nos anos de 1816 em Minas Gerais, 1826
em Pernambuco, e em 1830 parques têxteis rudimentares foram implantados na Bahia e
Rio de Janeiro (SINDICATO da..., 1973; IEMI, 2002).
A conjunção de vários fatores foi importante para o surgimento da indústria têxtil no Brasil,
tais como: cultura algodoeira em expansão, matéria-prima básica em grande quantidade,
mão-de-obra abundante e um mercado consumidor em crescimento (IEMI, 2002).
Assim, em 1864 funcionavam vinte fábricas no Brasil com cerca de 15.000 fusos e 386
teares. Dezessete anos depois, isto é, em 1881, já eram 44 fabricas com 60.000 fusos,
gerando cerca de 5.000 empregos. Nas décadas seguintes, houve um crescimento
acelerado no processo de industrialização. As vésperas da I Guerra Mundial, o Brasil
possuía um parque fabril razoável, com 200 fabricas que empregavam 78.000 pessoas
(PESQUISA ..., 1971).
25
A I Guerra Mundial pode ser considerada um fator importante na consolidação da indústria
têxtil brasileira pela redução das importações, possibilitando um estímulo à produção
interna de artigos têxteis. Em 1919 a indústria têxtil possuía 105.116 trabalhadores,
representando 38,1% do contingente empregado nas indústrias de transformação. (IEMI,
2002).
Na década de 20 houve uma queda da atividade têxtil devido à retomada das importações
de tecidos, que eram vendidos a preços inferiores aos dos países de origem. Com a crise
Internacional de 1929, a capacidade de importação foi drasticamente reduzida e
praticamente todos os paises adotaram a substituição dos importados, pela produção
interna necessárias para o abastecimento. Este processo foi aprofundado pelo surgimento
da II Guerra Mundial em 1939/45, período em que ocorreram alterações na estrutura
industrial brasileira. (IEMI, 2002).
Uma análise do setor têxtil no Brasil constata que a indústria teve uma participação
histórica decisiva no processo de desenvolvimento industrial do País. (Vieira, 1995).
2.1.2 – No Nordeste
No Nordeste, cidades do estado de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia cresceram
basicamente em função das indústrias têxteis, chegando, em alguns casos, a ser a única
atividade econômica local, e conseqüentemente, a única fonte de emprego,
representando a segunda atividade industrial do estado. (Silva, 1980).
Em Pernambuco, as primeiras fábricas de tecidos surgiram no período de 1826, devido à
produção de algodão em grande escala, e à mão de obra abundante e barata; e
especialmente pelo empreendedorismo de homens como Carlos Alberto de Meneses,
Delmiro Gouveia, Gervásio Pires Ferreira e os Lundgren (Mendonça, 1991)
A primeira fábrica de fiação e tecidos de algodão pernambucana, foi fundada por
Gervásio Pires e começou a funcionar em 1826. Situava-se no bairro da Boa Vista, ao
lado da rua da Glória, próximo ao rio Capibaribe, com um excelente porto de serviços. Era
uma fábrica de descaroçar, fiar e tecer algodão; possuía doze máquinas de fiar e vinte e
um teares. No início, esta fábrica era movida por animais e depois por vapor. Empregava
efetivamente em sua produção, mais de cinqüenta escravos, pessoas pobres, muitas
mulheres e diversos artistas que achavam trabalhos de subsistência. Esta fábrica produzia
cobertores no tecido chamado algodãozinho, que era bom e preferido por outros paises. O
26
sucesso da mesma permitiu a importação de novos equipamentos da Inglaterra em 1836.
Com a morte de Gervásio Pires o estabelecimento industrial pioneiro em Pernambuco
entrou em decadência, tendo seus equipamentos vendidos para Bahia (SINDICATO...,
1973).
Embora tivesse mercado, uma vez que Recife era o centro que abastecia e escoava a
produção de Pernambuco e províncias vizinhas, alguns anos se passaram para que o
estado de Pernambuco implantasse uma indústria têxtil, isto é, indo desde a produção do
fio até o produto final (Silva, 1980).
As movimentações políticas e sociais da época (as lutas dos Cabanos durante a
Regência e a Revolução Praieira), impediam os negócios e a construção de novas
indústrias. Porém, o início da Guerra do Paraguai e a guerra da Secessão Estadunidense,
permitiram o surgimento da primeira fábrica de algodão, em Pernambuco. Situava-se no
bairro da Madalena, permitida por lei em 1870, iniciada em 1871 e inaugurada em 1874
Com 35 operários e todo o maquinário vindo da Bélgica, esta fábrica iniciou a sua
produção por um tecido chamado de algodãozinho, tendo vantajosa saída no comércio.
Este tecido foi o único fabricado durante toda a sua atividade industrial (Sindicato..., 1973;
Silva, 1980).
De 1844 a 1889 surgiram as fábricas da Torre, Camaragibe, Paulista e a Companhia Têxtil
de Aniagem (antiga Companhia Fábrica de Estopas), atraindo capital inglês. Em 1893 a
Companhia de Fiação de Tecidos Goiana; em 1894. Apipucos e Várzea; todas
pertencentes a grupos mercantis: eram as firmas Padilha, Menezes, Amorim, Mendes
Lima, Rodrigues Lima, Braz Silva, Conde Pereira Carneiro e outros (INDÚSTRIA ..., 2000)
Na década de 1890, quando aconteceu o movimento de especulação bolsista nos
primeiros anos da República (Encilhamento), ocorreu um grande crescimento industrial no
país inteiro, beneficiando Pernambuco.
No final do século XIX, a indústria têxtil cresceu, resistindo a crises e, no Censo de 1907, o
capital social das fábricas de tecido em Pernambuco era maior do que o empregado na
Bahia, o maior produtor do Nordeste na época. Continuaram sendo feitos grandes
investimentos em modernização e ampliação nos anos que antecederam a primeira guerra
mundial, com surgimento das fábricas em Moreno, em 1910, e em Timbaúba, em 1912,
atraindo o capital da Bélgica (Silva, 1980)
27
O desenvolvimento da produção têxtil pernambucana foi promovido pela Primeira Guerra
Mundial, com intensivo investimento realizado com matéria-prima e mão-de-obra mais
barata, mesmo com as dificuldades de readaptação, o número de operários ocupados no
ramo têxtil triplicou no período de 1920 a 1940.
A participação do setor no Produto Industrial Bruto atingiu 23,1%, o que bem demonstra o
nível de pujança alcançado no período.
Em 1926 os lucros foram atraentes e compensadores, permitindo a expansão das
indústrias têxteis no período de 1923 a 1926 (Textilia net, 2000; IEMI, 2000).
Com a expansão das fábricas ocorreu a revitalização e a transferência do controle
acionário para o grupo Lundgren, que adquiriu o controle do cotonifício Paulista, em 1905.
O grupo Othon Bezerra de Melo comprou a fábrica de Apipucos, em 1924, e
posteriormente implantou mais duas fábricas: a Tacaruna, em 1924, situada na Av.
Agamenon Magalhães; e a Tecidos Paulistas (TSPA) e Cotonifício José Rufino, em 1926,
na Av. Visconde de Suassuna (SUDENE, 1978).
No período que se inicia em 1926, dominado pela superprodução de tecidos grossos e
uma competição acirrada, Pernambuco resistiu melhor que o Centro-sul aos anos de
crise, por ter matéria-prima e mão-de-obra mais barata, e ter um mercado local e regional
protegido pelos custos do transporte e pela capacidade inovadora dos seus empresários,
que já tinham incluído, na sua produção em 1929, a fabricação tecidos médios e finos, que
seriam exportados, gerando desenvolvimento financeiro, e que elevaria a tarifa de
exportação incidente sobre estes tipos de tecidos (IEMI, 2000).
Em 1928 o setor têxtil representa uma das principais atividades industriais. Assim o
pernambucano Othon L. Bezerra de Melo, em artigo para revista do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico, afirma que a indústria têxtil para Pernambuco representava a
terceira riqueza do estado, após o açúcar e o algodão. (CNIT, 1990).
Nessa época, os empresários mais inovadores, como os do grupo Lundgren, romperam a
dependência da fábrica com um grupo de atacadistas; passaram a comercializar os seus
produtos e posteriormente fundaram a primeira loja de varejo do grupo. Os seus
sucessores abriram a primeira filial no Rio de Janeiro, ampliando de tal modo a rede de
comercialização, que na década de 1920, o grupo já possuía mais de 200 lojas (Casas
Pernambucanas) espalhadas pelo Brasil, vendendo não só os tecidos das suas fábricas,
mas de muitos outros fabricantes.
28
No período da segunda Grande Guerra, houve um grande esforço por parte das indústrias
pernambucanas no período em que ocorreram alterações excepcionais na estrutura
dos
fornecedores tradicionais do Brasil (a maior parte estava envolvida no conflito). Abriu-se
a possibilidade do mercado ser suprido por meio do incremento da produção interna, com
o surgimento de muitas fábricas em praticamente todos os setores da atividade
manufatureira (SUDENE, 1978).
Entre 1930 e 1946, a indústria têxtil pernambucana acompanhou a evolução do país com
pouca mudança, pouca ampliação, algumas modernizações e a implantação de apenas
duas unidades; a fábrica Yolanda em 1937, e Ribeirão em 1942.
No ramo têxtil, as fábricas ampliaram-se, passando a operar com mais de um turno de
trabalho e produzindo mais para atender o mercado interno e, ainda, exportando para
mercados importantes, principalmente da Europa e dos Estados Unidos.
Terminado o conflito mundial, novamente o setor retornou à situação anterior. Com a
normalização paulatina do mercado internacional, perdemos nossos clientes externos e as
exportações caíram a níveis insignificantes.
De uma média anual aproximada de 24 mil toneladas de tecidos de algodão
exportados no período de 1942 a 1947, caímos para 1.596 toneladas em 1951, que se
reduziram à uma pequena produção, chegando a acabar nos anos seguintes (IEMI,
2000).
A segunda metade dos anos 50 marca o início da fase industrial brasileira em processo
acelerado, com ênfase para os setores mais dinâmicos e não-tradicionais. Nessa fase, o
setor têxtil, por influência sistêmica do desenvolvimento industrial da época, também
começou a passar por grandes transformações (IEMI, 2002).
Na década de 60 a indústria têxtil pernambucana era forte, a segunda maior produtora do
Brasil. Com a crise econômica e a abertura comercial promovida no final da década de 80,
e estendendo-se posteriormente, atingindo toda a cadeia têxtil, houve uma queda na
produção, fazendo com que as pequenas e médias empresas, maiores empreendedoras
do setor, não resistissem à concorrência dos produtos importados e muitas indústrias
fecharam (Apolinário, 2000).
29
Nesta mesma década em Pernambuco, as indústrias tentaram se modernizar sob a
orientação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), mas esse
esforço de modernização foi prejudicado pelo surgimento das fibras sintéticas (LIMA,
1996).
2.2 - A Indústria do Vestuário
No Brasil, a Indústria de vestuário desenvolveu-se no início de 1860, e a partir de 1882
acompanhou os movimentos da indústria têxtil até 1920.
Na região do agreste pernambucano, esta atividade surgiu na década de 60, com produtos
populares de baixo custo, onde a matéria-prima para a confecção dos produtos vinha de
sobras de tecidos de malha (helanca) oriundos das indústrias do sul do país, originando o
nome de Sulanca (Campelo, 1993; Pernambuco, 2002).
Na metade da década de 80 a indústria de confecção nordestina, em Caruaru, Toritama e
Santa Cruz do Capibaribe, mostram um forte movimento de criação de novas empresas
com produtos variados tais como: artigos de cama, mesa e banho, e os mais diversos
tipos de roupa e acessórios. Este fato ocorreu devido à criação do Estatuto da
Microempresa (
Lei Complementar nº 48, de 10 de dezembro de 1984), situação
econômica nos anos 80 e 90 e facilidades para instalações dessas indústrias (Banco do
Nordeste, 1999).
Uma das características dessas indústrias de confecção é a sua diversidade de escala,
onde participam grandes, médias, pequenas e micro-empresas; embora na estrutura
industrial da região, as micros e pequenas empresas predominem.
Estima-se que 60% das empresas que produzem confecção no Nordeste são de micro-
empresas, e 30% de pequenas, avaliando se em 90% a participação de ambas (Banco do
Nordeste, 1999).
Segundo o SINDTEXTIL-PE (2000), Pernambuco possui um total de 1500 empresas de
confecção formais, estando, a maior parte localizada na Região do Agreste. A produção
de confecção nessa região é de 58,7 milhões de peças por mês, localizada nos
municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe .
30
Estes municípios possuem uma particularidade na fabricação de confecções: Toritama
fabrica roupas de Índigo (Jeans), Caruaru, roupas de tecido plano e malhas, e Santa Cruz
do Capibaribe, roupas de malha e moda praia (Banco do Nordeste, 1999; Pernambuco,
2004).
2.2.1 - A Importância da Indústria do Vestuário
No Mundo, as indústrias têxteis e do vestuário representam a quarta maior atividade
econômica, sendo o Brasil um dos maiores mercados consumidores, com consumo per
capita de 8,6 kg, superando a média anual, que é de 7,6 kg. (ANÁLISE..., 2000).
Essa indústria representa um importante valor econômico-social, absorvendo uma
quantidade significativa de mão-de-obra, em torno de 778 mil empregados, segundo o
Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI, 1995).
No Brasil existem cerca de 5000 indústrias têxteis, assim distribuídas: 11% de grande
porte, 21% de pequeno porte, e 68% de microempresas. Situa-se na economia brasileira,
ocupando o 24°setor em atividades industriais; 21º de exportação de produtos têxteis; 6°
lugar em faturamento; 5° lugar em empregos diretos, e 4ª maior atividade econômica
mundial (Conchom, 1999; Oliveira, 1995).
2.2.2 - As Indústrias da Confecção
As indústrias da confecção no Brasil são caracterizadas por uma diferença no que se
refere às matérias-primas utilizadas, processos produtivos, padrões de concorrência e
estratégias empresariais. No que se refere à estrutura industrial e produtiva, ressalta-se a
importância das relações com os setores de matéria-prima, insumos e maquinário, que
representam grandes fontes de inovação, além de alguns serviços produtivos; como o de
prospecção de mercado e os de tendências, serviços de design e desenvolvimento de
produto (Garcia et al., 2002).
Segundo dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI, 2000), cerca de 83%
das empresas do setor de confecção estão voltadas para a confecção de vestuário, e
participam com 80% da mão-de-obra empregada.
31
Nos anos 90, o setor contava com aproximadamente 14.400 empresas de confecções
bastante diferentes, pouco modernas, desatualizadas e que sobreviviam por atuarem na
economia informal e em nichos regionais de mercado (Oliveira, 1995). As pequenas
empresas de confecções representam 70% do total, enquanto que as médias
correspondem a 27% e às pequenas 3% (Apolinário, 2000).
2.2.3- Pólo de Confecção em Pernambuco
Fonte: Projeto de confecções do Agreste Pernambucano (SEBRAE-PE);
(SINDIVEST; SENAI; FIEPE, 2004).
Figura 1 - Pólo de Confecção do Nordeste
Fonte: Projeto de Confecção do Agreste Pernambucano (SEBRAE-PE; SINDIVEST;
SENAI; FIEPE, 2004)
O Pólo está localizado na mesorregião do agreste pernambucano, na microrregião do Alto
Capibaribe, contando com cerca de 12 mil microempresas (tabela 1), situadas nos
municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, e do Vale do Ipojuca - município de
Caruaru. (SEBRAE, 2004).
O ramo da confecção é uma atividade extremamente importante e conhecida no Estado e
na Região Nordeste (Tabela 2), concentrando mais de 60% dos estabelecimentos
industriais do setor em Pernambuco, gerando e mantendo um grande número de
empregos de mão-de-obra formais e informais. (SEBRAE, 2004).
32
Pernambuco é o segundo pólo nordestino mais importante em termos quantitativos e
qualitativos na produção de confecções (Banco do Nordeste, 1999).
Este setor fatura, a cada ano, R$ 2,8 bilhões, o equivalente a 10% do Produto Interno
Bruto (PIB) do estado, enquanto que o PIB de Toritama é de R$ 99.901, e o de
Santa Cruz do Capibaribe R$ 233.911 (Pernambuco, 2004). Esta atividade emprega
120 mil pessoas e representa 15% da produção brasileira. (IBGE, 2004).
2.2.4- Pólo de Confecção – Principais dados do Setor
Tabela 1- Pólo de Confecções do Agreste
CARUARU TORITAMA SANTA CRUZ
DO
CAPIBARIBE
Número de empresas 2,38 mil 2,19 mil 7,56 mil
Números de empregados
(formais e informais)
16,5 mil 20,0 mil 40,2 mil
Número de ocupação da população no
setor
6,5% 91,7% 68,1%
Taxa de crescimento econômico
(1991- 2000)
19% 46% 54%
Fonte : Relatório da Indústria Têxtil, 2005
Tabela 2 – Principais Pólos de Confecções – Localização das Empresas
POLOS EMPRESAS
CEARÁ 3719
PERNAMBUCO 1500
BAHIA 115
PARAÍBA 359
RIO GRANDE DO NORTE 224
PIAUÍ (1) 91
Fonte – Banco do Nordeste, 1999.
33
2.3 - A Cidade de Toritama
Toritama é o menor município de Pernambuco, com 34,8 km
2
, fica a 167 quilômetros do
Recife e tem uma população de 21.800 habitantes (IBGE, 2000).
Em meados do século XIX, Toritama tinha a denominação de Torres, e foi distrito de
Vertentes e de Taquaritinga do Norte. Era uma fazenda de gado pertencente a João
Barbosa que, por sua devoção a Nossa Senhora da Conceição, cedeu um pedaço de
terra, às margens do Capibaribe, para que fosse erguida uma capela. Foram os primeiros
passos para o nascimento de Toritama, que foi emancipada em 29 de dezembro de 1953,
quando foi elevada à cidade. O nome da cidade originou-se da palavra indígena “to ri”
(pedra) e “tama” (região), numa alusão às pedras, à margem do Capibaribe (Pernambuco,
2002).
O clima é o semi-árido com baixa precipitação pluviométrica, tendo a composição do solo
argiloso, arenoso, pedregoso e rochoso. O desfavorecimento do solo para atividades
agropecuárias fez com que a população buscasse a sobrevivência em outras atividades,
inicialmente com a fabricação de calçados, que fez do município um pólo calçadista de
destaque na região durante a década de 70 (Pernambuco, 2004). Esta atividade decaiu
em conseqüência do aparecimento do mercado dos calçados de plástico e tênis, o que fez
com que as “fabriquetas” de calçados de couro entrassem em declínio, obrigando sua
população a buscar outra atividade econômica para sobreviver, que não poderia ser na
área agrícola ou pecuária, até por ser um dos municípios com a menor área física de
Pernambuco, com o solo raso e topografia altamente irregular (Pernambuco, 2004).
A atividade proliferou rapidamente quando os precursores das confecções com jeans
começaram a trazer retalhos do tecido de São Paulo, ou mesmo as sobras de algumas
indústrias de Santa Cruz do Capibaribe. A partir daí, praticamente, toda a população da
cidade de Toritama passou a atuar no setor, seja na confecção direta das roupas
fabricadas a partir do jeans, ou mesmo nas 60 lavanderias industriais existentes na
cidade. (Pernambuco, 2004). Toritama ficou conhecida como a capital do jeans, integrante
do pólo de confecção do Agreste. Conta com cerca de 900 pequenas indústrias de
confecção, que gera emprego e renda para mais de 10 mil pessoas (IBGE, 2000;
Pernambuco, 2002).
Quase todos os moradores estão envolvidos, de alguma forma, com a produção de
roupas de jeans, que responde por 97% do parque industrial local, contra apenas 3% das
34
indústrias de calçado. Estima-se que a produção semanal alcance as 200 mil peças,
número esse que cresce nos períodos festivos (Pernambuco, 2002).
Em menos de dez anos, a população da cidade cresceu em 46,2%, passando de 14.907
habitantes em 1991, para 21.800 habitantes em 2000, uma variação três vezes maior do
que a média de crescimento populacional registrado em igual período no País. (IBGE,
2000). Assim como a população, o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade também
apresentou um crescimento de 41,9%, superando à média nacional, que ficou em 30,1% e
a do Nordeste, que chegou a 34,9% (IBGE, 2000; Pernambuco, 2002).
O crescimento da atividade pode ser atribuído a construção do Parque das Feiras,
inaugurado em setembro de 2001 às margens da BR – 104, construído numa área de
nove hectares, com 110 lojas e 500 boxes, onde as lojas ocupam uma área média de 25
m
2
e os boxes 3,0 m
2
, gerando empregos diretos e indiretos, nas lojas e boxes.
Atualmente o Parque das Feiras conta com uma segunda etapa com 110 lojas e um
galpão, onde serão comercializados 1.518 bancos padronizados para abrigar os feirantes
que negociam à margem da BR - 104 e no entorno do parque. (figura 3).
O aumento no comércio de confecções em Toritama, com a inauguração do Parque das
Feiras e suas ampliações, mudou o conceito sobre o funcionamento dos centros de
confecções existentes nos principais pólos de confecção do Agreste. A principal
característica é a diversificação dos produtos, com um preço acessível para atender aos
consumidores do estado e de outras regiões.
Figura 2– Placa na Entrada da Cidade de Toritama
35
Fonte; www.jeanstudo.com.br
Figura 3: Parque da Feira e a feira no entorno da BR - 104.
Feira ao lado do Parque da Feira Estacionamento do Parque da Feira.
Feira ao lado do Parque da Feira Estacionamento do Parque da Feira
Lojas da 1ª etapa do Parque da Feira Lojas da 2ª etapa do Parque da Feira
36
Bancos da 3ª Etapa do Parque da Feira
2.4- O Semi – Árido
O semi-árido brasileiro
, com 20 milhões de habitantes, estende-se por uma área de
974.752 km
2
, correspondendo a 11,5% do território nacional. Abrange a maior parte de
todos os estados da região nordeste: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; correspondendo a 86,48%; e dois estados do
Sudeste, a região setentrional do Estado de Minas Gerais (11,01%), e o norte do Espírito
Santo (2,51%) (Rodrigues, 2005).
Em Pernambuco o semi-árido abrange cerca de dois terços do território (118 municípios),
com uma
área de 85.979,9 km
2
. Os estados inseridos nas regiões semi-áridas são
marcados pela irregularidade de chuvas, longos períodos de secas, com fortes
deficiências hídricas nos rios, solos e ecossistemas xerófilos (adaptados ao clima quente e
seco). Estes vêm sofrendo, cada vez mais, os impactos devido às atividades antrópicas
sobre seus recursos naturais (Sá, 2002).
A falta de saneamento básico nas cidades inseridas no semi-árido causa a poluição dos
recursos hídricos. A água é um fator crítico nesta área, que possui média pluviométrica de
750 mm e uma taxa de evapotranspiração em média, cerca de 2.000 mm. As
características climáticas tornam mais susceptíveis às ações antrópicas (Suassuna,
2002).
Os municípios com clima semi-árido em Pernambuco estão localizados entre o Agreste e
o Sertão (Figura 4), que vão desde as regiões mais secas até às localizadas à margem do
Rio São Francisco, com características bem peculiares. Quando não há seca prolongada,
ou seja, quando as chuvas ocorrem em períodos normais, chove no Litoral, Mata e
Agreste, de abril a agosto, e no Sertão de novembro a março (Rodrigues, 2005).
“No semi-árido chove pouco, tornando extremamente variáveis não apenas os volumes
das precipitações caídas, mas principalmente, os intervalos entre as chuvas, que são mal
distribuídas, sendo uma loteria a ocorrência de chuvas sucessivas, em pequenos
intervalos. Portanto, o que caracteriza a seca não é o volume das chuvas caídas e sim sua
distribuição no tempo” (Suassuna, 2002).
37
Figura 4- Mapa, mostrando as regiões e os climas do Brasil – Localização do semi-árido.
Fonte - Desenvolvido por Guia Internet Brasil ©1999 Info: [email protected]
2.5 - O Processo Produtivo Têxtil
O Processo Produtivo Têxtil é um conjunto de etapas consecutivas onde são
transformados e transferidos diversos insumos. Inicia-se com a matéria–prima, fibras de
algodão ou fibras sintéticas, indo para a fiação, seguindo para a tecelagem plana ou para
a malharia e, finalmente, para o acabamento. Cada uma dessas etapas possui
características próprias, existindo descontinuidade entre elas (SEBRAE, 2000; Prochnik,
2001).
38
ALGODÃO
V
ISCOSE
NAÍLON
Figura 5 - Configuração Básica do Processo Produtivo Têxtil - Fonte, (SEBRAE, 2000).
2.5.1 - Produção de Fibras
O início da cadeia compreende a produção e o beneficiamento de fibras naturais: o
algodão é a matéria-prima mais utilizada, com cerca de 70% das fibras, 25% de fibras
artificiais e sintéticas, e 5% de fibras de linho, lã e seda (Carvalho, 2000).
As fibras naturais (Tabela 3) podem ser de origem animal, vegetal ou mineral. As mais
utilizadas são a lã, a seda, o algodão e o linho.
LYCRA
PROLIPOPILENO
ACETATO
SEDA
POLIÉSTER
RAMI/LINHO
JUTA
FIBRA SINTÉTICAS FIBRAS ARTIFICIAIS FIBRAS NATURAIS
FIAÇÃO
TECELAGEM MALHARIA
ACABAMENTO
CONFECÇÃO
39
Tabela 3 – Classificação das Fibras Têxteis segundo Alcântara et al., (1996).
NATURAIS NÃO - NATURAIS
Animais Vegetais Minerais Artificiais Sintéticas
seda algodão amianto viscose acrílico
lã juta acetato elastano
cânhamo poliamida
linho poliester
rance
sisal
( Fonte: Química Nova, 1996).
As fibras artificiais são obtidas a partir da regeneração da celulose natural, resultando em
fibras de rayon, acetato e triacetato. As sintéticas derivam-se de subprodutos do petróleo
de onde se originam as fibras de poliéster, náilon, acrílico e propileno. A mistura de uma
ampla variedade de fibras naturais e sintéticas gera uma grande variedade de fios mistos
apresentando características diversificadas (Carvalho, 2000).
2.5.2 – Fiação
Esta é a etapa onde os fios são transformados em tecidos. O processo de fiação é a
produção de fios, a partir de fibras naturais e artificiais. A fiação de fibras naturais abrange
diversas etapas das quais as fibras são orientadas em uma mesma direção paralelizadas-
torcidas de modo a se prenderem uma às outras por atrito. (Alcântara et al., 1996).
A fiação de fibras artificiais é constituída das etapas de extrusão - operação em que uma
substância pastosa é pressionada através da fieira, resultando em filamentos que são
endurecidos por meio da operação de solidificação (SEBRAE, 2000; Alcântara et al.,
1996).
2.5.3 - Tecelagem
A tecelagem é tradicionalmente caracterizada, pelo cruzamento de dois sistemas de fios
paralelos. O primeiro sistema é composto por fios que entram no tear, já paralisados,
40
chamados de urdume. Depois de engomados, os urdumes passam para a tecelagem.
(Alcântara et al., 1996).
Neste segmento há vários tipos de tecidos, obtidos por diferentes processos:
tecidos pesados - brim, índigo e mistos de poliéster.
tecidos de camisaria - tecidos leves
tecidos para cama, mesa e banho e decoração.
A tecelagem dos tecidos planos é feita pelo entrelaçamento de conjuntos de fios em
ângulos retos.
2.5.4 - Malharia
Este tipo de tecido surgiu da mecanização do processo de tricotagem, conhecido há
bastante tempo. A malha é formada por laçadas de fios que são atravessadas por novas
laçadas. Um tear de malha se baseia num conjunto de agulhas que formam e passa as
laçadas, o que confere ao tecido de malha maior flexibilidade e elasticidade (Análise da....,
2000)
2.4.5 - Acabamento
O acabamento dos tecidos consiste em um conjunto de operações como: aplicação de
goma e resinas que são secadas ou fixadas sob temperatura controladas, para conferir
conforto, durabilidade e propriedades específicas ao produto para serem estampados ou
tingidos.(Braile, 1979).
2.5.6 - Confecção
O final da cadeia têxtil é composto pelo segmento da confecção, que se caracteriza por
uma grande diversidade de produtos, principalmente os do ramo do vestuário. É bastante
linear, sendo o último elo o da confecção, o mais próximo do consumidor. Observa-se uma
dependência recíproca bastante acentuada entre o setor têxtil e da confecção, ressaltando
a importância do tecido, na produção das confecções e na composição dos
custos (Estudo Setorial, Gov. de SP 2002 ; SEBRAE, 2000).
41
2.6 – Corantes Têxteis
Os corantes são usados pelo homem desde o início das civilizações. Foram descobertos
em amostras de tecidos em tumbas egípcias, e antigos hieróglifos datados de 2500 a.C.
(Revista Eletrônica do Departamento de Química – UFSC, 2001).
Na metade do século XIX, existiam apenas corantes naturais, oriundos de vegetais,
insetos, moluscos e minerais, onde suas fórmulas de extração e aplicação eram usadas
secretamente (Zanoni & Alves, 2001). Os corantes artificiais começaram a ser usados em
1856, quando o químico Inglês, William Henry Perkin, sintetizou a MAUVEINA, primeiro
corante sintético, cujo sucesso comercial deu inicio às indústrias de corantes sintéticos
(Revista Eletrônica do Departamento de Química – UFSC, 2001).
Os produtos usados para tingir e estampar classificam-se em dois grandes grupos:
corantes e pigmentos (Cassimiro, 2000). Os corantes são substâncias químicas de origens
diversas; são produtos coloridos de alta concentração, geralmente solúveis em água com
a finalidade de tingir ou estampar. São aplicados em solução e se fixam a um substrato,
que pode ser um tecido. Podem ser classificados de várias maneiras, de acordo com sua
constituição molecular, método de aplicação, tipo de excitação eletrônica; quanto a sua
exposição à luz, são estáveis aos processos de lavagens e se fixam às fibras
uniformemente, independente do substrato. Já os pigmentos são insolúveis e se fixam ao
substrato têxtil através de uma resina que estabelece sua ligação com a fibra (Alcântara,
1996: Balan, 2000)
Atualmente a maior parte dos corantes usados nos processos de fabricação, cerca de
90% são sintéticos e a maior parte deles vão para as indústrias têxteis, artefatos de couro,
papel, indústrias alimentícias, cosméticos, tintas e plásticos (Revista Eletrônica do
Departamento de Química- UFSC, 2001).
Devido à demanda, uma grande diversidade de corantes que foram sintetizados nos
últimos 10 anos. Estima-se que são produzidos cerca de 10.000 em escala industrial,
representando um consumo anual no Brasil de 26.500 toneladas (Kunz & Zamora, 2001).
Esta diversidade de corante é justificada pelos vários tipos de fibras, que para serem
tingidas (Tabela 4) requerem corantes específicos (Guarentini & Zanoni, 2000).
42
A tabela 4 - Classificação dos Corantes Têxteis e suas Propriedades
TIPOS DE CORANTES
PROPRIEDADES
Corantes à Tina
Insolúveis em água, transforma-se em compostos solúveis, (>C-OH), LEUCO quando
são reduzidos com hidrosulfito de sódio em meio alcalino. Tingem matériais celulósicos.
Corantes Dispersos
Insolúveis em água, são aplicados na forma de dispersão aquosa ou suspensão
coloidal. Tinge principalmente fibras sintéticas tais como as de acetato, celulose, náilon,
poliéster, poliacrinonitrila e todas hidrofóbicas através de suspensão.
Corantes Diretos ou
Substantivos
Solúveis em água, sendo mais solúveis em meio levemente alcalino, são formados por
compostos aniônicos sulfonados.Aumenta a afinidade pela fibra quando é usado
polieletrólito tornando a molécula plana na configuração da molécula ou na dupla-
ligação. A sua formulação contém mais de um grupo azo (N=N). O primeiro corante
sintetizado foi o Vermelho Congo em 1884.
Corantes Ácidos
Solúveis em água, possuem grupos de corantes aniônicos com três grupos sulfônicos,
tingem fibras protéicas (lã e seda) e sintéticas (poliamidas, náilon). No tingimento é
neutralizado com soluções de cloreto, acetato e hidrogenosulfato etc., se ligando a fibra
por troca iônica envolvendo um par de elétrons livres dos grupos aminos e carboxílicos
das fibras protéicas.
Corantes Básicos
Solúveis em soluções aquosas aciduladas a cor é produzida pela presença do grupo
amino (>NH
2
) . Tinge lã, acrílico, seda, algodão, juta, cânhamo, rance, sisal, linho e
viscose previamente mordentados com tanino. Apenas o corante Barbeina ( C.I. natural
yellon 18) é conhecido como corante básico natural, porem os primeiros corantes
sintetizados tais como a Maloveina eram básicos.
Corantes ao Enxofre Insolúveis em água, derivam do ácido tiossulfônico usados para obter cores escuras,
tais como preto, verde oliva, azul marinho e marrom. Tinge fibras celulósicas, sua
característica marcante é a presença de enxofre sob a forma dissulfídica. Para ser
usado é necessário fazer uma redução alcalina, com sulfeto de sódio e soda cáustica
para que se torne solúvel. No tingimento é preciso fazer uma oxidação através do
K
2
Cr
2
O
7
em meio ácido gerando (Cr
6+
), solúvel em água e muito tóxico. Este tipo de
corante produz odor desagradável ao efluente e dificulta a remoção da cor após o
tratamento e freqüentemente apresentam resíduos tóxicos.
Corantes Mordentes Inorgânicos são considerados uma subclasse de corantes ácidos. Combina-se ao
mesmo tempo com a fibra do substrato e com a substância mordente (complexo
metálico de alumínio, cromo, estanho ou ferro), forma uma ligação muito resistente. O
mordente mais usado é o cromo, por isso são chamados de corantes ao cromo. Tendo
o cromo, uma toxicidade alta, as industrias estão substituindo este tipo de corantes por
corantes ácidos.
Corantes Naturais Retirados de substâncias vegetais ou animais, com pouco processo químico ou
nenhum. São principalmente do tipo mordente, apesar de existir alguns a tina,
pigmentos, diretos, e ácidos. Dentre estes não existem corantes dispersos, azóicos ou
ao enxofre. Assim como os sintéticos, os naturais possuem composição definida e
uniforme e são submetidas a testes de toxicidade antes de serem lançados no
mercado.
Corantes Azóicos -pré-
metalizados
Usados principalmente para fibras protéicas e poliamidas. São caracterizados pela
presença de uma hidroxila ou carbonila na posição orto em relação ao cromóforo azo,
tornando possível à formação de complexos íons metálicos. No tingimento é explorada
a capacidade de interação entre o metal e os grupamentos funcionais que possuem
pares de elétrons livres, como os que estão presentes nas fibras protéicas.Os tipos
mais comuns deste grupo são os complexos estáveis de Cromo: Corante (1:1) ou (1:2).
A desvantagem no uso deste corante é a quantidade de cromo nos resíduos líquidos
gerados no processo de tingimento.
Corantes
Branqueadores
As fibras no estado bruto apresentam coloração amarelada, por serem compostas
principalmente por matérias orgânicos e absorvem a luz em um baixo comprimento de
onda.Esta tonalidade amarelada tem sido diminuída nas industrias e nas lavanderias
pela oxidação da fibra com alvejamento químico ou com a utilização dos corantes
brancos, também chamados de branqueadores ópticos ou fluorescentes.
Fonte – CPRH, 2000
43
Os efluentes oriundos dos processos têxteis (tabela 5) são bioquimicamente difíceis de
decomposição, devido ao uso de vários produtos químicos para tingir e para manter a cor,
isto é, para impedir a descoloração dos produtos acabados. Os materiais orgânicos
usados nos processos têxteis freqüentemente não são biodegradáveis (Vandevivere et al.,
1998).
A maioria das indústrias têxteis, descarrega uma grande quantidade de efluentes sem
nenhum tratamento, e a maioria delas não tem espaço para instalar uma estação de
tratamento de efluente. Além das dificuldades técnicas e financeiras. (Frey, et al., 2002)
44
Tabela – 5 - Corantes utilizados para tingir algodão, linho e fibras sintéticas e a
composição dos efluentes gerados nos tingimentos.
TIPOS DE
CORANTES
FIBRAS COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS
Anilina Algodão Anilina, pruciato amarelo de potássio, cloreto
de sódio, pigmento e sabão.
Básico Algodão Corante, tanino, acetato, óleo de acabamento
e tártaro emético.
Desenvolvido Algodão Corante, cloreto de sódio, cloro ou sulfato,
enxofre e sabão desenvolvido (B-Naftol),
agente ativo interfacial e sabão.
Direto Algodão Corante, carbonato de sódio, sal, agente
ativo interfacial.
Índigo Algodão Corante de sódio, hidrosulfito, amaciante,
agente ativo interfacial.
Naftol Algodão Corante, soda caustica, interfacial agente
ativo, álcool. Sabão, cinzas, sal, bases, ácido
acético, enxofre.
Sulfurosos Algodão Corante, enxofre, carbonato de sódio e sal.
Vat Algodão Corante, soda caustica, hidro sulfito, agente
ativo interfacial, dicromato de potássio,
peróxido de sódio perclorado, peróxido de
hidrogênio.
Vat Solúvel Algodão Corante, sal, agente ativo interfacial, cloreto
de sódio, enxofre, dicromato.
Pigmento a base de
resina
Algodão
Pigmento, vários tipos de resinas, óleo
mineral, agente ativo interfacial e agente
fixador.
Reativo Algodão Corante, soda caustica, cinzas, sal e agente
ativo interfacial.
Dispersivo Acetato, náilon, poliéster,
acrílico, cloreto de vinil.
Corante, interfacial agente ativo, carrier,
hidrosulfito para poliéster.
Acido Náilon, vários tipos de
acrílico.
Corante, sal, acido orgânico, agente ativo
interfacial, tanino, tártaro emético para náilon.
Complexo metálico Náilon, vários tipos de
acrílico, vinylon.
Corante, sal, ácido orgânico, agente ativo
interfacial.
Catiônico Acrílico Corante, acido orgânico, agente de
dissolução de corante.
Sulfurosos Vinylon, vários tipos de
náilon.
Corante,de sódio, hidrosulfito de sódio,
agente ativo interfacial.
Azo insolúvel Vinylon, vários tipos de
náilon, acetato, poliéster.
Corante, intermediário. Ácido nítrico, ácido,
agente, ativo interfacial.
Vat Vinylon, poliéster, vários
tipos de náilon, acrílico.
Corante, hidrosulfito, soda cáustica, agente
ativo interfacial.
Reativo Fibras de celuloses,
vinylon e seda.
Corante, agente ativo interfacial, álcali e sal.
Fonte : Química Têxtil, 2002
45
2.7- As Lavanderias Industriais da Cidade de Toritama
O desenvolvimento das indústrias de confecções em jeans levou Toritama a contar
também com um importante pólo de lavanderias. Atualmente, a cidade tem cerca de 50
indústrias desse setor, que geram uma média de 1.600 postos de trabalho. Porém, o
mesmo progresso que trouxe emprego e desenvolvimento aos moradores, gerou também
a degradação ambiental, principalmente do rio Capibaribe, que recebe os efluentes
líquidos das lavanderias que movimentam a economia local (Pernambuco, 2004).
Por serem as lavanderias imprescindíveis ao processo de beneficiamento das peças em
jeans, faz-se necessária a implantação de sistemas de tratamento para minimizar o
impacto ambiental causado pelos resíduos descartados pelas lavanderias. Cada uma
dessas empresas, dependendo da capacidade de produção, descarta cerca de 50 a 300
mil litros de resíduos líquidos no rio diariamente (Gonçalves, 1996)
O setor de confecção em Toritama produz dois milhões de peças por ano, com consumo
médio de 40 litros de água para cada peça, significando, 960 mil metros cúbicos por ano.
Segundo MIRANDA (2004), o volume de efluente líquido descartado no rio equivale ao
consumo de água usado nos processos das lavanderias. As águas do Rio Capibaribe
ficam azuis quando as lavanderias estão funcionando. Os corantes inorgânicos
responsáveis por essa coloração alteram a cor do rio e os parâmetros físico-químicos da
água.
A preocupação com a degradação ambiental provocada pelas lavanderias surgiu em 1999,
quando a cidade foi atingida por uma grande estiagem. Com a falta d'água, a população
recorria ao leito do Capibaribe, cavava buracos e retirava água para uso doméstico,
próximo aos descartes dos resíduos líquidos produzidos pelas lavanderias. (Pernambuco,
2004).
Com a crise de abastecimento d'água a situação se agravou na cidade. Preocupados com
a falta de água, os empresários locais queriam encontrar um sistema que possibilitasse a
reutilização da água usada pelas lavanderias. Conseguiram firmar um convênio através do
SINDVEST com a Berufliche Forbtildungszentren der Bayerrischem Wirtschaft (BFZ),
entidade alemã que trabalha com a preservação ambiental, que após vários estudos e
análise do efluente, fez um projeto para um sistema de tratamento físico-químico para a
lavanderia estudada, onde fosse possível o reuso de até 60% da água utilizada no
46
processo de lavagem do jeans, minimizando o custo com a compra de carros-pipa e o
volume de efluente lançados no rio, minimizando a sua degradação.
2.8 - O Índigo
Na antiguidade o índigo era um dos corantes mais importantes. Talvez o único que ainda
possua aplicações atualmente. O índigo teve sua origem na Índia, nas antigas civilizações
do Egito, Grécia e Roma - era um corante nobre pela sua qualidade de tingir. A sua
forma natural, a Indigotina, era extraído diretamente da plantas; nos países tropicais das
espécies Índigosfera tictória, em paises temperados, satis tinctoria e Polygoniun
tintoctorun. O corante era extraído com água resultando uma solução aquosa de
glicósido de indoxilo, em seguida era oxidado ao ar dando origem ao índigo (Gorini, 1999).
O auge da indústria do índigo se deu no inicio do século XII, com a expansão das
colonizações promovida pelas nações européias. No entanto, no fim do século XIV esta
indústria tornou-se obsoleta com o surgimento do índigo sintético. E em 1897, a BASF
iniciou a comercialização do corante sintético a um preço menor do que o produto extraído
naturalmente. Atualmente são produzidas cerca de 20.000 toneladas/ano de índigo
sintético, que é utilizado principalmente como agente corante dos “blue jeans” (Melo &
Barroso, 2001).
O termo jeans está ligado às roupas feitas com o tecido rústico de algodão, que eram
usadas pelos marinheiros genoveses no século XVII. Na metade do século XIX, o
tradicional jeans de cinco bolsos surgia nos Estados Unidos pelas mãos de Levi Strauss
como uma roupa de trabalho. Somente em meados do século XX o jeans tornou-se um
artigo da moda, devido à popularidade dos artistas que passaram a usá-los. Depois o
movimento hippie consagrou o “blue jeans”, como a moda internacional da juventude
(Tecjeans, 2001).
No Brasil, o jeans teve a sua comercialização no inicio da década de 60, através da
Santista Têxtil, sendo destinado, principalmente, aos
trabalhadores do campo, a
chamada “calça rancheira”, que era confeccionada com o denim de 18 onças. O tecido
denim tradicional é uma mistura de tecido (de construção diagonal) de algodão produzido
a partir de uma trama (fios transversais do tecido) em fio cru e urdume (conjunto de fios
longitudinais), em fio tinto (figura 6). Recentemente, a produção foi ampliada a partir do
denim azul padrão incorporando a diferentes técnicas de tingimento, corantes químicos,
misturas com outras fibras (tabela 6) tais como a variedade dos tecidos fabricados,
47
elevando a qualidade do elastano e lyocell, com máquinas mais velozes para fiação e
tecelagem, aumentando a produção. Atualmente as indústrias têxteis, maiores produtoras
de tecido Denim são a alpargatas, Santista Têxtil e Vicunha, localizadas na região
sudeste e a Santana Têxtil na região nordeste ( Gorini, 1999).
Figura – 6 Etapa Final da Fabricação do Jeans
Fonte: www.jeanstudo.com.br
Tabela 6 – Tipos de Tecidos usados para confeccionar roupas que são lavadas e tingidas
nas Lavanderias industriais.
Tecidos Conceitos
Jeans
É o nome dado a um estilo de confecção, caracterizado por estrutura
reforçada que evidencia rebites e costuras duplas. Antigo nome inglês do
fustão em Sarja, também conhecido como Brim ou Denim.
Índigo
Blue
Nome do tecido utilizado universalmente para calças jeans. Índigo se
define como corante para calças jeans em tom de azul. O nome índigo
faz referência a uma planta indiana chamada "indigus", que continha em
sua raiz um corante azul usado, na época, como base para tingimentos
nas tribos.
Sarja
Tipo de construção do tecido, com destaque diagonal. Tecido básico e
versátil que apresenta excelente caimento, ótimo aspecto após lavagem
e combina com qualquer tipo de clima.
Brim
Tecido grosso, em sarja, geralmente de algodão, usado para confecção
de calças, blusões, jaquetas, macacões, etc.
Denim
Tecido pesado de algodão cru ou com fios de urdume, tintos em índigo e
fios de trama brancos, muito usado para calças jeans. O nome Denim
deriva da cidade francesa de Nimes; em inglês significa Brim.
Fonte:Moda Brasil, 2005
48
Uma outra característica do tecido denim é o aspecto de envelhecimento ocasionado pelo
gradativo desbotamento que ocorre a cada lavagem, levando as indústrias a
desenvolverem processos de envelhecimento acelerado que são aplicados diretamente ao
tecido e as peças de vestuário já confeccionadas. Essa etapa de acabamento, atualmente
desenvolvida por lavanderias, é vital a esse mercado, sendo uma importante fonte de
inovação e desenvolvimento do produto (Gorini, 1999).
2.9 - Pedras de Argila Expandida
Atualmente, em quase todos os países, a lavagem de roupas confeccionadas em
jeans é feita com pedras de argila expandida (cinasita; Figura7), que atuam em conjunto
com as enzimas especificas para o processo de estonagem.
A argila expandida é um agregado leve que se apresenta na forma arredondada, com
estrutura interna formada por uma espuma cerâmica com microporos e uma casca rígida
e resistente.
Para a expansão da argila são necessários grandes fornos rotativos, com temperaturas
em torno de 1.100 ºC capazes de transformar a argila em produtos leves de elevada
resistência mecânica, e também refratário em relação ao fogo e aos principais elementos
ácidos e alcalinos, assim como acontece com os materiais cerâmicos (Soares, 2005).
As principais características da argila expandida são: inércia química, estabilidade
dimensional e não-combustibilidade; além de excelentes propriedades de isolamento
termo-acústico. Seus maiores mercados são: construção civil, paisagismo e lavanderia
industrial.
A comercialização da argila expandida é feita em diferentes tamanhos: Brita 2, Brita 1,
Brita 0; e do tamanho equivalente a areia grossa (Soares, 2005).
As lavanderias industriais utilizam a argila expandida de tamanhos variados no processo
conhecido como stone washed, no qual a trama do tecido é desgastada com produtos
químicos, pedras e água. Mas este processo de estonagem com pedra vem sendo
substituído pelo uso de enzimas, que provocam o mesmo efeito evitando o descarte de
várias toneladas de pedras no meio ambiente (Soares, 2005).
49
Figura –7- Pedras de Argila Expandida - Cinasita
Fonte: www.jeanstudo.com.br
2.10 - As Lavanderias Industriais
O conceito tradicional de lavanderia começou a ser usado no Brasil por volta de 1976,
quando o jeans passou a ser submetido a processos de lavagens antes de serem
comercializados. Nessa época as peças adquiridas eram preencolhidas, desengomadas e
sem excesso de corante, adequada para o uso. Daí para o jeans desgastado e as
lavagens conseqüentes como stone washed foi apenas um passo. Paralelamente, as
lavanderias desenvolveram também os processos de tingimento, onde as peças cruas
eram tingidas a pedido dos lojistas, nas cores da moda (Gonçalves, 1996 apud ANEL,
1994).
As lavanderias de jeans vêm se aprimorando em uma grande quantidade de processos,
(Tabela 7), mas se tratando de uma atividade relativamente nova, ainda se tem muito a
descobrir. O mercado dita as normas de atuação e acabamento, onde as diversidades de
processos e a técnica se tornam decisivas, quanto a uma boa execução do trabalho
solicitado. Cada vez mais, as lavanderias deixam de ser meras prestadoras de
serviço, sendo hoje indústrias de modas e tendências, na criação de confecções
(Tecjeans, 2001).
50
A tabela 7 - Evolução Química das Lavanderias Industriais no Brasil
Ano Evolução das Lavanderias de Jeans no Brasil
1976
Jeans amaciado do avesso com amaciante e ácido acético em caixas de
molho.
1978
A primeira lavagem em máquina Industrial é Délavé feito com cloro acidulado com ácido acético,
enxaguado e amaciado.
1980
Surgem as primeiras lavagens com pedras pomes, trazidas da Itália pela Staroup, Gledson, e Ellus. Ano
que existe uma corrida de empresários montando um grande numero de lavanderias em São Paulo e Rio
de Janeiro, voltadas exclusivamente para beneficiamento de jeans. O metabissulfito de sódio é adotado
para neutralização de cloro. As lavagens são as seguintes: Stone Washed, Stone Clear, Délavé e
Amaciado.
1981
É adotado a desengomagem , visando evitar riscos nas peças e obter um aspecto mais limpo e
envelhecido. Junto com as pedras que eram vendidas em bloco onde as lavanderias quebravam em
pequenos pedaços, usa-se metassilicato ou soda (NaOH) para aumentar o envelhecimento. A pedra de
argila expandida (Cinasita) é adotada, esta pedra é vendida em sacos de 25 kg e possuem tamanhos
variados. O envelhecimento exigido pelo mercado é cada vez mais acentuado.
1982
Surge o stone Color, que domina o mercado, mas logo em seguida passa a ser evitado pelas confecções,
pois por não ser fixado, gera má qualidade na solidez do tingimento e um grande número de devoluções.
A pedra Cinasita é fornecida granulada.
1984
Iniciam-se as primeiras aplicações de alvejamento finais, feitos com detergentes alcalinos e branqueador
ótico.
1985
O alvejamento final passa a ter peróxido, metassilicato, soda, detergente, e branco ótico em sua
formulação. Passa a ser adotado; acidulações com metabissulfito antes do amaciamento. Os umectantes
e os deslizantes de fibra começam a ser usado. A desengomagem oxidativa mostra seu valor. Surgem os
primeiros processos especiais feitos por lavanderias, tais como Amassadinho Tied Dyed, Batik,
Amarrados, etc. è o ano da calça OP feita de forro de bolso e tingida.
1986
Ano revolucionário com o nascimento do Star washed ou Snow Washed, ou marmoreado ou ainda o
Stone Americano, que nada mais é do que uma oxidação feita com pedras umedecidas, inicialmente é
feto com cloro, mas logo passa a se feito também com permanganato, sendo o Brasil o primeiro país no
mundo a utiliza-lo. Neste ano as lavanderias aprendem a trabalhar com mais técnica, pois a neutralização
do permanganato é uma acidulação muito forte, onde os efeitos de queda na solidez posterior são muito
acentuados. Ácido cítrico, Peracético, Oxálico, Hidroxilamina e Metabissulfito são usados para neutralizar
o permanganato.
1987
Surge o Used Washed que inicialmente é feito por jato de areia, mas logo em seguida é processado por
pincelamento ou pulverização com cloro e em seguida com permanganato. Ano em que as empresas
químicas “descobriram” as lavanderias de jeans.Substituição das pedras pelas enzimas. As lavanderias
se tornaram tinturarias, e surgem os primeiros tecidos PT. O tinturado se torna tendência e como não é
produzido pano suficiente pelas tecelagens, nasce o branqueamento total do índigo, para ser tinturado
depois. Os processos artesanais passam a ser adotados e regem a diferenciação entre as lavanderias.
1989 Chegam as primeiras enzimas celulases ácidas, e inicialmente substituem realmente as pedras.
1990 O Stone Americano evolui, são adotados aditivos como secantes e homogenizadores, são adotados os
primeiros antimigrantes, os tampões e os produtos persulfatados.
1991 O Used é valorizado e surgem equipamentos próprios. Surgem os tingimentos com pigmentos, através de
cationização.
1993 As enzimas neutras dominam o mercado. O Destroyed exige técnica de Stonagem e alvejamento bem
apuradas. O used é evidência
1994 Os apelos ecológicos forçam o aparecimento das gluconases para substituir o cloro.
1995 A qualidade é exaltada com envelhecimento agressivo e acabamento muito bem elaborado.
1999 O artesanal volta a evidenciado exigindo maior treinamento dos operadores.
2000 O artesanal se sofistica com metalização e efeitos especiais de aplicações de resinas e outros produtos
de estamparia, o Used se evidencia com padrões lixados e novos visuais.
2001 Os efeitos artesanais continuam, projetando comercialmente as lavanderias que conseguem elaborar um
jeans diferenciado, com maior padrão de qualidade. Os diferenciados não se limitam a efeitos artesanais,
estendem-se para efeitos especiais de sobretintos, com cationização e coloração localizada através de
tingimento. Os lixados, devores, rasgados e corrosões são fatores fundamentais para volume de venda. É
um momento de perigo para a lavanderia, pois se o trabalho não for executado com critério de qualidade,
corremos o risco de “queimar” as possibilidades de ganho num futuro próximo.
Fonte: TECJEANS, 2001
51
As máquinas de lavar usadas nas lavanderias industriais (figura 8), são compostas de um
cilindro móvel, perfurado, montado horizontalmente dentro de outro cilindro fixo de maior
diâmetro. Possui entrada para água fria e quente (ou vapor) e saída para as águas
usadas no processo. As peças de roupa e os produtos para as lavagens são colocados
dentro do cilindro, o qual, por movimentos giratórios, produz a agitação necessária para os
processos. (Braille & Gonçalves, 1993). A capacidade de lavagens de cada máquina é
medida em quilograma de roupa, usualmente 100 a 200 kg (Gonçalves, 1996 apud ANEL,
1994).
Figura – 8 – Tipos de Máquinas de Lavar usadas nas Lavanderias Industriais
Fonte: VulsaK, C., 2005: Oliveira, E. O, 2004
52
O processo de lavagem caracterizado como estonagem pode ser feito por técnicas
antigas, onde se utilizam pedras de argila expandida e hipoclorito de sódio, ou por
técnicas mais modernas (Figura 9), onde as pedras são substituídas por enzimas e, às
vezes, o hipoclorito de sódio pode ser substituído por peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
),
ambos como alvejantes. Os dois tipos de lavagem são realizados à quente com
temperatura em torno de 60 °C.
As informações de Moda recebidas pelas lavanderias industriais para elaboração das
coleções são muito diferenciadas e difíceis de serem aplicadas. A quantidade de
processos possíveis no Denin Índigo Blue, não nos permite relacionar todos os processos
possíveis e inimagináveis que o Jeans permite elaborar (Tabela 8). Muitos destes
processos são oriundos de outros paises, aonde as tendências da moda chegam antes e
são informados aos produtores de moda no Brasil através da internet. Por outro lado,
muitos processos aplicados no Brasil também são usados em outros países, e vice-versa.
53
A tabela 8- Tipos de Lavagens de Peças em Jeans no Brasil e no Mundo.
Processos Lavagens
Amaciado Amaciado fixado com total reserva da cor original do índigo.
Bigode
E feito imitando as marcações de tanque, feitas manualmente com uso de
gabaritos e lixadas com retífica manual.
Brush Washed
Oxidação feita com pasta de cloro pincelada em toda a peça jeans, deixando-a
branca, com detalhes escuros nas laterais e em alguns baixos relevos. Também
pode ser associado ao tingimento.
Cationizações
Pulverizadas Integrais
Efeito tricolor imitando corante sulfuroso, através de cationizador e corante
reativo.
Délavé
Alvejamento com cloro podendo ser associado ao stone washed, criando com
isto um grande numero de variações e denominações.
Délavé 2
Alvejamento com permanganato de potássio, para artigos com lycra e detalhes
de couro.
Desgaste Localizado
São acabamentos feitos peça a peça, com difícil reprodutibilidade entre as peças
e efeitos diversos. Existem vários efeitos que se pode obter:
Destroyed
Lavagem parecida com a estonagem, porém utiliza mais enzimas que corroem a
fibra levemente, deixando um aspecto destruído, justificando assim a palavra
destroyed, que no inglês significa destruído.
Detonado
Efeito com uso de esmeril dando picotes na peça antes de lavar, revelando,
depois de lavado, marcas localizadas.
Dirty Washed
Lavagem imitando roupa suja, através de oxidação com produto adequado para
este efeito, ou apenas sem alvejamento.
Encouramento Aplicação de resina que confere aspecto e toque de couro ao algodão.
Lixado Efeitos localizados obtidos com lixa ou lixadeira. Processo manual de abrasão
com lixa na peça bruta para desgastar o tecido em local específico.
Metalizações
Efeitos localizados, obtidos por pulverizações, pincelamentos, espatulamentos,
siliconização, etc.
Reduções Glucosídias
Branqueamentos totais ou acentuados para os efeitos de envelhecimento
através de redutores glucosídicos.
Reservas de Cores
Efeitos obtidos por preservação da cor por proteção física ou química em
processos de envelhecimento, alvejamento e cationizações localizadas.
Sujinho
Originalmente seria uma lavagem imitando uma roupa suja, mas tornou-se, além
disso, um jeans sobretinto com grandes variações de cores.
Surface - dye
Processo de tingimento único cationizado onde se obtém uma cor extremamente
superficial, conseguindo-se assim excelentes efeitos de estonagem.
Stone Americano
Oxidação com pedras embebidas de cloro ou permanganato, também chamado
marmoreado, cristal, bleach, Star washed, country etc.
Stone Washed
Envelhecimento com pedra ou enzima com vários níveis de aplicação, e
variadas denominações, com o: super stone, destroyed, super destroyed, etc.
Súlfur Dye Sobretinto com corante sulfuroso.
Tied Dye
Manchados obtidos através de oxidantes, amarrações, cationizações
localizadas, etc.
Tri Colours
É um sobretinto duplo, normalmente obtido por cationização, o que provoca um
efeito superficial de tingimento, com envelhecimento posterior.
Used Uso de pistola para clarear uma parte determinada.
Used Washed
Pulverização com solução de permanganato dando efeito de branqueamento
localizado ou total.
Fonte: TECJEANS, 2001
54
Figura -9 Tipos de Lavagem e Processos Realizados pelas Lavanderias Industriais.
Fonte,
WWW.jeanstudo.com.br
55
Segundo Gonçalves (1996), o estudo realizado pela PROEMA para a ANEL no estado de
São Paulo, para as lavanderias, não difere muito do cenário das empresas do mesmo
ramo, localizadas em Toritama.
Analisando as citações feitas por Gonçalves (1996), e o resultado do estudo realizado
pela Associação Instituto de Tecnologia do estado de Pernambuco (ITEP), em 2003, nas
lavanderias industriais, observou-se que ambos tinham as mesmas características:
a maioria das empresas possui administração do tipo familiar e um sistema de
controle bastante informal;
o crescimento do mercado, na época de maior demanda, ocasionou o
crescimento de empresas de lavanderias sem qualquer tipo de
planejamento ou
de preocupação com o ambiente de trabalho, normas de segurança,
implantação de sistemas de controle, etc;
a operação de máquinas obsoletas e/ou adquiridas de terceiros, caracterizando
um segmento do mercado, do ponto de vista tecnológico, de baixa tecnologia;
a mão-de-bra empregada é de baixa qualidade;
a preocupação com a água, matéria-prima básica para esta atividade, foi
observada apenas em relação à quantidade. O consumo de água por quilo de
roupa lavada é o mais variado possível;
ausência quase que absoluta de estações de tratamento de efluentes. A
preocupação com os despejos se resume em retirá-los do interior das
lavanderias.
A única diferença neste estudo é que a cidade de Toritama não possui rede coletora de
esgotos e os despejos das cerca de 50 lavanderias existentes são descartados no rio
Capibaribe sem nenhum tipo de tratamento, tornando o rio poluído, com cor azul, odor
característico de Sulfeto de Hidrogênio (H
2
S) e alta salinidade.
2.11 – Função de Alguns Produtos Usados nos Processos de Lavagens
e Tingimentos
Na maioria das vezes, os auxiliares utilizados nos processos de tingimento (Tabela 9) nas
indústrias têxteis têm em sua formulação a base de tensoativos que é toda substância que
altera a tensão de uma camada superficial separando as duas fases de contato.
Dependendo da combinação dos tensoativos, obtém-se uma ação especifica com
56
diferente aplicação. A seguir citaremos do ponto de vista dos tensoativos, a ação dos
mesmos nas diferentes aplicações têxteis (União Química paulista, 2003).
A tabela 9 apresenta alguns produtos usados nas lavanderias industriais
A tabela 9 - Alguns Produtos Usados nas Lavanderias Industriais .
Produto Função
Carriers
A sua formulação é baseada em substancias não tensoativas, porém contém tensoativos em sua
fórmula para torná-la solúvel em água. Os carriers com o mesmo principio ativo, diferem um dos
outros devido a quantidade da substância ativa empregada e por diferentes tensoativos
utilizados. Por sua vez podem agir de forma satisfatória na igualização da fibra.
Igualizantes
São produtos específicos para determinadas fibras e corantes. Para saber qual o igualizante
ideal é necessário saber o tipo da fibra a ser tingida e o corante escolhido. Sua função é
melhorar o tingimento das peças, para que fique uniforme. Existem três tipos de ação dos
igualizantes; Afinidade com a fibra; Afinidade com o corante; Sem afinidade com corante ou
fibre, agindo na alteração da tensão superficial.
Retardantes
Os retardantes possuem os mesmos mecanismos de ação dos igualizantes, sendo os
retardantes utilizados no tingimento de fibras acrílicas. Sua função é a mesma do igualizante,
apenas é específico para fibras acrílicas.
Dispersantes
Os dispersantes ou colóides protetores, tem como principal característica, proteger a dispersão.
No caso de tingimento com corante disperso, este tensoativo é atraído e adsorvido pela partícula
do corante.
Umectantes
Sua função principal é emulgar o ar, presente no tecido em água. Especificamente é substituir as
superfícies de contato ar/tecido por uma superfície de contato água tecido.
Detergentes
São tensoativos que possuem poder de limpeza e/ou são bons emulgadores que servem para
remover a sujeira dos tecidos e impedir que a mesma possa aderir novamente a fibra.
Antiespumante
Podem ser á base de tensoativos com baixo HLB (hydophilic/lipophilic balance) ou de polímeros
de silicone não solúveis em água. A espuma é uma emulsão de água e ar. Tal emulsão
permanece estável devido aos tensoativos utilizados como igualizantes, dispersantes entre
outros. Os antiespumante agem na estrutura da espuma fazendo a mesma perder elasticidade,
rompendo-se.
Os processos têxteis geram muita espuma, uma vez que muitos surfactantes são usados nos
banhos. O aumento da velocidade das máquinas gerou um maior controle de formação de
espuma. Antiespumantes podem ser adicionados ao banho em pequenas dosagens para manter
uma altura aceitável de espuma. Essa correção de espuma é chamada de desespumação
externa ou desespumação do processo. Em algumas formulações o antiespumante é introduzido
na receita para manter uma altura aceitável de espuma como nos sistemas de exágue.
Amaciantes
Podem ter como base tensoativos aniônicos, catiônico ,não iônicos e determinados óleos
naturais ou polímeros de silicone. A sensação de maciez e volume é dada pela parte hidrófoba
da base amaciante.
Fonte: União Química Paulista – Tenatex S/A, 2003
57
CAPÍTULO 3.0
EFLUENTES TÊXTEIS
As características deste tipo de efluente são extremamente variáveis de acordo com a
s processos gerados pelas indústrias têxteis, variam à medida que novos produtos são
s indústrias têxteis de processamento úmido estão entre os três setores industriais que
s efluentes têxteis, geralmente coloridos devido aos vários tipos de corantes usados no
s maiores volumes desses efluentes são gerados nas etapas de lavagens, alvejamento,
pH varia de ácido a alcalino, a turbidez e a cor dependem do corante usado. Possuem
sua origem e, portanto, este tipo de resíduo necessita de tratamento específicos (Silva,
2004).
O
desenvolvidos, novas técnicas de fabricação e conforme a moda que gera o consumo de
outros tipos de tecidos (Braile, 1979).
A
consomem maior volume de água, e entre as dez primeiras de maior incidência na
contaminação de efluentes líquidos (Frey, 2002).
O
processamento do tecido, apresentam grandes variações na sua composição. Isso se dá
devido às várias etapas do processo, onde são usados diversos tipos de produtos
químicos (Balan, 2000; Hassemer et al, 2001).
O
tingimento e acabamento (Tabela 10; Vandeviere et al, 1998). Possuem elevada carga
poluidora aliada a altos teores de compostos orgânicos, a exemplo de amido, gomas,
graxas, pectinas, álcoois, ácido acético, corantes, sabões e detergentes e inorgânicos
como hidróxido de sódio, carbonatos, sulfetos e cloretos, resultante das várias etapas do
processo, sendo na maioria das vezes bastante complexos (Duenser, 1992; Balan, 2000;
Hassemer et al., 2001). São tóxicos à vida aquática, diminuem a quantidade de oxigênio
dissolvido e modificam as propriedades físicas dos cursos d' água (Balan, 2000).
O
altos teores de sólidos totais e temperatura acima de 30
o
C. O volume de água usado é
muito grande, variando por metro de tecido processado (Braile, 1993). A industrialização
tem acarretado um aumento considerável na produção de contaminantes, em geral tóxicos
e persistentes no meio ambiente, estima-se que 90% dos poluentes destas fábricas sejam
de produtos químicos (Balan, 2000; UNESP, 2004).
58
A preocupação com a qualidade do meio ambiente, atingido por efluentes têxteis, leva à
abela 10 – Resumo de Alguns Poluentes Produzidos em Indústrias Têxteis, Fonte no
ORIGEM DOS ÍMPACTOS AMBIENTAIS
busca de alternativas de tratamento adequada para esses resíduos, que possuem grandes
variações de carga, em virtude do processo industrial que envolve a seqüência de
produção e acabamento, tornando-os muito complexos, geralmente com altas
concentrações de DQO e DBO e com diferentes características de biodegradação
(Gomes, 2000).
T
Processo e o Impacto Ambiental.
NTE CAUSAS DA POLUE
POLUIÇÃO POLUENTES
Cor Cor natural dos matérias
brutos
Odor, tingimento, lavagem
de peles.
Cenário ruim, obstrução do
metabolismo de vidas aquático.
pH Álcalis; (NaOH,
NH
4
OH).
Mercerização. pH alto, espumas, morte de
microorganismos.
DBO tingimento.Amido, acetato, etc. Desengomagem, Diminui abastecimento publico,
morte de microorganismos,
menor utilização da água.
DQO
nico
Compostos de zinco, Redução do índigo,
Inorgâ Na
2
S
2
O
4.
desengomagem, impressão.
Consumo rápido de oxigênio
dissolvido, apodrecimento
rápido.
DQO
Orgânico
gânicos, bases
Ácidos or
orgânicas, óleos e
graxas, solventes,
amido, corante, agente
ativo interfacial, resina,
aldeído, tanino.
Tingimento, amaciamento,
solubilização de corante,
desengomagem, tanino,
processos ácidos,
acabamento, etc.
Consumo de oxigênio
dissolvido, criação de odores,
aceleração da eutrofização.
Nitrogênio
maciamento.
Eutrofização de áreas aquáticas,
Fosfato
Amônia, aminas, ácido
fosfórico, auxiliar de
tingimento.
Descoloração,
neutralização, a excesso de nitrogênio.
Sustâncias
direta,
Nocivas
Inorgânicas
Dicromato, cobre,
estanho disponível.
Tingimento oxidativo, fixador
de corante, acabamento.
Tóxico (ação nociva
obstrução de tratamento do
efluente).
Sustâncias
Nocivas
orgânicas
Formol, fenol,
is,
aminoácido, corante,
agente ativo interfacial.
Processos forma
processando resinas,
tingimento, acabamento.
Tóxicos espumas.
Odor
ofensi
enxofre
Outros
vo
,
orrosão de metais, acidente de
gimento, descoloração,
Sulfeto de hidrogênio
metil sulfito, metil
mercaptan.
Aminoácido, cloro, ácido Tin
Corantes sulfurosos C
trabalho, desmaio.
odores
ofensivo
orgânico, amônia. branqueamento.
Resíduo Amido, todos os sólidos
, tratamento
Odor ofensivo, emissão,
suspensos.
Engomagem,
desengomagem
de efluente.
ocupação da terra.
Fonte: Adaptad a Têxtil, 2002a da Químic .
59
3.1- Caracterização dos Efluentes Têxteis
de produção pelas indústrias têxteis,
ue 20% desses corantes não se fixam à fibra ou ao tecido durante estes
abela 11 - Características dos Efluentes Gerados nas Indústrias Têxteis
Fonte: Química têxtil, 2001
dos Efluentes Têxteis
a contaminação das águas naturais, e
Parâmetros Faixas de Valores
A diversidade de matérias-primas usadas nas etapas
nos processos úmidos, causa problemas na caracterização dos efluentes (Tabela 11). Sua
composição em cada etapa varia em função das diversas técnicas, máquinas, matérias-
primas, produtos químicos e tecidos (Abrahão 2002, apud Coopper, 1978). As
características desses efluentes dependem do corante utilizado, da fibra e do método de
tingimento (Abrahão, 2002 apud Horming, 1978).
o tingimento, os corantes residuais ligados a auxiliares químicos orgânicos são N
responsáveis pela cor. As cores acentuadas provêm das etapas de tingimento ou
estamparia.
stima-se qE
processos ( Oliveira, 2003).
T
DBO
5
/DQO 0,20 –0,54
D ) BO
5
(mg O
2
/L 250 - 6000
D ) QO (mg O
2
/L 800 - 3000
SST(mg/L) 75 - 8000
Óle /L) os e Graxas (mg 14 - 5500
Cro /L) mo Total (mg 0,014 - 4
Fenol (mg/L) 0,04 –1,5
S
Cor (ADMI)
325 - 2000
ulfetos (mg/L)
*
0,09 –8,0
pH 7 - 11
Te C) mperatura (° 21 - 62
Uso de (L/kg) 13 – 150 água
3.2 – Tratabilidade
Um dos problemas da sociedade moderna tem sido
o setor têxtil tem um destaque especial, devido a instalações de enormes parques
industriais, consumidores de grande volume de água, gerando volumosas quantidades de
efluentes. Quando não tratados corretamente podem causar danos ambientais tornando-
60
os mais críticos e freqüentes, devido ao crescimento populacional e o aumento das
atividades industriais (Zamora et al., 2002).
Por causa da demanda de corantes e produtos químicos utilizados nas indústrias têxteis,
várias tecnologias para tratamento dos efluentes gerados nestes processos tem sido
estudado para a degradação ou imobilização destes compostos.
Os processos de tratamento utilizados por essas indústrias são geralmente um pré -
tratamento, e o tratamento físico-químico, seguido de um tratamento biológico. A
combinação entre esses processos de tratamento é bastante utilizada (Gonçalves, 1996).
O objetivo destes tratamentos é reduzir a carga de contaminantes dos efluentes e torná-
los menos nocivos quando lançados no meio ambiente. Para isso é preciso usar tipos de
tratamentos distintos dependendo dos contaminantes que se quer eliminar.
Os tratamentos mais usados são os físico-químicos - para os efluentes bastante coloridos
e pouco biodegradáveis; e os biológicos - quando as matérias biodegradáveis estão
dissolvidas. Podem ser usados desde processos mais simples até processos químicos
avançados, biológicos ou térmicos para efluentes industriais.
3.2.1- Tratamentos Físico-Químicos
Os tratamentos físico-químicos são aqueles que promovem mudanças na qualidade dos
efluentes através de reações químicas. Esses tipos de tratamento são processos aditivos,
onde se empregam certas substâncias para promover a transformação da matéria
orgânica em compostos mais estáveis.
A precipitação química envolve a adição de compostos químicos para alterar o estado
físico das partículas dissolvidas ou suspensas, promovendo a sedimentação. Em alguns
casos a sedimentação é substituída pela coagulação ( Metcalf & Eddy, 1991). Diversas
substâncias têm sido usadas para precipitar os constituintes dos efluentes, dentre as quais
as mais utilizadas estão destacadas na (Tabela 12).
61
Tabela 12 - Principais Produtos Químicos Usados em Tratamentos Físico-Químicos de
Efluentes.
DENSIDADE, LB/FT
3.
SUBSTÂNCIA
FÓRMULA
PESO MOLECULAR
Seco Liquido
Sulfato de Alumínio Al
2
(SO
4
). 18 H
2
O
Al
2
(SO
4
). 14 H
2
O
666,7
594,3
60-75
60-75
78-80
83-85
Sulfato Ferroso FeSO
4.
7 H
2
O
278 62-66
Cal Hidratada Ca(OH)
2
56 como CaO 35-50
Cloreto Férrico FeCl
3
162,1 84-83
Sulfato férrico Fe
2
(SO
4
)
3
Fe
2
(SO
4
)
3
.
3 H
2
O
400
454
70-72
Fonte: Metcalf & Eddy 1991
Os efluentes têxteis tratados por processos físico-químicos têm sua cor bastante reduzida,
e baixo teor de material em suspensão ou coloidal, sólidos suspensos com redução de 80
a 90%; a DBO, de 40 a 70%; e a DQO, de 30 a 60% e 90% das bactérias podem ser
removidas por precipitação química ( Hassemer, 2001)
3.2.2 - Tratamento Oxidativos Avançados (POAS)
Recente avanço nos processos físico-químicos de efluentes tem levado a um
aprimoramento das técnicas fotoquímicas na degradação oxidativa de compostos
orgânicos dissolvidos e dispersos no meio aquoso. Isso se refere geralmente aos
processos oxidativos avançados (PAOS), compreendendo: H
2
O
2
/UV, O
2
/UV, H
2
O
2
/UV/O
2
e TiO
2
/UV. Estes processos estão sendo bastante estudados devido a sua eficiência em
oxidar compostos complexos em moléculas simples de melhor degradação, e até a total
mineralização da matéria orgânica, formando dióxido de carbono e água (Cavalcanti et al.,
2001).
Processos oxidativos avançados (POAS) são baseados na formação de radicais livres
(OH*), agentes altamente oxidantes que podem reagir com uma variedade de compostos,
tornando-os totalmente mineralizados (Tabela 13). Dos POAS, a fotocatálise heterogênea
tem sido uma das mais estudadas nos últimos anos ( Peralta - Zamora, 2003).
62
A fotocatálise heterogênea é um processo onde é usado um catalisador óxido ou um
sistema metal-óxido que, quando iluminado com luz ultravioleta ou solar, gera radicais
altamente reativos, que ao reagirem podem mineralizar os compostos orgânicos a formas
não tóxicas. Os fotocatalisadores mais utilizados são: TiO
2
, ZNO, WO
3
, CdS, ZnS, SrTiO
3
,
e Fe
2
O
3
), sendo o TiO
2
o mais ativo nos testes de degradação de compostos orgânicos
(Peralta-Zamora, 2003 apud Lakshni e Col. 1995).
Tabela 13 - Principais Características de Alguns Processos Oxidativos Avançados -
POAS
SISTEMA REAÇÃO OBSERVAÇÕES
Sistemas heterogêneos
Fotocatálise
heterogênea
S+hv S(e-,h+)
OH + h
+
OH
*
S: fotocatalizador semicondutor.
(e-,h+): par elétron-lacuma
Utilizam-se semicondutores como: TiO
2
,
ZnO, Fe
2
O
3
, na forma de suspensão. A
energia requerida depende do “band gap”
do semicondutor
Sistemas foto-
eletroquímicos
Ver anterior Sistema fundamentado na utilização de
eletrodos que contém uma fina camada
de fotocatalizador. A aplicação de
corrente externa favorece o processo de
separação de Cargas
Sistemas homogêneos, não-irradiados
Fenton Fe
2+
+ H
2
O
2
Fe
3+
+ OH + OH Sistema fundamentado na reação de
íons ferrosos e peróxido de hidrogênio
(analogia com sistema enzimático)
O
3
– OH
-
O
3
+ OH
-
O
2
+HO
2
O
3
+ HO
2
2O
2
+ OH
Em meio alcalino, o potencial oxidante
do ozônio aumenta significativamente,
graças à formação de radical hidroxila.
Sistemas heterogêneos irradiados
UV - H
2
O
2
H
2
O
2
+ hv(254 nm) 2 OH
-
Radiação da ordem de 254 nm provoca
cisão homolítica da molécula de H
2
O
2
,
gerando 2 equivalentes de radical
hidroxila
Foto-Fenton Fe
3+
+ H
2
O + hv H
+
+ OH
_
Sistema que complementa o sistema
fenton. Fechando um ciclo catalítico com
geração de 2 equivalentes de radical
hidroxila
Fonte: Sanare, 2003
63
3.2.3 - Tratamento com Ozônio
O crescente interesse pela utilização de ozônio em planta de tratamento de efluente, vem
aumentando nos últimos anos. O ozônio é um gás instável produzido quando moléculas
de oxigênio são dissociadas em átomos de oxigênio, que combinam com novas moléculas
de O
2
.
A energia de dissociação das moléculas de oxigênio pode ser produzida por processos
naturais, luz ultravioleta do sol, e raios durante tempestades; e artificiais, usando
eletrólise, reações fotoquímicas e descargas elétricas - processo mais utilizado na
maioria das aplicações comerciais.
Há diversas possibilidades para a aplicação da ozonização no tratamento de efluentes
com os seguintes objetivos:
descoloração;
redução de substâncias orgânicas de difícil degradação por processos
biológicos;
pré-tratamento, descontaminação para um pós-tratamento biológico;
separação de misturas (emulsões).
O processo de ozonização tem sido muito usado ultimamente para tratamento dos
efluentes das indústrias têxteis, pelo seu potencial de oxidação. Reage facilmente com um
grande número de corantes ( Hassemer, 2002).
Pesquisa realizada com ozônio tem se mostrado atrativa e vem demonstrando eficiência
na degradação de vários compostos orgânicos e inorgânicos, tanto por reações diretas
pela molécula de ozônio, quanto indiretamente, pela geração de radicais hidroxila (OH°) a
partir do ozônio (Cavalcanti, 2001).
Os cromóforos encontrados nos efluentes têxteis são geralmente compostos orgânicos,
com um grande numero de ligações duplas que estão associadas à cor, e que podem ser
quebradas direta ou indiretamente, formando moléculas menores, causando a
descoloração do efluente e tornando mais fácil o tratamento físico-químico e/ou biológico
(Zamora, 2001; Hassemer, 2001 apud LIN e LIN, 1993).
Literaturas recentes sugerem a técnica da ozonização como uma alternativa potencial
para a remoção da DQO e da cor, que é rápida e significativa, variando em função da
quantidade de ozônio utilizada e da concentração de corante nos efluentes têxteis, que,
64
quando tratados com ozônio, podem se adequar aos padrões de lançamento, podendo ser
descartados no meio ambiente ou serem reutilizados (Hassemer, 2001).
Prengle e colaboradores (1978), desenvolveram um processo de tratamento que consiste
na aplicação simultânea de radiação ultravioleta e ozônio (UV/O
3
) no meio aquoso e, a
partir desta descoberta, este processo vem sendo pesquisado por outros grupos. Esta
combinação tem sido o processo oxidativo avançado mais explorado para uma grande
quantidade de compostos. A fotólise do ozônio com a radiação ultravioleta (UV/O
3
) em
meio aquoso, produz, dentre outros radicais reativos, o H
2
O
2 ,
que interage com
a radiação
UV ou com o O
3
, formando o radical hidroxila (OH°), segundo as equações abaixo:
O
3
+ hv + H
2
O H
2
O
2
+ O
2
H
2
O
2
+ hv 2 HO°
2 O
3
+ H
2
O
2
2 HO° +3 O
3
Este processo demonstra algumas vantagens sobre os demais POAS, tais como geração
“in situ”, de oxidantes altamente reativos e a não geração de resíduos sólidos, no término
da reação de oxidação, sendo de grande interesse o seu uso no tratamento de efluentes
têxteis, buscando sua otimização e a produção de efluentes compatíveis com os padrões
exigidos pelos órgãos ambientais para lançamento (Cavalcanti, 2001).
3.2.4 - Tratamento com Reativo de Fenton
O reativo de fenton é uma combinação de H
2
O
2
com sal ferroso, conforme reação:
Fe
2+
+ H
2
O
2
OH* + Fe
3+
+ OH
-
A definição da reação de fenton é a geração catalítica de radical hidroxila (OH*) que
resulta da reação em cadeia do íon ferro (Fe
2+
) e peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
). O
reagente de fenton é utilizado em tratamento de efluentes que contêm composto orgânico
de difícil degradação. Os radicais (OH*) reagem com os contaminantes orgânicos,
segundo as reações abaixo:
Fe
2+
+ H
2
O
2
Fe
3+
+ OH + OH*
OH + RH Produtos oxidados
65
São apontados alguns problemas quando se trata de efluentes de tinturarias para a
aplicação do tratamento físico-químico com o reagente de fenton tais como:
a quantidade de H
2
O
2
necessária pode apresentar um custo elevado;
a cor pode retornar após a neutralização para descarte do efluente;
tempo de reação elevado na operação do sistema contínuo de tratamento.
Segundo Leão et al. (2003), o tratamento de um efluente líquido de tinturarias realizado
com reagente de fenton com pH inicial menor ou igual a 4,0, reduziu a cor em 60% e para
pH superior, a cor no efluente voltava quando era feita a neutralização. Nestes testes a
remoção da cor, e da carga orgânica, em termos da DQO foram obtidos para pH 3,5 e
DQO: H
2
O
2
: Fe
2+
10:5:1 com tempo de reação de 60 minutos suficiente para remover 90%
da cor e 75% da DQO.
Sistemas Foto Fenton
Um dos poucos sistemas que permite a utilização de radiação é o sistema foto-Fenton,
que, quando associado à radiação visível, torna-se bastante eficiente, permitindo a
completa mineralização do substrato em pouco tempo (Peralta - Zamora, 2003).
Estudo de remediação dos efluentes têxteis, utilizando um sistema foto-Fenton em
batelada obteve descoloração completa com 20 minutos de reação, e 60% de redução da
DQO com 30 minutos. A redução destes parâmetros é seguida pela remoção sistemática
da toxicidade aguda em tempos de reação de 120 minutos, demonstrando que os POAS
conferem aos efluentes têxteis um excelente potencial de aplicação (Peralta - Zamora,
2003).
Apesar da eficiência dos processos oxidativos avançados ser superior aos outros
processos convencionais, dificilmente serão encontrados tratamentos contínuos para
grandes volumes de efluentes, principalmente em função de dois grandes inconvenientes
do sistema: dificuldade na separação na suspensão dos catalisadores por ser muito fina, e
a necessidade de usar fontes de radiações artificiais (Lima, 2004).
3.2.5- Tratamento com Peróxido de Hidrogênio (H
2
O
2
)/UV
São estudados diferentes parâmetros para avaliar os efeitos nos processos de tratamento
para remoção da cor e da DQO, usando concentrações de peróxido de hidrogênio e luz
ultravioleta. A cor pode ser removida completamente com apenas 20 minutos de reação, e
66
a DQO pode ter remoção de 90% em apenas 40 minutos de iluminação com luz
ultravioleta. O peróxido de hidrogênio pode ser adicionado ao processo de uma a quatro
vezes, mas estudos realizados demonstraram que as reações onde o H
2
O
2
eram
adicionados de uma só vez se tornavam mais favoráveis. Este processo se torna bastante
atrativo com o uso de H
2
O
2
/UV nos processos oxidativos avançados para efluentes têxteis
(Perkowski & Kos, 2003).
3.3 - Tratamentos Biológicos
O objetivo do tratamento biológico para efluentes industriais é a remoção ou a redução
da concentração de compostos orgânicos ou inorgânicos.
3.3.1 - Tratamento Aeróbio
É o processo biológico que ocorre na presença de oxigênio. A depuração biológica
aeróbica se dá pela existência natural de microorganismos na natureza e de seu
comportamento em relação ao oxigênio, usando-o para formar óxidos estáveis por
oxidação ou combustão úmida, gerando gás carbônico (CO
2
) como resultado da
respiração dos microorganismos.
Os produtos formados com a decomposição microbiológica são gases, cátions e ânions,
solúveis e assimiláveis pelas plantas.
Carbono : CO
2
, CO
3
¯
, HCO
3
¯
, CH
4
, C elementar
Nitrogênio: NH
4
+
, NO
2
¯
, NO
3
¯
, N
2
Enxofre: S, H
2
S, SO
3
¨², SO
4
¨², CS
2
;
Fósforo: H
2
PO
4
¯
;
Outros: H
2
O, O
2
, H
2
, H
+
, K
+
, Ca
,Mg
+²;
H
3
BO
3
A decomposição aeróbia diferencia-se da anaeróbia pelo seu tempo de processamento e
pelos produtos resultantes. Em condições naturais, a decomposição aeróbia necessita três
vezes menos tempo que a anaeróbia, e dela resultam gás carbônico, água, nitratos e
sulfatos, substâncias inofensivas e úteis à vida vegetal (Borsoi et al., 2002).
67
3.3.2 - Tratamento Anaeróbio
É um processo fermentativo que tem por finalidade a remoção de matéria orgânica, a
formação de biogás e a produção de lodos mais ricos em nutrientes, tornando-se uma
atraente alternativa para alguns tipos de efluentes industriais e esgotos sanitários
(Spanjers, 2005).
A digestão anaeróbia é uma reação bioquímica realizada basicamente em três estágios,
por diversos tipos de bactérias, na ausência de oxigênio. O grupo de bactérias
fundamentais nesse processo é o grupo de bactérias metanogênicas, que atuam na última
etapa, formando o metano (Figura 10).
Primeira Etapa – a matéria orgânica é convertida em moléculas menores pela ação de
bactérias hidrolíticas e fermentativas. As hidrolíticas transformam proteínas em peptídeos
e aminoácidos, polissacarídeos em monossacarídeos, gorduras em ácidos graxos, pela
ação de enzimas extracelulares, como a protease, a amilase e a lípase. Depois as
bactérias fermentativas transformam esses produtos em ácidos solúveis (Ex. ácido
propiônico e butírico), álcoois e outros compostos. Nessa etapa, também se forma dióxido
de carbormo (CO
2
), gás hidrogênio (H
2
) e ácido acético (CH
3
COOH).
Segunda Etapa – as bactérias acetogênicas transformam os produtos obtidos na primeira
etapa em ácido acético (CH
3
COOH), hidrogênio (H
2
) e dióxido de carbono (CO
2
). Essas
bactérias são facultativas, ou seja, elas podem atuar tanto em meio aeróbio como
anaeróbio. O oxigênio necessário para efetuar essas transformações é retirado dos
compostos que constituem o material orgânico.
Terceira Etapa – a última, na produção de biogás: formação de metano. As baterias
metanogênicas, as que formam o metano, transformam o hidrogênio (H
2
), o dióxido de
carbono (CO
2
) e o ácido acético (CH
3
COOH) em metano (CH
4
) e (CO
2
). Essas bactérias
são obrigatoriamente anaeróbias e extremamente sensíveis a mudanças no meio, como
temperatura e pH. As bactérias envolvidas na formação do biogás atuam de modo
simbiótico. As bactérias que produzem ácidos geram os produtos que serão consumidos
pelas bactérias metanogênicas. Sem esse consumo, o acúmulo excessivo de substâncias
tóxicas afetaria as bactérias produtoras de ácidos.
68
DIGESTÃO ANAERÓBIA
Figura 10 – Etapas da Digestão Anaeróbia – Fonte:Foresti, 2005
ACIDOGÊNESE
ÁCETICO, PROPIÔNICO, BUTÍRICO,
LÁTICO, ETANOL
ACÉTICO
H
2
, HCO
3
METANOGÊNESE
HIDROGENOTROPICA
METANOGÊNICA
ACETOCLÁSTICA
N
2
SULFETOS
ACETOGÊNESE
SULFATOS
HOMOACETOGÊNESE
REDUÇÃO DE NITRATO
NITRATOS
SULFETOGÊNESE
CH
4
, CO
2
H
IDRÓLISE
MANÔMEROS ORGÂNICOS, AÇUCARES
ÀCIDOS ORGÂNICOS, AMINOÁCIDOS
MATÉRIA ORGÂNICA COMPLEXA
69
Segundo Junior (2002), a digestão anaeróbia, como um método de tratamento para águas
residuárias, oferece vantagens significativas sobre os sistemas de tratamento aeróbios,
tais como:
baixa produção de lodo biológico;
dispensa energia para aeração;
há produção de metano;
o lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação;
o processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas.
E como desvantagens do tratamento anaeróbio temos:
nem sempre atende à legislação;
a partida dos reatores pode ser lenta devido às bactérias metanogênicas.
3.3.2.1 - Fatores que Influenciam a Digestão Anaeróbia
Os principais fatores que afetam a digestão anaeróbia são: a falta de equilíbrio entre os
microorganismos, choque devido ao aumento repentino da carga orgânica, o grau de
contato entre a bactéria e o efluente, mudança de temperatura e a influência dos
compostos tóxicos (Campos, 1999).
Condições típicas de operações para a digestão anaeróbica:
Temperatura em condições mesofílicas;
Valores de pH próximos ao neutro;
Um estoque disponível de nutrientes orgânicos (carbono, nitrogênio, fósforo, potássio e
essencial traços de metais) na forma biodegradável.
Um estoque disponível de nutrientes orgânicos (carbono, nitrogênio, fósforo, potássio e
essencial traços de metais) na forma biodegradável.
70
3.5 – Reatores Anaeróbios
3.5.1 - Reator Anaeróbio de manta de lodo (UASB)
O Reator UASB (Upflow Anaerobic Slude Blanket) representa um grande avanço na
aplicação da tecnologia anaeróbia, para o tratamento direto de efluentes de natureza
simples ou complexa, de baixas ou altas concentrações, solúveis ou com material
particulado. Como qualquer reator biológico possui vantagens e desvantagens, porém sua
utilização tem demonstrado que o UASB é o reator anaeróbio de maior sucesso entre os
demais.
O reator UASB é uma unidade de fluxo ascendente que possibilita o transporte das águas
residuárias através de uma região que apresenta elevada concentração de
microrganismos anaeróbios.
O reator deve ter seu afluente criteriosamente distribuído junto ao fundo para que ocorra o
contato adequado entre os microorganismos e o substrato. O reator deve oferecer
condições para que uma grande quantidade de lodo biológico fique retida no interior do
mesmo em decorrência das características hidráulicas, do escoamento, e também das
boas características de sedimentação, isto é, um dos fatores físicos e bioquímicos que
estimulam a floculação e a granulação.
Na parte superior do reator, existe um dispositivo destinado à sedimentação de sólidos e à
separação das fases - sólido-líquido-gasoso. Esse dispositivo é de fundamental
importância, pois é responsável pelo retorno do lodo e pela garantia do alto tempo de
detenção celular do processo ( Kato et al., 1999).
3.5.2 - Filtro Anaeróbio
O filtro anaeróbio tem uma configuração de reator, na qual parte do seu volume interior é
preenchido com material inerte que permanece estacionário onde se forma um leito de
lodo fixo, para o desenvolvimento da biomassa aderida.
O material de enchimento serve como suporte para os microorganismos, onde se formam
películas ou biofilmes na superfície, favorecendo a retenção da biomassa no reator. Logo,
o filtro anaeróbio é tipicamente um reator com biomassa imobilizada por aderência em
71
meio suporte fixo. É um dos reatores anaeróbios pioneiros de alta taxa e fluxo vertical
ascendente, embora já existam os de fluxo descendente ( Kato et al., 1999)
O leito formado pelo material suporte, com a biomassa, região onde ocorrem as reações
durante o contato com o efluente contendo a matéria orgânica. Em condições de operação
favoráveis, quanto maior a área superficial do material suporte por unidade de volume do
tanque, maior a aderência da biomassa resultando maior capacidade no tratamento. A
mistura e o contato biomassa-afluente ocorrem durante o fluxo do esgoto nas fendas, ou
melhor, entre os espaços do material suporte, sendo importante uma distribuição uniforme
do afluente, bem como a disposição do material suporte para evitar fluxos preferenciais.
As principais características dos filtros anaeróbios são ter fluxo ascendente, ausência de
mistura, possibilidade de aquecimento. O tempo de detenção hidráulica costuma ser
próximo de 24 horas, e os microorganismos podem se manter por longos períodos,
dificuldade de remoção de sólidos suspensos (Junior, 2000).
3.5.3 - Atividade Metanogênica Específica
A atividade metanogênica específica pode ser definida como um parâmetro que mede a
taxa máxima de conversão de substratos a metano por microorganismos metanogênicos
presentes em lodos anaeróbios. Quando esta taxa se referir à quantidade de biomassa
desses lodos, o parâmetro denominar-se-à atividade metanogênica específica (AME)
(Pena, 1998).
O teste para determinação da atividade metanogênica específica consiste de um ensaio
em batelada onde uma quantidade fixa de nutrientes é adicionada a uma quantidade pré-
determinada de lodo anaeróbio. A atividade específica do lodo é calculada através da taxa
de produção de metano, ou decaimento do substrato, em relação à quantidade de lodo
presente.
A maioria dos métodos usados para determinação da AME tomam como base a
quantidade de biomassa presente no lodo, normalmente associada à concentração de
sólidos suspensos voláteis (SSV). Geralmente, a unidade utilizada para expressar AME é
CH
4
-DQO (g ou mol) [SSV (g)
–1
].(dia
–1
), ou seja, a quantidade de metano produzida (em
g ou mol), ou de DQO consumida em gramas, por peso da biomassa em grama por dia.
72
Vários tipos de substrato podem ser usados nos testes de AME. Os mais usados são
produtos intermediários da metanogênese tais como: acetato, propianato e butirato. Em
alguns casos o acetato pode ser usado como o único substrato, já que, aproximadamente,
70% do metano produzido na metanogênese e originado do acetato.
Segundo Lettinga (1999), a atividade metanogênica específica de um lodo é uma
importante análise de monitoramento do processo anaeróbio, pois através da AME, é
possível determinar a carga orgânica adequada para uma partida rápida e eficiente de um
reator, já que, com o teste, se verifica o potencial do lodo em converter o substrato a
metano e dióxido de carbono.
3.5.3 - Biodegradabilidade
A biodegradabilidade é a característica de algumas substâncias químicas poderem ser
usadas como substratos por
microorganismos, que as empregam para produzir energia
por
respiração celular, e criar outras substâncias, como aminoácidos, novos tecidos e
novos organismos.
A degradação destas substâncias pode produzir-se por duas vias::
A) Degradação Aeróbia
Nesse processo, os microorganismos presentes no efluente utilizam o oxigênio dissolvido
(O
2
) presente para poder degradar a matéria orgânica. Com isso, o teor de oxigênio
dissolvido no meio diminui, afetando a vida de todos os organismos que dependem do O
2
.
B) Degradação Anaeróbia
Quando náo há oxigênio dissolvido no meio onde o efluente é lançado, outros tipos de
microorganismos irão degradar a matéria orgânica retirando o oxigênio de compostos
oxigenados ( exemplo SO
4
-
). Esse Processo pode dar origem a compostos com ododr
desagradável (exemplo H
2
S), mas gera principalmente o gás metano, que é um
combustivel.
A biodegradabilidade depende de uma série de fatores como por exemplo: temperatura,
tipo e quantidade de organismos decompositores (bactérias) presentes, quantidade de
oxigênio, pH, e outras substâncias que possam estar presentes no meio.
73
CAPÍTULO 4.0
MATERIAL E MÉTODOS
4.1 – Características Gerais da Lavanderia Industrial Estudada
A lavanderia industrial estudada processa peças confeccionadas em jeans e brim, para a
sua confecção e, principalmente para terceiros. Está localizada na cidade de Toritama,
PE. Por suas características, é uma empresa de porte médio deste ramo. Trabalha em
tempo integral. Chega a processar cerca de 120.000 mil peças por mês. Possui onze
máquinas: uma com capacidade para processar 250 kg de roupa; cinco com capacidade
para 100 kg de roupa; quatro com capacidade que varia de 150 a 200 kg de roupa; e
uma com capacidade para 50 kg, onde são realizados testes para novos tipos de
lavagens e tingimento, seis secadores e duas centrífugas.
A operação úmida, quer seja lavagens ou tingimentos, tem procedimentos pré-
estabelecidos. O uso de cada máquina é determinado pela quantidade e qualidade do
material a ser processado, segundo o pedido do cliente.
O abastecimento de água para o uso no processo se faz através de um ponto de captação
próximo à lavanderia, no rio Capibaribe. Nos períodos de estiagem a empresa compra
água de localidades próximas, transportadas por carros-pipas. Essas águas são
provenientes de barreiros, rios ou açudes, e não possuem boa qualidade para serem
usadas nos processos.
As alterações na qualidade da água resultam em variações nos processos, podendo
causar mudanças na peça que esta sendo processada, por exemplo, em um tingimento
mudando a cor desejada. Alguns processos requerem água de boa qualidade sem
turbidez, impurezas, ausência de sólidos em suspensão ou odor.
Nas Tabelas 14 e 15 mostram exemplos de receita referentes a processos realizados na
lavanderia/tinturaria estudada.
74
Tabela 14 - Processo: DESTROYED ESPECIAL
Pecas por Máquina:
Peso Unitário:
Peso Total:
DESENGOMAGEM
tempo 20 minutos
Temperatura 60ºC
Enzima Alfamilase(Max 120) 1,0%
Antimigrante (Max Mg) 1,0%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa/ 5,0 L de água
ESTONAGEM
Tempo 30 a 90 minutos dependendo
do tecido
Temperatura 55 a 60ºC
Pedra *
Enzima Neutra (Max Bt) 1,0 %
Antimigrante (Max Mg) 1,0%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa/ 3,0 L de água
ALVEJAMENTO
Tempo 20 minutos
Temperatura 80ºC
Metabissulfito de sódio 0,80%
Peróxido de Hidrogênio
(H
2
O
2
)
2,5 %
Antimigrante ( Max Mg) 1,0%
Aditivo ( Branco óptico) 0,4%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa 10 L de água
AMACIAMENTO
Tempo 10 minutos
Temperatura 40°C
Amaciante (Geo) 3,0%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa 5,0 L de água
Fonte: Lavanderia Industrial Estudada.
75
Tabela 15 - Processo: TINGIMENTO REATIVO SUJINHO (Texpal) - Cores Múltiplas
Pecas por Máquina: 100
Peso Unitário: 0,500 g
Peso Total: 50,0g
DESENGOMAGEM
Tempo 20 minutos
Temperatura 60ºC
Enzima Alfamilase(Max 120) 1,0%
Antimigrante (Max Mg) 1,0%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa/ 5,0 L de água
ESTONAGEM
Tempo 30 a 90 minutos dependendo do
tecido
Temperatura 55 a 60ºC
Ácido Acético (Max) 0,80%
Enzima Ácida (Geo) 0,80 %
Antimigrante (Max Mg) 1,0%
Relação de Banho 1,0 kg de roupa/ 3,0 L de água
TINGIMENTO
TEXPON PT
( abrir a fibra da roupa para
facilitar a entrada do
corante)
2,0%
TEXPON REAL
(mesma função do
antimigrante)
2,0%
Corante Formulação do cliente para a
cor desejada
Sal ( Na Cl) 20%
Barrilha
(limpar a peça após o
tingimento)
10,0%
TEXPON REAL 1,0%
TEXPON REAL 1,0%
LIMPESA
Antimigrante (Max Mg) 1,0%
Branco óptico (Max) 0,2%
Amaciante (Geo) 3,0% Aditivo ( Branco óptico)
Relação de Banho 1,0 kg de roupa 5,0 L de água
Fonte: Lavanderia Industrial Estudada.
Quando chegam das confecções, as peça vão para o estoque seco, em um depósito
ficando amontoadas para serem lavadas. Deste estoque, as peças são pesadas e seguem
para os diversos tipos de lavagem, variando de acordo com o resultado esperado
( lavagem, vitage, stone washed, etc...).(figura 11)
76
1 - Pecas para serem processadas 2 - Maquinas para lavar , estonar, tingir e desengomar
3- Centrifugas 4- Secadores
5 - Passadores a ferro 6 - Entrega
Figura 11 - Etapas do Processo na Lavanderia Induistrial Estudada.
77
Figura 12 – Etapas do Tratamento da Lavanderia Industrial Estudada
3- Tanques de Equalização 5-Tanq. de Precipitação e Coagulação
5- Leitos de Seca
g
em
1-Efluente Bruto 2- Gradeamento e Caixa de Areia
78
ESQUEMA DO TRATAMENTO FÍSICO-QMICO
TANQUES DE EQUALIZAÇÃO
FILTRO DE AREIA
CAIXA IN FER IO R
60% para Reuso
Corpo
Receptor
Entrada do
Efluente Bruto
66
,
0 m
3
Bomba
64
,
6 m
3
63
,
8m
3
5 caixas de 5.000 L
ADIÇÃO DE SULFATO DE ALUMINIO E HIDRÓXIDO DE
CALCIO
Figura 13 - Esquema do tratamento físico-químico da lavanderia estudada
ara o efluente da lavanderia em estudo, foi realizada a caracterização do mesmo durante
Estação de Tratamento de Efluente
e
4.2 - CARACTERIZAÇÃO DOS EFLUENTES
P
um ano, com coletas mensais. Após a construção da
(ETE) foi caracterizado: O efluente equalizado e tratado por um período de seis meses.
O efluente bruto foi coletado na entrada do tanque, que recebe os deságües das máquinas
de lavar, de tingir e das centrífugas. Os efluentes gerados escoam para uma canaleta
são levados através de uma tubulação para o tanque que possui uma grade para retenção
das pedras de argila expandida e fibras de tecidos. Ficam depositados no fundo do
mesmo a areia, proveniente do atrito das pedras dentro da máquina durante a estonagem.
Deste tanque, o efluente é levado por gravidade através de outra tubulação para os
tanques de equalização (figura 13)
79
As amostras de efluente equalizado foram coletadas na saída do tanque de equalização,
antes do bombeamento para seis caixas de 5.000 litros, onde é realizado o tratamento
físico-químico. O tratamento consiste na adição de 37 litros da solução a 100 g/l de Sulfato
Oxigênio - DQO, Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO
5
, sólidos totais,
ólidos totais voláteis, sólidos dissolvidos totais, sólidos dissolvidos voláteis, sólidos
de Alumínio Al
2
(SO
4
)
3
e 13,5 litros a 100 g/l de Hidróxido de Cálcio Ca(OH)
2
em cada
caixa. Após a adição dos reagentes promove-se uma homogeneização manual ocorrendo
a reação de coagulação-floculação. Em seguida, o efluente fica em repouso durante duas
horas para decantação, e o sobrenadante (efluente tratado) passa por um filtro de areia e
vai para uma caixa inferior, sendo que 60% são reutilizados para a desengomagem que
não exige água de boa qualidade. As amostras de efluente tratado foram coletadas na
entrada da caixa inferior. O lodo decantado é descartado sobre um leito de secagem e
removido após seco ( Figura 12). Amostras dos efluemtes coletados são apresentados na
Figura 14.
Os parâmetros analisados foram; pH, temperatura, alcalinidade, cloretos, Demanda
Química de
s
suspensos totais e voláteis, cálcio, magnésio, dureza total, nitrogênio total, fósforo total, e
metais pesados como: cádmio, cromo total, cobalto, cobre, manganês, bário, ferro total e
alumínio. Os teores desses metais foram quantificados através da técnica de
Espectrometria de Emissão Atômica em Plasma Indutivamente Acoplado - ICP-AES. Os
métodos de determinação utilizados foram do Standard Methods for de Examination of
Water and Wastewater, 20ª edition, 1998.
80
Tabela 16 - Análises e metodologias utilizadas na caracterização do efluentes
a lavanderia Industrial e no afluente e efluente dos reatores.
físico-químicas Breve descrição do método
dard Methods
Seção / Página
d
Análises Stan
Cor aparente étodo da comparação visual com M
discos de vidro platina – cobalto,
calibrados
2120 - B (2-2)
Turbidez Método nefelométrico 2130 – B (2-9)
Alcalinidade Método titulométrico 2320 B (2-27)
Sólidos dissolvidos
de sólidos:
em estufa e
ariadas: totais
E (2-
4)
totais, série
totais, voláteis,
suspensos e dissolvidos
Método de secagem
vmufla à temperaturas
e suspensos (103-105 ºC);
dissolvidos (180 ºC); fixos e voláteis
(550 ºC)
540 – C, D, 2
5
Temperatura Termômetro 2550 – B (2-60)
Metais: prata, cálcio,
crômio, ferro total,
ácido nítrico
magnésio, manganês,
chumbo e zinco
Tratamento preliminar das amostras:
digestão com
Espectrofotômetro de emissão de
plasma (ICP)
3010 – (3-5)
3020 – B (3-4
Cloretos Método titulométrico (nitrato de
prata)
4500Cl
-
– B (4-49)
Potencial hidrogeniônico pHmetro 4500H – B (4-86)
+
Nitrogênio (total)
org
)Método Kjeldahl semi-micro 4500N – C (4-102
Fósforo total Tratamento preliminar das amostras:
4)
digestão com ácido nítrico
Espectrofotômetro de emissão de
plasma (ICP)
3000 – (3-5)
3120 – B (3-3
Demanda bioquímica de
oxigênio (DBO
5
20 ºC)
-3)
Método respirométrico –
anométrico m
Método Titulométrico
5210 –D (5-9)
5210 – B( 5
Demanda química de
oxigênio (DQO)
) Método do refluxo fechado, micro
titulométrica.
5220 – C (5-15
Óleos e graxas Método gravimétrico extrai óleos
dissolvidos e emulsificados
(5-39) 5520 – B
Fo
ethods, 1998.
s resultados da caracterização dos efluentes - bruto, equalizado e tratado - estão
presentados por gráficos de linha e análise de componentes principais; os resultados dos
experimentos com reatores anaeróbios por gráficos de box plot.
nte: Standard M
O
a
81
4.3 – Análise de Componentes Principais - (ACP)
aO estudo e a interpretação dos resultados de um conjunto de d
uma infinidade de variáveis, tornando o trabalho difícil e demo
dos envolvem a análise de
rado, e suscetível a erros na
terpretação, e leva a perda de informações relevantes. A utilização de métodos
ções lineares (componentes principais) de um conjunto de
ariáveis, que retenham o máximo possível de informações contida nas variáveis (SAEG,
s, pois, embora as informações estatísticas presentes nas variáveis originais seja
mesma dos n-componentes principais, é comum obter, em apenas 2 ou 3 das primeiras
eso (Loading)
combinação linear dos primeiros componentes principais são as mais importantes do
utilizaram-se uma análise estatística de
, brutos, equalizado e tratado. O programa THE
NSCRAMBLER ® versão 7.01 CAMO ASA (1998) foi utilizado para análise dos dados.
in
multivariados, tais como a análise de componentes principais (ACP), destaca-se como
uma importante ferramenta para o tratamento de um grande número de dados (Ferreira et
al., 1999; Wold et al., 1987).
O objetivo fundamental da análise de componentes principais é a obtenção de um
pequeno número de combina
v
2004).
O método da ACP permite a redução da dimensionalidade dos pontos representativos das
amostra
a
componentes principais, mais de 90% das informações (Moita et al., 1998)
A análise de componentes principais também pode ser usada para avaliar a importância
das próprias variáveis escolhidas, ou seja, as variáveis originais com maior p
na
ponto de vista estatístico ( Moita, et al., 1998).
Devido a um grande número de parâmetros e amostras analisadas nos efluentes brutos,
equalizado e tratado para serem avaliados,
componentes principais (ACP) para se ter uma análise dos dados mais homogêneos e
informações mais concisas.
Neste trabalho foram aplicadas (A C P) para estudar um conjunto de dados relativos à
caracterização dos efluentes
U
82
4.4 – Box Plots
y apresentou um método eficiente para mostrar resultados. Este
método permitia que o usuário explorasse o máximo, o mínimo, e o numero médio; o
de dados.
o mínimo é o valor o menor na série de dados.
o valor médio.
No :a parcela superior
e a parcela mais baixa. O quartile superior é o número médio da parte superior - metade
ro importante relacionado à série de
dados: A primeira e última linha são extraída nos valores os mais baixos e os mais
Em 1977, John Tuke
quartile superior e um quartile mais baixo.
o máximo é o valor o maior na série
o número médio é uma medida do centro que é
quartile superior, número médio divide os dados em duas parcelas
dos dados. O quartile mais baixo é o número médio
Cada uma das linhas verticais representa um núme
elevados dos dados. As três linhas que dão forma à caixa são extraídas 25%, 50%, e 75%
de acordo com os dados.
Valor Médio
Valor Máximo
Valor Mínimo
83
1
2
3
Figura 14-Amostras de efluente bruto-1, efluente equalizado-2, tratado 3.
4.5 - Estudo da Tratabilidade com Reatores Anaeróbios
Para avaliar a tratabilidade anaeróbia, foram utilizados os reatores RSBAN UASB e FBAN.
Todos os reatores foram alimentados com o efluente equalizado, por ser uma amostra
mais homogênea e com as mesmas características de cor, temperatura e pH. Conforme
figuras 15, 16 e 17 abaixo, as coletas eram realizadas mensalmente e as amostras eram
armazenadas sob refrigeração.
Dois reatores seqüenciais em batelada, com volume individual de 5 litros foram
alimentados em paralelo (figura 15)
O Reator UASB ( figura 16), e o Filtro biológico (figura 17), foram confeccionados em
acrílico, com 50 cm de altura e 10 cm de diâmetro, e capacidade de 3,0 litros.
Os experimento com os três reatores foram montados no Laboratório de Saneamento
Ambiental (LSA) da UFPE, na sala de atividade metanogênica, aclimatada a 30 ºC. Os
reatores foram inoculados com lodo granular proveniente de um reator UASB, tratando
vinhoto de cana-de-açúcar e eram agitados durante 15 minutos a cada 4 horas, com 34
rotações por minutos. Na fase preliminar o reator foi operado em ciclos de 72 e 48 horas
durante 90 dias, não sendo possível medir a quantidade de metano produzido devido a
problemas com o medidor de gás.
84
Ao fim dos experimentos com o reator UASB e filtro biológico, foi realizado um
experimento com duração de 420 h, com tempo de detenção hidráulica de 40, 30, 24, 12 e
8 h.
LEGENDA
1- Ponto de Coleta
2- Reator
3- Agitador
4- Coleta de gás
Figura15 - Esquema do Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio Usado no Experimento.
Fonte: Arruda, 2004
85
Efluente
Bolhas de
gás
Manta de
Lodo
Afluente
Figura 16 - Esquema do Reator UASB usado no experimento
Fonte: Lettinga et al., 1990
O reator UASB foi inoculado com lodo de proveniente de um reator UASB tratando resíduo
de usina de açúcar até um terço do seu volume como mostra a figura 16. Tanto o reator
UASB quanto o filtro anaeróbio operaram continuamente e com fluxo ascendente, com
tempos de detenção hidráulica de 48, 40, 30, 24, 12 e 8 horas por um período de 80 dias.
86
Pedras de
Argila
Expandida
(meio suporte)
Efluente
Afluente
Figura 17 - Filtro Anaeróbio Usado no Experimento.
Para o filtro biológico foram usados, como material de suporte, pedras de argila
expandida que são usadas no processo de estonagem. O lodo do reator seqüencial em
batelada anaeróbio também foi usado como inóculo por um período de 20 dias. Após este
período o lodo excedente foi retirado e foi dada partida ao reator. Tanto o reator UASB
quanto o filtro anaeróbio operaram continuamente e com fluxo ascendente, com tempos
de detenção hidráulica de 48, 40, 30, 24, 12 e 8 horas por um período de 80 dias.
87
CAPITULO 5.0
RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização do efluente bruto
Os resultados dos parâmetros analisados para o efluente bruto encontram-se resumidos
na Tabela 17 .
Tabela 17- Resultados da Caracterização do Efluente Bruto da Lavanderia Estudada.
Efluente Bruto Média Máximo Mínimo
Desvio
Padrão
Coefic. de
Covariância
Ph 8,2 10 5,7 1,3
0,3
Temperatura ºC 47 66 33 10,9
0,0
DQO (mg O
2
/L) 2.885 10.539 129 3299,8
0,2
DBO (mg O
2
/L) 1.032 4.900 26 1649,2
0,2
ST (mg/L) 10.175 22.426 2806 1320,9
0,4
STV (mg/L) 2.776 10.751 312 3246,1
0,6
STF(mg/L) 7.402 18.020 2.528 5821,1
0,3
SDT(mg/L) 7.146 22.270 1.746 6983,7
0,3
SDV (mg/L) 897 3.804 248 917,2
0,5
SDF(mg/L) 6.139 21.862 1.746 7105,6
0,3
SST (mg/L) 3.047 16.117 65 5094,2
0,8
SSV (mg/L) 1.960 10.343 64 2903,8
0,8
Sol. Sed.(mL/L.h) 41 100 6,5 32,1
0,0
Ferro (mg/L) 4,8 17,2 0,36 0,58
1,1
Cromo (mg/L) 0,42 4,6 0,01 1,3
0,8
Cobre (mg/L) 0,12 0,3 0,03 0,1
0,0
Níquel (mg/L) 0,05 0,21 0,02 0,1
0,0
Cádmio (mg/L) 1,42 17,9 0,007 5,2
0,0
Chumbo (mg/L) <0,09 <0,09 <0,09 0
0,0
Zinco (mg/L) 0,15 0,85 0,01 0,2
0,4
Bário (mg/L) 0,16 0,37 0,07 0,1
0,5
Manganês (mg/L) 0,48 1,93 0,11 0,5
1,0
Alumínio (mg/L) 3,3 13 0,31 3,6
1,3
Fósforo (mg/L) 6,2 31 0,52 9,0
0,4
Cálcio (mg/L) 59,6 144 17,9 37,1
0,4
Magnésio (mg/L) 61,5 88,3 29 14,3
0,8
Dureza total (mg/L) 426,6 640 164 136,4
0,5
Cloretos (mg/L) 4.746 12.675 920 5138,5
0,1
Alcalinidade (mg/L) 391 563 240 116,7
0,1
Nitrogênio Total (mg/L) 44,5 104,2 18 30
0,4
Óleos e graxas (mg/L) 43,5 212 2,2 65,8
0,1
88
O efluente bruto da indústria têxtil apresenta coloração intensa devido ao uso de corantes
que não se fixam à fibra durante o processo de tingimento (O'Neil et al., 2001). Apenas
parte da estrutura do corante é responsável pela fixação da cor na fibra. Segundo Kunz, et
al, 2002, a grande maioria dos corantes utilizados em indústria de tinturaria são derivados
do grupamento cromóforo -N=N- ligado a estruturas aromáticas, conferindo a estes
compostos, atividade carcinogênica e mutagênica, o que torna esses efluentes
extremamente perigosos aos seres humanos e aos ecossistemas aquáticos (Houk, 1992;
Chung, et al, 1992; Brown, et al, 1993). A variação significativa observada na maioria dos
parâmetros, deve-se à grande diversidade de processos usados na lavanderia/tinturaria
bem como a utilização de diferentes produtos químicos e corantes. No caso da
temperatura tem-se uma variação de cerca de 30 graus celsius, devido ao processo de
aquecimento que se realiza durante o tingimento.
As Figuras 18 mostram os gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente bruto, obtidos durante a
caracterização.
(A)
Efluente Bruto
( pH e Temperatura ºC)
0
10
20
30
40
50
60
70
j
a
neir
o
Ma
r
ç
o
Maio
J
u
lh
o
Setem
b
ro
N
o
vemb
r
o
Ja
n
e
iro
Meses
Leituras
pH
Temperatura
89
(B)
Efluente Bruto
( DQO e DBO)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
jan
e
iro
Ma
r
ço
Mai
o
Julh
o
S
e
t
emb
r
o
Novembro
J
a
neiro
Meses
DQO e DBO
(mg O
2
/L)
DQO
DBO
(C)
Efluente Bruto
( ST, STV e SST)
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
j
a
ne
i
r
o
Ma
r
ço
Mai
o
Jul
h
o
S
e
t
e
mbro
Nove
m
b
ro
Janeiro
Meses
mg/L
ST
STV
SST
Figura 18 - Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH, temperatura, DQO, DBO,
ST, STV e SST no efluente bruto, obtidos na caracterização.
90
Os diferentes produtos químicos utilizados na indústria têxtil, tais como: metabissulfito de
sódio, hidróxido de sódio, cloreto de sódio, peróxido de hidrogênio, amaciantes,
igualizantes, e detergentes, dentre outros; explicam a grande variação de pH do efluente
que teve o mínimo de 5,7 e máximo de 10. Essa diversidade de produtos químicos, assim
como as cargas de enxágüe, também interfere na DQO causando uma grande diferença
entre os seus valores mínimos e máximos.
A DBO apresentou valores que variaram de 26 a 4.900 mg O
2
/L. Os valores mínimos
obtidos se deram durante o período de amostragem, no qual o efluente descartado era
uma água mais limpa (enxágüe) e os maiores foram provenientes da utilização de vários
produtos químicos normalmente utilizados no processo de tingimento.
Os altos valores de ST, STV e SST (Figura 18 C) foram devido à perda de
aproximadamente, 20% do corante, que não se fixa no tecido e a grande quantidade de
cloreto de sódio (NaCl) usada para fixar o corante ao tecido. O consumo mensal deste
produto chega à cerca de 4.987 kg.
A estonagem ou “stone washed”, utiliza máquinas com tambores rotativos cheios de
pedra. Durante certo tempo, essas pedras entram em atrito com as peças, desgastando as
fibras e desbotando o azul para dar um efeito envelhecido às peças. Este atrito entre as
peças dentro da máquina causa um desgaste nas pedras, liberando um pó fino. Por fim, a
razão da grande quantidade de sólidos no efluente bruto pode ser atribuída também aos
fios de tecidos que são liberados das peças durante as lavagens.
5.2 – Caracterização do Efluente do Tanque de Equalização.
Na Tabela 17 são apresentados os resultados em termos de valores da caracterização
dos efluentes com valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e o coeficiente de
covariancia número no efluente do tanque de equalização.
O tanque de equalização não possibilitou uma homogeneização nos parâmetros
analisados. Comparando-se com o efluente bruto, percebe-se ainda, que há uma grande
variabilidade sugerindo que a qualidade físico-química do efluente nesta etapa também
depende mais dos processos que estão sendo realizados na lavanderia. Alguns processos
como o tingimento onde são usados cloreto de sódio, antimigrante, detergente e outros
produtos químicos, possuindo uma carga orgânica mais elevada no primeiro efluente que
é descartado das máquinas e os outros enxágües, possuem cargas orgânicas menores,
91
fazendo com que haja uma diluição no tanque de equalização, diminuindo a carga
orgânica.
Tabela 18. Resultados da Caracterização do Efluente Equalizado da Lavanderia Estudada.
Efluente Equalizado Média Máximo Mínimo
Desvio
Padrão
Coefic. de
Covariância
pH 6,5 7,1 6 0,4
0,1
Temperatura ºC 35,5 37 33 1,5
0,0
DQO (mg O
2
/L) 1.135 1.844 520 449,6 0,4
DBO (mg O
2
/L) 380 624 265 129,6
0,3
ST (mg/L) 5.568 7.993 2.554 1.952,5
0,4
STV (mg/L) 1.148 1.816 639 536,1
0,5
STF (mg/L) 4.684 6.300 1.915 1.633,3
0,3
SDT (mg/L) 4.644 7.926 2.127 2.178,9
0,5
SDV (mg/L) 754,5 1.691 264 544,6
0,7
SDF (mg/L) 3.885 6.210 1.863 1.655,4
0,4
SST (mg/L) 938 4.113 67 1.573,5 1,7
SSV (mg/L) 394 1.446 60 527,7
1,3
Sol. Sed. (mg/L.h) 0,2 0,4 0,1 0,1095
0,5
Ferro (mg/L) 1,44 4,5 0,46 1,6
1,1
Cromo (mg/L) 0,03 0,05 0,01 0,16
5,3
Cobre (mg/L) 0,08 0,2 0,03 0,06
0,8
Níquel (mg/L) 0,03 0,03 0,02 0,0041
0,1
Cádmio (mg/L) 0,07 0,07 0,07 0
0,0
Chumbo (mg/L) 0,09 0,09 0,09 0
0,0
Zinco (mg/L) 0,07 0,16 0,04 0,0446
0,6
Bário (mg/L) 0,22 0,45 0,1 0,1343
0,6
Manganês (mg/L) 1,35 2,25 0,66 0,5554
0,4
Aluminio(mg/L) 4,86 20,94 0,45 8,2
1,7
Fósforo (mg/L) 3,3 5,2 2 1,2
0,4
Cálcio (mg/L) 150,5 241 87,4 61,2
0,4
Magnésio (mg/L) 132,6 246 61 78,3
0,6
Dureza total (mg/L) 957,7 1.614 469,4 449,3
0,5
Cloretos (mg/L) 1.948 2.354 1.557 326,4
0,2
Alcalinidade (mg/L) 341,5 397 234 63,5
0,2
Nitrogênio Total(mg/L) 44,5 64,77 31 11,9
0,3
Óleos e graxas(mg/L) 44,3 141,5 2,5 65,3
1,5
Na Figura 19 são apresentados gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente equalizado, obtidos durante a
caracterização.
92
(A)
Efluente Equalizado
( pH e Temperatura ºC)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
novembro janeiro abril
Meses
Leituras
pH
Temperatura
(B)
Efluente Equalizado
(DQO e DBO)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
no
v
em
b
ro
de
z
em
b
ro
ja
n
ei
r
o
fe
v
er
e
iro
ab
r
il
m
a
io
Meses
DQO e DBO
(mg O
2
/L)
DQO DBO
93
(C)
Efluente Equalizado
( ST, STV e SST)
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
novembro janeiro abril
Meses
mg/L
ST
STV
SST
Figura 19 - Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH, temperatura, DQO, DBO,
ST, STV e SST no efluente equalizado, obtidos na caracterização.
Os valores de temperatura no efluente do tanque de equalização mostram pequenas
variações. A maioria das amostras apresentou temperaturas entre 33 e 37°C. Os valores
mais homogêneos das temperaturas no tanque de equalização acontecem pelo acréscimo
das águas de enxágües das peças que são feitas com temperaturas menores ou sem
aquecimento, levando em conta o tempo que o efluente bruto percorre para chegar ao
tanque de equalização e o volume do tanque.
Os valores de pH para o efluente deste tanque (Figura 19 A) variaram de 6,0 a 7,1;
mostrando maior uniformidade nos valores de pH em comparação com o efluente bruto.
Essa pequena variação pode ser atribuída ao descarte das águas de enxágüe com baixa
carga orgânica.
A Figura 19 B mostra que os valores médios de DQO em torno de 1.135 mg O
2
/L e DBO
de 380 mg O
2
/L no efluente do tanque de equalização indicam que a carga orgânica não
apresenta grandes variações, permanecendo mais homogênea.
94
Os valores dos sólidos totais (Figura 19 C) mostram que o teor de sólidos nos meses de
novembro, janeiro e fevereiro apresentaram-se mais elevados, alguns até maiores do que
nas amostras do efluente bruto, apesar dos valores serem mais homogêneos, sem muitas
variações, comparada ao efluente bruto. Quando ocorrem variações possivelmente são
devido à demanda na lavanderia em números de peças a serem processadas e diferentes
tipos de processos realizados mês a mês. O mesmo acontecendo com os sólidos fixos e
voláteis.
5.3 - Caracterização do Efluente Tratado
Tabela 19 - Resultados para a Caracterização do Efluente Tratado da Lavanderia
Estudada
Efluente Tratado Média Máximo Mínimo
Desvio
Padrão
Coefic. De
Covariância
pH 6,8 9,2 4,3 1,76 0,3
Temperatura ºC 32,5 64 321 1,05 0,0
DQO (mg O
2
/L) 827 1.100 627 201,96 0,2
DBO (mg O
2
/L) 307 380 216 67,01 0,2
ST (mg/L) 5.293 7.872 3.722 1.884,6 0,4
STV (mg/L) 1.070 1.999 601 591,63 0,6
STF (mg/L) 4.223 5.896 3.028 1.308,1 0,3
SDT (mg/L) 4.999 7.184 3.531 1.662,0 0,3
SDV (mg/L) 745,3 1.248 417 368,56 0,5
SDF (mg/L) 4.252 5.936 3.003 1.306,3 0,3
SST(mg/L) 294 688 90 235,5 0,8
SSV (mg/L) 321 742 38 260,94 0,8
Sol. Sed. (mg/L.h) 0,1 0,2 0,1 0,0041 0,0
Ferro (mg/L) 0,7 2,2 0,1 0,79 1,1
Cromo (mg/L) 0,015 0,04 0,01 0,0122 0,8
Cobre (mg/L) 0,03 0,03 0,03 0 0,0
Níquel (mg/L) 0,02 0,02 0,02 0 0,0
Cádmio (mg/L) 0,07 0,07 0,07 0 0,0
Chumbo( mg/L) 0,1 0,1 0,1 0 0,0
Zinco (mg/L) 0,02 0,03 0,01 0,0075 0,4
Bário (mg/L) 0,1 0,2 0,1 0,045 0,5
Manganês (mg/L) 0,8 2 0,06 0,7749 1,0
Alumínio (mg/L) 16,2 45 0,5 20,96 1,3
Fósforo (mg/L) 0,6 0,9 0,4 0,2289 0,4
Cálcio (mg/L) 209,6 303 84,4 92,9 0,4
Magnésio (mg/L) 122,8 256 1,8 96,95 0,8
Dureza total (mg/L) 969,6 177 467,3 450,2 0,5
Cloretos (mg/L) 1.572 1.910 1.230 216,05 0,1
Alcalinidade (mg/L) 257,6 286 243 15,68 0,1
Nitrogênio Total (mg/L) 41,7 59,5 22,6 17,86 0,4
Óleos e graxas (mg/L) 2,5 3 2 0,354 0,1
95
Na Figura 19 são apresentados gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH,
temperatura, DQO, DBO, ST, STV e SST no efluente equalizado, obtidos durante a
caracterização.
(A)
Efluernte Tratado
( pH e Temperatura °C)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
novembro dezembro janeiro fevereiro abril maio
Meses
Leituras
pH
Temperatura
(B)
Efluente Tratado
( DQO e DBO )
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
novembro janeiro abril
Meses
mg O2/L
DQO
DBO
96
(C)
Efluente Tratado
( ST, STV e SST)
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
nov embr o maio
Meses
mg/L
ST
STV
SST
Figura 20 - Gráficos com os resultados dos parâmetros de: pH, temperatura, DQO, DBO,
ST, STV e SST no efluente do tanque de equalização, obtidos na caracterização.
A temperatura do efluente tratado não apresentou grandes variações, ficando em torno de
33
ºC, valores estes considerados aceitáveis para o tratamento biológico de acordo com a
resolução CONAMA 357/05, para lançamentos de efluentes no corpo receptor.
Os valores do pH ficaram entre 4,3 a 9,2 conforme a Tabela 19. Durante o tratamento
físico-químico observou-se a permanência de reagentes como hidróxido de cálcio Ca(OH)
2
e sulfato de alumínio Al
2
(SO
4
)
3
, devido a falta de uma adequada homogeneização, o que
pode ter provocado variações no pH, indicando que o tratamento deve ser otimizado para
que não haja desperdício de reagentes e não onere os custos para o tratamento em
batelada.
A DQO e a DBO (Figura 20 B) no efluente tratado apresentam valores de 1.100 a 627 mg
O
2
/L respectivamente, mostrando que o tratamento físico-químico para este efluente
apresenta uma redução de 62% na DQO e 39% na DBO em relação ao efluente bruto, não
atingindo uma redução da carga orgânica estabelecido por vários sistemas de tratamento
que é em torno 80%.
Os sólidos no efluente tratado (Figura 20 C) não apresentam redução significativa, devido
a adição de cloreto de sódio (NaCl), que não é totalmente removido pelo tratamento
ficando uma grande quantidade dissolvida no efluente tratado.
97
6.0 – Caracterização das Amostras pontual e composta coletada por 12
horas, com coletas de 30 em 30 minutos
Os gráficos abaixo, apresentados na Figura 21, referem-se aos parâmetros pH,
Temperatura, DQO, DBO e ST em amostras coletadas de 30 em 30 minutos por um
período de 12 horas.
( A )
pH
0
2
4
6
8
10
12
14
Bruto Equalizado
ponto
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Temperatura - °C
0
10
20
30
40
50
60
70
Bruto Equalizado
ponto
C
o.
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
DQO
0
5000
10000
15000
Bruto Equalizado
mgO
2
/L
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
DBO
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Bruto Equalizado
mgO
2
/L
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Figura 21 - Parâmetros como temperatura, pH, DQO e DBO analisados nas amostras
coletas no efluente bruto e do tanque de equalização por um período de 12 horas de 30
em 30 minutos.
A Figura, 21 A mostra os valores da temperatura determinados no efluente bruto e no
efluente do tanque de equalização. Observou-se que no efluente bruto houve algumas
elevações na temperatura, que em algumas amostras esteve em torno de ± 60ºC e na
maioria das amostras esteve entre 34 e 40ºC. O aumento na temperatura era esperado,
que, a maioria dos processos são realizados a quente, entre 40 e 80ºC. No efluente do
tanque de equalização a temperatura se manteve estável em torno de 40ºC que é a
98
máxima estabelecida pela resolução CONAMA 357/05. Esta atenuação acontece por
vários fatores, tais como, tempo de descarte do efluente bruto no tanque de equalização,
volume e adição das águas de enxágües.
A Figura 21 B apresenta os valores e pH para o efluente bruto em torno de 8,0. O
alvejamento e o bissulfito de sódio (NaHSO
3
), usados no processo de lixamento e
jateamento efluentes de processos têxteis, possuem pH tendendo a alcalino devido à
utilização de auxiliares químicos orgânicos e inorgânicos tais como hipoclorito de sódio
(NaClO), hidróxido de sódio (NaOH) e peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) nos processos de
branqueamento e com permanganato de potássio (KMnO
4
), quando são aplicados as
peças por jateamento ou manualmente para corroer a cor do jeans, resultando em
clareamento localizados. Em seguida as peças são mergulhadas em metabissulfito de
sódio, revelando o efeito embranquecido ou amarelado nos locais onde o permanganato
é aplicado.
O pH no tanque de equalização (Figura 21 B) apresentou valores que oscilaram entre 6,0
e 8,0 devido aos diferentes processos usados pela lavanderia industrial durante o tempo
da amostragem. Estes valores se encontram dentro do limite recomendado pelo padrão de
lançamento da resolução CONAMA 357/05.
A DQO do efluente bruto apresentou valor médio de 6.642 mg O
2
/L, mínimo de 290, e
máximo 13.770 mg O
2
/L (Figura 21C), constatando–se que, com o aumento da demanda,
os diferentes tipos de lavagens e as quantidades de produtos químicos e corantes
utilizados nos vários procedimentos, tais como: desengomagem, branqueamento,
destroyed, tingimento, etc.; elevam consideravelmente a carga orgânica do efluente bruto.
Já o efluente do tanque de equalização apresentou uma DQO média de 571 mgO
2
/L,
mínima de 400 e máxima de 800 mgO
2
/L. Esses valores, possivelmente, são devidos à
adição das águas dos enxágües das máquinas e ao volume do tanque que atenua a carga
orgânica do tanque de equalização.
.
A DBO das amostras de 12 horas do efluente bruto (figura 21 C) mostra alguns valores
mais elevados: 6.333, 2.455 e 1.567 mg O
2
/L; e as demais amostras com valores entre
400 e 1.300 mg O
2
/L apresentando uma relação DQO/DBO mínima de 3,0 e máxima de
24, mostrando a presença de matéria orgânica não biodegradável, o que interfere no
tratamento biológico.
99
Devido aos corantes e à quantidade de matéria orgânica existente, se faz necessário o
tratamento físico-químico para que essas altas cargas não causem inibição no tratamento
biológico, que será possivelmente a próxima etapa a ser exigida pelo Ministério Público
para as lavanderias.
7- Testes de Atividade Metanogênica Específica
Para poder avaliar a possibilidade de tratar o efluente equalizado por tratamento
anaeróbio, foram realizados testes de atividade metanogênica e biodegradabilidade com
lodos, de diferentes origens para uso nos reatores.
Com a realização dos testes, de atividade metanogênica específica máxima dos lodos,
concluiu-se que o melhor seria o lodo de uma usina de açúcar proveniente de um reator
UASB tratando vinhoto. Conforme mostrado na tabela 20 abaixo.
Tabela 20- Resultados dos Testes da Atividade Metanogênica Específica (AME)
Experimento AME ( I ) AME ( II ) AME (III)
Massa de lodo (g) 5,13 7,7 10,27
Concentração do substrato AGV (g DQO/L) 4,0 4,0 4,0
Volume do reator Usado no experimento(L) 0,5 0,5 0,5
Concentração de lodo no reator (g) 1,0 1,5 2,0
Percentagem de SSV no lodo (%) 9,74 9,74 9,74
Ativ. Metanog. Esp. (g DQO-CH4/g SSV.d) 0,231 0,239 0,250
A terceira atividade metanogênica apresentou-se maior, provavelmente devido a uma
maior massa de lodo.
Encontram-se os testes da atividade metanogênica realizada com lodo de cervejaria,
indústria de alimentos e de um efluente de matadouro, todos provenientes de reator
UASB, e a metodologia usada foi a proposta por FLORÊNCIO (1994) e ROCHA et al.,
(2001),
Os gráficos da Figura 22, referem-se a quantidade de metano acumulado e à
representação da AME em DQO-CH4/L em função do tempo durante os testes com lodos
anaeróbios através da atividade metanogênica específica realizada.
100
Atividade Metanogenica Específica 1
0
200
400
600
800
1000
0246
Tempo em dias
8
AME1
AME 1
( I )
Atividade Metanogenica Especifica 2
0
200
400
600
800
1000
0246
Tempo em dias
8
AME 2
AME 2
( II )
Atividade Metanogenica Específica 3
0
200
400
600
800
10 0 0
02468
Tempo em dias
AME 3
AME 3
( III )
Figura 22- Gráficos da AME, em função do tempo durante os testes. Foram realizados
testes de biodegradabilidade; estáticos e com agitação, bem como, com e sem nutrientes.
101
8.0 – Testes de Biodegradabilidade Anaeróbia
Na figura 23 é apresentado o gráfico da biodegradabilidade realizada com quatro lodos
de reatores UASB tratando: esgoto, doméstico, efluente de matadouro, chorume e
vinhoto.Teste estático.
(
%
)
de Biode
g
radabilidade com 4
lodos de reatores UASB
0
20
40
60
80
0246
Dias de Experimento
(%)
8
L.U Esg.D L.U.Matad
L.U.Chor. L.U Us ina
Figura – 23 – Biodegradabilidade com quatro lodos de reatores UASB.
Dentre os experimentos de biodegradabilidade realizados com quatro lodos provenientes
de reatores UASB tratando diferentes efluentes, o com lodo de usina de açúcar tratando
vinhoto, foi o que apresentou a melhor biodegradabilidade para o efluente da lavanderia
industrial. Possivelmente por estar adaptado a altas cargas orgânicas, não sofrendo
choque com o efluente estudado.
A segunda fase da primeira etapa dos resultados e discussão serão mostradas e
discutidas, através da Análise de Componentes Principais (ACP).
9.0 - Resultados com gráficos de componentes principais - ACP
As Figuras 24, 25 e 26 mostram os resultados das Análises de Componentes Principais
(ACP), feitas a partir da correlação de todos os parâmetros físico-químicos das análises do
efluente bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente).
Obtiveram-se três gráficos da ACP com quatro componentes principais, totalizando 71%
das amostras caracterizadas por estes componentes conforme os parâmetros destacados
a seguir:
102
Tabela – 21 - Representação matemática da combinação linear de todo os pesos e
gráficos de PC1, PC2, PC3 e PC4
PC_01
(32
%)
PC_02 (16%) PC_03 (15%) PC_04 (8%)
pH 9,50E-02
-0,222
-9,62E-03 9,15E-02
Temp 0,17
0,172
5,83E-03 8,56E-02
DQO
0,261
8,68E-02 0,197 0,137
DBO 0,217 7,71E-02
0,228
0,192
ST
0,263
-0,216 -7,65E-02 -1,25E-02
STV
0,23
-0,11 8,55E-02 0,252
SDT 0,102
-0,377
-0,171 5,77E-02
SDv 0,123 -1,03E-03 0,177
0,256
SST
0,259
0,186 0,115 -9,67E-02
SSV
0,218
-0,122 4,34E-02 0,212
STF 0,214
-0,217
-0,153 -0,149
SDF 8,57E-02
-0,378
-0,192 1,83E-02
SSed
0,201
9,78E-02 -3,41E-02 -0,115
Fe
0,271
7,87E-02 4,61E-02 -0,22
Cu
0,274
7,15E-02 -3,21E-02 -3,01E-02
Ni
0,24
0,189 0,207 -3,57E-02
Cd
0,189
3,26E-02 0,165 0,176
Pb 0,145 0,156
-0,302
0,277
Zn 9,60E-02 -0,172 -5,89E-02
-0,279
Ba 0,186
0,239
-0,229 -0,14
Mn -1,48E-02
0,271
-0,246 -3,65E-02
Al 0,154 0,245 -7,47E-02
-0,348
Ca -4,52E-02 0,206
-0,325
0,238
Mg
-0,146
-6,49E-02 0,141 -0,135
Dureza -2,07E-02 0,187
-0,318
0,245
Cl
0,28
-0,268 -0,198 -0,113
Alcal, -0,162 -4,13E-02
0,246
-0,192
NTK -2,84E-02 1,63E-02
0,356
-0,108
O&G 3,06E-02 7,24E-02 0,105
-0,212
P 0,174 6,64E-02 -8,39E-02
-0,295
103
As Figura 24 mostra os resultados das Análises de Componentes Principais (ACP) feitas
a partir da correlação de todos os parâmetros físico-químicos das análises do efluente
bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente).
Afluente
Equalizado
Efluente
Mg CP1(32%) Cd, SSed, SSF, DBO, SSV, STV, Ni, SST, DQO, ST, Fe, Cu e Cl
SDF, SDT, STF, pH CP2 (16% de Variancia) Temp. , Ba e Mn
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
-7-6-5-4-3-2-1012345678910
Figura – 24 - Gráfico dos escores dos objetos nas duas componentes principais da
Análise de Componentes principais para a caracterização dos efluentes; bruto (afluenete),
equalizado e tratado (afluente), segundo parâmetros físico químicos e teor de metais.
Na componente principal 1 (PC1), 32% das amostras foram caracterizadas pelos sólidos
sedimentáveis (S. Sed), sólidos totais (ST), sólidos totais voláteis (STV), sólidos
suspensos totais (SST), sólidos suspensos fixos (SSF), sólidos suspensos voláteis (SSV),
cádmio, cobre, ferro, níquel e cloretos, DQO e DBO.
Os altos teores de DQO, DBO, cloretos, S. Sed, ST, STV, SST, SS, SSV; foram
encontrados no efluente bruto (afluente), nos meses de maior demanda de peças lavadas
(produzidas) quando se chega a trabalhar durante 24 horas (10/01; 15/01; 18/07; 19/08;
10/12), devido aos vários tipos processos e ao tingimento, nos quais se usa uma grande
quantidade de cloreto de sódio (NaCl), para fixar o corante ao tecido, bem como ao
processo de estonagem sendo que um dos principais produtos usados é a pedra de argila
expandida. Por causa do atrito causado dentro das máquinas de lavar entre as peças de
104
jeans e as pedras, há um desgaste das mesmas liberando uma grande quantidade de
sólidos.
O magnésio no efluente tratado se dá pelas impurezas contidas no hidróxido de cálcio
adicionado para o tratamento físico-químico, que, devido ao reuso do efluente tratado o
magnésio também aparece no efluente equalizado, além da água usada nos processos
da lavanderia ser do rio Capibaribe, que é uma água salobra possuindo dureza alta.
Na componente principal 2 (CP2), 16% das amostras foram caracterizadas por altos
teores de bário, manganês e temperatura no efluente bruto (afluente) coletados nos dias
10/01; 15/04 e 10/12, meses caracterizados por maior produção, maior uso de produtos
químicos e de água, e, conseqüentemente, maior geração de efluente (com temperaturas
elevadas e teores de bário e manganês, no efluente bruto e equalizado). Os valores das
temperaturas são devido aos processos usados na lavanderia industrial que são quase
todos a quente, variando entre 40 a 80ºC. O bário atribui-se ao uso de corantes, e o
manganês é proveniente da água usada no processo, devido à característica da região.
Conforme mostrado, no gráfico da ACP na figura 24 dos Sólidos totais fixos, sólidos
dissolvidos totais e sólidos dissolvidos fixos, também foram destacados como variáveis de
maior peso. Estes valores são devido ao uso de cloreto de sódio que está dissolvido no
efluente e nos sólidos fixos após calcinação a 550°C, permanecem como matéria
inorgânica.
105
Afluente
Equalizado
Efluente
Mg CP1(32%) Cd, SSed, SSF, DBO, SSV, STV, Ni, SST, DQO, ST, Fe, Cu e Cl
Ca, Dureza e Pb CP3(15% de Variancia) DBO, Alc. e NTK
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
-7-6-5-4-3-2-1012345678910
Figura 25- Gráfico dos escores dos objetos nas duas componentes principais da primeira e
da terceira da ACP análise de componentes principais para a caracterização dos
efluentes; bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente), segundo parâmetros físico-
químicos e teor de metais.
Na componente principal 3 (PC3), correspondendo a 15% das amostras do efluente bruto
e tratado, coletados nos dias 15/04 e 19/08 - maior predominância de DBO,
alcalinidade e nitrogênio total.
O teor da alcalinidade encontrado pode ser devido à adição de barrilha, um abrasivo
usado para dar efeito envelhecido à peça, que é o carbonato de sódio e possui sais de
sódio na sua fórmula, aumentando a alcalinidade e elevando o pH, para alcalino. As
enzimas usadas nos processos elevam o teor do nitrogênio total (NTK), por serem
proteínas e servem para catalisar as reações bioquímicas.
106
Mg CP1(32%) Cd, SSed, SSF, DBO, SSV, STV, Ni, SST, DQO, ST, Fe, Cu e Cl
Al, Zn, P e O&G CP4 (8%de variancia) SDV
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Afluente
Equalizado
Efluente
Figura 26 Gráfico dos escores dos objetos nas duas componentes principais da primeira e
da quarta da ACP análise de componentes principais para à caracterização dos efluentes
bruto (afluente), equalizado e tratado (efluente), segundo parâmetros físico-químicos e
teor de metais.
Na componente principal 4 (PC4), corresponde a 8% das amostras, foram caracterizadas
por teores de SDV no efluente bruto coletados nos dias 15/04, 18/06, 18/07, 18/09 e 8/02;
e equalizado coletados nos dias 10/01 e 04/02/02. Os altos teores de SDV encontrados
foram devido à matéria inorgânica e orgânica dissolvidas; inclui principalmente o NaCl, a
cor e corantes orgânicos, os metais; Al, Zn e o fósforo contidos nos efluentes. O teor de
alumínio é devido à adição de Al
2
(SO
4
)
3
no tratamento físico-químico; o zinco provem da
formulação dos corantes, e o fósforo é devido ao uso de igualizantes, que é um fosfato, e
os óleos e graxas estão presentes no efluente bruto coletado nos dias 10/12/01 e
10/01/02, devido à limpeza, manutenção e lubrificação das máquinas.
10 - Reatores
Na segunda e última etapa serão apresentados e discutidos os dados da tratabilidade e
biodegradabilidade do reator seqüencial em batelada, UASB e filtro biológico.
10,1 - Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio
São vários os fatores que influenciam na digestão anaeróbia. Dentre estes fatores se
destacam a temperatura, o pH, a alcalinidade e a presença de nutrientes.
107
No processo da digestão anaeróbia a temperatura é um dos fatores ambientais mais
importantes, porém no experimento realizado no Laboratório de Saneamento Ambiental da
UFPE, onde a sala é aclimatada a 30 ºC, a temperatura estava controlada não ocorrendo
variações bruscas que pudessem interferir na digestão anaeróbia. Antes de cada
alimentação dos reatores as amostras ficavam por 2 horas, aproximadamente, na sala
aclimatada para que atingissem a temperatura ambiente, não causando choques de
temperatura durante a alimentação.
Nos gráficos a seguir os valores do pH das amostras do afluente e do efluente do RSBAN
estão representadas por cores, onde a cor azul siguinifica que 25% das amostras tinham
um pH em torno de 7,5 , o quadrado pequeno de cor preta indica que 50% das amostras
possuíam pH próximo de 8,0; e para podermos identificar os outros percentuais é só
olharmos o desenho no gráfico e verificar a legenda.
10.1.1- Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio – RSBAN - pH
pH -RSBAN 24h
6
6
7
7
8
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
( A )
pH -RSBAN 48h
6
6
7
7
8
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
( B )
108
pH -RSBAN 72h
6
6
7
7
8
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
( C )
Figura 27- Valores de pH analisados no afluente e efluente do RSBAN, com TDH de 24,
48 e 72 h.
A concentração hidrogeniônica é um parâmetro importante de qualidade dos efluentes
industriais.Os efluentes com concentração inadequada do íon hidrogeniônico são difíceis
de serem tratados por processos biológicos.
Geralmente, o pH ótimo para todos os tratamentos biológicos situa-se na faixa de 6,0 a
8,0. Valores fora desta faixa tornam o meio extremamente seletivo para os seres vivos
(Chernicharo,1997).
No experimento com TDH de 24, 48 e 72 h, houve pequenas variações de pH no efluente
de alimentação do reator. Com TDH de 24 h, os valores de pH apresentaram maior
oscilação - mínimo de 6,0, médio em torno de 7,0, e máximo de 7,5; e no efluente
tratado os valores de pH estavam mais estáveis, demonstrando uma melhor adaptação
no reator.
Nos experimentos com tempo de detenção de 48 e 72 h, não houve muita variação de pH,
- o mesmo esteve na faixa de 6,8 a 7,5 mais estáveis, indicando que o sistema apresenta
pH favorável as bactérias produtoras de metano e o sistema anaeróbio estava em
equilíbrio (Figura 27).
Dessa forma, o controle de pH tem como objetivo principal à eliminação de risco de
inibição das bactérias metanogênicas pelos baixos valores de pH, evitando assim falha no
processo anaeróbio. A Demanda Química de Oxigênio (DQO) refere-se à quantidade de
oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica e inorgânica presente
nos efluentes. Corresponde à oxidação química da matéria orgânica, obtida através de um
109
forte oxidante (dicromato de potássio) em meio ácido. Portanto, ocorre oxidação da fração
biodegradável e da fração inerte.
10.1.2 – Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio – RSBAN – DQO
(A)
DQO- RSBAN 24h
0
100
200
300
400
500
600
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
10
20
30
40
50
60
Efic (%)
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
(B)
DQO- RSBAN 48h
0
100
200
300
400
500
600
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
10
20
30
40
50
60
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
(C)
DQO- RSBAN 72h
0
100
200
300
400
500
600
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
Efic (%)
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Figura 28- Valores de DQO analisados no afluente e efluente do RSBAN, com TDH de 24,
48 e 72 h.
110
A DQO tem se demonstrado um parâmetro bastante eficiente no controle de sistemas de
tratamentos anaeróbios de esgotos sanitários e de efluentes industriais.
Após o impulso que estes sistemas tiveram a partir da década de 70, quando novos
modelos de reatores foram criados e muitos estudos foram conduzidos, observa-se o uso
prioritário da DQO para o controle das cargas aplicadas e das eficiências obtidas.
Com TDH de 24 h, houve uma pequena redução da carga orgânica, aumentando com o
TDH de 48 h, e tendo uma eficiência de remoção da DQO em torno de 55%, e com 72 h a
eficiência foi de 65%, mostrando que o lodo ainda estava se adaptando ao efluente no
reator.
Os sistemas biológicos de tratamento de resíduos devem atender alguns importantes
aspectos: remoção da matéria orgânica, portanto, redução da demanda química e
bioquímica de oxigênio do resíduo a ser tratado; se possível, à degradação de compostos
químicos orgânicos de difícil degradação (recalcitrantes); fornecimento de um efluente
dentro dos padrões de lançamento estabelecido pela legislação vigente que não altere o
equilíbrio do corpo receptor causando danos ao meio ambiente.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) retrata a quantidade de oxigênio requerida
para estabilizar, por meio de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea
presente nos resíduos. É uma indicação indireta, portanto, do carbono biodegradável.
Relaciona-se à oxidação bioquímica da matéria orgânica realizada inteiramente por
microrganismos.
No campo do tratamento de esgotos, a DBO
5,20
é um parâmetro importante no controle
das eficiências das estações, tanto de tratamentos biológicos aeróbios e anaeróbios, bem
como físico-químicos.
111
10.1.3 – Reator Seqüencial em Batelada Anaeróbio – RSBAN - DBO
DBO-RSBAN 72h
0
50
100
150
200
250
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de remoção(%)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Efic (%)
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Figura 29– Valores de DBO analisados no afluente e efluente do RSBAN , com TDH de 72
h.
A DBO com TDH de 72 h (Figura 29) apresentou redução mínima de 40%, média de 60%
e máxima em torno de 70%, mostrando que, bioquimicamente, o efluente tem maior
degradação do que quimicamente devido à complexidade do efluente e os interferentes.
10.2 – Reator de manta de Lodo – UASB
A figura 30 mostra valores de pH do reator UASB com TDH de 24, 48 e 72 h
112
10.2.1 –
Reator de manta de lodo – UASB – pH
pH - UASB 24 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
pH - UASB 48 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
pH - UASB 72 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Figura 30-Valores de pH analisados no afluente e efluente do reator UASB, com TDH de
24, 48 e 72 h.
De acordo com a Figura 30, o pH da amostra de alimentação do reator variou de 6,5 a 7,0
,demonstrando pouca variação entre os dados, enquanto o pH do efluente permaneceu
em torno de 8,0, indicando que o reator apresentou bom funcionamento, com efluente de
lavanderias industriais.
113
10.2.2 – Reator de manta de lodo – UASAB - DQO
DQO - UASB 24 h
0
200
400
600
800
1000
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
20
40
60
80
Efic (%)
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
DQO - UASB 48 h
0
200
400
600
800
1000
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
70
75
80
85
90
95
Efic (%)
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
DQO - UASB 72 h
0
200
400
600
800
1000
Afluente Efluente
mg o2/l
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Figura 31 - Valores de DQO analisados no afluente e efluente do reator UASB, com TDH
de 24, 48 e 72 h.
A DQO realizada no Efluente do Reator UASB (Figura-31), obteve redução em torno de
70%, já no primeiro experimento e nos outros dois experimentos com TDH de 48 e 72 h,
a eficiência máxima de remoção da DQO foi de 85% e 90% respectivamente. Apesar da
amostra de alimentação (efluente equalizado) apresentar maior valor de DQO, mostrando
que este reator pode ser usado para tratar efluentes têxteis. Indicando que os percentuais
114
de redução estão de acordo com as literaturas estudadas (Carliell et al., 1996; Delée et
al.,1998; Cervantes et al., 2001; Spanjers, 2002), tratando efluentes de lavanderias
industriais com reator UASB obteve redução da DQO acima de 85%.
10.2.3 – Reator de Manta de Lodo - UASB - DBO
DBO - UASB 24 h
0
50
100
150
200
250
300
Afluente Ef luente
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Eficiencia de Remoção
0
20
40
60
80
100
Efic (%)
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
DBO - UASB 48 h
0
50
100
150
200
250
300
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
70
75
80
85
90
95
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
DBO - UASB 72h
0
50
100
150
200
250
300
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
86
88
90
92
94
96
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Figura 32- Valores de DBO analisados no afluente e efluente do reator UASB, com TDH de
24, 48 e 72 h
115
Na (Figura 32) observa-se que a DBO analisada no efluente com os três TDH, apresentou
eficiência de remoção em torno de 85 a 90%, indicando que o reator UASB apresentou
uma ótima redução de DBO tratando efluente têxtil, mostrando que o tratamento é viável
por digestão anaeróbia com o uso do reator UASB.
10.3 – Filtro Biológico Anaeróbio
10.3.1 – Filtro Biológico Anaeróbio – pH
Filtro Biológico - pH 24 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
( A )
Filtro Biológico - pH 48 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
( B )
Filtro Biológico - pH 72 h
0
2
4
6
8
10
Afluente Efluente
pH
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
( C )
Figura 33 - Valores de pH analisados no afluente e efluente do filtro biológico, com
TDH de 24, 48 e 72 h.
De acordo com a figura 33, observa-se que o pH do afluente do FBAN variou em torno de
6,0 a 7,5 mostrando pequena variação entre os valores, enquanto que o pH do efluente
116
permaneceu na faixa de 8,0. Portanto pode-se dizer que o FBAN não foi submetido a
mudanças bruscas de pH, a fim de comprometer o seu funcionamento e desempenho,
favorecendo o crescimento das bactérias no leito fixo.
10.3.2 – Filtro Biológico Anaeróbio - DQO
Filtro Biológico - DQO 24 h
0
200
400
600
800
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
20
40
60
80
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Filtro Biológico - DQO 48 h
0
100
200
300
400
500
600
700
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Filtro Biológico - DQO 72 h
0
200
400
600
800
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Figura 34 Valores de DQO analisados no afluente e efluente do filtro biológico anaeróbio ,
com TDH de 24, 48 e 72 h.
117
A (figura 34) mostra que a DQO na amostra de alimentação do FBAN ocorreu pequenas
variações, devido ao tempo que as amostras ficam acondicionadas sob refrigeração antes
de cada alimentação. A DQO afluente estava em torno de 200 a 500 mg O
2
/L. Apesar da
variação da DBO na amostra de alimentação do Filtro biológico Anaeróbio, o efluente
tratado obteve-se uma redução de 50% a 80% mostrando que este tipo de tratamento
poderá ser melhor estudado para a sua aplicabilidade em tratamentos de efluentes de
lavanderias industriais
.
10.3.3 – Filtro Biológico Anaeróbio - DBO
Filtro Biológico - BDO 24 h
0
100
200
300
400
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficncia de Remão(%)
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Filtro Biológico - BDO 48 h
0
50
100
150
200
250
300
350
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiencia de Remoção(%)
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Filtro Biológico - DBO 72h
0
100
200
300
400
Afluente Efluente
mg O2/L
25%
50%
90%
10%
Mín
Máx
75%
Eficiência de Remoção (%)
0
20
40
60
80
100
Ef ic ( % )
(%)
25%
50%
90%
10%
Mín
x
75%
Figura 35 Valores de DBO analisados no afluente e efluente do filtro biológico anaeróbio,
com TDH de 24, 48 e 72 h.
118
A (figura 35) mostra que a DBO da amostra de alimentação apresentou variações, em
torno de 100 a 350 mg O
2
/L. Estas variações não comprometeram o desempenho do filtro
biológico anaeróbio mantendo a eficiência de remoção em torno de 50% a 85%,
apresentando boa redução da matéria orgânica.
A Tabela 22 mostra os valores médios, máximos, mínimos e desvio padrão, estatística
básica dos parâmetros analisados nos reator UASB e filtro biológico
119
10.3.4 - Resultados do Reator UASB e Filtro Biológico Anaeróbio
Tabela 22 – Estatística básica da segunda fase do experimento com reator UASB e Filtro
biológico anaeróbio.
AFLUENTE PARÂMETROS MÉDIA MÁXIMO MÍMIMO DESVIO
PADRÃO
N
pH 6,8 7,3 6,5 0,175 32
DQO (mg O
2
/L) 540,7 852 329 119,2 76
DBO (mg O
2
/L) 184,2 320 100 44,1 76
ALCALINIDADE (mg CaCO3/L ) 354,9 375,4 339 11,25 19
ST (mg/l) 3046 3234 2730 145 19
STV (mg/L) 368 609 274 102 19
STF (mg/L) 2678 2774 2422 113 19
SDT (mg/L) 2766 3404 1028 735 19
SDV (mg/L) 287 326 242 31 19
SDF(mg/L 2481 3148 724 745 19
SST (mg/L) 423 2206 14 875 19
SSV (mg/L) 95,4 300 16 98 19
SSF(mg/L) 531,5 1906 50 917 19
COR ( UH) >100
* * *
14
TURBIDEZ (UT) 140,6 305 39,1 84,4 14
UASB pH 7,8 8,1 7,4 0,179 32
DQO (mg O
2
/L) 181,1 380 88 58,1 76
DBO (mg O
2
/L) 23,8 70 10 11,6 76
ALCALINIDADE(mg CaCO3/L ) 397 424 363 17,17 18
ST (mg/l) 2816 6704 1614 1285 19
STV (mg/L) 399 2122 92 589 19
STF (mg/L) 241,6 6454 1470 1051 19
SDT (mg/L) 2586 6144 1400 1011 19
SDV (mg/L) 211 380 120 61,4 19
SDF (mg/L) 2375 5900 1196 1007 19
SST (mg/L) 193,5 2034 42 168,8 19
SSV (mg/L) 126 1906 20 99,2 19
SSF (mg/L) 302 554 36 356,4 19
COR ( UH) 73,5 120 20 23,9 14
TURBIDEZ (UT) 24,7 268 1,52 7,02 14
FBAN pH 7,4 7,7 7,4 0,197 32
DQO (mg O
2
/L) 183 263 84 57,2 76
DBO (mg O
2
/L) 25 40 10 6,9 76
ALCALINIDADE (mg CaCO3/L ) 367,4 408 331 20,26 18
ST(mg/l) 2489 7412 936 1232,7 19
STV(mg/L) 223 724 54 127,06 19
STF (mg/L) 2266 7088 668 1218,7 19
SDT(mg/L) 2711 7592 1560 1273 19
SDV (mg/L) 278 1170 104 245 19
SDF (mg/L) 2434 7358 1360 1255 19
SST (mg/L) 116 166 22 48 19
SSV(mg/L) 69 218 20 63 19
SSF(mg/L) 111 162 92 27 19
COR (UH) 75 160 40 32,4 14
TURBIDEZ (UT) 34,2 115 3,2 40,4 14
120
10.4 – Resultados do Experimento Realizado com Cinco Tempos de Detenção
Hidráulica.
Tabela 23 - Experimento realizado (Reator UASB) com cinco tempos de detenção
hidráulica para verificar a eficiência dos mesmos e principalmente a redução da cor e
turbidez.
Experimento REATOR UASB - TDH - 40 hs
Entrada - Afluente Saida - Efluente
Início pH Cor Turb. Alcal. DQO DBO ST STV pH Cor Turb. Alcal. DQO DBO ST STV %red.DQO %red.DBO
20/dez 7,1 > 100 46,5 357 400 160 3048 274 8,0 100 1,52 409 88 35 1974 170 78 78
22/dez 7,3 > 100 39,1 355 496 130 3180 468 8,0 120 2,45 408 136 30 1982 258 73 77
24/dez 6,9 > 100 39,7 375,4 480 140 2992 242 8,0 80 1,64 363 120 40 1924 208 75 71
Experimento REATOR UASB - TDH - 30 hs
26/dez 7,1 > 100 356 488 190 3012 280 7,7 80 2,68 368 158 40 2730 308 68 79
28/dez 6,8 > 100 305 406 550 280 3130 380 8,0 100 2,00 406 104 35 1972 120 81 88
30/dez 7,1 > 100 130 371,3 477 230 3000 7,7 80 2,96 408 158 30 2106 146 67 87
Experimento REATOR UASB - TDH - 24 hs
01/jan 6,8 > 100 182 351 509 110 3234 604 7,9 80 4,29 423 182 15 2854 174 64 86
02/jan 6,9 > 100 46 339 362 100 3028 342 8,0 80 3,25 410 123 15 2970 182 66 85
03/jan 6,7 > 100 147 345 370 100 3072 322 7,9 80 3,00 392 127 10 2816 216 66 90
Experimento REATOR UASB - TDH - 12 hs
04/jan 7,1 > 100 53 350 461 240 3048 294 7,9 80 5,74 398 163 20 2700 222 65 92
05/jan 6,8 > 100 232 347 535 320 2728 248 7,8 80 9,64 389 194 20 2924 220 64 94
06/jan 7,0 > 100 205 365 537 170 2608 204 7,8 80 12,5 424 145 15 2054 206 73 91
Experimento REATOR UASB - TDH - 08 hs
10/jan 6,8 > 100 165 344 420 150 2730 308 7,6 80 14,1 398 184 25 2856 216 56 83
10/jan 6,9 > 100 189 343 400 130 2680 280 7,7 80 24,8 396 192 20 2104 152 52 85
11/jan 6,9 > 100 189 343 400 135 2560 250 7,7 80 14,7 376 163 15 2036 120 59 89
Tabela 24- Experimemto realizado com Filtro Biológico Anaeróbio com cinco tempos de
detenção hidráulica para verificar a eficiência dos mesmos e principalmente a redução da
cor e turbidez.
Experimento FILTRO BIOLOGICO - TDH - 40 hs
Icio pH Cor Turb. Alcal. DQO DBO ST STV pH Cor Turb. Alcal. DQO DBO ST SST %red.DQO % Red. DBO
20/dez 7,1 > 100 46,5 357 400 160 3048 274 8,1 60 4,5 331 104 25 2038 218 74 84
22/dez 7,3 > 100 39,1 355 496 130 3180 468 7,9 60 7,8 408 152 30 1954 180 69 77
24/dez 6,9 > 100 39,7 375 480 140 2992 242 7,9 40 3,2 336 104 25 1940 152 78 82
R
O BIOLOGICO - TDH - 30 hs
26/dez 7,1 > 100 356 488 190 3012 280 7,8 40 4,37 373 158 30 2832 210 68 84
28/dez 6,8 > 100 305 373 500 280 3130 380 8,0 70 3,54 367 125 25 2926 190 75 91
30/dez 7,1 > 100 130 371 477 230 3034 228 7,7 70 3,53 361 158 24 2880 208 67 90
L
TRO BIOLOGICO - TDH - 24 hs
01/jan 6,8 > 100 182 351 509 100 3234 604 7,6 70 11 371 174 20 2918 254 66 80
02/jan 6,9 > 100 46 339 362 110 3028 342 7,5 70 10,9 357 115 30 2936 268 68 73
03/jan 6,7 > 100 147 345 370 110 3072 322 7,5 70 13,1 343 182 20 2036 200 51 82
R
O BIOLOGICO - TDH - 12 hs
04/jan 7,1 > 100 53 350 461 240 3048 294 7,6 80 28 367 200 38 2990 222 57 84
05/jan 6,8 > 100 232 347 535 320 2728 248 7,4 120 80 384 214 30 2926 190 60 91
06/jan 7,0 > 100 205 365 537 170 2608 204 7,7 160 115 398 242 25 2886 268 55 85
R
O BIOLOGICO - TDH - 08 hs
10/jan 6,8 > 100 165 344 420 180 2730 308 7,6 90 59 396 249 30 2098 250 41 83
10/jan 6,9 > 100 189 343 400 155 2700 220 7,3 120 93 371 216 27 2726 148 46 83
11/jan 6,9 > 100 189 343 400 150 2924 220 7,4 120 75,2 357 219 25 2832 210 45 83
121
Gráficos do experimento com Reator UASB e Filtro Biológico Anaeróbio com de 40,
30. 24, 12 e 8 h
(I)
(II)
(III)
(VI)
(V) (VI)
(VII)
(VIII)
Figura 36 - Valores de pH, Turbidez , DQO, DBO,ST, STV, Alcalinidade e cor no afluente,
efluente do reator UASB e do Filtro Biológico Anaeróbio, com TDH de 40, 30, 24, 12 e 8 h.
122
Este experimento teve duração de 420 h com tempos de detenção hidráulica diferentes:
40, 30, 24,12 e 8 horas.
Analisando o Gráfico da Figura 36 – I, observa-se que o pH do efluente do reator UASB e
filtro biológico anaeróbio estiveram entre 7,0 e 8,0 mostrando valores quase que
semelhantes entre os dois experimentos. Segundo Foresti (1994) o pH ótimo para a
digestão anaeróbia e entre 6,8 e 7,5. Mas o processo ainda continua bem sucedido num
limite de 6,0 a 8,0.
O principal fator de tamponamento em um reator anaeróbio é o sistema gás
carbônico/bicarbonato. Uma quantidade adequada da alcalinidade derivada do
bicarbonato deve estar sempre disponível para prevenir uma queda do Ph, que varia
menos quando ocorrem mudanças na alcalinidade, que deve variar entre 250 a 1000
mg/L. Forest (1994). No experimento realizado, a alcalinidade esteve entre 300 e 400
mg/L, deste modo não apresentando muita variação no pH conforme Figura – 35 II.
Segundo Dos Santos (2005), os processos de remoção de cor dos efluentes têxteis tem
sido um constante desafio para a ciência na últimas décadas, e atualmente ainda não
existe um único e econômico tratamento que seja efetivamente capaz de ser empregado
nas estações de tratamento. Apesar de que nos últimos anos foram atingidos grandes
progressos na área da biotecnologia ambiental aplicada á descoloração de corantes no
qual, diferentes microrganismos, tais como, bactérias aeróbias e anaeróbias, fungos e
actinomicetos, mostraram-se viáveis na remoção da cor.
No entanto, nas Figuras 36 – III e 36 – IV, houve uma redução de cor significativa
visualmente. não podendo ser determinada devido a possíveis interferências na
metodologia aplicada e da turbidez em torno de 33 a 71% com TDH de 40, 30 e 24 h, o
mesmo não acontecendo com os TDH de 12 e 08 h.
Os valores de DQO, DBO de reator UASB, com eficiência média muito parecida, porém
o filtro biológico apresentou melhor resultados (figura - 35 VII e VI).
123
CAPÍTULO 6.0
6.1 - CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES
As Principais conclusões do presente trabalho são:
a) Em relação à caracterização
1. A caracterização dos efluentes mostrou que o efluente bruto apresentou altas
variações de carga orgânica, acompanhando a variação dos processos
produtivos.
2. O tanque de equalização funcionou adequadamente pois amorteceu as cargas
hidráulicas e orgânicas.
3. Os valores encontrados para DQO, DBO, pH e sólidos estão de acordo com os
citados na literatura consultada.
b) Em relação ao tratamento.
1. O tratamento físico-químico removeu apenas de 30% a 40% da carga orgânica.
Adicionalmente apresentou concentração elevada de cálcio, alumínio e magnésio
devido á adição de sulfato de alumínio e hidróxido de cálcio, usado para o
tratamento físico-químico que, potencialmente, limita a utilização desse efluente
para outros reusos.
2. O tratamento biológico através do reator seqüencial em batelada anaeróbio,
apresentou uma eficiência media de 55% para DQO, 60% para DBO, não
satisfatória, possivelmente devido ao lodo não estar ainda adaptado ao resíduo.
Neste experimento observou-se redução na cor , porém não pode ser medida pela
interferência causada pela turbidez no efluente.
3. O reator UASB e o filtro biológico anaeróbio apresentaram remoção de DQO média
de 75% e 73%, respectivamente e para DBO de 84% e 80%, respectivamente,
durante o experimento, mostrando que é possível tratar efluentes têxteis com
reatores anaeróbios.
124
6.2 - RECOMENDAÇÕES
Estender o estudo de tratabilidade com reator anaeróbio, usando reator UASB e
filtro biológico anaeróbio como pós - tratamento.
Estudar por um tempo mais prolongado a tratabilidade com reator seqüencial em
batelada anaeróbio, para que o lodo usado esteja mais adaptado ao sistema.
Determinar a concentração de sulfato e sulfetos no efluente do reator seqüencial
em batelada anaeróbio.
Determinar ácidos graxos e ácidos graxos voláteis no efluente do reator seqüencial
em batelada anaeróbio.
Estudar melhor o teor de cloretos no afluente para verificar se o mesmo interferiu na
produção de metano.
Pesquisar e testar um método para leitura da cor no efluente do reator seqüencial
em batelada, onde não haja interferência da turbidez.
Estudar a combinação do tratamento físico-químico com o tratamento biológico
para depuração exclusivamente deste tipo de efluente.
Estudar a tratabilidade conjunta do efluente das lavanderias com esgotos
domésticos pela via biológica anaeróbia.
Sugerir que no sistema de tratamento físico-químico da lavanderia industrial
estudada, onde existem três tanques de equalização com capacidade de 66, 64,6 e
63,8 m
3
. O tanque do meio, o que mede 64,6m
3
, seja transformado em um reator
anaeróbio, pois, pela sua profundidade, podemos observar que já ocorre no
mesmo uma leve formação de bolhas na superfície, indicando um processo
anaeróbio.
125
CAPÍTULO 7.O
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