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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Caracterização e gênese de Espodossolos da planície costeira do Estado de São
Paulo
Maurício Rizzato Coelho
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em
Agronomia. Área de concentração: Solos e Nutrição de
Plantas
Piracicaba
2008
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2
Maurício Rizzato Coelho
Engenheiro Agrônomo
Caracterização e gênese de Espodossolos da planície costeira do Estado de São Paulo
Orientador:
Prof. Dr. PABLO VIDAL TORRADO
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em
Agronomia. Área de concentração: Solos e Nutrição de
Plantas
Piracicaba
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Coelho, Maurício Rizzato
Caracterização e gênese de Espodossolos da planície costeira do Estado de São Paulo
/ Maurício Rizzato Coelho. - - Piracicaba, 2008.
270 p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008.
Bibliografia.
1. Espodossolos 2. Gênese do solo 3. Micromorfologia do solo 4. Restinga I. Título
CDD 631.44
C672c
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
A meus pais,
João Baptista Marcondes Coelho e Ida Rizzato Coelho,
dedico.
4
5
AGRADECIMENTOS
A realização desta pesquisa foi possível graças ao apoio e à colaboração
imprescindíveis de instituições, amigos, colegas, orientadores e conselheiros abaixo elencados,
aos quais manifesto meus sinceros agradecimentos.
Agradeço:
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ESALQ/USP pela oportunidade,
apoio técnico e financeiro;
À EMBRAPA por ter permitido esta qualificação, com dedicação exclusiva e bolsa;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa
cedida no exterior (Doutorado Sanduíche) por meio do convênio CAPES-MECD 154/03 entre a
ESALQ/USP e a Universidade de Santiago de Compostela, Espanha;
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento
do projeto: “Solos sob vegetação de restinga no Estado de São Paulo: relações solo-paisagem,
pedogênese e alterações com o uso agrícola” (Processo n
o
.
2005/59450-9);
À Universidade de Santiago de Compostela (USC-ES) “Departamento de Edafoloxía y
Química Agrícola – pelo apoio e infra-estrutura na realização das análises laboratoriais;
Ao Prof. Dr. Pablo Vidal Torrado pela amizade, confiança, compreensão, liberdade
orientada, conhecimento transmitido e orientação, valiosos e imprescindíveis ao desenvolvimento
deste trabalho;
Ao Prof. Dr. Xosé Luis Otero Pérez (USC-ES) pela acolhida em Santiago de Compostela,
orientação técnica, apoio e colaboração na realização das análises laboratoriais;
Ao Prof. Dr. Felipe Macías Vásquez (USC-ES) pela colaboração na realização desta
pesquisa;
Ao Prof. Dr. Miguel Cooper pelo auxílio nas análises micromorfológicas;
Aos pesquisadores Dr. Ricardo Marques Coelho e Igo Fernando Lepsch pela correção dos
textos em inglês;
À colega Vanda Moreira Martins pela parceria no desenvolvimento das atividades de
campo e laboratório e nas discussões relacionadas ao desenvolvimento deste trabalho;
Ao colega Raphael Beirigo, sempre disposto a ajudar;
6
Ao primo Waldomiro Pereira e ao colega Gabriel Ramatis pela auxílio na tradução dos
resumos desta tese;
Aos colegas e amigos, elencados em ordem alfabética, Alexandre, Fernando Cesar
Bertolani, Fernando Perobelli, Flávio, Gabriel, Ingrid, Josiane, Márcia, Raphael e Vanda pelo
convívio, companheirismo, discussões técnicas e apoio emocional;
Aos técnicos David Romero, Natividad Matilla, Maria Santiso e Carmen Pérez Llaguno
pelo apoio no desenvolvimento das análises laboratoriais no Laboratório de Biología y
Edafologia Ambiental – USC (Espanha);
Aos colegas da Universidade de Santiago de Compostela: Marta Velasco, Roberto, Naty,
Zuriñe, David, Ion, Juan, Eva Penteado, Eva Bujan e Cruz pela acolhida e convívio;
Ao técnico Luiz Silva pelo apoio no desenvolvimento das análises laboratoriais de rotina
nos laboratórios do Departamento de Ciência do Solo – ESALQ/USP;
Aos funcionários do Departamento de Ciência do Solo, em especial ao Sr. Dorival
Grisotto pelo apoio nos trabalhos de campo, companheirismo, dedicação e cuidado com os
membros da equipe;
À Ariadne, pelo carinho, compreensão e paciência;
Finalmente, aos meus queridos pais pelos conselhos, dedicação, exemplo de vida e amor,
desde sempre;
À todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização desta
pesquisa.
MUITO OBRIGADO!
7
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................................ 9
ABSTRACT .................................................................................................................................. 10
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 11
Referências .................................................................................................................................... 15
2 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: I. RELAÇÕES SOLO-PAISAGEM, MORFOLOGIA E
QUÍMICA...................................................................................................................................... 17
Resumo.......................................................................................................................................... 17
Abstract.......................................................................................................................................... 18
2.1 Introdução................................................................................................................................ 19
2.2 Desenvolvimento..................................................................................................................... 21
2.2.1 Material e Métodos............................................................................................................... 21
2.2.1.1 Meio Físico........................................................................................................................ 21
2.2.1.2 Trabalhos de Campo.......................................................................................................... 23
2.2.1.3 Análises Laboratoriais ....................................................................................................... 23
2.2.1.4 Datações ............................................................................................................................ 25
2.2.2 Resultados e Discussão......................................................................................................... 25
2.2.2.1 Aspectos da Paisagem ....................................................................................................... 25
2.2.2.2 Solos: Classes, Distribuição na Paisagem e Morfologia ................................................... 37
2.2.2.3 Solos: Química e Granulometria ....................................................................................... 47
2.3 Considerações Finais ............................................................................................................... 64
Referências .................................................................................................................................... 65
3 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: II. FRACIONAMENTO DO ALUMÍNIO POR MEIO DE
DISSOLUÇÕES SELETIVAS...................................................................................................... 71
Resumo.......................................................................................................................................... 71
Abstract.......................................................................................................................................... 72
3.1 Introdução................................................................................................................................ 73
3.2 Desenvolvimento..................................................................................................................... 76
3.2.1 Material e Métodos............................................................................................................... 76
3.2.1.1 Meio Físico........................................................................................................................ 76
3.2.1.2 Trabalhos de Campo.......................................................................................................... 77
3.2.1.3 Análises Laboratoriais ....................................................................................................... 78
3.2.2 Resultados e Discussão......................................................................................................... 79
3.2.2.1 Relação entre Extratores para o Conjunto de Amostras.................................................... 79
3.2.2.2 Relação entre Extratores para os Horizontes Espódicos ................................................... 83
3.2.2.3 Considerações Finais ......................................................................................................... 95
3.3 Conclusões............................................................................................................................... 96
Referências .................................................................................................................................... 97
4 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: III. AVALIAÇÃO DE CLORETOS NÃO TAMPONADOS (KCl,
CuCl
2
E LaCl
3
) COMO EXTRATORES DE ALUMÍNIO ASSOCIADO À MATÉRIA
ORGÂNICA ................................................................................................................................ 104
Resumo........................................................................................................................................ 104
8
Abstract........................................................................................................................................ 105
4.1 Introdução.............................................................................................................................. 106
4.2 Desenvolvimento................................................................................................................... 109
4.2.1 Material e Métodos............................................................................................................. 109
4.2.1.1 Meio Físico...................................................................................................................... 109
4.2.1.2 Trabalhos de Campo........................................................................................................ 110
4.2.1.3 Análises Laboratoriais ..................................................................................................... 111
4.2.2 Resultados e Discussão....................................................................................................... 112
4.2.2.1 Relação entre Extratores, suas Especificidade e Adequabilidade ................................... 112
4.2.2.2 Al Extraído com CuCl
2
(Al
Cu
)......................................................................................... 133
4.2.2.3 Al Extraído com LaCl
3
(Al
La
).......................................................................................... 144
4.2.2.4 Al Extraído com KCl (Al
K
) e sua Comparação ao Al
Cu
e Al
La
....................................... 153
4.3 Conclusões............................................................................................................................. 163
Referências .................................................................................................................................. 165
5 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANCIE COSTEIRA DO
ESTADO DE SÃO PAULO: IV. MICROMORFOLOGIA DOS HORIZONTES
ESPÓDICOS ............................................................................................................................... 171
Resumo........................................................................................................................................ 171
Abstract........................................................................................................................................ 172
5.1 Introdução.............................................................................................................................. 173
5.2 Desenvolvimento................................................................................................................... 175
5.2.1 Material e Métodos............................................................................................................. 175
5.2.1.1 Meio Físico...................................................................................................................... 175
5.2.1.2 Análises Micromorfológicas ........................................................................................... 177
5.2.1.3 Análises Laboratoriais ..................................................................................................... 177
5.2.2 Resultados e Discussão....................................................................................................... 178
5.2.2.1 Macromorfologia............................................................................................................. 178
5.2.2.1.1 Bertioga ........................................................................................................................ 179
5.2.2.1.2 Cananéia ....................................................................................................................... 180
5.2.2.1.3 Ilha do Cardoso............................................................................................................. 181
5.2.2.1.4 Comparação Morfológica e Ambiental dos Solos e Áreas Estudados ......................... 187
5.2.2.2 Micromorfologia.............................................................................................................. 187
5.2.2.2.1 Micromorfologia dos Solos de Bertioga....................................................................... 191
5.2.2.2.1.1 Micromorfolobia dos Perfis P3 e P6 ......................................................................... 191
5.2.2.2.1.2 Interpretação Micromorfológica dos Horizontes Espódicos dos Perfis P3 e P6 ....... 196
5.2.2.2.1.3 Micromorfologia dos Perfis P9 e P10 ....................................................................... 199
5.2.2.2.1.4 Interpretação Micromorfológica dos Horizontes Espódicos dos Perfis P9 e P10 ..... 203
5.2.2.2.2 Micromorfologia e Interpretação dos Solos de Cananéia (Perfis P29 e P30) .............. 206
5.2.2.2.3 Micromorfologia dos Solos da Ilha do Cardoso........................................................... 209
5.2.2.2.3.1 Micromorfologia e Interpretação do Perfil C14 ........................................................ 209
5.2.2.2.3.2 Micromorfologia e Interpretação dos Perfis H13 e J14............................................. 214
5.2.2.3 Química, Granulometria e Considerações sobre a Gênese dos Horizontes Espódicos e
Espodossolos Estudados.............................................................................................................. 219
5.3 Conclusões............................................................................................................................. 229
Referências .................................................................................................................................. 230
APÊNDICE ................................................................................................................................. 235
9
RESUMO
Caracterização e gênese de Espodossolos da planície costeira do Estado de São Paulo
A gênese, a química, a macro e micromorfologia dos solos desenvolvidos nos ambientes
arenosos da planície costeira do Estado de São Paulo foram investigadas. Nesses ambientes,
genericamente denominados de restinga, a podzolização é o processo pedogenético
predominante, sendo os Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos os solos mais comumente
encontrados. Os municípios paulistas de Cananéia, Ilha Comprida e Bertioga foram selecionados
para o desenvolvimento desta pesquisa devido à presença de diferentes unidades sedimentares, de
vegetação remanescente e de solos, representativos da planície costeira do Estado de São Paulo.
Nesses locais foram descritos e amostrados 31 perfis, muitos deles em cronosseqüência. A idade
dos sedimentos e da matéria orgânica de horizontes cimentados selecionados (ortstein) também
foram investigadas e, juntamente às análises químicas, incluindo procedimentos de dissolução
seletiva do Fe e Al (DC, oxalato e pirofosfato para Fe e Al; NaOH, KCl, LaCl
3
e CuCl
2
para Al) e
às micromorfológicas, permitiram concluir que: (a) os Espodossolos mais evoluídos e antigos,
dotados de horizontes ortstein, podem ser considerados indicadores dos sedimentos
pleistocênicos da Formação Cananéia das planícies costeiras quaternárias estudadas e,
possivelmente, são paleossolos; (b) o tempo e o relevo foram os principais fatores de formação,
condicionantes da diferenciação dos Espodossolos na paisagem; (c) os solos mais antigos, bem
drenados devido às condições de relevo e dinâmica sedimentar (Ilha de Cananéia e Bertioga),
apresentam grande variabilidade e diversidade de seus horizontes e atributos morfológicos,
diferindo daqueles mais jovens e mal drenados, mais homogêneos, geralmente destituídos de
horizonte Bs (Bertioga); (d) a química da maioria dos solos estudados são típicas daqueles
descritos para as áreas sob vegetação de restinga: baixas soma e saturação por bases,
extremamente a fortemente ácidos, capacidade de troca de cátions dependente da matéria
orgânica e saturada com Al trocável, aumento do carbono orgânico em profundidade; (e) o Al é o
principal tion envolvido na podzolização, sendo que suas formas ativas são: complexos de Al-
húmus e compostos inorgânicos pouco cristalinos. Os primeiros predominam nos horizontes
superficiais e horizontes espódicos hidromórficos; as formas inorgânicas se relacionam a alguns
horizontes espódicos (Bs, Bh, Bhs e Bsm) situados na base de perfis bem drenados; (f) Al
inorgânico pouco cristalino também foi extraído pelos reagentes pirofosfato e CuCl
2
, geralmente
utilizados para avaliar Al unido à matéria orgânica; ao contrário, LaCl
3
extraiu apenas as formas
ativas da interação Al-húmus, sendo que KCl não incluiu todas essas formas reativas; (g) a
decomposição de raízes in situ e, sobretudo, os processos de formação e transporte de
complexos Al-húmus foram observados em alguns (decomposição de raízes) ou em todos os
perfis estudados (complexos Al-húmus), originando os horizontes espódicos às expensas dos
eluviais; (h) a imobilização desses complexos se por diferentes mecanismos: filtragem físico-
mecânica dos poros do solo, aumento do pH em profundidade, incorporação adicional de Al
durante seu transporte e o efeito da absorção seletiva das raízes. Neste último processo, as raízes
absorvem seletivamente água e nutrientes, segregando e precipitando ao seu redor os complexos
Al-húmus da solução do solo, mobilizados dos horizontes superiores ou presentes nas águas de
drenagem.
Palavras-chave: Podzolização; Restinga; Relações solo-paisagem; Terraços marinhos;
Termoluminescência;
14
C; Dissoluções seletivas; CuCl
2
; LaCl
3
10
ABSTRACT
Characterization and genesis of Spodosols on the São Paulo State sandy coastal plain
The genesis, chemistry and macro and micromorphology of soils developed on the sandy
coastal plain of the São Paulo State were investigated. In these environments, often designated
“restinga”, podzolization is the main pedogenetic process, being Spodosols and
Quartzipsamments the soils most commonly found. Cananéia, Ilha Comprida and Bertioga cities
were selected for the development of this research due to the representativeness of this
environmental condition in the São Paulo State. In these environments 31 soil profiles were
described and sampled, mainly in chronosequences. Age of sediments and of organic matter of
cemented horizons (ortstein) were investigated as well. These data associated to the chemical
analysis, including Fe and Al selective dissolution procedures (dithionite-citrate, oxalate and
pyrophosphate for Fe and Al; NaOH, KCl, LaCl
3
and CuCl
2
for Al) and micromorphological
analysis allowed the following conclusions: (a) the most developed Spodosols have ortstein
horizons and can be considered indicators of sediments of Pleistocene age from the Cananéia
Formation of the studied quaternary coastal plain and possibly are paleosols; (b) time and relief
were the main soil formation factors responsible for differentiation of Spodosols on the
landscape; (c) the oldest and well drained soils due to relief conditions and sedimentary dynamics
(Cananéia and Bertioga) showed great variability and diversity of their horizons and
morphological properties, differing from the youngest, poorly drained and more homogeneous
Spodosols usually without Bs horizon (Bertioga). The youngest and well drained Spodosols (Ilha
Comprida) showed an advanced degree of degradation; (d) the chemical properties of the studied
soils are similar to other soils already described in the “restinga”: low in exchangeable bases, low
in base saturation, strongly acidic, organic-matter dependent and Al-saturated CEC, increase in
organic carbon with depth; (e) Al is main metal related to the podzolization process. The reactive
forms of this element are Al-humus complexes and inorganic poorly crystalline compounds. Al-
humus complexes predominate in the superficial and spodic, poorly drained horizons; the Al-
inorganic forms occur in some well drained spodic horizons (Bs, Bh, Bhs and Bsm) situated at
the bottom of the well-drained soil profiles; (f) Al inorganic, poorly crystalline forms were
extracted by pyrophosphate and CuCl
2
reagents, usually used to determinate Al bound to organic
matter; unlike, LaCl
3
only extracted the reactive forms of Al-humus interaction, whereas KCl did
not include these reactive forms; (g) Al-humus formation and mobilization were the main
pedogenetic processes, but roots decomposition were observed in some horizons; (h) different
mechanisms are related to Al-humus complexes immobilization: physical-mechanical filtering
effect on soil pores, precipitation as pH increases with depth, precipitation with the decrease of
C-to-metal ratio during organic matter complexation and roots selective absorption effect. In the
latter, there is selective absorption of water and nutrients with segregation and precipitation of
Al-humus complexes around roots. These Al-humus complexes are either mobilized from the
superficial horizons or already dissolved in the draining water.
Keywords: Podzolization; Soil-landscape relationships; Marine terraces; Thermoluminescence;
14
C; Selective dissolution; CuCl
2
; LaCl
3
11
1 INTRODUÇÃO
Dentro das planícies costeiras existem vários tipos de ambientes e unidades sedimentares
quaternárias. Um desses ambientes, as restingas, constituem importantes ecossistemas para a
manutenção da vida terrestre ao longo da costa brasileira.
O termo restinga apresenta várias definições, entre elas a geológica-geomorfológica, a
botânica e a ecológica (SUGUIO, 1992). De acordo com Suguio e Tessler (1984), o termo é
freqüentemente utilizado para designar desde vários tipos de depósitos litorâneos, quanto outras
feições costeiras e até mesmo a vegetação. No presente trabalho utilizamos o termo restinga para
se referir aos ambientes essencialmente arenosos e de solos pobres da planície costeira, onde se
desenvolve uma vegetação genericamente denominada de “vegetação de restinga”, englobando as
seguintes fitofisionomias: dunas, escrube, entre-cordões arenosos, floresta baixa de restinga e
floresta alta de restinga (SOUZA, 2006). Estas, por sua vez, estão relacionadas às unidades
sedimentares comumente denominadas de cordões litorâneos, terraços marinhos holocênicos e
terraços marinhos pleistocênicos. Sob floresta alta de restinga e terraços marinhos pleistocênicos,
predominantemente, encontram-se os Espodossolos (MOREIRA, 2007).
Considerando a sua estrutura e a dinâmica dos processos que garantem o equilíbrio do
sistema ecológico, as restingas são especialmente frágeis frente às intervenções antrópicas.
Embora protegidos por lei, a pressão pelo uso agrícola e, sobretudo, urbano nesses ambientes se
faz presente em muitos municípios litorâneos brasileiros e paulistas. Neste contexto, é necessário
conhecê-los a fim de subsidiar a tomada de decisão quanto ao melhor manejo ambiental dessas
áreas frágeis e submetidas à crescente pressão antrópica.
Inúmeros estudos de caracterização botânica e biogeografia florística foram desenvolvidos
nos ambientes de restingas paulistas, de modo que, atualmente, é bem conhecida a mais rica das
vegetações arenícolas marinhas. No entanto, são poucos os relatos dos solos costeiros sob mata
de restinga, principalmente se considerarmos a classe de solos de maior ocorrência nesses
ambientes: os Espodossolos. Para esta classe de solos, os processos envolvidos na sua formação,
genericamente conhecidos como podzolização, têm sido intensivamente estudados desde o final
12
do século XIX. No entanto, concentram-se em grande parte no hemisfério norte, sob clima frio ou
temperado úmido. Muito menos expressivos são os relatos em climas tropicais e equatoriais. No
Brasil, os estudos que avaliam a gênese, a evolução das paisagens regionais e a formação dos
Espodossolos, relacionam-se predominantemente a condições equatoriais da floresta amazônica,
localizados na bacia do Rio Negro. Tais trabalhos enfatizam os mecanismos envolvidos na
transição Latossolo/Espodossolo, comuns naquele local.
Os ambientes acima relatados diferem completamente daqueles encontrados na planície
litorânea do Estado de São Paulo. Em conseqüência, espera-se que os solos e os processos de
podzolização, bem como a evolução das paisagens nesses ambientes sejam peculiares, diferindo
em atributos, mecanismos e/ou intensidade dos processos envolvidos na formação dos
Espodossolos, comparativamente àqueles originários em clima frio ou equatorial.
Enfatizando a relevância das pesquisas que avaliam a gênese de Espodossolos e avesso
aos inúmeros estudos realizados, muito das teorias e mecanismos propostos para explicar e
elucidar o processo de podzolização é contraditório ou, mesmo, vários aspectos fundamentais da
podzolização ainda continuam não ou pouco entendidos, tal como amplamente relatado nas mais
recentes e conceituadas publicações internacionais sobre o tema (HEES; LUNDSTRÖM;
GIESLER, 2000; BUURMAN; JONGMANS, 2005; BUURMAN et al., 2005; SAUER et al.,
2007; BUURMAN; JONGMANS; NIEROP, 2008).
Objetivando melhor compreender os processos pedogenéticos e caracterizar os solos
representativos e desenvolvidos sob vegetação de restinga do Estado de São Paulo, com ênfase
aos Espodossolos, desenvolveu-se o presente trabalho. Para tal, foram descritos e amostrados 31
perfis de solos, muitos deles em cronosseqüência, nos municípios paulistas de Bertioga, Cananéia
(Ilha de Cananéia) e Ilha Comprida. A localização das seqüências estudadas é mostrada nas
Figuras 1.1 e 1.2.
13
Figura 1.1 – Imagem de satélite TM-LANDSAT ilustrando a planície costeira do município de Bertioga e a
cronosseqüencia estudada, indicando as coordenadas geográficas (UTM) dos perfis inicial e final da
cronosseqüência. Esta foi fragmentada em duas seqüências a fim de se adequar às condições locais,
possibilitando a descrição e coleta de perfis de solos em áreas representativas e em melhor estado de
preservação
Rio
Itapanhaú
Cronosseqüência
de Bertioga
Perfil P1
383.330 km
7.364.836 km
Planície costeira
de Bertioga
Perfil P13
387.897 km
7.364.636 km
Legenda
Seqüência estudada
Perfil
14
Figura 1.2 Imagem de satélite TM-LANDSAT ilustrando as seqüências estudadas nos municípios de Cananéia
(Ilha de Cananéia), Ilha Comprida e Ilha do Cardoso e as coordenadas geográficas (UTM) referentes
aos perfis iniciais de cada seqüência (P17 de Ilha Comprida; P27 da Ilha de Cananéia; C14 da Ilha do
Cardoso). Três perfis da seqüência da Ilha do Cardoso, estudada por Gomes (2005), foram
incorporados ao quinto capítulo deste trabalho para estudos micromorfológicos dos horizontes
espódicos
A fim de alcançar os objetivos propostos, a estrutura desta tese foi dividida em capítulos.
O capítulo 2 busca a caracterização química e morfológica dos solos desenvolvidos sob
vegetação de restinga, sua distribuição e variação na paisagem em função do relevo e do
Ilha do
Cardoso
Cronosseqüência
de Ilha Comprida
Seqüência de
Cananéia
Ilha de
Cananéia
Perfil P17
211.361 km
7.236.517
km
Perfil P27
206.972 km
7.235.865 km
Ilha
Comprida
Mar de
Cananéia
Mar de
Cubatão
Legenda
Seqüência estudada
Perfil
Ilha do
Cardoso
Perfil C14
204.510 km
7.220
.
402 km
Seqüência da
Ilha do Cardoso
15
substrato geológico, lançando-se o de análises químicas de rotina e de dissoluções seletivas
dos elementos ferro e alumínio (ditionito-citrato, oxalato e pirofosfato), de granulometria, bem
como de datações absolutas dos sedimentos (termoluminescência) e relativas (
14
C) da matéria
orgânica de horizontes cimentados selecionados. Os terceiro e quarto capítulos enfatizam
aspectos metodológicos relacionados às dissoluções seletivas do elemento alumínio: enquanto a
habilidade e especificidade dos reagentes rotineiramente utilizados para caracterizar e estudar
processos pedogenéticos (ditionito-citrato, oxalato e pirofosfato) de Espodossolos são avaliadas
no capítulo 3, possibilitando inferir processos e componentes mineralógicos, o capítulo 4 objetiva
avaliar a eficácia de reagentes não tamponados de cloro, KCl, LaCl
3
e CuCl
2,
na dissolução do
Al, sobretudo daquele que se encontra unido à matéria orgânica em diferentes graus de
estabilidade. A seletividade de tais reagentes, comparativamente ao pirofosfato de sódio, é
analisada neste capítulo, auxiliando no entendimento da química dos complexos Al-húmus. A
formação e (i)-mobilização de tais complexos são considerados os principais processos
relacionados à gênese dos Espodossolos (BUURMAN; JONGMANS, 2005)
Finalmente, o último capítulo (capítulo 5) utiliza da micromorfologia de horizontes
espódicos selecionados a fim de caracterizar a matéria orgânica nessa escala de detalhamento,
bem como auxiliar na elucidação dos mecanismos envolvidos na gênese dos horizontes
espódicos. Perfis coletados e descritos por Gomes (2005) na Ilha do Cardoso (município de
Cananéia; Figura 1.2) sob vegetação de restinga e procedimentos de dissoluções seletivas dos
elementos Fe e Al foram incorporados a esse capítulo, contribuindo para um mais amplo
entendimento dos solos e dos ambientes estudados.
Referências
BUURMAN, P.; JONGMANS, A.G. Podzolisation and soil organic matter dynamics.
Geoderma, Amsterdam, v. 125, p. l 71-83, 2005.
BUURMAN, P.; JONGMANS, A.G.; NIEROP, K.G.J. Comparison of Michigan and Dutch
podzolized soils: organic matter characterization by micromorphology and pyrolisis-GC/MS. Soil
Science Society of America Journal, Madison, v. 72, p. 1344-1356, 2008.
BUURMAN, P.; van BERGEN, P.F.; JONGMANS, A.G.; MEIJER, E.L.; DURAN, B.; van
LAGEN, B. Spatial and temporal variation in podzol organic matter studied by pyrolysis-gas
chromatography/mass spectrometry and micromorphology. European Journal of Soil Science,
Oxford, v. 56, p. 253-270, 2005.
16
GOMES, F.H. Gênese e classificação de solos sob vegetação de restinga na Ilha do Cardoso-
SP. 2005. 107p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) – Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.
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17
2 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA
DO ESTADO DE SÃO PAULO: I. RELAÇÕES SOLO-PAISAGEM, MORFOLOGIA E
QUÍMICA
Resumo
A relação entre floresta alta de restinga, terraços marinhos pleistocênicos e Espodossolos,
componentes picos das paisagens litorâneas brasileiras, foi constatada por alguns autores no
litoral do Estado de São Paulo. No entanto, o presente trabalho lança mão de datações por
luminescência (TL e LOE) e radiocarbônica, de atributos químicos e morfológicos de um gama
considerável de solos (Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos) em diferentes estádios de
desenvolvimento, muitos deles descritos e amostrados em cronosseqüência, a fim de caracterizar
os constituintes formadores da paisagem litorânea paulista, com ênfase aos solos, relacionando-os
e convergindo evidências para elucidar os processos envolvidos na formação dos Espodossolos
na paisagem; estes de ampla ocorrência sob vegetação de restinga em todo o Brasil. Os solos
estudados se localizam nos municípios litorâneos de Bertioga, Cananéia (ilha de Cananéia) e Ilha
Comprida (SP). Essa abordagem é inédita para as planícies costeiras brasileiras e possibilitou
concluir que: (a) os Espodossolos mais evoluídos e antigos, dotados de horizontes cimentados
(ortstein) podem ser considerados indicadores litoestratigráficos edáficos dos sedimentos
pleistocênicos da Formação Cananéia das planícies costeiras quaternárias estudadas e,
possivelmente, são paleossolos formados em condições climáticas pretéritas, diferentes das
atuais; (b) o relevo e o tempo foram os principais fatores de formação de solos, condicionantes da
diferenciação dos Espodossolos na paisagem, de tal forma que (c) os solos mais antigos, bem
drenados devido às condições de relevo e dinâmica sedimentar (Ilha de Cananéia e Bertioga),
apresentam grande variabilidade e diversidade de seus horizontes e atributos morfológicos,
diferindo daqueles mais jovens e mal drenados, mais homogêneos, geralmente destituídos de
horizonte Bs (Bertioga). Os Espodossolos mais jovens, quando bem drenados (Ilha Comprida),
mostram-se em avançado estádio desmantelamento sugerindo que as condições edafoclimáticas
atuais são desfavoráveis à sua gênese; (d) duas formas de Al e Fe ativos foram observadas,
dependendo do pH: a baixos valores (pH<4,5) complexos organo-metálicos predominam,
enquanto que a maiores valores de pH (4,8) compostos inorgânicos pouco cristalinos ocorrem em
alguns poucos horizontes espódicos (Bs, Bhs e Bh) e C de perfis bem drenados, com menores
conteúdos de carbono orgânico (0,3 a 1,50g kg
-1
) em relação aos horizontes espódicos
sobrejacentes. No entanto, interações metal-húmus predominam nos solos estudados, com valores
similares dos diferentes extratores seletivos (ditionito-citrato, pirofosfato e oxalato) para os
elementos Fe e Al, sugerindo que esse é o principal mecanismo de translocação e formação dos
solos sob vegetação de restinga.
Palavras-chave: Luminescência (TL e LOE);
14
C; Neossolos Quartzarênicos; Solos sob vegetação
de restinga; Relação solo-geomorfologia-estratigrafia; Podzolização
18
Abstract
Characterization and genesis of Spodosols on the São Paulo State sandy coastal plain: I.
Soil-landscape relationships and morphological and chemical properties
The relationship among Restinga High Forest, Pleistocene Marine Terraces and Spodosols
have already been found in the coastal plain of o Paulo State, Brazil. Nevertheless, the current
paper lays hand of absolute datings by luminescence, relative datings by
14
C and chemical and
morphological properties of a large amount of soils (Quartzipsamments and Spodosols) with
different degrees of development. The majority of these soils were sampled in chronosequence in
order to characterize the landscape elements of the coastal plain of São Paulo State, emphasizing
the soils and relating them and converging evidences for elucidating the main process for
Spodosols formation in the landscape. These Spodosols are usually present in the sandy coastal
plains of the whole country. The studied soils are situated in Bertioga, Cananéia and Ilha
Comprida counties, São Paulo State. This approach is still unpublished for the Brazilian coastal
plain and allowed to conclude that (a) the most developed Spodosols having hardpans (ortstein
horizon) can be considered edaphic lithostratigraphic indicators of sediments of Pleistocene age
from the Cananéia Formation of the studied quaternary coastal plain and possibly are paleosols
formed under preterit climatic conditions, not the same as the actual.; (b) relief and time were the
main soil formation factors responsible for differentiation of Spodosols on the landscape so that
(c) the oldest soils, of free drainage due to relief conditions and sedimentary dynamics (Cananéia
and Bertioga), show great variability and diversity in their horizons and morphological
properties, differing from the youngest, poorly drained and more homogeneous Spodosols usually
without Bs horizon (Bertioga). The youngest Spodosols, when they are free drained (Ilha
Comprida) show themselves in advanced degree of degradation; (d) depending on the pH, two
active forms of Al and Fe were found: in low pH values, sesquioxide-humus complexes
predominate, whereas on higher pH values (4,8), poorly ordered minerals occur in few spodic
(Bs, Bhs e Bh) and C horizons of free drainage with low organic carbon contents (0.3 a 1.5 g kg
-
1
). Nevertheless, metal-organic interactions prevail in the studied soils, which show similar
contents of Al and Fe for the distinct selective-dissolution reagents used (citrate-dithionite,
pyrophosphate and oxalate ammonium), suggesting that the metal-organic matter bond is the
main mechanism of mobilization and translocation in these soils.
Keywords: Luminescence (TL and LOE);
14
C; Quartzipsamments; Soil-landscape relationship;
Podzolization
19
2.1 Introdução
Espodossolos ocorrem numa ampla variedade de condições climáticas, desde as florestas
boreais até os trópicos (SKJEMSTAD et al., 1992; van BREEMEN; BUURMAN, 2002). No
entanto, têm sido extensivamente estudados nos climas temperados do hemisfério norte
(SKJEMSTAD et al., 1992; van RANST et al., 1997) e poucos são os relatos para as condições
tropicais, sobretudo para os diferentes ambientes das planícies costeiras do Brasil. Nestes, os
solos são de idade sedimentar jovem e apresentam uma variabilidade que é resultante das
diferentes etapas e processos de sedimentação que, por sua vez, geram diferenças de relevo
(macro e micro), de drenagem (MOREIRA, 2007), de vegetação, bem como de processos
geoquímicos envolvidos na evolução dos sedimentos e desenvolvimento dos solos. Assim, a
gênese dos solos costeiros depende da evolução dos ambientes sedimentares presentes nos
diferentes compartimentos geológico-geomorfológicos existentes, bem como da evolução da
própria vegetação que os recobre (MOREIRA, 2007).
Dentro das planícies costeiras existem vários tipos de ambientes ou unidades sedimentares
quaternárias. A descrição dessas unidades para o município de Bertioga, por exemplo, situado no
litoral do Estado de o Paulo, revelaram a complexidade e heterogeneidade das mesmas
(SOUZA, 2007). Das doze unidades sedimentares descritas por Souza (2007) para o município,
duas são de especial interesse ao presente estudo: (a) cordões litorâneos e (b) terraços marinhos
holocênicos e terraços marinhos pleistocênicos. Nesses ambientes essencialmente arenosos,
genericamente denominados de restinga, predominam os Espodossolos e os Neossolos
Quartzarênicos (OLIVEIRA; JACOMINE: CAMARGO, 1992; MOREIRA, 2007).
O termo restinga apresenta várias definições, entre elas a geológica-geomorfológica, a
botânica e a ecológica (SUGUIO, 1992). No sentido geológico-geomorfológico refere-se a barras
ou barreiras de natureza arenosa, especialmente quando essas feições fecham lagunas costeiras
(LACERDA; ARAÚJO, MACIEL, 1982). Com o passar dos anos, o termo vegetação de restinga
passou a se referir às diversas comunidades associadas às praias, dunas, cordões arenosos,
depressões entre-cordões, margem das lagoas e até manguezais (LACERDA; ARAÚJO;
MACIEL, 1982). A fim de evitar confusões em torno do termo restinga, Souza (2006) propôs
para o litoral norte do Estado de São Paulo a denominação de “vegetação de planície costeira e
baixa-média encosta” para o conjunto das nove fitofisionomias identificadas: Praias e Dunas,
20
Escrube, Entre-Cordões Arenosos, Floresta Baixa de Restinga, Floresta Alta de Restinga, Brejo
de Restinga, Floresta Paludosa, Turfeira ou Paludosa sobre Substrato Turfoso e Floresta de
Transição Restinga-Encosta. Sob Floresta Alta de Restinga, predominantemente, assentam-se os
Espodossolos (MOREIRA, 2007).
A geologia da planície costeira do Estado de São Paulo está documentada nos trabalhos de
Suguio e Martin (1976) e Suguio e Martin (1978a). As oscilações do nível do mar durante o
período Quaternário desempenharam importante papel na evolução das planícies costeiras em
todo o mundo (SUGUIO; MARTIN, 1976). No Estado de São Paulo, dois eventos de variações
do nível do mar ocorreram durante o Quaternário: o evento Transgressivo-Regressivo Cananéia e
o evento Transgressivo-Regressivo Santos. Enquanto o primeiro teve seu pico de oscilação
positiva máxima a 120.000 anos antes do presente (A.P.), de idade Pleistocênica, o evento
Transgressivo-Regressivo Santos é mais recente, holocênico, com seu máximo a 5.100 anos A.P.
Os depósitos de idade pleistocênica associados ao evento Transgressivo-Regressivo Santos são
denominados de Formação Cananéia, enquanto que os de idade holocênica a atual recebem a
designação de Formação Ilha Comprida (SUGUIO; MARTIN, 1976 e SUGUIO; MARTIN,
1978a). Em estudo recente, Moreira (2007) visando caracterizar e relacionar os aspectos das
paisagens de duas bacias do município de Bertioga (SP) encontrou estreita relação entre o
substrato geológico, os solos e a vegetação: os Espodossolos predominam nos terraços marinhos
pleistocênicos sob floresta alta de restinga.
Visando fornecer subsídios ao entendimento da gênese dos Espodossolos sob vegetação
de restinga a partir de sua caracterização química e morfológica, sua distribuição e variação na
paisagem em função do relevo e do substrato geológico em diferentes e representativas regiões
do litoral do Estado de São Paulo, desenvolveu-se o presente trabalho. Para tal, foram descritos,
amostrados e analisadas amostras (granulometria, química de rotina e dissoluções seletivas) de 31
perfis de solos de três municípios do litoral paulista (Bertioga, Cananéia e Ilha Comprida),
realizadas datações absolutas dos sedimentos por luminescência e de restos vegetais por
14
C, bem
como relativas (
14
C ) de horizontes cimentados (ortstein). Estudos dessa natureza auxiliam tanto
no entendimento do frágil ecossistema de restinga, constantemente submetido à degradação
ambiental, como nos trabalhos futuros de caracterização dos ecossistemas costeiros por
estabelecer relações entre os componentes formadores da paisagem litorânea. Além disso, fornece
suporte ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da classe dos Espodossolos no Sistema Brasileiro
21
de Classificação de Solos, uma das menos estudadas e conhecidas, de elevada variabilidade
espacial e temporal de seus atributos morfológicos e das mais carentes em atributos químicos
diagnósticos de classe em diferentes níveis categóricos.
2.2 Desenvolvimento
2.2.1 Material e Métodos
2.2.1.1 Meio Físico
Foram coletadas amostras e descritos perfis em três municípios do litoral do Estado de
São Paulo: Bertioga, Cananéia (Ilha de Cananéia) e Ilha Comprida. A Figura 2.1 mostra as
localizações dos municípios no litoral paulista.
Figura 2.1 – Localização dos municípios de Bertioga, Cananéia e Ilha Comprida no litoral do Estado de São Paulo
Litoral Sul
OCEANO
ATLÂNTICO
Litoral Central
Baixada Santista
Litoral Norte
Ilha
Comprida
Ilha de Cananéia
Bertioga
N
Iguape
Cananéia
22
O clima do litoral do Estado de São Paulo é do tipo Af, caracterizado como tropical úmido
ou super-úmido, com chuvas distribuídas durante todo o ano, conforme classificação climática de
Köppen (SETZER, 1966). Segundo dados climatológicos da estação metereológica do DAEE em
Bertioga (24
o
45,6’S e 46
o
04,2’W), obtidos entre 1941 e 1970, a temperatura e precipitação
médias anuais são, respectivamente, 24,8
o
C e 3.200 mm anuais, sendo considerada uma das
regiões mais úmidas do Brasil (MARTINS et al., 2008).
Conforme levantamento geológico realizado por Suguio e Martin (1978b), na planície
costeira de Bertioga predominam depósitos holocênicos de várias origens, ocorrendo
remanescentes de terraços marinhos pleistocênicos somente nas proximidades do Rio Itapanhaú.
No entanto, em trabalho recente, Souza (2007) detalhou as unidades sedimentares quaternárias do
município de Bertioga (Bacias de Guaratuba e Itaguaré) em nove tipos, dos quais os solos
estudados encontram-se inseridos em apenas duas unidades, denominadas: (a) cordões litorâneos
e terraços marinhos holocênicos; e (b) terraços marinhos pleistocênicos.
A Ilha Comprida, localizada no litoral sul do Estado de São Paulo (Figura 2.1) tem 63 km
de comprimento por até 5 km de largura (NASCIMENTO-JÚNIOR, 2006). É constituída de
sedimentos arenosos quaternários, com presença de dunas holocênicas, exceto para um pequeno
morro constituído de rochas cristalinas, denominado de Morrete. Esta ilha é separada da Ilha de
Cananéia ao sul por um canal lagunar denominado Mar Comprido ou Mar de Cananéia, e do
continente, ao norte, pelo Mar Pequeno (SUGUIO; TATUMI; KOWATA, 1999). Martin e
Suguio (1978) interpretaram-na como uma ilha-barreira relacionada a mudanças do nível do mar
no Quaternário, cujo início de formação se deu a cerca de 6.000 a 7.000 anos atrás. Portanto, é o
material de origem mais jovem dos solos aqui estudados.
A Ilha de Cananéia é também predominantemente composta de sedimentos arenosos
Quaternários, exceto pelo denominado Morro de São João, formado por rochas alcalinas, e um
pequeno afloramento pré-cambriano de granitóides próximo a uma ponte na localidade
denominada de Aroeira. O Mar de Cubatão separa a Ilha de Cananéia do continente (SUGUIO;
TATUMI; KOWATA, 1999). De acordo com geólogos, essa ilha e as porções continentais
circundantes são constituídas de areias finas e muito finas cimentadas com mus resultante da
decomposição da matéria orgânica. Sua origem se acredita estar relacionada ao período
interglacial denominado Sangamon nos Estados Unidos da América, com diferentes nomes em
outras regiões do mundo, ocorrido entre 80 a 130.000 anos atrás (WANATABLE et al., 1997).
23
A vegetação predominante nessas áreas é genericamente denominada vegetação de
restinga. A origem do termo restinga é polêmica (SUGUIO; TESSLER 1984). Uma das formas
de emprego é no sentido botânico, segundo o qual ele representa um conjunto de comunidades
vegetais fisionomicamente distingas, sob influência marinha e flúvio-marinha, ocorrendo sobre
os depósitos arenosos costeiros (ARAÚJO; HENRIQUES, 1984). Esta será a conotação ao termo
utilizada neste trabalho.
Os solos sob vegetação de restinga englobam aqueles genericamente classificados como
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Esses
últimos muitas vezes intermediários para Espodossolos (GOMES, 2005).
2.2.1.2 Trabalhos de Campo
Os trabalhos de campo consistiram em tradagens, observações de barrancos e mini-
trincheiras a fim de selecionar os locais de amostragem. Estes consistiram de 31 perfis de solos
representativos das paisagens locais: 27 são Espodossolos e 4 classificados como Neossolos
Quartzarênicos. No município de Bertioga, 13 perfis foram coletados em cronosseqüência (bacia
do rio Itapanhaú; perfis P1 a P13) e 3 distante dos anteriores (bacia do rio Itaguaré; perfis P14,
P15 e P16). Em Ilha Comprida (10 perfis; P17 a P26) e Cananéia (5 perfis; P27 a P31) os solos
foram descritos e amostrados longitudinalmente às ilhas, todos sob vegetação alta ou baixa de
restinga.
Os perfis foram descritos e amostrados conforme Santos et al. (2005) e os solos
classificados segundo Embrapa (2006). As coordenadas geográficas de cada perfil constam no
Apêndice deste trabalho.
2.2.1.3 Análises Laboratoriais
No laboratório as amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas com um martelo de
borracha, quando necessário, e passadas em peneira n.
o
10 (malha de 2mm), obtendo-se a fração
terra fina seca ao ar (TFSA), onde foram realizadas as análises químicas e granulométricas. Esta
última foi realizada pelo método do densímetro, utilizando hidróxido de sódio 0,1 mol L
-1
como
agente dispersante (EMBRAPA, 1997).
24
Foram as seguintes análises químicas e procedimentos analíticos utilizados (EMBRAPA,
1997): o pH foi determinado em água (potenciômetro) utilizando relação solo:solução 1:2,5 após
agitação e repouso de 1 hora. Os cátions Ca
2+
, Mg
2+
e Al
3+
foram extraídos com solução KCl 1
mol L
-1
. A extração do H + Al foi realizada com solução de acetato de cálcio 0,5 mol L
-1
a pH
7,0. Os elementos P, Na
+
e K
+
foram extraídos com solução de H
2
SO
4
0,0125 mol L
-1
+ HCl 0,05
mol L
-1
. Os teores de Ca
2+
e Mg
2+
foram determinados por espectroscopia de absorção atômica;
K
+
e Na
+
por fotometria de chama; Al
3+
e H
+
+ Al
3+
por titulometria.
Os elementos alumínio e ferro foram obtidos pelos seguintes procedimentos de extração
seletiva:
a) Extração com oxalato ácido de amônio de acordo com Buurman, Lagen e Velthorst
(1996): relação solo:solução de 1:50, agitando por 4 horas no escuro. A suspensão foi
centrifugada por 15 minutos a 2.500 rpm, com quatro gotas de “superfloc”. O sobrenadante foi
filtrado utilizando-se papel de filtro lavado em ácido (7 a 11 µm de tamanho de poro). Os
símbolos Al
o
e Fe
o
doravante
mencionados correspondem aos valores do alumínio (Al
o
) e Fe (Fe
o
)
extraídos por oxalato;
b) Extração com pirofosfato de sódio 0,1 M (pH 10): relação solo:solução 1:100, agitando
por 16 horas (BUURMAN; LAGEM; VELTHORST, 1996). Após adição de quatro gotas de
“superfloc” procedeu-se a centrifugação e filtragem conforme os procedimentos descritos acima.
Os símbolos Al
p
e Fe
p
utilizados nesse trabalho correspondem aos valores de alumínio (Al
p
) e
ferro (Fe
p
) extraídos com o pirofosfato de sódio;
c) Extração do ferro com ditionito-citrato de sódio (DC): relação solo:solução 1:125,
agitando por 16 horas, segundo metodologia proposta por Holmgren (1967). Os procedimentos
seguintes foram semelhantes aos acima relatados. O símbolo Fe
d
aqui utilizado se refere ao
conteúdo de ferro obtido por ditionito-citrato.
Alumínio e ferro nos extratos foram determinados por espectroscopia de absorção
atômica. Os resultados apresentados para esse elemento representam a média das análises
realizadas em duplicata que diferiram entre si em menos que 10%.
25
2.2.1.4 Datações
Luminescência: foram realizadas no Laboratório de Vidros e Datação (LVD) da Faculdade de
Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP), cujos procedimentos estão descritos em Sallun et al.
(2007) e Suguio, Tatumi e Kowata (1999). A forma de coleta e acondicionamento das amostras
em tudos de PVC negros de comprimento médio de 30 cm e inseridos horizontalmente nas
trincheiras, foi realizada seguindo as recomendações de Sallun et al. (2007).
Radiocarbônica: fragmentos de restos vegetais (tronco) soterrados a 120 cm de profundidade
(perfil P7), bem como a fração TFSA de três horizontes cimentados de diferentes perfis (perfis
P3, P10 e P30, Tabela 2.2), foram utilizados para datação. As amostras foram conduzidas ao
Laboratório de Isótopos Estáveis do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP) em
Piracicaba (SP), o qual utiliza os métodos de síntese de benzeno e espectrometria de cintilação
líquida descritos por Pessenda e Camargo (1991) para determinar a atividade do
14
C. Os
resultados estão corrigidos para o fracionamento isotópico natural (-25) e apresentados em
idade convencional não calibrada em anos antes do presente (A.P.). A idade média ou o tempo de
residência médio (TRM) foi computado com um período de
14
C de 5.570 anos e desvio padrão de
1 (PESSENDA; CAMARGO, 1991).
2.2.2 Resultados e Discussão
2.2.2.1 Aspectos da Paisagem
A seqüência de solos do município de Bertioga (perfis P1 a P14), a qual pode ser
considerada uma cronosseqüência juntamente com a de Ilha Comprida (Figuras 2.2ab; Tabela
2.1), é a mais extensa de todas analisadas (aproximadamente 2,8 km) e com a maior variabilidade
de classes de solos, de seus atributos e vegetação. Seu material de origem, sedimentos arenosos
marinhos quartzosos, é de idade pleistocênica (Perfis P1 a P6) até atual (Perfil P13),
predominando sedimentos pleistocênicos da Formação Cananéia, embora algumas e possíveis
inconsistências cronológicas podem ser observadas entre as idades aqui obtidas e aquelas
utilizadas para definir os eventos Transgressivos-Regressivos do litoral paulista (SUGUIO;
MARTIN, 1978a), o que será discutido posteriormente.
26
O substrato geológico e a geomorfologia diferem daqueles genericamente apresentados
por Souza et al. (1997) para o litoral paulista e Suguio e Martin (1978b) para o município de
Bertioga, seja pela predominância ou maior ocorrência de depósitos pleistocênicos, seja pela
completa ausência de cordões e entre-cordões litorâneos que se sucedem próximos à praia. Estes
últimos, no entanto, podem ter sido naturalmente retrabalhados nessa porção da paisagem e/ou
obliterados pela ação antrópica, que é uma região de intensa especulação imobiliária atual e
com expressivas atividades agrícolas no passado, sobretudo a cana-de-açúcar e a bananicultura
(MOREIRA, 2007).
Tabela 2.1 – Dados de Termoluminescência (TL
)
e de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) de 14 amostras
dos perfis e seqüências estudadas
Município Coordenada
(km)
Perfil Prof.
1
(m)
Dose ±anual
Gy/ano)
Dose
acumulada
LOE (Gy)
Idade LOE
(anos)
Idade TL
(anos)
Bertioga P1 0,80
932 ± 61
116,98 125.600
± 14.500
131.500
± 15.100
Bertioga
383.330 S
7.364.836 W
P1 1,85
1.338 ± 165
235,00 175.000
± 30.000
171.100
± 30.000
Bertioga P6 0,60
770 ± 64
25,29 33.600
± 4.500
32.800
± 4.400
Bertioga
384.524 S
7.364.581 W
P6 1,30
309 ± 13
52 168.000
± 15.000
150.000
± 13.500
Bertioga 384.919 S
7.364.284 W
P9 1,05
272 ± 9
11,6 42.700
± 3.500
41.200
± 3.400
Bertioga 387.643 S
7.365.241 W
P11 1,10
677 ± 107
3,5 5.100
± 1.000
4.800
± 1.000
Bertioga 400.571 S
7.369.473 W
P14 1,10
255 ± 8
1,7 6.600
± 500
7.800
± 600
Ilha Comprida P17 0,83
1.533 ± 105
10,76 7.000
± 800
10.400
± 1.200
Ilha Comprida
211.136 S
7.236.517 W
P17 4,50
710 ± 68
9,38 13.200
± 1.900
22.800
± 3.300
Ilha Comprida P21 0,50
603 ± 103
2,77 4.600
± 1.100
4.800
± 1.100
Ilha Comprida
212.077 S
7.235.756 W
P21 1,55
931 ± 196
3,02 3.200
± 900
...
Ilha Comprida 212.849 S
7.234.721 W
P26 1,75
1.683 ± 99
0,75 500
± 50
3.000
± 300
Cananéia P31 0,40
794 ± 210
222,38 280.300
± 88.200
271.000
± 85.300
Cananéia
206.083 S
7.236.264 W
P31 2,80
1.280 ± 193
400,91 313.100
± 62.900
272.300
± 54.700
Nota – Sinais convencionais utilizados
... Dano numérico não disponível
1
Prof. = Profundidade
27
As idades geológicas das seqüências de Cananéia e Ilha Comprida (Tabela 2.1) também se
aproximam dos trabalhos desenvolvidos localmente: sedimentos pleistocênicos em Cananéia
(SUGUIO; PETRI, 1973; SUGUIO; MARTIN, 1978b) ao longo da seqüência estudada (Figura
2.2c), enquanto que, em Ilha Comprida (Figura 2.2b), uma estreita faixa da Formação Cananéia
antecede cronológica (Tabela 2.1) e fisiograficamente (Figura 2.2b) os sedimentos holocênicos da
Formação Ilha Comprida no sentido Mar de Cananéia - Oceano Atlântico (MARTIN; SUGUIO,
1978; SUGUIO; MARTIN, 1978b; SUGUIO; TATUMI, KOWATA, 1999).
Apesar dos inúmeros problemas e considerações sobre a avaliação da idade
radiocarbônica em Espodossolos, bem documentadas nos trabalhos de Matthews (1980) e
Schwartz (1988), algumas interpretações e especulações parecem relevantes ao presente trabalho,
além de fornecerem subsídios aos estudos estratigráficos, evolutivos e paleoclimáticos do litoral
paulista; estes últimos ainda virtualmente indisponíveis, tal como afirmam Suguio, Tatumi e
Kowata (1999).
As idades radiocarbônicas ou o tempo de residência médio (TRM) da matéria orgânica
dos horizontes ortstein dos perfis 1, 8 e 30, respectivamente 4.800, 2.130 e 9.250 anos A.P. (antes
do presente; Tabela 2.2), evidenciam numa primeira análise que: (a) o perfil mais velho é o de
Cananéia, o qual coincide com o sedimento mais antigo (Tabela 2.1); (b) as idades dos perfis de
Bertioga variam em conformidade àquelas obtidas dos sedimentos (Tabela 2.1; Figura 2.2a), ou
seja, sedimentos mais antigos deram idades aos radiocarbono mais elevadas.
Tabela 2.2 – Idade ao radiocarbono da matéria orgânica de horizontes cimentados (ortstein) e de um tronco de árvore
(horizonte Cg) de perfis selecionados
Perfil Horizonte Profundidade
(cm)
Município Idade
(anos A.P.)
1
P3 Bhm2 120-142 Bertioga
4.800 ± 80
P10 Bhm 117-150 Bertioga
2.130 ± 70
P30 Bhm 58-105 Cananéia
9.250 ± 90
P7 Cg 120 Bertioga
3.700 ± 70
1
A.P. = antes do presente
28
Figura 2.2 Desenho esquemático mostrando a distribuição dos perfis (P) analisados, as fisionomias da vegetação, o substrato geológico e a geomorfologia para
as seqüências de solos estudadas nos municípios de (a) Bertioga, (b) Ilha Comprida, e (c) Cananéia. As idades TL em anos A.P. (e a cota altimétria;
apenas para Bertioga) de perfis selecionados estão mostradas acima da indicação dos respectivos perfis. Adaptado de Souza et al. (1997) Continua
(a)
28
29
Figura 2.2 Desenho esquemático mostrando a distribuição dos perfis (P) analisados, as fisionomias da vegetação, o substrato geológico e a geomorfologia para
as seqüências de solos estudadas nos municípios de (a) Bertioga, (b) Ilha Comprida, e (c) Cananéia. As idades TL em anos A.P. (e a cota altimétria;
apenas para Bertioga) de perfis selecionados estão mostradas acima da indicação dos respectivos perfis. Adaptado de Souza et al. (1997)Continuação
(b)
29
30
Figura 2.2 Desenho esquemático mostrando a distribuição dos perfis analisados (P), as fisionomias da vegetação, o substrato geológico e a geomorfologia para
as seqüências de solos estudadas nos municípios de (a) Bertioga, (b) Ilha Comprida, e (c) Cananéia. As idades TL em anos A.P. (e a cota altimétria;
apenas para Bertioga) de perfis selecionados estão mostradas acima da indicação dos respectivos perfis. Adaptado de Souza et al. (1997) Conclusão
(c)
30
31
Considerando-se que o tempo de residência médio da matéria orgânica corresponde
aproximadamente à metade do intervalo desde que sua acumulação iniciou (DE CONINCK,
1980; SCHWARTZ, 1988), pode-se sugerir que as acumulações de material ornico nos
horizontes ortstein analisados se iniciaram cerca de 9.600, 4.260 e 18.500 anos atrás,
respectivamente para os perfis P3, P10 e P30. Essas idades aproximadamente coincidem com as
bem documentadas variações do nível do mar no litoral paulista (SUGUIO; MARTIN, 1976;
1978a): próximo ao final do Pleistoceno, durante o último glacial ocorrido a aproximadamente
17.000-18.000 A.P., houve um ximo regressivo no litoral paulista em que o vel do mar se
deslocou até as profundidades próximas as atuais batimétricas de -110m a -130m (SUGUIO;
MARTIN, 1978a). Possivelmente, os Espodossolos de Cananéia tiveram seu início de formação
juntamente com os primórdios do estádio interglacial subseqüente, período consideravelmente
mais úmido que o antecedeu (SUGUIO; MARTIN, 1978a; BEHLING; BAUERMANN; NEVES,
2001), favorável ao desenvolvimento de condições propícias a podzolização: temperaturas mais
amenas que as atuais e elevada precipitação pluviométrica, drenagem impedida e baixa atividade
biológica (van BREEMEN; BUURMAN, 2002), além do material de origem pobre em nutrientes,
característico dessas áreas, o qual exerce papel fundamental na gênese dos Espodossolos,
induzindo ao crescimento de espécies vegetais que produzem uma liteira impalatável, também
pobre em bases (ANDRIESSE, 1968/1969; van BREEMEN; BUURMAN, 2002; SAUER et al.,
2007).
A proximidade dos períodos supracitados, tanto para a datação ao radiocarbono (18.500
anos A.P.) como para transição climática no final do Pleistoceno (17.000 – 18.000 anos) pode ser
função de alguns fatores, como a imprecisão analítica nas suas obtenções, variações locais e a
paulatina evolução e transição climáticas ao longo do tempo, mas evidenciam que os
Espodossolos não são atuais e indicam uma relativa contemporaneidade dos eventos
edafoclimáticos. Os problemas relativos às datações absolutas por luminescência dos depósitos
quaternários foram recentemente revisados e resumidos por Sallun et al. (2007).
O início do período de acumulação orgânica ou formação dos Espodossolos da
cronosseqüência de Bertioga também é condizente com os eventos transgressivos-regressivos
marinhos ao longo do Quaternário no Estado de São Paulo. Suguio e Martin (1978b) mapearam
os sedimentos onde se localiza o perfil P3 como pleistocênicos da Formação Cananéia, cujo pico
de oscilação positiva máxima ocorreu à aproximadamente 120.000 anos A.P. (evento
32
Transgressivo-Regressivo Cananéia), com o mar deslocando-se até o sopé da Serra do Mar
(SUGUIO; MARTIN, 1976; 1978a). De fato, a suposta idade do início de formação do horizonte
Bhm2 do Perfil P3, de maior cota altimétrica (9,98 m), é de 9.600 anos A.P., idade essa
consideravelmente inferior ao primeiro máximo transgressivo (Formação Cananéia) e superior ao
segundo máximo transgressivo marinho que ocorreu cerca de 5.100 anos atrás (evento
Transgressivo-Regressivo Santos) onde o nível do mar se elevou 4
±
0,5 m (SUGUIO;
MARTIN, 1976; 1978a), não atingindo tal perfil, bem como os perfis P9 (cota altimétrica de 5,35
m) e P10 (cota altimétrica de 4,90 m). Este último de menor idade ao radiocarbono dentre os
demais analisados e com provável início do processo de formação ocorrendo
aproximadamente 4.200 anos atrás. Portanto, mais jovem e relativamente contemporâneo ao
máximo do evento Transgressivo-Regressivo Santos.
Como argumentado anteriormente, algumas inconsistências podem ser observadas entre
as idades TL e LOE aqui obtidas e aquelas utilizadas para reconstruir as antigas posições do nível
relativo do mar no tempo e espaço para o litoral paulista: a idade dos sedimentos relacionados aos
perfis P1 (171.100
±
30.000anos, cota altimétrica de 9,98 m) e P6 (150.000
±
13.500 anos; cota
altimétrica de 8,09 m) ultrapassaram 120.000 anos (Tabela 2.1). Apesar dessas inconsistências,
algumas especulações e constatações podem ser auferidas desses resultados:
(a)
o cordão
litorâneo onde se situa o perfil P6 é relativamente contemporâneo ao perfil P1 e possivelmente de
mesma origem. Ambos provavelmente representavam uma mistura de depósitos marinhos
parcialmente retrabalhados pelo vento (Figura 2.2a; SUGUIO; MARTIN, 1978b);
(b)
tal cordão é
um remanescente da Formação Cananéia, como possivelmente alguns outros observados por ao
longo da planície costeira de Bertioga. Encontra-se isolado na paisagem e foi o único observado
nas proximidades da cronosseqüência estudada, com dimensões ao redor de 150x25x5 m e
subparalelo a atual linha de costa. É provável que a presença de Espodossolos e, sobretudo, de
horizontes cimentados, condicionaram sua resistência aos processos erosivos, remanescendo na
paisagem atual;
(c)
a grande diferença das idades dos sedimentos mais superficiais em relação
aos mais profundos nesse cordão (Tabela 2.1) sugere que o mesmo avançou e remanesceu na
paisagem num extenso período de tempo, possivelmente alternando períodos de atividade e
inatividade, este último associado à estabilização pela vegetação;
(d)
as inconsistências referentes
as idades superiores a 120.000 anos A.P. dos sedimentos onde se localizam os perfis P3 e P6
podem estar relacionadas aos problemas potenciais inerente às técnicas (SALLUN et al., 2007),
33
bem como às condições de sedimentação, tal como argumentado por Nott et al. (1994) para
Espodossolos em ambientes de dunas da costa australiana e Sallun et al. (2007) para depósitos
quaternários brasileiros: por algum motivo, a idade residual (TL e LOE) de parte dos sedimentos
aqui considerados, de significativa diferença entre as idades avaliadas verticalmente nos perfis,
não foi completamente zerada. É possível que a rápida deposição associada ao longo período de
tempo de submersão a que ficaram submetidos os grãos de quartzo, anterior ou concomitante ao
seu transporte, não propiciaram suficiente exposição à radiação solar ultravioleta (WINTLE;
HUNTLEY, 1980) a fim realocar a carga adquirida e acumulada na estrutura cristalina dos grãos
de quartzo durante seu transporte para os sítios de déficit de cargas, de mais baixa energia (NOTT
et al., 1994), não zerando assim sua idade. Como esses sedimentos são possivelmente mistos e
heterogêneos, tal como argumentado por Suguio, Tatumi e Kowata (1999) para dunas de Ilha
Comprida, naturalmente de diferentes idades e formados num longo período de tempo, o que,
associado às condições diferenciadas de transporte, condicionaram valores de intensidade
luminescente residual muito heterogêneos. Com isso, é de se esperar diferentes idades, seja entre
dunas numa planície de cordões litorâneos, seja na mesma duna quando estudamos sua acreção
vertical, além de idades superiores ao esperado, como encontramos aqui. Em vista do exposto, a
idade TL de 32.800
±
4.400 anos A.P. (perfil P6) avaliada a 0,60 m de profundidade
aparentemente é a mais coerente dentre as demais analisadas para os perfis P1 e P6, mas não se
descarta os possíveis enganos cronológicos advindos da técnica e ambiente de sedimentação
acima relatados.
Apesar dessas inconsistências quanto às idades TL e LOE, uma redução das mesmas à
medida que se aproxima da praia e da superfície dos perfis analisados, concorrendo para se
considerar os resultados satisfazíveis, os quais, associados às datações radiocarbônicas e aos
aspectos edáficos, possibilitam as seguintes interpretações e discussões, tal como apresentadas a
seguir.
Na cronosseqüência de Bertioga, os Espodossolos, holocênicos, formaram-se
predominantemente em sedimentos pleistocênicos da Formação Cananéia. Embora os sedimentos
do perfil P11 (Espodossolo; Tabela 2.2) se apresentem com idade holocênica (4.800
±
1.000), esta
foi avaliada a 1,10 m de profundidade e no horizonte E3 (Tabela 2.2). Para este perfil, o horizonte
espódico se inicia a 1,22 m de profundidade. Nott et al. (1994), avaliando os problemas relativos
à estratigrafia e pedogênese em seqüências sedimentares costeiras da Austrália, encontraram que
34
um perfil de solo o corresponde a uma unidade sedimentar. Segundo os autores, as grandes
diferenças de idades TL encontradas entre os horizontes superficiais e subsuperficiais dos
Espodossolos por eles estudados evidenciaram a poligenia na formação de tais solos,
argumentando que isso provavelmente é um fato comum nas planícies costeiras tropicais,
também constatado por Schwartz (1988) para Espodossolos tropicais de ambientes continentais.
Nott et al. (1994) complementam que, apesar da poligenia, não evidências morfológicas ou de
campo que corroborem as descontinuidades litológicas nos perfis. Assim, é possível que os
horizontes espódicos do perfil P11, todos situados abaixo da profundidade utilizada para datação
por TL, foram também formados nos sedimentos da Formação Cananéia, sendo os horizontes
superficiais A + E mais recentes. Isso também pode ter ocorrido com o sedimento onde se
localiza o perfil P9, avaliada a 1,05 m de profundidade, abaixo do horizonte ortstein (Tabela 2.2).
Nott et al. (1994) argumentam que devido à enorme diferença de resistência mecânica entre os
horizontes superficiais, soltos, e aqueles duros a extremamente duros relativos aos ortstein em
profundidade, um favorecimento da remoção dos primeiros, com posterior deposição de areia
num outro evento sedimentar, fazendo, assim, as vezes de horizontes E. Com o tempo, o
crescimento da vegetação, promovendo a reciclagem de material vegetal e desenvolvimento de
uma atividade biológica, levaria a formação de horizonte A e mesmo de sub-horizontes E,
semelhante a um perfil desenvolvido
in situ
. Como a origem e os processos envolvidos no
transporte e deposição dos sedimentos são semelhantes nas diferentes fases, não é de se esperar
variações significativas na morfologia, morfoscopia e granulometria dos grãos de quartzo entre os
horizontes espódicos e os horizontes A+E superficiais;
A transição do perfil P11 para o P12 se dá por uma rampa que se pende em direção ao
mar, sucedida por uma área deprimida, encharcada, com 40 m de extensão e ocorrência de
Organossolos. O perfil P11, um Espodossolo bem desenvolvido (Apêndice), localiza-se no início
dessa rampa, de inclinação próxima a 8% e desnível de aproximadamente 0,60 m. Após a área
deprimida, abriu-se o perfil P12, um Neossolo Quartzarênico Hidromórfico distante cerca de 70
m do P11 (Figura 2.2a). Essas contrastantes variações de solo e de relevo nessa porção da
paisagem, juntamente com a idade aproximada a 5.100 anos do sedimento nesse perfil (Tabela
2.1), de cota altimétrica de 3,30 m (Figura 2.2a), convergem para suposição de que o máximo
transgressivo da Formação Santos se deu nessa porção da paisagem. Portanto, é nas proximidades
35
do perfil P11 que se tem a transição entre os eventos Transgressivos-Regressivos Santos e
Cananéia;
A presença de ortstein é empiricamente utilizada por alguns geólogos quaternaristas
brasileiros como indicativo de sedimentos pleistocênicos da Formação Cananéia. Com os dados
aqui obtidos e as inúmeras observações de campo, existem algumas evidências e indagações
sobre a veracidade de tal assertiva. De fato, como se pode observar na Tabela 3.3, os horizontes
ortstein estão completamente ausentes na seqüência de Ilha Comprida, a mais jovem aqui
estudada, mesmo nos seus sedimentos mais antigos, e, com exceção do perfil P28 (Apêndice),
todos os demais descritos e amostrados na seqüência de Cananéia, a mais antiga, manifestaram
sua presença dentro de 2,0 m de profundidade. Em Bertioga, estão presentes apenas nos perfis
mais antigos, formados em sedimentos da Formação Cananéia (P3, P4 e P6, P9 e P10), mas
ausente tanto no perfil P11, este possivelmente situado numa faixa transicional entre os
sedimentos oriundos dos eventos transgressivos-regressivos holocênicos e pleistocênicos, como
nos perfis P14 (7.800
±
600 anos A.P. Bacia do rio Itaguaré), P7 (3.700
±
70) e P8. Tais
informações, associadas às observações das paisagens locais estudadas, sugerem que os
horizontes ortstein dos Espodossolos podem ser considerados e utilizados como indicadores
litoestratigráficos edáficos das planícies costeiras sedimentares do Quaternário. No entanto, como
afirmam Nott et al. (1994) e argumentado anteriormente, tal informação deve ser utilizada com
cautela. Segundo os autores, não se pode assumir que todos os Espodossolos associados às
seqüências sedimentares costeiras sejam compostos de uma série de horizontes geneticamente
relacionados, embora manifestem aparência intacta, com horizontes A, E e B espódicos típicos de
Espodossolos formados por processos de mobilização e migração de matéria orgânica dos
horizontes eluviais E e sua acumulação nos horizontes iluviais sotopostos B (DE CONINCK,
1980).
A significativa diferença de idades TL (aproximadamente 120.000 anos) observada entre
as amostras coletadas a diferentes (mas próximas) profundidades (0,60 e 1,30 m) nos horizontes
E do perfil P6 (Tabela 2.1) sugere mecanismos de retrabalhamento, possivelmente eólico, desses
horizontes soltos e sobrepostos aos horizontes espódicos. Se estes últimos são consolidados
(ortstein), fato comum nos Espodossolos costeiros, a grande variação de consistência entre tais
horizontes e os sotopostos (A + E), pode resultar na preservação do B consolidado e remoção
parcial ou total daqueles horizontes soltos e sotopostos, com posterior retrabalhamento. Como
36
argumentado anteriormente, isso é passível de ocorrência nos perfis P9, P10 e P11 da
cronosseqüência de Bertioga, embora a disponibilidade dos dados atuais não permitam tal
interpretação. A amostra coletada e analisada do perfil P9, por exemplo, acusou idade
Pleistocênica (41.200
±
3.400 anos A.P.) a 1,05 m de profundidade, esta situada abaixo do
horizonte ortstein (Tabela 1.2).
Assim, como exaustivamente discutido anteriormente, não se pode precisar a idade dos
sedimentos acima de 1,05 m para este perfil e porção da paisagem, mesmo onde se desenvolveu o
próprio horizonte ortstein, embora haja indícios edafo-geomórficos da sua idade Pleistocênica
(perfil P11), o que, de certa forma, contrapõe-se à datação pelo radiocarbono obtida no perfil P10.
Este, distante aproximadamente 200 m do P9 e na mesma superfície geomórfica (Figura 2.2a),
mostrou idade pelo radiocarbono de 2.130 anos A.P. do horizonte ortstein. Considerando-se o
dobro dessa idade (4.260 anos A.P.) como o início de deposição da matéria orgânica e formação
deste horizonte e solo (SCHWARTZ, 1988), pode-se afirmar que tal perfil se formou após o
primeiro máximo transgressivo holocênico (5.100 anos A.P.). Portanto, se o em sedimentos
holocênicos, teve sua formação fortemente influenciada pelas condições edafoclimáticas locais e
pretéritas, remontadas ao período do máximo transgressivo da Formação Ilha Comprida, o que é
passível de se ocorrer devido à proximidade física.
Em vista do exposto, o reconhecimento da poligenia dos Espodossolos tem decisiva
implicação no protocolo de amostragem quando se pretende decifrar a cronoestratigrafia do
Quaternário e conseqüente reconstrução geológica e ambiental das seqüências sedimentares
costeiras. Assim, amostragens e datações por TL e LOE nos horizontes E e B espódicos, ou
abaixo deste, são recomendadas a correta interpretação litoestratigráfica dos sedimentos costeiros
estudados.
Apesar da virtual ausência de dados paleoclimáticos das áreas estudadas (SUGUIO;
TATUMI; KOWATA, 1999), pode-se tentativamente correlacioná-los àqueles obtidos no Estado
de São Paulo. Segundo Schell-Ybert et al. (2003), estudos paleoambientais no Brasil mostraram
que as condições climáticas similares ao presente apareceram entre 5.000 e 1.000 anos A.P.,
dependendo do local. Para o centro-sul do Estado de São Paulo (municípios de Botucatu,
Jaguariúna, Anhembi e Pirassununga) os autores definiram que esse período se deu entre 3.500 e
3.000 anos A.P. Devido à proximidade física, possivelmente variações climáticas semelhantes se
deram nos locais aqui estudados, sugerindo que a maioria dos Espodossolos das planícies
37
quaternárias marinhas continentais do Estado de São Paulo iniciou ou se formou completamente
em condições paleoclimáticas pretéritas, considerando-se as datações radiocarbônicas aqui
obtidas (Tabela 2.2) e partindo-se da premissa que o tempo de residência médio da matéria
orgânica corresponde aproximadamente à metade do intervalo desde que sua acumulação iniciou.
Esses eventos holocênicos são cronologicamente coincidentes a outros obtidos no litoral paulista,
no município de Ilha Comprida, relatados por Martin e Suguio (1978), Suguio e Barcelos (1978)
e Suguio, Tatumi e Kowata (1999). Segundo os autores, desde o início da formação da Ilha
Comprida, cerca de 6.000 a 7.000 anos A.P. até aproximadamente 3.200 anos (MARTIN;
SUGUIO, 1978; SUGUIO; BARCELOS, 1978) ou 3.500 anos A.P. (SUGUIO; TATUMI;
KOWATA, 1999), a ilha cresceu no sentido nordeste com uma taxa de 30 m/ano (MARTIN;
SUGUIO, 1978; SUGUIO; BARCELOS, 1978). Após o segundo transgressivo máximo
holocênico, em torno de 3.200 (MARTIN; SUGUIO, 1978; SUGUIO; BARCELOS, 1978) ou
3.500 anos atrás (SUGUIO; TATUMI; KOWATA, 1999) a ilha ficou sujeita ao alargamento,
acelerando sua formação devido à queda do nível do mar (MARTIN; SUGUIO, 1978; SUGUIO;
BARCELOS, 1978) e a flutuação paleoclimáticas ocorridas na área, responsáveis pelas mudanças
nas atividades do vento (SUGUIO; TATUMI; KOWATA, 1999).
As bem documentadas alterações paleoclimáticas para o Estado de São Paulo e os eventos
transgressivo-regressivos holocênicos acima relatados convergem para as suposições de que a
maioria dos Espodossolos das planícies costeiras arenosas paulistas são paleossolos, exceção feita
àqueles formados em Ilha Comprida, a maioria deles mais jovens, formados em sedimentos da
Formação de mesmo nome. Por isso são pouco desenvolvidos e atualmente se encontram em
estádio de desmantelamento, como veremos no item subseqüente.
2.2.2.2 Solos: Classes, Distribuição na Paisagem e Morfologia
A descrição morfológica e classificação dos solos se encontram no Apêndice. No
município de Bertioga foram descritos e amostrados Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos.
Os primeiros aparecem tanto na cronosseqüência de Bertioga como de Ilha Comprida. Em
Bertioga, no entanto, ocupam as maiores extensões comparativamente aqueles descritos e
amostrados nos sedimentos holocênicos da Formação Ilha Comprida, onde ocorrem apenas nas
dunas mais recentes, próximas à praia.
38
Na cronosseqüência de Bertioga, partindo-se dos solos e sedimentos mais jovens,
próximos à praia, observou-se Neossolos Quartzarênicos (perfil P13) sob a vegetação de escrube,
em cotas ligeiramente superiores aos solos que os sucedem devido à dinâmica deposicional e
erosiva marinha recente. Daí a ausência de características hidromórficas até cerca de 0,70 m de
profundidade e presença de lençol freático abaixo de 1,50 m durante a maior parte do ano. Sob
vegetação de escrube (Perfil P13) não evidência de incipiente podzolização e sim de
mobilização de Fe, o qual imprime a coloração amarela aos primeiros 0,70 m de profundidade.
Essas “areias amarelas pálidas”, descritas por Andriesse (1968/1969) para Espodossolos
tropicais do leste da Malásia e Queiroz Neto e Küpper (1965) para o litoral paulista, foram
consideradas no passado sinais de incipiente podzolização. Evidência disso é que alguns
pedólogos brasileiros as denominavam de “Parapodzol”, o que, a luz dos conhecimentos atuais,
está equivocada.
À medida que se distancia da praia a hidromorfia aumenta juntamente com o
aparecimento de mosqueados avermelhados de concentração de ferro, picas de feições
redoximórficas, as quais aumentam em quantidade e tamanho. O perfil P12 (Figuras 2.2a; 2.3d) é
um Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, com abundante segregação de ferro (Tabela
2.3) na forma de mosqueados. Como comentado anteriormente, a transição desses Neossolos para
os Espodossolos se por uma área deprimida, encharcada e com predominância de
Organossolos, após o que se inicia uma sutil rampa positiva com inclinação aproximada de 8%.
No início desta, abriu-se uma trincheira (perfil P11), cujo solo foi classificado como Espodossolo
Humilúvico Hidromórfico espessarênico, destituído de horizonte ortstein, mas bem desenvolvido
e com horizontes A + E de espessura superior a 1,0 m. Não foram observadas variações
morfológicas, físicas e químicas (Tabela 2.3) que evidenciassem uma possível origem
poligenética para este perfil.
A pendente que se iniciou próximo ao perfil P11 se torna mais sutil à medida que se
distancia da praia, sendo os solos exclusivamente da classe dos Espodossolos até o aparecimento
de áreas deprimidas e inundadas de mangue e daquelas também constantemente encharcadas nas
proximidades do cordão onde se localiza o perfil P6 (Figura 2.2a). Nessas áreas com lençol
aflorante a maior parte do ano, próximas ao mangue, predominam Neossolos Quartzarênicos
hidromórficos e, em menor proporção, Organossolos e Gleissolos. Dentre os Espodossolos, no
entanto, há variações morfológicas: predominam aqueles dotados de horizonte ortstein (Bhm) que
39
se manifesta a diferentes profundidades (de 0,40 a 1,40 m), bem como com diferentes espessuras
do horizonte E, a qual aumenta à medida que se caminha do perfil P7 em direção à praia (perfil
P11). Tal espessura tem sua máxima expressão no P6 na cronosseqüência de Bertioga, situado no
topo do cordão arenoso isolado na paisagem (Figura 2.2a), provavelmente de contribuição eólica
e oriundo de diferentes eventos deposicionais, tal como comentado anteriormente. Alinhado e
aproximadamente paralelo à atual linha de costa, com diferença de nível cerca de 5 m em relação
às áreas adjacentes, é o único cordão litorâneo remanescente nas proximidades da
cronosseqüência estudada. A transição deste para o restante da área se dá, de um lado, por um
pequeno córrego intermitente, com predominância de Organossolos e Gleissolos, de outro, por
Espodossolos bem drenados (Perfil P5). Na face mal drenada, os Organossolos e Gleissolos
ocupam aproximadamente 20 m de extensão, os quais são sucedidos, à medida que se caminha
para a praia, por Espodossolos Hidromórficos com exíguo horizonte E e ausência de horizonte
ortstein. Os limites entre horizontes são os mais difusos e os horizontes B os menos
desenvolvidos observados entre os Espodossolos na cronosseqüência de Bertioga.
Uma peculiaridade desses Espodossolos menos desenvolvidos (perfis P7 e P8) é a
presença de horizontes Cg (hidromórficos), sendo que no perfil P8 é de textura média (Tabela
2.3) e se inicia a aproximadamente 1,30 m de profundidade, acompanhados de abundantes restos
vegetais, predominantemente troncos de árvores. A datação ao radiocarbono de um fragmento de
tronco de árvore situado a 160 cm de profundidade neste perfil indicou idade holocênica (3.700
±
70; Tabela 2.2), o que associado à sua cota altimétrica (3,50 m), à presença de argila e de restos
vegetais, evidenciam ambientes deposicionais diferenciados nessa porção da paisagem,
possivelmente de origem lagunar ou fluvial, os quais foram soterrados pelos sedimentos
holocênicos da Formação Ilha Comprida, onde se formaram os Espodossolos dos perfis P7 e P8.
Daí a ausência de horizontes cimentados em tais perfis, conseqüência de sua maior jovialidade e
fraco desenvolvimento pedogenético em relação aos descritos e coletados mais próximos à Serra
do Mar (perfis P3; P5 e P6) ou mais distantes (perfis P9 e P10; Figura 2.2a).
Após interrupção da restinga por uma área de depósitos pelíticos (mangue; Figura 2.2a),
os Espodossolos aparecem juntamente com os sedimentos psamíticos pleistocênicos. Inicialmente
são hidromórficos e à medida que se distancia do manguezal se tornam melhor drenados e muito
heterogêneos, com uma grande variabilidade espacial, tanto horizontal como vertical. A descrição
morfológica do perfil P3 (Apêndice) evidencia essa variabilidade, a qual deve estar relacionada à
40
sua maior idade em relação aos demais Espodossolos mais próximos à praia, condicionando o
tempo necessário para que tanto os fluxos hídricos diferenciados como a ação da atividade
biológica (predominantemente raízes), favorecessem o desenvolvimento dos Espodossolos com
muitos e variados horizontes, alguns deles se iniciam e terminam em uma única face do perfil
(transição descontínua). Nitidamente se diferencia morfologicamente dos perfis mal drenados
quer pela variabilidade, quantidade e transição entre horizontes, quer pela presença de horizontes
Bs na base dos perfis, de tons amarronzados a amarelados, este intenso em alguns horizontes,
refletindo a presença e maior conteúdo de Fe (Tabela 2.3) e/ou a natureza diferenciada dos
constituintes orgânicos.
Os perfis P1 (Figura 2.3a) e P2 iniciam a cronosseqüência de Bertioga. Enquanto o
primeiro se distancia 8 m do P2, este se encontra a aproximadamente 15 m do P3, os quais,
juntamente com o perfil P4, localizam-se na mesma superfície geomórfica (Figura 2.2a). Esta de
superfície convexa e topo curto e com pendentes de maior declividade observadas na área (6%)
que se inclinam, de um lado, para o rio Itapanhaú, caudaloso e distante cerca de 60 m do perfil P1
em direção a Serra do Mar (Figura 2.2a), de outro para áreas cada vez mais inundadas, brejeiras,
inicialmente de vegetação herbácea e com solos de textura média, posteriormente para vegetação
arbustiva de mangue e textura indiscriminada dos solos. Desde o rio Itapanhaú até o perfil P4,
situado na transição para a área de brejo, tem-se aproximadamente 100 m de extensão. Os solos
desta superfície são predominantemente Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos. A transição
do primeiro para o segundo se à medida que se caminha em direção à Serra do Mar e ao rio
Itapanhaú (Figura 2.3a). Nesse sentido há o desaparecimento paulatino dos horizontes cimentados
e manifestação de horizontes mais homogêneos em profundidade, com transições inicialmente
descontínuas e onduladas (perfil P3), alterando-se para planas à medida que se aproxima do rio
(perfil P1), até o completo desaparecimento de horizontes B espódicos. No entanto,
remanescentes destes, sobretudo de ortstein, são visíveis na base dos perfis dos Neossolos
Quartzarênicos (perfil P1) e mesmos dos Espodossolos com dominância de horizontes friáveis
(perfil P2), aparecendo na profundidade média de 1,40 m a partir da superfície. Correspondem a
fragmentos de ortstein; blocos irregulares, arestados, de tamanhos centimétricos (30 cm) a
milimétricos (5 mm), de consistência mais branda em relação aqueles observados nos demais
perfis (firme quando úmida), que apesar de desconectados, aqueles de maior dimensão
nitidamente se mostram como parte de um horizonte contínuo no passado devido ao paralelismo,
41
continuidade lateral e, portanto, congruência entre suas faces. Nas bases dos perfis P1 (Figura
2.3a) e P2 também se observaram remanescentes de horizontes cimentados por ferro e matéria
orgânica, de coloração avermelhada a amarelada intensa, de espessura média de 3 cm e
aproximadamente paralelo à superfície do terreno. Tais remanescentes evidenciam que esses
solos foram, no passado, Espodossolos bem desenvolvidos e formados sob condições
hidromorfismo. A mudança do nível de base, das condições de relevo com conseqüente
alterações no fluxo hídrico local, sobretudo com a maior manifestação daqueles laterais,
condicionaram o desmantelamento dos Espodossolos e o desenvolvimento de areias de coloração
amarelada, configurando os Neossolos Quartzarênicos com remanescentes dos solos que os
antecederam.
Alterações morfológicas e mecanismos semelhantes foram descritos por Klinge (1965)
para Espodossolos da Amazônia. Segundo o autor, o desaparecimento dos horizontes iluviais foi
acentuado nos locais com forte movimento lateral da água, sendo que isso inicialmente se
manifesta pela presença de transição irregular (“tonguing”) entre os horizontes E e B devido à
dissolução do Bh, tal como observamos no perfil P2, até seu completo desaparecimento, restando
somente horizonte E. Este último, característico do Neossolo Quartzarênico do perfil P1 (Figura
2.3a), difere daqueles amazônicos descritos por Klinge (1965) pela coloração amarelada do
primeiro, sugerindo remobilização de ferro e tingimento” homogêneo do extinto horizonte E,
renomeado de horizonte C.
A cronosseqüência da Ilha Comprida, de aproximadamente 2.500 m de extensão, mostra
peculiaridades em relação àquela descrita em Bertioga. Dentre estas podemos destacar a completa
ausência de horizontes cimentados e presença de feições de cordões e entre-cordões litorâneos
(Figura 2.2b), com horizontes espódicos nitidamente em fase de desmantelamento, sobretudo no
cordão. De maneira geral, à medida que se aproxima da praia os horizontes espódicos se tornam
cada vez mais desmantelados, até o aparecimento de Neossolos Quartzarênicos Órticos
espódicos, com sinais incipientes de podzolização e presença constante de estratificação
(minerais pesados), inicialmente plano-paralela, mostrando-se cruzada no último perfil estudado
(Perfil P26), típica da dinâmica eólica costeira, o qual está situado no topo da mais potente duna
da seqüência.
O perfil 17, um Espodossolo, é o mais desenvolvido na seqüência de Ilha Comprida.
Descrito e amostrado na face exposta do barranco no contato com o Mar de Cananéia (Figura
42
2.2b), com idades que remontam aos sedimentos da Formação Cananéia (Tabela 2.1), este perfil
mostra-se bem desenvolvido, com transições planas e abruptas entre horizontes, bem
contrastantes entre si, moderadamente drenado e com estratificação plano-paralela de minerais
pesados nos horizontes mais profundos, diferindo completamente dos demais aqui descritos. A
aproximadamente 250 m do anterior está o perfil P18 (Figura 2.3e), um Espodossolo em
incipiente estádio de desenvolvimento. A 340 m do anterior, o perfil P19, caracteriza-se pelos
baixos cromas dos horizontes espódicos, bem desenvolvidos e formados por lamelas negras e
amarronzadas que se intercalam. Do perfil P18 ao P20 a altura do lençol freático se eleva até se
manifestar a 0,40 m de profundidade neste último. Uma extensa área úmida de cerca de 800 m,
com lençol à superfície durante todo o ano, sucede o perfil P20 até alcançar superfícies mais
elevadas, com feições de cordões (largura média de 6 m e altura de 1 m) e entre-cordões que se
alternam por cerca de 300 m. Nestes cordões litorâneos, os Espodossolos se caracterizam pelo
crescente desmantelamento do B espódico à medida que se aproxima da praia, até alcançar uma
estreita faixa relativamente plana de aproximadamente 70 m dominada por Espodossolos com
máximo grau de desmantelamento (perfil P24 e P25), os quais evoluem para Neossolos
Quartzarênicos Órticos espódicos juntamente com uma sutil e suave elevação da paisagem (0,40
m) e expressiva manifestação de estratificações plano-paralelas de minerais pesados na base do
perfil.
A evolução do desmantelamento dos Espodossolos nos cordões, entre-cordões e
superfícies relacionadas se dá, inicialmente, pela transição irregular entre os horizontes E e Bh
(Perfil P21; Figura 2.3f) manifesta pela presença de interpenetrações do primeiro no B espódico
(“tonguing”); este inicialmente contínuo, transicionando para àqueles descontínuos, cada vez
menos espessos e com menores conteúdos de carbono orgânico (perfis P23 e P24; Figura 2.3h).
No entanto, os Espodossolos são mais preservados nas situações de entre-cordões (Perfil P22;
Figura 2.3g), fato também constatado por Gomes et al. (1998) para ambientes de restinga do
Estado do Rio de Janeiro, devido à maior umidade condicionada pelo lençol freático mais
próximo à superfície em relação àqueles situados nos cordões, o que sugere que o atual estádio de
desmantelamento foi motivado ou acelerado, além de outros fatores, pelo abaixamento definitivo
do nível de base local. Em contraposição, pode-se argumentar que a mais forte expressão
morfológica do Espodossolo referente ao perfil P17, formado em sedimentos pleistocênicos da
Formação Cananéia, sem sinais de desmantelamento mesmo de drenagem livre, é decorrente do
43
maior tempo de formação a que foram submetidos e/ou das condições climáticas pretéritas mais
adequadas que as atuais, favorecendo seu maior desenvolvimento em relação aos solos mais
recentes, oriundos de sedimentos holocênicos e, conseqüentemente, sua melhor preservação nas
paisagens atuais.
A aproximadamente 10 m da área onde se situa o perfil P25 emerge abruptamente uma
duna, estabilizada pela vegetação de escrube, de inclinação superior a 45 % na sua face voltada a
este perfil e cerca de 8 m acima do mesmo (Figura 2.2b). O perfil P26 (Apêndice), descrito e
amostrado no seu topo, caracteriza-se pela ausência completa de podzolização, mesmo que
incipiente, intensa estratificação cruzada de minerais pesados a partir de 0,60 m da superfície e
coloração amarelada por todo o perfil, tornando-se mais pálida com a profundidade.
44
Figura 2.3 Fotos de perfis selecionados: (a) Perfil P1 (Neossolo Quartzarênico - Bertioga). Notar Bhm
remanescente na sua base; (b) Perfil P3, Bertioga. Espodossolo Ferrihumilúvico bem drenado com
grande diversidade e variabilidade espacial de seus horizontes; (c) Perfil P10, Bertioga. Espodossolo
Humilúvico mal drenado. Notar água na base da trincheira, transições pararelas entre horizontes e
relativa homogeneidade dos horizontes espódicos. (d) Perfil P12, Bertioga. Neossolo Quartzarênico
Hidromórfico com segregações de ferro; (e) Perfil P18, Ilha Comprida. Espodossolo Humilúvico em
incipiente estádio de formação. Notar estratificações de minerais pesados; (f) Perfil 21, Ilha
Comprida. Espodossolo Ferrihumilúvico situado no topo do cordão, com transição E-Bh irregular e
horizontes espódicos em desmantelamento; (g) Perfil P22, Ilha Comprida. Espodossolo Humilúvico
situado no entre-cordão. Notar maior preservação do B espódico em relação ao anterior e água na
base da trincheira; (h) Perfil P24, Ilha Comprida. Espodossolo Ferrilúvico em avançado estádio de
desmantelamento
a
b
c
d
e
f
g
h
45
A seqüência de Cananéia, com dimensão aproximada de 1.000 m, caracteriza-se pela
presença comum de horizontes ortstein; estes ocorrendo a profundidades que variam entre 0,50 e
1,0 m a partir da superfície, exceção feita ao perfil P28, de maior diversidade e variabilidade
entre seus horizontes espódicos nesta seqüência, de consistência firme naqueles mais próximos à
superfície, tornando-se muito friável em profundidade (Apêndice). Os horizontes ortstein aqui
descritos são os de maior consistência de todos os solos estudados: extremamente duros quando
secos e extremamente firmes quando úmidos.
As observações de campo evidenciaram que os solos estudados, sobretudo os
Espodossolos, são morfologicamente muito variados. De um modo geral, pode-se afirmar que
essa variabilidade está predominantemente relacionada aos fatores tempo e relevo na sua
formação. O primeiro condiciona o intervalo necessário para que os processos atuem na formação
dos Espodossolos e evolução das paisagens locais, de tal forma que, os mais antigos e bem
drenados, situados nas cotas mais elevadas das paisagens e originados em sedimentos
pleistocênicos, mostram-se com acentuada variabilidade espacial, tanto lateral como vertical.
Aqueles mais recentes, em geral sujeitos a um hidromorfismo temporário ou permanente, são
mais homogêneos, com horizontes contínuos e paralelos à superfície do terreno. Eventuais
alterações do nível de base local e/ou de direção dos fluxos hídricos promovem o completo
desmantelamento dos horizontes espódicos, mesmo daqueles cimentados, restando Neossolos
Quartzarênicos intermediários para Espodossolos que evoluem para o típico da classe,
predominantemente de coloração amarelada, evidência da mobilização e distribuição homogênea
de ferro nos solos e sedimentos. Essas areias amarelas também foram descritas nas porções mais
jovens da paisagem atual, próximo às praias e sob vegetação de escrube, sugerindo que, tanto o
elemento está presente nos estádios finais e iniciais do processo de podzolização, como a
evolução dos solos nas restingas arenosas quaternárias se dá de maneira cíclica, convergindo para
solos semelhantes nas situações extremas de evolução da paisagem e desenvolvimento dos solos.
Esse ciclo, no entanto, parece mais curto nas Espodossolos mais jovens, como pode ser
observado naqueles descritos e amostrados em Ilha Comprida, os mais jovens aqui estudados,
muitos deles em avançado estádio de desmantelamento. Esse fato associado às datações ao
radiocarbono aqui realizadas e apoiado pelos estudos paleoclimáticos no Estado de São Paulo,
sugerem que as condições edafoclimáticas pretéritas, diferente das atuais, foram mais pujantes ao
processo de podzolização, as quais condicionaram o início ou a completa formação dos
46
Espodossolos mais evoluídos que ainda permanecem nas restingas arenosas quaternária paulistas,
como aqueles dotados de horizontes ortstein. O rebaixamento definitivo do nível de base local,
seja por processos naturais ou antrópicos, comum nessas áreas de intensa especulação
imobiliária, parece favorecer a grande diversidade e variabilidade espacial dos horizontes
espódicos nos perfis mais antigos (perfil P3) e o desmantelamento daqueles mais recentes (perfis
P23, P24 e P25).
No campo, um perfil em estádio incipiente de formação dos horizontes B espódicos (P13
e P18) é facilmente distinguido daqueles em estádio oposto de evolução: enquanto os primeiros
apresentam horizontes contínuos, geralmente com transições onduladas e claras entre os
horizontes E e aqueles sotopostos, com início de acumulação de material organo-sesquioxídico,
de colorações brunadas e presença de estratificação de minerais pesados se originalmente
existente no sedimento de partida, os horizontes espódicos nos Espodossolos que se encontram
nos estádios finais de desmantelamento são, em geral, descontínuos lateralmente, ou se mostram
continuidade, isso ocorre apenas nos mais superficiais. Estes apresentam forte interpenetração do
horizonte E no espódico sotoposto, configurando uma típica transição irregular entre esses
horizontes. Os tons amarelados e as transições abruptas predominam nos horizontes espódicos
desmantelados, os quais são destituídos de estratificações de minerais pesados, possivelmente
obliteradas pela pedogênese.
As observações de campo, as datações radiocarbônicas e as realizadas por luminescência
permitiram genericamente inferir que a presença e o tipo de ortstein (Bhm e Bsm) estão
relacionados tanto a idade quanto às condições de drenagem. Assim, apenas os Espodossolos
mais antigos apresentam ortstein desde que as condições de drenagem atual favoreçam sua
permanência: se mal drenados permanecem nas paisagens atuais e se mostram de colorações
marrom escuro ou negro, de baixo croma (Bhm); se bem drenados manifestam horizontes ortstein
mais claros, sobretudo em profundidade, com algum conteúdo de ferro (Bsm), o que lhes
imprime tons amarelados na base do perfil. Nessas condições, horizontes plácicos também
ocorrem e, em geral, são negros, manifestando os maiores conteúdos de carbono e alumínio do
perfil. Variações semelhantes de tonalidades dos horizontes espódicos em função da drenagem
foram descritas por Gomes et al. (1998) para Espodossolos sob vegetação de restinga do Estado
do Rio de Janeiro. Se bem drenados e sob intensos fluxos hídricos laterais favorecidos pelo
relevo, um completo desaparecimento de todos os horizontes espódicos, inclusive dos
47
ortsteins, evoluindo para horizontes do tipo C e de tonalidades amarelas, típico dos Neossolos
Quartzarênicos Órticos sob vegetação de restinga, alguns deles com remanescentes de ortstein.
Tais situações e variações de drenagem foram condicionadas pela variação do nível de base e/ou
relevo local que, por sua vez, estão relacionados à dinâmica geológica/sedimentar desses
ambientes costeiros.
2.2.2.3 Solos: Química e Granulometria
Os dados químicos e granulométricos (Tabela 2.3) dos perfis estudados mostram
tendências similares àqueles descritos por Gomes (2005) na Ilha do Cardoso (SP) e Rossi (1999)
e Moreira (2007) para os solos sob vegetação de restinga do município de Bertioga: textura
essencialmente arenosa, baixos valores de soma (SB) e saturação por bases (V), dominância de
solos extremamente a fortemente ácidos, capacidade de troca de cátions (T) altamente dependente
da matéria orgânica (Figura 2.4) e saturada com Al trocável, sobretudo nos horizontes espódicos.
Esses atributos refletem a influência tanto do material de origem como do processo pedogenético
predominante nesses ambientes: a podzolização. Enquanto o primeiro, originalmente quartzoso e
com baixos conteúdos de minerais facilmente intemperizáveis, imprime a pobreza em nutrientes e
a textura arenosa aos solos, praticamente destituídos de argila e predominância da fração areia
fina e muito fina bem selecionada (VILLWOCK, 2005), os atributos mais marcantes e relativos à
podzolização são o expressivo acúmulo de carbono orgânico (C) e alumínio em profundidade,
típico dos Espodossolos. Em conseqüência, os valores de SB e de V são consideravelmente
superiores nos horizontes A (SB mínimo, máximo e média de 0,2; 3,6 e 1,3 cmol
c
kg
-1
; V
mínimo, máximo e média de 3; 87 e 22, respectivamente) comparativamente aos B espódicos (SB
mínimo, máximo e média de 0,0; 1,7 e 0,6 cmol
c
kg
-1
; V mínimo, máximo e média de 0; 100 e
11, respectivamente) uma vez que os cátions básicos (Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
e Na
+
) são constantemente
incorporados aos horizontes superficiais via ciclagem de nutrientes e não se acumulam nos
horizontes espódicos, dominados por Al trocável.
48
Figura 2.4 – Relação entre a capacidade de troca de cátions (T) e o carbono orgânico (C). TS refere-se a todos os
horizontes e perfis estudados; TB: apenas aos horizontes espódicos
Nos Espodossolos, em geral, os valores de pH tendem a ser mais elevados nos horizontes
E por serem lavados e praticamente destituídos de material orgânico (GOMES et al., 1998), a
mais provável fonte de acidez nesses solos; daí os valores mínimo, máximo e a média de pH nos
horizontes espódicos da seqüência de Ilha Comprida, respectivamente 4,3; 6,0 e 5,0, serem
superiores àqueles de Bertioga (3,1; 5,3 e 4,4) e Cananéia (3,7; 5,2 e 4,4), já que os conteúdos de
carbono orgânico acompanham essas tendências (Tabela 2.3). De fato, a seqüência de Ilha
Comprida mostra os horizontes B espódicos com os menores conteúdos de C (mínimo, máximo e
a média respectivamente de 2,01; 12,40 e 6,13 g kg
-1
) comparativamente à Bertioga (2,19; 51,00
e 15,07 g kg
-1
) e Cananéia (5,56; 50,94 e 22,08 g kg
-1
). Esta última apresenta os mais antigos
Espodossolos aqui estudados, sugerindo que o tempo pode ser um fator responsável pelo maior
acúmulo e estabilidade de carbono nos Espodossolos, fato constatado por Skjemstad et al.
(1992) para solos semelhantes sob dunas na Austrália. Segundo
os autores, os horizontes
espódicos mais antigos mostraram dominância de matéria orgânica com estruturas aromáticas,
estáveis, as quais são fortemente associadas e floculadas por Al, imprimindo coloração negra aos
horizontes. A maior proporção relativa de horizontes ortstein nos solos de Cananéia
comparativamente às demais seqüências estudadas, de elevado grau de consistência, cimentação e
0 10 20 30 40 50 60
C (g kg
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
TS; TB (g kg
-1
)
TS = 0,89 + 0,50*C; r = 0,86; P < 0,0001; n = 260
TB = 0,76 + 0,89*C; r = 0,98; P < 0,0001; n = 105
TS
TB
49
estabilidade estrutural, predominantemente de colorações negras (Apêndice) e com os mais
elevados teores das diferentes formas de Al no perfil (Tabela 2.3), sugerem similaridades às
constatações de Skjemstad et al. (1992), de tal forma que permanecem intactos nas paisagens
atuais e apenas naquelas mais antigas, tal como aqui evidenciado com as idades dos solos e
sedimentos.
Bronick et al. (2004), baseando-se em estudos realizados nos Estados Unidos e Canadá,
afirmam que alguns milhares de anos são requeridos para cimentar horizontes espódicos. No
entanto, é de se supor que, além do tempo, condições ambientais adequadas desempenham papel
preponderante na formação e manutenção desses horizontes, fato já constatado por vários autores
(PAGÉ; GUILLET; 1991; SKJEMSTAD et al.; 1992; THOMPSON et al, 1996; KACZOREK et
al., 2004).
A relação molar C/Al
p
é fortemente dependente do grau de humificação e química da
matéria orgânica, mas pode proporcionar uma medida do grau de saturação por Al no húmus
(GARCÍA-RODEJA et al., 2004). Para os horizontes superficiais do tipo A, esse valor é elevado
(mínimo de 8,3 e máximo de 938, 3) e, em média, muito superior àquele dos horizontes
espódicos (mínimo de 1,5 e máximo de 45,3), o que pode ser explicado pelo menor grau de
humificação da matéria orgânica dos horizontes superficiais. A variação significativa dessa
relação para os horizontes espódicos é condizente com a sua diversidade morfológica (Apêndice)
e química (Tabela 2.3) e deve refletir tanto o tipo de matéria orgânica como as condições
ambientais em que foram formados. De fato, os mais baixos valores são constatados para os
horizontes do tipo Bs, geralmente situados na base dos perfis bem drenados, fato também
constatado por Jansen, Nierop e Verstraten (2005) e Mokma e Buurman (1982) para
Espodossolos de clima frio, indicando que a alta saturação por Al pode estar relacionada às boas
condições de drenagem e/ou ao tipo de matéria orgânica. A influência de ambos os fatores na
relação entre C e Al de horizontes espódicos foi relatada por vários autores (DE CONINCK,
1980; FARMER, 1982; SKJEMSTAD et al., 1992; GARCÍA-RODEJA et al., 2004).
García-Rodeja et al. (2004) trabalhando com horizontes superficiais de Andossolos
europeus sugeriram que a baixa saturação por Al no húmus de alguns de seus solos estava
relacionada tanto à drenagem como às baixas temperaturas, condicionantes de uma matéria
orgânica menos decomposta. As maiores relações C/Al
p
aqui verificadas nos horizontes
espódicos se encontram nos horizontes Bh do perfil P20 (C/Al
p
= 45,3) e Bhg do perfil P30
50
(C/Al
p
= 44,0). Enquanto o primeiro é um dos poucos horizontes espódicos aqui estudados que
atualmente permanece inundado durante a maior parte do ano, o exíguo horizonte Bhg (perfil
P30), assim designado pelas tonalidades acinzentadas, encontra-se assentado sobre horizonte
ortstein, este praticamente impermeável devido à baixa porosidade, condicionando, para ambos
os horizontes, o hidromorfismo necessário à lenta decomposição e jovialidade da matéria
orgânica, bem como a sua baixa saturação por Al (SKJEMSTAD et al., 1992).
Em termos gerais, os horizontes Bs num perfil, facilmente identificados no campo pela
coloração em tons amarelados, caracterizam-se pelos mais baixos conteúdos de carbono orgânico
e menor relação C/Al
p
, mais elevados valores de pH e das diferentes formas de Fe, condições
químicas significativamente diferenciadas daquelas dos horizontes do tipo Bh, o que corrobora a
assertiva acima de que esses horizontes foram formados em condições ambientais diferenciadas
e, conseqüentemente, diferentes mecanismos de podzolização podem ter atuado no
desenvolvimento de um mesmo perfil ou entre diferentes perfis, basicamente condicionado pela
presença ou ausência de hidromorfismo e variações nos valores de pH, que por sua vez definem
tipo de interação metal/matéria orgânica e a permanência do elemento Fe no sistema.
No capítulo dois deste trabalho se evidenciou a ocorrência de materiais inorgânicos de Al
pouco cristalinos em alguns horizontes Bs, Bhs, Bsm e Bh bem drenados aqui estudados devido
às condições químicas favoráveis, predominantemente valores de pH (próximos à 5,0), o que
favorece a formação e estabilização de amorfos inorgânicos de Al em detrimento da complexação
do elemento à matéria orgânica do solo (SHOJI et al., 1982; SHOJI; FUJIWARA, 1984). No
entanto, os baixos valores médios de pH (4,5) dos horizontes espódicos aqui estudados sugerem
que a química é mais favorável à interação Al-matéria orgânica, sobretudo para horizontes Bh e
Bhm, de menores valores de pH e praticamente destituídos de Fe. Este elemento está presente,
sobretudo, nos horizontes superficiais do tipo A de todos os perfis estudados, bem como nos
diagnósticos subuperficiais Bhs, Bsm, Bs e plácico e, em geral, mostra-se com conteúdos
inferiores ao do Al (Tabela 2.3).
Shoji e Fujiwara (1984) mostraram que a formação de complexo de Fe-húmus ocorre
intensivamente a valores de pH inferiores a 4 unidades, onde o íon Fe
3+
é a espécie dominante do
elemento. Devido à maioria das amostras aqui estudadas e que manifestaram algum conteúdo de
Fe mostraram valores médios de pH superiores a 4,4, é de se esperar que a contribuição do Al à
acumulação de húmus seja muito superior que aquela do Fe, o que realmente ocorre para a
51
maioria dos solos aqui estudados. No entanto, os extratores ditionito-citrato (DC), oxalato e
pirofosfato de sódio extraíram conteúdos similares para a maioria dos horizontes espódicos
(Tabela 2.3), o que sugere que Fe está na forma predominantemente amorfa e unida à matéria
orgânica, que o DC é um extrator efetivo para óxidos de ferro livre nos solos sem
discriminação de fases (MEHRA; JACKSON, 1960; FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983),
enquanto oxalato extrai a maior parte das formas amorfas de Fe e Al, incluindo aquelas
associadas ao húmus. Esta última é mais especificamente removida pelo reagente pirofosfato de
sódio (MAcKEAGUE, 1967; FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983).
A ação da acidez controlando a formação de complexos Fe-húmus pode ser verificada
com a análise dos perfis P12 e P14 de Bertioga. O P12, um Neossolo Quartzarênico com
expressiva segregação de Fe na forma de mosqueados, mostra relações Fe
p
/Fe
d
acima de 0,6 nos
quatro primeiros horizontes superficiais (A1, A2, AE e C), com valores de pH variando de 3,74 a
4,38 (Tabela 2.3). No entanto, há uma redução significativa desta relação em profundidade
(relação Fe
p
/Fe
d
de 0,3 no horizonte Cg1 e de 0,1 no Cg2), o que é acompanhado pelo aumento
do pH (> 4,75), evidenciando que sob condições menos ácidas, formas inornicas do elemento
(Fe
d
) prevalecem sobre as orgânicas (Fe
p
). Fato semelhante é constatado para o perfil P14, um
Espodossolo em incipiente estádio de desenvolvimento. Enquanto o horizonte Bh deste perfil
mostra valor de Fe
p
superior aos de Fe
d
e Fe
o
(Tabela 2.3), portanto com relação Fe
p
/Fe
d
superior
a 1,0 a pH próximo a 4,0 (4,38), nos horizontes Bs (Bs1 e Bs2) e C sotopostos (C1 e C2) essa
relação é significativamente reduzida (inferior a 0,4), juntamente com o aumento crescente do pH
em profundidade (mínimo de 4,94 e máximo de 5,62). Essas relações dos extratores entre si e
deles com os valores de pH considerados adequados à interação carbono- metal, evidenciam a
habilidade e relativa especificidade dos reagentes utilizados na extração de formas de Fe e Al nos
solos sob vegetação de restinga.
Uma vez que carbono orgânico é a principal fonte de acidez desses solos, é de se esperar
que os maiores valores de pH sejam encontrados nos horizontes inferiores dos perfis ou de menor
acúmulo de carbono orgânico iluvial, como se dá nos horizontes Bs, C e alguns Bhs aqui
estudados, o que inclui os acima relatados para os perfis P12 e P14, em geral com conteúdos de C
inferiores a 10 g kg
-1
. Em conseqüência, a ocorrência de formas inorgânicas de Fe e Al fica
predominantemente restrita a esses horizontes, tal como evidenciado acima (perfis P12 e P14)
para o elemento Fe e no capítulo 2 deste trabalho para Al. No entanto, é provável que a química e
52
o grau de humificação diferenciados da matéria orgânica nos contrastantes e variados horizontes
espódicos aqui estudados (Tabela 2.3), tal como relatado anteriormente, imprimam variadas
condições de acidez e capacidade de retenção de metais aos solos, de tal forma que, mesmo a
valores de pH diferentes daqueles considerados ótimos a interação carbono/metal, formas
orgânicas dos metais prevalecem.
Os valores de Al e Fe extraídos por ditionito-citrato (Al
d
; Fe
d
), oxalato (Al
o
;Fe
o
) e
pirofosfato (Al
p
, Fe
p
) apresentam uma clara tendência de acumulação nos horizontes iluviais
(horizonte B) em relação aos horizontes A, E e C dentro de cada perfil. Essa tendência é
acompanhada pela similar capacidade de extração desses extratores, com relações Al
o
/Al
p
e
Fe
p
/Fe
d
próximas a 1 para a maioria dos horizontes espódicos estudados (Tabela 2.3), sugerindo
que o clássico mecanismo de mobilização, transporte e precipitação de complexos organo-
metálicos iluviais na formação dos Espodossolos parece ser atuante nos perfis estudados, tal
como amplamente relatado nos mais abrangentes e recentes estudos sobre o tema (SAUER et al.,
2007; BUURMAN; JONGMANS, 2005; JANSEN; NIEROP;VERSTRATEN, 2005;
LUMDSTRÖM; van BREEMEN; BAIN, 2000; LUMDSTRÖM et al., 2000).
Aspectos relativos aos mecanismos envolvidos na (i)-mobilização dos elementos e
diferenciação dos horizontes espódicos durante os processos de podzolização são discutidos no
quinto capítulo deste trabalho.
53
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continua)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P1 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, excessivamente drenado
A1 0-8 106 830 44 20 19,83 4,2 1,3 0,9 6,5 20 41 0,83 0,62 1,02 0,22 0,32 1,2 0,7 62,0
A2 8-25 90 812 78 20 17,57 4,0 1,0 1,0 7,2 13 52 1,61 1,31 1,37 0,44 0,54 0,8 0,8 32,5
AC 25-38 82 836 62 20 9,69 4,5 0,9 0,7 5,6 15 45 2,43 2,31 2,27 1,19 1,17 0,9 1,0 8,3
CA 38-84 80 828 72 20 8,18 4,8 0,8 0,3 5,3 15 25 2,73 2,58 2,96 3,35 3,59 1,1 0,9 2,3
C1 84-140 60 854 66 20 3,94 4,9 0,8 0,3 3,5 23 25 1,56 1,27 1,51 2,75 2,13 1,0 1,3 1,8
C2 140-160 50 882 48 20 3,63 4,9 0,8 0,3 3,6 23 23 1,35 1,19 1,28 3,02 2,09 0,9 1,4 1,7
C3 160-175 116 792 72 20 3,33 4,7 1,0 0,3 3,8 27 20 1,70 1,79 1,55 3,88 2,18 0,9 1,8 1,5
C4 175-210 60 902 18 20 ... 4,8 0,9 0,1 2,2 41 8 0,38 0,36 0,29 1,68 0,83 0,8 2,0 3,3
BERTIOGA - Perfil P2 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, acentuadamente drenado
A1 0-13 102 780 98 20 20,61 3,8 0,7 3,7 9,1 8 84 1,69 1,18 1,28 0,71 0,74 0,8 1,0 28,0
A2 13-28 90 808 82 20 19,68 4,2 0,4 2,6 7,7 5 87 2,24 1,67 2,15 1,90 2,37 1,0 0,8 8,3
AE 28-63 86 850 44 20 9,37 4,7 0,3 0,8 3,3 8 74 1,06 1,72 1,85 2,51 2,40 1,7 1,0 3,9
E 35-82 108 866 6 20 2,19 5,4 0,3 0,0 0,5 63 3 0,25 0,11 0,15 0,20 0,24 0,6 0,8 9,1
EB 60-84 98 858 24 20 4,06 4,9 0,2 0,2 1,2 20 46 1,39 0,92 1,16 0,00 0,00 0,8 .. ..
Bhs1 67-90 80 850 60 10 6,72 4,8 0,3 0,5 3,3 8 62 3,77 3,74 3,52 1,33 1,23 0,9 1,1 5,5
Bhs2 74-116 76 842 72 10 9,76 4,9 0,2 0,6 4,4 6 71 2,42 3,68 3,92 3,96 3,65 1,6 1,1 2,5
Bhs3 116-140 74 842 44 40 9,06 5,0 0,2 0,5 4,9 3 77 1,82 3,06 3,92 4,61 5,33 2,2 0,9 1,7
Bhs4 114-128 96 798 66 40 12,49 4,9 0,3 1,0 6,7 4 81 3,29 4,59 5,66 5,55 7,89 1,7 0,7 1,6
Bhs5 128-153 62 880 38 20 4,41 5,1 0,1 0,2 4,4 3 62 0,85 1,18 1,23 3,47 2,25 1,4 1,5 1,8
Bhs6 126-152 68 856 56 20 6,10 5,2 0,3 0,4 4,8 6 61 1,32 1,57 1,53 4,44 2,88 1,2 1,5 2,1
Bhs7 140-200 82 858 40 20 4,84 5,3 0,3 0,3 2,7 10 52 0,63 0,72 0,84 4,13 2,40 1,3 1,7 2,0
C1 161-180 84 890 16 10 1,25 5,6 0,6 0,0 1,0 60 6 0,36 0,52 0,61 1,31 0,90 1,7 1,5 1,4
C2 180-200 66 870 54 10 3,90 5,3 0,2 0,2 2,4 9 43 0,39 0,72 0,67 5,43 2,12 1,7 2,6 1,8
53
54
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P3 - ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-6 24 846 90 40 36,52 4,2 2,8 0,4 12,9 22 12 0,22 0,13 0,06 0,00 0,00 0,3 .. ..
A2 6-13 48 908 24 20 13,33 4,4 1,0 0,8 4,1 25 42 0,12 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 13-25 28 942 10 20 2,12 4,6 1,0 0,2 1,7 57 14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E1 25-71 16 956 8 20 0,61 5,7 1,0 0,0 1,1 98 1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E2 106-180 92 882 6 20 0,30 5,5 1,0 0,0 1,0 100 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 94-113 74 900 6 20 1,21 5,3 1,0 0,1 1,8 56 9 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
BE1 71-82 56 726 138 80 8,78 5,2 1,3 1,0 6,8 20 42 0,07 0,00 0,00 0,47 0,47 .. 1,0 18,9
BE2 73-91 80 718 142 60 18,17 4,6 1,1 2,3 13,0 8 69 0,00 0,00 0,00 1,49 1,46 .. 1,0 12,4
Bh1 82-119 98 840 42 20 19,69 4,3 1,0 2,5 13,4 8 71 0,00 0,00 0,00 1,45 1,49 .. 1,0 13,3
Bh2 107-125 84 870 26 20 11,51 4,5 1,0 1,7 9,2 11 63 0,00 0,00 0,00 0,89 0,86 .. 1,0 13,5
Bh3 135-170 ... ... ... ... 11,81 4,5 1,0 1,9 8,6 12 65 0,00 0,00 0,00 0,73 0,81 .. 0,9 14,6
Bhm1 89-125 98 806 76 20 36,52 4,2 1,0 4,0 24,2 4 80 0,00 0,00 0,00 3,11 3,27 .. 0,9 11,2
Bhm2 120-142 92 778 70 60 22,72 4,7 0,9 1,9 16,7 5 68 0,00 0,00 0,00 4,44 4,83 .. 0,9 4,7
Bs1 107-125 108 864 8 20 5,45 4,8 1,0 0,7 5,7 17 41 0,00 0,00 0,00 0,87 0,86 .. 1,0 6,4
Bs2 125-180 86 876 18 20 4,24 5,2 0,8 0,4 5,5 15 31 0,16 0,12 0,10 3,21 1,91 0,6 1,7 2,2
Bsm1 122-144 92 816 72 20 19,99 4,6 1,0 2,4 14,9 7 70 0,09 0,06 0,05 2,64 2,87 0,5 0,9 7,0
Bsm2 153-180 72 868 40 20 8,18 5,2 1,0 0,4 8,2 12 30 0,09 0,00 0,00 6,17 3,20 .. 1,9 2,6
Bsm3 132-170 106 834 40 20 11,02 4,7 1,2 0,8 11,5 10 40 0,00 0,00 0,00 4,05 2,82 .. 1,4 3,9
Bsm4 157-180 78 860 42 20 15,75 4,8 0,9 1,4 12,3 8 61 0,19 0,19 0,14 4,45 3,20 0,7 1,4 4,9
Plácico .. ... ... ... ... 35,89 4,1 1,0 4,0 25,8 4 81 0,24 0,19 0,19 3,83 3,99 0,8 1,0 9,0
BERTIOGA - Perfil P4 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-18 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
AE 18-26 162 792 26 20 6,09 4,0 0,6 1,3 3,2 20 67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 26-37 122 838 20 20 3,44 4,5 0,5 0,4 1,1 45 44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 37-50 116 852 22 10 2,19 5,0 0,5 0,0 0,5 100 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 50-59 ... ... ... ... 5,15 5,2 0,7 0,2 1,0 67 23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 59-82 112 690 178 20 44,66 3,9 0,8 10,9 20,8 4 93 0,00 0,00 0,00 2,90 3,63 .. 0,8 12,3
Bhm1 95-137 28 830 122 20 31,55 3,6 0,7 5,1 13,7 5 89 0,21 0,19 0,16 4,75 3,95 0,8 1,2 8,0
Bhm2 113-150 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Bs 130-160 16 944 30 10 5,47 3,8 0,6 2,2 4,5 14 77 0,28 0,26 0,18 1,39 0,78 0,6 1,8 7,0
Bhs1 73-134 114 686 180 20 38,42 3,5 0,8 10,4 22,0 4 93 0,12 0,12 0,12 3,52 3,62 1,0 1,0 10,6
Bhs2 134-160 ... ... ... ... 36,23 3,5 0,7 14,9 22,6 3 95 0,34 0,34 0,50 4,83 6,54 1,5 0,7 5,5
54
55
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P5 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-12 32 892 56 20 19,08 4,7 0,4 0,4 4,4 10 50 0,12 0,10 0,07 0,00 0,09 0,5 .. 212,0
A2 12-27 34 880 66 20 11,21 4,3 0,2 0,4 3,3 7 65 0,12 0,12 0,11 0,00 0,18 0,9 .. 62,3
E 27-57 28 930 22 20 0,63 4,5 0,2 0,1 0,5 46 19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bhg 57-75 22 846 72 60 10,70 4,0 0,6 1,6 7,2 8 73 0,15 0,15 0,12 0,87 0,95 0,8 0,9 11,3
Bh1 52-75 22 834 104 40 31,49 4,0 0,3 4,1 20,3 2 93 0,00 0,00 0,00 3,17 2,87 .. 1,1 11,0
Bh2 63-80 26 816 98 60 33,37 3,9 0,2 5,0 23,7 1 96 0,00 0,00 0,00 3,04 3,51 .. 0,9 9,5
Bh3 55-95 42 806 92 60 26,44 4,2 0,4 3,1 22,5 2 90 0,20 0,20 0,16 4,14 4,70 0,8 0,9 5,6
Bh4 126-150 100 734 126 40 32,11 4,4 0,3 2,2 24,7 1 88 0,55 0,47 0,36 10,45 8,16 0,7 1,3 3,9
Bh5 73-112 32 786 122 60 27,39 4,2 0,1 5,3 2,3 3 99 1,51 1,11 0,99 7,42 7,31 0,7 1,0 3,7
Bs1 78-101 68 830 62 40 12,59 4,7 0,4 0,5 9,3 4 60 5,43 6,84 5,77 8,57 5,69 1,1 1,5 2,2
Bs2 82-85 72 876 32 20 5,35 4,8 0,4 0,3 6,2 6 48 0,41 0,46 0,38 6,49 3,65 0,9 1,8 1,5
Bs3 95-126 56 846 58 40 10,07 4,6 0,3 0,5 8,8 4 62 2,76 3,31 3,24 7,86 5,07 1,2 1,6 2,0
Bs4 85-180 76 832 72 20 16,37 4,4 0,3 1,6 15,7 2 83 1,76 1,59 1,21 7,45 6,44 0,7 1,2 2,5
Bs5 130-150 234 704 42 20 3,15 4,8 0,3 0,2 3,8 8 35 0,37 0,36 0,28 5,77 1,98 0,7 2,9 1,6
Bs6 54-120 128 720 92 60 23,30 4,6 0,3 1,4 19,0 2 82 2,77 3,44 2,85 16,30 10,55 1,0 1,5 2,2
Bs7 155-180 48 832 80 40 13,85 4,7 0,3 0,5 9,9 3 61 0,77 0,88 0,81 10,62 7,23 1,0 1,5 1,9
C 54-112 174 760 46 20 1,57 5,1 0,4 0,1 2,2 16 25 0,12 0,00 0,00 2,34 0,84 2,8 1,9
Plácico .. 34 814 112 40 15,4 4,6 0,4 0,8 13,2 3 68 16,10 15,40 9,63 10,10 7,53 0,6 1,3 2,1
BERTIOGA - Perfil P6 – ESPODOSSOLO HUMULÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, acentuadamente/imperfeitamente drenado
A 0-15 54 894 32 20 5,35 4,6 0,4 0,1 2,3 16 25 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AE 15-41 50 924 6 20 1,89 4,2 0,4 0,1 1,4 30 14 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 41-71 46 926 8 20 1,26 4,6 0,3 0,0 0,4 72 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 71-153 26 950 4 20 1,30 5,5 0,3 0,0 0,4 72 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bhg 153-156 8 808 104 80 7,56 4,5 0,7 0,7 5,4 13 49 0,00 0,00 0,00 0,29 0,32 .. 0,9 23,6
Bh1 156-165 10 800 110 80 39,04 3,8 1,6 4,2 24,5 6 72 0,00 0,00 0,00 1,79 1,83 .. 1,0 21,3
Bh2 165-205 46 900 34 20 15,74 4,2 0,4 1,8 12,7 3 83 0,00 0,00 0,00 1,75 1,87 .. 0,9 8,4
Bhm1 156-205 16 848 96 40 51,00 3,8 0,5 5,0 31,7 2 91 0,00 0,00 0,00 2,38 2,43 .. 1,0 21,0
Bhm2 158-205 30 874 76 20 38,41 3,9 0,5 3,7 22,8 2 88 0,00 0,00 0,00 2,75 3,03 .. 0,9 12,7
55
56
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P7 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A1 0-8 40 822 118 20 ... 4,3 2,8 2,6 21,2 13 48 0,53 0,20 0,08 0,32 0,13 0,2 2,4 ...
A2 8-13 30 862 88 20 35,26 4,2 1,5 4,3 7,7 19 74 0,25 0,18 0,15 0,19 0,09 0,6 2,1 391,8
AE1 13-19 30 896 54 20 10,39 4,4 0,8 0,9 5,2 15 54 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AE2 19-26 18 950 22 10 8,18 4,4 0,2 0,8 3,8 4 83 0,00 0,00 0,00 0,27 0,18 .. 1,5 45,5
Bh1 26-37 14 938 38 10 11,65 4,2 0,7 1,7 6,7 10 71 0,00 0,00 0,00 0,52 0,68 .. 0,8 17,3
Bh2 37-59 26 912 52 10 10,39 3,7 0,1 2,5 8,7 2 95 0,00 0,00 0,00 0,88 0,96 .. 0,9 10,8
Bs 59-74 18 928 44 10 5,67 3,1 1,0 6,5 13,6 7 87 1,78 1,37 1,15 0,74 0,69 0,6 1,1 8,2
BCg 74-84 14 940 36 10 4,41 3,5 0,2 5,0 7,6 3 96 0,71 0,55 0,59 0,56 0,54 0,8 1,0 8,2
Cg 84-100 18 934 38 10 1,89 3,1 0,1 4,6 6,2 1 98 2,01 1,67 1,81 0,41 0,30 0,9 1,4 6,3
BERTIOGA - Perfil P8 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A1 0-13 14 770 196 20 76,81 3,7 1,7 1,8 21,5 8 50 0,38 0,25 0,43 0,28 0,44 1,1 0,6 176,6
A2 13-23 14 942 24 20 12,28 3,9 0,4 0,5 3,5 11 53 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA1 17-29 4 954 22 20 5,67 4,3 0,3 0,2 2,1 12 41 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA2 29-36 8 966 6 20 5,04 4,6 0,4 0,2 1,8 20 40 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh1 36-42 6 936 38 20 17,31 4,2 0,3 2,3 10,4 3 88 0,07 0,03 0,03 0,85 0,85 0,5 1,0 20,4
Bh2 42-82 8 940 32 20 21,41 3,6 0,3 2,5 12,8 2 91 0,11 0,00 0,00 1,04 1,25 .. 0,8 17,2
Bhs 53-93 10 912 58 20 10,39 3,4 0,3 2,7 11,0 2 91 0,33 0,27 0,23 1,09 1,07 0,7 1,0 9,8
Bs 93-114 30 936 14 20 4,41 3,6 0,3 1,5 5,0 5 85 0,25 0,24 0,20 0,57 0,56 0,8 1,0 7,9
BCg 114-129 32 886 62 20 5,35 3,1 0,3 4,9 9,2 3 94 1,32 1,32 1,26 0,47 0,47 1,0 1,0 11,5
Cg1 129-150 26 836 98 40 10,07 3,4 1,6 3,4 9,9 16 68 0,88 0,85 0,57 0,74 0,54 0,7 1,4 18,7
2Cg2 150-170 12 720 68 200 21,72 3,3 9,1 3,7 25,4 36 29 3,00 2,71 1,87 0,91 0,62 0,6 1,5 35,3
56
57
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P9 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura arenosa, muito mal drenado
O 0-7 ... ... ... ... 79,96 3,6 8,6 6,4 98,0 9 42 1,14 0,84 0,84 1,15 1,28 0,7 0,9 62,7
A 7-12 ... ... ... ... 17,00 3,7 2,6 4,2 58,0 5 62 0,17 0,15 0,15 0,34 0,42 0,9 0,8 40,5
AE 12-17 12 842 126 20 29,59 3,9 0,4 1,3 10,4 4 74 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 17-32 2 976 12 10 4,41 4,7 0,6 0,0 1,0 59 28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
BE 27-40 2 958 30 10 7,56 4,6 0,2 1,3 4,3 4 87 0,00 0,00 0,00 0,29 0,29 .. 1,0 26,5
Bh1 37-53 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Bhm 46-89 4 920 56 20 27,70 3,8 0,8 4,5 19,3 4 85 0,11 0,00 0,00 1,91 2,18 .. 0,9 12,7
Bh2 89-106 16 924 50 10 10,70 4,1 0,1 2,6 11,1 1 95 0,00 0,00 0,00 1,26 1,26 .. 1,0 8,5
Bh3 106-130 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
BERTIOGA - Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A 0-7 40 684 216 60 67,37 3,9 1,9 2,6 17,9 11 57 0,50 0,36 0,25 0,32 0,20 0,5 1,6 345,5
AE 7-11 34 894 52 20 20,46 4,1 0,7 2,4 9,6 7 77 0,08 0,00 0,00 0,26 0,00 .. .. ..
EA 11-30 8 958 24 10 8,81 4,2 0,3 0,7 3,4 8 70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 18-48 6 980 4 10 1,26 4,9 0,4 1,4 0,6 62 79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. 9,7
EB 35-74 12 970 8 10 1,57 4,7 0,6 1,6 1,7 33 74 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
BE 60-83 10 978 2 10 4,09 4,5 0,1 0,8 3,1 5 84 0,14 0,00 0,00 0,26 0,13 .. 2,0 31,5
Bh1 83-103 28 920 42 10 15,11 3,9 0,2 4,3 12,2 1 97 0,00 0,00 0,00 0,21 0,66 .. 0,3 22,9
Bh2 90-117 28 934 28 10 19,52 4,1 0,1 4,5 17,4 0 99 0,12 0,00 0,00 0,78 1,23 .. 0,6 15,9
Bhm 117-150 22 930 28 20 18,57 4,1 0,1 4,7 12,0 0 99 0,00 0,00 0,00 0,84 1,38 .. 0,6 13,5
BERTIOGA – Perfil P11 - ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A 0-14 10 978 2 10 17,31 4,4 0,3 0,9 12,7 3 73 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00 .. ..
EA 14-35 18 892 70 20 2,20 4,3 0,0 0,2 0,2 9 92 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. ..
E1 29-71 2 978 10 10 0,63 4,8 0,0 0,4 0,1 10 98 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. ..
E2 53-100 6 982 2 10 0,00 5,3 0,0 0,4 0,1 22 96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. ..
E3 84-112 4 984 2 10 0,00 4,7 0,0 0,1 0,1 17 81 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. ..
EB 112-122 2 986 2 10 1,57 4,6 0,0 0,9 1,5 2 97 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 .. 26,2
Bh1 122-140 2 984 4 10 5,04 4,7 0,1 1,1 4,4 2 93 0,00 0,00 0,00 0,25 0,41 0,6 12,4
Bh2 140-160 6 970 14 10 5,35 4,5 0,0 1,6 10,3 0 97 0,00 0,00 0,00 0,85 0,92 0,9 5,8
BERTIOGA - Perfil P12 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Hidromórfico típico, A moderado, muito mal drenado
A1 0-8 12 952 26 10 30,30 3,9 1,6 1,9 10,8 14 54 2,47 1,19 1,45 0,18 0,23 0,6 0,8 134,7
A2 8-24 40 836 114 10 34,20 3,7 1,0 2,0 8,0 12 67 2,96 1,98 2,12 0,32 0,32 0,7 1,0 108,6
AE 24-30 26 862 102 10 9,21 3,9 0,8 1,2 2,4 33 60 2,90 2,21 2,41 0,33 0,39 0,8 0,8 23,6
C 30-48 10 932 48 10 4,22 4,4 0,7 1,7 3,6 19 72 8,10 3,67 4,47 0,92 0,89 0,6 1,0 4,8
Cg1 48-83 16 926 48 10 1,72 4,8 0,6 1,9 2,4 25 76 6,10 1,66 1,83 0,66 0,56 0,3 1,2 3,1
Cg2 83-110 24 952 14 10 0,78 5,6 0,6 0,5 0,9 66 47 3,60 0,27 0,30 0,60 0,30 0,1 2,0 2,6
57
58
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P13 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Hidromórfico típico, A moderado, mal drenado
A1 0-7 46 838 76 40 21,41 4,4 3,6 2,6 9,7 37 42 6,50 1,40 0,68 0,40 0,20 0,1 2,1 109,8
A2 7-15 42 860 78 20 11,96 4,5 1,9 1,3 7,7 25 41 10,60 1,70 1,03 0,49 0,30 0,1 1,6 39,9
C1 15-63 8 978 4 10 0,94 5,9 3,0 0,7 3,9 76 19 7,50 0,84 0,22 0,33 0,00 .. .. ..
C2 57-82 6 982 2 10 0,31 6,1 3,2 0,7 3,7 86 18 7,10 0,79 0,00 0,32 0,00 .. .. ..
C3 73-94 8 980 2 10 0,00 6,3 2,9 0,0 3,3 88 1 9,30 0,84 0,00 0,39 0,00 .. .. ..
C4 94-100 6 982 2 10 0,00 6,5 3,6 0,5 3,7 97 13 6,90 0,77 0,00 0,35 0,00 .. .. ..
Cg 73-82 10 978 2 10 0,00 6,0 2,3 0,1 2,7 84 4 8,70 1,14 0,14 0,36 0,00 .. .. ..
BERTIOGA - Perfil P14 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, moderadamente drenado
A1 0-12 66 860 54 20 9,68 4,4 1,5 0,7 3,3 44 32 0,41 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
A2 12-22 40 930 20 10 8,59 4,2 0,9 0,6 2,2 39 40 0,18 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AE 22-30 36 940 14 10 3,90 4,2 0,7 0,3 1,3 53 28 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 30-59 28 956 6 10 2,19 4,4 0,6 0,2 1,0 56 27 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 43-71 26 930 24 20 6,09 4,4 0,8 1,4 4,0 19 65 1,29 1,57 1,85 0,43 0,44 1,4 1,0 13,8
Bs1 56-81 72 906 12 10 3,28 4,9 0,8 0,8 1,8 43 52 1,11 0,84 0,45 0,45 0,45 0,4 1,0 7,3
Bs2 65-110 100 888 2 10 2,19 5,2 0,7 0,5 1,8 38 42 1,06 1,00 0,39 0,49 0,39 0,4 1,3 5,6
C1 84-124 10 964 16 10 1,25 5,5 0,6 0,3 1,1 53 34 0,55 0,33 0,17 0,29 0,17 0,3 1,7 7,3
C2 115-135 60 928 2 10 0,62 5,6 0,5 0,3 0,9 55 34 0,47 0,19 0,15 0,26 0,15 0,3 1,7 4,2
BERTIOGA - Perfil P15 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hiperespesso espessarênico, A moderado, excessivamente drenado
A 0-20 20 812 148 20 35,45 3,7 2,3 1,1 8,1 28 32 0,13 0,00 0,00 0,00 0,07 .. .. 525,2
EA 20-40 2 974 14 10 3,59 4,1 0,5 0,2 1,0 54 31 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,1 .. ..
E1 40-60 2 980 8 10 0,94 4,5 0,5 0,1 0,5 100 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E2 60-160 2 982 6 10 0,47 5,2 0,3 0,0 0,3 100 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E3 160-215 6 980 4 10 0,00 5,5 0,5 0,0 0,5 100 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 215-305 10 974 6 10 1,41 5,1 0,6 0,3 1,5 42 30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh1 305-330 28 942 20 10 9,37 4,4 0,5 2,7 5,8 9 83 0,00 0,00 0,00 0,43 0,65 .. 0,7 14,4
Bhm 340-360 34 926 20 20 13,43 4,3 1,2 3,0 9,7 12 71 0,00 0,00 0,00 0,89 1,09 .. 0,8 12,3
Bh2 360-400 42 922 16 20 10,15 4,3 1,1 2,4 7,4 15 68 0,00 0,00 0,00 0,69 0,93 .. 0,7 10,9
58
59
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA- Perfil P16 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, fortemente drenado
A 0-20 44 840 96 20 29,36 3,9 1,5 1,6 12,3 12 50 0,43 0,27 0,26 0,37 0,21 0,6 1,8 139,8
EA 20-32 12 954 14 20 6,72 4,1 0,7 0,7 2,1 34 49 0,21 0,14 0,09 0,31 0,14 0,4 2,2 48,0
E1 32-77 6 982 2 10 1,56 4,7 0,4 0,1 0,4 100 12 0,00 0,00 0,00 0,27 0,00 .. .. ..
E2 77-97 2 986 2 10 1,25 5,2 0,5 0,1 0,9 59 13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh1 90-121 2 964 14 20 4,69 4,3 0,6 1,5 3,2 20 70 0,00 0,00 0,00 0,47 0,47 .. 1,0 10,1
Bh2 121-170 6 972 2 20 2,81 5,0 0,5 0,6 1,7 32 54 0,00 0,00 0,00 0,31 0,15 .. 2,1 19,3
Bh3 134-193 2 974 4 20 3,75 4,9 0,7 1,1 3,1 24 59 0,00 0,00 0,00 0,45 0,36 .. 1,3 10,4
Bh4 193-253 8 956 16 20 6,87 4,9 0,7 1,4 5,1 14 66 0,00 0,00 0,00 0,61 0,75 .. 0,8 9,2
Bs 253-300 20 948 12 20 3,90 4,7 1,3 0,6 4,1 31 32 0,00 0,00 0,00 0,42 0,50 .. 0,8 7,9
ILHA COMPRIDA - Perfil P17 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, moderadamente drenado
A 0-30 92 792 96 20 46,31 4,0 1,3 1,1 11,8 11 46 0,10 0,00 0,00 0,27 0,00 .. .. ..
EA 30-52 40 938 2 20 9,57 4,2 0,8 0,4 3,6 22 32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E1 52-88 24 964 2 10 1,54 4,6 0,6 0,0 6,6 10 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E2 88-115 52 936 2 10 1,39 4,8 0,5 0,0 0,6 87 1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
BE 115-130 48 940 2 10 4,94 4,6 0,6 0,3 1,8 31 38 0,00 0,00 0,00 0,14 0,12 .. 1,2 40,7
Bh 130-243 108 866 16 10 8,95 4,6 0,8 0,9 0,9 84 53 0,00 0,00 0,00 0,60 0,53 .. 1,1 16,9
Bs 243-485 148 840 2 10 4,48 5,0 1,0 0,3 3,0 34 21 0,00 0,00 0,00 0,51 0,36 .. 1,4 12,5
C 485-500 306 680 4 10 3,24 5,5 1,6 0,1 2,8 56 6 0,10 0,00 0,00 0,35 0,22 .. 1,6 14,6
ILHA COMPRIDA - Perfil P18 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-12 56 834 100 10 24,05 4,5 1,3 1,0 5,2 24 43 0,12 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AE 12-24 20 966 4 10 2,97 4,9 0,5 0,1 1,2 42 12 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 24-44 20 968 2 10 1,87 4,9 0,5 0,3 1,7 30 38 0,10 0,00 0,00 0,10 0,10 .. 1,0 18,6
Bh1 27-50 12 976 2 10 2,65 5,0 0,5 0,8 2,3 23 58 0,11 0,00 0,00 0,20 0,20 .. 1,0 13,3
Bh2 37-66 12 974 4 10 2,97 4,8 0,7 0,9 3,0 22 57 0,17 0,00 0,00 0,32 0,34 .. 0,9 8,6
Bh3 66-69 20 962 8 10 3,59 5,2 0,6 0,7 2,8 22 53 0,18 0,00 0,00 0,40 0,40 .. 1,0 9,0
CB 69-76 26 960 4 10 2,03 5,2 0,4 0,7 2,6 17 63 0,15 0,00 0,00 0,31 0,26 .. 1,2 7,7
C 76-125 22 964 4 10 1,56 5,2 0,5 0,7 2,5 21 56 0,05 0,00 0,00 0,31 0,24 .. 1,3 6,4
Perfil P19 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa, moderadamente drenado
A 0-13 52 898 40 10 17,91 4,8 1,0 0,3 4,4 22 26 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 13-25 22 960 8 10 4,65 4,9 0,7 0,1 1,9 38 16 0,05 0,00 0,00 0,01 0,00 .. .. ..
E1 25-40 18 966 6 10 1,39 5,6 0,7 0,0 1,0 69 4 0,02 0,00 0,00 0,04 0,00 .. .. ..
E2 40-61 14 974 2 10 1,08 5,9 0,6 0,0 0,6 100 2 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E3 61-74 20 966 4 10 0,93 6,0 0,6 0,0 1,0 65 2 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh1 68-105 18 964 8 10 6,82 5,3 0,7 0,5 3,5 21 43 0,07 0,00 0,00 0,40 0,25 .. 1,6 27,7
Bh2 105-117 24 958 8 10 8,37 4,8 0,8 0,7 4,7 16 48 0,08 0,00 0,00 0,47 0,28 .. 1,7 30,0
Bh3 117-130 76 824 90 10 5,58 4,3 0,9 1,1 7,5 12 55 0,18 0,00 0,00 0,60 0,53 .. 1,1 10,4
59
60
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
ILHA COMPRIDA - Perfil P20 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A fraco, textura arenosa, mal drenado
A 0-13 34 938 18 10 30,99 4,3 1,7 0,6 11,5 14 27 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 13-37 66 922 2 10 3,10 5,0 1,5 0,1 1,9 78 4 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 37-85 60 926 4 10 1,24 5,9 0,5 0,0 0,5 89 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
BE 85-110 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Bh 110-140 52 932 6 10 10,54 4,4 0,8 1,0 6,9 12 55 0,09 0,00 0,00 0,20 0,23 .. 0,9 45,3
ILHA COMPRIDA - Perfil P21 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-18 118 752 110 20 45,69 4,4 ... ... ... ... ... 0,18 0,18 0,05 0,00 0,00 0,3 .. ..
A2 18-31 88 882 10 20 6,51 4,9 0,8 0,2 2,1 37 17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 31-47 76 906 8 10 2,63 4,9 0,5 0,1 1,0 52 8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 47-134 76 912 2 10 1,70 5,1 0,7 0,0 1,0 67 6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 70-138 76 880 24 20 12,40 4,6 0,8 0,6 8,2 9 43 2,49 1,98 2,18 0,63 0,72 0,9 0,9 17,1
Bs1 73-150 180 792 8 20 7,13 5,2 0,7 0,4 5,6 12 37 0,06 0,00 0,00 0,83 1,02 .. 0,8 7,0
Bs2 73-152 88 884 18 10 5,58 5,2 0,6 0,3 3,8 15 35 1,91 1,82 1,91 0,86 0,99 1,0 0,9 5,6
Bs3 92-168 54 934 2 10 2,48 5,7 0,6 0,2 2,0 29 26 0,69 0,52 0,53 0,47 0,43 0,8 1,1 5,7
CB 126-170 100 888 2 10 2,01 5,8 0,6 0,2 1,7 37 26 0,45 0,34 0,29 0,33 0,29 0,6 1,1 6,9
C 170-180 66 922 2 10 1,39 6,1 0,6 0,0 1,3 45 0 0,46 0,32 0,25 0,34 0,25 0,5 1,3 5,5
ILHA COMPRIDA - Perfil P22 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-18 108 814 58 20 47,85 4,4 ... ... ... ... ... 0,22 0,14 0,04 0,21 0,05 0,2 4,1 938,3
EA 18-28 98 886 6 10 4,03 4,8 0,5 0,1 1,1 47 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E1 28-57 84 900 6 10 1,08 5,6 0,7 0,0 1,0 72 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E2 57-88 142 822 26 10 2,01 5,3 0,7 0,1 1,4 50 13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 64-91 170 806 4 20 4,96 5,0 0,8 0,4 2,6 32 34 0,00 0,00 0,00 0,34 0,25 .. 1,3 19,7
Bh1 67-119 148 814 18 20 9,92 4,8 0,8 1,2 7,6 10 62 0,11 0,00 0,00 1,07 0,98 .. 1,1 10,1
Bh2 107-118 168 820 2 10 11,11 5,0 0,7 0,7 5,3 13 51 0,10 0,00 0,00 0,67 0,67 .. 1,0 16,6
C 118-130 100 874 16 10 2,63 5,2 0,5 0,0 2,3 23 0 0,08 0,00 0,00 0,37 0,33 .. 1,1 8,0
ILHA COMPRIDA - Perfil P23 – ESPODOSSOLO FERRILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa, bem drenado
A 0-22 20 894 66 20 7,75 4,6 1,7 0,4 5,1 34 18 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E1 22-72 36 942 12 10 2,47 4,5 0,3 0,0 0,5 69 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 56-101 ... ... ... ... ... ... 0,4 0,4 100 0 0,12 0,00 0,00 0,30 0,11 .. 2,8 ..
Bs 76-123 72 900 18 10 3,55 5,2 0,3 0,3 2,7 11 54 0,95 0,72 0,69 0,48 0,46 0,7 1,1 7,8
E2 94-141 76 904 10 10 1,70 5,2 0,3 0,1 1,0 25 35 0,20 0,00 0,00 0,00 0,08 .. .. 21,2
C1 128-160 104 874 12 10 1,85 ... ... ... 0,09 0,00 0,00 0,36 0,15 .. 2,3 12,0
C2 160-186 82 906 2 10 1,55 5,4 2,1 0,3 3,6 59 11 0,16 0,00 0,00 0,40 0,20 .. 2,0 7,9
C3 186-200 122 850 18 10 1,86 5,4 1,5 0,3 2,5 58 17 0,06 0,00 0,00 0,35 0,22 .. 1,6 8,4
60
61
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
ILHA COMPRIDA - Perfil P24 – ESPODOSSOLO FERRILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa, fortemente drenado
A 0-18 142 816 32 10 26,65 4,8 1,4 0,2 3,8 35 15 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AE 18-32 136 842 12 10 6,20 4,8 1,0 0,1 1,5 67 9 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 32-78 128 860 2 10 0,93 5,2 0,9 0,1 0,9 100 6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 66-88 78 908 4 10 1,70 5,5 0,8 0,1 1,3 63 14 0,16 0,00 0,00 0,00 0,07 .. .. 24,7
Bs1 70-95 90 888 2 20 4,96 5,7 1,1 0,4 4,3 26 24 0,76 0,45 0,44 0,80 0,80 0,6 1,0 6,2
Bs2 84-144 220 768 2 10 2,01 6,0 1,1 0,2 2,4 48 13 0,79 0,50 0,52 0,43 0,41 0,7 1,0 4,9
C1 112-160 282 706 2 10 0,77 6,2 0,7 0,1 1,1 61 15 0,39 0,25 0,17 0,24 0,14 0,4 1,7 5,4
C2 143-180 154 820 16 10 0,46 6,0 0,7 0,1 0,8 88 16 0,36 0,23 0,09 0,18 0,00 0,2 .. ..
ILHA COMPRIDA - Perfil P25 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-14 168 798 24 10 12,66 5,2 1,2 0,1 2,2 54 5 0,21 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
A2 14-33 148 836 6 10 3,70 4,8 1,1 0,1 1,7 63 9 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 33-65 152 832 6 10 3,40 5,0 0,9 0,3 2,6 36 23 1,33 0,82 0,70 0,29 0,14 0,5 2,1 25,2
C1 65-103 102 886 2 10 1,85 5,6 0,8 0,2 1,7 49 19 0,79 0,47 0,41 0,27 0,13 0,5 2,1 14,5
C2 103-138 108 880 2 10 1,85 5,9 0,7 0,0 1,2 58 0 0,55 0,33 0,20 0,36 0,15 0,4 2,4 12,1
C3 138-201 74 914 2 10 1,54 6,2 0,7 0,2 1,1 61 23 0,49 0,25 0,10 0,38 0,13 0,2 2,9 11,8
C4 201-216 274 714 2 10 1,39 6,1 0,4 0,1 1,1 37 20 0,38 0,22 0,00 0,31 0,13 .. 2,4 10,8
ILHA COMPRIDA - Perfil P26 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, excessivamente drenado
A 0-27 434 544 2 20 4,01 4,8 0,9 0,0 1,1 87 3 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
AC 22-45 386 590 4 20 3,09 4,8 0,8 0,1 1,5 54 15 0,24 0,24 0,24 0,26 0,00 1,0 .. ..
C1 45-70 340 644 6 10 2,32 5,2 0,6 0,1 1,4 46 14 0,64 0,45 0,25 0,29 0,00 0,4 .. ..
C2 70-128 408 580 2 10 1,39 5,4 0,5 0,1 1,1 46 17 0,28 0,23 0,00 0,33 0,00 .. .. ..
C3 128-210 342 642 6 10 1,39 5,8 0,6 0,0 0,8 73 6 0,45 0,22 0,00 0,27 0,00 .. .. ..
CANANÉIA - Perfil P27 – ESPODOSSOLO HUMULÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-18 32 862 96 10 16,05 4,3 0,9 0,5 4,7 19 35 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EA 18-29 8 964 18 10 2,93 4,5 0,5 0,1 0,9 56 14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 29-94 12 970 8 10 0,93 5,4 0,5 0,0 0,6 87 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 84-109 14 956 20 10 1,54 5,2 1,1 0,0 1,1 98 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 90-115 16 788 116 80 23,15 5,2 1,7 1,9 14,6 12 52 0,00 0,00 0,00 0,89 1,13 .. 0,8 20,6
Bhm 99-160 14 852 94 40 38,59 3,9 1,6 2,4 28,8 6 60 0,00 0,00 0,00 3,34 4,04 .. 0,8 9,6
61
62
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(conclusão)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
CANANÉIA - Perfil P28 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa, bem drenado
A 0-21 14 920 56 10 5,71 4,1 0,5 0,3 2,5 18 39 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 21-126 8 952 30 10 0,93 5,0 0,2 0,0 0,6 38 5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bhs1 54-73 6 836 78 80 11,27 4,6 0,4 0,7 0,4 100 62 7,30 6,93 6,53 2,92 3,23 0,9 0,9 3,5
Bhs2 65-88 4 870 86 40 10,50 5,0 0,5 0,4 6,5 8 44 5,60 5,26 6,03 4,67 5,91 1,1 0,8 1,8
Bhs3 60-108 14 816 90 80 13,89 4,8 0,4 0,7 8,9 5 61 8,70 7,89 7,20 4,55 6,69 0,8 0,7 2,1
Bhs4 77-177 2 884 54 60 10,81 5,1 0,3 0,2 7,4 4 40 4,60 3,46 3,86 6,46 5,63 0,8 1,1 1,9
Bhs5 111-200 2 924 54 20 6,33 5,1 0,3 0,2 4,3 8 41 1,12 1,12 1,12 4,54 3,06 1,0 1,5 2,1
Bhs6 134-160 2 916 62 20 8,49 4,9 0,4 0,2 6,4 6 38 1,71 1,71 1,70 6,22 3,84 1,0 1,6 2,2
Bhs7 150-200 10 920 60 10 6,79 5,0 0,2 0,2 4,9 5 45 3,91 3,91 3,54 5,04 3,44 0,9 1,5 2,0
CANANÉIA - Perfil P29 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-14 24 734 202 40 64,52 ... ... ... ... ... ... 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 14-60 6 962 22 10 2,16 4,9 0,6 0,0 0,9 63 6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 47-70 8 854 98 40 36,12 3,8 1,4 3,4 21,4 7 71 0,00 0,00 0,00 1,06 1,30 .. 0,8 27,8
Bhm1 60-87 10 860 90 40 50,94 3,7 0,8 5,0 28,7 3 87 0,00 0,00 0,00 1,87 1,98 .. 0,9 25,7
Bhm2 87-104 16 908 56 20 18,52 4,4 0,2 0,0 12,8 1 0 0,00 0,00 0,00 2,17 2,30 .. 0,9 8,1
Bs 104-115 40 920 20 20 9,11 4,6 0,1 0,0 8,1 2 0 0,00 0,00 0,00 1,88 1,98 .. 0,9 4,6
CANANÉIA - Perfil P30 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
O 0-10 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 1,49 0,71 0,33 0,89 0,98 0,2 0,9 ..
A 10-18 26 798 156 20 33,50 4,1 0,5 0,5 6,3 8 51 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 18-40 2 962 26 10 2,78 4,9 0,4 0,0 0,9 39 8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bhg 33-44 4 770 146 80 33,03 3,7 0,3 2,9 17,0 2 90 0,08 0,00 0,00 0,82 0,75 .. 1,1 44,0
Bh 40-76 16 780 124 80 46,93 3,7 0,6 4,7 26,0 2 89 0,00 0,00 0,00 1,89 2,01 .. 0,9 23,3
Bhm 58-105 4 870 86 40 42,30 4,1 0,5 1,4 27,1 2 72 0,00 0,00 0,00 3,95 4,62 .. 0,9 9,2
62
63
Tabela 2.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(conclusão)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
C/
Al
p
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
CANANÉIA - Perfil P31 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A 0-23 20 904 66 10 22,85 4,7 1,2 0,9 7,6 16 42 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E 23-55 8 956 26 10 2,01 4,9 0,3 0,0 0,5 55 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bh 45-87 8 854 78 60 28,40 3,8 0,5 3,1 16,2 3 87 0,07 0,00 0,00 1,34 1,62 .. 0,8 17,5
Bhm 65-140 2 876 82 40 33,34 3,8 0,6 2,0 25,6 2 78 0,07 0,00 0,00 3,23 3,57 .. 0,9 9,3
Bs1 140-290 32 922 36 10 5,56 4,5 0,4 0,3 5,8 7 40 0,00 0,00 0,00 2,83 2,46 .. 1,1 2,3
Bs2 290-500 90 814 56 40 7,56 4,5 0,5 0,7 6,7 8 58 0,08 0,00 0,00 4,31 2,00 .. 2,2 3,8
Nota – Sinais convencionais utilizados:
... Dado numérico não disponível
.. Não se aplica dado numérico
1
Hor. = Horizonte
2
Prof. = Profundidade
3
AG = grossa (0,25 a 2 mm); AF = fina (0,05-0,25 mm); Arg = argila (<0,002 mm)
4
Fe
p
/Fe
d
= relação entre os teores de ferro extraídos com pirofosfato (Fe
p
) e ditionito-citrato (Fe
d
)
5
Al
o
/Al
p
= relação entre os teores de alumínio extraídos com oxalato (Al
o
) e pirofosfato (Al
p
)
6
C/Al
p
= relação entre carbono orgânico (C) e alumínio extraído por pirofosfato (Al
p
)
63
64
2.3 Considerações Finais
1. Os Espodossolos mais antigos (TRM de 9.250 anos) foram encontrados na seqüência da Ilha
de Cananéia, cujos sedimentos foram os de maior idade TL aqui registrados (271.000 anos).
Diferenciam-se dos demais pela presença comum de horizontes ortstein, de maior consistência,
conteúdo de carbono orgânico (C) e de alumínio ativo (Al
3+
, Al
o
e Al
p
);
2. Inversamente, aqueles mais recentes foram descritos e amostrados em Ilha Comprida,
condizente com a maior jovialidade de seus sedimentos (7.000 anos), de tal forma que uma
estreita relação entre idade dos sedimentos e os atributos morfológicos e químicos dos
Espodossolos. Nos mais jovens, os menores conteúdos de C e de todas as formas de Al (Al
3+
,
Al
o
, Al
p
) foram registrados. Em termos morfológicos são visivelmente contrastantes dos mais
antigos (Cananéia), seja pela menor espessura e desenvolvimento dos horizontes espódicos, seja
pela completa ausência de cimentação (ortstein);
3. Alguns milhares de anos são necessários para a cimentação dos horizontes Bh e formação de
ortstein. Assim, foram encontrados apenas em terraços marinhos supostamente pleistocênicos da
Formação Cananéia, tal como constatado por Moreira (2007) para o município de Bertioga, e, por
isso, podem ser considerados como indicadores litoestratigráficos edáficos das planícies costeiras
sedimentares do Quaternário na região sudeste do Brasil;
4. Na cronosseqüência de Bertioga, os Espodossolos mais antigos (Perfil P3; TRM de 4.800
anos), ao contrário dos mais jovens e próximos à praia, são bem drenados e apresentam grande
variabilidade espacial de seus atributos morfológicos. Horizontes ortstein, plácicos e espódicos
brandos com transição irregular são comuns, os quais, associados ao relevo e condições de
drenagem locais sugerem que o tempo condicionou processos diferenciados de morfopedogênese,
predominantemente relacionados à dinâmica sedimentar e às condições específicas de drenagem
nessa porção da paisagem;
5. É provável que os Espodossolos mais antigos, dotados de horizontes ortstein, sejam
paleossolos formados sob condições climáticas pretéritas e diferentes das atuais, de tal modo que
aqueles mais jovens e natural ou artificialmente submetidos a boas condições de drenagem, estão
visivelmente se desmantelando, sugerindo que
(a)
as condições edafoclimáticas atuais são
desfavoráveis à sua gênese, e
(b)
os mais desenvolvidos e antigos permanecem nas paisagens
devido ao hidromorfismo e/ou ao elevado grau de desenvolvimento que atingiram durante sua
65
evolução, com horizontes cimentados e/ou matéria orgânica mais estável, com maiores conteúdos
de carbono orgânico e alumínio comparativamente aos Espodossolos mais recentes;
6. A química da maioria dos solos (Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos) de Bertioga, Ilha
Comprida e Cananéia são típicas daqueles descritos para as áreas sob vegetação de restinga do
Estado de São Paulo: baixas soma e saturação por bases, extremamente a fortemente ácidos,
capacidade de troca de cátions dependente da matéria orgânica e saturada com Al trocável,
aumento do carbono orgânico em profundidade. Esses atributos refletem a influência tanto do
material de origem como do processo pedogenético predominante nesses ambientes: a
podzolização.
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71
3 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA
DO ESTADO DE SÃO PAULO: II. FRACIONAMENTO DO ALUMÍNIO POR MEIO DE
DISSOLUÇÕES SELETIVAS
Resumo
Apesar das modernas e sofisticadas técnicas disponíveis, procedimentos de extração
seletiva ainda são de considerável valor para a caracterização dos solos e para o entendimento dos
processos pedogenéticos, sobretudo em ambientes e solos pouco estudados, como as restingas e
os Espodossolos paulista e brasileiro. A aplicação de tais técnicas, a maioria rotineiramente
utilizada à caracterização de horizontes espódicos e Espodossolos, a um conjunto expressivo de
horizontes e perfis em cronosseqüências, são inéditos para esses ambientes e possibilitam
estabelecer comparações com aqueles intensivamente estudados sob clima temperado ou boreal.
Apesar das reconhecidas limitações dos procedimentos analíticos de dissolução seletiva, os aqui
utilizados foram relativamente seletivos e possibilitaram discriminar horizontes, inferir
componentes mineralógicos e processos atuantes ao conjunto de horizontes e perfis analisados.
Estes se situam nos municípios de Bertioga, Cananéia e Ilha Comprida (SP), onde foram abertos,
descritos e amostrados 31 perfis de solos sob vegetação de restinga, representativos das paisagens
locais. Dentre os resultados encontrados, destacam-se: NaOH 0,5 M à frio extraiu, em média, 22
a 30 % mais Al que os reagentes ditionito-citrato (Al
d
), oxalato (Al
o
) e pirofosfato (Al
p
) para todo
o conjunto de amostras. Em alguns horizontes espódicos bem drenados (Bs, Bhs, Bh e Bsm) as
condições químicas (pH) e as interações entre as diferentes técnicas (Al
n
-Al
o
; Al
o
-Al
p
; Al
p
/Al
o
;
Al
p
/Al
d
) propiciaram inferir sobre a formação e manutenção de compostos inorgânicos amorfos
de Al em detrimento da total complexação do elemento à matéria orgânica iluviada. Esta última
forma de Al predomina nos Espodossolos hidromórficos.
Palavras-chave: Ditionito-citrato; Oxalato; Pirofosfato; NaOH 0,5 M à frio; Solos sob vegetação
de restinga; Podzolização
72
3 Characterization and genesis of Spodosols on the São Paulo State sandy coastal plain: II.
Fractionation of aluminium by selective dissolution techniques
Abstract
In spite of modern and sophisticated techniques, procedures of selective dissolution are
still of considerable value for soil characterization and to the understanding of the pedogenetic
process, especially environments and soils poorly studied, as the coastal plain regions and
Spodosols of São Paulo State and Brazil. The application of this techniques commonly used for
characterization of spodic horizons and soil profiles for large amount horizons and soils studied
in cronossequences are rare for those environments and become possible to establish comparisons
with those intensively studied under boreal and temperate climatic. In spite of the recognized
limitations of all selective dissolution techniques these used procedures were relatively selective
and become possible
(a)
the differentiation of the horizons,
(b)
deduce mineralogical components
of soil, and
(c)
deduce pedogenetic process. The studied soils are situated in Bertioga, Cananéia
and Ilha Comprida counties, São Paulo State, where were opened, make the morphological
descriptions and sampled thirty-one pedons. The main results reached are: cold 0,5 M NaOH
extracted in average 22 to 30 % more Al than dithionite-citrate (Al
d
), oxalate ammonium (Al
o
)
and Na pyrophosphate (Al
o
) for all group of samples. In some well drained spodic horizons (Bs,
Bhs and Bsm) the chemical properties (pH) and the relationship among the different techniques
(Al
n
-Al
o
; Al
o
-Al
p
; Al
p
/Al
o
; Al
p
/Al
d
) allowed to deduce about the formation and maintenance of
low cristallinity Al minerals to the detriment of this element bounded to soil organic matter. This
last form of Al predominates in the hidromorphic Spodosols.
Keywords: Dithionite-citrate; Oxalate ammonium; Na pyrophosphate; Cold 0,5 M NaOH;
Podzolization
73
3.1 Introdução
Procedimentos de extração seletiva, envolvendo reagentes como pirofosfato de sódio
alcalino, oxalato ácido de amônio e ditionito-citrato-bicarbonato (ou ditionito-citrato) têm sido
amplamente utilizados no entendimento de processos pedogenéticos de muitos solos (BLUME;
SCHWERTMANN, 1969). Estudos dessa natureza são úteis e muitas vezes suficientes e
contundentes na avaliação da (i)-mobilização de compostos orgânicos de Al e Fe (SAUER et al.,
2007) e inorgânicos de Si, Al e Fe (ANDERSON et al., 1982), bem como nos estudos de
translocação de vários elementos durante o processo de podzolização (SKJEMSTAD et al.,
1992a) e descrição do grau desenvolvimento dos espodossolos e solos afins (MOKMA;
BUURMAN, 1982; BARRETT; SCHAETZAL, 1992; LUMDSTRÖM; van BREEMEN; BAIN,
2000; GOMES, 2005; JANSEN; NIEROP; VERSTRATEN, 2005).
A despeito de muitos avanços na aplicação de modernas técnicas na caracterização dos
solos e argilas, tais procedimentos analíticos ainda são de considerável valor (PATERSON;
CLARK; BIRNIE, 1993). Exemplo disso é o recente trabalho de García-Rodeja et al. (2004), os
quais utilizaram várias técnicas de dissoluções seletivas a fim de avaliar o fracionamento de Al
em solos europeus sob influência vulcânica. A utilidade desses métodos, no entanto, é limitada,
quer pela existência, na maioria dos solos, de um “continuum” entre componentes de baixo grau
de cristalinidade até cristalinos (GARCÍA-RODEJA, et al., 2004), quer devido a mais débil
tendência do Al formar oxidróxidos, comparativamente ao Fe (SHOJI; FUJIWARA, 1984;
KAISER; ZECH, 1996; GARCÍA-RODEJA, et al., 2004).
Todas as relevantes limitações dos métodos devem ser consideradas na interpretação do
significado dos resultados que utilizam extrações seletivas em estudos de mecanismos de
podzolização ou para fins de classificação taxonômica (MAcKEAGUE; DAY, 1966). O DCB,
por exemplo, é um extrator efetivo para óxidos de ferro livre nos solos sem discriminação de
fases (MEHRA; JACKSON, 1960; FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983), mas extrai parcialmente
aluminossilicatos não cristalinos (FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983) e gibbsita, não devendo
ser utilizado para formas de Al (GARCÍA-RODEJA, et al., 2004) uma vez que a fração
dissolvida pelo extrator não é bem definida para tal elemento (FARMER; RUSSEL; SMITH,
1983). Isso é corroborado nos trabalhos de Farmer, Russel e Smith (1983) e Paterson, Clark e
Birnie (1993), os quais determinaram que ditionito foi menos efetivo na extração de Al e Si do
74
que o oxalato em muitos solos, particularmente no horizonte B (PATERSON, CLARK; BIRNIE,
1993). Este último extrator é o mais efetivo para formas de Fe, Al e Si em horizontes espódicos
(FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983).
Alumínio oxalato é considerado representar a soma do Al presente na alofana (PARFITT;
HENMI, 1982; KODAMA; ROSS, 1991) e em alguma imogolita, em complexos orgânicos
(MAcKEAGUE; DAY, 1966; MAcKEAGUE; BRYDON; MILES, 1971; PARFITT; HENMI,
1982; KODAMA; ROSS, 1991; GARCÍA-RODEJA, et al., 2004) e, em menores conteúdos, pode
representar o elemento substituído na estrutura de óxidos de ferro de baixa cristalinidade
(PARFITT; HENMI, 1982; PARFITT; CHILDS, 1988), bem como pode extrair uma pequena
fração do elemento da gibbsita (PARFITT; CHILDS, 1988; KODAMA; ROSS, 1991) e do Al-
hidróxi entrecamada de argilas silicatadas 2:1 (FARMER et al., 1988; IYENGAR; ZELAZNY;
MARTENS, 1981; SHOJI; FUJIWARA, 1984). Para determinados solos representa o “pool” de
Al lábil, com potencial para regular a solubilidade do elemento na solução do solo
(TAKAHASHI; FUKUOKA; DAHLGREN, 1995), bem como proporciona uma razoável
estimativa do total de Al translocado no perfil (CHILDS; PARFITT; LEE, 1983). Fe oxalato
relaciona-se à dissolução total ou parcial de ferridrita, lepdocrocita, maghemita e magnetita
(FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983), além do elemento complexado à matéria orgânica
(McKEAGUE; BRYDON; MILES, 1971), o que complica a interpretação do conteúdo do ferro
extraído com oxalato em alguns solos (BARIL; BITTON, 1969). No entanto, é a melhor técnica
de dissolução seletiva de rotina para quantificar ferridrita nos solos, e seu uso deve ser encorajado
para tal fim (PARFFT; CHILDS, 1988), bem como possibilita estimar, razoável e
quantitativamente, a alofana em Espodossolos e outros solos com ocorrência deste mineral
(PARFITT; HENMI, 1982; FARMER et al., 1984).
Uma questão, ainda o resolvida, refere-se à qual extrator proporciona a melhor
estimativa do Al e Fe complexados à matéria orgânica, importante nas considerações acerca da
gênese dos solos (McKEAGUE; SHELDRICK, 1977). Pirofosfato de sódio 0,1 M tem sido
utilizado como um extrator seletivo para Al e Fe em complexos orgânicos nos solos
(MAcKEAGUE, 1967; CHILDS; PARFITT; LEE,, 1983; FARMER; RUSSEL; SMITH; , 1983;
SHOJI; FUJIWARA, 1984). Como tais elementos estão predominantemente associados à matéria
orgânica nos horizontes espódicos, pirofosfato é geralmente considerado o melhor extrator para
materiais amorfos nesses horizontes (MOKMA, 1983). No entanto, nem todo o Al extraído nesta
75
forma é necessariamente associado à matéria orgânica (BASCOMB, 1968; MAcKEAGUE;
SCHUPPLI, 1982).
A interpretação do extrato pirofosfato, particularmente com relação ao Fe, tem sido tema
de debates contínuos desde que Higashi, De Coninck e Gelaude (1981) e Jeanroy e Guillet (1981)
demonstraram que tanto formas orgânicas como inorgânicas de Fe de baixo grau de cristalinidade
podem ser simultaneamente extraídos pelo extrator (PATERSON; CLARK; BIRNIE, 1993). No
entanto, McKeague, Brydon e Miles (1971) trabalhando com complexos sintéticos mostraram
que Fe extraído por pirofosfato é, em grande parte, orgânico. Fato também constatado por
Farmer, Russel e Smith (1983) em amostras de imogolita e proto-imogolita sintéticas, bem como
de horizonte espódico (Bs) com baixo conteúdo de carbono (0,7%). Segundo os autores, o
pirofosfato foi seletivo para complexos orgânicos de Al e Fe e os discrimina efetivamente de
formas inorgânicas. Os autores acrescentam que em horizontes espódicos mais ricos em matéria
orgânica dos que eles estudaram, pirofosfato pode pipetizar óxidos de ferro cristalinos
(JEANROY; GUILLET, 1981), e em solos mais ricos em argila, o extrator promove sua
dispersão (MAcKEAGUE, 1967).
Em trabalho mais recente Kaiser e Zeck (1996) afirmaram que o extrator pirofosfato não
deveria mais ser utilizado para estimar metais em complexos húmicos. Segundo os autores, tanto
o conteúdo de Fe como de Al associados à matéria orgânica podem ser superestimados,
enfatizando que Al extraído com pirofosfato não pode ser atribuído unicamente à associação do
elemento à fração húmica do solo, mas também a dissolução alcalina de gibbsita e a peptização
(dispersão) de hidróxidos de Al associados à matéria orgânica neles adsorvida. Em vista da
comprovada falta de seletividade do extrator pirofosfato para determinados solos e horizontes,
tem-se sugerido que, para a adequada caracterização do Al complexado à matéria orgânica,
extratores não tamponados de cloro, como CuCl
2
(HARGROVE; THOMAS,1981) e LaCl
3
(BLOOM; McBRIDE; WEAVER, 1979) podem dar melhores resultados (OATES;
KAMPRATH, 1983).
O objetivo desta pesquisa foi utilizar diferentes extratores a fim de investigar suas
habilidades e especificidades na extração de formas de Al nos solos estudados e, com isso,
caracterizá-los, inferir processos pedogenéticos e componentes mineralógicos. A abordagem será
de extrair e determinar o conteúdo de Al de amostras de solos com soluções rotineiramente
utilizadas para fins de caracterização de horizontes espódicos e classificação dos Espodossolos,
76
tais como DC, oxalato e pirofofato. NaOH 0,5 M à frio foi também utilizado e avaliado na
extração de formas de Al inorgânico e complexado à matéria orgânica.
3.2 Desenvolvimento
3.2.1 Material e Métodos
3.2.1.1 Meio Físico
Foram coletadas amostras e descritos perfis em três municípios do litoral do Estado de
São Paulo: Bertioga, Cananéia (Ilha de Cananéia) e Ilha Comprida. A Figura 3.1 mostra suas
localizações no litoral paulista. O clima do litoral do Estado de São Paulo é do tipo Af, segundo a
classificação climática de Köppen, com precipitação média anual de 1800 a 2000 mm e médias
de temperaturas mínimas de 19º C e de temperaturas máximas de 27
o
C (MELO; MANTOVANI,
1994; estação metereológica da Ilha do Cardoso, município de Cananéia - SP). Temperaturas
médias de 21,9
o
C foram registradas para o município de Santos (QUEIROZ NETO; KÜPPER,
1965) e variações de precipitação pluviométrica entre 2.400 a 4.600 mm para o município de
Bertioga, esta última uma das mais elevadas do país (AGEM, 2003).
A geologia dos locais estudados é composta por sedimentos arenosos quaternários de
origem marinha (PETRI; FÚLFARO, 1970; SUGUIO; MARTIN, 1978). Neles se desenvolveram
uma vegetação genericamente denominada de vegetação de restinga, característica das zonas
costeiras (SUGUIO; TESSLER, 1984), cujos solos predominantes pertencem às classes dos
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos (OLIVEIRA; JACOMIME; CAMARGO, 1992), sendo
que muitas vezes esses últimos apresentam incipiente processo de podzolização (GOMES, 2005).
77
Figura 3.1 – Localização dos municípios de Bertioga, Cananéia e Ilha Comprida no litoral do Estado de São Paulo
3.2.1.2 Trabalhos de Campo
Os trabalhos de campo consistiram em tradagens, observações de barrancos e mini-
trincheiras a fim de selecionar os locais de amostragem. Estes consistiram de 31 perfis de solos
representativos das paisagens locais. A localização dos perfis e a classificação detalhada dos
solos estudados são apresentados no segundo capítulo deste trabalho. Vinte e sete perfis são
Espodossolos e quatro foram classificados como Neossolos Quartzarênicos. No município de
Bertioga, treze perfis foram coletados em cronosseqüência (bacia do rio Itapanhaú), três distante
dos anteriores (bacia do rio Itararé). Em Cananéia (5 perfis) e Ilha Comprida (10 perfis) os solos
foram descritos e amostrados longitudinalmente às ilhas, todos sob vegetação alta ou baixa de
restinga. Os perfis foram descritos e amostrados conforme Santos et al. (2005) e os solos
classificados segundo EMBRAPA (2006).
Cananéia
Litoral Sul
OCEANO
ATLÂNTICO
Litoral Central
Baixada Santista
Litoral Norte
Ilha
Comprida
Ilha de Cananéia
Bertioga
N
Iguape
Cananéia
78
3.2.1.3 Análises Laboratoriais
No laboratório, as amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas com um martelo de
borracha, quando necessário, e passadas em peneira n.
o
10 (malha de 2mm), obtendo a fração terra
fina seca ao ar, onde foram realizadas as análises químicas. O pH foi determinado em água
(potenciômetro) utilizando relação solo:solução (peso) 1:2,5 após agitação e repouso de 1 hora. O
conteúdo de carbono orgânico (Corg) foi determinado por oxidação com dicromato de potássio,
segundo metodologia proposta por EMBRAPA (1997); para carbono total (Ctotal) utilizou-se um
Analisador LECO CNH 1000. Houve um bom ajuste das curvas entre Corg e Ctotal (r = 0,96; P <
0,0001; n = 260). Devido às melhores correlações entre Corg e os demais dados aqui utilizados,
este foi preferencialmente utilizado.
Foram os seguintes procedimentos de dissolução seletiva para extração de Al e Fe:
a) Extração com NaOH 0,5 M (Al
n
): relação solo:solução 1:100 e agitando por 16 horas.
A suspensão foi centrifugada por 15 minutos a 2.500 rpm após adição de quatro gotas de
“suplerfoc” 0,2% (BORGGAARD, 1985). O subrenadante foi filtrado através de papel de filtro
lavado em ácido (7-11µm de diâmetro de poro);
b) Extração com oxalato ácido de amônio de acordo com Buurman, Lagen e Velthorst
(1996): relação solo:solução de 1:50, agitando por 4 horas no escuro. A suspensão foi
centrifugada por 15 minutos a 2.500 rpm, com quatro gotas de “superfloc” e o sobrenadante
filtrado como descrito acima;
c) Extração com pirofosfato de sódio 0,1 M (pH 10): relação solo:solução 1:100, agitando
por 16 horas (BUURMAN; LAGEN; VELTHORST, 1996). Após adição de quatro gotas de
“superfloc”, procedeu-se a centrifugação e filtragem conforme os procedimentos descritos acima.
d) Extração com ditionito-citrato de sódio (DC): relação solo:solução 1:125, agitando por
16 horas, segundo metodologia proposta por Holmgren (1967). Os procedimentos seguintes
foram semelhantes aos acima relatados.
Alumínio e ferro nos extratos foram determinados por espectroscopia de absorção
atômica. Os resultados apresentados para esses elementos representam a média das análises
realizadas em duplicata que diferiram entre si em menos que 10%.
79
3.2.2 Resultados e Discussão
A fim de corretamente utilizar os diferentes procedimentos de dissoluções seletivas no
entendimento dos mecanismos de podzolização ou para fins de classificação taxonômica e
estimativa dos constituintes mineralógicos, é necessário avaliar a habilidade dos extratores, suas
relações, eficiência e limitações na remoção de Fe e Al nos Espodossolos e Neossolos estudados,
o que será discutido nos itens subseqüentes para o elemento Al devido à sua predominância na
composição química da fração coloidal, o qual, juntamente ao carbono orgânico (Corg), são os
principais responsáveis pela formação da maioria dos Espodossolos das áreas de restinga
analisadas.
3.2.2.1 Relação entre Extratores para o Conjunto de Amostras
As diferentes formas de Al extraídas com DC, oxalato, pirofostato e hidróxido de sódio
são correlacionadas entre si. Do exame da Tabela 3.1 verifica-se que Al extraído com oxalato
ácido de amônio é o que melhor se correlaciona aos demais extratores, cujo maior coeficiente de
correlação é observado com NaOH 0,5 M. Similares conteúdos extraídos por oxalato e NaOH
também foram constatadas tanto por Farmer, Russel e Smith (1983) para horizonte espódico Bs,
como por García-Rodeja et al. (2004) para horizontes superficiais de Andosolos europeus,
indicando, segundo os autores, que os solos estudados apresentavam baixos conteúdos de Al
cristalino (GARCÍA-RODEJA et al., 2004) e que uma distinta fração reativa foi removida pelos
extratores (FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983).
Tabela 3.1 Coeficientes de correlação linear do momento do produto Pearson para o conjunto de dados referentes
ao Al extraído com NaOH 0,5 M (Al
n
), ditionito-citrato (Al
d
), oxalato ácido de amônio (Al
o
) e
pirofosfato de sódio (Al
p
) (P<0,0001)
Al
n
1
Al
d
Al
o
Al
p
4
Formas de Al
Coeficientes de correlação
Al
n
.. 0,86 0,97 0,90
Al
d
0,86 .. 0,90 0,93
Al
o
0,97 0,90 .. 0,93
Al
p
0,90 0,93 0,93 ..
Nota – Sinais convencionais utilizados:
.. Não se aplica dado numérico
80
Uma vez que NaOH dissolve gibbsita, filossilicatos 1:1 de baixo grau de cristalinidade
(WADA, 1980), bem como cristalinos, como caulinita (KODAMA; ROSS, 1991) e
considerando-se que tanto DC, como pirofosfato e oxalato, juntamente com NaOH 0,5 M tem
sidos mencionados dissolver complexos organo-metálicos dos solos (WADA, 1977), a boa
correlação e proximidade dos valores de Al entre todos os extratores sugerem:
(a)
a relativa
uniformidade da assembléia mineralógica da exígua fração argila (inferior 20 g kg
-1
; dados não
mostrados) dos solos estudados; e, sobretudo,
(b)
a dominância de Al na forma de complexos
organo-metálicos em detrimento da presença do elemento na forma mineral (cristalina ou não),
característico de Espodossolos e solos afins das áreas de restingas brasileiras (GOMES et al.,
1998; GOMES, 2005), além da
(c)
relativa especificidade dos extratores para Al, removendo a
denominada fração reativa dos solos, tal como relatado por Farmer, Russel e Smith (1983). No
entanto, a Figura 3.2 mostra que a equação de regressão entre Al
n
e Al
o
caiu próxima a da linha
1:1 e que os pontos que mais se afastam da reta se situam abaixo da linha de regressão, sugerindo
que formas minerais de Al também ocorrem em determinados horizontes e perfis estudados, o
que será discutido posteriormente.
Figura 3.2 Relação entre Al extraído por NaOH (Al
n
) e oxalato (Al
o
). Linha de regressão e equação para todas as
amostras com valores de Al diferentes de zero
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0
Al
n
(g kg
-1
)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
Al
o
(g kg
-1
)
Al
o
= -0,05 + 0,82*Aln
r = 0,97; P < 0,0001
n = 177
1:1
81
Lee, Yuan e Carlisle (1988) estudando Espodossolos da Flórida encontraram que NaOH
dissolveu os maiores conteúdos de Al, enquanto pirofosfato extraiu o menor, com valores
intermediários para Al
o
. Os autores atribuíram esses resultados ao fato de que NaOH pode
dissolver gibbsita e constituintes minerais pouco cristalinos, enquanto pirofosfato é assumido ser
específico para complexos organo-metálicos. Apenas parcialmente esses resultados são aqui
reproduzidos.
Figura 3.3 – Relação entre Al extraído com NaOH (Al
n
) e o conteúdo de Al extraído por NaOH mas não por ditionito
(Al
n
-Al
d
), oxalato (Al
n
-Al
o
) e pirofosfato (Al
n
-Al
p
). Foram incluídos apenas horizontes com valores de
Al diferentes de zero e aqueles com diferença positiva ou nula entre os extratores
Nos solos estudados o NaOH 0,5 M geralmente extraiu mais Al que os outros extratores,
tal como encontrado por Lee, Yuan e Carlisle (1988). Na Figura 3.3 se observa que Al
n
aumenta
com o aumento das diferenças entre Al
n
-Al
d
, Al
n
-Al
o
, Al
n
-Al
p
, sendo que Al
o
, Al
d
e Al
p
representam, em média, cerca de 78%, 76% e 70% respectivamente do Al
n
(dados não
mostrados). No entanto, em poucos horizontes (6,0% dos horizontes - 16 amostras dentre 273
analisadas) os efeitos redutor e complexante do DC e oxalato respectivamente, bem como o efeito
quelante do pirofosfato, sobrepuseram-se à dissolução do Al pelo NaOH (PANSU;
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0
Al
n
(g kg
-1
)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
Al
n
-Al
o
; Al
n
-Al
p
; A
n
-Al
d
(g kg
-1
)
Al
n
-Al
o
= 0,07+ 0,18*Al
n
; r = 0,65; P < 0,0001; n=177
Al
n
-A
p
= -0,12 + 0,42*Al
n
; r = 0,85; P < 0,0001; n=161
Al
n
-Al
d
= -0,20 + 0,44*Al
n
; r = 0,82; P < 0,0001; n=165
Al
n
-Al
o
Al
n
-Al
p
Al
n
-Al
d
Al
n
-Al
o
Al
n
-Al
p
Al
n
-Al
d
82
GAUTHEYROU, 2006; Al
n
-Al
d
, Al
n
-Al
o
e Al
n
-Al
p
<0,81g kg
-1
). Isso se deu predominantemente
em alguns horizontes Bh e Bhm, possivelmente devido à maior polimerização das formas de Al,
efeito tampão desses horizontes espódicos ou contribuição de constituintes de maior solubilidade
em tais extratores em relação ao NaOH, embora não se observou relação entre conteúdos de Al,
carbono, valores de pH e outros atributos químicos entre as referidas amostras e as demais
analisadas. Pequenas diferenças entre extratores (<10%) foram encontradas para algumas
amostras, cujos valores no extrato NaOH, ligeiramente inferiores aos demais reagentes, foram
desconsiderados devido aos erros metodológicos inerentes às análises em questão. Assim, tais
amostras foram consideradas semelhantes na capacidade de extração de Al.
A Figura 3.4 mostra a correlação e a equação de regressão entre os conteúdos de Al
extraídos por pirofosfato e aqueles extraídos com oxalato e DC de todos os horizontes e solos
aqui estudados. A remoção de conteúdos similares entre os extratores foi constatado
anteriormente, bem como relatado por Jarvis (1986) para horizontes superficiais de solos sob
pastagens permanentes e Gomes (2005) para Espodossolos sob vegetação de restinga próximos à
área estudada (Ilha do Cardoso). No entanto, os valores médios, mínimos e máximos da relação
Al
p
/Al
o
, respectivamente 0,91; 0,24 e 3,14, mostram que pirofosfato extrai mais que oxalato e
isso se para um número significativo de amostras (64 dentre 172 amostras analisadas com
relação Al
p
/Al
o
diferente de zero). Fato semelhante ocorre para a relação Al
p
/Al
d
(valores médios,
mínimos e máximos de 0,92; 0,02 e 2,90, respectivamente). Esses resultados evidenciam à falta
de especificidade dos extratores para Al: seja do pirofosfato para formas do elemento associadas
à matéria orgânica, as quais podem incluir óxidos (SOON, 1993), tal como relatado por vários
autores (BASCOMB, 1968; HIGASHI; DE CONINCK; GELAUDE, 1981; MAcKEAGUE;
SCHUPPLI, 1982; PAGÉ; KIMPE, 1989; SOON, 1993; KAISER; ZECK, 1996; SAUER et al.,
2007), seja do oxalato (IYENGAR; ZELAZNY; MARTENS, 1981; SHOJI; FUJIWARA, 1984;
FARMER et al., 1988; SKJEMSTAD et al., 1992a) ou ditionito (FARMER; RUSSEL; SMITH,
1983; GARCÍA-RODEJA, et al., 2004).
83
Figura 3.4 Relação entre os extratores DC, pirofosfato e oxalato para todos os horizontes dos perfis analisados.
Utilizaram-se apenas valores diferentes de zero
A inespecificidade do reagente oxalato foi constatada por Skjemstad et al., (1992a) ao
estudar Espodossolos da costa australiana e é provável que se reproduza aqui. Os autores
argumentaram que relações A
p
/Al
o
maiores que 1,0 podem acontecer nesses solos devido ao
extrator não ser apto para extrair Al de complexos orgânicos insolúveis em meio ácido de certos
horizontes. Essas frações insolúveis em meio ácido podem ser interpretadas como humina e ácido
húmico (MOKMA; BUURMAN, 1982), sendo que, este último corresponde a mais de 90% dos
horizontes Bhm e muitos Bh de Espodossolos de planícies costeiras tropicais e subtropicais, tal
como genericamente relatado por vários autores (HOLZHEY; DANIELS; GAMBLE, 1975;
FARMER; SKJEMSTAD; THOMPSON, 1983; GOMES et al., 1988) e observado em horizontes
espódicos de alguns Espodossolos aqui estudados (LOPES et al., 2008).
3.2.2.2 Relação entre Extratores para os Horizontes Espódicos
A Tabela 3.2 mostra os atributos químicos selecionados para o conjunto dos horizontes
espódicos estudados. Alguns dados e interpretações acima relatados devem ser considerados em
relação àqueles mostrados na Tabela 3.2, à presença de constituintes inornicos pouco
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Al
p
(g kg
-1
)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
Al
d
; Al
o
(g kg
-1
)
Al
d
= 0,14 + 0,89*Al
p
; r = 0,93, P < 0,0001; n = 177
Al
o
= -0,003 + 1,16*Al
p
; r = 0,93; P < 0,0001; n = 177
Al
d
Al
o
84
cristalinos nas amostras estudadas, bem como à especificidade dos extratores, como veremos a
seguir.
Os baixos valores de pH em água dos horizontes B espódicos (Tabela 3.2), com valores
médios, mínimos e máximos, respectivamente, de 4,51; 3,13 e 5,97 encontram-se, em média,
abaixo daqueles mínimos considerados adequados à formação de alofana e imogolita, condições
ácidas essas favoráveis à dominância de complexos Al-húmus em detrimento de compostos
inorgânicos pouco cristalinos (SHOJI et al., 1982; SHOJI; FUJIWARA, 1984). García-Rodeja et
al. (2004) comentam que em valores de pH < 4,9 a complexação do Al pela matéria orgânica
exerce um efeito anti-alofânico, não deixando algum Al disponível para formar alofana e
imogolita. No entanto, o pH máximo (5,97) e a observação de alguns horizontes Bs, Bhs, Bsm e
Bh selecionados (Tabela 3.3), cujos valores de pH se aproximam ou mesmo extrapolam 4,9, o
que, aliado as suas relações Al
o
/Al
d
e Al
p
/Al
o
, sugerem que as condições químicas são favoráveis
e houve formação de silicatos pouco cristalinos nesses horizontes espódicos, situados nas porções
inferiores de perfis bem drenados. Em tais horizontes, a relação Al
p
/Al
o
foi sempre inferior a uma
unidade, com valores mínimos e máximos de 0,34 e 0,92 (Tabela 3.3), respectivamente, estando
dentre os menores aqui analisadas (Tabela 3.2). Ao contrário, Al
o
/Al
d
situou-se acima de uma
unidade para os mesmos horizontes (Tabela 3.3). Relações semelhantes foram descritas por
Farmer, Russel e Smith (1983) para horizonte Bs e por Childs, Parfitt e Lee (1983) para
horizontes Bh e Bs de Espodossolos cuja fração argila continha alofana e imogolita. Segundo
esses autores, essas relações ocorrem devido ao oxalato ser mais efetivo na extração de formas
inorgânicas pouco cristalinas de Fe, Al e Si nos horizontes espódicos, enquanto pirofosfato é
mais seletivo para complexos ornicos e remove pequenos conteúdos de Fe, Al e Si dos solos.
Por outro lado, DC reconhecidamente dissolve eficientemente óxidos de Fe livre, mas extrai
apenas parcialmente alofana e imogolita (FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983; SHOJI;
FUJIWARA, 1984) e outros silicatos pouco cristalinos; daí as relações Al
p
/Al
o
< 1 e Al
o
/Al
d
>1
em alguns horizontes dos Espodossolos aqui estudados e aqueles relatados por Childs, Parfitt e
Lee (1983) e Farmer, Russel e Smith (1983) serem indicativas da presença de amorfos
inorgânicos.
85
Tabela 3.2 – Dados químicos referentes aos horizontes B espódicos estudados
(continua)
Perfil Hor. Prof. pH Corg
1
Al
n
2
Al
d
3
Al
o
4
Al
p
5
Fe
d
3
Al
o
/
Al
d
6
Al
p
/
Al
o
7
Fe
o
/
Fe
d
8
cm -------------------------g kg
-1
-------------------------
2 Bhs1 67-90 4,8 5,98 1,46 1,46 1,33 1,23 3,77 0,91 0,93 0,99
2 Bhs2 74-116 4,9 9,76 4,40 2,51 3,96 3,65 2,42 1,58 0,92 1,52
2 Bhs3 116-140 5,0 8,81 5,60 2,35 4,61 5,33 1,82 1,96 1,16 1,68
2 Bhs4 114-128 4,9 12,91 7,10 3,66 5,55 7,89 3,29 1,52 1,42 1,39
2 Bhs5 128-153 5,1 4,41 3,60 1,71 3,47 2,25 0,85 2,03 0,65 1,39
2 Bhs6 126-152 5,2 6,30 5,05 2,31 4,44 2,88 1,32 1,92 0,65 1,19
2 Bhs7 140-200 5,3 4,41 4,52 1,62 4,13 2,40 0,63 2,55 0,58 1,14
2 plácico .. 5,4 8,18 8,51 2,23 8,18 6,47 0,00 3,67 0,79 ..
3 Bh1 82-119 4,3 19,69 1,73 1,70 1,45 1,49 0,00 0,85 1,03 ..
3 Bh2 107-125 4,5 11,51 1,03 1,03 0,89 0,86 0,00 0,87 0,96 ..
3 Bh3 135-170 4,5 11,81 0,91 0,90 0,73 0,81 0,00 0,81 1,11 ..
3 Bhm1 89-125 4,2 36,52 3,44 3,44 3,11 3,27 0,00 0,90 1,05 ..
3 Bhm2 120-142 4,7 22,72 6,54 4,87 4,44 4,83 0,00 0,91 1,09 ..
3 Bs1 107-125 4,8 5,45 1,13 0,96 0,87 0,86 0,00 0,91 0,98 ..
3 Bs2 125-180 5,2 4,24 3,47 1,76 3,21 1,91 0,16 1,83 0,59 0,75
3 Bsm1 122-144 4,6 19,99 3,00 2,91 2,64 2,87 0,09 0,91 1,09 0,61
3 Bsm2 153-180 5,2 8,18 6,63 2,80 6,17 3,20 0,09 2,20 0,52 ..
3 Bsm3 132-170 4,7 11,00 4,63 3,38 4,05 2,82 0,00 1,20 0,70 ..
3 Bsm4 157-180 4,8 15,70 4,89 3,60 4,45 3,20 0,19 1,24 0,72 0,95
3 plácico .. 4,1 35,90 4,08 3,67 3,83 3,99 0,24 1,04 1,04 0,79
4 Bh 59-82 3,9 44,66 2,82 2,54 2,90 3,63 0,00 1,14 1,25 ..
4 Bhm1 95-137 3,6 31,55 4,81 4,34 4,75 3,95 0,21 1,09 0,83 0,87
4 Bs 130-160 4,9 5,47 1,57 1,04 1,39 0,78 0,28 1,33 0,56 0,91
5 Bhg 57-75 4,0 10,70 0,98 0,95 0,87 0,95 0,15 0,91 1,09 1,00
5 Bh1 52-75 4,0 26,44 3,32 3,03 3,17 2,87 0,00 1,04 0,91 ..
5 Bh2 63-80 3,9 33,37 3,83 3,44 3,04 3,51 0,00 0,88 1,15 ..
5 Bh3 55-95 4,2 26,44 4,47 4,00 4,14 4,70 0,20 1,03 1,14 1,02
5 Bh4 126-150 4,4 32,11 10,76 10,33 10,45 8,16 0,55 1,01 0,78 0,85
5 Bh5 73-112 4,2 27,39 7,59 7,59 7,42 7,31 1,51 0,98 0,99 0,73
5 Bs1 78-101 4,7 12,59 10,08 4,98 8,57 5,69 5,43 1,72 0,66 1,26
5 Bs2 82-85 4,8 5,35 7,56 2,16 6,49 3,65 0,41 3,00 0,56 1,12
5 Bs3 95-126 4,6 10,07 9,45 3,47 7,86 5,07 2,76 2,27 0,65 1,20
5 Bs4 85-180 4,4 16,37 9,11 8,03 7,45 6,44 1,76 0,93 0,86 0,90
5 Bs5 130-150 4,8 3,15 7,81 1,24 5,77 1,98 0,37 4,65 0,34 0,96
5 Bs6 54-120 4,6 23,30 19,41 12,57 16,30 10,55 2,77 1,30 0,65 1,24
5 Bs7 155-180 4,7 13,85 11,84 5,63 10,62 7,23 0,77 1,89 0,68 1,14
5 plácico .. 4,6 15,74 10,21 8,01 10,10 7,53 16,10 1,26 0,75 0,96
6 Bhg 153-156 4,5 7,56 0,32 0,30 0,29 0,32 0,00 0,97 1,10 ..
6 Bh1 156-165 3,8 39,04 1,87 1,83 1,79 1,83 0,00 0,98 1,02 ..
6 Bhm1 156-205 3,8 51,00 2,65 2,46 2,38 2,43 0,00 0,97 1,02 ..
6 Bhm2 158-205 3,9 38,41 3,05 2,85 2,75 3,03 0,00 0,96 1,10 ..
6 Bh2 165-205 4,2 15,74 1,77 1,75 1,75 1,87 0,00 1,00 1,07 ..
7 Bh1 26-37 4,2 11,65 0,73 0,73 0,52 0,68 0,00 0,71 1,30 ..
7 Bh2 37-59 3,7 10,39 1,28 1,17 0,88 0,96 0,00 0,75 1,09 ..
7 Bs 59-74 3,1 5,67 0,99 0,93 0,74 0,69 1,78 0,79 0,94 0,77
8 Bh1 36-42 4,2 17,31 0,96 0,96 0,85 0,85 0,07 0,88 1,01 0,46
8 Bh2 42-82 3,6 21,41 1,32 1,64 1,04 1,25 0,11 0,64 1,20 ..
8 Bhs 53-93 3,4 10,39 1,51 1,59 1,09 1,07 0,33 0,68 0,98 0,83
8 Bs 93-114 3,6 4,41 0,90 0,70 0,57 0,56 0,25 0,81 0,98 0,95
9 Bhm 46-89 3,8 27,70 2,50 2,31 1,91 2,18 0,11 0,83 1,14 ..
9 Bh2 89-106 4,1 10,70 1,46 1,34 1,26 1,26 0,00 0,94 1,00 ..
86
Tabela 3.2 – Dados químicos referentes aos horizontes B espódicos estudados
(continuação)
Perfil Hor. Prof. pH Corg
1
Al
n
2
Al
d
3
Al
o
4
Al
p
5
Fe
d
3
Al
o
/
Al
d
6
Al
p
/
Al
o
7
Fe
o
/
Fe
d
8
cm -------------------------g kg
-1
-------------------------
10 Bh1 83-103 3,9 15,11 0,80 0,73 0,21 0,66 0,00 0,29 3,14 ..
10 Bh2 90-117 4,1 19,52 1,36 1,34 0,78 1,23 0,12 0,58 1,58 ..
10 Bhm 117-150 4,1 18,57 1,45 1,45 0,84 1,38 0,00 0,58 1,64 ..
11 Bh1 122-140 4,7 5,04 0,46 0,43 0,25 0,41 0,00 0,59 1,62 ..
11 Bh2 140-160 4,5 5,35 1,11 1,03 0,85 0,92 0,00 0,83 1,08 ..
14 Bh 43-71 4,4 6,09 0,43 0,58 0,43 0,44 1,29 0,75 1,02 1,21
14 Bs1 56-81 4,9 3,28 0,46 0,54 0,45 0,45 1,11 0,83 1,00 0,75
14 Bs2 65-110 5,2 2,19 0,50 0,50 0,49 0,39 1,06 0,98 0,80 0,94
15 Bh1 305-330 4,4 9,37 0,68 0,68 0,43 0,65 0,00 0,64 1,51 ..
15 Bhm 340-360 4,3 13,43 1,01 1,15 0,89 1,09 0,00 0,77 1,22 ..
15 Bh2 360-400 4,3 10,15 0,93 0,88 0,69 0,93 0,00 0,78 1,36 ..
16 Bh1 90-121 4,3 4,69 0,53 0,47 0,47 0,47 0,00 1,00 0,99 ..
16 Bh2 121-170 5,0 2,81 0,40 0,20 0,31 0,15 0,00 1,55 0,47 ..
16 Bh3 134-193 4,9 3,75 0,62 0,39 0,45 0,36 0,00 1,16 0,80 ..
16 Bh4 193-253 4,9 6,87 0,79 0,79 0,61 0,75 0,00 0,77 1,23 ..
16 Bs 253-300 4,7 3,90 0,74 0,50 0,42 0,50 0,00 0,84 1,18 ..
17 Bh 130-243 4,6 8,95 0,45 0,61 0,60 0,53 0,00 0,97 0,89 ..
17 Bs 243-485 5,0 4,48 0,55 0,50 0,51 0,36 0,00 1,02 0,70 ..
18 Bh1 27-50 5,0 2,65 0,20 0,17 0,20 0,20 0,11 1,19 1,00 ..
18 Bh2 37-66 4,8 2,97 0,34 0,32 0,32 0,34 0,17 1,00 1,07 ..
18 Bh3 66-69 5,2 3,59 0,54 0,44 0,40 0,40 0,18 0,89 1,01 ..
19 Bh1 68-105 5,3 6,82 0,54 0,29 0,40 0,25 0,07 1,37 0,62 ..
19 Bh2 105-117 4,8 8,37 0,61 0,38 0,47 0,28 0,08 1,24 0,60 ..
19 Bh3 117-130 4,3 5,58 0,84 0,64 0,60 0,53 0,18 0,94 0,89 ..
20 Bh 110-140 4,4 10,54 0,29 0,28 0,20 0,23 0,09 0,73 1,16 ..
21 Bh 70-138 4,6 12,40 0,92 0,92 0,63 0,72 2,49 0,68 1,15 0,79
21 Bs1 73-150 5,2 7,13 1,05 1,05 0,83 1,02 0,06 0,79 1,23 ..
21 Bs2 73-152 5,2 5,58 1,06 1,06 0,86 0,99 1,91 0,81 1,16 0,95
22 Bh1 67-119 4,8 9,92 6,30 1,37 1,07 0,98 0,11 0,78 0,92 ..
22 Bh2 107-118 5,0 11,11 0,94 0,83 0,67 0,67 0,10 0,81 1,00 ..
23 Bs 76-123 5,2 3,55 0,77 0,75 0,48 0,46 0,95 0,64 0,95 0,75
24 Bs1 70-95 5,7 4,96 0,90 0,98 0,80 0,80 0,76 0,82 1,00 0,58
24 Bs2 84-144 6,0 2,01 0,45 0,55 0,43 0,41 0,79 0,77 0,97 0,63
25 Bh 33-65 5,0 3,40 0,29 0,35 0,29 0,14 1,33 0,81 0,47 0,62
27 Bh 90-115 5,2 23,15 0,90 1,05 0,89 1,13 0,00 0,85 1,26 ..
27 Bhm 99-160 3,9 38,59 3,90 4,34 3,34 4,04 0,00 0,77 1,21 ..
28 Bhs1 54-73 4,6 11,27 2,96 3,50 2,92 3,23 7,30 0,83 1,10 0,95
28 Bhs2 65-88 5,0 10,50 5,55 4,88 4,67 5,91 5,60 0,96 1,27 0,94
28 Bhs3 60-108 4,8 13,89 7,15 6,23 4,55 6,69 8,70 0,73 1,47 0,91
28 Bhs4 77-177 5,1 10,81 7,60 5,06 6,46 5,63 4,60 1,28 0,87 0,75
28 Bhs5 111-200 5,1 6,33 5,20 3,03 4,54 3,06 1,12 1,50 0,67 1,00
28 Bhs6 134-160 4,9 8,49 7,35 3,36 6,22 3,84 1,71 1,85 0,62 1,00
28 Bhs7 150-200 5,0 6,79 6,11 3,13 5,04 3,44 3,91 1,61 0,68 1,00
29 Bh 47-70 3,8 36,12 1,10 1,36 1,06 1,30 0,00 0,78 1,22 ..
29 Bhm1 60-87 3,7 50,94 2,05 2,19 1,87 1,98 0,00 0,85 1,06 ..
29 Bhm2 87-104 4,4 18,52 2,46 2,58 2,17 2,30 0,00 0,84 1,06 ..
29 Bs 104-115 4,6 9,11 2,28 2,28 1,88 1,98 0,00 0,83 1,05 ..
87
Tabela 3.2 – Dados químicos referentes aos horizontes B espódicos estudados
(conclusão)
Perfil Hor. Prof. pH Corg
1
Al
n
2
Al
d
3
Al
o
4
Al
p
5
Fe
d
3
Al
o
/
Al
d
6
Al
p
/
Al
o
7
Fe
o
/
Fe
d
8
cm -------------------------g kg
-1
-------------------------
30 Bhg 33-44 3,7 46,93 0,96 1,08 0,82 0,75 0,08 0,75 0,92 ..
30 Bh 40-76 4,1 42,30 2,50 2,20 1,89 2,01 0,00 0,86 1,06 ..
30 Bhm 58-105 3,7 33,03 4,77 5,21 3,95 4,62 0,00 0,76 1,17 ..
31 Bh 45-87 3,8 28,40 1,66 1,53 1,34 1,62 0,07 0,88 1,21 ..
31 Bhm 65-140 3,8 33,34 3,33 3,85 3,23 3,57 0,07 0,84 1,11 ..
31 Bs1 140-290 4,5 5,56 3,12 1,66 2,83 2,46 0,00 1,70 0,87 ..
31 Bs2 290-500 4,5 7,56 4,07 2,46 4,31 2,00 0,08 1,75 0,46 ..
Nota – Sinais convencionais utilizados:
... Dados numéricos não disponíveis
.. Não se aplica dado numérico
1
Corg = Carbono orgânico
2
Al
n
= Al extraído com NaOH 0,5 M
3
Al
d
e Fe
d
= Al e Fe extraídos com ditionito-citrato
4
Al
o
= Al extraído com oxalato
5
Al
p
= Al extraído com pirofosfato de sódio
6
Al
o
/Al
d
= relação entre o Al extraído por oxalato (Al
o
) e aquele extraído por ditionito-citrato (Al
d
)
7
Al
p
/Al
o
= relação entre o Al extraído por pirofosfato (Al
p
) e aquele extraído por oxalato (Al
o
)
8
Fe
o
/Fe
d
= relação entre o Fe extraído por oxalato (Fe
o
) e aquele extraído por ditionito-citrato (Fe
d
)
Gomes (2005), estudando a mineralogia de Espodossolos próximos à área estudada, não
encontrou compostos inorgânicos amorfos, tampouco relações entre extratores e valores de pH
semelhantes aos aqui estudados. Três fatores podem ter contribuído para isso:
(a)
a técnica
utilizada (difratometria de raios-X) e a forma de tratamento das amostras não foram adequadas ou
suficientes para sua detecção, tal como relatado pelo próprio autor;
(b)
a inexistência de tais
minerais nos solos estudados e, em complementação a isso;
(c)
os solos aqui estudados diferem
em atributos daqueles relatados por Gomes (2005). Este autor trabalhou apenas com os chamados
Espodossolos Hidromórficos com baixos ou nulos conteúdos de Fe nos horizontes espódicos (Fe
d
< 1,00 g kg
-1
), alguns dos quais os designou de Bs. Embora assim tenha nomeado alguns dos
horizontes se baseando no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), o que deveria
indicar que os componentes de Fe são dominantes ou co-dominantes e que há pouco evidência de
matéria orgânica iluvial (EMBRAPA, 2006), o autor afirma que o critério para tal designação
baseou-se na morfologia (cor) dos horizontes, os quais possuíam matizes mais amareladas e
cromas mais claros em relação aos horizontes Bh. Também, poucos dos horizontes aqui
denominados de Bs e Bhs se ajustam aos critérios estabelecidos por EMBRAPA (2006), mas
apresentam maiores conteúdos de Fe (Fe
d
e Fe
o
) em relação àqueles relatados por Gomes (2005),
88
maiores valores de pH e são melhor drenados. Esse último fator, sozinho, é suficiente para
promover condições químicas e biológicas diferenciadas entre os Espodossolos bem drenados
aqui descritos e àqueles hidromórficos estudados por Gomes (2005), o que inevitavelmente
influencia nos processos de formação, morfologia e mineralogia dos solos; daí as diferenças
observadas entre extratores, valores de pH e, provavelmente, mineralogia entre os solos descritos
aqui e aqueles apresentados por Gomes (2005).
Outros fatores, no entanto, são mais relevantes aos acima relatados e devem ser
considerados na avaliação da mineralogia, com enfoque à presença de silicatos pouco cristalinos
quando se utiliza dissoluções seletivas. Embora as relações Al
p
/Al
o
e Al
o
/Al
d
utilizadas foram
semelhantes àquelas descritas para Espodossolos de clima frio (CHILDS, PARFITT; LEE, 1983;
FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983) nos valores de pH acima relatados (pH>4,9), isoladas,
podem sugerir, mas jamais caracterizam tais minerais. A presença de gibbsita e/ou, sobretudo,
caulinita, ambas com baixo grau de cristalinidade nesses horizontes é mais provável refletir as
referidas relações nos valores de pH encontrados na Tabela 3.3, e vai ao encontro:
(a)
da
reconhecida capacidade de extração dos reagentes utilizados (PARFITT; CHILDS, 1988;
KODAMA; ROSS, 1991),
(b)
da relativa pobreza do material de partida (van BREEMEN;
BUURMAN, 2002), e
(c)
dos processos de formação dos Espodossolos nas condições químicas
aqui encontradas (FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983). Farmer, Russel e Smith (1983)
argumentam que sob condições ácidas em que os Espodossolos se formam é plausível a
mobilidade do Al como íons Al
3+
e Al(OH)
2+
, especialmente em materiais de origem pobres,
onde silicatos são insuficientes para formar proto-imogolita (precursor da imogolita). Segundo os
autores, Al pode mover verticalmente desta maneira e precipitar nos horizontes mais profundos
devido aos valores mais elevados de pH, tal como ocorre nos horizontes Bs, Bhs, Bsm (Tabela
3.3) e, sobretudo, horizontes C (dados não mostrados), originando gibbsita mal cristalizada.
89
Tabela 3.3 – Dados químicos referentes a horizontes espódicos selecionados (Bs, Bh, Bhs e Bsm)
Perfil Hor.
1
Prof.
2
pH Ctotal
3
Corg
4
Al
p
5
Al
n
6
Fe
d
7
(Al
n
-
Al
o
)
8
(Al
n
-
Al
d
)
9
(Al
o
-
Al
p
)
10
Al
o
/
Al
d
11
Al
p
/
Al
o
12
Al
p
+Fe
p
/
Corg
13
Fe
o
/
Fe
d
14
cm
----------------------------------
g kg
-1
----------------------------------
2 Bhs2 74-116 4,9 9,90 9,76 3,65 4,40 2,42 0,45 1,89 0,31 1,58 0,92 0,78 1,52
2 Bhs5 128-153 5,1 4,76 4,41 2,25 3,60 0,85 0,13 1,89 1,22 2,03 0,65 0,79 1,39
2 Bhs6 126-152 5,2 6,10 6,30 2,88 5,05 1,32 0,62 2,74 1,56 1,92 0,65 0,70 1,19
2 Bhs7 140-200 5,3 5,51 4,41 2,40 4,52 0,63 0,40 2,90 1,73 2,55 0,58 0,74 1,14
3 Bs2 125-180 5,2 4,40 4,24 1,91 3,47 0,16 0,26 1,71 1,31 1,83 0,59 0,47 0,75
3 Bsm2 153-180 5,2 9,11 8,18 3,20 6,63 2,20 0,46 3,83 2,98 2,20 0,52 0,39 ..
4 Bs
130-160
4,9 5,35 5,47 0,78 1,57 0,28 0,19 0,53 0,61 1,33 0,56 0,18 0,91
5 Bs1 78-101 4,7 13,92 12,59 5,69 10,08 5,43 1,51 5,10 2,89 1,72 0,66 0,91 1,26
5 Bs2 82-85 4,8 6,26 5,35 3,65 7,56 0,41 1,08 5,40 2,84 3,00 0,56 0,75 1,12
5 Bs3 95-126 4,6 12,15 10,07 5,07 9,45 2,76 1,59 5,98 2,79 2,27 0,65 0,83 1,20
5 Bs5 130-150 4,8 5,22 3,15 1,98 7,81 0,37 2,04 6,57 2,79 4,67 0,34 0,72 1,00
5 Bs7 155-180 4,7 15,28 13,85 7,23 11,84 0,77 1,22 6,21 3,39 1,89 0,68 0,58 1,14
17 Bs 243-485 5,0 4,98 4,48 0,36 0,55 0,00 0,04 0,04 0,15 1,02 0,70 0,08 ..
19 Bh1 68-105 5,3 6,89 6,82 0,25 0,54 0,07 0,15 0,25 0,15 1,37 0,62 0,04 0,95
19 Bh2 105-117 4,8 7,66 8,37 0,28 0,61 0,08 0,15 0,24 0,19 1,24 0,61 0,03 0,94
28 Bhs4 77-177 5,1 10,40 10,81 5,63 7,60 4,60 1,14 2,54 0,84 1,28 0,87 0,88 0,75
28 Bhs5 111-200 5,1 6,57 6,33 3,06 5,20 1,12 0,66 2,17 1,48 1,50 0,67 0,66 1,00
28 Bhs6 134-160 4,9 9,00 8,49 3,84 7,35 1,71 1,13 3,99 2,38 1,85 0,62 0,65 1,00
28 Bhs7 150-200 5,0 7,27 6,79 3,44 6,11 3,91 1,07 2,98 1,60 1,61 0,68 1,03 1,00
Nota – Sinais convencionais utilizados:
.. Não se aplica dado numérico
1
Hor. = Horizonte
2
Prof. = profundidade
3
Ctotal = Carbono total
4
Corg = Carbono orgânico
5
Al
p
= Al extraído com pirofosfato
6
Al
n
= Al extraído com NaOH 0,5 M
7
Fe
d
= Fe extraído com ditionito-citrato
8
(Al
n
– Al
o
) = Al especificamente extraído por NaOH 0,5 M (Al
n
), mas não por oxalato (Al
o
); Al cristalino ou menos reativo
9
(Al
n
-Al
d
) = Al especificamente extraído por NaOH 0,5 M (Al
n
), mas não por ditionito-citrato (Al
d
)
10
(Al
o
-Al
p
) = Al especificamente extraído por oxalato (Al
o
), mas não por pirosfato (Al
p
); Al presente na estrutura dos aluminossilicatos amorfos
11
Al
o
/Al
d
= relação entre o Al extraído por oxalato (Al
o
) e o Al extraído por ditionito-citrato (Al
d
)
12
Al
p
/Al
o
= relação entre Al extraído por pirofosfato (Al
p
) e Al extraído por oxalato (Al
o
)
13
Al
p
+ Fe
p
/Corg = relação entre Al + Fe extraídos com pirofosfato (Al
p
+ Fe
p
) e carbono orgânico (Corg)
14
Fe
o
/Fe
d
= relação entre o Fe extraído com oxalato (Fe
o
) e o Fe extraído com ditionito-citrato (Fe
d
)
89
90
A significativa diferença entre o Al
n
, que reconhecidamente dissolve gibbsita e
aluminossilicatos pouco cristalinos (DARKE; WALBRIDGE, 1994), e o Al
d
(Al
n
-Al
d
) da Tabela
3.3, as quais estão dentre as maiores observadas nos respectivos perfis, sugere a presença de
gibbsita e/ou caulinita. Este último extrator falha na dissolução de aluminossilicatos não
cristalinos ou gibbsita (DALHGREN; SAIGUSA, 1994), enquanto oxalato é comumente
utilizado para dissolver hidróxidos e oxidróxidos de Al de baixo grau de cristalinidade
(MAcKEAGUE; DAY, 1966; MAcKEAGUE; BRYDON; MILES, 1971), além de alguma
gibbsita (PARFITT; CHILDS, 1988; KODAMA; ROSS, 1991); daí os valores positivos da
diferença entre Al
n
e Al
o
(Al
n
-Al
o
) observado nos dados da Tabela 3.3, indicando que formas de
Al cristalino ou menos reativo (GARCÍA-RODEJA et al., 2004) podem estar presentes em alguns
horizontes espódicos bem drenados, sobretudo naqueles identificados como Bs no perfil P5, os
quais mostram o maior valor da diferença entre os extratores (Tabela 3.3). No entanto, as formas
pouco cristalinas do elemento predominam. Caulinita, mas não gibbsita, foi encontrada na exígua
fração argila de todos os horizontes espódicos descritos por Gomes (2005) próximos a área
estudada, fato comum em Espodossolos de clima tropical e subtropical, onde o intemperismo é
mais intenso (van BREEMEN; BUURMAN, 2002).
Devido à evidente presença das formas inorgânicas e especificidade dos extratores
supracitados, outras relações e considerações podem ser mencionadas com respeito aos
horizontes espódicos elencados na Tabela 3.3:
(a)
a curva de regressão (r = 0,99; P<0,0001) entre
Al
n
e Al
o
para esse conjunto de horizontes é mais bem ajustada, seja em relação àquela descrita
na Figura 3.2 (r = 0,97; P<0,0001), que considera todos os horizontes e perfis aqui estudados,
seja analisando apenas os horizontes espódicos da Tabela 3.2 (r = 0,98; P<0,0001);
(b)
a
diferença Al
o
-Al
p
(Tabela 3.3), a qual se refere ao Al presente na estrutura dos aluminossilicatos
amorfos (MAcKEAGUE; DAY, 1966), segue a mesma tendência daquela acima relatada para a
diferença entre Al
n
e Al
d
, ou seja, estão entre as maiores observadas nos horizontes espódicos dos
respectivos perfis. Ambas as diferenças (Al
n
-Al
d
e Al
o
-Al
p
; Tabela 3.3), sempre positivas, suas
magnitudes, bem como as relações entre extratores, discriminam tais horizontes bem drenados
(Bs, Bhs, Bh e Bsm) dos demais morfologicamente diferentes e sujeitos a condições
hidromórficas diferenciadas (A, Bhm, C e a grande maioria dos horizontes Bh mal drenados),
fornecendo indicações da composição mineralógica e dos processos envolvidos na formação dos
91
Espodossolos sob vegetação de restinga, condizentes com a literatura mundial sobre o tema e
com a habilidade extratora dos reagentes utilizados.
A abordagem aqui adotada, analisando preliminarmente todos os horizontes e perfis e,
posteriormente, restringindo a forma de análise a um conjunto menor de amostras de horizontes
com características diferenciadas morfologicamente, que foram discriminadas pelas técnicas de
dissoluções seletivas, comprovam a relativa habilidade e especificidade dos reagentes NaOH,
DC, oxalato e pirofosfato em extrair diferentes formas de Al dos Espodossolos estudados. Se
houve alguma ineficiência dos extratores para formas de Al em alguns horizontes ou perfis, tal
como sugerido e evidenciado por vários autores (HIGASHI; DE CONINCK; GELAUDE, 1981;
SKJEMSTAD et al., 1992a; KAISER; ZECK, 1996), esta, possivelmente, não será limitante a
ponto de inviabilizar ou incorrer em interpretações enganosas na sua utilização para fins de
caracterização química e em estudos de pedogênese dos solos das áreas de restinga, sobretudo
quanto ao reagente pirofosfato. A especificidade deste extrator pode ser confirmada pela Figura
3.5a. Esta foi obtida se utilizando os dados da Tabela 3.3, sendo que a curva designada de Ap1
(Figura 3.5a) se refere a todo o conjunto de dados da referida tabela; Ap2 aos mesmos conjuntos,
eliminando-se os quatro menores valores do extrato pirofosfato.
A primeira e forte evidência sobre a capacidade do pirofosfato em extrair Al
organicamente unido vem da boa relação obtida entre Al
p
e Corg. Utilizando-se todos os dados da
Tabela 3.3, a curva Ap1 (Figura 3.5a) apresenta pior ajuste em relação aos dados selecionados,
curva Ap2. Essa seleção compreende os mais baixos valores de Al
p
e relação Al
p
+Fe
p
/C (Tabela
3.3), que não acompanharam o aumento do conteúdo do Corg, ou seja, para três dessas amostras,
aumentando-se o conteúdo de Corg não há um aumento da capacidade de extração do pirofosfato.
Apesar dos pequenos conteúdo e amplitude de variação do Corg das amostras, com valores
similares ao do carbono total (Ctotal; Tabela 3.3), a tendência acima relatada pode indicar que a
influência da matéria orgânica nesses horizontes não depende unicamente da quantidade, mas
também de sua natureza, tal como demonstrado por vários autores (HIGASHI; DE CONINCK;
GELAUDE, 1981; BUURMAN 1985; DAHLGREN; SAIGUSA, 1994; URRUTIA et al., 1995).
As diferentes substâncias húmicas, ácidos húmicos, fúlvicos e humina, por exemplo, apresentam
diferentes capacidades de retenção de metais (STEVENSON, 1982; SKJEMSTAD, 1992).
92
Figura 3.5 Relação entre o carbono orgânico (Corg) e o (a) Al extraído com pirofosfato (Al
p
). Ap1 se refere
a todo o conjunto de amostras da Tabela 3.3; Ap2 são as mesmas amostras, eliminando-se aquelas
circundadas pela elipse; (b) Al presente na estrutura dos aluminossilicatos amorfos (Al
o
-Al
p
). Continua
(b)
(a)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Al
p
(g kg
-1
)
Ap1 = -0,61 + 0,49*Corg; r = 0,76; P = 0,0002; n = 19
Ap2 = 0,29 + 0,45*Corg; r = 0,94; P < 0,0001; n = 15
Ap1
Ap2
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Corg (g kg
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Al
o
-Al
p
93
Figura 3.5 – Conclusão. (c) Al cristalino ou menos reativo (Al
n
-Al
o
). Para interpretação, ver texto
A interpretação sobre a natureza diferenciada do húmus e das condições químicas locais
que definem as diferentes formas de Al nos solos também pode explicar a grande dispersão dos
dados quando analisamos a relação Al
p
e Corg de todos os perfis e horizontes estudados (ampla
variação do Corg e Al
p
), bem como ao restringirmos a análise aos horizontes espódicos, tal como
observamos na Figura 3.6. Nesta se verifica os baixos conteúdo e saturação por Al no húmus para
muitos horizontes superficiais A (amostras circundadas), uma vez que uma variação e
aumento expressivo do Corg (15<Corg<80g kg
-1
) com pequeno ou nulo incremento no conteúdo
de Al
p
(0,1<Al
p
<0,4 g kg
-1
), semelhante ao descrito para os horizontes espódicos bem drenados
da Figura 3.5a. De fato, Wada e Higashi (1976) utilizando procedimentos de dissoluções seletivas
encontraram que o horizonte A de Andossolos, também caracterizados pela presença de
complexos Al-húmus (SHOJI; FUJIWARA, 1984), mostraram baixa capacidade de complexação
de metais devido à jovialidade da matéria orgânica dos mesmos. Para o caso dos horizontes
espódicos, essa jovialidade pode estar presente em alguns horizontes e perfis estudados,
sobretudo naqueles bem drenados, recebendo constantemente material orgânico iluvial fresco.
Em alguns desses horizontes, com baixos conteúdos de Corg (<15 g kg
-1
), tal como observamos
anteriormente, os valores de pH e as relações entre extratores (Tabela 3.3; Figura 3.5a) indicaram
(c)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Corg (g kg
-1
)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Al
n
-Al
o
(g kg
-1
)
94
a ocorrência de materiais inorgânicos de Al pouco cristalinos, evidenciando a formação
preferencial de tais compostos em detrimento da complexação do Al pelo húmus; daí a falta ou
pequena relação entre Corg e Al
p
para algumas amostras da Figura 3.5a (circundadas),
possivelmente com natureza diferenciada dos componentes orgânicos em relação aos demais
horizontes. De fato, a matéria orgânica desses horizontes (amostras circundadas; Figura 3.5a) não
parece estar saturada com metais. A relação Al
p
+Fe
p
/Corg (relação Metal/Corg) da Tabela 3.3
dessas mesmas amostras (Perfis 18 e 26) se encontra muito abaixo ou próxima de 0,12 e são as
menores observadas; valor este considerado por Higashi, De Coninck e Gelaude (1981) como
limite para a união de metais à matéria orgânica do solo. Isso novamente corrobora os resultados
e discussões anteriores de que as condições químicas em alguns horizontes espódicos bem
drenados são favoráveis às formas de Al inorgânico, mas sugere, para a maioria das amostras e
com relação metal/Corg muito superior a 0,12, que o pirofosfato pode ter extraído outras formas
que não apenas Al complexado à matéria orgânica.
As Figuras 3.5b e 3.5c mostram, respectivamente, a relação entre o Corg e o Al presente
na estrutura dos minerais amorfos (Al
o
-Al
p
) e cristalinos (Al
n
-Al
o
). Embora haja uma tendência
de aumento do Al amorfo com o Corg (Figura 3.5b), essa é pouco expressiva, tal como pode ser
verificado pela grande dispersão dos dados (r = 0,30). Do exame da Figura 3.5c se observa que
praticamente não há relação entre Corg e minerais cristalinos (r = 0,18). As amostras circundadas
nas figuras evidenciam que o aumento de Corg não é acompanhado pelo aumento significativo
das formas de Al no solo. Tais resultados comprovam a habilidade e relativa especificidade dos
extratores para extrair as diferentes formas de Al, pois, caso contrário, esperar-se-ia um melhor
ajuste das curvas, tal como ocorreu na Figura 3.5a (relação entre Corg e Al
p
).
O elemento Fe aparece predominantemente nos Espodossolos bem drenados na área
estudada e são geralmente inferiores ao Al (oxalato). As Tabelas 3.2 e 3.3 mostram que a
denominada relação ferro ativo (Fe
o
/Fe
d
), utilizada por Blume e Schwertmann (1969) como uma
medida relativa grau de envelhecimento ou cristalinidade dos óxidos de ferro livre, está próxima
a 1 para a maioria das amostras, indicando que compostos de Fe amorfos predominam. Apesar da
coloração amarela (10YR 5/6, por exemplo) de alguns horizontes bem drenados aqui
denominados de Bs, seus teores de Fe
d
são, em geral, muito baixos ou mesmo, nulos (Tabela 3.2).
Como, em geral, tanto o conteúdo de Corg (<10 g kg
-1
) como a superfície específica das areias
quartzosas onde tais horizontes são formados são baixos, apenas um pequeno conteúdo de
95
oxidróxidos de ferro são suficientes para imprimir colorações intensas nesses solos. No entanto, é
de se esperar que o tipo da matéria orgânica tenha forte influência na coloração de alguns
horizontes amarelos Bs, com conteúdos não detectáveis de Fe
d
, fato já mencionado van Breemen
e Buurman (2002).
Figura 3.6 Relação entre o carbono orgânico (Corg) e o Al extraído por pirofosfato (Al
p
). As amostras designadas
de Al
p
se referem à relação entre Corg e Al
p
de todos os horizontes aqui estudados (horizontes A, E, B,
C e intermediários), com valores diferentes de zero. A
p
_Bh se refere à relação entre o Corg e o conjunto
de dados dos horizontes espódicos bem drenados da Tabela 3.2. Elipse circunda alguns horizontes
superficiais do tipo A de baixos conteúdos de Al
p
e que pouco variaram com o aumento do Corg
3.2.2.3 Considerações Finais
A significativa dispersão dos dados mostrados na Figura 3.6 deve refletir, em grande
parte, a complexidade da matéria orgânica (grau de humificação e química) e as condições
pedogenéticas nos quais os horizontes e perfis são formados, ao contrário da relativa falta de
especificidade do reagente pirofosfato, tal como se observou ao analisarmos um menor conjunto
de dados (Tabela 3.3; Figura 3.5). A visível, contrastante e surpreendente diversidade
morfológica (cor e consistência), bem como a variabilidade espacial dos horizontes (A, E, EA,
AE, Bs, Bh, Bhg, Bhm, Bsm, Bhs, CB e C) verificadas em campo, tanto horizontal, como
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0
Corg (g kg
-1
)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Al
p
(g kg
-1
)
Al
p
Al
p
_B
96
vertical, sugerem que compostos orgânicos e inorgânicos também variam e são co-responsáveis
por essa diversidade. De fato, a natureza diferenciada do mus nos Espodossolos, sobretudo dos
horizontes espódicos, tem sido uma constante na literatura que aborda o tema em ambientes
tropicais (GOMES et al., 1988; SKJEMSTAD, et al., 1992a, SKJEMSTAD, et al., 1992b; van
RANST et al., 1997).
Mokma (1983) relatou que o conteúdo e distribuição de materiais amorfos variam
grandemente nos horizontes espódicos, fato constatado com os diferentes extratores aqui
utilizados, sobretudo naqueles horizontes bem drenados, sugerindo a adequabilidade dos mesmos
quando utilizados para caracterizar os Espodossolos em ambiente de restinga; solos com baixos
conteúdos de argila, esta de mineralogia simples, possivelmente dominada por caulinita (e
gibbsita?) e óxidos de ferro (ambiente bem drenado), ambos pobremente cristalinos.
O uso de extratores para determinar formas específicas de ocorrência de metais nos solos
tem um mero de deficiências, particularmente onde a química é tão complexa como a do Al.
Extratores podem reagir com formas outras que aquelas intencionadas e os metais podem mudar
sua forma durante a extração e mesmo não permanecer em solução (Jarvis, 1986). Para o caso do
pirofosfato, se o extrato de algumas amostras aqui analisadas, sobretudo naquelas referentes aos
horizontes espódicos bem drenados, contém materiais outros que Al complexado à matéria
orgânica, deve ser considerado na avaliação do elemento como critério na distinção de horizontes
espódicos. No entanto, como afirmam MacKeague e Schuppli (1982), se tal critério resulta numa
consistente e lógica diferenciação dos solos e horizontes, demonstrando-se relevantes tendências
e relações na interpretação dos resultados das análises, como encontramos neste trabalho, as
conseqüências de se utilizar tais informações são insignificantes.
3.3 Conclusões
1. As formas predominantes de Al ativo nos Espodossolos estudados são: complexos de Al-
húmus e compostos inorgânicos pouco cristalinos, provavelmente caulinita e/ou gibbsita de baixa
cristalinidade. Enquanto os primeiros predominam nos horizontes superficiais e horizontes
espódicos hidromórficos, as formas inorgânicas amorfas se relacionam predominantemente a
alguns horizontes espódicos bem drenados (Bs, Bh, Bhs e Bsm), situados na base dos perfis;
97
2. Os resultados apresentados aqui são consistentes com aqueles reportados por muitos
investigadores e dão indicação da distribuição do Al e sua associação a espécies orgânicas e
inorgânicas relacionadas à podzolização, tal como relatado por Paterson, Clark e Birnie (1993);
3. NaOH 0,5 M extraiu, em média, 22 a 30% mais Al que os outros extratores e, juntamente com
DC, oxalato, pirofosfato e suas relações, discriminaram perfeitamente alguns horizontes
espódicos bem drenados (Bs, Bh, Bhs e Bsm) daqueles em que os complexos Al-húmus são
únicos ou predominam. Nesses, todos os extratores tiveram eficácia semelhante;
4. Ditionito-citrato foi menos efetivo na extração de Al do que o oxalato e pirofosfato nos
mesmos horizontes espódicos bem drenados acima relatados devido à inabilidade do mesmo na
extração de componentes inorgânicos pouco cristalinos;
5. Apesar de insuficientes e não comprobatórios, os valores de pH e a relação entre os extratores
aqui utilizados condizem com a presença de minerais do tipo alofana, gibbsita ou caulinita em
alguns horizontes espódicos bem drenados. Os primeiros são freqüentes apenas em Espodossolos
boreais e temperados. Devido à carência de estudos mineralógicos desses solos sob condições
tropicais, sugere-se uma avaliação detalhada da mineralogia da exígua fração argila (pouco
cristalina) nesses horizontes, o que contribuirá para a caracterização com ênfase ao entendimento
dos processos de podzolização nesses ambientes frágeis e pouco estudados de restinga. Ademais,
tais estudos darão suporte ao aperfeiçoamento da classe dos Espodossolos no SiBCS, uma das
mais carentes em atributos químicos discriminadores de classes, inclusive e principalmente em
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WADA, K. Allophane and imogolite. In: DIXON, J.B.; WEED, S.B. (Ed.).
Minerals in soil
environments
. Madison: SSSA, 1977. p. 603-638.
104
4 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANÍCIE COSTEIRA
DO ESTADO DE O PAULO: III. AVALIAÇÃO DE CLORETOS NÃO
TAMPONADOS (KCl, CuCl
2
E LaCl
3
) COMO EXTRATORES DE ALUMÍNIO
ASSOCIADO À MATÉRIA ORGÂNICA
Resumo
A eficácia dos cloretos não tamponados de Cu, La e K como extratores de Al unido à
matéria orgânica foi avaliada em 31 perfis de solos (Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos)
representativos das áreas sob restinga do litoral paulista (municípios de Bertioga, Cananéia e Ilha
Comprida). Os resultados foram comparados com aqueles obtidos com pirofosfato de sódio. O
CuCl
2
, mais forte que o LaCl
3
e KCl e menos eficaz que o pirofosfato, extraiu parte do Al de
complexos estáveis, não ativos em termos de acidez do solo e troca iônica. Ao contrário, KCl e
LaCl
3
removeram as formas reativas do elemento. No entanto, o Al extraído por LaCl
3
(Al
La
) foi
que melhor se correlacionou ao carbono orgânico (Corg) e à CTC do solo, indicando que Al
La
está relacionado ao principal componente responsável pelo desenvolvimento de cargas nos solos
estudados: a matéria orgânica. O grau de interação desta com o Al possivelmente é influenciado
tanto pelo seu tipo como pelo pH do solo e foi possível de ser avaliado por meio dos extratores
aqui utilizados. Os complexos Al-húmus mais estáveis foram observados nos horizontes bem
drenados Bs, Bhs e C, onde o LaCl
3
e, sobretudo, o KCl mostraram as mais baixas eficácias
dentre todas as amostras analisadas. O Al mais lábil unido à matéria orgânica foi encontrado nos
horizontes superficiais do tipo A. De uma maneira geral, os horizontes estudados apresentaram a
seguinte seqüência de estabilidade da interação Al-húmus: A<Bh<Bhm<Bs/Bhs/C, sendo esses
últimos os únicos horizontes de subsuperfície bem drenados, indicando que o hidromorfismo
(horizontes Bh) e a ciclagem da serapilheira (horizontes A) favorecem a manutenção de espécies
de alumínio mais lábeis nos solos estudados. Em tais horizontes bem drenados, com baixos
conteúdos de Corg, identificou-se a presença de minerais de Al não cristalinos. Tanto o CuCl
2
como o pirofosfato removeram o Al inorgânico desses horizontes, com maior eficácia para o
pirofosfato. A extensão que isso ocorreu não foi possível de se avaliar e é dependente do
conteúdo, tipo e grau de cristalinidade dos minerais existentes. Recomenda-se ter em mente a
falta de especificidade de tais reagentes, convergindo evidências morfológicas e químicas a fim
de adequadamente interpretar os resultados, estimar o conteúdo e a intensidade de interação do Al
à matéria orgânica do solo. O grau de saturação por Al no húmus e os princípios que governam a
ação dos cloretos na remoção do elemento são também discutidos.
Palavras-chave:
Podzolização; Ortstein; horizontes espódicos; Restinga; Complexos Al-húmus;
Saturação por Al na matéria orgânica; Pirofosfato; Dissolução seletiva
105
Characterization and genesis of Spodosols on the São Paulo State sandy coastal plain: III.
Evaluation of unbuffered chloride (KCl, CuCl
2
e LaCl
3
) as extractants of aluminum bound
on soil organic matter
Abstract
The effectiveness of unbuffered Cu, La and K clorides to extract aluminum bound to soil
organic matter (Al-humus) was evaluated in soil materials from 31 pedons representative of
Spodosols and Quartzipsamments from São Paulo State sandy coastal plains. The results were
compared with those achieved by sodium pyrophosphate. The CuCl
2
, more efficient than LaCl
2
and KCl and less than the pyrophosphate, extracted part of the Al associated to stable complexes,
inactive in terms of soil acidity and ionic exchange. Unlike, KCl and LaCl
3
removed the reactive
Al forms. However, the Al extracted by LaCl
3
(Al
La
) was found to be better correlated to both
organic carbon (Corg) as the soil CEC, showing that Al
La
is related to the main component
responsible by development of charges in the soil studied: the organic matter. The degree of Al-
humus interaction is possibly influenced both by its type as the soil pH and it was possible to be
evaluated through all the extractors here used. The more stable Al-humus complexes were only
found in the well drained Bs, Bhs and C horizons, where the LaCl
3
and manly the KCl presented
the less effectiveness among the all soil materials here analyzed. The more labile organic matter
bounded Al was found on the A horizons. In general the studied horizons showed the following
stability sequence of Al-humus interaction: A<Bh<Bhm<Bs/Bhs/C. The latter horizons are the
only well drained subsurface one, pointing out the presence of water (Bh horizons) and the litter
turnover (A horizons) promoted the maintenance of the more labile Al species. In the well
drained horizons with low Corg, low crystallinity Al minerals were identified. Both the CuCl
2
as
the pyrophosphate removed part of the inorganic Al of these horizons. However, pyrophosphate
was more effective in this case. It is recommended to keep in mind the lack of specificity of these
reactants in order to converge morphological and chemical evidences to properly interpret the
results, estimated the Al-humus interaction as well its contents in the organic matter. The Al-
humus saturation degree and the reasons that lead the removing of Al by chlorides are discussed
as well.
Keywords: Podzolization; Ortstein; Spodic horizons; Restinga; Al-humus complexes; Al-humus
Saturation degree; Pyrophosphate; Selective dissolution
106
4.1 Introdução
Alumínio é o mais abundante elemento metálico da crosta terrestre e solos (SOON, 1993).
Sua toxicidade às plantas cultivadas é bem conhecida e, em casos extremos, é extensiva para
algumas vegetações naturais. Sob determinadas circunstâncias pode ser tóxico aos peixes, a
outros organismos aquáticos e mesmo ao homem, fatores esses que o torna de considerável
importância ambiental (BACHE, 1986). Nos solos, além de estar presente em grandes
quantidades em muitos minerais primários e na maioria dos minerais de argila e na gibbsita,
freqüentemente há importantes quantidades do elemento em estágios bem menos definidos (LIN;
COLEMAN, 1960), em diversas formas (SOON, 1993). Em conseqüência, sua química é
complexa (LIN; COLEMAN, 1960; JARVIS, 1986; SOON, 1993; HIRADATE, 2004).
Em adição aos minerais aluminossilicados cristalinos e gibbsita, na fase sólida do solo o
Al pode ocorrer como (a) íons trocáveis; (b) adsorvido ou precipitado como compostos de Al-
hidróxi (exemplos: revestimentos de superfície ou Al entrecamada); (c) minerais secundários
outros que gibbsita, como sulfatos (alunita, basalalunita, jurbanita) e fosfatos (variscita) de
alumínio e aluminossilicatos amorfos, como alofana e imogolita, e em (d) complexos organo-
metálicos (BACHE, 1986), sendo que esta última é a forma que mais influencia nas propriedades,
organização e evolução dos solos ácidos (URRUTIA; MACÍAS; GARCÍA-RODEJA, 1995).
Dentre estes, destacam-se os Espodossolos.
Elevadas concentrações de Al dissolvido, freqüentemente observada nas áreas com
Espodossolos, são de grande preocupação ambiental devido aos efeitos potencialmente adversos
do Al inorgânico aquoso nos organismos terrestres e aquáticos (DAHLGREN; WALKER, 1993).
Dentre as formas mencionadas acima, nos Espodossolos existem cinco principais fontes de Al
(FARMER; RUSSEL; BERROW, 1980; DRISCOLL; van BREENEM; MULDER, 1985;
DAHLGREN; UGOLINI, 1991), as quais incluem: (1) Al trocável; (2) complexos Al-húmus; (3)
Al substituindo o Fe nos óxidos de Fe livres; (4) polímeros de Al-hidróxi na posição entrecamada
dos silicatos 2:1; e (5) aluminossilicatos pouco cristalinos, tais como alofana e imogolita. A
maioria dos Espodossolos contém apreciáveis quantidades das quatro primeiras fontes de Al,
enquanto que alofana e imogolita são menos comuns (DAHLGREN; WALKER, 1993) ou
mesmo ausentes naqueles não boreais (BUURMAN; JONGMANS, 2005), incluindo os
Espodossolos tropicais. Nesses, geralmente formados em condições de hidromorfismo (van
107
BREEMEN; BUURMAN, 2002), complexos de Al-húmus predominam nos horizontes B
espódicos (TAKAHASHI; FUKUOKA; DAHLGREN, 1995; van BREEMEN; BUURMAN,
2002) e são, portanto, as formas dominantes de Al ativo (TAKAHASHI; FUKUOKA;
DAHLGREN, 1995).
O alumínio em complexos com matéria orgânica do solo comumente é determinado por
técnicas de dissolução seletiva (GARCÍA-RODEJA et al., 2004). Um extrator comum para essa
forma de Al (e Fe) é o pirofosfato de sódio 0,1 M (pH 9,5 a 10,5, 16horas) (KAISER; ZECH,
1996). A interpretação do extrato pirofosfato tem sido tema de debates contínuos desde que
Jeanroy e Guillet (1981) e Higashi, De Coninck e Gelaude (1981) demonstraram que tanto
formas orgânicas como inorgânicas de Fe de baixo grau de cristalinidade podem ser
simultaneamente extraídos pelo extrator (PATERSON; CLARK; BIRNIE, 1993). Em trabalho
mais recente, Kaiser e Zeck (1996) afirmaram que o extrator pirofosfato não deveria mais ser
utilizado para estimar metais em complexos húmicos. Segundo os autores, tanto o conteúdo de Fe
como de Al associados à matéria orgânica podem ser superestimados, enfatizando que o Al
extraído com pirofosfato não pode ser atribuído unicamente à associação do elemento à fração
húmica do solo, mas também à dissolução alcalina de gibbsita e a peptização de hidróxidos de Al
associados à matéria orgânica neles adsorvida. Em vista da comprovada falta de seletividade do
extrator pirofosfato para determinados solos e horizontes, tem-se sugerido que, para a adequada
caracterização do Al complexado à matéria orgânica, extratores não tamponados de cloro, como
CuCl
2
(JUO; KAMPRATH, 1979; HARGROVE; THOMAS,1981) e LaCl
3
(BLOOM;
MAcBRIDE; WEAVER, 1979b), podem dar melhores resultados (OATES; KAMPRATH,
1983b).
Juo e Kamprath (1979) foram os primeiros a proporem CuCl
2
0,5M como um extrator de
Al potencialmente reativo nos solos ácidos. No entanto, a interpretação dos resultados obtidos em
solos minerais com respeito ao Al associado à matéria orgânica é dificultada uma vez que CuCl
2
pode, pelo menos parcialmente, extrair Al-hidróxi entrecamadas e da superfície dos minerais de
argila (HARGROVE; THOMAS, 1984), presumivelmente devido à depolimerização induzida
pelo baixo pH do extrator (JUO; KAMPRATH, 1979; SOON, 1993).
Bloom, MacBride e Weaver (1979b) propuseram o uso de LaCl
3
0,33M para a extração de
Al associado à matéria orgânica dos solos. Comparando os dois extratores, Oates e Kamprath
(1983a) encontraram que CuCl
2
0,5M foi mais efetivo na remoção de Al dos complexos
108
orgânicos que LaCl
3
0,33M. Este último extrator possivelmente remove um conteúdo de Al que
está relacionado à acidez titulável e, por isso, ao requerimento de calcário dos solos ácidos, tal
como constatado por Hargrove e Thomas (1984). Esses autores complementam que seu uso para
tal fim parece promissor, mas necessita de ampla avaliação.
Outra fração de interesse aos estudos de fracionamento do Al nos solos por meio de
técnicas de dissoluções seletivas é aquela extraída com KCl 1M (GARCÍA-RODEJA et al.,
2004), geralmente referida como Al trocável (LIN; COLEMAN, 1960; OATES; KAMPRATH,
1983ab; GILLMAN; SUMPTER, 1985). Além de ser o método padrão para formas de Al
trocável (SHUMAN, 1990; DAHLGREN; WALKER, 1994; TAKAHASHI; DAHLGREN,
1998), é utilizado como um critério tanto para predizer o requerimento de calcário em solos
ácidos (OATES; KAMPRATH, 1983ab; HARGROVE; THOMAS, 1984; TAKAHASHI;
DAHLGREN, 1998) como em alguns sistemas de classificação de solos (GILLMAN;
SUMPTER, 1985). Sua interpretação, no entanto, foi questionada para solos de carga variável
(AMEDEE; PEECH, 1976; WADA, 1987; DAHLGREN; WALKER, 1994) e especificamente
para aqueles dominados por complexos Al-húmus (TAKAHASHI; DAHLGREN, 1998) como os
Espodossolos (LEE; YUAN; CARLISLE, 1988; DAHLGREN; WALKER, 1994; TAKAHASHI;
FUKUOKA; DAHLGREN, 1995; TAKAHASHI; DAHLGREN, 1998), uma vez que subestima o
conteúdo de Al trocável, responsável pela acidez dos solos de carga variável (WADA, 1987).
Os extratores KCl (Al
K
), CuCl
2
(Al
Cu
) e LaCl
3
(Al
La
) removem diferentes conteúdos de Al
dos solos (OATES; KAMPRATH, 1983a). Em geral, a quantidade extraída do elemento segue a
ordem: Al
Cu
>Al
La
>Al
K
(BLOOM; McBRIDE; WEAVER, 1979b; HARGROVE; THOMAS,
1981; OATES; KAMPRATH, 1983a; HARGROVE; THOMAS, 1984; URRUTIA; MACÍAS;
GARCÍA-RODEJA, 1995; GARCÍA-RODEJA et al., 2004). Essa variação do conteúdo extraído
com diferentes soluções salinas de cloro indica que o cátion tem um efeito direto no conteúdo de
Al removido do solo (OATES; KAMPRATH, 1983a). Esse efeito, no entanto, está relacionado ao
regime de acidez que o mesmo cria na solução de cloreto em contato com a amostra de solo
(OATES; KAMPRATH, 1983a; JARVIS, 1986; PONETTE; ANDRE; DUFEY, 1996) de tal
forma que o pH da solução de equilíbrio (mistura solo-solução), em geral, não é a mesma para
cada solo, fato constatado por Oates e Kamprath (1983a) e Ponette, Andre e Dufey (1996).
Esses últimos autores, estudando os horizontes superficiais de solos florestais, encontraram que
109
em todos os casos analisados, o pH da solução de equilíbrio decresceu em relação ao pH original
do extrator devido à liberação de prótons da amostra à solução.
No presente estudo se procurou avaliar a eficácia de reagentes não tamponados de cloro,
KCl, LaCl
3
e CuCl
2,
na dissolução do Al, sobretudo daquele ligado à matéria orgânica em
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos representativos do litoral paulista, comparando-os ao
pirofosfato. Esses extratores foram selecionados devido à habilidade dos mesmos em remover Al
que se encontra unido à matéria orgânica em diferentes graus de estabilidade, colaborando ao
entendimento da química dos complexos Al-húmus (GARCÍA-RODEJA et al., 2004). Tais
complexos têm forte influência no tamponamento do pH e regulação da atividade do Al
(BLOOM; MAcBRIDE; WEAVER, 1979ab; CRONAN; WALKER; BLOOM, 1986;
BERGGREN; MULDER, 1995; TAKAHASHI; FUKUOKA; DAHLGREN, 1995), além de
serem os responsáveis pela gênese da maioria dos solos aqui estudados. Associado a isso, as
recentes propostas de utilizá-los (CuCl
2
e LaCl
3
) como métodos alternativos do Al complexado à
matéria orgânica tem despertado interesse nos estudos que avaliam a gênese dos Espodossolos,
como por exemplo o de SAUER et al. (2007), com potencial de incorporá-los aos critérios
diagnósticos químicos na definição de horizontes espódicos e classificação dos Espodossolos nos
sistemas taxonômicos.
4.2 Desenvolvimento
4.2.1 Material e Métodos
4.2.1.1 Meio Físico
Foram coletadas amostras e descritos 31 perfis de solos (27 Espodossolos e 4 Neossolos
Quartzarênicos) sob vegetação de restinga de três municípios do Estado de São Paulo: Bertioga,
Cananéia e Ilha Comprida. A Figura 4.1 mostra as localizações dos municípios no litoral paulista.
O clima do litoral do Estado de São Paulo é do tipo “Af”, tropical úmido ou super-úmido,
com chuvas distribuídas durante todo o ano, conforme classificação climática de Köppen
(SETZER, 1966). Segundo dados climatológicos da estação metereológica do DAEE em Bertioga
(24
o
45,6’S e 46
o
04,2’W), obtidos entre 1941 e 1970, a temperatura e precipitação médias anuais
110
são, respectivamente, 24,8
o
C e 3.200 mm anuais, sendo considerada uma das regiões mais
úmidas do Brasil (MARTINS et al., 2008).
Figura 4.1 – Localização dos municípios de Bertioga, Cananéia e Ilha Comprida no litoral do Estado de São Paulo
Geologicamente os perfis estudados se desenvolveram em sedimentos arenosos
Quaternários marinhos (SUGUIO; MARTIN, 1978; SUGUIO et al., 1999).
Os solos sob vegetação de restinga englobam aqueles genericamente classificados como
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Esses
últimos muitas vezes intermediários para Espodossolos (GOMES, 2005).
4.2.1.2 Trabalhos de Campo
Após seleção dos locais de amostragem, foram abertas as trincheiras, descrito e amostrado
os perfis conforme Santos et al. (2005) e os solos classificados segundo EMBRAPA (2006). A
Litoral Sul
OCEANO
ATLÂNTICO
Litoral Central
Baixada Santista
Litoral Norte
Ilha
Comprida
Ilha de Cananéia
Bertioga
N
Iguape
Cananéia
111
descrição detalhada dos solos e paisagens estudadas se encontra no segundo capítulo deste
trabalho.
4.2.1.3 Análises Laboratoriais
No laboratório, as amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas com um martelo de
borracha, quando necessário, e passadas em peneira n.
o
10 (malha de 2mm), obtendo a fração terra
fina seca ao ar, onde foram realizadas as análises químicas. O pH foi determinado tanto em água
(potenciômetro), utilizando para tal relação solo:solução 1:2,5 após agitação e repouso de 1 hora,
como na solução de equilíbrio após agitação, centrifugação e filtragem das amostras após
extração com CuCl
2
(pH CuCl
2
), LaCl
3
(pH LaCl
3
) e KCl (pH KCl_E). O conteúdo de carbono
orgânico (Corg) e a capacidade de troca de cátions (CTC) foram obtidos segundo EMBRAPA
(1997). Esta última corresponde à soma dos cátions Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
e Na
+
, juntamente com
H
+
+Al
3+
. Ca
2+
e Mg
2+
foram extraídos com solução de KCl 1 M; K
+
e Na
+
com H
2
SO
4
0,0125 M
+ HCl 0,05 M; H
+
+Al
3+
com acetato de cálcio 0,5 M a pH 7,0. Os teores de Ca
2+
e Mg
2+
foram
determinados por espectroscopia de absorção atômica; K
+
e Na
+
por fotometria de chama e H
+
+
Al
3+
por titulometria.
Os seguintes procedimentos foram utilizados para extração do alumínio:
a) Extração com oxalato ácido de amônio de acordo com Buurman; Lagen; Velthorst
(1996): relação solo:solução de 1:50, agitando por 4 horas no escuro. A suspensão foi
centrifugada por 15 minutos a 2.500 rpm, com quatro gotas de superfloc”, após o que filtrou-se
o sobrenadante, utilizando-se para isso de papel de filtro lavado em ácido (7 a 11 µm de tamanho
de poro);
b) Extração com pirofosfato de sódio 0,1 M (pH 10; Al
p
): relação solo:solução 1:100,
agitando por 16 horas (BUURMAN; LAGEN; VELTHORST, 1996). Após adição de quatro
gotas de “superfloc” se procedeu a centrifugação e filtragem de acordo aos procedimentos
descritos no item (a);
c) Extração com CuCl
2
0,05 M (pH 3; Al
Cu
): 5 g de solo foram agitados durante 5 minutos
com 50 ml da solução extratora. Após agitação a suspensão permaneceu em repouso durante 12
horas, seguido de nova agitação durante 30 minutos e filtragem através de papel de filtro lavado
112
em ácido. Lavou-se o solo contido no papel de filtro com CuCl
2
até completar o volume para 100
ml (JUO; KAMPRATH, 1979);
d) Extração com LaCl
3
0,33 M (pH 4; Al
La
): 10 g de solo foi agitado durante 2 horas com
50 ml da solução extratora. A suspensão foi filtrada utilizando papel de filtro lavado em ácido e o
solo nele retido foi lavado com LaCl
3
até completar o volume para 100 ml (HARGROVE;
THOMAS, 1981);
e) Extração com KCl 1 M (pH 5; Al
K
): 5 g de solo foi agitado durante 5 minutos com 50
ml da solução extratora. Após agitação se procedeu imediatamente a filtragem da suspensão em
papel de filtro lavado em ácido (RAIJ et al., 2001).
O alumínio nos extratos foi determinado por espectroscopia de absorção atômica. Os
resultados apresentados para esse elemento representam a média das análises realizadas em
duplicata que diferiram entre si em menos que 10%.
4.2.2 Resultados e Discussão
4.2.2.1 Relação entre Extratores, suas Especificidade e Adequabilidade
A habilidade dos diferentes extratores salinos em remover Al organicamente unido à
matéria orgânica dos horizontes e solos aqui estudados segue, para a maioria das amostras, aquela
descrita por rios autores (BLOON; MCBRIDE; WEAVER, 1979b; HARGROVE;
THOMAS, 1981; OATES; KAMPRATH, 1983a; HARGROVE; THOMAS, 1984; URRUTIA;
MACÍAS; GARCÍA-RODEJA, 1995; GARCÍA-RODEJA et al., 2004): Al
p
>Al
Cu
> Al
La
> Al
k.
No entanto, algumas amostras não seguiram essa tendência, o que será discutido posteriormente.
A falta de especificidade do extrator pirofosfato para formas Al-húmus ou sua habilidade
em remover outras formas de Al (e Fe), que não somente aquela unida à matéria orgânica, tem
sido demonstrada por vários autores (CHILDS; PARFITT; LEE, 1983; LEE; YUAN;
CARLISLE, 1988; URRUTIA; MACÍAS; GARCÍA-RODEJA, 1995) considerando-se a máxima
capacidade de complexação da matéria orgânica. Esta, geralmente expressa pela relação
Al(+Fe)/Corg, é obtida por meio da co-extração desses elementos pelo reagente pirofosfato, tal
como originalmente argumentado e estabelecido por Higashi, De Coninck e Gelaude (1981).
Baseando-se em dados de literatura, esses autores concluíram que a acidez total da matéria
113
orgânica de horizontes A ou B espódicos de Espodossolos nunca excede 7,0 mmol
c
g C
-1
, mesmo
em amostras compostas predominantemente de ácidos fúlvicos.
Figura 4.2 Relação entre Al extraído com pirofosfato (Al
p
) e o conteúdo de acidez orgânica (Aci
org
) estimada
segundo Higashi, De Coninck e Gelaude (1981) para todos os horizontes e solos estudados com
valores de Al
p
e carbono orgânico (Corg) detectáveis pelos respectivos métodos analíticos utilizados.
Amostras acima da linha de regressão 1:1 possivelmente excedem a capacidade de complexação da
matéria orgânica
A Figura 4.2 mostra a relação entre a acidez orgânica estimada e o conteúdo de Al
p
para
todas as amostras aqui estudadas. Observando-se a figura, está claro que Al
p
excede o conteúdo
de acidez orgânica para um número expressivo de amostras, aquelas situadas acima da linha de
regressão 1:1, passando pela origem. Interpretação similar foi auferida por Kaiser e Zeck (1996)
para horizontes espódicos. Segundo os autores, ainda que se considerar o fato de que, devido
ao baixo pH, somente parte dos grupos carboxílicos estarão protonados. Além disso, os dados
aqui utilizados se referem ao carbono orgânico oxidado das amostras que é sempre superior
aquele obtido do extrato pirofosfato, geralmente utilizado para estabelecer o grau de saturação
por Al na matéria ornica. Esses fatos, associados à presença expressiva de ácidos húmicos em
muitos horizontes espódicos aqui estudados (LOPES et al., 2008), predominantemente naqueles
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Aci
org
(mmol
c
kg
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Al
p
(mmol
c
kg
-1
)
1:1
114
consolidados (orstein), o que lhes imprime menor conteúdo de grupos carboxílicos por unidade
de carbono (STEVENSON, 1982) e, conseqüentemente, menor acidez orgânica
comparativamente aos ácidos fúlvicos, corroboram e evidenciam que Al no extrato pirofosfato
pode ser atribuído não somente a complexos orgânicos monoméricos, mas também a polímeros
hidróxi (KAISER; ZECK, 1996) para um número expressivo das amostras analisadas,
especialmente aquelas situadas acima da linha 1:1 da Figura 4.2. No entanto, não se pode
descartar que isso também suceda para as demais amostras, fato argumentado por Urrutia,
Macías e García-Rodeja (1995).
García-Rodeja et al. (1986) e Urrutia, Macías e García-Rodeja (1995) comprovaram a
ação do pirofosfato sobre formas inorgânicas de Al por meio de correlações entre extratores, tal
como aquelas apresentadas na Figura 4.3. Nela se observase que a eficácia dos cloretos não
tamponados diminui quando o reagente pirofosfato supostamente extrai outras formas que não
unicamente Al unido à matéria orgânica, tal como demonstrado por Higashi (1983). Este autor
mostrou por meio da co-extração do alumínio e do carbono de formas sintéticas de substâncias
húmicas, que sua máxima capacidade complexante varia de 0,12 a 0,22. Utilizando-se o valor de
0,20 para a relação Al
p
/Corg (Urrutia; Macías e García-Rodeja, 1995) e multiplicando-se este
valor por 100, tem-se a % de saturação do Al na matéria orgânica representada com linhas
tracejadas nas Figuras 4.3 e 4.4. Acima deste valor é evidente uma redução paulatina da
capacidade de extração dos cloretos não tamponados em relação ao pirofosfato, acentuando-se a
valores superiores a 40 (linha tracejada das mesmas figuras), quando LaCl
3
e KCl apresentam as
mais baixas eficiências extratoras (Figura 4.3). De fato, todas as amostras com saturação por Al
no húmus ((Al
p
/Corg)*100) superior a 20 e sobretudo, superior a 40, são predominantemente
oriundas de horizontes espódicos de perfis bem drenados, Bs ou Bhs e de horizontes C (dados
não mostrados). Nessas condições ambientais e horizontes que se identificou, no terceiro capítulo
deste trabalho, a presença e condições adequadas à formação e manutenção de compostos
inorgânicos amorfos de alumínio para um conjunto de perfis aqui estudados, os quais podem
contribuir ao extrato pirofosfato, tal como relatado por vários autores (BASCOMB, 1968;
MAcKEAGUE; BRYDON; MILES, 1971; MAcKEAGUE; SCHUPPLI, 1982; JARVIS, 1986;
PAGE; KIMPE, 1989; PATERSON; CLARK; BIRNIE, 1993; KAISER; ZECK, 1996).
115
Figura 4.3 Relação entre a saturação por Al extraído por pirofosfato no húmus dos solos estudados
((Al
p
/Corg)*100) e a porcentagem de Al removido por CuCl
2
, LaCl
3
e KCl em relação ao elemento
no extrato pirofosfato ((Al
Cu
/Al
p
)*100); (Al
La
/Al
p
)*100 e (Al
K
/Al
p
)*100), respectivamente)
A presença de amorfos inorgânicos pode ser evidenciada pelo exame da Figura 4.4 que
mostra a correlação entre Al
p
/Corg e as variáveis pH do solo (medido em água) e a relação
Al
p
/Al
o
para as amostras aqui estudadas. Acima de 20 ((Al
p
/Corg)*100) um aumento do valor
médio do pH e diminuição dos valores médios da relação Al
p
/Al
o
. As linhas
tracejadas na
horizontal delimitam os valores de 5 e 1, respectivamente para pH e Al
p
/Al
o
. Segundo Shoji e
Fujiwara (1984) a acidez do solo controla a formação de complexos de Al e Fe-húmus, de tal
forma que, a valores de pH inferires a 4,9, alumínio forma complexos estáveis com a matéria
orgânica do solo (SHOJI et al., 1982). Observa-se na Figura 4.4 que os valores médios de pH
aproximam-se de 5 à medida que aumenta a relação (Al
p
/Corg)*100, tornando-se mais evidente a
valores superiores a 40. A isso se soma a redução da relação Al
p
/Al
o
abaixo de uma unidade a
medida que aumenta os valores médios de pH, indicando que compostos inorgânicos amorfos
estão presentes (CHILDS; PARFITT; LEE, 1983).
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
20
40
60
80
100
120
140
(Al
Cu
/Al
p
)*100
(Al
La
/Al
p
)*100
(Al
K
/Al
p
)*100
(Al
Cu
/Al
p
)*100
(Al
La
/Al
p
)*100
(Al
K
/Al
p
)*100
116
Figura 4.4 – Correlação entre (Al
p
/Corg)*100 e as variáveis pH medido em água (pH H
2
O) e Al
p
/Al
o
. À medida que
a saturação por Al no húmus (Al
p
/Corg) se aproxima de 20 e 40, os valores de pH se aproximam de 5 e
a relação Al
p
/Al
o
tende para valores inferiores a 1, indicando a presença de compostos inorgânicos
amorfos
A relação entre extratores e a variação dos valores de pH da Figura 4.4 sugerem a
presença e condições favoráveis à formação e manutenção de complexos inorgânicos amorfos de
Al em detrimento da completa complexação do elemento à matéria orgânica, além de fornecerem
indícios da relativa especificidade ou adequabilidade dos extratores pirofosfato e oxalato a
extração de formas orgânicas e não cristalinas de Al para os solos estudados, respectivamente,
mesmo embora essas últimas formas possam também serem parcialmente extraídas pelo reagente
pirofosfato (KAISER; ZECK, 1996). Essa adequabilidade do extrator pirofosfato é corroborada
pelo exame da Figura 4.5.
A primeira e forte evidência da relação entre o pirofosfato e o Al organicamente unido
vem do bom ajuste da curva quando se correlaciona Al
p
e Corg, tal como se observa na Figura
4.5. No entanto, a relação entre Corg e Al
o
tem uma curva de pior ajuste (r = 0,78*** para
amostras com relação (Al
p
/Corg)*100 entre 20 e 40; r = 0,79*** para relação superior a 40;
dados não mostrados), sugerindo que tais reagentes são adequados aos solos estudados pelo fato
de proporcionarem relevantes tendências e relações na interpretação dos resultados das análises,
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
1
2
3
4
5
6
7
pH H
2
O
Al
p
/Al
o
pH H
2
O
Al
p
/Al
o
117
tal como já demonstrado no terceiro capítulo deste trabalho para as mesmas amostras e
argumentado por MacKeague e Schuppli (1982). Essa adequabilidade nos permite genericamente
afirmar que os reagentes pirofosfato e oxalato podem ser utilizados para estabelecer contundentes
relações entre as formas orgânicas e inorgânicas amorfas de Al para os solos de restinga do litoral
paulista, considerando-se a habilidade do primeiro para a extração das formas orgânicas
(MAcKEAGUE, 1967; CHILDS; PARFITT; LEE, 1983; FARMER; RUSSEL; SMITH, 1983;
SHOJI; FUJIWARA, 1984) e do oxalato para aquelas amorfas (MAcKEAGUE; DAY, 1966;
McKEAGUE; BRYDON; MILES, 1971; PARFITT; HENMI, 1982; KODAMA; ROSS, 1991;
GARCÍA-RODEJA, et al., 2004).
Figura 4.5 Correlação entre carbono orgânico (Corg) e alumínio extraído por pirofosfato (Al
p
) para o conjunto de
amostras com relação (Al
p
/Corg)*100 superior a 20. Alp_20 e Alp_40 se referem, respectivamente, às
amostras com relação entre 20 e 40 e acima de 40
O aumento da saturação por Al no húmus das amostras representadas na Figura 4.3 se dá,
em termos gerais, tanto pela diminuição dos conteúdos médios de carbono como pelo aumento do
elemento no extrato pirofosfato, tal como pode ser evidenciado da Figura 4.6. Do mesmo modo, a
mencionada redução da eficácia dos cloretos não tamponados em relação ao pirofosfato a valores
de (Al
p
/Corg)*100 superiores a 20 (mais evidente acima de 40; Figura 4.3) é conseqüência não
0 5 10 15 20 25 30 35
Corg (g kg
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
Al
p
(g kg
-1
)
Alp_40 = 0,61 + 0,45*Corg
n = 31; r = 0,93; P < 0,0001
Alp_20 = 0,13 + 0,25*Corg
n = 17; r = 0,97; P < 0,0001
Al
p
_20
Al
p
_40
118
somente da elevação dos valores de Al
p
, mas também devido à menor habilidade dos cloretos em
extrair Al para esse conjunto de amostras, sobretudo se considerarmos os reagentes LaCl
3
e KCl e
a relação (Al
p
/Corg)*100 superior a 40. As Figuras 4.7abc mostram essa tendência. O CuCl
2
, no
entanto, tem outro comportamento. Sua habilidade de extração é ainda considerável a elevados
valores de saturação por Al no húmus (Figuras 4.3 e 4.7a), havendo mesmo um aumento médio
de sua capacidade extratora a valores de (Al
p
/Corg)*100 acima de 40 comparativamente aqueles
abaixo da suposta máxima capacidade de saturação por Al da matéria orgânica (20). Dois fatores
podem ser co-responsáveis por tal comportamento:
(a)
a maior capacidade do CuCl
2
em liberar
Al não acessível aos demais cloretos não tamponados (URRUTIA; MACÍAS; GARCÍA-
RODEJA, 1995); e
(b)
sua habilidade em dissolver formas outras de Al que não unicamente
àquelas complexadas à matéria orgânica do solo, tal como relatado por Juo e Kamprath (1979),
Hargrove e Thomas (1984) e Soon (1993). Daí a maior dispersão e conteúdo de Al extraído com
CuCl
2
em relação aos demais extratores a valor de (Al/Corg)*100 superior a 20, o que pode ser
observado nas Figuras 4.3 e 4.7a.
Figura 4.6 – Relação entre Al
p
/Corg e as variáveis Corg e Al
p.
A saturação do Al no húmus se concomitantemente
pela diminuição do conteúdo de Corg e aumento do elemento no extrato pirofosfato
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
10
20
30
40
50
60
Corg; Al
p
(g kg
-1
)
Corg
Al
p
119
Do exame da Figuras 4.7abc pode-se concluir que a interpretação da menor eficácia dos
extratores não tamponados auferida da Figura 4.3 para valores de (Al
p
/Corg)*100 superior a 20,
originalmente sugerida por Urrutia, Macías e García-Rodeja (1995), pode ser conseqüência tanto
da reduzida habilidade dos mesmos em dissolver compostos orgânicos de maior estabilidade para
o conjunto de amostras aqui estudadas, sobretudo dos horizontes Bs e Bhs bem drenados e
horizontes C, como pela reconhecida capacidade do pirofosfato de extrair formas inorgânicas de
Al. A boa correlação entre Al
p
e Corg para esse conjunto de amostras contempladas na Figura
4.5, bem como a evidência de que tais amostras reconhecidamente apresentam compostos
inorgânicos amorfos de Al (Figura 4.4), ajudam a corroborar essa assertiva e somam-se na
interpretação sobre a adequabilidade de todos os reagentes aqui utilizados na extração de
diferentes formas de Al, o que também pode ser extraído das Figuras 4.8abc. Nelas, observa-se a
relação entre a saturação por Al no húmus e seu grau de estabilidade.
García-Rodeja et al. (2004) seguindo as interpretações comumente utilizadas na literatura
sobre reagentes seletivos e formas de Al, estabeleceram os seguintes parâmetros para avaliar à
interação do elemento à matéria orgânica em ordem decrescente de estabilidade: Al
p
-Al
Cu
; Al
Cu
-
Al
La
e Al
La
-Al
K
. Do exame das Figuras 4.8abc observa-se que as amostras com maior estabilidade
da interação Al-húmus, representada pela porcentagem da diferença entre os extratores em
relação ao de maior eficácia, encontram-se a valores de saturação por Al ((Alp/Corg)*100) acima
de 20, sendo mais evidente acima de 40, sobretudo para Al
p
-Al
Cu
e Al
Cu
-Al
La
. As referidas figuras
mostram que uma tendência de aumento médio da diferença entre extratores a valores de
saturação de Al no húmus acima de 20, acentuando-se a valores acima de 40 quando observamos
Al
p
-Al
Cu
e Al
Cu
-Al
La
. Assim, quanto maior a diferença entre extratores, maior a estabilidade da
interação Al-húmus (URRUTIA; MACÍAS, GARCÍA-RODEJA, 1995) tendendo a aumentar
concomitantemente à saturação do elemento no húmus, o que é evidente nas Figuras 4.8a e 4.8b.
No entanto, a diferença Al
La
-Al
K
(Figura 4.8c) não se mostra máxima a valores de saturação por
Al no mus superior a 20, o que está de acordo aos apontamentos de García-Rodeja et al.
(2004), uma vez que essa diferença (Al
La
-Al
k
) representa compostos de menor estabilidade Al-
húmus em relação as demais aqui analisadas (Al
p
-Al
Cu
e Al
Cu
e Al
La
), as quais foram máximas
acima desse valor, corroborando a maior estabilidade da interação carbono-metal para alguns
horizontes Bs, Bhs e C aqui estudados, predominantemente, os quais apresentam valores de
saturação por Al no húmus superiores a 20.
120
Figura 4.7 – Relação entre (Al
p
/Corg)*100 e o conteúdo de Al extraído por CuCl
2
(a), Al
2
Cl
3
(b) e KCl (c). A valores de
(Al
p
/Corg)*100 superiores a 20 uma redução dos valores médios de Al extraído pelos diferentes extratores o
tamponados, sobretudo para LaCl
3
e KCl, acentuando-se a valores acima de 40. CuCl
2
, no entanto, mostra elevada
capacidade extratora para um amplo limite de saturação por Al no húmus
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
10
20
30
40
50
60
70
Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
0 20 40 60 80 100 120
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
0 20 40 60 80 100 120
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
(a)
(b)
(c)
121
Figura 4.8 Relação entre (Al
p
/Corg)*100 e (a) ((Al
p
-Al
Cu
/Al
p
)*100, (b) ((Al
Cu
-Al
La
)/Al
Cu
)*100 e (c) ((Al
La
-
Al
K
)/Al
La
)*100 para o conjunto de amostras com valores positivo ou nulo da diferença entre extratores
0 20 40 60 80 100 120
0
20
40
60
80
100
(Al
p
-Al
Cu
)/Al
p
*100
0 20 40 60 80 100 120
0
20
40
60
80
100
(Al
Cu
-Al
La
)/Al
Cu
*100
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
(Al
La
-Al
k
)/Al
La
*100
(c)
(b)
(a)
122
Urrutia, Macías e García-Rodeja (1995) também identificaram a presença de complexos
Al-húmus mais lábeis em horizontes A, E e Bh de Espodossolos europeus comparativamente aos
horizontes Bs e horizontes A de Andossolos. Daí a baixa eficácia do LaCl
3
e KCl a valores de
saturação por Al no húmus superiores a 20, reduzindo concomitantemente ao aumento tanto da
saturação (Figura 4.7bc) como da estabilidade (Figuras 4.8abc) da interação carbono-metal. Esses
fatos se comprovam pela correlação da diferença entre extratores e a saturação por Al no húmus.
As Figuras 4.9abc evidenciam que a fração de Al de maior estabilidade (Figura 4.9a) se encontra
acima de 20 ((Al/Corg)*100), havendo uma redução dos valores médios da diferença à medida
que reduz a estabilidade da interação Al-húmus (Figuras 4.9bc), o que é mais evidente para
valores de saturação do elemento no húmus acima de 40.
As considerações e interpretações enunciadas acima e concernentes à estabilidade e o grau
da interação do Al no húmus são inverossímeis se tanto o extrator pirofosfato como o CuCl
2
extraem significativas porções inorgânicas de Al, ou seja, se inadequabilidade dos extratores
para valores de saturação por Al no húmus superiores a 20. A Tabela 4.1 ajuda a esclarecer esse
fato. O carbono orgânico (Corg) se relaciona significativamente com as variáveis Al
p
-Al
Cu
(r =
0,71***), Al
Cu
-Al
La
(r = 0,89***) e Al
La
-Al
K
(r = 0,74***), enquanto que apenas a fração
especificamente extraída com pirofosfato (Al
p
-Al
Cu
) se relaciona ao Al presente na estrutura dos
minerais amorfos (Al
o
-Al
p
; r = 0,51***). Assim, os parâmetros estatísticos da Tabela 4.1
sugerem, para esse conjunto de amostras que reconhecidamente apresentam Al inorgânico não
cristalino na sua composição, que tanto o CuCl
2
como, sobretudo, o LaCl
3
extraem
fundamentalmente Al ligado à matéria orgânica, haja vista que o maior valor de r se deu para a
relação Al
Cu
-Al
La
e Corg (r = 0,89***), havendo um decréscimo desse parâmetro quando se
relaciona as formas inorgânicas não cristalinas (Al
o
-Al
p
) à estabilidade da interação Al-húmus,
com valores não significativos a 1% de probabilidade para a relação entre Al
o
-Al
p
e as variáveis
Al
Cu
-Al
La
(r = 0,33) e Al
La
-Al
K
(r = 0,27). No entanto, o comportamento da fração mais estável de
Al e especificamente extraída pelo pirofosfato (Al
p
-Al
Cu
) se mostra diferente. Como
mencionado, tal fração se relaciona significativamente tanto às formas inorgânicas não cristalinas
(Al
o
-Al
p
) como ao Corg (Tabela 4.1), sugerindo que ambas as formas, tanto ornicas como
inorgânicas de Al, podem ser co-responsáveis pelo conteúdo do elemento especificamente
extraído pelo pirofosfato (Al
p
-Al
Cu
), o que corrobora o enunciado acima de que a menor eficácia
dos extratores não tamponados a valores de saturação por Al no húmus ((Al
p
/Corg)*100) superior
123
a 20 (Figura 4.3) pode ser conseqüência tanto da reduzida habilidade dos mesmos em dissolver
compostos orgânicos de maior estabilidade como da reconhecida capacidade do pirofosfato de
extrair formas inorgânicos de Al. No entanto, observa-se na Figura 4.3 que quando maior o grau
de saturação por Al no húmus, menor é a eficácia dia dos extratores não tamponados, mesmo a
valores acima de 20.
Tabela 4.1 – Coeficientes de correlação r e níveis de significância P do momento do produto Pearson para o conjunto
de dados com valores de (Al
p
/Corg)*100 iguais ou superiores a 20 e diferenças Al
o
-Al
p
positivas
Variáveis
1
Al
p
-Al
Cu
2
Al
Cu
-Al
La
3
Al
La
-Al
K
4
coeficiente de correlação r / nível de significância P
Al
o
-Al
p
0,51 / 0,0006 0,33 / 0,04 0,27 / 0,09
Corg
0,71 / <0,0001 0,89 / < 0,0001 0,74 / <0,0001
1
Al
o
-Al
p
= subtração entre o Al extraído com oxalato (Al
o
) e o Al extraído por pirofosfato (Al
p
), referindo-se ao
elemento presente na estrutura dos minerais amorfos (GARCÍA-RODEJA et al., 2004); Corg = carbono orgânico
2
Al
p
-Al
Cu
= Al extraído por pirofosfato (Al
p
) menos o Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu
), ou seja, quantidade de Al
especificamente extraída por pirofosfato;
3
Al
Cu
-Al
La
= Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu
) menos o Al extraído por LaCl
3
(Al
La
), ou seja, a fração do elemento
especificamente extraída por CuCl
2
;
4
Al
La
-Al
K
= Al extraído por LaCl
3
(Al
La
) menos o Al extraído por KCl (Al
K
), ou seja, a fração do Al especificamente
removida pelo La
2
Cl
3
124
Figura 4.9 – Relação entre (Al
p
/Corg)*100 e (a) Al
p
-Al
Cu
, (b) Al
Cu
-Al
La
e (c) Al
La
-Al
K
(b)
(a)
(c)
0 20 40 60 80 100 120
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Al
p
-Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
0 20 40 60 80 100 120
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Al
Cu
-Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
0 20 40 60 80 100 120
(Al
p
/Corg)*100
0
20
40
60
80
100
120
140
Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
125
Dos resultados e discussões anteriores podemos constatar que:
(a)
há uma forte tendência
de que quanto maior é a saturação por Al no húmus, maior é a estabilidade da interação do metal
à matéria orgânica dos solos estudados;
(b)
a máxima capacidade complexante de 0,22
determinada pela co-extração de Al e Corg para formas sintéticas de substâncias húmicas
(HIGASHI, 1983) parece não se reproduzir aqui. Diferenças na origem e no tipo de materiais
húmicos e no pH dos solos podem combinar para alterar a habilidade complexante das
substâncias húmicas, fato constatado por Takahashi, Fukuoka e Dahlgren (1995), de tal forma
que os solos aqui estudados aparentemente mostram a matéria orgânica de algumas amostras e
horizontes com maior capacidade de saturação com metal, além de 0,22, sobretudo para
determinados horizontes Bs e Bhs bem drenados e horizontes C;
(c)
alguns desses horizontes
apresentaram o Al menos lábil ou a maior estabilidade da interação Al-húmus, bem como frações
reconhecidamente inorgânicas não cristalinas do elemento;
(d)
possivelmente, a melhor
drenagem e/ou a maior idade absoluta da matéria orgânica desses horizontes bem drenados Bs e
Bhs, geralmente situados na base dos perfis mais velhos e também bem drenados (capítulo 2)
favoreceram as condições e/ou o tempo necessários a maior interação e estabilização da união
carbono-metal;
(e)
o extrator pirofosfato parece extrair outras formas que não somente Al unido à
matéria orgânica, ao contrário do CuCl
2
, que parece ser mais específico para essa forma do
elemento na maioria das amostras que reconhecidamente apresentam Al inorgânico;
(f)
no
entanto, as interpretações enunciadas acima evidenciam a adequabilidade de todos os extratores
aqui utilizados, inclusive do pirofosfato, por permitir estabelecer relações e interpretações
contundentes quanto ao entendimento da química dos complexos Al-húmus dos solos de restinga
aqui estudados. Assim, tais extratores, sobretudo o pirofosfato, o qual possivelmente carece de
total seletividade, mostraram-se adequados e podem ser utilizados nos estudos e no entendimento
dos processos envolvidos na gênese de Espodossolos do litoral paulista, fato constatado no
capítulo 3 deste trabalho para o reagente pirofosfato;
(g)
as diferentes idades e condições de
formação dos solos aqui estudados, sobretudo relacionadas ao hidromorfismo e hidrologia nos
perfis, que por sua vez favorecem ou não
(1)
a mobilização recente de compostos organo-
metálicos em profundidade, rejuvenescendo os horizontes espódicos inferiores nos perfis bem
drenados;
(2)
a atuação da atividade biológica, ausente nos saturados;
(3)
a manutenção da
estabilidade estrutural e maior preservação dos perfis que permanecem saturados por água a
maior parte do ano;
(4)
a quase completa remoção de horizontes consolidados (ortstein) em perfis
126
situados em relevo com alguma declividade e, portanto, com influência de fluxos hídricos laterais
que drenam os solos.
Todos os fatores acima relatados (itens 1 a 4) são condicionadores da grande diversidade e
variabilidade lateral e vertical dos perfis e horizontes B espódicos da área estudada (capítulo 2),
esses últimos com diferente natureza dos grupos funcionais das substâncias húmicas, resultando
no Al sendo retido com diferentes afinidades. A grande dispersão dos dados da Figura 4.9 é
resultado dessa diversidade e natureza diferenciada das substâncias húmicas, a qual pode ser mais
bem avaliada na Tabela 4.2. Nela foram selecionados quatro perfis, os quais são representativos
das áreas estudadas e manifestam atributos morfológicos e químicos decorrentes da idade e
condições a que foram formados. Os perfis P2 e P3 são bem drenados e distam 15 m entre si.
Embora muito próximos, mostram grande variação dos atributos morfológicos (capítulo 2) e
químicos (Tabela 4.2). Em comum tem as boas condições de drenagem e o subscrito “s”
indicativo da presença de sexquióxidos de ferro (EMBRAPA, 2006), bem como a presença de Al
em componentes inorgânicos não cristalinos (capítulo 3). Esse última característica é facilmente
observada em alguns horizontes, sobretudo naqueles Bhs do perfil P2 e Bs e Bsm do perfil P3,
devido aos valores de pH próximos ou acima de 5, relação Al
p
/Al
o
abaixo de uma unidade e
saturação por Al no húmus ((Al
p
/Corg)*100) superior a 20 (Tabela 4.2).
127
Tabela 4.2 – Dados químicos referentes a perfis selecionados
(continua)
Hor. Prof. Corg (Al
p
/
Corg)*100
Al
p
/Al
o
pH Al
p
Al
Cu
Al
La
Al
K
Al
p
-Al
Cu
Al
Cu
-Al
La
Al
La
-Al
K
cm g kg
-1
-----------------------------------------mmol
c
kg
-1
----------------------------------------
Perfil P2 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, acentuadamente drenado
A1 0-13 26,09 2,82 1,04 3,8 81,67 53,33 27,89 7,21 28,33 25,45 20,68
A2 13-28 21,41 11,07 1,25 4,2 263,33 122,22 30,44 10,73 141,11 91,78 19,71
AE 28-63 8,81 27,23 0,96 4,7 266,67 92,35 10,00 3,70 174,32 82,35 6,30
E 35-82 1,89 12,71 1,20 5,4 26,67 11,60 2,32 1,02 15,06 9,28 1,30
EB 60-84 2,83 .. .. 4,9 66,67 26,17 4,86 2,31 40,49 21,32 2,55
Bhs1 67-90 5,98 20,56 0,93 4,8 136,67 57,28 6,00 3,54 79,38 51,28 2,46
Bhs2 74-116 9,76 37,35 0,92 4,9 405,00 132,84 8,67 3,00 272,16 124,17 5,67
Bhs3 116-140 8,81 60,41 1,16 5,0 591,67 133,33 7,89 2,90 458,33 125,45 4,99
Bhs4 114-128 12,91 61,13 1,42 4,9 876,67 177,53 9,55 3,02 699,14 167,98 6,53
Bhs5 128-153 4,41 51,05 0,65 5,1 250,00 84,44 6,67 1,70 165,56 77,78 4,97
Bhs6 126-152 6,30 45,74 0,65 5,2 320,00 121,23 7,22 2,03 198,77 114,01 5,19
Bhs7 140-200 4,41 54,46 0,58 5,3 266,67 96,79 4,44 1,81 169,88 92,35 2,63
C1 161-180 1,25 72,04 0,69 5,6 100,00 42,96 3,41 1,10 57,04 39,55 2,31
C2 180-200 3,78 55,99 0,39 5,3 235,00 94,32 3,17 1,62 140,68 91,15 1,55
Perfil P3 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-6 36,52 .. .. 4,2 0,00 13,83 10,55 7,21 .. 3,27 3,34
A2 6-13 13,33 .. .. 4,4 0,00 4,20 2,73 2,61 .. 1,46 0,12
EA 13-25 2,12 .. .. 4,6 0,00 1,98 1,35 1,32 .. 0,63 0,03
E1 25-71 0,61 .. .. 5,7 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
E2 106-180 0,30 .. .. 5,5 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
EB 94-113 1,21 .. .. 5,3 0,00 4,20 2,40 1,62 .. 1,80 0,78
BE1 71-82 8,78 5,29 1,00 5,2 51,67 43,95 24,00 7,24 7,72 19,95 16,76
BE2 73-91 18,17 8,03 0,98 4,6 161,67 122,47 69,66 5,89 39,20 52,81 63,77
Bh1 82-119 19,69 7,54 1,03 4,3 165,00 120,25 78,55 8,63 44,75 41,70 69,92
Bh2 107-125 11,51 7,43 0,96 4,5 95,00 73,58 48,55 5,59 21,42 25,03 42,96
Bh3 135-170 11,81 6,86 1,11 4,5 90,00 73,78 43,88 8,38 16,22 29,89 35,50
Bhm1 89-125 36,52 8,95 1,05 4,2 363,33 323,33 82,88 10,02 40,00 240,45 72,86
127
128
Tabela 4.2 – Dados químicos referentes a perfis selecionados
(conclusão)
Hor. Prof. Corg (Al
p
/
Corg)*100
Al
p
/Al
o
pH Al
p
Al
Cu
Al
La
Al
K
Al
p
-Al
Cu
Al
Cu
-Al
La
Al
La
-Al
K
cm g kg
-1
-----------------------------------------mmol
c
kg
-1
----------------------------------------
Perfil P3 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
Bhm2 120-142 22,72 21,26 1,09 4,7 536,67 172,84 21,11 9,33 363,83 151,73 11,78
Bs1 107-125 5,45 15,68 0,98 4,8 95,00 62,96 11,89 4,39 32,04 51,08 7,50
Bs2 125-180 4,24 44,93 0,59 5,2 211,67 95,80 12,00 3,84 115,86 83,80 8,16
Bsm1 122-144 19,99 14,33 1,09 4,6 318,33 198,77 30,55 15,62 119,57 168,21 14,93
Bsm2 153-180 8,18 39,07 0,52 5,2 355,00 132,59 7,44 2,72 222,41 125,15 4,72
Bsm3 132-170 11,02 25,64 0,70 4,6 313,33 119,51 16,67 8,32 193,83 102,84 8,35
Bsm4 157-180 15,75 20,35 0,72 4,8 355,00 170,12 17,89 6,54 184,88 152,24 11,35
Plácico
.. 35,89 11,11 1,04 4,1 443,33 231,85 85,99 0,00 211,48 145,86 85,99
Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A 0-7 .. .. 0,61 3,9 21,67 16,22 24,55 12,04 5,44 .. 12,51
AE 7-11 20,46 .. .. 4,1 0,00 8,15 6,78 9,71 .. 1,37 ..
EA 11-30 8,81 .. .. 4,2 0,00 5,68 3,94 3,90 .. 1,73 0,04
E 18-48 1,26 .. .. 4,9 0,00 0,00 1,00 0,98 .. .. 0,02
EB 35-74 1,57 .. .. 4,7 0,00 2,96 2,63 1,89 .. 0,33 0,74
BE 60-83 4,09 3,18 0,51 4,5 14,17 10,62 8,67 6,32 3,55 1,95 2,35
Bh1 83-103 15,11 4,37 3,14 3,9 73,33 53,33 39,22 22,32 20,00 14,12 16,90
Bh2 90-117 19,52 6,30 1,58 4,1 136,67 95,80 76,44 33,50 40,86 19,37 42,94
Bhm 117-150 18,57 7,43 1,64 4,1 153,33 111,36 63,44 22,99 41,98 47,92 40,45
Perfil P30 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
O 0-10 .. .. 1,10 ... 108,50 105,19 59,33 30,30 3,31 45,86 29,03
A 10-18 33,50 .. .. 4,1 0,00 2,72 1,56 4,40 .. 1,16 ..
E 18-40 2,78 .. .. 4,9 0,00 0,00 0,00 0,00 .. .. ..
Bhg 33-44 33,03 1,60 0,92 3,7 83,33 66,67 50,66 21,32 16,67 16,01 29,34
Bh 40-76 46,93 4,75 1,06 4,1 223,33 167,16 118,43 8,90 56,17 48,73 109,53
Bhm 58-105 42,30 13,99 1,17 3,7 513,33 404,89 47,44 18,43 108,44 357,45 29,01
Nota – Sinais convencionais utilizados:
.. Não se aplica dado numérico
... Dado numérico não disponível
128
129
A diferença de estabilidade da interação Al-matéria orgânica pode ser facilmente avaliada
tanto ao longo de um mesmo perfil como entre perfis por meio das diferenças entre extratores.
Comparando os perfis bem drenados, P2 e P3, o primeiro mostra os horizontes Bhs3 e Bhs4 com
os maiores valores de Al
p
-Al
Cu
, respectivamente 458,33 e 699,14 mmol
c
kg
-1
(Tabela 4.2). Como
tal perfil apresenta remanescentes de horizontes ortstein em profundidade, o que associado às
condições de relevo local foi interpretado no segundo capítulo deste trabalho como um
Espodossolo mais bem desenvolvido no passado, o indicativo da presença de compostos de Al de
maior estabilidade nesses poucos horizontes comparativamente aos dos demais perfis pode ser
resultado da remoção dos compostos de Al mais lábeis e preservação daqueles de maior
estabilidade química. No entanto, tais horizontes, juntamente com os horizontes C (perfil P2), são
os que apresentam os maiores valores de saturação por Al no húmus observados, o que,
juntamente com os valores de pH próximos a 5 (Tabela 4.2) e ausência de relação significativa
entre Corg e Al
p
(Tabela 4.3), sugerem tanto a presença de minerais inorgânicos não cristalinos
como a falta de especificidade do pirofosfato para formas orgânicas de Al. A relação Al
p
/Al
o
inferior a 1 para a maioria desses horizontes Bhs e também C (perfil P2), as menores observadas
(Tabela 4.2), confirmam esses resultados e revelam a importância de convergir evidências por
meio de diferentes procedimentos analíticos e do comportamento geoquímico dos elementos no
solo a fim de corretamente interpretar os resultados das técnicas de dissoluções seletivas e avaliar
suas limitações, sobretudo quanto ao pirofosfato.
É provável que tanto o pirofosfato como, em menor proporção, o CuCl
2
, removam
significativas quantidades de Al inornico do perfil P2 ou de alguns de seus horizontes, haja
vista a fraca correlação entre Corg e as variáveis Al
p
e Al
Cu
, enquanto que Al
o
correlaciona-se
significativamente com essas duas formas de Al (Tabela 4.3). Isso possivelmente ocorre devido a
sua maior quantidade e/ou graus variados de cristalinidade dos seus componentes inorgânicos em
relação aos demais horizontes e perfis aqui estudados. No entanto, as interpretações são mais
confiáveis dentro do mesmo perfil ou mesmo entre perfis de uma mesma série de solos, que
esses, os horizontes de um perfil e os reagentes, terão potenciais e limitações semelhantes na
análise de um elemento químico de interesse.
130
Tabela 4.3 Nível de significância P e coeficiente de correlação r para a relação entre Corg e Al
o
e as variáveis Al
p
,
Al
Cu
, Al
La
, Al
K
e Al
o
referentes aos perfis bem drenados P2 e P3
Variáveis Al
p
Al
Cu
Al
La
Al
K
Al
o
coeficiente de correlação r / nível de significância P
Perfil P2
Corg
0,19 / 0,52 0,32 / 0,26 0,95 / <0,0001 0,89 / < 0,0001
-0,09 / 0,76
Al
o
0,83 / <0,0001 0,81 / <0,0001 -0,18 / 0,53 -0,20 / 0,48
..
Perfil P3
Corg
0,50 / 0,08 0,88 / <0,0001 0,70 / 0,008 0,61 / 0,026
0,20 / 0,49
Al
o
0,85 / <0,0001 0,47 / 0,10 -0,41 / 0,16 -0,10 / 0,76
..
Nota – Sinais convencionais utilizados
.. Não se aplica dado numérico
Embora não específico, o pirofosfato auxiliou no estabelecimento de relações e
interpretações quanto à presença de minerais não cristalinos (Al
p
/Al
o
) para a maioria dos
horizontes do perfil P2, o que, associado à elevada saturação de Al no húmus ((Corg/Al
p
)*100),
muito acima de 20, garantem sua adequabilidade às formas de Al, pois esses parâmetros alertam
para a grande possibilidade de fontes inorgânicas não cristalinas nos solos e horizontes, bem
como a provável superestimativa do Al extraído com pirofosfato.
O perfil P3 é mais desenvolvido que o anterior, o que pode ser verificado pela presença de
horizontes ortstein (Bhm e Bsm) e maiores conteúdos de Corg (Tabela 4.2) nos horizontes
espódicos. Ao contrário do perfil P2, este mostra relações significativas entre Corg e Al
p
(r =
0,50*) e Corg e Al
Cu
(r = 0,88***). Embora exista, a correlação entre Corg e Al
p
é fraca, fato que,
associado tanto à significativa e mais forte correlação entre Al
p
e Al
o
(r = 0,85***), como as
relações (Cor/Alp)*100 superiores a 20 e valores de pH próximos ou acima de 5, também
sugerem a presença de Al na forma mineral inorgânica não cristalina em alguns horizontes, fato
constatado no capítulo 3 deste trabalho. No entanto, Al
Cu
mostrou-se significativamente
correlacionado ao Corg (r = 0,88***), mas não ao Al
o
(Tabela 4.3), o que evidencia a maior
adequabilidade tanto do pirofosfato, como e principalmente do CuCl
2
para as formas orgânicas
de Al neste perfil, comparativamente ao P2. Possivelmente, a mineralogia (quantidade e/ou grau
de cristalinidade) e a natureza da matéria orgânica (química e grau de humificação) diferenciadas
entre os perfis condicionaram esses resultados. Esta última pode ser avaliada analisando-se a
131
diferença entre os extratores. Devido à maior estabilidade estrutural dos horizontes ortstein (Bhm
e Bsm) é de se esperar maior estabilidade da interação Al-húmus em relação aos horizontes
brandos, sobretudo considerando-se o horizonte Bh, o que de fato ocorre. Do exame da Tabela
4.2 observa-se que os horizontes Bh1, Bh2 e Bh3 do perfil P3 mostram os maiores valores para a
diferença Al
La
-Al
K
, de menor estabilidade em relação às demais listadas na Tabela, enquanto que,
naqueles consolidados Bhm e Bsm, tais valores o muito inferiores, tanto em relação aos dos
horizontes Bh como, e principalmente, em relação às diferenças Al
p
-Al
Cu
e Al
Cu
-Al
La
; esses
últimos reconhecidamente relacionados a maior estabilidade da interação Al-húmus (GARCÍA-
RODEJA et al., 2004) e, conseqüentemente, a natureza menos lábil dos complexos orgânicos ali
formados.
A tendência acima relatada também é observada no perfil P30, ou seja, valores superiores
da fração mais lábil dos complexos Al-matéria orgânica (Al
La
-Al
K
) nos horizontes Bh
comparativamente às mais estáveis e ao horizonte consolidado Bhm. Este último, em geral,
apresenta os mais elevados conteúdos de Al
p
e Al
Cu
dos perfis, sobretudo naqueles mal drenados
onde uma tendência de sobreposição da fração Al
Cu
-Al
La
em relação àquela que representa a
interação mais estável do complexo Al-matéria orgânica (Al
p
-Al
Cu
). Esses fatos são observados
nos dados da Tabela 4.2, incluindo o perfil P10. Este é de idade absoluta muito mais recente em
relação ao Perfil P30 (capítulo 2), sugerindo que o tempo pode condicionar tanto ao maior
acúmulo como à estabilidade do carbono nos Espodossolos, fato constatado por Skjemstad et
al. (1992) para Espodossolos sob dunas na Austrália. De fato isso é evidenciado na Tabela 4.2.
Comparando os perfis P10 e P30 (Tabela 4.2), ambos de drenagem, observam-se os maiores
conteúdos de Corg nos horizontes espódicos do P30, bem como dos valores de Al
p
, Al
Cu
e das
diferenças entre extratores que representam os complexos de maior estabilidade da interação Al-
matéria orgânica (Al
p
-Al
Cu
; Al
Cu
-Al
La
), sobretudo se analisarmos os horizontes Bhm de ambos os
perfis. Ademais, a fração menos estável ou mais lábil de Al (Al
La
-Al
K
) é muito inferior às demais
para o horizonte Bhm do perfil mais velho (P30), enquanto que o também designado horizonte
Bhm do perfil P10, mais jovem, mostra as diferentes frações referentes à estabilidade da
interação Al-matéria orgânica com valores muito próximos entre si, sugerindo que o tempo não
foi suficiente para o desenvolvimento de uma matéria orgânica de maior estabilidade nesse
horizonte, mais fortemente associada e floculada por Al, tal como o ocorrido para o perfil P30,
mais antigo.
132
Do enunciado acima se aventa que à estabilidade da interação Al-húmus obtida por meio
dos reagentes não tamponados e pirofosfato pode ser mais um critério a fim de avaliar, de
maneira comparativa, o grau de desenvolvimento dos Espodossolos numa cronosseqüência, de tal
forma que os mais antigos mostram a matéria orgânica mais fortemente associada ao Al e estável
e, consequentemente, maior valor da diferença entre os extratores que representam a maior
estabilidade da interação Al-húmus. No entanto, é provável que tal critério seja mais adequado
aos horizontes consolidados ortstein por representarem uma mais velha situação fóssil. Schwartz
(1988) e Pagé e Guillet (1991) mencionaram que tais horizontes cimentados são fósseis e
representam a chave para os estudos de evolução dos Espodossolos (SCHWARTZ, 1988), quer
devido a pouca ou ausente atividade biológica, quer devido à ausência de migração de
substâncias orgânicas solúveis aos mesmos uma vez que permanecem submersos no período em
que tais substâncias são passíveis de serem produzidas e mobilizadas (PAGÉ; GUILLET, 1991),
além de sua baixa porosidade total, dificultando ou mesmo impedindo a circulação das mesmas.
Ambos os perfis mal drenados mostram seus horizontes espódicos com baixos valores de
pH, próximos ou inferiores a 4,00; relação Al
p
/Al
o
superiores a 1,00 para a maioria das amostras
e saturação por Al no húmus ((Corg/Al
p
)*100) sempre inferior a 20 (Tabela 4.2), sugerindo
condições inadequadas à formação e, portanto, ausência ou ínfima quantidade de compostos
inorgânicos não cristalinos, fato constatado no terceiro capítulo deste trabalho para
Espodossolos mal drenados da área; parâmetros esses que diferem contundentemente daqueles
perfis bem drenados (perfis P2 e P3), onde as condições são favoráveis à formação e manutenção
de tais compostos (capítulo 3), evidenciando a constatada adequabilidade do extrator
pirofosfato na diferenciação e estabelecimento de relações entre os horizontes e perfis dos solos
de restinga estudados.
É provável que as relações entre os extratores aqui utilizados reflitam melhor as condições
de formação dos horizontes e perfis mal drenados e sujeitos ao hidromorfismo temporário ou
permanente dos horizontes espódicos comparativamente àqueles mal drenados devido à sua
maior seletividade para os primeiros, de mineralogia mais simples (capítulo 3). No entanto, como
salientamos anteriormente, relevantes e contundentes interpretações podem ser auferidas quando
se convergem evidências morfológicas (cor e consistência) e químicas (pH, saturação por Al no
húmus, Al
p
/Al
o
, Corg, diferença entre extratores) a fim de auxiliar na elucidação de processos,
mineralogia, interação Al-matéria orgânica dos solos estudados, e mesmo na avaliação da
133
eficácia dos extratores. Algumas dessas interpretações parecem mais precisas quando realizadas
para a mesma classe de solos ou mesmo e de maneira mais simples, para a mesma classe de
drenagem se separarmos os perfis unicamente em bem e mal drenados, uma vez que esse atributo,
classe de drenagem, influencia a maioria dos atributos dos Espodossolos da área estudada, define
sua mineralogia (capítulo 2) e, conseqüentemente, a maior ou a menor eficácia e seletividade dos
extratores.
4.2.2.2 Al Extraído com CuCl
2
(Al
Cu
)
Juo e Kamprath (1979) foram os primeiros a proporem o CuCl
2
0,5M como um extrator
de Al não trocável reativo nos solos. A habilidade do Cu
2+
para formar complexos relativamente
fortes com a matéria orgânica do solo torna esse extrator potencialmente adequado à remoção de
Al organicamente unido (SOON, 1993; JUO; KAMPRATH, 1979). No entanto, a eficiência do
CuCl
2
na remoção de Al-húmus tem sido atribuída, sobretudo, ao baixo valor de pH da solução,
normalmente 3,0 (HARGROVE; THOMAS, 1981; OATES; KAMPRATH, 1983; PONETTE;
ANDRE ;DUFEY, 1996). Dada à importância do pH no controle do Al extraído por meio de sais
não tamponados, Ponette, André e Dufey (1996) sugeriram que tanto o pH da mistura solo-
solução extratora como do solo deveriam ser mencionados nas análises de rotina quando se
estuda o elemento.
A Figura 4.10 mostra a relação entre o pH (medido em água e na solução de equilíbrio) e
o conteúdo de Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu
). Pelo exame da figura observa-se que o Al
Cu
tende a
aumentar com o aumento do pH no extrato após o equilíbrio, fato também constatado por García-
Rodeja et al. (2004) para solos vulcânicos europeus, enquanto o pH medido em água (pH H
2
O)
comporta-se inversamente. No entanto, a grande dispersão dos dados mostrada na Figura 4.10
indica que nem o pH do solo e nem o de equilíbrio são os únicos fatores que explicam a diferente
eficácia do CuCl
2
na extração do Al dos solos estudados. De fato, Oates e Kamprath (1983a) e
Ponette, Andre e Dufey (1996) encontraram que o efeito do pH da mistura solução salina e solo é
muito menor em solos minerais, como os aqui analisados, comparativamente àqueles orgânicos.
A natureza diferenciada das substâncias húmicas dos solos estudados, facilmente observada pela
grande variação da diferença entre extratores dos horizontes de um mesmo perfil ou entre perfis,
o que pode ser evidenciado da Tabela 4.2, resulta no Al sendo retido com diferentes afinidades
134
(TADASHI et al., 1995) e quantidades (STEVENSON, 1982; SKJEMSTAD, 1992),
provavelmente em sítios específicos da matéria ornica (PONETTE, ANDRE, DUFEY, 1996),
imprimindo diferentes capacidades tampão aos horizontes dos perfis, de tal forma que a um
mesmo valor de pH da solução de equilíbrio se tem valores diferenciados de Al
Cu
para os
variados horizontes dos perfis, tal como evidenciado na Figura 4.10. Maiores detalhes sobre os
fatores que interferem na capacidade extratora do CuCl
2
são posteriormente apresentados.
Figura 4.10 Relação dos valores pH medido em água (pH H
2
O) e na solução de equilíbrio (pH CuCl
2
) com o Al
extraído por CuCl
2
(Al
Cu
)
A primeira e forte evidência da capacidade dos cloretos não tamponados em extrair Al
associado à matéria orgânica do solo vem da relação do Al
Cu
com Corg (r = 0,48***), mostrada
na Figura 4.11. Uma melhor correlação entre essas variáveis foi reportada por Urrutia, Macías e
García-Rodeja (1995) para solos ácidos da Galícia (r = 0,74***) e García-Rodeja et al. (2004)
para solos vulcânicos Europeus (r = 0,85***). Apesar da correlação significativa (Figura 4.11), a
dispersão dos dados é muito elevada, reflexo da:
(a)
grande diversidade e natureza diferenciada
da matéria orgânica (química e grau de humificação) dos horizontes e perfis aqui analisados,
possivelmente de maior variabilidade em relação àquelas reportadas por Urrutia, Macías e
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
pH H
2
O; pH CuCl
2
pH H
2
O = 4,78 - 0,002*Al
Cu
; r = -0,31; P < 0,0001; n = 243
pH CuCl
2
= 2,54+ 0,002*Al
Cu;
r = 0,59; P < 0,0001; n = 243
pH H
2
O
pH CuCl
2
135
García-Rodeja (1995) e García-Rodeja et al. (2004);
(b)
variabilidade tanto dos valores de pH
como do conteúdo de Al a ser incorporado na matéria orgânica dos diversos horizontes e perfis
dos solos, formados em diferentes períodos como resultado de processos pedogenéticos
diferenciados (capítulo 2);
(c)
diversidade mineralógica como conseqüência da atuação dos
processos de formação diferenciados ao longo dos horizontes e perfis estudados, sobretudo
daqueles bem drenados (capítulo 3); e
(d)
ação diferenciada do CuCl
2
na extração do Al dos
variados tipos e/ou graus de cristalinidade dos minerais de Al ali formados, tal como já
comentado e evidenciado para um menor conjunto de dados (Tabela 4.3). Para o extrator
pirofosfato a dispersão dos dados é ainda maior quando o relaciona ao Corg (r = 0,31***; n =
176).
Figura 4.11 Relação entre Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu)
e carbono orgânico (Corg) para o conjunto de horizontes e
perfis estudados
A porcentagem de Al extraído pelo CuCl
2
em relação ao pirofosfato variou de 17,8 a
125,8%, com média de 63,6% (n = 180). Apenas duas amostras tiveram seus valores de Al no
extrato CuCl
2
superior ao do pirofosfato. Estas se referem a horizontes BCg e 2Cg de um mesmo
perfil (P8), os quais se encontram permanentemente submersos e apresentam baixos conteúdos de
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
Corg (g kg
-1
)
Corg = 7,52 + 0,07*Al
Cu
r = 0,48; P < 0,0001; n = 242
136
carbono orgânico. No entanto, as diferenças entre extratores são pequenas (5,12 mmol
c
kg
-1
para
o horizonte BCg e 17,60 mmol
c
kg
-1
para o horizonte 2Cg), o que sugere similar capacidade de
extração para ambos os métodos, possivelmente com ligeira contribuição do Al da fase mineral,
fato também constatado e argumentado por García-Rodeja et al.(2004) para alguns horizontes C e
superficiais de solos vulcânicos europeus, com baixos conteúdos de Corg. Dahlgren e Walker
(1993) relataram valores de Al
Cu
em relação ao Al
p
variando de 50 a 80% para horizontes
espódicos, o que difere consideravelmente daqueles aqui encontrados, 19 a 98% para os mesmos
horizontes.
Em vista do exposto, pirofosfato extraiu mais Al que o CuCl
2
para a grande maioria das
amostras, com diferenças variando entre 0,03 e 744,11 mmol
c
kg
-1
. Em geral, os menores valores
da diferença são encontrados nos horizontes superficiais e horizontes C quando presentes,
enquanto os maiores, para os horizontes Bs, Bhs e Bhm. O máximo valor, 744,11 mmol
c
kg
-1
, foi
registrado no horizonte Bs de um perfil bem drenado (perfil P7, horizonte Bs6; capítulo 2), cujos
dados químicos convergem para a presença de formas inorgânicas de Al (Al
p
/Al
o
= 0,65;
(Al
p
/Corg)*100 = 45,27) e, portanto, uma provável ação do pirofosfato sobre tais formas. Outros
autores, no entanto, também relataram as maiores diferenças entre os extratores e,
conseqüentemente, a maior estabilidade dos complexos Al-húmus em horizontes Bs
comparativamente aos Bh (URRUTIA, MACÍAS, GARCÍA-RODEJA, 1995), tal como
encontramos aqui e já argumentado anteriormente.
Como regra geral, esses dados sugerem que as diferenças entre esses extratores podem ser
interpretadas em termos da estabilidade dos complexos Al-húmus devido à coerência dos
resultados: os horizontes com provável menor grau de evolução da matéria orgânica, A e C,
mostram os menores valores da diferença, enquanto aqueles de maior estabilidade do húmus, Bs,
Bhs e Bhm, os maiores valores comparativamente aos horizontes superficiais e Bh. No entanto, a
convergência de evidências analíticas e morfológicas é um procedimento recomendado para
adequadamente interpretar os resultados de dissoluções seletivas, com ênfase a estabilidade da
interação Al-húmus, tal como mostrado e argumentado da Tabela 4.3 para um menor conjunto de
dados.
O grau de saturação por Al no húmus, agora se utilizando da relação entre o Al extraído
pelo CuCl
2
e o carbono orgânico ((Al
Cu
/Corg)*100), variou entre 0,04 a 32,73, com média de
6,70. A Figura 4.12 mostra a relação entre os graus de saturação do elemento calculados por
137
pirofosfato e CuCl
2
. Nota-se pela figura que a valores acima de 20, quando se utiliza pirofosfato,
um considerável aumento da dispersão dos dados, haja vista o melhor ajuste da curva quando
se exclui tais dados (r = 0,89***; n = 121) em relação ao conjunto total de amostras (r = 0,77***;
n = 170). Esse resultado, juntamente com a observação da Figura 4.13, ajuda a corroborar aqueles
anteriores de que:
(a)
o valor de 20 parece indicar a máxima capacidade de saturação metálica no
húmus para a maioria das amostras;
(b)
uma redução da habilidade dos reagentes em dissolver
Al à medida que se aumenta a saturação do elemento no húmus;
(c)
tanto o CuCl
2
como o
pirofosfato dissolvem formas inorgânicas de Al, embora o segundo pareça ser bem mais efetivo
na remoção de tais formas, tal como evidenciado e argumentado da Tabela 4.1.
Figura 4.12 Relação entre a saturação por Al no mus medida por pirofosfato ((Al
p
/Corg)*100) e aquela medida
com CuCl
2
((Al
Cu
/Corg)*100). (Al/Corg)*100_A refere-se a todo o conjunto de dados;
(Al/Corg)*100_B refere-se apenas as amostras com valores de (Al
p
/Corg)*100 inferiores a 20. Linhas
pontilhadas delimitam a provável máxima capacidade de saturação da matéria orgânica por Al,
calculada tanto por pirofosfato como CuCl
2
A menor eficácia do CuCl
2
em relação ao pirofosfato e aos compostos de maior
estabilidade da interação Al-húmus, bem como sua menor habilidade em dissolver materiais
inorgânicos, devem contribuir para a maior dispersão dos dados a valores de saturação por Al no
0 5 10 15 20 25 30 35
(Al
Cu
/Corg)*100
0
20
40
60
80
100
120
(Al
p
/Corg)*100
(Al
p
/Corg)*100_A = -2,95 + 2,49*(Al
Cu
/Corg)*100;
r = 0,77; P < 0,0001; n = 170
(Al
p
/Corg)*100_B = 1,18 + 1,19*(Al
Cu
/Corg)*100;
r = 0,89; P < 0,0001; n = 121
(Al/Corg)*100_A - todas as amostras
(Al/Corg)*100_B - valores inferiores a 20
138
húmus superiores a 20, tal como mostrado na Figura 4.12, a qual também possibilita uma
correspondência desse mesmo valor àquele calculado pela relação Al
Cu
/Corg. Do exame das
Figuras 4.12 e 4.13 se obtém o valor próximo a nove para a suposta máxima saturação por Al no
húmus para a maioria das amostras quando se utiliza o CuCl
2
como extrator. Acima desse valor
uma forte tendência a maior dispersão dos dados, como pode ser observado das referidas
figuras, além de englobar a grande maioria das amostras cuja saturação por Al no húmus
ultrapassa 20 unidades quando se utiliza pirofosfato no cálculo ((Al
p
/Corg)*100).
Figura 4.13 – Relação entre o grau de saturação por Al no húmus medido com CuCl
2
((Al
Cu
/Corg)*100) e a
porcentagem de Al extraído por LaCl
3
((Al
La
/Al
Cu
)*100) e KCl ((Al
K
/Al
Cu
)*100) em relação ao
CuCl
2
(Al
Cu
). À medida que se aumenta o grau de saturação por Al no húmus reduz a eficácia do
La
2
Cl
3
e KCl em relação ao CuCl
2
O valor de nove aqui sugerido por meio da observação visual, sobretudo da Figura 4.12,
referindo-se ao cálculo da máxima saturação por Al do húmus, utilizando-se para tal o CuCl
2
como extrator, tem seu apoio nas Figuras 4.14abc. Pelo exame das mesmas observa-se que os
maiores valores das diferenças entre aqueles que representam a maior estabilidade da interação
Al-húmus (Al
p
-Al
Cu
e Al
Cu
-Al
La
) se situam acima de nove ou próximo, onde também uma
maior dispersão dos dados, semelhante ao relatado ao analisarmos a Figura 4.9, referente ao
0 5 10 15 20 25 30 35
(Al
Cu
/Corg)*100
0
20
40
60
80
100
120
(Al
La
/Al
Cu
)*100
(Al
K_5
/Al
Cu
)*100
139
cálculo da saturação por Al, utilizando-se do pirofosfato. Contrariamente e também semelhante
ao descrito para a Figura 4.9, os valores que representam a menor estabilidade A-húmus (Al
La
-
Al
K
; Figura 4.14c) são visivelmente reduzidos e menos dispersos abaixo daquele valor. Esses
constatações sugerem similaridade entre os valores 20 e 9: enquanto o primeiro representa o valor
dentro do limite estabelecido para o grau máximo de saturação por Al no mus originalmente
calculado pela co-extração do elemento e do carbono por pirofosfato de substâncias húmicas
sintéticas (HIGASHI, 1983) e utilizado por Urrutia, Macías e García-Rodeja para solos ácidos da
Galícia, o segundo foi aqui obtido se utilizando do Al extraído por CuCl
2
e do carbono orgânico,
correlacionando-os aos valores obtidos por pirofosfato e carbono orgânico (Figura 4.12).
Outra similaridade entre ambas as formas de cálculo de saturação por Al e que confirma o
valor de 9, vem do mais bem definido comportamento dos dados a valores dobrados de saturação
por Al no húmus em relação ao suposto máximo, tal como pode ser observado das Figuras 4.9
((Al
p
/Corg)*100 de 40) e 4.14 ((Al
Cu
/Corg)*100 de 18). No entanto, as Figuras 4.14abc mostram
que tal comportamento é ainda mais bem definido para o valores acima de 18 ((Al
Cu
/Corg)*100),
comparativamente aqueles acima de 40 ((Al
p
/Corg)*100); Figura 4.9), havendo tanto uma menor
dispersão dos dados como uma tendência à diminuição da estabilidade média da interação Al-
húmus das amostras à medida que aumenta a saturação por Al no húmus a valores superiores à 9
((Al
Cu
/Corg)*100). Possivelmente, esse comportamento mais bem definido quando se utiliza
CuCl
2
está relacionado à menor especificidade do pirofosfato, ou seja, à maior capacidade desse
último reagente em extrair formas inorgânicas de Al comparativamente ao CuCl
2
. As Figuras
4.15 e 4.16 mostram esse fato e também confirmam a ação do CuCl
2
sobre tais formas
inorgânicas, tal como já evidenciado anteriormente.
140
Figura 4.14 Relação entre a saturação por Al no húmus, utilizando-se do reagente CuCl
2
para o calculo da relação
(Al
Cu
/Corg)*100) e as seguintes diferenças entre extratores: (a) Al
p
-Al
Cu
; (b) Al
Cu
-Al
La
; (c) Al
La
-Al
K.
Considerou-se apenas valores positivos
0 5 10 15 20 25 30 35
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Al
Cu
-Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
0 5 10 15 20 25 30 35
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Al
p
-Al
Cu
(mmol
c
kg-1)
(a)
(b)
0 5 10 15 20 25 30 35
(Al
Cu
/Corg)*100
0
20
40
60
80
100
120
140
Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
(c)
141
Os maiores coeficiente de correlação r e nível de significância P para a relação entre as
formas inorgânicas de Al não cristalino (Al
o
-Al
p
) e o teor do elemento extraído por pirofosfato
(r = 0,75**; Figura 4.15) e por CuCl
2
(r = 0,67*; Figura 4.16) para um conjunto de amostras que
reconhecidamente apresentam formas inorgânicas de Al (capítulo 3), como aquelas que mostram
os maiores graus de saturação por Al no húmus aqui encontradas ((Al
Cu
/Corg)*100 > 18) e baixos
conteúdos de carbono orgânico (Figura 4.17), comprovam a falta de especificidade de ambos os
extratores, com maior eficácia do pirofosfato para tais formas. No entanto, para essas mesmas
amostras há uma forte correlação entre o Corg e o Al obtido tanto por CuCl
2
(r = 0,98***), o que
pode ser evidenciado da Figura 4.17, como por pirofosfato (r = 0,96***), sugerindo que:
(a)
essa
é a principal forma do elemento extraído por ambos os reagentes, mesmo quando formas
inorgânicas não cristalinas estão presentes;
(b)
uma maior e significativa similaridade quanto
ao tipo de matéria orgânica para as amostras com relação (Al
Cu
/Corg)*100 superior a 18 em
relação às demais, tal como pode ser evidenciado pela dispersão dos dados da Figura 4.17, a qual
é muito inferior para as primeiras ((Al
Cu
/Corg)*100> 18). De fato, essas compreendem apenas
horizontes Bs, Bhs e C, todos bem drenados, enquanto que aquelas amostras com saturação por
Al no húmus inferior a 18 ((Al
Cu
/Corg)*100) englobam uma grande diversidade de tipos de
horizontes (A, Bh, Bs, Bhm, Bsm, C, Cg e horizontes intermediários), de composição orgânica e
mineral muito variados devido à diversidade dos processos de formação e das condições químicas
atuais para estabilização e manutenção de tais compostos (capítulo 3); e
(c)
algumas dessas
amostras com baixo conteúdo de carbono orgânico mostram capacidade de saturação por Al no
húmus superior aquela encontrada por HIGASHI (1983) para formas sintéticas de substâncias
húmicas, tal como comentado anteriormente.
142
Figura 4.15 Relação entre Al inorgânico não cristalino (Al
o
-Al
p
) e as variáveis Al extraído por pirofosfato (Al
p
) e a
fração extraída especificamente por pirofosfato, mas não por CuCl
2
(Al
p
-Al
Cu
). Consideraram-se
apenas valores positivos para as diferenças Al
o
-Al
p
. Valores referentes às amostras com relação
(Al
Cu
/Corg)*100 iguais ou superiores a 18
Figura 4.16 Relação entre Al inorgânico o cristalino (Al
o
-Al
p
) e as variáveis Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu
) e a
fração extraída especificamente por CuCl
2
, mas não por La
2
Cl
3
(Al
Cu
-Al
La
). Consideraram-se apenas
valores positivos para as diferenças Al
o
-Al
p
.
Valores referentes às amostras com relação
(Al
Cu
/Corg)*100 iguais ou superiores a 18
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Al
o
-Al
p
(mmol
c
kg
-1
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Al
Cu
; Al
Cu
-Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
Al
Cu
= 31,35 + 0,24*Al
o
-Al
p;
r = 0,66; P = 0,014; n = 13
Al
Cu
-Al
La
= 27,02+ 0,23*Al
o
-Al
p;
r = 0,67; P = 0,014; n = 13
Al
Cu
-Al
La
Al
Cu
0
50
100 150 200 250 300 350 400
Al
o
-Al
p
(mmol
c
kg
-1
)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Al
p
; Al
p
-Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
Al
p
= 56,55 + 0,77*Al
o
-Al
p;
r = 0,74; P = 0,0063; n = 13
Al
p
-Al
Cu
= 18,31 + 0,56*Al
o
-Al
p;
r = 0,75; P = 0,0051; n = 13
Al
p
Al
p
-Al
Cu
143
A Figura 4.15 também revela que com o aumento da quantidade de alumínio extraído de
formas inorgânicas (Al
o
-Al
p
) uma tendência a maior eficácia do pirofosfato em relação ao
CuCl
2
, uma vez que os valores de Al
p
e Al
p
-Al
Cu
se tornam cada vez mais distantes à medida que
se aumenta o conteúdo das formas inorgânicas; tendência essa não observada na Figura 4.16. Esta
mostra que os valores de Al extraído por CuCl
2
se mantém muito próximos aos teores do
elemento especificamente extraídos por esse reagente, mas não por LaCl
3
(Al
Cu-
Al
La
)
,
independente da quantidade de Al inorgânico. Essas tendências corroboram tanto
(a)
a
capacidade diferenciada dos extratores em dissolver formas inorgânicas de Al, que pirofosfato
comprovadamente mostrou maior habilidade em relação ao CuCl
2
, e o La
2
Cl
3
não tem efeito
sobre tais formas de Al (Figura 4.18), fato constatado por Urrútia, Macías e García-Rodeja
(1995), como
(b)
a exígua habilidade desse último para formas mais estáveis da interação Al-
húmus (Figura 4.16), o que será melhor visualizado e discutido no item subseqüente.
Figura 4.17 Relação entre carbono orgânico (Corg) e Al extraído por CuCl
2
(Al
Cu
). Corg>18 refere-se ao teor de
carbono orgânico das amostras que apresentam relação (Al
Cu
/Corg)*100 igual ou superior a 18;
Corg<18 às amostras com relação inferior a 18
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
70
Corg (g kg
-1
)
Corg>18 = -0,12 + 0,04*Al
Cu
r = 0,98; P < 0,0001; n = 14
Corg<18 = 8,15 + 0,07*Al
Cu
; r = 0,48; P < 0,0001; n = 225
amostras com (Al
Cu
/Corg)*100 > 18
amostras com (Al
Cu
/Corg)*100 < 18
144
Figura 4.18 Relação entre as formas inorgânicas de Al não cristalino (Al
o
-Al
p
) e os valores de Al extraído com
LaCl
3
e aquele especificamente extraído por esse extrator, mas não por KCl (Al
La
- Al
K
). Valores
referentes às amostras com relação (Al
Cu
/Corg)*100 iguais ou superiores a 18. Consideraram-se
apenas valores positivos para as diferenças Al
o
-Al
p
.
Nota-se que não há relação entre as variáveis
4.2.2.3 Al Extraído com LaCl
3
(Al
La
)
Muitas soluções têm sido utilizadas para medir o Al extraível do solo. O sal mais comum
utilizado é o KCl (OATES; KAMPRATH, 1983). Outros sais não tamponados de cloro também
têm sido propostos como métodos alternativos para estimar a fração extraível do elemento,
relacionados, sobretudo, a compostos orgânicos (GARCÍA-RODEJA et al., 2004). Dentre eles, os
mais efetivos nos estudos do fracionamento do Al associado à matéria orgânica do solo são o
CuCl
2
(JUO; KAMPRATH, 1979), discutido anteriormente, e o LaCl
3
, originalmente sugerido
por Bloom, MacBride e Weaber (1979b). Esses diferentes sais de cloro, no entanto, extraem
diferentes conteúdos de Al (OATES; KAMPRATH, 1983) relacionados à estabilidade do
complexo Al-húmus (GARCÍA-RODEJA, et al., 2004): enquanto o CuCl
2
pode ser considerado
um extrator válido para o Al complexado à matéria orgânica em complexos de estabilidade baixa
a média (complexos de esfera interna), o LaCl
3
é mais efetivo para complexos de mínima
estabilidade, aqueles de esfera externa (URRÚTIA; MACÍAS; GARCÍA-RODEJA; 1995), ou
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Al
o
-Al
p
(mmol
c
kg
-1
)
0
2
4
6
8
10
12
14
Al
La
; Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
Al
La
= 5,45 + 0,006*Al
o
-Al
p;
r = 0,23; P = 0,48; n = 12
Al
La
-Al
K
= 3,48 + 0,004*Al
o
-Al
p;
r = 0,21; P = 0,52; n = 12
Al
La
Al
La
-Al
K
145
seja, para espécies de Al menos hidroxiladas e polimerizadas, as quais podem representar o Al
reativo em termos de troca iônica e acidez do solo, tal como argumentado por Hargrove e
Thomas (1984).
146
Figura 4.19 Relação entre o Al extraído por LaCl
3
(Al
La
) e os valores de pH medidos em água (pH H
2
0) (a) e
aquele medido na solução de equilíbrio (pH LaCl
3
) (b). Linhas tracejadas mostram que a valor de pH
superior a 5,0 os valores de Al
La
não ultrapassam 20 mmol
c
kg
-1
1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
pH LaCl
3
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
(a)
(b)
3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
pH H
2
O
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
147
A quantidade de Al extraído por LaCl
3
decresceu com o aumento do pH medido em água
(Figura 4.19a) e foi menor que 20 mmol
c
kg
-1
para valor de pH superior a 5,0. García-Rodeja et
al. (2004), relacionando o pH medido em KCl com Al
La
encontrou extrações inferiores a 20 cmol
c
kg
-1
a valores de pH superiores a 5,0. Para os solos aqui analisados isso se a pH (KCl) de 4,4
(dados não mostrados). A curva da Figura 4.19a (pH H
2
O x Al
La
) foi mais bem ajustada (r = 0,61;
curva polinomial) em relação aquela observada para CuCl
2
(Figura 4.10
;
r = -031***; pH H
2
O x
Al
Cu
). Esse fato associado à menor dispersão dos dados quando se relaciona a CTC do solo
(H+Al medidos a pH 7) ao Al removido por LaCl
3
comparativamente aos demais extratores,
como pode ser evidenciado da Tabela 4.4, sugerem que Al
La
é o que melhor se relaciona aos
componentes responsáveis pelo desenvolvimento de cargas nos solos estudados e, portanto, é a
fração mais lábil da interação Al-húmus, possivelmente regulando a atividade do elemento
dissolvido nos Espodossolos sob vegetação de restinga do litoral paulista, o que está de acordo ao
estabelecido por Oates e Kamprath (1983b) e Hargrove e Thomas (1984): enquanto os primeiros
encontraram que LaCl
3
não somente removeu o mesmo conteúdo de Al que o KCl da fração
argila, mas também aquele organicamente unido e que influencia na atividade do elemento na
solução do solo, Hargrove e Thomas (1984) mostraram que LaCl
3
extraiu um conteúdo de Al que
parece estar relacionado a acidez titulável (determinada condutimetricamente com Ca(OH)
2
) e,
portanto, ao requerimento de calcário nos solos ácidos. A boa correlação entre CTC e Corg (r =
0,86*** para todas as amostras e r = 0,98*** para os horizontes B espódicos), já demonstrada no
capítulo 2 deste trabalho para os solos da área, evidencia que essas cargas resultam
predominantemente da matéria orgânica.
Os resultados acima relatados, no entanto, discordam daqueles encontrados por García-
Rodeja et al. (2004). O autores determinaram que CuCl
2
foi que melhor correlacionou à CTC
medida a pH 7 em horizontes ândicos, possivelmente devido ao maior conteúdo e tipo
diferenciado de minerais não cristalinos (alofana e imogolita) naqueles solos em relação aos aqui
estudados, os quais são solúveis em CuCl
2
, mas não em LaCl
3
, fato já comprovado anteriormente.
A Figura 4.19b mostra a grande dispersão dos dados e, portanto, a fraca correlação entre
Al
La
e o seu pH de equilíbrio (r = 0,21; curva polinomial), o que está de acordo ao relatado por
Oates e Kamprath (1983a) e Bloom, McBride e Weaver (1979b). Os primeiros autores
demonstraram que o Al removido pelo LaCl
3
foi linearmente relacionado ao pH de equilíbrio
para solos orgânicos, mas não mudou apreciavelmente e teve um efeito mínimo para solos
148
minerais quando o pH da solução estava abaixo de 4,2. De fato, todos os horizontes dos solos
aqui estudados são minerais e o pH da solução de equilíbrio esteve sempre abaixo de 4,2 (Figura
4.19), com valores mínimo e máximo de 2,01 e 3,58, respectivamente, e média de 2,70. Bloom,
McBride e Weaver (1979b) explicaram essa fraca correlação entre as variáveis aqui consideradas.
Os autores relataram que a efetividade da solução salina de LaCl
3
para a extração do Al é devido
a afinidade do cátion do sal aos sítios de troca do solo e não devido ao seu pH, daí a fraca
correlação observada entre o pH de equilíbrio e o Al extraído pelo LaCl
3
da Figura 4.19b.
Tabela 4.4 Coeficiente de correlação r do momento do produto Pearson e número de amostras n para a relação
linear entre CTC do solo e as seguintes variáveis: Al
p
, Al
Cu
, Al
La
e Al
K
. Valor de P < 0,0001 para todas
as correlações. Nota-se o maior coeficiente para a relação entre CTC e Al
La
tanto quando se analisa
todas as amostras como somente os horizontes B espódicos
Al
p
Al
Cu
Al
La
Al
K
Variável
r
n
r
n
r
n
r
n
todos os horizontes
0,43 169 0,76 233
0,83
234 0,77 229
horizontes B espódicos
CTC
0,40 103 0,77 105
0,86
100 0,69 103
As porcentagens do Al extraído com LaCl
3
em relação ao pirofosfato e CuCl
2
variaram de
1,1 até 125,5% (média de 29,4%) e de 3,4 até 151,5% (média de 46,2%), respectivamente,
valores máximos e médios muito superiores aqueles relatados por Urrutia, Macías e García-
Rodeja (1995) e García-Rodeja et al. (2004), evidenciando à presença de frações orgânicas de Al
mais lábeis nos solos aqui estudados. Esses autores encontraram que LaCl
3
extraiu mais Al de
horizontes B espódicos e menos de horizontes A de Andossolos devido à maior estabilidade dos
complexos Al-húmus destes últimos.
A máxima eficácia do LaCl
3
para extrair Al associado à matéria orgânica (Al
p
e Al
Cu
) se
dá, sobretudo, nos horizontes superficiais do tipo A, havendo uma tendência de sua redução em
profundidade, naqueles horizontes de maior estabilidade da interação Al-húmus, tal como
constatado anteriormente. Em termos gerais, a relação entre a eficácia do LaCl
3
na extração do Al
e o tipo de horizonte dos solos estudados segue a ordem: A>Bh>Bhm>Bsm/Bs/Bhs ou
A>Bh>Bhm/Bsm/Bs/Bhs. Assim, as menores eficácias são observadas para horizontes Bs, Bhs,
em alguns horizontes Bhm de determinados perfis, bem como em horizontes C com baixos
149
conteúdos de carbono (geralmente menor que 10g kg
-1
) e bem drenados, os quais mostram a
maior estabilidade da interação Al-húmus, tal como demonstrado na relação entre extratores.
Esses resultados corroboram os discutidos anteriormente e, em parte, aqueles relatados por
Urrútia, Macías e García-Rodeja (1995). Segundo esses autores as menores eficácias do LaCl
3
se
deram em Andossolos e, similar ao que encontramos aqui, em horizontes Bs e C com baixos
conteúdos de carbono orgânico, onde o extrator somente extrai Al trocável. No entanto, tais
horizontes aqui estudados (Bs e C, se bem drenados) comprovadamente apresentam formas
inorgânicas de Al não cristalinos, os quais são solúveis em pirofosfato e CuCl
2
, mas o em
LaCl
3
, reduzindo sua eficácia relativa aos extratores.
A Tabela 4.5 mostra dados selecionados de alguns perfis estudados, os quais corroboram
as assertivas anteriores. Nela observa-se que a maioria dos horizontes C de perfis bem drenados
(Perfis P1 e P5) apresentam valores de pH próximos a 5 e relação Al
p
/Al
o
inferior a uma unidade,
indicativos de condições favoráveis (pH) e presença de minerais de Al não cristalinos (Al
p
/Al
o
).
Nesses horizontes com baixo conteúdo de Corg, a eficácia do LaCl
3
em relação ao pirofosfato é
baixa (< 7%), possivelmente devido a uma conjugação de dois fatores:
(1)
habilidade deste
último para formas inorgânicas de Al; e
(2)
maior estabilidade da interação Al-húmus de tais
horizontes. Em horizontes C mal drenados, como aqueles do perfil P8 da Tabela 4.5, a eficácia do
LaCl
3
para formas de Al é semelhante ou mesmo superior à do pirofosfato e CuCl
2
, indicativo da
presença de formas lábeis da interação Al-húmus, condicionadas pelo hidromorfismo (GARCÍA-
RODEJA et al., 2004). Nesses horizontes, os baixos valores de pH (< 3,4; Tabela 4.5) favorecem
a interação Al-húmus em detrimento da formação de compostos inorgânicos de Al (SHOJI;
FUJIWARA, 1984). Fato semelhante ocorreu em alguns poucos horizontes A (Perfil P10; Tabela
4.5). Embora bem drenados, a constante deposição de matéria orgânica fresca, pouco humificada,
os baixos conteúdos de Al total (HARGROVE; THOMAS, 1984) e valores de pH (JARVIS,
1986), favorecem a formação de espécies de Al menos hidroxiladas e polimerizadas, as quais o
LaCl
3
é muito efetivo na sua remoção, tal como argumentado por Hargrove e Thomas (1984),
sobrepondo-se à capacidade extratora do pirofosfato e CuCl
2
. Esses autores também encontraram
que o conteúdo de Al extraído por LaCl
3
foi o mesmo ou maior que aquele determinado por
CuCl
2
em amostras onde o conteúdo total do elemento foi relativamente baixo (4,5 mmol kg
-1
).
150
Os horizontes Bs e Bhs do perfil P8 permanecem inundados a maior parte do tempo ao
longo dos anos e não mostram indícios de materiais inorgânicos não cristalinos, como pode ser
concluído dos baixos valores de pH (< 3,6) e das relações Al
p
/Al
o
próximas a uma unidade. Seus
valores de Al extraído por LaCl
3
em relação aos extratores pirofosfato e CuCl
2
são muito
superiores aqueles dos perfis bem drenados (P5, P29 e P31), corroborando a manutenção de
formas mais lábeis de Al sob condições de hidromorfismo, tal como relatado anteriormente para
os horizontes C mal drenados. Nessas condições e horizontes, o provável efeito da redução da
eficácia do LaCl
3
em relação ao pirofosfato e CuCl
2
não é conseqüência da presença de amorfos
inorgânicos, que estão virtualmente ausentes. As condições de hidromorfismo que
desfavorecem a polimerização do Al e humificação da matéria orgânica, tal como relatado
anteriormente, são responsáveis por tais resultados.
O conteúdo de Al extraído por LaCl
3
limitou entre 0,3 e 156 mmol
c
kg
-1
, não muito
distante daqueles relatados por García-Rodeja et al. (2004) para solos vulcânicos europeus (0,2 a
190 mmol
c
kg
-1
). uma tendência de seu aumento com o conteúdo de carbono orgânico. A
Tabela 4.6 mostra os coeficientes de correlação da curva de regressão linear entre o teor de
carbono orgânico e de Al obtido pelos diferentes extratores aqui utilizados, considerando-se
apenas os horizontes B espódicos. A menor dispersão dos dados se para LaCl
3
(r=0,84***),
possivelmente devido a ineficácia do extrator para formas inorgânicas de Al e a abundância do
elemento em complexos de esfera externa para os horizontes espódicos aqui estudados e,
portanto, de menor estabilidade da interação Al-húmus (URRUTIA; MACÍAS; GARCÍA-
RODEJA, 1995).
151
Tabela 4.5 Valores de Corg, de pH, da relação Al
p
/Al
o
e de Al extraído com LaCl
3
, sua eficácia em relação ao
pirofosfato ((Al
La
/Al
p
)*100) e ao CuCl
2
((Al
La
/Al
Cu
)*100) de perfis selecionados
(continua)
Hor. Profundidade Corg pH Al
p
/Al
o
Al
La
(Al
La
/
Al
p
)*100
(Al
La
/
Al
Cu
)*100
cm g kg
-1
mmol
c
kg
-1
--------------%--------------
Perfil P1 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, excessivamente drenado
A1 0-8 19,83 4,2 1,49 11,67 33,33 56,24
A2 8-25 17,57 4,0 1,23 23,55 39,26 69,63
AC 25-38 9,69 4,5 0,99 20,33 15,64 34,74
C1 38-84 8,18 4,8 1,07 13,11 3,29 11,23
C2 84-140 3,94 4,9 0,77 11,78 4,98 15,49
C3 140-160 3,63 4,9 0,69 10,67 4,60 14,90
C4 160-175 3,33 4,7 0,56 9,22 3,82 12,49
C5 175-210 2,00 4,8 0,49 5,29 5,77 11,83
Plácico 180 9,39 4,2 0,63 18,33 2,54 12,50
Perfil P5 ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa,
bem drenado
A1 0-12 19,08 4,7 .. 8,00 79,99 89,98
A2 12-27 11,21 4,3 .. 14,55 72,77 99,91
E 27-57 0,63 4,5 .. 1,11 .. 89,99
Bhg 57-75 10,70 4,0 1,09 48,22 45,92 64,45
Bh1 52-75 31,49 4,0 0,91 71,77 22,55 31,15
Bh2 63-80 33,37 3,9 1,15 105,10 26,95 32,42
Bh3 55-95 26,44 4,2 1,14 37,00 7,09 11,08
Bh4 126-150 32,11 4,4 0,78 35,55 3,92 9,41
Bh5 73-112 27,39 4,2 0,99 44,22 5,45 10,82
Bs1 78-101 12,59 4,7 0,66 17,00 2,69 9,70
Bs2 82-85 5,35 4,8 0,56 11,33 2,80 10,55
Bs3 95-126 10,07 4,6 0,65 12,67 2,25 11,71
Bs4 85-180 16,37 4,4 0,86 37,44 5,24 11,75
Bs5 130-150 3,15 4,8 0,42 5,67 2,58 7,02
Bs6 54-120 23,30 4,5 0,65 34,66 2,96 8,11
Bs7 155-180 13,85 4,7 0,68 13,44 1,67 7,45
C 54-112 1,57 5,1 0,36 6,11 6,55 12,13
Plácico 73 15,74 4,6 0,75 24,44 2,92 16,39
Perfil P8 ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, mal drenado
A1 0-13 60,19 3,7 1,55 24,44 50,57 83,89
A2 13-23 12,28 3,9 .. 5,11 47,17 50,48
EA1 17-29 5,67 4,3 .. 2,76 .. 61,99
EA2 29-36 5,04 4,6 .. 3,57 .. 60,18
Bh1 36-42 17,31 4,2 1,01 55,44 58,36 75,60
Bh2 42-82 21,41 3,6 1,20 63,55 45,94 63,55
Bhs 53-93 10,39 3,4 0,98 43,77 36,99 42,93
Bs 93-114 4,41 3,6 0,98 26,89 43,60 56,13
BCg 114-129 5,35 3,1 0,99 58,22 112,68 102,51
Cg1 129-150 10,07 3,4 0,73 52,33 87,21 91,74
2Cg2 150-170 21,72 3,3 0,68 85,77 125,52 99,82
152
Tabela 4.5 Valores de Corg, de pH, da relação Al
p
/Al
o
e de Al extraído com LaCl
3
, sua eficácia em relação ao
pirofosfato ((Al
La
/Al
p
)*100) e ao CuCl
2
((Al
La
/Al
Cu
)*100) de perfis selecionados
(conclusão)
Hor. Profundidade Corg pH Al
p
/Al
o
Al
La
(Al
La
/
Al
p
)*100
(Al
La
/
Al
Cu
)*100
cm g kg
-1
mmol
c
kg
-1
--------------%--------------
Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura
arenosa, mal drenado
A 0-7 67,37 3,9 0,61 24,55 113,31 151,34
AE 7-11 20,46 4,1 .. 6,78 .. 83,17
EA 11-30 8,81 4,2 .. 3,94 .. 69,45
E 18-48 1,26 4,9 .. 1,00 ..
EB 35-74 1,57 4,7 .. 2,63 .. 88,87
BE 60-83 4,09 4,5 0,51 8,67 61,17 81,62
Bh1 83-103 15,11 3,9 3,14 39,22 53,48 73,53
Bh2 90-117 19,52 4,1 1,58 76,44 55,93 79,79
Bhm 117-150 18,57 4,1 1,64 63,44 41,37 56,97
Perfil P28 ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura arenosa,
bem drenado
A 0-21 5,71 4,1 .. 1,67 .. 74,99
E 21-126 0,93 5,0 .. .. ..
Bhs1 54-73 11,27 4,6 1,10 16,78 4,68 15,00
Bhs2 65-88 10,50 5,0 1,27 22,00 3,35 12,53
Bhs3 60-108 13,89 4,8 1,47 40,44 5,44 20,15
Bhs4 77-177 10,81 5,1 0,87 9,44 1,51 6,69
Bhs5 111-200 6,33 5,1 0,67 7,55 2,22 4,80
Bhs6 134-160 8,49 4,9 0,62 8,11 1,90 5,19
Bhs7 150-200 6,79 5,0 0,68 6,33 1,66 6,27
Perfil P29 ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa,
imperfeitamente drenado
A 0-14 64,52 ... .. 9,33 .. 72,69
E 14-60 2,16 4,9 .. .. .. ..
Bh 47-70 36,12 3,8 1,22 81,77 56,72 77,20
Bhm1 60-87 50,94 3,7 1,06 114,88 52,22 57,50
Bhm2 87-104 18,52 4,4 1,06 14,67 5,75 8,92
Bs 104-115 9,11 4,6 1,05 11,00 5,00 10,15
Perfil P31 ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa,
imperfeitamente drenado
A 0-10 22,85 4,7 .. 4,00 .. 50,62
E 10-18 2,01 4,9 .. .. .. ..
Bh 18-40 28,40 3,8 1,21 86,44 47,93 66,93
Bhm 33-44 33,34 3,8 1,11 117,99 29,74 35,61
Bs1 40-76 5,56 4,5 0,87 4,67 1,71 4,96
Bs2 58-105 7,56 4,5 0,46 21,78 9,82 17,67
Nota – Sinais convencionais utilizados:
.. Não se aplica dado numérico
... Dado numérido não disponível
153
Dos enunciados acima se pode sugerir que a extração com LaCl
3
pode ser interpretada em
termos da estabilidade dos complexos Al-húmus (GARCÍA-RODEJA et al., 2004) de tal forma
que os horizontes Bs, Bhs, C (bem drenados), Bhm e Bsm mostram as menores eficácias do
extrator para formas orgânicas de Al, enquanto que, em alguns desses horizontes, sobretudo Bs,
Bhs e C, se encontrados sob condições freqüentes de hidromorfismo, o extrator tem sua eficácia
aumentada devido à presença e manutenção de matéria orgânica menos condensada e formas de
Al menos polimerizadas. Horizontes superficiais do tipo A geralmente mostram a matéria
orgânica mais lábil de um perfil e, portanto, a maior eficácia relativa do LaCl
3
em relação ao
pirofosfato e CuCl
2
(Tabela 4.5). As interações Al-húmus dos horizontes Bh são menos estáveis
comparativamente aos demais horizontes espódicos de um perfil quando se analisa a eficácia do
LaCl
3
para formas de Al. Esses dados estão de acordo aos encontrados por Urrutia, Macías e
García-Rodeja (1995), tal como relatado anteriormente. Segundo os autores a máxima eficácia
deste extrator para extrair Al organicamente unido se dá em horizontes A, E, Bh e solos com
hidromorfismo onde os complexos de Al-húmus são particularmente lábeis. Em Andossolos e
horizontes Bs de Espodossolos, o LaCl
3
extrai menos Al devido à grande estabilidade dos
complexos de Al-húmus ali formados (URRUTIA; MACÍAS; GARCÍA-RODEJA, 1995).
Tabela 4.6 Coeficiente de correlação r e número de amostras n para a relação entre o carbono orgânico (Corg) e as
seguintes variáveis: Al
p
, Al
Cu
, Al
La
e Al
K
. Amostras referentes aos horizontes espódicos. Valor de P <
0,0001 para todas as correlações. Nota-se o maior coeficiente para a relação entre Corg e Al
La
Al
p
Al
Cu
Al
La
Al
K
Variável
r
n
r
n
r
n
r
n
Corg
0,36 106 0,67 108
0,88
105 0,62 106
4.2.2.4 Al Extraído com KCl (Al
K
) e sua Comparação ao Al
Cu
e Al
La
A extração com KCl 1M é método padrão para determinação de formas de Al trocável
(SHUMAN, 1990; DAHLGREN; WALKER, 1994; TAKAHASHI; DAHLGREN, 1998) e, por
isso, tem sido utilizado como um critério para predizer o requerimento de calcário em solos
ácidos (OATES; KAMPRATH, 1983ab; HARGROVE; THOMAS, 1984; TAKAHASHI;
DAHLGREN, 1998). O conteúdo do elemento extraído com tal extrator, no entanto, nem sempre
reflete o Al trocável nos solos dominados por complexos Al-húmus (TAKAHASHI;
154
DAHLGREN, 1998). Oates e Kamprath (1983b) sugerem que uma acidez diferente daquela
extraída por KCl a qual reage com calcário, possivelmente relacionada ao Al unido à matéria
orgânica do solo. Devido à ação do LaCl
3
sobre tais formas (BLOOM; MAcBRIDE; WEAVER,
1979b), principalmente no que se refere aos complexos Al-húmus mais lábeis (URRÚTIA;
MARCÍAS, GARCÍA-RODEJA, 1995), os quais podem representar o Al reativo em termos de
troca nica e acidez do solo (HARGROVE; THOMAS, 1984), os autores encontraram que tal
extrator foi melhor que o KCl e CuCl
2
na predição do requerimento de calcário em solos com
diferentes conteúdos de carbono orgânico. Esses resultados estão de acordo ao relatado
anteriormente: a melhor correlação entre CTC e as diferentes formas de Al se deu para LaCl
3
(Tabela 4.4), indicando que Al
La
é o que melhor relaciona aos componentes responsáveis pelo
desenvolvimento de carga nos solos estudados, nos quais a CTC é predominantemente governada
pela matéria orgânica. Possivelmente, a extração com KCl não inclui todo o Al reativo associado
à matéria orgânica, fato constatado por Hargrove e Thomas (1984) para solos com elevado
conteúdo de Corg. Isso é confirmado pela melhor correlação entre Corg e as variáveis Al
La
(Tabela 4.6; r = 0,88***) e Al
La
–Al
K
(Figura 4.20, r = 0,84***), comparativamente aos demais
extratores (Tabela 4.6).
Similar ao observado com o CuCl
2
(Figura 4.10) e LaCl
3
(Figura 4.19a), existe uma
relação inversa entre o pH medido em água e o Al extraído, no caso com KCl 1M, como se pode
observar da Figura 4.21a. O melhor ajuste das curvas, no entanto, se para esse extrator, quer
relacionando o Al
K
ao pH medido em água (r = -0,69; curva logarítmica; Figura 4.21a), quer
relacionando-o à solução de equilíbrio (r = -0,82; curva logarítmica; Figura 4.21b). Esses
resultados podem ser discutidos à luz da capacidade tampão dos reagentes aqui utilizados e
afinidade dos cátions aos sítios de troca da matéria orgânica do solo: o CuCl
2
em comparação ao
KCl e LaCl
3
, é tamponado. A solução de CuCl
2
é um ácido fraco (pH 3) e, portanto, é um
eficiente agente tamponante, controlando e definindo o pH final da mistura solo-solução, tal
como afirmam Oates e Kamprath (1983a).
155
Figura 4.20 Relação entre carbono orgânico (Corg) e as variáveis Al
La
(a) e Al
La
-Al
K
(b) para os horizontes B
espódicos. Considerou-se apenas os valores positivos da diferença Al
La
-Al
K
0 10 20 30 40 50 60
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
Al
La_B
= -2,49 + 2,35*Corg
r = 0,88; P < 0,0001; n = 105
0 10 20 30 40 50 60
Corg (g kg
-1
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
Al
La
-Al
K
= -3,97 + 1,86*Corg
r = 0,84; P < 0,0001; n = 105
(a)
(b)
156
Ainda que a relação entre o pH de equilíbrio e o conteúdo de Al extraído com CuCl
2
da
Figura 4.10 seja significativa, a dispersão dos dados é muito alta (r = 0,59***), indicando que
apenas o pH não explica a eficácia deste extrator para formas de Al nos solos estudados, fato
relatado anteriormente. Possivelmente, o poder de substituição do CuCl
2
também pode ser
atribuído à forte afinidade dos íons Cu pelos sítios de troca orgânicos, tal como afirmam
Hargrove e Thomas (1984). Por outro lado, o LaCl
3
tem seu efeito atribuído, sobretudo, a
afinidade do cátion aos sítios de troca do solo (BLOOM; McBRIDE; WEAVER, 1979b), como já
observado (Figura 4.19b), mesmo com os baixos valores de pH de equilíbrio (média de 2,70),
mais próximos daqueles observados para o extrator CuCl
2
(valores mínimo, máximo e a média de
1,96; 3,66 e 2,68, respectivamente) comparativamente ao KCl (pH mínimo de 2,88; máximo de
6,13 e média de 4,59). Para esse último extrator parece que o pH da mistura de solução salina e
solo no final da extração tem um efeito expressivo no conteúdo de Al extraído (Figura 4.21b; r =
-0,82, curva logarítmica), fato também constatado por Ponette, Andre e Dufey (1996). No
entanto, algum efeito do cátion é esperado, sobretudo a valores de pH no extrato de equilíbrio
inferiores a 4,5. Pelo exame da Figura 4.21b nota-se que a maior dispersão dos dados e os
maiores conteúdos de Al trocável se dão abaixo desse valor de pH, sugerindo que espécies de
Al
3+
podem estar presentes no complexo de troca, as quais são mais facilmente trocadas pelo
potássio que espécies hidróxi (Al(OH)
2+
e Al(OH)
2+
); estas predominam a pH superior a 4,5 e
tendem a se polimerizar, tornando difícil de serem substituídas por um simples cátion de troca
(JARVIS, 1986), sobretudo se monovalente, como o potássio (PONETTE; ANDRE; DUFEY,
1996). De fato, valores de pH próximos ou acima de 5,0 correspondem ou
(1)
a horizontes com
muito baixo a não detectáveis conteúdos de carbono orgânico (< 6,00 g kg
-1
), tais como
horizontes E e intermediários (EA e EB), ou
(2)
a alguns horizontes C, Bhs e Bs bem drenados,
predominantemente, também com baixos conteúdos de Corg (< 14 g kg
-1
; Figura 4.22c; Tabela
4.2). Enquanto os primeiros mostram os menores valores de Al obtido de todos os extratores para
os solos aqui estudados, os B espódicos e C bem drenados supracitados tem seu baixo conteúdo
de Al extraído por KCl devido à predominância de complexos Al-húmus menos lábeis, tal como
relatado anteriormente. Esse resultado está de acordo à provável presença de polímeros de Al
complexados à matéria orgânica, mais estáveis e pouco extraídos por soluções salinas dotadas de
cátions monovalentes, que tais íons interagem com grupos carboxílicos da matéria orgânica
somente por meio de forças eletrostáticas (PONETTE; ANDRE; DUFEY, 1996).
157
Figura 4.21 Relação entre Al extraído com KCl 1M e os valores de pH medidos em água (pH H
2
O) (a) e em
solução de equilíbrio (pH KCl_E) (b). Linhas tracejadas indicam que a pH H
2
O acima de 4,8 a
quantidade de Al extraído é muito baixa, inferior a 5 mmol
c
kg
-1
, e que a dispersão dos dados aumenta
consideravelmente a pH KCL_E inferior a 4,5
(a)
(b)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
pH H
2
O
0
5
10
15
20
25
30
35
Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
pH KCl_E
0
5
10
15
20
25
30
35
Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
158
A Figura 4.22 mostra a relação entre o carbono ornico e o pH de equilíbrio obtido dos
diferentes extratores e amostras. O melhor ajuste da curva se dá quando se analisa as soluções
extraídas com KCl (r = -0,78; curva logarítmica; Figura 4.22c), sendo muito pior ajustada para os
demais extratores (r = -0,39 para LaCl
3
, curva exponencial e r = -0,25 para CuCl
2,
curva
polinomial). Do exame da das Figuras 4.22abc pode-se, direta ou indiretamente, sugerir que:
(a)
a
maior amplitude dos valores de pH KCl_E em relação aos de pH de equilíbrio dos demais
extratores se deve ao seu menor poder tamponante. Assim, o pH da mistura solo-solução
extratora, quando se utiliza o KCl, será fortemente influenciado pelo pH do solo. De fato, a
relação entre o pH do solo medido em água e o pH de equilíbrio é significativa e a curva é mais
bem ajustada quando se compara KCl (pH H
2
O x pH KCl_E; r = 0,74***) ao LaCl
3
(pH H
2
O x
pH LaCl
3
; r = 0,37***) e CuCl
2
(pH H
2
O x pH CuCl
2
; r = 0,06), sendo este último, portanto, o
reagente de maior capacidade tampão, tal como comentado anteriormente;
(b)
a matéria orgânica
é fonte de acidez trocável para os solos estudados quando se utiliza extratores com baixa
capacidade de tamponamento e, por conseguinte;
(c)
extratores considerados não tamponados,
como os CuCl
2
e LaCl
3
, cuja efetividade na extração se deve à grande afinidade do cátion aos
sítios de troca da matéria orgânica do solo, extraem acidez outras que não apenas as trocáveis por
KCl 1M e suas capacidades de tamponamento são diferenciadas e consideravelmente superiores
em relação a esse extrator;
(d)
quanto maior tanto a capacidade de tamponamento como a
afinidade do cátion do extrator aos sítios de troca do solo, menor a relação entre o pH de
equilíbrio e as variáveis Al (dos respectivos extratores) e Corg para os solos estudados, o que está
de acordo a maior capacidade de extração, de tamponamento e afinidade do cátion aos sítios de
troca do CuCl
2
em relação aos demais extratores não tamponados, também removendo espécies
não reativas de Al, presumivelmente mais hidroxiladas e polimerizadas, de maior estabilidade
dos complexos Al-húmus formados e que pouco ou não contribuem para a troca iônica ou acidez
do solo. Tais espécies e seus sítios de ligação possivelmente são pouco influenciados, bem como
pouco contribuem para o pH de equilíbrio. É provável que o poder complexante ou trocador do
cátion do reagente se sobreponha ao efeito do pH de equilíbrio na extração das espécies mais
estáveis de Al obtidas por CuCl
2
, sobretudo a valores de pH do solo próximos a 5,0. Nesse valor
de pH, Schnitzer e Skinner (1965) encontraram que a ordem de retenção do metal aos grupos
carboxílicos e fenólicos da matéria orgânica segue a ordem Fe>Al=Cu, enquanto a pH de 3,5, o
Al tem maior capacidade de retenção em relação ao Cu (Fe>Al>Cu).
159
Figura 4.22 Relação entre o carbono orgânico (Corg) e o pH de equilíbrio obtido com os extratores (a) CuCl
2
(pH
CuCl
2
), (b) LaCl
3
(pH LaCl
3
) e (c) KCl (pH KCl_E) para todas as amostras aqui estudadas
2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
pH CuCl
2
0
10
20
30
40
50
60
70
Corg (g kg
-1
)
2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
pH LaCl
3
0
10
20
30
40
50
60
70
Corg (g kg
-1
)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5
pH KCl_E
0
10
20
30
40
50
60
70
Corg (g kg
-1
)
(a)
(b)
(c)
160
Somente horizontes com pH (H
2
O) inferiores a 4,8 e 4,5 tiveram, respectivamente, Al
K
maior que 5 e 10 mmol
c
kg
-1
(Figura 4.21a). Conteúdos de Al
K
maiores que 30 mmol
c
kg
-1
foram
obtidos de poucos horizontes Bh muito ácidos (pH H
2
O <4,1; Figura 4.21a), o que está de acordo
ao caráter lábil do elemento nesses horizontes e seu maior conteúdo médio em relação aqueles
superficiais, onde o Al também é lábil.
As Figuras 4.23abc mostram a relação entre o pH medido em água (pH H
2
O) e os
conteúdos de Al unidos à matéria orgânica a diferentes graus de estabilidade. Nota-se que um
deslocamento para faixas de pH cada vez mais baixas à medida que o Al torna-se mais lábil
(Al
La
-Al
K
), evidenciando que tais espécies, provavelmente trocáveis, estão presentes e são as
principais formas do elemento extraídas especificamente por LaCl
3
(Al
La
-Al
K
) na faixa de pH
compreendida entre 3,4 e 4,4. Em contrapartida, aquelas de maior estabilidade da interação Al-
húmus (Al
p
-Al
Cu
) se concentram a valores de pH mais elevados, situados na faixa entre 4,1 a 5,5
(Figura 4.23a), cujos conteúdos extraídos são os maiores aqui encontrados. No entanto, acima de
pH 5,5 os valores de Al são baixos, inferiores a 50 mmol
c
kg
-1
,
mesmo para as formas mais
estáveis do elemento (Al
p
-Al
Cu
), correspondendo, sobretudo, a horizontes subsuperficiais do tipo
C de perfis bem drenados, com baixos conteúdos de Corg (< 5 g kg
-1
) e relação molar Al
p
/Al
o
inferior a 1, indicativo da presença de amorfos inorgânicos de Al.
Os dados da Figura 4.23 sugerem que o pH influencia na estabilidade da interação Al-
húmus dos solos estudados, fato também constatado por García-Rodeja et al. (2004), de tal forma
que horizontes extremamente ácidos (pH <4,0) mostram as formas mais lábeis de Al,
possivelmente com o elemento unido à superfície da matéria orgânica por meio de forças
eletrostáticas. Acima deste valor, espécies de Al em complexos orgânicos se tornam cada vez
mais abundantes e predominam em algumas amostras a valores de pH entre 4,5 e 5,0 de tal forma
que em condições mais alcalinas que pH 5,0, as formas mais lábeis (Al
La
-Al
K;
Figura 4.23c) e
trocáveis do elemento (Al
K
; Figura 4.21a) são muito baixas, aquém de 20 e 5 mmol
c
kg
-1
,
respectivamente.
161
Figura 4.23 Relação entre o pH medido em água (pH H
2
O) e as seguintes variáveis em ordem decrescente da
estabilidade Al-húmus: (a) Al
p
-Al
Cu
; (b) Al
Cu
-Al
La
, (c) Al
La
-Al
K
. Linhas tracejadas representam as
faixas de pH que englobam, dentre outros valores, todos aqueles que representam no nimo 50% do
máximo valor de Al de cada diferença entre extratores. Utilizaram-se somente valores com diferenças
positivas entre extratores
(a)
(b)
(c)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
pH H
2
O
0
20
40
60
80
100
120
140
Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Al
Cu
-Al
La
(mmol
c
kg
-1
)
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Al
p
-Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
162
A grande variação da estabilidade da interação Al-húmus a valores de pH idênticos ou
próximos (Figuras 4.23abc) sugerem que outros fatores são (co) responsáveis pela intensidade da
interação, incluindo tipo e conteúdo de matéria orgânica do solo.
A Figura 4.24 mostra que uma relação direta entre os compostos de maior e menor
estabilidade da interação Al-húmus. No entanto, duas tendências bem definidas: até
aproximadamente 140 mmol
c
kg
-1
das formas orgânicas mais estáveis de Al (Al
p
-Al
Cu
),
encontram-se os maiores conteúdos das espécies mais lábeis (Al
La
-Al
K
), a qual tende a aumentar
consideravelmente com pequenas variações daquelas menos lábeis e estáveis. Acima daquele
valor também uma tendência de aumento das formas mais lábeis, porém com muito menores
incrementos a grandes variações daquelas mais estáveis de Al unidas à matéria orgânica.
Resultados semelhantes são observados quando se relaciona as formas trocáveis de Al (Al
K
) com
as mais estáveis (Al
p
-Al
Cu
; dados não mostrados). Essas relações entre as formas mais e menos
lábeis mostram que o máximo da fração de Al especificamente extraída com LaCl
3
(Al
La
-Al
K
) e
KCl (Al
K
) não corresponde ao máximo daquela removida especificamente por pirofosfato (Al
p
-
Al
Cu
) e corrobora os resultados apresentados Hargrove e Thomas (1981; 1984): segundo os
autores, quanto maior o conteúdo de Al adsorvido ou complexado, maior o seu grau de
hidroxilação.
A porcentagem de Al extraído por KCl em comparação ao Al
p
foi de 0,3 a 63,0%, com
média de 10,0%. Por outro lado, a fração de Al
La
extraída por KCl foi bem mais elevada, como
poderia se esperar, com valores mínimo e máximo e a média de, respectivamente, 7,5; 300,0 e
53,1%. Em alguns poucos horizontes superficiais A, AE, EA e E o reagente KCl foi mais efetivo
na remoção de Al que o LaCl
3
, o que evidencia sua forma mais lábil nesses horizontes em relação
aos B espódicos. Esses últimos tiveram os maiores conteúdos de Al
K
removidos, com valores
mínimos e máximos de 1,69 e 33,50 mmol
c
kg
-1
, respectivamente, e média de 8,87 mmol
c
kg
-1
,
enquanto os horizontes superficiais do tipo A, os mesmos valores são inferiores, respectivamente
0,5; 23,5 e 5,98 mmol
c
kg
-1
. Considerando todos os horizontes aqui estudados, os valores
mínimos e máximos do Al
K
foram de 0,10 e 33,50; com média de 5,81 mmol
c
kg
-1
.
163
Figura 4.24 Relação entre os conteúdos de Al com maior (Al
p
-Al
Cu
) e menor estabilidade (Al
La
-Al
K
) de sua
interação com a matéria orgânica dos solos estudados. Linha tracejada representa o valor (140 mmol
c
kg
-1
) acima do qual pequenos incrementos da fração especificamente extraída com LaCl
3
(Al
La
-
Al
K
) em relação aquela especificamente extraída por pirofosfato (Al
p
-Al
Cu
). Utilizaram-se somente
valores com diferenças positivas entre extratores
4.3 Conclusões
1. A quantidade de Al extraído segue aquela comumente descrita na literatura:
Al
p
>Al
Cu
>Al
La
>Al
K
;
2. Todas as formas de Al aqui estudadas aumentaram com o conteúdo de carbono orgânico dos
solos. No entanto, o Al
La
mostrou a melhor correlação com essa variável, bem como à CTC do
solo, indicando que, dos reagentes analisados, é o que melhor se relaciona aos componentes
responsáveis pelo desenvolvimento de cargas nos solos estudados e, portanto, é a fração mais
lábil e ativa da interação Al-húmus, a qual pode estar relacionada à capacidade tampão dos solos
e à relação pH-Al
3+
, possivelmente regulando a atividade do elemento dissolvido nos
Espodossolos sob vegetação de restinga do litoral paulista;
0
100
200 300 400 500 600 700 800
Al
p
-Al
Cu
(mmol
c
kg
-1
)
0
20
40
60
80
100
120
140
Al
La
-Al
K
(mmol
c
kg
-1
)
164
3. CuCl
2
, reconhecidamente mais forte que o LaCl
3
e menos eficaz que o pirofosfato, extrai Al de
complexos bastante estáveis, formas não ativas do elemento em termos de acidez do solo e troca
iônica, fato já constatado por outros autores;
4. Ao contrário, a extração com KCl não inclui todo o Al reativo associado à matéria orgânica,
tendo sua máxima eficácia a valores de pH do solo inferiores a 4,5 devido à maior presença de
espécies de Al
+3
na faixa de pH dos solos estudados;
5. Próximo e acima deste valor de pH predominam as espécies mais estáveis da interação Al-
húmus, evidenciando que a acidez do solo controla sua formação e estabilidade, de tal forma que
apenas a valores acima de 5,0 foram encontrados espécies de Al inorgânico não cristalino,
sobretudo em horizontes Bs, Bhs e C bem drenados e com baixos conteúdos de carbono orgânico;
6. Tais horizontes mostram as formas mais estáveis de Al complexado à matéria orgânica,
seguidos dos horizontes Bhm e, depois, Bh. Os horizontes superficiais do tipo A, em geral,
mostram as formas mais lábeis do elemento;
7. O valor de 20, referindo-se a porcentagem de saturação de Al na matéria orgânica
((Al
p
/Corg)*100), parece indicar sua xima capacidade de saturação metálica para a maioria
das amostras estudadas. Esse valor corresponde a 9 quando se utiliza o Al extraído com CuCl
2
para o cálculo da saturação por Al na matéria orgânica;
8. À medida que se aumenta a saturação do Al no húmus dos solos estudados uma redução da
habilidade dos reagentes em dissolver Al;
9. As frações do elemento aqui obtidas por dissoluções seletivas podem ser usadas para comparar
horizontes ou solos, servindo como um índice para o estudo tanto da estabilidade dos complexos
Al-húmus como do grau de desenvolvimento dos Espodossolos;
10. No entanto, para os solos estudados tanto o pirofosfato de sódio como o CuCl
2
careceram de
especificidade. Esses reagentes removem frações outras de Al que aquelas unidas à matéria
orgânica dos solos, sendo o pirofosfato que mais reagiu com as formas inorgânicas do elemento.
A proporção que isso ocorre é difícil de se quantificar e possivelmente depende da quantidade,
tipo e cristalinidade dos minerais de alumínio presentes;
11. A convergência de evidências morfológicas e químicas (pH, saturação por Al no húmus,
Al
p
/Al
o
, Corg, diferença entre extratores não tamponados) aqui utilizada é uma prática
recomendada a fim de auxiliar na elucidação dos processos, nos estudos de mineralogia e de
interação Al-matéria orgânica dos solos estudados por meio de dissoluções seletivas, e mesmo na
165
avaliação da especificidade do reagente pirofosfato. Com isso, consegue-se avaliar a extensão da
limitação dos métodos e a veracidade dos resultados alcançados.
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171
5 CARACTERIZAÇÃO E GÊNESE DE ESPODOSSOLOS DA PLANCIE COSTEIRA
DO ESTADO DE SÃO PAULO: IV. MICROMORFOLOGIA DOS HORIZONTES
ESPÓDICOS
Resumo
A micromorfologia de horizontes espódicos selecionados de quatro locais do litoral
paulista (Bertioga, Ilha de Cananéia, Ilha do Cardoso e Ilha Comprida) foi investigada. Essa
técnica possibilitou caracterizar morfologicamente as diferentes formas da matéria orgânica e,
juntamente com dados macromorfológicos, químicos e granulométricos de oito perfis de solos
representativos dos ambientes costeiros de restinga do Estado de São Paulo, procurou-se discutir
os mecanismos envolvidos na gênese dos horizontes espódicos e Espodossolos desses ambientes.
A presença de revestimentos orgânicos monomórficos na superfície dos constituintes grossos da
maioria dos horizontes analisados (distribuição relativa g/f
m
quitônica), bem como o
preenchimento quase completo da porosidade entre grãos (distribuição relativa g/f
m
porfírica)
de alguns horizontes cimentados e brandos, são evidências de que a clássica teoria da
mobilização, transporte e precipitação de complexos organo-metálicos é válida para os solos
estudados. Os dados químicos evidenciaram que o alumínio é o principal metal envolvido. No
entanto, matéria orgânica polimórfica (pelotas fecais na forma de agregados e acumulações) e/ou
resíduos vegetais em diferentes estádios de decomposição, foram as principais pedofeições
observadas em horizontes espódicos mal drenados e sotopostos a horizontes hísticos. Nesses, a
decomposição pela mesofauna e microbiológica das raízes
in situ
é
,
portanto, um importante
mecanismo de acumulação de matéria orgânica em profundidade e formação dos horizontes
espódicos. A atuação das raízes na formação desses horizontes, no entanto, vai além da sua
decomposição: a fábrica e as feições da matéria orgânica de um horizonte cimentado, incluindo
remanescentes radiculares, parecem indicar que as raízes podem atuar na imobilização da matéria
orgânica por meio de seu mecanismo de absorção seletiva. Nesse processo, a solução do solo rica
em carbono orgânico complexado é absorvida seletivamente pelas raízes, segregando o carbono
complexado em sua superfície e no entorno das mesmas, absorvendo água e nutrientes. A atuação
continuada desse processo leva à precipitação da matéria orgânica iluviada e segregada por meio
de sua desidratação, a qual é condicionada pela própria absorção radicular. Outros mecanismos
de imobilização parecem atuar nos solos estudados: (a) filtragem físico-mecânica nos poros do
solo devido às mudanças abruptas no tamanho dos mesmos, imposta pela estratificação natural
dos sedimentos, com empacotamentos localmente mais densos; (b) aumento do pH com a
profundidade, conduzindo à precipitação da matéria ornica iluviada quando seu ponto
isoelétrico é alcançado; e (c) efeito da incorporação adicional de cátions, sobretudo de alumínio,
durante a iluviação de complexos organo-metálicos no perfil. Processos envolvidos na formação
e diferenciação dos horizontes espódicos estudados (Bs, plácico e ortstein) são também
discutidos.
Palavras-chave: Matéria orgânica monomórfica; Matéria orgânica polimórfica; Mecanismos de
(i)-mobilização de complexos organo-metálicos; Ortstein; Restinga
172
Characterization and genesis of Spodosols on the São Paulo State sandy coastal plain: IV.
Spodic horizons micromorphology
Abstract
The micromorphology of spodic horizon selected in four sites from the coastal plain of the
State of São Paulo (Bertioga, Ilha de Cananéia, Ilha do Cardoso e Ilha Comprida) was
investigated. This technique allowed the morphological characterization of different organic
matter forms together with macromorphology, chemical and particle size data to investigate the
main pedogenetical processes responsible for spodic horizon formation of eight representative
soil profiles of the São Paulo coastal plain. The occurrence of organic monomorphic coatings on
coarse grains in most of the studied horizons (related distribution c/f
m
chitonic) as well as the
total filling of voids between grains (related distribution c/f
m
porphyric) in some cemented and
friable horizons are evidences of the classic theory of metal-organic complexes mobilization,
transport and precipitation in the studied soils. The chemical data presented Al as the main metal
responsible for podzolization process. However, the polymorphic organic matter (fecal pellets as
aggregates and accumulations) and/or transformed or non plant remains were the most important
pedofeatures observed in poorly-drained spodic horizons and below to histic horizons. In these
poorly-drained spodic horizons decay of roots by mesofauna and microorganisms
in situ
are thus
an important mechanisms of organic matter accumulation in the deepest B horizons. However,
there are other ways in which the roots operate in the genesis of B horizon: the organic matter
features of a cemented horizon, included root remains indicated that roots, can operated in the
organic matter immobilization through selective absorption mechanisms. Concerning this
process, the soil solution with high metal-organic complexes contents is selectively absorbed by
the roots. This leads to segregation of metal-organic complexes on the top and around the roots
while water and nutrients are being absorbed. The continuity of this process leads to precipitation
of illuviated and segregated organic matter by its dehydration, which is favored by the absorption
root. Others mechanisms of immobilization appear to occur in the studied soils: (a) mechanical
filtering in soil pores due to abrupt changes in its sizes formed by layered sediments; (b)
precipitation as pH increases in deeper horizons leading to organic matter precipitation when its
isoeletrical points is reached; (c) effect of additional cations, especially Al, incorporated in the
organic matter complexes during its translocation. Processes related to formation and
differentiation of spodic horizons studied are discussed as well.
Keywords:
Monomorphic organic matter; Polymorphic organic matter; Metal-organic complexes
i-(mobilization) mechanisms; Ortstein, Restinga vegetation
173
5.1 Introdução
Muitos solos têm na matéria orgânica seu principal componente e agente de formação,
cujos processos pedogenéticos ainda são muito pouco entendidos (BUURMAN; JONGMANS;
NIEROP, 2008). Nesses, a matéria orgânica é constituída por uma grande diversidade de resíduos
de plantas, de animais e microbiológicos em diferentes estádios de decomposição (BARDY et al.,
2008). Os Espodossolos ou Podzóis pertencem a esse grupo de solos; são mais comuns em climas
úmidos, desenvolvendo-se sob materiais de origem preferencialmente permeáveis e sob diversos
tipos de vegetação que, em geral, produzem uma serapilheira ácida, lentamente degradável e
pobre em nutrientes (SAUER et al., 2007).
A fauna e os fungos do solo desempenham um papel chave na quebra da matéria orgânica
dos diferentes tipos de solos, os quais, juntamente com a sua iluviação ao longo do perfil, são
particularmente importantes na formação dos Espodossolos (PHILLIPS, FIRZPATRICK, 1999).
Em tais solos, a matéria orgânica pode ser derivada de duas fontes: iluviação e reciclagem de
raízes (BUURMAN; JONGMANS; NIEROP, 2008). A micromorfologia é capaz de distingui-las
(DE CONINCK, 1980; DE CONINCK et al., 1974), permitindo a separação de várias fontes,
formas e estádios de decomposição das mesmas, as quais auxiliam a interpretação dos dados
químicos (BUURMAN et al., 2005) de perfis e horizontes dos solos.
Bardy et al. (2008) argumentam que nos Espodossolos boreais, temperados e, em menor
extensão, nos tropicais, as estruturas da matéria orgânica têm sido investigadas sob diferentes
escalas de observação. Na escala microscópica os autores ressaltam que o exame de minas
delgadas proporciona a descrição morfológica da matéria orgânica e sua relação com outros
constituintes do solo. Com essas informações, os mecanismos de mobilização e subseqüente
imobilização de compostos organo-metálicos na formação dos Espodossolos podem ser testados
por meio do exame micromorfológico de feições dos horizontes B espódicos, tal como afirma De
Coninck (1980) em seu clássico trabalho sobre a gênese de horizontes espódicos.
Tendo-se em vista que as principais teorias correntes sobre os processos de podzolização
dizem respeito, sobretudo, ao transporte, (i)-mobilização e precipitação de compostos organo-
metálicos na formação dos horizontes espódicos e Espodossolo, bem como a contribuição de
raízes por meio de sua decomposição
in situ
(DE CONINCK, 1980; PHILLIPS; FITZPATRICK,
1999; BUURMAN; JONGMANS, 2005), a micromorfologia é uma ferramenta valiosa na
174
elucidação dos mecanismos de podzolização uma vez que possibilita uma nítida e visual distinção
das duas formas de matéria orgânica picas dos horizontes espódicos, já enunciadas acima:
matéria orgânica iluvial e aquela proveniente da decomposição de raízes
in situ
, as quais
dificilmente seriam identificadas por outras técnicas. No jargão micromorfológico, tais formas
são denominadas de matéria orgânica monomórfica e matéria orgânica polimórfica,
respectivamente; termos originalmente introduzidos por De Coninck et al. (1974) e amplamente
utilizados nas mais recentes publicações que abordam o tema (como exemplo, PHILLIPS;
FITZPATRICK, 1999; BUURMAN; JONGMANS, 2005; BUURMAN et al., 2005; BARDY et
al., 2008; BUURMAN; JONGMANS; NIEROP, 2008).
A partir de estudos micromorfológicos detalhados De Coninck (1980) concluiu que tanto
o material monomórfico como o polimórfico são formados por soluções coloidais. No entanto,
este último tipo adicionalmente contém resíduos de raízes e hifas, bem como uma mistura
biológica desses materiais (BULLOCK et al., 1985). O autor argumenta que na natureza os
horizontes espódicos variam de friáveis, com muitas raízes se bem drenados, a cimentados com
poucas raízes, fato também constatado por Pagé e Guillet (1991). Nos primeiros predominam
pelotas polimórficas e agregados, ao passo que organans ou revestimentos (coatings)
monomórficos prevalecem nos horizontes cimentados (DE CONINCK, 1980; PAGÉ; GUILLET,
1991). Nos revestimentos são comuns feições consistentes com a presença de compostos organo-
metálicos imobilizados no estado gel, como pode ser observado pelo forte fendilhamento
poligonal dos revestimentos que circundam os grãos, indicativo da transição desse estado gel para
o sólido. Tais revestimentos contêm muito mais Al ou Al mais Fe, e ausente ou muito menos Si
em relação aos materiais polimórficos (DE CONINCK, 1980). O tempo de residência médio da
matéria orgânica nos revestimentos monomórficos dos horizontes cimentados é
consideravelmente superior ao dos horizontes espódicos friáveis (DE CONINCK, 1980; PAGÉ;
GUILLET, 1991).
Buurman et al. (2005), estudando Espodossolos boreais, identificaram que os horizontes B
espódicos continham variadas contribuições de matéria orgânica transportada (carbono orgânico
dissolvido) e formadas localmente (raízes). As primeiras dominavam nos horizontes mais
profundos, livres de raízes e inundados, ao passo que as raízes e microrganismos contribuíram
significativamente para a química daqueles mais próximos à superfície.
175
O material orgânico polimórfico, por outro lado, resultado da decomposição de resíduos
orgânicos pela mesofauna, tais como raízes (BUURMAN; JONGMANS, 2005), freqüentemente
contém resíduos de parede celular, usual e significativamente transformados e cobertos com uma
espessa película de substâncias orgânicas, conforme salientam Bullock et al. (1985). Onde
ocorrem, esses últimos autores recomendam que tais resíduos devam ser identificados e
separadamente descritos, embora o reconhecimento dos componentes orgânicos seja
freqüentemente difícil. Em muitos casos é possível reconhecê-los micromorfologicamente por
meio da presença de estruturas celulares, as quais, se não visíveis sob luz transmitida, estruturas
de parede celular podem, às vezes, serem vista sob luz polarizada e se mostram birrefringentes
(BULLOCK et al., 1985).
Tendo-se em vista que a literatura micromorfológica sobre os Espodossolos tropicais é
bastante escassa (BUURMAN; JONGMANS, 2005), que a matéria orgânica pode se apresentar
com uma grande variedade de formas sob a óptica micromorfológica (BULLOCK et al., 1985),
que os Espodossolos sob vegetação de restinga brasileiros são poucos estudados (GOMES, 2005)
e que vários aspectos fundamentais da podzolização ainda continuam pouco ou não entendidos
(HEES; LUNDSTRÖM; GIESLER, 2000), o presente trabalho lança mão da análise
micromorfológica de um conjunto de perfis de Espodossolos representativos do litoral do Estado
de São Paulo, a fim de caracterizá-los, sobretudo as diferentes feições dos horizontes espódicos, e
auxiliar na elucidação dos mecanismos envolvidos na sua gênese.
5.2 Desenvolvimento
5.2.1 Material e Métodos
5.2.1.1 Meio Físico
Os solos estudados correspondem aos descritos no capítulo 2 deste trabalho e coletados
nos municípios de Bertioga (perfis P3, P6, P9 e P10) e Cananéia (Ilha de Cananéia; perfis P29 e
P30), bem como aqueles descritos e coletados por GOMES (2005) na Ilha do Cardoso (perfis
C14, H13 e J14), município de Cananéia. A Figura 5.1 mostra a localização dos locais
supracitados no estado de São Paulo.
176
Figura 5.1 – Mapa mostrando a localização dos locais amostrados no litoral do Estado de São Paulo
O clima do litoral do Estado de São Paulo é do tipo Af, caracterizado como tropical úmido
ou super-úmido, com chuvas distribuídas durante todo o ano, conforme classificação climática de
Köppen (SETZER, 1966). Segundo dados climatológicos da estação metereológica do DAEE em
Bertioga (24
o
45,6’S e 46
o
04,2’W), obtidos entre 1941 e 1970, a temperatura e precipitação
médias anuais são, respectivamente, 24,8
o
C e 3.200 mm anuais, sendo considerada uma das
regiões mais úmidas do Brasil (MARTINS et al., 2008). Dados coletados no biênio de 1990-1991
na Ilha do Cardoso, em altitudes inferiores a 200 metros, revelaram que a média das temperaturas
mínimas esteve em torno de 19
o
C e a média das máximas ao redor de 27
o
C. A precipitação
média anual registrada nesse local e período se manteve entre 1800 e 2000 mm (MELO;
MANTOVANI, 1994).
A geologia dos locais estudados é composta por sedimentos arenosos quaternários de
origem marinha (PETRI; FÚLFARO, 1970; SUGUIO; MARTIN, 1978). Neles se desenvolveram
Litoral Sul
Iguape
Ilha do Cardoso
Ilha de Cananéia
Bertioga
Cananéia
Litoral
Norte
Litoral Central
Baixada Santista
OCEANO
ATLÂNTICO
177
uma vegetação genericamente denominada de vegetação de restinga, característica das zonas
costeiras (SUGUIO; TESSLER, 1984), cujos solos predominantes pertencem às classes dos
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos (OLIVEIRA; JACOMIME; CAMARGO, 1992), sendo
que muitas vezes esses últimos apresentam incipiente processo de podzolização (GOMES, 2005).
Organossolos formados em posição de entre-cordões foram descritos e amostrados por Gomes
(2005) na Ilha do Cardoso.
5.2.1.2 Análises Micromorfológicas
Para os estudos micromorfológicos, amostras indeformadas da transição entre horizontes e
de sua parte central foram obtidas no campo, utilizando-se para tal de caixas de cartolina com
dimensões de 12x7x4 cm. As amostras foram impregnadas com resina de poliéster, cortadas e
confeccionadas as lâminas delgadas (7,6x5 cm) de acordo com o procedimento descrito por
Castro et al. (2003). As lâminas foram analisadas em microscópio petrográfico dotado de luz
polarizada e descritas segundo Bullock et al. (1985), sendo as formas de húmus classificadas
conforme De Coninck et al. (1974).
5.2.1.3 Análises Laboratoriais
No laboratório, as amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas com um martelo de
borracha, quando necessário, e passadas em peneira n.
o
10 (malha de 2 mm), obtendo a fração
terra fina seca ao ar, onde foram realizadas as análises químicas e granulotrica. Esta última
determinada segundo o método do densímetro (EMBRAPA, 1997). O pH foi determinado em
água (potenciômetro), utilizando para tal relação solo:solução 1:2,5 após agitação e repouso de 1
hora. Os conteúdos de carbono orgânico (C) e de alumínio trocável (Al
3+
), bem como a
capacidade de troca de cátions (T) foram obtidos segundo EMBRAPA (1997). Esta última (T)
corresponde à soma dos tions Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
e Na
+
, juntamente com H
+
+Al
3+
. Ca
2+
; Mg
2+
e
Al
3+
foram extraídos com solução de KCl 1 M; K
+
e Na
+
com H
2
SO
4
0,0125 M + HCl 0,05 M;
H
+
+Al
3+
com acetato de cálcio 0,5 M a pH 7,0. Os teores de Ca
2+
e Mg
2+
foram determinados por
espectroscopia de absorção atômica; K
+
e Na
+
por fotometria de chama; Al
3+
e H
+
+ Al
3+
por
titulometria. Outros valores calculados são: soma de bases (SB) que corresponde à soma dos
178
valores de Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
e Na
+
; saturação por bases (V), calculado pela equação SBx100/T e
saturação por alumínio (m), obtida pela equação Al
3+
x100/SB+Al
3+
(EMBRAPA, 1997).
Os seguintes procedimentos foram utilizados para extração seletiva do alumínio e ferro:
a) Extração dos elementos com oxalato ácido de amônio de acordo com Buurman, Lagen
e Velthorst (1996): relação solo:solução de 1:50, agitando por 4 horas no escuro. A suspensão foi
centrifugada por 15 minutos a 2.500 rpm, com quatro gotas de superfloc”, após o que filtrou-se
o sobrenadante utilizando-se para isso papel de filtro lavado em ácido (7 a 11 µm de tamanho de
poro). Os símbolos Al
o
e Fe
o
doravante
mencionados correspondem aos valores do alumínio (Al
o
)
e Fe (Fe
o
) extraídos por oxalato;
b) Extração dos elementos com pirofosfato de sódio 0,1 M (pH 10; Al
p
): relação
solo:solução 1:100, agitando por 16 horas (BUURMAN; LAGEN; VELTHORST, 1996). Após
adição de quatro gotas de “superfloc” procedeu-se a centrifugação e filtragem de acordo aos
procedimentos descritos no item (a). Os mbolos Al
p
e Fe
p
utilizados nesse trabalho
correspondem aos valores de alumínio (Al
p
) e ferro (Fe
p
) extraídos com o pirofosfato de sódio;
c) Extração do ferro com ditionito-citrato de sódio (DC): relação solo:solução 1:125,
agitando por 16 horas, segundo metodologia proposta por Holmgren (1967). Os procedimentos
seguintes foram semelhantes aos acima relatados. O símbolo Fe
d
aqui utilizado se refere ao
conteúdo de ferro (Fe
d
) obtido por ditionito-citrato;
Os elementos nos extratos foram determinados por espectroscopia de absorção atômica.
Os resultados apresentados para ambos representam a média das análises realizadas em duplicata
que diferiram entre si em menos que 10%.
5.2.2 Resultados e Discussão
5.2.2.1 Macromorfologia
A classificação, os horizontes e a descrição dos atributos morfológicos de interesse dos
solos aqui analisados são apresentados na Tabela 5.1.
179
5.2.2.1.1 Bertioga
Os solos da cronosseqüência de Bertioga variam de bem a imperfeitamente drenados. Dos
perfis aqui estudados o P3 é o mais antigo e melhor drenado dos solos da cronosseqüência
(capítulo 2), mostrando grande variabilidade espacial, tanto vertical como lateral, de seus
horizontes e atributos morfológicos, sobretudo cor e consistência: horizontes E, espódicos
friáveis (Bh e Bs) e cimentados (Bhm; Bsm, plácico) se distribuem irregularmente ao longo do
perfil, geralmente com transições abrupta e descontínua, raramente paralelos à superfície do
terreno. Os horizontes Bs e Bsm manifestam-se somente a profundidades superiores a 100 cm e
os pans cimentados são contínuos, mas desconexos e com padrão de distribuição totalmente
aleatório no perfil, atravessando vários suborizontes, fato constatado por McKeague, Schnitzer
e Heringa (1967), que os designou de horizontes convolados por alterarem seu sentido de
horizontal à vertical em poucos centímetros em relação à superfície, tal como encontramos aqui;
de tons negro e avermelhado, em geral, estão associados às transições entre os horizontes
espódicos, mas também ocorrem nos horizontes Bs, onde mostram espessura variada, não
ultrapassando 0,8 cm. A coloração do horizonte Bs2 é atribuída predominantemente à matéria
orgânica do solo, com alguma contribuição dos oxidróxidos de ferro (dados não mostrados).
O perfil P3 não acumula água mesmo no período chuvoso. Apesar de sua grande
variabilidade espacial, parcialmente atribuída pela ação de raízes (capítulo 2), o enraizamento
neste perfil é dominante somente nos horizontes superficiais do tipo A e raras são as raízes nos
horizontes espódicos. A continuidade e cimentação dos horizontes plácicos e espódicos
possivelmente impedem ou dificultam a penetração radicular.
O perfil P6 é que apresenta maior espessura do horizonte E. Situa-se no topo de um
cordão de restinga remanescente e descontínuo na paisagem, único observado na área e mais
elevado aproximadamente 5 m em relação às áreas adjacentes. Caracteriza-se pelo início dos
horizontes espódicos abaixo de 150 cm de profundidade e transição descontínua entre os
mesmos, havendo predominância daqueles cimentados dentro da seção examinada, os quais são
muito duros quando secos, o que confere ao perfil baixa permeabilidade à água da chuva abaixo
de 150 cm de profundidade. No entanto, devido aos fluxos laterais, raramente permanece
inundado por grandes períodos de tempo. As raízes são ausentes nos horizontes espódicos, quer
devido à profundidade de ocorrência, quer devido à cimentação dos mesmos.
180
Dos solos aqui estudados, as menores espessuras dos horizontes E e espódicos cimentados
(Bhm) foram observadas no perfil P9 (Tabela 5.1). O lençol freático neste perfil permanece a
150 cm de profundidade no período seco e próximo à superfície no período úmido após chuvas
de elevada intensidade e duração. No entanto, drena rapidamente depois de cessada. Assim,
juntamente com o perfil P10, ambos apresentam grande oscilação do lençol freático ao longo do
ano. Raízes finas foram observadas até a profundidade de descrição do perfil (130 cm), inclusive
no horizonte cimentado Bhm, de consistência muito firme (Tabela 5.1), quantitativamente
descritas como poucas e localmente comuns. O horizonte E mostra padrão variegado de cores
devido à presença de raízes vivas e em decomposição.
O perfil P10, distante 350 m do P9 e mais próximo à praia, desenvolveu-se nos
sedimentos mais jovens aqui estudados, tal como evidenciado no capítulo 2 deste trabalho. O
horizonte E é também de pequena espessura (30 cm), semelhante ao descrito para o perfil P9,
mostrando padrão de cores com mosqueados abundantes e provenientes da decomposição de
raízes. Sotoposto a esse horizonte, os B espódicos mudam de consistência juntamente com a
profundidade, de tal forma que o mais superficial, Bh1, é de consistência úmida firme, graduando
para firme com volumes muito firmes no Bh2, sem padrão de distribuição característico. O
horizonte Bhm também apresenta variação de consistência distribuída de maneira aleatória ao
longo do mesmo, descrita no campo como muito firme e, localmente, extremamente firme. As
raízes observadas em campo foram descritas como poucas e finas nos horizontes Bh1 e Bh2 e
ausentes no Bhm. No Bh2 se concentram nos volumes mais brandos, de consistência firme. Os
horizontes espódicos são mais escuros em relação aos do perfil P9, com mais baixos valor e
croma, sugerindo conteúdo e/ou tipo diferenciado de matéria orgânica entre os perfis.
5.2.2.1.2 Cananéia
A idade dos sedimentos e o tempo de residência médio da matéria orgânica dos horizontes
cimentados dos perfis de Cananéia são superiores aqueles de Bertioga, tal como verificado no
capítulo 2 deste trabalho. O perfil P29 tem como característica mais marcante a presença de
estratificações planas e paralelas à superfície do terreno, de espessuras que variam de 0,1 a 1 cm,
distribuídas por todos os horizontes espódicos. No entanto, são maiores e mais abundantes no
horizonte Bhm2, de consistência úmida mais branda em relação ao horizonte Bhm1 superposto.
181
Tais estratificações estão ausentes no perfil P30. Este apresenta seus horizontes Bh e Bhm de
maior resistência à penetração à faca dentre todos aqui analisados, de consistência úmida firme e
localmente muito firme no Bh e extremamente firme por todo o horizonte Bhm. Ambos os perfis
acumulam água de chuva sobre os horizontes espódicos. No entanto, encontram-se bem drenados
durante a maior parte do ano até a profundidade coletada, possivelmente devido à drenagem
lateral acima dos horizontes cimentados e/ou à descontinuidade lateral dos mesmos. Raízes finas
e em pequena quantidade foram observadas nos horizontes Bh, as quais estavam ausentes nos
horizontes Bhm.
5.2.2.1.3 Ilha do Cardoso
Gomes (2005) definiu dois grupos de Espodossolos e horizontes espódicos na Ilha do
Cardoso em função das suas características morfológicas, presença e tipos de horizontes. O
primeiro grupo é representado por Espodossolos dotados de horizontes hísticos (perfil H13) e
Organossolos cujos horizontes espódicos estão sotopostos ao hístico (perfil J14); ambos
fortemente influenciados pela hidromorfia. Tais solos acumularam horizontes orgânicos de
espessuras variadas dependendo das condições de microrrelevo local, de tal forma que pequenas
depressões, possivelmente relacionadas aos entre-cordões praiais, remodelados pela dinâmica
geomorfológica regional, favoreceram a manutenção permanente de água nos perfis e,
conseqüentemente, a lenta decomposição, forte acumulação orgânica e desenvolvimento de
horizontes hísticos, cuja máxima expressão é aqui evidenciada no perfil J14. O processo de
acumulação de matéria orgânica é, provavelmente, independente, assíncrono e mais hodierno em
relação à gênese dos horizontes espódicos. Além da presença de horizonte hístico, esse grupo de
solos morfologicamente se caracteriza ou pela ausência (perfil J14) ou pela menor espessura do
horizonte E (perfil H13); este mais escuro em relação ao dos demais solos aqui estudados (menos
influenciados pelas condições de hidromorfismo), quer devido à presença freqüente do lençol
freático próximo à superfície, quer devido à maior ocorrência de raízes no horizonte,
pigmentando-o com tons escurecidos.
O outro grupo de solos, separados devido a serem menos influenciados pelas condições de
hidromorfismo, é aqui representado pelo perfil C14. Ao contrário do grupo anterior, este
possivelmente está relacionado às cristas praiais, cujo relevo foi remodelado pela dinâmica
182
geomorfológica costeira atual, tal como argumentado anteriormente. Além dos horizontes E mais
espessos e mais claros em relação ao dos primeiro grupo, horizontes Bs estão presentes. Gomes
(2005) argumenta que, em termos gerais, a ocorrência de horizonte hístico nos solos sob
vegetação de restinga da Ilha de Cananéia está relacionada à maior espessura dos horizontes Bhs
sotopostos e menor espessura ou ausência de horizontes Bs.
183
Tabela 5.1 – Dados morfológicos selecionados e classificação dos perfis estudados
(continua)
Estrutura
2
Hor.
1
Profundidade
(cm)
Cor úmida
(Munsell)
Tipo Grau
Grau de transição
entre horizontes
Consistência
úmida
3
Cimentação
BERTIOGA - Perfil P3 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1 0-6 5YR 3/1 gran./g. simples fraca plana/clara solta não
A2 6-13 5YR 4/1-5YR 8/1 gran./g. simples fraca plana/clara solta não
EA 13-25 5YR 6/1 ausente g.simples plana e clara solta o
E1 25-71 5YR 8/1 ausente g.simples plana/clara solta não
E2 106-180 5YR 6/1 ausente g.simples descontínua/abrupta solta o
EB 94-113 5YR 5/1 ausente g.simples descontínua/abrupta solta não
BE1 71-82 5YR 5/1-5YR 3/1 ausente maciça descontínua/clara solta a muito friável não
BE2 73-91 5YR 3/1-5YR 4/1 ausente maciça descontínua/ondulada muito friável o
Bh1 82-119 5YR 3/1 ausente maciça descontínua/abrupta firme não
Bh2 107-125 5YR 3/2 ausente maciça descontínua/abrupta muito friável não
Bh3 135-170 5YR 3/2 ausente maciça .. friável a firme não
Bhm1 89-125 5YR 2,5/2 ausente maciça ondulada/abrupta extr. firrme fortemente
Bhm2 120-142 5YR 3/1 ausente maciça descontínua/abrupta extr. firme fortemente
Bs1 107-125 7,5YR 4/2 ausente maciça descontínua/abrupta firme não
Bs2 125-180 10YR 5/6 ausente maciça .. friável não
Bsm1 122-144 5YR 4/3 ausente maciça descontínua/abrupta muito firme fortemente
Bsm2 153-180 5YR 4/3-5YR 4/3 ausente maciça plana/abrupta muito firme fortemente
Bsm3 132-170 7,5YR 5/4 ausente maciça descontínua/abrupta muito firme fortemente
Bsm4 157-180 5YR 4/3 ausente maciça descontínua/abrupta firme a muito firme fracamente
Plácico .. 5YR 3/1 ausente maciça .. extr. Firme extr.
183
184
Tabela 5.1 – Dados morfológicos selecionados e classificação dos perfis estudados
(continuação)
Unidade Estrutural
2
Hor.
1
Profundidade
(cm)
Cor úmida
(Munsell)
Tipo Grau
Grau de transição
entre horizontes
Consistência
úmida
3
Cimentação
BERTIOGA - Perfil P6 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A
0-15
5YR 6/1 gran./g. simples fraca plana/clara solta não
AE
15-41
5YR 6/1 gran./g. simples fraca plana/clara solta não
EA
41-71
5YR 7/1 ausente g. simples plana e difusa solta não
E
71-153
5YR 8/1 ausente g. simples plana/abrupta solta não
Bhg
153-156
5YR 5/1-10YR 3/1 ausente maciça plana/clara friável a firme não
Bh1
156-165
5YR 2,5/1 ausente maciça descontínua/abrupta firme não
Bhm1
156-205
5YR 2,5/1 ausente maciça descontínua/abrupta muito firme e firme fracamente
Bhm2
158-205+
5YR 2,5/1 ausente maciça descontínua/clara muito firme fortemente
Bh2
165-205+
5YR ¾ ausente maciça .. friável e muito firme fortemente
BERTIOGA - Perfil P9 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura arenosa, muito mal drenado
O
0-7
5YR 2,5/1 .. .. plana/abrupta muito friável não
A
7-12
5YR 3/1 gran. fraca plana/abrupta muito friável não
AE
12-17
5YR 4/2-5YR 5/1 gran./g. simples fraca plana/clara solta não
E
17-(27-32)
5YR 6/1-5YR 5/1 ausente g. simples ondulada/abrupta solta não
BE
(27-32)-(37-40)
5YR 3/1-5YR 5/1 ausente maciça ondulada/abrupta friável a firme não
Bh1
(37-40)-(46-53)
5YR 3/1 ausente maciça ondulada/abrupta firme não
Bhm
(46-53)-89
5YR 2,5/2-5YR 3/2 ausente maciça ondulada/clara muito firme fortemente
Bh2
89-106+
5YR ¾ ausente maciça plana/gradual friável a firme não
Bh3
106-130+
5YR 4/4 ausente maciça .. friável a firme não
BERTIOGA - Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A
0-7
5YR 2,5/1 gran. fraca plana/abrupta muito friável não
AE
7-11
5YR 3/1-5YR 6/1 gran./g. simples fraca plana/abrupta muito friável não
EA
11-(18-30)
5YR 4/2-5YR 6/1 ausente g. simples ondulada/clara solta não
E
(18-30)-(35-48)
5YR 6/1 ausente g. simples ondulada/abrupta solta não
EB
(35-48)-74
5YR 5/1-5YR 6/1 ausente g. simples plana/clara solta não
BE
(60-74)-83
5YR 4/1 ausente g. simples plana/abrupta muito friável não
Bh1
83-(90-103)
5YR 2,5/1 ausente maciça plana/abrupta firme não
Bh2
(90-103)-117
5YR 2,5/1 ausente maciça plana/clara firme a muito firme fracamente
Bhm
117-150+
5YR 2,5/1 ausente maciça .. muito firme/extr. firme fraca/fortemente
184
185
Tabela 5.1 – Dados morfológicos selecionados e classificação dos perfis estudados
(continuação)
Unidade Estrutural
2
Hor.
1
Profundidade
(cm)
Cor úmida
(Munsell)
Tipo Grau
Grau de transição
entre horizontes
Consistência
úmida
3
Cimentação
CANANÉIA - Perfil P29 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A
0-14
7,5YR 3/1 gran. fraca plana/abrupta muito friável não
E
14-(47-60)
7,5YR 7/1 ausente g. simples ondulada/clara solta não
Bh
(47-60)-(60-70)
10YR 2/1 ausente maciça ondulada/clara firme não
Bhm1
(60-70)-87
10YR 2/1 ausente maciça plana/abrupta extr. firme fortemente
Bhm2
87-104
7,5YR 2,5/2 ausente maciça plana/abrupta muito firme fortemente
Bs
104-115+
10YR 5/6 ausente maciça .. firme não
CANANÉIA - Perfil P30 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A
0-10
7,5YR 3/1 gran. fraca plana/clara muito friável não
E
10-18
7,5YR 7/1-7,5YR 7/2 ausente g. simples plana/abrupta solta não
Bhg
18-(33-40)
7,5YR 4/1-10YR 2/1 ausente maciça ondulada/abrupta firme não
Bh
(33-40)-(40-44)
7,5YR 2/1 ausente maciça ondulada/clara firme e muito firme fracamente
Bhm
(40-44)-(58-76)
5YR 2,5/2 ausente maciça .. extr. firme fortemente
ILHA DO CARDOSO – Perfil C14 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico típico, A moderado, textura arenosa, moderadamente drenado
A
0-15
10YR 3/2 ausente g. simples plana/clara solta não
AE
15-20
10YR 5/1 ausente g. simples plana/gradual solta não
E
20-50
10YR 7/1 ausente g. simples ondulada/abrupta solta o
Bhs1
50-58
10YR 2/1 ausente g. simples plana/clara muito friável não
Bhs2
58-75
10YR 2/1 ausente maciça plana/gradual firme/muito firme fracamente
Bhs3
75-100
10YR 3/3 ausente maciça plana/gradual firme/muito firme fracamente
Bs1
100-120
10YR 4/4 ausente g. simples plana/gradual solta Não
Bs2
120-160
10YR 4/4 ausente g. simples plana/gradual solta Não
Bs3
160-180
10YR 5/4 ausente g. simples plana/gradual solta Não
Bs4
180-210
10YR 4/3 ausente g. simples plana/clara solta Não
C
210-125
10YR 5/4 ausente g. simples .. solta Não
185
186
Tabela 5.1 – Dados morfológicos selecionados e classificação dos perfis estudados
(conclusão)
Unidade Estrutural
2
Hor.
1
Profundidade
(cm)
Cor úmida
(Munsell)
Tipo Grau
Grau de transição
entre horizontes
Consistência
úmida
3
Cimentação
ILHA DO CARDOSO – Perfil H13 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico hístico, textura arenosa, mal drenado
Ho
0-10
5YR 3/1 .. maciça plana e clara .. Não
HD
10-20
10YR 4/1 ausente maciça plana e clara .. Não
E
20-38
10YR 7/2 ausente g. simples ondulada e abrupta solta Não
Bhsj1
38-55
10YR 3/2 ausente maciça plana e gradual firme Fracamente
Bhsj2
55-75
10YR 4/3 ausente g. simples plana e gradual muito friável Não
Bhsj3
75-130
10YR 4/3 ausente g. simples plana e gradual muito friável Não
Cgj
130-165
10YR 6/2 ausente g. simples .. solta Não
ILHA DO CARDOSO – Perfil J14 – ORGANOSSOLO TIOMÓRFICO Sáprico espódico, muito mal drenado
Hd1
0-20
5YR 2,5/1 ausente maciça plana e gradual .. ..
Hd2
20-50
5YR 2,5/1 ausente maciça plana e gradual .. ..
Hd3
50-60
7,5YR 2,5/2 ausente maciça plana e gradual .. ..
Hd4
60-70
5YR 2,5/1 ausente maciça plana e clara .. ..
Bhsj1
70-100
5YR 2/1 ausente g. simples plana e gradual firme Fracamente
Bhsj2
100-130
5YR 2/1 ausente g. simples .. muito friável Não
Nota – Sinais convencionais utilizados:
.. Não se aplica
1
Hor. = Horizonte
2
gra. = granular; g. simples = grãos simples
3
extr. = extremamente
186
187
5.2.2.1.4 Comparação Morfológica e Ambiental dos Solos e Áreas Estudados
Em termos gerais, os solos da Ilha do Cardoso são fortemente influenciados pelas
condições atuais de hidromorfismo, o que lhes imprime condições favoráveis ao desenvolvimento
de horizontes hísticos e organossolos (perfis H13 e J14), ausentes em Bertioga e Cananéia. Como
atributos mais marcantes, os solos desses dois ambientes são melhor drenados em relação aos da
Ilha do Cardoso e manifestam horizontes cimentados em todos os perfis aqui estudados,
sugerindo maior idade e/ou condições diferenciadas de pedogênese. De fato, a idade dos
sedimentos analisados no segundo capítulo deste trabalho e referendo aos solos de Bertioga e
Cananéia, é bem superior àquela ao radiocarbono obtida de um tronco enterrado encontrado e
analisado por Gomes (2005) na Ilha do Cardoso, sugerindo que o tempo é um dos fatores
responsáveis pela gênese dos horizontes cimentados.
O perfil P3 de Bertioga é o mais bem drenado de todos aqui analisados. Esse fato,
associado à sua maior idade e condições geomorfológicas locais diferenciadas, propiciaram o
desenvolvimento de solos com uma grande variabilidade lateral e vertical de seus horizontes
(capítulo 2), com presença de horizontes Bs, Bsm e plácico, os quais se manifestam no P3 e estão
ausentes nos demais perfis estudados em Bertioga e Cananéia. Os perfis P9 e P10, mais jovens,
mostram seus horizontes contínuos no perfil, predominantemente paralelos à superfície do
terreno, evidenciando que foram formados sob condições de acentuado hidromorfismo
(BUURMAN et al., 2005).
5.2.2.2 Micromorfologia
A Tabela 5.2 mostra as principais observações micromorfológicas de horizontes
selecionados dos perfis estudados. Ênfase será dada às feições relativas à matéria orgânica devido
aos processos de podzolização nos ambientes arenosos de restinga carecerem dos denominados
“mecanismos de inicialização” na formação de Espodossolos, tal como relatado por Andriesse
(1968/1969). Tal mecanismo se refere à destruição dos minerais primários intemperizáveis pela
matéria orgânica quelante, o qual está ausente ou é pouco significativo na gênese de horizontes
espódicos e Espodossolos dos ambientes de restinga. Assim, as transformações mineralógicas são
188
insignificantes no processo de podzolização nesses ambientes, dominado pela dinâmica da
matéria orgânica e, conseqüentemente, não se mostraram presentes nas lâminas estudadas.
A morfologia da matéria orgânica dos solos estudados varia substancialmente de acordo
com o tipo de horizonte, sua consistência e as condições hidrológicas a que são submetidos. As
mais relevantes feições micromorfológicas de interesse à caracterização e à gênese dos horizontes
espódicos são descritas e mostradas a seguir para cada perfil estudado, agrupando-os de acordo
com as similaridades (macro e micromorfológicas) ou proximidade geográfica e,
conseqüentemente, quanto aos processos de formação envolvidos.
189
Tabela 5.2 – Principais características micromorfológicas dos horizontes e solos estudados
(continua)
Horizonte Prof.
1
Distribuição relativa g/f
m
predominante
2
Tipo de poros
predominante
Porosidade Resíduos
de raízes
Matéria orgânica
monomórfica
Matéria orgânica
polimórfica
BERTIOGA - Perfil P3 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
Bh1 82-119 porfírica .. ++++
Bhm1 89-125 porfírica-quitônica-gefúrica cavidades +++ ++++
Bhm2 120-142 porfírica-quitônica-enáulica cavidades ++ ++++ +
Bs2 125-180 complexa, predominando
gefúrica e mônica
cavidades e
empacotamento
++++ +++
BERTIOGA - Perfil P6 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, imperfeitamente drenado
Bhm1 156-205 porfírica-quitônica-gefúrica cavidades + ++++
BERTIOGA - Perfil P9 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura arenosa, muito mal drenado
Bhm 46-89 quitônica-gefúrica, localmente
enáulica e porfírica
cavidades ++ ++ ++++
BERTIOGA - Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
Bh1 83-103 quitônica, localmente gefúrica cavidades +++ + ++++
Bh2 90-117 quitônica, localmente gefúrica cavidades ++ ++ ++++
Bhm 117-150 quitônica, localmente gefúrica cavidades ++ ++++
CANANÉIA - Perfil P29 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
Bhm2 87-104 quitônica; localmente porfírica
e gefúrica
cavidades + ++++
CANANÉIA - Perfil P30 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
Bhm 40-76 quitônica, localmente gefúrica
e enáulica
cavidades ++ + ++++
ILHA DO CARDOSO – Perfil C14 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico típico, A moderado, textura arenosa, moderadamente
drenado
A 0-15 Mônica-gefúrica empacotamento e
cavidades
++++ +++ ++++
AE 15-20 Mônica-gefúrica empacotamento e
cavidades
++++ ++ ++++
E 20-50 nica empacotamento ++++ +
Bhs1 50-58 porfírica, localmente gefúrica
e quitônica
cavidades +++ ++ ++++
Bhs2 58-75 quitônica, localmente gefúrica cavidades ++ ++++
Bhs3 75-100 quitônica, localmente gefúrica cavidades ++ ++++
Bs2 120-160 quitônica-gefúrica empacotamento e
cavidades
++++ + +++
189
190
Tabela 5.2 – Principais características micromorfológicas dos horizontes e solos estudados
(conclusão)
Horizonte Prof.
1
Distribuição relativa g/f
m
predominante
2
Tipo de poros
predominante
Porosidade Resíduos
de raízes
Matéria orgânica
monomórfica
Matéria orgânica
polimórfica
ILHA DO CARDOSO – Perfil H13 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico hístico, textura arenosa, mal drenado
E 20-38 quitônica, localmente gefúrica,
enáulica e mônica
empacotamento ++++ ++ ++ +++
Bhsj1 38-55 quitônica-gefúrica, localmente
enáulica
cavidades +++ +++ + +++
Bhsj2 55-75 quitônica-gefúrica, localmente
enáulica, porfírica e mônica
cavidades +++ ++++ + ++++
ILHA DO CARDOSO – Perfil J14 – ORGANOSSOLO TIOMÓRFICO Sáprico espódico, muito mal drenado
Bhsj1 70-100 quitônica-gefúrica cavidades +++ +++ + +++
Bhjs2 100-130 gefúrica, localmente chitônica
e enáulica
cavidades +++ ++++ ++++
Nota – Sinais convencionais utilizados:
–, ausente; +, muito pouco; ++, pouco; +++, comum; ++++, abundante
1
Prof. = Profundidade
2
Distribuição relativa g/f
m
= Distribuição relativa grossos/finos cuja dimensão que os separa é de 2µm (BULLOCK et al., 1985)
190
191
5.2.2.2.1 Micromorfologia dos Solos de Bertioga
5.2.2.2.1.1 Micromorfolobia dos Perfis P3 e P6
A matéria orgânica dos horizontes espódicos estudados dos perfis P3 e P6 é
exclusivamente do tipo amorfa (DE CONINCK et al, 1974) uma vez que foi completamente
transformada, não se identificando tanto estruturas celulares como formas originais de
remanescentes de plantas, sobretudo de raízes. Muitos campos observados nas lâminas dos
horizontes espódicos mostram revestimentos preenchendo quase que completamente o sistema
poroso, fato observado por McKeague e Wang (1980) em horizontes ortstein formados em
materiais de origem essencialmente arenosos do Canadá, tais como encontramos aqui. Em
decorrência, nesses campos o padrão de distribuição relativa dos constituintes grossos e finos
(distribuição relativa g/f
m
) é do tipo porfírico (BULLOCK et al., 1985). No entanto, diferentes
tipos básicos de distribuição relativa g/f
m
podem ser observados no plano das minas dos
horizontes B espódicos, a maioria deles contendo fases intermediárias entre dois ou três tipos
(Tabela 5.2), os quais estão associados aos processos de formação e evolução dos horizontes,
como veremos a seguir. A Figura 5.2 mostra os principais tipos morfológicos da matéria orgânica
dos horizontes espódicos brando e cimentado estudados.
O horizonte Bh1, o mais próximo à superfície, mostra seus constituintes finos de
coloração uniforme, bruno escuro à negro, cuja fábrica é praticamente destituída de espaço
poroso, o que lhe confere uma distribuição relativa g/f
m
porfírica (Figuras 5.2ab). A matéria
orgânica deste horizonte é do tipo monomórfica uma vez que apresenta uma massa contínua,
relativamente uniforme quanto à cor e densidade (DE CONINCK et al., 1974). Por outro lado, os
horizontes cimentados, aqui representados pelo Bhm1 e Bhm2, manifestam outras características
micromorfológicas (Tabela 5.2). Sua distribuição relativa g/f
m
é composta, havendo o
desenvolvimento de porosidade, predominantemente do tipo cavitária policôncava. Os poros, no
entanto, encontram-se majoritariamente preenchidos por um constituinte fino e orgânico de tons
negro, bruno-avermelhado-escuro e bruno-avermelhado-claro.
As Figuras 5.2cdf referem-se ao horizonte Bhm1. Nelas observa-se que toda porosidade
cavitária ainda detém parte do constituinte orgânico fino, os quais, por sua vez, são
predominantemente escuros na parte central, de tons negros ou bruno-avermelhado-escuros,
192
transicionando-se, de maneira difusa, para colorações cada vez mais claras, avermelhadas e vivas
nas extremidades. O desenvolvimento de tons mais claros também se dá no sentido da borda para
o centro dos constituintes orgânicos finos ou mesmo no sentido contrário, do centro para as
bordas, evoluindo, em todos os casos, para a formação de microfissuras, com posterior
desprendimento e separação desses constituintes em unidades menores. A matéria orgânica nesse
horizonte é do tipo monomórfica (DE CONINCK et al., 1974).
A micromorfologia do horizonte Bhm2 (perfil P3) difere sutilmente dos horizontes
espódicos sobrepostos e descritos (Tabela 5.2). Sua característica mais marcante é a presença
de uma estrutura microagregada intergrãos, o que lhe confere uma distribuição relativa enáulica
(BULLOCK et al., 1985) a essa porção da lâmina. As Figuras 5.2fg mostram que a fábrica
predominante desse horizonte é do tipo composta, porfírica-chitônica, localmente enáulica, e que
os constituintes finos, incluindo os microagregados, têm sua coloração graduando difusamente de
tons mais escuros no centro para mais claros nas bordas. Algumas porções mais escuras dos
constituintes finos, de coloração negra ou bruno-avermelhada-escura, estão separadas por aquelas
mais claras, bruno-avermelhada-clara, sendo comum diferentes tons de vermelho nessas porções
mais claras, inclusive daqueles mais escuros, formando um mosaico difuso de tons e cores. Os
microagregados, em geral, não estão individualizados, mas se mostram unidos um ao outro ou à
matriz fina por meio de pontes, as quais são de tonalidades mais claras. Algumas faces desses
microagregados, aquelas que não apresentam pontes de conexão entre os finos, são visível e
perfeitamente encaixadas ao material fino adjacente (Figura 5.2g). Devido à forma dessa porção
da lâmina com predomínio de microagregados intergrãos, sua matéria orgânica é do tipo
polimórfica. De Coninck et al. (1974) a assim denominou por apresentarem uma massa
descontínua, formada pela justaposição de elementos polimórficos de formas globular e limites
abruptos ou difusos, causados pelas diferenças de cores e densidade. No entanto, matéria
orgânica monomórfica predomina no plano da lâmina deste horizonte.
Os horizontes Bs são significativamente diferenciados dos demais espódicos acima
relatados (Bh e Bhm), quer quimicamente, quer macro e micromorfologicamente. Sob esta última
óptica, um padrão de distribuição relativa g/f
m
composto, ora do tipo gefúrica-quitônica (Figura
5.2h), ora somente gefúrica ou mônica, sendo essas últimas predominantes no horizonte e cujos
materiais finos são de coloração predominantemente bruno-amarelados. Tanto as pontes de finos
unindo os grãos de quartzo (distribuição relativa g/f gefúrica) como as exíguas e delgadas
193
películas envolvendo-os total ou parcialmente (distribuição relativa g/f
m
quitônica) são
isotrópicas sob luz polarizada, diferindo dos revestimentos de Fe anisotrópicos descritos por
Buurman, Jongmans e Nierop (2008) em horizontes Bs de Espodossolos boreais. A presença de
delgados pans cimentados (horizonte pcico) altera o padrão de constituintes do solo neste
horizonte: uma distribuição relativa porfírica é encontrada nesses domínios cimentados, ora de
coloração bruno-avermelhado-escuro e bruno-avermelhado (Figura 5.2i), ora bruno-amarelado
(Figura 5.2j), cujas diferenças de cores possivelmente estão relacionadas à maior ou menor
presença e tipo de oxidróxidos de ferro e de matéria orgânica e, conseqüentemente, ao grau de
cimentação do pan.
Os horizontes cimentados do perfil P6 diferem daqueles do perfil P1em basicamente dois
aspectos, sobretudo quantitativos:
(1)
menor porosidade total, restando maior conteúdo de
material fino nos mesmos;
(2)
este último com padrão mais homogêneo de cores,
predominantemente negro e bruno-avermelhado-escuro, embora variações dessas para colorações
mais claras e vivas nas bordas também são observadas nos constituintes orgânicos finos, bem
como o descoramento de sua porção central, ambos seguidos de forte microfissuração e
separação desses constituintes finos em unidades menores. As Figuras 5.2klm evidenciam os
padrões acima relatados e que o húmus monomórfico foi o único encontrado.
194
Figura 5.2 – Fotomicrografias mostrando: (a) horizonte Bh1 (perfil P3) com matéria orgânica exclu
sivamente
monomórfica preenchendo totalmente a porosidade (distribuição relativa g/f
m
porfírica); (b)
detalhe da fotomicrografia anterior; (c) fábrica característica do horizonte Bhm1 (perfil P3);
distribuição relativa g/f
m
complexa. Notar desenvolvime
nto de porosidade; (d) Detalhe do
horizonte Bhm1 com sua porosidade cavitária policôncava sendo formada pela decomposição do
material fino que outrora preenchia totalmente a porosidade. Notar bordas mais claras e
fendilhamento das maiores concentrações de
finos com sua separação em unidades menores.
Feições de incipiente despodzolização do perfil; (e) similar a fotomicrografia anterior, com
distribuição relativa g/f
m
complexa, quitônica-
gefúrica; (f) horizonte Bhm2 (perfil P3).
Pequena porosidade e desenvolvimento de microagregados de natureza físico-química
1000 µm
(a)
200 µm
(b)
1000 µm
(c)
200 µm
(e)
1000 µm
(f)
(d)
200 µm
195
200 µm
(g)
1000 µm
(i)
(h)
200 µm
(j)
1000 µm
(l)
200 µm
(m)
200 µm
(k)
1000 µm
Figura 5.2– (g) detalhes dos microagregados; (h)
fábrica
característica do horizonte Bs2;
(i) finos mais escuros referem-
se ao
horizonte plácico (Bs2); (j) área de
maior segregação de matéria orgânica,
com pouco ferro no horizonte Bs2; (k)
visão geral da fábrica característica
do
horizonte Bhm1 do perfil P6; (l)
detalhes do horizonte anterior. Notar
pequena porosidade do tipo cavitária
policôncava originária da fissuração e
dissolução dos finos; (m) idem anterior.
Início do processo de despodzolização
do perfil
196
5.2.2.2.1.2 Interpretação Micromorfológica dos Horizontes Espódicos dos Perfis P3 e P6
A ausência de remanescentes vegetais, sobretudo de raízes e a presença de húmus
predominantemente monomórfico nos horizontes espódicos, indicam a mobilização, iluviação e
precipitação da matéria ornica na sua formação (DE CONINCK et al., 1974; DE CONINCK,
1980; BUURMAN et al., 2005). No entanto, os padrões micromorfológicos acima relatados e
relacionados aos horizontes cimentados de ambos os perfis convergem para a conclusão de que
tais horizontes se encontram em estádio incipiente de decomposição: o material fino está
progressivamente sendo removido do espaço intergranular por meio da dissolução dos
constituintes orgânicos, originando uma porosidade cavitária policôncava. A descoloração desses
constituintes finos com posterior fissuração e sua separação em unidades menores, tal como
observado em todos os horizontes cimentados dos perfis estudados, parecem indicar a ação de
processos (físico-químicos?) na alteração da constituição, fragmentação e remoção da matéria
orgânica do espaço intergrãos e geração de porosidade, outrora totalmente preenchida por
material orgânico fino; este mobilizado dos horizontes superficiais na forma de complexos
organometálicos, redistribuído em profundidade e acumulado/precipitado nos horizontes
espódicos. A porosidade gerada nos horizontes cimentados, por sua vez, intensifica o fluxo
hídrico e a renovação freqüente da água intersticial em contato com um material orgânico de
superfície específica cada vez maior, favorecendo sua oxidação/decomposição, até a completa
remoção dos constituintes finos orgânicos. Sua presença constante nos poros, de variada
coloração e densidade, sugere estádio incipiente de decomposição. Os horizontes cimentados do
perfil P3, no entanto, mostram-se mais evoluídos: sua maior porosidade e variação de cor e
densidade dos constituintes finos em relação ao perfil P6 convergem para um estádio mais
avançado de decomposição.
Buurman et al. (2005) salientam que o abaixamento do lençol freático tem influência
profunda na dinâmica da matéria orgânica dos solos formados em condições de hidromorfismo
acentuado. É de se supor que os horizontes espódicos cimentados aqui estudados tiveram sua
gênese relacionada à elevada atividade de água no sistema, fato relatado por vários autores
(ANDRIESSE, 1968/1969; WANG; BEKE; MAcKEAGUE, 1978; DE CONINCK, 1980;
MAcKEAGUE; WANG, 1980; LEE; YUAN; CARLISLE, 1988a) e que as condições químicas e
hidrológicas atuais divergem daquelas de sua formação, levando-o a instabilidade de sua matéria
197
orgânica. De Coninck (1980) e Le, Yuan e Carlisle (1988) consideram que a desidratação de
compostos organo-metálicos polimerizados e hidratados é responsável pela redução da resistência
da cimentação em tais horizontes. Daí o fato do perfil P3, mas bem drenado de todos aqui
analisados, mostrar sua matéria orgânica em estádio ligeiramente mais avançado de
decomposição.
Apesar da ocorrência comum de forte fissuração dos constituintes finos ser considerado
um fenômeno natural nos horizontes cimentados de Espodossolos (FITIZPATRICK, 1993),
freqüentemente interpretado como feições de dissecação da matéria orgânica no estado gel e
fortemente hidratada (DE CONINCK, 1980; BUURMAN; JONGMANS, 2005), os aqui descritos
não apresentaram tal morfologia. A formação de microfissuras nos horizontes cimentados
estudados é pouco expressiva e parece suceder a descoloração do material orgânico fino,
possivelmente por processos químicos. O dégradé de cores da borda para o centro dos
constituintes orgânicos intergrãos ou mesmo o surgimento de cores mais vivas no interior desses
constituintes, seguidos da formação de microfissuras, parecem corroborar a atuação de processos
químicos, os quais podem ser sucedidos por aqueles físicos relacionados à contração dessa
matéria orgânica modificada e com diferente capacidade de (re) hidratação em relação ao seu
entorno. Esse mecanismo possivelmente é responsável pela formação da matéria orgânica
polimórfica aqui descrita no perfil P3 (Figuras 5.2fg), embora De Coninck et al. (1974), Phillips e
Fitzpatrick (1999), Buurman et al. (2005), Buurman e Jongmans (2005), Buurman, Jongmans e
Nierop (2008) afirmem que tal tipo é resultado da decomposição de raízes e outros resíduos
vegetais, mas sem sua solubilização ou translocação na fase líquida (DE CONINCK, 1980). A
interpretação aqui auferida para a origem da matéria orgânica polimórfica, sendo resultado,
portanto, da fragmentação da monomórfica, vai ao encontro dos estudos desenvolvidos por Val
Legaz e Herrero (1981) nos Espodossolos do noroeste da Espanha. A perfeita acomodação dos
microagregados com a matriz fina circundante, bem como o dégradé de cores a eles relacionados,
juntamente com a ausência de remanescentes de raízes ou de plantas nas proximidades e em
todos os horizontes espódicos dos perfis P3 e P6 estudados, convergem para a interpretação de
que a matéria orgânica polimórfica aqui descrita está relacionada aos mecanismos enunciados
acima: decomposição com posterior fragmentação da matéria orgânica monomórfica por
processos físicos-químicos e geração de porosidade cavitária nos espaços intergrãos, outrora
totalmente preenchido pela matéria orgânica iluvial.
198
A morfologia diferenciada da matéria orgânica do horizonte espódico brando em relação
ao cimentado, também observado em outros perfis de Cananéia (dados não mostrados), sugere
tipos e condições diferenciadas de formação da matéria orgânica. Possivelmente, os horizontes
espódicos brancos sotopostos aos cimentados foram originados em função das condições
hidrológicas impostas pelos horizontes cimentados, fato relatado por Andriesse (1968/1969) e
Buurman et al. (2005), as quais ainda estão em conformidade à hidrologia atual do perfil,
favorecendo a preservação desses horizontes e, conseqüentemente, da matéria orgânica no espaço
intergrãos. Esta se mostra monomórfica, formando uma massa contínua, de coloração e densidade
uniformes (DE CONINCK et al., 1974), preenchendo totalmente o espaço intergrãos. A transição
entre os horizontes brando e cimentado estudados é abrupta (Tabela 5.1). Isso presumivelmente
indica que carbono orgânico dissolvido foi transportado verticalmente e depositados no topo do
horizonte consolidado, dando origem ao horizonte Bh brando que se desenvolveu de baixo para
cima no perfil, fato já relatado por Andriesse (1968/1969). A presença de transições descontínuas
e a grande variabilidade lateral e vertical dos horizontes do perfil P3, mais antigo de Bertioga
(capítulo 2), sugere que o tempo possibilitou a remodelagem e conseqüente atuação do relevo e,
provavelmente, da vegetação (raízes), os quais, por sua vez, definiram as condições hidrológicas
responsáveis pelo desenvolvimento do perfil, tal como encontramos hoje na paisagem.
Os horizontes Bs do perfil P3 é química (Tabela 5.3), macro (Tabela 5.1) e
micromorfologicamente (Figuras 5.2hij) diferenciado dos demais espódicos aqui estudados, tal
como relatado anteriormente. Macromorfologicamente é caracterizado pela coloração amarelada
(Tabela 5.1) e presença de delgados e exíguos horizontes plácicos que convolam em poucos
centímetros e em relação à superfície. Sob a óptica micromorfológica, os domínios
representativos gefúricos revelam muito baixo conteúdo de constituintes finos, inferior a 1% do
plano da lâmina, de coloração brunada e bruno-amarelada (Figura 5.2h), cuja composição
possivelmente está relacionada à presença de matéria orgânica, com pouco ferro (Tabela 5.3). É
provável que este último elemento se concentre nos horizontes plácicos, juntamente com o maior
conteúdo de matéria orgânica observado no horizonte Bs2.
A gênese dos horizontes Bs e do plácico nele presente, possivelmente é extemporânea e
mais recente que a dos horizontes espódicos sobrepostos. É provável que sua formação esteja
relacionada ao rebaixamento do lençol freático e mobilização do ferro ferroso (Fe
2+
) dissolvido
nas águas de drenagem, com posterior precipitação (Fe
3+
) na zona de vadosa, a qual se
199
encontrava oscilando no então horizonte C e abaixo dos horizontes espódicos já formados. No
entanto, o conteúdo do elemento precipitado foi muito baixo devido
(1)
ao também pequeno
conteúdo de Fe
2+
nas águas de drenagem e no lençol freático, e/ou
(2)
à elevada
macroporosidade, inerente a esses materiais essencialmente arenosos e de granulometria bem
selecionada, ocasionando a inadequação do potencial de oxirredução à precipitação do ferro
ferroso em massa. No entanto, em alguns microssítios é provável que a porosidade de
empacotamento ou as condições locais, incluindo o desenvolvimento de pequenas raízes,
propiciaram esses potenciais de oxirredução adequados à precipitação de pequenos conteúdos de
ferro. Nesses microssítios, o carbono orgânico dissolvido, mobilizado dos horizontes espódicos
sobrepostos, foi adsorvido nos oxidróxidos recém precipitados, cujo mecanismo foi demonstrado
por Jardine, Weber e McCarthy (1989), originando os delgados e convolados horizontes plácicos
em que seus constituintes finos são majoritariamente orgânicos, com pouco ferro. A coloração
mais escura nas bordas deste horizonte, tal como pode ser observada na Figura 5.2i, sugere maior
concentração de constituintes finos, possivelmente relacionados à maior segregação do ferro e,
conseqüentemente, de matéria orgânica adsorvida nos oxidróxidos então recém formados. Os
delgados e isotrópicos revestimentos de alguns constituintes grossos (Figura 5.2i) parecem
indicar alguma iluviação e precipitação de matéria orgânica e de ferro (BUURMAN;
JONGMANS; NIEROP, 2008).
5.2.2.2.1.3 Micromorfologia dos Perfis P9 e P10
Os principais tipos morfológicos (DE CONINCK et al., 1974) encontrados nos horizontes
espódicos desses perfis são:
a) resíduos de plantas em diferentes estádios de decomposição, com reconhecíveis ou não
estruturas celulares. Nos resíduos ditos transformados não se consegue reconhecer alguma
estrutura original da célula, as quais são visíveis somente nos não transformados;
b) matéria orgânica amorfa, sem visíveis estruturas de plantas ou fungos, exclusivamente
do tipo monomórfica, formando uma massa contínua de cor e densidade uniformes.
O horizonte Bhm do perfil P9 foi que mostrou maior atividade biológica, relacionada à
presença de tecidos vegetais. A ocorrência destes, juntamente com o material fino denso e do
entorno a eles relacionado (Figura 5.3e), ocupam aproximadamente 30% do plano da mina
200
deste horizonte. A fábrica representativa (70% do plano da lâmina) é mostrada na Figura 5.3a.
Nela se observa uma distribuição relativa c/f
m
predominantemente quitônica, com o material
grosso total ou parcialmente circundando pelo material fino e de coloração bruno-avermelhado e
bruno-avermelhado-escuro, fato também constatado por Kaczorek et al. (2004) em horizontes
ortstein na Alemanha. Tendências locais gefúrica e enáulica são comuns, algumas vezes
predominando em determinados campos da lâmina. Tal matéria orgânica é do tipo monomórfica
(DE CONINCK et al., 1974).
Os resíduos de plantas não transformados mostram, dependendo da seção de corte, células
buliformes e alongadas (TWISS, 1992), isotrópicas e com material orgânico bruno-avermelhado-
escuro sempre presente nas suas bordas ou, em determinados locais, sobrepondo as mesmas. As
Figuras 5.3bcdef mostram esses detalhes. Pelo exame das mesmas se observa um material fino e
negro ou bruno-avermelhado-escuro circundando os remanescentes vegetais, totalmente
isotrópico e de coloração e densidade homogêneas. Em muitas locais, esse constituinte fino
escuro se encontra completamente contínuo e adentrando uma fábrica de domínios porfíricos, em
que os grãos de quartzo estão embebidos na densa matriz orgânica. Fendas de contração são
comuns na matriz fina, sobretudo quando ocupa os poros de maior dimensão da fábrica. Resíduos
de plantas transformados e completamente humificados podem ser observados na Figura 5.3g.
O horizonte Bh2 do perfil P10 é o que apresentou a maior freqüência de resíduos de
plantas do perfil, exclusivamente não transformados (Figura 5.3f), os quais, associados à matriz
fina e escura do entorno, com distribuição relativa g/f
m
porfírica, ocupam aproximadamente
20% do plano da lâmina. A Figura 5.3h mostra a fábrica representativa deste horizonte, com
distribuição relativa g/f
m
predominantemente quitônica, localmente com tendência gefúrica, a
qual não difere significativamente daquela observada nos horizontes Bh1 (fotomicrografia não
mostrada) e Bhm (Tabela 5.2) do mesmo perfil. Este último horizonte, no entanto, não apresentou
remanescentes de plantas, tanto em nível macro como microscópico (Tabela 5.2). Sua matéria
orgânica é exclusivamente monomórfica (Figura 5.3i).
201
Figura 5.3
Fotomicrografias mostrando: (a) fábrica representativa do horizonte Bhm do perfil P9
(distribuição g/f
m
quitônica-
gefúrica); (b) resíduo de raiz (estrutura articulada silicosa; P9;
Bhm). Em maior aumento se observa células buliformes nas extremidades meristemáticas e
alongadas no restante da estrutura. Presença de matéria orgânica em tai
s células indica que a
raiz não está totalmente decomposta; (c) resíduo de raiz (P9; Bhm), com finos isotrópicos e
uniformes, indicando iluviação de matéria orgânica e deposição no entorno da raiz; (d) resíduo
de raiz com distribuição relativa porfírica ao
seu redor e presença de constituintes grossos no
seu interior (P9); (e) segregação de matéria orgânica no entorno da raiz (P9; Bhm); (f) resíduo
radicular do perfil P10, horizonte Bh2; distribuição relativa porfírica no seu entorno
(a)
200 µm
1000 µm
(c)
(e)
1000 µm
200 µm
(f)
(b)
1000 µm
(d)
1000 µm
202
1000 µm
(g)
(h)
1000 µm
1000 µm
(i)
1000 µm
(j)
Figura 5.3 – (g) dois resíduos vegetais do horizonte Bhm do perfil P9 em diferentes estádios de
decomposição.
O da esquerda, menos decomposto ainda mostra remanescentes de células vegetais no seu
entorno. O da direita, totalmente transformado e com quartzo entremeado na matriz fina; (h)
fábrica representativa do horizonte Bh2 do perfil P10; distribuição relativa g/f
m
quitônica com
tendências locais gefúricas; (i) fábrica representativa do horizonte Bhm, perfil P10;
micromorfologicamente semelhante ao do perfil Bh2 sobreposto, exceto pela presença de
remanescentes radiculares neste último, ausente n
o Bhm; (j) resíduo de raiz do horizonte Bhm,
perfil P9 com maior concentração de constituintes finos orgânicos na porção mais próxima à
superfície, numa fábrica de distribuição relativa g/f
m
porfírica, abaixo da raiz, a distribuição
relativa é quitônica-gefúrica-enáulica
203
5.2.2.2.1.4 Interpretação Micromorfológica dos Horizontes Espódicos dos Perfis P9 e P10
Os resíduos de plantas o exclusivamente de raízes, possivelmente de gramíneas, devido
à predominância de células alongadas e buliformes (Figuras 5.3bc), insertas numa estrutura
articulada silicosa de morfologia característica (TWISS, 1992). A presença de matéria orgânica
isotrópica entre todas as células da estrutura articulada, bem como acima de alguns conjuntos das
mesmas, indicam que a estrutura está se decompondo e evoluindo para a completa silicificação
(TWISS, 1992), que a celulose parece ter sido totalmente transformada, sobretudo da parede
celular, a qual é quase sempre promotora de birrefringência (BULLOCK et al., 1985). As células
buliformes estão relacionadas à ponta das raízes e, portanto, ao tecido meristemático responsável
pelo crescimento da mesma. As alongadas, ao restante do tecido vegetal (Figura 5.3c).
O desenvolvimento de raízes em horizontes espódicos cimentados e, conseqüentemente,
sua decomposição
in situ
, não é um fenômeno previsível. De Coninck (1980), comparando
horizontes espódicos brandos e cimentados, encontrou que as características da matéria orgânica
neles presente indicaram a operação de dois maiores processos:
(1)
iluviação e acumulação de compostos organo-metálicos de elevadas acidez, carga e forte
características hidrofílicas, responsáveis pela formação de organans, revestimentos
monomórficos e cimentação;
(2)
atividade biológica, responsável pela consistência solta e formação de pelotas fecais,
agregados e pedotúbulos com matéria orgânica do tipo polimórfica, a qual contém resíduos de
plantas não transformadas, ácidos húmicos e humina, de baixa acidez e carga. O autor
complementa que após a formação do horizonte cimentado, o desenvolvimento de raízes ocorre
preferencialmente nos horizontes espódicos brandos sotopostos, a qual favorece a atividade
biológica e a formação de unidades polimórficas, tanto provindas pela decomposição das raízes,
como da própria matéria orgânica monomórfica. Esta última predomina em todos os horizontes
cimentados aqui estudados na forma de revestimentos na superfície dos grãos (distribuição
relativa g/f
m
quitônica), sendo exclusiva no Bhm do perfil P10.
Os revestimentos monomórficos comprovadamente estão relacionados à iluviação de
matéria orgânica (DE CONINCK et al, 1974; DE CONINCK, 1980; PHILLIPS; FITSPATRICK,
1999; BUURMAN et al., 2005; BUURMAN; JONGMANS; NIEROP, 2008) e sua imobilização
na superfície dos constituintes grossos e poros, sendo este, portanto, o principal mecanismo de
204
formação dos horizontes espódicos acima relatados e estudados. No entanto, alguma contribuição
da decomposição de raízes para a formação dos horizontes cimentados e brandos pode ser
especulada, quer pela presença de resíduos de plantas, quer pela proeminente matriz fina e escura
que os circunda (Figura 5.3e) ou os acompanha (Figura 5.3b), cuja origem não é conclusiva, bem
como não se consegue elucidá-la plenamente com os resultados obtidos e os procedimentos
analíticos aqui utilizados. Algumas especulações e teorias, no entanto, podem ser auferidas:
(1)
a presença da matriz fina, densa, escura e porfírica exclusivamente associada à ocorrência de
remanescentes não transformados de raízes, evidencia que ambos, raízes e matriz fina densa,
estão intimamente relacionados quanto às suas origens;
(2)
a predominância dessa matriz fina e densa acima das raízes quando essas se encontram
aproximadamente na horizontal (Figura 5.3j) ou mesmo ocupando perfeitamente seu entorno
quando na vertical (Figura 5.3e), intimamente entremeada aos constituintes grossos e em perfeita
continuidade ao material vegetal (Figuras 5.3bde), sugerem mobilização de matéria orgânica dos
horizontes sotopostos e deposição preferencial nas zonas de desenvolvimento de raízes;
(3)
possivelmente, essa deposição preferencial pode ter ocorrido devido à atividade das mesmas,
funcionando como uma bomba de absorção de água e nutrientes, a qual veicula carbono orgânico
dissolvido, provindo dos horizontes sotopostos na forma de complexos organo-metálicos,
segregando-o e precipitando-o na superfície das raízes durante o processo de absorção seletiva;
(4)
a maior atividade da extremidade meristemática pode ter sido a responsável pela morfologia
da matéria orgânica mostrada na Figura 5.3b. É evidente na figura a maior concentração do
material orgânico na borda meristemática da raiz, acompanhando perfeitamente sua morfologia;
(5)
o espaço poroso gerado e ocupado pela matriz densa e escura no entorno da maioria das raízes
aqui observadas (Figuras 5.3cd), bem como na extremidade das mesmas (Figura 5.3b), pode ser
oriundo do próprio crescimento/morte da raiz, a qual foi parcialmente decomposta e/ou
retrocedeu durante o processo de decomposição/desidratação;
(6)
essa teoria da raiz como a responsável pela imobilização da matéria orgânica iluvial, sugerida
pela observação de suas feições na escala micromorfológica, vai ao encontro daquela
argumentada por De Coninck (1980). Segundo o autor, um dos processos de imobilização da
matéria orgânica eluvial é a sua dissecação, resultando num aumento da concentração de íons,
contração da dupla camada difusa e expulsão da água dos poros no interior das partículas
205
orgânicas, ocasionando sua polimerização e formação de agregados grandes, inicialmente em
estado gel, evoluindo para o sólido juntamente com a desidratação;
(7)
tal desidratação e concentração iônica responsáveis pela imobilização da matéria orgânica
iluviada podem perfeitamente ser orquestrados pela atividade biológica, sobretudo de raízes
durante sua absorção seletiva de água e nutrientes, conduzindo à precipitação do carbono
orgânico iluvial já segregado no seu entorno;
(8)
a absorção radicular faz com que o volume de solo do seu entorno seque mais rapidamente em
relação aos locais livres da ação de raízes, o que favorece a precipitação do carbono iluvial no seu
entorno;
A gênese de horizontes espódicos cimentados ainda não é totalmente entendida
(KACZOREK et al., 2004). A maioria dos trabalhos considera que o Al-húmus translocado na
forma de complexos é essencial para a gênese do ortstein (DE CONINCK, 1980; MAcKEAGUE;
WANG, 1980; MAcHARDY; ROBERTSON, 1983; KOOPMAN, 1988; LEE; YUAN;
CARLISLE, 1988ab; KACZOREK et al., 2004) e que se necessita de um período de dissecação
para seu endurecimento (ANDRIESSE, 1968/1969; DE CONINCK, 1980; BRONICK et al.,
2004; KACZOREK et al., 2004). Portanto, processos físico-químicos parecem estar relacionados
à gênese do ortstein, primeiro (químico) com a mobilização de matéria orgânica complexada com
Al, fato constatado aqui pelos revestimentos no entorno dos materiais grossos (distribuição
relativa g/f
m
quitônica), picos de iluviação de matéria orgânica, a qual se mostra com elevada
saturação por Al (Tabela 5.3); segundo pela dissecação (física), a qual pode ser promovida ou
intensificada pelas raízes, nos microssítios de seu entorno. Portanto, a presença de raízes
(determinados tipos de raízes?) é um fator que concorre para a cimentação dos horizontes
espódicos, conforme argumentado acima, ao contrário do que argumentam De Coninck (1980) e
van Breemen e Buurman (2002).
É provável que ciclos freqüentes e curtos de umedecimento e secagem sejam mais
eficazes que o completo dessecamento do perfil na formação do ortstein, tal como ocorrem nos
perfis P9 e P10, devido à oscilação do lençol freático promover condições mais adequadas de
(a)
umidade ao longo do ano à produção e mobilização do carbono orgânico dissolvido;
(b)
atividade
radicular, absorvendo mais água no período de menor disponibilidade da mesma, intensificando a
secagem do solo, segregação do carbono orgânico dissolvido e sua desidratação, precipitando-o
na superfície e entorno das raízes ativas;
(c)
suprimento de Al do lençol freático (FARMER;
206
SKJEMSTAD; THOMPSON, 1983), promovendo a imobilização dos complexos organo-
metálicos provindos da superfície que se tornam saturados no elemento em contato com a água
freática e precipitam (DE CONINCK 1980), quer na superfície dos constituintes grossos (Figura
5.3h), quer na porosidade, preenchendo-a totalmente (Figura 5.2f).
A ausência de resíduos de plantas não transformados nos horizontes espódicos dos perfis
P3 e P6 e sua influência na formação desses horizontes pode estar relacionada às mudanças que
ocorrem com a melhoria de drenagem (BUURMAN et al., 2005), considerando-se que tais perfis
foram formados sob condições de hidromorfismo acentuado. Essas mudanças podem ser devidas
às alterações na microbiota e condições químicas (pH) do meio com o rebaixamento definitivo do
lençol freático, induzindo a completa decomposição dos remanescentes vegetais, re-solubilização
e remobilização da matéria orgânica. A baixa ou mesmo a nula atividade da fauna, condicionada,
sobretudo, pela pobreza dos substratos orgânico e mineral, impossibilita a formação de matéria
orgânica polimórfica nos horizontes espódicos dos perfis P9 e P10. A morfologia típica de
matéria orgânica monomórfica no entorno das raízes desses perfis (Figuras 5.3bcde),
caracterizada por uma massa contínua de cor e densidade relativamente uniformes, tal como
argumentado por De Coninck et al. (1974), converge para a origem iluvial dessa matéria
orgânica, corroborando um dos mecanismos acima relatados: precipitação da matéria orgânica
pela absorção seletiva da raiz e sua precipitação no entorno da mesma. No entanto, a ausência da
atividade faunística acima mencionada, pode definir o aspecto monomórfico da matéria orgânica
próxima a raiz, decomposta
in situ
nos horizontes espódicos, mas não explica a distribuição
relativa g/f
m
porfírica no entorno das mesmas, com os constituintes finos intimamente
entremeados aos grossos (Figuras 5.3bd).
A ausência de constituintes finos com descolorações, tal como observado naqueles mais
bem drenados (perfis P3 e P6), indicativos da despodzolização, sugerem que o hidromorfismo
condiciona a preservação dos horizontes espódicos e Espodossolos.
5.2.2.2.2 Micromorfologia e Interpretação dos Solos de Cananéia (Perfis P29 e P30)
A micromorfologia desses perfis apresenta mais semelhanças do que peculiaridades em
relação aos anteriores. A peculiaridade mais marcante é mostrada na Figura 5.4a, referente ao
perfil P29. Nela se observa que minerais pesados estão alinhados, formando estratificações
207
oriundas da dinâmica sedimentar marinha, fato evidenciado nas observações
macromorfológicas. Tais minerais estão distribuídos por toda a lâmina, ora mais adensados e
alinhados (Figura 5.4a), ora dispersos na fábrica predominantemente quitônica (Figura 5.4b).
Quando alinhados e empacotados atuam como uma barreira mecânica à iluviação do carbono
orgânico dissolvido, tal como pode ser evidenciado da Figura 5.4a, contribuindo para a
imobilização da matéria orgânica e formação do horizonte espódico. Sempre acima dos minerais
pesados, empacotados e alinhados, a fábrica é porfírica, com a matriz fina preenchendo
praticamente todo o espaço poroso. No plano da lâmina, essa matriz porfírica localizada acima
das estratificações tem espessura média de 1cm; abaixo, a fábrica é predominantemente quitônica
(Figura 5.4a), evidenciando que a barreira mecânica imposta pelos empacotamento de grãos
impede a passagem apenas de parte do carbono orgânico dissolvido; o que passa se deposita na
superfície do constituintes grossos numa fábrica característica de iluviação e precipitação de
matéria orgânica na formação de horizonte espódico (DE CONINCK, 1980; PHILLIPS;
FTIZPATRICK, 1999; BUURMAN et al., 2005; BUURMAN; JONGMANS; NIEROP, 2008).
Matéria orgânica monomórfica é única nesse horizonte.
O perfil P30, por outro lado, não apresenta estratificações e sua matéria orgânica mostra
remanescentes vegetais e matéria orgânica monomórfica. A micromorfologia característica do
seu horizonte Bhm é mostrada na Figura 5.4c. Nota-se pelo exame da mesma que tal horizonte
está se desmantelando. Isso é evidenciado pelo desmoronamento da fábrica original, originando
uma porosidade cavitária que se inicia e se funde basicamente por dois processos, que
possivelmente atuam concomitantemente:
(1)
penetração e decomposição radicular, favorecendo
o fluxo hídrico preferencial (Figura 5.4c); e
(2)
decomposição da matéria orgânica (Figura 5.4d),
evidenciado pelo dégradé de suas cores e densidade, com presença de microfissuras, separando os
constituintes orgânicos em unidades menores que outrora preenchiam totalmente o espaço
poroso. A porosidade cavitária policôncava e os constituintes finos orgânicos de variada cor e
densidade da Figura 5.4d, bem acomodados em relação ao material fino adjacente e a maioria
interconectados entre si, sugerem a decomposição da matéria orgânica e geração da porosidade, a
qual, por sua vez, favorece o fluxo hídrico preferencial, acelerando o processo. A penetração
radicular pode ser um dos mecanismos que desencadeia o desmantelamento dos horizontes
ortstein e espódicos nesses solos, os mais antigos aqui estudados, os quais se encontram bem
drenados na maior parte do ano.
208
Figura 5.4 – Fotomicrografias dos perfis 29 e 30 mostrando: (a) concentração
de minerais pesados no
horizonte Bhm2 do perfil 29, típicos da dinâmica sedimentar marinha. O alinhamento e
adensamento reduzem considerável e abruptamente a porosidade, levando à imobilização físico-
mecânica da matéria orgânica iluvial. Distribuição relativa g/f
m
porfírica acima dos pesados
alinhados e quitônica abaixo; (b) fábrica característica desse horizonte, com pesados dispersos
na matriz predominantemente quitônica; (c) remanescente de raiz no horizonte Bhm do perfil
P30 gerando uma porosidade cav
itária com a sua decomposição, a qual favorece o fluxo
preferencial de água e início do processo de desmantelamento do horizonte; (d) detalhe do
horizonte anterior evidenciando a porosidade cavitária policôncava e a matriz fina com variadas
cor e densidade, sugerindo decomposição da matéria orgânica (despodzolização incipiente)
e
geração da porosidade, outrora totalmente preenchida pela matéria orgânica iluviada
1000 µm
(c)
(d)
200 µm
(b)
1000 µm
1000 µm
(a)
209
5.2.2.2.3 Micromorfologia dos Solos da Ilha do Cardoso
5.2.2.2.3.1 Micromorfologia e Interpretação do Perfil C14
A morfologia da matéria orgânica deste perfil varia com a profundidade: resíduos de
plantas com diferentes graus de decomposição se localizam apenas nos horizontes superficiais A,
AE e no topo do exíguo horizonte espódico mais superficial (Bhs1). Matéria ornica amorfa, no
entanto, predominantemente monomórfica (DE CONINCK et al., 1974), é dominante nos
horizontes espódicos. Aquela polimórfica é única nos horizontes superficiais A e AE, tal como
pode ser evidenciado pela Figura 5.5a, onde resíduos de raízes estão intimamente associados ao
constituinte orgânico decomposto e escuro, formando agregados milimétricos (grânulos
fortemente desenvolvidos) e subarredondados, que vão se escasseando em profundidade, até
desaparecerem totalmente no horizonte E (Tabela 5.2). O contato desses agregados com a fábrica
circundante se por uma porosidade mais acentuada em todo seu entorno, sugerindo:
(1)
sua
estabilidade estrutural, condicionada pela matéria orgânica polimórfica;
(2)
fluxos hídricos
preferenciais no entorno dos agregados estáveis, responsáveis pela maior porosidade do seu
entorno.
A transição E-Bhs1 difere das demais (fotomicrografias não mostradas) pela presença de
constituintes grossos na fração silte no topo do horizonte Bhs1 (Figuras 5.5bcde), manifestando-
se por aproximadamente 1,5 cm a partir da transição, que se abruptamente, semelhante ao
observado no campo (Tabela 5.1). Possivelmente, sua presença está relacionada à mobilização
(conjunta?) de matéria orgânica e quartzo na fração silte, provindos do horizonte eluvial.
A distribuição relativa g/f
m
mônica no horizonte E, converte-se em gefúrica na transição
para o Bhs1 e posteriormente para porfírica (Figura 5.5b) em um curto espaço, menor que 0,5
mm. Onde constituintes finos nessa transição, também aqueles grossos na fração silte. À
medida que se aprofunda neste horizonte, até a profundidade de 1,5cm a partir da transição E-
Bhs1, a matriz grossa na fração silte se torna mais abundante, como pode se observar nas Figuras
5.5cde. Migração de carvão na fração silte, eluviando do horizonte superficial A e se depositando
no B espódico sotoposto, foi proposto por Buurman, Jongmans e Nierop (2008) como um
mecanismo de translocação dessas partículas em Espodossolos boreais.
210
1000 µm
(a)
1000 µm
(c)
1000 µm
(d)
1000 µm
(e)
1000 µm
(f)
1000 µm
(b)
Figura 5.5 Fotomicrog
rafias do perfil C14 mostrando: (a) horizonte AE com matéria orgânica polimórfica e
resíduos de raízes intimamente associados, formando grânulos subarredondados que vão se
escasseando em profundidade até desaparecerem no horizonte E sotoposto; (b) transição E-
Bhs1.
A transição se abruptamente, tal como observado no campo. Em menos de 1mm a matriz
mônica do horizonte E modifica-
se para gefúrica e porfírica, esta última típica do horizonte Bhs1
sotoposto ao E; (c) luz polarizada da fotomicrografia anterio
r com quartzo na fração silte disperso
na matriz fina; (d) o conteúdo da fração silte aumenta com a profundidade no horizonte Bhs1;
este de distribuição relativa g/f
m
porfírica e matéria orgânica exclusivamente monomórfica; (e)
luz polarizada da fotomicr
ografia anterior evidenciando a birrefringência promovida pelo quartzo
na fração silte; (f) resíduo de raízes na base do exíguo horizonte Bhs1 com matéria orgânica
monomórfica no seu entorno de distribuição relativa g/f
m
porfírica
211
1000 µm
(g)
1000 µm
(h)
1000 µm
(j)
1000 µm
(i)
Figura 5.5
(g) resíduo de raiz (estrutura articulada silicosa) e desenvolvimento de uma macroporosidade
cavitária na base do exíguo horizonte Bhs1 que se funde conduzindo ao desmantelamento da
matriz, originalmente porfírica, convertendo-
se em gefúrica e chitônica; (h) macroporosidade
cavitária do horizonte Bhs2 possivelmente oriunda da decomposição radicular. Revestimentos
monomórficos mais espessos aparecem predominantemente na base da porosidade, evidenciando
sua orige
m iluvial; (i) macroporosidade cavitária do horizonte Bhs3 com revestimento
monomórfico em toda a parede do poro e, semelhante ao horizonte sobreposto, de maior
espessura na sua base. O preenchimento parcial com matéria orgânica (cor e densidade
homogêneas
) da porosidade imediatamente acima daquela central desta figura, juntamente com a
maior espessura do revestimento na base do poro, evidenciam que o material orgânico é
monomórfico e foi iluviado dos horizontes sotopostos; (j) fábrica característica do hor
izonte
Bs2. Poucos constituintes finos distribuídos numa matriz de distribuição relativa g/f
m
quitônica-gefúrica, com finos revestimentos monomórficos de iluviação
212
Imediatamente abaixo da zona de concentração de silte um forte desenvolvimento de
raízes, acompanhada pela presença de constituintes finos predominantemente negros e de uma
fábrica com distribuição relativa g/f
m
porfírica ou gefúrica-quitônica, esta última de elevada
porosidade (Figuras 5.5fg). Possivelmente, a transição E-Bhs1 está relacionada a condições de
hidromorfismo freqüente devido à descontinuidade dos poros (Figura 5.5ab), dificultando o
desenvolvimento radicular que é estimulado na zona imediatamente abaixo da transição, mais
aerada. Os constituintes finos apresentam cor, forma e densidade homogêneos, sugerindo matéria
orgânica do tipo monomórfica (DE CONINCK et al., 1974), eluviada dos horizontes sotopostos e
imobilizada no contato com as raízes, tal como argumentado anteriormente. A maior porosidade
(Figura 5.5g) pode estar relacionada à decomposição de raízes e fluxos turbulentos abaixo zona
de grande acúmulo de água no perfil, aparentemente ocasionando o colapso da fábrica porfírica
pela remoção dos constituintes finos.
Os horizontes espódicos e cimentados sotopostos, Bhs2 e Bhs3, caracterizam-se pela
completa ausência de resíduos vegetais, desenvolvimento de uma distribuição relativa g/f
m
predominantemente chitônica, característica de matéria orgânica iluviada na formação dos
horizontes espódicos (DE CONINCK, 1980) e de uma freqüente porosidade cavitária. Os poros
de maior dimensão (macroporos) podem ou não estar revestidos com material fino orgânico
monomórfico de maior espessura em relação aos dos constituintes grossos, total (Figura 5.5i) ou
parcialmente preenchidos (Figura 5.5h), típicos de iluviação (BULLOCK et al., 1985). Por outro
lado, os horizontes Bs mostram menor proporção de constituintes finos em relação aos espódicos
sobrepostos, uma porosidade dominante (microporosidade) ora de empacotamento simples, ora
cavitária policôncava e uma distribuição relativa g/f
m
quitônica, com finos revestimentos
isotrópicos circundando total ou parcialmente o material grosso, localmente gefúrica, (Figura
5.5j), sugerindo iluviação de matéria orgânica, possivelmente complexada com Al (Tabela 5.3).
A micromorfologia desse perfil sugere que a e-iluviação de matéria orgânica é o principal
mecanismo de formação dos horizontes eluvial e espódicos. As raízes pouco participam de sua
gênese e parecem atuar predominantemente no topo do horizonte B, alguns milímetros abaixo da
transição E-Bhs1, devido às condições serem mais adequadas ao seu desenvolvimento. Sua
presença, no entanto, parece contribuir, direta ou indiretamente, ora para a concentração de
material fino, negro e orgânico na formação do horizonte espódico (Figura 5.5f), ora para seu
desmantelamento (Figura 5.5g), favorecendo o desenvolvimento de uma forte macroporosidade
213
cavitária devido à sua decomposição e, conseqüentemente, de um fluxo hídrico preferencial
responsável pela remoção do material orgânico.
A e-iluviação de matéria orgânica (complexada por metais) e de constituintes grossos na
fração silte parece ter sido ativa neste perfil, com o quartzo nessa fração depositando-se no
primeiro 1,5 cm da transição E-B espódico. Se há transporte de partículas nessa dimensão,
mesmo a curtas distâncias, é especulável que material orgânico particulado também possa migrar
nesses solos inertes em carga, fato já argumentado por Andriesse (1968/1969). É também
passível de especulação que a oscilação do lençol freático promova o perfeito acomodamento dos
constituintes grossos, mesmo se bem selecionados como a maioria dos solos aqui estudados,
reduzindo sensivelmente a porosidade em relação às camadas sobrepostas, favorecendo, com
isso, a imobilização mecânica da matéria orgânica eluviada, tal como observamos no perfil P29.
Esse acomodamento de constituintes grossos e redução da porosidade pode ser um dos fatores
condicionadores da cimentação dos horizontes ortstein pela íntima aproximação de seus
constituintes. Similaridades químicas e micromorfológicas entre horizontes brandos e cimentados
num mesmo perfil de Espodossolo foram relatadas por vários autores, tal como pode ser
verificado nos trabalhos de MacKeague e Wang (1980) e McHardy e Robertson (1983), embora
Bronick, Mokma e Boyd (2004) encontraram que quanto mais complexos de Al-húmus e Fe-
húmus acumulam nos horizontes Bhs e Bs, esses tendem a se tornar mais cimentados, formando
ortstein.
MacKeague e Wang (1980) argumentam que três condições devem ser satisfeitas para
ocorrer à cimentação: (a) o material cimentando deve estar associado à matriz grossa; (b) deve
ocorrer como uma fase contínua; e (c) deve ter considerável resistência. Brandon et al. (1977)
salientam que essa resistência pode ser favorecida tanto pelo maior suprimento de complexos
organo-metálicos aos revestimentos, espessando-os, como pelo completo preenchimento dos
vazios entre grãos. A micromorfologia aqui observada mostra que os horizontes espódicos
brandos sobrepostos aos cimentados (Figuras 5.2ab; 5.5de) podem ter distribuição relativa g/f
m
porfírica, com a porosidade totalmente preenchida pelo material orgânico, ou mesmo uma fábrica
muito similar ao cimentado, predominantemente quitônica, tal como observado no perfil P10
(Figuras 5.3hi), diferindo pela presença de resíduos radiculares no horizonte espódico brando
sobreposto (Figura 5.3f).
214
Possivelmente, as condições favoráveis ao desenvolvimento da cimentação nos horizontes
espódicos das áreas de restinga paulista estão relacionadas à presença de raízes, às condições de
umedecimento e secagem condicionadas pelo lençol freático, que por sua vez interfere no
acomodamento, empacotamento e porosidade dos constituintes grossos, favorecendo o íntimo
contato entre as partículas do solo, cujos constituintes finos, predominantemente complexos Al-
húmus (Tabela 5.3), funcionam como agentes cimentantes. O tempo pode ser um fator chave na
cimentação e formação dos horizontes ortstein pelo fato de possibilitar a manifestação das
condições adequadas à sua formação, incluindo às modificações estruturais na matéria orgânica,
quiçá necessárias ao seu efeito cimentante.
5.2.2.2.3.2 Micromorfologia e Interpretação dos Perfis H13 e J14
O hidromorfismo e, sobretudo, a presença de horizontes orgânicos influenciam
sobremaneira os horizontes espódicos sotopostos: quanto mais espessos e sujeitos ao
hidromorfismo permanente, maior é a participação de raízes na sua formação. Os principais tipos
morfológicos da matéria orgânica nos horizontes minerais desses perfis são:
a) resíduos de raízes em diferentes estádios de decomposição, com reconhecíveis
estruturas celulares;
b) matéria orgânica amorfa, sem visíveis estruturas de plantas ou fungos, a qual pode ser
de três tipos: (i) estrutura polimórfica do tipo agregados, formada de pelotas fecais transformadas
com limites claros entre as unidades; (ii) estruturas polimórfica e monomórfica na forma de
revestimentos; (iii) estrutura polimórfica do tipo acumulações, oriundas das transformações
microbiológicas e coalescência das pelotas fecais, sem limites distintos entre as unidades.
O horizonte E do perfil H13 ainda apresenta considerável proporção de material orgânico,
indicando que não foi totalmente formado. Resíduos de raízes, matéria orgânica polimórfica
resultado da decomposição das mesmas, além de finos revestimentos monomórficos e
polimórficos podem ser observados neste horizonte (Figura 5.6a). Sua distribuição relativa g/f
m
é do tipo quitônica e localmente gefúrica, enáulica ou mônica.
215
Figura 5.6 – Fotomicrografias dos perfil H13 e J14 mostrando: (a) resíduos de raízes e matéria orgânica
predominantemente polimórfica no horizonte E do perfil H13. No entanto, finos revestimentos de
cor e densidades homogêneas envolvem total ou parcialmente a maioria dos grãos, sugerindo
matéria orgânica monomórfica iluvial; (b) resíduo de raíz e material orgânico já bem decomposto
no horizonte Bhsj1, perfil H13; (c) pelotas fecais na forma de agregados (DE CONINCK et al.,
1974) no interior de uma raiz em diferentes estádios de decomposição (Bhsj2, perfil H13); (d)
pelotas fecais transformadas e coalescidas pela atividade microbiológica (BULLOCK et al., 1985)
do mesmo horizonte anterior, originando uma morfologia denominada de acumulação (DE
CONINCK et al., 1974). Notar finos revestimentos predominantemente uniformes em cor e
densidade nos constituintes grossos, típicos de iluviação; (e) remanescentes radiculares na base do
horizonte Bhsj2 (perfil H13) intimamente associados à matéria orgânica polimórfica de diferentes
cores e densidades e paralelos à superfície do terreno, indicando decomposição radicular; (f) idem
anterior, mais próximo à base do horizonte supracitado
(a)
1000 µm
(b)
200 µm
1000 µm
(c)
1000 µm
(d)
1000 µm
(e)
1000 µm
(f)
216
(h)
Figura 5.6 Fotomicrografias dos perfil H13 e J14 mostrando: (g) faixa do horizonte Bhsj2, perf
il H13,
visualmente identificada na lâmina pela coloração escura; porção média do horizonte com
predominância de revestimentos de diferentes cores, espessuras e densidades, possivelmente
polimórficos; distribuição relativa g/f
m
quitônica-gefúrica-enáulica
; (h) detalhes da matriz do
horizonte anterior. Notar revestimentos de diferentes cores, espessuras e densidades,
possivelmente polimórficos; (i) parte superior do horizonte Bhsj2 do perfil H13. Notar baixo
conteúdo de finos, presença de grossos desprovid
os de revestimentos e insertos numa matriz
mônica-
gefúrica; (j) e (k) resíduos vegetais que são abundantes nos horizontes Bhsj1 (J) e Bhsj2
(k). As diferentes estruturas celulares indicam espécies diferenciadas; (l) resíduos vegetais
intimamente associados
a constituintes finos, negros e orgânicos em avançado estádio de
decomposição (horizonte Bhsj2; perfil J14)
1000 µm
(j)
(i)
200 µm
(l)
1000 µm
(k)
1000 µm
(g)
1000 µm
200 µm
(h)
217
Figura 5.6 (m) fragmentos de raízes em diferentes estádios de decomposição na parte inferior do horizonte
Bhsj1, perfil J14; os menos decompostos ainda mostram células vegetais intimamente associadas
à matéria orgânica amorfa; os mais decompostos têm quartzo no seu interior e ausência de
células vegetais; (n) parte supe
rior do horizonte anterior de menor atividade radicular em relação
a porção inferior do mesmo e ao horizonte mais profundo Bhsj2. Notar revestimentos mais
uniformes em cor, densidade e espessura em relação aos da Figura 5.5g. Possivelmente de
origem iluvial; distribuição relativa g/f
m
quitônica-
gefúrica; (o) detalhe dos revestimentos e
fábrica da porção superior do horizonte Bhsj1, perfil J14; (p) horizonte Bhj1 do perfil H13. Notar
diferença de porosidade entre a parte superior e inferior da fotomicrografia. Tal diferença pode
ser um fator favorável à segregação e precipitação da matéria orgânica e formação dos horizontes
espódicos
1000 µm
(n)
1000 µm
(p)
(m)
1000 µm
(o)
200 µm
218
Resíduos de plantas em diferentes estádios de decomposição predominam nos horizontes
espódicos, aumentando em profundidade de tal forma que ocupam mais de 50% da fábrica dos
horizontes mais profundos de ambos os perfis. As Figuras 5.6bcdef mostram os tipos de matéria
orgânica e a fábrica característicos dos horizontes espódicos do perfil H13. A presença de pelotas
fecais na forma de agregados (Figura 5.6c) e acumulações (Figura 5.6d) são resultados da
decomposição de raízes pela mesofauna no caso dos agregados (DE CONINCK et al., 1974;
PHILLIPS; FITZPATRIK, 1999), com atuação microbiológica originando as acumulações
(BUURMAN et al., 2005), ambas estimuladas pela abundância de resíduos ornicos nos
horizontes hísticos e espódicos. Sua profundidade de ocorrência (70cm) indica que o horizonte
espódico mais profundo, Bhsj2, encontra-se bem drenado por algum período durante o ano.
Observando-se a olho nu a lâmina deste horizonte, sua base é formada por faixas horizontais
aproximadamente paralelas e de diferentes tonalidades: as mais escuras se intercalam com as
mais claras, ambas com espessuras que variam de 0,8 a 2,5cm. Dentre as escuras, as de menor
croma se localiza próxima à base do horizonte e está relacionada ao desenvolvimento e
decomposição de raízes que cresceram aproximadamente paralelas à superfície do terreno, tal
como pode ser observado nas Figuras 5.6ef, onde estruturas celulares de plantas ainda estão
visíveis e insertas numa matriz de tonalidades bruno-avermelhada-escura, bruno-escura e negra,
de diferentes densidades, evidenciando decomposição de matéria orgânica
in situ
. Segundo
Bullock et al. (1985), o material orgânico polimórfico freqüentemente contém resíduos de parede
celular, em geral altamente transformados e cobertos com uma espessa crosta de substâncias
orgânicas, tal como evidenciado nas referidas figuras. Por outro lado, as faixas escuras mais
distantes da base do horizonte Bhsj2 se caracterizam pela presença exclusiva de constituintes
amorfos orgânicos, formando uma fábrica com distribuição relativa g/f
m
complexa, do tipo
quitônica-gefúrica-enáulica (Figuras 5.6gh)
Os enunciados acima evidenciam que o principal mecanismo de formação dos horizontes
espódicos e Espodossolos sujeitos ao hidromorfismo freqüente e com horizontes hísticos em
superfície é decomposição de raízes
in situ
. No entanto, revestimentos estão presentes nos
constituintes grossos (Figuras 5.6de). São polimórficos segundo a definição de De Coninck et al.
(1974). As Figuras 5.6gh mostram detalhes dos revestimentos característicos dos horizontes
espódicos, com diferentes cores, densidades e espessuras. Possivelmente estão relacionados a
219
remanescentes de raízes totalmente decompostas que aderiram aos constituintes grossos por meio
de forças eletrostáticas e/ou a solubilização dessas raízes e sua mobilização na fase líquida a
curtas distâncias, precipitando na superfície da matriz grossa. A relação dos revestimentos ditos
polimórficos às raízes é corroborada pela ausência dos mesmos na parte superior do horizonte
Bhsj2 (faixa clara), onde pouca ou nula presença de raízes e de seus produtos de
decomposição (Figura 5.6i; distribuição relativa g/f
m
mônica-gefúrica).
O perfil J14 não apresenta matéria orgânica proveniente da ação da mesofauna (agregados
e acumulações), possivelmente devido ao hidromorfismo acentuado durante a maior parte do ano.
Os remanescentes vegetais são muito dominantes (>70%) no plano da lâmina do horizonte mais
profundo (Bhsj2), com estruturas celulares bem preservadas (Figuras 5.6jk) e matéria orgânica
amorfa e escura intimamente associada a células vegetais (Figura 5.6lm), denotando seu estádio
avançado de decomposição. Uma fábrica exclusivamente quitônica-gefúrica pode ser observada
no topo do horizonte Bhsj1, formando revestimentos mais uniformes em cor, densidade e
espessura em relação aos descritos no perfil H13 (Figuras 5.6no). Possivelmente são
monomórficos em sua maioria, oriundos da translocação da matéria orgânica dissolvida e
precipitada na superfície da matriz grossa (DE CONINCK, 1980). No entanto, a grande
participação de raízes em diferentes estádios de decomposição, sobretudo no horizonte espódico
mais profundo, torna evidente que a sua decomposição
in situ
é o principal mecanismo
responsável pela formação desses horizontes que se encontram submersos a maior parte do ano e
estão sotopostos a horizontes hísticos. Revestimentos monomórficos estão ausentes no horizonte
Bhsj2 do perfil J14.
5.2.2.3 Química, Granulometria e Considerações sobre a Gênese dos Horizontes Espódicos e
Espodossolos Estudados
A Tabela 5.3 mostra a granulometria e os atributos químicos de interesse dos solos
estudados. Pelo exame da mesma são evidentes algumas características e propriedades típicas dos
ambientes de restinga, muitas delas descritas e observadas por outros autores (GOMES et al.,
1998; ROSSI, 1999; GOMES, 2005; MOREIRA, 2007): textura essencialmente arenosa, baixos
valores de Soma (SB) e Saturação por Bases (V), dominância de solos extremamente a
fortemente ácidos, capacidade de troca de cátions (T) altamente dependente da matéria orgânica
220
e saturada com Al trocável, sobretudo nos horizontes espódicos. Esses atributos refletem a
influência tanto do material de origem como do processo pedogenético predominante nesses
ambientes: a podzolização. Enquanto o primeiro, originalmente quartzoso e com baixos
conteúdos de minerais facilmente intemperizáveis, imprime a pobreza em nutrientes e a textura
arenosa aos solos, praticamente destituídos de argila e predominância da fração areia fina e muito
fina bem selecionada (VILLWOCK, 2005), os atributos mais marcantes relativos à podzolização
são o expressivo acúmulo de carbono orgânico e Al em profundidade, típicos dos Espodossolos.
No entanto, algumas peculiaridades são facilmente observadas entre solos e ambientes estudados,
predominantemente condicionadas pelo material de origem e condições de drenagem a que estão
e foram submetidos.
Os horizontes espódicos da Ilha do Cardoso são os de mais baixos valores de pH (perfis
H13 e J14) devido à influência do material de origem subjacente aos depósitos arenosos, ricos em
enxofre oxidado (GOMES, 2005). No entanto, esses baixos valores, inferiores a 3,5 na maioria
dos horizontes espódicos dos perfis H13 e J14, não limitaram o desenvolvimento radicular,
atuação da mesofauna (Figura 5.6c) e atividade biológica (Figura 5.6d) na sua formação, tal como
evidenciado nas observações micromorfológicas. Possivelmente, espécies e organismos
especializados e adaptados a esses ambientes sujeitos ao hidromorfismo freqüente podem ter
contribuído para a gênese dos horizontes espódicos e Espodossolos da Ilha do Cardoso,
estimulados pelos elevados teores de carbono e soma de bases dos horizontes hísticos (Tabela
5.3), os maiores aqui observados. Embora menos expressos, esses últimos atributos (Tabela 5.3)
também devem ter concorrido para o desenvolvimento radicular e formação do horizonte ortstein
do perfil P9 (Figuras 5.3bc). Pelo exame da morfologia das células dos resíduos vegetais ainda
preservados entre os perfis P9 (Figuras 5.3bc) e H13 (Figuras 5.6jk), pode-se sugerir a
participação de diferentes espécies vegetais, específicas para cada ambiente e condições edáficas,
atuando de maneira distinta na formação dos horizontes espódicos.
Das observações micromorfológicas acima relatadas se pode especular que, no perfil P9,
as raízes contribuem de maneira indireta à podzolização, funcionando como uma bomba e filtro
de água, carreando consigo carbono orgânico dissolvido e/ou particulado. A absorção seletiva das
raízes faz com que a água e nutrientes sejam absorvidos e o material orgânico segregue na
superfície das mesmas, precipitando ao seu redor na forma de uma massa negra uniforme e
orgânica após desidratação (DE CONINCK, 1980), a qual é estimulada pela própria absorção
221
radicular, tal como sugere as Figuras 5.3bcde. Por outro lado, a presença de fragmentos de
tecidos vegetais intimamente relacionados ao material orgânico amorfo (Figuras 5.6ef), este de
diferentes cores e densidades, indicam a atuação direta das raízes por meio de sua decomposição
(BUURMAN et al., 2005), fornecendo matéria orgânica ao desenvolvimento dos horizontes
espódicos. No entanto, a presença comum de revestimentos monomórficos nos horizontes
espódicos dos perfis (Perfis P9, H13 e J14), inclusive naqueles de intensa atividade biológica
proveniente de raízes (Figuras 5.3a; 5.6o), evidenciam que a iluviação da matéria orgânica é o
principal mecanismo de formação da maioria dos Espodossolos (DE CONINCK et al., 1974; DE
CONINCK, 1980; PHILLIPS; FITZPATRICK, 1999; BUURMAN et al., 2005; BUURMAN;
JONGMANS; NIEROP, 2008) e horizontes espódicos aqui estudados, originando-os às expensas
dos horizontes eluviais e decomposição da serapilheira.
Alguns mecanismos de (i)-mobilização de matéria orgânica podem ser aqui especulados
em função dos dados químicos (Tabela 5.3), de observações de campo e dos inúmeros trabalhos
desenvolvidos sobre gênese de Espodossolos boreais. A formação e o transporte de complexos de
ácidos orgânicos não saturados com Al em solução (complexos Al-húmus; LUMDSTRÖM; van
BREEMEN; BAIN; 2000) parece ser o principal mecanismo de mobilização de matéria orgânica,
tendo-se em vista os elevados conteúdos extraídos do elemento nos solos estudados com os
diferentes procedimentos seletivos, sobretudo dos horizontes espódicos (Tabela 5.3). A relação
Al
o
/Al
p
com valores médios próximos a 1,0 (média de 1,0; valores mínimo e máximo de 0,3 e
1,9, respectivamente; Tabela 5.3) indicam que complexos Al-húmus são dominantes, embora
formas inorgânicas do elemento estejam presentes, sobretudo nos horizontes Bs e Bsm. Isso é
evidenciado pela referida relação superior a uma unidade nesses horizontes, os quais são
caracterizados pelos maiores valores de pH do perfil, próximos a 5, além do baixo conteúdo de
carbono orgânico, os quais favorecem a interação alumínio-compostos inorgânicos e sua
precipitação na forma de minerais de baixa cristalinidade, fato já constatado nos capítulos 3 e 4
deste trabalho. Se foram formados
in situ
(BUURMAN; van REEUWIJK, 1984) ou
transportados na forma de substância coloidais inorgânicas (FARMER; RUSSEL; BERROW,
1980; FARMER, 1982) não foi possível de se avaliar no presente trabalho. No entanto, algumas
especulações podem ser auferidas sobre a cronologia envolvida na formação dos horizontes
espódicos, com ênfase aqueles aqui identificados como Bs. Observando-se as paisagens atuais
sob domínio das restingas, dois aspectos relevantes convergem para a especulação de que tais
222
horizontes são os mais jovens dos perfis onde ocorrem: (1) o lençol freático elevado é uma
constante na maioria dos ambientes de restinga onde predominam os Espodossolos, sendo esses
possivelmente formados e dependentes das condições de hidromorfismo temporário, fato já
relatado por van Breemen e Buurman (2002) ao se referirem à gênese dos Espodossolos tropicais;
e (2) somente os perfis melhor drenados aqui estudados mostraram horizontes do tipo Bs. Assim,
supõe-se que sua formação suceda aquela dos espódicos mais escuros e sotopostos, dominados
por complexos Al-húmus, após abaixamento definitivo do lençol freático. Este condiciona as
condições oxi-redutoras e o exíguo suprimento de ferro que precipita na zona de vadosa então
oscilante nos horizontes C, de mais elevados valores de pH, favorecendo a precipitação do Fe
(WU; CHEN; 2005) como oxidróxidos de baixa cristalinidade. A elevada relação Fe
p
/Fe
d
nos
solos estudados, próximo a uma unidade (Tabela 5.3), pode estar relacionada à peptização do
elemento pelo pirofosfato de sódio, superestimando a quantidade de ferro aqui determinado e
associado à matéria orgânica (Fe
p
), tal como relatado por Higashi, De Coninck e Gelaude (1981),
Jeanroy e Guillet (1981) e Parfitt e Childs (1988). Os maiores conteúdos do elemento são
observados nos solos da Ilha do Cardoso, seja no horizonte mais profundo Cgj do perfil H13, seja
nos horizontes hísticos mais superficiais, indicando que tanto a reciclagem como o lençol freático
podem fornecer o ferro ao sistema. A Tabela 5.3 mostra que os teores de Fe
o
são sempre
inferiores ao de Fe
d
e, em alguns casos, os valores são próximos (exemplo, horizontes Bs do
perfil C14), sugerindo que formas amorfas do elemento predominam (FARMER; RUSSEL;
SMITH, 1983), as quais podem contribuir para o extrato pirofosfato (PARFITT; CHILDS, 1988)
e imobilizar a matéria orgânica iluviada (JARDINE; WEBER; McCARTHY, 1989).
Diferentes mecanismos têm sido propostos para a imobilização do Al e Fe iluviados e
complexados à matéria orgânica dos solos (LUMDSTRÖM; van BREEMEN; BAIN, 2000). Dos
resultados aqui encontrados, quatro podem ter sido os responsáveis pela imobilização dos
complexos orgânicos de Al nos solos estudados, dos quais dois ou mais podem ter atuado isolada
ou conjuntamente num mesmo perfil:
(1)
efeito da filtragem físico-mecânica nos poros do solo
devido às mudanças abruptas no tamanho dos mesmos imposta pelo acamamento compacto e
natural dos sedimentos, tal como relatado por Wiechmann (1975) apud Sauer et al. (2007). A
observação Figura 5.4a torna evidente esse efeito da imobilização da matéria orgânica pela
redução do espaço poroso, o qual é oriundo da deposição seletiva e orientação de minerais
pesados de menor dimensão em relação aos dominantes (quartzo), promovendo uma redução
223
abrupta e significativa da porosidade. Embora menos expressivos, as diferença de porosidade nos
sedimentos (Figura 5.6p) pode também atuar na precipitação da matéria orgânica iluviada devido
à redução da permeabilidade, tal como relatado por De Coninck (1980) e Buurman e van
Reeuwijk (1984), bem como favorecer a cimentação dos horizontes espódicos pela íntima
associação e continuidade entre as fases envolvidas (McKEAGUE; WANG; 1980);
(2)
efeito do
aumento do pH com a profundidade, diferente daquele em que os complexos organo-metálicos
foram mobilizados (DE CONINCK, 1980; GUSTAFSSON et al., 1995), conduzindo à
precipitação da matéria orgânica iluviada devido ao seu ponto isoelétrico ter sido alcançado
(MATTSON; LÖNNERMARK, 1939 apud LUMDSTRÖM, van BREEMEN; BAIN, 2000).
Quando presentes nos perfis, valores de pH próximos ou acima de 5 são comuns nos horizontes C
sotopostos aos espódicos para a maioria dos solos estudados no capítulo 2 deste trabalho;
(3)
efeito filtrante e seletivo das raízes, precipitando a matéria orgânica iluviada no seu entorno após
absorção seletiva da água e nutrientes, condutora dos complexos organo-metálicos solúveis, tal
como argumentado anteriormente; e
(4)
efeito da incorporação adicional de cátions durante a
iluviação de complexos organo-metálicos no perfil (MAcKEAGUE; ROSS; GAMBLE, 1978
apud SAUER et al., 2007; DE CONINCK, 1980). Com isso, a relação metal/carbono aumenta à
medida que os complexos migram no perfil, o que leva à precipitação pela formação de
agregados maiores originados da neutralização das cargas e polimerização da matéria orgânica
iluviada (DE CONINCK, 1980). O aumento da relação metal/carbono em profundidade (Tabela
5.3) parece indicar que tal mecanismo é ativo em todos os perfis estudados. Os maiores valores
da relação são observados nos horizontes Bs e Bsm, parcial e possivelmente devido a ação do
pirofosfato sobre formas inorgânicas de alumínio, tal como argumentado no capítulo 4 deste
trabalho e evidenciado por Kaiser e Zech (1996). De fato, Higashi, De Coninck e Gelaude (1981)
afirmaram que parece impossível que a matéria orgânica do solo possa unir a íons metálicos
numa relação metal/carbono superior a 0,12. A relação de metais extraídos pelo pirofosfato em
relação ao carbono orgânico (Al
p
+Fe
p
/C) excedeu o valor de 0,12 em todas as amostras de
horizontes espódicos Bs e Bsm aqui estudados (Tabela 5.3). O conteúdo total de carbono
orgânico nessas amostras não é suficiente para complexar Fe e Al extraídos pelo pirofosfato. Isso
sugere que esse extrator remove formas minerais de Al e/ou Fe. Interpretação similar pode ser
observada nos trabalhos de Childs, Parfitt e Lee (1983) e Lee, Yuan e Carlisle (1988). Os autores
evidenciaram que os metais presentes em amostras de horizontes espódicos, sobretudo Al,
224
excedia a capacidade da matéria orgânica em complexar o cátion. Assim, outras formas do
elemento, que não exclusivamente aquela associada à matéria orgânica, estavam presentes
naqueles horizontes, tal como encontramos aqui nos horizontes Bs e Bsm, que comprovadamente
apresentaram formas inorgânicas de Al.
225
Tabela 5.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continua)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Alo/
Al
p
5
Me/
C
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P3 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura arenosa, bem drenado
A1
0-6
24 846 90 40 36,52 4,2 2,8 0,4 12,9 22 12 0,22 0,13 0,00 0,00 0,00 0,3 0,0
0,002
A2
6-13
48 908 24 20 13,33 4,4 1,0 0,8 4,1 25 42 0,12 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
EA
13-25
28 942 10 20 2,12 4,6 1,0 0,0 1,7 57 14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E1
25-71
16 956 8 20 0,61 5,7 1,0 0,0 1,1 98 1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E2
106-180
92 882 6 20 0,30 5,5 1,0 0,0 1,0 100 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
EB
94-113
74 900 6 20 1,21 5,3 1,0 0,0 1,8 56 9 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
BE1
71-82
56 726 138 80 8,78 5,2 1,3 1,0 6,8 20 42 0,00 0,00 0,00 0,47 0,47 0,0 1,0
0,053
BE2
73-91
80 718 142 60 18,17 4,6 1,1 2,3 13,0 8 69 0,00 0,00 0,00 1,49 1,46 0,0 1,0
0,080
Bh1
82-119
98 840 42 20 19,69 4,3 1,0 2,5 13,4 8 71 0,00 0,00 0,00 1,45 1,49 0,0 1,0
0,075
Bh2
107-125
84 870 26 20 11,51 4,5 1,0 1,7 9,2 11 63 0,00 0,00 0,00 0,89 0,86 0,0 1,0
0,074
Bh3
135-170
... ... ... ... 11,81 4,5 1,0 1,9 8,6 12 65 0,00 0,00 0,00 0,73 0,81 0,0 0,9
0,069
Bhm1
89-125
98 806 76 20 36,52 4,2 1,0 4,0 24,2 4 80 0,00 0,00 0,00 3,11 3,27 0,0 0,9
0,090
Bhm2
120-142
92 778 70 60 22,72 4,7 0,9 1,9 16,7 5 68 0,00 0,00 0,00 4,44 4,83 0,0 0,9
0,213
Bs1
107-125
108 864 8 20 5,45 4,8 1,0 0,7 5,7 17 41 0,00 0,00 0,00 0,87 0,86 0,0 1,0
0,157
Bs2
125-180
86 876 18 20 4,24 5,2 0,8 0,4 5,5 15 31 0,16 0,12 0,10 3,21 1,91 0,6 1,7
0,473
Bsm1
122-144
92 816 72 20 19,99 4,6 1,0 2,4 14,9 7 70 0,09 0,00 0,00 2,64 2,87 0,5 0,9
0,146
Bsm2
153-180
72 868 40 20
8,18 5,2 1,0 0,4 8,2 12 30 0,09 0,00 0,00 6,17 3,20 0,0 1,9
0,391
Bsm3
132-170
106 834 40 20 11,02 4,6 1,2 0,8 11,5 10 40 0,00 0,00 0,00 4,05 2,82 0,0 1,4
0,256
Bsm4
157-180
78 860 42 20
15,75 4,8 0,9 1,4 12,3 8 61 0,19 0,19 0,14 4,45 3,20 0,7 1,4
0,212
Plácico
..
... ... ... ... 35,89 4,1 1,0 4,0 25,8 4 81 0,24 0,19 0,19 3,83 3,99 0,8 1,0
0,116
225
226
Tabela 5.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
Me/
C
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
BERTIOGA - Perfil P6 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura arenosa, acentuadamente/imperfeitamente drenado
A
0-15
54 894 32 20 5,35 4,6 0,4 0,0 2,3 16 25 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
AE
15-41
50 924 6 20 1,89 4,2 0,4 0,0 1,4 30 14 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
EA
41-71
46 926 8 20 1,26 4,6 0,3 0,0 0,4 72 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E
71-153
26 950 4 20 1,30 5,5 0,3 0,0 0,4 72 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
Bhg
153-156
8 808 104 80 7,56 4,5 0,7 0,7 5,4 13 49 0,00 0,00 0,00 0,29 0,32 0,0 0,9
0,042
Bh1
156-165
10 800 110 80 39,04 3,8 1,6 4,2 24,5 6 72 0,00 0,00 0,00 1,79 1,83 0,0 1,0
0,047
Bhm1
156-205
16 848 96 40 51,00 3,8 0,5 5,0 31,7 2 91 0,00 0,00 0,00 2,38 2,43 0,0 1,0
0,048
Bhm2
158-205
30 874 76 20 38,41 3,9 0,5 3,7 22,8 2 88 0.00 0,00 0,00 2,75 3,03 0,0 0,9
0,079
Bh2
165-205
46 900 34 20 15,74 4,2 0,4 1,8 12,7 3 83 0,00 0,00 0,00 1,75 1,87 0,0 0,9
0,119
BERTIOGA - Perfil P9 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura arenosa, muito mal drenado
O 0-7 ... ... ... ... 79,96 3,6 8,6 6,4 98,0 9 42 1,14 0,84 0,84 1,15 1,28 0,7 0,9
0,027
A 7-12 ... ... ... ... 17,00 3,7 2,6 4,2 58,0 5 62 0,17 0,15 0,15 0,34 0,42 0,9 0,8
0,034
AE 12-17 12 842 126 20 29,59 3,9 0,4 1,3 10,4 4 74 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0 0,000
E 17-32 2 976 12 10 4,41 4,7 0,6 0,0 1,0 59 28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0 0,000
BE 27-40 2 958 30 10 7,56 4,6 0,2 1,3 4,3 4 87 0,00 0,00 0,00 0,29 0,29 0,0 1,0
0,038
Bh1 37-53 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Bhm 46-89 4 920 56 20 27,70 3,8 0,8 4,5 19,3 4 85 0,11 0,00 0,00 1,91 2,18 0,0 0,9
0,079
Bh2 89-106 16 924 50 10 10,70 4,1 0,1 2,6 11,1 1 95 0,00 0,00 0,00 1,26 1,26 0,0 1,0
0,118
Bh3 106-130 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
BERTIOGA - Perfil P10 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado, textura arenosa, mal drenado
A 0-7 40 684 216 60 67,37 3,9 1,9 2,6 17,9 11 57 0,50 0,36 0,25 0,32 0,20 0,5 1,6
0,007
AE 7-11 34 894 52 20 20,46 4,1 0,7 2,4 9,6 7 77 0,08 0,00 0,00 0,26 0,00 0,0 0,0
0,000
EA 11-30 8 958 24 10 8,81 4,2 0,3 0,7 3,4 8 70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E 18-48 6 980 4 10 1,26 4,9 0,4 1,4 0,6 62 79 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,103
EB 35-74 12 970 8 10 1,57 4,7 0,6 1,6 1,7 33 74 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
BE 60-83 10 978 2 10 4,09 4,5 0,1 0,8 3,1 5 84 0,14 0,00 0,00 0,26 0,13 0,0 2,0
0,032
Bh1 83-103 28 920 42 10 15,11 3,9 0,2 4,3 12,2 1 97 0,00 0,00 0,00 0,21 0,66 0,0 0,3
0,044
Bh2 90-117 28 934 28 10 19,52 4,1 0,1 4,5 17,4 0 99 0,12 0,00 0,00 0,78 1,23 0,0 0,6
0,063
Bhm 117-150 22 930 28 20 18,57 4,1 0,1 4,7 12,0 0 99 0,00 0,00 0,00 0,84 1,38 0,0 0,6
0,074
226
227
Tabela 5.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(continuação)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
Me/
C
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
CANANÉIA - Perfil P29 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
A
0-14
24 734 202 40 64,52 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E
14-60
6 962 22 10 2,16 4,9 0,6 0,0 0,9 63 6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
Bh
47-70
8 854 98 40 36,12 3,8 1,4 3,4 21,4 7 71 0,00 0,00 0,00 1,06 1,30 0,0 0,8
0,036
Bhm1
60-87
10 860 90 40 50,94 3,7 0,8 5,0 28,7 3 87 0,00 0,00 0,00 1,87 1,98 0,0 0,9
0,039
Bhm2
87-104
16 908 56 20 18,52 4,4 0,2 ... 12,8 1 ... 0,00 0,00 0,00 2,17 2,30 0,0 0,9
0,124
Bs
104-115
40 920 20 20 9,11 4,6 0,1 ... 8,1 2 ... 0,00 0,00 0,00 1,88 1,98 0,0 0,9
0,217
CANANÉIA - Perfil P30 – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente drenado
O
10-0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 1,49 0,71 0,33 0,89 0,98 0,2 0,9
...
A
0-10
26 798 156 20 33,50 4,1 0,5 0,5 6,3 8 51 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
E
10-18
2 962 26 10 2,78 4,9 0,4 0,0 0,9 39 8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0
0,000
Bhg
18-40
4 770 146 80 33,03 3,7 0,3 2,9 17,0 2 90 0,08 0,00 0,00 0,82 0,75 0,0 1,1
0,023
Bh
33-44
16 780 124 80 46,93 3,7 0,6 4,7 26,0 2 89 0,00 0,00 0,00 1,89 2,01 0,0 0,9
0,043
Bhm
40-76
4 870 86 40 42,30 4,1 0,5 1,4 27,1 2 72 0,00 0,00 0,00 3,95 4,62 0,0 0,9
0,109
ILHA DO CARDOSO – Perfil C14 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico típico, A moderado, textura arenosa, moderadamente drenado
A
0-15
10 950 0 40 35,8 4,3 2,3 8,5 18,5 12 79 0,15 0,00 0,08 0,19 0,17 0,5 1,1
0,007
AE
15-20
0 980 0 20 2,21 4,3 0,3 2,2 4,6 7 87 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,6 2,9
0,022
E
20-50
0 980 10 10 0,32 5,0 0,5 0,6 1,7 29 55 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0 2,3
0,069
Bhs1
50-58
0 920 0 80 37,38 4,0 0,7 19,6 35,7 2 97 0,06 0,00 0,08 1,48 1,92 1,3 0,8
0,053
Bhs2
58-75
0 910 0 90 64,21 4,0 1,1 33,4 61,9 2 97 0,15 0,00 0,00 4,38 5,04 0,3 0,9
0,079
Bhs3
75-100
0 920 10 70 17,49 4,8 0,9 10,1 19,7 4 92 0,86 0,53 0,52 5,60 4,96 0,6 1,1
0,313
Bs1
100-120
0 910 30 60 9,78 4,8 1,2 5,0 10,5 12 80 0,66 0,56 0,64 4,58 3,54 1,0 1,3
0,427
Bs2
120-160
0 930 20 50 6,72 5,0 0,7 4,4 8,7 8 87 0,62 0,47 0,51 3,06 2,18 0,8 1,4
0,400
Bs3
160-180
0 940 10 50 4,27 4,6 1,2 3,6 8,0 15 75 0,38 0,37 0,48 2,17 1,68 1,3 1,3
0,507
Bs4
180-210
10 890 60 40 3,60 4,0 0,2 0,8 1,7 12 80 0,29 0,15 0,24 2,15 1,20 0,8 1,8
0,401
C
210-125
30 870 40 60 1,62 4,2 0,2 0,7 2,2 10 77 0,22 0,07 0,14 1,24 0,67 0,6 1,8
0,501
227
228
Tabela 5.3 – Dados químicos e granulométricos dos perfis estudados
(conclusão)
Hor.
1
Prof.
2
Granulometria
3
C pH SB Al
3+
T V m Fe
d
Fe
o
Fe
p
Al
o
Al
p
Fe
p
/
Fe
d
4
Al
o
/
Al
p
5
Me/
C
6
AG AF Silte Arg
cm -------------------g kg
-1
------------------ ---cmol
c
kg
-1
--- ----%---- ---------------g kg
-1
---------------
ILHA DO CARDOSO – Perfil H13 – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico hístico, textura arenosa, mal drenado
Ho
0-10
... ... ... 319,20 3,8 12 62,9 134,0 9 84 0,94 0,52 0,46 0,77 1,14 0,5 0,7
0,005
Hd
10-20
... ... ... 241,40 4,0 3,0 52,6 105,3 3 95 0,21 0,10 0,16 0,43 0,68 0,7 0,6
0,003
E
20-38
10 960 0 30 4,68 4,2 0,7 9,0 17,7 4 93 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,2 0,0
0,009
Bhsj1
38-55
0 970 0 30 30,29 4,3 0,5 1,3 2,9 16 73 0,13 0,00 0,11 1,20 1,34 0,9 0,9
0,048
Bhsj2
55-75
0 960 0 40 15,50 3,3 0,4 13,3 23,7 2 97 0,36 0,19 0,25 0,88 1,00 0,7 0,9
0,081
Bhsj3
75-130
10 940 10 40 8,84 3,2 0,6 9,1 15,8 4 94 0,46 0,33 0,42 0,91 0,93 0,9 1,0
0,153
Cgj
130-165
0 900 60 40 2,01 3,3 0,2 8,0 12,5 2 97 1,01 0,78 0,71 0,47 0,26 0,7 1,8
0,482
ILHA DO CARDOSO – Perfil J14 – ORGANOSSOLO TIOMÓRFICO Sáprico espódico, muito mal drenado
Hd1
0-20
... ... ... ... 387,04 3,7 6,7 87,6 176,6 4 93 0,44 0,38 0,29 1,30 1,62 0,7 0,8
0,005
Hd2
20-50
... ... ... ... 442,03 3,8 5,9 78,6 158,1 4 93 0,37 0,30 0,24 0,94 1,16 0,7 0,8
0,003
Hd3
50-60
... ... ... ... 416,96 3,9 2,4 41,9 82,7 3 95 0,15 0,08 0,10 0,49 0,68 0,7 0,7
0,002
Hd4
60-70
... ... ... ... 206,03 3,7 1,4 48,4 92,7 2 97 0,09 0,04 0,06 2,23 3,00 0,7 0,7
0,015
Bhsj1
70-100
0 970 0 30 16,12 3,1 0,3 13,4 22,0 2 98 0,58 0,46 0,59 1,06 1,30 1,0 0,8
0,118
Bhsj2
100-130
0 940 0 60 20,61 3,2 0,7 16,1 27,0 3 96 0,83 0,79 0,70 1,72 1,72 0,8 1,0
0,117
Nota – Sinais convencionais utilizados:
... Dado numérico não disponível
.. Não se aplica
1
Hor. = Horizonte
2
Prof. = Profundidade
3
AG = grossa (0,25 a 2 mm); AF = fina (0,05-0,25 mm); Arg = argila (<0,002 mm)
4
Fe
p
/Fe
d
= relação entre os teores de ferro extraídos com pirofosfato (Fe
p
) e ditionito-citrato (Fe
d
)
5
Al
o
/Al
p
= relação entre os teores de alumínio extraídos com oxalato (Al
o
) e pirofosfato (Al
p
)
6
Me/C = relação Al
p
+Fe
p
/ carbono orgânico
228
229
5.3 Conclusões
1. A micromorfologia, suportada pela química, indicou que a matéria orgânica da maioria dos
horizontes espódicos estudados é dominada por material iluvial, corroborando o trabalho de
Buurman e Jongmans (2005). Segundo os autores, a lenta dinâmica da matéria orgânica que
ocorre nos materiais parentais pobres em nutrientes e sujeitos a condições de hidromorfismo,
favorece sua acumulação no horizonte B e uma maior abundância de revestimentos derivados de
carbono orgânico iluviado. Tais condições são típicas dos Espodossolos tropicais e da maioria
dos solos aqui estudados;
2. A micromorfologia também evidenciou que a decomposição de raízes é o principal mecanismo
de acumulação de carbono em horizontes espódicos sotopostos aos hísticos, em solos sujeitos a
fortes condições hidromorfismo. Nesses solos (Espodossolos e Organossolos) a participação de
raízes aumentou com a profundidade dos horizontes espódicos. Tais resultados divergem do
trabalho supracitado. Buurman e Jongmans (2005) encontraram evidências micromorfológicas de
que o principal mecanismo de acumulação de matéria orgânica em horizontes B espódicos mal
drenados foi a sua mobilização, transporte e precipitação durante o processo de podzolização,
enquanto que, nos bem drenados, a decomposição de raízes foi a responsável pela acumulação da
matéria orgânica em profundidade;
3. A presença de horizontes hísticos sotopostos aos espódicos, cuja gênese aparentemente é
independente, assíncrona e mais hodierna em relação à dos espódicos, propiciou as condições
adequadas ao desenvolvimento radicular, atividade da mesofauna e microbiológica nos
horizontes pobres, mal drenados e minerais sotopostos, acumulando matéria orgânica e
originando os horizontes espódicos. Nesses, a clássica teoria podzolização, a qual envolve a
mobilização, o transporte e a precipitação de matéria orgânica iluvial, foi também evidenciada
nas observações micromorfológicas: revestimentos orgânicos monomórficos estavam presentes,
típicos de iluviação, aclarando que os dois processos, queluviação e decomposição de raízes, são
efetivos na formação desses horizontes;
4. A participação de raízes, no entanto, vai além do clássico modelo de sua decomposição na
formação dos horizontes espódicos e Espodossolos. A micromorfologia, com ênfase aos tipos e
fábrica característica das áreas sob influência de raízes de um horizonte cimentado (perfil P9),
convergiu para a seguinte interpretação sobre um possível e inédito mecanismo de podzolização:
230
as raízes reconhecidamente funcionam como uma bomba seletiva, absorvendo água e nutrientes,
a qual pode veicular carbono orgânico dissolvido. A absorção seletiva da água e nutrientes faz
com que o carbono dissolvido segregue no seu entorno durante a atividade radicular. A
continuidade do processo conduz à desidratação do material orgânico segregado e sua
precipitação devido à secagem preferencial do entorno das raízes (absorção) em relação às
demais áreas do solo livres da interferência radicular;
5. Além desse mecanismo de imobilização, cuja relevância necessita de maiores investigações,
três outros podem estar relacionados à deposição de matéria orgânica iluvial nos solos estudados:
(a) efeito de filtragem físico-mecânica nos poros do solo devido às mudanças abruptas no
tamanho dos mesmos, imposta pela estratificação natural dos sedimentos com empacotamentos
localmente mais densos; (b) efeito do aumento do pH com a profundidade, conduzindo à
precipitação da matéria orgânica iluviada quando seu ponto isoelétrico é alcançado; e (c) efeito
da incorporação adicional de cátions, sobretudo de alumínio, durante a iluviação de complexos
organo-metálicos no perfil.
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235
APÊNDICE
236
APÊNDICE – Descrição Morfológica e Classificação dos Solos
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P1
DATA – 29/09/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, excessivamente
drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Perfil localizado próximo ao pesqueiro Lagoa do
Robalo, à aproximadamente 60 m do Rio Itapanhaú, Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas: Zona 23,
Latitude sul: 383.330 km e Longitude oeste: 7.364.836 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (3 % de
declive), sob vegetação de floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – excessivamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-8 cm, cinzento (5YR 5/1, úmido); areia; fraca pequena e média granular e grãos simples;
solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
A2 8-25 cm, cinzento-escuro (5YR 4/1, úmido); areia; fraca muito pequena e pequena blocos
subangulares que se desfazem em grãos simples; muito friável, o plástica e não pegajosa;
transição plana e gradual.
AC 25-38 cm, cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2, úmido); areia; fraca média e pequena
granular que se desfaz em grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
CA 38-(84-94) cm, bruno-avermelhado-escuro (10YR 4/6, úmido); areia; fraca, média e grande,
blocos superangulares que se desfazem em grãos simples; muito friável, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e difusa.
C1 (84-94)-140 cm, bruno-amarelado-claro (10YR 6/4); areia; maciça que se desfaz em grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
C2 140-160 cm, amarelo-brunado (10YR 6/6, úmido); areia; fraca grande e média blocos
subangulares que se desfazem em grãos simples; muito friável e localmente firme nos locais
onde há remanescente de B espódico; não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
C3 160-175 cm, amarelo-brunado (10YR 6/8, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição plana e abrupta.
C4 175-210 cm+, amarelo-brunado (10YR 6/6, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas, comuns médias e raras grandes nos horizontes A1 e A2; comuns finas e
poucas médias no AC; comuns finas no horizonte C1; poucas finas no CA, C2 e C3 e ausente
no horizonte C4.
OBSERVAÇÕES O horizonte C3 apresenta remanescentes de horizonte B espódico, provavelmente de
ortstein. Neste mesmo horizonte são encontradas estratificações descontínuas de horizonte plácico, de
coloração avermelhada e amarelada. Sua espessura varia de 2 a 5 cm.
237
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P2
DATA – 29/09/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, acentuadamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 383.338 km e Longitude oeste: 7.364.831 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – Perfil descrito a aproximadamente 8
metros do anterior com declive de aproximadamente 6% pendendo para o rio Itapanhaú, sob vegetação de floresta
alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – acentuadamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-13 cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida); areia; fraca pequena e média granular e grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
A2 13-28 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; fraca muito pequena granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 28-(35-63) cm, bruno (10YR 5/3, úmida); mosqueado abundante pequeno distinto cinzento-claro
(5YR 7/1); areia; fraca média e pequena blocos que se desfazem em grãos simples; muito friável,
não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
E (35-63)-(60-82) cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida), mosqueado abundante pequeno difuso
cinzento-rosado (5YR 6/2, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
EB (60-82)-(67-84) cm, bruno (10YR 5/3, úmida), mosqueado abundante pequeno proeminente branco
(5YR 8/1); areia; fraca média e pequena blocos que se desfazem em grãos simples; muito friável,
não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bhs1
(67-84)-(74-90) cm, bruno (10YR 5/3, úmida); areia; maciça; muito friável, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e clara.
Bhs2
(74-90)-116 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida); areia; maciça; muito friável, não plástica e
não pegajosa; transição plana e gradual.
Bhs3 116-(127-140) cm, bruno (7,5YR 5/4, úmida); areia; maciça; muito friável, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e clara.
Bhs4 114-128 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida); areia; maciça; firme, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e clara.
Bhs5 128-153 cm, bruno-amarelado-claro (10YR 6/4, úmida); presença de fragmentos de ortstein de
consistência úmida muito firme; areia; maciça; solta, não plástica e não pegajosa; transição
descontínua e abrupta.
Bhs6 126-152 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida) mosqueados comuns pequenos e médios distintos
cinzento-claros (5YR 7/1); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito friável, não plástica
e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhs7 140-200 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida); presença de fragmentos de ortstein de
consistência úmida muito firme; areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito friável, não
238
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
C1 161-180 cm, bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/3, úmida); areia; grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
C2 180-200
+
cm, bruno-amarelado-claro (10YR 6/4, úmida), presença de fragmentos do horizonte
plácico, firme, bruno (10YR 5/3, úmida); areia; solta, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES -
abundantes finas, fasciculadas e médias A1 e A2; comuns finas e poucas médias no AE; poucas
finas no E ao Bh6; raras finas no horizonte C1 e Bh7.
OBSERVAÇÕES Presença de remanescentes do horizonte ortstein nos horizontes Bh5 e Bh7. Nível do lençol
freático ocorrendo a 350 cm de profundidade.
239
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P3
DATA – 08/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura
arenosa, bem drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Próximo ao pesqueiro Lagoa do Robalo,
Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 383.341 km e Longitude oeste: 7.364.797
km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em superfície convexa,
com ausência de cordões e relevo plano (2% de declive), sob floresta alta de restinga em fase de regeneração
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – bem drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-6 cm, bruno cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmido); areia; fraca muito pequena e pequena
granular que se desfaz em grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e
clara.
A2 6-13cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-escuro (5YR 4/1) e branco (5YR
8/1); areia; fraca pequena e média granular e grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
EA 13-25 cm, cinza-brunado (5YR 6/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
E1 25-71 cm, branco (5YR 8/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
BE1 71-82 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 5/1) e cinzento muito
escuro (5YR 3/1); areia; maciça; solta a muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
descontínua e clara.
BE2 73-91 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida) e
cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; maciça; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
descontínua e ondulada.
EB 94-113 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bh1 82-119 cm, cinzento (5YR 3/1, úmido); areia; maciça; firme, o plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bhm1 89-125 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 2,5/2, úmido); areia; maciça; extremamente
firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
E2 106-180 cm, cinzento (5YR 6/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bh2 107-125 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmido); areia; maciça; muito friável, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
240
Bs1 107-125 cm, bruno (7,5YR 4/2, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bhm2 120 –142, cinzento-muito-escuro (5YR 3/1, úmido); areia; maciça; extremamente firme, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bs2 125-180 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida); areia; maciça; friável, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e abrupta; presença de horizontes plácicos convolados (menor
que 2 cm de espessura), de coloração bruno (5YR 4/4, úmido) e consistência úmida firme, bem
espaçadoss entre si e ocupando menos que 5% do horizonte
Bsm1 122-144 cm, bruno-avermelhado (5YR 4/3, úmido); areia; maciça; muito firme, não plástica e
não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bsm2 153-180 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-avermelhado (5YR 4/3) e bruno-
avermelhado-escuro (5YR 3/3); areia; maciça; muito firme, não plástica e não pegajosa;
transição plana e abrupta.
Bsm3 132-170 cm, bruno (7,5YR 5/4, úmida); areia; maciça; muito firme, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bsm4 157-180 cm, bruno-avermelhado (5YR 4/3, úmida); areia; maciça; firme a muito firme, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta; presença de estratificações estreitas
(menor que 1 cm), contínuas e paralelas, distribuídas por todo o horizonte, de coloração bruno-
escuro (5YR 3/1, úmido) e consistência úmida firme, bem espaçadas entre si e ocupando
menos que 2% do horizonte.
Bh3 135 –170 cm+, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida); areia; maciça; friável a firme,
não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Fasciculadas, abundantes, finas e médias, poucas grossas nos horizontes A1 e A2; poucas finas
e raras médias no EA; raras finas nos horizonte E1, BE1; BE2 e Bh1; ausente nos demais
horizontes.
OBSERVAÇÕES perfil descrito e coletado em trincheira. Presença de aproximadamente 5 cm de
serrapilheira (horizonte O), com restos vegetais em diferentes estádios de decomposição. A transição do
horizonte E1 para o Bh se por uma estreita camada acinzentada de redução, descontínua com espessura
média de 2cm..
241
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P4
DATA – 11/08/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado,
textura arenosa, imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 384.524 km e Longitude oeste: 7.364.581 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito a aproximadamente 25 m
do perfil P2, em pendente suave (6%) em direção ao mar. Poucos metros abaixo deste perfil aparece uma área
permanentemente inundada, dominada por Neossolos Quartzarênicos e Gleissolos de textura média. Vegetação:
floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-18 cm, cinzento-escuro (7,5YR 4/1, úmida); areia; fraca pequena blocos subangulares que se
desfazem em grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
AE 18-26 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinza (5YR 5/1) e cinzento- escuro (5YR 4/1);
areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 26-37 cm, cinzento (5YR 6/1), mosqueado pouco pequeno distinto cinzento muito escuro (5YR 3/1);
areia; grão simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E 37-50 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
EB 50-59 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 5/1) e cinzento- escuro (5YR
4/1); areia; grão simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh 59-(72-82) cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida); areia; maciça; firme, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bhm1 95-137 cm, preto-avermelhado (2,5YR 2/1, úmida); areia; maciça; extremamente duro,
extremamente firme, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhm2 113-150 cm, preto (5YR 2,5/1, úmida); areia franca; maciça; extremamente duro, extremamente
firme, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bs 130-160 cm+, bruno (7,5 YR 5/4, úmida; areia franca; maciça; muito friável, não plástica e não
pegajosa, transição descontínua e abrupta.
Bhs1 (73-82)-134 cm, cinzento-escuro (10YR 4/1, úmida); areia; maciça; muito friável, ligeiramente
plástica e ligeiramente pegajosa; transição plana e gradual.
Bhs2 134-160+, bruno (10YR 4/3, úmida); areia; maciça; muito friável, ligeiramente plástica e
ligeiramente pegajosa.
RAÍZES - abundantes finas e poucas médias no horizonte A1; comuns finas e poucas médias no A2; poucas
finas no AE; raras finas no EA, E, Bh; ausento nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES Nível do lençol freático ocorrendo a 170 cm de profundidade. Presença de mica (muscovita)
nos horizontes Bhm1 e Bhm2.
242
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P5
DATA – 08/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A moderado, textura
arenosa, bem drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 384.562 km e Longitude oeste: 7.364.623 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em barranco, na borda de
um cordão de restinga próximo à Rodovia Rio-Santos. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
alterada
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho.
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – bem drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-12 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; fraca pequena e média granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
A2 12-27 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); fraca pequena e média blocos subangulares e grãos simples;
solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E 25-57 cm, branco (10YR 8/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
Bhg
47-57 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzneto (10YR 6/1), branco (10YR 8/1) e
bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia; maciça; firme, o plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
Bh1 52-75 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1) e bruno-
avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia franca; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bh2 63-80 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida); areia franca; maciça; firme, não plástica e
não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bh3 55-95 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/3) e bruno-
avermelhado (5YR 4/4); areia franca; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e clara.
Bh4 126-150 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida); areia franca; maciça; friável, não plástica
e não pegajosa; transição descontínua abrupta.
Bh5 73-112 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/3) e bruno-
avermelhado (5YR 4/3); areia; maciça; firme a muito firme, não plástica e não pegajosa; transição
descontínua abrupta.
Bs1 78-101 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida); areia franca; presença de horizontes plácico
convolado de consistência firme, cor bruno-forte (7,5YR 4/6), espessura média de 2 cm; friável,
firme a extremamente firmes; transição, descontínua abrupta.
Bs2 82-85 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado-claro (10YR 6/4), bruno
(7,5YR 4/4 e 10YR 5/3), bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia; maciça; friável, não plástica e
não pegajosa; transição ondulada e difusa.
Bs3 95-126 cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-brunado (10YR 6/6) e bruno-
243
amarelado-escuro (10YR 4/6); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição abrupta e
descontínua.
Bs4 85-180 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-avermelhado (5YR 4/3), vermelho-
amarelado (5YR 4/6) e bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia franca; maciça; friável, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bs5 130-150 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado (10YR 5/4), bruno (10YR
5/3); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bs6 54-120 cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-brunado (10YR 6/6), bruno-
amarelado (10YR 5/4) e bruno-amarelado-escuro (7,5YR 3/4); areia franca; maciça; firme, não
plástica e não pegajosa; transição abrupta e descontínua.
Bs7 155-180 cm, bruno (10YR 4/3, úmida); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; presença
de estratificações bruno-amarelado (10YR 5/6) e amarelo-brunado (10YR 6/6), firme a muito firme;
transição abrupta e descontínua.
C 54-112 cm, cinzento-rosado (7,5 YR 7/2, úmida); areia; grão simples; solta, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas, comuns médias e grossas no horizonte A1; comuns finas, poucas médias e grossas
no A2; poucas finas e médias, raras grossas no horizonte E; raras finas no horizonte Bhg; poucas
finas no horizonte Bh1; comuns finas no Bh2; poucas finas nos horizontes Bh3, Bh4 e Bh5; raras
finas nos horizontes Bs1, Bs2 e Bs3; ausento nos demais
OBSERVAÇÕES Horizonte E apresenta feições de desmantelamento do horizonte Bh. Horizontes plácicos
aparecem e convolam desde a profundidade de 54 até 112 cm. Nível do lençol freático está abaixo de 200 cm de
profundidade.
244
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P6
DATA – 10/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura
arenosa, acentuadamente/imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 384.524 km e Longitude oeste: 7.364.581km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no topo de um cordão
litorâneo com diferença de nível de aproximadamente 5 metros em relação ao seu entorno. Cobertura vegetal sobre o
perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – acentuadamente/imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-15 cm, cinzento (5YR 6/1, úmido); areia; fraca pequena e média granular e grãos simples;
solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 15-41 cm, cinzento (5YR 6/1, úmido), mosqueado abundante pequeno e médio difuso
cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2, úmido); areia; fraca pequena e média granular e grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 41-71 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e difusa.
E 71-153 cm, branco (5YR 8/1, úmido), mosqueado pouco médio e grande difuso bruno-
avermelhado (5YR 5/3, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e abrupta.
Bhg 153-156 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 5/1 e 10YR 5/1) e
cinzento muito escuro (10YR 3/1); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
Bh1 156-165 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bh2 165-205 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/4, úmido); areia; maciça; friável e localmente
muito firme; não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhm1 156-205 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; muito firme e localmente firme e
extremamente firme, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e clara.
Bhm2 158-205 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; muito firme e localmente extremamente
firme, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - abundantes finas, comuns médias e raras grossas no horizonte A; comuns fins, raras médias e
grossas no AE; comuns finas, poucas médias e grossas no horizonte EA; poucas finas e
médias no E; raras finas nos horizontes Bhg e Bh1; ausento nos demais.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático ocorrendo a 210 cm de profundidade.
245
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P7
DATA – 18/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A
moderado, textura arenosa, mal drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 384.525 km e Longitude oeste: 7.364.584 km.
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito a poucos metros (10m)
da base cordão onde foi descrito o perfil P6. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-8 cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida); areia; fraca pequena e muito pequena granular;
solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
A2 8-13 cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida); areia; fraca média e pequena granular; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE1 13-19 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-escuro (5YR 4/1) e cinzento (5YR
6/1); fraca média e pequena blocos subangulares; muito friável, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
AE2 19-26 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-escuro (5YR 4/1) e cinzento (5YR
6/1); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
Bh1 26-37 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1) e bruno-
avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia; maciça; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
Bh2 37-59 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-escuro (7,5YR 3/2) e bruno (7,5YR 4/2),
mosqueado abundante médio e grande proeminente cinzento muito escuro (5YR 3/1); areia; maciça;
friável e firme, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Bs 58-74 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida), mosqueado abundante médio e grande distinto
bruno-acinzentado-escuro (10YR 4/2); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e abrupta.
BCg 74-84 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado-escuro (5YR 5/3), bruno
(10YR 5/3) e cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2); areia; maciça; friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
Cg 84-100
cm+, cinzento (5YR 5/1, úmida), areia; não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Raízes abundantes finas e médias, poucas grossas nos horizontes A1 e A2; abundantes finas, comuns
médias no horizonte AE1; comuns finas, poucas médias no horizonte AE2, Bh1, Bh2 e Bs; comuns
finas e médias no BCg; ausento no Cg.
OBSERVAÇÕES Nível do lençol freático ocorrendo a 80 cm de profundidade. Abaixo do horizonte BCg
várias camadas arenosas intercaladas com argilosas, a camada argilosa apresenta fragmentos de tronco de árvores.
246
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P8
DATA – 15/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A
moderado, textura arenosa, mal drenado.
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Perfil descrito
a 5 m acima do P7. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 384.525 km e Longitude oeste: 7.364.585 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito a 5 metros do anterior em
direção à praia. Vegetação sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-13 cm, coloração variegada, úmida, composta de preto (5YR 2,5/1) e cinzento (5YR 6/1);
areia; fraca média e pequena granular e grãos simples; friável, ligeiramente plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
A2 13-(17-23) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1) e
cinzento (5YR 6/1); areia; fraca muito pequena e pequena granular e grãos simples; muito
friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição ondulada e clara.
EA1 (17-23)-29 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 5/1) e cinzento-claro
(5YR 7/1); areia; fraca, pequena e média blocos subangulares que se desfazem em grãos
simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA2 29-36 cm, cinzento (5YR 5/1, úmido), mosqueado abundante médio difuso cinzento-escuro
(5YR 4/1, úmido); areia; fraca pequena e média blocos subangulares que se desfazem em grãos
simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh1 36-42 cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmido); areia; maciça; friável a firme, não plástica
e não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh2 42-(53-82) cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmido); areia; maciça; friável a firme, não
plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bhs (53-82)-93 cm, bruno-avermelhado (5YR 4/3, úmido); mosqueado abundante pequeno distinto
preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme a friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
Bs 93-114 cm, bruno-avermelhado (5YR 5/4, úmido); mosqueado comum pequeno difuso bruno-
avermelhado (5YR 4/3, úmido); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
BCg 114-129 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado (10YR 5/4, úmido),
cinzento (10YR 5/1) e cinzento-escuro (10YR 4/1); areia; maciça; friável, não plástica e não
pegajosa, transição plana e clara.
Cg1 129-150 cm, cinzento (7,5YR 5/1); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa, transição plana e clara.
2Cg2 150-170 cm+, cinza-escuro (7,5YR 4/1); franco-argilo-arenosa; não descrito devido ao excesso
de água no perfil.
247
RAÍZES - Fasciculadas, abundantes, finas e médias, poucas grossas nos horizontes A1 e A2; abundantes
finas e médias no EA1; comuns finas e poucas médias no EA2; comuns finas e poucas médias
nos horizontes Bh1 e Bh2; poucas finas no Bhs, Bs e BCg.
OBSERVAÇÕES – perfil descrito encharcado, com o nível do lençol freático ocorrendo a 1,40 m de
profundidade. Horizonte 2Cg2 com abundantes fragmentos de troncos de árvores em bom estado de
preservação.
248
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P9
DATA – 17/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico dúrico, A moderado, textura
arenosa, muito mal drenado.
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 384.923 km e Longitude oeste: 7.364.281 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – Perfil descrito a aproximadamente
800m do anterior, em relevo plano (<1%) pendendo suavemente para o mar. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta
alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – muito mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
O 0-7 cm, preto (5YR 2,5/1, úmida); orgânica; moderada pequena e média granular; muito friável, não
plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
A 7-12 cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida); areia; fraca pequena e muito pequena granular;
muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
AE 12-17 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2),
cinzento (5YR 5/1), bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia; fraca muito pequena granular e
grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E 17-(27-32) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 6/1 e 5YR 5/1); areia; grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
BE (27-32)-(37-40) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1),
cinzento (5YR 5/1); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e
abrupta.
Bh1 (37-40)-(46-53) cm, cinzento muito escuro (5YR 3/1, úmida), com estratificações descontínuas
distribuídas por todo o horizonte, de espessura média de 8 mm, preto (5YR 2,5/1, úmida) e de
consistência úmida muito firme; areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
Bhm (46-53)-89 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-avermelhado-escuro (5YR 2,5/2 e
5YR 3/2); areia; maciça; muito firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
Bh2 89-106 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/4, úmida); areia; maciça; friável a firme, não plástica
e não pegajosa; transição plana e gradual.
Bh3 106-130
+
, bruno-avermelhado (5YR 4/4, úmida); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES - abundantes finas e médias e poucas grossas nos horizontes O e A; comuns finas, poucas médias no
AE; poucas finas no E, BE e Bh1; poucas finas e localmente comuns no horizonte Bhm; poucas
finas e médias no Bh2; poucas finas no Bh3.
OBSERVAÇÕES – Lençol freático ocorrendo a 140 cm de profundidade.
249
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P10
DATA – 19/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, mal drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 385.023 km e Longitude oeste: 7.363.714 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – Perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive) sob vegetação de floresta de alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-7 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; fraca, média e pequena granular; muito friável,
ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição plana e abrupta.
AE 7-11 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento muito escuro (5YR 3/1) e cinzento
(5YR 6/1, úmido); areia; fraca pequena e média granular que se desfaz em grãos simples;
muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
EA 11-(18-30) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-avermelhado-escuro (5YR
4/2) e cinzento (5YR 6/1); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e clara.
E (18-30)-(35-48) cm, cinzento (5YR 6/1, úmida), mosqueado abundante médio e grande difuso
cinzento-escuro (5YR 4/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
EB (35-48)-74 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento (5YR 5/1 e 5YR 6/1); areia;
grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
BE 74–83 cm, cinzento-escuro (5YR 4/1, úmido), mosqueado pouco médio e grande difuso
cinzento (5YR 6/1, úmido); areia; grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa;
transição plana e abrupta.
Bh1 83-103 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa;
transição plana e abrupta.
Bh2 103-117 cm, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme e localmente muito firme, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
Bhm
117-150 cm+, preto (5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; muito firme e localmente
extremamente firme, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas, comuns médias e grossas no horizonte A; comuns finas e poucas médias no
AE; poucas finas e médias no horizonte EA; poucas finas no E, EB e BE; Bh1 e Bh2; ausente
no Bhm.
OBSERVAÇÕES Os horizontes EA, E, EB e BE apresentam halos arredondados de coloração mais clara
em relação à matriz, de diferentes diâmetros, desde 0,5cm até 7cm, possivelmente relacionados a atividade de
microrganismos, desmantelando o horizonte, transformando-o em horizonte E.
250
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P11
DATA – 30/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, mal drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 387.663 km e Longitude oeste: 7.365.241 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – descrito sob cobertura vegetal de
floresta alta de restinga, em relevo plano (2 % de declive). Perfil situado na transição entre os sedimentos
holocênicos e pleistocênicos
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – transição pleistoceno/holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-14 cm, cinzento (10YR 6/1, úmida), mosqueado abundante médio e pequeno proeminente bruno-
escuro (7,5YR 3/2, úmida); areia; fraca pequena granular e grãos simples; muito friável, não plástica
e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 14-(29-35) cm, bruno-escuro (7,5YR 6/2, úmida), mosqueado comum médio distinto branco (5YR
8/1, úmida); areia; grãos simples, solta; não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
E1 (29-35)-(53-71) cm, branco (5YR 8/1, úmida), mosqueado abundante pequeno e médio difuso
cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples, solta; não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
E2 (53-71)-(84-100) cm, cinzento (5YR 6/1, úmida), mosqueado abundante médio difuso cinzento
(5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e
clara.
E3 (84-100)-112 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida), mosqueado abundante grande difuso cinzento (5YR
5/1, úmida) e cinzento-escuro (5YR 4/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
EB 112-122 cm, cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2, úmida); areia; grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh1 122-140 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida); areia; maciça; friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh2 140-160 cm+, cinzento (5YR 3/1); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - abundantes finas e médias, poucas grossas no horizonte A; poucas finas e médias nos horizontes EA,
E1 e E2; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES - Lençol freático aflorando a 115 cm de profundidade.
251
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P12
DATA – 01/07/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Hidromórfico típico, A moderado, muito
mal drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 387.720 km e Longitude oeste: 7.365.158 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive), sob vegetação de floresta baixa de restinga úmida
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno– Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – muito mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-8 cm, cinzento-escuro (5YR 4/1, úmida); areia; fraca, muito pequena e pequena, granular e grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
A2 8-24 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2) e
cinzento-avermelhado (5YR 6/2); areia; fraca pequena e média granular e grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
AE 24-30 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-avermelhado (5YR 6/2), cinzento-
avermelhado-escuro (5YR 4/2) e vermelho-amarelado (5YR 5/6); areia; fraca pequena e média
blocos subangulares e grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
C 30-48 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado-claro (2,5Y 6/4 e 2,5Y 6/3),
bruno-avermelhado e (5YR 5/6) amarelo-avermelhado (5YR 6/6); areia; maciça que se desfaz em
fraca, média e pequena blocos subangulares e grãos simples; muito friável e localmente firme, não
plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Cg1 48-83 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 5/4) e cinzento-brunado-claro
(2,5Y 6/2); areia; maciça que se desfaz em fraca grande blocos subangulares e grãos simples; friável
e localmente firme, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Cg2 83-110 cm+, cinzento (5Y 6/1, úmida); areia; não descrito devido ao excesso de água na trincheira.
RAÍZES - Abundantes finas e comuns médias no A1; abundantes finas, comuns médias e poucas grossas no
A2; comuns finas e poucas médias no AE; poucas finas e raras médias nos horizontes C e Cg1;
ausente no Cg2.
OBSERVAÇÕES Perfil descrito em condições de elevada umidade, com o lençol freático aflorando a 90 cm de
profundidade. Os mosqueados se referem a segregações de ferro de consistência mais firme em relação à matriz.
252
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P13
DATA – 29/06/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Hidromórfico típico, A moderado, mal
drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 387.897 km e Longitude oeste: 7.364.636 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito nas proximidades da
praia, sob cobertura vegetal de escrube, em relevo plano (2 % de declive), mas mais elevado que a paisagem à
montante
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – escrube
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-7 cm, bruno-acinzentado (5YR 4/2, úmido); areia; fraca muito pequena e pequena, granular e
grãos simples; solto, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
A2 7-15 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2) e
cinzento (5YR 6/1, úmido); areia; fraca média e pequena blocos subangulares e grãos simples;
muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
C1 15-(57-63) cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-brunado (10YR 6/6), bruno-
amarelado-claro (10YR 6/4) e cinzento-brunado-claro (10YR 6/2); areia; maciça que se desfaz
em grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
C2 (57-63)-(73-82) cm, bruno-acinzentado (10YR 5/2, úmido); areia; maciça que se desfaz em
grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e clara.
Cg 73-82 cm, cinzento (5Y 5/1, úmido), mosqueados abundantes médios e grandes proeminentes
bruno-amarelado-escuro (5YR 4/6, úmido); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e clara.
C3 73-94 cm, bruno (10YR 5/3, úmido); mosqueado comum pequeno e médio distinto cinzento
(7,5YR 6/1, úmido); areia; maciça; muito friável, o plástica e não pegajosa; transição
descontínua e clara.
C4 94-110 cm, bruno-acinzentado (10YR 5/2, úmido); areia; maciça; muito friável, não plástica e
não pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas, comuns médias e poucas grossas nos horizontes A1 e A2; poucas finas e
raras médias nos horizontes C1 e C2; comuns finas no Cg; raras finas no C3; ausente no
horiozonte C4.
OBSERVAÇÕESLençol freático a 120 cm de profundidade, dificultando o aprofundamento do perfil para
descrição e coleta de amostras.
253
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P14
DATA – 12/08/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, moderadamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 400.571 km e Longitude oeste: 7.369.473 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito a poucos metros de uma
falésia do Rio Itararé. Bacia de Itararé, Bertioga. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – Sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – moderadamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-12 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
A2 12-22 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; fraca muito pequena granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 22-30 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E 30-(43-59) cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh (43-59)-(56-71) cm, cinzento-avermelhado-escuro (5YR 4/2, úmida), mosqueado pouco
proeminente médio cinzento (5YR 6/1); areia; fraca grande e média blocos subangulares que se
desfazem em grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
Bs1 (56-71)-(65-81) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-forte (7,5YR 5/6) e bruno
(7,5YR 5/4); areia; maciça que se desfaz em grão simples; firme a friável, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e clara.
Bs2 (65-81)-(84-110) cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-avermelhado (7,5YR 6/6) e
bruno-forte (7,5YR 5/6); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito friável e firme no
local de cor bruno-forte, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e gradual.
C1 (84-110)-(115-124) cm, bruno-claro (10YR 6/4, úmida); areia; maciça que se desfaz em grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e difusa.
C2 (115-124)-135
+
cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-claro (10YR 6/3, 10YR 6/4,
úmida); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e difusa.
RAÍZES - abundantes finas e comuns médias e poucas grossas no horizonte A1 e A2; abundantes finas e
poucas médias no AE; comuns finas no E; comuns finas e poucas médias Bh e Bs1; poucas finas no
Bs2 e C1 e raras finas no C2.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático ocorrendo a 130 cm de profundidade.
254
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P15
DATA – 12/08/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hiperespesso espessarênico, A moderado,
excessivamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 400.994 km e Longitude oeste: 7.369.968 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em área plana a 10
metros da falésia do rio Itararé, Bacia do Rio Itararé, Bertioga. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de
restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – excessivamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-20 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-escuro (5YR 4/1) e cinzento (5YR
6/1); areia; fraca pequena e muito pequena e granular; solta, não plástica e o pegajosa; transição
plana e clara.
EA 20-40 cm, cinza (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
plana e gradual.
E1 40-60 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e difusa.
E2 60-160 cm, branco (5YR 8/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E3 160-215 cm, branco (5YR 8/1, úmida); presença de lamelas plano-paralelas e contínuas de cor
escura distribuídas por todo o horizonte; areia; grãos simples; não plástica e não pegajosa.
EB 215-305 cm, cinzenta-rosado (7,5YR 6/2); coletado com trado.
Bh1 305-340 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida); coletado com trado.
Bhm 340-360 cm, preto (5YR 2,5/1, úmida); coletado com trado;
Bh2 360-400 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmida), coletado com trado.
RAÍZES - Raízes comuns finas e médias, poucas grossas no horizonte A; comuns finas e poucas médias no
EA; poucas finas no E1; raras finas nos horizontes E2; ausente nos demais
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático ocorrendo a mais de 400 cm de profundidade.
255
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P16
DATA – 13/08/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, fortemente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Bertioga, São Paulo. Coordenadas:
Zona 23, Latitude sul: 401.023 km e Longitude oeste: 7.369.925 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no barranco da falésia do
rio Itararé, na Bacia do Itararé, Bertioga. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – fortemente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-20 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; granular fraca pequena e grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 20-32 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E1 32-77 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E2 77-(90-97) cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
Bh1
(90-97)-121 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; maciça que se desfaze em grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Bh2
121-(134-170) cm, cinzento-avermelhado (5YR 5/2, úmida); apresenta lamelas plano-paralelas e
manchas circulares de cor cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; maciça que se desfaze em grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e gradual.
Bh3 (134-170)-193 cm, bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/3, úmida); apresenta manchas circulares de
cor bruno (7,5YR 5/4, úmida) e cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; maciça; firme a friável, não
plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Bh4
193-253 cm, bruno-escuro (5YR 3/4, úmida); areia; maciça; firme a friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara a abrupta.
Bs 253-300
+
cm, bruno (7,5YR 5/4, úmida); areia; maciça; firme a friável, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e difusa.
RAÍZES - abundantes finas e comuns médias no horizonte A; comuns finas e médias no AE; poucas finas no
E1; raras finas no E; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES Manchas circulares nos horizontes Bh22 ao Bh3 dizem respeito à atividade de
microrganismos.
256
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P17
DATA – 25/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, moderadamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 211.361 km e Longitude oeste: 7.236.517 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no barranco voltado para
o Mar de Cananéia . Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – moderadamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-30 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; granular fraca pequena e grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 30-52 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E1 52-88 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E2 88-115 cm, cinzento (5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
BE
115-130 cm, cinzento (5YR 5/1, úmida); areia; maciça que se desfaze em grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
Bh
130-243 cm, bruno muito escuro (10YR 2/2, úmida); areia; maciça; firme e localmente muito firme
a extremamente firme, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e gradual.
Bs 243-485 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida); areia; maciça; firme a friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e difusa.
C 485-500 cm+, bruno-amarelado-claro (10YR 6/4, úmida); areia; maciça; firme a friável, não plástica
e não pegajosa.
RAÍZES - abundantes finas e comuns médias no horizonte A e EA; comuns finas e médias no E1; poucas finas
no E2; raras no BE; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES – Presença de tubos de caliquiros sp no horizonte Bs.
257
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P18
DATA – 18/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 211.544 km e Longitude oeste: 7.236.278 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito a 250 m do barranco do
Mar de Cananéia, em relevo plano. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Super-úmido, com pouco ou nenhum déficit de água, mesotérmico, com calor bem distribuído o ano todo
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-12 cm, cinzento (7,5YR 6/1, úmida), mosqueado abundante pequeno e médio proeminente preto
(7,5YR 2,5/1); areia; fraca média e pequena granular e grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
AE 12-24 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, o plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
EB 24-(27-44) cm, bruno (7,5YR 4/2, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e clara.
Bh1 (27-44)-(37-50) cm, bruno (7,5YR 4/2, úmida); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
Bh2 (37-50)-66 cm, bruno (7,5YR 4/3, úmida); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bh3 66-69 cm, cinzento muito escuro (10YR 3/1, úmida); areia; maciça; friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e abrupta.
CB 69-76 cm, bruno (10YR 5/4, úmida); estratificação plano-paralela de minerais pesados de cor preta
(10YR 2/1); areia; maciça que se desfaz em grãos simples; muito friável, não plástica e não
pegajosa; transição plana e abrupta.
C 76-125
+
cm, bruno-amarelado-claro (10YR 6/4, úmida); areia; maciça que se desfaz em grãos
simples; muito friável, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES -
Comuns finas e poucas dias no horizonte A; poucas finas e raras médias no AE; raras finas no
EB, Bh1, Bh2, Bh3 e CB; ausento no horizonte C.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático a 125 cm de profundidade.
258
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P19
DATA – 19/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, moderadamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 211.803 km e Longitude oeste: 7.236.023 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil distante 340 m do anterior, no
sentido Mar de Cananéia/Oceano Atlântico. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – Sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – moderadamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-13 cm, cinzento-escuro (7,5YR 4/1, úmida); areia; fraca média granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 13-25 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, o plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E1 25-40 cm, cinzento-claro (5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e gradual.
E2 40-61 cm, cinzento-claro (2,5Y 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E3 61-(68-74) cm, cinzento-claro (2,5Y 7/1, úmida), presença de lamelas descontínuas de 1-2 mm de
espessura de cor escura distribuídas por todo o horizonte; areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh1 (68-74)-105 cm, cinza-muito-escuro (7,5YR 3/1, úmida), presença de lamelas bruno-muito-escuro
(10YR 2/2) de 2 cm de espessura e manchas cinzento-claro (10YR 7/1) arredondadas de 5 cm de
diâmetro; areia; maciça; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
Bh2 105-117 cm, preto (10YR 2/1, úmida); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e abrupta.
Bh3 117-130
+
cm, bruno-escuro (7,5YR 3/2, úmida); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas e poucas médias nos horizontes A e AE; poucas finas no E1; raras finas no E2 e E3;
ausento nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático a 130 cm de profundidade.
259
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P20
DATA – 19/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, mal drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.091 km e Longitude oeste: 7.235.796 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em área plana, distante
300m do perfil P19. Este perfil está a poucos metros de uma extensa área permanentemente inundada. Cobertura
vegetal sobre o perfil: floresta alta de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-13 cm, cinzento (7,5YR 6/1, úmida); areia; fraca pequena granular e grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 13-37 cm, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e o
pegajosa; transição plana e gradual.
E 37-85 cm, cinzento-claro (10YR 7/1, úmida), mosqueado comum médio e pequeno proeminente
bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e gradual.
BE 85-110 cm, bruno-acinzentado (2,5Y 5/2, úmida); areia, grãos simples, solta, não plástica e não
pegajosa, transição plana e clara.
Bh 110-140
+
cm, cinzento-claro (2,5Y 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica.
RAÍZES - Abundantes finas e poucas médias no horizonte A; poucas finas no EA; raras finas no E; ausente nos
demais horizontes.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático a 80 cm de profunfidade.
260
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P21
DATA – 20/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado,
textura arenosa, bem drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.077 km e Longitude oeste: 7.235.756 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no topo de um cordão de
restinga com diferença de nível de aproximadamente 1 metro em relação ao seu entorno. Cobertura vegetal sobre o
perfil: floresta baixa de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – bem drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-18 cm, cinzento-escuro (7,5YR 4/1, úmida); areia; fraca média pequena granular e grãos simples;
solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
A2 18-31 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
EA 31-47 cm, cinzento (7,5YR 6/1, úmida), mosqueado abundante pequeno e médio difuso cinzento-
escuro (7,5YR 4/1); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e
gradual.
E 47-(70-135) cm, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh (70-100)-(73-136) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-escuro (7,5YR 3/3 e 7,5YR
3/4); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bs1 (73-150) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 4/4) e bruno-forte (10YR 4/4);
areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bs2 (73-136)-(92-152) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 4/4) e bruno-forte
(10YR 4/6), mosqueado pouco médio e grande bruno-amarelado-claro (10YR 6/4); areia; maciça;
friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bs3 (92-152)-(126-168) cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-brunado (10YR 6/6) e
bruno-claro-acinzentado (10YR 6/3), mosqueado pouco médio e grande bruno-amarelado-claro
(10YR 6/4); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
CB (126-168)-(155-170) cm, coloração variegada, úmida, composta de amarelo-claro-acinzentado (2,5Y
7/3) e amarelo (10YR 7/6); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
C 170-180
+
cm, cinza-brunado-claro (10YR 6/2, úmida); areia; grãos simples; solta,o plástica e não
pegajosa.
RAÍZES -
Abundantes finas, comuns médias e poucas grossas no horizonte A1; comuns finas, poucas médias e
grossas no A2; poucas finas e médias nos horizontes EA e E; poucas finas no Bh e Bs1; raras finas
nos horizontes Bs2, Bs3 e CB; ausente no C.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático a 220 cm de profundidade.
261
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P22
DATA – 21/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.078 km e Longitude oeste: 7.235.756 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no entre-cordão, distante
aproximadamente 10m do anterior. Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta baixa de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-18 cm, cinzento muito escuro (7,5YR 3/1, úmida); areia; moderada média e pequena granular e
grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e abrupta.
EA 18-28 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmida); areia; grãos simples; solta, o plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E1 28-57 cm, cinzemtp-claro (10YR 7/1, úmida), mosqueado comum médio e grande difuso cinzento
(10YR 6/1); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E2 57-(64-88) cm, cinzento-claro (10YR 7/2, úmida), mosqueado pouco médio e proeminente bruno
(7,5YR 4/2); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
EB (64-88)-(67-91) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 4/2) e bruno-escuro
(7,5YR 3/2); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh1 (67-91)-(107-119) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinza muito escuro (7,5YR 3/1),
bruno (7,5YR 4/2) e preto (10YR 2/1); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
Bh2 (107-119)-118 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (10YR 4/3) e bruno-escuro
(10YR 3/3); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
C 118-130
+
cm, bruno (10YR 5/3, úmida); areia; maciça; solta, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas, poucas médias e grossas no horizonte A; poucas finas, médias e grossas no EA;
poucas finas no E1; raras finas no E2; poucas finas no EB e raras finas nos horizontes Bh1 e Bh2;
ausento no horizonte C.
OBSERVAÇÕES – Nível do lençol freático a 130 cm de profundidade.
262
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P23
DATA – 21/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, bem drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.794 km e Longitude oeste: 7.234.980 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito na crista de um cordão de
restinga, em relevo plano (2 % de declive), sob floresta baixa de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – bem drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-22 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmido); areia; fraca média e pequena granular e grãos simples;
solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
E1 22-(56-72) cm, cinzento- claro (7,5YR 7/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição ondulada e clara.
EB (56-72)-(76-101) cm, bruno (7,5YR 5/2, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh (76-101)-(94-123) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 4/4), bruno-
escuro (7,5YR 4/6) e cinzento -claro (7,5YR 7/1); areia; maciça, firme e localmente friável,
não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
E2 (94-123)-(129-141) cm, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmido), mosqueado comum pequeno e
médio proeminente amarelo-avermelhado (10YR 6/6, úmido); areia; grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
C1 (129-141)-160 cm, bruno-claro (10YR 6/3, úmido), mosqueado abundante médio e grande
difuso bruno (10YR, 5/3, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e gradual.
C2 160-186 cm, bruno (10YR 5/4, úmido), mosqueado comum médio e grande difuso bruno
(10YR 4/4, úmido); areia; maciça; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e
abrupta.
C3 186-200 cm+, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 5/3) e preto (7,5YR
2,5/1); areia; maciça; friável, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas, poucas médias e grossas nos horizontes A e E1; poucas finas no EB e Bh; raras
finas nos horizontes E2 e C1; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES – Lençol freático aflorando a 2,10 m de profundidade. O horizonte Bh está visivelmente se
desmantelando: apresenta-se descontínuo na forma de manchas de Bh dispersas numa matriz de horizonte
mais claro (horizonte E). Na base do horizonte C1 ocorre estratificação de minerais pesados. Esta
estratificação se torna menos expressiva no horizonte C2 e aumenta significativamente no C3, de tal forma
que este é totalmente formado por estratos de quartzo intercalados aqueles de minerais pesados.
263
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P24
DATA – 23/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, fortemente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.029 km e Longitude oeste: 7.234.785 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no topo de um cordão de
restinga imediatamente após o entre-cordão do pefil P23, com diferença de nível de aproximadamente 1,5 m em
relação ao seu entorno Cobertura vegetal sobre o perfil: floresta baixa de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – fortemente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-18 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmida); areia; fraca média e pequena granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
AE 18-32 cm, cinzento (7,5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, o plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E 32-(66-78) cm, cinza-claro (7,5YR 7/1, úmida) mosqueado pequeno e médio difuso cinza (7,5YR
6/1); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
EB (66-78)-(70-88) cm, bruno-claro-acinzentado (10YR 6/3, úmida); areia; grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bs1 (70-88)-(84-95) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (7,5YR 4/4), bruno-amarelado
(10YR 5/6) e bruno (10YR 5/3); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e clara.
Bs2 (84-95)-(112-144) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado (10YR 5/6),
vermelho-claro (2,5YR 6/6) e bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/4); areia; maciça; friável a
firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
C1 (112-144)-(143-160) cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno (10YR 4/3) e bruno-
escuro (10YR 3/3); areia; grãos simples; solta, muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e gradual.
C2 (143-160)-180
+
cm, cinzento-claro (10YR 7/2, úmida); areia; maciça que se desfazem em grãs
simples; friável, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
RAÍZES -
Abundantes finas, poucas médias e grossas no horizonte A; comuns finas no AE; poucas finas e
raras grossas no E; raras finas no EB, Bs1 e Bs2; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES Nível do lençol freático ocorrendo a aproximadamente 200 cm de profundidade. Horizonte
EB apresenta remanescente de Bh de consistência mais firme. Horizonte Bs1, Bs2, C1 e C2 apresentam
estratificações plano-paralelas e contínuas de minerais pesados.
264
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P25
DATA – 23/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico espessarênico, A moderado, textura
arenosa, fortemente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Município de Ilha Comprida, São Paulo.
Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.820 km e Longitude oeste: 7.234.722 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito após os cordões
litorâneos, em área plana (2% de declive), antecedendo a duna do perfil P26, sob floresta baixa de restinga
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – fortemente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta baixa de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-14 cm, cinzento (10YR 6/1, úmida); areia; fraca média e pequena granular e grãos simples; solta,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
A2 14-33 cm, bruno-acinzentado (10YR 5/2, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
Bh 33-65 cm, bruno-claro-acinzentado (7,5YR 4/2, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição plana e abrupta.
C1 65-103 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-amarelado-claro (10YR 6/4), bruno
(10YR 5/3); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C2 103-138 cm, bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/4, úmida); areia; maciça que se desfaz em
grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C3 138-201 cm, bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/3, úmida); areia; maciça que se desfaz em
grãos simples; solta, muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e gradual.
C4 201-216
+
cm, cinzento-claro (10YR 7/2, úmida); areia; grãs simples; solta, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas e poucas médias nos horizontes A1, A2 e Bh; comuns finas no C1; poucas finas no
C2; ausente nos demais horizontes.
OBSERVAÇÕES Nível do lençol freático ocorrendo abaixo de 300 cm de profundidade. Estratificações plano-
paralelas de minerais pesados se iniciam no horizonte C2, aumentando em quantidade com a profundidade.
265
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P26
DATA – 24/09/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) –NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, excessivamente
drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Primeira duna próximo à praia, Município de
Ilha Comprida, São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 212.849 km e Longitude oeste: 7.234.721 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito no topo da primeira duna
próxima à praia, em relevo plano no topo curto da duna (1 % de declive), sob vegetação de escrube
LITOLOGIA – Sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Holoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – excessivamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – Escrube
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-(11-27) cm, bruno (7,5YR 5/2, úmido); areia; fraca pequena e média granular e grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
AC (11-27)-45 cm, bruno (10YR 5/3, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e clara.
C1 45-70 cm, cinzento-claro (10YR 7/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não
pegajosa; transição plana e abrupta.
C2 70-128 cm, bruno-amarelo-claro (10YR 6/4, úmido); areia; maciça que se desfaz em grãos
simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C3 128-210 cm+, vermelho-claro-acinzentado (2,5YR 7/2, úmido); areia; grãos simples; muito
friável, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas e médias, comuns grossas no horizonte A; comuns finas no AC; poucas finas
no C1; raras nos horizontes C2 e C3.
OBSERVAÇÕES – Estratificação de minerais pesados no horizonte C2 e sotopostos.
266
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P27
DATA – 26/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa,
imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Condomínio Agrosolar, situado a 4 metros da
falésia do Mar de Cananéia, município de Cananéia, São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 206.972 km e
Longitude oeste: 7.235.865 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive), sob vegetação de floresta baixa de restinga alterada
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho.
MATERIAL ORIGINÁRIO – Sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-18 cm, cinzento-escuro (7,5YR 4/1, úmido); areia; fraca pequena granular que se desfaz em
grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
EA 18-29 cm, cinzento(7,5YR 6/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
E 29-(84-94) cm, branco, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não
plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
EB (84-94)-(90-109) cm, cinzento (7,5YR 6/1); areia; maciça; muito friável, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh (90-109)-(99-115) cm, cinzento muito escuro (7,5YR 3/1, úmido); areia; maciça; muito firme,
não plástica e não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bhm (99-115)-160 cm+, coloração variegada, úmida, composta de preto (10YR 2/1) e bruno-escuro
(10YR 3/2 e 10YR 3/3); areia; maciça; extremamente firme, não plástica e não pegajosa
RAÍZES - Abundantes finas e poucas médias no horizonte A; poucas finas no EA; raras finas nos
horizonte E e EB; ausentes nos demais.
267
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P28
DATA – 27/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico espessarênico, A fraco, textura
arenosa, bem drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Condomínio Agrosolar, município de Cananéia,
São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 206.862 km e Longitude oeste: 7.236.165 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive), sob vegetação de floresta baixa de restinga alterada
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – bem drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-21 cm, cinzento (10YR 5/1, úmido); areia; fraca pequena granular que se desfaz em grãos
simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E 18-(54-126) cm, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhs1 (54-62)-(65-73) cm, bruno (10YR 4/3, úmida); areia; maciça; firme e localmente muito firme,
não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhs2 (65-73)-(77-88) cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida); areia; maciça; firme a
friável, não plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhs3 (60-68)-108 cm, coloração variegada, úmida, composta de bruno-escuro (7,5YR 3/2) e bruno
(10YR 5/3); areia; maciça; firme e localmente muito firme, não plástica e não pegajosa;
transição descontínua e abrupta.
Bhs4 (77-109)-(111-177) cm, bruno muito escuro (7,5YR 2,5/2); areia; maciça; friável a firme, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e abrupta.
Bhs5 (111-177)-200 cm, (10YR 2/1) e bruno-escuro (10YR 7/6); areia; maciça; muito friável, não
plástica e não pegajosa; transição descontínua e clara.
Bhs6 134-160 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4); areia; maciça; muito friável, não plástica e não
pegajosa; descontínua e abrupta;
Bhs7 150-200 cm+, bruno-amarelado (10YR 5/5); areia; maciça; firme a muito firme, não plástica e
não pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas e poucas médias e grossas no horizonte A; poucas finas e grossas no E; poucas
finas nos horizontes Bhs1 e Bhs2; ausentes nos demais horizontes.
268
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P29
DATA – 28/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa,
imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Condomínio Agrosolar, município de Cananéia,
São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 206.318 km e Longitude oeste: 7.236.043 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive), sob vegetação de floresta baixa de restinga alterada
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – mal drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-14 cm, cinzento muito escuro (7,5YR 3/1, úmido); areia; fraca pequena e média granular que
se desfaz em grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e
abrupta.
E 14-(47-60) cm, cinzento-claro (7,5YR 7/1, úmido), mosqueado abundante pequeno e médio
difuso cinzento (7,5YR 5/1, úmido); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa;
transição ondulada e abrupta.
Bh (47-60)-(60-70) cm, preto (10YR 2/1, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não
pegajosa; transição ondulada e clara.
Bhm1 (60-70)-87 cm, coloração variegada, úmida, composta de preto (10YR 2/1) e bruno muito
escuro (7,5YR 2,5/2); areia; maciça; extremamente firme, não plástica e não pegajosa;
transição plana e abrupta.
Bhm2 87-104 cm, bruno-escuro (7,5YR 3/3, úmido); areia; maciça; muito firme, não plástica e não
pegajosa; transição plana e abrupta.
Bs 104-115 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES - Abundantes finas e poucas médias no horizonte A; poucas finas no E e Bh; ausentes nos
demais horizontes.
OBSERVAÇÕESEstratificações plano-paralelas de minerais pesados nos horizontes espódicos, melhor expressas
no horizonte Bhm2.
269
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P30
DATA – 30/10/2006
CLASSIFICAÇÃO – ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura arenosa, imperfeitamente
drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Condomínio Agrosolar, município de Cananéia,
São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 206.083 km e Longitude oeste: 7.236.262 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (1 % de
declive), sob vegetação de floresta alta de restinga alterada
LITOLOGIA – sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-10 cm, cinzento muito escuro (7,5YR 3/1, úmido); areia; moderada pequena e dia
granular que se desfaz em grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
E 10-18 cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-claro (7,5YR 7/1) e cinzento-
rosado (7,5YR 7/2); areia; grãos simples; solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e
abrupta.
Bhg (33-40)-(40-44) cm, coloração variegada, úmida, composta de cinzento-escuro (7,5YR 4/1) e
preto (10YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não pegajosa; transição
ondulada e abrupta.
Bh (40-44)-(58-76) cm, preto (7,5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme e localmente muito
firme, não plástica e não pegajosa; transição ondulada e clara.
Bhm (58-76)-105 cm+, bruno-avermelhado-escuro (5YR 2,5/2, úmido); areia; maciça;
extremamente firme, não plástica e não pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas e poucas médias no horizonte A; poucas finas no E e Bhg; ausentes no Bhm.
270
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL – P31
DATA – 31/10/2006
CLASSIFICAÇÃO (SiBCS, 2006) – ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO Órtico dúrico, A fraco, textura
arenosa, imperfeitamente drenado
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS – Condomínio Agrosolar, município de Cananéia,
São Paulo. Coordenadas: Zona 23, Latitude sul: 206.083 km e Longitude oeste: 7.236.264 km
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – perfil descrito em relevo plano (0 % de
declive), situado a 2 metros do barrando do Mar de Cubatão, sob floresta alta de restinga alterada
LITOLOGIA – Sedimentos arenosos marinhos
PERÍODO – Pleistoceno – Quaternário Marinho
MATERIAL ORIGINÁRIO – sedimentos arenosos marinhos
PEDREGOSIDADE – ausente
ROCHOSIDADE – ausente
RELEVO LOCAL – plano
REGIONAL – plano
EROSÃO – ausente
DRENAGEM – imperfeitamente drenado
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA – floresta alta de restinga
USO ATUAL – sem uso
CLIMA – Af
DESCRITO E COLETADO POR – Maurício Rizzato Coelho e Vanda Moreira Martins
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-23 cm, cinzento (7,5YR 5/1, úmido); areia; fraca, muito pequena granular que se desfaz em
grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
E 23-(45-55) cm, cinzento-claro (10YR 7/1, úmida); areia; grãos simples; solta, não plástica e
não pegajosa; transição ondulada e abrupta.
Bh (45-55)-(65-87) cm, preto (7,5YR 2,5/1, úmido); areia; maciça; firme, não plástica e não
pegajosa; transição descontínua e clara.
Bhm (65-87)-140 cm, preto (10YR 2/1, úmido); areia; maciça; extremamente firme, não plástica e
não pegajosa; transição plana e abrupta.
Bs1 140-290 cm+, amarelo-brunado (10YR 6/6, úmido); areia; maciça; muito firme, não plástica e
não pegajosa; transição plana e clara;
Bs2 290-500 cm+, amarelo (10YR 7/6, úmido); areia; maciça; friável a firme, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES - Comuns finas e poucas médias no horizonte A; poucas finas no E e Bh; ausentes nos demais.
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