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como um símbolo de pertinência a um grupo social, que proporciona um sinal de identidade
pessoal.
O consumo de substâncias, sem indicação médica e em doses inadequadas, que leva a
um quadro de dependência, seja física, psicológica ou ambas, produz uma neuroadaptação não
desejável e prejudicial e pode gerar uma série de conseqüências, que segundo Ferreira e
Ferreira (In CATALDO NETO, GAUER, FURTADO, 2003, p.335) são:
a) Reações anti-sociais (agressividade, furtos, tráfico ilegal, homicídios, prostituição,
além de um estado de tensão social que gera acidentes, suicídios, conflitos
familiares, ocupacionais, etc.);
b) Síndrome de déficit de atividade, (diminuição ou perda da capacidade cognitiva,
motora, passividade, apatia, isolamento, etc.);
c) Infecções e diminuição das defesas, (devido a falta de assepsia, o uso de drogas
injetáveis pode gerar quadros infecciosos como: hepatite viral, tétano, infecções
oculares, abscessos subcutâneos, síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids)).
d) Perigo de superdosagem (overdose): quando se injetam altas doses depois de um
período de abstinência, o que pode ocasionar morte por depressão respiratória.
A dependência se dá a partir da não resistência à droga, a busca do prazer passa ser
substituída por evitar o desprazer de não consumi-la. Quando a dependência se estabelece, a
droga já não faz parte de uma instância de sua vida, mas torna-se o núcleo central. O
indivíduo acaba por ficar negligente com sua aparência, higiene, a atenção familiar,
compromissos profissionais, etc. O dependente é capaz de gastar todo o seu dinheiro com as
drogas, e quando não o tem, chega a cometer furtos, prostituição e tráfico de drogas para
sustentar o vício.
Com relação ao tratamento, é possível distinguir entre procedimentos e técnicas
específicas (terapia familiar, terapia de grupo, prevenção da recaída e farmacoterapia) e
programas de tratamento. Dentre os procedimentos, é possível destacar:
a) Terapias farmacológicas, nas quais os medicamentos constituem importante
instrumento de ajuda, indicados para reverter os efeitos da intoxicação aguda, para
aliviar os sintomas da abstinência, para controlar a compulsão nos casos mais
graves, e tratar os transtornos psiquiátricos induzidos pela intoxicação aguda.
b) Terapias cognitivo-comportamentais, onde a ênfase está na mudança consciente de
crenças, idéias e comportamentos.
c) Terapias psicodinâmicas, que procuram entender as questões inconscientes
relacionadas ao abuso de drogas.