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contribuírem com esse objetivo, ou seja, o bom operário.’ Desse modo, o contraponto da
eficácia do curso de aprendizagem é o ‘enquadramento intelectual condiciona o aprendiz a se
limitar à reprodução de conhecimentos já elaborados, além do que conduz a uma acomodação
ao status de operário e de conformismo à ordem social’ (CUNHA, 2000, p. 75-76).
No final dos anos 60 e início dos 70, o Brasil foi marcado pela concepção de que a
‘educação deveria vincular-se aos planejamentos econômicos globais, que tivessem por meta
o desenvolvimento do capitalismo no país e sua inserção nas economias centrais’. A Teoria do
Capital Humano -TCH
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responde ideologicamente a esta possibilidade e aspiração e constitui-
se como ‘referencial capaz de transformar a educação, de um lado, em determinante do
desenvolvimento econômico da nação e, de outro lado, em fator promotor da distribuição de
renda’ (FRIGOTO, 1984 apud, SOUZA; DELUIZ & SANTANA
,
1999, p. 62).
Segundo Saviani (2005), a Teoria do Capital Humano na década de 60 foi saudada
como a demonstração do ‘valor econômico da educação’. Desta forma a educação passou a
ser entendida como algo não meramente ornamental, um mero bem de consumo, mas como
algo decisivo do ponto de vista do desenvolvimento econômico, um bem de produção.
Em seguida, na década de 70, sob a influência da tendência crítico-
reprodutivista, surge a tentativa de empreender a crítica da ‘teoria do capital
humano’. Buscou-se, então, evidenciar que a subordinação da educação ao
desenvolvimento econômico significava torná-la funcional ao sistema
capitalista, isto é, colocá-la a serviço dos interesses da classe dominante: ao
qualificar a força de trabalho, o processo educativo concorria para o
incremento da produção da mais-valia, reforçando, em conseqüência, as
relações de exploração (SAVIANE, 2005, p.19).
Mateo Alaluf (1986) afirma que a teoria do capital humano considera a educação
escolar como um investimento produtivo e constituiu a base daquilo que se chama no presente
de economia da educação. Em conseqüência, os diferentes autores dessa teoria apontam as
seguintes hipóteses:
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Para Fidalgo e Machado Capital Humano refere-se às habilidades, aptidões ou, resumidamente, à capacidade de
trabalho nos níveis teórico e prático que os indivíduos possuem e que, quando aplicadas ao processo de trabalho,
podem agregar mais valor ao produto final. Esta capacidade é desenvolvida em diferentes espaços ao longo da
vida, mas especialmente em espaços de educação, de formação profissional. (...) refere-se ao conjunto dos
investimentos realizados no sentido de desenvolver aquela capacidade, ou seja, são os investimentos feitos por
iniciativas do poder público ou diretamente do capital para elevar o nível de formação da mão de obra com o
intuito de fazer acrescer o valor do produto final. O conceito de capital humano ganha uma elaboração
sistemática com T. Schultz, no final dos anos 1950 e está filiado à escola neoclássica de economia. (...) As
criticas a este conceito ressaltam seu caráter apologético, que mistifica as relações capitalistas e esconde as
verdadeiras razões das desigualdades e contradições do sistema. (FIDALGO & MACHADO, 2000, p. 46).