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JULEÍSA ALBUQUERQUE DOS SANTOS
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR COMO
FACILITADOR DAS INICIATIVAS DE DESENVOLVIMENTO
LOCAL
Dissertação, solicitada como
exigência parcial para obtenção
do título de Mestre em
Desenvolvimento Local,
apresentada à Banca
Examinadora, sob a orientação
do Prof. Dr. Olivier François
Vilpoux.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL –
MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE-MS
2007
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ii
FOLHA DE APROVAÇÃO
Título: “Caracterização do Perfil Empreendedor como Facilitador das Iniciativas
de Desenvolvimento Local”
Área de concentração: Desenvolvimento local em contexto de territorialidades
Linha de Pesquisa: Desenvolvimento local em territorialidades de micros e
pequenos empreendimentos
Dissertação submetida à Comissão Examinadora designada pelo
Conselho do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local – Mestrado
Acadêmico da Universidade Católica Dom Bosco, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Local.
Dissertação aprovada em: 04/05/2007
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Olivier Fançois Vilpoux - Orientador
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB
______________________________________
Prof. Dr. Renato Luiz Sproesser
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
______________________________________
Prof. Dr. José Francisco Vianna
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB
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iii
Dedico esta dissertação
aos amores da minha vida:
Adriano (meu esposo) e
Jéssika (minha filha).
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela presença constante na minha vida;
Aos meus pais (in memoriam) Julio Ferreira dos Santos e Floriza C. de
Albuquerque dos Santos, que foram meus primeiros mestres, me ensinaram a
valorizar o estudo e a lutar pelos meus sonhos. Devo a eles tudo o que sou e tudo
que tenho;
Ao meu esposo, Adriano dos Santos, que foi a pessoa que esteve
presente em todos os momentos me apoiando incondicionalmente;
Ao Prof. Msc. Thales de Souza Campos, que deu o incentivo inicial
para que eu ingressasse no mestrado, colocando a “pulguinha deste desafio” em
minha cabeça;
Ao Prof. Dr. Manfredo Luiz Lins e Silva pelo incentivo do ingresso no
mestrado e apoio no decorrer;
À UCDB, na pessoa do Pe. Jair Marques de Araújo, pelo apoio
financeiro e pelo incentivo dado ao longo do programa de mestrado;
À minha madrinha Nirciléia Albuquerque Vargas, pelo apoio e carinho
dispensado à Jéssika e à mim no momento de finalização da dissertação, sem os
quais não seria possível o término deste trabalho;
Ao meu irmão Sandro César, minha sobrinha Stéffany, minha cunhada
Lenice, minha prima-irmã Elaine, meu padrinho Claudemir e minha madrinha
Marly por fazerem parte da minha vida;
Enfim, a todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para
conclusão deste trabalho, meu muito obrigado!
v
Alguns homens vêem as coisas como são,
e perguntam: "Por quê?"
Eu sonho com as coisas que nunca existiram
e pergunto: "Por que não?"
Bernard Shaw
vi
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................vii
RESUMO.............................................................................................................................ix
ABSTRACT..........................................................................................................................x
I. INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
II. METODOLOGIA DE PESQUISA.................................................................................6
III. REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................................9
3.1Desenvolvimento Local...........................................................................................9
3.1.1 Noções gerais................................................................................................9
3.1.2 Comunidade.................................................................................................14
3.2 Empreendedor ......................................................................................................15
3.2.1 Noções gerais..............................................................................................16
3.2.2 Características do empreendedor............................................................21
3.3 Papel do Empreendedor no Desenvolvimento Local .....................................32
3.3.1 Contribuição dos pequenos empreendimentos......................................32
3.3.2 Empreendedor como agente de desenvolvimento................................38
IV. CARACTERÍSTICAS DE IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR..40
4.1 Características Baseadas na Bibliografia.........................................................40
4.2 Características Baseadas em Estudos de Casos...........................................42
4.2.1 Cremogema: Eudóxio Calmon..................................................................42
4.2.2 DB – Brinquedos Ltda.: Adelino Pimentel Neto .....................................44
4.2.3 O empreendedor do século XX: Francesco Matarazzo........................45
4.2.4 Prata 1000 Indústria e Comércio Ltda.: Edison Morelis Coca.............47
4.3 Confronto da Bibliografia com os Estudos de Casos.....................................48
V. CONCLUSÕES.............................................................................................................50
REFERÊNCIAS.................................................................................................................52
ANEXO ...............................................................................................................................60
vii
LISTA DE ABREVIATURAS
ABC Agência Brasileira de Cooperação
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social
CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
DLIS Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável
ECINF Economia Informal Urbana
FIB Felicidade Interna Bruta
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GEM Global Entrepreneurship Monitor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IEA Instituto de Estudos Avançados
IQV Índice de Qualidade de Vida
LETS Local Employment and Trading System
MPME Micro, Pequenas e Médias Empresas
MRE Ministério das Relações Exteriores
viii
OECD Organization for Economic Cooperation and Develpment
ONG’s Organizações Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PIB Produto Interno Bruto
PMEs
Pequenas e Médias Empresas
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas
Empresas
SEL Systèmes d’Echange Local
SOFTEX Sociedade Brasileira para Exportação de Software
UCDB Universidade Católica Dom Bosco
ix
RESUMO
A presente dissertação focaliza a caracterização do perfil
empreendedor para facilitar iniciativas de desenvolvimento local. Parte-se do
pressuposto de que ao conhecer as variáveis que formam o perfil empreendedor
pode-se ter maior eficiência no oferecimento de cursos à membros de uma
comunidade que possuem tal perfil, aumentando as chances de sucesso e,
portanto, facilitando o desenvolvimento daquele local. A pesquisa demonstra que
há diferença entre características pessoais, técnicas e gerenciais, sendo a
primeira impossível de ser aprendida por ser inerente a cada indivíduo. São
identificadas as oito características pessoais de um empreendedor mais
encontradas em artigos científicos. Em seguida, são analisados quatro casos de
empreendedores de sucesso e verificado se as características isoladas são
encontradas nestas pessoas. Finalmente é feita uma análise das características
extraídas do referencial teórico em confronto com os estudos de casos, a fim de
destacar as características que realmente fizeram a diferença para o sucesso
empresarial desses empreendedores. Os resultados obtidos poderão subsidiar
pesquisas futuras em pequenas comunidades, buscando as características
identificadas em pessoas da comunidade para favorecer o desenvolvimento local
ou verificando a existência dessas características nos empreendedores de
sucesso de várias comunidades.
Palavras-chave: empreendedorismo, desenvolvimento local, perfil empreendedor.
x
ABSTRACT
This work focuses on the characterization of entrepreneur profile, to turn easier the
Local Development initiatives. It starts from the assumption that knowing the
variables that build the entrepreneur profile can efficiently offers training to
community members that have the requested profile, increasing possibilities of
success and, therefore, helping local development. The research demonstrates
that exists differences among personal, technical and management
characteristics, where the first is inherent to each individual and cannot be teach.
The work identifies the eight entrepreneur personal characteristics most found in
the consulted literature. After that, the story of four well succeeded entrepreneurs
is analyzed and it is verified if the 8 identified characteristics can be found in these
cases study. Finally, a comparison of extracted characteristics from literature with
the cases study is realized, with the purpose to identify the most important
characteristics to characterize an entrepreneur. The research results can
subsidize new researches in local communities, identifying the existent
characteristics in small communities to facilitate local development.
Key-words: entrepreneurship, local development, entrepreneur profile.
1
I. INTRODUÇÃO
Há uma preocupação mundial cada vez maior com as dificuldades em
eliminar os problemas de distribuição de renda e de desemprego, em especial por
parte dos países em desenvolvimento. Essa preocupação pode ser evidenciada
pelas diversas discussões em fóruns nacionais e internacionais, tais como o
Fórum Social das Américas, o Fórum Social Mundial, o projeto governamental
brasileiro intitulado Projeto Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local,
além de discussões em instituições de pesquisa, universidades e ONG’s.
As empresas possuem um papel muito importante para o
desenvolvimento econômico de um país, principalmente os micro e pequenos
empreendimentos. Esses últimos constituem o cerne da dinâmica da economia
dos países, os impulsionadores do mercado, os geradores de oportunidades
mesmo em situações de recessão. Atualmente são os maiores geradores de
empregos e alvos de numerosas políticas públicas de desenvolvimento
(CHIAVENATO, 1995).
A educação é um dos motores que mais contribui para o crescimento
econômico de um país e, portanto, deve ser valorizada. Os cursos de
empreendedorismo devem preparar o indivíduo para as mudanças no mundo
empresarial.
Com a mundialização e a aceleração das mudanças tecnológicas e
de consumo,
além da preocupação com responsabilidade social,
houve um
aumento da necessidade de adaptação e flexibilidade por parte das empresas.
As grandes empresas substituíram a mão de obra por maquinário e tecnologia,
na busca de redução de custos e aumento da qualidade. As micro e pequenas
empresas passaram a valorizar ainda mais a postura de iniciativa, visão e
criatividade, exigindo atitudes e comportamentos pró-ativos para tornar o
empreendimento competitivo e lucrativo (CAMILOTTI, 2001).
2
Justificativa
Na pesquisa da GEM (Global Entrepreneurship Monitor) de 1999, para
investigar as complexas relações entre empreendedorismo e crescimento
econômico dos sete países mais ricos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados
Unidos, França, Inglaterra, Itália e Japão) além da Dinamarca, Finlândia e Israel,
ficou evidenciado que o empreendedorismo é o principal fator de desenvolvimento
econômico de um país.
Em 2004, a GEM avaliou as condições de empreender no Brasil e
encontrou três limitações principais: o apoio financeiro, as políticas
governamentais e a educação / treinamento. Esse estudo considerou como senso
comum que o empreendedorismo e desenvolvimento econômico compõem um
circulo virtuoso e, portanto, devem estar no topo das prioridades das políticas
públicas. Em conseqüência, o empreendedor deve ser considerado como
essencial no processo de desenvolvimento.
Na tentativa de fazer com que a educação e os treinamentos não
sejam considerados uma limitação ao empreendedorismo, diversas instituições
estão oferecendo cursos, inclusive via internet. Exemplo disto é a parceria entre
SEBRAE e o IEA (Instituto de Estudos Avançados) que segundo Malvestiti et al.
(2005) é o maior programa gratuito de formação empreendedora via internet de
toda a América Latina, com duração de 2 meses e carga horária de 30h. Em
quatro anos, 177.734 pessoas se inscreveram e 66,85% concluíram o curso, das
quais 34% são estudantes universitários e apenas 12,9% abriram seus próprios
negócios.
Recentemente, o empreendedorismo tem sido uma das principais
estratégias utilizadas para acelerar o desenvolvimento econômico de um país ou
de uma comunidade, principalmente através de políticas públicas. O local onde se
instala a empresa é beneficiado não só com a geração de empregos, mas com a
movimentação da economia local. Isto significa que outros setores também são
beneficiados, surgindo a geração de renda direta e indireta de tal forma que
proporciona melhoria na qualidade de vida dos envolvidos neste ciclo
(DOLABELA, 1999; GEM, 2004; MARCO, 2003).
3
Em paralelo a valorização das micro e pequenas empresas, a noção
de
empreendedor ganhou grande destaque. Segundo Dolabela (1999), Jean-
Baptiste Say, considerado o pai do empreendedorismo, e Schumpeter associam o
empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento
de oportunidades em negócios. O empreendedor é um indivíduo que aloca
valores para a sociedade, através de sua capacidade de fazer prosperar um
empreendimento. Por isso ele possui um papel relevante no desenvolvimento.
Segundo Nolan (2000), pesquisas indicam que as regiões que têm rápido
desenvolvimento geralmente têm altas taxas de abertura de empresas.
Conforme indicado por Nolan (2000), a OECD (Organization for
Economic Cooperation and Develpment), da qual fazem parte 30 países, fez um
levantamento sobre os principais problemas gerados pela falta de emprego e de
padrões de vida razoáveis. Foram apontados os problemas de saúde, moradia de
baixa qualidade, crime e exclusão social como fatores mais importantes. Na
tentativa de melhorar este quadro foram realizadas várias estratégias, dentre elas
o apoio à criação de novas empresas.
Hipótese
O presente trabalho uniu dois temas de relevância para o progresso
econômico, social e político de um país, o empreendedorismo e o
desenvolvimento local. A questão central da pesquisa se embasa no fato de que o
empreendedor possui papel relevante para o desenvolvimento local e o
crescimento da comunidade na qual está inserido. A pesquisa se baseia na
hipótese que as dificuldades de iniciativas locais favoráveis ao desenvolvimento
em pequenas comunidades podem ser melhoradas a partir do momento em que é
possível identificar pessoas com potencial empreendedor, ou seja, que possuam
características pessoais empreendedoras. Identificadas as características
pessoais relevantes e as pessoas com o perfil adequado, é possível trabalhar as
características técnicas e gerenciais, outras características relevantes para um
empreendedor, mas que não dependem do perfil da pessoa e podem ser
ensinadas
(DORNELAS, 2001).
4
Há uma ligação bem forte entre o empreendedorismo e o
desenvolvimento local, evidenciada pelas inúmeras ações desenvolvidas não só
no Brasil, mas em diversos países, para tentar suprir a necessidade de geração
de emprego e melhoria da qualidade de vida. Assim, para favorecer as iniciativas
de Desenvolvimento Local precisa-se de empreendedores. Por isso é necessário
identificar as pessoas com maior probabilidade de se tornar empreendedor.
Objetivo
Pretende-se identificar as características importantes que devem fazer
parte do perfil de um empreendedor. A identificação de perfis empreendedores
em pequenas comunidades facilita as atividades de treinamento para permitir a
emergência de atores locais de desenvolvimento e para auxiliar na criação de
pequenos empreendimentos.
Apresentação da pesquisa
Na primeira etapa é apresentada a metodologia adotada, onde é
explicado de que forma foi conduzida a pesquisa. Em seguida é abordado o
referencial teórico, que traz na primeira seção noções gerais de desenvolvimento,
comunidade e capital social. O desenvolvimento local não é a questão central
desta pesquisa, porém é o que se espera atingir a partir dos resultados da
pesquisa. Portanto, é preciso entender seus fundamentos para poder entender a
razão de se pesquisar o perfil empreendedor. Além do desenvolvimento local, a
identificação de pessoas com perfil empreendedor passa pelas noções de
comunidade.
A segunda seção do referencial teórico explica noções gerais de
empreendedor e apresenta as diferentes características do empreendedor, a
partir de vários autores. A terceira seção aborda a importância dos pequenos
empreendimentos para o desenvolvimento local e o papel do empreendedor como
agente de desenvolvimento.
O quarto capítulo apresenta as características relevantes para
identificação do perfil empreendedor, primeiramente através da coletânea exposta
5
no referencial teórico, com a seleção das variáveis mais utilizadas. Em seguida
são descritos e analisados quatro casos de sucesso, de modo a verificar quais as
características encontradas nestes. Finalmente é feito um confronto entre a
bibliografia e os casos a fim de afunilar a quantidade de variáveis relevantes e
sintetizar as características realmente importantes para o sucesso de um
empreendimento.
O último capítulo apresenta as considerações finais, onde são descritas
as contribuições da pesquisa e em seguida as sugestões para trabalhos futuros.
6
II. METODOLOGIA DE PESQUISA
Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 155), a pesquisa é “um
procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir
novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”.
Portanto, busca-se conhecer uma realidade ou descobrir novos fatos ou verdades
referentes ao tema proposto.
Lakatos e Marconi (2004) expõem que ao definir o método, se
determina o caminho pelo qual se pretende chegar a determinado resultado e a
forma de proceder ao longo deste caminho, além de ajudar a compreender o
processo de investigação. Caso algum outro pesquisador repita o mesmo método,
deve chegar ao mesmo resultado. Os autores enfatizam que não há ciência sem o
emprego de métodos científicos, ordenados e racionais.
Método de Pesquisa
O método de pesquisa escolhido foi o indutivo, que segundo Lakatos e
Marconi (2004) é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, insere-se uma verdade geral ou
universal, não contidas nas partes examinadas.
Segundo estes autores, ao se escolher o método indutivo deve-se
considerar três elementos fundamentais: 1. observação dos fenômenos; 2.
descoberta da relação entre eles; 3. generalização da relação. A pesquisa seguiu
as etapas de indução apresentadas a seguir:
1. Observação dos fenômenos - nesta etapa foram observados os
fatos através da revisão bibliográfica e dos casos de empreendedores de
sucesso, analisados com a finalidade de caracterizar o perfil empreendedor para
facilitar iniciativas de desenvolvimento local.
7
a) Revisão Bibliográfica: Segundo Fachin (2001), consiste na obtenção
de informações que dão embasamento teórico à pesquisa, através de consulta
em artigos, livros, revistas, jornais, dissertações, teses, enciclopédias, etc.
Cervo (2002) explana que a revisão bibliográfica pode ser realizada
independentemente ou como parte da pesquisa, buscando conhecer e analisar as
contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado
assunto, tema ou problema.
Sendo assim, foram pesquisados livros nacionais e internacionais,
dissertações, teses, artigos nacionais e internacionais. Foram transcritas todas as
características destacadas por cada autor.
Através da revisão bibliográfica foram definidas as variáveis de
pesquisa do perfil empreendedor em Técnica (know-how técnico na sua área de
atuação), Gerencial (controle de ações de diversas áreas) e Pessoal (já presentes
no indivíduo) e montada uma tabela onde são separadas as características
pessoais, foco da pesquisa, das características técnica e gerencial que podem ser
aprendidas. Em seguida, foram selecionadas as características citadas pelos
autores que mais aparecem como relevantes.
b) Casos de Empreendedores de Sucesso: Após selecionar as
características pessoais, foi necessário avaliar a presença dessas características
em empreendedores de sucesso. Foram destacados quatro estudos de casos e
verificado quais as características pessoais identificadas na literatura são
encontradas nesses empreendedores.
O critério utilizado para seleção dos casos foi a amostra não
probabilística e intencional, baseado em revisão de literatura.
2. Descoberta da relação entre os fenômenos observados – na
segunda etapa procurou-se, por intermédio da comparação, descobrir a relação
existente entre as características identificadas na literatura e aquelas levantadas
a partir dos estudos de caso. Após a análise do referencial teórico, a separação
das características mais relevantes e a verificação da presença dessas
características nos quatro empreendedores avaliados, foi realizado um
8
cruzamento das informações na busca de restringir as características
necessárias para identificar um empreendedor.
3. Generalização da relação – Com o fechamento do método indutivo,
faz-se a generalização dos fatos pesquisados e se apresenta o perfil
empreendedor, segundo as observações e descobertas da relação entre os
dados bibliográficos e os estudos de caso. A partir da síntese da bibliografia e
dos casos de sucesso, generalizou-se que as pessoas que possuem as
características selecionadas terão mais facilidade em gerenciar seu próprio
negócio e em conseqüência, facilitarão o desenvolvimento de suas
Comunidades.
Após a realização da pesquisa através do método escolhido, a
conclusão apresenta as considerações finais e aborda os limites do estudo,
indicando as pesquisas complementares que poderão ser realizadas para verificar
a aplicabilidade dos resultados apresentados.
9
III. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico é dividido em três seções, a primeira aborda a
noção de desenvolvimento local, com definições e dados relevantes, a segunda
apresenta as noções de empreendedor e empreendedorismo, a terceira enfoca o
papel do empreendedor no desenvolvimento local.
3.1 Desenvolvimento Local
Após a definição dos termos desenvolvimento e local, o capítulo
apresenta termos relevantes para o desenvolvimento local, em especial a noção
de comunidade, onde pode-se encontrar pessoas com perfil empreendedor.
3.1.1 Noções gerais
Baseado em Silva (2003), o termo desenvolvimento tem sido usado
pelos economistas para designar crescimento econômico de longa duração, que
envolve mudanças estruturais de uma sociedade para um estágio mais avançado.
Os organismos internacionais classificam os países como desenvolvidos, em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos de acordo com suas estruturas
econômicas e sociais.
Alguns autores consideram o crescimento sinônimo de
desenvolvimento, enquanto outros pensam que este é apenas uma condição
indispensável para o desenvolvimento. A reflexão sobre estes termos é
importante, conforme afirma Singer (1982) apud Ávila (2000, p. 22):
O crescimento é visto como um processo de expansão quantitativa,
mais comumente observável nos sistemas relativamente estáveis dos
países industrializados, ao passo que o desenvolvimento é encarado
como um processo de transformações qualitativas dos sistemas
econômicos prevalecentes nos países subdesenvolvidos (...). O
desenvolvimento é o processo de passagem de um sistema a outro.
10
Ávila (2000) indica que por desenvolvimento entende-se o
adiantamento, crescimento, aumento e progresso dos estágios econômico, social
e político de uma comunidade. O rompimento das amarras se faz necessário para
que aqueles histórica e tradicionalmente entranhados em sua maneira de ser e
agir, possam se orientar para novas maneiras de evolução com equilíbrio e
progresso, que busca o crescimento do padrão de vida da população de forma
integrada através da transformação econômica, política e social.
Moisés (1999) afirma que crescimento exige material e energia,
enquanto que desenvolvimento produz e se alimenta de interações e informação.
Desta forma, se fala de crescimento populacional e de desenvolvimento
intelectual.
Para Mamede (2004), enquanto crescimento econômico se refere
principalmente à capacidade de uma nação se tornar mais rica através da
produção de bens e serviços, desenvolvimento econômico insinua que os
cidadãos dessa nação terão melhorias.
Tomando como base a definição de Singer (1982) apud Ávila (2000),
pode-se afirmar que a análise de abrangência nacional, estadual e municipal do
PIB (Produto Interno Bruto) e/ou da renda per capita aponta apenas crescimento
do ponto de vista econômico, deixando de lado uma análise do processo de
evolução econômico-social e participativo, beneficiário de toda a população
abrangida. Ávila (2000) complementa a reflexão anterior afirmando que as duas
frentes de desenvolvimento – social e econômico – devem ir em conjunto. A social
potencializa as pessoas para se tornarem sujeitos e agentes inclusive da
econômica e a econômica enseja sustentação material e apoio instrumental ao
alavancamento da social.
Já o local é tratado por Ávila (2000) como um espaço, uma superfície
territorial de dimensões razoáveis para o desenvolvimento da vida, que possui
uma identidade que o diferencia de outros espaços e de outros territórios e no
qual as pessoas habitam, se relacionam, trabalham, compartilham normas,
valores, costumes e representações simbólicas.
Campanhola e Silva (2000) corroboram da mesma linha de raciocínio,
onde local representa o agrupamento de relações sociais. É no lugar que a cultura
11
e outros caracteres não-transferíveis têm sido sedimentados, onde o capital social
age. O local é também onde acontece o encontro das relações de mercado e
onde as instituições públicas atuam para regular a sociedade.
Na visão de Oliveira (2001), o caminho mais rápido para definir o que é
desenvolvimento local é a assimilação à noção de desenvolvimento econômico
que ficou por muito tempo em uso, mas que hoje foi substituído pelo discurso
dominante do crescimento. O autor indica também que desenvolvimento local
pode corresponder à satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e
qualidade de vida.
Desta forma, uma das melhores opções para se avaliar o
desenvolvimento de um país é o critério utilizado pela ONU. Segundo Moisés
(1999), devido a insuficiência dos parâmetros econômicos para avaliar o
desenvolvimento dos países, a ONU passou a calcular o desenvolvimento pelo
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que considera três dimensões, saúde,
educação e renda. O IDH continua avaliando o crescimento econômico através da
estimativa de renda das pessoas em seu próprio país, usando o PIB per capita
com ajuste das diferenças no custo de vida de cada nação. Esse critério avalia
também o desenvolvimento estimando os aspectos ligados à saúde, à esperança
de vida ao nascer e à educação, através da taxa de alfabetização de adultos e da
taxa de matrícula combinada com três níveis de ensino.
Até hoje julgava-se ser possível medir o desenvolvimento de uma
sociedade pelo nível da produção e do consumo de bens e serviços, por meio de
indicadores como o PIB nacional, IDH e posteriormente IQV (Índice de Qualidade
de Vida), que mede o bem estar, a habitação, etc. Outros pesquisadores
refletiram sobre o resultado destes indicadores e adicionaram mais um item a ser
analisado, a FIB (Felicidade Interna Bruta), que além da qualidade de vida, avalia
a harmonia social e riqueza de convívio (MOISÉS, 1999).
De acordo com o Comitê Econômico e Social da Comunidade Européia
(1995), na Europa o desenvolvimento local é concebido como um processo de
reativação da economia e dinamização de uma sociedade local, objetivando o
crescimento da economia, a geração de emprego e melhoria da qualidade de
12
vida, através do aproveitamento dos recursos endógenos. Essa definição é
próxima daquela adotada no Brasil onde a tônica é a clara preocupação com a
geração de emprego e renda, além da preocupação com o meio ambiente. Neste
caso, o desenvolvimento local constitui uma saída para a crise do desemprego e
outros problemas socioeconômicos.
Neste estudo os parâmetros usados para medir o desenvolvimento,
sejam eles PIB ou IDH, são altamente importantes, porém possuem limitações.
Considerando apenas o crescimento das riquezas de um local, não se avalia o
desenvolvimento do local. Para isso, deve-se considerar a conseqüência desta
riqueza, a geração de emprego e renda, preocupação com o bem estar, melhoria
da qualidade de vida, ações para conservação do meio ambiente, respeito à
cultura existente no local e progresso tecnológico e cultural.
Mihailescu (2000) afirma que o local pode ser delimitado de várias
maneiras dependendo do campo de estudo, mas é acima de tudo constituído de
limites espaciais de pequena escala em uma comunidade ou pelo sistema de
redes sociais dos moradores. Com relação ao termo desenvolvimento, o autor
indica que não deve ser definido como qualquer tipo de assistência, o principal é
contribuir com a comunidade para que ela se auto-desenvolva para se tornar
independente e possa caminhar sem necessidade de ser conduzida. O apoio
dado à comunidade pode incluir também o trabalho social, reformas de
construções, melhoramentos ecologicamente orientados e intervenções (no caso
de desastres naturais).
O desenvolvimento local não é um receituário de medidas prontas,
tampouco padronizadas, que podem ser aplicadas em qualquer lugar. É uma
estratégia de ação de combate ao desemprego em prol da melhoria da qualidade
de vida, se utilizando de princípios e pressupostos ecológicos e humanistas. É o
produto da iniciativa compartilhada, da inovação e do empreendedorismo
comunitário, que aparece num contexto em que se esgotam as concepções de
desenvolvimento associadas ao progresso material (“acúmulo de riquezas”),
pessoal (“ganhar a vida”) e ilimitado (“quanto mais melhor”) (MARTINS, 2002).
Para Ávila (2000), o desenvolvimento local implica a detecção tanto das
potencialidades locais de desenvolvimento quanto de condições ou meios
endógenos (de dentro para fora) e exógenos (de fora para dentro) à dimensão
13
local. O desenvolvimento local deve incluir as potencialidades de se subsidiar um
processo contínuo de evolução das potencialidades locais.
Oliveira (2001) trata do desenvolvimento local como tendência contrária
aos processos dominantes. O autor cita o caso da globalização, com a introdução
de momentos de desregulamentação que ao mesmo tempo necessitam a criação
de um diferencial que não possa ser assimilado pelo outro. Essa criação de
diferencial competitivo se assimila muito ao papel do empreendedor, que passa a
ter uma participação relevante no desenvolvimento.
O desenvolvimento local pode ser definido como o despertar, a
mobilização e a emergência das potencialidades de evolução em busca de
qualidade de vida financeira ou humana de uma comunidade. Para isso devem
ser consideradas as peculiaridades e performances da comunidade. O
desenvolvimento deve ser realizado em harmonia interativo-evolutiva com as
dinâmicas das condições culturais, sociais, ambientais e materiais (ÁVILA, 2000).
O mesmo autor escreve que o desenvolvimento local consiste no
rompimento das amarras que prendam as pessoas em seus status quo de vida
para permitir a emergência das capacidades, competências e habilidades de uma
Comunidade. Essa Comunidade, mediante colaboração ativa de agentes externos
e internos, deve se tornar paulatinamente apta a agenciar e gerenciar o
aproveitamento dos potenciais próprios. Segundo o autor, é sempre preferível que
as idéias surjam dos agentes internos e envolvam os externos.
Cabe neste momento explicar o significado dos termos agentes
externos e agentes internos no contexto do desenvolvimento local. Os agentes de
desenvolvimento podem ser agentes externos (Governo, Ong’s, Universidades,
Instituições de Pesquisa, etc.) ou agentes internos, membros da comunidade.
Neste caso os empreendedores podem ter papel relevante. Segundo Silva (2003)
a junção dos agentes internos e externos forma os Agentes Ativos Locais que são
as forças ativas na comunidade local.
A maioria dos autores ressalta que o incentivo ao empreendedorismo
deve ser uma ferramenta melhor utilizada pelo poder público, tendo ele o papel de
principal intermediador e facilitador do desenvolvimento local. Segundo Nolan
(2000), na Europa patrocinada pela Comissão Européia, o poder público foi
14
responsável pela criação de políticas de concessão de recursos financeiros,
acesso facilitado a conselho de negócio e estratégias de aproximação comercial.
O apoio à comunidade não se restringe a facilitação com relação a
finanças, mas envolve motivação, educação, parcerias, entre outros. A
importância da comunidade no processo decisório de desenvolvimento local
justifica a incorporação de uma seção especifica sobre esse tema.
3.1.2 Comunidade
De acordo com Houaiss (2001), o termo comunidade significa:
Qualquer conjunto populacional considerado como um todo, em virtude
de aspectos geográficos, econômicos e/ou culturais comuns (...) ou,
então, grupo de pessoas considerado, dentro de uma formação social
complexa, em suas características específicas e individualizantes (...).
Vários autores têm demonstrado dificuldade em definir comunidade. Por
este motivo tem havido diversas discussões e pesquisas sobre o assunto,
principalmente na sociologia.
D’Avila Filho (2004) indica que o conceito de comunidade tem sido do
interesse de sociólogos por mais de duzentos anos, porém uma definição
satisfatória em termos de sociologia aparenta estar mais distante do que nunca.
Para Diane (2002), não é possível considerar a comunidade apenas
como um lugar específico ou como pessoas que habitam naquele lugar. Ao se
referir ao termo comunidade deve-se ter em mente o conjunto, formando o espaço
geográfico e as relações que nela acontecem. O autor defende que além das
pessoas do lugar, devem se considerar também as ‘pessoas de fora’, que são
partes interessadas ou afetadas por questões de interesse ou projetos realizados
na comunidade. Num bairro é possível perceber a existência de comunidade,
enquanto que em outro considera-se apenas um bairro. O primeiro é chamado de
comunidade pela forte rede de relações existentes e por seu capital social,
enquanto que no segundo existe apenas uma aproximação geográfica, onde as
pessoas não se conhecem e não se relacionam.
O senso de comunidade abriga pessoas auto-identificáveis, ou
identificadas por outras, que interagem socialmente, têm laços históricos em
15
comum, conhecem as necessidades uns dos outros, dividem valores similares e
algumas vezes dividem espaços físicos.
Há também a comunidade não relacionada ao local, mas baseada em
histórias em comum, visões política ou pontos de vista similares, como por
exemplo os ativistas ambientais que lutam por um mesmo ideal, ou ainda usuários
em uma sala de bate-papo na internet que interagem socialmente. Segundo
D’Avila Filho (2004), compartilham de interesses em comum, sejam estes sociais,
profissionais, ocupacionais ou religiosos.
Para Mihailescu (2000), ao trabalhar o desenvolvimento deve-se
respeitar as diferenças comportamentais dos indivíduos, que variam de uma
região para outra ou de uma comunidade para outra. Não há receita de
desenvolvimento que possa ser aplicada em qualquer comunidade, justamente
por causa da individualidade local, motivação e potencialidade.
A comunidade, através de seus agentes internos, deve assumir o
agenciamento do seu desenvolvimento. Os agentes externos devem se envolver
apenas participando e não nas decisões de base sobre as ações a serem
realizadas. Segundo Ávila (2000), são os fatores exógenos que dão suporte à
comunidade, mas é ela que dinamiza as forças individuais, familiares e coletivas,
em busca de interesses e objetivos comuns, identidade social, cultural e histórica.
Daí a importância de se traçar o perfil empreendedor para detectar as pessoas
com capacidade para atuar como agentes internos e que poderiam promover o
desenvolvimento da comunidade.
Demonstrado o papel relevante da comunidade, cabe demonstrar a
seguir alguns dados que evidenciam a relevância dos pequenos
empreendimentos para o desenvolvimento local.
3.2 Empreendedor
Nesta seção são apresentadas noções sobre empreendedor e
empreendedorismo, tais como histórico, definições e características.
16
3.2.1 Noções gerais
Historicamente pode-se refletir que os maiores avanços foram
conquistados devido a ações de pessoas com perfil empreendedor, mesmo antes
destas capacidades de agir, de inovar, de ariscar, etc. serem batizadas de
empreendedorismo. Alguém teve que ousar para melhorar a qualidade de vida
das pessoas. Retornando à época primitiva, o homem já apresentava ações
empreendedoras ao criar uma arma para caçar, mas ainda não havia a
preocupação com o mercado.
As primeiras constatações de ações empreendedoras ocorreram no
Século XVII, época em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual
com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos, assumindo
riscos. Segundo Mota; Santos e Silva (2004), Richard Cantillon (1680-1734),
Irlandês que viveu na França, foi um importante escritor e economista e
considerado por muitos o criador do termo empreendedorismo, tendo sido um dos
primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos) do capitalista
(aquele que fornece capital).
No Século XVIII, provavelmente devido a Revolução Industrial e
conseqüente início da industrialização, o empreendedor foi de fato diferenciado do
capitalista. Jean-Baptiste Say (1767-1832), industrial, economista clássico francês
e divulgador da obra de Adam Smith, considerou o desenvolvimento econômico
um resultado da criação de novos empreendimentos. Na qualidade de Professor
do Cóllege de France, Say elaborou uma teoria das funções do empresário e
atribuiu-lhe um papel de especial importância na dinâmica de crescimento da
economia (GOMES, 2005). Mas foi o economista Schumpeter (1883-1950) quem
deu projeção ao tema, associando definitivamente o empreendedor ao conceito
de inovação e apontando-o como o elemento que dispara e explica o
desenvolvimento econômico (GOMES, 2005).
Para Tupanangyr (1996) apud Ramos e Escrivão (2000), no Século XIX
os empreendedores foram caracterizados pela sua perseverança e abundante
energia empreendedora. Tinham pouco ou nenhum capital inicial e nenhuma
nobreza ou título, pois vinham da classe média existente. Seus principais
objetivos eram o crescimento de suas organizações, aliado ao espírito de
inovação. Eles estavam envolvidos na criação científica e sua aplicação
17
comercial, procurando fazer coisas diferentes a partir de novos métodos. A
inovação era a característica central de um empreendedor e a criatividade sua
essência.
Segundo Agostini (2001), no século XX os empreendedores foram
freqüentemente confundidos com os administradores, sendo analisados
meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a
empresa, pagam empregados, planejam, dirigem e controlam as ações
desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. Neste
século uma contribuição importante ao empreendedorismo foi de considerar a
administração como ciência.
Gomes (2005) expõe que o psicólogo David McClelland (1917-1998),
também deu sua contribuição significativa para o empreendedorismo. Foi ele
quem desenvolveu a primeira concepção de comportamento empreendedor,
abordando a motivação, instigando a discussão sobre o assunto.
Com a criação do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e
Pequenas Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de
Software) em 1990, o movimento do empreendedorismo ganhou mais força no
Brasil. Segundo Dornelas (2001, p. 26), “o SEBRAE dava suporte ao pequeno
empresário brasileiro e a SOFTEX foi criada com o intuito de levar as empresas
de software do país ao mercado externo, por meio de várias ações que
proporcionavam ao empresário de informática a capacitação em gestão de
tecnologia”. Neste período houve a entrada de produtos importados que ajudaram
a controlar os preços, uma condição importante para o país voltar a crescer.
Porém, houve também a concorrência com os importados. As empresas tiveram
que se modernizar e criar estratégias para competir com o mercado externo,
enquanto que outras acabaram se extinguindo neste processo de mudança.
A partir desse período passou-se a falar mais sobre empreendedorismo
e criação de pequenas empresas. Com a importância de se incentivar o
empreendedorismo, surgiu a preocupação de capacitar os candidatos a
empreendedor. Como exemplo é possível citar os diversos cursos oferecidos na
área de empreendedorismo, principalmente pelo SEBRAE e por várias
universidades através de disciplinas específicas na graduação e pós-graduação.
18
Para entender o significado, o papel e a relevância do
empreendedorismo e do empreendedor, é necessário começar pela origem do
termo. Dolabela (1999) expõe que é um neologismo derivado da livre tradução da
palavra entrepreneurship, utilizado para designar os estudos relativos ao
empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo
de atuação.
Porém, alguns autores expõem que o termo empreendedorismo, teria
origem da palavra francesa entrepreneur. Outros afirmam que empreendedorismo
ou empreendedor são substantivos derivados do verbo empreender que, por sua
vez, tem sua origem na forma verbal latina imprehendo ou impraehendo que
significa “tentar executar uma tarefa”.
Segundo Gomes (2005), o substantivo empreendedor aparece pela
primeira vez em texto escrito em língua portuguesa no ano de 1563, no livro
Imagem da Vida Christam ordenada per diálogos como membros de sua
composiçam; Composto per Frey Hector Pinto, frade Ieronymo.
O empreendedorismo é definido como algo relevante para o
desenvolvimento de uma sociedade, tendo como agentes os empreendedores.
Estes são pessoas com características especiais que contribuem
fundamentalmente para a realização de um sonho.
De acordo com Dolabela (1999, p. 43), o empreendedorismo é utilizado
para:
designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas
origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação [...] a
palavra empreendedor é utilizada também para designar principalmente
as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na
transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração
do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing,
produção, etc.
Por refletir lógicas diferentes, Filion (1999) apud Dolabela (1999, p. 52),
sugere que “na próxima década o empreendedorismo será um dos principais
pontos de aglutinação das ciências humanas”. Dornelas (2001, p. 24) confirma
esta previsão afirmando que: “[...] o empreendedorismo é o combustível para o
crescimento econômico, criando emprego e prosperidade”.
Para Mamede (2004), o empreendedorismo é a habilidade e vontade
dos indivíduos, tanto por si mesmo e dentro de organizações, para:
19
• Perceber e criar novas oportunidades econômicas (novos produtos,
novos métodos de produção, novos esquemas organizacionais e novas
combinações de produto-mercado);
• Introduzir as suas idéias no mercado, em face à incerteza e outros
obstáculos, tomando decisões na forma e no uso de recursos e
instituições;
• Competir com outros por uma parte do mercado.
Na concepção de Dolabela (1999), o empreendedorismo visa o
desenvolvimento de uma sociedade empreendedora através do trabalho de
indivíduos inovadores e independentes. Esses indivíduos aceitam riscos e
colocam como objetivo a transformação de suas comunidades.
Diante destas definições, pode-se afirmar que o empreendedorismo tem
muito a contribuir com o desenvolvimento de uma comunidade, pois conforme
Ávila (2000), é tarefa do empreendedor transformar a sua comunidade por meio
de sua participação ativa.
Richard Cantillon chamou de empreendedores aqueles indivíduos que
compravam matérias-primas (geralmente um produto agrícola) por um preço certo
e as vendiam a terceiros a preço incerto, depois de processá-las. Neste caso,
eram considerados empreendedores por observar uma oportunidade e assumir os
riscos (GOMES, 2005). Enquanto que Jean Baptiste Say definia o empreendedor
como aquele que transfere recursos econômicos de um setor de produtividade
mais baixa para um setor de produtividade elevada e de rendimento. O autor
apresentou alguns requisitos necessários para que um indivíduo se torne um ser
empreendedor tais como julgamento, perseverança e um conhecimento do mundo
e dos negócios. O sujeito empreendedor deveria ainda, segundo ele, possuir a
arte da superintendência e da administração (CAMILOTTI, 2001).
Na visão de Schumpeter o empreendedor não é necessariamente o
dono do capital (capitalista), mas um agente capaz de mobilizá-lo. Não é
necessariamente alguém que conheça as novas combinações, mas aquele que
consegue identificá-las e usá-las eficientemente no processo produtivo.
Schumpeter considerava que o desenvolvimento econômico era auxiliado por três
20
fatores fundamentais: as inovações tecnológicas, o crédito bancário e o
empresário inovador (GOMES, 2005).
Sabe-se que no século XX o mundo passou por transformações
conceituais e tecnológicas muito importantes num período de tempo muito curto,
transformando o dia-a-dia das pessoas. Essas transformações se devem à
inovações de produtos, tecnologias ou introdução de uma nova visão de como
utilizar algo existente de maneira mais eficiente. Vale ressaltar que dando
respaldo a essas inovações, existem pessoas ou equipes de pessoas com
características especiais, chamadas de empreendedoras, como enfatizado por
Dornelas (2001, p. 19):
Por trás dessas invenções, existem pessoas que são visionárias, que
questionam, que arriscam, que querem algo diferente, que fazem
acontecer, que empreendem. Os empreendedores são pessoas
diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que
fazem, não se contentam em ser mais uma na multidão, querem ser
reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um
legado.
Uma vez que os empreendedores estão revolucionando o mundo, seu
comportamento e o próprio processo empreendedor devem ser estudados e
entendidos, principalmente nos dias atuais quando a economia, os meios de
produção e serviços se sofisticaram, sem falar do avanço tecnológico que tem
ocorrido numa velocidade incrível, que requer um número maior de
empreendedores.
O momento pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois
são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e
culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos
econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos,
quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade
(DORNELAS, 2001, p. 19).
Dolabela (1999) identifica o empreendedor como uma pessoa que
imagina, desenvolve e realiza visões e de uma forma simples e abrangente, como
alguém capaz de viabilizar uma empresa através da transformação de um sonho,
um problema ou uma oportunidade de negócios.
Para Dolabela (1999) é difícil definir o empreendedor em poucas
palavras, porque ele possui diversas qualidades e dependendo da formação da
pessoa que está definindo-o ele pode ter um foco diferente.
21
Segundo o autor, os economistas associam o empreendedor à
inovação, em virtude da criatividade para empreendimentos inovadores. Já os
comportamentalistas enfatizam aspectos atitudinais tais como a criatividade,
persistência, internalidade e intuição. Os engenheiros de produção vêem nos
empreendedores bons distribuidores e coordenadores de recursos, enquanto que
os financistas definem o empreendedor como alguém capaz de calcular riscos,
sem arriscar de forma aventureira. É também possível citar os especialistas em
gerenciamento que consideram os empreendedores organizadores competentes
e desembaraçados e o pessoal de marketing que os considera pessoas que
identificam oportunidades e se preocupam com o consumidor.
Percebe-se que o termo empreendedor possui muitas definições
propostas por pesquisadores de diferentes campos do conhecimento, que utilizam
os princípios de suas próprias áreas de interesse para construir o conceito. Mas,
segundo Gomes (2005), duas correntes principais tendem a conter elementos
comuns à maioria delas:
Os economistas liberais, que associam empreendedor à
inovação;
Os psicólogos, que enfatizam os aspectos atitudinais, como a
criatividade e a intuição.
Houve também a contribuição dos comportamentalistas que tentaram
compreender o empreendedor como pessoa (GOMES, 2005).
A complexidade do, ou dos, perfil(is) empreendedor(es) dificulta a
identificação nas comunidades. No entanto, estas precisam ter pessoas com este
perfil para tornarem reais seus sonhos. Os agentes externos sozinhos não
conseguem promover o desenvolvimento e a comunidade pode saber das
próprias necessidades, mas precisa de respaldo na execução do que almeja.
3.2.2 Características do empreendedor
É necessário refletir sobre o ensinar a ser empreendedor para se dar a
devida importância à identificação do perfil empreendedor. Dornelas (2001) indica
que antigamente vários autores afirmavam que o empreendedor era inato devido
22
as suas características pessoais, que proporcionam o sucesso. Segundo o autor,
esta afirmação continua valendo e enfatiza que não é possível aprender a ter um
perfil empreendedor e sim aprender as técnicas empresariais para a criação de
empresas duradouras, ajudando na formação de melhores empresários e
melhores empresas.
Dornelas (2001) traz informações sobre as habilidades requeridas de
um empreendedor, que são classificadas em três áreas:
Técnicas – possuir know-how técnico na sua área de atuação;
Gerenciais - controle das ações das diversas áreas da empresa e
ser um bom negociador;
Características Pessoais - disciplinado, assumir riscos, ser
inovador, ser orientado para mudanças, ser persistente e ser um
líder visionário.
Analisando as habilidades mencionadas pelo autor, pode-se concluir
que as duas primeiras são possíveis de serem aprendidas, já a terceira é pessoal.
Assim, quando se fala da descoberta de um empreendedor num curso ou
treinamento, pode se concluir que a formação proporciona o despertar do espírito
empreendedor ou das características pessoais já presentes no indivíduo, pois não
é possível ensinar a construir tais características.
Seguindo a mesma lógica, Mota; Santos e Silva (2004) consideram que
o aspecto individual, o dom e a aptidão, ou seja, as características pessoais dos
indivíduos, são elementos definidores da personalidade e estão relacionados com
o psicológico. Por aspecto social consideram-se as habilidades e atitudes. As
habilidades podem ser adquiridas por intermédio de treinamentos, cursos,
palestras, etc. A atitude é uma reunião de aptidões e habilidades, ou seja,
representa a vocação pessoal de cada indivíduo associado às habilidades
(treinamentos, cursos e etc.), o que acaba por gerar uma postura diante da
realidade.
A falta de expressão dessas características explica-se pela influência
do meio ou pela falta de oportunidade. Dolabela (1999, p. 68) ressalta que o
empreendedor é produto do meio, podendo variar seu perfil de acordo com o
lugar em que está atuando:
23
As pesquisas nos dizem que o empreendedor é um ser social, produto
do meio em que vive (época e lugar). Se uma pessoa está em ambiente
em que ser empreendedor é visto como algo positivo, terá motivação
para criar seu próprio negócio. É fenômeno regional, ou seja, existem
cidades, regiões, países mais ou menos empreendedores do que
outros. O perfil do empreendedor (fatores do comportamento e atitudes
que contribuem para o sucesso) pode variar de lugar para lugar.
Jacometti e Cruz (2007) refletem que além da influência do lugar,
existem fatores críticos de formação empreendedora, tais como a constituição
biológica, o ambiente familiar de formação e os valores internalizados pelo
indivíduo. Já Dolabela (1999) pensa que não se pode afirmar se é possível
ensinar alguém a ser empreendedor, a ter características empreendedoras
determinantes do sucesso, mas sim que o indivíduo que possui condições para
empreender (características pessoais) saberá aprender o que for necessário para
criar, desenvolver e realizar sua visão. A preocupação em identificar o perfil
empreendedor de sucesso é para avaliar o seu potencial em relação ao seu futuro
trabalho.
No empreendedorismo, o ser é mais importante que o saber: este se
conseqüência das características pessoais que determinam a
metodologia de aprendizagem do candidato a empreendedor (Dolabela
1999, p. 71).
A inexistência de características pessoais que favoreçam o
empreendedor seria um dos motivos pelos quais muitos indivíduos, mesmo tendo
um treinamento para se tornar empreendedores, não conseguem transformar seu
empreendimento num sucesso. A importância das características pessoais no
sucesso de um empreendedor evidencia a necessidade de se entender quais são
essas características.
De acordo com Houaiss (2001), um perfil “é a descrição de uma pessoa
em traços que ressaltam suas características básicas”. Já as características “são
os traços, propriedade ou qualidade distintiva fundamental”.
Dolabela (1999, p. 71-72) lista algumas características do
empreendedor:
Tem um modelo, uma pessoa que o influencia;
Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade
de realização;
Trabalha sozinho. O processo visionário é individual;
24
Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos;
É capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e concentra
esforços para alcançar resultados;
Sabe fixar metas e alcançá-las, luta contra padrões impostos,
diferencia-se;
Tem forte intuição, capacidade de descobrir nichos;
Tem sempre alto comprometimento, crê no que faz;
Cria situações para obter feedback sobre seu comportamento e
sabe utilizar tais informações para seu aprimoramento. Com isso,
considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois
aprende com os próprios erros;
Sabe buscar, utilizar e controlar recursos;
É um sonhador realista, é racional, mas usa também a parte direita
do cérebro;
Cria um sistema próprio de relações com empregados. É
comparado a um “líder de banda”, que dá liberdade a todos os
músicos, mas consegue transformar o conjunto em algo
harmônico, seguindo um objetivo;
É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo;
Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho;
Tece “redes de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas
utilizadas intensamente como suporte para alcançar seus
objetivos. Considera a rede de relações internas (com sócios,
colaboradores) mais importante que a externa;
Conhece muito bem o ramo em que atua;
Cultiva a imaginação e aprende a definir visões;
Traduz seus pensamentos em ações;
Define o que aprender (a partir do não-definido) para realizar suas
visões. É pró-ativo, define o que quer e onde quer chegar, depois
busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo;
Cria um método próprio de aprendizagem, aprende a partir do que
faz. Emoção e afeto são determinantes para explicar seu
interesse, aprende indefinidamente;
25
Tem alto grau de internalidade, que significa a capacidade de
influenciar as pessoas com as quais lida e a crença de que
conseguirá provocar mudanças nos sistemas em que atua;
Assume riscos moderados, gosta de risco, mas faz tudo para
minimizá-lo. É inovador e criativo (inovação é relacionada ao
produto, é diferente de invenção que pode não dar conseqüência a
um produto);
Tem alta tolerância à ambigüidade e à incerteza;
Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive,
usando-o para detectar oportunidades de negócio.
Já Ramos e Escrivão Filho (2000) expõem o estereótipo do homem de
negócio, relacionando à figura do empreendedor como alguém:
Com uma enorme necessidade de realização, uma disposição para
assumir riscos moderados e uma forte autoconfiança;
Que faz as coisas acontecerem e consegue resultados. Ele
transforma idéias novas, ou inovadoras, em operações comerciais
reais;
Que inicia, ou desenvolve um negócio arriscando-se a perder o
capital nele aplicado;
Que persegue o benefício, trabalha em modo individual e
coletivamente;
Que inova, identifica e cria oportunidades de negócio.
Segundo Ramos e Escrivão Filho (2000), o empreendedor de sucesso
se relaciona com as pessoas de uma maneira especial. Ele possui uma posição
adequada para cada situação, tem energia e deve ser capaz de contagiar todo
mundo a seu redor.
As características necessárias envolvem, segundo Tupanangyr (1996)
apud Ramos e Escrivão Filho (2000), autoconfiança, poder de decisão,
capacidade analítica, agressividade para atingir objetivos, o todo orientado para
26
as pessoas. Esses atributos devem estar em perfeita harmonia em todos os tipos
de empreendedores, caso contrário o empreendedor não terá sucesso.
Ramos e Escrivão Filho (2000), em uma pesquisa sobre o perfil
empreendedor na indústria de São Paulo, conseguiram classificar em três
categorias as variáveis consideradas responsáveis pelo sucesso de um
empreendedor: necessidades pessoais, relacionamento interpessoal, habilidades
e conhecimentos. Os autores subdividiram a última categoria em fatores de
negócios, gerenciais e técnicos. Enfatizaram que as necessidades pessoais são
aquelas consideradas necessárias para a existência, a força motivadora para a
realização pessoal. O indivíduo possui desejos de ter êxito e o sucesso é medido
em relação ao padrão pessoal de excelência. Tais necessidades humanas podem
ser dispostas em uma hierarquia de importância e quando uma necessidade é
suprida automaticamente surge outra em seu lugar, conforme a Teoria da
Motivação Humana desenvolvida por Maslow (CHIAVENATO, 2003).
Para Marchesnay (1994), as características dos indivíduos podem ser
definidas através do que o autor chamou de PIC e de CAP:
PIC (Perenidade, Independência, Crescimento): pessoas
preocupadas com a perenidade da empresa, perenidade que passa
pela independência financeira e um crescimento limitado às
situações seguras, sem risco para a sobrevivência da empresa;
CAP (Crescimento, Autonomia, Perenidade): empreendedores
interessados no crescimento, muitas vezes através de
endividamento, com a conservação de uma autonomia de decisão. A
permanência na atividade é realizada apenas no caso de benefícios
elevados.
Segundo Ramos e Escrivão Filho (2000), as habilidades e
conhecimentos são as facilidades para utilizar as capacidades físicas intelectuais,
requisitos e qualidades necessários para produzir certo produto/serviço, e pela
capacidade de proporcionar um clima organizacional favorável a participação. O
conhecimento está relacionado com o domínio preciso de técnicas, experiências,
tino, prática. Já a habilidade do empreendedor de sucesso está ligada à
identificação de novas oportunidades, valoração de oportunidades e pensamento
27
criativo, comunicação persuasiva, negociação, aquisição de informações,
resolução de problemas.
As habilidades e conhecimentos foram subdivididos entre as
habilidades ligadas a negócios, gerenciais e técnicas:
Negócios: atenção voltada para as necessidades do cliente e a sua
satisfação, através do conhecimento dos diferentes elementos da
estratégia comercial.
Gerenciais: visão administrativa orientada na busca da melhor
maneira de tomar decisões gerenciais no sentido de garantir a
consecução de objetivos, desenvolver pessoas e grupos, assegurar
sempre boa qualidade nos produtos/serviços através da organização
do material necessário para a realização de suas atribuições diárias,
verificando, com antecedência a reposição dos mesmos.
Técnicas: noção dos processos industriais existentes, contribuir
efetivamente na identificação de alternativas viáveis para aumentar a
produtividade e manter um alto nível de qualidade pessoal e
profissional.
Ramos e Escrivão Filho (2000) definiram que o relacionamento
interpessoal trata da capacidade de buscar um convívio harmonioso em seu
ambiente de trabalho, saber relacionar-se com clientes e fornecedores em
conduta pessoal positiva, possibilitando um trabalho onde a maioria das pessoas
sinta prazer e disposição para vestir a camisa da empresa.
Os diferentes aspectos abordados por Ramos e Escrivão Filho (2000)
sobre o perfil do empreendedor são resumidos na Tabela 1 apresentada a seguir:
28
Tabela 1 – Variáveis e fatores do perfil empreendedor
VARIÁVEIS FATORES
1 – NECESSIDADES PESSOAIS
1 – Atualização;
2 – Busca novos desafios;
3 – Pioneirismo.
2 – Negócios
4 – Perseverança;
5 – Sensibilidade empresarial;
6 – visão ampliada do negócio.
3 – Gerenciais
7 – Autodisciplina;
8 – Bom senso;
9 – Capacidade de Adaptação.
HABILIDADES E
CONHECIMENTOS
4 – Técnicos
10 – Identificação com o Trabalho;
11 – Talento.
5 – RELACIONAMENTO
INTERPESSOAL
12 – Administração participativa;
13 – Integridade;
14 – Liderança.
Fonte: Ramos e Escrivão Filho (2000).
A abordagem de Ramos e Escrivão Filho (2000) destacou que a
redução de conflitos, o comprometimento, a lealdade e o bom uso das habilidades
no relacionamento interpessoal são características marcantes nos
empreendedores. Os autores consideram que a nova economia exige do
empreendedor uma visão global, curiosidade constante, transformação contínua,
conhecimento de idiomas, boas relações com informática e internet e coragem de
correr risco. Os autores indicam que o pequeno empreendedor de sucesso junta
habilidades e competências em negócios, conhecimento de como fazer e poder
em mobilizar pessoas. Portanto, o sucesso está relacionado com a aptidão do
dirigente que, baseado em Ramos e Escrivão Filho (2000), está intimamente
relacionado como a habilidade ou capacidade do exercício de um trabalho. Essa
habilidade é influenciada pelas habilidades e conhecimentos técnicos,
relacionamento interpessoal, além das necessidades pessoais.
Para Mota; Santos e Silva (2004), a pesquisa para identificar o perfil
das mulheres empreendedoras resultou nas características a seguir:
Necessidades: Independência, Desenvolvimento pessoal, Segurança,
Auto-realização, Correr risco calculado.
Conhecimento: Aspectos relacionados com negócio; Experiência na
área comercial; Experiência em empresas; Formação complementar;
Vivência em situações novas.
29
Habilidades: Identificação de novas oportunidades; Valoração de
oportunidades e pensamento criativo.
Trevisan (1999) selecionou quatro perfis que considera mais relevantes
ao empreendedorismo: atitude voltada para riscos, comprometimento e
determinação, orientação para longo prazo e independência.
Atitude voltada para riscos: altos níveis de risco, altas taxas de
mudança e uma turbulência geral do ambiente de negócios podem
ser considerados quase como dons. Um empreendedor de sucesso
deve ser capaz de tolerar risco e incerteza e ser capaz de correr
riscos calculados. A atitude voltada para riscos é a disposição para
encarar possibilidades de perda, falha e perigo, a aptidão para
iniciar uma nova atividade sem saber os resultados.
Comprometimento e determinação: requer comprometimento total
para as aventuras empresariais. Comprometimento e determinação
ajudam os empreendedores a sobrepujar obstáculos e são
determinantes nos períodos de dificuldade que poderiam, em caso
contrário, levar ao fim da empresa.
Orientação para longo prazo: capacidade de ver o conjunto de suas
próprias ações dentro de um quadro a longo prazo e capacidade de
planejamento.
Independência e liderança: os empreendedores devem ser líderes,
capazes de implantar sua visão naqueles que trabalham com eles
e motivá-los a aspirar um objetivo a longo prazo. Empreendedores
de sucesso têm a capacidade de exercer influência naqueles que
estão ao seu redor. Um pré-requisito para isso é a habilidade de
pensar e agir autonomamente, para ser auto-confiante, a convicção
que cada pessoa pode guiar o seu próprio destino.
A ONU (Organização das Nações Unidas) adotou dez características
de empreendedores de sucesso que são utilizados em treinamentos em mais de
quarenta países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil estas
características são adotadas nos Programa para Empresários e Futuros
30
Empreendedores – EMPRETEC, executado pelo SEBRAE em parceria com o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD e a Agência
Brasileira de Cooperação – ABC, do Ministério das Relações Exteriores – MRE,
conforme descrevem Marcarini; Silveira e Hoeltgebaum (2003, p. 15-17):
Busca de oportunidades e iniciativa: capacidade de se antecipar aos
fatos e criar novas oportunidades de negócios; desenvolver novos
produtos e serviços; propor soluções inovadoras e criativas; ter
necessidade de realização;
Persistência: enfrentar os obstáculos decididamente, buscando o
sucesso a todo custo, mantendo ou mudando as estratégias de
acordo com as situações; considerar o fracasso como sinônimo de
desafio e de aprendizagem, procurando enxergar o lado positivo das
adversidades;
Correr riscos calculados: disposição de assumir desafios ou riscos
moderados e responder pessoalmente por eles; ousar na execução
de um empreendimento novo;
Exigência de qualidade e eficiência: decisão de fazer sempre mais e
melhor, ousando satisfazer ou superar as expectativas de prazos e
padrões de qualidade; ter visão de futuro;
Comprometimento: fazer sacrifício pessoal ou despender esforço
extraordinário para completar uma tarefa; colaborar com os
subordinados e até mesmo assumir o lugar deles para terminar um
trabalho; esmerar-se para manter os clientes satisfeitos e colocar a
boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo; crer no que
faz;
Busca de Informações: buscar pessoalmente obter informações
sobre clientes, fornecedores ou concorrentes, investigar
pessoalmente como fabricar um produto ou prestar um serviço;
consultar especialistas para obter assessoria técnica ou comercial;
aprender indefinidamente, conhecer o ramo em que atua; criar
situações para obter feedback sobre seu comportamento e saber
utilizar tais informações para o aprimoramento próprio;
31
Estabelecimento de metas: assumir metas e objetivos que
representam desafios e tenham significado pessoal; definir com
clareza e objetividade as metas de longo prazo; estabelecer metas
de curto prazo mensuráveis, ser orientado para resultados, para o
futuro; lutar contra padrões impostos;
Planejamento e monitoramento sistemáticos: planejar, dividindo
tarefas de grande porte em sub-tarefas com prazos definidos; revisar
constantemente seus planos, considerando resultados obtidos e
mudanças circunstanciais; manter registros financeiros e os utilizar
para tomar decisões, ter aversão ao rotineiro;
Persuasão e rede de contatos: utilizar estratégias para influenciar ou
persuadir os outros. Utilizar pessoas-chave como agentes para
atingir seus objetivos; atuar para desenvolver e manter relações
comerciais; mostrar aos outros que todos podem ganhar com suas
idéias; formar equipes de trabalho; ser líder determinado e eficaz;
Independência e autoconfiança: buscar autonomia em relação a
normas e procedimentos; manter seus pontos de vista mesmo diante
da oposição ou de resultados desanimadores; expressar confiança
na sua própria capacidade de complementar uma tarefa difícil ou de
enfrentar desafios; ser otimista; acreditar muito em suas idéias e
saber que é capaz de colocá-las em prática; ser intuitivo e analítico.
Sabe-se que ainda não é possível determinar com certeza se uma
pessoa será ou não bem-sucedida como empreendedora, mesmo que tenha
características encontradas nos empreendedores de sucesso. Porém, sem tais
características dificilmente uma pessoa teria êxito (Dolabela, 1999). O autor
acredita que as características necessárias para um empreendedor podem variar
em função da etapa de crescimento da empresa ou com as atividades executadas
em uma dada época.
Após identificar os diversos perfis dos empreendedores foi elaborada
uma tabela (Anexo) com os perfis empreendedores para servir de base para
relacionar o empreendedor com o desenvolvimento local, demonstrando a
32
importância deste indivíduo no desenvolvimento de pequenos empreendimentos e
comunidades.
Nessa tabela são apresentadas variáveis para identificação do perfil
empreendedor, classificadas em: a) técnicas, b) gerenciais, ambas possíveis de
serem aprendidas por se tratarem de técnicas empresariais e c) pessoais, que
não podem ser aprendidas. É possível considerar que o indivíduo que tiver as três
categorias bem desenvolvidas terá muito mais chances de ser um empreendedor
de sucesso. Porém, a ênfase principal da pesquisa é dada para as características
pessoais, pela impossibilidade de serem ensinadas.
3.3 Papel do Empreendedor no Desenvolvimento Local
Nesta seção é demonstrada a relevância dos pequenos
empreendimentos para o desenvolvimento e de que forma o empreendedor pode
contribuir com o desenvolvimento local.
3.3.1 Contribuição dos pequenos empreendimentos
Os pequenos empreendimentos, diretamente integrados nas pequenas
Comunidades, são de fundamental importância para o desenvolvimento local.
Sabe-se que é impossível o governo acabar sozinho com o desemprego e a
miséria, o que permite valorizar os atores - dentre eles as micro e pequenas
empresas - que podem contribuir com o desenvolvimento de uma comunidade.
Essas empresas contribuem através da geração de emprego e renda, do
incentivo a inovação e da capacitação profissional.
Chiavenato (2003) reforça esta idéia expondo que na década de
setenta o grande acontecimento foi a crise do modelo fordista de produção em
série e a mudança tecnológica traduzida pela difusão da microeletrônica. Surgiu
então a reestruturação das organizações, principalmente no tocante a produção,
com a diversificação da linha de produtos e a fabricação em pequenos lotes. Com
isso, houve alteração nas relações entre organizações, o surgimento de novos
ramos industriais, novas qualificações, aparição de novos empreendedores e
alteração no perfil da demanda.
33
Segundo Dolabela (1999) e Gomes (2005), até o fim dos anos setenta
o Estado e as grandes empresas eram considerados os únicos suportes
econômicos relevantes da sociedade. Nos anos oitenta, este panorama mudou
em razão do crescente endividamento dos governos, do aumento da
concorrência nos mercados e da mundialização, com a utilização intensiva de
tecnologia nos processos produtivos. Como conseqüência, os governos
buscaram diminuir seus déficits através de cortes e redimencionamento de seus
quadros de pessoal e as grandes empresas passaram a produzir mais com
menos empregados.
Para Moryama e Escrivão Filho (2000), a década de noventa foi uma
época de revalorização da pequena empresa, devido à substituição do trabalho
braçal por máquinas. Pouco antes desta época, aconteceram grandes avanços na
medicina, no transporte, nas comunicações, no entretenimento, no trabalho e em
muitas outras áreas, gerando um entusiasmo elevado. Neste período, o mundo
estava dominado pelo desejo de conseguir o maior e melhor. No Brasil investiu-se
na Usina de Itaipu, Transamazônica, Ponte Rio-Niterói entre outros. Segundo os
autores, esse entusiasmo trouxe problemas graves como a poluição, a escassez
de água potável, o desemprego e a exclusão social.
Neste panorama, surgiram
as PMEs (Pequenas e Médias Empresas), as únicas a criar emprego.
Para Dolabela (1999), uma das características das PMEs é a
dependência delas em relação a comunidade local. A disponibilização de um
ambiente favorável ao empreendedorismo, a vontade comunitária de
implementação de uma rede de negócios, a existência de instituições de apoio, de
facilidades para obtenção de financiamentos, entre outros, podem constituir
fatores importantes de aceleração do desenvolvimento.
Marco (2003) afirma que as pequenas empresas vêm crescendo nas
duas últimas décadas e se tornaram um dos principais alvos das políticas
voltadas para o crescimento e a geração de empregos nos países em
desenvolvimento. A idolatria do gigantismo na atividade econômica perdeu
espaço para uma visão de que, do ponto de vista sócio-econômico, as pequenas
e médias empresas tendem a ser mais eficazes para grande parte das atividades
(MATTAR, 1988, apud BENZE; CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003).
34
Marco (2003) indica que de acordo com IBGE (2001), existem cerca de
3,5 milhões de empresas, sendo 98% delas de micro e pequeno porte,
empregando 35 milhões de pessoas, o que significa 59% do total de pessoas
ocupadas formalmente. O autor inclui no cálculo as pessoas que trabalham por
conta própria, que possuem negócio próprio, mas sem empregados. Segundo o
autor, de acordo com o SEBRAE, as micro e pequenas empresas respondem por
apenas 20% do PIB, por se encontrarem nos setores de comércio e de serviços
pessoais que possuem baixa agregação de valor e por terem índices de
produtividade bem menores do que as grandes empresas. Além disso, essas
empresas são mais vulneráveis em relação a fatores financeiros (capital inicial
próprio insuficiente, capacidade de autofinanciamento limitada, baixa rentabilidade
financeira, pequena capacidade de geração de recursos, receitas irregulares,
crise de liquidez, dificuldade de capitalização e de acesso a financiamento) e
organizacionais (dificuldade de avaliação da demanda e do mercado potencial,
falta de experiência para organizar a produção, falta de credibilidade do
empresário, dificuldade em comunicar ou distribuir as tarefas, dificuldade em
encontrar funcionários com as qualificações necessárias ou perda de funcionários
importantes, impacto de eventos conjunturais negativos, como crise cambial ou
setorial e falta de experiência para a comercialização).
Apesar dessas dificuldades, Bilessimo (2002) afirma que foram
constituídas no Brasil 4,9 milhões de empresas na década de noventa, das quais
2,7 milhões podem ser classificadas como micro e pequenas. O crescimento foi
acentuado também com relação ao emprego, conforme apresentado na Figura 1.
35
Fonte: BNDES (2002) apud MARCO (2003).
Figura 1 – Evolução do número de empregos por tamanho de estabelecimento,
entre 1995 e 2000, base 100 em 1995.
A Figura 1 indica o crescimento expressivo do emprego nas empresas
de menor porte. A partir de 1997 houve uma recuperação do nível de emprego
nas empresas de grande porte, que em 2000 retornou ao patamar de 1995,
mesmo assim com crescimento médio bem atrás do resultado das empresas de
menor porte. Segundo Marco (2003), as grandes empresas contrataram 29.652
pessoas a mais do que demitiram entre 1995 e 2000, enquanto que nas empresas
com até 19 empregados o saldo foi de mais de um milhão e quatrocentos mil
postos.
Apesar do grande crescimento das micro, pequenas e médias
empresas, a taxa de mortalidade desses empreendimentos nos primeiros anos de
funcionamento é maior que nos estabelecimentos de grande porte (Tabela 2).
Tabela 2 – Percentagem de mortalidade das empresas nascidas em 1996, nos
primeiros anos de funcionamento.
Mortalidade (%)
Porte
1º ano 2 primeiros anos 3 primeiros anos
Micros
18,3 36,1 48,2
Pequenas
8,6 22,1 32,7
Médias
7,5 19,6 31
Grandes
3,3 10,4 15,3
Fonte: BNDES (2001) apud MARCO (2003, p. 20)
36
De acordo com Marco (2003), entre os principais problemas das micro e
pequenas empresas com relação à mortalidade nos primeiros anos de
funcionamento, estão a baixa produtividade, baixo poder financeiro, baixa
qualidade e a falta da figura de um empreendedor para alavancar o negócio.
Os dados mais recentes disponibilizados pelo SEBRAE (2005),
referente ao Boletim Estatístico das Micro e Pequenas Empresas, revelam que no
Brasil o número de microempresas formais, entre 1996 e 2002, passou de
2.956.749 para 4.605.607. Essas empresas aumentaram sua participação no total
das empresas, passando de 93,2 para 93,6%. O número total de pessoas
ocupadas nas microempresas passou de 6.878.964 para 9.967.201, elevando sua
participação de 31,8% para 36,2% do total dos empregos. Em paralelo, a
participação na massa total dos salários passou de 7,3% em 1996, para 10,3%
em 2002, indicando, apesar do crescimento, uma remuneração inferior nas micro
empresas em relação as outras empresas.
No caso das pequenas empresas formais, o número de empresas em
atividade passou de 181.115 para 274.009 entre 1996 e 2000. O total de pessoas
empregadas nessas empresas passou de 4.054.635 para 5.789.875, o que
representa um crescimento na percentagem de pessoas ocupadas no total da
economia de 18,8% para 21,0%. As pequenas empresas aumentaram sua
participação na massa de salários e rendimentos de 12,8 para 15,7% em 2002, o
que indica também níveis salariais inferiores aos das médias e grandes
empresas.
Os dados da importância das micro e pequenas empresas levantados
anteriormente não identificam a importância real desse tipo de empresas na
economia brasileira, pois não contemplam as empresas informais, constituídas na
totalidade de empresas de micro e pequeno portes. Com o objetivo de deixar mais
claro o reflexo das empresas informais na economia brasileira, a Figura 2 indica
as pessoas empregadas em empresas formais e informais no ano de 2003,
baseado no Boletim Estatístico de Micro e Pequenas Empresas do SEBRAE
(2005).
37
Fonte: Sebrae (2005).
Figura 2 – Pessoas empregadas em empresas formais e informais em 2003.
Os dados apresentados na Figura 2 em relação às pessoas
empregadas em empresas formais são baseados em informações coletadas pela
RAIS e pelo IBGE. As informações relativas às empresas informais são baseadas
no relatório ECINF (Economia Informal Urbana). Todas as informações são
referentes ao exercício de 2003 e disponíveis em SEBRAE (2005).
Pode-se observar que o reflexo das empresas informais na economia
brasileira é grande, pois representam 40% das pessoas ocupadas, o que
corresponde a 13.860.868 pessoas. As grandes empresas correspondem a 19%,
com 6.774.493 pessoas empregadas, as pequenas possuem 17%, com 5.908.209
pessoas empregadas, seguidas das micro com 15% e 5.393.106 empregos e
finalmente as médias com 9%, num total de 3.268.521 pessoas empregadas.
Terence (2001) apud Benze, Cêra e Escrivão Filho (2003) aponta que a
importância das pequenas e médias empresas é reforçada pelo papel que
possuem na promoção social, na base da estabilidade política e na força
propulsora do desenvolvimento, dada sua capacidade de gerar empregos e
incorporar tecnologia.
38
Segundo Gomes (2005), o empreendedorismo tem sido considerado
uma importante prática para o desenvolvimento de alguns países, motivo pelo
qual vem sendo discutido com maior intensidade ultimamente.
3.3.2 Empreendedor como agente de desenvolvimento
Segundo Houaiss (2001), o agente de desenvolvimento opera, agencia
e age. É aquele que trata de negócios por conta alheia e é autor, causador,
promotor; motor propulsor e impulsor. Diante desta definição pode-se afirmar que
o agente de desenvolvimento é aquele que age, ou aquele que está agindo, ou
ainda, aquele que está em ação. Nóvoa (1992) apud Ávila (2000, p. 65) reflete
sobre a função e importância da figura do agente no contexto do desenvolvimento
local:
(...) para que a mobilização dos recursos e potencialidades locais seja
efetiva, levando à promoção de atividades criadoras de empregos,
importa dotar as comunidades locais ou as regiões com meios de apoio
institucional (público ou privado) ao desenvolvimento. Os agentes de
desenvolvimento constituem um dos meios ao dispor das coletividades
tanto mais eficazes quanto mais consistente e específica for a sua
formação para o desenvolvimento.
Cabe a esse agente a função de agir simultaneamente ao agenciado,
pois ele não faz somente a intermediação entre pessoas, respeitando-se as
individualidades e coletividades, mas deve agir com a finalidade, a função e o
compromisso de fazer com que a comunidade desenvolva suas capacidades,
competências e habilidades de desenvolvimento.
A capacidade empreendedora pode fazer com que o indivíduo
contribua para a comunidade alcançar a sustentabilidade desejada (ser
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e
culturalmente aceito)
, pois ele tem percepção da sua realidade e de tudo o que
existe ao seu redor, diferentemente daquele que vem de fora, tentando definir as
necessidades da comunidade.
O empreendedorismo contribui com o desenvolvimento da
comunidade, pois é tarefa do empreendedor transformar a sua comunidade por
meio de sua participação ativa, conforme afirma Dolabela (1999). As condições
ambientais favoráveis ao desenvolvimento precisam de empreendedores capazes
39
de aproveitá-las e que, através de sua liderança, capacidade e perfil, iniciem e
coordenem o processo de desenvolvimento.
Dolabela (1999) afirma que o desenvolvimento econômico é
provavelmente função do grau de empreendedorismo de uma comunidade.
Segundo o autor, o empreendedor aloca valores para indivíduos e para a
sociedade, através de sua liderança, capacidade e de seu perfil, o que contribui
com a inovação tecnológica e o crescimento econômico.
Segundo Ávila (2000), o desenvolvimento local se efetivará somente no
âmbito da própria comunidade, porque é ela que deve assumir progressivamente
os rumos, as rédeas, os compromissos e as responsabilidades referentes ao
desenvolvimento de toda a localidade, sendo ajudada pelos agentes de
desenvolvimento.
Dolabela (1999) corrobora com a afirmação de Ávila,
complementando com a importância do papel do empreendedor, que deve se
encontrar disseminado entre os principais atores e nas PME locais, como fontes
de geração de emprego.
É importante os valores do empreendedorismo serem difundidos
entre os atores centrais da comunidade local, para que as PMEs não ocupem
apenas uma função de segunda categoria no processo de desenvolvimento
econômico, mas assumam uma posição privilegiada. Levando-se em
consideração que o desenvolvimento local não pode ser um processo
mecânico, mas orgânico, deve haver diálogo entre todos os atores (locais e
externos) visando a sensibilização, mobilização e participação, criando uma
sinergia que contribua para este desenvolvimento.
Terence (2002) apud Benze; Cêra e Escrivão Filho (2003) enfatiza a
relevância das pequenas e médias empresas como fatores de promoção social,
base da estabilidade política e força propulsora do desenvolvimento. O autor
identifica a capacidade de gerar empregos e incorporar tecnologia dessas
empresas como o principal fator explicativo.
A importância do empreendedor como agente de desenvolvimento local
explica a escolha da pesquisa em caracterizar o perfil deste empreendedor. Essa
caracterização permitirá verificar a existência de empreendedores numa
comunidade e facilitará os trabalhos de formação e treinamento.
40
IV. CARACTERÍSTICAS DE IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL
EMPREENDEDOR
Esse capítulo apresenta as variáveis mais relevantes para identificar o
perfil empreendedor, variáveis selecionadas a partir da revisão bibliográfica e que
consideram o interesse para o desenvolvimento local. Em seguida é exposta a
análise de quatro estudos de casos objetivando verificar se os empreendedores
de sucesso avaliados possuem as variáveis selecionadas a partir da bibliografia.
4.1 Características Baseadas na Bibliografia
O Anexo resume as variáveis levantadas na revisão bibliográfica e que
caracterizam o perfil empreendedor. Como comentado anteriormente, a ênfase da
pesquisa é dada às características pessoais que são parte integrante de cada
indivíduo. Essas características são consideradas como fatores limitantes ao
desenvolvimento de um perfil empreendedor, pois não se podem transmitir
através de treinamentos.
Baseado no levantamento realizado é possível identificar oito
características pessoais de grande importância para a identificação de pessoas
com perfil empreendedor.
1. ASSUMIR RISCOS – A noção de risco é tratada por Dornelas
(2001), que defende que o empreendedor deve se arriscar para
alcançar o sucesso. Dolabela (1999), Jacometti e Cruz (2002),
Longenecker et al. (1997), Marcarini; Silveira e Hoeltgebaum (2003),
Mota; Santos e Silva (2004), Ramos e Escrivão Filho (2000),
SEBRAE (2007) e Trevisan (1999) defendem o risco ‘calculado’,
enfatizando que o empreendedor deve arriscar, mas após avaliar a
situação com agilidade para não colocar tudo a perder, ou ainda
para superar seus concorrentes.
41
2. AUTOCONFIANÇA – Essa característica é levantada por Dolabela
(1999), Jacometti e Cruz (2002), Longenecker et al. (1997),
Marcarini; Silveira e Hoeltgebaum (2003) e Ramos e Escrivão Filho
(2000). Esses autores acreditam que a autoconfiança faz com que o
empreendedor tenha força de lutar contra as adversidades e que
deve confiar primeiro em si para poder persuadir as outras pessoas.
3. BUSCA DE AUTO-REALIZAÇÃO – Esta variável é discutida por
Dolabela (1999), Mota; Santos e Silva (2004), Longenecker (1997) e
Ramos e Escrivão Filho (2000) e é considerada um motivador para o
empreendedor buscar o sucesso. Dornelas (2001) afirma que o
empreendedor busca reconhecimento e admiração e não se
contenta em ser mais um na multidão. Esta variável é difícil de ser
detectada e difere de indivíduo para indivíduo, conforme prevê a
hierarquia das necessidades de Maslow. Quando uma necessidade
é suprida surge outra no seu lugar e o que pode ser uma auto-
realização para um indivíduo pode não ser para outro. Para um
empreendedor a auto-realização pode ser a independência
financeira, enquanto para outro pode ser o reconhecimento pessoal.
4. COMPROMETIMENTO – Jacometti e Cruz (2002), Marcarini;
Silveira e Hoeltbegaum (2003), Ramos e Escrivão Filho (2000),
Sebrae-MS (2007) e Trevisan (1999) refletem sobre o
comprometimento, onde o empreendedor deve cumprir com sua
palavra e ser capaz de fazer sacrifícios pessoais para atingir uma
meta.
5. CRIATIVIDADE – Citada por Dolabela (1999) e Gomes (2005),
esta variável indica que a pessoa criativa tem imaginação aguçada,
possui inteligência para criar, ser pioneira, inventar, produzir algo
original e inovar.
6. PERSISTÊNCIA – Dolabela (1999), Dornelas (2001), Jacometti e
Cruz (2002), Marcarini; Silveira e Hoeltgebaum (2003), Ramos e
Escrivão Filho (2000) afirmam que o empreendedor não pode
desanimar diante das primeiras dificuldades que aparecerem. Ele
deve aprender com seus erros para prosperar na próxima tentativa.
42
7. PERSUASIVIDADE – Segundo Jacometti e Cruz (2002),
Marcarini; Silveira e Hoeltgebaum (2003) e Ramos e Escrivão Filho
(2000), esta variável permite que o empreendedor influencie sua
rede de contatos, de modo que esta faça aquilo que ele julga como
melhor alternativa.
8. VISÃO – Para Dolabela (1999) e Dornelas (2001) esta variável é
importante por permite ao empreendedor prever resultados,
antecipar-se aos fatos e criar novas oportunidades de negócio,
avaliando a melhor estratégia para otimizar a situação da empresa.
Se trata da capacidade de visualizar o conjunto de suas próprias
ações, tendo a iniciativa de coloca-las em prática, conforme
defendem Jacometti e Cruz (2002), Marcarini; Silveira e
Hoeltgebaum (2003), Ramos e Escrivão Filho (2000) e Sebrae-MS
(2007).
Essas oito variáveis retiradas da literatura são aquelas julgadas como
mais importantes para identificar pessoas com potencial real de se tornar
empreendedores e participar do desenvolvimento de suas comunidades.
4.2 Características Baseadas em Estudos de Casos
Esta seção analisa quatro casos de empreendedores de sucesso,
buscando identificar a presença das características selecionadas no referencial
teórico. Essa análise permite verificar a importância das variáveis selecionadas no
Capítulo anterior.
4.2.1 Cremogema: Eudóximo Calmon (DEGEN, 2005)
O empreendedor deste caso é o Sr. Eudóxio Calmon, idealizador,
criador, fundador, acionista majoritário, investidor e único diretor da SAN-CO
Produtos Alimentícios S/A e responsável pelo sucesso do Cremogema (farinha
alimentícia para adultos e crianças).
Considerado muito centralizador, durante três décadas a companhia foi
dirigida e administrada por ele. O empreendedor era o responsável direto pelo
43
gerenciamento desde a produção até as vendas, da contabilidade ao
departamento pessoal, do financeiro ao marketing. Ele sempre quis trabalhar por
conta própria e teve experiências empreendedoras anteriores que não deram
certo, caracterizando grande persistência. Teve a percepção de que não havia
nenhum outro produto comparável ao Cremogema no mercado, visão que o levou
ao sucesso.
No início ele próprio produzia e comercializava o Cremogema aos
armazéns e mercearias da cidade, sempre acreditando que o empreendimento
teria boas possibilidades de êxito, evidenciando grande autoconfiança. Desta
forma, aumentou gradativamente a produção e mão-de-obra empregada, sendo
que sua equipe técnica (produção) era bem preparada, motivada e fiel às suas
diretrizes.
O empreendedor trabalhava com os pés na terra, sem fantasias e
ilusões. Tentava viver com o máximo de realismo possível, ser cuidadoso e rápido
nas tomadas de decisões, assumindo riscos calculados.
O Sr. Calmon procurou sempre ser independente de fontes externas de
tecnologia, preferiu crescer menos, com estrutura enxuta e avaliando de que
maneira deveria aplicar os recursos financeiros. Desta forma, a taxa de
crescimento da empresa girou em torno de 29% a.a. (crescimento real), operando
com uma lucratividade de 10%.
Superou crises econômicas do país e investia cada centavo com
critérios e objetivos definidos, demonstrando grande comprometimento com seu
negocio. Desta forma, expandiu os negócios abrindo uma fábrica em Resende-
RJ.
Dedicado e criativo, além da versão “tradicional” trabalhou
pessoalmente no aperfeiçoamento do Cremogema e inovou com a versão
“vitaminado”. Como sua auto-realização sempre foi ter negócio próprio, após
vender a empresa SAN-CO (Cremogema) para Refinações de Milho Brasil
(Maisena), criou uma indústria de fabricação de corantes naturais e uma empresa
especializada em design.
44
A análise do empreendedor Calmon, da empresa SAN-CO, evidenciou
sete das oito características selecionadas para identificar um perfil empreendedor,
pois o poder de persuasão não apareceu claramente na análise.
4.2.2 DB – Brinquedos Ltda.: Adelino Pimentel Neto (DEGEN, 2005)
Adelino Pimentel Neto é um empreendedor que apresentou estratégia
competitiva, expansão e diversificação no ramo de vendas de brinquedos. Sua
formação curricular (graduação em Administração e pós-graduação em
Marketing) o destinava mais a ser um emprego bem remunerado do que em
iniciar seu próprio negócio, mas o empreendedorismo falou mais alto. Sua auto-
realização era ganhar muito mais dinheiro em seu próprio empreendimento do
que seria possível como empregado.
Antes da DB-Brinquedos se tornar um sucesso, foi gerente comercial
de uma rede de lojas, corretor de valores e consultor de empresas. Iniciou,
através da sociedade com a esposa, a irmã e o cunhado, com uma empresa que
possuía características de uma loja de brinquedos clássica, mas com atendimento
personalizado e pacotes sofisticados.
Apesar dos efeitos da crise do petróleo deflagradas em 73 e 79,
Adelino tinha autoconfiança e comprou as outras cotas da sociedade, passando
a deter o controle total da empresa. Diante desta crise, foi criativo e idealizou
uma nova loja, surgindo o primeiro supermercado de brinquedos do país.
O foco dessa loja estava no cliente com limitação de poder aquisitivo.
Para oferecer preços baixos, a estratégia foi reduzir custos através do auto-
serviço (arranjo da loja semelhante ao de um supermercado) e das embalagens
(compras colocadas em sacos plásticos). Mesmo assim, a clientela era
diversificada, atingindo diversas classes econômicas. Essa estratégia mostrou a
visão inovadora do empresário.
Os avós do empreendedor possuíam uma firma importadora de
bebidas e produtos finos, onde assumir riscos sempre foi prática constante. Já
Adelino, no começo da vida do seu empreendimento, assumiu riscos utilizando a
45
tática de vender até mesmo abaixo do preço de custo, comprando a prazo as
mercadorias dos fabricantes e fazendo aplicações financeiras das entradas.
Para isto, teve que utilizar seu poder de persuasão para convencer os
grandes fabricantes de brinquedos que sua idéia era confiável. Fez questão de
manter contatos pessoalmente com os fornecedores e grandes clientes, além de
manter relacionamento de natureza aberta com os funcionários.
A expansão da empresa foi fundamentada no reinvestimento do lucro
em pontos estratégicos da cidade. Diversificou criando DB-Biclicletas e DB-
Utilidades Domésticas, não insistiu por perceber que trariam prejuízos, mas foi
persistente na idéia de diversificar. Aproveitou negócios que possuem sinergias
entre si, criando a Super DB e DB-Bebê, por oferecerem artigos para a primeira
idade e foi um sucesso.
A análise do empreendedor Adelino, da DB- Brinquedos, evidenciou
que das oito características selecionadas para identificar um perfil empreendedor,
ele possuía sete, estando ausente somente o comprometimento. Mesmo não
identificada, esta característica parece fazer parte do caráter do empresário, que
não hesitou em abandonar uma vida segura, como empregado, para ir atrás dos
próprios negócios.
4.2.3 O empreendedor do século XX: Francesco Matarazzo (ISTOÉ,
1999)
Francesco Matarazzo não teve muito estudo, seu pai morreu quando
tinha 18 anos e, sendo primogênito, abandonou os estudos para sustentar a
família, concluindo apenas o ensino fundamental. Veio para o Brasil tentar a sorte
em 1881, trazendo toneladas de banha de porco para iniciar um empreendimento,
produto usado para conserva de alimentos. A embarcação afundou pouco antes
de aportar no Brasil, mas ele foi persistente e não se deixou abater, procurando
alternativas para abrir seu próprio negócio.
Como havia investido todo seu dinheiro na banha de porco, procurou
um velho amigo e conterrâneo e fez um empréstimo para se manter. Meses
depois, conseguiu outro empréstimo e abriu uma venda em Sorocaba-SP.
46
Afirmava que jamais procuraria ter um ‘patrão’, numa clara necessidade de auto-
realização.
Trabalhava com diversificação e procurava sempre importar produtos
que os clientes estivessem necessitando. Como a banha de porco era ingrediente
de primeira necessidade para conservação de alimentos, assumiu o risco de
iniciar a produção aqui no Brasil. Comprou quase todos os porcos da região de
Sorocaba para baratear a produção e possibilitar a revenda da carne.
O seu comprometimento com os negócios era muito grande e por
mais de 30 anos, foi o primeiro a chegar e o último a sair da fábrica, fazendo
sacrifícios pessoais para que os negócios prosperassem. Era bastante rígido,
tinha comportamento exemplar para com os funcionários e era austero com a
família.
Era um homem de visão, quando faltou farinha de trigo no País pediu
ajuda ao London and Brazilian Bank para construir um moinho em São Paulo.
Sempre atento ao que o cliente necessitava, buscava diversificar o oferecimento
de produtos, se mostrando muito confiante no sucesso de seus negócios.
Em 1920, Matarazzo ergueu o primeiro grande parque industrial do
Brasil, na Água Branca, zona oeste de São Paulo. As IRFM (Indústrias Reunidas
Francesco Matarazzo) produziam variados produtos tais como banha enlatada,
açúcar, presunto cozido, amido de milho, arroz, água de colônia, tecidos, etc.
Nos anos 30, abriu filiais em Ponta Grossa (PR), João Pessoa (PB), Rio
de Janeiro (RJ), Santos (SP) e Curitiba (PR) e a renda bruta do conglomerado era
a 4ª maior do Brasil. Faturavam mais que Matarazzo apenas a União Federal, o
Departamento Nacional do Café e o Estado de São Paulo.
Utilizando seu poder de persuasão, liderou empresários e fundou o
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP, atual FIESP), do qual foi o
primeiro Presidente.
A análise de Francesco Matarazzo evidenciou que das oito
características selecionadas para identificar um perfil empreendedor, ele possuía
sete. Não foi encontrado nenhum aspecto que indicasse o caráter visionário do
empresário, pois seu sucesso se deve muito mais a criatividade, com o
lançamento de produtos de bases, sem grandes inovações.
47
4.2.4 Prata 1000 Indústria e Comércio Ltda.: Edison Morelis Coca
(MARCONDES, 2003 e PRATA Mil, 2007)
Neste caso, o empreendedor em destaque é Edison Morelis Coca, que
foi visionário e percebeu a existência de uma grande oportunidade de mercado.
Criou a Colheitadeira de sementes de capim conquistando todo o Brasil e se
tornando exportador deste produto e de outros equipamentos agropecuários.
Em 1984, o Sr. Coca trabalhava como técnico de turbinas de avião da
VASP, em São Bernardo do Campo. Deveria ter participado de um curso de
especialização pela empresa nos EUA, quando parentes dele pediram que
verificasse se havia neste país uma máquina de colher sementes de capim.
A viagem foi cancelada, mas o empresário não esqueceu a idéia e se
propôs a resolver o problema. Muito autoconfiante, deixou o emprego para
dedicar-se ao invento. Como não conseguiu ninguém disposto a investir neste
projeto, arriscou o dinheiro da rescisão recebida da empresa aérea para construir
os primeiros protótipos.
Desde a idéia inicial até o modelo definitivo, foram 10 anos de testes e
construção de 20 protótipos, indicando muita persistência do empresário e
grande comprometimento com seu objetivo inicial. Neste período vendeu tudo
que tinha, inclusive a casa, para realizar o invento.
Utilizando de sua criatividade, construiu a primeira máquina
colheitadeira de sementes de capim. O empreendedor inovou a forma de colher
sementes de capim, pois antes do invento as sementes eram colhidas através do
sistema manual e a produção diária por pessoa era de 1,5 a 3 sacos de 18kg.
Com o uso da Colheitadeira Prata1000, a produção diária por máquina passou
para 300 a 500 sacos por dia, além de aumentar muito o grau de pureza,
germinação e qualidade da semente.
Como havia gasto todo o dinheiro que tinha, ele teve que utilizar sua
capacidade de persuasão para arrumar um sócio. Além da Colheitadeira,
produziu Enleiradores, Ceifadeiras, Peneirões, Aeradores e Destruidora de
Soqueira de Algodão. Possui representantes em São Paulo, Mato Grosso, Goiás
e Tocantins, além de revendedores em todo o Brasil.
48
A auto-realização do empresário é a satisfação de ver a sua invenção
no mercado. Assim, depois do sucesso da máquina de colher sementes e de
outros inventos, o empreendedor saiu da sociedade Prata 1000 e fundou outra
empresa, onde comercializa outras de suas invenções (informação pessoal do Sr.
Coca, 2006).
A análise do empreendedor Edison Coca evidenciou que ele possuía
todas as características selecionadas para identificar um perfil empreendedor. No
entanto, o empresário teve dificuldades em convencer as pessoas que sua idéia
era interessante e que conseguiria inventar a máquina. Ele conseguiu um
investidor somente na fase final, quando a máquina já estava praticamente
pronta. O comprometimento do Sr. Coca também se limita a suas invenções, pois
saiu da empresa quando não conseguiu mais estímulo em seu domínio de
criação.
4.3 Confronto da Bibliografia com os Estudos de Casos
As características selecionadas a partir do referencial teórico foram assumir
riscos, autoconfiança, busca de auto-realização, comprometimento, criatividade,
persistência, persuasividade e o aspecto visionário. De modo geral, essas
características se mostraram de grande importância nos casos avaliados, mesmo
se todas elas não foram identificadas em todos os exemplos avaliados. No
referencial teórico, assumir riscos é a variável mais explorada e de maior
relevância para o empreendedor e em todos os casos avaliados os
empreendedores correram riscos.
A auto-confiança é também essencial para o empreendedor, como foi
explorado pelos autores pesquisados. Esta variável é responsável pela força do
empreendedor em fazer acontecer. A auto-confiança está presente em todos os
empreendedores analisados, comprovando os resultados da literatura.
A auto-realização, apesar de ser colocada por vários autores como
um motivador para o empreendedor buscar o sucesso, é uma variável difícil de
ser detectada, por ser muito subjetiva. A auto-realização varia de indivíduo para
indivíduo, da situação que ele está vivendo e quando aquela necessidade é
atingida pode surgir outra no lugar. Cada caso indicou um tipo diferente de auto-
49
realização. Calmon e Matarazzo queriam trabalhar por conta própria, sem ter
patrão, Adelino desejava ganhar mais dinheiro do que seria possível como
empregado e Coca almeja ser reconhecido como grande inventor e ver suas
máquinas no mercado.
Para o empreendimento prosperar, o empreendedor comprometido
faz todo e qualquer sacrifício para conseguir atingir seu objetivo. Cumprir com o
prometido é primordial, então, apesar de não ter sido explorado em um dos casos,
o comprometimento tem papel importante para que o empreendimento prospere.
Ser criativo é explorado pelos autores como relevante para sair de
situações difíceis ou para superar expectativas, além de ser ingrediente para
inovar e inventar. A maioria dos casos apresentou esta variável de forma clara,
sendo que apenas Matarazzo não possuía esta variável.
A persistência é uma das variáveis mais citada no referencial teórico e
foi encontrada nos empreendedores pesquisados. Todos eles foram persistentes
para poder conseguir alcançar o sucesso. Eles tiveram que enfrentar muitas
dificuldades, mas não desistiram, se reergueram após as dificuldades e tentaram
novamente.
A persuasão não é uma variável muito explorada na literatura, mas
quando abordada é feita de forma enfática. Nos casos analisados essa variável foi
claramente encontra em dois deles. No caso do Sr. Coca, não ficou muito claro a
importância dessa variável para o empresário.
O visionário não foi muito explorado pelos autores, porém, através dos
casos, ficou claro que é uma das variáveis mais importantes para os
empreendedores. Ela foi essencial para o sucesso de todos eles, que souberam
explorar esta variável para se destacar no mercado.
50
V. CONCLUSÕES
Este capítulo analisa os resultados alcançados em resposta aos
objetivos propostos. São também elaboradas sugestões de trabalhos
complementares, uma vez que a abordagem levantada neste trabalho não esgota
o tema estudado.
É fato comprovado pela GEM (1999) de que o empreendedorismo é o
principal fator de desenvolvimento econômico. Neste contexto, a figura do
empreendedor deve ser valorizada. Para isso, numa comunidade sem
empreendedores aparentes, é muito importante conseguir identificar as pessoas
que possuem o perfil adequado para concentrar os esforços de treinamento em
empreendedorismo nesses indivíduos.
A contribuição dos pequenos empreendimentos para o
desenvolvimento local é clara e expressiva, pois nos países em desenvolvimento
e desenvolvidos os pequenos empreendimentos permitem uma grande geração
de emprego e renda, além da melhoria da qualidade de vida da comunidade onde
está inserida.
A pesquisa classificou as características empreendedoras em três
grupos, pessoal, técnica e gerencial. Essa classificação permitiu diferenciar
variáveis inatas, ou características pessoais de cada indivíduo, e variáveis que
podem ser ensinadas, classificadas como características técnicas e gerenciais.
Desta forma, é possível afirmar que uma vez identificadas as pessoas com
características pessoais adequadas, é possível a realização de treinamentos para
ensinar as características técnicas e gerenciais e facilitar o aparecimento de
empreendedores de sucesso numa comunidade.
51
No entanto, para identificar pessoas com as características desejadas,
é necessário primeiramente saber quais características são relevantes, objetivo
da pesquisa apresentada.
Os empreendedores de sucesso avaliados possuem a maioria das
características selecionadas nesta pesquisa, a saber assumir riscos, ser
visionário, possuir autoconfiança, buscar sua auto-realização, ser comprometido
com seus objetivos, persistente e criativo. O fato de ser persuasivo pode ser de
grande importância para o empreendedor, mas não apareceu como uma
característica muito relevante.
Nenhum dos empresários avaliados havia feito um treinamento para
ser bem-sucedido, suas características pessoais foram fatores muito mais
decisivos para explicar seus sucessos. As revisões realizadas e os estudos de
casos de sucesso evidenciam a importância das características pessoais no
aumento das chances de sucesso no mundo empresarial. Apesar disto, conforme
Dolabela (1999), o estágio de conhecimento atual não permite determinar com
certeza se uma pessoa vai ou não ser bem-sucedida como empreendedora. Por
outro lado, sem tais características sabe-se que dificilmente o indivíduo alcançará
o sucesso.
A pesquisa avaliou as características desejadas num empreendedor a
partir da revisão bibliográfica e de estudos de caso encontrados em literatura. Não
foram realizadas pesquisas de campo para verificar a pertinência das variáveis
identificadas. Para concluir a pesquisa seria necessário entrevistar membros de
pequenas comunidades rurais e urbanas, verificar a presença dessas variáveis
preferencialmente nos pequenos empreendedores locais e a ausência delas nos
outros habitantes.
Uma vez efetuada essa verificação será possível adotar essas
variáveis na identificação de empreendedores potenciais em pequenas
comunidades onde se deseja favorecer as iniciativas de desenvolvimento local.
52
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60
ANEXO
Variáveis Importantes para identificação do perfil empreendedor
Variáveis importantes para identificação do perfil empreendedor, classificadas em:
a) técnicas, b) gerenciais, ambas possíveis de serem aprendidas por se tratarem
de técnicas empresariais e c) pessoais, que não podem ser aprendidas.
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
AUTOR
TÉCNICAS
(know-how técnico
na sua área de
atuação)
GERENCIAIS
(controle de ações
de diversas áreas)
PESSOAIS
(já presentes no indivíduo)
DOLABELA
(1999)
Bons
distribuidores e
coordenadores
de recursos;
Capacidade de
calcular riscos;
Conhece bem o
ramo em que
atua;
Sabe buscar,
utilizar e controlar
recursos;
Traça método de
aprendizagem.
Visa resultados.
Alto comprome-
timento;
Cria sistema
próprio de
relações com
empregados;
Orientado para
resultados
futuros;
Se preocupa
com clientes;
Tece rede de
relações
internas e
externas.
Acredita nos seus
sonhos;
Aprende com os erros
(seus e dos outros);
Assume riscos
calculados, não é um
aventureiro;
Autoconfiante;
Comunicativo;
Considera remuneração
como medida de seu
desempenho;
Crê no que faz;
Cria oportunidades;
Cria situação para obter
feedback;
Criativo;
Cultiva a imaginação;
Dedicado;
Detecta oportunidades de
negócios;
61
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
TÉCNICAS
GERENCIAIS
PESSOAIS
AUTOR
(know-how técnico
(controle de ações
na sua área de (já presentes no indivíduo)
de diversas áreas)
atuação)
Faz as coisas
acontecerem;
Geralmente tem modelo
de influência;
Inovador;
Internalidade (crença de
que consegue promover
mudanças no sistema em
que atua);
Intuitivo;
Líder visionário;
Necessita de realização;
Organizado;
Otimista;
Persistente;
Pró-ativo;
Racional;
Realiza visões;
Sonhador realista;
Tece rede de relações
internas e externas
Tem iniciativa;
Visionário.
DORNELAS
(2001)
Orientado à
mudanças.
Apaixonado pelo que faz;
Arrisca;
Busca Reconhecimento e
admiração;
Disciplinado;
Inovador;
Persistente;
Quer fazer a diferença
(não se contenta em ser
mais um na multidão);
Questionador;
Visionário.
GOMES (2005)
Criativo.
Inovador.
62
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
TÉCNICAS
GERENCIAIS
PESSOAIS
AUTOR
(know-how técnico
(controle de ações
na sua área de (já presentes no indivíduo)
de diversas áreas)
atuação)
JACOMETTI e
Cruz (2002)
Estabelecimento
de metas;
Planejamento e
monitoramento
sistemáticos.
Rede de
contatos.
Busca de
informações.
Exigência de
qualidade e
eficiência.
Autoconfiança;
Busca de oportunidade;
Comprometimento;
Correr riscos calculados;
Determinado.
Independência;
Iniciativa;
Ousado;
Persistência;
Persuasão.
LONGENECKER
et al (1997)
Disposição para correr
riscos moderados;
Forte autoconfiança.
Necessidade de
realização.
MARCARINI,
SILVEIRA e
HOELTGEBAUM
(2003)
Estabelecimento
de metas;
Planejamento e
monitoramento
sistemáticos.
Rede de
contatos.
Busca de
informações.
Exigência de
qualidade e
eficiência.
Autoconfiança;
Busca de oportunidade;
Comprometimento;
Correr riscos calculados;
Independência;
Iniciativa;
Persistência;
Persuasão;
Rede de contatos.
MARCHESNAY
(1994)
Perenidade da
empresa.
Autonomia.
Independência
financeira.
MOTA; SANTOS
e SILVA (2004)
Experiência em
empresa;
Experiência na
área comercial;
Formação
complementar;
Vivência em
situações novas.
Identifica
oportunidades.
Busca auto-realização;
Busca desenvolvimento
pessoal;
Corre risco calculado.
Independente.
63
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
TÉCNICAS
GERENCIAIS
PESSOAIS
AUTOR
(know-how técnico
(controle de ações
na sua área de (já presentes no indivíduo)
de diversas áreas)
atuação)
RAMOS e
ESCRIVÃO
FILHO (2000)
Atende bem os
clientes; sabe
relacionar-se
com clientes e
fornecedores;
Atualiza-se
constantemente;
Autonomia;
Boas relações
com informática e
internet;
Busca
alternativas
viáveis para
aumentar
produtividade;
Busca
aprimoramento
constante;
Busca
aprimoramento;
Busca diferencial
competitivo;
Conhece
processos
industriais;
Conhecimento de
idiomas;
Conhecimento
dos processos
industriais;
Domina técnicas;
Evita
desperdício;
Gera riqueza ;
Mantém alto nível
de qualidade
profissional;
Necessita de
Formação
complementar;
Administração
participativa;
Agressivo para
atingir objetivos;
Assegura
qualidade nos
produtos e
serviços
Bom
relacionamento
interpessoal;
Busca convívio
harmonioso;
Comunicação
persuasiva;
desenvolve
pessoas e
grupos;Monitora
os
acontecimentos;
Mantém bom
relacionamento
com o meio;
Motiva equipe;
Atende às
necessidades e
satisfações do
cliente;
Orientado para
pessoas;
Poder de
decisão;
Possui posição
adequada para
cada tipo de
situação;
Preocupa-se
com perenidade
da empresa
Soluciona
problemas;
Trabalha de
modo individual
e coletivamente;
Analisa o ambiente na
busca de oportunidades;
Assume riscos
moderados;
Autoconfiante;
Autodisciplina;
Autonomia;
Bom senso;
Busca aprimoramento
constante;
Capacidade analítica;
Capacidade de
adaptação;
Capacidade de descobrir
nichos;
Capaz de influenciar
pessoas-poder de
persuasão;
Comprometimento;
confiabilidade;
Contagia quem estiver ao
seu redor;
Coragem de correr risco;
Cria oportunidade, não
espera que elas caiam do
céu;
Cria oportunidades;
Curiosidade;
Dedicado em tudo que
faz;
Desenvolve e realiza
seus sonhos;
Diferencia-se num grupo -
destaca-se;
Espírito inovador;
Está sempre atento;
Fixa meta alcançáveis;
Iniciativa;
64
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
TÉCNICAS
GERENCIAIS
PESSOAIS
AUTOR
(know-how técnico
(controle de ações
na sua área de (já presentes no indivíduo)
de diversas áreas)
atuação)
Possui
experiência;
Prática no que
faz;
Transforma
idéias
inovadoras em
operações
comerciais
rentáveis.
Visão ampliada
do negócio;
Visão Global.
Inova;
Integridade;
Mantém bom
relacionamento com
pessoas;
Não tem medo de
mudanças;
Necessita de realização
pessoal;
Otimista;
pensamento criativo;
Persistente;
Pioneirismo;
Planeja - estabelece
metas;
Sabe lidar com conflitos;
Sabe lidar com equipe;
Talento;
Tem energia;
transforma problemas
em oportunidade.
SEBRAE-MS
(2007)
Busca de
Qualidade.
Cálculo dos
Riscos;
Poder.
Busca de Oportunidades;
Comprometimento;
Iniciativa;
Planejamento.
TREVISAN
(1999)
Orientação a
longo prazo.
Atitude voltada para risco;
Comprometimento;
Determinação;
Independência;
Liderança.
65
JULEÍSA ALBUQUERQUE DOS SANTOS
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR COMO
FACILITADOR DAS INICIATIVAS DE DESENVOLVIMENTO
LOCAL
Dissertação, solicitada como
exigência parcial para obtenção
do título de Mestre em
Desenvolvimento Local,
apresentada à Banca
Examinadora, sob a orientação
do Prof. Dr. Olivier François
Vilpoux.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL –
MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE-MS
2007
66
Santos, Juleísa Albuquerque dos
S237c Caracterização do perfil empreendedor como facilitador das iniciativas de
desenvolvimento local / Juleísa Albuquerque dos Santos; orientação Olivier
François Vilpoux. 2007
69f. + anexos
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo.
Grande, Mestrado em desenvolvimento local, 2007.
Inclui bibliografia
1. Empreendimentos 2. Desenvolvimento local 3. Empresários I.
Vilpoux,
Olivier François II. Título
CDD-658.421
Bibliotecária: Clélia Takie Nakahata Bezerra CRB 1/757
Livros Grátis
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