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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MATURAÇÃO
DE SEMENTES E EMERGÊNCIA DE Erythrina
variegata L.
MIELE TALLON MATHEUS
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
MARÇO – 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MATURAÇÃO
DE SEMENTES E EMERGÊNCIA DE Erythrina
variegata L.
MIELE TALLON MATHEUS
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, para obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Lopes
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
MARÇO – 2008
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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Matheus, Miele Tallon, 1983-
M427c Caracterização morfológica, maturação de sementes e emergência de
Erythrina variegata L. / Miele Tallon Matheus. – 2008.
87 f. : il.
Orientador: José Carlos Lopes.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro de Ciências Agrárias.
1. Fisiologia vegetal. 2. Morfologia vegetal. 3. Sementes. 4. Plantas -
Maturação. 5. Plantas - Desenvolvimento. I. Lopes, José Carlos. II.
Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Agrárias. III.
Título.
CDU: 63
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, MATURAÇÃO
DE SEMENTES E EMERGÊNCIA DE Erythrina
variegata L.
MIELE TALLON MATHEUS
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, para obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal.
Aprovada: 14 de março de 2008.
Prof. Dr. José Augusto T. do Amaral Profª. Drª. Queila de Souza Garcia
Centro de Ciências Agrárias - UFES Instituto de Ciências Biológicas - UFMG
Prof. Dr. Rodrigo Sobreira Alexandre Prof. Dr. Ruimário Inácio Coelho
Escola Agrotécnica Federal de São
João Evangelista – EAFSJE
Centro de Ciências Agrárias - UFES
Prof. Dr. José Carlos Lopes
Centro de Ciências Agrárias - UFES
(Orientador)
ii
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Clovis e ao meu irmão Danilo, que apesar de não estarem mais
aqui para compartilharem este trabalho comigo, sempre deixaram evidente o desejo
de que ele acontecesse.
iii
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela minha vida, pelas oportunidades e por até aqui ter me ajudado.
Aos meus pais, Clovis Matheus (in memoriam) e Maria de Fátima Tallon
Matheus, pelo amor, pelo esforço dispensado aos meus estudos e pela presença
nos momentos de alegria, ansiedade e também nos de tristeza.
Ao meu irmão Luciano Tallon Matheus, pela amizade incondicional, pelo
auxílio fundamental nas pesquisas internacionais, pelas revisões e sugestões dos
abstracts desta obra.
Ao meu irmão Danilo Tallon Matheus (i.m.), por ter sido tão meu amigo
enquanto passava por esta vida, ter sempre acreditado no meu trabalho e me
incentivado na realização dos meus sonhos.
À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), por ter me acolhido em
seu Centro de Ciências Agrárias para cursar a Pós-Graduação, me proporcionando
uma aprendizagem de qualidade.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
pela bolsa de estudos.
Ao Professor José Carlos Lopes, por ter sido não somente meu professor e
orientador, mas um grande amigo e exemplo de pesquisador, de dedicação e ética
profissional.
Aos professores do Programa de Pós Graduação em Produção Vegetal do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGPV-
CCA-UFES), pelos conhecimentos transmitidos.
Aos membros da Banca Examinadora desta dissertação, por aceitarem o
convite e por colaborarem para a adequação e melhoria na qualidade deste trabalho.
iv
À minha amiga e cunhada Christiane Fantoni de Mattos, pelas ilustrações e
apoio.
À minha cunhada Patricia Oliveira Freitas e a minha sobrinha Amanda
Freitas Tallon Matheus, pela amizade, carinho e apoio.
Ao meu sobrinho Frederico Matheus de Oliveira Bettencourt Tallon, pela
alegria e inspiração que me passa, mesmo distante.
À Sônia Maria Turini, pelo carinho e apoio.
Ao colega James Robert Chatfield, pela revisão dos abstracts.
À toda equipe do Laboratório de Sementes do CCA-UFES, em especial a
Engenheira Agrônoma Marilda Torres Capucho, pela amizade e pelo auxílio na
condução dos experimentos deste trabalho; ao Laboratorista Jo Maria Barbosa,
pelo auxílio na condução dos experimentos e pelos bons momentos de prosa; a
Engª Agrônoma Nathale Bicalho Corrêa, pela ajuda durante a condução dos
experimentos, pelas sugestões durante a redação dos capítulos desta Dissertação e,
principalmente, pela amizade sincera; a Engª Agrônoma Célia Maria Peixoto de
Macedo, amiga de graduação, de turma e de laboratório, por todo esforço
dispensado à concretização deste trabalho; ao João Paulo Bestete de Oliveira pela
valiosa ajuda e pela amizade, e a todos que passaram pelo Laboratório de
Sementes no período em que desenvolvemos nossos trabalhos.
Ao amigo e Engº Agrônomo Danilo Paulucio da Silva, pelo auxílio na
obtenção de materiais bibliográficos.
Aos meus familiares, em especial a família da Bernadete Tallon Paulucio
(Tia Dete) e Nilson Paulucio (Tio Nilson), por sempre estarem dispostos a me ajudar
e acolher com carinho.
Ao Engº Florestal Jerônimo Boelsums Barreto Sansevero, pelo pronto auxílio
na identificação da espécie junto aos botânicos do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro.
A todos os pesquisadores que, quando necessário consultá-los, foram
receptivos e dispensaram algum esforço para o direcionamento das minhas
pesquisas, em especial ao Dr. Yiqing Li (University of Hawaii at Hilo), ao Dr. James
B. Friday (University of Hawaii), ao Dr. Renato Moraes de Jesus (Instituto Ambiental
Vale) e a Drª. Sônia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade Perez (Universidade
Federal de São Carlos).
v
Às bibliotecárias do CCA-UFES, Maria Cândida Resende Régis Mauri e
Claudia Rocha, pela ajuda nas pesquisas em bibliotecas universitárias e pela
participação na elaboração da ficha catalográfica desta dissertação.
À secretária do PPGPV-CCA-UFES, Madalena Caetana Capucho de
Oliveira, pela dedicação em atender as necessidades acadêmicas dos discentes do
Programa.
À todos que direta, ou indiretamente, tenham colaborado para a realização
deste trabalho e que, por algum motivo, eu tenha esquecido de mencionar nestes
agradecimentos.
vi
BIOGRAFIA
MIELE TALLON MATHEUS, nasceu na cidade do Rio de Janeiro – RJ em 19
de abril de 1983. É filho de Clovis Matheus e de Maria de Fátima Tallon Matheus.
Concluiu o primeiro grau em dezembro de 1997, no Colégio Americano Batista, em
Vila Velha ES, e o segundo grau em dezembro de 2000, no Centro Educacional
Charles Darwin, também em Vila Velha ES. Em abril de 2001 ingressou no curso
de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Espírito Santo, no campus de
Alegre (CCA-UFES), obtendo o grau de Engenheiro Florestal em fevereiro de 2006.
Em março do mesmo ano iniciou o curso de Mestrado em Produção Vegetal, no
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal do CCA-UFES, desenvolvendo
seus trabalhos na linha de pesquisa de Ecofisiologia da Germinação e
Desenvolvimento. Em julho de 2007 obteve a primeira colocação no Concurso
Público para o cargo de Técnico Superior de Serviço Público Engenharia Florestal
da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH), vindo a ser nomeado em
setembro do mesmo ano. Atualmente está lotado na Seção de Produção de Mudas
do Jardim Botânico da FZB-BH.
vii
CONTEÚDO
Página
RESUMO ..............................................................................................................
xi
ABSTRACT .........................................................................................................
xiii
INTRODUÇÃO ....................................................................................................
01
REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................
04
O gênero Erythrina L. e a espécie E. variegata L. ........................................
04
Caracterização morfológica de frutos, sementes, plântulas e
da
germinação ....................................................................................................
06
Germinação de sementes .............................................................................
08
Maturação fisiológica de sementes ...............................................................
09
A temperatura como um fator que afeta a germinação de sementes ...........
11
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
13
CAPÍTULO 1 Morfologia de frutos, sementes e plântulas e emergência de
Erythrina variegata L. ..........................................................................................
22
CAPÍTULO 2 – Maturação fisiológica de sementes de Erythrina variegata L. ...
43
CAPÍTULO 3 Temperaturas cardinais para a emergência de plântulas de
Erythrina variegata L. ..........................................................................................
58
CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................... 72
viii
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO 1
Tabela 1 – Dados biométricos de frutos e sementes de Erythrina variegata L. ..
37
Tabela 2 – Características físicas da semente de Erythrina variegata L. ...........
37
Tabela 3 Emergência (%), índice de velocidade de emergência (IVE), altura
da plântula (cm) e diâmetro médio do coleto de plântulas (cm) de Erythrina
variegata L. após tratamentos pré-germinativos ................................................
38
CAPÍTULO 2
Tabela 1 dias de atributos físicos e aspectos morfológicos de frutos e
sementes de Erythrina variegata L. coletados durante 91 dias após a antese .. 49
Tabela 2 Coeficientes de correlação simples (r) entre comprimento (CF),
diâmetro (DF), massa fresca (MFF), massa seca (MSF) e teor de água dos
frutos (TAF); massa fresca (MFS), massa seca (MSS) e teor de água de
sementes (TAS); emergência (E) e índice de velocidade de emergência (IVE),
obtidos no estudo de maturação fisiológica de sementes de Erythrina
variegata L. ......................................................................................................... 53
CAPÍTULO 3
Tabela 1 Emergência (%),tempo médio de emergência (dias) e índice de
sincronização de emergência ou incerteza (bits) de Erythrina variegata L.
após incubação isotérmica das sementes em diferentes temperaturas (ºC) .....
63
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO 1
Figura 1 A frutos de Erythrina variegata L.; B vista externa da semente
(Teg = tegumento; Hi = hilo; Mi = micrópila; Rf = rafe); C vista interna da
semente (Cot = cotilédone; HR = eixo hipocótilo-radícula) ................................ 39
Figura 2 Freqüência de frutos e sementes, respectivamente, de Erythrina
variegata L. em cada classe de comprimento (A
1
e A
2
), largura (B
1
e B
2
) e
espessura (C
1
e C
2
) ............................................................................................ 40
Figura 3 – A – semente intumescida de Erythrina variegata L.; B – rompimento
do tegumento; C protrusão da radícula; D emissão dos cotilédones (Hip =
hipocótilo; R = raiz); E – emissão dos protófilos (P = protófilo; Epi = epicótilo) ..
41
Figura 4 Emergência de plântulas de Erythrina variegata L. provenientes de
sementes submetidas à escarificação mecânica e posteriormente à imersão
em água por diferentes períodos de tempo ........................................................
42
CAPÍTULO 2
Figura 1 Comprimento e diâmetro dos frutos; massa fresca, massa seca e
teor de água dos frutos; teor de água, massa fresca, massa seca, emergência
e índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de Erythrina
variegata L., durante a maturação fisiológica .....................................................
50
Figura 2 Principais alterações morfológicas observadas no desenvolvimento
das sementes de Erythrina variegata L. durante o processo de maturação
fisiológica ............................................................................................................ 51
x
Figura 3 Teor de água e massa seca de sementes (a) e frutos (b) de
Erythrina variegata L., durante a maturação fisiológica ......................................
52
CAPÍTULO 3
Figura 1 Efeitos da temperatura sobre a velocidade média de emergência
de plântulas de Erythrina variegata L. nas faixas de temperatura infra-ótima
(y
1
) e supra-ótima (y
2
), respectivamente ............................................................ 65
Figura 2 Distribuições de freqüência relativa (FR) da emergência de
plântulas de Erythrina variegata L. em função do período de incubação
isotérmica. E% - porcentagem de emergência; t
m
- tempo médio de
emergência (dias); E - índice de sincronização de emergência ou incerteza
(bits) ....................................................................................................................
66
xi
RESUMO
MATHEUS, Miele Tallon, M.Sc., Universidade Federal do Espírito Santo, março de
2008. Caracterização morfológica, maturação de sementes e emergência de
Erythrina variegata L.. Orientador: José Carlos Lopes.
Objetivou-se caracterizar morfologicamente os frutos, sementes e plântulas,
identificar o ponto de maturidade fisiológica e as condições mais adequadas para a
emergência de plântulas de Erythrina variegata L. Foram coletados frutos maduros
em Vila Velha-ES e Alegre-ES para estudos sobre morfologia e germinação das
sementes. Caracterizaram-se os frutos externamente, as sementes interna e
externamente e os processos de desenvolvimento dos estádios das plântulas. No
estudo da maturação fisiológica, cada flor foi identificada na antese, em Alegre-ES, e
a partir dos 21 dias após a antese (DAA) efetuaram-se coletas semanais de frutos
para avaliações. Na avaliação da emergência foram utilizados os seguintes
tratamentos: sementes intactas; escarificação mecânica; escarificação e posterior
imersão em água por 6, 12 e 24 horas; choque térmico; e imersão em água por 12 e
24 horas. Para o estudo das temperaturas cardinais, as sementes foram incubadas
nas temperaturas constantes de 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34, 36, 38
e 40ºC. Os estudos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado e
os resultados submetidos à análise de variância e as médias das variáveis
submetidas à testes dedia e análises de regressão. Os frutos são vagens
cilíndricas e curvilíneas, polispérmicos, secos, deiscentes, com tamanhos variados e
coloração verde na fase de crescimento e marrom-escuro quando maduros.
Sementes com forma variando de reniforme a elíptica, com tegumento liso e
xii
brilhante, córneo, de castanho-claro ao castanho-arroxeado, hilo pronunciado,
micrópila e rafe conspícuas. Embrião axial, invaginado, com cotilédones plano-
convexos, opostos e iguais, apresentando eixo hipocótilo-radícula curto e infletido. A
germinação é epígea e fanerocotiledonar. A emissão da raiz primária ocorre em três
dias, seguida da emissão dos cotilédones aos seis dias e a emissão dos protófilos
com nove dias após a semeadura. As sementes se mostraram permeáveis à entrada
de água, dispensando tratamentos pré-germinativos. O crescimento dos frutos em
comprimento e diâmetro ocorre até 42 DAA. As sementes começam a germinar aos
63 DAA, quando o teor de água é de 68,1% e a massa seca 481,38 mg semente
-1
. A
máxima emergência e vigor são obtidos aos 77 DAA, que coincide com o máximo
conteúdo de massa seca, frutos castanho-escuros, sementes castanho-arroxeadas,
tegumento córneo e teor de água de 21%, considerado o ponto de maturação
fisiológica dessas sementes. Após 91 DAA ocorre a deiscência dos frutos. Os limites
de temperatura mínimo e máximo observados para a emergência são 14ºC e 38ºC,
respectivamente, enquanto a temperatura ótima é 34ºC.
Palavras-chave: Erythrina variegata L.; morfologia; maturação fisiológica;
temperaturas cardinais; vigor.
xiii
ABSTRACT
MATHEUS, Miele Tallon, M.Sc., Universidade Federal do Espírito Santo, março de
2008. Morphological characterization, seed maturation and emergence of
Erythrina variegata L.. Orientador: José Carlos Lopes.
The objective of the study was to morphologically characterize the fruit, seed
and seedlings of the Erythrina variegata L., plus identify the physiological maturity
point and the optimum conditions for seedlings emergence. For the morphology and
seed germination studies, ripe fruit was collected in Vila Velha-ES and Alegre-ES.
The fruit was characterized externally, and the seed both internally and externally.
The development phases of the seedlings were also characterized. For the
physiological maturation study, each flower was identified at anthesis, in Alegre-ES,
and then fruit collected weekly following the 21
st
day after anthesis (DAA). For the
emergence study, seed samples were prepared as follows: no treatment; mechanical
scarification; scarification followed by soaking in water for 6, 12 and 24 hours;
thermal shock; and water soaking without scarification for 12 and 24 hours. For the
optimum emergence temperature study, random seed samples were incubated at
constant temperature of 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34, 36, 38 and
40ºC. All tests were carried out on a completely randomized design, and the results
submitted to variance analysis and the averages examined using averaging and
regression analysis. The pods vary in size. They are polyspermic, dry and dehiscent,
with a cylindrical and curvilinear form. They are green in color changing to a dark-
brown when mature. The seed has a reniform to elliptical shape, with a smooth,
corneous and shiny tegument with a color ranging from light brown to brown-purple.
xiv
It has conspicuous micropyle and raphe as well as a prominent hilum. The embryo is
axial, invaginated, with plain-convex, opposed and equal cotyledons, and a short
curved hypocotyl-radicle axis. The germination is epigeous and phanerocotylar. The
primary root emerges 3 days after sowing, followed by the cotyledons on the 6
th
day.
The protophyll emerge on the 9
th
day. It was found that no pre-germination treatment
was necessary since the seeds were permeable to water. The fruit continues to grow
in both length and diameter up until the 42
nd
DAA. The seed starts to germinate on
the 63
rd
DAA, when the water content is 68.15% and the dry mass is 481.38 mg per
seed. The maximum emergence and vigor are obtained at the 77
th
DAA which
coincides with the maximum seed dry mass. At this time the fruit has a dark brown
color with brown-purple seeds which have a corneous tegument and a water content
of 21%. This is considered as being the physiological maturation point of the seeds.
The dehiscence of the fruit occurs at the 91
st
DAA. Seed emergence temperature
limits were between 14ºC and 38ºC whereas highest percent emergence was at
34ºC.
Key-words: Erythrina variegata L.; morphology; physiological maturation; cardinal
temperatures; vigor.
INTRODUÇÃO
A espécie em estudo, eritrina indiana (Erythrina variegata L.), é uma
leguminosa arbórea promissora, principalmente por possuir rápido crescimento e
potencial para fixação de nitrogênio, com grande potencial para uso em programas
de recuperação de áreas degradadas e reflorestamento. É uma planta muito
utilizada em diversos países como cerca viva, árvore de sombra entre plantas de
café e cacau, e para a formação de quebra-ventos, e, por ser extremamente
ornamental, é encontrada com freqüência nos canteiros das avenidas, rodovias e em
praças no Estado do Espírito Santo, no Brasil.
Embora E. variegata tenha diversos usos, ainda se conhece pouco sobre as
características morfológicas de seus frutos, sementes e plântulas, sobre a época
ideal de colheita das sementes, bem como sobre o comportamento germinativo de
suas sementes.
Estudos relacionados com a morfologia de frutos, sementes e plântulas
constituem uma ferramenta para a diferenciação das espécies, podendo ser
aplicados em estudos ecológicos relacionados com a dispersão dos diásporos,
auxiliar na análise de sementes e na escolha dos métodos de semeadura, além de
possibilitar a identificação de espécies existentes no banco de sementes do solo.
Frutos e sementes de diferentes espécies variam bastante com relação à
aparência, tamanho, forma, e à localização e estrutura do embrião em relação aos
tecidos de reserva. Esses aspectos não são úteis apenas para a identificação, mas
também com relação aos requerimentos da semente para a germinação (Hartmann
et al., 1997).
2
Durante a maturação, os frutos e sementes sofrem acentuadas modificações
morfológicas, bioquímicas e fisiológicas. Geralmente, algumas dessas alterações se
mostram como bons índices indicadores de maturidade, servindo para orientar a
época ideal de colheita. Os índices indicadores de maturidade variam de acordo com
o tipo de fruto e a espécie e devem ser identificados para cada espécie em particular
(Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993; Calil et al., 2005). Entretanto, Pereira & Mantovani
(2001) destacam que as determinações mais utilizadas para a escolha do ponto de
maturidade fisiológica têm sido o teor de água e a massa seca.
Para a maioria das espécies o ponto ideal para a colheita depende da
ocorrência da maturidade fisiológica da semente, o que em muitos casos coincide
com a máxima acumulação de massa seca (Popinigis, 1985; Duarte et al., 2007).
Nessa fase, geralmente o potencial germinativo e o vigor das sementes se elevam.
Muitas sementes concluem seu desenvolvimento com uma etapa chamada
de secagem ou dessecação de maturação, característica nas sementes ortodoxas.
Estas sementes, quando maduras e dispersas da planta-mãe, apresentam baixo teor
de água, em torno de 5 a 20%, e os seus tecidos uma baixa atividade metabólica
(Hartmann et al., 1997; Carvalho & Nakagawa, 2000; Castro et al., 2004), sendo
evidente que a água deve ser reabsorvida antes que a atividade metabólica possa
recomeçar (Castro et al., 2004). A germinação é o processo que tem início com a
absorção da água pela semente e termina com o alongamento do eixo embrionário,
sendo a protrusão do embrião através do tegumento o ponto que evidencia a
germinação da semente (Brown, 1972; Ching, 1972; Bewley & Black, 1994).
Para que o crescimento do embrião possa ser retomado, isto é, para que
ocorra a germinação, primeiramente é preciso que as condições dos ambientes
químico e físico sejam favoráveis a esse processo (Cardoso, 2004). A germinação,
portanto, pode ser definida como uma série seqüencial de eventos morfogenéticos
que resultam na transformação de um embrião em uma plântula. Entretanto, para
que ela ocorra, é necessário, além do substrato, que haja disponibilidade de água
em níveis ideais, de acordo com o tipo de semente, composição de gases e
temperaturas adequadas. Além de luz, exigida para certas espécies, é preciso que a
semente seja viável, isto é, que o embrião esteja vivo e capaz de germinar e esteja
no estado quiescente, de tal forma que quando submetida a condições de ambiente
ideais, ela germine (Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989).
3
A primeira exigência para a germinação é a presença de água. No entanto, a
germinação ocorre em determinada faixa de temperatura (Castro et al., 2004).
Existem temperaturas mais apropriadas para a germinação, assim como
temperaturas limitantes, dependendo da espécie (Labouriau, 1983; Baskin & Baskin,
2001; Castro et al., 2004).
O objetivo deste trabalho foi caracterizar morfologicamente os frutos,
sementes e plântulas, identificar o ponto de maturidade fisiológica e as condições
mais adequadas para a emergência de plântulas de Erythrina variegata L.
REVISÃO DE LITERATURA
O gênero Erythrina L. e a espécie E. variegata L.
O gênero Erythrina L. pertencente à família Leguminosae-Papilionoideae,
recebe essa denominação genérica em referência à cor de suas flores (Barroso,
1991) que, do grego erythro, significa vermelho. As espécies têm flores vistosas, de
coloração vermelha ou laranja, com néctar abundante e são adaptadas à polinização
por pássaros nectívoros (Neill, 1993; Kass, 1994). Reúne por volta de 115 espécies
de árvores e arbustos, dispersas amplamente pelas regiões tropicais e subtropicais
do mundo (Neill, 1993; Kass, 1994; Marchiori, 1997). Várias espécies de Erythrina,
conhecidas como coral trees do inglês: árvores corais são usadas como
ornamentais (Kass, 1994; Rizzini & Mors, 1995; Marchiori, 1997).
Dentre as espécies arbóreas do gênero está a eritrina indiana (Erythrina
variegata L.), uma árvore de 15 a 20 metros de altura, nativa nas regiões costeiras
da Índia e Malásia, empregada em muitos países tropicais para a produção de
madeira leve e para polpa celulósica (Lorenzi et al., 2003). Além disso, pode ser
utilizada como forrageira, para a formação de quebra-ventos e cerca viva, além de
possuir características ornamentais notáveis, podendo ser aproveitada para uso
paisagístico em geral (Hegde & Dalla Rosa, 1994; Kass, 1994; Lorenzi et al., 2003;
Whistler & Elevitch, 2006). É utilizada como caramanchão para espécies trepadeiras
cultivadas, como Piper nigrum (pimenta-do-reino), Vanilla planifolia (baunilha),
Dioscorea spp. (inhame), entre outras, além de ser usada como árvore de sombra
entre plantas de ca ou cacau (Hegde, 1993;
Hegde & Dalla Rosa, 1994; Kass,
1994; Whistler & Elevitch, 2006). A casca e as folhas possuem usos medicinais na
5
Índia e China (Hegde, 1993). Muthuchelian (1993) destaca que E. variegata tem alta
atividade na assimilação do nitrato. Por ser uma leguminosa capaz de fixar
nitrogênio, torna-se uma espécie útil na recuperação da fertilidade em solos
degradados e ociosos (Hegde, 1993; Whistler & Elevitch, 2006) e suas folhas, cujo
teor de fibras é baixo, são rapidamente decompostas, podendo ser utilizadas para
adubação verde (Hegde, 1993).
Dentre as espécies do gênero Erythrina nativas na Índia, a E. variegata é a
mais popular entre os produtores rurais (Hegde, 1993). Atualmente, no Brasil, E.
variegata vem sendo pesquisada visando seu plantio para produção de moirões
vivos, construção de cercas ecológicas (Faria et al., 1998; Matos et al., 2005) e
fixação de nitrogênio (Faria et al., 1998).
Erythrina é tradicionalmente reproduzida vegetativamente, embora o uso de
sementes geralmente seja viável (Kass, 1994). Hegde (1993) afirma que a
propagação de E. variegata é feita facilmente tanto por sementes, quanto por meio
vegetativo. No entanto, para essa espécie a propagação vegetativa é mais comum
para cercas vivas, moirões vivos, quebra-ventos e para o estabelecimento em áreas
com presença de gado, os quais podem comer os brotos das plantas jovens
(Wilkinson & Elevitch, 2004a). Por outro lado, as sementes geralmente são utilizadas
quando se visa a utilização da planta como caramanchão para outras culturas (Kass,
1994; Wilkinson & Elevitch, 2004a), para formação de árvores espinhosas ou de
sombra (Wilkinson & Elevitch, 2004a).
Wilkinson & Elevitch (2004b) afirmam que a porcentagem de germinação de
E. variegata é comumente 90% ou mais, para sementes recém-colhidas. Entretanto,
recomendam, para aumentar a germinação, a escarificação mecânica dos
tegumentos e a imersão das sementes, durante a noite, em água à temperatura
ambiente. Destacam, ainda, que a imersão em água quente é uma alternativa à
escarificação mecânica, apropriada para lotes grandes de sementes, utilizando-se
água a 80ºC por 10 minutos, e posterior imersão em água fresca durante a noite.
Em virtude de seu crescimento rápido, alta produção de biomassa, forragem
de boa qualidade e usos diversos para madeira leve, E. variegata pode,
provavelmente, se igualar a outras espécies arbóreas populares, em termos
econômicos (Hegde, 1993).
6
Caracterização morfológica de frutos, sementes, plântulas e da germinação
Considerando-se o grande número de espécies de leguminosas, fica
evidente a existência de problemas taxonômicos e impasses filogenéticos, que a
análise tradicional de órgãos vegetativos e florais é insuficiente para solucionar.
Desta forma, é necessário o estudo de frutos, sementes, plântulas e plantas jovens,
não somente com propósitos taxonômicos, filogenéticos ou ecológicos, mas também
como contribuições ao conhecimento destas espécies (Oliveira, 2001).
Uma grande quantidade de características taxonômicas e filogenéticas é
fornecida por sementes (Cunha & Ferreira, 2003). Estas variam em tamanho, forma,
coloração e no aspecto superficial da testa, sendo estas variações de grande
importância na sua identificação (Beltrati & Paoli, 2006). A caracterização biométrica
de frutos e sementes, por exemplo, pode fornecer subsídios importantes para a
diferenciação de espécies de um mesmo gênero (Cruz et al., 2001). Para Toledo &
Marcos Filho (1977), os aspectos morfológicos de um embrião, assim como a
posição que ocupa na semente, são tão distintos entre os diferentes grupos de
plantas, que podem ser seguramente utilizados para a identificação de famílias,
gêneros e até espécies.
Um exemplo prático da aplicabilidade do reconhecimento de espécies
nativas e exóticas através da morfologia de frutos e sementes pode ser verificado no
trabalho de Approbato & Godoy (2006). Os autores descreveram esses órgãos
quando encontrados em áreas de cerrado, no intuito de auxiliar trabalhos de campo
futuros que necessitem da identificação de diásporos e que envolvam a regeneração
dos fragmentos no local de estudo.
Durante o processo de germinação da semente, o início do desenvolvimento
da plântula é marcado pela protrusão da radícula (Souza, 2003). Há grande variação
7
de um enfoque ecológico (Oliveira, 1993). Segundo o mesmo autor, o conhecimento
morfológico da plântula permite caracterizar famílias, gêneros e até mesmo
espécies, e tem sido aplicado no inventário florestal de muitas regiões de clima
temperado e tropical. O acompanhamento dos aspectos morfológicos no
desenvolvimento da plântula permite a separação de espécies muito semelhantes
em viveiro, e também auxilia estudos de regeneração (Ferreira et al., 2001; Cunha &
Ferreira, 2003).
O reconhecimento das espécies pelas suas plântulas contribui para um
melhor conhecimento da biologia; amplia estudos taxonômicos das espécies,
individualizando-as desde a fase semente, e fundamenta trabalhos de levantamento
ecológico nos aspectos da regeneração das espécies, por semente, em condições
naturais, e no da ocupação e estabelecimento ambiental, por qualquer espécie
(Salles, 1987).
O desenvolvimento da plântula pode ser fanerocotiledonar ou
criptocotiledonar. A plântula fanerocotiledonar caracteriza-se por expor os
cotilédones, os quais ficam livres do tegumento da semente, enquanto a plântula
criptocotiledonar, ao contrário, mantém os cotilédones envolvidos pelo tegumento
seminal (Souza, 2003). As plântulas podem ser ainda epígeas ou hipógeas. Nas
epígeas, os cotilédones ficam acima da superfície do solo, e nas hipógeas, os
cotilédones permanecem no interior do solo e o comumente envolvidos pelo
tegumento seminal (Brasil, 1992; Carvalho & Nakagawa, 2000; Souza, 2003; Marcos
Filho, 2005). Como, na maioria dos casos, o caráter epígeo está associado à
fanerocotiledonia e o hipógeo, à criptocotiledonia, esses termos podem ser
considerados equivalentes. No entanto, essa correlação não é obrigatória, havendo
casos em que os cotilédones permanecem envolvidos pelo tegumento da semente,
mas são elevados acima do nível do solo, sendo a plântula, portanto,
criptocotiledonar e epígea (Beltrati & Paoli, 2006).
É possível destacar alguns estudos sobre a morfologia de frutos, sementes,
germinação e plântulas encontrados na literatura, entre eles estão os de Mourão &
Beltrati (1995a) e Mourão & Beltrati (1995b) com Platonia insignis Mart.; Moraes &
Paoli (1996) com três espécies da família Lauraceae: Cryptocaria mosch ata Nees &
Martius ex Nees, Endlicheria paniculata (Sprengel) MacBride e Ocotea catharinensis
Mez; Ferreira et al. (1998) com Dipteryx alata Vogel; Cruz & Carvalho (2003) com
Micropholis venulosa Mart. & Eichler; Silva et al. (2003) com Bauhinia forficata Linn.;
8
Araújo et al. (2004) com Sesbania virgata (Cav.) Pers; Abreu et al. (2005a) com
Allophylus edulis (St.-Hil.) Radlk; Abreu et al. (2005b) com Drimys brasiliensis Miers;
Amaro et al. (2006) com Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. e Battilani et al.
(2006) com Maclura tinctoria (L.) D. Don. ex Steud.
Por outro lado, a quantidade de estudos dessa natureza que abordam
espécies exóticas, como é o caso de Erythrina variegata L., também vem
aumentando no Brasil, podendo-se citar: Beltrati (1973) com dezoito espécies de
Eucalyptus; Araújo & Matos (1991) com Cassia fistula L.; Matos et al. (1995) com
Tamarindus indica L.; Silva et al. (1998) com Tipuana tipu Benth.; Oliveira et al.
(2000) com Tephrosia candida DC.; Iossi (2002) com Phoenix roebelenii O’Brien;
Groth (2005a) com três espécies do gênero Hibiscus: H. mutabilis L., H. rosa-
sinensis L. e H. tiliaceus L.; Groth (2005b) com Grevillea banksii R. Br., Hovenia
dulcis Thunb., Lagerstroemia speciosa Pers., Jatropha gossypiifolia L. e Yucca
elephantipes Regel. e Costa et al. (2006) com Syzygium malaccense (L.) Merryl et
Perry.
Germinação de sementes
O embrião da semente inicia sua formação a partir do momento da
fertilização do óvulo e desenvolve-se durante a maturação, até que seu crescimento
cessa e o teor de umidade diminui a um nível tão baixo, que permite apenas
reduzida atividade metabólica. Nestas condições, a semente se encontra no estado
de quiescência (Popinigis, 1985). A germinação é o processo através do qual a
semente passa desse estado de quiescência para um estado ativo, reiniciando o
crescimento do embrião paralisado nas fases finais da maturação (Popinigis, 1985;
Gutiérrez & Minelli, 1990).
Se não dormência, quando o embrião encontra condições apropriadas
para seu desenvolvimento, como a presença de água, oxigênio e temperatura
adequada, ele começa a crescer (Gutiérrez & Minelli, 1990). Se uma dessas três
condições não é satisfatória, a semente não germina (Marcos Filho, 2005). Embora
Borges & Rena (1993) incluam a luz como fator determinante na germinação de
sementes, Marcos Filho (2005) explica que a luz não tem sido incluída como fator
imprescindível para a germinação porque, tratando-se de um agente de superação
9
de dormência, a germinação poderá ocorrer tanto em presença como na ausência
de luz, desde que os mecanismos de bloqueio estejam desativados.
Quando as sementes não germinam, embora colocadas sob condições
ambientais favoráveis à sua germinação, elas são denominadas dormentes
(Bianchetti, 1981; Popinigis, 1985). A dormência passa a ser um transtorno quando
as sementes são utilizadas para produção de mudas, devido à irregularidade na
germinação, o que afeta a homogeneidade das plântulas e o tempo de formação das
mudas (Souza et al., 1994), estando as mesmas sujeitas a condições adversas, com
grande possibilidade de ataque de fungos, podendo acarretar grandes perdas
(Borges et al., 1982).
A dormência tegumentar caracteriza-se pela dificuldade de absorção de
água pela semente, o que a impede de iniciar a hidratação e, conseqüentemente,
restringe os processos físicos e as reações metabólicas básicas da germinação
(Borges et al., 2004). Esse fenômeno é largamente evidenciado em sementes de
espécies da família Leguminosae (Hartmann et al., 1997; Baskin & Baskin, 2001).
Quando a dormência é causada pela impermeabilidade do tegumento à água, os
métodos a serem empregados deverão promover aberturas neste, permitindo a
embebição (Zaidan & Barbedo, 2004).
Considerável confusão vem ocorrendo na literatura referente às sementes
duras, pois tais sementes apresentam camada externa dura quando tocadas
manualmente, mas podem ou não ser permeáveis à água, o que depende da
espécie em questão. A única forma de saber se as sementes com revestimento duro
são, de fato, impermeáveis à água, é através da condução de estudos de
embebição, pois se as sementes não absorverem água, elas realmente apresentam
dormência (Orozco-Segovia et al., 2007).
Maturação fisiológica de sementes
Apesar do aumento considerável de conhecimentos relativos à análise de
sementes de espécies florestais, a maioria delas carece ainda de subsídios básicos
referentes às exigências quanto às condições ótimas de germinação (Andrade et al.,
2000; Varela et al., 2005a). Um dos fatores que influenciam a qualidade das
sementes é a maturação, sendo que a época de colheita, tanto na própria árvore
quanto no solo, nem sempre coincide com o seu pleno vigor e a colheita feita antes
10
ou após o amadurecimento poderá influir desfavoravelmente sobre a muda (Borges
& Borges, 1979).
A partir da fertilização, o óvulo fecundado sofre uma série de modificações
morfológicas, bioquímicas e fisiológicas, que culminam com a formação da semente
madura, compreendendo, este conjunto de transformações, o processo de
maturação das sementes (Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993). Seu estudo detalhado
fornece informações sobre o comportamento das espécies no tocante à sua
produção, o que possibilita prever e estabelecer a época mais adequada para a
colheita (Gemaque et al., 2002; Marcos Filho, 2005). Quando esta é efetuada em
momento inadequado, acarreta prejuízos consideráveis à qualidade das sementes,
além de provocar perdas quantitativas, devendo-se, portanto, ser perfeitamente
conhecidos o processo de maturação e suas relações com a época recomendável
para a colheita (Marcos Filho, 2005).
A fase de máxima qualidade das sementes coincide com o ponto de
maturação fisiológica (Popinigis, 1985; Lopes et al., 2005). A maturação é atingida
quando a semente apresenta máximo conteúdo de matéria seca e acentuada
redução no teor de água, alterações visíveis no aspecto externo de frutos e
sementes, que culmina com máxima capacidade germinativa e vigor das mesmas
(Delouche, 1975; Popinigis, 1985; Carvalho & Nakagawa, 2000; Lopes et al., 2005).
Para Silveira et al. (2002), a colheita deve ser realizada logo após as sementes
atingirem esse ponto, quando apresentam melhores níveis de qualidade.
O ponto de maturidade fisiológica pode variar em função da espécie e do
local, havendo, portanto, a necessidade de estabelecimento de parâmetros que
permitam a definição da época adequada de colheita, denominados de índices de
maturação (Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993). O acompanhamento do
desenvolvimento das sementes é feito com base nas modificações que ocorrem em
algumas características físicas e fisiológicas, como tamanho, teor de água, conteúdo
de matéria seca acumulada, germinação e vigor (Silveira et al., 2002), além de
alguns indicativos práticos, como o tamanho e o peso dos frutos, a presença de
predadores e/ou dispersores e a deiscência ou queda de frutos (Gemaque et al.,
2002; Lima, 2005). O reconhecimento prático da maturidade fisiológica tem grande
importância, pois caracteriza o momento em que a semente deixa de receber
nutrientes da planta (Silveira et al., 2002) e apresenta alta qualidade fisiológica, o
que se torna indispensável aos trabalhos silviculturais, de melhoramento e de
11
conservação genética (Piña-Rodrigues e Aguiar, 1993), devendo ainda, ser
considerado nos programas de produção de sementes florestais (Gemaque et al.,
2002).
Na literatura os trabalhos sobre maturação de espécies florestais são em
número menor se comparados às espécies de grandes culturas (Fonseca et al.,
2005), principalmente pelas dificuldades impostas pelas adversidades nos locais de
ocorrência da espécie (Lopes & Soares, 2006), destacando-se Copaifera langsdorffii
Desf. (Borges & Borges, 1979); Trema micrantha (L.) Blume. (Castellani & Aguiar,
1998); Tibouchina granulosa Cogn. (Lopes et al., 2005); Tabebuia chrysotricha
(Mart. Ex DC.) Standl (Fonseca et al., 2005); Miconia cinnamomifolia (DC) Nauad.
(Lopes & Soares, 2006) e Phoenix roebelenii O’Brien (Iossi et al., 2007).
A temperatura como um fator que afeta a germinação de sementes
As sementes constituem a via de propagação mais empregada no
estabelecimento de plantios e, a busca de conhecimentos sobre as condições
ótimas para os testes de germinação das sementes, principalmente dando ênfase
aos efeitos da temperatura e do substrato, desempenha papel fundamental dentro
da pesquisa científica e fornece informações valiosas sobre a propagação das
espécies (Varela et al., 2005b).
A germinação das sementes é um processo complexo, compreendendo
diversas fases, as quais o individualmente afetadas pela temperatura. Assim, os
efeitos da temperatura sobre a germinação refletem apenas a conseqüência global,
não havendo um coeficiente único que caracterize a germinação (Popinigis, 1985;
Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989). Cada espécie possui um espectro de
temperaturas em que a germinação irá ocorrer (Crocker & Barton, 1957; Bradbeer,
1988; Borges & Rena, 1993; Carvalho & Nakagawa, 2000), embora a faixa de 20 a
30ºC mostre-se adequada para a germinação de grande número de espécies
subtropicais e tropicais (Borges & Rena, 1993). Sob temperatura baixa e
inadequada, a embebição pode ocorrer, mas pode não ser seguida pelo
crescimento do embrião, ou ainda danos promovidos ao embrião ou às plântulas
pela baixa temperatura poderão impedir a conclusão da germinação. Similarmente,
altas temperaturas inadequadas podem permitir a embebição, mas não permitem o
crescimento do embrião ou o estabelecimento da plântula (Bradbeer, 1988).
12
Sob temperaturas muito baixas e muito altas a germinação de todas as
sementes é impedida (Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989). No inicio da germinação, ao
absorver água, a semente aumenta acentuadamente seu peso e ocorre a ruptura
dos tegumentos, permitindo o livre acesso de oxigênio para a respiração. A
intensidade de respiração é maior quando se aumenta a temperatura, por isso, sob
temperaturas mais baixas o processo de germinação é mais lento (Gutiérrez &
Minelli, 1990).
O processo de germinação envolve uma série de atividades metabólicas,
durante as quais ocorre uma seqüência programada de reações químicas, cada uma
dessas apresentando exigências próprias quanto à temperatura, principalmente
porque dependem da atividade de sistemas enzimáticos específicos (Marcos Filho,
1986; Marcos Filho, 2005). As variações da temperatura também afetam a
velocidade, a porcentagem e a uniformidade de germinação. Em função de sua
relação com esses parâmetros, necessidade de serem determinadas
temperaturas em que a eficiência do processo seja total, bem como os extremos
(máximo e mínimo) tolerados pelas sementes (Marcos Filho, 1986; Marcos Filho,
2005). Os limites extremos, incluindo a temperatura considerada ótima, representam
as temperaturas cardeais para a germinação (Labouriau, 1983; Popinigis, 1985;
Marcos Filho, 1986; Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989; Gutiérrez & Minelli, 1990;
Marcos Filho, 2005).
Alguns trabalhos envolvendo o efeito da temperatura sobre a germinação
das sementes de espécies arbóreas são encontrados na literatura, podendo-se citar
Marquez et al. (1978) com Sterculia striata; Andrade (1995) com Leandra breviflora
Cogn., Tibouchina benthamiana Cogn., Tibouchina grandifolia Cogn. e Tibouchina
moricandiana (DC.) Baill.; Camargo-Ricalde & Grether (1998) com Mimosa tenuiflora
(Willd.); Miranda & Ferraz (1999) com Maquira sclerophylla (Ducke) C.C. Berg;
García & Di Stéfano (2000) com Dalbergia retusa Hemsl.; Cassaro-Silva (2001) com
Senna macranthera (Collad.) Irwin et Barn.; Araújo Neto et al. (2002) com Guazuma
ulmifolia Lam.; Oliveira et al. (2005) com Diospyros ebenaster Retz.; Santos & Aguiar
(2005) com Sebastiania commersoniana (Baillon) Smith & Downs; Abdo & Paula
(2006) com Croton floribundus Spreng e Ferraz-Grande & Takaki (2006) com
Caesalpinia peltophoroides Benth.
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22
CAPÍTULO 1
MORFOLOGIA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS E
EMERGÊNCIA DE Erythrina variegata L.
1
RESUMO - A caracterização morfológica de frutos e sementes fornece subsídios para
diferenciar espécies e caracterizar aspectos ecológicos da planta, como a dispersão,
estabelecimento de plântulas e fase da sucessão ecológica. São poucos os estudos sobre
Erythrina variegata L. e na literatura não informações sobre seu comportamento,
principalmente sobre seu sistema de propagação. Objetivou-se estudar a morfologia de frutos,
sementes e plântulas desta espécie, caracterizando-se os frutos externamente, as sementes
interna e externamente e o processo de desenvolvimento das plântulas, além de se obter
informações sobre a emergência de plântulas. O teste de emergência foi montado em
delineamento experimental inteiramente casualizado com os seguintes tratamentos: sementes
intactas (controle); escarificação mecânica com lixa d’água 120, do lado oposto ao
embrião; escarificação com lixa e posterior imersão em água à temperatura ambiente por 6, 12
e 24 horas; choque térmico; e imersão em água à temperatura ambiente por 12 e 24 horas. As
sementes o se mostraram impermeáveis à entrada de água, dispensando a adoção de
tratamentos pré-germinativos.
Termos para indexação: Erythrina variegata L., caracterização morfológica, dormência,
propagação de plantas.
1
Capítulo redigido e formatado conforme as normas do ano de 2006 da Revista Brasileira de Sementes.
23
MORPHOLOGY OF FRUITS, SEEDS AND SEEDLINGS AND
EMERGENCE OF Erythrina variegata L.
ABSTRACT - Morphological characterization of fruits and seeds provides subsidies for
differentiation of species and characterization of ecological aspects of plant, as the dispersion,
establishment of seedling and phase of ecological succession. There is little study performed
in regard to Erythrina variegata L. and in the literature there is no information about its
behaviour, especially about its system of propagation. The objective was to study the
morphology of the fruits, seeds and seedling of this species, characterizing the fruits
externally, the seeds internally and externally, and describing the process of development of
the seedlings, as well as the collection of information regarding the emergence of seedlings,
using the completely randomized experimental design with the following treatments: intact
seeds (control); mechanical scarification with sandpaper number 120, on the opposite side to
the embryo; scarification with sandpaper and posterior soaking in water at ambient
temperature for 6, 12 and 24 hours; thermal shock; and soaking in water at ambient
temperature for 12 and 24 hours. The seeds did not show themselves impermeable to water,
thus, not demanding pre-germinatives treatments.
Index terms: Erythrina variegata L., morphological characterization, dormancy, plants
propagation.
24
INTRODUÇÃO
Eritrina indiana, Erythrina variegata L., é uma árvore Leguminosae-Papilionoideae,
de 15-20 metros de altura, nativa nas regiões costeiras da Índia e Malásia. É empregada em
muitos países tropicais como forrageira, para a formação de quebra-ventos, para a produção
de madeira leve e para polpa celulósica, além de possuir características ornamentais notáveis,
podendo ser aproveitada para uso paisagístico em geral (Lorenzi et al., 2003). Segundo Matos
et al. (2005), esta espécie vem sendo pesquisada visando seu plantio para produção de
moirões vivos e construção de cercas ecológicas. Entretanto, o sucesso na germinação e
desenvolvimento de uma espécie em determinado ambiente depende, em parte, da energia
utilizada na sua biologia reprodutiva, como na polinização, produção de sementes, dispersão e
estabelecimento das plântulas; além de existir forte relação entre o peso médio das sementes e
o porte da espécie (Baker, 1972).
Estudos que visam o conhecimento da morfologia de frutos e sementes de espécies
arbóreas em geral são ainda escassos na literatura referencial, tendo como exemplos os
trabalhos de Ferreira et al. (1998) com Dipteryx alata Vogel; Cruz e Carvalho (2003) com
Micropholis venulosa Mart. & Eichler; Silva et al. (2003) com Bauhinia forficata Linn.; Melo
et al. (2004) com Hymenaea intermedia var. adenotricha (Ducke) Lu & Lang.; Abreu et al.
(2005a) com Allophylus edulis (St.-Hil.) Radlk; Abreu et al. (2005b) com Drimys brasiliensis
Miers. e Añez et al. (2005) com a espécie medicinal Jatropha elliptica Müll. Arg.. Estudos
envolvendo análise morfológica de frutos e sementes podem auxiliar no entendimento do
processo de germinação, vigor, armazenamento, viabilidade e métodos de propagação das
espécies. Além disso, a caracterização morfológica de frutos e sementes fornece subsídios
para diferenciar espécies e caracterizar aspectos ecológicos da planta, como a dispersão,
estabelecimento de plântulas e fase da sucessão ecológica. Para Piña-Rodrigues et al. (1990),
25
o potencial de estabelecimento de uma população em um habitat é essencialmente controlado
pelo fluxo de propágulos. Entretanto, sabe-se que o tamanho dos frutos e sementes, além de
outras formas de atração, como cheiro e cor, é um dos fatores que podem influenciar a
dispersão dos propágulos, uma vez que, conforme tais autores, o tamanho do fruto e da
semente está diretamente relacionado com a quantidade de reservas armazenadas nos tecidos
e sua atratibilidade e funcionalidade em relação aos agentes dispersores.
A maioria das sementes de espécies florestais germina quando é colocada em
condições ambientais que lhe é favorável. Nestas condições, quando a germinação não ocorre,
as sementes são consideradas dormentes (Bianchetti, 1981). As sementes de muitas espécies
florestais apresentam restrições à passagem de água através do tegumento, principalmente
sementes das leguminosas, fenômeno que é controlado geneticamente, variando entre
espécies, variedades e sofrendo influência das condições ambientais durante a maturação e o
armazenamento das mesmas. A germinação pode ser definida como uma série seqüencial de
eventos morfogenéticos que resultam na transformação de um embrião em plântula.
Entretanto para que ela ocorra, é necessário além do substrato, que haja disponibilidade de
água em níveis ideais, de acordo com o tipo de semente, composição de gases e temperaturas
adequadas, além de luz, que é exigida para certas espécies, e que a semente seja viável, isto é,
que o embrião esteja vivo e capaz de germinar e que esteja no estado quiescente, de tal forma
que quando submetida a condições de ambiente ideais, ela germine (Mayer e Poljakoff-
Mayber, 1989). O aumento da porcentagem de germinação, bem como sua aceleração e
uniformidade, são os objetivos da quebra de dormência de sementes. Esta, por sua vez,
constitui um sério problema por ocasião da semeadura pela irregularidade na germinação
afetando a homogeneidade das plântulas e o tempo de formação das mudas (Souza et al.,
1994).
26
Os conhecimentos sobre Erythrina variegata, são incipientes e na literatura não
informações sobre seu comportamento, principalmente sobre seu sistema de propagação,
motivos que objetivaram desenvolver o presente estudo, para conhecer a morfologia dos
frutos e sementes e a viabilidade de sua propagação seminífera, para subsidiar produção de
mudas e auxiliar na dispersão da espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
Coleta dos frutos
Os frutos maduros de Erythrina variegata foram coletados na copa de três matrizes
existentes às margens da rodovia no município de Vila Velha, estado do Espírito Santo, com
latitude de 20º20’12”S e longitude de 40º17’28”W, 4m de altitude e clima tropical litorâneo,
no período de novembro a dezembro de 2005 e transportados para o Laboratório de Análise
de Sementes do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo
(CCA-UFES), em Alegre-ES, para condução dos estudos.
Imediatamente após a coleta dos frutos e extração das sementes, foi avaliado o teor de
água inicial das sementes, pelo método de estufa a 105±3ºC por 24 horas (Brasil, 1992).
Caracterização morfológica do fruto e da semente
No estudo das características externas foram utilizadas oito repetições de 20 frutos e
de 20 sementes para as avaliações. Foram descritas as características botânicas, o
comprimento, largura e espessura, com auxílio de uma régua milimetrada e um paquímetro
com precisão de 0,05mm. O comprimento foi medido da base até o ápice, excluindo-se o
pedúnculo, e a largura e espessura foram medidas na linha mediana dos frutos e sementes. A
remoção das sementes de cada fruto foi feita manualmente com o auxílio de uma lâmina.
27
Para a caracterização interna das sementes, utilizou-se a metodologia adotada por
Silva e Matos (1991) para Erythrina velutina; as sementes, em número de 20, foram imersas
em água destilada por 24 horas e fervidas por 10 minutos para amolecimento dos tegumentos.
As seções longitudinais e transversais foram feitas, exatamente, na porção mediana das
sementes, utilizando-se bisturi, visando-se a adequada observação do embrião (Groth e
Liberal, 1988). As descrições foram feitas com auxilio de uma lupa.
O uso de alguns termos referentes à análise morfológica dos frutos, sementes e
plântulas foi baseado em Groth e Liberal (1988); Silva e Matos (1991); Barroso et al. (1999) e
Vidal e Vidal (2003).
Caracterização de plântulas e da germinação
Para avaliar a ocorrência de fotoblastismo, colocou-se 15 sementes para germinar
sobre papel de filtro, em placa de Petri, em germinador na temperatura constante de 30ºC, no
escuro e sob fotoperíodo de 8 horas, sendo a avaliação da germinação sob escuro feita sob luz
verde. A caracterização da germinação e descrição morfológica das plântulas foi feita
semeando-se 20 sementes em caixa “gerbox” contendo areia de rio lavada e esterilizada como
substrato, em germinador na temperatura constante de 30ºC e fotoperíodo de 8 horas. As
sementes germinadas foram selecionadas e transferidas para copos individuais contendo água
destilada, para descrição das fases de germinação. Seguindo-se a metodologia utilizada por
Silva e Matos (1991) com sementes de Erythrina velutina, foram descritos os processos de
desenvolvimento dos estádios, por meio de observações diárias, para descrição morfológica
das plântulas. A primeira fase foi caracterizada pelo intumescimento da semente até o
aparecimento da radícula. Dada a dificuldade de se observar essa fase em areia, 20 sementes
foram mantidas sobre papel de filtro, em placa de Petri, em germinador a 30ºC e fotoperíodo
de 8 horas. Na segunda fase, foi considerada a emissão dos cotilédones, sem a formação dos
protófilos. Na terceira, os protófilos formados caracterizaram a plântula normal.
28
Peso de mil sementes e número de sementes por quilograma
Os testes físicos foram feitos segundo as recomendações das Regras para Análise de
Sementes, utilizando-se oito repetições de 100 sementes (Brasil, 1992). Foram determinados
ainda o número de sementes por fruto e a porcentagem de sementes chochas.
Emergência das plântulas
As sementes foram extraídas manualmente dos frutos, mantidas em geladeira a 3±1ºC
durante 28 dias, e posteriormente colocadas para germinar. Os tratamentos adotados para
avaliação da emergência das plântulas foram sementes intactas (controle); escarificação
mecânica com lixa d’água nº 120 no lado oposto ao embrião; escarificação com lixa e
posterior imersão em água à temperatura ambiente por 6, 12 e 24 horas; choque térmico,
mantendo-se as sementes imersas em água a aproximadamente 80ºC por três minutos e
posterior imersão e lavagem com água da torneira; e imersão em água à temperatura ambiente
por 12 e 24 horas. Utilizaram-se quatro repetições de 10 sementes por tratamento. A
semeadura foi feita em sacolas de polietileno de 11 x 13cm, contendo substrato comercial
“Solomax” (Eucatex), a 1,5cm de profundidade, que foram mantidas em casa de vegetação,
com 50% de sombra. As irrigações foram feitas diariamente, de acordo com as necessidades
apresentadas. Os parâmetros avaliados foram a emergência total, velocidade de emergência
(Maguire, 1962) e desenvolvimento das plântulas durante o estádio inicial até 31 dias após a
semeadura. Foram feitas medições do diâmetro do coleto, com paquímetro, e da altura das
plântulas, do coleto até a inserção da folha mais nova, com auxílio de uma régua milimetrada.
Foram consideradas germinadas as sementes que apresentaram todas as estruturas normais
(raiz primária, hipocótilo, cotilédones, epicótilo e protófilos). Visando ajuste dos dados à
distribuição normal, os resultados de emergência, obtidos em porcentagem, foram
transformados em arco seno da raiz quadrada da %/100 e, os dados de índice de velocidade de
emergência, em raiz de (X + 0,5). Posteriormente, os resultados foram submetidos à análise
29
de variância, com a comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, com
o auxílio do software SAEG 7.1 (SAEG, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Erythrina variegata apresenta frutos do tipo legume, cilíndricos e curvilíneos,
concordando com o citado por Lorenzi et al. (2003), polispérmicos, com constrição entre os
lóculos, de pericarpo seco, deiscentes, que apresentam tamanhos variados, coloração verde na
fase de crescimento e marrom-escuro quando maduros, persistentes, que permanecem sobre a
árvore durante alguns meses (Figura 1A). O comprimento médio é de 14,83cm (variando de
6,40 a 25,40cm); largura média de 1,69cm (1,00 a 2,10cm) e espessura média de 1,50cm (0,80
a 1,80cm) conforme Tabela 1. O comprimento e a largura dos frutos avaliados corroboram as
informações de Lorenzi et al. (2003), cujos intervalos variam de 15 a 20cm e de 1,50 a
2,00cm, respectivamente. Os resultados das análises dos frutos e das sementes de Erythrina
variegata evidenciaram que a maioria dos frutos desta espécie apresentou comprimento
variando entre 14,00 e 17,99cm; largura de 1,60 a 1,89cm e a espessura de 1,40 a 1,69cm. As
sementes apresentaram em média 1,40 a 1,59cm de comprimento, 0,90 a 1,09cm de largura e
0,90 a 1,09cm de espessura (Figura 2).
A semente madura tem formato reniforme a elíptico (Figura 1B), com comprimento
médio de 1,42cm (variando de 1,00 a 1,70cm); largura média de 0,87cm (0,70 a 1,20cm) e
espessura média de 0,90cm (0,50 a 1,40cm) (Tabela 1). A massa fresca média de uma
semente é de 0,64g e, a massa seca, 0,58g, correspondendo a cerca de 10% de umidade.
Apresenta tegumento córneo com superfície lisa e brilhante, de coloração castanho-clara a
castanho-arroxeada; hilo elíptico, castanho-escuro, em média 6,90mm de comprimento no
sentido longitudinal da semente e 3,1mm de largura, apresenta depressão na porção mediana e
30
halo branco-gelo; micrópila circular, de coloração amarelo-ocre, com diâmetro de 1 a 2mm;
rafe com formato próximo ao circular, marrom-escura e diâmetro variando de 1 a 1,5mm. A
semente é bitegumentada, com tegumentos fortemente aderidos aos cotilédones. Na Figura
1C, embrião axial, invaginado, com dois cotilédones plano-convexos, opostos e iguais, semi-
elípticos, lisos, carnosos e de coloração branco-amarelada. Eixo hipocótilo-radícula curto,
infletido, localizado lateralmente e de coloração branco-amarelada.
A germinação foi caracterizada como epígea, fanerocotiledonar e as sementes não
apresentam fotoblastismo. Na primeira fase da germinação, com 24 horas as sementes se
encontravam intumescidas (Figura 3A), sendo que se evidenciou a emergência da radícula
após três dias do início do experimento. A radícula, de coloração branca, rompeu o tegumento
no sentido transversal, próximo ao hilo (Figura 3B-C).
A segunda fase ficou evidenciada pela emissão dos dois cotilédones aderidos ao
tegumento, seis dias após a montagem do experimento. Cotilédones opostos iguais, com 1,9 a
2,1cm de comprimento por 1,0 a 1,2cm de largura, carnosos, glabros, amarelados (variando
para esverdeado à medida que se aproxima do hipocótilo). Hipocótilo verde-esbranquiçado,
cilíndrico, glabro, com 1,6 a 3,1cm de comprimento por 0,3 a 0,4cm de diâmetro. Colo bem
delimitado e com coloração esbranquiçada. Raiz primária axial branco-parda, sinuosa, de 2,8
a 4,8cm de comprimento e com poucos primórdios de raízes secundárias brancas (Figura 3D).
A terceira fase se caracterizou pela emissão dos protófilos, que ocorreu nove dias após
o início do experimento. As plântulas apresentavam raiz principal branco-amarelada, sinuosa,
variando de 5,1 a 8,0cm de comprimento; raízes secundárias bem evidentes e numerosas, com
0,7 a 2,1cm de comprimento e de coloração branca; colo bem delimitado, de coloração
esbranquiçada e levemente curvo; hipocótilo verde-claro, com 4,0 a 6,9cm de comprimento e
0,3 a 0,4cm de diâmetro, glabro e cilíndrico; dois cotilédones opostos, iguais, persistentes,
carnosos, glabros, sésseis, verde-claros, com 1,9 a 2,1cm de comprimento por 0,6 a 0,7cm de
31
largura cada um e tegumento não mais aderido. Epicótilo verde, cilíndrico, com 1,5 a 1,7cm
de comprimento; protófilos com o primeiro par oposto, glabro, verde, com 0,4 a 0,6cm de
comprimento, de sagitado a cordiforme e peciolado; pecíolo verde, medindo entre 0,4 e 0,5cm
de comprimento, com presença de um par de estípulas verdes, opostas, lanceoladas e
separadas por uma gema vegetativa de coloração verde-esbranquiçada (Figura 3E).
As características físicas das sementes encontram-se na Tabela 2. Destaca-se o número
de sementes encontradas por vagem, que foi de cinco (variando de 1 a 9 sementes),
discordando de Lorenzi et al. (2003), para os quais o número de sementes por vagem varia de
5 a 10. As diferenças podem estar associadas às variações ambientais e genéticas das
populações. O número médio de sementes chochas foi de 0,23 por fruto ou, em média, 4,6%
por fruto.
Os resultados do teste de emergência para sementes de Erythrina variegata
encontram-se na Tabela 3. Bons resultados foram obtidos para os tratamentos com sementes
escarificadas (85% de emergência e IVE=1,037) e escarificação com posterior imersão
durante seis horas (78% de emergência e IVE=0,872). Em especial, não houve diferença
estatística entre estes e a testemunha (80% de emergência e IVE=0,754). Entretanto, esses
três tratamentos diferiram significativamente dos demais, tanto na emergência total quanto no
vigor, avaliado através do índice de velocidade de emergência. O tratamento com
escarificação seguida de imersão mostrou-se eficiente apenas para o menor tempo em água,
uma vez que a permanência por tempos mais prolongados determinou redução significativa na
porcentagem final de emergência (Figura 4) e no índice de velocidade de emergência (Tabela
3). Quando estes reduziram, por exemplo de 85% e 1,037 nas sementes com tempo zero de
embebição, para 23% e 0,282, respectivamente, nas que permaneceram imersas por 24 horas
após escarificação mecânica. Este decréscimo na emergência se atribui ao excesso de água
presente no envoltório da semente, uma vez que Borges e Rena (1993) salientam que o
32
excesso de umidade, em geral provoca decréscimo na germinação, visto que impede a
penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico. A utilização dos tratamentos de
choque térmico e embebição por 12 e 24 horas em água não se mostrou viável para as
sementes de E. variegata. Para Erythrina velutina, Fowler e Bianchetti (2000) recomendam a
escarificação mecânica por cinco segundos para elevar a germinação. Os resultados
demonstram não ser necessário a adoção de tratamentos de quebra de dormência para a
germinação das sementes de Erythrina variegata, pois a porcentagem e velocidade de
emergência das plântulas vindas de sementes intactas foram estatisticamente equivalentes à
determinados tratamentos usados para superação da dormência. Com exceção dos tratamentos
de embebição por 12 e 24 horas, os demais tratamentos favoreceram o crescimento médio em
altura das plântulas. a espessura média dos coletos das plântulas de cada tratamento não
apresentou diferença significativa.
CONCLUSÕES
A caracterização morfológica dos frutos, sementes e plântulas fornece subsídios que facilitam
o reconhecimento desta espécie;
Erythrina variegata L. não apresenta dormência de sementes;
Independentemente da escarificação, a imersão das sementes em água pelos períodos de 12 e
24 horas prejudicaram o processo germinativo e a emergência das plântulas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Engenheira Agrônoma Marilda Torres Capucho, pela ajuda na
condução dos trabalhos; à Chris Fantoni pelas ilustrações e à Maria de Fátima Tallon Matheus
pela ajuda na coleta das sementes.
33
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37
TABELA 1. Dados biométricos de frutos e sementes de Erythrina variegata L.
Laboratório de Sementes, CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
Mínimo Média ± σ Máximo
Fruto
Comprimento (cm)
6,40
14,83 ± 3,38
25,40
Largura (cm) 1,00 1,69 ± 0,17 2,10
Espessura (cm) 0,80 1,50 ± 0,21 1,80
Semente
Comprimento (cm) 1,00 1,42 ± 0,13 1,70
Largura (cm) 0,70 0,87 ± 0,08 1,20
Espessura (cm) 0,50 0,90 ± 0,09 1,40
TABELA 2. Características físicas da semente de Erythrina variegata L. Laboratório de
sementes, CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
Características Valores
Umidade (%)
10,00
Peso de mil sementes (g)
570
Número de sementes/kg
1.754
Número de sementes/fruto
5±1,78
38
TABELA 3. Emergência (%), índice de velocidade de emergência (IVE), altura da
plântula (cm) e diâmetro médio do coleto de plântulas (cm) de Erythrina
variegata L. após tratamentos pré-germinativos. Laboratório de Sementes,
CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
Tratamento Emergência IVE Altura Diâmetro
Testemunha
80 a 0,754 a b 27,26 a b 0,37 a
Escarificação mecânica
85 a 1,037 a 29,35 a b 0,38 a
Choque térmico
33 b 0,317 c d 29,70 a b 0,35 a
Escarificação + 6 horas
imersão
78 a 0,872 a b 31,31 a 0,40 a
Escarificação + 12 horas
imersão
43 b 0,517 b c 30,80 a 0,39 a
Escarificação + 24 horas
imersão
23 b 0,282 c d 24,95 a b 0,37 a
Imersão 12 horas
18 b 0,106 d 21,99 b 0,35 a
Imersão 24 horas
18 b 0,094 d 13,86 c 0,40 a
*
As médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey à 5% de
probabilidade.
39
FIGURA 1. A frutos de Erythrina variegata L.; B - vista externa da semente (Teg =
tegumento; Hi = hilo; Mi = micrópila; Rf = rafe); C - vista interna da
semente (Cot = cotilédone; HR = eixo hipocótilo-radícula). Laboratório de
Sementes, CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
Teg
Mi
Hi
Rf
B
C
A
Cot
HR
40
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
6 - 9,99 10 - 13,99 14 - 17,99 18 - 21,99 22 - 25,99
Classes de comprimento (cm)
Freqüência (%)
A
1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 - 1,199 1,2 - 1,399 1,4 - 1,599 1,6 - 1,799
Classes de comprimento (cm)
Freqüência (%)
A
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 - 1,299 1,3 - 1,599 1,6 - 1,899 1,9 - 2,199
Classes de largura (cm)
Freqüência (%)
B
1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,7 - 0,899 0,9 - 1,099 1,1 - 1,299
Classes de largura (cm)
Freqüência (%)
B
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,8 - 1,099 1,1 - 1,399 1,4 - 1,699 1,7 - 2,099
Classes de espessura (cm)
Freqüência (%)
C
1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,5 -
0,699
0,7 -
0,899
0,9 -
1,099
1,1 -
1,299
1,3 -
1,499
Classes de espessura (cm)
C
2
41
E
P
Epi
Hip
R
P
FIGURA 3. A semente intumescida de Erythrina variegata L.; B rompimento do
tegumento; C protrusão da radícula; D emissão dos cotilédones (Hip =
hipocótilo; R = raiz); E emissão dos protófilos (P = protófilo; Epi =
epicótilo). Laboratório de Sementes, CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
C
A
B
D
Hip
R
42
y = 0,0341x
2
- 3,6045x + 88,655
R
2
= 0,9367
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Tempo de imersão (horas)
Emergência (%)
FIGURA 4. Emergência de plântulas de Erythrina variegata L. provenientes de
sementes submetidas à escarificação mecânica e posteriormente à
imersão em água por diferentes períodos de tempo. Laboratório de
Sementes, CCA – UFES. Alegre-ES, 2006.
43
CAPÍTULO 2
MATURAÇÃO FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE Erythrina variegata L.
RESUMO O trabalho teve como objetivo estudar a maturação fisiológica de
sementes de Erythrina variegata L. Cada flor foi identificada na antese. A partir dos
21 dias após a antese (DAA) efetuaram-se coletas semanais de frutos para
avaliações das seguintes características: comprimento e diâmetro dos frutos;
coloração, massa fresca, massa seca e teor de água de frutos e sementes;
emergência e vigor das sementes. O crescimento dos frutos de E. variegata em
comprimento e diâmetro vão até 42 DAA. As plântulas começam a emergir aos 63
DAA, cujo teor de água é de 68,15% e a massa seca 481,38 mg semente
-1
. A
máxima emergência e vigor o obtidos aos 77 DAA, coincidindo com o máximo
conteúdo de massa seca, frutos com coloração castanho-escura, sementes
castanho-arroxeadas, com tegumento córneo e teor de água de 21%, considerado o
ponto de maturação fisiológica dessas sementes. Após 91 DAA ocorre a deiscência
dos frutos.
Palavras-chave: Erythrina variegata L.; emergência; vigor; época de coleta;
morfologia.
44
PHYSIOLOGICAL MATURATION OF Erythrina variegata L. SEEDS
ABSTRACT The study objective was to determine the physiological maturation of
the Erythrina variegata L. seed. Each flower was identified in anthesis date. Fruit was
collected weekly following the 21
st
day after anthesis (DAA). The following
characteristics were evaluated: length and diameter of each fruit; color, fresh mass,
dry mass, water content of both fruit and seeds; seedling emergence and seed vigor.
It was found that the fruit of E. variegata continues to grow in both length and
diameter up until the 42
nd
DAA. The seedlings start to emerge on the 63
rd
DAA, when
the seed water content is 68.15% and the dry mass is 481.38 mg per seed. The
maximum emergence and vigor are obtained at the 77
th
DAA which coincides with
the maximum seed dry mass. At this time the fruit has a dark brown color with brown-
purple seeds which have a corneous tegument and a water content of 21%. This is
considered as being the physiological maturation point of the seeds. The dehiscence
of the fruit occurs at the 91
st
DAA.
Key-words: Erythrina variegata L.; emergence; vigor; harvest period; morphology.
45
INTRODUÇÃO
A Erythrina variegata L. é uma árvore pertencente à família Leguminosae,
sub-família Papilionoideae, com 15-20 metros de altura, é nativa nas regiões
costeiras da Índia e Malásia, sendo empregada em muitos países tropicais para a
produção de madeira leve e para polpa celulósica (Lorenzi et al., 2003). Além disso,
pode ser utilizada como forrageira, para a formação de quebra-ventos e cerca viva,
além de possuir características ornamentais notáveis, podendo ser aproveitada para
uso paisagístico em geral (Hegde & Dalla Rosa, 1994; Lorenzi et al., 2003; Whistler
& Elevitch, 2006). É utilizada, ainda, como caramanchão para espécies trepadeiras
cultivadas, como Piper nigrum (pimenta-do-reino), Vanilla planifolia (baunilha),
Dioscorea spp. (inhame), entre outras, além de ser usada como árvore de sombra
entre plantas de café ou cacau (Hegde & Dalla Rosa, 1994; Whistler & Elevitch,
2006). Por fixar nitrogênio, é uma espécie capaz de auxiliar na recuperação da
fertilidade em solos degradados e ociosos (Whistler & Elevitch, 2006). Atualmente no
Brasil, esta espécie vem sendo pesquisada visando seu plantio para produção de
moirões vivos e construção de cercas ecológicas (Faria et al., 1998; Matos et al.,
2005) e fixação de nitrogênio (Faria et al., 1998).
Um dos fatores que influenciam a qualidade das sementes é a maturação,
sendo que a época de colheita, tanto na própria árvore quanto no solo, nem sempre
coincide com o seu pleno vigor e a colheita feita antes ou após o amadurecimento
poderá influir desfavoravelmente sobre a muda (Borges & Borges, 1979). A partir da
fertilização, o óvulo fecundado sofre uma série de modificações morfológicas,
bioquímicas e fisiológicas, que culminam com a formação da semente madura,
compreendendo este conjunto de transformações, o processo de maturação das
sementes (Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993). Seu estudo detalhado fornece
informações sobre o comportamento das espécies em relação à sua produção, o
que possibilita prever e estabelecer a época mais adequada para a colheita
(Gemaque et al., 2002; Marcos Filho, 2005). Colheita efetuada em momento
inadequado, acarreta prejuízos consideráveis à qualidade das sementes, além de
provocar perdas quantitativas, devendo-se, portanto, ser perfeitamente conhecidos o
processo de maturação e suas relações com a época recomendável para a colheita
(Marcos Filho, 2005).
46
O ponto de maturidade fisiológica pode variar em função da espécie e do
local, havendo, portanto a necessidade de estabelecimento de parâmetros que
permitam a definição da época adequada de colheita, denominados de índices de
maturação (Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993). O acompanhamento do
desenvolvimento das sementes é feito com base nas modificações que ocorrem em
algumas características físicas e fisiológicas, como: tamanho, teor de água,
conteúdo de matéria seca acumulada, germinação e vigor (Silveira et al., 2002),
além de alguns indicativos práticos, como o tamanho e a massa dos frutos, a
presença de predadores e/ou dispersores e a deiscência ou queda de frutos
(Gemaque et al., 2002). O reconhecimento prático da maturidade fisiológica tem
grande importância, pois caracteriza o momento em que a semente deixa de receber
nutrientes da planta (Carvalho & Nakagawa, 2000; Silveira et al., 2002) e apresenta
alta qualidade fisiológica, o que se torna indispensável aos trabalhos silviculturais,
de melhoramento e de conservação genética (Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993),
devendo ainda, ser considerado nos programas de produção de sementes florestais
(Gemaque et al., 2002).
A época ideal de coleta de sementes de Erythrina variegata L. é
desconhecida, principalmente nas condições do Estado do Espírito Santo, tornando-
se um estudo essencial para a obtenção de sementes de alta qualidade para sua
propagação, tendo em vista sua ampla utilização com os mais variados interesses.
O objetivo deste trabalho foi estudar a maturação fisiológica de sementes de
Erythrina variegata L., e transformações morfológicas que ocorrem nos frutos e
sementes durante o processo, a fim de determinar o momento ideal para a coleta
dos frutos.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido num fragmento de arborização existente na área
experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito
Santo, CCA-UFES, em Alegre-ES, no período de julho a novembro de 2006. Durante
a florada de Erythrina variegata L., foram etiquetadas flores no dia de sua antese,
entre os dias 11/08/2006 e 20/08/2006.
As coletas dos frutos se iniciaram 21 dias após a antese (DAA), e, no
Laboratório de Tecnologia e Análise de Sementes, as sementes foram extraídas
47
manualmente. Foram realizadas coletas semanais de 50 frutos, e feitas avaliações
levando-se em consideração as características físicas e morfológicas dos frutos e
sementes e a qualidade fisiológica das sementes. As características físicas e
morfológicas consideradas foram: comprimento e diâmetro dos frutos; coloração,
massa fresca, massa seca e teor de água de frutos e sementes; descrição
morfológica da semente na fase de desenvolvimento; emergência de plântulas e
vigor das sementes pelo índice de velocidade de emergência (IVE) (Maguire, 1962).
As dimensões dos frutos foram obtidas de cinco repetições de 10 frutos, com
auxílio de uma régua milimetrada e um paquímetro com precisão de 0,05 mm. A
coloração dos frutos e sementes foi definida por avaliação visual e os constituintes
externos das sementes observados utilizando-se uma lupa ou microscópio
estereoscópio; o teor de água das sementes foi obtido com duas repetições de 15
sementes pelo método de estufa a 105 ± 3ºC por 24 horas (Brasil, 1992). Para a
determinação do teor de água dos frutos, duas repetições de 10 frutos foram
mantidas em estufa de circulação forçada de ar a 80ºC por 72 horas. A massa fresca
e a massa seca dos frutos e das sementes foram obtidas conjuntamente com a
determinação do teor de água. O teste de emergência foi conduzido com quatro
repetições de 25 sementes, no substrato entre areia. O substrato foi colocado em
caixas plásticas “gerbox”, umedecido com água destilada até atingir 60% da
capacidade de retenção de água, calculado de acordo com Brasil (1992). As caixas
foram mantidas em câmara tipo BOD, regulada à temperatura de 30ºC, com
fotoperíodo de 8 horas. Realizou-se a contagem das plântulas emergidas
diariamente por 30 dias, determinando-se ao término de cada teste, a porcentagem
de emergência e o índice de velocidade de emergência.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado. O teste de
Cochran evidenciou homocedasticidade das variâncias dos parâmetros em estudo e,
o de Lilliefors, a normalidade, não havendo, portanto, necessidade de transformação
dos dados. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e a análise
estatística foi feita mediante análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A época de florescimento, isto é, o período decorrido desde o início até a
completa formação dos botões florais, teve início em julho de 2006, estendendo-se
48
até agosto/setembro de 2006, quando ocorreu a abertura das flores (antese). Nessa
fase, grande parte das folhas de E. variegata permaneceu nas árvores, concordando
com o citado por Rotar et al. (1986) para esta espécie, diferindo do comportamento
de algumas espécies de Erythrina, que florescem com as árvores sem folhas. Todas
as árvores floresceram e frutificaram na mesma época, corroborando as afirmações
de Ting (1982), que o florescimento é um evento seqüencial do ciclo de vida da
maioria das plantas, ocorrendo num período do ano definido e, todos os indivíduos
de uma espécie na mesma área tendem a florescer na mesma época. A época de
floração e a de frutificação de E. variegata concordam com as informações de
Whistler & Elevitch (2006), que no hemisfério sul, o florescimento desta espécie
ocorre entre julho e novembro, e a maturação dos frutos de outubro a novembro. Foi
possível observar a formação de frutos somente após 21 dias da antese, quando
estes apresentavam pequenas sementes imaturas, de coloração branco-
esverdeada. A deiscência dos frutos teve início aos 91 dias após a antese, por meio
de uma fissura que se inicia na extremidade oposta à do pedúnculo. Hegde (1993)
afirma que na Índia a maturação das vagens ocorre 60 dias após a floração.
Ao longo do período que sucedeu a antese, diversas modificações físicas e
morfológicas foram observadas nos frutos e sementes de Erythrina variegata
(Tabela 1).
O comprimento, o diâmetro e a massa fresca dos frutos evidenciaram
incrementos mais acentuados entre a primeira e a quarta coleta (21 e 42 DAA).
Pelos dados da Tabela 1 e da Figura 1, é possível inferir que a partir dos 49 DAA os
valores de massa fresca dos frutos sofrem decréscimo progressivo, que passa a se
manter a partir dos 70 DAA. De acordo com Hartmann et al. (1997) modificações
físicas e químicas específicas que ocorrem durante a maturação conduzem à
sensescência do fruto e disseminação das sementes. Segundo esses autores, uma
das mudanças mais evidentes é a secagem dos tecidos do pericarpo que em certas
espécies leva à deiscência e à liberação das sementes. Lima (2005) verificou
modificações semelhantes em urucu (Bixa orellana L. cv. casca verde).
A coloração dos frutos e sementes alterou-se acentuadamente ao longo da
maturação. Os frutos passaram de verde para verde-arroxeado e a partir dos 70
DAA tornaram-se castanho-escuros, coloração que se manteve até a última coleta
(91 DAA). As sementes, por sua vez, apresentaram-se brancas inicialmente,
passaram por vermelhas até atingirem, aos 70 DAA, a coloração castanho-
49
Tabela 1Médias de atributos físicos e aspectos morfológicos de frutos e sementes
de Erythrina variegata L. coletados durante 91 dias após a antese
DAA
Coloração dos
frutos
Comprimento dos
frutos (cm)
Diâmetro dos
frutos (cm)
Massa Fresca
dos frutos (g)
Coloração das
sementes
21 Verde 7,47 0,36 0,564
Branco-
esverdeada
28 Verde-escuro 12,53 0,70 3,390 Pérola
35 Verde-escuro 17,34 1,25 10,420
Amarelo-
esverdeada,
rajado com
vermelho
42 Verde-arroxeado 23,58 2,01 30,820 Vermelho-brilhante
49 Verde-arroxeado 20,27 2,07 30,060 Vermelho-brilhante
56 Verde-arroxeado 21,09 2,02 22,620 Vermelho-brilhante
63
Verde-arroxeado
ao castanho-
escuro
21,34 2,10 20,245 Vermelho ao roxo
70 Castanho-escuro 22,87 2,07 4,550
Castanho-
arroxeada
77 Castanho-escuro 22,52 2,03 3,745
Castanho-
arroxeada
84 Castanho-escuro 22,09 1,99 3,780
Castanho-
arroxeada
91 Castanho-escuro 24,25 1,97 3,440
Castanho-
arroxeada
arroxeada, que se manteve até a época da deiscência (91 DAA). Sobre o aspecto
morfológico, é interessante destacar que, até a terceira coleta (35 DAA), os frutos
eram pilosos.
A partir dos 42 DAA, foi possível observar visualmente o hilo das sementes,
que se apresentava amarelado em meio ao tegumento vermelho brilhante. Aos 56
DAA, o hilo apresentou-se amarelo-esverdeado, e foi, também, o estádio de
maturação em que foi possível visualizar a micrópila e a rafe. Aos 70 DAA, quando
as sementes tornaram-se castanho-arroxeadas, o tegumento tornou-se córneo e o
hilo adquiriu o mesmo aspecto que se manteve até a deiscência dos frutos (91
DAA), com coloração castanho-escura, apresentando depressão na porção mediana
e halo branco-gelo. Os aspectos morfológicos observados durante o
desenvolvimento das sementes podem ser visualizados na Figura 2.
Houve bom ajuste de modelos de regressão quadrática para as variáveis
comprimento, diâmetro, massa fresca, massa seca e teor de água dos frutos e para
as variáveis massa fresca, massa seca e teor de água das sementes e, para a
porcentagem de emergência e o índice de velocidade de emergência, com
50
0
5
10
15
20
25
30
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Comprimento de frutos (cm)
y = - 0,00524299x
2
+ 0,765585x - 4,287113
**
R
2
= 84,23%
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Diâmetro de frutos (cm)
y = - 0,000819898x
2
+ 0,112192x - 1,62436
**
R
2
= 93,01%
0
5
10
15
20
25
30
35
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Massa fresca de frutos (g)
y = - 0,0190823x
2
+ 2,05096x - 33,5133
*
R
2
= 59,29%
0
1
2
3
4
5
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Massa seca de frutos (g)
y = - 0,00171596x
2
+ 0,236607x - 4,40324
**
R
2
= 90,52%
0
20
40
60
80
100
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Teor de água de frutos (%)
y = - 0,0261846x
2
+ 1,56080x + 66,2153
**
R
2
= 79,41%
0
20
40
60
80
100
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Teor de água de sementes (%)
y = - 0,0216142x
2
+ 1,12611x + 71,5788
**
R
2
= 86,67%
0
500
1000
1500
2000
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Massa fresca de sementes
(mg)
y = - 0,738830x
2
+ 91,9556x - 1828,74
*
R
2
= 62,77%
0
100
200
300
400
500
600
700
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Massa seca de sementes (mg)
y = - 0,0542662x
2
+ 15,5782x - 386,295
**
R2 = 88,27%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 25 50 75 100
Dias após a antese
Emergência (%)
y = 0,0261942x
2
- 1,30875x + 11,5599
**
R
2
= 78,28%
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 25 50 75 100
Dias após a antese
IVE
y = 0,000119530x
2
- 0,00266451x - 0,0551670
*
R
2
= 67,80%
Figura 1 Comprimento e diâmetro dos frutos; massa fresca, massa seca e teor de
água dos frutos; teor de água, massa fresca, massa seca, emergência e
índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de Erythrina
variegata L., durante a maturação fisiológica. * e **, significativo a 5% e a
1%, respectivamente.
51
35 dias após a antese
49 dias após a antese
56 dias após a antese
63 dias após a antese
70 dias após a antese
91 dias após a antese
Figura 2 Principais alterações morfológicas observadas no desenvolvimento das
sementes de Erythrina variegata L. durante o processo de maturação
fisiológica.
52
coeficientes de determinação de pelo menos 60% e modelos significativos à 5 ou 1%
de probabilidade (Figura 1).
Aos 21 DAA verificou-se a formação de frutos contendo as sementes
imaturas. Nesta fase, o teor de água dos frutos era alto (82,2%). Essa faixa de teor
de água se manteve estável até os 63 DAA. A partir desse ponto houve redução
significativa nos valores dessa variável, chegando à 6,8% no momento da
deiscência. Paralelamente, houve incremento significativo de massa seca nos frutos
até os 70 DAA (Figuras 1 e 3).
0
200
400
600
800
21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91
Dias após a antese
Massa seca (mg)
0
20
40
60
80
100
Teor de água (%)
Massa seca de sementes Teor de água de sementes
0
1000
2000
3000
4000
5000
21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91
Dias após a antese
Massa seca (mg)
0
20
40
60
80
100
Teor de água (%)
Massa seca de frutos Teor de água de frutos
Figura 3 Teor de água e massa seca de sementes (a) e frutos (b) de Erythrina
variegata L., durante a maturação fisiológica.
Nas sementes, durante as primeiras coletas, de 21 até os 49 DAA, o teor de
água manteve-se elevado, entre 80 e 88%. A partir desse ponto, nas coletas feitas
entre 49 e 63 DAA, as sementes apresentaram redução progressiva e paulatina nos
valores dessa variável, assumindo valores de 68,2%. Maior redução no teor de água
foi verificada a partir dos 63 DAA, atingindo valores de 10,2% aos 91 DAA (Figura3).
Essas informações corroboram Popinigis (1985) e Carvalho & Nakagawa (2000),
que afirmam que no início da formação das sementes elas apresentam elevado grau
de umidade, que ao longo da maturação decresce gradativamente. A maioria das
sementes desidrata na maturidade e anteriormente à dispersão, com queda no teor
de água até 30% ou menos quando ainda ligada à planta-mãe. Para conservar-se, a
semente seca ainda mais durante a colheita, pois a germinação o ocorre em um
nível tão baixo de secagem, o que se torna uma importante forma de manutenção da
viabilidade e controle da germinação (Hartmann et al., 1997; Baskin & Baskin, 2001).
a b
53
No entanto, uma característica que deve ser destacada para E. variegata, é que
tanto seus frutos, quanto as sementes, a partir dos 63 DAA, sofrem redução abrupta
nos valores do teor de água (Figuras 1 e 3). Em frutos e sementes de Tibouchina
granulosa Cogn. (Lopes et al., 2005), o decréscimo observado no teor de água de
frutos e sementes foi contínuo e progressivo.
Ao longo de todo o processo de maturação houve acúmulo significativo de
massa seca nas sementes, a qual passou a manter-se praticamente inalterada a
partir dos 70 DAA aos 91 DAA, quando atingiu 568,63 mg. Pela curva ajustada a
partir da equação de regressão (Figura 1), aos 77 dias a massa seca das sementes
atingiu valor máximo. Verifica-se que ao longo do período que sucedeu a antese, o
teor de água e a massa seca das sementes apresentaram comportamento
inversamente proporcional, com coeficiente de correlação linear negativo (r = -0,84)
(Tabela 2; Figuras 1 e 3). Comportamentos similares foram verificados por Lopes et
al. (2005) durante a maturação de sementes de quaresmeira (Tibouchina granulosa),
Lima (2005) em sementes de urucu (Bixa orellana) e Lopes & Soares (2006) em
sementes de carvalho-vermelho (Miconia cinnamomifolia (Dc.) Naud.).
Tabela 2 Coeficientes de correlação simples (r) entre comprimento (CF), diâmetro
(DF), massa fresca (MFF), massa seca (MSF) e teor de água dos frutos
(TAF); massa fresca (MFS), massa seca (MSS) e teor de água de
sementes (TAS); emergência (E) e índice de velocidade de emergência
(IVE), obtidos no estudo de maturação fisiológica de sementes de
Erythrina variegata L.
Parâmetros DF MFF MSF TAF MFS MSS TAS E IVE
CF 0,91 0,36 0,92 -0,46 0,50 0,65 -0,50 0,49 0,47
DF - 0,47 0,92 -0,40 0,73 0,72 -0,45 0,43 0,43
MFF - - 0,40 0,59 0,58 -0,18 0,53 -0,55 -0,52
MSF - - - -0,43 0,64 0,68 -0,50 0,47 0,46
TAF - - - - 0,04 -0,78 0,99 -0,99 -0,95
MFS - - - - - 0,56 -0,06 -0,02 0,02
MSS - - - - - - -0,84 0,79 0,79
TAS - - - - - - - -0,98 -0,93
E - - - - - - - - 0,97
IVE - - - - - - - - -
54
Carvalho & Nakagawa (2000) fazem uma relação entre o ponto em que o
teor de água começa a decrescer rapidamente com a proximidade dos parâmetros
de qualidade, como germinação, vigor e massa seca, e Popinigis (1985) correlaciona
o ponto de maturidade fisiológica com a máxima massa seca acumulada pelas
sementes.
Verificou-se que somente houve emergência com sementes de frutos
colhidos a partir de 63 DAA (8%), quando as sementes apresentavam 68,15% de
teor de água, 481,38 mg de massa seca e IVE de 0,100. A emergência aumentou
até atingir um máximo aos 77 DAA (96%) (Figura 1). De maneira análoga, o vigor
também atingiu seu máximo valor aos 77 DAA (IVE = 0,789), apresentando
correlação altamente positiva com a emergência (r = 0,97) (Tabela 2). Neste
período, o teor de água havia reduzido para aproximadamente 21% e o conteúdo
de massa seca elevado para 581,88 mg. Quando a semente atinge o máximo
conteúdo de massa seca, e acentuada redução no teor de água ela encontra-se no
ponto de maturidade fisiológica (Delouche, 1975; Popinigis, 1985; Carvalho &
Nakagawa, 2000), e, para as sementes de E. variegata, essa condição foi observada
entre 70 e 77 dias após a antese. Comportamento similar foi observado em
sementes de Bixa orellana (Lima, 2005), evidenciando a aplicabilidade do
acompanhamento dessas características para a determinação da maturidade
fisiológica de sementes de espécies de diversas famílias.
A colheita deve ser realizada logo após as sementes atingirem o ponto de
maturidade fisiológica, quando apresentam melhores níveis dos indicadores de
qualidade (Silveira et al., 2002). A determinação da melhor época de coleta
pressupõe conhecimento de mudanças estruturais nos frutos e sementes,
principalmente, durante a última fase do período de maturação (Calil et al., 2005).
Para E. variegata, o comprimento e o diâmetro dos frutos não se mostraram bons
indicadores práticos de maturação, pois mantiveram-se praticamente constantes a
partir dos 42 DAA (Tabela 1; Figura 1). Comportamentos semelhantes foram
observados por Leonhardt et al. (2001) em relação ao tamanho dos frutos de
Citharexylum montevidense (Spreng.) Moldenke. A coloração dos frutos e das
sementes demonstrou ser um indicador adequado, pois aos 70 DAA assumiram o
aspecto de frutos e sementes maduros, com coloração castanho-escura e castanho-
arroxeada, respectivamente. Desse modo, tais características evidenciam que a
colheita pode ser feita logo em seguida a essas modificações, dos 70 aos 77 DAA.
55
No entanto, nesta fase, o teor de água encontra-se muito elevado, e, de acordo com
Popinigis (1985), para o planejamento da colheita, é de vital importância o
conhecimento das modificações no teor de umidade das sementes.
A coloração e a deiscência dos frutos foram bons indicadores da maturação
de sementes de cedro, Cedrela fissilis Vell. (Corvello et al., 1999), Bixa orellana
(Lima, 2005), Tibouchina granulosa (Lopes et al., 2005) e Miconia cinnamomifolia
(Lopes & Soares, 2006).
No final do processo de maturação, marcado pela deiscência dos frutos aos
91 DAA, o teor de água das sementes atingiu valor médio de 10,2%, enquanto a
massa seca atingiu 568,63 mg, e a emergência obtida foi de 83%. Isso evidencia
que as sementes de E. variegata chegam ao final do processo de maturação livres
de dormência, apresentando porcentagem de emergência elevada, tornando-se
mais adequada à colheita neste ponto, quando o teor de água está bastante baixo.
CONCLUSÕES
- No Espírito Santo Erythrina variegata L. floresce entre julho e setembro e a
maturação dos frutos ocorre de outubro a novembro;
- As sementes de E. variegata atingem o máximo de massa seca, emergência e
vigor aos 77 DAA;
- A emergência de plântulas ocorre aos 63 DAA;
- A maturidade fisiológica das sementes de E. variegata é atingida entre 70 e 77
DAA, quando os frutos estão castanho-escuros e as sementes castanho-arroxeadas,
com tegumento córneo e com teor de água em torno de 21%;
- O comprimento e o diâmetro dos frutos não são bons indicadores do ponto de
maturidade fisiológica;
- Aos 91 DAA ocorre a deiscência dos frutos;
- Sementes de E. variegata não apresentam dormência;
- É adequado efetuar a colheita de sementes na época da deiscência dos frutos,
quando o teor de água das sementes se apresenta reduzido.
56
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58
CAPÍTULO 3
TEMPERATURAS CARDINAIS PARA A EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE
Erythrina variegata L.
RESUMO – O objetivo deste trabalho foi determinar as temperaturas cardinais para
a emergência das plântulas de Erythrina variegata L. Os experimentos foram
conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes do CCA-UFES, em Alegre-ES. A
semeadura foi feita em caixas “gerbox”, com areia esterilizada como substrato. Em
seguida, as sementes foram incubadas nas temperaturas constantes de 12, 14, 16,
18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34, 36, 38 e 40ºC, com fotoperíodo de 8 horas. O
delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro repetições de
25 sementes. E. variegata apresenta ampla faixa de tolerância à temperatura,
observando-se emergência entre 14ºC e 38ºC. A faixa de temperatura entre 22ºC e
36ºC mostrou-se favorável à emergência, com porcentagens acima de 67%. A faixa
ótima de temperatura para a emergência de plântulas de E. variegata, com base na
velocidade e no tempo médio de emergência, foi entre 32ºC e 34ºC e, com base na
porcentagem de emergência, a temperatura de 34ºC.
Palavras-chave: Erythrina variegata L.; espécies tropicais; estresse térmico;
propagação de plantas.
59
CARDINAL TEMPERATURES FOR THE EMERGENCE OF Erythrina variegata L.
SEEDLINGS
ABSTRACT – The study objective was to determine the optimum emergence
temperature for seedlings of the Erythrina variegata L. The experiments were carried
out at the Laboratório de Análise de Sementes of CCA-UFES, in Alegre-ES. The
seeds were placed in plastic seed germination containers (gerbox), with sterilized
sand as the substrate. Random samples of 25 seeds each were incubated separately
at constant temperature of 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34, 36, 38 and
40ºC respectively, with photoperiod of 8 hours. This was repeated four times to
obtain a meaningful result. It was found that E. variegata seeds have a broad range
of temperature tolerance with seedling emergence observed between 14ºC and
38ºC. Temperatures between 22ºC and 36ºC seemed most favorable with
emergence in excess of 67%. Temperatures between 32ºC and 34ºC produced the
optimum average rate and time for emergence. The highest percentage of E.
variegata seedling emergence was found to be at the temperature of 34ºC.
Key-words: Erythrina variegata L.; tropical species; thermal stress; plant
propagation.
60
INTRODUÇÃO
Eritrina indiana, Erythrina variegata L., é uma Leguminosae-Papilionoideae,
nativa nas regiões costeiras da Índia e Malásia, empregada em muitos países
tropicais para a produção de madeira leve e para polpa celulósica (Lorenzi et al.,
2003). É uma espécie arbórea, citada como decídua por diversos autores. Possui
rápido crescimento, atingindo alturas de 15 a 20 m, com tronco retilíneo de 50 a 60
cm de diâmetro, folhas trifoliadas, alternadas, fruto legume deiscente, contendo de 5
a 10 sementes. A árvore é muito utilizada como forrageira, quebra-ventos, cerca
viva, como caramanchão para espécies trepadeiras como Piper nigrum (pimenta-do-
reino), Vanilla planifolia (baunilha), Dioscorea spp. (inhame ou cará), entre outras,
além de ser usada como árvore de sombra entre plantas de café e cacau. É
extremamente ornamental, quando em florescimento, podendo ser aproveitada para
uso paisagístico em geral (Hegde & Dalla Rosa, 1994; Kass, 1994; Lorenzi et al.,
2003; Whistler & Elevitch, 2006). Devido à sua capacidade de fixar nitrogênio, é uma
espécie capaz de auxiliar na recuperação da fertilidade em solos degradados e
ociosos (Whistler & Elevitch, 2006), podendo ser própria para programas de
revegetação nessas áreas, em solos com baixa fertilidade e matas ciliares.
As sementes constituem a via de propagação mais empregada na instalação
de plantios e, a busca de conhecimentos sobre as condições ótimas para os testes
de germinação das sementes, principalmente dando ênfase aos efeitos da
temperatura e do substrato, desempenha papel fundamental dentro da pesquisa
científica e fornece informações valiosas sobre a propagação das espécies (Varela
et al., 2005).
Para que ocorra a germinação da semente, cada espécie exige condições
específicas. A germinação de sementes é um processo complexo, que envolve uma
seqüência de eventos fisiológicos, controlada por diversos fatores, compreendendo
diversas fases, as quais são individualmente afetadas pela temperatura. A
temperatura age na germinação de três formas: determinando a capacidade e a
porcentagem de germinação das sementes, eliminando as dormências primária e
secundária ou induzindo a dormência secundária (Bewley & Black, 1994). Assim, os
efeitos da temperatura sobre a germinação refletem uma conseqüência mais
abrangente, não havendo um coeficiente único que caracterize a germinação
(Popinigis, 1985; Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989; Coperland & McDonald, 1999).
61
Cada espécie possui um espectro de
62
temperaturas mínima, máxima e ótima para a emergência de plântulas de E.
variegata.
MATERIAL E MÉTODOS
As sementes de Erythrina variegata L. utilizadas no presente trabalho foram
coletadas de matrizes existentes na Área Experimental do Centro de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), em Alegre-ES,
20º45’S e 41º28’W e altitude de 150 m. Os experimentos foram conduzidos no
Laboratório de Análise de Sementes do CCA-UFES. A semeadura foi feita em caixas
“gerbox”, utilizando-se areia esterilizada como substrato. Em seguida, as sementes
foram incubadas nas temperaturas constantes de 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28,
30, 32, 34, 36, 38 e 40ºC. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado e para cada temperatura foram utilizadas quatro repetições de 25
sementes. As contagens de emergência foram feitas diariamente e os testes foram
encerrados quando todas as plântulas haviam emergido ou quando as sementes
remanescentes apresentavam sinais de deterioração. As irrigações foram feitas de
acordo com as necessidades apresentadas.
A partir do número de sementes germinadas foi calculada a porcentagem de
emergência; o tempo médio de emergência - t
m
(Labouriau, 1983); a velocidade
média de emergência -
v (Labouriau & Valadares, 1976; Labouriau, 1978;
Labouriau, 1983); a freqüência relativa de emergência - FR (Labouriau & Valadares,
1976; Labouriau, 1978; Santana & Ranal, 2004) e o índice de sincronização de
emergência ou incerteza - E (Labouriau & Valadares, 1976; Santana & Ranal, 2004).
A análise estatística foi efetuada através de análise de variância, por meio
do teste F e seguida pela comparação das médias dos tratamentos por meio do
teste de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de probabilidade e pela análise de
regressão em nível de 5% de significância. O teste de Cochran evidenciou
homocedasticidade das variâncias dos parâmetros em estudo, não havendo,
portanto, necessidade de transformação dos dados.
63
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As sementes apresentaram emergência de plântulas numa faixa de
temperatura entre 14ºC e 38ºC, não ocorrendo emergência a 12ºC, e nem a 40ºC
(Tabela 1). Desse modo, torna-se possível determinar os limites extremos de
temperatura para a emergência das plântulas de Erythrina variegata L.,
evidenciando ser 14ºC a temperatura mínima e, 38ºC, a máxima. Baixas
temperaturas, além de determinar redução na porcentagem de emergência,
reduzem o processo, devido à redução das atividades enzimáticas no metabolismo
da semente. Por outro lado, temperaturas mais elevadas determinam maior
velocidade do processo de absorção de água, aceleram as atividades enzimáticas e
o processo germinativo (Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989; Bewley & Black, 1994;
Carvalho & Nakagawa, 2000).
Tabela 1 – Emergência (%), tempo médio de emergência (dias) e índice de
sincronização de emergência ou incerteza (bits) de Erythrina variegata
L. após incubação isotérmica das sementes em diferentes
temperaturas (ºC)
Temperatura Emergência Tempo Médio (t
m
) Índice de Incerteza (E)
12 0 g 0,0 f 0,000 d
14 12 f 21,0 e 0,500 a
16 12 f 21,0 e 0,500 a
18 29 e 19,8 d 0,453 a
20 44 d 20,2 d 0,944 a
22 67 c 10,1 c 2,118 c
24 71 c 9,6 c 2,294 c
26 76 c 7,4 a 1,500 b
28 70 c 8,4 b 2,186 c
30 84 b 8,3 b 1,888 b
32 83 b 6,7 a 2,179 c
34 91 a 7,3 a 2,099 c
36 75 c 9,8 c 1,659 b
38 11 f 8,5 b 0,500 a
40 0 g 0,0 f 0,000 d
CV(%) 10,97 9,43 30,98
Médias seguidas de uma mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste
de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
64
Extremos similares foram observados por Perez et al. (1998) em sementes
de Peltophorum dubium (Spreng) Taubert, com limite mínimo de temperatura para
germinação entre 9ºC e 12ºC e máximo entre 36ºC e 39ºC. A temperatura de 15ºC
determinou inibição da germinação de sementes de Theobroma grandiflorum (Willd.
ex. Spreng) Schum. (Garcia, 1994). Tais limites demonstram que E. variegata possui
um amplo espectro de tolerância à temperatura, sendo considerada uma espécie
euritérmica (Perez et al., 1998), o que também foi verificado em sementes de
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit por Cavalcante & Perez (1995), que sugerem
que essa ampla faixa seja uma característica adaptativa que permite germinação em
diferentes ambientes de temperatura.
De acordo com Perez et al. (1998), espécies tropicais geralmente possuem
um limite máximo acima de 35ºC, sendo sensíveis às baixas temperaturas, com
limite mínimo acima de 5ºC. Dessa forma, E. variegata se caracteriza como uma
espécie tropical, com distribuição geográfica natural nas vegetações costeiras da
Índia e Malásia e boa adaptação quando introduzida em localidades como o Brasil, a
Costa Rica e o Havaí, ilha pertencente aos Estados Unidos .
A Figura 1 mostra as curvas de velocidade média de emergência, com suas
respectivas curvas de regressão. Verifica-se que a velocidade de emergência
apresentou bom ajuste para o modelo linear (P < 0,05), sendo, portanto, linearmente
dependente da temperatura, acima e abaixo da região ótima. Modelos lineares para
essa característica também foram verificados em sementes de Dolichos biflorus L.
(Labouriau & Pacheco, 1979); Leucaena leucocephala (Cavalcante & Perez, 1995);
Peltophorum dubium (Perez et al., 1998) e Senna macranthera (Collad.) Irwin et
Barn. (Cassaro-Silva, 2001). A interceptação da regressão obtida para a região infra-
ótima localiza a temperatura mínima em 8,86ºC. Por outro lado, a interceptação da
supra-ótima estima um máximo de 41,40ºC. Além disso, as duas retas se
interceptam em 33,66ºC, o que coincide com a região ótima encontrada
experimentalmente (34ºC). Assim, os modelos lineares possibilitam boa descrição
dos dados de velocidade média de emergência isoterma para a espécie em estudo.
A faixa de temperatura entre 22ºC e 36ºC mostrou-se favorável à
emergência de plântulas de E.variegata, com porcentagens acima de 67%. De
acordo com Larcher (2000), a faixa de temperatura para a germinação de sementes
de espécies com extensa distribuição geográfica e daquelas adaptadas às grandes
65
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
8,86 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 33,6 36 38 40 41,4
Temperatura (ºC)
Velocidade Média (dia
-
¹)
y
1
= 0,0063x - 0,0558
R
2
= 89%
y
2
= - 0,0202x + 0,8363
R
2
= 70%
34
Figura 1 – Efeitos da temperatura sobre a velocidade média de emergência de
plântulas de Erythrina variegata L. nas faixas de temperatura infra-
ótima (y
1
) e supra-ótima (y
2
), respectivamente.
flutuações de temperaturas em seu habitat é ampla. Entretanto, entre as
temperaturas que proporcionaram maior porcentagem de emergência, 32ºC e 34ºC
foram as que evidenciaram maior velocidade e menor tempo médio de emergência
(Tabela 1). No entanto, com relação à porcentagem de emergência, houve diferença
significativa entre essas temperaturas, evidenciando maior valor para 34ºC. Isso faz
com que a faixa ótima de temperatura para a emergência de plântulas de E.
variegata, com base na velocidade e no tempo médio de emergência, seja entre
32ºC e 34ºC e, com base na porcentagem de emergência, seja a temperatura de
34ºC.
As temperaturas ótimas para emergência de plântulas de E. variegata
retratam sua origem, pois a espécie advém das regiões costeiras da Índia e Malásia,
países que, de modo geral, são considerados de clima quente. Além disso, sugerem
a possibilidade da espécie ser cultivada em outras regiões do mundo, onde são
evidenciadas temperaturas mais elevadas, pois, de acordo com Larcher (2000), a
temperatura ótima para espécies tropicais situa-se entre 20ºC e 35ºC.
Na Figura 2 são apresentadas as curvas de distribuição de freqüência da
emergência de sementes de E. variegata ao longo do tempo de estudo em cada
temperatura, exceto 12ºC e 40ºC, pois nestas as plântulas não apresentaram
66
14ºC e 16ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1357911131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=12
t
m
=22
E=0,500
28ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=70
t
m
=8,4
E=2,186
18ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=29
t
m
=19,8
E=0,453
30ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1357911131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=84
t
m
=8,3
E=1,888
20ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Tempo (dias)
FR
E%=44
t
m
=20,2
E=0,944
32ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=83
t
m
=6,7
E=2,179
22ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Tempo (dias)
FR
E%=67
t
m
=10,1
E=2,118
34ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1357911131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=91
t
m
=7,3
E=2,099
24ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=71
t
m
=9,6
E=2,294
36ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1357911131517192123252729
Tempo (dias)
FR
E%=75
t
m
=9,8
E=1,659
26ºC
0
0,25
0,5
0,75
1
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
po (d.004i
67
emergência. Todas as curvas obtidas são leptocúrticas. Em geral, observou-se
comportamento polimodal nas distribuições isotermas, o que demonstra a
heterogeneidade fisiológica das sementes de E. variegata. Tal afirmação pode ser
reforçada pelo alto índice de incerteza encontrado nas isotermas, mesmo onde a
emergência foi relativamente alta, como de 22ºC à 36ºC. Godoi & Takaki (2005),
trabalhando com sementes de Cecropia glaziovi verificaram que os polígonos de
freqüência relativa da germinação apresentaram germinação espalhada no tempo,
mesmo na temperatura considerada ótima para a espécie (30ºC), ocorrendo baixa
sincronização na germinação. Essa irregularidade na germinação é positivamente
relatada por Larcher (2000), pois, quando em condições naturais, as plântulas
emergem em tempos diferentes e parte da progênie evita as condições climáticas
mais desfavoráveis e uma herbivoria severa.
Sob temperaturas mais baixas a emergência ocorreu mais tardiamente,
como ocorreu entre 14ºC e 20ºC, podendo-se evidenciar que os picos de
emergência surgiram mais próximos dos últimos dias de incubação (a partir do 15º
dia) (Figura 2). Comportamento similar foi observado em sementes de Senna
macranthera (Cassaro-Silva, 2001). A intensidade de respiração é maior quando se
aumenta a temperatura, por isso, sob temperaturas mais baixas o processo de
germinação é mais lento (Gutiérrez & Minelli, 1990). Além disso, Marcos Filho (2005)
destaca que a redução gradativa da temperatura, em função dos efeitos sobre a
velocidade de embebição e de mobilização de reservas, provoca decréscimo
acentuado da velocidade de germinação. Conforme relatado por García & Di Stéfano
(2000), sementes de Dalbergia retusa Hemsl. passam a evidenciar atraso na
germinação abaixo de 25ºC.
O início da emergência de plântulas ocorreu mais cedo quando as sementes
foram mantidas sob temperaturas de 22ºC e 24ºC, quando esta também passou a
ser mais distribuída ao longo do tempo (Figura 2). Sob temperaturas mais elevadas
a emergência ocorreu mais rapidamente, como verificado entre 26ºC e 38ºC, onde
os picos de emergência apareceram no início do tempo de incubação (a partir do
terceiro dia, como observado em algumas dessas temperaturas). Sementes de
Maquira sclerophylla (Ducke) C.C. Berg também apresentam redução no tempo de
emergência com o aumento da temperatura (Miranda & Ferraz, 1999). Essa
antecipação da emergência foi também constatada por meio do tempo médio de
68
emergência, uma vez que este foi menor nas temperaturas mais elevadas, como
verificado a partir de 22ºC (Tabela 1 e Figura 2).
CONCLUSÕES
- Os limites de temperatura mínimo e máximo observados para a emergência de
plântulas de Erythrina variegata L. são 14ºC e 38ºC, respectivamente;
- A temperatura ótima para a emergência de plântulas de E. variegata é de 34ºC.
69
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72
CONCLUSÕES GERAIS
Os resultados do presente trabalho permitiram concluir que:
- A morfologia de frutos, sementes e plântulas torna-se útil no reconhecimento de
Erythrina variegata L.;
- As sementes de E. variegata atingem o máximo de massa seca, emergência e
vigor aos 77 dias após a antese (DAA);
- A emergência de plântulas ocorre aos 63 DAA;
- A maturidade fisiológica das sementes de E. variegata é atingida entre 70 e 77
DAA, quando os frutos estão castanho-escuros e as sementes castanho-arroxeadas,
com tegumento córneo e com teor de água em torno de 21%;
- Aos 91 DAA ocorre a deiscência dos frutos;
- É adequado efetuar a colheita de sementes na época da deiscência dos frutos,
quando o teor de água das sementes se apresenta reduzido;
- Erythrina variegata L. não apresenta dormência de sementes;
- Os limites de temperatura mínimo e máximo observados para a emergência de
plântulas de Erythrina variegata L. são 14ºC e 38ºC, respectivamente;
- A temperatura ótima para a emergência de plântulas de E. variegata é de 34ºC.
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