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Angélica Nascimento Martins
Caracterização Fenotípica do Vírus da
Imunodeficiência Humana tipo 1 (HIV-1)
Contendo Duplicações no Domínio Tardio
P(T/S)APP de p6
G
ag
.
Dissertação de Mestrado apresentado ao
Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de
Góes, Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Orientador: Rodrigo de Moraes Brindeiro
Co-orientador: Pedro Paulo Xavier Elsas
RIO DE JANEIRO
2007
i
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_________________________ Ficha Catalográfica
ii
MARTINS, Angélica Nascimento
Caracterização fenotípica do vírus da imunodeficiência humana do tipo 1
(HIV-1) contendo duplicações no domínio tardio P(T/S)APP de p6
Gag
. Rio de
Janeiro, 2007.
, 80f
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de
Microbiologia Prof. Paulo de Góes. Programa de Pós-Graduação em
Microbiologia e Imunologia.
1. HIV-1
2. p6
Gag
3. PTAPP
4. Fenotipagem
I. Brindeiro, Rodrigo de Moraes
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de Microbiologia Prof.
Paulo de Góes
III. Caracterização do vírus da imunodeficiência humana do tipo 1 (HIV-1)
contendo duplicações no domínio tardio PT/SAPP de p6
Gag
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iii
Trabalho realizado no Laboratório de Virologia Molecular Animal do
Departamento de Genética, Instituto de Biologia, sob a orientação do Prof. Rodrigo
de Moraes Brindeiro e co-orientação do Prof. Pedro Paulo Xavier Elsas.
iv
____________________________ Agradecimentos.
Agradeço à todos os amigos do laboratório!!!!.... Cel, Moniquinha, Dadá, Rapha,
Alex, Dê, Helena, Cecília, e muuuito a Paty q não tá mais no lab, mas sempre será do labs tb!!!
Especialmente ao chefinho Rodrigo!!!, por me aturar esses anos todos e todos os
próximos que virão também rsrsrsrs.
Agradeço muito ao grande mestre Amilcar.
Às amigas do Fundão: Rachel Regina e Pheebs.
À querida mami por tudo, sempre. E meus amadíssimos e queridíssimos avós!!
E por último...aos meus gatinhos liiindos, filhos queridos, meus felinos.
v
“Semeia um pensamento e colherás um desejo; semeia um desejo e colherás a acção; semeia a
acção e colherás um hábito; semeia o hábito e colherás o carácter.
(Tihamer Toth)”
vi
___________________________________ Resumo
A proteína p6 derivada de Gag (Pr55
Gag
) possui 53 aminoácidos e é responsável
pelo brotamento viral, principalmente através do domínio conservado (“late domain”, motivo
P(T/S)APP). Foi observada em alguns isolados de HIV-1 do subtipo B, através da genotipagem
do gene gag, a existência de duplicações do domínio tardio da proteína p6, ou motivo
P(T/S)APP. Uma vez que este domínio é fundamental para o brotamento viral, é preciso
conhecer o papel destas duplicações na contribuição para a resistência viral aos inibidores da
protease (IP).
Clones plasmidiais contendo o cDNA do genoma completo do HIV-1 (subtipo
B, cepa HXB-2, vetor pR7gfpnef de 15Kb) foram mutados, para inserção de sítios de
restrição BstEII, flanqueando a região codificante de p6, ou a região codificante da protease, ou
ambas as regiões codificantes da p6 e da protease. A digestão destes clones, seguida de
religação com DNA ligase, nos permitiu reconstruir o genoma em cDNA do HIV-1 com
deleções nas ORF de p6
, PR e p6
+PR, gerando os vetores pR7Ugag, pR7Upro e
pR7Ugagpro, respectivamente.
Estes plasmídeos são co-transfectados em células MT-4 junto com os produtos
da amplificação gênica de p6
ins
(p6
ins
: +APP, +PTAPSRL/PE e +SFRPTAPPAE), ou PR
mut
(Protease mutante), ou p6
ins
+PR
mut
dos isolados de pacientes contendo 3 diferentes tipos de
duplicações do domínio P(T/S)APP, um total de 4 isolados do subtipo B, além do controle sem
duplicação e sem mutações (cepa viral NL4-3). Alguns isolados carregam mutações de
resistência a diferentes IP (PR
mut
). Os vírus recombinantes gerados, contendo estas regiões
quiméricas são titulados calculando-se o CCID
50
, e submetidos a ensaios in vitro (cultura de
MT-4) de fenotipagem viral contra os IP disponíveis no laboratório, em comparação com
controle susceptíveis aos IP.
Foram fenotipados os vírus quimeras gerados a partir dos isolados virais. Os
resultados demonstraram que a duplicação do domínio na presença de uma PR susceptível aos
IP, não influenciou na resistência aos IP (Amprenavir (APV), Indinavir (IDV), Lopinavir
(LPV), Saquinavir (SQV), Ritonavir (RTV) e Nelfinavir (NFV)). Por outro lado, quando a
duplicação estava presente em conjunto com uma PR mutante, o nível de resistência a todos os
IP testados diminuia consideravelmente. Estudos adicionais são necessários para avaliação da
contribuição para a resistência aos antiretrovirais (ARV), mediada por polimorfismos fora dos
genes alvo da terapia, tais como a influência dos mesmos na clínica do paciente.
vii
_________________________________ Abstract
The p6 protein derived from the precursor P55
Gag
has 53 amino acids and plays a
critical role on the release of HIV-1 particles through its highly conserved late domain motif (L
domain: P(T/S)APP). Interestingly, some different patterns of duplications of this P(T/S)APP L
domain can be observed in some isolates of HIV-1 from B subtype, through genotyping assay
of gag gene, mainly in isolates carrying drug-resistance mutations in the protease gene. As this
domain is crucial for viral release, it is necessary to understand the effect of these duplications
on resistance to drugs that inhibit the viral protease (PI).
Site-directed mutagenesis were introduced into plasmidial infectious clone
pR7gfpnef (derived from the HXB2 isolate, subtype B) in order to introduce 2 sites for the
restriction enzyme BstEII, either flanking the p6
Gag
coding sequence, or flanking the protease
coding sequence, and a third clone with BstEII sites flanking both the p6
Gag
and protease coding
sequences. The digestion of these mutated clones followed by religation, allowed us to
reconstruct HIV-1 cDNA genomes lacking the ORF of p6
Gag
, PR and p6
Gag
+PR (and creating
the vectors pR7Ugag, pR7Upro and pR7Ugagpro, respectively).
Those vectors are co-transfected into MT-4 cells together with the respective
amplification products of p6
ins
(p6
ins
: +APP, +PTAPSRL/PE and +SFRPTAPPAE), PR
mut
(Protease with resistance genotype) and p6
ins
+PR
mut
from viral isolates of 4 different patients
carrying 3 different P(T/S)APP duplications together with protease mutations conferring
resistance to different PI (PR
mut
). The chimerical viruses generated were submitted to in vitro
phenotyping assay against PIs available in our laboratory. Our results showed that PTAPP
duplication in the presence of susceptible PR did not have any influence in the PI resistance to
APV, IDV, LPV, SQV, RTV and NFV. On the other hand when the PTAPP duplications were
present in the context of a resistant PR, the Fold Resistance was decreased. More studies are
needed to evaluate the contribution for resistance profile mediated by polymorphisms outside
the genes targeted by the antiretroviral therapy, as well as this influence to the treatment of the
HIV positive patients.
viii
________________________________ Abreviaturas.
-A Base nitrogenada adenina
-ABC Abacavir
-AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
-AIP1 Proteína que interage com aquitina 1
-ALV Vírus da leucemia aviária
-ARV Anti-retroviral
-APV Amprenavir
-AZT Zidovudina
-CA Capsídeo
-cDNA DNA complementar
-CDC Centro de Controle e Prevenção de Doenças Infecciosas dos Estados
Unidos da América
-Cél. Células
-C Base nitrogenada citocina
-CHMP4 Proteína modificadora de cromatina 4
-CPE Efeito Citopático
-CR Capacidade Replicativa
-CTL Linfócito do tipo T citotóxico
-ddC Zalcitabina
-DDI Didanosina
-D4T Stavudina
-DNA Ácido desoxiribonucleico
-dATP Desoxiadenosina trifosfato
-DLV Delavirdina
-dNTP Desoxiribonucleotídeos trifosfatados
-EFV Efavirenz
-ESCRT “Endossomal Sorting Complex Required for Transport”
-EUA Estados Unidos da América
-FDA Food and Drug Administration”
-FR “Fold Resistance”
-G Base nitrogenada guanina
-gp41 Glicoproteína de 41kDa
-gp120 Glicoproteína de 120kDa
ix
-HAART “Hight Active Antiretroviral Terapy”
-HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
-HTLV Vírus Linfotrópico Humano de células T
-IP Inibidor da Protease
-IDV Indinavir
-INTR Inibidor Nucleosídico da Transcriptase Reversa
-INNTR Inibidor Não-Nucleosídico da Transcriptase Reversa
-kb 1000 bases
-kDa QuiloDaltons
-Log Logaritmo de base 10
-LPV Lopinavir
-LTR Repetições terminais longas
-M Molar (concentração em mol/L)
-MA Matriz
-mL mililitro
-mM Milimolar
-MOI “Multiplicity of Infection”
-MPMV Vírus de macaco Mason-Pfizer
-mRNA RNA mensageiro
-MuLV Vírus da leucemia murina
-MVB “Multivesicular bodies”
-NC Proteína do núcleocapsídeo
-NFV Nelfinavir
-ng Nanograma
-NVP Nevirapina
-ORF Fases abertas de leitura
-p6
ins
Proteína p6
Gag
contendo inserção
-PCR Reação em cadeia da polimerase
-pb pares de bases
-p6
Gag
proteína de 6 kDa sintetizada a partir do poliprecurssor Pr55kDa
-p6
Pol
proteína sintetizada a partir do poliprecurssor Pr160kDa
-PRO Protease
-PR
mut
Protease com genótipo de resistência
-RT-PCR Reação de Transcrição Reversa
-RTV Ritonavir
-RNA Ácido Ribonucleico
x
-rpm rotação por minuto
-TR Enzima transcriptase reversa
-SQV Saquinavir
-SIV Vírus da Imunodeficiência Símia
-SIV
agm
SIV de macaco verde africano
- SIV
cpz
SIV de chimpanzés
- SIV
smn
SIV de sooty mangabey
-Taq pol DNA polimerase I termoestável de Thermus aquaticus
-TFP “Transframe protein”
-T CD4 Células linfocitárias CD4 positivas
-T CD8 Células linfocitárias CD8 positivas
-TCR Receptor de células T
-3TC Lamivudina
xi
____________________________________Sumário
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
TIPO 1 (HIV-1) CONTENDO DUPLICAÇÕES NO DOMÍNIO TARDIO P(T/S)APP DE
P6
GAG
._______________________________________________________________ I
FICHA CATALOGRÁFICA _____________________________________________ II
AGRADECIMENTOS _________________________________________________IV
RESUMO__________________________________________________________VI
ABSTRACT________________________________________________________ VII
ABREVIATURAS. ___________________________________________________VIII
SUMÁRIO __________________________________________________________XI
1. INTRODUÇÃO_____________________________________________________ 1
1.1. A origem do HIV. ___________________________________________________________________1
1.2. A epidemiologia da doença. ______________________________________________________________2
1. 3. O HIV-1 e seu ciclo replicativo.___________________________________________________________5
1.3.1. Estrutura da partícula viral. ____________________________________________________________5
1.3.2. Organização genômica. _______________________________________________________________ 6
1.3.3. Replicação._________________________________________________________________________8
1.3.4. O brotamento viral. __________________________________________________________________9
1.4. A p6
Gag
e o domínio P(T/S)APP.__________________________________________________________10
1.5. História natural da infecção pelo HIV-1.___________________________________________________14
1.6. A terapia antiretroviral._________________________________________________________________16
1.7. Resistência às drogas anti-retrovirais______________________________________________________17
1.8. Processamento de Gag e Gag-Pol pela PR e resistência aos ARV._______________________________21
2. OBJETIVO. ______________________________________________________ 25
3. MATERIAIS E MÉTODOS. __________________________________________ 26
3.1. Obtenção das amostras. _________________________________________________________________26
3.2. Preparo das amostras. __________________________________________________________________27
3.2.1. Extração do RNA viral. ______________________________________________________________ 27
3.2.2. Obtenção de cDNA._________________________________________________________________28
3.3. Construção dos vetores para geração de vírus recombinantes. _________________________________28
3.3.1. O vetor ___________________________________________________________________________28
3.3.2. Mutagênese sítio-dirigida. ____________________________________________________________28
3.3.3. Transformação em células competentes Stbl2
TM
. ___________________________________________29
xii
3.3.4. Seleção dos clones mutantes. __________________________________________________________ 29
3.3.5. Sequenciamento automático e edição. ___________________________________________________ 30
3.3.6. Deleção para obtenção dos 3 vetores de recombinação. ______________________________________31
3.4. Geração de vírus não recombinantes e recombinantes. _______________________________________32
3.4.1. Amplificação dos genes da p6
ins
, PR
mut
e p6
ins
+PR
mut
. _______________________________________32
3.4.2. Linearização dos vetores deletados. _____________________________________________________33
3.4.3. Precipitação do DNA para co-transfecção.________________________________________________33
3.4.4. Co-transfecção em cultura de células MT-4. ______________________________________________33
3.4.5. Titulação dos Estoques Virais__________________________________________________________34
3.5. Fenotipagem dos vírus com e sem duplicações no domínio PTAPP/ com e sem protease respectiva
(mutada). ________________________________________________________________________________35
4. RESULTADOS.___________________________________________________ 37
4.1. Vetores para a geração de vírus recombinantes. ____________________________________________37
4.2. Geração de vírus recombinantes por co-transfecção contendo p6
ins
, PR
mut
ou p6
ins
+PR
mut
e seus
respectivos controles selvagens. ______________________________________________________________41
4.3. Titulação dos estoques virais contendo p6
ins
, PR
mut
ou p6
ins
+PR
mut
e seus respectivos controles selvagens.
_________________________________________________________________________________________41
4.4. Sequenciamento dos vírus recombinantes gerados ___________________________________________ 41
4.5. Fenotipagem.__________________________________________________________________________43
5. DISCUSSÃO._____________________________________________________ 48
6. CONCLUSÕES.___________________________________________________ 51
7. BIBLIOGRAFIA. __________________________________________________ 52
1
______________________________ 1. Introdução.
1.1. A origem do HIV.
Em 1981 surgiu uma nova doença que causava uma síndrome de imunodeficiência
adquirida em adultos (SIDA, em inglês AIDS) iniciando o caminho para a descoberta de
um novo retrovírus humano (Centers for Disease Control, 1982; Gottlieb et al., 1981). Os
sintomas comuns entre os pacientes que apresentavam esta síndrome eram anormalidades
imunológicas, desordens neurológicas, desenvolvimento de tumores atípicos,
normalmente seguidos por infecções oportunistas. Dois anos após a descoberta da doença
no Instituto Pasteur, Barré-Sinoussi e colaboradores isolaram de linfonodos de pacientes
apresentando linfoadenopatia um novo retrovírus, sendo então primeiramente chamado
de Vírus Associado à Linfoadenopatia, ou LAV (Barré-Sinoussi et al., 1983; Wain-
Hebson et al., 1991).
Nesta mesma época foram isolados alguns vírus em primatas que causavam uma
patologia similar à AIDS e possuíam uma grande homologia de suas sequências com as
dos HIV-1 e HIV-2, sendo denominado SIV (do inglês simian immunodeficiency virus)
(Daniel et al., 1985; Coffin et al., 1986).
Para provar a origem do HIV foram feitas análises filogenéticas do gene conservado
pol para relacionar os lentivírus de humanos, primatas e de não primatas. Foi visto que o
HIV do tipo 1 estava evolutivamente mais próximo do SIV
cpz
(Chimpanzé) e ambos eram
provenientes de um ancestral comum, o SIV
agm
(Macaco Verde Africano)
(Gao et al.,
1999). Além disso o HIV-2 apresentava maior identidade com o SIV
smn
(Sooty
Mangabey), ambos provenientes do SIV
syk
, um ancestral comum de SIV isolado de
macaco mandril. Estudos epidemiológicos da distribuição geográfica destas patologias
fortaleceram a teoria de que o SIV teria dado origem ao HIV em mais de dois eventos
distintos. Os locais na África onde prevaleciam o HIV-2 correspondiam aos mesmos
locais onde eram isolados os respectivos SIV de macacos mangabey e sykes; enquanto o
mesmo ocorria com o HIV do tipo 1 em relação aos SIVs de chimpanzés e de macacos
verdes africanos (Keele et al., 2006; Hirsh et al., 2000).
2
1.2. A epidemiologia da doença.
O HIV infecta pessoas de todas as idades, raças e sexos. Ainda não existe cura e nem
vacina eficaz, só tratamentos que visam prolongar ao máximo e com a melhor qualidade
possível a vida do paciente ou retardar a progressão.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), é causada pelos dois vírus
HIV-1 e HIV-2, ambos pertencentes ao gênero dos lentivírus da família Retroviridae.
Análises filogenéticas das seqüências nucleotídicas dos genes env e gag de um grande
número de isolados de HIV-1 (Myers, 1994), identificaram a existência de pelo menos
nove diferentes subtipos do HIV-1, sendo classificados de A, B, C, D, F, G, H, J e K
(WHO Network for HIV Isolation and Characterization, 1994; Janssens et al., 1994),
estes subtipos genéticos formam o grupo M, ou grupo principal (do inglês “major”),
sendo relativamente eqüidistantes, com exceção do subtipo B e D que são mais próximos.
Um segundo grupo de vírus começou a ser isolado na República dos Camarões e
demonstrava ser diferente daqueles primeiros, sendo então denominado de grupo O ou
“outliers” (Nkengasong et al., 1994; Gürtler et al., 1994), sendo que menos de 10% da
população infectada de Camarões pertencia a este grupo. O grupo O também foi dividido
em 5 subtipos (A a E) devido à grande variação dentro do grupo. Por último foi descrito
um terceiro grupo classificado de N ou “non-M and non-O” (Hemelaar et al., 2006;
Simon et al., 1998).
Os subtipos genéticos do HIV-1 estão distribuídos em diferentes localizações
geográficas (Hemelaar et al., 2006; Myers et al., 1994; Louwangie et al., 1993;
Osmanov, Heyward & Esparza, 1994). O subtipo B é mais prevalente na América do
Norte, América Latina, Caribe, Europa, Japão e Austrália. O subtipo C é o mais
prevalente no mundo, presente no continente Africano, na Índia, China e sul do Brasil e é
o responsável por aproximadamente 50% da pandemia, segundo estimativas
(UNAIDS/WHO, 2002 e 2005). O subtipo F é encontrado no Brasil, Romênia e entre
outros países (Dumitrescu et al., 1994). O Brasil possui predominantemente o subtipo B
(Ministério da Saúde do Brasil, 2006).
O inicialmente chamado subtipo E foi identificado na Tailândia e República
Central Africana (Louwangie et al., 1993; Louwangie et al., 1995; Osmanov et al, 2002).
Os subtipos mais recentes descritos foram o G, encontrado na Rússia e Gabão, e o H
encontrado no Zaire e Camarões (Osmanov, Heyward & Esparza, 1995). Como
mencionado anteriormente o grupo O é encontrado na República dos Camarões, mas
também no Gabão e Guiné Equatorial. Embora a maioria destes estudos ainda sejam de
pequeno porte, no que diz respeito ao local e número de pacientes testados, eles nos dão
3
uma noção da distribuição geográfica destes subtipos (Esparza, Pattou & Osmanov,
2000). Existem ainda formas circulantes recombinantes (CRF) e mosaicos dos subtipos
puros.
A AIDS é sem dúvida a maior pandemia de todos os tempos, a UNAIDS publicou
uma estimativa onde aproximadamente 40.3 milhões de pessoas vivem com HIV/AIDS,
4.9 milhões de pessoas se infectaram com o HIV e 3.1 milhões de pessoas morreram por
causa da AIDS, só no ano de 2005. Na tabela 1 vê-se um resumo da distribuição
geográfica dos casos.
No Brasil até fim de 2004 tinham sido estimados 593.787 casos de pessoas entre
15 e 49 anos HIV positivas (prevalência de 0.61%), onde 15% se encontrava em estágio
avançado de AIDS.
Ao fim de 2005, 28% dos indivíduos HIV positivos encontravam-se em terapia
ARV e a prevalência entre os homens era 0.84% e entre as mulheres 0.47% (Ministério
da Saúde do Brasil, 2006).
Tabela 1. Distribuição geográfica do HIV/AIDS, segundo último boletim da UNAIDS
dezembro de 2005.
Adultos/crianças
com HIV/AIDS
Pessoas
Infectadas em
2005
Pessoas que
morreram em
2005
América do
Norte
1.2 milhões
43 000
18 000
Caribe
300 000
30 000
24 000
América Latina
1.8 milhões
200 000 66 000
Europa
Ocidental
720 000 22 000 12 000
Norte da África /
Oriente Médio
510 000 67 000
58 000
Sub-Sahara
africano
25.8 milhões 3.2 milhões 2.4 milhões
Europa Oriental/
Ásia central
1.6 milhões
270 000
62 000
Leste asiático e
Pacífico
870 000 140 000 41 000
Sul e Sudeste
asiático
7.4 milhões 990 000 480 000
Austrália e
Nova Zelândia
74 000 8 200 3 600
4
5
1. 3. O HIV-1 e seu ciclo replicativo.
1.3.1. Estrutura da partícula viral.
Os vírions foram inicialmente descritos como esféricos e após feita a
microscopia eletrônica de varredura, descobriu-se que tratava-se de uma estrutura muito
mais complexa com formato icosaédrico, medindo 110nm de diâmetro e possuindo uma
membrana fosfobilipídica externa ou envelope (Mann, Tarantola & Netter, 1992; Nermut
et al., 1993). O envelope viral é um heterodímero, composto de duas subunidades de
glicoproteínas, a gp41 (TM) que é uma proteína transmembrana ligada em sua parte N-
terminal a outra subunidade, a gp120 (SU) ou glicoproteína de superfície responsável
pela ligação ao receptor celular CD4 e ao correceptor CCR5 ou CXCR4. (Figura 1).
Na parte interna do envelope há a matriz protéica, formada de p17 (MA), na qual a
glicoproteína trans-membrana gp41 se ancora. Envolvendo o material genético há o
capsídio (CA ou p24) que possui a forma cônica disposta no vírion transversalmente,
com o diâmetro de 100nm. No interior deste capsídio encontram-se duas moléculas de
RNA fita simples de 9.2Kb, ambas com polaridade positiva cujos os terminais 5’
interagem por pontes de hidrogênio e através de proteínas como a de nucleocapsídeo (p7)
(Sakaguchi et al., 1993)
Uma molécula de RNA transportador de lisina (tRNA
lys
) se encontra associada ao
terminal 5’ de cada uma das fitas do RNA genômico, e serve como oligonucleotídeo
iniciador da síntese do DNA fita negativa, ou cDNA, pela enzima transcriptase reversa
(TR) (Weiss et al., 1992). Encontram-se também empacotadas a proteína p6, as enzimas
transcriptase reversa (TR), protease (PR) e integrase (IN). A TR é um heterodímero
composto de duas proteínas, uma com 51kDa que corresponde a própria TR e outra com
66kDa (Kohlsteaedt et al, 1993). A p66 é a p51 com mais um domínio independente de
Rnase H, enzima esta responsável pela degradação da fita de RNA enquanto a fita
negativa de DNA é sintetizada. Outras proteínas como a Vpr, Vpu e Nef são
empacotadas com o vírion tamm (Hill, Tachedjian & Mak, 2005; Luciw, 1996).
Nucleocapsídeo (p7)
Protease
(p
11
)
Protease
(p
11
)
TR (p66/p51)
RNA viral
gp41 TM
gp120 SU
Capsídeo (p24)
Matriz (p17)
Inte
rase
(p
11
)
Vif
,
V
p
r
,
Nef e
p
6
Figura 1. A partícula viral. (Adaptado de: www.bookscole.com).
1.3.2. Organização genômica.
Quando começaram a ser analisadas as seqüências do HIV-1 (Figura 2),
descobriu-se que, ao contrário dos retrovírus padrão como ALV e MuLV, o HIV não
apresentava apenas os três genes comumente encontrados, gag, pol e env, mas seis
outros genes acessórios (vif, tat, rev, nef, vpr e vpu no HIV-1, e no lugar de vpu o HIV-2
possui vpx) que encontram-se arranjados de forma complexa entre as três fases de leitura
(ou ORF’s “open reading frame” ) que são utilizadas pelo HIV. Muitas funções já foram
descritas, menos se conhece sobre a influência no ciclo replicativo viral.
O primeiro gene localizado no terminal 5’ do HIV é o gag. As proteínas formadas
a partir de Gag são sintetizadas na forma de um precursor poliprotéico, que foi nomeado
com base na massa molecular deste polipeptídio, Pr55
Gag
e Pr160
Gag-Pol
. O mRNA para
produção destes poliprecursores não é processado, possui 9.2kb e requer Rev para ser
transportado para o citoplasma (Luciw, 1996). Durante a maturação do vírus ocorrem as
clivagens destes polipeptídios em seis proteínas de Gag no caso de Pr55
Gag
. Do sentido
N-terminal ao C-terminal da molécula, são geradas p17 (MA), p24(CA), p2, p7 (NC), p1
e p6. As proteínas de Gag participam de interações proteína-proteína, proteína-RNA e
proteína-lipídios. Durante a tradução de gag, pode ocorrer um deslizamento do
ribossomo no início da região espaçadora p1, devido à presença de uma região rica em
“A” e “U” levando à mudança na fase de leitura (“frameshift”). Assim ocorre a tradução
6
7
da proteína p6* ou p6
Pol
e a continuação da tradução sobre o códon terminador de Gag,
formando o precursor maior Pr160
Gag-Pol
. A proporção de formação de Pr160
Gag-Pol
e de
Pr55
Gag
é de 1:20 (Shehu-Xhilaga, Crowe & Mak, 2001). O precurssor de 160KDa
quando clivado proteoliticamente, gera as proteínas de Gag (MA, CA, NC e p6*) e as
proteínas de Pol. Além das outras proteínas de Gag já descritas, a p6* é indispensável
durante o processo de maturação das partículas virais (Chiu et al., 2006) atuando no
início da atividade proteolítica (Paulus et al., 1999) e é capaz de ligar a proteína
regulatória Nef (Costa et al., 2004). A p6* facilita a dimerização da PR mutante e
resistente a IP, recuperando a atividade enzimatica perdida em alguns isolados (Dautin,
Karimova & Ladant, 2003).
O gene pol é o segundo gene do HIV e codifica três enzimas virais que são
respectivamente: protease (PR, p10), transcriptase reversa (TR, p51 e p66) e integrase
(IN, p32). A Protease é a responsável pela clivagem de Gag e Gag-Pol levando a
maturação dos vírus, como mencionado antes. A TR tem o início de sua ação no
brotamento do vírus e continuação após a liberação do capsídeo viral no citoplasma
celular. Já a Integrase é a enzima que recombina o DNA viral ao DNA genômico celular
(Van Maele, 2006; Luciw, 1996).
Outro gene que é indispensável para o HIV é o env, este dá origem a duas
proteínas glicosiladas pelo Complexo de Golgi da célula hospedeira, gp120(SU) e
gp41(TM). Neste caso é traduzido um precursor de 160kDa que é clivado pela
maquinária celular. Os genes vif, vpr, vpu do HIV-1 são classificados como acessórios e
tat, rev e nef como regulatórios. (Luciw, 1996)
Figura 2. Organização genômica e das proteínas do HIV-1 modificada. (www.ncbi.nlm.nih.gov).
1.3.3. Replicação.
O ciclo replicativo do HIV-1 se inicia com a adsorção das partículas virais na
região da gp120 (SU) com o antígeno de superfície CD4, presente em linfócitos,
monócitos-macrófagos, células dendríticas e células de Langerhans (Wu &
KewalRamani, 2006). Quando ocorre esta ligação, o peptídeo de fusão da gp41 é exposto
e interage com algumas proteínas de membrana celular, fundindo com a célula
permissiva possibilitando a internalização do capsídeo. Para que haja a fusão é necessário
que a gp120 também interaja com uma segunda molécula, ou os receptores de
quimiocinas como CCR5 e CXCR4. Outros co-receptores foram descritos como via
8
9
alternativa: CCR-2b, CCR-3 e CCR-8, pois somente com a ligação à CD4, o vírus não é
capaz de entrar na célula (Garzino-Demo, Devico & Gallo, 1998; Huet et al., 1990).
Enquanto o vírus penetra, a TR volta a sintetizar o DNA viral de fita dupla.
Proteínas virais e celulares compõem um complexo carreador do DNA transportando-o
para o núcleo. Neste momento o DNA viral é integrado ao material genético celular
servindo de molde para a síntese de RNA pela RNA Pol II. As poliproteínas Gag e Gag-
Pol se associam a dímeros de RNA genômico e são endereçadas para a membrana
plasmática, formando uma estrutura elétrondensa. Em seguida ocorre o brotamento de
partículas esféricas imaturas em domíneos ricos em esfingolipídeos e colesterol resitentes
a detergentes, chamados “lipid rafts” (Wilflingseder & Stoiber, 2007; Nguyen &
Hildreth, 2000; Ono & Freed, 2001; Chasal & Gerlier, 2003). Durante o brotamento
ocorre a clivagem proteolítica de Gag e Pol, liberando os peptídios responsáveis pela
morfologia do vírion maduro. Com o arranjo destes peptídios a partícula adquire a
formato icosaédrico e já está pronta para infectar uma nova célula (Briggs et al., 2003;
Luciw, 1996).
1.3.4. O brotamento viral.
O HIV e outros retrovírus adquirem seus envelopes e perpetuam a infecção por
brotamento viral através das células produtoras de vírus. Para facilitar o brotamento, os
retrovírus se utilizam de uma via celular normalmente utilizada na geração de vesículas
que brotam em compartimentos endossomais tardios chamados MVB (ou corpos multi-
vesiculados) através do recrutamento dos fatores celulares envolvidos nesta via. Os
retrovírus conseguem redirecionar esta maquinaria celular para a membrana plasmática
ou brotar diretamente nos compartimentos MVB, quando são liberados pelas células por
exocitose. Esta segunda via de brotamento é observada em macrófagos (Nguyen et al.,
2003) e alguns tipos celulares não linfocitários (Ono & Freed, 2004). O brotamento
direto da membrana ou a saída por exocitose ocorrem em domínios celulares
especializados no contato célula-célula (Mazze & Degreve, 2006; Moritta & Sundquist,
2004; Freed & Ross, 2004).
Até o momento foram identificadas aproximadamente 25 proteínas celulares
necessárias para a formação destas vesículas e para o brotamento do HIV-1. Dentre estas
podemos destacar as proteínas de classe E, tais como AIP1 e Tsg101. A proteína viral
responsável por iniciar o recrutamento destes fatores é a p6
Gag
(Moritta & Sundquist,
2004).
10
1.4. A p6
Gag
e o domínio P(T/S)APP.
Enquanto as proteínas MA, CA e NC estão presentes em todos os retrovírus, a
proteína de 6 kDa sintetizada a partir da porção C-terminal de Gag é característica do
HIV-1 e de outros lentivírus de primatas. A p6
Gag
não possui uma estrutura secundária
rígida (Stys, Blaha & Strop, 1993) e é a principal proteína fosforilada nos resíduos de
Ser, Thr e Tyr presentes na partícula viral (Müller, Patschinsky & Kräusslich, 2002), mas
a relevância da fosforilação ainda não foi determinada.
A p6
Gag
possui 53 aminoácidos, e apesar da grande variabilidade, tanto em seu
tamanho quanto em sua sequência entre os diferentes subtipos do HIV-1, p6
Gag
possui
dois domínios extremamente conservados: o domínio envolvido nas etapas finais do ciclo
replicativo, ou tardias do brotamento (conhecido como “late domain”, “L domain” ou
domínio tardio, com seqüência de aminoácidos P(T/S)APP; descrito adiante) e um outro
domínio principal -o LXXLF (Kondo & Gottlinger, 1996; Lu et al., 1995)- o qual em
conjunto com o próprio domínio PTAPP é responsável pela incorporação de Vpr à
partícula(Checroune et al., 1995).
p6
Gag
também é mono-ubiquitinado nos resíduos de Lisina, K27 e K33 (Ott et al.,
1998; Ott et al. , 2000) Acredita-se que a ubiquitinação da p6
Gag
seja importante para as
interações com as proteínas celulares envolvidas no brotamento, já que no processo
natural de formação dos MVB esta ubiquitinação serve como sinal para o carregamento
das proteínas celulares em microdomínios dos endossomas tardios (Katzmann, Babst &
Emr, 2001; Raiborg, Rusten & Stenmark, 2003). Embora algumas observações
demonstrem que a ubiquitinação de Gag seja importante para o brotamento e dependente
de PTAPP, o mecanismo preciso ainda não foi estabelecido. Entretanto não foi verificada
nenhuma ligação de PTAPP a alguma ubiquitina-ligase (Strack et al., 2000; Strack,
Calistri & Gottlinger, 2002). Por outro lado foi demonstrado que PTAPP leva a uma
redução de ubiquitinas ligadas a Gag. Este fato pode ser devido ao recrutamento das
proteínas de classe E, algumas com atividade de de-ubiquitinação (Martin-Serrano,
Perez-Caballero & Bieniasz, 2004).
A proteína p6
Gag
possui ainda três domínios de ligação a AIP1: (a) o domínio
principal LXXLF (aminoácidos 41-45), considerado como tardio também, (b) LYP
(aminoácidos 35-37) e (c) um terceiro domínio, o YPLTSL (36-41) (Strack et al., 2003;
Moritta & Sundquist, 2004). A AIP1 é uma importante proteína celular associada a
formação de MVB que faz a conexão entre ESCRT-I via Tsg101 e ESCRT-III via
CHMP4 (ESCRT, complexos associados a endossomas requeridos para transporte). Os
domínios LXXLF e LYP são extremamente conservados, sendo descritos alguns
polimorfismos nessa região associados à não-progressão para a AIDS (Holguin, Alvarez
& Soriano, 2006; Alexander et al., 2000).
Estes três domínios não são fundamentais para o brotamento viral, já que Gag é
capaz de recrutar muito mais eficientemente AIP1 com a única interação do domínio
PTAPP com Tsg101, mimetizando a atividade das proteínas humanas Hrs que recrutam
Tsg101 (Pornillos et al., 2003) (Figura 3).
Figura 3. Os domínios tardios da p6
Gag
PTAPP e LXXLF recrutando Tsg 101 e AIP1
respectivamente. Adaptado de Moritta & Freed, 2004.
Todos os retrovírus e alguns outros vírus não relacionados como rabdovírus e
filovírus possuem este domínio tardio ou “L-domain”, cuja ausência resulta em um
defeito na liberação das partículas virais. (Wills et al., 1994; Huang et al., 1995; Craven
et al., 1999). Domínios tardios foram classificados em 3 grupos P(T/S)AP, PPXY ou
YP(X)
n
L (Munshi et al., 2007). Muitas vezes estes domínios podem ser trocados entre si,
colocados em diferentes posições da região de Gag, ou complementar-se em trans
(Martin-Serrano & Bieniasz, 2003), sem perder suas atividades (Parent et al., 1995; Yuan
et al., 2000; Ott et al., 2005).
11
12
O domínio tardio de quatro peptídeos P(T/S)APP age em cis e está localizado na
porção C-terminal da proteína p6
Gag
(aminoácidos 7-10). Ele foi o primeiro domínio
caracterizado no HIV-1 (Gottliger et al. em 1991) e descrito logo após também em
HTLV-I (Bouamr et al., 2003), MPMV (Gottwein et al., 2003) e Ebola (Martin-Serrano
et al., 2001; Licata et al., 2003), entre outros (Morita & Sundquist, 2004).
O domínio PTAPP atua recrutando e ligando Tsg101 (“tumor susceptibility gene
101”) um componente do complexo ESCRT-I (Colgrove, 2005; Garrus et al., 2001;
Martin-Serrano et al., 2001; VerPlank et al., 2001). Esta ligação ocorre no domínio UEV
(“ubiquitin E2 variant”) da Tsg101, onde todos os resíduos da PTAPP fazem contatos
com o domínio UEV para a estabilidade da ligação, mas são os aminoácidos Ala-9 e Pro-
10 que se ligam à fenda deste domínio UEV da Tsg101 (Porniollos et al., 2002). UEV
possui estrutura tridimenssional similar à enzima ubiquitina ligase E2 e pode se ligar à
ubiquitina, porém não possui uma cisteína necessária para a atividade enzimática de
transferência de ubiquitina (Morita & Sundquist, 2004).
Tsg 101 é conhecida também como proteína 23 do carregamento de proteínas em
vesículas, ou Vps23 e sua função está no tráfego endocítico. A ligação de p6 a Tsg101
depende de PTAPP, e esta ligação é aumentada se p6 estiver ubquitinado (Garrus et al.,
2001; VerPlank et al., 2001). Sem Tsg101, as partículas virais ficam presas na membrana
plasmática sem brotamento posterior (Garrus et al., 2001; Martin-Serrano & Bieniasz,
2003). O papel da ubiquitina no brotamento viral ainda não está muito bem estabelecido,
mas sem ubiquitinas livres na célula o brotamento viral é abolido, sendo este restaurado
pela adição de ubiquitinas (Patnaik et al., 2000). O fato da Tsg 101 se ligar a ubiquitinas
é essencial para o recrutamento dos complexos ESCRT-II e ESCRT-III (Babst et al.,
2002a; Babst et al., 2002b; Stuchell et al., 2004), levando à invaginação e
estrangulamento da membrana plasmática, com conseqüente liberação das partículas
virais (no caso do HIV-1) ou de corpos vesiculares nos endossomas pré-MVB, durante o
processo natural celular (Goff et al., 2003; Ono & Freed, 2004). O HIV-1 utiliza das vias
de MVB, naturais da maquinaria celular, para liberar seu envelope viral através da
interação via o domíneo PTAPP (Figuras 4a e 4b).
13
Figura 4a. Esquema proposto por Von Schwedler et al., 2003, em conjunto com
micrografia do brotamento viral.
Figura 4b. Esquema proposto Moritta & Freed em 2004, para associação do HIV-1 com
membrana de células dendríticas e suas possíveis vias endossomais.
14
1.5. História natural da infecção pelo HIV-1.
O HIV pode ser transmitido por contato com mucosas oral, retal e vaginal durante o
ato sexual ou amamentação; por sangue através de transfusão, uso de material cirúrgico
contaminado, seringas compartilhadas no uso de drogas injetáveis ou materno-fetal
durante o parto. A evolução da infecção pode estender-se por até mais de uma década,
onde os estágios incluem infecção primária, disseminação do vírus para órgãos linfóides,
latência clínica, indução da expressão do HIV, doença clínica e morte (levando em média
dois anos a partir do início dos sintomas até a morte do paciente) (UNAIDS/WHO,
2002).
Após a infecção primária, ocorre a replicação viral e a viremia pode ser detectada por
volta da sexta semana (Figura 5). O vírus encontra-se disseminado por todo o corpo,
nesta fase os órgãos linfóides são invadidos. Neste momento inicial há uma queda
significativa de células T CD4
+
circulantes. Surge uma resposta imune no período de
uma semana a três meses após a infecção, a viremia cai e verifica-se uma recuperação na
contagem de células T CD4
+
. Células infectadas persistem nos linfonodos. Este período
de latência pode variar de meses a anos, e eventualmente o paciente passa a desenvolver
sintomas e doenças clinicamente aparentes como infecções oportunistas e neoplasias
(Macias & Ponce-de-Leon, 2005; Luciw, 1996).
Os pacientes podem evoluir para a AIDS de diferentes maneiras: o desenvolvimento
da AIDS ocorre após 6 até 10 anos de infecção (progressor típico), os pacientes que
levam de 2 a 5 anos para evoluir para AIDS (progressor rápido) que abrange cerca de
15% dos infectados, mas há ainda os indivíduos que permanecem assintomáticos por
período superior a 11 anos (progressor lento ou não progressor) representando 5 a 10%
dos infectados. As fases clínicas da doença são divididas em três: infecção aguda,
latência clínica, e AIDS (Figura 5). A AIDS é o desenvolvimento da fase sintomática da
infecção devido a uma contínua deteriorização do estado clínico e imunológico do
paciente. Com o declínio da contagem de células T CD4
+
e aumento da carga viral
circulante, surgem as manifestações clínicas (Gutierrez et al., 2006; Jawetz, Melnick &
Adelberg, 1998; Freed & Martin, 2001).
15
Figura 5. Evolução clínica típica da infecção pelo HIV-1.
Infec
ç
ão Primária
Morte
Latência Clínica
Infecções
oportunísticas
Anos Semanas
Tem
p
o de Infec
ç
ão
Cóp
i
as
de
RNA
do
HIV
(cóp
i
as/
mL
p
l
as
m
a)
C
élulas T
C
D4
+
(
cél.
/
uL
)
Começo dos
Sintomas
Infecção aguda ao HIV
O acompanhamento do paciente HIV-1 positivo é feito através do monitoramento
dos níveis de células T CD4
+
, da quantificação do RNA viral circulante e do estado
clínico do paciente. Em 1994 o CDC (“Centers for Disease Control and Prevention”).
definiu as categorias segundo os quadros clínico e imunológico (Tabela 2) do paciente
infectado pelo HIV, incluindo-se crianças menores que 13 anos (Tabela 3). Este critério é
utilizado até hoje.
Tabela 2. Classificação das categorias imunológicas pelo CDC em 1994
(www.cdc.gov).
Idade – Contagem de células TCD4/mm
3
de sangue Alteração
imunológica
<12 meses 1 a 5 anos 6 a 12 anos
Ausente (1)
>1500 1000 500
Moderada (2)
750-1499 500-999 200-499
Severa (3)
<750 <500 <200
Tabela 3. Classificação segundo CDC em 1994, da infecção pelo HIV em crianças
menores que 13 (www.cdc.gov).
Alterações clínicas Ausente (1) Moderada (2) Severa (3)
N=ausência de sinais e/ou
sintomas clínicos
N1 N2 N3
A=sinais e/ou sintomas
clínicos leves
A1 A2 A3
B=sinais e/ou sintomas
clínicos moderados
B1 B2 B3
C=sinais e/ou sintomas
clínicos graves
C1 C2 C3
1.6. A terapia antiretroviral.
Possíveis alvos de terapia foram descritos e testados, mas os principais alvos
atualmente são: a TR e a PR. A TR tem sido muito utilizada com alvo terapêutico já que
é uma enzima inexistente no nosso organismo, fato que teoricamente pode ajudar na
redução de reações cruzadas e alterações em nosso corpo, possibilitando uma ação mais
seletiva. Em 1986 foi lançada no mercado a primeira droga inibidora da replicação viral
do HIV, aprovada pelo FDA (“Food and Drug Admistration”), o AZT ou zidovudine, era
o primeiro inibidor nucleosídico da atividade da transcriptase reversa (Yarchoan et al.,
1986). Hoje em dia existem quatro classes de medicamentos anti-HIV no mercado, os
INTR-inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa, os INNTR-inibidores não
nucleosídicos da transcriptase reversa, os IP-inibidores de protease e aprovado
recentemente o primeiro inibidor de fusão.
São 8 os INTR: zidovudina, didanosina, zalcitabina, stavudina, lamivudina, abacavir,
emtricitabina e tenofovir (este último um inibidor acíclico monofosfato, portanto análogo
nucleotídico da adenosina). Estes inibidores se ligam no sítio catalítico da enzima,
competindo com os nucleotídeos (dNTP) presentes na célula e bloqueando a atividade da
TR após sua incorporação na fita nascente de DNA (UNAIDS/WHO, 2002).
A enzima TR é um heterodímero que forma tridimensionalmente uma estrutura
terciária de “palm and finger”, possuindo uma região hidrofóbica, chamada de bolsão
alostérico (“pocket”). É nesta região que a segunda classe de drogas voltadas a inibir a
TR se ligam: os INNTR. Quando os análogos não nucleosídicos com alta afinidade por
este sítio alostérico acoplam-se, a molécula muda de conformação e fica praticamente
inativa. Esta é uma inibição não competitiva e até o momento existem três fármacos
disponíveis para uso: a nevirapina, delavirdina e efavirenz; destes apenas a delavirdina é
desaconselhada para uso pediátrico (Luciw, 1996).
16
17
A Protease viral é um dímero simétrico que consiste de duas unidades idênticas de
99 aminoácidos ligadas não covalentemente. A PR do HIV é uma aspartil protease, com
resíduos de aminoácidos aspartil conservados na região do centro ativo da enzima
(posições 25 e 25`), A inativação dessa protease pela inibição química ou por mutações
leva à produção de partículas virais imaturas e não infecciosas (Sarmati et al, 2003). A
terceira classe de inibidores é a classe mais potente, os Inibidores de Protease (IP)
mimetizam ligações peptídicas com o objetivo de encaixar-se no sítio catalítico da
enzima por competição com o substrato natural Gag (e GagPol), reduzindo a atividade
enzimática de forma quase irreversível, sendo a velocidade de ligação destes peptídeo-
miméticos à enzima muito maior que a de dissociação pela alta afinidade. Quando usados
em combinação com INTR, uma supressão viral durável é normalmente alcançada
(Gulick, 1997). São oito as drogas inibidoras de PR aprovadas: saquinavir, ritonavir,
nelfinavir, indinavir, lopinavir, amprenavir (e fos-amprenavir), atazanavir e tipranavir.
Antes de se iniciar a terapia é fundamental que alguns aspectos sejam estudados
para a eficácia do esquema terapêutico, tais como a adesão; disponibilidade do
medicamento; impacto na qualidade de vida (frequência de administração e necessidade
de ingestão com ou sem alimentos, habilidade dos responsáveis na administração de
regimes complexos de drogas-no caso de crianças em terapia); e potencial de interação
com outras drogas (Ministério da Saúde, 1999).
Existem várias combinações de drogas antiretrovirais (regimes terapêuticos),
porém a monoterapia e biterapia parecem possuir um efeito menor na inibição da
replicação viral. Por esta razão, recomenda-se atualmente que a terapia anti-HIV seja
feita com pelo menos três drogas, sendo chamada de terapia antiretroviral altamente
ativa, ou no inglês HAART. A combinação, de no mínimo três drogas, deve conter dois
INTR associados a um INNTR ou a um inibidor da protease viral. Com isto, espera-se
que a carga viral do paciente tenha uma queda de pelo menos 1,0 log em adulto e 0,5-0,7
log em crianças em um período de no máximo três meses desde o início da administração
das drogas. Caso não ocorra a queda da carga viral do paciente, este poderá estar
desenvolvendo resistência às drogas antiretrovirais, sendo este um dos maiores
obstáculos a uma supressão duradoura do HIV-1.
1.7. Resistência às drogas anti-retrovirais
O HIV possui uma alta taxa replicativa diária, com a produção aproximada de 10
bilhões de partículas virais por dia (10
10
). Além disso a TR, cuja taxa de erro é de
aproximadamente 2,7x10
-5
(mutação / nucleotídeo / ciclo replicativo) (Roberts, Bebenek
18
& Kunkel, 1988) faz com que a cada ciclo replicativo vários mutantes sejam gerados,
estaes genomas “diferentes” podem ser mais adaptadas, menos adaptadas, defeituosas, ou
simplesmente tão adaptados quanto seus ancestrais selvagens.
Eventualmente um mutante gerado pode ser mais resistente ao ambiente sobre a
pressão seletiva das drogas anti-retrovirais, e sobreviver mais facilmente à pressão
seletiva das terapias, sendo mais adaptado este mutante seria capaz de replicar em maior
quantidade, e se sobreporia sobre a população de vírus sensíveis, os selvagens. Ao longo
do tempo já não se veria a presença majoritária de vírus sensíveis –combatidos pela
terapia- em um evento clássico de falha terapêutica, que será discutido adiante (Suzuki Y,
Yamaguchi-Kabata & Gojobori, 2000). Mesmo com toda essa possibilidade do vírus de
escapar do ARV disponíveis, a terapia HAART (“Highly Active Antiretroviral Therapy“)
ainda é muito eficaz na maioria dos casos, prolongando bastante a vida do paciente (Di
Mascio et al., 2004; Arici et al., 2001; Shafer & Vuitton, 1999).
O aparecimento da resistência às drogas anti-HIV é o fator limitante para o
sucesso da terapia da AIDS. A falha terapêutica de muitos pacientes HIV-1
soropositivos, pode estar relacionada à não adesão ao tratamento e à replicação elevada
de vírus mutantes resistentes aos ARV administrados nos pacientes, sendo esta a maior
problemática na aplicação clínica dos ARV inibidores da protease e da transcriptase
reversa viral.
A resistência viral é a conseqüência direta da diversidade genética do HIV. A taxa
de erro da transcriptase reversa somada a pressão seletiva exercida pela drogas
antiretrovirais, é a causa direta da falha terapêutica em 20 a 30% dos pacientes HIV
positivos (Valle-Bahena et al., 2006; Vella & Palmisano, 2000). Além disso, a
recombinação tem um papel significativo na geração da diversidade genética do HIV
(Robertson et al., 1995).
A análise por sequenciamento dos genes pol e env presente em isolados
resistentes aos antiretrovirais, demostraram tanto na transcriptase reversa, na protease
viral quanto na gp41 a presença de determinadas posições onde determinada troca de
aminoácido levaria a redução na eficiência dos medicamentos (figura 4). Algumas destas
posições podem ocasionar a resistência a mais de um tipo de droga (Geretti, 2006; Pillay,
Taylor & Richman, 2000). O acúmulo de mutações ao longo do tempo acarreta na
coexistência de diferentes mutações em um único vírus, levando a padrões complexos de
mutações, e consequentemente, à resistência cruzada às drogas antiretrovirais.
19
MUTAÇÕES NO GENE DA PROTEASE ASSOCIADAS A RESISTÊNCIA AOS IPs.
INIBIDORES
DA PROTEASE
Tipo de aa selvagem -
Posição do aa ( mutação -
primária em negrito)
Aa substituto -
MUTAÇÕES
Inserção
Figura 6. Mutações mais freqüentemente encontradas no gene da protease do HIV-1 que
conferem resistência às determinadas drogas, 2007 (www.iasusa.org).
20
As mutações de resistência descritas para a transcriptase reversa viral se
concentram em resíduos diretamente relacionados com a organização das regiões
conservadas da estrutura terciária “palm and finger” da enzima. Os INNTR se associam
próximos ao centro ativo da enzima em um bolso hidrofóbico. As mutações relacionadas
a estas drogas provocam alterações conformacionais impedindo que a droga se aloje
novamente neste bolso hidrofóbico. Já para os INTR, um dos mecanismos é o
mecanismo estrutural de resistência observado não se localiza no sítio de ligação de
dNTP, mas sim em um subdomínio dos “dedos” da estrutura “palm and finger” da
transcriptase reversa, alterando a habilidade desta em selecionar ou não os dNTP
(Erickson & Burt, 1996).
Para a protease viral, o centro ativo da enzima não é o alvo principal das
mutações de resistência (Figura 7), tendo em vista que as mutações nessa região podem
afetar a atividade da mesma. O mecanismo estrutural de resistência, aos inibidores da
protease viral observado parece influenciar a habilidade do inibidor em se ligar
efetivamente a enzima, já que estas mutações afetam os resíduos da região “flap” e os da
interface do dímero no qual consiste a enzima protease (Erickson & Burt, 1996). Na
protease viral, existem dois tipos de mutações, as primárias, que são as mutações
principais responsáveis pela resistência as drogas anti-HIV, e sozinhas já conferem altos
níveis de resistência; e as compensatórias, que estariam compensado a perda do fitness
viral com uma enzima mutante. Essas últimas quando presentes isoladamente conferem
baixa ou nenhuma resistência aos IP.
Pesquisadores através de estudos in vivo e in vitro, conseguiram estabelecer um
mapa de mutações relacionando-as com o tipo de droga que é capaz de selecioná-las e o
grau de resistência. Estes dados vêm sendo ampliados a medida que novas drogas são
disponibilizadas no mercado, e também através do resultado que os diferentes arranjos
na administração da terapia podem resultar nos padrões de mutações, acarretando em
resistência cruzada e até mesmo na reversão da resistência pela presença de
determinadas mutações (Figura 6).
Algumas destas substituições são pré-existentes como polimorfismos genéticos
naturais de certos subtipos não-B (como M36I em subtipos C e F) e aumentam a chance
do vírus evoluir mais rapidamente para o perfil de resistência com uma boa capacidade
replicativa (Shafer et al., 1999; Holguin et al., 2004).
Pesquisas para o desenvolvimento de novas drogas estão sendo realizadas
visando à formulação de antiretrovirais que sejam eficazes no combate dos vírus
mutantes, ou seja, drogas para inibir a protease e transcriptase reversa viral com seus
domínios alterados pelas mutações de resistência. Se estas drogas forem desenvolvidas
podemos esperar uma expectativa de vida melhor para o paciente HIV-1 positivo (Saliba
& Yeni, 2006).
Figura 7. Estrutura tridimencional da protease do HIV-1. Esta representada na figura um dímero da
protease. Em vermelho vemos o centro ativo da enzima. As posições marcadas representam
códons sujeitos a mutações de resistência.
1.8. Processamento de Gag e Gag-Pol pela PR e resistência aos ARV.
Mudanças genéticas em gag nas regiões codificantes de p1-p6
gag
e/ou p6
pol
,
localizados exatamente antes do gene da Protease, mostraram-se envolvidas na
resistência aos ARV inibidores da protease.
A região codificante do peptídeo espaçador p1, por exemplo, possui estruturas
reguladoras (ricas em A-T) da atividade de escorregamento do ribossoma sobre o códon
finalizador de Gag Pr55 (“read-through”) causando a mudança de fase de leitura (“frame-
shift”) do genoma do HIV. Esta mudança permite a expressão do precursor Gag-Pol
Pr160. Mutações nesta região podem aumentar a síntese de Pr160
Gag-Pol
e,
consequentemente, a quantidade de enzimas PR, TR e integrase produzidas (Mendonza,
Gallego & Soriano, 2002).
21
Uma outra evidência de relação entre os peptídeos Gag e Gag-Pol refere-se à co-
evolução entre a protease viral e seu substrato Gag (ou Gag-Pol). Mutações encontradas
nos sítios de clivagem de Gag/Gag-Pol pela PR recuperam a queda da afinidade ao
substrato pela enzima PR com mutações de resistência aos ARV (Mammano, Petit &
Clavel, 1998; Kolli, Lastere & Schiffer, 2006) e aumentam a frequência de clivagem para
níveis normais encontrados para a PR suscetível aos ARV e estruturas canônicas de Gag
(Figura 8).
Figura 8. Representação esquemática do processamento proteolítico sequencial dos
precursores Gag (G) e Gag-Pol (GP) pela PR viral. Taxas de clivagem reportadas, onde ocorrem
a primeira clivagem dos precurssores, a segunda e terceira clivagens. Adaptado de Shehu-
Xhilaga et al. 2001.
Sequências fora da região da protease também podem modular a susceptibilidade
aos IP. Por exemplo, polimorfismos que atrasem o autoprocessamento da protease nos
vírions reduzem a capacidade replicativa destes vírus, porém esta modulação pode
também aumentar a susceptibilidade aos IP (Whitehurst et al, 2003).
Em relação ao domínio tardio P(T/S)APP na p6
Gag
, foram detectadas inserções
que duplicavam total ou parcialmente este domínio em um significativo número de vírus
isolados de pacientes altamente tratados (21%), em comparação com apenas 5% de
22
23
pacientes sem tratamento (Peters et al., 2001). Mais precisamente, isto ocorreu nos 11
aminoácidos iniciais da p6, incluindo-se aí a região do domínio PTAPP. Neste caso, a
duplicação identificada foi o primeiro polimorfismo selecionado pela pressão seletiva dos
INTR, durante a via de acúmulo de mutações de resistência, elevando os níveis de
resistência aos INTR (Peters et al., 2001). Teoricamente, a duplicação do domínio
envolvido no brotamento e empacotamento das enzimas virais (Dettenhofer & Yu, 1999),
pode melhorar o recrutamento dos fatores celulares nos domínios de membrana,
modulando o brotamento e incorporação das enzimas (Mendonza, Gallego & Soriano,
2002).
As duplicações do domínio P(T/S)APP, são encontradas em diferentes subtipos e
CRF de HIV-1, sendo mais frequentes no subtipo B; também foram encontradas
variações no tamanho da proteína p6
Gag
nestes diferentes subtipos (Holguin, Alvarez &
Soriano, 2006; Holguín, Alvarez & Soriano, 2005; Marlowe et al. 2004).
Alguns estudos acharam o mesmo percentual de inserções em indivíduos tratados
e não tratados (~15% em indivíduos tratados e não tratados) e estes estudos sugerem que
estas inserções sejam polimorfismos genéticos do HIV-1, embora possam afetar a
susceptibilidade aos ARV e ter relevância clínica (Gallego et al., 2003). De fato essas
inserções antecipam a falha terapêutica (Mendonza, Gallego & Soriano, 2002).
Peters et al., em 2001 demonstrou que duplicações parciais do domínio PTAPP (+APP),
causavam um atraso na maturação das partículas. Entretanto, estas partículas
empacotavam um excesso de TR de 34%, e possuíam uma melhor adequação (“fitness”)
viral na presença de INTR. A presença de maior número de moléculas da TR por
partícula viral (vírion), disponíveis para a transcrição reversa do RNA viral
compensariam, ainda que parcialmente, a presença de inibidores competitivos do
substrato (dNTP).
Com já descrito, em 1995, Huang e Freed demonstraram pela primeira vez in
vitro que PTAPP era necessário para o brotamento viral, em um contexto de um clone
molecular com o genoma completo do HIV-1. Esse clone continha uma protease viral
mutante e inativa. Outros pesquisadores demonstraram que defeitos no domínio PTAPP
da p6
Gag
manifesta-se no estágio tardio da montagem e liberação dos vírions exatamente
quando a protease viral está mais ativa (Kaplan, Manchester & Swanstrom, 1994).
Pouco se sabe ainda sobre o impacto destas inserções/duplicações do domínio
tardio na resistência aos IP. Apesar disto, há fortes indicações estatísticas de correlação
entre as mesmas e o aparecimento de mutações de resistência na PR: estas inserções são
24
mais frequentes quando mutações da PR como V82A/F/T/S estavam presentes (Lastere et
al., 2004). Ainda, outros grupos demonstraram que estas inserções restauravam a
capacidade replicativa viral que tinha sido comprometida com as mutações de resistência
aos IP (Tamiya et al., 2004).
Pode-se presumir então que vírus que carregam proteases mutadas -com menor
processividade do substrato quando comparadas à PR suscetível e na ausência de ARV-
poderiam carrear ou adquirir inserções de duplicação do motivo PTAPP. Estas
duplicações supostamente aumentam a acessibilidade da enzima mutante ao substrato
e/ou aumentam a afinidade de ligação da enzima aos sítios de clivagem por associação
com a mesma, alternativamente às mutações nos sítios de clivagem. No entanto, ainda
não há, além de inferências estatísticas ou indiretas descritas anteriormente, nenhuma
comprovação biológica do envolvimento destas duplicações com a atividade proteolítica
da PR –em especial proteases mutantes resistentes aos IP- ou com o aumento da
capacidade de empacotamento de precursores Gag/Gag-Pol durante a montagem e
brotamento viral.
25
_______________________________ 2. Objetivo.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar diferentes padrões de duplicação do
domínio tardio PTAPP, sua contribuição para a resistências aos IP: Amprenavir,
Saquinavir, Ritonavir, Idinavir, Lopinavir e Nelfinavir. Estas duplicações foram
encontradas em isolados virais obtidos a partir de pacientes não tratados ou tratados com
IP, e em falha terapêutica. Alguns destes isolados clínicos, além de carregarem
duplicações genéticas em p6, possuem também proteases mutantes e resistentes a IP.
Os objetivos específicos deste trabalho foram:
- Mutagenizar o vetor viral pR7gfp , criando sítios de restrição para a enzima BstEII nas
regiões que flanqueiam os genes das proteínas p6 e PR.
- Gerar vetores virais deletados nas regiões da p6 (pR7gfpUgag), PR (pR7gfpUpro) e
p6+PR (pR7gfpUgagpro).
- Gerar vírus recombinantes contendo as seqüências de p6
ins
e/ou PR
mut
provenientes de
isolados clínicos e os controles contendo p6 e PR da cepa NL4-3.
- Avaliar a extensão da influência das duplicações de domínios PTAPP em si,
independente da presença de mutações de resistência na protease, através da análise de
fenotipagem de resistência aos IP com clones recombinantes contendo apenas
duplicações PTAPP e com proteases suscetíveis aos IP.
- Avaliar a influência das duplicações do PTAPP quando presentes em vírus com
genótipo de resistência aos IP, através de fenotipagem de clones virais recombinantes
contendo a p6 com inserção e a PR mutante.
_____________________ 3. Materiais e Métodos.
3.1. Obtenção das amostras.
Durante a execução deste trabalho, utilizamos amostras de sangue de 4 crianças,
infectadas por transmissão vertical em tratamento no Hospital Universitário da UNIRIO,
Gafrée & Guinle (3 amostras: TVGG01, TVGG05 e TVGG08) e no Hospital da Escola
Paulista de Medicina (1 amostra: TVSP02). Para o estudo foram separados o plasma e a
fração de leucócitos (“buffy coat”) por 10 minutos de centrifugação à 2500xg para o
estudo. Nestes pacientes estavam sendo administrados antiretrovirais (IP) e/ou (INTR e
INNTR). Os pacientes foram avaliados segundo o critério de falha terapêutica: aumento
da carga viral circulante ou manutenção dos níveis de partículas virais circulantes como
no início do tratamento (Segundo o Ministério da Saúde do Brasil).
Estas amostras vieram de um estudo maior realizado com amostras de crianças
em falha terapêutica e resistência genotípica e fenotípica aos ARV, infectadas por
transmissão vertical, por vírus dos subtipos B e não-B (Brindeiro et al., 2002).
Foi observado que algumas destas amostras continham duplicações no domínio
tardio PTAPP da proteína p6
Gag
(Figura 9) e surgiu a pergunta sobre que efeito estas
duplicações causariam aos vírus, em relação aos IP na presença e ausência da protease
mutante respectiva de cada isolado viral, proteases estas com diferentes níveis de
resistência aos ARV. Na figura 10 podemos observar o alinhamento das proteínas p6
Gag-
Pol
dos isolados clínicos contra cepas de vírus referência.
LQSRPEPTAP P--------E ESFRS----- -----GVETT TPPQKQEPID KELYPLTSR
A
26
TAPPE ESFR------ ----FGEETT TPSQKQEPIN KELYPLASLR SLFGSDPSSQ
TVGG01 LQSRPEPTAP SR TAPPE ESFR------ ----FGEETT TPSQKQEPID KELYPLASLR SLFGNDPSSQ
TVGG08 LQSRPEPTAP P--------A ESFRPTAPPA ESFRFGEETT TPPQKQEPID KELYPLASLR SLFGNDPSSQ
....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....|
10 20 30 40 50 60 70
HXB2- P6 LQSRPEPTAP P--------E ESFR------ ----SGVETT TPPQKQEPID KELYPLTSLR SLFGNDPSSQ
PNL43-P6 LQSRPEPTAP P--------E ESFR------ ----FGEETT TPSQKQEPID KELYPLASLR SLFGSDPSSQ
TVSP02 LQSRPEPTAP P-----APPE ESFR------ ----FGEETT TPSQKQGQTD QELYPLASLR SLFGNDPLSQ
TVGG05 LQSRPEPTAP SR
LEP
PEP
LQSRPEPTAP P--------E ESFRS----- -----GVETT TPPQKQEPID KELYPLTSR
A
Figura 9. Quatro isolados clínicos representando 3 diferentes tipos de duplicação do domínio
tardio. (ORF: Pr55KDa
Gag
) Destacado em rosa, duplicação parcial do domínio PT/SAPP: +APP
(inserção de 3 aminoácidos), em amarelo duplicação +RL/PEPTAPP (inserção de 8
aminoácidos), e em verde duplicação +PTAPPAESFR (inserção de 10 aminoácidos).
10 20 30 40 50 60 70
....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....| ....|....|
HXB2- P6 SE-------- QTRANSPT-- --------RR ELQVWGRDNN SPSEAGADRQ GTVSFNFPQV TLWQRPLVTI
PNL43-P6 SE-------- QTRANSPT-- --------RR ELQVWGRDNN SLSEAGADRQ GTVSFSFPQI TLWQRPLVTI
TVGG05 SEQTRANSPE QTRANSPT-- --------RR ELQVWRGDNN SLSEAGADKQ GIVSFSFPQI TLWQRPLVTI
TVGG01 SEQTRANSPE QARANSPT-- --------RR ELQVWGGDNN SLSEAGADRQ GTVSFSFPQI TLWQRPLVTI
TVSP02 SE-------- QTRANSPT-- -----SPTRR ELSVWGRNNH SLSEAGADRP GTVSLSFPQI TLWQRPIVTI
TVGG08 SE-------- QTRANSPTSR ELQANSPTSR ELQVWGGDNN SPSEAGADRQ GTVSLSFPQI TLWQRPLVTI
Figura 10. Alinhamento da proteína p6
Gag-Pol
dos isolados clínicos com vírus referência, na
região que se sobrepõe a p6
Gag
. (ORF: Pr160KDa
Gag-Pol
) Inserções da fase aberta de leitura
p6
Gag-Pol
.
Na tabela 4 constam os esquemas de terapia utilizados, estágio clínico segundo
CDC, subtipos na Protease e mutações de resistência encontradas em cada isolado de
paciente segundo Brindeiro et al 2002.
Tabela 4. Último esquema terapêutico e mutações primárias em negrito.
Identificação
da amostra
Estágio
clínico
do
paciente
(CDC)
Subtipo
(PR)
ARVs utilizados na terapia
Mutações de resistência na Protease
TVGG 01 C1 B RTV, AZT, 3TC, DDI K20R, L24I, M36I, I54V, L63P,
V82L
TVGG 05 B1 B INV, AZT, 3TC, DDI, D4T L24I,M46L, I54V, L63P, V77I,
V82A
TVGG 08 B3 B AZT, 3TC, D4T, DDI L63P
TVSP 02 B3 B RTV, NVP, NFV, AZT, 3TC, D4T L10I, K20R, M36I, I54V, L63P,
A71V, V82A
3.2. Preparo das amostras.
3.2.1. Extração do RNA viral.
O RNA total foi isolado a partir de 140µL de plasma do paciente com o
QIAmp Viral RNA Mini kit (QIAGEN, EUA). O HIV-1 presente no plasma do paciente,
precipita-se no fundo do tubo após a centrifugação de 2h a 14.000 rpm à 4°C. O
protocolo utilizado foi o fornecido pelo fabricante do kit. O RNA extraído foi eluído em
50µL de água ultra pura (GIBCO) e o restante do cDNA, ficou armazenado a -70°C.
27
28
3.2.2. Obtenção de cDNA.
Para a transcrição reversa, utilizou-se o kit Hight-Capacity cDNA
Archive (Applied Biosystems ). A enzima Transcriptase Reversa do vírus Moloney da
leucemia murina- MuLV TR em conjunto com oligonucleotídios iniciadores, hexâmeros
de sequência aleatória nas condições estabelecidas pelo protocolo da empresa, levaram a
síntese do DNA complementar transcrito reversamente a partir do genoma completo do
vírus, o cDNA.
3.3. Construção dos vetores para geração de vírus recombinantes.
3.3.1. O vetor
O plasmídeo utilizado contém o cDNA do genoma completo do HIV-1 subtipo
B, cepa HXB-2. O vetor pR7gfp possui 15Kb e o gene nef foi substituído nos primeiros 254
nt está inserido o gene da gfp (Page, Liegler & Feinberg, 1997).
3.3.2. Mutagênese sítio-dirigida.
Uma vez que no plasmídeo e na sequência da cepa de HIV-1 clonado não existe
sítios para a endonuclease de restrição BstEII (5`-G
GTNACC-3`), foram desenhadas
sequências de oligonucleotídeos iniciadores “foward” e “reverso” contendo o sítio de BstEII.
Três pares de oligos foram desenhados com o objetivo de inserir 3 sítios: um
antes da p6
Gag
, um no início da Protease e outro no início da TR. O objetivo era criar 3
diferentes clones deletados na p6
Gag
, PR e p6
Gag
+PR. Todos os oligos utilizados nas reações
estão listados na tabela 5.
Tabela 5. Oligonucleotídeos utilizados para as reações de mutagênese sítio dirigida. Nucleotídeos em
letras minúsculas representam as bases que foram modificadas na sequência selvagem.
Nome do oligo
5' 3'
mer
Posição
em
relação
ao HXB2
pR7 pro mut F GCCGATAGACAAGGAACgGTAaCCTTTAACTTCCCTCAGA 40 2220 – 2259
pR7 pro mut R TCTGAGGGAAGTTAAAGGtTACcGTTCCTTGTCTATCGGC 40 2259 – 2220
pR7 rt mut F GCCCTATTGAGACTGTACCgGTAAccTTAAAGCCAGGAATGGATG 45 2557 – 2601
pR7 rt mut R CATCCATTCCTGGCTTTAAggTTACcGGTACAGTCTCAATAGGGC 45 2601 – 2557
pR7 gag mut F GTCAGGGAGTAGGgtGACCCGGCCATAAGGC 31 1838 – 1868
pR7 gag mut R GCCTTATGGCCGGGTCacCCTACTCCCTGAC 31 1868 - 1838
29
As seguintes condições de reação de mutagênese sítio dirigida foram utilizadas:
100ng do plasmídeo selvagem, 12.5mM de dNTPs, 100ng de oligo, 2.5U da enzima
PfuTurbo® DNA Polimerase (Stratagene, EUA), tampão da enzima 1X e água para um
volume final de 50μL. Foram feitas 2 reações independentes, uma com o oligo foward e outra
com o oligo reverso nos 5 ciclos inicias da reação, então junta-se as duas reações em um
volume final de 100 μL e continua-se por mais 16 ciclos. Ciclagem: 95º C - 3`/(95º- 30``/55º
C- 1`/68º C- 32`)x n
o
de ciclos/ 68º C- 2`.
O produto desta reação foi digerido com DpnI (37ºC por 4 horas) com o bjetivo
de digerir as fitas metiladas reduzindo a trasformação de plasmídeos selvagens, sem as
mutações. Isso ocorre porque o DNA isolado da maioria das cepas de Escherichia coli é dam
metilado e portanto susceptível à digestão por DpnI (seqüência alvo: 5’-Gm6ATC-3’) 5 μL da
reação de digestão foi transformada em células competentes Stbl2
TM
, derivada de E. coli
(Invitrogen, EUA)
3.3.3. Transformação em células competentes Stbl2
TM
.
Uma alíquota de 50 μL de células competentes (MAX Efficiency® Stbl2
TM
,
Invitrogen EUA) foi retirada do freezer -80ºC e colocada no gelo por 5`, o suficiente para o
descongelamento total, o DNA plasmidial foi então colocado nas células e incubado no gelo
por 30`, então foi dado o choque térmico a 42ºC por 25`` e depois incubava-se no gelo por
mais 2`.
Em seguida foram adicionados 450 μL de meio SOC e recuperavam-se as
bactérias, a 150 rpm (30º C) por 1 hora. Todo o volume era plaqueado em LB ágar com 100µg
de ampicilina por placa de petri.
As placas eram mantidas a 30º C até o crescimento ideal das colônias.
3.3.4. Seleção dos clones mutantes.
Foram feitas reações de PCR diretamente das colônias. Uma “pinçada” da
colônia era plaqueada em LB ágar para manutenção dos clones, apenas encostando na placa
réplica e então o resto da colônia era colocado diretamente na reação (volume final 50μL).
Condições e ciclagem descritas adiante.
Foram utilizados oligonucleotídeos flanqueadores das regiões dos sítios de
BstEII. Para os dados mutantes foram utilizados os seguintes pares de oligos “foward” e
“reverso” existentes no laboratório (Tabela 6) :
30
. pR7gfpBstEII PR Æ DP10 e RVP3
. pR7gfpBstEII PR BstEII TR Æ DP10 e RVP3
. pR7gfpBstEII GAG BstEII PR Æ P24 inF e PNL43 R
. pR7gfpUproBstEII GAG Æ P24 intF e PNL 43 R
Tabela 6. Primers do laboratório utilizados para reações de PCR e de sequenciamento.
Nome do oligo
5' 3'
Mer
Posição em
Relação ao HXB2
DP10 CAACTCCCTCTCAGAAGCAGGAGCCG 26 2198 - 2223
RVP3 GGCAAATACTGGAGTATTGTATGG 24 2312 - 2735
P24 intF GTCCAAAATGCGAACCCAGATTGTAA 26 1756 - 1781
PNL43 R CGCTGCCAAAGAGTGATCTGAGGGAA 26 2250 - 2275
P24 2F AGRACYTTRAAYGCATGGGT 20 1237 - 1256
RT12 ATCAGGATGGAGTTCATAACCCATCCA 27 3234 - 3260
P6 outR GAGCTTCCTTTAGTTGCCCC 20 2300 - 2319
Em torno de 15 a 40 colônias eram amplificadas, e aquelas que davam
positivas eram então sequenciadas (segundo o protocolo descrito abaixo) com os
mesmos pares de oligos utilizados nas reações de PCR respectivas. Então foi feita a
edição manual das sequências e confirmada a presença de um ou mais sítios para BstEII.
5 a 8 clones foram selecionados e crescidos em meio LB líquido contendo
ampicilina e seus DNA plasmidiais foram purificados com kit de extração para
preparações de pequenas quantidades da QIAGEN (protocolo segundo fabricante).
Corria-se um gel de agarose 0,7% Tris Borato EDTA e o tamanho do plasmídio era
comparado com o do selvagem pR7gfp, com o objetivo de testar a integridade do
plasmídeo. Após estas etapas era selecionado um clone final.
3.3.5. Sequenciamento automático e edição.
Todo produto de ampificação proveniente de PCR de colônia dos clones
mutantes ou dos clones deletados (descrito a seguir), segue o mesmo procedimento de
sequenciamento.
As reações de PCR são purificadas com colunas Millipore, Montage
TM
PCR Centrifugal Filter Devices (protocolo segundo o fabricante). O material purificado
foi eluído em água ultra pura (GIBCO) em volume final de 40 μL.
Este material foi quantificado em comparação com um padrão de massa
de DNA conhecido, através da visualização de intensidades das bandas na presenção de
luz ultravioleta.
31
Cada reação de sequenciamento consistia em 100 ng de DNA, 2.5 pmoles
de oligonucleotídeo (Tabela 6), 3 μL de BigDye
®
Terminator kit v.3.1 (Applied
Biosystems, EUA), tampão e água suficiente para volume final de 20 μL.
A reação de sequenciamento foi submetida a precipitação com
isopropanol 65%, centrifugando-se a 14.000 rpm por 30` 4º C , o material foi lavado
com etanol 70% e centrifugado novamente por mais 10` em temperatura ambiente. O
material foi secado em termociclador a 50ºC até que secasse completamente.
Por fim estas amostras foram ressuspendidas em formamida (o volume
dependia da concentração de DNA) e então eram aplicadas na placa de 96 poços para
colocar no sequenciador automático 3100 ABI PRISM - Applied Biosystems (Applied
Biosystems, EUA).
Os resultados obtidos, foram analisados no “software” SeqMan contido no
pacote DNASTAR (Lasergene, EUA). Neste, as sequências foram editadas manualmente
e a presença do(os) sítio(os) 5`-G
GTNACC-3` era confirmada.
3.3.6. Deleção para obtenção dos 3 vetores de recombinação.
Em torno de 1 μg de cada um dos plasmídeos pR7gfpBstEII PR BstEII TR,
pR7gfpBstEII GAG BstEII PR foi submetido a digestão com a enzima BstEII a 60º C
por 4 horas. Após digestão foi corrido um gel de agarose 0,7% TBE com um padrão de
peso molecular conhecido e os clones, para confirmar se o tamanho do fragmento
deletado corresponde ao esperado, no caso do pR7gfpBstEII PR BstEII TR (339pb), do
pR7gfpBstEII GAG BstEII PR (387pb) e do pR7gfpUproBstEII GAG (726pb). A banda
do gel correspondente ao plasmídio foi então cortada.
Estes plasmídeos foram purificados com kit de purificação de DNA
extraído de gel da Promega (SV Wizard mini-column purification kit, protocolo segundo
fabricante), o material foi eluído em água e quantificado em gel de agarose por
comparação da intensidade contra um padrão de massa, após coloração com Brometo de
Etídio e visualisação quando exposto a luz ultravioleta.
Para a reação de ligação com T4 ligase foram utilizados 100ng de DNA
plasmidial e 10U da enzima T4 ligase. A reação foi feita a 16º C ao longo da noite
(volume final de 10μL). Então o volume total da reação foi transformado em 50 μL de
Stbl2
TM
, e plaqueado em 2 placas LB agar com ampicilina para obtenção de colônias
isoladas.
Os vetores deletados foram submetidos ao mesmo processo de
confirmação feito nos vetores mutantes: PCR de colônia, sequenciamento para
32
verificação da deleção e ligação reconstruindo o sítio de BstEII, e por fim visualização da
integridade do plasmídio deletado em relação ao seu tamanho.
Uma vez que era confirmado os sítios e o tamanho do plasmídeo, gerava-
se massa de DNA para os experimentos de co-transfecção dos agora vetores de
recombinação pR7gfpUpro, pR7gfpUgag e pR7gfpUgagpro. Foram crescidos os
clones de Stbl2
TM
contendo os plasmídeos em 1 litro de meio de cultura LB líquido mais
antibiótico, e este DNA plasmidial extraído com kit da QIAGEN para grandes
preparações (HiSpeed Plasmid Maxi kit, EUA), esta extração rende em torno de
400ng/μL de DNA em volume final de 1mL, que então era aliquotado para evitar
repetitivos descongelamentos em todo o estoque.
3.4. Geração de vírus não recombinantes e recombinantes.
3.4.1. Amplificação dos genes da p6
ins
, PR
mut
e p6
ins
+PR
mut
.
A partir do cDNA (feito após isolamento do RNA viral do plasma dos
pacientes em falha terapêutica, que contínham inserções na p6
Gag
e mutações no gene da
Protease - 3 amostras do Hospital Universitário da UNIRIO, Gafrée & Guinle: TVGG01,
TVGG05 e TVGG08 e 1 amostra do Hospital da Escola Paulista de Medicina: TVSP02)
, foram feitos reações de PCR em duas etapas nas seguintes condições: 5μL de cDNA,
125 mM MgCl
2
, Tampão da enzima 1X, 10μM de dNTPs, 12,5 pmoles de cada
oligonucleotídeo (P24 2F e RT12), 2U de Platinum®TaqDNA Polimerase (Invitrogen,
EUA), e água suficiente para 50 μL. Ciclagem 95ºC 5`/(95º C 30``, 56º C 45``e 72º C
1`50``)x 35 ciclos/ 72º C 10`.
O PCR Nested foi feito para gerar amplicon suficiente para a co-
transfecção em volume final de 375 μL (visando obter entre 11 e 15 μg de DNA) e a
temperatura de anelamento dos oligos foi de 57ºC. As mesmas condições e
concentrações foram mantidas variando apenas: No caso de amplificar p6
Gag
+PR os
oligos foram P24 int F e RVP3 e o tempo de extensão na ciclagem de 1`40``. No caso de
amplificar p6
Gag
os oligos foram P24 int F e P6 out R, e PRO utiliza-se DP10 e RVP3
ambos extendidos por 1`30``. O volume de reação do 1º round que se utilizou no PCR
em duas etapas variava de acordo com a concentração de DNA obtida no 1º round, com
o objetivo de evitar bandas inespecíficas e melhorar a quantidade de massa de DNA final
obtida.
A confirmação da amplificação e da massa obtida foi feita por
eletroforese em gel de agarose 1%.
33
Para geração dos vírus recombinantes controles, sem inserções e sem
protease mutante, foi amplificado o plasmídeo pNL4 3 (Adachi et al, 1986) como
representante do HIV-1 subtipo B e vírus referência.
3.4.2. Linearização dos vetores deletados.
Em torno de 20 μg de DNA plasmidial proveniente da Maxi preparação
HiSpeed QIAGEN foi digerido com BstEII e a digestão confirmada em gel de agarose
0.7%.
3.4.3. Precipitação do DNA para co-transfecção.
O produto da amplificação foi misturado com o produto da digestão
plasmidial em um único tubo, cada produto com seu respectivo plasmídeo deletado.
Adicionou 1% de AcNH
4
5M, 3X o volume de Etanol 100% e incubou-se
a -20º C ao longo da noite. Centrifugou-se então, a 14.000 rpm por 30` a 4º C. Lava-se
com etanol 70% e centrifuga-se por mais 10` na temperatura ambiente.
O DNA agora preciptado foi eluído em 100 μL de água ultra pura
(GIBCO).
3.4.4. Co-transfecção em cultura de células MT-4.
Nos experimentos de cultura de células foi utilizada a linhagem
linfocitária T CD4
+
estabelecida de origem humana: MT-4 (Harada et al, 1985) que foi
sempre mantida em estufa 37º C / 5% CO
2
. O meio de cultura utilizado era o RPMI 1640,
suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino (SFB), 2mM L-glutamina, 0,075% de
bicarbonato de sódio e 50 μg/mL de penicilina/estreptomicina (todos os reagentes
fornecidos pela GIBCO, EUA).
Para a co-transfeção, a cultura de células era repicada no dia anterior ao
experimento com o objetivo das mesmas estarem em fase exponencial de crescimento e
em quantidade suficiente, 275μL de células 2.10
7
células/mL, para cada co-transfecção.
No dia do experimento as células foram centrifugadas e ressuspendidas em
meio 20% SFB para a obtenção da concentração 2.10
7
células/mL.
Em seguida, a solução de plasmídeo e PCR foram transferidas para uma
cuveta de eletroporação de 4 mm (Biorad, EUA) juntamente com 250µL da suspensão de
células (2,0 x10
7
/mL). A cuveta foi levemente agitada (evitando-se a formação de
bolhas) e colocada no eletroporador Gene Pulser II (Biorad, EUA), para receber o
choque. As condições de eletroporação são 250 Volts, 950 µF, durante 100-160 ms. Após
34
o choque, todo o conteúdo foi delicadamente retirado da cuveta com o auxílio de uma
pipeta sorológica de 1,0 mL, e transferido para uma garrafa de cultura de 25 cm
2
,
completando o volume com 5 mL de meio RPMI 10% SFB e adicionando-se, também,
25 µL de 2.10
7
células/mL. A garrafa era, então, incubada em estufa CO
2
a 37ºC.
No dia 3 pós-transfecção, adicionou-se 5 mL de meio RPMI 10% SFB.
No dia 4, adicionou-se 10 mL de RPMI 10% SFB, transferindo a cultura transfectada
para uma garrafa de cultura de 75 cm
2
. No dia 5, 20 mL de RPMI 10% foram
adicionados. Então, esperava-se 3 dias até o surgimento de efeito citopático, no dia 7 da
cultura (formação sincícios), que caracterizam a infecção da célula MT-4 pelo HIV-1. Se
após 3 dias cerca de 100% das células estivessem formando sincícios (caracteriza-se pela
presença de sincícios em mais de 90% dos grumos celulares), centrifugava-se todo o
conteúdo da garrafa por 10 minutos, a 1.500 g, a 4ºC, aliquotando-se todo o sobrenadante
em criotubos (cada um contendo 1,5 mL) e congelando a -70º C. Caso a cultura ainda não
apresentasse sinais de infecção ou pouquíssimos sincícios (<20% das células), centrifuga-
se todo o conteúdo da garrafa, descartando-se o sobrenadante e ressuspendendo as células
em 10 mL de RPMI com 10% SFB. Descarta-se 5 mL destas células, e os 5 mL restantes
acresenta-se 35 mL de RPMI com 10% SFB, transferindo, em seguida, para a mesma
garrafa de 75 cm
2
. Observar a cultura de 3 em 3 dias, até o surgimento dos sincícios,
indicadores da infecção. Repetir o mesmo procedimento descrito acima, aguardando o
surgimento de sincícios até no máximo 21 dias pós-transfecção.
Foi transfectado nas mesmas condições o vetor completo pR7gfp para
posterior utilização como controle dos experimentos a serem realizados.
3.4.5. Titulação dos Estoques Virais
Todos os vírus recombinantes, gerados como descrito a cima, tiveram os
seus valores de CCID
50
(dose de vírus capaz de infectar 50% da cultura de células)
determinados. O procedimento realizado foi o mesmo descrito em DAIDS Virology
Manual for HIV Laboratories, 1997; com pequenas modificações. Uma alíquota era
descongelada, e diluída 4 vezes por fator de 10 em volume de 300 μL (em tubos Falcon
de 15 mL). Então adicionava-se mais 300 μL de uma preparação de células 10
6
células/mL em cada diluição.
Este material (600 μL) foi submetido a centrifugação 1.200x g por 2 horas,
e o sobrenadante retirado. O precipitado foi então ressuspendido em 3 mL de meio, e
então 100 μL desta infecção foi plaqueado por poço (10
4
células/poço) num total de 12
35
poços por diluição, em placa de 96 poços. A última fileira da placa era sempre o “mock”,
controle de células.
No 5º dia foi adicionado 20 μL do corante de viabilidade celular Cell titer
blue (Promega, EUA) incubando ao longo da noite. No 6º dia emissão de fluorescência
era lida no Cytofluor (Applied Biosystems, EUA). Então calculava-se o CCID
50
de cada
vírus
3.5. Fenotipagem dos vírus com e sem duplicações no domínio PTAPP/ com e
sem protease respectiva (mutada).
O experimento para a determinação dos valores de EC50 (concentração efetiva que
inibe em 50% a infecção viral) foi realizado com todos os vírus recombinantes contendo:
p6
ins
, PR
mut
, ou p6
ins
+PR
mut,
contra os seguintes inibidores de protease: saquinavir,
indinavir, ritonavir, nelfinavir, amprenavir e lopinavir.
Para a realização dos ensaios de fenotipagem, placas de 96 poços, contendo 10
4
células MT-4/poço foram infectadas com os HIV-1 recombinantes com uma MOI
(multiplicidade de infecção) de 0,002 (recomendação do NIH= 0,001 a 0,01) (DAIDS
VIROLOGY MANUAL FOR HIV LABORATORIES, 1997). As drogas foram
inicialmente diluídas em dimetil sulfóxido (DMSO) para concentração final de 20mM e
posteriormente diluídas em meio RPMI 1640 para 200µM. Oito poços das células
infectadas são expostos a concentrações decrescentes da droga a partir de 0,2µM (para
saquinavir), 0,4µM (para indinavir), 2,0µM (para ritonavir, nelfinavir e lopinavir) e
4,0µM (para amprenavir), por fator de 3 (figura 11). Um nono poço era mantido como
controle da infecção, sem a presença da droga. E o décimo poço era mantido sem droga e
sem a presença do vírus, para controle da célula. Cada linha de 10 poços de infecção era
produzida em quadruplicata, para tratamento estatístico posterior. A infecção foi mantida
em estufa 5% CO
2
a 37
o
C, e acompanhada diariamente por microscopia óptica de fase,
para análise do aparecimento de sincícios, o que acontece geralmente no quarto dia pós-
infecção.
Para a revelação do ensaio de fenotipagem, a técnica utilizada de coloração por
“cell titer blue” para medida da viabilidade celular, foi utilizada no quinto dia pós-
infecção, a fim de permitir a diferenciação de viabilidade celular pós formação de
sincício. Para tal, em cada poço das placas foi adicionado 20 μL de uma solução do
corante. As placas, em seguida, foram incubadas a 37º C durante a noite, em estufa com
5% de CO
2
. No dia seis a placa será lida em fluorímetro (Cytofluor, Applied Biosystem,
EUA).
Figura11. Esquema de uma placa de 96 poços utilizada para fenotipagem de HIV-1, corada
com corante azul que quando metabolizado pelas células transforma-se em tom de rosa.
Experimento feito em quadruplicata, cada linha representa uma concentração de droga. C.V.:
Controle de vírus, células infectadas sem droga; C.C.: Controle de células, somente células sem
vírus e sem drogas.
Os resultados foram analisados em matriz Microsoft Excel
®
para Windows XP
®
e no
programa SigmaPlot® 8.0. Efetuava-se a correção do branco e plotagem em gráfico da
freqüência de emissão do ensaio (em porcentagem, usando como padrão 100% a emissão
de poço de células viáveis sem infecção) como medida da viabilidade celular. O valor de
EC50 (concentração de droga que inibe em 50% a infecção viral) foi obtido no gráfico,
pela equação da curva de regressão não-linear de Hill (semi-logarítmica) com 3
parâmetros.
36
______________________________4. Resultados.
4.1. Vetores para a geração de vírus recombinantes.
Diferentes sítios foram criados ao longo do genoma do HIV, a fim de criar diferentes
combinações de mutantes, e consequentemente diferentes clones deletados. Veja a
representação esquemática em escala, da região onde foram inseridos os sítios. Figura 12.
Figura 12. Visão esquemática da p24, p2, p7, p6
Gag
, p6
Gag-Pol
, PR e início da TR. Os pontos
vermelhos são as regiões no genoma do HIV-1, onde foram inseridos os sítios de restrição
para a enzima BstEII. Localização da posição do 1º sítio antes do início da PR, do 2º sítio no
início da TR e do 3º sítio no fim da p24.
______387pb______ ______339pb______
p
24 /
p
2/
p
7/
p
6 P
R
Figura 13. Vetor pR7gfpBstEII PR alinhado com outros clones positivos e por
último a sequência selvagem do vírus HXB2, da região que vai do primer DP10 ao RVP3.
Presença do 1º sítio para a enzima BstEII (GGTAACC) na posição 2247-2243.
37
O primeiro sítio inserido no plasmídeo selvagem, foi no início do gene da protease,
posição 2247-2243 em relação a cepa HXB2, utilizando os oligos pR7 mut pro F e pR7 mut
pro R (pR7gfpBstEII PR) (Figura 13).
O vetor pR7gfpBstEII PRO foi submetido a 2 novas reações diferentes, de mutagênese
sítio dirigida, para otimizar o tempo os 2 próximo vetores foram construídos a partir deste,
utilizando o par de oligos pR7 mut TR F e pR7 mut TR R foi inserida a mutação no 2º sítio no
início da TR, posição 2576-2582, gerando o vetor pR7gfpBstEII PR BstEII TR, um outro
vetor foi feito com os oligos pR7 mut gag F e pR7 mut gag R inserindo-se o 3º sítio no final
do gene da proteína p24, posição 1850-1856: pR7gfpBstEII GAG BstEII PR (Figura 14a). Um
quarto vetor mutante foi criado se inserindo o 3º sítio para BstEII já no plasmídeo
pR7gfpUpro (descrito abaixo) com o par de oligos pR7mut gag F e pR7mut gag R, gerando o
plasmídeo pR7gfpUproBstEII GAG (Figura 14b).
p
24
p
2/
p
7/
p
6 P
R
Figura 14a. Vetor pR7gfpBstEII GAG BstEII PR alinhado com outros clones positivos
e por último a sequência selvagem do vírus HXB2, da região que que vai do primer P24
int F ao RVP3. Destacado o novo sítio gerado na posição 3, e a presença do sítio na
posição 1 no mesmo clone.
38
Fig 14b. mut GAG no Del PR Vetor pR7gfpUproBstEII GAG alinhado com outros
clones positivos e por último a sequência selvagem do vírus HXB2, da região que vai do
primer P24 int F ao RVP3 sem a região da protease. Destacado a mutação gerada no 3º
sítio, e a reconstrução do sítio para a BstEII após digestão e re-ligação do 1º e 2º
(deletando a PR).
39
Após deleção e re-ligação do pR7gfpBstEII PR BstEII TR, foi gerado o vetor para
recombinação pR7gfpUpro, Figura 15.
p
24
p
2 /
p
7 /
p
6 1º/2º T
R
p
24 /
p
2 /
p
7 /
p
6 1º/2º T
R
Figura 15. Vetor pR7gfpUpro alinhado com um padrão construídos sem a região da
protease. Destacado a reconstrução do sítio para a BstEII após digestão e re-ligação do 1º
e 2º (deletando a PR).
Após digestão e re-ligação do pR7gfpBstEII GAG BstEII PR, foi gerado o vetor
pR7gfpUgag , Figura 16.
Figura 16. Vetor pR7gfpUgag alinhado com um padrão construídos sem a região da
p6
Gag
. Destacado a reconstrução do sítio para a BstEII após digestão e re-ligação do 3º
com o 1º (deletando a p2/p7/p6).
40
Por último foi criado o vetor pR7gfpUgagpro, produto da digestão e re-ligação
do pR7gfpUproBstEII GAG, Figura 17.
p
24 3º /1º PR
p
24 3º /2º T
R
Figura 17. Vetor pR7gfpUgagpro alinhado com um padrão construídos sem a região da
p6
Gag
+PR. Destacado a reconstrução do sítio para a BstEII após digestão e re-ligação do
3º com o 2º (deletando p2/p7/p6 e a PR).
4.2. Geração de vírus recombinantes por co-transfecção contendo p6
ins
, PR
mut
ou
p6
ins
+PR
mut
e seus respectivos controles selvagens.
Pela co-transfecção foram gerados todos os vírus recombinantes:
R7gfpUgagNL4-3, R7gfpUproNL4-3, R7gfpUgagproNL4-3, R7gfpUgagGG1,
R7gfpUproGG1, R7gfpUgagproGG1, R7gfpUgagGG5, R7gfpUproGG5,
R7gfpUgagproGG5, R7gfpUgagGG8, R7gfpUproGG8, R7gfpUgagproGG8,
R7gfpUgagSP2, R7gfpUproSP2 e R7gfpUgagproSP2. A partir de aproximadamente
35mL de sobrenadante de cultura, cada vírus é estocado em alíquotas de 1,8mL em
freezer -70ºC.
4.3. Titulação dos estoques virais contendo p6
ins
, PR
mut
ou p6
ins
+PR
mut
e seus
respectivos controles selvagens.
Através da diluição viral (em fator de 10), seguida de ensaio de infecção em
cultura de células MT4, Foi determinado o valor de CCID50 por mL para os
determinados vírus abaixo. Ou seja, foi determinada a quantidade de vírus capaz de
infectar 50% das células. A revelação foi feita com corante de viabilidade celular.
Tabela 7. Número de CCID50 por mL dos estoques virais gerados e
armazenados, para cada vírus recombinate gerado.
Vírus TCID50/mL
R7gfp controle 3.981,07
R7gfpUpro GG1 n/a
R7gfpUpro GG5 n/a
R7gfpUpro GG8 31.622,78
R7gfpUpro SP2 3.162,27
R7gfpUpro NL4-3 controle 31.622,78
R7gfpUgag GG1 3.162,27
R7gfpUgag GG5 n/a
R7gfpUgag GG8 31.622,78
R7gfpUgag SP2 3.162,27
R7gfpUgag NL4-3 controle 31.622,78
R7gfpUgagpro GG1 3.162,27
R7gfpUgagpro GG5 2.848,03
R7gfpUgagpro GG8 31.622,78
R7gfpUgagpro SP2 1.778,27
R7gfpUgagpro NL4-3 controle 3.162,27
4.4. Sequenciamento dos vírus recombinantes gerados.
Os vírus recombinantes: R7gfpUgagNL4-3, R7gfpUproNL4-3,
R7gfpUgagproNL4-3, R7gfpUgagGG1, R7gfpUgagproGG1, R7gfpUgagproGG5,
R7gfpUgagGG8, R7gfpUproGG8, R7gfpUgagproGG8, R7gfpUproSP2,
41
R7gfpUgagproSP2, foram submetidos a extração de RNA viral, seguido de reação de
Transcrição Reversa. Estes cDNA foram sequenciados nas regiões da p6
Gag
e da PR, com
a finalidade de confirmar o perfil genético da cada recombinante. As respectivas
inserções estavam presente em: R7gfpUgagGG1, R7gfpUgagproGG1,
R7gfpUgagproGG5, R7gfpUgagGG8, R7gfpUgagproGG8 e R7gfpUgagproSP2. E as
respectivas mutações na Protease foram confirmadas para os recombinantes:
R7gfpUgagproGG1, R7gfpUgagproGG5, R7gfpUproGG8, R7gfpUgagproGG8,
R7gfpUproSP2 e R7gfpUgagproSP2 como esperado. Nos vírus recombinantes
controles (com genótipo selvagem): R7gfpUgagNL4-3, R7gfpUproNL4-3 e
R7gfpUgagproNL4-3 não havia nenhuma inserção nem como mutação na Protease
( Figura 18a. e 18b.)
10 20 30
4
0 50 60 70
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|...
p6Gag HXB2 LQ--------SRPE----------PTAPP---EESFRSGVETTTPPQKQEPIDKELYPLTSLRSLFGNDPSSQ
TVGG1 DelGAGPRO p6Gag LQSRPEPTAPSRPE----------PTAPP---EESFRFGEETTTPSQKQEPIDKELYPLASLKSLFGNDPSSQ
TVGG1 DelGAG p6Gag LQSRPEPTAPSRPE----------PTAPP---EESFRFGEETTTPSQKQEPIDKELYPLASLRSLFGNDPSSQ
TVGG5 DelGAGPRO p6Gag LQSRPEPTAPSRLE----------PTAPP---EESFRFGEETTTPSQKQEPINKELYPLASLKSLFGNDPSSQ
TVGG8 DelPRO p6Gag LQ--------SRPE----------PTAPP---EESFRSGVETTTPXQKQEPIDKELYPLASLRSLFGXDPSSQ
TVGG8 DelGAG p6Gag LQ--------SRPEPTAPPAESLRPTAPP---AESFRSGVETTTPPQKQEPIDKELYPLTSLRSLFGNDPSSQ
TVGG8 DelGAGPRO p6Gag LQ--------SRPEPTAPPAESXRPTAPP---AESFRFGEETTTPPQKQEPIDKELYPLASLRSLFGNDPSSQ
TVSP2 DelPRO p6Gag LQ--------SRPE----------PTAPP---EESFRSGVETTTPPQKQEPIDXXLYPLASLRSLFGNDXLSQ
TVSP2 DelGAGPRO p6Gag LQ--------SRPE----------PTAPPAPPEESFRFGEETTTPSQKQGQTDQELYPLASLRSLFGNDPLSQ
Figura 18a. Alinhamento na ORF da p6
Gag
dos diferentes vírus recombinantes gerados que foram
submetidos a fenotipagem e sequência padrão do isolado HXB2. (Os aminoácidos que aparecem
com um X significa ambiguidade na sequência correspondente em nucleotídeos, sítio não
sinônimo – duas possibilidas de aminoácidos).
10 20 30 40 50 60 70 80 90
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....
PROTEASE HXB2 PQVTLWQRPLVTIKIGGQLKEALLDTGADDTVLEEMSLPGRWKPKMIGGIGGFIKVRQYDQILIEICGHKAIGTVLVGPTPVNIIGRNLLTQIGCTLNF
TVGG1 DelGAG inicioPR PQITLWQRPLVTIKIGGQLKEA-----------------------------------------------------------------------------
TVGG1 DelGAGPRO PR PQITLWQRPLVTIKIGGQLREALIDTGADDTVLEDINLPGKWKPKMIGGIGGFVKVRQYDQVPVEICGHKAIGTVLXGPTPLNIIGRNLLTQIGCTLNF
TVGG5 DelGAGPRO PR PQITLWQRPLVTIKIGGQLKEALIDTGADDTVLEEMNLPGKWKPKLIGGIGGFVKVRQYDQIPVEICGHKAIGTVLVGPTPANIIGRNLLTQIGCTLNF
TVGG8 DelPRO PR PQITLWXRPLVTIKIGDQLKEALLDTGADDTVLEDMNLPGRWKPKMIGGIGGFIKVRQYEQIPIEICGHKAIGTVLVGPTPVNIIGRNLLXQIGCTLNF
TVGG8 DelGAG inicioPR PQVTLWQRPLVTIKIGGQLKEA-----------------------------------------------------------------------------
TVGG8 DelGAGPRO PR PQITLWQRPLVTIKIGDQLKEALLDTGADDTVLEDMNLPGRWKPKMIGGIGGFIKVRQYEQIPIEICGHXAIGTVLVGPTPVNIIGRNLLTQIGCTLNF
TVSP2 DelPRO PR PQITLWQRPXVTIKIGGQLXEALLXTGADDTVLEQIDLPGKWKPKMIGGIGGFVKVRQYEQIPIEICGHKVVGTVLVGPTPANIIGRNLLTXIGCTLNX
TVSP2 DelGAGPRO PR PQITLWQRPIVTIKIGGQLREALLDTGADDTVLEQIDLPGKWKPKMIGGIGGFVKVXQYEQXXIEICGHKVVGTVLVGPTPANIIGRNLLTQIGCTLN-
Figura 18b. Alinhamento na ORF da PR dos diferentes vírus recombinantes gerados que foram submetidos a
fenotipagem e sequência padrão do isolado HXB2. (Os aminoácidos que aparecem com um X significa
ambiguidade na sequência correspondente em nucleotídeos, sítio não sinônimo)
42
43
4.5. Fenotipagem.
A suscetibilidade aos IP: Indinavir (IDV), Lopinavir (LPV), Nelfinavir (NFV),
Saquinavir (SQV) e Ritonavir (RTV), foi testada para todos os vírus quimeras titulados e
com os devidos perfis genéticos confirmados. Para o IP Amprenavir (APV) , apenas os
recombinantes R7gfpUgagNL4-3, R7gfpUproNL4-3, R7gfpUgagproNL4-3,
R7gfpUgagGG8, R7gfpUproGG8, R7gfpUgagproGG8 foram testados.
Com o objetivo de determinar o nível de resistência de cada vírus quimera, era
determinado o valor de EC50 (em quadruplicata) para cada vírus recombinante
construído a partir de isolados clínicos, tal como o valor de EC50 para o respectivo
recombinante gerado a partir do isolado NL4-3 com perfil genético selvagem.
Determina-se então o valor de “Fold Resistance” que é a razão da média do EC50 do
vírus estudado sobre a média do EC50 do vírus selvagem (vírus padrão), obtem-se então
quantas vezes um vírus é resistente em relação “ao mesmo vírus” selvagem (Tabela 8).
Foram considerados resistentes, os clones que apresentavam valores de “Fold
Resistance” acima dos valores de cut-off biológico fenotípico estabelecidos pela VIRCO
– empresa especializada em realizar fenotipagem para HIV-1 ( Harrigan et al, 2001).
Estes valores são: 2,5 para APV e SQV; 4,0 para LPV e NFV; 3,0 para IDV e 3,5 para
RTV.
Nenhum vírus recombinante contendo inserção do domínio PTAPP e uma PR
com perfil genético selvagem demonstrou resistência a nenhum dos IP testados.
Mostrando que sua presença por si só, não é capaz de conferir resistência a IP (Tabela 8 e
Figuras: 19 e 20).
Surpreendente foi o resultado obtido com os recombinantes R7gfpUproSP2,
R7gfpUgagproSP2, que possuíam uma protease com genótipo de resistência a IP. O
vírus que possuía p6
ins
+PR
mut
teve redução na
FR em relação ao vírus que possuía apenas
a PR
mut
de 27,4 para 8,0 (LPV); de 35,3 para 15,7 (RTV); de 3,7 para 1,0 (SQV) neste
caso tornando o vírus susceptível à SQV. Mostrando que a presenção da duplicação do
domínio reduziu o nível de resistência à RTV, LPV e SQV (Tabela 8 e Figura 21).
44
Tabela 8. Valores de “Fold Resistance” obtidos para cada um dos vírus recombinantes
testados. DelGAG: Vírus quimera que contém a inserção na p6
Gag
s
proveniente do
isolado. DelPRO: Vírus quimera que contém as mutações de resistência no gene da PR
proveniente do isolado. DelGAGPRO: Vírus quimera que contém a inserção na p6
Gag
mais as mutações de resistência no gene da PR provenientes do isolado
c
Inibidor de Protease (valor de cut-off fenotípico para o respectivo inibidor de protease)
b
Desvio Padrão (DP) calculado a partir dos valores em quadruplicátas de EC50 obtido para cada clone viral.
a
Fold resistance (FR) = EC50 vírus quimera de isolado clínico / EC50 vírus quimera referência (NL4-3).
±0,001
1,0
±0,047
15,7
±0,030
6,3
±0,007
8,0
±0,013
5,1n/aUGagPro
±0,006
3,7
±0,205
35,3
±0,042
11,0
±0,009
27,4
±0,032
5,8n/aUPro
n/aTVSP2
±0,0009
0,8
±0,003
1,0
±0,011
0,9
±0,0001
0,3
±0,001
0,8
±0,005
0,8UGagPro
±0,001
1,1
±0,005
1,2
±0,004
0,7
±0,001
1,1
±0,0002
0,7
±0,004
0,6UPro
±0,001
0,9
±0,001
0,6
±0,003
0,7
±0,0007
0,8
±0,002
1,0
±0,001
0,8UGagTVGG8
±0,001
1,6
±0,185
35,1
±0,065
11,2
±0,010
22,2
±0,076
10,8n/aUGagPro
n/a
n/aTVGG5
±0,001
1,1
±0,146
42,2
±0,043
4,5
±0,001
2,9
±0,007
1,5n/aUGagPro
n/a
n/a
±0,002
2,1
±0,001
1,9
±0,001
0,4
±0,004
2,2n/aUGagTVGG1
±0,0009
1,0
±0,003
1,0
±0,008
1,0
±0,0001
1,0
±0,003
1,0
±0,005
1,0UGagPro
±0,0004
1,0
±0,006
1,0
±0,006
1,0
±0,004
1,0
±0,001
1,0
±0,004
1,0UPro
±0,0005
1,0
±0,003
1,0
±0,001
1,0
±0,003
1,0
±0,001
1,0
±0,002
1,0UGagNL4-3
(2,5)
c
(3,5)
c
(4,0)
c
(4,0)
c
(3,0)
c
(2,5)
c
SaquinavirRitonavirNelfinavirLopinavirIndinavirAmprenavir
Fold Resistance
a
±DP
b
c
Inibidor de Protease (valor de cut-off fenotípico para o respectivo inibidor de protease)
b
Desvio Padrão (DP) calculado a partir dos valores em quadruplicátas de EC50 obtido para cada clone viral.
a
Fold resistance (FR) = EC50 vírus quimera de isolado clínico / EC50 vírus quimera referência (NL4-3).
±0,001
1,0
±0,047
15,7
±0,030
6,3
±0,007
8,0
±0,013
5,1n/aUGagPro
±0,006
3,7
±0,205
35,3
±0,042
11,0
±0,009
27,4
±0,032
5,8n/aUPro
n/aTVSP2
±0,0009
0,8
±0,003
1,0
±0,011
0,9
±0,0001
0,3
±0,001
0,8
±0,005
0,8UGagPro
±0,001
1,1
±0,005
1,2
±0,004
0,7
±0,001
1,1
±0,0002
0,7
±0,004
0,6UPro
±0,001
0,9
±0,001
0,6
±0,003
0,7
±0,0007
0,8
±0,002
1,0
±0,001
0,8UGagTVGG8
±0,001
1,6
±0,185
35,1
±0,065
11,2
±0,010
22,2
±0,076
10,8n/aUGagPro
n/a
n/aTVGG5
±0,001
1,1
±0,146
42,2
±0,043
4,5
±0,001
2,9
±0,007
1,5n/aUGagPro
n/a
n/a
±0,002
2,1
±0,001
1,9
±0,001
0,4
±0,004
2,2n/aUGagTVGG1
±0,0009
1,0
±0,003
1,0
±0,008
1,0
±0,0001
1,0
±0,003
1,0
±0,005
1,0UGagPro
±0,0004
1,0
±0,006
1,0
±0,006
1,0
±0,004
1,0
±0,001
1,0
±0,004
1,0UPro
±0,0005
1,0
±0,003
1,0
±0,001
1,0
±0,003
1,0
±0,001
1,0
±0,002
1,0UGagNL4-3
(2,5)
c
(3,5)
c
(4,0)
c
(4,0)
c
(3,0)
c
(2,5)
c
SaquinavirRitonavirNelfinavirLopinavirIndinavirAmprenavir
Fold Resistance
a
±DP
b
TVGG8
IP
APV IDV LPV NFV RTV SQV
FR
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
DelGAG
DelPRO
DelGAGPRO
Figura 19. Valores de FR dos diferentes recombinantes gerados a partir do isolado clínico
TVGG8. Perfil genético do vírus TVGG8 na: p6
ins
(PTAPPAESFR) PR (L63P). DelGAG: Vírus
quimera que contém a inserção na p6
Gag
proveniente do isolado. DelPRO: Vírus quimera que
contém as mutações de resistência no gene da PR proveniente do isolado. DelGAGPRO: Vírus
quimera que contém a inserção na p6
Gag
mais as mutações de resistência no gene da PR
provenientes do isolado.
45
TVGG1
IP
IDV LPV NFV RTV SQV
FR
2
4
6
8
42
44
46
48
0
10
40
50
DelGAG
DelGAGPRO
*
Figura 20. Valores de FR dos diferentes recombinantes gerados a partir do isolado clínico
TVGG1. Perfil genético do vírus TVGG1 na: p6
ins
(RPEPTAPP) PR (K20R, L24I, M36I, I54V,
L63P, V82L). DelGAG: Vírus quimera que contém a inserção na p6
Gag
proveniente do isolado.
DelGAGPRO: Vírus quimera que contém a inserção na p6
Gag
mais as mutações de resistência
no gene da PR provenientes do isolado
46
TVSP2
IP
IDV LPV NFV RTV SQV
FR
0
10
20
30
40
DelPRO
DelGAGPRO
Figura 21. Valores de FR dos diferentes recombinantes gerados a partir do isolado clínico
TVSP2. Perfil genético do vírus TVSP2 na: p6
ins
(APP) PR (L10I, K20R, M36I, I54V, L63P, A71V,
V82A). DelPRO: Vírus quimera que contém as mutações de resistência no gene da PR
proveniente do isolado. DelGAGPRO: Vírus quimera que contém a inserção na p6
Gag
mais as
mutações de resistência no gene da PR provenientes do isolado
47
48
_______________________________________ 5. Discussão.
As mutações, nos genes alvo da terapia, que conferem resistência aos ARV
disponíveis são um fator limitante no sucesso terapêutico. Muitos estudos desses genes
tem sido feitos principalmente para o subtipo B do HIV-1, correlacionando o genótipo
com o fenótipo viral. Testes de fenotipagem da PR viral com diferentes perfís
genotípicos são feitos para os IP disponíveis, para testar a eficácia de uma possível nova
droga.
Pouco é estudado em experimentos in vitro no que diz respeito ao fenótipo viral
de resistência a IP quando algum polimorfismo fora dos genes alvo da terapia acontece.
Os estudos que começaram a demonstrar relevância de alguns polimorfismos, mostrou
que mutações nos sítios de clivagem do substrato Gag e Gag-Pol estariam co-evoluindo
para a resistência viral aos IP, recuperando a afinidade ao substrato pela enzima mutante,
e por sua vez menos processiva (Mammano, Petit & Clavel, 1998; Kolli, Lastere &
Schiffer, 2006).
O papel de polimorfismos como inserções e deleções em regiões do gene gag,
fora dos sítios de clivagem, na susceptibilidade viral aos ARV e na capacidade
replicativa viral (adaptabilidade viral) vem sendo cada vez mais questionado.
Vários grupos vem discutindo a importância destas inserções, principalmente em
domínios conservados e essenciais para a replicação viral, como o domínio tardio
P(T/S)APP. Alguns grupos acharam a mesma frequência de aparecimento de duplicações
do domínio tardio na população viral de pacientes tratados como pacientes que nunca
foram tratados (Gallego et al., 2003), este dado seria um forte indício de que estas
inserções seriam apenas polimorfismos virais presentes.
Por outro lado, outros grupos suportam que estas duplicações, sejam parciais ou
completas do P(T/S)APP, estariam contribuindo para a resistência aos ARV, uma vez
que em algumas coortes a frequência de aparecimento destas inserções é maior na
população de pacientes altamente tratados (Petters et al., 2001).
Um trabalho corroborou ainda mais esta hipótese quando se calculava a
capacidade replicativa viral de um isolado com e outro sem inserção, com PR resistentes,
e este vírus com inserção demonstrava ter recuperado a capacidade replicativa viral,
perdida pela presença do genótipo resistência acumulado na PR mutante (Tamiya et
al.,2004).
49
Em 2002 foi desenvolvido pelo grupo um trabalho que testou a resistência
genotípica e fenotípica de isolados virais, de 52 amostras isoladas de crianças infectadas
por transmissão vertical e em falha terapêutica, através do sequenciamento do gene pol
(Brindeiro PA, et al.; 2002). Quando a PR foi sequenciada, viu-se em algumas amostras a
presença de diferentes padrões de duplicações na região N-terminal da PR, esta região
correspondia ao domínio tardio P(T/S)APP da proteina p6
Gag
. Foi a partir desta
evidência, que questionou-se o papel destas inserções na susceptibilidade aos IP, uma vez
que a poliproteína Pr55
Gag
é o substrato para a PR.
A sequência correspondente a este domínio, na p6
Gag-Pol
também tem sua região
duplicada, portanto podendo ter alguma diferença funcional nesta proteína, era preciso
“evitar” sua influência. Como a p6*, liga a proteína Nef do HIV-1, parecendo estar
facilitando o brotamento viral, utilizamos um clone deletado de Nef.
Com o objetivo de estudar o papel desta p6
Gag
quando presente em um isoldo viral
com diferentes PR, foram construídos 3 vetores plasmidiais virais, contendo o genoma do
HIV-1 deletados em diferentes regiões: p6
Gag
, PR e p6
Gag
+PR. A partir destes vetores,
foram gerados diferentes vírus recombinentes, dos isolados virais TVGG1, TVGG5,
TVGG8, TVSP2 e NL4-3 (controle): R7gfpUgagNL4-3, R7gfpUproNL4-3,
R7gfpUgagproNL4-3, R7gfpUgagGG1, R7gfpUgagproGG1, R7gfpUgagproGG5,
R7gfpUgagGG8, R7gfpUproGG8, R7gfpUgagproGG8, R7gfpUproSP2,
R7gfpUgagproSP2. Sendo este o primeiro trabalho a estudar o efeito na resistência a IP
através de diferentes combinações virais do mesmo isolado, separando o efeito da
presença da inserção (p6
ins
), da PR
mut
e da p6
ins
+PR
mut
.
Nenhum vírus contendo a duplicação quando presente uma PR susceptípel aos IP,
teve aumento ou redução desta susceptibilidade. Este resultado demonstra que in vitro,
esta inserção não influencia a resistência viral aos IP em uma população virgem de
tratamento com IP, o que suporta a teoria dos grupos que acreditam que estas inserções
sejam apenas polimorfismos virais (Gallego et al., 2003). Porém, nada ainda pode ser
concluído quanto ao efeito específico destas inserções na capacidade replicativa do HIV-
1, o que demanda experimentos com o objetivo de responder esta pergunta.
O resultado obtido comparando os vírus recombinantes R7gfpUproSP2 e
R7gfpUgagproSP2 (contendo uma PR com perfil genotípico que provoca altos níveis de
resistência fenotípica aos diferentes IP testados), indica que a presença da inserção (APP)
na p6Gag provoca uma redução na
FR em relação ao vírus que possuía apenas a PR
mut
de
27,4 para 8,0 (LPV); de 35,3 para 15,7 (RTV); de 3,7 para 1,0 (SQV) neste caso tornando
o vírus susceptível à SQV. Este resultado demonstra pela primeira vez que a presença da
50
duplicação do domínio PTAPP reduz o nível de resistência à RTV, LPV e SQV. A partir
destes resultados podemos especular que a duplicação parcial do domínio PTAPP da
p6
Gag
, provoca essa diminuição na resistência aos IP por aumentar a afinidade da protease
viral (mutante e resistente) pelo seu substrato natural gag também mutado (com PTAP
duplicado). A recuperação desta afinidade, provavelmente está aumentando a capacidade
replicativa do vírus p6
ins
+PR
mut
, em relação ao PR
mut
, porque esta é a população
majoritária encontrada no plasma do paciente apresentando falha terapêutica aos ARV.
Ou seja, de alguma forma esta população é mais adaptada a pressão seletiva dos IP, do
que a populção viral sem duplicação no PTAPP, mesmo apresentando um nível inferior
de resistência fenotípica aos IP. Aparentemente, estamos diante de uma casuística onde a
população viral mais adaptada à pressão seletiva dos ARV não é aquela contendo apenas
mutações que provocam alto nível de resistência fenotípica. Mas sim, uma população que
apresenta níveis de FR suficientes para superar os cut-offs de resistência dos IP e, uma
alta capacidade replicativa, que pode ser explicada pela aumento da processividade da
protease mutante na presença de gag mutante, ou ainda pelo papel que estas inserções em
p6 podem estar desempenhando num possível favorecimento no brotamento do vírus.
Mais estudos sobre os polimorfismos virais no gag são necessários, já que a influência
na susceptibilidade aos ARV é fundamental na escolha da terapia para o paciente
infectado, principalmente se ele possui um genótipo na PR e na TR de resistência. É
necessário também avaliar o efeito destas duplicações nos subtipos não-B, uma vez que o
fenótipo deles se comportam de modo diferente pra algumas drogas. Também é
fundamental um estudo maior do balanço entre a capacidade replicativa viral e a
susceptibilidade aos ARV. Até que ponto é mais vantajoso para o vírus ganhar com a
capacidade replicativa e perder na resistência.
51
_______________________________________ 6. Conclusões.
Com os resultados obtidos podemos concluir que:
Æ Foi gerado um painel de clones de genoma viral deletados nos genes: gag p1-
p6, pro ou ambos, a fim de estudar o comportamento fenotípico de vírus recombinantes
gerados in vitro, através da recombinação com os respectivos produtos da amplificação
gênica de isolados clínicos, por co-transfecção.
Este painel permitirá efetuar estudos futuros sobre a importância de diferentes
polimorfismos das proteínas Gag p1 e p6, bem como da protease viral, para a
infecciosidade, a processividade e a maturação do HIV-1.
Æ É possível fazer um estudo fenotípico do efeito dos polimorfismos
em gag dos isolados virais, comparando-se os valores de FR das PR isoladas
como a PR em conjunto com gag.
Æ As duplicações do domínio tardio P(T/S)APP quando presentes em um isolado
viral contendo uma enzima PR com genótipo de susceptibilidade, não influenciam na
resistência aos IP.
Æ As duplicações do domínio tardio P(T/S)APP quando presente em
um isolado viral com uma PR resistente aos IP, apresentando um perfil
genotípico complexo de resistência, contribuem para a redução do FR viral para
as drogas LPV, RTV e NFV. Para SQV o vírus tornou-se susceptível ao IP, levando em
consideração os valores de cut-offs fenotípicos.
Æ Gag e PR quando analisados de diferentes isolados virais, podem ser
comparados quanto ao comportamento fenotípico de seus variantes. Isso se da uma vez
que seus perfis genotípicos de resistência são previamente conhecidos, através da
interpretação algorítmica (Stanford e algoritmo brasileiro).
Æ É necessário completar o estudo fenotípico com todos os variantes Gag, PR e
Gag+PR de cada isolado estudado, para aprofundar o entendimento sobre o efeito da co-
evolução entre variantes no domínio tardio Gag e a resistência na PR. Estudos de
capacidade replicativa dos clones gerados também deverão ser feitos com o mesmo
intuito.
52
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