Universidade Federal do Amazonas
ICHL – Instituto de Ciências Humanas e Letras
Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
“ Se essa rua fosse minha ...”
A (re)criação do espaço público no centro de Manaus.
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Sínteses.
A finalização – enquanto metodologia aplicada pelo SEBRAE/AM – partiu de uma
sistematização onde foram utilizados os resultados obtidos na intenção de criar um perfil
“idealizado” do camelô do Centro de Manaus. A própria pesquisa alerta para um melhor
detalhamento, porém, segue abaixo para análise.
O camelô típico do Centro de Manaus:
Este é o camelô “típico”, porém, há variações conforme o segmento que se aborde.
Ele é ligado à atividade informal e está há cerca de cinco anos neste trabalho. Já era
autônomo antes de abrir sua banca, ou seja, já vivia na informalidade antes de se
fixar em um ponto.Não tem interesse em fazer treinamento, pois já se acostumou
com a informalidade. Tem renda familiar baixa, ou seja, apresenta baixo grau de
acumulação, pois vende, basicamente, miudezas de baixo valor. Não participa de
planos de crédito e não tem acesso a bancos ou financeiras. Seus fornecedores são
locais e vende produtos comprados à vista em distribuidoras próximas. Não planeja
seu negócio, vivendo no curto prazo, sem filiações políticas ou funcionais e, no
máximo, pretende permanecer onde está
. (SEBRAE/AM, 2005).
Quem deseja tomar parte em um empreendimento, como micro-empresário:
Representam mais da metade dos ambulantes. Pretendem obter crédito e não temem
entrar no universo dos financiamentos, pois inclusive já contraiu empréstimos em
outra ocasião. Almejam ser comerciantes, tornaram-se ambulantes por estarem
desempregados. É um grupo com vontade de empreender e crescer. Gostariam de
ter seu próprio negócio, entrando na legalidade. Muitos já estão acostumados com
bancos e financeiras. Apesar de gostarem da vida na informalidade, não são
resistentes à idéia de entrarem no universo “formal”.
(SEBRAE/AM, 2005).
Quem deixaria de ser camelô, caso tivesse uma oportunidade:
Representam quase um terço dos camelôs do Centro. Possui maior escolaridade do
que a média. Pensa em obter crédito nos bancos e financeiras. Não é avesso a
economia formal. Tinham algum capital quando viraram camelôs, especialmente
por indenizações do FGTS. Muitos já foram da economia formal e ainda desejam
manter seus vínculos com ela. Não são refratários às mudanças, fazem compras a
prazo em importadoras e estão adaptados as regras do mercado formal. São
empreendedores e almejam mudar de vida, fazer investimentos e crescer.
(SEBRAE/AM, 2005).
Quem não deixaria de ser camelô, caso tivesse uma oportunidade:
Possui baixa escolaridade, uma família grande e que depende basicamente dele.
Não tem outra ocupação nem visualiza outro tipo de emprego. Não quer arriscar
outro empreendimento. Virou ambulante porque estava desempregado e não tinha
capital disponível. Interessante destacar que os migrantes do Pará e do Ceará
formam elevado contingente deste grupo, especialmente aqueles que vieram
aventurar a vida. São pessoas que acabaram arriscando a vida em Manaus, não
obtiveram sucesso e estão sem perspectivas, agarrando-se à ocupação de camelô.
Ganha pouco, vende produtos de baixo valor, não tem acesso a crédito ou
financiamento. Pretende continuar nesta atividade porque não enxerga outro
horizonte. Tem dificuldade em se ver participando de outro tipo de ocupação. Não
quer arriscar sua situação. É um grupo com alta resistência a mudanças.
(SEBRAE/AM, 2005).