de um controle efetivo das invasões que na maioria dos casos se estabelecem em áreas
verdes ou áreas periféricas de valor inferior como mercadoria.
Quando o governo estadual despertou para a necessidade de regulamentação do
uso e ocupação do solo por meio da criação de programas regulares de habitação, uma
população considerável já habitava o lugar. Em 1965 foi construído o primeiro conjunto
habitacional da região denominado de Cidade da Esperança (SILVA, 2003). Este também
foi projetado seguindo a tendência dos grandes conjuntos habitacionais (MIRANDA, 1999),
mas a tardia regulamentação em áreas de espaços previamente modelados pelas sucessivas
demarcações de territórios, tornou-se uma estratégia de planejamento pouco eficaz.
Alterações associadas as práticas irregulares de ocupação estão presentes nos dez
bairros que integram a zona administrativa oeste. A deficiência da infra-estrutura evidenciou-
se ao longo dos anos na precariedade de suas respectivas configurações espaciais. Entretanto,
o fator mais grave corresponde ao assentamento de moradores em terras impróprias ou áreas
verdes, classificadas pela legislação municipal como Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs), de
caráter permanente, diretamente interligadas a seis destes bairros. Nesse contexto, Felipe
Camarão destaca-se por deter grande parte dos conflitos habitacionais, pelo fato da ZPA
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e da
ZPA
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ocuparem um espaço significativo dentro de seus limites (NATAL, ECO-NATAL,
1992).
Designada inicialmente de “Sítio Peixe-boi”, e povoada por colônias de
pescadores, a localidade restringia-se a um pequeno povoado às margens do Rio Potengi
(CASCUDO, 1980). Em 1962, uma fração significativa dessas terras, registradas como de
propriedade particular de um português chamado Manoel Machado, foram vendidas como
parte da herança de sua viúva a outro estrangeiro, o alemão Gerold Geppert, que instituiu as
primeiras iniciativas de parcelamento do solo local com a criação de um loteamento
denominado pelo mesmo de “Reforma” (CASCUDO, 1980). Seis anos depois da instituição
desse loteamento, Peixe-boi foi elevado à categoria de bairro em 22 de agosto de 1968,
passando a se chamar Felipe Camarão, em homenagem ao Índio Poti, que morreu em combate
contra os invasores holandeses. Doze anos após ao seu reconhecimento como bairro, foi
incorporado à região metropolitana de Natal (NATAL, SEMURB, 2003).
A ocupação e loteamento do Campo Dunar do Guarapes (ZPA
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), começou por
volta de 1960 e atingiu seu ponto máximo em 1974. As habitações existentes no local foram
implantadas preferencialmente nos sopés e nas encostas de declives suaves com
predominância do padrão autoconstruído (COSTA e MARINHO, 2004), colaborando com o
aparecimento de situações de risco. Outras alterações decorrentes da urbanização da área