O pessoal do posto, lá do pré-natal, tem ajudado também a entender todas essas
mudanças, elas conversam me explicam tudo direitinho. E eu sei que é normal sentir esse
medo, tem gente que sente no inicio da gravidez, outras no final.
Me sinto agora maravilhosamente bem grávida, é uma sensação tão boa, sentir a
criança dentro da barriga é uma felicidade tão grande.
Converso com ela todo dia agora, antes de cochilar fico alisando e conversando.
Digo tanta coisa a ela, e quando está perto do horário do pai chegar do trabalho, ela começa
a se mexer toda, enquanto ele não chega ela não pará. E não fica quieta enquanto ele não
beija a barriga. Converso demais com ela, que ela vai vir ao mundo, que venha com
bastante saúde, que vai dar tudo certo.
Quando estava naqueles momentos de choro, de tristeza, foi o único momento que
não falava com ela, nem gostava que ninguém pegasse na minha barriga, nem o pai dela eu
deixava, não gostava que ninguém tocasse em mim.
Agora não, já passou tudo isso, pode dá carinho e eu estou recebendo. Minha mãe
fica também caducando com minha barriga.
Para enfrentar esse medo deixei de ver os livrinhos, porque logo quando fiquei
grávida li muitos livros sobre o parto, vi fotos, ficava direto lendo só que isso me deixava
apavorada, então deixei de ler isso...
Estava tão impressionada que deixei de passear, as meninas ficavam me chamando
direto, mas ficava em casa pensando nesses negócios.
Conversei com minha mãe e ela me disse:
- Olha já tive seis filhos normais e nunca me aconteceu nada.
Então resolvi não ficar pensando só nisso e fui saindo mais de casa, mudando os
pensamentos, e isso foi saindo da mente.
Fiquei sabendo da terapia lá na consulta do pré-natal, elas colocam no cartão, é uma
atividade diferente, gostei muito das vezes que participei.
A terapia me acalmou mais porque a gente desabafa, porque tem coisas que a gente
não conta a ninguém, nem ao esposo ou nossa família, fica guardando aquilo dentro do
coração, da cabeça ... e lá eu contei como estava me sentindo, eu nunca tinha contado aqui
em casa esses negócios todos, meus sentimento, meus medos e lá eu contei e me senti
melhor.
E quando cheguei em casa falei para as meninas, para minha mãe e meu esposo
também, contei tudo como foi a terapia e elas ficaram impressionadas comigo, porque tinha
falado tudo, porque desabafei lá, e até eles começaram a me dá mais atenção, a conversar
sobre isso, a perguntar como eu estava me sentindo.
Lá eu aprendi que temos que falar as coisas que estão nos fazendo mal, temos que
colocar para fora.
Falei e coloquei para fora para não me prejudicar e nem a minha filha que está
dentro de mim, desabafando melhora e quando a gente desabafa lá as pessoas dão
atenção para o que estamos falando, porque se eu fosse falar daquelas preocupações aqui
em casa ninguém ia dá tanta atenção.
E quando a gente fala num ambiente que as pessoas escutam direitinho o que
estamos dizendo, onde dão atenção aí é diferente. Eu me senti melhor, mais tranqüila, as
preocupações nos deixam, eu estou tão “relax” ... A terapia comunitária me relaxou ....
Aprendi também os exercícios, apesar das pernas doerem um pouco, eu tenho feito
aqui em casa. Gosto de tudo da terapia, a gente também conhece as dificuldades das outras
mulheres, vi que os problemas delas às vezes são até maiores que o nosso, e fico
pensando como ajudar mas só em escutar naquele momento já é uma ajuda.
Portanto gosto da terapia porque vejo que meus problemas se tornam coisa simples
perto dos outros.
A terapia me ajudou nisso, o que levei foi meu medo e o meu medo passou, fiquei
mais tranqüila e saiu de lá mais forte e mais relaxada”.