Resumo
Resumo
A espécie Drimys angustifolia Miers. (Winteraceae) foi selecionada com base em dados
etnofarmacológicos e quimiotaxonômicos, visto que espécies deste gênero são usadas no
tratamento de problemas estomacais, diarréia, febre, úlcera e dor e possuem comprovada
atividade antiinflamatória, analgésica e antialérgica determinada em diferentes modelos
experimentais. Considerando-se a ausência de estudos que garantam o uso seguro desta
espécie, o presente trabalho visa determinar a eficácia, segurança e a qualidade da matéria-
prima vegetal de Drimys angustifolia. Para tal, foram realizados estudos fitoquímicos e
cromatográficos, estudos farmacológicos de atividade analgésica, antiulcerogênica,
antiinflamatória e antioxidante e de toxicidade aguda de extratos etanólicos de caules e folhas,
livres de clorofila. Na análise fitoquímica, ambos os extratos apresentaram reação positiva
para flavonóides, heterosídeo saponínico, triterpenóides glicosilados, ácidos fixos fortes,
glicosídeo cianogênico, quinonas, taninos, agliconas esteróides, enquanto fenóis, catequinas,
triterpenos e leucoantocianidinas foram somente detectados no extrato de caule, e esteróides e
triterpenóides livres foram detectados apenas no extrato de folhas. Quanto as atividades
farmacológicas, ambos extratos promoveram redução significativa na área total de lesão
ulcerativa induzida por etanol absoluto, a partir da menor dose testada (125mg/Kg), com
proteção de 73,56% para o extrato de folhas e de 58,04% para o extrato de caule. No modelo
de úlcera induzida por etanol/HCl 0.3M, a redução da área total de lesão ulcerativa em relação
ao grupo controle, foi observada a partir da dose de 250mg/kg, onde a porcentagem de
inibição foi de 81,42% para o extrato de folhas e de 76,50% para o extrato de caule. Doses
maiores testadas (250, 500 e 1000 mg/Kg) de ambos os extratos, reduziram de forma dose-
dependente a área de lesão, em ambos os modelos, porém, os extratos foram inativos no
modelo de lesão gástrica induzida por piroxicam. Os extratos apresentaram importante
atividade antioxidante no modelo de inibição da lipoperoxidação induzida por ácido ascórbico
e ferro em membranas isoladas de hepatócitos. Ambos extratos não apresentaram atividade
analgésica na dose de 500mg/Kg, nos modelos de contorção abdominal e placa quente, sendo
que no teste de imersão da cauda, somente o extrato de folhas apresentou atividade após 240
minutos da administração. Nenhum dos extratos, na dose de 500mg/Kg, apresentou atividade
antiinflamatória no modelo de edema de pata induzido por carragenina. A atividade
antiulcerogênica dos extratos pode ser devida aos flavonóides presentes em caules e folhas
bem como na atividade antioxidante deste composto, além do envolvimento dos extratos com
o óxido nítrico, observado no modelo de lesão gástrica induzida por etanol absoluto em
camundongos pré-tratados com L-NAME. No estudo da toxicidade foram observadas mortes
de poucos animais, insuficientes para se calcular a DL
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e leves alterações comportamentais e
clínicas como perda do equilíbrio e exoftalmia apenas com o tratamento com altas doses,
3500 e 5250mg/Kg. Este estudo demonstra que caules e folhas de Drimys angustifolia
representam uma fonte de produtos com atividade antiulcerogênica e antioxidante, os quais
podem ser úteis na padronização de fitoterápicos seguros ou como base para a prospecção de
novos compostos ativos.
Palavras chaves: Drimys, Winteraceae, úlcera, antioxidante, antiinflamatória, analgésica,
toxicidade aguda, fitoquímica.