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JULIANA ESCARIÃO DA NÓBREGA
CARACTERIZAÇÃO DO FERMENTO ENDÓGENO
UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DO QUEIJO
CANASTRA NO MUNICÍPIO DE MEDEIROS, MINAS
GERAIS, COM ÊNFASE EM LEVEDURAS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-graduação
em Ciência e Tecnologia de Alimentos, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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36
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Nóbrega, Juliana Escarião da, 1976-
N754c Caracterização do fermento endógeno utilizado na
2007 fabricação do queijo Canastra no município de Medeiros,
Minas Gerais, com ênfase em leveduras / Juliana Escarião
da Nóbrega. Viçosa, MG, 2007.
xi, 82f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Inclui apêndice.
Orientador: Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 68-75.
1. Alimentos - Microbiologia. 2. Fermentação.
3. Alimentos - Análise. 4. Soro de queijo. 5. Queijarias.
6. Queijo - Brasil - Variedades. I. Universidade Federal de
Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 664.001579
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37
JULIANA ESCARIÃO DA NÓBREGA
CARACTERIZAÇÃO DO FERMENTO ENDÓGENO
UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DO QUEIJO
CANASTRA NO MUNICÍPIO DE MEDEIROS, MINAS
GERAIS, COM ÊNFASE EM LEVEDURAS
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como parte
das exigências do Programa de Pós-
graduação em Ciência e Tecnologia de
Alimentos, para obtenção do título de
Magister Scientiae.
APROVADA: 14 de agosto de 2007.
Prof. Antônio Fernandes de Carvalho Prof. Regina Célia Santos Mendonça
(Co-Orientador) (Co-Orientadora)
Prof. Mauro Mansur Furtado Prof. Daise Aparecida Rossi
Prof. Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira
(Orientadora)
38
Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive.
Ricardo Reis
39
Aos meus pais,
irmãos,
sobrinhos e
amigos.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por sua infinita presença em minha vida.
À professora Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira, pela orientação, amizade e apoio durante
todo o período do curso.
À professora Regina Célia Santos Mendonça, pela imprescindível contribuição.
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realizar o curso.
À Universidade Federal da Paraíba, por permitir que eu realizasse o curso e pela confiança.
A todos os amigos do Laboratório de Culturas Láticas, principalmente ao Célio Souza,
Elisângela Domingo e Edimara Ferreira.
As amigas Ana Carolina Volp, Luciana Rodrigues e Milene das Dores pelo apoio e
companhia.
40
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................
vii
ABSTRACT..........................................................................................................
i
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................
1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................
3
2.1 Queijos artesanais em Minas Gerai
s e no Brasil.............................................
3
2.2 Queijo Minas Artesanal...................................................................................
3
2.3 Queijo Canastra..............................................................
.................................
4
2.3.1 Processo de fabricação do queijo Canastra...................................................
6
2.4 Microbiota lática em queijos artesanais...........................................................
10
2.5 Levedu
ras.........................................................................................................
13
2.5.1 Leveduras em alimentos...............................................................................
18
2.5.1.1 Leveduras em produtos l
áticos..................................................................
22
3. OBJETIVOS......................................................................................................
26
4. METODOLOGIA..............................................
................................................
27
4.1 Coleta das amostras.........................................................................................
27
4.2 Análises físico
-
químicas..........................................................
........................
27
4.2.1 Determinação da acidez titulável e do pH....................................................
27
4.2.2 Determinação de cloreto de sódio.................................................................
27
4.3 Análises mic
robiológicas.................................................................................
27
4.3.1 Contagem total e contagem de microrganismos indicadores.......................
28
4.3.2 Contagem da microbiota lática e leveduriforme..................
.........................
28
4.4 Isolamento e caracterização da microbiota lática............................................
28
4.5 Isolamento, caracterização e identificação das leveduras................................
29
4.5.1 Meios de cultura utili
zados na identificação ...............................................
30
4.5.2 Avaliações bioquímicas e físicas..................................................................
32
4.5.2.1 Assimilação e fermentação de fontes de carbono..................
....................
32
4.5.2.2 Crescimento a temperatura de 37
0
C.........................................................
33
4.5.2.3 Tolerância osmótica...................................................................................
33
4.5.2.4 Redu
ção de nitrato.....................................................................................
34
4.5.2.5 Hidrólise de amido.....................................................................................
34
4.6 Análises estatísticas...........
..............................................................................
34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................
35
5.1 Análises físico
-
químicas............................................
......................................
35
5.2 Contagem total e de microrganismos indicadores...........................................
37
5.3 Contagem da microbiota lática e leveduriforme..............................................
40
5.4 Isolamento
e caracterização da microbiota lática e leveduriforme..................
42
5.5 Caracterização e identificação da microbiota leveduriforme..........................
43
5.5.1 Metodologia tradicional..........................................................
......................
43
5.5.2 Sistema API
®
20 C AUX..............................................................................
57
5.5.3 Comparação dos resultados pela metodologia tradicional e pelo sistema API
®
20
C AUX.....................................................................................................
59
5.5.4 Espécies leveduriformes predominantes nas unidades produtoras, nos dois
períodos avaliados.................................................................................................
62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................
67
7. REFERÊNCIAS................................................................................................
68
APÊNDICES .......
.................................................................................................
76
41
RESUMO
NÓBREGA, Juliana Escarião da, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, agosto de
2007. Caracterização do fermento endógeno utilizado na fabricação do
queijo Canastra no município de Medeiros, Minas Gerais, com ênfase em
leveduras. Orientadora: Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira. Co-orientadores:
Antônio Fernandes de Carvalho e Regina Célia Santos Mendonça.
Este trabalho teve por objetivo determinar parâmetros físico-químicos e
caracterizar a microbiota presente no fermento endógeno utilizado na fabricação do
queijo Canastra. O queijo Canastra é produzido na região da Serra da Canastra,
Minas Gerais, de forma artesanal, com leite cru de vaca e utiliza como cultura
iniciadora um fermento endógeno, preparado a partir do soro. Amostras do fermento
endógeno, utilizado em oito unidades produtoras do queijo Canastra, foram
coletadas assepticamente nas respectivas propriedades situadas na cidade de
Medeiros, MG. As mesmas propriedades foram amostradas no período das águas
(PA) e no período da seca (PS). Os valores de acidez e pH não sofreram alteração
(P>0,05) nos dois períodos amostrados. A acidez média encontrada foi 0,56 % e
0,66 %, no PA e PS, respectivamente. O pH apresentou média de 5,02 no PA e de
5,07 no PS. O teor de NaCl foi superior (P<0,05) no PA, com média de 7,39 %,
enquanto no PS, a média foi de 4,13 %. A contagem total de mesófilos aeróbios foi
menor (P<0,05) no PA com mediana de 5,94 Log UFC.mL
-1
, no PS a mediana
encontrada foi de 7,50 Log UFC.mL
-1
. As contagens de coliformes totais, E. coli e
S. aureus não diferiram (P>0,05) nos dois períodos amostrados e as medianas
encontradas foram respectivamente 2,30 Log UFC.mL
-1
, 1,50 Log UFC/ mL e 1,92
Log UFC.mL
-1
no PA e de 2,61 Log UFC.mL
-1
, 1,50 Log UFC.mL
-1
e 1,72 Log
UFC.mL
-1
no PS. Listeria sp. não foi detectada nas amostras. Salmonella sp. foi
detectada em uma das amostras analisadas no PA. Observaram-se elevadas
contagens das bactérias do ácido lático, todos os grupos avaliados apresentaram
contagens superiores a 5 ciclos logaritmos, 395 estirpes foram isoladas e estão em
processo de identificação. As contagens de leveduras não diferiram (P>0,05) nos
dois períodos avaliados e apresentaram medianas de 5,24 Log UFC.mL
-1
e 4,16
Log UFC.mL
-1
no PA e PS, respectivamente. As espécies de leveduras
predominantes no PA foram Debaryomyces hansenii, Torulaspora delbruekii e
42
Kluyveromyces lactis e, no PS, predominaram as espécies Kluyveromyces lactis,
Torulaspora delbruekii e Kluyveromyces marxianus. Houve similaridade de 80,87
% nos resultados entre o método tradicional e o kit API
®
20 C AUX, utilizados para
a identificação das leveduras. Este trabalho representa uma das etapas iniciais acerca
dos principais componentes físico-químicos e microbianos do fermento endógeno
utilizado na fabricação do queijo Canastra. Estudos para uma melhor compreensão
desses componentes, suas variações e interações, assim como a sua contribuição
para as características e a qualidade do queijo Canastra precisam ser definidos.
43
ABSTRACT
NÓBREGA, Juliana Escarião da, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, August,
2007. Characterization of natural whey cultures used in the manufacture of
the Canastra cheese in the city of Medeiros, Minas Gerais State, with
emphasis in yeasts. Adviser: Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira. Co-Advisers:
Antônio Fernandes de Carvalho and Regina Célia Santos Mendonça.
This work had the objective to determine physicochemical parameters and to
characterize the microbiota present in the natural whey cultures used in the
manufacture of the Canastra cheese. The Canastra cheese is produced in the region
of the Canastra Mountain range, Minas Gerais State, artisan made from raw cow’s
milk, and uses, as a culture starter, natural starters, prepared from the whey. The
samples were collected in 8 properties, in the rain period, and in the dry period. The
results demonstrated that the values of acidity and pH did not suffer alteration
(P>0,05) in the two sampled periods. The average acidity found was 0,56 % and
0,66 %, in the raining period and in dry period, respectively. The pH presented an
average of 5,02 in the raining period, and of 5,07 in the dry period. The NaCl index
was superior (P<0,05) in the raining period, and it presented average of 7,39 %,
while in the dry period, the average was of 4,13 %. The total counting of mesophile
bacteria was smaller (P<0,05) in the raining period, with average of 5,94 Log
UFC.mL
-1
, in the dry period the average found was of 7,50 Log UFC.mL
-1
.The total
coliform countings, E. coli and S. aureus did not differ (P>0,05) in the two sampled
periods, and the averages found were, respectively, 2,30 Log UFC.mL
-1
,
1,50 Log
UFC/ mL and 1,92 Log UFC.mL
-1
in the raining period, and 2,61 Log UFC.mL
-1
,
1,50 Log UFC.mL
-1
and 1,72 Log UFC.mL
-1
in the dry period. Listeria sp. was not
detected in any sample. Salmonella sp. was detected in 1 of the samples analyzed
during the raining period. Great figures in the lactic acid bacteria countings were
observed, all the evaluated groups presented countings superior than 5 logarithmic
cycles, 395 lineages were isolated, and are in identification process. The average of
the yeasts counting was of 5,24 Log UFC.mL
-1
in the raining period, and of 4,16
Log UFC.mL
-1
in the dry period. The predominant yeasts species during the raining
period were Debaryomyces hansenii, Torulaspora delbruekii and Kluyveromyces
lactis and in the dry period, had predominantly the Kluyveromyces lactis,
44
Torulaspora delbruekii and Kluyveromyces marxianus species. There was a
similarity of 80,87 % in the results between the traditional method and the 20 API®
C AUX kit, used for the yeasts identification. This work is the beginning of the
understanding of the main physicochemical and microbial components of the natural
whey cultures used in the manufacture of the Canastra cheese. Studies for a better
understanding of these components, their variations and interactions, as well as their
contribution for the Canastra cheese characteristics and quality must still be
determined.
45
1. INTRODUÇÃO
A fabricação artesanal de queijos no Estado de Minas Gerais resulta de uma
tradição secular, passada de pai para filho, como forma de aproveitamento da
produção leiteira nas pequenas propriedades rurais. Dificuldades com transporte e
comercialização do leite levaram os pequenos produtores das regiões montanhosas
mineiras a produzir seu próprio queijo. As características geográficas dessas regiões
forneceram condições para o desenvolvimento de um queijo com características
sensoriais peculiares, a exemplo do queijo produzido na região da Serra da Canastra.
Os produtores artesanais dessa região utilizam a microbiota naturalmente
presente no leite, como coadjuvante à produção do queijo. Diariamente, após
enformagem e salga do queijo, parte do soro eliminado é coletado e adicionado à
produção subseqüente. Esse fermento endógeno, comumente conhecido como pingo,
contém diversos grupos microbianos que direcionam a fermentação e maturação do
queijo. Essa prática insere ao produto uma microbiota diversificada, representativa
da região na qual o produto é fabricado e confere ao queijo características sensoriais
diferenciadas e endêmicas.
Estudos demonstram que o sistema enzimático da microbiota presente nos
queijos artesanais, fabricados a partir de leite cru, é mais complexo do que aquele
presente na microbiota de queijos fabricados com leite pasteurizado, adicionados de
fermentos selecionados, conduzindo a diferenças na qualidade sensorial entre esses
dois tipos de queijo (GRAPPIN & BEUVIER, 1997; PELÁEZ & REQUENA, 2005;
BALLESTEROS et al , 2006; CABEZAS et al, 2007).
Desde a década de 1950, com a adoção da pasteurização do leite para a
produção de queijos (MARTLEY & CROW, 1993) tornou-se necessário a utilização
de culturas iniciadoras para reposição da microbiota lática. Seu uso confere
qualidade tecnológica aos produtos láticos, mas, em contra partida, limita a
biodiversidade e, conseqüentemente as características sensoriais desses produtos
(MARINO et al, 2003; PELÁEZ & REQUENA, 2005; ZAMFIR et al, 2005).
Existe uma reconhecida demanda por novas estirpes que substituam ou
complementem os fermentos correntemente usados na indústria de produtos
fermentados, pois o número limitado dessas estirpes, disponíveis para a indústria
46
lática, tem sido extensivamente utilizado, intensificando, com isso, problemas como
infecção por bacteriófagos (SALAMA, 1995; POZNANSKI et al, 2004; PELÁEZ &
REQUENA, 2005; ZAMFIR et al, 2005).
Culturas iniciadoras específicas a uma particular variedade de queijo,
baseada na seleção de estirpes isoladas a partir do próprio produto,
presumivelmente, estará mais bem adaptada, além de assegurar propriedades
sensoriais semelhantes ao queijo original, quando fabricado com leite tratado
termicamente (ESTEPAR et al, 1999). Para tanto, é necessário o conhecimento
bioquímico e microbiológico desse ecossistema. A disponibilidade de culturas
endógenas, adaptadas às condições locais, é uma necessidade econômica e um
avanço tecnológico (CAVALCANTE, et al, 2003).
Fermentos naturais utilizados na fabricação de queijo constituem uma
complexa associação microbiana, formada predominantemente por bactérias do
ácido lático (BAL) e por uma microbiota não-lática como leveduras (COPOLA et al,
1988; REINHEIMER et al, 1995; PARENTE et al, 1997).
Apesar da extensiva utilização de fermento endógeno na fabricação de
queijos artesanais em Minas Gerais, pouco se sabe a respeito da sua composição. A
finalidade desse trabalho foi caracterizar o fermento endógeno utilizado na
fabricação do queijo artesanal da Serra da Canastra, em diferentes períodos do ano.
Este estudo contribuirá para melhor entendimento da composição físico-química e
microbiana do fermento endógeno e do papel que este exerce nas características
sensoriais do queijo Canastra, servindo de base para seleção de novas estirpes, que
poderão ser utilizadas pela indústria ou pelo produtor de queijo artesanal, para
manter as características desejáveis desses queijos.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Queijos artesanais em Minas Gerais e no Brasil
Informações sobre queijos artesanais no Brasil são escassas. Além dos
queijos tipo Minas, produzidos principalmente nas regiões mineiras de Araxá
47
(ARAÚJO, 2004), Serra da Canastra (ORNELAS, 2005), Alto Paranaíba
(FONSECA, 2005) e Serro (PINTO, 2004; MARTINS, 2006) podem ser citados os
queijos produzidos no Nordeste: queijo Manteiga e queijo Coalho (AQUINO, 1983;
GLOBO RURAL, 1999) e no Sul: queijo Serrano, também conhecido como queijo
Colonial (SOUZA et al, 2003; ANDRADE et al, 2006). Após a promulgação da Lei
Estadual n
o
14.185, de 31 de janeiro de 2002, que estabelece os queijos artesanais
das regiões mineiras, acima citadas, como patrimônio imaterial do Estado, aumentou
a preocupação quanto à necessidade de se obterem informações acerca dos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos, assim como de se estabelecerem
ações com o intuito de proteger, os queijos artesanais produzidos em regiões
tradicionais não só em Minas Gerais, como em outros Estados (PINTO, 2004;
EMATER, 2007; SEBRAE, 2007).
2.2 Queijo Minas artesanal
A produção de queijos em Minas Gerais é de aproximadamente 215 mil
toneladas por ano, sendo 70 mil de queijo Minas artesanal, produzido em 519 dos
853 municípios mineiros. A produção caracteriza-se por ser em pequena escala,
fabricado diretamente nas propriedades rurais. Ocupa 30 mil famílias de pequenos
proprietários, totalizando aproximadamente 100 mil pessoas. Destes, 10.773 são
produtores das quatro principais regiões do Estado (Serro, Alto Paranaíba, Serra da
Canastra e Araxá), consideradas tradicionais e que produzem anualmente 33.570
toneladas de queijo em 46 municípios, gerando 26.870 empregos diretos (GLOBO
RURAL, 2002; EMATER, 2004a).
2.3 Queijo Canastra
A fabricação e o consumo de queijo na região da Serra da Canastra
confundem-se com a história do povoamento local, iniciado com a busca de
minerais e pedras preciosas. Relatos de naturalistas, contratados na época do
império, são ricos em descrições detalhadas da vegetação, tipo de solo, serras, rios e
48
seus habitantes. Dentre os costumes e hábitos alimentares descritos, o queijo,
fabricado de forma artesanal, já era incluído (EMATER, 2004).
Localizada no sudoeste do Estado (Figura 1), a região abriga o Parque
Nacional da Serra da Canastra, criado para proteger as nascentes do rio São
Francisco. Sua altitude varia de 637 m a 1.485 m acima do nível do mar, com
temperatura média anual de 22,2
0
C e índice pluviométrico em torno de 1.390 mm
anuais (EMATER, 2004). É formada pelos municípios de Bambuí, Delfinópolis,
Medeiros, Piumhi, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita, com expressiva
parte da sua população na zona rural, a exemplo de Medeiros (51,6 %) e Vargem
Bonita (46,6 %) (Tabela 1). Estes municípios possuem várias particularidades
naturais, sócio-culturais e econômicas em comum, entre elas o modo de fabricar o
queijo artesanal (EMATER, 2004).
49
Figura 1. Regiões produtoras do queijo Minas artesanal.
Tabela 1. Características gerais dos municípios produtores do queijo Canastra
Município
Área
(Km
2
)
População
(n)
População Rural
(%)
Bambuí 1.457 21.682 18,50
Delfinópolis 1.171 6.572
29,00
Medeiros
969
3.038
51,60
Piumhi 905 28.757
12,30
São Roque de Minas 2.107 6.326 41,00
Tapiraí 434 1.887
40,50
Vargem Bonita 409 2.206 46,60
Total 7.452 70.468
21,90
Fonte: EMATER-MG (2004).
Segundo dados da EMATER (2004), o queijo Minas artesanal da Serra da
Canastra é produzido por 1.795 produtores, com uma produção anual de 4.470
toneladas (Tabela 2), sendo grande parte dessa produção comercializada nos
mercados de Belo Horizonte e São Paulo. Emprega basicamente mão-de-obra
familiar, caracterizada pelo baixo nível de escolaridade (ORNELAS, 2005). Não
50
existem, até o momento, cooperativas ou associações para a comercialização do
queijo Canastra. Segundo Ornelas (2005), 92,5 % do queijo produzido na região é
comercializado por atravessadores, conhecidos como queijeiros.
Tabela 2. Produção de leite e queijo artesanal pelos municípios da Região da Serra
da Canastra
Município
Propriedades
Rurais (n)
Rebanho
(cabeças)
Prod. Leite
ano (1000
Litros)
Produtor de
queijo
Produção
anual de
queijo (ton.)
Bambuí 1.438 74.323 36.537 149 576
Delfinópolis 484 80.000 15.000 25 70
Medeiros
537
29.97
1
16.425
430
1.600
Piumhi 956 30.394 21.600 50 165
São R. de Minas 933 18.811 7.560 852 1.537
Tapiraí 258 18.320 4.438 89 162
Vargem Bonita 207 12.792 2.355 200 360
Total 4.813 264.611 103.915 1.795 4.470
Fonte: EMATER-MG (2004).
2.3.1 Processo de fabricação do queijo Canastra
A produção artesanal do queijo Canastra é realizada na própria fazenda onde
o leite é produzido. As queijarias caracterizam-se por serem construções simples,
localizadas próximas ao local da ordenha (Figura 2).
51
Figura 2. Queijaria da região da Serra da Canastra
O leite recém-ordenhado é filtrado e conduzido através de tubulação que
interliga a recepção à sala de processamento da queijaria, onde é acondicionado em
tanques plásticos para o seu processamento. O coalho e o fermento endógeno são
adicionados e, após coagulação, a massa é quebrada com o auxílio de uma pá de
madeira. A massa coagulada, coletada com o auxílio de peneira plástica, é colocada
em fôrmas plásticas, onde a prensagem é realizada manualmente com a ajuda de um
tecido. Após a prensagem, os queijos são recobertos com sal grosso. Passadas 24
horas, o excesso de sal é retirado, sendo os queijos transferidos para prateleiras,
permanecendo nas fôrmas por mais 24 horas. Os queijos são virados diariamente, até
a comercialização (Figura 3).
52
1. Ordenha
2. Filtragem do leite
3. Tanque de processamento do leite
4. Dosagem do coalho e do pingo
5. Coagulação do leite
6. Corte da massa
Continua...
53
7. Dessoragem
8. Enformagem
9. Prensagem
10. Salga
Coleta do pingo durante a salga
11. Maturação dos queijos
Figura 3. Etapas da fabricação do queijo Canastra
54
Pesquisas têm demonstrando que na região da Serra da Canastra não existe
padronização no processo de fabricação. A quantidade de coalho e fermento
endógeno utilizada assim como o tempo de coagulação variam entre os produtores
(ORNELAS, 2005; BORELLI, 2006). Problema semelhante também foi observado
em outras regiões produtoras do queijo Minas artesanal, a exemplo de Araxá e Serro
(ARAÚJO, 2004; PINTO, 2004).
2.4 Microbiota lática em queijos artesanais
Em muitos países, queijos fabricados em pequena escala, a partir de leite
cru, ordenhados pelos próprios produtores, são produzidos artesanalmente,
utilizando técnicas tradicionais. Na produção desses queijos, normalmente não se
empregam culturas iniciadoras comerciais, sendo esta função desempenhada pelas
BAL naturalmente presentes no leite (COGAN et al, 1997).
Alternativamente, tipos diferentes de culturas naturais são utilizadas,
produzidas a partir do soro ou do próprio leite. Embora a composição e o
desempenho desses fermentos endógenos sejam relativamente variáveis, possuem
propriedades importantes, como relativa insensibilidade ao ataque de bacteriófagos e
constituem uma rica e complexa associação microbiana, fonte de novas estirpes.
(REINHEIMER et al, 1995; REINHEIMER et al, 1996; COGAN et al, 1997;
PARENTE et al, 1997; BERESFORD et al, 2001).
A microbiota do queijo compreende o grupo de microrganismos iniciadores,
composto pelas BAL e o grupo de microrganismos secundários. As BAL estão
envolvidas no desenvolvimento da acidez durante a fabricação e também contribuem
no processo de maturação. A microbiota secundária, embora não contribua para a
acidez, geralmente tem papel significativo na fase de maturação do queijo. Esse
grupo inclui as BAL não iniciadoras, como espécies mesofílicas dos gêneros
Pediococcus e Lactobacillus e outros microrganismos a exemplo de Micrococcus,
Brevibacterium, bactérias propiônicas, bactérias corineformes, fungos e leveduras
(GOBBETTI et al, 1999; BERESFORD et al, 2001).
55
Pouco se sabe sobre as BAL envolvidas na fabricação e maturação de queijos
artesanais, sendo que a maioria das informações encontrada na literatura, diz
respeito aos queijos espanhóis (COGAN et al, 1997).
Pesquisas têm demonstrado que espécies de Lactococcus são de grande
relevância na microbiota dos queijos artesanais espanhóis, por exemplo, o queijo
Manchego é o mais popular e consumido, sendo fabricado na região de La Mancha,
a partir de leite cru de ovelha e maturado por 15 a 60 dias. Em estudo realizado por
Ballesteros et al (2004), a espécie predominantemente encontrada foi Lactococcus
lactis subsp. lactis, seguida de Enterococcus faecalis, Lactobacillus paracasei
subsp. paracasei, Leuconostoc mesenteroides subsp. dextranicum e Lactobacillus
platarum. Os autores também consideraram que os atributos sensoriais no
Manchego fabricado artesanalmente foram superiores aos apresentados pelo mesmo
queijo, quando fabricado industrialmente.
Segundo Estepar et al (1999), o queijo Peñamellera, outro tradicional queijo
artesanal espanhol, fabricado, ao norte do país, com leite cru de vaca, porém
adicionado de leite de cabra e ovelha, apresentou predominância do gênero
Lactococcus, com valores médios de 10
9
UFC.g
-1
, sendo a espécie Lactococcus
lactis subsp. lactis predominante. Os Lactobacillus apresentaram-se como o grupo
subdominante, com contagens médias de 5x 10
7
UFC.g
-1
, e as espécies que se
destacaram foram Lactobacillus brevis e Lactobacillus plantarum . O grupo
Lactococcus também se destaca como o principal durante a maturação do queijo
Ibores, fabricado com leite cru de cabra, na região sudoeste da Espanha e nos
queijos Roncal e Idiazábal, fabricados com leite cru de ovelha na região de Navarra
(ARIZCUN et al, 1997; MAS et al, 2002).
Cogan et al (1997) isolaram e caracterizaram 4.379 BAL em 35 produtos
artesanais fabricados na Europa, incluindo 24 queijos. Além de queijos, foram
avaliados fermentos endógenos, leites e leites fermentados. O estudo indicou
consideráveis variações nos tipos de BAL presentes, bem como sua capacidade de
produzir ácido, exopolissacarídios, bacteriocinas e proteinases, o que sugere que
cada tipo de queijo tem um ecossistema único. Dentre as BAL identificadas, foram
mais freqüentes Lactococcus (38 %), Enterococcus (17 %), Streptococcus
56
thermophilus (14 %), Lactobacillus mesófilicos (12 %), Leuconostoc (10 %) e
Lactobacillus termofílicos (9 %).
Zamfir et al (2005) ao avaliarem a biodiversidade de BAL em 110 amostras
de produtos láticos artesanais produzidos na Romênia, entre estes, os queijos Branza
Dulce, Telemea e Urda, observaram que há predominância de Lactococcus lactis,
Leuconostoc sp. e Enterococcus sp. Entre o grupo Enterococcus, uma nova espécie,
E. sacharominimus, foi encontrada, o que demonstra a importância dos produtos
artesanais como fonte potencial de microrganismos, cujas propriedades possam ser
utilizadas para o desenvolvimento de novas culturas iniciadoras.
No México, assim como no Brasil, o queijo tipo “frescal” é uma das
variedades populares mais consumidas. O queijo frescal mexicano é fabricado
artesanalmente em várias propriedades rurais, com leite cru de vaca, utilizando-se de
técnicas tradicionais, que inclui acidificação pelas BAL naturalmente presentes no
leite (TORRES & CHANDAN, 1981). No trabalho realizado por Torres-Llanez et
al (2006), a espécie predominante foi Lactococcus lactis subsp. lactis, seguida por
Enterococcus faecium e Lactobacillus casei. No entanto, no queijo Jben, fabricado
no Marrocos, com características semelhantes, Lactobacillus foi o gênero dominante
(34 % dos isolados), com destaque para a espécie Lactobacillus plantarum
(OUADGHIRI et al, 2005).
Estudo correlacionando a microbiota presente em queijos em diferentes
épocas do ano demonstrou variações sazonais na qualidade do leite e queijo dentro
do mesmo ano, bem como variações decorrentes da localização geográfica.
(TAVARIA et al, 2000).
No Brasil, uma das raras literaturas sobre BAL em queijos artesanais aponta
a espécie Lactobacillus plantarum como a predominante ao longo da fabricação do
queijo Canastra (BORELLI, 2006). O autor assinala as espécies Lactobacillus
plantarum e Lactobacillus casei como os microrganismos que potencialmente
poderiam ser utilizados como componentes da cultura iniciadora na fabricação desse
produto.
57
2.5 Leveduras
Levedura, por definição, é um microrganismo unicelular, que se reproduz
principalmente por brotamento. Não pertence a um grupo formal, o crescimento
leveduriforme é exibido por grande número de microrganismos não relacionados
entre si. Existem pelo menos 80 gêneros de leveduras com aproximadamente 600
espécies conhecidas (RAVEN et al, 2001) .
Ao microscópio, leveduras diferenciam-se de bactérias pela maior dimensão
das suas células, podendo variar de 5 a 8 mm de diâmetro. Crescem em uma ampla
faixa de pH ácido, em até 18 % de etanol e em presença de 55 % a 60 % de sacarose.
As colônias de leveduras são geralmente de consistência cremosa, brilhantes ou
opacas, de cor branca a creme, mas podem apresentar coloração do marfim ao
vermelho (JAY, 2005).
Leveduras produzem células simples, arredondadas, ovais ou alongadas, que
se reproduzem quase sempre por brotamento, geralmente na região polar. Algumas
leveduras podem produzir brotos, simultaneamente, em vários pontos. No processo
de brotamento, a célula-mãe origina uma gêmula, o blastoconídio (ou blastóporo)
(Figura 4). Os brotamentos são liberados da célula-mãe, formando células
independentes, ou continuam unidos, formando células alongadas, chamadas
pseudo-hifa, que se diferenciam das hifas verdadeiras, por apresentarem constrição
nos septos. Dentre os esporos assexuais mais comuns ainda podem-se citar os
artroconídios (Figura 5), que são células que se separam a partir de uma hifa em
crescimento (típico do gênero Trichosporon) e os clamidoconídios (Figura 6), os
quais podem ser reconhecidos pelas espessas paredes que apresentam e que são
facilmente observados em Candida albicans (LARPENT et al, 1991; RAVEN et al,
2001; JAY, 2005).
58
Figura 4. Blastoconídio e pseudo-hifa
Figura 5. Artroconídio
Figura 6. Clamidoconídio
As leveduras, segundo sua capacidade de reproduzir de forma sexuada, são
agrupadas em duas grandes classes: Ascomycetes, também conhecidos como
59
“leveduras verdadeiras”, ou ainda, leveduras ascosporogeneas, que formam em
certas condições, ascósporos no interior da célula. Outras são capazes de elaborar
esporos externos, essas são as leveduras pertencentes ao grupo Basidiomycetes.
“Leveduras falsas”, nas quais somente a reprodução assexuada é conhecida, formam
um conjunto artificial, conhecido por Deuteromycetes. Essas são incapazes de
formar ascósporos ou basidiósporos em condições habituais de laboratório. Com
base em suas características gerais, muitos deuteromicetos são ascomicetos ou
basidiomicetos, reproduzindo-se somente assexuadamente, em uma condição
também conhecida como estado anamorfo (LARPENT et al, 1991; RAVEN et al,
2001; JAY, 2005).
Várias espécies de leveduras têm sido descritas em seu estado anamorfo,
devido ao desconhecimento do seu modo de reprodução sexual (estado teleomorfo).
Em algumas leveduras, a habilidade de formar esporos sexuais ainda é
desconhecida. Porém, uma vez descoberto o teleomorfo para uma espécie conhecida
anteriormente como anamorfa, os nomes passam a ser sinônimos (DEÁK &
BEUCHAT, 1986). Observam-se, na tabela 3, algumas leveduras presentes em
alimentos e o respectivo sinônimo quando em estado anamorfo.
Tabela 3. Leveduras presentes em alimentos e seus anamorfos.
Teleomorfo
Anamorfo
Citeromyces matritensis
Candida globosa
(
C. globosa
)
Clavispora lusitaniae
C. lusitaniae
Debaryomyces hansenii
C. famata
Dekkera anômala
(
D. anômala
)
Brettanomyces anomalus
D. bruxellensis
B. bruxellensis
D. intermed
ia
B. intermédia
Dipodascus geotrichum
Geotrichum candidum
Filobasidium capsuligenum
(F. capsuligenum)
Candida japonica
F. uniguttulatum
Cryptococcus uniguttulantus
(Cr. uniguttulantus)
60
Filobasidiella neoformans
Cr. neoformans
Hanseniaspora guilliermo
ndi
(H. guilliermondi)
Kloeckera apis
(K. apis)
H. occidentais
K. javanensis
H. osmophila
K. corticis
H. uvarum
K. apiculata
H. valbyensis
K. japonica
H. vinae
K. africana
Hyphopichia burtonii
Candida variabilis
Issatchenkia orientalis
C. krusei
Ku
yveromyces lactis
(
Kl.lactis
)
C. sphaerica
Kl. marxianus
C. kefyr
Kl. thermotolerans
C. dattila
Leucosporidium scottii
C. scottii
Metschnokowia pulcherrima
C. pulcherrima
M. reukaufii
C. reukaufii
Pichia anômala
(P.
anomala
)
C. pelliculosa
P. canad
ensis
C. melinii
P. capisulata
C. molischiana
P. fabianii
C. fabianii
P. fermentans
C. lambica
P. guilliermondii
C. guilliermondii
P. holstii
C. silvícola
P. humboldtii
C. ingens
P. jadinii
C. utilis
P. membranaefaciens
C. valida
P. nakasei
C.citr
ea
P. norvegensis
C. norvegensis
P. stipitis
C. shehatae
Rhodosporidium infirmo
-
miniatum
(R. infirmo- miniatum)
Cr. infirmo-miniatus
R. toruloides
Rhodotorula glutinis
(
Rd. glutinis
)
R. paludigenum
Rd. graminis
R. dacryoideum
Rd.. minuta
Saccharomy
ces cerevisiae
(
S. cerevisiae
)
Candida robusta
S. exiguus
C. holmii
61
Sporidiobolus pararoseus
(
Sp. pararoseus
)
Sporobolomyces shibatanus
(
Sb. shibatanus
)
Sp. salmonicor
Sb. laurentii
Tremela auratia
Cr. laurentii
Torulaspora delbruekii
C. colliculosa
Wickerhamiella domercqiae
C. domercqiae
Yarrowia lipolytica
C. lipolytica
Zygosaccharomyces rouxii
C. mogii
Fonte: DEÁK & BEUCHAT, 1986.
As fontes de carbono são de grande importância para as leveduras, pois
propiciam a biossíntese de constituintes celulares variados como açúcares, lipídios,
proteínas, ácidos nucléicos, entre outros, e a sua oxidação fornece energia para a
célula (RAVEN et al, 2001). A via de degradação dos glicídios é a glicólise, onde a
glicose é oxidada a piruvato. Segundo Larpent et al (1991), dependendo da forma
como o piruvato é catabolizado, as leveduras podem ser divididas em dois grupos.
1. Aeróbios estritos: organismos que apresentam metabolismo exclusivamente
respiratório, sendo o piruvato oxidado pelo ciclo de Krebs. A incapacidade desses
organismos em fermentar pode ser explicada pela ausência da álcool desidrogenase,
enzima catalisadora da redução de acetaldeído a etanol. São exemplos desse grupo
os gêneros: Rhodotorula, Rhodosporidium, Lipomyces, Saccharomycopsis,
Cryptococcus e Sporobolomyces e espécies como: Candida famata, Pichia fluxuum,
Debaryomyces hansenii e Hansenula canadiesis. 2. Anaeróbios facultativos: nesses
organismos, o açúcar é metabolizado em etanol pela fermentação, quando em
situação de anaerobiose. Durante o crescimento em aerobiose, tanto a respiração
quanto a fermentação contribuem para a degradação da glicose. Segundo a
importância dessas vias metabólicas, dois subgrupos podem ser observados: a)
leveduras do tipo respiratório: durante o crescimento em presença de oxigênio,
menos de 30 % da glicose é fermentada. A intensidade respiratória é elevada e a
glicose é degradada em CO
2
e água, resultando em alto rendimento energético; b)
leveduras do tipo fermentativa: durante o crescimento em presença de oxigênio,
grande parte da glicose é fermentada (> 90 %) , a intensidade respiratória é fraca e
os glicídios, incompletamente oxidados a etanol. O rendimento energético é pequeno
e o crescimento é frequentemente mais lento que no caso precedente. Podem-se
62
observar, na Figura 7, pode-se observar as vias metabólicas utilizadas pelas
leveduras em aerobiose e anaerobiose.
Glicose-6-fosfato
NADH
Piruvato
CO
2
ATP
Glicose-6-fosfato
Triose fosfato
Piruvato
CO
2
Etanol Oxaloacetato
+
CO
2
Succinato
Açúcar
mitocôndria
Respiração Aeróbica Fermentação Anaeróbica
CO
2
Oxigênio
Ciclo do Ácido Cítrico
Fosforilação Oxidativa
Açúcar
Glicerol
Etanol
CO
2
Succinato
célula
Adaptado de Larpent et al (1991).
Figura 7. Vias metabólicas em aerobiose e anaerobiose
2.5.1 Leveduras em alimentos
Leveduras apresentam grande significado em alimentos, devido a sua
capacidade de causar deterioração ou conduzir a uma fermentação desejável.
Tradicionalmente e do ponto de vista econômico, são os microrganismos mais
importantes, explorados pelo homem. São utilizadas na produção de pão, cerveja,
vinho e outras bebidas alcoólicas, assim como etanol para combustível, extrato de
levedura, pigmentos, probióticos e outras substâncias específicas para uso em
alimentos e pela indústria farmacêutica (FLEET, 1990; JAKOBSEN & NARVHUS,
1996).
Deák e Beuchat (1987), com base numa extensa pesquisa na literatura desde
a década de 1950, compilaram uma lista com 215 espécies de leveduras citadas
em alimentos. Nessa lista, são representados 43 gêneros de leveduras. Quase a
metade das espécies vem dos gêneros Candida e Pichia (73 e 31 espécies,
respectivamente). Desse total, 50 espécies podem ser consideradas comumente
63
associadas com alimentos, sendo encontradas principalmente em deterioração. As 20
espécies mais freqüentes de leveduras, difundidas em quase todos os tipos de
alimento estão listadas na Tabela 4.
Tabela 4. Espécies de leveduras mais freqüentes em alimentos
Espécies
Ocorrência
a
Candida glabrata
(
C. glabrata
)
A, B, C, D, E, G, I
C. sake
A, D, E, F, G, I, K
C. tropicalis
A, B, C, D, E, F, G, H, I
C. versatilis
A, B, C, E, F, G, I
Cryptococcus albidus
A, D, E, G, H, I, K
Debaryomyces hansenii
A, B, C, D, E, F, G, H, I
Issatchenkia orientalis
A, B, C, D, E, F, G, H, I
Kluyveromyces marxianus
A, C, D, E, F, H, I
Pichia
anomala
(
P. anomala
)
A, B, C, D, E, F, G, K
P. fermentans
A, B, C, D, E, F, G, H, I, K
P. guilliermondii
A, B, C, D, E, F, G, H, I
P. membranaefaciens
A, B, C, D, E, F, G, H, I
Rhodotorula glutinis
(
R. glutinis
)
A, B, D, E, F, G, H, I, K
R. mucilagino
sa
A, C, D, E, F, G, H, I, K
Saccharomyces cerevisiae
(S. cerevisiae)
A, B, C, D, E, F, G, I, K
S. exiguus
A, B, C, D, E, F, G, H, I
Sporobolomyces roseus
A, C, E, F, G, H, K
Torulaspora delbrueckii
A, B, C, D, E, F, G, H, I, K
Zygosaccharomyces bail
ii
(Z. bailii)
A, C, D, E, F, I
Z. rouxii
A, B, C, D, E, F, H, I
Fonte:
Deák e Beuchat (1987)
a
Ocorrência: A: frutas, vegetais, saladas cruas; B: alimentos fermentados, salgados ; C: concentrados,
xaropes, geléias, mel; D: bebidas, refrigerantes, sucos; E: mosto, vinho, cidra; F: cerveja, ale; G:
carne, frango, derivados cárneos; H: leite, queijo, derivados láticos; I: outros produtos alimentícios
(ex: massas, pães, confeitarias, saladas,etc); K: ambiente da indústria alimentícia, ar, piso, esgoto.
64
Jay (2005) destaca 14 gêneros de leveduras de interesse em alimentos que
serão descritos, sucintamente, a seguir:
Brettanomyces: Leveduras fermentativas. Brotamento multilateral. Pseudomicélio e
micélio verdadeiro não septado possíveis. Produzem ácido acético a partir de glicose
em condições de aerobiose. Causam deterioração em cerveja, vinho, refrigerante e
conserva.
Candida: Fermentativas ou não. Brotamento multilateral ou polar. Pseudomicélio e
micélio verdadeiro possíveis. Os membros desse gênero são as leveduras mais
comuns em carne de gado crua moída e em carne de frango. Candida tropicalis é a
levedura mais encontrada em alimentos em geral.
Cryptococcus: Não fermentativas. Brotamento multilateral. Pseudomicélio ausente
ou rudimentar. Colônias mucosas, hialinas ou vermelho-alaranjadas, devido a
pigmentos carotenóides. Representam o anamorfo da Filobasidiella e de outros
Basiodiomycetes. São encontradas em plantas, solos, morangos e outras frutas,
peixes marinhos, camarão e carne de gado crua e moída.
Debaryomyces: Fermentação fraca. Brotamento multilateral. Pseudomicélio pode
estar presente. São também produtoras de esporos. Constituem um dos dois gêneros
mais encontrados em produtos lácteos. Crescem em salmoura e em queijos e causam
deterioração em suco de laranja concentrado e em iogurte.
Hanseniaspora: Leveduras fermentativas. Brotamento bipolar. São anamorfas das
Kloeckera spp. Ascósporos em forma de chapéu. Podem sem encontradas em uma
grande variedade de alimentos, principalmente figos, tomates, morangos, frutas
cítricas e na fermentação dos grãos de cacau.
Issatchenkia: Leveduras fermentativas. Brotamento multilateral. Produzem
pseudomicélios. Formam película em meio líquido. São comuns em grande
variedade de alimentos.
Kluyveromyces: Fermentativas. Brotamento multilateral. Produzem ascósporos. A
Kluyveromyces marxianus é uma das duas leveduras mais comuns em produtos
lácteos. É encontrada em grande variedade de frutas, sendo responsável pela
deterioração de queijos.
65
Pichia: Fermentação variável. Brotamento multilateral, pseudomicélio freqüentes e,
às vezes, produzem hifas verdadeiras. Podem formar artrósporos. Ascos
normalmente contêm quatro esporos esféricos, em forma de chapéu, ou semelhante a
saturno. Algumas são encontradas em peixes fresco e em camarão. Crescem em
salmoura de azeitonas e causam deterioração de picles e chucrute.
Rhodotorula: Não-fermentativas. Brotamento multilateral. Pseudo e verdadeiro
micélio possível. Produzem pigmentos rosados ou vermelhos e a maioria possui cor
laranja ou rosa-salmão. São anamorfas dos Basidiomycetes. Este gênero possui
muitas espécies psicrotróficas, podem ser encontradas em carne de frango, camarão,
peixes e carne de gado fresca. Algumas crescem na superfície da manteiga.
Saccharomyces: Apresentam rápida fermentação. Brotamento multilateral com a
possibilidade de formação de pseudomicélio. Ascósporos esféricos ou ovalares.
Todas as leveduras do pão, da cerveja, do vinho e do champanha são S. cerevisiae.
São encontradas em grãos de Kefir e podem ser isoladas de uma grande variedade de
alimentos, como salames secos e maturados e muitas frutas.
Schizosaccharomyces: Fermentativas e respiratórias. Multiplicação vegetativa por
fissão. Presença de micélio e,ou, artróporos. Formadoras de ascósporos esféricos,
ovalares ou reniformes. Osmofílicas e resistentes a alguns conservantes químicos.
Torulaspora: Forte fermentação. Brotamento multilateral, sem formação de
pseudomicélios. Ascósporos esféricos ou elipsóides. Torulaspora delbruekii é a
espécie mais comum.
Trichosporon: Fermentação fraca ou ausente. Multiplicam-se por brotamento e por
formação de artroconídio. Pseudomicélios e micélio verdadeiro abundantes. Já
foram isoladas de camarão fresco, carne de gado moída, frango, ovelha congelada,
entre outros alimentos.
Zygosaccharomyces: Apresentam forte fermentação. Brotamento multilateral,
pseudomicélio possível. Ascósporos em forma de feijão estão livres nos ascos.
Algumas estão envolvidas na fermentação do shoyo e do miso e outras deterioram
maionese e molhos para saladas.
66
2.5.1.1 Leveduras em produtos láticos
Embora a atividade fermentativa e de deterioração das leveduras seja bem
conhecida em muitos alimentos e bebidas, pouco se sabe a respeito da sua
ocorrência e significância nos derivados lácteos (FLEET, 1990). Usualmente, são
detectadas em grande quantidade, refletindo uma boa adaptação ao substrato rico em
proteínas, lipídios, açúcar e ácidos orgânicos. Sua ampla distribuição é conseqüência
da atividade lipolítica e proteolítica, da habilidade em fermentar/assimilar lactose, de
utilizar ácidos orgânicos, da capacidade de crescimento em baixas temperaturas e da
baixa atividade de água e resistência a compostos de limpeza e sanificação (FLEET,
1990; JAKOBSEN & NARVHUS, 1996; PRAPHAILONG & FLEET, 1997;
FADDA et al, 2004).
Nesses produtos, as leveduras podem interagir com outros microrganismos
de diferentes formas, inibindo ou eliminando microrganismos indesejáveis,
causadores de defeitos ou potencialmente patogênicos; podem agir de forma a inibir
as culturas iniciadoras; ou, ainda, contribuir positivamente em processos de
fermentação ou maturação, apoiando a função das culturas iniciadoras (JAKOBSEN
& NARVHUS, 1996).
Como parte da comunidade microbiana, juntamente com bactérias, leveduras
podem contribuir para as características sensoriais do kefir, koumiss e de diferentes
variedades de queijo, influenciando a biossíntese de compostos aromáticos
(ZOURARI & ANIFANTAKIS, 1988; ROOSTITA & FLEET, 1996a). Por outro
lado, leveduras podem causar a deterioração dos derivados láticos, sendo os defeitos
tipicamente observados: produção de gás, alteração no sabor e aroma, descoloração
e mudança de textura (FLEET, 1990; JAKOBSEN & NARVHUS, 1996). Um
aumento no índice de deterioração é observado quando os produtos são
suplementados ou decorados com frutas, mel, açúcar, castanhas, que são fontes de
contaminação, além de fornecerem nutrientes para o crescimento e fermentação das
leveduras (JAKOBSEN & NARVHUS, 1996).
Leveduras podem estar presentes ao longo da cadeia produtiva do leite, da
fazenda até o produto acabado. Como contaminantes naturais, as leveduras estão
amplamente distribuídas no ambiente da ordenha, no leite cru e em utensílios
67
(LOPANDIC et al, 2006). Embora o leite cru e o leite pasteurizado sejam
freqüentemente contaminados por leveduras, as populações são geralmente baixas
(<10
4
UFC.mL
-1
), quando comparadas com as das bactérias, sugerindo que o rápido
crescimento das bactérias restringe o crescimento das leveduras (FLEET, 1990;
ROOSTITA & FLEET, 1996).
Tudor e Board (1993) citados por Jakobsen e Narvhus (1996), apontam
Cryptococcus sp. e, em particular, Candida diffluens e Candida famata (estádio
imperfeito de Debaryomyces hansenii) como contaminantes comuns em leites
pasteurizados. Fleet e Mian (1987), em uma pesquisa com 26 amostras de leite
pasteurizado, descreveram, em ordem decrescente de freqüência, o isolamento de
Candida famata, Kluyveromyces marxianus, Cryptococcus flavus e Candida
diflluens. Em pesquisa realizada com leite pasteurizado, no interior de São Paulo,
Gusmão (2005) verificou que, todos os isolados identificados pertenciam ao gênero
Debaryomyces, sendo 96,77 % dessas Debaryomyces hansenii var. fabryii e 3,23 %
Debaryomyces hansenii var. hansenii . Já para o leite cru, pouco foi relatado sobre
sua diversidade em leveduras. Spanamberg et al (2004) encontraram os gêneros
Kluyveromyces, Rhodotorula, Candida, Geotrichum e Triscoporon em 36 amostras
coletadas em diferentes municípios do Rio Grande do Sul. Embora existam diversas
fontes de contaminação possíveis para a contaminação do leite cru por leveduras,
isso não acontece com o leite pasteurizado, sugerindo que sua freqüência em leite
pasteurizado advenha de certo grau de tolerância ao processo de pasteurização
(FLEET & MIAN, 1987; VADILLO et al, 1987).
A ocorrência de leveduras em queijos é esperada, devido ao baixo pH, baixa
umidade, elevada concentração de sal e estocagem sob refrigeração desses produtos
(FLEET, 1990). Entre as espécies encontradas, as mais freqüentes pertencem aos
gêneros Kluyveromyces, Debaryomyces, Pichia, Saccharomyces, Torulopsis,
Candida e Rhodotorula, detectadas em diferentes estágios da fabricação e em
diferentes tipos de queijos (LARPENT et al, 1991).
Hoje, já é reconhecida a importante contribuição das leveduras no processo
de maturação de queijos, em que linhagens de Debaryomyces hansenii, Yarrowia
lipolytica, Kluyveromyces marxianus e Saccharomyces cerevisie, freqüentemente
estão presentes em concentrações elevadas. As leveduras contribuem para o
68
desenvolvimento do sabor, aroma e da textura, devido à proteólise, lipólise,
utilização do ácido lático, fermentação da lactose e autólise da sua biomassa
(NUÑEZ et al, 1981; FLEET, 2007). Debaryomyces hansenii e Yarrowia lipolytica
têm sido consideradas potenciais agentes de maturação em queijos. Ferreira e
Viljoen (2003) propõem o uso destas como adjuntas da cultura iniciadora para a
produção do queijo Cheddar.
Borelli et al (2006), ao pesquisarem as leveduras associadas à produção do
queijo Canastra, identificaram Debaryomyces hansenii, Kluyveromyces lactis,
Kodamea ohmeri e Torulaspora delbruekii como as espécies mais freqüentes no
fermento endógeno, na massa coagulada e no queijo. Os autores ressaltam a notável
ocorrência de Kodamea ohmeri, visto que é a primeira vez que tal espécie é
reportada, associada à fabricação de queijos.
Nahabieh e Schmidt (1990) contribuíram para o estudo da microbiota
leveduriforme em queijos artesanais franceses, fabricados com leite caprino. Esses
autores isolaram 879 linhagens de leveduras dos queijos Bougon, Sainte-Maure,
Chabichou, Crottin de Chavignol, Pouligny Saint-Pierre e Chevrotin e concluíram
que a microbiota leveduriforme dos queijos de cabra é dominada por Debaryomyces
hansenii e Saccharomyces cerevisiae, seguidos por Kluyveromyces marxianus.
Porém, na maioria dos queijos estudados, uma parte importante da microbiota foi
bem representada por espécies pouco encontradas nos queijos de leite de vaca, a
exemplo de Candida lipolytica e Candida intermedia, evidenciando certa
originalidade da microbiota dos queijos de cabra em relação àqueles fabricados com
leite de vaca.
Leveduras são as maiores causas de contaminação em iogurte. Quando
produzido sob boas condições, seguindo as boas práticas de fabricação, o produto
não deve conter mais que 10 UFC.g
-1
. A deterioração de iogurtes por leveduras é
geralmente reconhecida por mudanças no sabor, aroma e na perda de textura, devido
à produção de gás e à dilatação da embalagem. A presença desses microrganismos
está associada à falta de higiene durante o processamento (FLEET, 1990). Moreira
(1998), ao avaliar 72 amostras de iogurtes comercializados em Minas Gerais,
identificou 11 espécies de leveduras, sendo Debaryomyces hansenii e
Saccharomyces cerevisiae as mais freqüentes.
69
Outros produtos fermentados, que têm parte de suas características derivada
da atividade das leveduras, incluem kefir, koumiss e laben. São produzidos pela
fermentação do leite por BAL, leveduras e outras bactérias, como as acéticas
(FLEET, 1990). No caso do kefir, grãos compostos de polissacarídios microbianos
que apresentam estrutura complexa, onde as leveduras se localizam tanto interna
quanto externamente, a variação da microbiota leveduriforme é resultante das
diferentes origens do grão, porém as espécies Kluyveromyces marxianus, Candida
kefir, Candida pseudotropicalis, Saccharomyces cerevisiae, Saccharomyces
exiguus e Torulopsis holmii tem sido reportadas (ZOURARI & ANIFANTAKIS,
1988; FLEET, 1990).
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
ü Determinar os parâmetros físico-químicos e caracterizar a microbiota
endógena do fermento utilizado na fabricação do queijo artesanal da
microrregião de Medeiros, na Serra da Canastra, com ênfase em leveduras,
nos períodos da água e da seca.
3.2 Específicos
ü Determinar pH, acidez titulável em ácido lático e cloreto de sódio do
fermento endógeno.
ü Determinar a contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios,
coliformes totais, Escherichia coli, Salmonella sp., Listeria sp. e
Staphylococcus aureus.
ü Quantificar e isolar os principais grupos: Enterococcus, Lactobacillus,
Lactococcus, Leuconostoc, Streptococcus e leveduriformes.
ü Caracterizar e identificar as espécies leveduriformes predominantes no
fermento endógeno.
4. METODOLOGIA
70
4.1 Coleta das amostras
Alíquotas contendo 100 mL do fermento endógeno, utilizado em oito
unidades produtoras do queijo Canastra, foram coletadas assepticamente nas
respectivas propriedades situadas na cidade de Medeiros, MG. As mesmas
propriedades foram amostradas no período da seca (período de abril a setembro) e
no período das águas (período de outubro a março) do ano de 2006. Após cada
coleta, o material foi transportado sob refrigeração em caixas isotérmicas para os
laboratórios do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA) da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) onde foi utilizado para determinações físico-químicas e
microbiológicas.
4.2 Análises físico-químicas
Foram realizadas no Laboratório de Análises Físico-químicas de Leite e
Derivados do DTA/UFV.
4.2.1 Determinação da acidez titulável e do pH
A acidez titulável foi determinada segundo o método oficial para a referida
análise (BRASIL, 2006). Para a determinação do pH, uma alíquota de
aproximadamente 40 mL do fermento endógeno foi transferida para um becker, ao
qual foi inserido o eletrodo do medidor de pH digital (Tecnal modelo pH Meter-
102), obtendo-se leitura direta.
4.2.2 Determinação do cloreto de sódio
O teor de cloreto de sódio (NaCl) foi determinado pelo método titrimétrico,
segundo Pereira (2001).
4.3 Análises microbiológicas
Foram realizadas no Laboratório de Culturas Láticas da UFV. Alíquotas de
10 mL das amostras de cada unidade produtora foram transferidas para 90 mL de
solução tampão fosfato estéril e homogeneizadas. Diluições decimais foram
preparadas e plaqueadas em duplicata em diferentes meios.
71
4.3.1 Contagem total e contagem de microrganismos indicadores
Contagem total de mesófilos aeróbios (APHA, 1992).
Coliformes a 30
0
C e Escherichia coli (E. coli): Método Rápido Petrifilm da 3M
(AOAC 991.14 - Contagem de Coliformes e E. coli em alimentos, película
reidratável seca).
Staphylococcus aureus (S. aureus): Método Rápido Petrifilm da 3M (AOAC
981.15 - Rapid S. aureus (RSA) Count Plate).
Salmonella sp.: Test Reveal - Salmonella Test System (AOAC 960801).
Listeria sp.: Test Reveal - Listeria Test System (AOAC 960701).
4.3.2 Contagem da microbiota lática e leveduriforme
Lactobacillus em MRS (De Man, Rogosa & Sharpe) (DE MAN et al, 1960)
modificado com a adição de etanol (WITTHUHN et al, 2004).
Lacotococcus e Streptococcus em M17 (Oxoid, Basingstoke, Hampishire,
Inglaterra) (ERCOLINI et al, 2003).
Leuconostoc em MRS (DE MAN et al, 1960) modificado pela adição de
vancomicina (WITTHUHN et al, 2004).
Enterococcus em KF (Kenner fecal) (Oxoid, Bansingstoke, Hampishire,
Inglaterra).
Leveduras em PDA (Potato dextrose agar) (Oxoid, Basingstoke, Hampishire,
Inglaterra), acidificado com ácido tartárico a 10 % (pH 3,5) e adicionado de
cloranfenicol (FADDA et al, 2004).
4.4 Isolamento e caracterização da microbiota lática
A partir das placas com os respectivos meios para cada grupo avaliado,
foram selecionadas colônias típicas em número correspondente à raiz quadrada da
contagem obtida, de acordo com recomendação do Bacteriological Analytical
Manual for Foods (FDA, 1972).
As estirpes de BAL isoladas foram submetidas ao teste morfológico e
tintorial de Gram e ao teste de catalase. Os isolados que se apresentaram catalase
72
negativos, Gram positivos, em forma de coco ou bacilo, foram repicados em LDR
10 % (leite desnatado reconstituído a 10 %), adicionados de 30 % de glicerol e
armazenados à temperatura de -80
0
C, para posterior caracterização e identificação.
4.5 Isolamento, caracterização e identificação das leveduras
As leveduras foram isoladas a partir das placas, em meio de cultura PDA, em
número igual ao da raiz quadrada da contagem, segundo recomendação do
Bacteriological Analytical Manual for Foods (FDA, 1972). As colônias selecionadas
foram inoculadas em tubos (15 mm x 100 mm) contendo PDA inclinado estéril e
incubadas a 28
0
C, por 48 h. Posteriormente, todos os isolados foram reespalhados
em placas contendo PDA, caracterizados quanto às suas características
macroscópicas e observados ao microscópio para verificação da sua morfologia e
pureza.
No estudo taxonômico dos isolados leveduriformes, realizaram-se os testes
de assimilação e fermentação propostos por Griffiths (1981). Os isolados foram
submetidos aos testes de fermentação de sacarose, glicose, galactose e lactose. Para
assimilação de fontes de carbono, foram crescidos na presença de maltose,
galactose, lactose, eritritol, amido solúvel, ribitol, sacarose, inositol, celobiose,
rafinose, nitrato, manitol, melibiose e xilose. Ainda, foram testados quanto à
capacidade de crescerem em meio contendo 50 % de glicose, 10 % de NaCl e em
temperatura de 37
0
C. A identificação dos isolados foi realizada segundo as chaves
descritas por Lodder (1970).
Os mesmos isolados foram caracterizados usando o kit API
®
20 C AUX
(BioMerieux
®
SA, Marcy-l´Etoile/França), seguindo as recomendações do
fabricante. O kit API
®
20 C AUX consiste em 19 cúpulas plásticas, contendo em
cada uma delas diferente fonte de carbono, além de uma cúpula controle (negativo)
(Figura 8). As cúpulas foram inoculadas com as leveduras suspensas em um meio
mínimo e incubadas a 29
0
C (± 2
0
C). A leitura dos resultados foi realizada após 48
h e 72 h, comparando-se o crescimento nas 19 cúpulas a cúpula controle.
Realizaram-se teste morfológico para determinação da presença de hifa ou pseudo-
hifa. Este teste constitui o vigésimo primeiro teste proposto pelo método. A
identificação foi obtida a partir do perfil numérico resultante do somatório dos
73
resultados positivos processados em um programa de identificação (Apiweb
TM
). A
base de dados do API
®
20 C AUX inclui 45 espécies.
Testes Negativos
Testes Positivos
Figura 8. Cúpulas para testes de assimilação do kit API
®
20 C AUX
4.5.1 Meios de cultura utilizados na identificação
Meio basal para assimilação e fermentação de fontes de carbono (WICKERHAM,
1951).
Extrato de levedura
4,5
0 g
Peptona
7,50
Água destilada
1000 mL
Meio YEPD caldo com 50 % de glicose para teste de tolerância osmótica
(BARNETT et al, 1983)
Extrato de levedura
10,00 g
Peptona
10,00 g
74
Dextrose
500,00 g
Água destilada
1000 mL
Meio YEPD caldo com 10 % de NaCl para teste de tolerância osmótica (KREGER-
VAN RIJ, 1984)
Extrato de l
evedura
10,00 g
Peptona
10,00 g
Dextrose
20,00 g
NaCl
100,00 g
Água destilada
1000 mL
Meio ágar amido para teste de hidrólise de amido (MENDONÇA, 2000)
Extrato de carne
3,00 g
Peptona
5,00 g
Amido
2,00 g
Ágar
15,00 g
Água destilada
1000 mL
Meio GPY para crescimento a temperatura de 37
0
C ( KREGER-VAN RIJ, 1984)
Glicose
20,00 g
Peptona
10,00 g
Extrato de levedura
5,00 g
Água destilada
1000 mL
Meio mínimo para esgotamento das reservas de açúcares (MENDONÇA, 2000)
75
Extrato de levedur
10,00 g
Peptona
20,00 g
Água destilada
1000 mL
4.5.2 Avaliações bioquímicas e físicas
4.5.2.1 Assimilação e fermentação de fontes de carbono
Para esses testes, os isolados foram crescidos em meio mínimo para o
esgotamento das suas reservas nutritivas. Uma alíquota de 0,1 mL foi inoculada em
tubos contendo o meio basal mais a fonte de carbono a ser testada, na proporção de
2 % (exceto para rafinose, para a qual se utilizou 4 %).
Nos testes de fermentação, utilizou-se o mesmo critério, porém foram
acrescentados tubos de Durhan. Nos testes de assimilação, tubos-testemunha foram
preparados contendo meio basal e glicose (controle positivo) e apenas o meio basal
(controle negativo) (Figura 9).
Figura 9. Controle positivo e negativo para o teste de assimilação.
Após inoculação, os isolados foram incubados à temperatura de 28
0
C, por
até 10 dias. A assimilação de cada uma das fontes de carbono testadas foi verificada,
comparando-se cada tubo testado com os respectivos tubos testemunhas,
76
considerando-o positivo quando observada formação de massa celular ou turvação
do meio, quando comparado ao controle negativo.
Para os testes de fermentação, observou-se a formação ou não de gás no
interior dos tubos de Durhan. Considerou-se resultado positivo as amostras com
produção de gás em, pelo menos, 1/3 do volume do tubo de Durham (Figura 10)
+ + -
Figura 10. Potencial fermentativo.
4.5.2.2 Crescimento à temperatura de 37
0
C
Utilizando-se o meio GPY, alíquotas de 3,0 mL foram transferidas para tubos
e inoculadas com o auxílio de uma alça de platina. Após 48 h a 72 h de incubação,
os tubos que apresentaram massa celular ou turvação do meio, foram considerados
positivos.
4.5.2.3 Tolerância osmótica
Tubos contendo 3,0 mL do meio YEPD 50 % de glicose e YEPD 10 %
de NaCl foram inoculados com os isolados a serem testados e incubados a 28
0
C ,
sendo as leituras realizadas após 48 h e 72 h de incubação. Os tubos que
apresentaram massa celular ou turvação do meio foram considerados positivos.
4.5.2.4 Redução de nitrato
Alíquotas de 5,0 mL do meio basal, acrescidas com 0,78 g.L
-1
de nitrato de
potássio, foram inoculadas com os isolados a serem testados e incubados a 28
0
C.
77
Após sete dias, inoculou-se um segundo tubo contendo o mesmo meio com 0,1 mL
do tubo anterior, reincubando-se nas mesmas condições. O surgimento de turvação
após sete dias foi interpretado como resultado positivo.
4.5.2.5 Hidrólise de amido
Os isolados foram inoculados em placas de petri com ágar amido, com o
auxílio de uma alça de platina. Após incubação a 28
0
C, por 48 h, adicionou-se
solução de lugol sobre as colônias. O surgimento de um halo claro ao redor das
colônias foi interpretado como resultado positivo.
4.6 Análises estatísticas
Foi realizada a análise de variância, considerando-se o delineamento
experimental em blocos casualizados com oito repetições (unidades produtoras) em
que se verificou o efeito do período de coleta (tratamentos) do fermento endógeno
sobre as variáveis estudadas. Foram realizados o teste F, a 5 % de significância
para os parâmetros físico-químicos e o teste Kruskal-Wallis, a 5 % para os
parâmetros microbiológicos.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Análises Físico-químicas
Os resultados referentes às concentrações de NaCl, acidez titulável e ao pH
das amostras de fermento endógeno coletados nas 8 propriedades amostradas, no
período das águas (PA) e no período da seca (PS), são mostrados na tabela 5.
Tabela 5. Parâmetros físico-químicos do fermento endógeno coletado no município
de Medeiros, região da Serra da Canastra/MG, nos períodos das águas
(PA) e da seca (PS).
Unidades
Produtoras
Acidez em Ácido Lático (%)
pH
NaCl (%)
PA
PS
PA
PS
PA
PS
1
0,65
0,63
5,10
5,06
6,50
5,40
2
0,50
0,47
4,66
5,39
7,69
6,13
78
3
0,69
1,03
4,66
5,04
4,14
2,00
4
0,71
0,61
5,07
5,28
8,87
8,90
5
0,45
0,80
5,38
5,15
11,24
2,60
6
0,45
0,60
5,40
5,12
7,69
4,10
7
0,60
0,59
4,81
4,70
5,32
1,70
8
0,50
0,57
5,10
5,79
7,69
2,25
Médias
0,56a
0,66a
5,02a
5,07a
7,39a
4,13b
Médias para cada parâmetro, seguidas da mesma letra, não diferem entre si, pelo teste F a 5% de
probabilidade (P<0,05).
Observa-se na Tabela 5 que os resultados de acidez e pH não apresentaram
diferenças significativas entre os dois períodos avaliados. Os valores de acidez
encontrados no PA variaram entre 0,45 % e 0,71 % e, no PS, entre 0,47 % e 1,03 %.
Os resultados de pH, no PA, variaram entre 4,66 e 5,40 e no PS entre 4,70 e 5,79.
O fermento endógeno utilizado na fabricação do queijo Canastra permanece
a temperatura ambiente até o momento da sua utilização. Essa prática, aliada a
moderada temperatura encontrada na região, resultaram em valores médios de pH e
acidez, que permitem o crescimento de uma gama de microrganismos, como BAL ,
BAL não-iniciadoras, mofos, leveduras e algumas bactérias patogênicas, a exemplo
de S. aureus e E. coli (BETTS et al, 1998; GOBBETTI et al, 1999; JAY, 2005).
Fermentos naturais, fabricados a partir do soro, utilizados na Itália
(PARENTE et al, 1997) e Argentina (REINHEIMER et al, 1994, 1996), são
incubados até o momento da sua utilização e atingem baixos valores de pH e
elevada acidez. No fermento endógeno obtido a partir do soro, utilizado na região de
Santa Fé, Argentina, Reinheimer et al (1994), observaram altos níveis de acidez
(1,2 % a 1,4 %) e valor médio do pH de 3,3. Os autores encontraram BAL
termofílicas, cujas espécies dominantes foram Lactobacillus helveticus (Lb.
helveticus) e Lb. delbrueckii subsp. lactis e leveduras, como únicos contaminantes
naturais. Todos estes microrganismos apresentam boa tolerância a baixos valores de
pH.
O teor de NaCl foi o único parâmetro físico-químico a apresentar diferença
significativa entre os dois períodos amostrados. As concentrações de NaCl no PA
foram mais elevadas (P<0,05) e variaram de 4,14 % a 11,24 %, enquanto no PS,
variaram de 1,70 % a 8,90 %. Das oito unidades produtoras avaliadas, sete
aumentaram a concentração de NaCl no PA e uma manteve o mesmo percentual. O
79
teor de NaCl contribui de maneira expressiva para a modulação dos grupos
microbianos. Sabe-se, por exemplo, que patógenos como S. aureus e L.
monocytogenes apresentam alta tolerância ao sal e que as bactérias do ácido lático,
em geral, são pouco tolerantes.
A concentração de NaCl no fermento endógeno pode contribuir para
modulação da microbiota presente e, conseqüentemente, da microbiota do queijo
produzido com este fermento. A variação no teor de NaCl utilizado entre os
diferentes produtores do queijo Minas artesanal, assim como nos diferentes períodos
do ano, pode originar produtos com características distintas, mesmo quando
produzidos na mesma região e em condições semelhantes. Pimentel Filho et al
(2005), ao analisarem o fermento endógeno utilizado na fabricação do queijo
artesanal da região do Alto Paranaíba, encontraram amplitude de variação no teor
de NaCl ainda maior que a do presente trabalho, onde as concentrações variaram de
3,55 % a 22,38 %, em 15 amostras analisadas.
O conhecimento empírico dos produtores de queijo Minas artesanal assinala
o PA como o período do ano em que ocorre com maior freqüência a contaminação
dos queijos, caracterizado principalmente pelo estufamento precoce. Provavelmente,
por essa razão, nesse período do ano adiciona-se maior quantidade de NaCl ao
produto, na tentativa de inibir os causadores dessa contaminação.
A concentração de NaCl e o pH tem efeito sinergístico em relação ao
crescimento dos microrganismos (BETTS et al, 1998; JAY, 2005). Especial
importância deve ser dispensada a esses dois parâmetros, uma vez que podem ser os
principais moduladores da microbiota presente no fermento endógeno utilizado na
Serra da Canastra.
A falta de padronização ao longo do processamento dos queijos Minas
artesanal exige maior atenção por parte das entidades e associações ligadas a este
segmento. Variações no processamento refletirão nas características físico-químicas,
microbiológicas e sensoriais, dificultando o estabelecimento de descritores para
estes produtos. Somente através do estabelecimento de descritores e, conseqüente
caracterização dos queijos artesanais tradicionais mineiros, sua produção poderá ser
fortalecida e preservada.
5.2 Contagem total e de microrganismos indicadores
80
Na Tabela são mostrados os resultados da contagem total de mesófilos
aeróbios e de microrganismos indicadores, avaliados nos fermentos endógenos
provenientes do município de Medeiros, região da Serra da Canastra, MG, no PA e
PS.
81
Tabela 6. Parâmetros microbiológicos do fermento endógeno coletado no município de Medeiros,
região da Serra da Canastra/MG, nos períodos das águas (PA) e da seca (PS).
Unidades
Produtoras
Mesófilos aeróbios*
Coliformes a 30
0
C*
E. coli*
S. aureus*
PA
PS
PA
PS
PA
PS
PA
PS
1
5,92
7,17
2,72
4,41
1,00
<1,00
1,77
1,60
2
5,85
7,27
1,47
<1,00
1,30
<1,00
2,14
2,23
3
6,11
7,99
4,20
3,61
<
1,00
<1,00
<1,00
<1,00
4
5,96
7,86
2,44
2,00
1,47
1,00
1,69
2,14
5
5,20
7,20
2,50
2,00
<1,00
2,00
2,07
1,84
6
4,14
7,73
1,60
2,30
1,30
2,30
1,00
2,75
7
6,39
7,80
3,04
2,77
<1,00
2,47
2,83
1,00
8
7,39
6,55
4,30
2,30
2,47
2,30
3,11
1,00
Medianas
5,94a
7,50b
2,30a
2,61a
1,50a
1,50a
1,92a
1,72a
Letras diferentes entre as colunas, para uma mesma característica, indicam que existem diferenças entre as amostras pelo
teste de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade (P<0,05).
* Resultados em Log UFC. mL
-1
82
Foram observadas no PA contagens de mesófilos aeróbios de 1,4 x 10
4
UFC.
mL
-1
a 2,5 x 10
7
UFC. mL
-1
e, no PS, as contagens de 3,6 x 10
6
UFC. mL
-1
a 9,9 x
10
7
UFC. mL
-1
. Os resultados indicam variações de três ciclos logaritmos no PA e
de um no PS. A contagem total de mesófilos aeróbios foi significativamente menor
no PA, época na qual, como discutido no item anterior, os produtores adicionam
uma maior quantidade de NaCl ao queijo, na tentativa de inibir as possíveis
contaminações, mais freqüentes nesse período do ano. Esse maior percentual de sal
adicionado favoreceu a inibição da microbiota mais sensível, gerando, por
conseqüência, a diminuição da contagem total de mesófilos.
Borelli (2006), ao avaliar o fermento endógeno da mesma região, encontrou
em três propriedades pesquisadas os valores >1,0 x 10
7
UFC. mL
-1
, 1,9 x 10
5
UFC.
mL
-1
e 8,6 x 10
6
UFC. mL
-1
, respectivamente. Esses valores são semelhantes à média
encontrada neste trabalho no período das águas; porém o autor não especificou o
período em que realizou tais avaliações.
O grupo coliformes a 30
0
C e E. coli foi encontrado em praticamente todas
as amostras analisadas em ambos os períodos avaliados. A determinação da
concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da
possibilidade de existência de microrganismos patogênicos. Essas contagens
variaram de 3,0 x 10
1
UFC. mL
-1
a 2,0 x 10
4
UFC. mL
-1
e de < 1,0 x 10
1
UFC. mL
-1
a 4,1 x 10
3
UFC. mL
-1
, no PA e no PS, respectivamente. Já para E. coli , os valores
variaram de < 1,0 x 10
1
UFC. mL
-1
a 3,0 x 10
2
UFC. mL
-1
em ambos os períodos.
Os resultados de coliformes a 30
0
C e de E.coli, em ambos os períodos
avaliados, foram inferiores às médias encontradas por Borelli (2002) ao avaliar esses
parâmetros em 10 propriedades na mesma região, no período das águas. É possível
que a diminuição nas contagens seja reflexo das ações que vêm sendo desenvolvidas
para melhoria da qualidade do queijo artesanal, iniciadas com a promulgação da Lei
Estadual n
o
14.185, de 31 de janeiro de 2002, específica para os queijos artesanais.
Resultados semelhantes ao deste trabalho foram encontrados no fermento
endógeno utilizado para a fabricação do queijo Minas artesanal do Alto Paranaíba
(Pimental Filho et al, 2005). Os autores detectaram para coliformes totais e E. coli
contagens de até 6,3 x 10
2
UFC. mL
-1
e 1,0 x 10
1
UFC. mL
-1
, respectivamente, em
87 % das amostras analisadas.
83
As contagens de S. aureus foram numericamente superiores no PA, período
em que, as concentrações de NaCl, em média estiveram maiores. Os resultados
variaram de < 1,0 x 10
1
UFC. mL
-1
a 1,3 x 10
3
UFC. mL
-1
e de < 1,0 x 10
1
UFC.
mL
-1
a 5,7 x 10
2
UFC. mL
-1
, no PA e no PS, respectivamente. O fermento endógeno
do Alto Paranaíba apresentou concentrações na mesma faixa observada nesta
avaliação (PIMENTAL FILHO et al, 2005). Porém, em pesquisa realizada por
Borelli (2002), na região da Serra da Canastra, no PA, os valores detectados para S.
aureus foram superiores ao do presente estudo, em ambos os períodos avaliados.
A legislação vigente para queijos artesanais preconiza a ausência de Listeria
monocytogenes e Salmonella sp. em 25 g do produto. Apesar da falta de legislação
para o fermento endógeno, esses dois microrganismos foram determinados e, a
exceção do produtor 7, no PA, onde foi detectada a presença de Salmonella sp.,
todos os demais produtores apresentaram ausência para esses dois parâmetros.
Embora o fermento endógeno do produtor 7, no PA, tenha indicado a presença de
Salmonella sp., este microrganismo não estava presente no queijo fabricado a partir
deste fermento, em análise realizada no produto com oito dias de maturação (dados
não mostrados).
Borelli (2006), estudando a produção de substâncias antagonistas em BAL
isoladas do queijo Canastra, constatou que vários desses isolados foram capazes de
produzir substâncias antagonistas contra Salmonella enterica subsp. enterica
sorotipo Typhimurium. Este fato infere importância à pesquisa com queijos
artesanais mineiros, como uma promissora fonte de novas estirpes de interesse
industrial, com capacidade antagonista frente à patógenos.
5.3 Contagem da microbiota lática e leveduriforme
Na Tabela 7 são mostrados os resultados das contagens dos grupos láticos e
leveduriformes avaliados no PA e PS, no município de Medeiros, região da Serra da
Canastra, MG.
84
Tabela 7. Valores da contagem da microbiota lática e leveduriforme do fermento endógeno coletado
no município de Medeiros, região da Serra da Canastra/MG, nos períodos das águas (PA) e
da seca (PS).
Unidades
Produtoras
Lactococcus/
Streptococcus*
Enterococcus* Lactobacillus* Leuconostoc*
Leveduras*
PA
OS
PA
PS
PA
PS
PA
PS
PA
PS
1
6,32
7,00
5,65
5,94
5,44
6,20
6,04
6,27
2,41
5,89
2
6,86
5,66
5,90
5,14
4,91
8,72
5,41
6,77
2,66
2,47
3
7,49
7,04
5,17
4,54
5,98
5,11
5,83
5,27
5,75
2,54
4
7,07
6,47
7,11
4,92
6,04
6,38
6,95
5,27
5,75
4,60
5
7,23
4,97
6,89
< 4,00
5,79
4,44
6,76
4,49
6,14
2,17
6
6,25
7,34
6,07
6,69
5,07
7,38
4,44
7,27
2,68
5,14
7
7,14
6,99
7,17
< 4,00
6,34
6,76
5,97
7,56
5,90
6,59
8
7,07
8,14
6,92
6,51
5
,61
6,41
6,23
6,75
4,73
3,72
Medianas
7,07a
6,99a
6,48a
5,54a
5,70a
6,39a
6,00a
6,51a
5,24a
4,16a
Letras diferentes entre as colunas, para uma mesma característica, indicam que existem diferenças entre as amostras pelo
teste de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade (P<0,05).
* Resultados em Log UFC. mL
-1
.
85
Foram observadas altas contagens de BAL, ficando evidenciado que esse grupo
compõe a microbiota dominante do fermento endógeno da Serra da Canastra. As
contagens dos grupos de BAL avaliados foram estatisticamente iguais (P>0,05), nos
dois períodos analisados. No entanto, as contagens de Lactococcus/Streptococcus e
Enterococcus apresentaram valores numericamente superiores no PA. Do mesmo modo,
os gêneros Lactobacillus e Leuconostoc foram numericamente superiores no PS. Borelli
(2006), ao analisar o fermento endógeno da mesma região, encontrou elevadas
populações de BAL, tendo como espécies mais freqüentes Lactobacillus plantarum (Lb.
plantarum) e Lb. casei.
Para leveduras, as contagens foram semelhantes (P>0,05) em ambos os períodos
avaliados, embora no PA tenham apresentado valores numericamente superiores. Os
resultados variaram de 2,6 x 10
2
UFC. mL
-1
a 1,4 x 10
6
UFC. mL
-1
no período das águas
e de 1,5 x 10
2
UFC. mL
-1
a 3,9 x 10
6
UFC. mL
-1
no período da seca. Borelli (2006), ao
analisar o fermento endógeno em três propriedades da Serra da Canastra, detectou
leveduras na faixa de 6,7 x 10
3
UFC. mL
-1
a 2,3 x 10
4
UFC. mL
-1
.
No PA, os resultados da contagem de levedura foram um ciclo logaritmo maior
que no PS, talvez devido ao aumento da concentração de sal, detectado no PA, visto
que, leveduras apresentam boa tolerância a sal.
5.4 Isolamento e caracterização preliminar da microbiota lática e leveduriforme
O número de isolados e a morfologia da microbiota lática e leveduriforme
isolados do fermento endógeno, em meios de cultura específicos, estão indicados na
Tabela 8.
Dos 605 isolados em meios seletivos para isolamento de BAL, 400
sobreviveram a purificação e as condições de laboratório e foram submetidos a uma
caracterização preliminar. Desses, 77,75 % corresponderam à morfologia de cocos e
22,25 % à morfologia de cocobacilos / bacilos. Todos apresentaram características
Gram positivas e apenas cinco isolados no meio M17 foram positivos para teste de
catalase. Os 118 isolados no meio PDA foram submetidos à caracterização e
identificação por intermédio da metodologia tradicional (MT) e pelo kit API
®
20 C
AUX (API).
86
Tabela 8. Quantitativos e morfologias das estirpes isoladas a partir do fermento
endógeno originado do município de Medeiros, região da Serra da
Canastra/MG
Meios
Utilizados no
Isolamento /
Grupo
isolado
Morfologias
Total
de
Isolados
Cocos
Bacilos/
Cocobacilos
Leveduras
Mais de
uma
Morfologia
Sem
Crescimento*
KF (
Enterococcus
)
97
-
-
38
05
140
MRS
E
1
(Lactobacillus)
09 89 - 47 07 152
MRSV
2
(Leuconostoc)
90 - - 30 20 140
M17 (Lactococcus/
Streptococcus)
115 - - 51 07 173
PDA
(Leveduras)
-
-
118
-
03
121
Totais
311
89
118
166
42
726
* Sem crescimento nas ativações precedentes a coloração de Gram.
1
MRS modificado pela adição de etanol.
2
MRS modificado pela adição de vancomicina.
5.5 Caracterização e identificação da microbiota leveduriforme
5.5.1 Metodologia Tradicional (MT)
Utilizando a MT, foram identificados 115 dos 118 isolados. Destes, 29
Debaryomyces hansenii (D. hansenii), 34 Kluyveromyces lactis (K. lactis), 5 Candida
kefyr (C. kefyr), 38 Torulaspora delbruekii (T. delbruekii), 02 Candida zeylanoides (C.
zeylanoides) e 7 Kodamaea ohmeri (K. ohmeri). As características bioquímicas e
morfológicas desses isolados estão demonstradas na Tabela 9.
Tabela 9. Características de fermentação, assimilação e morfológicas apresentadas pelas
leveduras presentes no fermento endógeno originado do município de
Medeiros, região da Serra da Canastra/MG
Debaryomyces hansenii
87
A1
-
1
A1
-
2
A1
-
3
A1
-
4
A1
-
5
A2
-
1
A2
-
2
A2
-
3
A2
-
4
A2
-
5
Fermentação de:
Sacarose
- - - - - - - - - -
Galactose
- - - - - - + - - -
Glicose
+
-
+
+
+
+
+
+
+
+
Lactose
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Assimilação de:
Maltose
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Galactose
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Lactose
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Nitrato
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Eritritol
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Amido
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Ribitol
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Sacarose
+
+
-
+
+
+
+
+
+
+
Inositol
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Celobiose
-
+
-
-
-
-
-
-
-
-
Rafinose
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Manitol
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Melibiose
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Xilose
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C L L L L C
Pseudo micélio
A A A P A A A A A A
C= creme; L= alaranjado; A= ausente.
Continua...
Debaryomyces hansenii
A2
-
6
A2
-
7
A2
-
8
A2
-
9
A2
-
10
A2
-
11
A2
-
12
A2
-
13
A2
-
14
A2
-
15
Fermentação de:
Sacarose
- - - - - - - - + -
88
Galactose
- - - - - - - - + -
Glicose
+ - + - + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - + -
Assimilação de:
Maltose
+ + + + + + + + + +
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
- - - - - - + - + -
Nitrato
+ + + + + + + + + +
Eritritol
+ + + + + + + + + +
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
+ + + + + + + + + +
Sacarose
+ + + + + + + + + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- + - - - - - - + -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
+ + + + + + + + + +
Melibiose
+ + + + + + + + + +
Xilose
+ + + + + + + + + +
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Debaryomyces hansenii
A2
-
16
A2
-
17
A2
-
18
A2
-
19
A2
-
20
A2
-
21
A8
-
4
A8
-
5
S3
-
1
Fermentação de:
Sacarose
+ - - - - - - - -
89
Galactose
+ - - - + + - - -
Glicose
+ + + + + + - - +
Lactose
- - - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
+ + + + + + + + +
Galactose
+ + + + + + + + +
Lactose
+ - - - - - - - +
Nitrato
+ + + + + + + + +
Eritritol
+ + + + + + + + -
Amido
- - - - - - - - -
Ribitol
+ + + + + + + + +
Sacarose
+ + + + + + + + +
Inositol
- - - - - - - - -
Celobiose
- - - - - + - - -
Rafinose
+ + + + + + + + +
Manitol
+ + + + + + + + +
Melibiose
+ + + + + + + + -
Xilose
+ + + + + + + + +
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Kluyveromyces lactis
A3
-
1
A3
-
3
A3
-
4
A
3
-
5
A3
-
6
A3
-
7
A7
-
1
A7
-
2
A7
-
3
A7
-
4
Fermentação de:
Sacarose
+ + - + - - + + - +
90
Galactose
+ - + - + + + + - +
Glicose
+ - - + - + + + - +
Lactose
+ + + + + + + + - +
Assimilação de:
Maltose
- - + + + - - - - +
Galactose
+ + + + + - + + + +
Lactose
+ + + + + + + + + +
Nitrato
- - - - - - - - - -
Eritritol
- - - + - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - + - - - - - -
Sacarose
+ - - + - - + + + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- - - + - - - - + -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - + + - - - - - +
Melibiose
- - - - - - - - - -
Xilose
- - - + - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + - + - + - - - +
Crescimento em
50 % de glicose
- - - + - - - + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
- + - + + - + + - +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Kluyveromyces lactis
A7
-
6
A7
-
8
A7
-
9
S1
-
1
S1
-
2
S1
-
3
S1
-
4
S1
-
5
S2
-
1
S2
-
4
Fermentação de:
Sacarose
+ + - + + + - + - -
91
Galactose
+ + + + + - + + + +
Glicose
+ + - + - + + + - +
Lactose
+ + + + + + + + + +
Assimilação de:
Maltose
- - - - - - - - - -
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
+ + + + + + + + + +
Nitrato
- - - - - - - - - -
Eritritol
- - - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - + - - - - - -
Sacarose
+ + - + + + + + + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- - - + - + + + + +
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - - - - - - - - -
Melibiose
- - - - - - - - - -
Xilose
- - - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + - - - - + - +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + - - - - - - +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Kluyveromyces lactis
S2
-
7
S2
-
10
S3
-
2
S3
-
3
S4
-
2
S5
-
3
S6
-
5
S7
-
3
S7
-
5
S7
-
6
Fermentação de:
Sacarose
+ - + + + - + - - +
92
Galactose
+ + + + + - + + + +
Glicose
+ - - + + - + - + +
Lactose
+ + + + + + + + - +
Assimilação de:
Maltose
- + + - + + + + + -
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
+ + + + + + + + - +
Nitrato
- - - - - - + - - -
Eritritol
- - - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - - - -
Sacarose
+ + + + + + + + - +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
+ - - - - - - - - -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - - - - + - - - -
Melibiose
- - - - - - - - - -
Xilose
- - - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + + - + + - + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ - - + - - + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Kluyveromyces lactis Candida kefyr
S7
-
8
S8
-
1
S8
-
2
S8
-
3
A3
-
2
S2
-
6
S4
-
1
S4
-
3
S7
-
9
Fermentação de:
Sacarose
+ + + + - + - + +
93
Galactose
+ + + + + + + + +
Glicose
+ + + + - + + + +
Lactose
+ + + + + + + + +
Assimilação de:
Maltose
+ - - - - - - - -
Galactose
+ + + + + + + + +
Lactose
+ + + + + + + + +
Nitrato
- - - - - - - - -
Eritritol
- - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - - -
Sacarose
+ + + + - + + + +
Inositol
- - - - - - - - -
Celobiose
- - - - - - - - -
Rafinose
+ + + + - + + + +
Manitol
- - - - - - - - -
Melibiose
- - - - - - - - -
Xilose
- - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
- - - - + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
- + + + - - - - -
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Torulaspora delbruekii
A4
-
1
A4
-
2
A4
-
3
A4
-
4
A4
-
6
A4
-
7
A5
-
1
A5
-
2
A5
-
3
A5
-
4
Fermentação de:
Sacarose
+ + + + - + + + + +
94
Galactose
+ + + + - + + + + +
Glicose
+ + + + - + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
- - - - - - - - - -
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Nitrato
- - - - - - - - - -
Eritritol
- - - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - + - -
Sacarose
- + - + + + + + + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- - - - - - - - - -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - - - - - - - - -
Melibiose
- - - - - - - - - -
Xilose
- - - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Torulaspora delbruekii
A5
-
5
A5
-
6
A5
-
7
A5
-
8
A5
-
9
A6
-
1
A6
-
2
A6
-
3
A6
-
4
A6
-
5
Fermentação de:
Sacarose
+ + - + + - + - + +
95
Galactose
+ + - - + + + + + +
Glicose
- + - + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
- - - - - - - - - -
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Nitrato
- - - - - - - - - -
Eritritol
- - - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - - - -
Sacarose
+ + + + + + + - + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- - - - - - - - - -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - - - - - - - - -
Melibiose
- - - - - - - + - -
Xilose
- - - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Torulaspora delbruekii
A6
-
7
A7
-
5
A7
-
7
A8
-
3
S5
-
1
S6
-
1
S6
-
2
S6
-
3
S6
-
4
S6
-
6
Fermentação de:
Sacarose
+ + + + + + + -
+
+
96
Galactose
+ + + + + + + + + +
Glicose
- + + - + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
- - - - - - - -
-
-
Galactose
+ + + + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - - -
Nitrato
- - - - - - - - - -
Eritritol
- - - - - - - - - -
Amido
- - - - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - - - -
Sacarose
+ + + + + + + - + +
Inositol
- - - - - - - - - -
Celobiose
- - - - - - - - - -
Rafinose
+ + + + + + + + + +
Manitol
- - - - - + - - - -
Melibiose
- - - + - + - - - -
Xilose
- - - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Torulaspora delbruekii
S6
-
7
S6
-
8
S6
-
9
S
6
-
10
S7
-
1
S7
-
2
S7
-
4
S7
-
10
Fermentação de:
Sacarose
- - + - - + - +
97
Galactose
+ + + + + + + +
Glicose
+ + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
- - - - - + - -
Galactose
+ + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - -
Nitrato
- - - - - - - -
Eritritol
- - - - - + - -
Amido
- - - - - - - -
Ribitol
- - - - - - - -
Sacarose
- - + - + + + +
Inositol
- - - - - - - -
Celobiose
- - - - - - - -
Rafinose
+ + + + + + + +
Manitol
- + - - - - - -
Melibiose
- - - - - - - -
Xilose
- - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
+ + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
+ + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C
Pseudo micélio
A A A A A A A A
C= creme; A= ausente.
Continua...
Candida zeylanoides Kodamaea ohmeri
A4
-
5
S5
-
2
A8
-
1
A8
-
2
A8
-
6
A8
-
7
S2
-
3
S2
-
5
S2
-
8
Fermentação de:
Sacarose
- - + + - - + + +
98
Galactose
- - + + + + + + +
Glicose
- - + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - -
Assimilação de:
Maltose
- - + + + + + + +
Galactose
- + + + + + + + +
Lactose
- - - - - - - - -
Nitrato
+ - + + + + + + +
Eritritol
- - - - - - - - -
Amido
+ - - - - - - - -
Ribitol
+ - + + + + + + +
Sacarose
- + + + + + + + +
Inositol
- - - - - - - - -
Celobiose
- - + + + + + + +
Rafinose
+ + + + + + + + +
Manitol
+ - + + + + + + +
Melibiose
- - - + - - - - -
Xilose
- - - - - - - - -
Crescimento a
37
0
C
- + + + + + + + +
Crescimento em
50 % de glicose
- - + + + + + + +
Crescimento em
10 % de NaCl
+ + + + + + + + +
Pigmento
C C C C C C C C C
Pseudo micélio
P P P P P P P P P
C= creme; P= presente
76
Das espécies identificadas como D. hansenii, todas diferiram da descrição padrão
(LODDER, 1970), por assimilarem nitrato e não assimilarem amido. Dessas, 25 também
não assimilaram celobiose e 4 apresentaram pigmentação alaranjada. O isolado A2-14
diferiu da descrição padrão por fermentar lactose. Silva (2003), ao identificar leveduras
em queijo Minas frescal, também isolou essa espécie com a capacidade de assimilar
nitrato, fermentar lactose e de produzir de pigmentação.
Todos os isolados avaliados como T. delbruekii diferiram da descrição padrão por
crescerem a 37
0
C , assim como em 36 dos isolados, por não assimilarem manitol. Dentre
esses, 5 (A4-6, A5-5, A5-7, A6-7 e A8-3) não fermentaram glicose; sendo que os isolados
A4-6 e A5-5, também não fermentaram galactose; 1 (S7-2) fermentou maltose e eritritol e
o isolado A5-8 não fermentou galactose.
Dos 34 isolados identificados como Kl. lactis, 30 não assimilaram manitol,
diferindo, portanto, da descrição padrão. Desses, o isolado S7-5 não fermentou nem
assimilou lactose; os isolados A3-6, A7-3, S2-10, S3-2, S5-3 e S7-3 não fermentaram
glicose; e os isolados A3-3, S6-5 assimilaram nitrato. Dos três isolados que assimilaram
manitol, A3-5 não fermentou galactose.
Os sete isolados, identificados como Kodamea ohmeri, diferiram da descrição
padrão por assimilarem nitrato. O isolado A8-2, assimilou melibiose e os isolados A8-6 e
A8-7 não fermentaram sacarose.
Apenas dois isolados foram identificados como C. zeylanoides. O isolado A4-5
diferiu dos padrões de identificação utilizado por assimilar nitrato, amido e rafinose,
enquanto o isolado S5-2 diferiu por assimilar sacarose e rafinose e não assimilar manitol e
por crescer a temperatura de 37
0
C.
Dos cinco isolados identificados como C. kefir, todos diferiram da descrição
padrão por crescerem em 10 % de NaCl e por não assimilarem celobiose. O A3-2 também
diferiu por não assimilar sacarose e rafinose, assim como por não fermentar glicose e
sacarose e o S4-1 por não fermentar sacarose.
77
5.5.2 Sistema API
®
20 C AUX (API).
Utilizando o API, foram identificados os 118 isolados. Dentre estes, 16 Candida
famata (C. famata), 13 C. parapsilosis, 01 Cryptococcus laurenti (Cr. laurenti), 33 C.
sphaerica, 01 Sacharomyces cerevisae (S. cerevisae), 05 C. kefyr , 38 C. colliculosa, 02
C. zeylanoides, 01 C. guilliermondii, 01 Geotrichium capitatum (G. capitatum) e 7
Kodamaea ohmeri (K. ohmeri). O perfil numérico encontrado, o percentual de acerto e a
classificação da identificação, verificados segundo o programa Apiweb
TM
, estão
demonstradas na Tabela 10. A maioria das identificações (75,65 %) foi classificada como
boa, muito boa e excelente.
Tabela 10. Espécies de leveduras encontradas no fermento endógeno originado
do município de Medeiros, região da Serra da Canastra/MG,
identificadas pelo API
Código
API
®
20 C AUX
Perfil Numérico Espécie
% de
Acerto
Classificação
A1-1 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A1-2 6 7 5 6 7 7 3 C. famata 98,2 Boa identificação
A1-3 6 7 5 6 1 7 1 C. famata 92,9 Boa identificação
A1-4 6 7 5 6 1 7 5 C. parapsilosis 99,9 Excelente identificação
A1-5 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-1 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-2 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-3 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-4 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-5 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-6 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-7 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-8 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-9 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-10 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-11 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-12 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-13 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-14 6 7 5 6 7 7 3 C. famata 98,2 Boa identificação
A2-15 6 7 5 2 1 7 1 C. parapsilosis 95,9 Boa identificação
A2-16 6 7 7 7 7 7 3 Cr. laurentii 46,1 Fraca discriminação
A2-17 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A2-18 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-19 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-20 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A2-21 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A3-1 6 0 6 2 6 2 0 C. sphaerica 99,2 Muito boa identificação
A3-2 6 4 6 2 4 2 2 C. kefyr 98,4 Boa identificação
A3-3 6 4 6 2 4 6 0 C. sphaerica 94,5 Identificação aceitável no gênero
A3-4 6 0 6 2 4 0 0 C. sphaerica 73,8 Perfil duvidoso
A3-5 6 0 6 2 4 0 0 C. sphaerica 73,8 Perfil duvidoso
A3-6 6 0 6 6 6 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
78
A3-7 6 0 6 2 6 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
A4-1 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A4-2 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A4-3 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A4-4 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A4-5 6 1 0 2 1 0 4 C. zeylanoides 99,9 Excelente identificação
A4-6 6 1 4 0 0 6 6 C. colliculosa 99,8 Muito boa identificação
A4-7 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-1 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-2 6 1 4 0 0 6 2 C. colliculosa 97,2 Boa identificação
A5-3 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-4 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-5 6 3 4 2 0 6 2 C. colliculosa 95,3 Perfil duvidoso
A5-6 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-7 6 1 4 0 0 6 6 C. colliculosa 99,8 Muito boa identificação
A5-8 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A5-9 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A6-1 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A6-2 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A6-3 6 1 4 0 0 6 0 C. colliculosa 86,2 Muito boa identificação do gênero
A6-4 6 1 4 2 0 6 0 C. colliculosa 85,4 Fraca discriminação
A6-5 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A6-6 6 7 5 6 1 7 3 C.famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
A6-7 6 1 4 2 0 4 2 C. colliculosa 94,7 Boa identificação
A7-1 6 0 6 2 6 7 2 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
A7-2 6 0 6 2 6 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
A7-3 6 1 6 2 6 7 3 C. sphaerica 99,5 Muito boa identificação
A7-4 6 1 6 2 6 7 2 C. sphaerica 99,3 Boa identificação
A7-5 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A7-6 6 1 6 2 4 6 2 C. sphaerica 90,8 Boa identificação
A7-7 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A7-8 6 1 6 2 4 6 2 C. sphaerica 90,8 Boa identificação
A7-9 6 1 6 2 4 6 2 C. sphaerica 90,8 Boa identificação
A8-1 6 1 5 6 2 7 6 K. ohmeri 99,9 Muito boa identificação
A8-2 6 1 5 6 2 7 6 K. ohmeri 99,9 Muito boa identificação
A8-3 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
A8-4 6 1 7 6 1 7 1 C. famata 57,3 Boa identificação do gênero
A8-5 6 7 5 6 1 7 1 C. parapsilosis 92,9 Boa identificação
A8-6 6 1 5 6 2 7 6 K. ohmeri 99,9 Muito boa identificação
A8-7 6 1 5 6 0 7 6 K. ohmeri 99,9 Muito boa identificação
S1-1 6 0 6 2 6 2 2 C. sphaerica 92,6 Muito boa identificação do gênero
S1-2 6 0 6 2 4 7 2 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S1-3 6 4 6 2 4 6 3 C. sphaerica 99,5 Muito boa identificação
S1-4 6 0 6 2 4 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S1-5 6 4 6 2 4 7 2 C. sphaerica 98,2 Boa identificação
S2-1 6 0 6 6 6 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S2-3 6 0 5 6 3 7 6 K. ohmeri 99,9 Excelente identificação
S2-4 6 0 6 2 0 6 2 C. sphaerica 36,3 Perfil duvidoso
S2-5 6 0 5 6 3 7 6 K. ohmeri 99,9 Excelente identificação
S2-6 6 0 6 2 4 2 2 C. kefyr 76,2 Muito boa identificação do gênero
S2-7 6 0 6 2 4 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S2-8 6 0 5 6 3 7 6 K. ohmeri 99,9 Excelente identificação
S2-9 6 6 7 6 3 7 7 C. guilliermondii 99,7 Muito boa identificação
S2-10 6 0 4 2 4 3 2 C. sphaerica 98,4 Boa identificação
S3-1 6 7 5 6 1 7 3 C. famata 56,2 Muito boa identificação do gênero
S3-2 6 0 6 2 4 7 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S3-3 6 0 6 2 4 3 3 C. sphaerica 99,9 Excelente identificação
S4-1 6 4 6 2 4 2 2 C. kefyr 98,4 Boa identificação
79
S4-2 6 4 6 2 4 3 2 C. sphaerica 84,4 Boa identificação do gênero
S4-3 6 4 6 2 4 2 2 C. kefyr 98,4 Boa identificação
S5-1 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S5-2 6 1 0 2 1 0 4 C. zeylanoides 99,9 Excelente identificação
S5-3 6 4 6 2 4 3 2 C. sphaerica 84,4 Boa identificação do gênero
S6-1 6 1 4 2 0 6 0 C. colliculosa 85,4 Fraca discriminação
S6-2 6 1 6 2 0 6 2 C. colliculosa 99,8 Muito boa identificação
S6-3 6 1 4 2 0 4 2 C. colliculosa 94,7 Boa identificação
S6-4 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S6-5 6 1 6 2 4 6 2 C. sphaerica 90,8 Boa identificação
S6-6 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S6-7 6 1 4 2 0 4 2 C. colliculosa 94,7 Boa identificação
S6-8 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S6-9 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S6-10 6 1 4 0 0 6 0 C. colliculosa 86,2 Muito boa identificação do gênero
S7-1 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S7-2 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S7-3 6 1 6 2 4 3 3 C. sphaerica 99,9 Muito boa identificação
S7-4 6 1 4 2 0 6 2 C. colliculosa 96,2 Boa identificação
S7-5 2 0 4 0 0 0 0 S. cerevisae 60,9 Fraca discriminação
S7-6 6 1 6 2 4 7 3 C. sphaerica 99,9 Muito boa identificação
S7-7 6 1 4 0 0 0 4 G. capitatum 80,4 Perfil duvidoso
S7-8 6 0 6 2 4 3 2 C. sphaerica 99,0 Muito boa identificação
S7-9 2 4 6 2 4 2 2 C. kefyr 99,9 Muito boa identificação
S7-10 6 1 4 2 0 6 0 C. colliculosa 85,4 Fraca discriminação
S8-1 6 0 4 2 4 3 1 C. sphaerica 99,9 Muito boa identificação
S8-2 6 0 4 2 4 3 1 C. sphaerica 99,9 Muito boa identificação
S8-3 6 0 4 2 4 3 1 C. sphaerica 99,9 Muito boa identificação
5.5.3 Comparação dos resultados pela metodologia tradicional e pelo sistema API
®
20
C AUX
A comparação dos resultados obtidos na identificação da microbiota
leveduriforme, utilizando a MT e o API, é demonstrada na Tabela 11.
80
Tabela 11. Comparação dos resultados da identificação, utilizando a metodologia
tradicional (MT) e o sistema API
®
20 C AUX (API).
MT
API
Espécie
Quantitativos
Espécie
Quantitativos
D. hansenii 29
C. famata
C. parapsilosis
Cr. laurentii
15
13
01
Kl. lactis 34
C. sphaerica
S. cerevisae
33
01
C. kefyr
05
C. kefy
r
05
T. delbruekii
38
C. colliculosa
38
C. zeylanoides
02
C. zeylanoides
02
K. ohmeri
07
K. ohmeri
07
N.A. 03
C. famata
C. guilliermondii
G. capitatum
01
01
01
N.A.: não avaliado.
Do total de 118 isolados, 115 foram identificados por intermédio das duas
metodologias utilizadas.
Dos 29 isolados identificados como D. hansenii pela MT, 15 foram identificados
como C. famata (forma imperfeita de D. hansenii), 13 como C. parapsilosis e um como
Cr. laurentii, utilizando o API. Observou-se certa dificuldade pelo método API em
diferenciar a espécie C. famata e C. parapsilosis. Na maioria dos perfis encontrados, a
assimilação (C. famata) ou não (C. parapsilosis) da rafinose foi o único parâmetro
diferenciador entre essas 2 espécies. Porém, o próprio método ressalta que 25 % das
estirpes C. famata não assimilam o referido açúcar. Essa pode ter sido a razão da
incongruência entre os resultados pela MT e API.
Dos 34 isolados identificados como Kl. lactis por meio da MT, 33 foram
identificados pelo API como C. sphaerica (forma imperfeita de Kl. lactis) e 1 como S.
cerevisae.
Os 38 isolados identificados pela MT como T. delbruekii foram identificados como
C. colliculosa (forma imperfeita de T. delbruekii).
81
As espécies C. zeylanoides, C. kefyr e K. homeri, que corresponderam a 2 , 5 e 7 do
total dos isolados, respectivamente, apresentaram a mesma identificação em ambos os
métodos utilizados.
Três isolados foram identificados apenas pelo API pelas espécies C. famata, C.
guilliermondi e G. capitatum.
A diferença entre a forma perfeita das espécies D. hansenii, Kl. lactis e T.
delbruekii e suas respectivas formas imperfeitas C. famata, C. sphaerica e C. colliculosa
advém da capacidade que essas espécies, quando em estado teleomorfo (perfeito), tem de
se reproduzirem sexuadamente (produção de ascósporos), embora apresentem as mesmas
características bioquímicas (LODDER, 1970; KREGER-VAN RIJ, 1984, TORNADIJO et
al, 1997). Portanto, foram consideradas, neste trabalho, como o mesmo microrganismo.
Dos 115 isolados testados por ambas as metodologias adotadas nesta pesquisa, os
resultados coincidiram em 93 espécies (80,87 %).
Silva et al (2005), ao avaliarem leveduras de importância clínica, encontraram 92
% de similaridade entre as duas metodologias. Porém, Török e King (1991), ao avaliarem
leveduras associadas a alimentos, encontraram similaridade inferior a 40 %, não
considerando o kit apropriado para identificação de leveduras associadas a alimentos,
principalmente pelo restrito número de espécies na sua base de dados.
Os métodos clássicos para identificação de leveduras ainda são bastante utilizados.
Porém, são necessários um laboratório bem equipado, a utilização de várias técnicas e
reagentes. A identificação tradicional é laboriosa e demanda tempo para sua realização.
Por essas razões, métodos rápidos de identificação, inicialmente desenvolvidos para
leveduras de origem clínica, têm sido utilizados para identificação de leveduras em
alimentos. No entanto, ambas as metodologias são passíveis de problemas, principalmente
quanto à leitura e interpretação dos resultados, gerando, em muitos casos, resultados
duvidosos.
Neste estudo, o principal problema encontrado foi quanto à visualização dos
resultados, principalmente quando se utilizou o API. Em vários isolados, a distinção entre
a assimilação e a não-assimilação, das diferentes fontes de carbono testadas, nem sempre
era nítida. A adoção de indicadores, que sinalizem assimilação ou não, através da
modificação da cor, certamente facilitará a utilização do kit.
Nas últimas décadas, progressos no estudo da biologia molecular têm possibilitado
a caracterização de leveduras ao nível genômico. Técnicas baseadas em análises de
82
fragmentos, como PFGE (Pulsefield gel electrophoresis), RFLP (restriction fragment
length polymorphism) e RAPD (random amplified polymorphic DNA) têm sido
reconhecidas como ferramentas mais seguras e rápidas para a identificação de leveduras
quando comparadas com os testes bioquímicos e fisiológicos utilizados nas identificações
fenotípicas (LOPANDIC et al, 2005).
5.5.4 Espécies leveduriformes predominantes nas unidades produtoras, nos dois
períodos avaliados
As espécies da microbiota leveduriforme isoladas do fermento endógeno nos dois
períodos amostrados, bem como a sua freqüência em cada unidade produtora avaliada,
podem ser observadas nas Figuras 11 e 12, respectivamente. Nessas, constam as espécies
identificadas de acordo com a MT, à exceção das que foram identificadas apenas pelo
API.
Figura 11. Freqüência das diferentes espécies leveduriformes identificadas no
período das águas (PA) e no período da seca (PS).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
PA PS
Debaryomyces hansenii
Kluyveromyces lactis
Kluyveromyces marxianus
Torulaspora delbruekii
Candida zeylanoides
Kodamaea ohmeri
Pichia guilliermondii
Geotrichum capitatum
Figura 12. Freqüência das espécies de leveduras predominantes nas unidades
produtoras, no período das águas (PA) e no período da seca (PS).
83
Unidade produtora 1- PA
Debaryomyces
hansenii
Unidade produtora 1 - PS
Kluyveromyces
lactis
Unidade produtora 2 - PA
Debaryomyces
hansenii
Unidade produtora 2 - PS
Kluyveromyces
lactis
Kluyveromyces
marxianus
Kodamaea ohmeri
Pichia
guilliermondii
Unidade produtora 3 - PA
Kluyveromyces
lactis
Kluyveromyces
marxianus
Unidade produtora 3 - PS
Debaryomyces
hansenii
Kluyveromyces
lactis
Unidade produtora 4 - PA
Torulaspora
delbruekii
Candida
zeylanoides
Unidade produtora 4 - PS
Kluyveromyces
lactis
Kluyveromyces
marxianus
Unidade produtora 5 - PA
Torulaspora
delbruekii
Unidade produtora 5 - PS
Kluyveromyces
lactis
Torulaspora
delbruekii
Candida
zeylanoides
84
Unidade produtora 6 - PA
Debaryomyces
hansenii
Torulaspora
delbruekii
Unidade produtora 6 - PS
Kluyveromyces
lactis
Torulaspora
delbruekii
Unidade produtora 7 - PA
Kluyveromyces
lactis
Torulaspora
delbruekii
Unidade produtora 7 - PS
Kluyveromyces
lactis
Kluyveromyces
marxianus
Torulaspora
delbruekii
Geotrichum
capitatum
Unidade produtora 8 - PA
Debaryomyces
hansenii
Torulaspora
delbruekii
Kodamaea ohmeri
Unidade produtora 8 - PS
Kluyveromyces
lactis
No PA, D. hansenii foi a espécie mais freqüentemente encontrada dentre os
isolados avaliados (40,28 %), seguida por T. delbruekii (33,34 %) e Kl. lactis (18,05 %).
Essas três espécies corresponderam a 91,67 % do total de espécies isoladas nesse período.
Todas estão associadas a produtos láticos (FLEET, 1989; LARPENT et al, 1991).
O predomínio das espécies D. hansenii e T. delbruekii pode estar associado à
concentração de NaCl do fermento endógeno. Aguiar e Lucas (2000) demonstraram que
ambas crescem na presença de até 3M de NaCl, enquanto que espécies como Kl. lactis e
Kl. marxianus conseguem crescer na presença de até 2M de NaCl .
T. delbruekii, isolada em 5 das 8 unidades produtoras foi a espécie encontrada em
maior número de propriedades. Na propriedade 5 foi a única espécie isolada. D. hansenii
foi detectada em 4 unidades produtoras, constituindo a única espécie isolada em duas
destas (1 e 2). Kl. lactis, a terceira espécie isolada em termos percentuais, foi encontrada
somente em 2 das 8 unidades produtoras.
85
O fermento endógeno da unidade produtora 8 apresentou maior diversidade de
espécies (3 espécies). Já nos fermentos endógenos das unidades produtoras 1, 2 e 5
detectou-se a presença de apenas uma espécie.
Borelli (2002), ao analisar o fermento endógeno dessa região, também no período
das águas, encontrou a predominância de T. delbruekii, que apresentou maior distribuição
entre os 10 fermentos endógenos avaliados. D. hansenii e Kl. lactis também foram
isoladas de forma expressiva, figurando entre as quatro espécies mais freqüentes.
As espécies Kl. marxianus e C. zeylanoides foram detectadas apenas nas unidades
3 e 4, respectivamente. Essas espécies, aliadas a K. ohmeri, constituíram as espécies
encontradas em menor freqüência no período das águas. No entanto, Borelli (2002)
avaliou K. ohmeri como a segunda espécie mais freqüentemente encontrada no fermento
endógeno coletado em outro município (São Roque de Minas) da região.
No PS, foram isoladas as mesmas espécies identificadas na época das águas, porém
em freqüências diferentes (Figura 11) e ainda, as espécies P. guilliermondii e G.
capitatum.
Kl. lactis foi a espécie que mais se destacou no PS. Além de corresponder a 45,65
% do total de isolados nesse período, foi encontrada no fermento endógeno de todas as
unidades produtoras. Embora a grande maioria dos isolados identificados como Kl. lactis
tenha crescido na presença de 10 % de sal (Tabela 9), observou-se uma tendência desse
microrganismo em se destacar, nos fermentos endógenos com concentrações de NaCl de
até 6,5 %. À exceção de uma estirpe, isolada no fermento endógeno da unidade produtora
4 (PS), cuja concentração de NaCl foi de 8,90 %.
A segunda espécie mais freqüente foi T. delbruekii, apresentando uma freqüência
de 30,45 %, semelhante à encontrada no período das águas (33,34 %), porém com menor
distribuição (presente em três propriedades).
A terceira espécie mais encontrada foi C. kefyr. Sua freqüência (8,70 %) foi
superior à encontrada no período das águas, assim como sua distribuição (presente em três
propriedades). As demais espécies ocorreram em freqüências de 6,52 % para K. ohmeri e
de de 2,17 % para D. hansenii, Candida zeylanoides, P. guilliermondii e Geotrichum
capitatum.
O efeito de leveduras normalmente presentes em fermentos endógenos utilizados
na fabricação de queijo ainda não está claro. É possível que, em moderado número, sua
presença possa favorecer a produção de sabor e aroma em decorrência de uma moderada
86
atividade proteolítica, por outro lado, a presença de leveduras em altas contagens (> 10
5
UFC.mL
-1
) pode acarretar formação de sabores e aromas desagradáveis devido, por
exemplo, a uma indesejável fermentação alcoólica (REINHEIMER et al, 1994).
A microbiota leveduriforme presente no fermento endógeno na Serra da Canastra
no período da seca está sendo avaliada pela primeira vez neste trabalho. Observa-se, pelos
resultados, a presença das mesmas espécies em ambos os períodos, com diferença na
freqüência encontrada. Além disso, duas espécies (G. capitatum e P. guilliermondii) foram
detectadas somente no período da seca. A ocorrência de um número reduzido de espécies
indica que a composição do fermento endógeno, bem como as condições ambientais no
qual é produzido, promove a seleção de uma microbiota que se mantém praticamente
inalterada, em relação à diversidade de espécies, ao longo dos dois períodos avaliados,
mas que varia na freqüência com as quais são observadas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dos parâmetros físico-químicos avaliados, o teor de NaCl foi o único que
apresentou variações entre os dois períodos avaliados, sendo detectado em maior
concentração no período das águas.
Entre os parâmetros microbiológicos avaliados, as bactérias do ácido lático foram
o grupo predominante no fermento endógeno. A contagem total de mesófilos aeróbios
constituiu o único parâmetro que variou de acordo com o período avaliado e foi menor no
período das águas. A variação na contagem dos indicadores higiênico-sanitários indica que
há diferentes níveis de adequação às boas práticas de fabricação nas queijarias.
A diversidade de leveduras encontrada nos dois períodos avaliados foi
praticamente a mesma, porém em freqüências diferentes. O kit API
®
20 C AUX
apresentou as vantagens de facilidade de uso, armazenamento e rapidez, porém, em vários
isolados os resultados foram de difícil visualização. As leveduras mais freqüentemente
isoladas no período das águas foram D. hansenii, T. delbruekii e Kl. lactis. No período da
seca, destacaram-se as espécies Kl. lactis, T. delbruekii e Kl. marxianus.
Este trabalho refere-se ao início do conhecimento dos principais componentes físico-
químicos e microbianos do fermento endógeno utilizado na fabricação do queijo Canastra.
Estudos para uma melhor compreensão desses componentes, suas variações e interações, e
87
a sua contribuição para as características e a qualidade do queijo Canastra precisam ser
determinados.
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95
Apêndices
96
Apêndice A. Perfil de fermentação e assimilação apresentado pelas leveduras presentes no fermento endógeno originado do município
de Medeiros, região da Serra da Canastra/MG
Debaryomyces
hansenii
Kluyveromyces lactis Candida
kefyr
Torulaspora
delbruekii
Candida zeylanoides Kodamaea
ohmeri
Resultados
Positivos
Padrão*
Resultados
Positivos
Padrão*
Resultados
Positivos
Padrão*
Resultados
Positivos
Padrão*
Resultados
Positivos
Padrão*
Resultados
Positivos
Padrão*
N
0
de isolados 29 34 05 38 02 07
Fermentação:
Sacarose 02 V 22 + ou R- 03 + 28 - A 00 - 05 +
Galactose 05 V 29 + 05 + 35 + 00 - 07 +
Glicose 24 V 23 + 04 + 33 + 00 - 07 +
Lactose 01 - 32 + 05 + 00 - 00 - 00 -
Assimilação:
Maltose 29 + 12 V 00 - 01 - 00 - 07 +
Galactose 29 + 33 + 05 + 38 + 01 V 07 +
Lactose 04 V 33 + 05 + 00 - 00 - 00 -
Nitrato 29 - 01 - 00 - 00 - 01 - 07 -
Eritritol 28 V 01 - 00 - 01 - 00 - 00 -
Amido 00 + 00 - 00 - 00 - 01 - 00 -
Ribitol 29 + 02 V 00 - 01 - 01 V 07 + ou R-
Sacarose 28 + 28 + 04 + 31 - A 01 - 07 +
Inositol 00 - 00 - 00 - 00 - 00 - 00 -
Celobiose 04 + 09 + 00 + 00 - 00 - 07 +
Rafinose 29 + 34 + ou R- 04 + 38 - A 02 - 07 +
Manitol 29 + 04 + 00 - 02 + 01 + 07 +
melibiose 28 + ou R- 00 - 00 - 03 + 00 - 01 -
Xilose 29 + 01 V 00 - 00 - 00 - 00 -
Cresc. a 37
0
C 29 V 18 V 05 + 38 - 01 - 07 +
Cresc. em 50 %
de glicose
29 + 17 - ou R+ 00 N.A. 38 + 00 N. A. 07 +
Cresc. em 10 %
de NaCl
29 + 30 N. A. 05 - 38 N. A. 02 + 07 N. A.
* LODDER (1970); + = positivo; - = negativo; V= variável; R= raramente; A= adquirido; N.A.= não avaliado.
97
Apêndice B. Leveduras predominantes no fermento endógeno originado do município de Medeiros, região da Serra
da Canastra/MG, coletado no período das águas
Espécies
Unidades Produtoras
Total
2 3 4 5 6 7 8
D. hansenii
C. famata*
5 21 - - - 1 - 2
29
(40,28 %)
Kl. lactis
C. sphaerica*
- - 6 - - - 7 -
13
(18,05 %)
Kl. marxianus
C. kefyr*
- - 1 - - - - -
1
(1,39 %)
T. delbruekii
C. colliculosa*
- - - 6 9 6 2 1
24
(33,34 %)
C. zeylanoides - - - 1 - - - -
(1,39 %)
K. ohmeri
C. guilliermondii
var. membranifaciens*
- - - - - - - 4
4
(5,55 %)
Total 5 21 7 7 9 7 9 7
72
(100,00 %)
* Forma imperfeita.
98
Apêndice C. Leveduras predominantes no fermento endógeno originado do município de Medeiros, região da Serra
da Canastra/MG, coletado no período da seca.
Espécies
Unidades produtoras
Total
2 3 4 5 6 7 8
D. hansenii
C. famata*
- - 1 - - - - -
1
(2,17 %)
Kl. lactis
C. sphaerica*
5 4 2 1 1 1 4 3
21
(45,65 %)
Kl. marxianus
C. kefyr*
- 1 - 2 - - 1 -
4
(8,70 %)
T. delbruekii
C. colliculosa*
- - - - 1 9 4 -
14
(30,45 %)
C. zeylanoides - - - - 1 - - -
(2,17 %)
K. ohmeri
C. guilliermondii
var. membranifaciens*
- 3 - - - - - -
3
(6,52 %)
P.
guilliermondii
C. guilliermondii*
- 1 - - - - - -
1
(2,17%)
G. capitatum - - - - - - 1 -
(2,17 %)
Total 5 9 3 3 3 10 10 3
46
(100,00 %)
* Forma imperfeita.
99
Apêndice D. Resultados microbiológicos do fermento endógeno originado do município de Medeiros, região da Serra da Canastra/MG,
nos dois períodos avaliados
Grupos
Avaliados
Período
Unidades Produtoras
Contagem total
de mesófilos*
Águas
8,4 x 10
5
7,2 x 10
5
1,3 x 10
6
9,3 x 10
5
1,6 x 10
5
1,4 x 10
4
2.5 x 10
6
2,5 x 10
7
Seca
1,5 x 10
7
1,9 x 10
7
9,
9 x 10
7
7,3 x 10
7
1,6 x 10
7
5,4 x 10
7
6.4 x 10
7
3,6 x 10
6
Coliformes
totais*
Águas
5,3 x 10
2
3,0 x 10
1
1,6 x 10
4
2,8 x 10
2
3,2 x 10
2
4,0 x 10
1
1,1 x 10
3
2,0 x 10
4
Seca
2,6 x 10
4
<1,0 x 10
1
4,1 x 10
3
1,0 x 10
2
1,0 x 10
2
2,0 x 10
2
6,0 x 10
2
2,0 x 10
2
E. coli*
Águas
1,0 x 10
1
2,0 x 10
1
<1,0 x 10
1
3,0 x 10
1
<1,0 x 10
1
2,0 x 10
1
<1,0 x 10
1
3,0 x 10
2
Seca
<1,0 x 10
1
<1,0 x 10
1
<1,0 x 10
1
1,0 x 10
1
1,0 x 10
2
2,0 x 10
2
3,0 x 10
2
2,0 x 10
2
S. aureus*
Águas
6,0 x 10
1
1,4 x 10
2
<1,0 x 10
1
5,0 x 10
1
1,2 x 10
2
1,
0 x 10
1
6,8 x 10
2
1,3 x 10
3
Seca
4,0 x 10
1
1,7 x 10
2
<1,0 x 10
1
1,4 x 10
2
7,0 x 10
1
5,7 x 10
2
1,0 x 10
1
1,0 x 10
1
Listeria sp.
Águas
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Seca
Ausência
Ausência
Ausência
Aus
ência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Salmonella sp.
Águas
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
Seca
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Leveduras*
Águas
,6 x 10
2
4,6 x 10
2
5,7 x 10
5
5,7 x 10
5
1,4 x 10
6
4,8 x 10
2
8,0 x 10
5
5,4 x 10
4
Seca
7,8 x 10
5
3,0 x 10
2
3,5 x 10
2
4,0 x 10
4
1,5 x 10
2
1,4 x 10
5
3,9 x 10
6
5,3 x 10
3
Lactococcus /
Streptococcus*
Águas
2,1 x 10
6
7,3 x 10
6
3,1 x 10
7
1,2 x 10
7
1,7 x 10
7
1,8
x 10
6
1,4 x 10
7
1,2 x 10
7
Seca
1,0 x 10
7
4,6 x 10
5
1,1 x 10
7
3,0 x 10
6
9,5 x 10
4
2,2 x 10
7
9,9 x 10
6
1,4 x 10
8
Enterococcus*
Águas
4,5 x 10
5
8,0 x 10
5
1,5 x 10
5
1,3 x 10
7
7,9 x 10
6
1,2 x 10
6
1,5 x 10
7
8,5 x 10
6
Seca
8,9 x 10
5
1,4 x 10
5
3,5 x 10
4
8,5 x
10
4
<1,0
x 10
4
5,0 x 10
6
<1,0
x 10
4
3,3 x 10
6
Lactobacillus*
Águas
2,8 x 10
5
8,3 x 10
4
9,7 x 10
5
1,1 x 10
6
6,2 x 10
5
1,2 x 10
5
2,2 x 10
6
4,1 x 10
5
Seca
1,6 x 10
6
5,3 x 10
8
1,3 x 10
5
2,4 x 10
6
2,8 x 10
4
2,4 x 10
7
5,8 x 10
6
2,6 x 10
6
Leuconostoc*
Águas
1,1 x 10
6
2,6 x 10
5
6,9 x 10
5
9,0 x 10
6
5,8 x 10
6
2,8 x 10
4
9,5 x 10
5
1,7 x 10
6
Seca
1,9 x 10
6
5,9 x 10
6
1,9 x 10
5
1,9 x 10
5
3,1 x 10
4
1,9 x 10
7
3,7 x 10
7
5,7 x 10
6
*
Em UFC.mL
-1
100
Apêndice E. Resultado da identificação da microbiota leveduriforme pela
metodologia tradicional e pelo kit API
®
20 C AUX.
Código
Método
Tradicional
API
®
20 C AUX
Código
Método
Tradicional
API
®
20 C AUX
A1
-
1
D. hansenii
C. famata
A7
-
4
Kl. lactis
C. sphaerica
A1
-
2
D. hansenii
C. famata
A7
-
5
T. delbru
ekii
C. colliculosa
A1
-
3
D. hansenii
C. famata
A7
-
6
Kl. lactis
C. sphaerica
A1
-
4
D. hansenii
C. parapsilosis
A7
-
T. delbruekii
C. colliculosa
A1
-
5
D. hansenii
C. parapsilosis
A7
-
8
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
1
D. hansenii
C. famata
A7
-
9
Kl. lactis
C. s
phaerica
A2
-
2
D. hansenii
C. famata
A8
-
1
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
3
D. hansenii
C. famata
A8
-
2
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
4
D. hansenii
C. famata
A8
-
3
T. delbruekii
C. colliculosa
A2
-
5
D. hansenii
C. parapsilosis
A8
-
4
D. hansenii
C. famata
A2
-
6
D. hansenii
C. parapsilosis
A8
-
5
D. hansenii
C. parapsilosis
A2
-
D. hansenii
C. famata
A8
-
6
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
8
D. hansenii
C. famata
A8
-
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
9
D. hansenii
C. famata
S1
-
1
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
10
D. hansenii
C. parapsilosis
S1
-
2
Kl.
lactis
C. sphaerica
A2
-
11
D. hansenii
C. parapsilosis
S1
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
12
D. hansenii
C. parapsilosis
S1
-
4
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
13
D. hansenii
C. famata
S1
-
5
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
14
D. hansenii
C. famata
S2
-
1
Kl. lactis
C. sp
haerica
A2
-
15
D. hansenii
C. parapsilosis
S2
-
3
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
16
D. hansenii
Cr. laurentii
S2
-
4
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
17
D. hansenii
C. famata
S2
-
5
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
18
D. hansenii
C. parapsilosis
S2
-
6
C. kefyr
C. kefyr
A2
-
19
D. hans
enii
C. parapsilosis
S2
-
Kl. lactis
C. sphaerica
A2
-
20
D. hansenii
C. parapsilosis
S2
-
8
K. ohmeri
K. ohmeri
A2
-
21
D. hansenii
C. parapsilosis
S2
-
9
NA
C. guilliermondii
A3
-
1
Kl. lactis
C. sphaerica
S2
-
10
Kl. lactis
C. sphaerica
A3
-
2
C. kefyr
C. kefyr
-
1
D. hansenii
C. famata
A3
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
S3
-
2
Kl. lactis
C. sphaerica
A3
-
4
Kl. lactis
C. sphaerica
S3
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
A3
-
5
Kl. lactis
C. sphaerica
S4
-
1
C. kefyr
C. kefyr
A3
-
6
Kl. lactis
C. sphaerica
S4
-
2
Kl. lactis
C. sphaerica
101
A3
-
Kl. lactis
C. sphaerica
S4
-
3
C. kefyr
C. kefyr
A4
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
S5
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
A4
-
2
T. delbruekii
C. colliculosa
S5
-
2
C. zeylanoides
C. zeylanoides
A4
-
3
T. delbruekii
C. colliculosa
S5
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
A4
-
4
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
A4
-
5
C. zeylanoides
C. zeylanoides
S6
-
2
T. delbruekii
C. colliculosa
A4
-
6
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
3
T. delbruekii
C. colliculosa
A4
-
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
4
T. delbr
uekii
C. colliculosa
A5
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
5
Kl. lactis
C. sphaerica
A5
-
2
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
6
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
3
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
4
T. delbruekii
C. colliculos
a
S6
-
8
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
5
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
9
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
6
T. delbruekii
C. colliculosa
S6
-
10
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
8
T. del
bruekii
C. colliculosa
S7
-
2
T. delbruekii
C. colliculosa
A5
-
9
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
A6
-
1
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
4
T. delbruekii
C. colliculosa
A6
-
2
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
5
Kl. lactis
S. cerevisae
A
-
3
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
6
Kl. lactis
C. sphaerica
A6
-
4
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
NA
G. capitatum
A6
-
5
T. delbruekii
C. colliculosa
S7
-
8
Kl. lactis
C. sphaerica
A6
-
6
NA
C. famata
S7
-
9
C. kefyr
C. kefyr
A6
-
T. delbruekii
C. colliculo
sa
S7
-
10
T. delbruekii
C. colliculosa
A7
-
1
Kl. lactis
C. sphaerica
S8
-
1
Kl. lactis
C. sphaerica
A7
-
2
Kl. lactis
C. sphaerica
S8
-
2
Kl. lactis
C. sphaerica
A7
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
S8
-
3
Kl. lactis
C. sphaerica
NAnão avaliado
102
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