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DILZA TARANTO PEREIRA
A CONTRIBUIÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL PARA A CONSTRUÇÃO
DO FUTURO DESEJADO – UM ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DE NEGÓCIO
DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DA BACIA DE CAMPOS –
PETROBRAS/E&P/UN-BC
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Sistema de
Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de
Gestão. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela
Qualidade Total.
Orientador: Professor Martius Vicente Rodriguez Y Rodriguez, D.Sc.
Niterói
2005
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2
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por permanecer comigo ao longo de minha vida,
suprindo-me de fé e perseverança no alcance dos meus objetivos.
Em segundo lugar, agradeço à minha família, em especial ao meu pai, minha mãe e
meus filhos Mariana, Gabriel e André, pelos ensinamentos valorosos na minha
formação, pelo apoio e pelo tempo emprestado em dedicação a este trabalho.
Em terceiro lugar, com amor, agradeço ao meu companheiro diário, Rodrigo Pereira da
Silva, pelo incentivo e colaboração com seus conhecimentos.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Martius Rodriguez e Rodriguez, pela disponibilidade
e impecável direcionamento.
Agradeço aos meus amigos Luciano Pacheco e Sabrina Monzato Teófilo Rolim, por toda
contribuição, embora, talvez, nem eles mesmos tenham se dado conta de tal importância.
Agradeço à Petrobras/UN-BC pela confiança depositada.
Por último, mas não menos importante, agradeço aos gerentes e empregados da UN-BC,
que colaboraram no preenchimento da pesquisa.
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3
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo identificar os valores, crenças e comportamentos constantes
da cultura da Petrobras/E&P/UN-BC, em que níveis da consciência organizacional estão, se
há alinhamento entre eles e se as metas pessoais podem ser correlacionadas com os valores
pessoais e com a posição hierárquica na Companhia. A pesquisa adota como principal
referencial teórico para o trabalho a teoria dos Sete Níveis de Consciência Organizacional de
Richard Barret (2000), que teve como base a Teoria da Hierarquia das Necessidades de
Abraham Maslow (2003), ampliando-a para níveis mais altos da consciência humana. Foram
empregados dois questionários estruturados e tratamento estatístico dos dados. Os resultados
foram dispostos através de tabelas e figuras, e demonstraram a distribuição de todos os
valores encontrados entre os sete níveis de consciência, bem como aqueles considerados os
mais importantes para todo o grupo e por subgrupos, conforme nível hierárquico. As
conclusões apontaram para a existência de pouco alinhamento entre os valores pessoais e
organizacionais, e as recomendações têm o objetivo de sugerir ações prioritárias em função
dos resultados obtidos, além de novos estudos sobre o tema.
Palavras-chave: cultura organizacional, alinhamentos de valores, planejamento estratégico.
ABSTRACT
4
This research proposes to identify values, beliefs and behaviors consisting of
Petrobras/E&P/UN-BC culture, the organizational conscience levels they are, if there is
alignment among them and if the Personal Balanced Scorecard can be correlated with
personal values and the hierarchical position in Petrobras. The research adopts, as main
theoretical reference for the work, the consciousness’ levels theory of Richard Barret (2000),
who has expanded the hierarchical needs theory of Abraham Maslow (1999), to higher levels
of the human conscience. Two structured questionnaires and statistic treatment of the
informations were applied. The results were presented in tables and figures, and showed the
distribution of all values among the seven levels of consciousness, as well as showed those
considered as the most important ones, for the entire group together and for small groups,
according to hierarchical levels. The conclusions pointed to little alignment between personal
and organizational values and the recommendations had the objective of suggesting priority
actions linked to the obtained results and other studies about the theme.
Key-words: organizational culture, values alignment, strategic plan.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
5
Figura 1 Camadas da Cultura Organizacional 51
Figura 2 Camadas da Cultura Organizacional 54
Figura 3 Competing Values Framework 56
Figura 4 Os Sete Níveis da Consciência Humana 72
Figura 5 Relação entre Motivações e os Sete Níveis da Consciência 80
Figura 6 Os Sete Níveis da Consciência da Organização X Liderança 83
Figura 7 Fragmentação do Conhecimento segundo Weil e Jung 87
Figura 8 O Sistema de Gestão Pessoal 88
Figura 9 Distribuição dos Sete Níveis de Consciência 111
Figura 10 Distribuição dos Sete Principais Valores Pessoais de Todos os
Empregados X Níveis de Consciência 113
Figura 11 Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais Atuais na Visão de
Todos os Empregados X Níveis de Consciência 113
Figura 12 Distribuição dos Valores Organizacionais Ideais Constantes do Planejamento
Estratégico 2015 X Níveis de Consciência 114
Figura 13 Os Sete Principais Valores Pessoais da UN-BC 117
Figura 14 Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais Atuais na Visão dos
Gerentes X Níveis de Consciência 117
Figura 15 Distribuição dos Sete Principais Valores Pessoais na Visão dos Empregados
Não-Gerentes X Níveis de Consciência 120
Figura 16 Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais na Visão dos
EmpregadosNão-Gerentes X Níveis de Consciência 121
Figura 17 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Faixa Etária 123
Figura 18 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Sexo 124
Figura 19 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Nível Hierárquico 125
Figura 20 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Tempo de Empresa 126
LISTA DE TABELAS
6
Tabela 1 Crescimento do Efetivo do E&P e da UN-BC 12
Tabela 2 Características dos Tipos Culturais, segundo Trompenaars (1994) 53
Tabela 3 Correspondência entre Necessidades Humanas e Motivação Pessoal 68
Tabela 4 Sete Eras Correspondentes à Evolução da Consciência Humana 70
Tabela 5 Distribuição Percentual de Respostas X Nível Hierárquico 96
Tabela 6 Valores Pessoais X Nível de Consciência 99
Tabela 7 Valores Organizacionais Atuais X Nível de Consciência (Visão do
Empregado) 100
Tabela 8 Valores Organizacionais Atuais X Nível de Consciência (Visão do
Gerente) 101
Tabela 9 Valores Organizacionais Ideais Constantes do planejamento estratégico
Petrobras 2015 e dos Princípios do E&P X Nível de Consciências 103
Tabela 10 Caracterização da Amostra 107
Tabela 11 Sete Principais Níveis de Consciência dos Empregados 109
Tabela 12 Sete Principais Níveis de Consciência da Organização UN-BC 109
Tabela 13 Os sete Principais Valores Pessoais da UN-BC 114
Tabela 14 Os Sete Principais Valores Organizacionais Atuais 115
Tabela 15 Os Sete Primeiros Colocados em Valores Pessoais – Gerentes 115
Tabela 16 Os Sete Primeiros Colocados em Valores Organizacionais Atuais –
Gerentes 116
Tabela 17 Os Sete Primeiros Colocados em Valores Pessoais – Empregados
Não-Gerentes 119
Tabela 18 Os Sete Primeiros Colocados em Valores Organizacionais –
Empregados Não-Gerentes 119
Tabela 19 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Faixa Etária 121
Tabela 20 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Sexo 122
Tabela 21 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Nível Hierárquico 122
Tabela 22 Valores Pessoais e Organizacionais conforme Tempo de Empresa 123
SUMÁRIO
7
1 O PROBLEMA ..............................................................................................................9
1.1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA..........................................................................12
1.3 OBJETIVOS..............................................................................................................13
1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................13
1.3.2 Objetivos Específicos e Escopo..............................................................................13
1.4 QUESTÕES DE ESTUDO........................................................................................14
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................................14
1.6 CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO ............................................................................15
1.6.1 Para a Construção do Conhecimento......................................................................15
1.6.2 Para a Prática Profissional......................................................................................16
1.6.3 Para os Acadêmicos................................................................................................16
1.6.4 Contribuição Pessoal ..............................................................................................16
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO..............................................................................16
2 CULTURA ..................................................................................................................17
2.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................17
2.2 DEFINIÇÕES DE CULTURA..................................................................................17
2.3 HISTÓRIA DO CONCEITO DE CULTURA ORGANIZACIONAL .....................19
2.4 DEFINIÇÕES DE CULTURA ORGANIZACIONAL.............................................28
2.5 CULTURA ORGANIZACIONAL E ALINHAMENTO DE VALORES................29
2.5.1 Conceito de Valores Organizacionais.....................................................................32
2.5.2 Organizações Movidas por Valores........................................................................35
2.5.3 A Importância do Alinhamento entre Valores Pessoais e Organizacionais ...........37
2.5.4 A Liderança Baseada em Valores...........................................................................41
2.6 FORMAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL.............................................43
2.7 COMPONENTES E TIPOS DE CULTURA ORGANIZACIONAL.......................48
2.8 A POLÊMICA DO QUALITATIVO X QUANTITATIVO NA AVALIAÇÃO DA
CULTURA ORGANIZACIONAL .................................................................................57
3 O MODELO DE RICHARD BARRET PARA AVALIAÇÃO DA CULTURA
ORGANIZACIONAL.....................................................................................................62
3.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................62
3.2 O MODELO TEÓRICO DE APOIO PARA ESTA PESQUISA–A METODOLOGIA
DE RICHARD BARRET (2000) ....................................................................................62
3.2.1 Motivação Humana ................................................................................................63
3.2.2 Definição e Evolução da Consciência Humana......................................................68
3.2.3 Os Sete Níveis de Consciência Pessoal..................................................................70
3.2.4 Os Sete Níveis de Consciência Organizacional......................................................76
3.3 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DOS VALORES DA LIDERANÇA.........81
3.3.1 Os Sete Níveis de Consciência da Liderança .........................................................83
3.4 SISTEMA BALANCEADO DE MÉTRICAS PESSOAIS ......................................86
3.4.1 O MODELO DE GESTÃO PESSOAL..................................................................87
4 METODOLOGIA.........................................................................................................92
4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA........................................................................92
4.2 UNIVERSO E AMOSTRA.......................................................................................94
4.3 COLETA DE DADOS DOS QUESTIONÁRIOS ....................................................97
4.4 VALIDADE DO INSTRUMENTO..........................................................................98
4.5 TRATAMENTO DE DADOS ..................................................................................99
8
4.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO................................................................................105
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO..106
5.1 INTRDUÇÃO..........................................................................................................106
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................106
5.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS....................108
5.3.1 Apresentação dos Resultados de Todo o Grupo...................................................108
5.3.2 Apresentação dos Resultados do Grupo de Gerentes e dos demais Colaborado-
res ................................................................................................................115
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................128
6.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................128
6.2 CONCLUSÕES.......................................................................................................129
6.3 RECOMENDAÇÕES..............................................................................................132
6.3.1 Recomendações de Ações na Empresa.................................................................132
6.3.2 Recomendações de Novos Estudos ......................................................................132
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................134
8 APÊNDICES..............................................................................................................138
8.1 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA POR E-MAIL AOS GERENTES DA UN-
BC ................................................................................................................138
8.2 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA POR E-MAIL AOS EMPREGADOS DA UN-
BC ................................................................................................................139
8.3 QUESTIONÁRIO – VERSÃO FINAL...................................................................140
8.3.1 ENVIADO AOS EMPREGADOS GERENTES .................................................140
8.3.2 ENVIADO AOS EMPREGADOS NÃO-GERENTES .......................................143
8.4 CORRELAÇÃO DOS ITENS DO QUESTIONÁRIO COM OS NÍVEIS DA
CONSCIÊNCIA ............................................................................................................147
8.4.1 EMPREGADOS GERENTES..............................................................................147
8.4.2 EMPREGADOS NÃO GERENTES....................................................................151
8.5 QUESTIONÁRIOS DO PRÉ-TESTE.....................................................................154
8.5.1 EMPREGADOS GERENTES..............................................................................154
8.5.2 EMPREGADOS NÃO-GERENTES....................................................................158
1 O PROBLEMA
9
“Quando alinhamos nossos pensamentos, nossas emoções e ações com a parte mais elevada
de nós mesmos, ficamos repletos de entusiasmo, propósito e significado.”
1
1.1 INTRODUÇÃO
O Planejamento Estratégico Petrobras 2015 foi construído a partir da reflexão sobre estudos
de cenários corporativos e questões estratégicas, da análise das principais oportunidades de
negócios e ameaças, bem como de pontos fortes e das condições de melhoria da empresa, para
chegar a um importante conjunto de definições que nortearão suas ações nos próximos anos.
Trata-se de uma nova estratégia corporativa e de direcionamentos para os diversos segmentos
de negócios da empresa (Planejamento Estratégico Petrobras 2015).
Esta nova estratégia corporativa tem como foco transformar a Petrobras em líder nos
mercados de petróleo e gás natural na América Latina, atuando como empresa integrada de
energia, com expansão seletiva na petroquímica e na atividade internacional e, ainda,
desenvolvendo projetos relevantes no mercado de energias renováveis.
Os valores e comportamentos constantes do seu “Posicionamento Estratégico” propõem-se a
orientar a postura profissional da força de trabalho.
Valores:
Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas, clientes, empregados,
sociedade, governo, parceiros, fornecedores e comunidades em que a Companhia
atua;
Espírito empreendedor e de superar desafios;
Foco na obtenção de resultados de excelência;
Espírito competitivo inovador com foco na diferenciação em serviços e
competência tecnológica;
Excelência e liderança em questões de saúde, segurança e preservação do meio
ambiente;
Busca permanente da liderança empresarial.
Comportamentos:
Ética nos negócios;
1
BARBOSA, Carlos Alberto. Pensamentos de Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
10
Liderança pelo exemplo;
Ênfase na integração e no desenvolvimento do trabalho de equipe;
Foco no desenvolvimento e sustentação de vantagens competitivas;
Acompanhamento rigoroso dos resultados com reconhecimento e
responsabilização pelo desempenho;
Transparência nas relações com os acionistas, empregados, comunidades e com os
demais públicos de interesse da Petrobras.
Destacam-se as seguintes Políticas Corporativas, no que se refere a Recursos Humanos:
Atrair, desenvolver, treinar e reter pessoas, investindo em seus talentos e aprimorando
as competências técnicas e gerenciais, atendendo à dinâmica dos negócios visando
sustentar a excelência competitiva;
Assegurar efetivos adequados aos objetivos dos negócios e promover práticas de
compensação competitivas em relação ao mercado;
Promover práticas e processos de gestão que levem à satisfação no trabalho e ao
comprometimento de todos os empregados com as metas e os princípios éticos do
Sistema Petrobras;
Estimular uma cultura empresarial única e humanizada, que respeite os valores locais,
valorize a consolidação e troca de conhecimentos e priorize o reconhecimento pelos
resultados das equipes e das pessoas;
Estimular e reconhecer o exercício da cidadania pelos trabalhadores e apoiar as
iniciativas vinculadas à responsabilidade social do Sistema Petrobras;
Manter um processo permanente de negociação para a construção de soluções com a
representação sindical dos empregados;
Adequar as práticas de contratação de serviços, compatibilizando-as com as Políticas
de RH, Gestão do Conhecimento, SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) e de
Segurança da Informação sobre os negócios e atividades do Sistema Petrobras.
Os princípios do Segmento de Exploração e Produção da Petrobras, os quais fundamentam a
sua atuação, baseiam-se na crença:
Na ética como valor fundamental;
Na nossa identidade com o Brasil e no compromisso com o desenvolvimento nacional
e regional;
Na nossa responsabilidade social com as comunidades onde o E&P atua;
11
Que todos somos responsáveis pela melhor aplicação dos recursos e pela imagem da
Petrobras;
Que a gestão do E&P deve ser aberta, transparente e participativa;
Que os gerentes são os responsáveis pelas decisões da Companhia;
Que o E&P se realiza nas frentes operacionais;
Que todos somos responsáveis pela segurança operacional, pela saúde das pessoas e
pela preservação do meio ambiente;
Que os projetos do E&P devem contemplar os interesses dos clientes e dos acionistas;
Na nossa capacidade de vencer desafios e atingir a auto-suficiência de petróleo no
Brasil;
Que o conhecimento e a tecnologia são fatores estratégicos para alcançarmos a
excelência empresarial;
Que as atividades do E&P devem ser desenvolvidas de forma integrada com as outras
áreas da Companhia;
Que parcerias e alianças estratégicas são formas de compartilhamento de riscos e
oportunidades de negócios.
A preocupação reside na cultura que está sendo instalada na Petrobras, em especial na
Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos, do segmento E&P. Para
fins didáticos, podemos separar a história da cultura da Petrobras em 3 grandes gerações. A
primeira, da década de 50 até a década de 70, quando os funcionários ajudaram a fundar a
Petrobras e têm um grande desafio: crescer com o Brasil, 50 anos em 5; a Petrobras é o
combustível de nosso país cheio de esperança no futuro. São descobertos os primeiros campos
de petróleo no mar, na busca pela solução para a crise mundial do petróleo. A segunda, das
décadas de 80 e 90, época em que bate inúmeros recordes de produção de petróleo, investe
maciçamente na capacitação dos funcionários e educação ambiental. A alta tecnologia permite
a exploração em águas profundas e é internacionalmente respeitada. O monopólio é
flexibilizado em junho de 1995. A Petrobras investe no processo de internacionalização,
torna-se uma empresa competitiva dentro e fora do país. Tem ações na Bolsa de Valores de
Nova Iorque. A terceira e última, consiste na geração do século 21, sendo a Petrobras a
primeira empresa brasileira de classe mundial, presente em 21 países. Torna-se uma
multinacional. O desafio é ser uma empresa de energia líder na América Latina; a meta é
alcançar a mesma excelência conquistada na exploração do petróleo para todos os demais
segmentos do setor, sempre respeitando as questões ambientais.
12
Na primeira geração, a cultura instalada era a de missionários; na segunda, a de profissionais
técnicos altamente especializados; e os acontecimentos indicam que a terceira está sendo
formada em bases individualistas, o que coloca em risco a realização das estratégias da
Companhia.
O crescimento do número de empregados no segmento E&P tem se comportado assim:
Tabela 1 – Crescimento do Efetivo do E&P e da UN-BC
E&P Crescimento UN-BC Crescimento
50 e 70 (1979)
sem informação 291
80 e 90 (1999)
15.817 6.935 2283%
2002
15.149 -4% 4.627 -33%
2003
15.965 5% 4.946 7%
2004
17.563 10% 5.269 7%
2005
17.681 1% 5.352 2%
Unidade de Análise
Períodos
Fonte: elaborada pela autora
Podemos observar na Tabela 1 que o crescimento do número de empregados no E&P e na
UN-BC tem se comportado, em média, da mesma forma. Exceção apenas para o ano de 2002,
onde houve uma significativa redução do número de empregados na UN-BC, por conta de
uma reestruturação, em que a UN-BC se dividiu em três Unidades distintas. Com isto, o
levantamento de dados exatos fica comprometido.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Considerando-se como a situação problema a necessidade de se cumprir o Planejamento
Estratégico 2015 através da cultura instalada pelos valores organizacionais atuais e uma nova
cultura que começa a ser criada com a chegada de novos empregados a partir de 2002,
estabeleceu-se estudar o seguinte problema: verificar o alinhamento entre as metas
pessoais com os valores pessoais e a posição hierárquica na Companhia. Para analisar este
problema, foi estudada a Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de
Campos (UN-BC) do Segmento de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras. Assim sendo,
a pesquisa terá o objetivo de responder às seguintes questões: qual a cultura que está se
instalando na Petrobras/E&P/UN-BC com a chegada dos novos empregados, a partir de 2002?
Esta cultura dará conta da realização do Planejamento Estratégico 2015, principalmente no
que se refere a valores, crenças e comportamentos? Uma vez que os novos estudos partem
13
para uma escala de motivação humana além das necessidades individuais, que valores estão
chegando na nossa organização através dos novos empregados? Há uma visão individualista?
1.3 OBJETIVOS
Para responder às questões formuladas no problema, o presente estudo possui os seguintes
objetivos, sendo um geral e cinco específicos:
1.3.1 Objetivo geral
O presente estudo tem por objetivo geral identificar junto ao grupo de gerentes e demais
funcionários da UN-BC, agrupados por tempo de serviços prestados à Companhia, a que
níveis de consciência correspondem seus valores pessoais e os atuais praticados na
Companhia, correlacionando-os com os valores identificados no Planejamento Estratégico.
Para este estudo foi escolhido o constructo de Richard Barret (2000) por representar um
avanço significativo e adequado ao mundo atual, da hierarquia de necessidades proposta por
Abraham Maslow, como também fornecer uma metodologia de análise com bom
embasamento teórico. O autor acrescenta à hierarquia as necessidades espirituais, que se
subdividem em três níveis de consciência, explicitando, assim, os sete níveis de consciência
pessoal e da organização.
1.3.2 Objetivos específicos e escopo
Identificar os sete principais valores pessoais e valores organizacionais atuais da UN-
BC como um todo e por grupo hierárquico;
Identificar alinhamentos e desalinhamentos entre os valores pessoais e organizacionais
na UN-BC;
Descrever a predominância da cultura organizacional em relação ao interesse próprio,
na transformação e no bem comum;
Correlacionar as metas pessoais com os valores pessoais e com a posição hierárquica
na Companhia.
Os objetivos acima estão delimitados, pois acreditamos serem os pontos principais de relação
com o problema.
14
1.4 QUESTÕES DE ESTUDO
Para facilitar o aprofundamento do estudo, foram propostas algumas questões que, ao serem
respondidas, detalharão e clarificarão o conteúdo dos objetivos específicos, o que facilitará a
resposta à questão problema:
Existe consenso entre os sete primeiros colocados em termos de valores pessoais e
valores organizacionais no grupo pesquisado?
Como se apresentam as semelhanças e as diferenças, entre os sete principais valores
pessoais e organizacionais atuais dos gerentes e demais colaboradores?
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo pretende identificar os valores presentes na cultura organizacional na UN-BC e
verificar se existe alinhamento entre os valores pessoais, os valores organizacionais atuais e
os organizacionais constantes do Planejamento Estratégico. Para tanto, será aplicado um
questionário a Gerentes, Gerentes Setoriais, Gerentes Setoriais de Plataforma e profissionais
de nível superior e nível médio, sendo estes últimos os de menor nível funcional na empresa.
A pesquisa será aplicada na Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de
Campos do Segmento de Exploração e Produção da Organização Petrobras, que é uma
empresa de grande porte, não podendo generalizar os resultados obtidos, a partir dos
instrumentos de coleta de dados acima citados, para as demais Unidades, por apresentarem
características diferentes.
Além das características diferentes, a UN-BC possui grande quantidade de serviços
contratados. Cerca de dois terços dos colaboradores são funcionários de empresas contratadas,
ou seja, a empresa não possui liderança direta sobre estas pessoas. Estas pessoas não
responderão ao questionário, nem contarão para o universo da pesquisa. O universo
considerado foi, então, o de empregados próprios da Petrobras.
Para correlacionar os valores pessoais e valores organizacionais com as metas pessoais, será o
modelo de Personal Balanced Scorecard de Rodriguez (2002), servindo apenas como
parâmetro de correlação, não sendo diretamente investigado na pesquisa.
Finalizando, o modelo do autor Richard Barret (2000), adotado como principal referencial
teórico neste trabalho, também inclui o Registro de Despesas Equilibradas, relacionado ao
15
Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (1996), com uma perspectiva mais voltada para
negócios, que não foi investigado por esta pesquisa.
1.6 CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO
Ao estudar a hierarquia das necessidades de Maslow (2003), Barret (2000) acrescentou quatro
diferentes estágios para a auto-realização - transformação, coesão, inclusão e unidade – tanto
em termos pessoais quanto organizacionais, pois achou que a hierarquia estava incompleta.
Identificou, então, sete níveis de consciência que explicam as forças motivadoras das
interações humanas. Assim, o nível mais alto de conexão interna e externa do indivíduo é o
nível 7 – de serviço / social - que é focado no serviço à humanidade e ao planeta, onde há uma
forte conexão com a criação, tornando-se “uno” com o que existe. Tudo o que fazem sabem
que estão fazendo para si próprios e desejam afetar a toda a sociedade. Indivíduos operando
neste nível estão à vontade com incertezas, demonstram sabedoria, compaixão e perdão, têm
uma perspectiva global e se preocupam com assuntos como justiça social, direitos humanos e
gerações futuras. Com base neste mais alto nível, verificamos o mundo atual voltado para a
sustentabilidade do planeta.
A hipótese de trabalho identificada sugere que a cultura que está sendo instalada na empresa a
ser pesquisada é uma cultura individualista, voltada estritamente para o atendimento das
necessidades individuais de seus mais novos empregados, onde o que importa é apenas a
satisfação humana, ignorando toda uma história de sucesso da Petrobras, baseada em cultura
missionária – quando de sua criação – e, posteriormente, tecnológica – quando passou a ser
reconhecida mundialmente como tendo o domínio de tecnologias em águas ultraprofundas.
Negligenciada, esta nova cultura pode colocar em risco o futuro da organização Petrobras,
onde se pretende a perenidade de sua competência, a fim de se atingir a meta de auto-
suficiência e se consolidar como uma empresa de energia líder na América Latina.
1.6.1 Para a Construção do Conhecimento
Esta pesquisa pretende contribuir para a construção do conhecimento no que tange aos
processos motivacionais que levam a maiores níveis de produtividade, criatividade e
felicidade nas empresas. Muitas organizações que necessitam implementação de novas
estratégias e desenvolvimento de novas capacidades organizacionais para adquirir
16
competitividade fracassam em adequar suas práticas, estratégias e políticas de gestão de
pessoas à cultura organizacional. Por outro lado, muitas empresas desconhecem a importância
da sua cultura, bem como a forma de reforçá-la ou alinhá-la às estratégias adotadas.
1.6.2 Para a Prática Profissional
No mundo dos negócios, onde constantemente observamos fusões, aquisições, alianças e
privatizações, necessitamos compreender melhor a cultura organizacional, a partir de casos de
sucesso e de insucesso, relacionados ao maior ou menor grau de atenção à cultura das
empresas, respectivamente. Percebe-se claramente que o sucesso não advém apenas das
análises financeiras, sem que se olhe para os fatores humanos. É importante conhecer a
cultura organizacional para explicar porque as pessoas agem de determinada maneira,
acreditam em algumas coisas e valorizam mais determinados aspectos do que outros. Isto
pode ajudar, por exemplo, a compreender o processo de planejamento estratégico, como lidar
com os grupos de interesse, tipo de pessoa que mais se adapta àquela empresa, estilo de
relacionamento pessoal, etc, facilitando, assim, seu crescimento e desempenho (KETS DE
VRIES, 1997).
A contribuição para a Área de recursos Humanos será no alinhamento de valores pessoais e
organizacionais, como forma de gerir adequadamente a cultura em direção ao futuro desejado.
1.6.3 Para os Acadêmicos
Outra contribuição do estudo é despertar o interesse acadêmico por pesquisas com relação à
cultura organizacional, para ampliar a visão de motivação humana, podendo ser útil a cursos
de graduação e pós-graduação na área de Recursos Humanos.
1.6.4 Contribuição Pessoal
Por fim, destaco a contribuição deste estudo para a minha experiência profissional como
Gerente de Administração de Recursos Humanos, no que tange ao estabelecimento de práticas
para a atração e retenção de pessoas eficientes e felizes na UN-BC.
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
17
No primeiro capítulo foi demonstrado um panorama geral do trabalho, visando à
demonstração do problema e seu contexto. Os capítulos 2, 3 e 4 versam sobre a revisão da
literatura, com o objetivo de promover sustentação teórica à pesquisa, sendo que o capítulo 3
explica detalhadamente o modelo do principal referencial adotado para o estudo.
18
2 CULTURA
A cultura de uma organização se constitui no conjunto de princípios fundamentais que a
organização vai criando e descobrindo ao longo de sua existência.
2
2.1 INTRODUÇÃO
A cultura mediatiza, através de uma ordem social própria, modos de interação que são
“propostos” aos indivíduos. Cada pessoa é dotada de uma vida interior que a leva a integrar –
em graus variáveis – estes modelos dominantes propostos pelo conjunto cultural do qual faz
parte.
A cultura influencia o comportamento das pessoas no local de trabalho. Percebe-se que
mudança organizacional é mudança cultural. Toda organização é um fenômeno cultural
(MORGAN, 1996).
Este capítulo tem por objetivo dissertar sobre a cultura e a cultura organizacional, suas
principais conceituações, história, componentes e tipos, a partir das perspectivas de diferentes
autores.
2.2 DEFINIÇÕES DE CULTURA
Para Dias (2003), compreende-se cultura como toda conduta aprendida e seus resultados,
cujos elementos são compartilhados e transmitidos pelos homens que compõem a sociedade.
Também podemos defini-la como o conjunto de traços materiais que caracterizam e
identificam uma sociedade.
Para Trompenaars (1994), cultura é a forma por meio da qual um grupo de pessoas resolve
problemas.
A cultura é definida como o “complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das
instituições e doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e
característicos de uma sociedade; civilização; o desenvolvimento de um grupo social, uma
nação, etc, que é o fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento desses valores e do
progresso” (FERREIRA, 1999).
2
BARBOSA, Carlos Alberto. Pensamentos de Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
19
Segundo Morgan (1996), a palavra cultura deriva metaforicamente de cultivo: o processo de
preparar e melhorar a terra. Quando se fala sobre cultura, geralmente refere-se ao padrão de
desenvolvimento refletido no sistema de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais
diários de uma sociedade. A palavra também é freqüentemente usada para se referir ao grau
de refinamento evidente em sistemas de crença e prática, como na noção de “ter cultura”.
Cultura significa que diferentes tipos de pessoas têm diferentes modos de vida.
A cultura pode ser analisada como um fenômeno que nos rodeia durante todo tempo, sendo
constantemente criada por nossas interações com os outros (SCHEIN, 1992). É composta pelo
conjunto de pressupostos básicos que o grupo aprendeu como solução dos problemas de
adaptação externa e integração interna, que são considerados válidos e devem ser ensinados
aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir esses problemas.
A cultura é vista por Neves (2000) quer como um sistema de padrões cognitivos aprendidos
que auxiliam as pessoas nos processos de perceber, sentir e atuar e, como tal, encontra-se
localizada na mente das pessoas, quer como um sistema partilhado de símbolos e de
significados, patente nos pensamentos e nos significados partilhados pelas pessoas de uma
sociedade.
Segundo Alee (1997), cultura refere-se aos conhecimentos que as pessoas adquiriram
coletivamente, tornando-as hábeis em interpretar suas experiências de maneiras similares e
em se comportarem de acordo com regras acordadas. Ela é auto-perpetuável, tem múltiplas
camadas e é resistente a mudanças. Em resumo, a cultura é um conjunto de pressupostos
básicos aceitos sobre como o mundo funciona. Estes pressupostos normalmente não são
conscientemente reconhecidos pelas pessoas. E são, ainda, a base da organização, expressos
através dos valores, comportamentos e aspectos físicos.
Para Fleury e Fischer (1996), cultura significa as regras de um jogo, isto é, uma estrutura que
permite atribuir significado a certas ações e em função da qual se jogam infinitas partidas.
Motta e Caldas (1997), consideram os conceitos antropológico e sociológico de cultura, que
comportam múltiplas definições, desde a forma pela qual uma comunidade satisfaz suas
necessidades materiais e psicossociais, passando pela definição da forma pela qual uma
comunidade define seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio ambiente,
como também a idéia de que todas as configurações culturais estariam previamente inscritas
no inconsciente, e que, combinadas pelas condições ambientais internas e externas à
comunidade, fornecem a chave de uma cultura e, portanto, de uma comunidade humana.
20
Cultura é um sistema de símbolos e significados de domínio público, em cujo contexto as
tarefas e práticas de determinado grupo podem ser descritas de forma inteligível para as
pessoas que dela participam ou não. Do ponto de vista mais pragmático, são regras de
interpretação da realidade, um sistema de classificação que instaura os domínios da
experiência humana. Tais “regras” não são necessariamente interpretadas por todos
univocamente, gerando homogeneidade ou consenso, mas criam condições para a articulação
das diferenças, o compartilhamento sem conflito de valores e representações comuns
(BARBOSA, 2002).
2.3 HISTÓRIA DO CONCEITO DE CULTURA ORGANIZACIONAL
Em toda literatura pesquisada, encontram-se diversas definições de cultura organizacional.
Segundo Barbosa (2002), na história do conceito de cultura organizacional podem ser
identificados três momentos distintos. O primeiro deles se estende do início da década de
1960 até o seu final; o segundo começa no início da década de 1980 até mais ou menos o
início da década de 1990; e finalmente o terceiro, que se estende de meados dos anos 1990 até
o momento atual.
O primeiro período caracteriza-se por:
Ligação do conceito com o movimento de desenvolvimento organizacional;
Concepção humanística do que seriam os valores organizacionais;
Visão da cultura como instrumento de melhoria das organizações;
Contexto histórico dos movimentos civis da década de 1960;
Retórica de autodesenvolvimento;
Pouco interesse em tratar a cultura como uma vantagem competitiva.
O termo cultura organizacional surge, nesse momento, no âmbito das práticas de
desenvolvimento organizacional, que pretendiam “construir” organizações ou promover
mudanças nas empresas mediante a reestruturação das relações internas desse universo.
Pretendia ser uma nova filosofia gerencial que combatia a burocracia. A implantação de
valores “humanísticos”, como abertura pessoal e novas experiências, valorização da
subjetividade, autodesenvolvimento, cooperação, confiança entre os membros da organização,
ênfase no ser humano entre outros, era a chave do processo. De acordo com os adeptos das
práticas de desenvolvimento organizacional, essas mudanças permitiriam o desenvolvimento
de uma cultura organizacional – entendida como um conjunto de valores compartilhados –
21
que estimulariam o compromisso dos funcionários com as suas organizações e facilitaria o
processo de mudança organizacional.
O que caracteriza o conceito de cultura organizacional desse período é o seu uso como
instrumento para a melhoria da organização mediante o aprimoramento de seus processos
humanos. Portanto, embora os adeptos do desenvolvimento organizacional explicitem pela
primeira vez, de forma sistemática, o conceito de cultura organizacional, o seu significado e
referencial teórico são diversos dos atuais. O conceito de cultura desse período não remete à
antropologia, e suas idéias de valores são essencialmente morais e substantivas. Embora a
cultura fosse vista como um instrumento gerencial, na medida em que promovia a sinergia
entre os seus membros, o que facilitava a ação de todos em uma única direção, tal fato ocorria
em grande parte como conseqüência da melhoria do ambiente organizacional.
A “ferramenta” gerencial utilizada nesse período pelos consultores organizacionais para a
introdução e utilização do conceito de cultura era grupos de pessoas que se reuniam para
compartilhar experiências, os chamados T groups, no âmbito dos quais as pessoas discutiam
abertamente as suas experiências. Essa ferramenta e a forma de utilização do conceito de
cultura não foram bem avaliadas pelos meios gerenciais. Alguns a viram como uma forma de
manipulação ideológica grosseira e outros como uma metodologia sem consistência, com os T
grupos parecendo mais uma paródia de psicanálise organizacional, com pouco ou nenhum
compromisso com lucros e resultados. Antes do final da década o conceito caiu no descrédito
e deixou de ser utilizado.
O segundo período caracteriza-se por:
Papel relevante que o Japão irá desempenhar na percepção da importância da cultura
para o universo econômico e organizacional;
Uma discussão epistemológica sobre o que é cultura organizacional;
Sua dimensão pragmática/substantiva, ou seja, a tentativa de transformar o conceito de
cultura em uma variável da estratégia gerencial e de competitividade;
A importância dos teóricos e consultores organizacionais na difusão do conceito.
O ressurgimento do conceito de cultura organizacional na década de 1980 tem suas raízes nos
anos 1970. Esse foi um momento de intensa competitividade para as empresas norte-
americanas e européias sem a respectiva contrapartida de grandes resultados. Um dos
elementos que contribuíram para esse desempenho sofrível foi a entrada em cena dos produtos
japoneses, em particular os carros. Os japoneses surpreenderam, ou pelo menos foi assim
interpretado, o mercado norte-americano e europeu, suscitando reações intempestivas de
22
homens de negócios e políticos. Em contrapartida, os produtos japoneses fizeram a felicidade
dos consumidores norte-americanos, pouco acostumados com a excelência no atendimento
durante e pós-venda e com produtos que levavam em conta as “necessidades” dos
consumidores de uma forma que anteriormente não havia sido considerada.
A explicação norte-americana para o sucesso japonês foi, de imediato, atribuída à cultura da
sociedade e das organizações japonesas. Como a estrutura organizacional dessas empresas
pouco se diferenciava da estrutura norte-americana, a diferença de resultado entre uma e outra
foi interpretada como uma conseqüência da dimensão cultural. O que mais chamou a atenção
dos norte-americanos sobre as organizações japonesas foram as práticas administrativas que
relacionavam, de forma não conflituosa, capital, sociedade e trabalho. As empresas japonesas
atribuíam grande valor ao conhecimento tácito e à experiência prática, mantinham a
competição no interior de um mesmo grupo etário e não de forma universalizante por toda a
organização, valorizavam a senioridade e a participação de todos nos processos decisórios,
enfatizavam o sentimento de pertencimento comum a um grupo e praticavam a famosa
política de from craddle to grave (do berço à cova) que assegurava a estabilidade do
funcionário no emprego, mesmo em período de crise econômica. Todos estes aspectos
contrastavam fortemente com o estilo norte-americano de gerenciar organizações e pessoas.
Para grande parte dos analistas era justamente nesse sistema gerencial que residia o sucesso
japonês.
A explicação da “ameaça nipônica” como a grande responsável pela popularização do termo
cultura organizacional pode ser vista de uma maneira mais complexa. É difícil acreditar que
apenas uma ameaça comercial tivesse tal impacto acadêmico e organizacional no país que
melhor consubstancia os princípios do capitalismo industrial. Afinal de contas, a competição é
um mecanismo positivamente avaliado pela sociedade norte-americana e um dos valores
centrais do capitalismo. Pode-se pensar que, muito provavelmente, o impacto para os norte-
americanos foi maior no aspecto simbólico do que efetivamente no econômico. Ou seja, não
foi propriamente a competição, mas a origem do competidor. Afinal de contas, o Japão tinha
sido arrasado na Segunda Grande Guerra e não figurava em nenhuma das projeções dos
economistas ocidentais como uma futura grande potência, ao contrário do que acontecia com
a Índia, Hong Kong e Cingapura. No entanto, menos de 40 anos depois, o país surge como
uma força econômica no cenário mundial, assusta os ocidentais e transforma inteiramente a
percepção dos seus produtos: de má para excelente qualidade. O Japão havia trilhado um
23
outro caminho e praticara uma outra receita de modernidade e de desenvolvimento
econômico. Ele provara que podia “ser rico, bonito e famoso sem ser ocidental”.
Além da “ameaça nipônica” o reconhecimento da incerteza como uma variável da sociedade
contemporânea é outra explicação aventada para a valorização da dimensão cultural das
organizações pelos norte-americanos na década de 1980. A idéia de mercados seguros e
permanentes, de um progresso crescente e sustentável, da projeção correta do futuro passou a
ser vista como coisa do passado. No contexto de um mundo incerto, de grandes
transformações na agenda política e social da sociedade, de profundas inovações tecnológicas,
quem em alguns anos mais vão levar a uma reestruturação das empresas em todo o mundo, na
cultura aparece como algo que pode e deve fornecer um norte. As companhias com culturas
fortes eram valorizadas e utilizadas como exemplos. A cultura, afirmava-se na época, remove
em grande parte esse sentimento de incerteza, porque oferece estrutura, padrões e um sistema
de valores com o qual operar em todas as situações.
Entretanto, o que se entendia como cultura organizacional? Várias foram as definições
utilizadas e diversos os antropólogos que serviram de inspiração para essas definições.
Referências e definições, desde Tylor até Geertz, passando por Malinowski e Goodenough,
foram encontradas. Contudo, a definição de cultura organizacional que se tornou clássica
nesse período, e talvez seja a mais conhecida de todas, foi a de Edgard Schein:
Cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo
inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de
adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para
serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de
perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.
3
O conceito de cultura organizacional como algo que as organizações “possuem” e
“selecionam” deu origem a uma discussão teórica importante no âmbito da administração. O
que estava em questão era se a “cultura” seria uma variável produzida pela organização ou se
esta seria trazida para o seu interior pelos seus membros. Neste último caso, o que
prevaleceria no interior das organizações, argumentavam alguns autores, seria a cultura
nacional de cada país e não existiria nada que se pudesse falar como sendo propriamente uma
cultura organizacional distinta e específica. Outros autores, contudo, enfatizavam justamente a
dimensão oposta. As organizações “produziam” cultura e selecionavam, quase
3
BARBOSA, Lívia. Cultura e Empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
24
conscientemente, os “valores” que supostamente eram os mais adequados para levá-las ao
sucesso. O universo cultural das organizações era visto como um espaço consensual e
homogêneo, no qual pouco lugar existia para o poder e o dissenso.
Mas o que se estudava sob o rótulo de cultura organizacional?
Valores – definidos como crenças e conceitos que uma organização possui – eram
considerados os fundamentos de qualquer cultura corporativa. Eles se encontram em um nível
mais profundo e menos visível da cultura e constituem a dimensão mais resistente à mudança.
Padrão de comportamento foi outro elemento considerado de vital importância. Era definido
como maneira sistemática, porém informal, de agir, encontrada em um grupo, que persiste ao
longo do tempo porque os seus membros tendem a socializar os mais novos nessas práticas,
recompensando os que se adaptam e punindo os que não o fazem.
Ritos, mitos, heróis e redes de relações complementavam os outros aspectos considerados
importantes de uma cultura. Eles serviam de condutores dos valores organizacionais pois – de
forma metafórica em alguns casos, e de forma explícita em outros – transmitiam os valores
privilegiados e os repudiados pelo grupo.
Os valores poderiam ser expressos de várias formas. Tanto na forma de apropriação do
espaço, na concepção que a empresa nutria sobre a natureza humana expressa suas políticas
de gestão de pessoas como em dizeres ou em princípios filosóficos compartilhados por todos.
A partir dessa época tornou-se comum nas empresas norte-americanas exibir publicamente o
seu quadro de valores, a coleta de estórias e mitos, a descrição e a análise dos rituais
organizacionais, entre outros. A cultura das organizações era vista como um todo homogêneo
e o consistente que levava ao compartilhamento de uma determinada visão de mundo e de
como agir diante das diferentes situações da vida organizacional e de negócios com as quais
os funcionários se deparam. Esse “compartilhar” fornecia um denominador comum para ação,
unindo os esforços da “organização” em uma única direção.
Mas por que consultores, administradores, teóricos da administração e executivos julgavam
importante conhecer e difundir a cultura de uma organização? Não havia dúvidas a esse
respeito. A importância da cultura residia na sua capacidade de ser o caminho direto para o
sucesso, na medida em que parecia resolver um problema básico e central de toda e qualquer
organização e que permanece até hoje: como coordenar as atividades internas e obter a
participação efetiva de todos, com vistas à obtenção de resultados, na ausência de mecanismos
explícitos de coerção e de força bruta? Uma cultura organizacional forte, afirmavam
consultores, gerentes e administradores, é um sistema de regras informais que diz como as
25
pessoas devem se comportar a maior parte do tempo, diminuindo o grau de incerteza da vida
cotidiana e fornecendo-lhes um norte e uma identidade, fazendo-as se sentirem melhores
acerca do que fazem. Como conseqüência, as pessoas são capazes de trabalhar mais e melhor
e, portanto, serem mais competitivas e eficazes do que a concorrência.
O papel e o significado atribuídos à dimensão cultural eram claramente instrumentais e até em
alguns casos intencionalmente manipuladores. Faziam parte da estratégia competitiva e
gerencial da empresa.
Mudar, gerenciar, manipular, controlar, intervir e outros verbos indicativos de ação sobre
alguma coisa eram e ainda são comuns ao vocabulário da época e de hoje, indicando
claramente o status de “variável” atribuída à cultura pelos teóricos da administração e pelos
executivos e administradores. Origina-se daí a idéia de que é possível tratá-la como mais uma
das dimensões que influenciam no desempenho organizacional, tal como as condições
econômicas e políticas de uma sociedade.
A legitimidade da noção de cultura para o mundo organizacional está diretamente ligada à sua
capacidade de oferecer novos e melhores instrumentos de intervenção na realidade. Por
conseguinte, identificar e classificar os diferentes tipos de cultura e medir sua eficácia
tornaram-se um imperativo gerencial. Um grande sucesso editorial da década de 1990, A
cultura corporativa e o desempenho empresarial (KOTTER e HESKETT, 1992) tem
justamente este propósito. No livro, os autores tentam “medir culturas” e indicar qual tipo de
cultura corporativa é melhor para o desempenho econômico em longo prazo. A partir da
análise de uma série histórica de dez anos (1977-88) de medidas de desempenho econômico e
de índices de “força cultural” calculados para cerca de quase 207 empresas, os autores
concluíram que existe uma tênue correlação entre “culturas fortes” e desempenho econômico
positivo em longo prazo. Essa conclusão indica que aquelas organizações com culturas
claramente identificáveis por seus membros e por pessoas de fora conseguem melhores
resultados por mais tempo do que aquelas que não possuem.
No Brasil, embora a discussão teórica sobre cultura organizacional tenha aparecido mais para
meados da década de 1980, foram nos anos 1990 que as discussões sobre valores, sobre a
missão da empresa, sobre líderes organizacionais receberam espaço maior no nosso universo
organizacional e corporativo. Quando a temática da cultura ganha corpo entre os brasileiros
ela é quase imediatamente enriquecida pela discussão sobre a importância do capital
intangível das organizações, no seio da qual a idéia de cultura organizacional desempenha um
papel fundamental.
26
Várias críticas poderiam ser feitas, e de fato o foram, acerca da forma como o conceito de
cultura organizacional foi usado e entendido nesse período pelos administradores. O primeiro
ponto a considerar é que, embora o termo utilizado fosse cultura organizacional –
encontrando-se, portanto sob sua égide diferentes tipos de organizações -, poucos foram os
estudos que se voltaram para outras modalidades que não as grandes empresas e corporações.
Trabalhos sobre organizações sociais, sindicatos, universidades, entre outros, são
praticamente inexistentes. Tais estudos seriam importantes, pois ofereceriam material para a
reflexão comparativa sobre a dimensão simbólica de diferentes tipos de organização e sobre o
impacto que objetivos organizacionais distintos têm sobre o desempenho corporativo,
gerencial e empresarial.
Segundo ponto: além de estudar um único tipo de organização – a empresa – os teóricos da
cultura organizacional focalizaram, dentro desse espectro, um único tipo, a grande empresa,
deixando à margem outras modalidades empresariais como a pequena e média empresa.
Todavia, se a grande empresa configura, em parte, a economia moderna, são as empresas de
pequeno e médio porte que sustentam um grande número de economias, como a italiana, por
exemplo, apoiada nas pequenas empresas familiares. No Brasil, o quadro não é diferente. As
pequenas e médias empresas são as grandes geradoras de emprego.
À luz dessa mesma crítica, faz-se necessário apontar um aspecto metodológico fundamental.
Ao se enfatizar a cultura das grandes empresas, cada objeto de estudo tem sido tratado como
um universo fechado descolado de seu contexto social. Nenhuma empresa ou cultura
organizacional é relacionada, por exemplo, à cultura norte-americana. Cada empresa é
percebida como um universo singular, autocontido, gerando suas manifestações culturais
particulares. Cada organização é tratada como se fosse única em relação a todas as demais.
Paradigma da ideologia individualista, igualitária e moderna, a sociedade norte-americana
identifica organização a indivíduo e a trata metodologicamente como seu similar. Trata-se de
conhecer as particularidades idiossincráticas de cada uma, da mesma forma como se conhece
e valoriza as dos indivíduos. Cada cultura organizacional é estudada como um caso único,
exemplo de como se faz determinada coisa ou se enfrenta um problema específico, sem gerar
qualquer teorização.
Terceiro: a forma como o conceito de cultura foi transposto e utilizado no âmbito da
administração ignorou completamente os debates sobre ele existentes no seio das ciências
sociais de modo geral e na antropologia de forma particular, sem incorporar os refinamentos
conceituais mais modernos a que o conceito tinha sido submetido. Uma conseqüência disso é
27
o tratamento extremamente substantivo a que o conceito de cultura é submetido no âmbito da
administração. Tipologias de culturas, termos como “manejar”, “intervir” e “gerenciar”
cultura são exemplares dessa perspectiva. Em vez de ser um conceito para se acessar a
realidade, ele se tornou uma variável “da realidade”.
Quarto e último: o conceito de cultura organizacional, da forma como tem sido empregado,
não explicita o que é absolutamente fundamental e mais profícuo nessa utilização do conceito
de cultura no âmbito das organizações. O que deve estar no foco dessa utilização não é apenas
a cultura de organizações empresariais específicas, mas a forma de administrar as empresa ou
de qualquer outro tipo de organização e, também, a própria administração. Isto é:
A sócio-lógica intrínseca subjacente à idéia do que é administrar para vários tipos de
organizações de diferentes universos sociais;
Os valores e pressupostos subjacentes às diversas teorias de administração e gerência;
E o modo como eles se relacionam aos valores e pressupostos que estruturam as
sociedades onde essas vão ser aplicadas.
A partir dessas críticas, alguns autores no Brasil têm feito uso do termo “cultura
administrativa” em vez de cultura organizacional. Esse conceito coloca no centro das
preocupações epistemológicas a administração e a gerência ao invés da identidade
organizacional, que na verdade é o que está em questão quando determinados “valores” são
associados a determinadas organizações e empresas.
O terceiro período caracteriza-se por:
Definição e inclusão do conceito de cultura organizacional como um ativo intangível
das organizações;
Questão epistemológica da mensuração da cultura;
Seu uso em um contexto mais estratégico empresarial do que gerencial;
Sua relação íntima com um contexto de mudança na agenda política, social e ética das
organizações por pressão da sociedade;
Liderança corporativa como um dos seus principais agentes de promoção.
O terceiro momento histórico do conceito de cultura organizacional apresenta continuidades e
algumas diferenças em relação aos anteriores. A continuidade encontra-se, ainda, na
percepção da cultura como uma variável com valor instrumental, no sentido de ser capaz de
intervir substantivamente na realidade e ter valor e diferencial competitivo. Ou seja, credita-se
à cultura a possibilidade de ser um instrumento na resolução do velho problema da
administração moderna não-autoritária: como coordenar as atividades internas e obter
28
resultados na ausência de instrumentos explícitos de coerção e força bruta? A diferença se
encontra, primeiro, no seu tratamento como variável estratégica; segundo, na sua definição
como um ativo intangível das organizações; e, terceiro, como uma nova associação dos
valores organizacionais com valores “éticos” do ponto de vista da sociedade.
Nos últimos anos, conceitos como sociedade e economia do conhecimento e nova economia
sinalizam para um deslocamento do eixo da riqueza e do desenvolvimento dos setores
tradicionais – intensivos em mão-de-obra, matéria-prima e capital – para setores cujos
produtos e serviços são intensivos em tecnologia e conhecimento. Por trás disso, existe o
reconhecimento de que os tradicionais fatores da produção – terra, capital e trabalho – estão
sendo, em parte, substituídos na sua tarefa de criar valor e riqueza pelos ativos intangíveis de
uma organização.
Ativos intangíveis podem ser definidos como fatores não-físicos de geração de valor frutos de
inovação, estrutura organizacional única ou prática de recursos humanos. Estes ativos incluem
marcas, patentes, sistemas de informática, sistemas administrativos, franchise, capital
intelectual, rede de relacionamentos e cultura organizacional. Eles são, atualmente,
considerados as maiores fontes de geração de valor da sociedade contemporânea, pois
acredita-se que as empresas e organizações mais bem-sucedidas do futuro serão aquelas
capazes de aprender como explorar e gerenciar o conhecimento que adquiriram sobre o
comportamento do consumidor, dos mercados, da economia, da tecnologia e sobre elas
mesmas mais rápido do que os seus competidores. Mas, tão importante quanto estes aspectos
será a capacidade delas renovarem a forma como se definem, pensam e operam.
Essa valorização dos intangíveis resultou em uma verdadeira revolução contábil na medida
em que, hoje, teóricos da administração afirmam que a construção e manutenção do valor de
uma organização através dos investimentos em ativos físicos e monetários podem manter a
rentabilidade no curto prazo, mas de forma alguma garante o retorno no longo prazo.
Portanto, investidores, executivos e consultores voltaram-se para a tentativa de reconhecer e
avaliar o potencial dos ativos intangíveis de uma organização e a melhor forma de mensurá-
los. Nesse contexto, a cultura organizacional passou a ser valorizada na razão direta da sua
capacidade de estimular fatores como a criatividade, a inovação, o aprendizado, a capacidade
de adaptação à mudança, entre outros. De instrumental para ser utilizado em processos de
mudança organizacional focados na estratégia gerencial interna ou na competitividade
externa, a cultura organizacional passou a ser encarada como um ativo estratégico que pode
garantir a rentabilidade de longo prazo de uma organização.
29
O problema reside, novamente, na forma como os administradores entendem cultura. Ao
contrário dos antropólogos, que a entendem mais como um contexto no qual as ações, os
discursos, as práticas se tornam inteligíveis para aqueles que compartilham de seus
significados, consultores, administradores, gerentes e executivos percebem a cultura como
uma variável mensurável. Por conseguinte, os esforços que na década de 1980 e início de
1990 concentravam-se em como gerir a cultura, através de tecnologias de mudança
organizacional, concentram-se, hoje, na formulação de uma metodologia de como medi-la e,
portanto, ser capaz de avaliar o seu valor econômico e financeiro.
2.4 DEFINIÇÕES DE CULTURA ORGANIZACIONAL
O grupo de pessoas que compõe uma organização transaciona com o meio ambiente, e ao
criar suas estruturas internas, para responder à interação externa, estabelece uma maneira
própria de agir e interagir. Com isto, é criada para a empresa uma identidade reconhecível, no
conjunto geral do ambiente de negócios, bem como entre as pessoas que compartilham de
seus limites internos. É criada a sua cultura (TAVARES, 2002).
Os valores, as crenças, as atitudes e os pressupostos fundamentais cujo significado é
partilhado pelos membros de uma organização constituem a essência da cultura. Tal partilha
traduz uma visão comum acerca de diversos aspectos da natureza e do funcionamento
organizacional, como por exemplo: relacionamento interpessoal e intergrupal, objetivos,
regras e normas da organização, comportamentos apropriados, modos de resolver problemas,
etc (NEVES, 2000).
De acordo com Barbosa (2002), cultura organizacional foi o primeiro dos termos a surgir e se
popularizar como resultante da combinação do conceito de cultura com outros oriundos do
universo organizacional e de negócios. Com este termo os teóricos da administração
procuraram chamar a atenção para a importância da esfera simbólica do mundo
organizacional. Ou seja, como valores, crenças e símbolos impactavam no comportamento
das pessoas, no desempenho econômico e nos processos de mudança organizacional.
Para Rodriguez (2002), cultura organizacional é entendida como um conjunto de percepções,
atitudes, valores e comportamentos que são sintetizados numa ideologia organizacional, em
conhecimentos específicos e em comportamentos coletivos predominantes.
Cultura organizacional pode ser definida como a programação mental coletiva, a qual
distingue os membros de uma organização ( HOFSTEDE, 1998).
30
Freitas (2000) entende cultura organizacional primeiro como instrumento de poder; segundo
como um conjunto de representações imaginárias sociais que se constroem e reconstroem nas
relações cotidianas dentro da organização e que se expressam em termos de valores, normas,
significados e interpretações, visando um sentido de direção e unidade, tornando a
organização fonte de identidade e de reconhecimento para seus membros.
2.5 CULTURA ORGANIZACIONAL E ALINHAMENTO DE VALORES
Os valores que governam os seres humanos são de difícil definição, mas residem, de forma
íntima, no centro de quem realmente são as pessoas, representando por vezes, traços de
caráter, como honestidade e generosidade; e por outras, atitudes em relação a pessoas e outros
aspectos da vida, tais como, amor aos parceiros e fé no sobrenatural. Os valores humanos são
a base dos laços universais que existem entre as pessoas, de todas as raças e culturas,
emergindo, alguns deles, do mais profundo recanto do ser e refletindo o que é mais importante
para o homem (SMITH, 2003).
Valores são regras para a vida. São crenças profundamente arraigadas de que um
certo modo de ser ou um certo resultado é preferível a outro. Os valores são
demonstrados externamente por meio de comportamentos.
4
Para Maslow (1999), os valores pessoais estão intimamente ligados às necessidades básicas,
que estão relacionadas entre si, de forma hierárquica, em termos de força e prioridade. Este é
um conceito complexo, que inclui coisas diversas, possui longa história e é muitas vezes
utilizado de forma confusa. Para que o estudo dos valores seja útil ao homem, é necessária
uma ciência descritiva que diferencie os homens saudáveis dos demais, a fim de que se
verifique quais valores levam ao crescimento e quais levam à estagnação em níveis mais
baixos de necessidades. Esta verificação é mais uma descoberta e descrição do que criação e
projeção, uma vez que os valores estão intrínsecos na estrutura do self, estruturados
geneticamente, dependentes da história individual e desenvolvidos culturalmente. Segundo
Maslow (1999), embora os homens sejam capazes de ter atitudes egoístas e agressivas, por
exemplo, isto não é o que eles são fundamentalmente, pois logo abaixo da superfície,
encontra-se basicamente o lado bom e decente das pessoas. Quando as pessoas reagem
diferente deste lado bom, é em função de uma reação à dor, stress ou privação das
4
BARRET, Richard. Libertando a alma da empresa. São Paulo: Cultrix, 2000.
31
necessidades básicas, como amor ou segurança, por exemplo.
De acordo com Garcia (2001), valores são crenças que se pratica, ou seja, das quais se têm
exemplos para demonstrar. Para Barbosa (2001), os valores estão relacionados às hierarquias
de significado dos valores básicos de uma determinada sociedade. Outro aspecto relevante
para a conceituação de valores é que, segundo Freitas (2000), não há como isolar as variáveis
independentes, o cultural, o econômico, o social, o político, o religioso, o tecnológico, que
influenciam a formação de valores no homem, conforme abaixo:
Educação: a partir da segunda metade do século passado, o nível de educação se
elevou em todo o mundo, graças à democratização do ensino nos países e às próprias
organizações, dada a necessidade de mão-de-obra mais qualificada para promover a
reconstrução das economias dos países envolvidos na Segunda Guerra, tornando a
educação fator estratégico de competitividade entre as nações. Como o impacto do
nível educacional não se limita apenas àquilo que é produzido em centros de
pesquisas, o modo de pensar e viver, também se modificam, os níveis de aspiração se
elevam, e a sociedade muda como um todo;
Capitalismo: as décadas de 60 e 70 são o período de grande movimentação das
multinacionais, que mudaram a concorrência, os métodos de gestão, as relações de
trabalho e o consumidor. Junto com essas empresas iam não apenas produtos, mas
também uma matriz cultural do país de origem. Começa o declínio do Estado que,
falido, sem poder garantir o pleno emprego e a seguridade social, justifica a presença
cada vez mais forte das empresas no cenário econômico, social e político das nações;
Tecnologia: o conceito de tecnologia, que há pouco tempo atrás estava associado à
forma de fazer o produto, hoje é usado até para exprimir a maneira de se sobreviver no
mundo atual. Com a maioria da população concentrada nas grandes cidades, é difícil
conceber a vida sem todos os equipamentos que temos em nossas casas, também
presentes em toda parte, intermediando as relações entre as pessoas. Todos os
produtos ficam rapidamente obsoletos, e até o lar não é mais de caráter privado, pois
agora é acessível a todos os que estiverem “conectados”;
A mulher no mercado de trabalho: sua participação no mundo econômico-social, foi
estimulada principalmente pelos movimentos feministas dos anos 60, que
questionavam os valores opressivos da sociedade. A referência a uma inferioridade
biológica feminina legitimava o mundo do trabalho, como sendo dos homens, mas o
desenvolvimento técnico aliado a forças de ordem política, social e cultural reduziu
32
sensivelmente essa “inferioridade” e questionaram uma das mais fortes armas
utilizadas pelos homens nos argumentos contra a mulher. A “invasão” das mulheres no
mercado de trabalho foi também facilitada pelo contexto de crise econômica vivida
por alguns países a partir da metade dos anos 70 e principalmente nos anos 80. As
mudanças daí decorrentes alteraram não só os contornos da própria sociedade com
impactos diretos no modo de viver em família e educar os filhos, como também, de
distribuição do poder e padrões de autoridade. A mulher vê o trabalho não só como
fator econômico, mas também como elemento capaz de trazer auto-estima e
desenvolvimento intelectual e de ampliar rede de relacionamentos.
Ao mesmo tempo em que as mudanças citadas influenciaram a formação de valores pessoais,
também impactaram o modo de viver dos homens, como se pode perceber pelos aspectos
ressaltados abaixo (FREITAS, 2000):
Sociedade: verifica-se que o sistema produtivo tem sido capaz de aumentar o conforto
e que o progresso científico tem reduzido as taxas de mortalidade. Com isso, há novas
demandas de políticas, bens e serviços. Guerras, desemprego em países pobres forçam
um movimento migratório para países ricos, trazendo esgotamento da infra-estrutura
das metrópoles, marginalização, violência, etc. A educação se torna imprescindível
para viver no mundo atual e, indivíduos com maior informação, questionam a atuação
do Estado;
Família: A diminuição do número de casamentos e aumento do de divórcios mostram
uma família não eterna, com crescente tolerância para outros tipos de relacionamentos
amorosos, incluindo aqueles com o mesmo sexo. As pessoas têm menos filhos ou não
têm, e há aumento de mães adolescentes ou com mais de 30 anos. Os filhos de pais
divorciados convivem mais com um ou com outro, e há casos em que apenas com um
dos dois, devido à grande mobilidade geográfica atual; que faz com que percamos os
laços de vizinhança e de famílias grandes. Os jovens saem de casa mais cedo para
freqüentar universidades fora de sua cidade, o relacionamento entre pais e filhos é
menos hierárquico, o que interfere no processo de individuação dos adolescentes;
Indivíduo: O indivíduo lida com esta diversidade de situações em função da
acomodação psíquica que é capaz de elaborar. Hoje as pessoas são mais
individualistas, a solidão, o isolamento e a insegurança imposta pela vida urbana
levam o indivíduo a desenvolver estratégias de sobrevivência e mecanismos de defesa
física e psicológica para conviver com constantes perdas, ansiedade por renovação e
33
por mostrar-se sempre capaz. Hoje ele tem relações virtuais, sem as emoções que a
interação pessoal gera.
Verifica-se assim, que os valores não são apenas “coisas” que se deseja ou se quer, e sim,
“regras” desenvolvidas pelos indivíduos para orientá-los em suas vidas, isto é, são critérios
sobre os quais as pessoas se baseiam para decidir o que devem desejar. Observa-se que o
valor deixa de ser algo abstrato, de sim ou de não, para ser considerado como um continuum,
no qual alguns possuem maior importância do que outros. Ou melhor, os valores expressam
um arranjo de hierarquia, que se efetiva a partir das escolhas efetuadas pelas pessoas em
função de todo um ambiente e histórico de vida com sucessos e insucessos (SCHEIN, 1992).
2.5.1 Conceito de Valores Organizacionais
Em função de todo o ambiente complexo, descrito acima, de mudanças rápidas e insegurança,
é natural que o homem busque uma saída que lhe traga um mínimo de seqüelas, estando, desta
forma, aberto a mensagens que possam aquietá-lo. As empresas estão inseridas num contexto
mais amplo e são lugares de práticas sociais com simbolismo próprio habitadas por um
imaginário, que é socialmente construído e veiculado interna e externamente. Sendo assim, as
organizações não podem ter valores muito diferentes das sociedades onde se formam
(FREITAS, 2000). Para Enriquez (1974) há dois tipos de imaginário: o logro e o motor. No
logro, a organização tende a substituir o imaginário do indivíduo pelo seu próprio, que passa a
ser a principal fonte de identidade e referência, buscando responder às angústias, satisfazer a
todas as necessidades e induzir expectativas. No imaginário motor, as organizações dão
espaço para que os indivíduos exercitem seu imaginário próprio sem se sentirem ameaçados.
Esta “divergência” produz novos valores que alimentam realinhamentos e mudanças no
simbólico das organizações, tornando-as mais flexíveis.
Em termos organizacionais, os valores representam convicções relativamente à
preferência de uns modos de conduta sobre outros. Mas tais convicções não
possuem o mesmo grau de importância ou a mesma intensidade. (...) Antes se
hierarquizam numa escala de importância, a qual no seu conjunto traduz a idéia de
sistemas e valores.
5
Segundo Neves (2000), este sistema de valores é relativamente estável em termos de
influência sobre as atitudes e comportamentos das pessoas nas organizações. Esta estabilidade
5
NEVES, José Gonçalves das. Clima Organizacional, Cultura Organizacional e Gestão de Recursos Humanos.
Lisboa: RH, 2000.
34
por sua vez, depende de onde a pessoa adquiriu este valor e do resultado de seu uso, ou seja,
se, por exemplo, a honestidade for um valor adquirido na família e houver sintonia com ele na
empresa, dificilmente será mudado. Da mesma forma, também haverá mais dificuldade em se
mudar um valor que, ao ser posto em prática, traz vantagens. O autor diferencia valor de
crenças, explicando que, estas segundas, se relacionam com o que as pessoas acreditam ou
não ser verdadeiro, sendo, portanto, uma visão cognitiva sobre as coisas. Neves (2000)
também acha interessante diferenciar o conceito de atitude, como sendo uma predisposição
aprendida para responder de forma consistente em termos de ser favorável ou desfavorável a
uma idéia.
Para Barret (2000), em uma organização, os valores “dizem” e os comportamentos “fazem”.
Os valores são uma declaração aberta do comportamento esperado de todos na organização,
incluindo os líderes. Muitas empresas familiares brasileiras atribuem seu sucesso à prática de
princípios fundamentais como, trabalhar com recursos próprios, cuidar da sucessão de forma
profissional, seriedade ao fazer negócios, persistência, etc. Outras têm ido mais além,
identificando os valores “familiares” que sustentaram sua longevidade, como se fossem
“marcas” transmitidas ao longo de gerações, balizando o seu comportamento e transmitindo
os segredos do sucesso, tais como, audácia, austeridade, honestidade, disposição ao risco,
disciplina, etc. Estes valores se consolidam na medida em que sua prática alcança sucesso, em
uma seqüência de gerações. A negligência na identificação destes valores pode representar a
falta de um importante elo de ligação entre as gerações, gerando falta de compromisso quanto
aos valores que nortearam a base do sucesso da empresa, o que expõe os mais novos, mais
facilmente, às seduções do poder e status econômico. Nestes casos, é importante que as novas
gerações liderem as investigações sobre os valores do fundador através de sua história
pessoal, desafios, grandes conquistas e até sobre o papel de sua esposa que, nos bastidores,
tem grande influência sobre os valores adotados, na maioria das empresas (GARCIA, 2001).
Segundo Schein (1999), um dos valores que normalmente possuem os fundadores e suas
famílias fundadoras, é um alto nível de determinação, pois possuem fortes pressupostos sobre
a natureza do mundo e o papel que a organização desenvolve nesse contexto.
Para Boog et al (2002), os valores são julgamentos a respeito dos comportamentos desejáveis
e indesejáveis num determinado ambiente -a partir da forma de agir das pessoas que
compõem o grupo -e norteiam a maioria das respostas às decisões, formando a base dos
códigos de ética no ambiente. A partir de então, os laços que os indivíduos desenvolvem com
as empresas são cheios de afetos e, portanto, também de natureza psicológica. Dentro deste
35
contexto, para explicar a influência das organizações no processo de identificação das
pessoas, podem ser consideradas as seguintes hipóteses (FREITAS, 2000):
Crise no processo de identificação dos indivíduos: as mudanças e a crise de
identidade na sociedade contemporânea, como descritas no item anterior, são fatores-
chave na legitimação da organização moderna, como ator social central para a
identificação dos indivíduos. Isso a faz surgir como um lugar fértil para a realização de
desejos e projetos, facilitando assim, a homogeneização entre os seus valores e os do
indivíduo;
O imaginário como gerador de valores: nesta hipótese a cultura organizacional
desenvolvida nas grandes empresas é o veículo imaginário que as legitima como a
principal fonte fornecedora de identidade para os indivíduos que nela trabalham. O
imaginário é o fio condutor que permeia todas as relações e faz a ponte entre o
indivíduo, a sociedade e suas instituições. Desta forma, as significações imaginárias
sociais exercem três funções:
-Estruturam as representações do mundo em geral.
-Direcionam a ação, impondo o que se deve fazer e o que não se deve.
-Estabelecem os tipos de afetos e emoções característicos de uma sociedade.
As empresas respondem às mudanças no ambiente, inclusive de maneira simbólica, mais
rapidamente do que a sociedade em geral, o que lhes confere grande influência sobre ele,
através de sua cultura organizacional e da veiculação de todo este imaginário, já que são
espaços onde se controla e direciona a ação. Nas grandes empresas, esses aspectos são mais
visíveis porque permeiam diferentes níveis hierárquicos, categorias e regiões geográficas,
numa tentativa de homogeneizar as maneiras de pensar e agir e de captar os inconscientes dos
indivíduos para incutir amor e lealdade à organização (FREITAS, 2000). Assim, os valores
desempenham o seu papel tanto no intuito de atender aos objetivos organizacionais, quanto no
de atender às necessidades dos indivíduos. Ainda pode ser observado que os valores
organizacionais contribuem na resolução de três questões: a conciliação de interesses
individuais e do grupo; a necessidade da organização de elaborar uma estrutura que contemple
a definição de papéis, normas e regras para relações e organização do trabalho; e a conciliação
entre os interesses da organização e os do meio social e natural (TOMAYO & GONDIM,
1996).
Verifica-se então, que os valores da empresa integram, guiam e conduzem diversas atividades
desenvolvidas pelos seus membros, tendo por atributos: ser uma construção coletiva; ser algo
36
desejável, acessível e factível para um grupo; ser um padrão de seleção de alternativas;
possuir caráter integrador e orientador. Esses valores acabam por refletir o que realmente é
importante e prioritário para os participantes da organização, bem como representam
indicadores pelos quais uma pessoa, ou grupo, escolhe ou rejeita objetivos, soluções e
procedimentos no âmbito organizacional, influenciando, dessa forma, as diretrizes
estratégicas. Ou seja, os valores acabam fornecendo um senso de direção comum a todos e um
guia básico de comportamento organizacional (FREITAS, 1991). Para Kets de Vries (1997), o
que à primeira vista pode parecer muito irracional, pode ter uma explicação muito lógica ao se
examinar de perto, pois uma grande parcela de nossos comportamentos é dirigida por desejos
e fantasias inconscientes.
Todas estas contribuições evidenciam que os valores constituem um dos importantes
instrumentos para a compreensão da cultura organizacional, cultura essa reconhecida
enquanto processo de socialização por meio do sistema de valores. Tais valores são
vivenciados como uma experiência subjetiva compartilhada, gerando nas organizações a
possibilidade de simbolização e mediação das necessidades individuais e organizacionais.
2.5.2 Organizações Movidas por Valores
Para Maslow (1993), parece impossível ao homem viver sem valores em que se possa
acreditar por serem fatos verdadeiros, muito mais do que apenas desejos ou ilusões que
gratificam de alguma forma. Para que as organizações possam desenvolver uma cultura
voltada para valores, é necessário que o foco se desloque do interesse próprio para o bem
comum, o que envolve transformação pessoal e organizacional. Três grandes mudanças
ocorrem durante esta transformação: a organização não se volta mais para o lucro com um fim
em si mesmo; o sucesso passa a ser medido em termos de saúde física, emocional, mental e
espiritual; e o papel dos administradores deixa de ser o de controle, para ser o de transferência
de poder (BARRET, 2000).
Nestas empresas, o lucro continua sendo fundamental; porém, é analisado dentro de limites
éticos, a fim de se saber o que a empresa fará ou não para obtê-lo. Os valores são escolhidos
com cuidado para que apóiem a missão e visão. Na realidade, todas as empresas são movidas
por valores, mas nem sempre eles são expressos claramente. É importante que os valores
estejam claros, para que a empresa não fique a mercê da personalidade do líder que estiver a
sua frente em determinado momento e, para que guiem as decisões, construindo uma cultura
coesa e equilibrada entre as necessidades de crescimento da organização, realização pessoal
37
dos funcionários e sustentabilidade da sociedade. Poucas empresas têm esta cultura porque ou
não têm visão, missão e valores definidos; ou porque estes não foram compartilhados com os
empregados; ou foram compartilhados, mas não adotados por eles, pois não tiveram
oportunidade de participar do processo; ou foram até adotados por eles, mas não foram
integrados aos procedimentos e sistemas de recursos humanos da organização, como a
avaliação de desempenho, por exemplo (BARRET, 2000).
Segundo Barret (2000), o principal propósito da visão é “descrever como uma organização
encontra realização”, ou seja, descreve o “fim”. Quanto à missão, um de seus principais
objetivos é “afirmar o negócio essencial da companhia”, ou seja, os “meios”. Para ele, os
valores dizem o que as pessoas devem fazer, incluindo os líderes, criando um código de
comportamento que constrói uma cultura coesa que apóia a visão. São principalmente
dirigidos aos colaboradores que, quando vivem de acordo com estes valores, são capazes de
gerar a confiança mútua, por verem que há coerência entre discurso e ação. Esta confiança,
advinda dos valores compartilhados, cria uma comunidade que se caracteriza por amizades
reais e habilidade de buscar objetivos comuns. Porém, isto só acontecerá quando houver um
alinhamento entre valores e comportamentos em todos os níveis da organização,
principalmente com relação aos líderes.
Quando a empresa se preocupa com o bem coletivo, dá atenção aos valores espirituais, como
confiança e solidariedade, e se reconhece como uma entidade viva que precisa equilibrar as
suas necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais, para ter saúde. O bem-estar físico
está relacionado aos indicadores financeiros, que são essenciais, mas não podem ser os
únicos, pois refletem o passado, nada dizendo sobre o sucesso futuro. O bem estar emocional
refere-se ao grau de satisfação com ela mesma e a qualidade de seus relacionamentos, ou seja,
amizade, empatia, justiça, reconhecimento, etc. O bem-estar mental está ligado a abertura ao
feedback, que quando externo, contribui para a melhoria de produtos e, quando interno,
promove aprendizado, incentivando a criatividade. O bem-estar espiritual é determinado por
associações como, o grau de cooperação, parcerias estratégicas, sinergia, responsabilidade
social, etc (BARRET, 2000).
Quando os empregados têm uma identidade comum, eles se empenham para
alcançar uma visão comum e partilhar os mesmos valores, trabalham juntos pelo
bem comum. Participam do aprendizado coletivo e desenvolvem um forte senso de
lealdade à companhia.
6
6
BARRET, Richard. Libertando a alma da empresa. São Paulo: Cultrix, 2000.
38
Empresas vivas procuram fazer com que o empregado se realize no trabalho, fazendo a
diferença, se sentindo útil à comunidade, trazendo a verdadeira motivação emocional e
espiritual, que aumentam a produtividade. As empresas têm dificuldade de evoluir para o
modelo da organização como entidade viva, pois elas operam a partir do modelo mental da
organização como uma “máquina” ou uma “máquina com cérebro”, buscando apenas
satisfazer as necessidades físicas e emocionais Algumas até chegam a buscar as mentais, mas
apenas voltadas ao aprendizado para as atividades na empresa, e não para o crescimento
interior, visando ao bem comum. Em organizações movidas por valores, os empregados
devem ser treinados a sentirem-se como donos do negócio, através de informações claras
sobre metas, objetivos da empresa e indicadores de desempenho não apenas financeiros, para
que saibam como podem contribuir para o sucesso da empresa. Este tipo de administração
também ajuda na criação do sentido de comunidade, sendo o papel da liderança essencial no
desenvolvimento de valores que sustentem este modelo (BARRET, 2000).
Para Boog et al. (2002), as organizações que se preocupam em servir aos outros, no sentido de
contribuir para o equilíbrio do todo (relação, trabalho, amizade, natureza), abrindo mão dos
próprios métodos e verdades, em prol do bem comum, criam o autêntico espírito de equipe e
trazem o real comprometimento das pessoas. Porém, esta atitude deve começar pela liderança
para que tenha credibilidade, de forma que se pergunte “o que eu posso fazer por você?” e
não, “o que você pode fazer por mim ou o que eu posso fazer por mim?”. Segundo o autor, o
primeiro passo para haver motivação em servir ao outro é: “abrir o coração”. Em seguida, a
pergunta passará a ser: “o que nós podemos fazer pelos outros?”, saindo então dos muros da
empresa e pensando-se na comunidade, meio ambiente, etc. A partir deste tipo de atitude, o
autor relata que as pessoas naturalmente, sem necessidade de serem controladas, têm atitudes
positivas como, compartilhar equipamentos; utilizá-los com cuidado; e aproveitamento
racional da matéria prima, pois têm consciência de desperdício e pensam antes de fazer suas
atividades já que sabem que trabalham para alguém que vai precisar de seus serviços (o
cliente). Estes são então, alguns exemplos dos muitos benefícios que obtém as empresas que
se preocupam em cultivar o bem estar de seus colaboradores em todas as suas necessidades.
2.5.3 A importância do Alinhamento entre Valores Pessoais e Organizacionais
Os valores legitimam a existência da empresa – seu modo de organização e funcionamento,
incluindo padrões de condução dos negócios num contexto social mais amplo. Como
conseqüência, valores podem legitimar alternativas estratégicas como desejáveis e aceitáveis
39
de acordo com o contexto organizacional, exercendo assim, um papel central na formulação e
implantação da estratégia, ao indicar que o comportamento de um indivíduo ou grupo é
provido de critérios utilizados para escolher seus objetivos, bem como, os meios para atingi-
los (TAMAYO & GONDIM, 1996). Neste sentido, Pant e Lachman (1998), sugerem que
valores organizacionais influenciam o desempenho das organizações e que, de acordo com a
congruência entre os valores organizacionais e a estratégia adotada, os valores atuam como
restringentes ou impulsionadores deste desempenho. Segundo Schein (1999), se os valores da
organização forem compatíveis com os pressupostos implícitos, a sua articulação com a
filosofia de operação da empresa pode ser útil para a união do grupo, servindo de força e
identidade em torno da missão principal.
Para Beyer & Trice (1986), os valores implícitos na tomada de decisão organizacional não
incluem somente os valores pessoais dos dirigentes responsáveis pela tomada de decisão, mas
também outros valores aos quais a organização sente-se pressionada a responder. Desta
forma, o autor enfatiza a influência dos valores existentes no interior da organização, bem
como, dos valores pertencentes ao contexto externo, sobre a tomada de decisão
organizacional. Por outro lado, as decisões individuais e as tomadas por governos e
organizações têm impactos na humanidade e no meio ambiente. Por isso, não se deve ter
medo de levar valores pessoais para o trabalho, nem de transformar os valores empresariais.
Cada vez mais as empresas deverão lutar para satisfazer todas as dimensões de necessidades
dos colaboradores, permitindo que eles levem seus valores ao trabalho e encorajando-os a se
desenvolverem ao máximo, pois na medida em que se sentem satisfeitas e vêem seu trabalho
como significativo, as pessoas são mais criativas e produtivas. Para que as pessoas possam ir
além do dia a dia, o coração e a alma devem estar no que fazem (BARRET, 2000).
Segundo Barret (2000), indivíduos têm personalidades e grupos de indivíduos têm culturas,
distinguindo-se as diferentes personalidades e culturas através de seus valores, crenças e
comportamentos. Há muitas evidências que sugerem há uma forte ligação entre alinhamento
de valores, efetividade organizacional e sucesso financeiro. Por ser essencial então, é
importante compreender quais valores uma organização possui e como foram criados, a fim
de se conhecer as ações necessárias ao alinhamento, pois quando não há ligação entre a
missão pessoal de um empregado e a visão ou missão da organização, a motivação pessoal
não acontece e ele não se realiza naquela organização. É importante que haja alinhamento
entre estes itens, a fim de que se atinja altos níveis de criatividade e produtividade, tornando a
atitude em relação ao trabalho uma missão, uma vantagem competitiva. Esta atitude quanto ao
40
trabalho pode ser vê-lo como: apenas um emprego, relacionado à segurança em curto prazo e
necessidades físicas e emocionais; uma carreira, referindo-se à segurança em longo prazo e
necessidades físicas, emocionais e mentais; ou uma missão, que é eterna, está ligada a paixão
e traz significado e realização espiritual. Para que as pessoas liberem a criatividade, as
empresas devem buscar pessoas com a mentalidade de missão, sendo necessário que a
organização:
Possua forte cultura com valores corporativos alinhados com o dos empregados;
Estimule as pessoas a encontrarem o trabalho que seja sua paixão, unindo a missão da
empresa à do empregado;
Crie uma cultura que permita as pessoas realizarem todos os seus níveis de
necessidades;
Proporcione treinamento para apoiar os empregados em sua busca por realização.
O alinhamento de valores acontece então, quando os valores e comportamentos da
organização ressoam nos valores dos empregados. Quando isso não acontece, surgem os
conflitos. Para que haja, por exemplo, o alinhamento entre missão pessoal e da empresa, não é
suficiente compartilhar a missão e visão da empresa com os empregados, mas sim, dar
oportunidade dentro desta visão, para que as pessoas encontrem um trabalho que corresponda
à sua própria missão, a fim de que façam a diferença com ele e sintam o significado disso. As
organizações que desenvolvem o capital humano, conseguindo o alinhamento entre valores
pessoais e corporativos, o fazem através da criação da cultura da confiança, do significado, da
comunidade, e do domínio, descritas a seguir (BARRET, 2000):
A cultura da confiança: mesmo em culturas com pouco envolvimento, as pessoas
tendem a confiar mais umas nas outras, do que em pessoas que venham de culturas
diferentes. Quando os valores são compartilhados, as pessoas confiam e se entregam
mais, pois se sentem seguras, já que se preocupam com as mesmas coisas. Se as
organizações ficam focadas no interesse próprio, as pessoas têm medo de expressar
seus próprios valores e acabam vivendo em uma tensão entre fazer o que realmente
gostariam, atendendo às necessidades da alma (verdade, integridade), ou o que é
importante para manter a segurança e a auto-estima, atendendo às necessidades do
ego. Este conflito afeta as pessoas emocional ou fisicamente e traz frustração, raiva, e
até depressão, quando a situação acontece por um longo período de tempo. A
identidade das pessoas está no centro da questão, pois quando nos identificamos com
alguma coisa, nos importamos com esta coisa. Quando trabalhamos em uma
41
organização que não vive de acordo com nossos valores, temos dificuldade em nos
identificar com ela e não conseguimos então, nos preocupar com ela; ocorrendo o
mesmo com a organização, em relação a estas pessoas. Quanto menos confiança
existe, menor a abertura, maior a necessidade de regras, limites de defesa e
isolamento, nocivos à produtividade, criatividade e ao processo de identificação. Para
que a confiança se desenvolva, os valores e responsabilidade compartilhados devem
ser baseados em cooperação, trabalho em equipe e amizade. Quando uma comunidade
com alto nível de confiança é ameaçada, a equipe se mobiliza junto; quando este nível
é baixo, todos cuidam apenas de si mesmos; o que torna a confiança, um fator de
competitividade;
A cultura do significado: o significado no trabalho é encontrado quando se pode
expressar suas paixões e fazer o que gosta. Quando isto não acontece, precisa-se de
motivação através de recompensas externas, conseguidas a partir de um certo
desempenho, o que destrói o contexto para a motivação interior. Não é muito fácil
reconhecer os propósitos da alma, pois isto pode gerar uma grande mudança na
carreira da pessoa, caso descubra que o que está fazendo não está em consonância com
eles. Em compensação, viver de acordo com estes propósitos, traz muito significado e
faz do trabalho uma missão, incitando a motivação e comprometimento, fazendo com
que todas as circunstâncias sejam vistas como desafios superáveis;
A cultura da comunidade: desenvolver esta cultura significa criar condições para a
sociabilidade e solidariedade, através de relacionamentos confiáveis e unidade em
torno de um mesmo objetivo, esquecendo-se de diferenças e eliminando-se as
barreiras. Ashkenas et al (2002), cita que estas barreiras podem ser verticais
(hierarquia); horizontais (funções, unidades de produção); externas (fornecedores,
clientes, etc); ou geográficas (operações em diferentes mercados). Quando há menos
barreiras verticais, a competência é mais importante que a posição; quando as
horizontais são menores, há menor atenção aos interesses e processos internos e maior
atenção às necessidades dos clientes. Com menores barreiras externas, os clientes e
fornecedores podem contribuir melhor com a eficiência e produtos, pois menos
esforço é gasto com manipulações e desgastes. Quando estas barreiras são
impenetráveis, acontece atraso na resposta e falta de flexibilidade e inovação, gerando
separações em função de identidades culturalmente reforçadas – “nós e eles”. A
participação ativa de todos os interessados é a chave para criar um ambiente de
42
comunidade, o que exige transparência e comprometimento de todos com o modelo, a
fim de que haja realmente a transição de uma estrutura autocrática para uma que
flexibilize o poder. Para Maister (2001), uma comunidade é ter “um senso real de
estarmos juntos nisso”. Isto não acontece por acaso. Os líderes devem estar muito
envolvidos em criar este sentimento de responsabilidade e suporte mútuos para
enfrentar os desafios;
A cultura do domínio: As comunidades organizacionais se desenvolvem bem,
quando há dois tipos de domínio, o psicológico e o financeiro, além da transparência
nas ações. O domínio psicológico ocorre através da participação; o financeiro, com os
programas de distribuição de ações; e a transparência, a partir da administração aberta.
A participação na administração cuida da necessidade mental do empregado de se
desenvolver e da espiritual de ser útil; a participação acionária, por exemplo, satisfaz a
necessidade de segurança, mas caso seja implantada sem a sua própria participação no
processo, as pessoas ficam pouco envolvidas, pois não sentem que têm muito controle
sobre a empresa (BARRET, 2000).
2.5.4 A Liderança Baseada em Valores
De acordo com Barret (2000), para que os líderes atuais tenham sucesso, precisam ser capazes
de transformar radicalmente os valores corporativos, começando pelo seu próprio exemplo,
focalizando mais o bem comum do que interesses pessoais, de forma que os empregados
alcancem altos níveis de criatividade e produtividade a partir da realização pessoal no
trabalho. Em função desta definição, aquelas pessoas cujas ações são dirigidas pelo medo do
ego, que atuam com valores que agradam aos outros, apenas para ter reconhecimento e
respeito, não são líderes, e sim, administradores. Segundo Barret (2000), quando o que as
pessoas falam e o que fazem é inconsistente, não podem ser chamados de líderes. Fazer da sua
vida uma mensagem demonstra um sentimento de missão, onde não se tem nada a esconder.
Quando os seus valores estão em sintonia com o bem comum, não há medo e suas atitudes
desarmadas lhes dão poder. O líder tradicional deve, então, aprender a reinventar-se; e para
tanto, precisa de quatro características básicas:
Ser autêntico, ou seja, ser a mesma pessoa no ambiente profissional e familiar, trazer
seus valores para o trabalho, a fim de desenvolver a confiança;
Interessar-se pelo desenvolvimento de sua equipe, pois este fator é proporcional ao
43
atendimento dos interesses em longo prazo da empresa;
Eliminar as barreiras dos caminhos, para que as equipes sejam bastante produtivas;
Mudar seu papel de controle para o de desenvolver motivação e compromisso.
Neste ponto, é importante a distinção feita por Kotter (2000) entre lideres e gerentes. Em sua
opinião, a diferença entre gerentes e líderes não acontece devido a algum traço exótico de
personalidade, nem tão pouco um é melhor que o outro, mas sim, se complementam, devem
ser valorizados e integrados, pois ambos têm papéis importantes e não é possível uma mesma
pessoa liderar e gerenciar. Para o autor, gerenciar é lidar com a complexidade, introduzindo
ordem e consistência em questões básicas da organização. Os gerentes organizam para que os
planos sejam implantados de forma mais eficiente. Liderar é lidar com a mudança, elaborar
uma visão, pensar estrategicamente e correr riscos. Liderança está ligada ao alinhamento, que
em seu modo de ver, é mais um desafio de comunicação intensa com todos, do que de projeto.
Todos aqueles que podem ajudar na missão da organização, devem ser contatados
diretamente. Segundo ao autor, o alinhamento dá aos colaboradores uma autonomia impar, já
que atribui poder a eles para deflagrar ações, desde que estejam de acordo com os objetivos e
visão da organização, diminuindo assim, a probabilidade de que outras pessoas possam
impedi-los com argumentos pessoais contrários. Muitas pessoas em nível de supervisão
impedem a iniciativa de seus subordinados pelos medos do ego e continuam com um discurso
politicamente correto. Para o autor, quando o alinhamento é feito de forma intensa, por líderes
íntegros, confiáveis e com consistência entre palavras e atos, é muito provável que isto não
mais aconteça.
Para Kets de Vries (1997), os gerentes parecem estar mais ligados ao estilo do que à
substância, e o processo parece ser mais importante do que a realidade, citando ainda,
algumas outras diferenciações entre eles. Os líderes estão mais interessados no futuro, no
longo prazo, têm visões influenciadas por seu teatro interior, inspiram e tocam os demais,
perguntam “por quê”, estão preocupados com filosofia, missão e valores, delegam, recorrem à
intuição e vão além dos interesses puramente corporativos. Os gerentes estão preocupados
com o presente, estabilidade, curto prazo, autoridade hierárquica, perguntam o “como”, vêem
as táticas e estruturas, complicam mais, recorrem à lógica e pensam unicamente nos interesses
corporativos. O autor cita que “os líderes fazem a coisa certa e os gerentes fazem certo as
coisas”.
Maister (2001), verificou em sua pesquisa em 139 escritórios, de 29 empresas em 15 países e
linhas de negócios diferentes, que as empresas mais lucrativas são aquelas em que a
44
administração opera de acordo com a filosofia geral e valores da organização, os líderes agem
em interesse do grupo, o potencial das pessoas é totalmente realizado, há respeito e confiança
entre líderes e colaboradores e um alto grau de lealdade e comprometimento. Isto não é fácil
de atingir e requer coragem, habilidade de enfrentar situações difíceis e de assumir uma
perspectiva de longo prazo, apesar das pressões por resultados de curto prazo, além de
interesse por desenvolver equipes e relacionamentos com clientes, etc. Para que os líderes
façam o que pregam, é importante que a empresa tenha sistemas que assegurem isso, como
por exemplo, avaliações ligadas aos seus valores. O autor relata que sua gerente de negócios,
após 30 anos de carreira, fez uma lista dos pontos mais especiais que observou nas empresas,
sem ordem específica. Alguns itens foram: não ter medo de viver seus valores e de sacrificar o
curto prazo pelo longo prazo, ter um ambiente alegre e colaboradores felizes, nada de ditadura
ou desrespeito, criar intimidade e cumprir promessas. Para tanto, os líderes devem ter
características como, ser bons comunicadores, bons ouvintes, ser um motivo para que os
talentos fiquem, acessíveis, um modelo, dar crédito às pessoas, ser entusiasmados, honrados,
genuínos, etc. A grande diferença que Maister (2001) encontrou em sua pesquisa, entre as
empresas médias e as excelentes, é que as pessoas vivem o que pregam não apenas porque há
sistemas que assegurem isso, mas por causa da força das crenças dos líderes que gerenciam
estas empresas.
Segundo John Gardener (apud BARRET, 2000), os líderes pensam em longo prazo, vêem o
todo e suas relações, têm grande capacidade de influenciar as pessoas e encorajá-las a
alcançar seus sonhos, enfatizam a visão e valores; e pensam constantemente em renovações.
Para o autor, a única forma de utilizar o capital intelectual dos colaboradores é ter um quadro
de líderes que demonstrem inteligência emocional. Para Ulrich et al (2000), “os líderes que
obtém resultados para a organização, se asseguram de que o conjunto produz mais do que as
partes individuais; (...) de que a organização opera com uma cultura interna, compartilhada
entre todos os empregados, sobre como executar o trabalho (...)”.
De acordo com Kets de Vries (1997), os executivos têm enorme influência nas organizações e
o caminho para o entendimento da dinâmica da organização, geralmente depende da
compreensão de seu “teatro interior”, ou seja, os padrões de conduta que orientam seus
comportamentos. Isto é importante para que se aprenda a sair de um círculo vicioso, onde
determinados padrões não funcionam mais. Segundo o autor, outro fator importante é o
equilíbrio nos executivos, entre razão e emoção, já que somente análises racionais tornam-se
estéreis. É necessário também considerar emoções nas relações interpessoais no trabalho,
45
como fontes extras de informação. Em função destes e de todos os outros motivos expostos no
subitem, verifica-se assim, o tamanho da importância da liderança em termos de formação e
manutenção de valores nas organizações.
2.6 FORMAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL
Alguns autores ao abordarem a formação da cultura organizacional, o fazem a partir da
análise da cultura nacional. Hofstede (1998) demonstra o conteúdo cultural norte-americano
contido nos pressupostos de várias teorias de administração. Os participantes de cada cultura
têm tendência a julgar seus próprios comportamentos sociais como universais e a explicar
aqueles das outras sociedades ou outros países através de sua própria matriz cultural. Hofstede
(1991) encontrou muitas diferenças quanto ao comportamento e atitudes de executivos e
demais colaboradores de diferentes países, quando fez uma grande pesquisa, com uma mesma
multinacional. O autor refere-se à cultura nacional para explicar as diferenças de valores e
atitudes em relação ao trabalho. Kets de Vries (1997), cita que “a cultura nacional é um filtro
pelo qual enxergamos e interpretamos o mundo ao nosso redor (...) e muitas das disparidades
se originam na variação da percepção básica dos diferentes graus de controle que as pessoas
acreditam ter sobre seu meio ambiente”. Para o autor, estas diferenças provêm do tipo de
educação infantil nas diferentes culturas, sendo, por exemplo, uma onde não se tem muito
espaço crítico e as crianças se sentem impotentes diante de suas ações, e a outra onde sempre
há explicações para os comportamentos exigidos, fazendo com que o adulto tenha diferentes
comportamentos quanto à segurança, autoridade, poder, etc.
A cultura nacional é representada pelos traços mais comuns e gerais que definem a cultura
local – do país estrangeiro – e que se expressam por meio de valores e do comportamento de
pessoas, ou grupos, em organizações. Essas mesmas características culturais são perceptíveis
também nas situações de trabalho. As culturas organizacionais estão, então, arraigadas na
cultura do país onde a empresa opera. Sendo assim, as certezas mais profundas da cultura
nacional refletem-se de alguma forma na organização, através das certezas e crenças de seus
fundadores, líderes e membros, moldando a sua formação (SCHEIN, 1999). Em sua pesquisa
sobre meritocracia, Barbosa (2001) verificou que diferenças de valores entre as sociedades
norte americana, brasileira e japonesa impactam na forma de administrar as empresas nestes
países e avaliar o desempenho das pessoas.
A sociedade norte-americana foi constituída com base em uma ideologia meritocrática, onde a
noção de igualdade de oportunidades parte do pressuposto da igualdade formal de direitos,
46
mas também de desigualdades naturais originadas de mecanismos particulares do indivíduo.
Ou seja, todos devem ter inicialmente as mesmas chances, que podem ser utilizadas de formas
diferentes, em função de seu talento inato e esforço pessoal. As variáveis históricas e sociais
estão em segundo plano e cabe à própria pessoa a responsabilidade por seus resultados. Sendo
assim, a competição é vista como positiva, pois diferencia objetivamente desempenhos, e o
self-reliance é um valor fundamental, devido à utilização única de recursos individuais, para
moldar a realidade de acordo com o que se acredita, o que é bastante retratado nas figuras de
heróis norte americanos. Esta ideologia foi criada através da história norte americana, quando
da conquista de fronteiras, onde havia igualdade de chances e dificuldades, e as pessoas
venciam em função de suas qualidades. A avaliação de desempenho nas organizações é
levada muito a sério, os sistemas são desenhados para medir o desempenho nos mínimos
detalhes, da forma mais objetiva possível, e são diretamente relacionados à remuneração. A
dignidade está ligada à valorização do trabalho. Neste contexto, a sociedade é composta de
ganhadores e perdedores, sendo os primeiros os que conseguiram o sucesso e os demais os
que não conseguiram.
No Brasil, foi identificado que a noção de igualdade é vista como um direito, através da
legislação, e como a necessidade de ser um fato, verificando-se a ausência de uma ideologia
meritocrática na prática social. Estes direitos sempre foram “outorgados” pelo Estado, não se
observando um movimento vindo da sociedade em direção ao Estado, com este intuito. As
diferenças entre os talentos individuais devem-se às diferentes posições sociais e são vistas
como herança de variáveis históricas e sociais sobre as quais os indivíduos têm pouco ou
nenhum controle. Os nossos heróis são os “fortes e resistentes” diante das circunstâncias.
Desta forma, avaliar desempenho torna-se difícil, já que não há legitimidade em um processo
onde não há igualdade de oportunidades, em função da desigualdade inicial de posição social.
Nestas circunstâncias, a competição é vista como desagregadora, já que compara
desempenhos incomparáveis, pois não houve condições iniciais iguais. Espera-se sempre que
os resultados sejam avaliados dentro do contexto que atuamos.
Para Barbosa (2001), no Brasil, “desempenho não se avalia, se justifica”. Valores como,
relações sociais e senioridade, são sempre usados para confronto com o de desempenho, pois
dentro desta ótica, são os únicos que conseguem se legitimar. Através da análise da história
dos concursos públicos no Brasil e da política, verifica-se a prática nepótica e de relações
sociais que norteia nossa sociedade, onde o social é maior que o indivíduo, tornando-o
submisso a ele, ou seja, o indivíduo não molda a realidade. Mesmo em empresas
47
multinacionais, onde há critérios bem definidos para desempenho, há freqüentes insatisfações
que lançam mão do mesmo discurso. Devido às raízes da colonização portuguesa, cuja
aristocracia ligava a dignidade e o status mais ao ócio do que ao trabalho, há uma tendência
para reforçar a inutilidade do esforço e a pouca dignidade do trabalho árduo. A história
brasileira mostra o colonizador português como predador, aventureiro, explorando o litoral,
pois trazia riquezas à curto prazo, o que influenciou como os brasileiros vêem a melhor forma
para enriquecer.
Existe ainda uma tendência à não distinção entre o cargo e a pessoa que o ocupa. Barbosa
(2001) destaca outros valores como, a preferência por uma boa relação no trabalho em
oposição à competitividade individual, bem como, por uma gestão participativa. Sabe-se, no
entanto, que o traço mais marcante do estilo brasileiro, é o “jeitinho” que pode ser entendido
como “uma forma ‘especial’ de se resolver problemas ou situações difíceis”. Através desse
“jeitinho” o brasileiro acaba encontrando uma solução criativa para alguma emergência,
mesmo sob a forma de burlar alguma regra ou norma preestabelecida ou sob a forma de
conciliação, esperteza ou habilidade.
Quanto ao Japão, foi verificado nesta pesquisa que, a igualdade como valor, origina-se na
busca de harmonia social, enquanto uniformidade e conformidade. Esta igualdade acontece
em três dimensões, quais sejam:
A jurídica: apoiada na Constituição imposta pelos norte-americanos após a II
Guerra, que na prática é desigual, pois o que norteia as relações sociais formais e
institucionais é a hierarquia da senioridade, sexo e superioridade do grupo em
relação ao indivíduo;
A econômica: sustentada pelo equilíbrio na distribuição de renda, no sistema
educacional universalizante e no sistema tributário que faz com que a cada três
gerações, os filhos comecem nas mesmas condições que os pais;
A sócio-psicológica: onde se busca a uniformização das diferenças individuais
dentro dos grupos, em termos de status e até de emoções, de forma que não se
possa perceber distinções.
Dois valores sustentam o igualitarismo japonês: a conformidade e o sentimento de pertencer a
um grupo. A identidade do japonês está ligada à sua vinculação com um determinado grupo.
O coletivismo é historicamente explicado pela cultura do arroz e do meio ambiente, que
exigiam preocupação com o outro. A harmonia social neste contexto é sustentada pela
conformidade, através do controle da individualidade, que só pode ser expressa em espaços
48
que não causem conflitos e visando aos interesses do grupo. Apesar do grupo ser superior ao
indivíduo, ele é responsável pelos próprios resultados, em função de sua dedicação e
persistência. A competição é entrelaçada com a cooperação, e mantida sob controle dentro dos
interesses do grupo, sendo vista como positiva, na medida em que mostra quem supera a
adversidade, sem necessariamente transformar o social.
Nas organizações japonesas os valores básicos de conformidade e uniformidade são
amplamente utilizados. A tomada de decisão acontece por falta de objeção. O executivo deve
saber o que seus colegas e superiores pensam, a fim de preservar a todo custo a harmonia. Nos
processos de seleção, são eliminados os candidatos que têm idéias diferentes e, após a
admissão, há um intenso programa de treinamento sobre o negócio e valores da empresa. Há
um sistema de progressão vertical onde se valoriza a senioridade por mais da metade da vida
profissional, onde as avaliações não impactam diretamente na remuneração. No fim da
carreira, recompensa-se o desempenho individual de forma inversamente proporcional à
quantidade de trabalho e responsabilidades, mostrando que desempenho não é apenas visto
como resultados medidos objetivamente, mas também, como uma combinação entre
habilidades sociais e políticas, esforço e talento. O essencial então, é o esforço e
conformidade, sendo esta, expressa pelas habilidades sociais e políticas. Segundo a autora,
novas tramas ligando desempenho individual à remuneração, começam a estruturar-se a partir
das grandes empresas em busca de maior produtividade. Isto poderá afetar os valores citados
anteriormente como constitutivos da sociedade japonesa; embora se saiba que o atual sistema
custará a modificar-se.
Segundo Schein (1999), o processo de formação cultural acontece a partir dos elementos
compartilhados pelo grupo para lidar com o cotidiano e que são ensinados para os novos
membros, como sendo a forma correta de se alcançar os objetivos. O autor destaca a
importância da liderança no processo de criação e formação da cultura, explicitando que o
fundador da empresa exerce o papel principal, como exemplo e influência, durante o processo
de criação e absorção dos componentes da cultura na organização. O fundador escolhe a
missão e o ambiente que a empresa vai operar e as suas crenças e certezas são usadas para
adaptar a empresa e o grupo ao ambiente, trazendo integração, união interna e identidade
própria.
A cultura tem sua origem a partir de três forças: as crenças, valores e pressupostos dos
fundadores; o aprendizado em grupo e; as novas crenças, valores e pressupostos advindos de
novos colaboradores e líderes. As certezas que os fundadores possuem, formam a cultura que
49
é confirmada pelos membros da organização quando são postas em prática. Estes
pressupostos, se confirmados, são reforçados. Caso não funcionem, são substituídos por
outros (oriundos dos novos membros), que solucionem as questões. Desta forma, a cultura é,
então, formada; e à medida que os líderes a tornam explícita através de mecanismos primários
e secundários, ela vai sendo incorporada. Como exemplo de mecanismos primários, se pode
citar o que é controlado pelos líderes: como reagem às crises, como alocam recursos, critérios
de recrutamento, promoção, desligamento, etc. Os mecanismos secundários seriam, por
exemplo, o desenho organizacional, procedimentos, espaço físico, lendas e mitos, declarações
formais sobre valores e princípios, etc.
A evolução da cultura pode acontecer através de processos de diversificação,
descentralização, hierarquização e processos de adaptação ao ambiente. Nestes momentos, a
mudança pode ocorrer apenas em algumas partes da organização, o que originará as
subculturas, que acarretam diferenças quanto à forma de operar entre as diversas áreas ou
locais. Uma das circunstâncias em que é formada uma subcultura, é a necessidade de
adaptação quando a empresa cresce e amadurece. Durante esse processo, surgem subunidades
que podem ser novas funções, áreas geográficas, novos mercados ou produtos. A empresa
cresce então, baseada em certezas coerentes com as do fundador, mas que são um pouco
diferentes. Essas subculturas atrapalham a comunicação e a integração com as outras áreas da
empresa. Outro momento em que se forma uma subcultura é quando as certezas
compartilhadas de alguns colaboradores são diferentes daquelas dos gerentes ou de colegas de
outra categoria funcional, sendo esta última, bastante comum.
Para Barret (2000), “a cultura de uma organização é uma reflexão da personalidade do líder
atual e herança das personalidades de líderes passados”. Em outras palavras, a programação
mental coletiva que distingue uma organização de outra é a programação pessoal e social do
líder atual e/ou herança da programação de líderes passados. Este fenômeno pode ser
claramente visto em organizações pequenas, onde as culturas quase sempre são uma reflexão
da personalidade do líder. Só quando o fundador sai, é que a cultura tem a oportunidade de
mudar; e as mudanças que acontecerem, sempre refletirão a personalidade do novo líder. O
autor cita pesquisas que demonstram que, quando as empresas são prósperas, o Conselho de
Administração procura entre candidatos internos o substituto do líder principal, para preservar
esta cultura próspera. Quando uma empresa não vai bem, o Conselho normalmente procura
um candidato externo para substituir este líder, visto que sente que a organização precisa
sofrer uma mudança cultural. O estranho traz uma programação mental diferente, mas alguém
50
do interior da empresa, seria doutrinado pela cultura existente e não conseguiria mudar nada.
Verifica-se então, que a personalidade do líder e/ou a herança de líderes passados têm impacto
significativo na cultura de uma organização, dando-lhe o tom.
A partir deste referencial teórico, verifica-se que a cultura é socialmente formada e
transmitida para os membros da organização pelo aprendizado comum e pela história
compartilhada, funcionando como algo que motiva o comportamento das pessoas naquela
determinada organização.
2.7 COMPONENTES E TIPOS DE CULTURA ORGANIZACIONAL
A cultura organizacional é vista pelos diferentes autores de diversas formas. Com o objetivo
de facilitar a sua investigação e/ou tipificação, alguns a analisam a partir de níveis, outros de
camadas, ou ainda partes, mas a idéia é observar os fenômenos culturais e interpretá-los,
avaliando-se a relação entre eles, de acordo com o modelo escolhido. Dentre estes autores,
cita-se a visão de Edgar Schein (1999), segundo a qual, a cultura é composta por três níveis,
conforme dispostos a seguir:
Artefatos: neste nível, a cultura é vista e sentida muito claramente, mas não se sabe
porque as pessoas se comportam de determinada maneira e porque a organização é
assim, sem que haja profunda reflexão sobre os pressupostos implícitos. São
consideradas as estruturas organizacionais, processos, ambiente físico, linguagem,
tecnologia, produtos, emoções facilmente expostas, vestimentas, rituais;
Valores Casados: neste nível, começa-se a verificar uma percepção e reflexões mais
profundas orientando o comportamento das pessoas. Essa profundidade pode ou não,
ser coerente com os valores e princípios formalmente estabelecidos pela organização.
Novamente verifica-se então, a necessidade de se identificar e avaliar a cultura no
nível dos pressupostos básicos;
Certezas tácitas compartilhadas ou pressupostos básicos: neste nível, observa-se a
história da organização, para identificar quais foram os valores, crenças e certezas dos
fundadores e líderes que a tornaram bem sucedida. Na medida em que eles têm
sucesso criando produtos e serviços apreciados pelo mercado, repetidas vezes, usando
determinadas soluções, essas crenças e valores acabam sendo compartilhados e tidos
como corretas, se tornando certezas tácitas sobre a natureza do mundo e sobre como se
sair bem nele, através de um processo de aprendizado em conjunto.
Segundo Schein (1999), a cultura é estável e difícil de mudar porque representa o aprendizado
51
acumulado de um grupo, as formas de pensar, sentir e perceber o mundo que fizeram o seu
sucesso, ou seja, modelos mentais compartilhados. Este aprendizado do grupo reflete os
valores e certezas originais de alguém, e estes são determinados por sua herança cultural e
pelas experiências que compartilhou. Se compreendermos o que são essas certezas, podemos
ver como elas levam aos artefatos e comportamentos observados. Para o autor, esta estrutura
em níveis possui ainda, dimensões inter-relacionadas, que formam o núcleo fundamental do
conceito de cultura organizacional. Através da identificação dos valores da organização em
suas dimensões, compreendem-se seus pressupostos básicos. Essas certezas mais profundas,
muitas vezes, são difíceis de se decifrar, porém, elas realmente conduzem à forma como a
cultura funciona em um nível operacional, em termos de missão, objetivos e estratégias
escolhidas. Estas dimensões são:
Certezas sobre os relacionamentos dos seres humanos com a natureza -a crença
sobre a qualidade do relacionamento que os seres humanos devem ter com o meio
ambiente natural: de dominação, simbiótico ou passivo. Na arena organizacional, essas
certezas têm sua contrapartida na suposição de que algumas empresas assumem uma
posição dominante e definem o mercado, enquanto outras procuram um nicho de
mercado e tentam se adaptar a ele da melhor maneira possível;
Certezas sobre a natureza humana -as culturas diferem no grau em que acreditam
que a natureza humana é essencialmente boa ou má, no grau em que supõem que ela
pode ou não mudar, que gosta ou não de trabalhar, se são ou não flexíveis, etc;
Certezas sobre os relacionamentos humanos -a sociedade organiza-se, sobretudo
em torno do grupo ou comunidade ou em torno do indivíduo? Se os interesses
individuais e os da comunidade entram em conflito, quem deve se sacrificar? As
organizações espelham essa dimensão à medida que enfatizam a lealdade à empresa
ou o compromisso com a liberdade individual e a autonomia;
Certezas sobre a natureza da realidade e da verdade - em toda cultura crescemos
com crenças e certezas sobre quando assumir que algo é real e verdadeiro. No
ocidente, acredita-se no início, que verdade é tudo aquilo que os pais, professores e
autoridades dizem, e gradualmente aprende-se a acreditar naquilo que funciona. Em
outras culturas, os princípios morais, a religião e outras autoridades definem mais
claramente o que deve ser visto como real e verdadeiro. Por vezes, princípios morais e
religiosos passam a dominar as decisões em algumas organizações, como quando, a
empresa se recusa a ficar devedora. Dessa forma, enquanto em uma empresa a mentira
52
é aceita como uma conseqüência inevitável da política, em outra, o mesmo
comportamento é severamente punido com fundamento em bases morais;
Certezas sobre o tempo e o espaço -as culturas diferem no grau em que vêem o
tempo como um recurso linear que, uma vez gasto, não pode ser recuperado. Para
algumas, tempo é dinheiro, e deve ser usado com cuidado. O espaço, assim como o
tempo, tem importantes significados simbólicos. Um escritório aberto implica que as
pessoas devem ser capazes de se comunicar facilmente, enquanto escritórios privativos
e portas fechadas simbolizam a necessidade de pensar por si mesmo. A distância
normal que separa uma pessoa de outra simboliza a formalidade dos relacionamentos:
Quanto mais perto elas estão, maior a intimidade.
Kets de Vries (1997) fala de uma “pirâmide cultural”, onde no topo estaria o comportamento
visível e as práticas observadas por todos; no nível seguinte, menos visível, as normas,
sistemas, estruturas e mitos; e na base, os valores e sistemas de crenças que são as “fundações
inconscientes e indiscutíveis”. Hofstede (1998), separa a cultura em valores e em práticas. As
práticas são as manifestações da cultura, traduzidas em símbolos, heróis e rituais; enquanto
que a essência da cultura é formada pelos valores que interpretam os sentimentos em bom e
mau, bonito e feio, regular e irregular, racional e irracional. Esses sentimentos são em geral
inconscientes e invisíveis, mas eles se revelam em diferentes comportamentos. A visão
representativa da cultura, demonstrada pela Figura 1, está mais nas cabeças e mentes dos seus
membros do que em conjuntos concretos de regras e relacionamentos, visto que as
organizações são, em essência, realidades socialmente construídas.
Figura 1 – Camadas da cultura organizacional.
Fonte: HOFSTEDE, G., 1991.
Além disso, o autor analisa a cultura, também, através de camadas, afirmando que os
diferentes grupos e categorias a que as pessoas pertencem, as fazem carregar programações
mentais que correspondem a diferentes camadas de cultura, tais como:
53
Seu país;
Se pertence a um grupo étnico, religioso, etc;
Se é do sexo feminino ou masculino;
A que geração pertence (avós, pais e filhos);
Nível educacional e da profissão exercida;
Empresa ou nível funcional (para os que são empregados).
A partir de sua ampla pesquisa, através de questionários, Hofstede (1991) classifica a cultura
organizacional em tipologias, e os colaboradores das empresas em qualquer nível hierárquico,
a partir de quatro dimensões:
Individualismo x coletivismo - exemplo, a cultura individualista dos Estados Unidos
x a cultura coletivista do Japão. O individualismo é o grau com que a pessoa prefere
atuar sozinha ao invés de junto, sendo membro de um grupo. Nessa sociedade,
aprende-se na tenra idade a pensar em si mesmo ao invés de no grupo, prefere-se um
trabalho que dê liberdade e desafios. Nas sociedades onde o coletivismo é alto,
respeita-se muito o grupo a que se pertence, diferenciando-o dos demais. Valores
como não ter do que se envergonhar, possuem grande força. Há grande preocupação
com a formação, utilização das capacidades e condições de trabalho;
Distância de poder – é a aceitação ou não da distribuição desigual de poder. Ou seja,
por exemplo, como é interpretado passar por cima de um nível hierárquico para
realizar melhor uma tarefa, em qualquer nível funcional da empresa? Onde a distância
não é grande, normalmente existe tolerância a isso, onde é grande, este tipo de atitude
é considerada insubordinação;
Aversão à incerteza - indica a medida pela qual as pessoas se sentem ameaçadas
pelas situações ambíguas, e preferem regras, situações estruturadas e carreiras
estáveis. Segundo o autor, nas sociedades onde há aversão à incerteza existe muita
ansiedade e agressividade, fazendo com que se deseje trabalhar muito. Na esfera das
empresas, ela é percebida quando as pessoas acham que há perigo em mudanças.
Quando não há esta aversão, as mudanças despertam a curiosidade;
Masculinidade x Feminilidade - para Hofstede (1991), valores como presunção,
sucesso, ser reconhecido, promovido, ter desafios, competição, iniciativa, e o gosto
pelo dinheiro estão ligados à masculinidade. Valores ligados ao relacionamento entre
as pessoas, preocupação com o próximo, ambiente agradável, cooperação, segurança e
qualidade de vida, são ligados à feminilidade. Desta forma, o autor relaciona os
54
diversos fatores que caracterizam uma determinada sociedade ou grupo onde
predominam aspectos referentes à feminilidade ou à masculinidade, ressaltando que
ambos, homem e mulher, podem ter características típicas um do outro e que as
culturas podem mudar de um pólo a outro.
Para Trompenaars (1994), o conteúdo da cultura é composto de três camadas: artefatos e
produtos, a mais visível; normas e valores; e premissas básicas, a mais interna. A partir deste
conteúdo e da investigação em organizações de todo o mundo, com contribuição de mais de
quinze mil profissionais, o autor classifica as culturas das empresas em quatro tipos:
Cultura familiar – principais características: relações próximas, diretas e difusas; o
líder parece um pai carinhoso; contexto organizacional complexo; voltada para o
poder político;
Cultura Torre Eiffel – principais características: estreita no topo e larga na base;
estável; rígida; funções claras nos níveis altos; ênfase na função; líder como instrutor;
ênfase na precisão administrativa/técnica;
Cultura Míssil Guiado – principais características: ênfase na igualdade e nas tarefas;
valorização de equipes; mais lealdade ao projeto que à empresa; líder como
coordenador generalista;
Cultura Incubadora – principais características: ênfase na satisfação dos indivíduos,
compromisso emocional e auto-expressão; pessoal e igualitária; valorização da
criatividade e inovação; mudanças rápidas e espontâneas.
Tabela 2 – Características dos tipos culturais, segundo Trompenaars (1994)
FAMILIAR
TORRE
EIFFEL
MÍSSIL
GUIADO
INCUBADORA
RELAÇÕES
ENTRE
EMPREGADOS
Relações
difusas
com todo o
pessoal ao
qual
está
relacionado.
Papel
específico no
sistema
mecânico de
interações
necessárias.
Tarefas
específicas,
visando a
objetivos
compartilhados.
Espontâneas,
crescendo a
partir
do processo
criativo
compartilhado
ATITUDE
QUANTO À
AUTORIDADE
Status
atribuído
aos “pais”,
Status
atribuído aos
papéis
Status por
pertencer a
grupos de
Status
alcançado pelos
indivíduos
55
que
são
próximos e
poderosos.
superiores
que são
distantes,
mas
poderosos.
projetos, que
contribuem
para as
metas
almejadas.
que são
exemplos
de criatividade e
crescimento.
FORMAS DE
PENSAMENTO
E
APRENDIZADO
Intuitiva,
lateral e
corretora de
erros.
Lógica,
vertical, e
racionalmente
eficiente.
Centrada em
problemas,
profissional,
prática,
interdisciplinar.
Voltada ao
processo,
criativa e
inspiradora.
ATITUDES EM
RELAÇÃO ÀS
PESSOAS
Membros
de uma
família.
São recursos
humanos.
São
especialistas.
São co-
criadores.
FORMAS DE
MUDANÇA
O “pai”
muda o
curso.
Modifica
regras e
procedimentos.
Troca de
objetivos à
medida que a
meta se
desloca.
Improvisa e
inova.
FORMAS DE
MOTIVAÇÃO E
RECOMPENSA
Satisfação
interior
em ser
amado e
respeitado.
Promoção a
uma
posição
melhor,
papel amplo.
Remuneração
ou crédito
pelo
desempenho e
problemas
resolvidos.
Participa do
processo de
criação
de novas
realidades.
REPROVAÇÃO
E RESOLUÇÃO
DE
CONFLITOS
Dar a outra
face,
“limpar a
barra
dos outros”,
não
perder o
jogo do
poder.
A crítica é
acusação de
irracionalismo,
a
não ser que
existam
procedimentos
para
arbitrar o
Construtiva e
relacionada à
tarefa
apenas, só
depois
admitem o erro
e o
corrigem
rapidamente.
Deve aprimorar
a idéia criativa e
não
negá-la.
56
conflito.
Fonte: Fons Trompenaars, 1994.
Deal & Kennedy (1982) tomam por base o contexto social e o tipo de mercado em que a
organização opera para classificar as culturas em tipos, quais sejam, cultura de risco, de
processo, de agressividade e de ação. Partindo de duas dimensões, grau de risco que é
necessário correr e velocidade de resposta aos novos cenários, que variam num continuum, os
autores estruturam a cultura em quatro quadrantes, conforme Figura 2.
Figura 2 – Camadas da cultura organizacional.
Fonte: adaptado de DEAL T. & KENNEDY A., 1982.
As principais características de cada um destes tipos culturais são:
Cultura de ação: atividades operacionais intensas, perseverança, ênfase nas
necessidades do cliente, valorização da comunicação interna e externa, organização
dinâmica mais voltada para o presente do que o futuro, prefere quantidade à qualidade;
Cultura de agressividade: ousadia, disposição para correr riscos, ênfase na
competição interna, rapidez e curto prazo, valorização da criatividade, pouca
burocracia, muito individualismo e pouca cooperação;
Cultura de processo: dificuldade na definição de indicadores de desempenho, nível
de burocracia acentuado devido à focalização excessiva no modo de fazer, ênfase na
perfeição técnica, no título e no rigor formal, valorização de detalhes, o sistema é o
principal valor, hierarquia, poder de posição, pouco estímulo à inovação;
Cultura de risco: ponderação, disposição para correr riscos em médio/longo prazo,
com ênfase na análise de cenários futuros e nas necessidades dos clientes, processo
decisório precisa de competência técnica, autoridade e grande capacidade de atuar sob
pressão.
Cameron & Quinn (1999) comentam que é impossível incluir todos os fatores relevantes ao
diagnosticar a cultura organizacional, por ser ela um complexo e ambíguo inter-
Alto
Cultura Cultura de
de ação agressividade
Cultura de Cultura
Processo de risco
Baixo Grau de risco Alto
Velocidade da resposta
57
relacionamento de fatores. Em função disso, para determinar as dimensões mais importantes a
serem focadas, defendem a utilização de um modelo, um fundamento teórico, que possa
estreitar o foco e a procura pelas dimensões-chave da cultura. Propõem então, o modelo
chamado de Competing Values Framework, ou modelo dos valores contrastantes, baseado em
evidências empíricas para integrar e organizar muitas das dimensões propostas por outros
autores. Segundo os dois autores, esta congruência ocorre porque existe uma profunda
similaridade entre as pessoas no nível psicológico de seus processos cognitivos, sonhos e
mitos; por isso, é importante adotar critérios que facilitem análises comparativas. Sua
tipologia classifica as organizações em quatro quadrantes, a partir de critérios de efetividade,
que “definem os valores centrais sobre os quais são feitos os julgamentos sobre as
organizações” (CAMERON & QUINN, 1999). Estes critérios são organizados a partir de duas
dimensões:
A primeira diferencia flexibilidade e dinamismo, de estabilidade, ordem e controle. O
continuum varia de versatilidade e adaptabilidade, à durabilidade e predição
organizacional no outro pólo. Não significa que seja bom ou ruim estar em um ou
outro pólo, depende do mercado de atuação e vários outros fatores;
A segunda diferencia orientação interna, integração e unidade, de orientação externa,
diferenciação e rivalidade. O continuum varia de coesão e consonância, até
independência e separação organizacional, também sem julgamentos do que é melhor
ou pior.
Flexibilidade
Flexibilidade e Controle
Figura 3 -Competing Values Framework.
Fonte: CAMERON K. & QUINN R., 1999
A Figura 3 demonstra o modelo dos valores contrastantes e as culturas formadas ao redor
destes valores. Os autores ressaltam que os nomes dos quadrantes não foram escolhidos
58
aleatoriamente, mas estão ligados ao que a literatura discorre sobre como diferentes valores
organizacionais têm sido relacionados a diferentes formas de organização, além de atenderem
às teorias chave de gerenciamento sobre sucesso organizacional, qualidade, papéis e
habilidades de liderança. Cada quadrante representa os pressupostos básicos, orientações e
valores -os mesmos elementos que compõem a cultura organizacional, caracterizando a
orientação dominante em cada cultura, que pode ser de um ou mais quadrantes, ou de
nenhum, enfatizando neste caso, o equilíbrio entre os quatro. (CAMERON & QUINN, 1999).
As principais características de cada um dos quadrantes, que tipificam uma determinada
cultura, podem ser descritas conforme abaixo:
Cultura hierárquica: burocrática, cheia de regras, especialização, meritocracia,
impessoalidade, formalismo, valorização da estabilidade e controles, operações
transparentes, clara linha de decisão e autoridade. O valor chave é manter a eficiência,
de forma rápida e confiável, para que a produção seja contínua e fácil;
Cultura de mercado: orientada por resultados, metas e para o ambiente externo,
preocupa-se com os custos de transação, e com a cadeia de relacionamentos, seus
principais objetivos são ganhar mercado, produtividade e lucratividade. As pessoas
são competitivas e os líderes são duros e exigentes;
Cultura clan: existem valores e metas compartilhadas, coesão, participação, e um
senso de pertencimento entre as pessoas. Trabalho em times e comprometimento com
colaboradores são comuns. Clientes são parceiros e os líderes são mentores e estão
envolvidos em comprometer as pessoas, torná-las leais e construir um ambiente
saudável. Verifica-se informalidade, consenso, auto-gerenciamento, pouca hierarquia,
e parece uma família;
Cultura adhocrática: responde a um ambiente muito turbulento, onde inovação e
pioneirismo são importantes. Os líderes estão envolvidos em estimular o
empreendedorismo, criatividade e atividade intensa. Empresas deste tipo são
dinâmicas, flexíveis e lidam com incertezas e muita informação. O poder não é
centralizado e depende do que estiver sendo feito no momento. Possui ênfase no risco,
individualidade e antecipação do futuro. Estruturas, regras e funções são temporárias.
Em função das diversas abordagens existentes sobre a cultura organizacional, algumas das
quais citadas nesta pesquisa, compreende-se que há várias propostas metodológicas
diferentes, que objetivam conhecer profundamente sua composição.
59
2.8 A POLÊMICA DO QUALITATIVO X QUANTITATIVO NA AVALIAÇÃO DA
CULTURA ORGANIZACIONAL
De acordo com Richardson (1999), as ciências sociais fracassaram no século XX, porque
quiseram aplicar, sem critério e sem as adaptações necessárias, a metodologia das ciências
físicas e naturais ao fenômeno humano. Ressalta ainda, que o problema não está nas
características dos métodos ou técnicas, e sim na forma de usá-las, devendo o pesquisador
saber claramente o que quer estudar, para saber como seria melhor fazê-lo e usando quais
pressupostos filosóficos. A seguir, encontra-se a descrição de como alguns autores vêem a
utilização de métodos qualitativos ou quantitativos para a avaliação da cultura organizacional,
refletindo certa controvérsia, e a sua tentativa de adequar a forma como eles compreendem a
composição da cultura ao método de avaliação escolhido por cada um, de forma que haja
coerência entre o objeto de estudo e a abordagem metodológica.
Segundo Neves (2000), as metodologias qualitativas, como análise documental, entrevistas e
observação participante, produzem descrições ricas e profundas das organizações. Porém, têm
alto custo, demandam muito tempo e não facilitam a comparação entre organizações nem tão
pouco o entendimento de relação entre as variáveis relevantes, conduzindo a conclusões
menos seguras. Quanto às metodologias quantitativas, que utilizam questionários
estruturados, por exemplo, o autor afirma que são consideradas superficiais porque analisam
as características que interessam ao investigador, ao invés de utilizar os conceitos que as
próprias pessoas valorizam para se descrever e às organizações. Por outro lado, segundo
Neves (2000), estas metodologias admitem a identificação de tipologias e “são úteis porque
permitem estudos comparativos e mais objetivos (...) do objeto de estudo”, tais como, a
verificação da existência de sub-culturas, comparando-se os diversos grupos da empresa; ou a
relação da cultura com outras variáveis organizacionais, como desempenho, por exemplo, já
que é possível a comparação com outras organizações. Também permitem ao investigador,
maior neutralidade e imparcialidade, menor custo e dispêndio de tempo.
A pesquisa de Neves (2000), sobre cultura e clima organizacional e práticas de recursos
humanos, realizada em várias organizações de diferentes segmentos utilizou a metodologia
quantitativa, através de questionários estruturados e tratamento estatístico de dados. O autor
se utiliza de tipologias para a classificação das culturas pesquisadas e tem como base o
modelo dos valores contrastantes de Cameron e Quinn (1999), adaptado por um grupo de
pesquisadores de vários países, denominado de FOCUS (First Organizational Culture Unified
Search), do qual ele faz parte, com o objetivo de permitir sua aplicação em organizações de
60
diferentes países e idiomas. Segundo o autor, esta adaptação alterou apenas os nomes dados às
tipologias do modelo de Cameron & Quinn (1999), que quando representados graficamente,
refletem quatro modelos organizativos, sob os quais há diferentes teorias organizacionais.
Estas tipologias e modelos organizativos são:
Cultura de regras – modelo de processos internos, caracterizado pelo controle e
orientação interna;
Cultura de apoio – modelo de relações humanas, caracterizado por orientação interna
e flexibilidade;
Cultura de inovação – modelo de sistemas abertos, caracterizado por flexibilidade e
orientação externa;
Cultura de objetivos – modelo de atendimento a objetivos, caracterizado por
orientação externa e controle.
A partir do exposto, percebe-se que, também Cameron & Quinn (1999), defendem a
utilização do método quantitativo para a avaliação da cultura, e o fazem através do seu
questionário sobre valores contrastantes, que classifica a cultura em quatro tipologias
conforme explicitadas no sub-item anterior – cultura hierárquica, clan, adhocrática e de
mercado – e que correspondem respectivamente às tipologias citadas acima, adaptadas pelo
grupo FOCUS. Os autores afirmam que, pelo fato da cultura ser complexa, é necessário um
modelo que foque as dimensões mais importantes e estreite o campo de procura das
dimensões chave da cultura que, para eles, apresentam congruência nos processos cognitivos
das pessoas, independente da organização a que pertençam. Outro argumento utilizado por
eles quanto ao uso da metodologia quantitativa e de tipologias para o estudo da cultura
organizacional, é que permitem a comparação de dados em diferentes empresas. Eles próprios
fizeram pesquisas sobre o tema em centenas de organizações usando este método, validando-o
então, para este tipo de estudo.
No entanto, para Schein (1999), os questionários previamente elaborados, apenas revelam
alguns dos artefatos, valores e, talvez, certezas tácitas, de seu modelo, mas não alcançam
aquelas certezas compartilhadas mais importantes para a organização, que orientam
o grupo sobre como se defender e lidar com problemas, ansiedades e ameaças. Isto acontece,
segundo o autor, pois não se sabe que perguntas formular previamente, já que a cultura cobre
todos os aspectos que a organização aprendeu durante toda a sua vida. Para ele, as dimensões
analisadas pelos questionários, normalmente, identificam os valores abraçados pela
organização e se estão sendo respeitados, que apesar de serem importantes, referem-se mais
61
ao clima e não à cultura. Além disso, segundo sua teoria, ninguém tem acesso fácil às certezas
compartilhadas e, como a cultura é algo grupal, é melhor fazer perguntas abrangentes a um
grupo, de forma transparente, e observar onde está o consenso sobre o funcionamento
organizacional. Também cita a possibilidade de má interpretação das perguntas e preocupação
com o anonimato, como pontos negativos, quando se responde a questionários,.
Segundo Schein (1999), como os pressupostos básicos são inconscientes e não podem ser
observados diretamente, é importante ir além das primeiras impressões para se descobrir a
verdadeira cultura. O modelo de pesquisa sobre a cultura, proposto pelo autor, é composto de
encontros entre o pesquisador e os informantes -aqueles que estão dentro da organização e
conhecem melhor a sua cultura -com explorações conjuntas. Estas entrevistas podem ser em
grupos ou individuais, mas o importante é definir o problema do negócio, algo que se queira
consertar, para que as pessoas tenham real interesse em analisar a cultura. Depois, é
importante rever o conceito de cultura, buscar os artefatos e, identificar os valores abraçados
pela empresa e compará-los com os artefatos, para descobrir o nível cultural mais profundo –
as certezas tácitas ou pressupostos básicos.
Diferentemente de Schein (1999), Hofstede (1991), já aborda a dificuldade de se utilizar
tratamento qualitativo dos dados para se comparar a cultura de várias organizações,
ressaltando que os questionários estruturados possuem maior precisão para este objetivo. O
autor adota as dimensões de individualismo x coletivismo, distância de poder, aversão à
incerteza, e masculinidade x feminilidade, conforme já descritas no sub-item anterior, para a
classificação da cultura em tipologias, através da utilização de questionários para a
investigação dos padrões comuns às organizações e realização de uma análise comparativa
entre elas. Para ele, os métodos qualitativos são úteis apenas em estudo de caso único, devido
à questão de confiabilidade. Trompennars (1994), também defende a utilização de
questionários estruturados, pois, segundo ele, da mesma forma que para Hofstede (1991) e
Cameron & Quinn (1999), ao se classificar a cultura em tipologias, existe possibilidade de
comparação entre empresas, validando assim, em seus estudos de cultura organizacional, o
método quantitativo.
Segundo Motta & Caldas (1997), os pesquisadores que acreditam que há fatores
generalizáveis nas organizações, utilizam métodos ligados a tipologias, questionários ou
entrevistas estruturadas, para viabilizar a comparação dos dados entre as empresas. Aqueles
que acreditam que culturas são únicas de um grupo específico, estudam um grupo por vez e
utilizam entrevistas não estruturadas, técnicas projetivas, jogos ou dinâmica de grupo e
62
observações, para descrever a cultura sob o ponto de vista do de quem está dentro dela,
evitando impor suas próprias idéias e procurando trazer à tona, as idéias dos próprios
membros, a partir das quais interpretam seu mundo. Para os autores, algumas das vantagens
da metodologia qualitativa estão ligadas à maior importância que é dada ao contexto, menor
controle racional dos dados coletados, maior ligação com situações reais, e podem inclusive
validar dados quantitativos. Porém, existem também pontos fracos nesta abordagem como,
dificuldade para categorização e análise dos dados obtidos, por dificuldade de foco e quadro
de referência, e a questão do tempo, já citado anteriormente por outros autores. Quanto à
abordagem quantitativa, os autores, citam que “possibilita maiores comparações e
generalizações, através do estabelecimento de relações entre as variáveis”, além de ser mais
versátil, rápida, objetiva e menos custosa. Também comentam que os pesquisadores devem
buscar combinações de métodos no estudo de um mesmo fenômeno, usando em uma
pesquisa, por exemplo, o questionário, a análise de arquivos, e a observação, para que um
método complemente o outro – chamado de método de “triangulação”.
Ambas as abordagens possuem então, vantagens e desvantagens, o importante é adequar os
objetivos da pesquisa à metodologia mais lógica e apropriada àquele estudo. Outro fator
significativo, é que o rigor metodológico seja seguido, tanto em uma como em outra
abordagem, ou seja, que haja formulação correta do problema e variáveis, validação dos
instrumentos de coleta de dados e análises estatísticas coerentes com os dados disponíveis,
para o método quantitativo. Para o método qualitativo, é importante que se observe
cuidadosamente a elaboração do quadro de referência, dos registros e a análise de dados.
A presente pesquisa utiliza a metodologia quantitativa, e tem como principal fonte de coleta
de dados, um questionário estruturado baseado no modelo de Richard Barret (2000), testado
em mais de 150 organizações em 14 países, nos últimos quatro anos. No próximo capítulo, o
método usado por este autor para o estudo da cultura será detalhado, com o objetivo de
explicitar o modelo escolhido para o presente estudo. O questionário elaborado pela
pesquisadora passou por um pré-teste, conforme descrito no capítulo de metodologia, a fim de
verificar sua compreensão pelo público alvo, reduzindo assim, a possibilidade de coletar mal
os dados e prejudicar a pesquisa. Os resultados do questionário final foram analisados
qualitativamente também, pois foram comparados com aqueles oriundos das observações
participantes e das análises de documentos, com o objetivo de aprofundar a compreensão do
tema na organização estudada.
63
3 O MODELO DE RICHARD BARRET PARA AVALIAÇÃO DA CULTURA
ORGANIZACIONAL
A próxima onda de grandes empresas duradouras será desenvolvida não por
visionários técnicos ou de produtos, mas por visionários sociais – aqueles que vêem
sua empresa e o modo como ela opera como sua criação essencial e que inventam
meios inteiramente novos de organizar o esforço e a criatividade humanos.
7
3.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo se aprofunda no modelo utilizado por Richard Barret (2000) para avaliação da
cultura organizacional, modelo este, adotado pela pesquisadora para o presente estudo. Além
disso, a questão da importância da avaliação da liderança é comentada, visto que, segundo
Barret (2000), “(...) quaisquer que sejam os valores que os líderes defendam, têm um impacto
na cultura organizacional”.
3.2 MODELO TEÓRICO DE APOIO PARA ESTA PESQUISA – A METODOLOGIA DE
RICHARD BARRET (2000)
Segundo Barret (2000), o instrumento de avaliação que utiliza, apesar de simples, tem se
mostrado um meio efetivo de medir e mapear as culturas organizacionais, com as quais tem
trabalhado, fornecendo um diagnóstico compreensivo da cultura atual e desejada, ao examinar
a percepção dos colaboradores sobre os valores organizacionais atuais, o que eles consideram
que seria desejável para a empresa ter sucesso e seus próprios valores pessoais. O instrumento
pode ser usado para medir a percepção dos parceiros e clientes também, e seus resultados
provêem três perspectivas, a humana, a de desenvolvimento organizacional e a de negócios.
Neste estudo, somente foi verificada a percepção dos colaboradores e os resultados tratarão
apenas das duas primeiras perspectivas, através da comparação do mapeamento dos valores
pessoais com o modelo dos “Sete Níveis de Consciência Pessoal” e dos organizacionais com
os “Sete Níveis de Consciência Organizacional”. Estes modelos são uma extensão da teoria de
Abraham Maslow (1999). De acordo com a teoria de Barret (2000), a base fundamental da
teoria da “Consciência Organizacional” é que as organizações são compostas de pessoas e
agem como entidades vivas com motivações similares às dos indivíduos.
7
BARRET, Richar. Libertando a alma da empresa. Rio de Janeiro: Cultrix, 2000.
64
O modelo do autor está detalhado a seguir, iniciando-se pelo conceito que deu origem a seus
estudos, ou seja, a motivação. Após este item, é explicitado o conceito de consciência, sua
evolução e seus níveis.
3.2.1 Motivação Humana
Em sua obra Gestão de Pessoas, Vergara (2000), cita os principais autores e suas respectivas
teorias sobre motivação, em seu modo de pensar. Algumas destas teorias são as de:
Abraham Maslow, que será detalhada posteriormente;
Frederick Herzberg -explica o comportamento das pessoas no trabalho através de
dois fatores: os higiênicos e os motivacionais. Os higiênicos são extrínsecos às pessoas
e se presentes, deixam de causar insatisfação, mas não causam satisfação. Exemplos:
salário, benefícios, condições físicas de trabalho, etc. Fatores motivacionais são
intrínsecos e dizem respeito ao sentimento de auto-realização e reconhecimento. Se
presentes, trazem satisfação, se ausentes, deixam de causar satisfação, mas não
necessariamente causam insatisfação (HERZBERG apud VERGARA, 2000).
David McClelland – identifica três necessidades adquiridas socialmente: o poder,
ligado a status e influência; a afiliação, correspondente a afeto; e a realização, ligada à
auto-estima e auto-realização (MCCLELLAND apud VERGARA, 2000).
Cliford Geertz – diferencia motivação, de disposição, sendo a primeira uma direção,
que dura mais tempo que a segunda, que não leva a coisa alguma. A disposição surge
de uma circunstância, mas não responde a objetivo algum. Da motivação se espera
determinados comportamentos (GEERTZ apud VERGARA, 2000).
Cecília Bergamini – diferencia motivação de condicionamento, dizendo que a
primeira é intrínseca, e o condicionamento é extrínseco, representado por punições e
recompensas, ou seja, ligada à manipulações (BERGAMINI apud VERGARA, 2000).
De acordo com Maslow (2003), os desejos conscientes “não desempenham papel tão
fundamental na teoria da motivação como as metas mais básicas e inconscientes. Qualquer
comportamento motivado (...), deve ser compreendido como um canal através do qual muitas
necessidades básicas podem ser (...) satisfeitas”. Para o autor, qualquer classificação da
motivação deve levar em conta os níveis específicos dos motivos a serem classificados e deve
basear-se em metas a serem alcançadas. Outro aspecto importante a ser ressaltado é que, para
ele, a motivação não é o único determinante do comportamento, que apesar de quase sempre
ser motivado, também recebe influências biológicas, culturais e circunstanciais. Na teoria
65
ortodoxa sobre motivação, alguns fatores motivadores, tais como a necessidade de comida,
são claramente primários ou básicos e nascidos no centro biológico da espécie humana.
Outros, são secundários e adquiridos pelo indivíduo ao longo da vida, e são usados para
satisfazer aos primários. Para o autor, não é assim. Motivações mais elevadas, como amor,
justiça, etc, são tão básicas e pertencentes à natureza humana quanto a fome, sendo apenas
menos preponderantes e urgentes, mesmo que apareçam em uma porção menor da população
As necessidades básicas citadas pelo autor, são classificadas em cinco níveis distintos, que se
complementam e se sobrepõem de maneira hierárquica, de forma que uma necessidade
superior emerge, na medida em que a anterior foi satisfeita em um percentual aceitável pelo
indivíduo, ou seja, há um grau de satisfação relativo em um, e de insatisfação em outro
(MASLOW, 1999).
As necessidades de segurança, amor e estima, só podem ser satisfeitas por outras pessoas,
mostrando que há uma relação considerável de dependência do ambiente. A gratificação é um
conceito tão importante quanto a privação, pois libera o organismo da dominação de
necessidades de nível mais inferior e permite o surgimento de metas mais sociais. Qualquer
desejo consciente ou comportamento do indivíduo será mais ou menos importante se
contribuir direta ou indiretamente para a satisfação das necessidades básicas. A seguir estão
descritos os níveis de necessidades humanas, segundo Maslow (2003).
Fisiológicas -são o primeiro nível de necessidades, e estão ligadas a homeostase, que
são os esforços do corpo para manter a corrente sanguínea normal e constante, e ao
apetite, que é um indicador eficiente das deficiências corporais. Dentro deste conceito,
é inútil fazer uma lista de necessidades fisiológicas fundamentais, pois podem ser
muitas dependendo do nível de detalhamento que se busca. Alguns exemplos mais
comuns são, sono, sexo, fome e sede. Estas necessidades são as mais preponderantes
de todas, fazendo, por exemplo, com que todas as habilidades do organismo que
podem ser usadas para a satisfação da fome, o sejam, caso o indivíduo esteja com esta
necessidade. Para o indivíduo dominado pela fome, todo o resto perde o sentido, sua
filosofia de futuro é modificada e ele não anseia por outra coisa que não seja comida.
Embora situações emergenciais como esta, sejam menos freqüentes nas sociedades em
tempos de paz, observa-se que manter as pessoas presas neste nível de necessidades é,
segundo Maslow (2003), uma “boa forma de ocultar as motivações mais elevadas,
obtendo assim uma visão parcial das capacidades humanas”;
Segurança – o que foi dito sobre as necessidades fisiológicas aplicam-se às
66
necessidades de segurança, embora em grau menor. Para abordar de forma mais
eficiente este nível, é interessante citar a observação do comportamento de crianças e
depois relacioná-la ao dos adultos. A criança comum normalmente prefere um mundo
seguro, previsível, organizado, com o qual ela possa contar, e no qual, em qualquer
caso de perigo, os pais a guardarão. Quando crescem em um ambiente ruim e difícil,
cheio de brigas e agressões, tendem a demonstrar comportamentos inseguros e de
medo ao serem confrontadas com situações novas. Ao passo que quando crescem em
um ambiente carinhoso e de paz, não costumam reagir desta forma. A sociedade em
condições normais, permite que o homem esteja a salvo de animais selvagens,
criminosos, temperaturas extremas, etc. O que se percebe em termos de necessidades
de segurança na sociedade atual está relacionado à segurança em um bom emprego, ter
uma poupança, preferir o conhecido ao desconhecido, tendência em possuir uma
religião que traga coerência à existência, etc. Estas outras necessidades são
dominantes apenas em emergências, a não ser que o indivíduo seja muito neurótico,
situação em que tem reações direcionadas a perigos psicológicos, considerando o
mundo freqüentemente hostil, buscando sempre um protetor, tentando arrumar o
mundo de forma a fugir do inesperado, pois sempre o vê como um perigo grave;
Amor – relacionada à necessidade de afeição, proximidade, amigos, namorada (o),
esposa (o), filhos. Na sociedade atual, a frustração destas necessidades é a causa mais
comum de desajustes psicológicos, pois elas são muito ambivalentes e cercadas de
inibições. Cabe ressaltar que as necessidades de amor, dizem respeito a dar e receber
amor e não são sinônimos de sexo, uma necessidade fisiológica, cujo comportamento
é determinado também por outras necessidades, entre as quais amor e afeição;
Estima – ligada à necessidade de respeito próprio e estima dos outros. Estas
necessidades podem ser classificadas, respectivamente, em desejo por força,
conquista, adequação, confiança diante dos desafios, independência e liberdade; e
desejo por reputação, prestígio, reconhecimento e importância. A satisfação destas
necessidades traz sentimentos de auto-confiança, valor, capacidade e de ser útil e
necessário ao mundo. A frustração, leva a sentimentos de inferioridade e inutilidade,
gerando pessoas sem autoconfiança básica;
Auto-realização – significa, segundo Maslow (2003), que “o que um homem pode
ser, ele deve ser”. Refere-se ao desejo de realizar seu potencial, tornando-se tudo o que
tem capacidade de ser. A emergência destas necessidades ocorre nas pessoas
67
basicamente satisfeitas, ou seja, naquelas em que as necessidades anteriores foram
supridas. Segundo o autor, como não há muitas pessoas basicamente satisfeitas, sabe-
se pouco a respeito da auto-realização, em termos clínicos ou experimentais. Mesmo
assim, reporta que estes indivíduos são mais autônomos, espontâneos, naturais e
independentes do ambiente, gostando inclusive de privacidade e meditação, e sendo
menos ansiosos e hostis com as pessoas e menos carentes de seus elogios. Estas
pessoas possuem boa comunicação com o ambiente, pois têm liberdade psicológica e
não geográfica, sendo mais provável que assumam uma atitude não avaliadora ou
julgadora, pois não consideram as demais como ferramentas para satisfação de suas
necessidades. A admiração e o amor estão baseados nas qualidades intrínsecas do
outro e não na gratidão pela sua utilidade.
Maslow (2003), alerta que há certas pré-condições para a satisfação das necessidades básicas,
como a liberdade de falar, de fazer o que se deseja sem prejudicar aos demais, de se defender,
de buscar informações, etc. Além disso, como as capacidades cognitivas (perceptuais, de
aprendizagem e intelectuais) são também usadas para a satisfação de necessidades, o bloqueio
ao seu uso, acarretará em ameaça ao atendimento das necessidades. Um fato interessante,
ressaltado pelo autor, é que há algumas pessoas, que por motivos ligados a experiências de
vida, onde é invertida a ordem indicada de prioridades de necessidades como, por exemplo, a
pessoa que valoriza mais a auto-estima do que o amor, pois julga que as pessoas com maior
probabilidade de serem amadas são aquelas fortes e poderosas, buscando a auto-afirmação por
causa do amor. Outro exemplo seria alguém que ficou muito tempo desempregado e aceita
trabalhar o resto da vida apenas pela alimentação praticamente; ou aquelas que abrem mão de
tudo por um ideal social.
Para Maslow (2003), o que realmente motiva o homem, não está relacionado a uma
necessidade preenchida, pois é simplesmente como se não mais existisse. “Eu estou motivado
quando eu sinto desejo ou quero ou anseio ou espero ou sinto falta de algo” (MASLOW,
1999). Segundo o autor, o homem saudável, denominado de motivado pelo crescimento,
mantém certa tensão em busca de uma meta mais distante, e não demonstra de forma
ostensiva, a necessidade de sexo, alimento, segurança, amor, prestígio ou auto-estima, exceto
em casos de ameaça. Este homem é “motivado primordialmente por suas necessidades de
desenvolver e realizar suas potencialidades e capacidades plenas” (MASLOW, 2003). Ou
seja, se possuir qualquer outra necessidade ativamente, não é um homem saudável, pois é
“interessado” nas pessoas para satisfazer suas necessidades. Quando as pessoas vêem os
68
demais como ferramentas, aquilo que não se identifica com as suas necessidades é
completamente negligenciado, ou então, perturba e irrita, e não importa muito quem seja o
“provedor de serviços”, desde que satisfaça às suas necessidades. Estas, segundo sua teoria,
são pessoas motivadas pela deficiência, que sempre buscam nos demais, uma forma de
satisfazer suas necessidades básicas, reduzir suas tensões e restaurar o equilíbrio.
Segundo Maslow (1999), o crescimento é visto não somente como uma gratificação
progressiva das necessidades básicas até o ponto de elas desaparecerem, mas também na
forma de motivações específicas de crescimento sobre e acima daquelas necessidades básicas,
como os talentos, capacidades criativas, potencialidades, etc. Uma necessidade não contradiz
a outra e preencher algumas é um pré-requisito para as outras. Maslow (1993) cita o conceito
de “metanecessidades” como aquelas motivações mais altas, pertencentes às pessoas auto-
realizadas, sendo a satisfação das necessidades básicas, uma pré-condição, embora não
suficiente, para as “metamotivações”. Segundo o autor, estas pessoas são apaixonadas pelo
que fazem e têm a justiça como um princípio, são amáveis, elegantes e serenas. Embora
Maslow (1993) não se aprofunde na teoria destas necessidades mais elevadas, cita que as
“metamotivações” são hierarquizadas em uma média dependente de talentos, capacidades,
temperamento, etc das pessoas auto-realizadas. Também argumenta que, as
“metanecessidades” parecem ser instintivas, e são mais potencialidades do que realidades,
dependendo então, da cultura e da sociedade em que a pessoa vive, para que se desenvolvam.
Segundo Richard Barret (2000), os homens são motivados a fazer as coisas quando isso os
beneficia de alguma maneira. As ações que apóiam o bem comum são também baseadas no
interesse próprio, mas têm um “eu” que transcende o egoísmo e amplia a sua identidade para a
família, empresa, sociedade, etc, reconhecendo-se como parte deste sistema. É um “eu” que
está em contato com sua alma. Todas as ações humanas tentam satisfazer a umas das quatro
necessidades, que segundo ele são, espirituais, mentais, emocionais e físicas. Essas
necessidades correspondem a nove níveis de motivações humanas básicas. Até o nível 5 de
motivação, sua teoria corresponde à hierarquia de necessidades de Maslow (2003). A partir de
então, acrescenta os outros níveis ligados ao crescimento pessoal e espiritual. Estas cinco
primeiras motivações atendem às necessidades do homem como indivíduo e derivam do
mundo exterior. O crescimento pessoal, a sexta motivação, ocorre no seu interior, na medida
em que ele se conhece melhor e passa a basear a auto-estima no autoconhecimento e não mais
nos outros. Isto exige o questionamento de antigos valores e a busca de outros mais
adequados a novas escolhas. Começa-se também, a valorizar mais os relacionamentos, com
69
interesse no desenvolvimento das pessoas e não no controle, pois fazem parte de si mesmo,
devido à expansão da identidade. As três últimas motivações se relacionam ao eu maior; é
quando os esforços são reconhecidos, afetando o mundo de forma positiva, e a auto-estima
vem do interior, pela contribuição dada. São elas: encontrar o significado, fazer a diferença, e
servir, conforme explicitado na tabela 3.
Tabela 3 -Correspondência entre necessidades humanas e motivação pessoal
NECESSIDADES
HUMANAS
MOTIVAÇÃO PESSOAL
9. Serviço
8. Fazer diferença
Espiritual
7. Significado
6. Crescimento Pessoal
Mental
5. Realização
4. Auto-estima
Emocional
3. Relacionamentos
2. Saúde
Física
1. Segurança
Fonte: Richard Barret, 2000
O autor questiona por quê se deve ficar satisfeito com a felicidade quando se poderia ter
alegria, afirmando que a alegria é a satisfação das necessidades espirituais, e a felicidade é a
satisfação das demais. Segundo ele, a satisfação das necessidades espirituais é a motivação
mais forte do homem, a que libera profunda criatividade e produtividade, não atingidas com
recompensas exteriores. Sua teoria sobre necessidades e motivações combinadas com os
níveis de consciência humana e organizacional é relacionada a seguir.
3.2.2 Definição e Evolução da Consciência Humana
Consciência: um estado de conhecimento do eu (pensamentos, sentimentos, idéias)
baseado num conjunto de crenças e valores pelos quais a realidade é interpretada. A
passagem para um estado mais elevado de consciência implica mudança nas
crenças, nos valores e nos comportamentos. Os valores num nível mais elevado de
consciência promovem maior compreensão e conexão e menor separação e
fragmentação.
8
8
BARRET, Richard. Libertando a alma da empresa. São Paulo: Cultrix, 2000.
70
Segundo Barret (2000), ser consciente é ter conhecimento com um propósito. O veículo da
consciência é a mente, já que ela não existe por si própria, sendo o mundo físico, uma
manifestação da consciência. A consciência fica aparente quando se exibe um
comportamento, dirigido por uma crença, com o objetivo de se alcançar um propósito. Para o
autor, crenças são suposições que se crê como verdade, e mesmo que não sejam, as pessoas
agem como se fossem. Todas elas, inclusive os instintos, são aprendidas. Aquelas sobre as
quais temos consciência, são baseadas em nosso condicionamento pessoal e cultural e
guardadas em nossa memória pessoal. Os instintos são crenças de alta probabilidade,
codificadas no DNA de um organismo. Tudo o que sabemos então, é um constructo de nossas
crenças. Os comportamentos sempre estão, conscientemente ou não, em alinhamento com
estas crenças. Os valores são conceitos que provêem um método rápido para descrever
crenças e comportamentos. Porém, indivíduos que têm valores semelhantes podem exibir
comportamentos diferentes e ter crenças diferentes, pois as crenças são formadas dentro de
um contexto pessoal ou cultural, e os valores, no entanto, são conceitos que transcendem estes
contextos. Por exemplo, judeus e hindus exibem crenças e comportamentos diferentes quanto
à comida, mas a dieta especial de ambos, reflete o valor de uma consciência ligada à saúde.
A história da humanidade é um reflexo da história da evolução da consciência humana.
Richard Barret (2004) comenta que, por trás de todo evento histórico há uma matriz de
crenças que revela o estado de consciência dos indivíduos e grupos naquele período de tempo.
Assim, examinando as crenças e comportamentos que prevalecem durante períodos
específicos da história, é possível localizar a evolução da consciência humana. O modelo dos
Sete Níveis da Consciência não só reflete a evolução da consciência da humanidade como
também explica o seu passado coletivo e provê insights sobre o futuro. As sete fases da
evolução da consciência da humanidade são representadas por sete eras, cada uma
correspondendo a um dos níveis de necessidades identificados nos modelos dos Sete Níveis
de Consciência Pessoal e Organizacional, explicitados nos próximos subitens. A transição de
uma era para a próxima depende do domínio das crenças associadas a uma necessidade
particular da população de uma região específica do planeta. O ritmo desta evolução depende
de vários fatores como, densidade populacional, uniformidade cultural, condições e acesso
para avanços tecnológicos, etc. Assim, regiões diferentes do planeta estão em fases diferentes
de desenvolvimento da consciência. São resumidas na tabela 4, as sete eras que correspondem
à evolução da consciência da humanidade.
71
Tabela 4 – Sete eras correspondentes à evolução da consciência humana
ESTÁGIO CONSCIÊNCIA ERA DESCRIÇÃO
7 Unidade Globalismo Estabelecimento de instituições globais de
governança para promover a
sustentabilidade econômica, social e
ambiental da humanidade e do planeta.
6 Inclusão Regionalismo Formação de alianças estratégicas de
apoio mútuo entre nações que têm crenças
semelhantes e interesses comuns.
5 Coesão Democracia Criação de um forte senso de identidade
nacional e espírito comunitário baseado
em visão e valores compartilhados.
4 Transformação Nacionalismo Estabelecimento de limites territoriais
fixos e formas de governança que unem
grupos de indivíduos que compartilham
uma herança comum.
3 Auto-estima Feudalismo Luta por reconhecimento pela acumulação
de poder e territórios.
2 Relacionamento Tribalismo Desenvolvimento de estruturas sociais
complexas para apoio mútuo de
agricultores.
1 Sobrevivência Clãs Sobrevivência física de pequenas
unidades familiares de caçadores.
Fonte: Richard Barret, 2004
3.2.3 Os Sete Níveis de Consciência Pessoal
Barret (2000) argumenta que, ao se identificar os padrões específicos de consciência que
trazem sucesso ao indivíduo, se pode compreender como as organizações têm sucesso. Para
compreender estes padrões individuais e, posteriormente, aplicá-los às organizações, o autor
recorreu à obra de Maslow, que se destacou por passar a maior parte da vida estudando
pessoas saudáveis e bem sucedidas. Foi então, ao estudar a hierarquia de necessidades de
Maslow (2003), que acrescentou quatro diferentes estágios para a auto-realização –
transformação, coesão, inclusão e unidade -tanto em termos pessoais quanto organizacionais,
72
pois achou que a hierarquia estava incompleta. Identificou então, sete níveis de consciência
que explicam as forças motivadoras das interações humanas. A tese principal de Barret
(2000), é que indivíduos e grupos evoluem, em termos de consciência, de acordo com os
mesmos padrões específicos, e que ambos exibem características semelhantes de consciência,
seja na prosperidade ou na falta de sucesso. Ou seja, as crenças que levam ao sucesso ou
fracasso de uma pessoa são as mesmas que levam uma empresa a tais condições. A diferença
entre um e outro está ligada ao rótulo que se usa para falar sobre como cada um opera a sua
consciência, sendo “personalidade” para os indivíduos e “cultura” para a empresa; e o que
distingue uma cultura ou personalidade de outra, são seus valores, crenças e comportamentos.
De acordo com Barret (2000), os indivíduos e organizações não operam em um único nível de
consciência, tendendo a se agrupar em torno de três ou quatro níveis. Os três primeiros níveis
do desenvolvimento da consciência humana representam os estágios do desenvolvimento do
ego humano, e os três últimos, os da alma humana. Entre um e outro, está um quarto nível que
é o da transformação, onde o indivíduo aprende a alinhar as necessidades do ego às da alma.
As forças motivadoras ligadas ao ego são:
Sobrevivência (saúde e segurança) – satisfazer as necessidades físicas básicas do
indivíduo, de forma que ele possa permanecer vivo;
Relacionamento – satisfazer as necessidades emocionais básicas do indivíduo, de
forma que possa desenvolver relações pessoais mutuamente apoiadoras, bem como, o
sentimento de “pertencer”;
Auto-estima – satisfazer as necessidades operacionais básicas do indivíduo, de forma
que possa atuar de maneira efetiva no mundo, com um senso de orgulho e valor.
As motivações ligadas aos níveis de desenvolvimento da alma, são:
Significado – compreender e integrar as motivações da alma dentro da consciência
individual;
Fazer a diferença – agir consistentemente de forma a criar resultados benéficos e
trazer contribuição a outros indivíduos ou grupos;
Serviço – se transformar em um com o mundo, de forma que servir aos outros se torne
sinônimo de servir a si mesmo. Quando os indivíduos operam neste nível de
consciência, fazer a diferença torna-se um meio permanente de vida.
No nível de “transformação”, as pessoas expandem o senso de self e começa a não mais
considerar apenas as suas necessidades, mas também a dos outros, embarcando em uma
jornada de autoconhecimento. Ocorre um processo de aprendizagem sobre como equilibrar as
73
necessidades do ego com as da alma, mudando-se o foco do “eu” para o “nós”.
Acometimentos de raiva e transtornos emocionais são sinais de que o ego está desalinhado
com a alma. Um dos mais freqüentes conflitos que ocorrem neste nível está ligado ao
trabalho, ou seja, entre atender à necessidade de sobrevivência e auto-estima e à necessidade
de ter significado e fazer a diferença. A idéia de deixar a carreira construída para fazer algo
pelo qual são apaixonadas traz muito medo às pessoas, pois se acredita que terá de sacrificar
seu padrão de vida para isso. Uma forma de resolver estas situações é reconhecer abertamente
as crenças que estão na raiz dos medos e substituí-las por outras que dêem suporte a esta
transição, o que não é um evento único, e sim uma série de encontros entre medos do ego e
crenças da alma. O processo de alinhamento é doloroso, requerendo do indivíduo coragem e
desejo de superar os medos não resolvidos do ego. Algo a ser observado é que enquanto o ego
é normalmente dominador, a alma é paciente, persistente e anseia por significado e conexão,
entrando no processo de forma sutil. Por isso, este processo pode ser um pouco mais lento, já
que a alma espera, mas de qualquer forma, precisará de uma boa dose de coragem e vontade
de experimentar coisas novas e diferentes, que a princípio, podem parecer ameaçadoras, pois
não fazem parte do comportamento habitual, mas depois trazem profunda realização
(BARRET, 2000).
Os setes níveis de consciência pessoal são descritos por Barret (2000), conforme a figura 4. O
detalhamento dos níveis, segundo a teoria do autor, está em seguida.
Figura 4 – Os Sete Níveis da Consciência Humana
Fonte: adaptação de BARRET R., 2000
Nível (1): Sobrevivência -focado em questões que tem a ver com a sobrevivência e
(7)
(6)
(5)
(4)
(3)
(2)
(1)
Serviço/Social
Fazer a diferença/Comunidade
Significado/Coesão
Transformação
Auto-Estima
Relacionamento
Sobrevivência
Bem
Comum
Interesse
Próprio
74
autopreservação. Inclui valores como estabilidade financeira, riqueza, segurança,
autodisciplina e saúde. Os aspectos potencialmente limitadores deste nível como,
ganância, controle e precaução, são gerados em função dos medos exagerados quanto
à sobrevivência. Sempre que o homem se sente ameaçado física ou economicamente,
entra neste nível de consciência. Os medos, muitas vezes, são saudáveis, pois ajudam
na concentração para o bem-estar próprio; o problema é quando se tornam excessivos.
No mundo corporativo, este nível de necessidades está ligado à necessidade de
segurança financeira. Quando as pessoas estão muito presas a ele, se sentem inseguras
sobre o futuro e para se sentirem seguras, têm uma necessidade excessiva de controlar
o que está acontecendo, dificuldade em confiar, gastam tempo com fofocas, são
cautelosas demais e criam muitas barreiras. Por acharem que as pessoas não se
preocupam com elas, ficam irritadas por pouco, se acham num mundo hostil, onde se
as coisas derem errado é uma ameaça pessoal, temem a mudança, e têm dificuldade
em tomar decisões;
Nível (2): Relacionamento – preocupação quanto à qualidade das relações
interpessoais na vida de um indivíduo. Inclui valores como comunicação aberta,
família, amizade, resolução de conflitos e respeito. Pelo fato do homem ser uma
criatura social, satisfaz-se esta necessidade quando se constrói relações significativas
com pessoas com as quais se partilha identidade em comum e têm-se relacionamentos
seguros. Os aspectos potencialmente limitadores deste nível como, rivalidade,
intolerância e excessiva necessidade de ser querido são gerados em função dos medos
quanto à perda de controle ou consideração e à não ser amado ou aceito. Se essa
necessidade for muito forte, as pessoas fazem qualquer coisa para serem aceitas pelo
grupo, gerando uma relação de co-dependência. Nas empresas, este nível está ligado à
camaradagem e amizade entre os colegas. Quando as pessoas estão muito enraizadas
neste nível de consciência, forma-se uma co-dependência, regida pelo medo e
motivada por conseguir uns dos outros o que se necessita para abrandar as
inseguranças. Fazer parte da equipe e ser querido torna-se tão importante, que a pessoa
pode reprimir seus desejos e sentimentos, deixar de expressar suas opiniões, de contar
a verdade, usar a criatividade, etc. Teme a mudança pelo impacto que pode ter em seus
sistemas de apoio emocional cuidadosamente construídos, sendo a lealdade aos
colegas mais importante que à empresa;
Nível (3): Auto-estima -relacionado à necessidade de reconhecimento de um
75
indivíduo. Satisfaz-se esta necessidade quando se sente respeitado por aqueles com os
quais se partilha a identidade comum, mostrando a medida do próprio valor. Inclui
valores como, ser o melhor, ambição, crescimento profissional e recompensa. Os
aspectos potencialmente limitadores deste nível como, status, arrogância e imagem,
vêm de pouco amor próprio e de estar fora do controle e são usados para abrandar sua
necessidade de auto-estima. Em nível corporativo, o foco é a necessidade que as
pessoas têm de respeito e de melhorar sua posição na empresa. Se isso for muito forte,
as pessoas podem se tornar competitivas e ambiciosas demais, querer sobressair a
qualquer custo, dizer mentiras para não dar más notícias ao superior, e coisas do
gênero, pois precisam parecer muito boas. Seu maior medo é o de não serem
respeitadas. Estão em busca de aprovação, trabalham demais, sem equilíbrio entre vida
pessoal e profissional e temem a mudança pelo que pode impactar em seu status. Até
este nível, as necessidades físicas e emocionais são satisfeitas no mundo exterior,
muito dependentes dos objetos e do que as pessoas pensam e sentem sobre o “eu”.
Quanto maiores os medos, maior a prisão a estes níveis. Para mudar isso, é necessária
uma mudança de referência ao objeto para a auto-referência;
Nível (4): Transformação -o foco deste nível está na auto-realização e crescimento
pessoal. Contém valores como coragem, responsabilidade, conhecimento e
desenvolvimento pessoal. Este é o nível onde as pessoas trabalham para superar os
seus medos e equilibrar as suas vidas, requerendo contínuo questionamento de crenças
e suposições. Segundo Maslow (1993), as pessoas auto-realizadas são, sem exceção,
envolvidas em uma causa fora de si mesmas, são devotadas e trabalham em algo que
lhes é precioso, fazendo desaparecer a dicotomia trabalho e diversão. A partir deste
nível, não há nenhum valor potencialmente limitador. As pessoas passam a se
preocupar mais com o que pensam delas mesmas e a não mais reagir às situações com
os medos inconscientes e, sim, a escolher suas próprias respostas, transcendendo o ego
e sendo menos dependentes das necessidades inferiores. Para o autor, a melhor forma
de uma pessoa descobrir o que deveria fazer, é descobrir o que ela é, pois o caminho
para decisões éticas, de valor, passa pelo descoberta da realidade de sua própria
natureza. De acordo com Barret (2000), essa situação de reexame das crenças pode
surgir de um evento devastador na vida pessoal, de uma experiência profissional
desafiadora ou de uma série de transtornos, fazendo com que a pessoa pare de culpar
os demais, assuma total responsabilidade por sua vida, veja a realidade como ela é, e
76
perceba a vida sob uma perspectiva de sistemas integrados. Nas empresas, as pessoas
começam a se perguntar porque estão naquele lugar e quais são seus valores e a sua
missão pessoal, buscando meios de expressar quem são realmente. Para Kets de Vries
(1997), a liderança tem um forte papel ao fazer com que as pessoas percam o sentido
de tempo no trabalho, envolvendo-as em grandes experiências e passando a elas a
sensação de controle sobre o que estão fazendo;
Nível (5): Significado / Coesão -preocupação com a procura individual por
significado e comunidade. Indivíduos operando neste nível não mais pensam em
termos de um cargo ou carreira, mas em termos de uma missão. Nesse nível, separação
entre ego e alma desaparece, já que as pessoas vencem seus medos básicos, na medida
em que eles se tornam conscientes e a resposta pode ser escolhida, dominando-os.
Esse processo de desenvolvimento, torna a personalidade menos fragmentada e as
pessoas mais autênticas nos relacionamentos, de forma que haja maior clareza de
propósito. Apesar de Maslow (1993), não ter descrito detalhadamente as motivações
vinculadas a este nível, em sua obra discorre um pouco sobre o conceito de
“metamotivações” ligadas aos “valores do ser”, como, verdade, bondade,
simplicidade, compreensão, etc, que guardam relação com a teoria que Barret (2000)
desenvolveu ao ampliar a hierarquia de necessidades. Segundo o autor, este nível
contém valores como comprometimento, criatividade, entusiasmo, humor/diversão,
excelência, generosidade e honestidade. Nas organizações, as pessoas buscam
significado no trabalho, crescer, aprender e caminhos onde possam aumentar sua
efetividade. Crêem que estarão satisfeitas se apoiarem o bem comum, se
compartilharem e trabalharem em grupo. São intuitivas, hábeis no relacionamento
interpessoal, criativas, honestas, verdadeiras e capazes de levar alegria ao trabalho;
Nível 6: Fazer a Diferença / Comunidade -foco em fazer a diferença no mundo.
Também é o nível de envolvimento ativo na comunidade local. Indivíduos que operam
neste nível, valorizam a intuição e contribuição e podem ser interessados pelo meio
ambiente ou assuntos locais. Este nível contém valores como aconselhamento,
trabalho na comunidade, empatia e consciência ambiental. Há uma total integração do
ser, que se torna repleto de significado, muita ligação com a família, colegas e
comunidade, pois é através deles que se cumpre todo o potencial e abundância de
criatividade. Segundo Maslow (1993), a pessoa criativa tem uma grande habilidade de
“se perder no presente”, no seu momento criativo. Nas organizações, os colaboradores,
77
preocupam-se muito com a empresa e com a comunidade, pois ambas fazem parte da
sua identidade. Têm uma forte perspectiva humanitária e vêem a organização como
um meio de realizar a sua missão. Se não houver essa possibilidade, estas pessoas
buscam o voluntariado de alguma forma, para sentirem que contribuem de forma
positiva com a comunidade. Não se importam muito com recompensas financeiras,
estão concentradas na realização pessoal. São acessíveis e querem manter sua vida em
equilíbrio. Maslow (1993), cita em sua obra estas pessoas como aquelas que fazem
acontecer, que são pragmáticas e efetivas, guardando assim, alguma relação com este
nível;
Nível 7: Serviço / Social -reflete o nível mais alto de conexão interna e externa. É
focado no serviço à humanidade e ao planeta, há uma forte conexão com toda a
criação, tornando-se um, com o que existe. Tudo o que fazem, sabem que estão
fazendo por eles mesmos e desejam afetar a toda a sociedade. Indivíduos operando
neste nível estão à vontade com incertezas, demonstram sabedoria, compaixão e
perdão, têm uma perspectiva global e se preocupam com assuntos como justiça social,
direitos humanos e gerações futuras. No mundo corporativo, estas pessoas têm uma
boa visão de mundo, estão informadas sobre todos os acontecimentos importantes e
procuram buscar soluções com ética. As outras pessoas buscam sua opinião, e tudo o
que fazem tem um propósito moralmente correto. Preocupam-se constantemente com
o bem comum e com o impacto de sua organização no mundo, são visionários,
pacientes, muito comprometidos, gostam de momentos de solidão e meditação, e
sentem-se freqüentemente contentes com o que são e com o que fazem. Maslow
(1993), faz referência em sua obra, a pessoas mais contemplativas, com muitos
insights que mudaram sua visão de mundo para algo uníssono, se parecendo então,
com as pessoas citadas neste nível de consciência do modelo de Richard Barret
(2000).
Segundo Barret (2000), os níveis mais elevados de consciência são dominados pelo amor e
pelos sentimentos de conexão, os mais baixos tendem a ser dominados pelo medo,
experimentado como uma espécie de separação e fragmentação. De acordo com Maslow
(1993), os “valores do ser”, como confiança, unidade, integridade, generosidade, alegria,
autosuficiência, etc, são mais escolhidos pelas pessoas auto-realizadas, mais maduras,
independentes e corajosas. Aquelas pessoas que têm medo, são reprimidas, tímidas, coagidas
e dependentes, normalmente tendem a escolher os valores ligados às necessidades inferiores.
78
3.2.4 Os Sete Níveis de Consciência Organizacional
Culturas corporativas crescem e se desenvolvem da mesma maneira que personalidades
individuais, pois são entidades vivas, que partilham de motivações semelhantes às das pessoas
e são construídas em torno de valores e crenças que formam o modelo mental de como se
acredita que o mundo é. Este crescimento acontece, na medida em que as organizações
dominam com sucesso os valores associados a cada um dos níveis de consciência corporativa.
As mais bem sucedidas são aquelas que desenvolvem sua consciência completamente, pois
têm assim, condições de responder apropriadamente a todos os seus desafios. (BARRET,
2000).
Os níveis de consciência organizacional possuem as seguintes características, conforme
descritas abaixo, de acordo com Barret (2000).
Nível (1): Sobrevivência – foco em assuntos financeiros e crescimento
organizacional. Inclui valores como lucro, valor do acionista, saúde e segurança do
colaborador. Para ser bem sucedido neste nível, é necessário desenvolver habilidades
para assegurar a manutenção da rentabilidade, do valor de acionista, da saúde e
segurança do colaborador. Os aspectos potencialmente limitadores deste nível, ligados
aos medos acerca da sobrevivência, incluem valores como controle, comportamento
territorial, excessiva precaução e exploração em geral. A preocupação financeira é
importante, pois sem lucros as organizações acabam. Porém, se a empresa estiver
profundamente enraizada nisso, gera-se uma preocupação exclusiva com resultados
financeiros e uma grande insegurança quanto ao futuro, trazendo controles excessivos
visando a diminuir os medos. Estas empresas costumam ver as pessoas e a Terra como
recursos a serem explorados, não gostam de se adaptar a regulamentos externos, e
sentem-se mal com qualquer regra que as limite de ganhar dinheiro;
Nível 2: Relacionamento -este nível está ligado à necessidade de relacionamentos
harmoniosos entre os colaboradores, clientes e fornecedores, sem os quais, a
sobrevivência fica comprometida. Inclui valores como comunicação aberta, resolução
de conflito, satisfação de clientes, cortesia e respeito. As corporações aprendem a
dominar este nível desenvolvendo habilidades para criar relações harmoniosas, que
dêem aos colaboradores um senso de pertencer, além de relações fortes entre eles e os
clientes. Os aspectos potencialmente limitadores deste nível surgem dos medos da
79
perda de controle ou consideração pessoal, conduzindo à manipulação, culpa e
competição interna. Organizações muito presas a este nível, estão mais preocupadas
com o que vão receber nos diversos relacionamentos, do que com o que vão dar. São
fortes na tradição e imagem e fracas na flexibilidade e iniciativa, sendo por isso, as
regras importantes. Há pouca confiança, exige-se disciplina e obediência dos
colaboradores. Segundo o autor, as empresas familiares tendem a operar nesta
consciência, limitando sua capacidade de crescimento, pois não conseguem confiar,
realmente, posições chave a estranhos;
Nível 3: Auto-estima – neste nível, a empresa está interessada nas melhores práticas,
sistemas e processos que melhorem os métodos de trabalho; na entrega de serviços e
produtos; tem desejo de grandeza; e considera a administração uma ciência. Valores
deste nível incluem produtividade, administração do tempo, eficiência, crescimento
profissional, desenvolvimento de habilidades e qualidade. Os treinamentos preferidos
são aqueles sobre assuntos que tenham impacto financeiro direto. As empresas
consolidam o nível 3 desenvolvendo estruturas, sistemas e processos que tragam
ordem e eficiência à organização. Os aspectos potencialmente limitadores provêm do
pouco orgulho de si mesma e de estar fora de controle, reforçando valores como
status, arrogância, e complacência. O controle de que necessitam, é mantido através
das estruturas hierárquicas que, muitas vezes, apenas atendem às necessidades de
reconhecimento e privilégio dos líderes, não trazendo nada além da burocracia;
Nível 4: Transformação -foco em renovação e aprendizado contínuos,
autoconhecimento e no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Contêm
valores que superam os valores potencialmente limitadores de níveis 1 a 3, como
responsabilidade, participação dos empregados, aprendizagem, inovação, trabalho em
equipe, desenvolvimento pessoal e compartilhamento de conhecimento. A partir deste
nível, não há valores limitadores e as organizações o dominam quando aprendem a
equilibrar as necessidades externas da corporação com as necessidades dos
colaboradores. Este nível é a ponte entre o interesse próprio e o bem comum, e as
organizações normalmente entram nele por ser um passo natural de sua evolução ou
porque sua viabilidade está ameaçada. O início deste processo é sempre com a
participação dos colaboradores, solicitando-se que assumam também a
responsabilidade por tornar a empresa um sucesso. O controle começa a ser mudado
para a confiança, a punição para o incentivo, a exploração para a propriedade, o medo
80
para a verdade, a centralização para a delegação e são estabelecidos mecanismos para
estimular a inovação, a diversidade e o aprendizado. A escravidão do resultado
financeiro começa a desaparecer e volta-se o olhar para outros indicadores de sucesso
também, iniciando-se um processo de identidade central a partir da missão e valores.
A partir do nível 5, inicia-se um grau de crescente conexão na organização;
Nível 5: Coesão Interna – neste nível, a organização está interessada em construir
coesão interna e um senso de espírito comunitário dentro dela mesma. As corporações
aprendem a dominar esta fase, alinhando as motivações individuais de todos os
colaboradores à visão global da corporação. O resultado é a coesão interna. Inclui
valores como confiança, integridade, honestidade, consciência de valores, cooperação,
excelência, transparência, igualdade e justiça. Os subprodutos destes valores são
prazer, entusiasmo, paixão, compromisso e criatividade. Há constante incentivo à
realização pessoal e profissional do colaborador e concentração em suas necessidades,
encorajando níveis maiores de produtividade e criatividade. Em decorrência disso,
naturalmente, a confiança, o espírito comunitário e a coesão se desenvolvem.
Encoraja-se os riscos e aprende-se com os erros, sem culpas e com leveza. Por
reconhecerem a importância de encontrar propósito e significado no trabalho, as
empresas estimulam o alinhamento das motivações pessoais dos colaboradores com as
da empresa. Os níveis 6 e 7, descritos a seguir, além do foco na conexão interna,
também possuem o foco na conexão externa;
Nivel 6: Comunidade – foco no aprofundamento e fortalecimento das relações
internas e da conexão externa. Para isso, as empresas ajudam na sustentação da
economia local, realizando auditorias ambientais e sociais, colaborando com outras
empresas, criando oportunidades para que os colaboradores façam a diferença na
comunidade e vão além de apenas obedecer a lei, ao lidar com suas responsabilidades.
As organizações neste nível criam parcerias com clientes e fornecedores e dão apoio à
comunidade local, reconhecendo assim, a importância de alianças estratégicas. Há
também grande preocupação com o atendimento total às necessidades dos
colaboradores – físicas, emocionais, mentais e espirituais. Dentro da organização,
inclui valores como desenvolvimento de liderança, mentoring,e coaching.
Externamente, este nível inclui valores como colaboração do cliente e do fornecedor,
parcerias, alianças estratégicas, envolvimento da comunidade e consciência ambiental.
Neste nível, as empresas obtêm sucesso, ao apoiar a conexão interna para que os
81
colaboradores encontrem o significado no seu trabalho e, ao mesmo tempo, construir a
conexão externa através de coalizões com empresas que compartilhem da mesma
visão;
Nivel 7: Sociedade -reflete o nível mais alto de conexão interna e externa e seu foco
primário é a responsabilidade social e o serviço à humanidade e ao planeta, devido ao
reconhecimento de que há estreita relação entre a vida, a necessidade das pessoas e das
instituições assumirem seu papel para o bem estar de todos. Dentro da organização,
inclui valores como visão, sabedoria, perdão e compaixão. Externamente inclui
valores como ética, justiça social, direitos humanos, paz e preocupação com gerações
futuras, todos ligados ao desenvolvimento sustentável. Em sua estratégia, acrescentam
filantropia e ativismo social, e preocupam-se com o impacto de suas ações no futuro,
demonstrando compreensão da necessidade de boa vontade social para o
desenvolvimento de uma organização de sucesso. Por terem uma forte posição moral,
têm o respeito de seus colaboradores e da sociedade. Para ter domínio deste nível, as
organizações precisam, continuamente, aprofundar a coesão interna dos colaboradores
através de condutas e códigos de ética, além da expansão do senso de conexão externa
para incluir o planeta e a humanidade.
Segundo Barret (2000), muitas organizações tendem a se focar nos três primeiros níveis de
consciência. Porém, as organizações mais prósperas são distribuídas pelos outros quatro
níveis. Para a longevidade, elas precisam desenvolver o nível 4. Para se tornarem líderes em
seu mercado, precisam desenvolver o nivel 5. Para manterem a posição como líderes neste
mercado e se protegerem de choques potenciais, precisam desenvolver o nível 6. E,
finalmente, para garantir a sua relevância futura nos olhos da sociedade, precisam desenvolver
o nível 7. A figura 5 mostra a correlação entre necessidades, motivações e níveis de
consciência pessoal e organizacional, com o objetivo de clarificar suas interações.
82
Figura 5 – Relação entre motivações e os Sete Níveis da Consciência
Fonte: adaptação de BARRET R., 2000
3.3 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DOS VALORES DA LIDERANÇA
Segundo Barret (2000), o nível de consciência em que uma organização opera, é uma reflexão
direta do nível de consciência de seu líder principal atual e do nível das demais autoridades de
tomada de decisão, bem como, da herança de antigos líderes. Quando as motivações deste
grupo conflitam com as necessidades dos membros da organização, os líderes decidem o que
é prioritário. Quando se começa a buscar equilíbrio entre ambos, inicia-se a “transformação”
que, como em nível pessoal, não é um evento único, fazendo com que haja vários momentos
de escolha. A transformação é importante, pois se não há alinhamento entre a consciência dos
colaboradores e a da organização, esta tem dificuldade em atrair e reter talentos. A
transformação envolve o abandono de velhas crenças e sua substituição por novas, sempre
através da superação dos medos, podendo ser muito dolorosa. Além disso, de acordo com o
autor, as organizações têm mais sucesso quando procuram a participação dos colaboradores
nos processos de decisão e quando os colaboradores têm uma visão comum de futuro e
operam com valores e crenças compartilhados. Em tais situações, eles operam com liberdade
responsável e pode ser delegada maior autoridade de decisão para outros níveis. Se isso não
acontece, facções podem ser formadas e a sobrevivência da organização pode ser ameaçada.
A transformação cultural envolve uma mudança na consciência da liderança, do “eu” para o
Pirâmide de
Maslow
Motivões Humanas Interesse
veis da Consciência
Pessoal
Necessidades
Humanas
veis da Consciência
Organizacional
Servo Servo Sociedade
Fazer a diferença Fazer a diferença Comunidade
Significado Significado Coesão Interna
Crescimento pessoal
Auto-realizão Realizão
Auto-estima Auto-Estima
Amor Relacionamento Auto-Estima Auto-Estima
Segurança Saúde Relacionamento Relacionamento
Fisiológicas Segurança Sobrevivência Física Sobrevivência
Pirâmide de
Barret
Espiritual
Emocional
Mental
Interesse
Pessoal
Transformação
1
2
3
4 Transformação
5
6
7
Bem Comum
Pirâmide de
Maslow
Motivões Humanas Interesse
veis da Consciência
Pessoal
Necessidades
Humanas
veis da Consciência
Organizacional
Servo Servo Sociedade
Fazer a diferença Fazer a diferença Comunidade
Significado Significado Coesão Interna
Crescimento pessoal
Auto-realizão Realizão
Auto-estima Auto-Estima
Amor Relacionamento Auto-Estima Auto-Estima
Segurança Saúde Relacionamento Relacionamento
Fisiológicas Segurança Sobrevivência Física Sobrevivência
Pirâmide de
Barret
Espiritual
Emocional
Mental
Interesse
Pessoal
Transformação
1
2
3
4 Transformação
5
6
7
Bem Comum
83
“nós”, sendo o papel da liderança na condução de todo este processo, fundamental. Segundo
Maister (2001), o que se faz indiretamente, afeta 80% da cultura da empresa. Quando se
influencia o líder de nível médio -e esta é considerada pelo autor, uma ação indireta, há uma
ótima chance de se conseguir o que quer.
De acordo com Barret (2000), o conhecimento, aos poucos, substituiu o trabalho físico e
manual, e tornou-se o degrau anterior à criatividade e inovação, que podem trazer muitas
oportunidades de novos negócios. Porém, o principal limite a esta expansão, é o
aprisionamento da capacidade criativa das pessoas. Segundo o autor, todos são criativos mas,
infelizmente, tolhidos desta criatividade na infância e durante o processo de formação
educacional. Na empresa, muitas vezes, não podem expressá-la aos próprios líderes. Com o
objetivo de se trazer à tona esta criatividade, as organizações devem então construir, uma
cultura de participação dos empregados e institucionalizar a busca por inovação. Quando isto
se torna parte da cultura, os colaboradores entendem que a Alta Administração se importa
pelo que eles pensam e se comprometem mais, pois vêem que suas idéias podem fazer a
diferença, trazendo à tona a criatividade. Quando os valores são compartilhados, a confiança
se desenvolve. As pessoas querem líderes que as encorajem a explorar sua própria
criatividade, pois assim, as suas vidas ganham significado. Porém, a maioria das organizações
falha nisso porque o uso da criatividade pressupõe a ocorrência de fracassos; e se a empresa
tiver uma cultura onde não se possa errar sem ser punido, muito controladora, gerará o medo
que impedirá o processo de florescimento.
Maslow (1993), diferencia criatividade primária -aquela que vem do inconsciente e é a origem
das grandes descobertas, da secundária -aquela que advém da convivência com pessoas
criativas, através do aperfeiçoamento de suas idéias. Nas empresas, há alguma dificuldade em
lidar com os criativos primários, pois não são convencionais, são meio irrealistas e
indisciplinados. O ideal é deixá-los livres em seu momento de brainstorming, porque depois
eles se tornam naturalmente racionais para analisar suas idéias. Em uma organização, estas
pessoas têm pouca liberdade de serem o que são e, por isso, encontra-se muitos deles no meio
acadêmico. Cada dia mais, segundo o autor, as empresas precisam se preocupar em como
recrutar e manter pessoas criativas, devido ao rápido fluxo de mudanças na história atual, que
muitas pessoas não conseguem compreender. Executivos e líderes devem ser pessoas capazes
de lidar com o inevitável e com a obsolescência de qualquer produto e maneira de fazer as
coisas, antecipando as mudanças, divorciando-se do passado, com coragem para enfrentar os
problemas de forma improvisada, sem preparo prévio, se necessário. Isto exige pessoas
84
saudáveis e fortes, com habilidade de ouvir, de perceber a realidade e que usam o presente
para se preparar para um futuro incerto. Segundo Kets de Vries (1997) os administradores
profissionais constroem estruturas rígidas e sistemas planejados para que as pessoas se
comportem de determinada forma, vendo a criatividade como uma ameaça, com o risco de
trazer o caos e desordem à sua arrumação. Para manter a ordem, acabam tirando os seres
humanos da sua “equação” e esquecem a necessidade do bom humor, talvez porque o que
pareça mais ameaçador para eles, seja a descoberta de que muita coisa no comportamento
humano acontece fora do controle da consciência.
A definição do tipo de líder necessário a este momento crucial da evolução dos homens é
“alguém que abraça uma visão e corajosamente vai em busca dessa visão de tal modo que ela
ressoe na alma das pessoas” (BARRET, 2000). Dentro deste conceito, ser líder nada tem a ver
com posição hierárquica, e sim com o fato de ser capaz de apoiar algo que faça as pessoas
sentirem que estão falando por elas, e por isso, elas o seguem. A psique humana é formada
por dois extremos -o ego, que se vê como físico, onde ficam os medos; e a alma, espiritual e
conectada com o amor. O ego racionaliza as ações e a alma trabalha com o coração, sempre
sabe o que fazer, mas não se impõe sobre o ego. A personalidade humana está em algum
ponto do continuum, mostrando uma mistura de valores e motivações. Quando as pessoas são
incapazes de enfrentar seus medos, preferem a segurança ao crescimento e se afastam da
alma. Libertar a alma da empresa significa criar uma cultura que repercuta os valores dos
funcionários, tendo como benefícios maior integridade, confiança, comprometimento,
criatividade, produtividade. Esta cultura só pode ser criada e conduzida por líderes que
passaram por profundas transformações.
Para Kotter (2000), o bom líder inspira e motiva as pessoas pela satisfação de suas
necessidades de realização, senso de propriedade e controle sobre sua própria vida,
reconhecimento, auto-estima e capacidade de viver seus ideais. Para tanto, os bons líderes
explicam a visão da empresa de forma a salientar os valores das pessoas a quem se dirigem,
tornando assim, o trabalho importante para elas; envolvem-nas nas decisões sobre como
concretizar aquela visão; apóiam-nas na implementação destas idéias; e ajudam-nas a se
desenvolverem pessoal e profissionalmente. Além destas atitudes, reconhecem e
recompensam o sucesso, tornando assim, o trabalho motivador por si só. Segundo Kets de
Vries (1997), se o líder mostrar claramente suas expectativas, demonstrar que confia nas
pessoas e criar uma estrutura que facilite as coisas, certamente as pessoas farão tudo para
atingir os objetivos propostos, pois as pessoas canalizarão suas energias na direção certa.
85
3.3.1 Os Sete Níveis de Consciência da Liderança
Barret (2000), fez distinção entre sete níveis de liderança, conforme apresentado na Figura 5,
onde cada nível possui uma importância e um papel específicos para a maximização da
conexão dos valores pessoais e organizacionais, tornando as pessoas felizes e produtivas.
Figura 6 – Os Sete Níveis de Consciência da Organização X Liderança
Fonte: adaptação de BARRET, R., 2000.
A seguir são apresentadas as características de cada um dos estilos de liderança, citados
acima, quais sejam:
1) Autoritário: necessidade de controle, estilo ditatorial pois tem dificuldade de
relacionar-se de modo aberto. Tem medo de confiar nos outros, por isso, não solta as
rédeas. Dá ordens sem perguntar, irrita-se facilmente e não fala de emoções com
tranqüilidade, criando assim, um ambiente de trabalho nada saudável. Quanto maiores
os medos, menos riscos corre. Se houver insegurança quanto a dinheiro, explorará as
pessoas para atingir seus objetivos;
2) Paternalista: é um autoritário que precisa ser amado, mas que não consegue com esta
necessidade, superar a de controle. Assim, segundo Barret (2000), os paternalistas são
“ditadores benevolentes”. São protetores, mas exigem lealdade e obediência, pedem
opinião para que as pessoas sintam que são ouvidas, mas fazem o que querem, sendo
então, manipuladores. Também têm muita dificuldade em confiar nos demais. Esse
tipo de liderança é bastante comum em empresas familiares, confiando-se apenas em
quem for da família, limitando-se enormemente a diversidade de talentos que a
empresa necessita e destruindo-se o espírito empreendedor dos colaboradores;
(7)
(6)
(5)
(4)
(3)
(2)
(1)
Sociedade
Comunidade
Coesão Interna
Transformação
Auto-Estima
Relacionamento
Sobrevivência
Sábio/Visionário
Parceiro/Servo
Colaborador
Facilitador
Administrador
Paternalista
Autoritário
86
3) Administrador: tem necessidade de ordem e respeito, gosta de exercitar o intelecto,
de estruturas e análises racionais, sabe planejar e cumprir metas. É produtivo, estável,
prioriza o seu trabalho, gosta de aprender novas técnicas de administração e de estar
no controle. Caso sua necessidade de respeito seja dirigida pelo medo, se torna
politiqueiro, ambicioso e competitivo. Sua necessidade de ordem pode levá-lo a não
mudar o que está estabelecido, e a de recompensas, pode levá-lo a ser um workaholic.
Cria ambientes de trabalho eficientes, mas pode ser exigente demais se não for
equilibrado;
4) Facilitador: está em fase de transição entre administrador e líder, aprendendo a
libertar seus medos e a satisfazer as necessidades da sua alma, e não mais as do ego. À
medida que abandona a necessidade de aprovação externa e controle, incentiva a
participação, consenso e começa a descobrir quem é, de verdade, e ajuda aos demais a
se capacitarem. Agora quer um trabalho que se alinhe com sua missão e paixão, e
busca crescimento pessoal e equilíbrio, levando-o à maior independência e
conscientização sobre forças e fraquezas. É mais aberto e inovador, procura
desenvolver a equipe e as habilidades de comunicação;
5) Colaborador: está preocupado em encontrar significado e com o melhor resultado
para todos. Procura criar uma verdadeira comunidade na organização, desenvolvendo
a confiança mútua. É flexível, criativo, autêntico, democrático, entusiasmado, faz o
que diz, está disposto a ser vulnerável e confrontar as pessoas porque tem pouco medo
e sabe que não precisa ter todas as respostas. Essa confiança faz com que veja
problemas como oportunidades. Planeja em longo prazo, dentro da visão, esclarecendo
as prioridades. Tem inteligência emocional e intelectual, além de habilidade em expor
o melhor das pessoas;
6) Parceiro: possui necessidade de fazer a diferença, servindo a quem lidera. Cria
parcerias estratégicas com organizações externas e alianças com clientes e
fornecedores. Ao mesmo tempo, procura formas de sua equipe ter realização pessoal
no trabalho, buscando sistemas que os apóiem. Ativo na comunidade local, gera boa
vontade para com a organização. Atua a favor do meio ambiente. É bom ouvinte,
simpático, mentor, vê as situações além do simples limite de causa e feito, criando
assim, elos que geram comprometimento;
7) Visionário: motivado pela necessidade de estar a serviço do mundo, vê sua missão e a
da empresa sob uma perspectiva social. Tem uma visão global e está sempre querendo
87
saber como pode ajudar. Sabe que tem um papel a desempenhar no complexo mundo
de hoje. É humilde, generoso, tem facilidade de perdoar, paciente e se relaciona com
pessoas de todos os níveis. Preocupa-se com as futuras gerações, paz, justiça social,
sente-se à vontade com a incerteza e solidão. Os visionários são considerados sábios e
de visão, pois não comprometem resultados em longo prazo para ganhos de curto
prazo e, ao mesmo tempo, comprometem-se com a ética.
Cameron & Quinn (1999), caracterizam os estilos de liderança segundo os diferentes
quadrantes de sua teoria:
Cultura hierárquica – organizadores, gostam de monitorar, controlar, coordenar e
manter eficiência. Guardam relação com os Administradores acima;
Cultura clan – gostam de desenvolver times, e dar suporte, são facilitadores,
parecendo-se com o nível de líderes Colaboradores;
Cultura adhocrática –visionários, inovadores, empreendedores, sentem-se à vontade
com o risco, focados no futuro. Estas características são semelhantes aos dos líderes
Visionários, segundo a definição de Barret (2000);
Cultura de mercado – conduzem os assuntos de forma dura, incentivam a
competição, muito focados em resultados, guardando alguma semelhança com os
Autoritários.
Segundo Barret (2000), já começaram a surgir novos líderes bem sucedidos, focados no bem
comum, alguns voltados para a construção de comunidades corporativas; outros para o
desenvolvimento de alianças estratégicas; e outros para a diminuição de desigualdades. Relata
ainda que, a grande maioria das empresas que vivem desta maneira, estão entre as de maior
desempenho em seus setores. Porém, para que isso aconteça com as demais, o difícil desafio é
transformar os administradores em líderes.
A título de contribuição para o constructo de Richard Barret (2000), acrescentou-se a este
estudo o constructo de Rodriguez (2002), descrito a seguir, que relaciona a motivação e auto-
realização individual com o desenvolvimento de 2 competências essenciais: a competência
pessoal e a competência de agregação de valor. Relacionou-se a “competência pessoal” com
os níveis mais baixos da consciência, os quais estão baseados no interesse próprio, e a
“competência de agregação de valor” com os níveis mais altos da consciência humana, que se
baseiam no bem comum.
3.4 SISTEMA BALANCEADO DE MÉTRICAS PESSOAIS
88
O corpo de uma empresa é formado pelos seus processos e pela sua tecnologia, sendo o seu
coração e cérebro formados pelos seus funcionários.
9
Rodriguez (2002) desenvolveu o Sistema Balanceado de Métricas Pessoais – Personal
Balanced Scorecard – que se baseia em critérios da Qualidade de Vida dos Seres Humanos
que formam a base para o perfeito ajuste das diversas dimensões nas quais o indivíduo atua.
Focalizando duas dimensões naturais e inerentes ao ser humano, objetiva-se um Sistema de
Gestão Pessoal, para auxiliar no perfeito balanceamento das suas necessidades, dentro da
percepção individual e, em função da sua visão de futuro, dentro de um contexto altamente
dinâmico e não determinístico, mas sim probabilístico.
Segundo Rodriguez (2002), estes critérios servem para auxiliar no perfeito balanceamento das
necessidades humanas, dentro da percepção individual e em função da sua visão de futuro. O
objetivo destes critérios é o de fornecer um poderoso instrumental para definir, planejar, atuar,
corrigir rumos e melhorar as atitudes e comportamentos dentro de uma visão sistêmica do
mundo, onde ciência, filosofia, religião e arte são partes desta visão sistêmica acopladas à:
intuição, razão e pensamento, sentimento e emoção e sensação e percepção, conforme figura a
seguir.
Intuição
Sentimento
Emoção
Rao
Pensamento
Sensação
Percepção
Religo
ArteCiência
Filosofia
Intuição
Sentimento
Emoção
Rao
Pensamento
Sensação
Percepção
Religo
ArteCiência
Filosofia
Figura 7 - Fragmentação do conhecimento segundo Weil e Jung
Fonte: adaptação de RODRIGUEZ, M. R. y, 2002.
9
RODRIGUEZ, M. R. y. Organizações que aprendem. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
89
Para que o homem possa atingir níveis cada vez mais elevados de consciência, é necessário
entender que o processo de formação de conhecimento tácito é feito a partir de um conjunto
complexo de regras que é construído, ao longo do tempo, no cérebro humano. Para que esta
formação de conhecimento ocorra, é fundamental a comunicação do homem com o meio
exterior, através dos seus cinco sentidos. Já o conhecimento explícito é a materialização
destas regras, construídas em cada um de nós, dentro de uma linguagem entendida por outros
além de nós mesmos. Define que:
Conhecimento humano é tácito, orientado a ação, baseado em regras e em constante
mutação;
Conhecimento explícito é baseado na informação, que significa um conjunto
organizado de dados que explicitam regras para todos. Portanto, é um subconjunto do
conhecimento humano;
Competência está baseada em alguém que possua habilidade, experiência,
julgamento de valor e está construída dentro de uma rede social, o que significa que é
contextual.
3.4.1 O MODELO DE GESTÃO PESSOAL
O modelo de gestão pessoal está baseado no desenvolvimento de uma visão estratégica
individual e no seu acompanhamento a partir do desdobramento desta visão em objetivos
estratégicos. Estes objetivos estarão distribuídos em uma das duas dimensões relacionadas ao
nível de cada indivíduo, quais sejam: a sua competência pessoal e a sua capacidade de
agregação de valor (RODRIGUEZ, 2002).
De acordo com Rodriguez (2002), cada pessoa busca a sua auto-realização que será, em
hipótese excepcional, o total dos objetivos estratégicos. Normalmente será, também, um
subconjunto dos objetivos estratégicos desdobrados a partir da visão de futuro individual.
Assim, auto-realização é a capacidade de construir e moldar a sua essência e suas ações de
forma equilibrada com você e com os seus pares, buscando o equilíbrio entre as suas
realizações físicas-econômicas-emocionais-mentais.
O modelo de gestão pessoal está baseado em duas dimensões, conforme esquemático
apresentado a seguir.
90
Personal Balanced Scorecard
Figura 8 – O sistema de gestão pessoal
Fonte: adaptação de RODRIGUEZ, M. R. y, 2002.
1. Competência Pessoal é relacionada à capacidade individual intelectual e física
intrínseca de cada um. Está ligada ao potencial físico e intelectual acumulado ao longo
dos anos em cada pessoa e que pode ser desdobrado nas seguintes áreas de interesse:
Educação formal – cursos formais já obtidos ou reconhecido saber;
Intelectual – equilíbrio no aprendizado; não exagerar nos estudos em
detrimento de outras coisas, desenvolver suas competências pessoais a partir
daquelas que são predominantes;
Competências duráveis – de pensar estrategicamente, de pensar
sistemicamente, de ver o todo, de fazer abstrações, de inovar e criar, de chegar
à essência das coisas, de fazer acontecer, de se comunicar, de negociar com os
seus pares, de se relacionar, de iniciar mudanças, de mudar, de energizar
pessoas;
Cultura – relacionada aos conhecimentos gerais e a conexões com o ambiente
atual, estar informado sobre os principais eventos atuais, participar de
conferências e de grupos de discussão, ler jornais e revistas, ler livros, ter
acesso a informações pela Internet, assistir as musicais, assistir a peças teatrais,
viajar, assistir televisão;
Competência
de Agregação
de Valor
Competência
Pessoal
91
Evolução pessoal – autoconhecimento, espiritualização, evolução da essência,
missão maior na terra, desenvolvimento da intuição, meditação, conversas,
cursos de desenvolvimento profissional, cursos de desenvolvimento do lado
psicológico e espiritual, consciência de que a evolução da essência é o objetivo
maior da vida;
Saúde física e mental – investimento na alimentação saudável e qualidade d
evida, desenvolvimento da forma física, lazer, tratamento do corpo como
morada do espírito, contribuição para a preservação da vida e do planeta,
calma e baixo nível de ansiedade, exercício do não julgamento e juízos de
valor;
Emocional – equilíbrio no relacionamento, dosagem entre a obrigação,
devoção e satisfação, autoconhecimento. Exemplo: percepção do equilíbrio
entre tempo dedicado para si comparado ao tempo dedicado aos outros.
2. Competência de Agregação de valor está relacionada à realização de trabalho e
agregação de valor junto aos semelhantes, ou seja, o quanto está sendo planejada a
geração de valor para os clientes. Neste caso, as dimensões utilizadas devem expressar
o quanto de esforço está sendo programado ao longo do período para ser despendido,
desdobradas nas seguintes áreas de interesse:
Trabalho – capacidade de agregar valor nos produtos e serviços gerados,
química e sinergia com as pessoas, capacidade de agregação, execução de
tarefas com alegria e leveza sem stress, objetividade na realização de tarefas,
capacidade de aplicar conhecimentos e talento, uso de habilidades, capacidade
de utilizar de forma positiva o dom, capacidade de utilizar a inteligência que
sobressai para impulsionar as demais inteligências, contribuição para a
sociedade, ser útil e sentir-se útil, dosagem entre o trabalho remunerado e
voluntário;
Financeiro – equilíbrio trabalho-finanças, reservas mínimas que dêem
segurança material, não ser escravo do dinheiro e do consumismo, só gastar o
que se pode, não construir ou ter ídolos de barro, não exagerar na poupança, ter
folga, ter equilíbrio para não se estressar. Exemplo: patrimônio acumulado no
período de um ano;
Cidadania – não ser alienado da sociedade, ser elemento ativo da sociedade,
influenciar a sociedade, ser ator e não expectador. Participar do processo de
92
reinvenção do desenvolvimento econômico e social, cultivando novos valores e
moldando comportamentos de forma mais consciente e promissora para o
legado às futuras gerações. Ser capaz de refletir sobre como o homem está
construindo o futuro e contribuir para repensar novas formas de organização de
todas as atividades humanas;
Família – valorizar os relacionamentos afetivos e em família, constituindo no
seu próprio lar um processo de aprendizado sobre a vida e suas possibilidades,
transmitindo valores éticos e morais duradouros, que ajudarão no crescimento
da família em todos os sentidos. Valorizar o crescimento espiritual e a
transformação disso em ações para melhoria da vida;
Social – conhecer pessoas; estabelecer conexões em rede de amigos e
parceiros; enxergar o homem integral por trás de cada um: “fazer o bem sem
olhar a quem”; “fazer ao próximo o que gostaria que fosse feito a si”; perceber-
se como parte de um todo mesmo que não conhecido; desenvolver habilidades
de relacionamentos independentemente de qual a cultura, crenças ou valores
alheios ; contribuir como convidado me convidar para a contribuição, criar o
hábito de evitar o preconceito e construir a riqueza das amizades e de todo o
potencial que os relacionamentos são capazes de gerar;
Imagem – capacidade de reconhecer a imagem pessoal como um instrumento
que motiva para mudanças, conduzindo a vida de maneira a ser um exemplo
que mereça ser imitado.
Considera-se que a dimensão “competência pessoal” está relacionada aos níveis mais baixos
da consciência (BARRET, 2000) e que a dimensão “competência de agregação de valor”
relaciona-se aos níveis de consciência mais altos.
93
4 METODOLOGIA
Pesquisa é uma investigação sistemática que visa a fornecer informações para
resolver problemas gerenciais. Isso define o mínimo necessário para que qualquer
esforço possa ser chamado de pesquisa. Assim, definimos pesquisa em
administração como uma investigação sistemática que fornece informações para
orientar as decisões empresariais.
10
4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA
Segundo Cooper e Schindler (2003) os planejamentos de pesquisa podem ser classificados de
acordo com a abordagem usada para reunir dados primários. Na verdade, há apenas duas
alternativas. Podemos observar condições, comportamentos, fatos, pessoas ou processos. Ou
podemos nos comunicar com as pessoas sobre vários assuntos.
Neste estudo será utilizada a abordagem de comunicação e a surveys como forma de coleta de
dados.
A abordagem de comunicação envolve o questionamento ou estudo de pessoas e o registro de
suas respostas para análise. O principal ponto forte do questionamento – ou da condução de
uma surveys – como técnica de coleta de dados primários é sua versatilidade. Não é
necessário que haja uma percepção visual ou outra percepção objetiva da informação
procurada pelo pesquisador. Informações abstratas de todos os tipos podem ser reunidas ao
questionar as pessoas. Raramente aprendemos muito sobre opiniões e atitudes a não ser
através do questionamento. Isto também é verdade no que se refere a intenções e expectativas.
As informações sobre fatos passados normalmente só estão disponíveis através do
questionamento de pessoas que se lembram dos fatos.
O questionamento é mais eficiente e econômico do que a observação. Algumas poucas
perguntas bem escolhidas podem gerar informações que exigiriam muito mais tempo e
esforço se fossem colhidas através da observação. Uma survey que usa telefone,
correspondência ou Internet como meio de comunicação pode expandir sua cobertura
geográfica a uma fração do custo e do tempo exigidos pela observação.
10
COOPER, Donald R. SCHINDLER, Pamela S. Métodos de Pesquisa em Administração. Porto Alegre:
Bookman, 2003.
94
Porém, a técnica de questionamento tem seus problemas. Seu principal ponto fraco é que a
qualidade e a quantidade de informações obtidas dependem muito da capacidade e da
disposição dos respondentes de cooperar. Normalmente, as pessoas se recusam a ser
entrevistadas ou deixam de responder um questionário enviado por correspondência. Pode
haver muitas razões para essa falta de vontade de cooperar. Certas pessoas, em certas épocas,
não vêem qualquer valor na participação; elas podem temer a experiência da entrevista por
alguma razão pessoal; ou podem achar o assunto abordado muito delicado, acreditando que a
entrevista seria embaraçosa ou invasiva.
Este estudo realizou uma análise quantitativa junto ao corpo de empregados e gerentes da
Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos – UN-BC. Foram
encaminhados 346 formulários, representando 3% dos empregados (148 questionários
enviados) e 100% dos gerentes (198 questionários enviados), com uma taxa de retorno de
30% dos gerentes (59 questionários respondidos) e 47% dos empregados (70 questionários
respondidos). A UN-BC possui hoje 4.381 empregados de nível médio e 773 empregados de
nível superior, além de 14 gerentes, 94 gerentes setoriais e 90 gerentes setoriais de plataforma,
representando os níveis hierárquicos da Unidade.
O presente trabalho se insere no campo das Ciências Sociais, mais especificamente nas
Ciências de Administração, o que confere a ele características peculiares e dificuldades
metodológicas. Como exemplos destas características, podem ser destacadas as seguintes: são
de difícil reprodução em laboratórios, pois dependem do contexto para sua ocorrência,
apresentam enormes limitações metodológicas para quantificações precisas e não há garantia
de que as conclusões do estudo sejam passíveis de generalizações. As dificuldades principais
seriam: dependem de uma forte teorização para sua categorização e compreensão, a coleta de
dados é uma tarefa complexa e requer treinamento do pesquisador para a observação do
fenômeno em sua totalidade (YIN, 2001).
O foco desta pesquisa foi a descrição e compreensão das características dos fenômenos
observados dentro dos grupos e como se relacionam em termos de alinhamento. Foi
empregada uma metodologia de avaliação dos valores pessoais e organizacionais, utilizando-
se o modelo de Richard Barret (2000) em um estudo de caso conduzido na UN-BC, que é uma
Unidade de Negócio do Segmento de Exploração e Produção da Petrobras, localizada na
cidade de Macaé/RJ. Apesar de sua natureza quantitativa, foi necessária a análise qualitativa
dos dados, para dar conta do modelo teórico escolhido. Segundo Richardson et al. (1999), isto
acontece devido à necessidade de se analisar determinadas características num contexto mais
95
amplo, a fim de aprofundar a explicação das relações descobertas. Para ele, o aspecto
qualitativo de um estudo pode estar presente em informações colhidas por instrumentos
quantitativos, sem que se perca o referido aspecto qualitativo quando estas informações são
transformadas em dados com o objetivo de se ter maior exatidão nos resultados.
O método quantitativo é bastante aplicado em pesquisas descritivas que procuram descobrir as
características de um fenômeno, ordená-las e analisar a sua distribuição, classificando a sua
relação. (RICHARDSON et al. 1999). Complementando este pensamento, Costa (2001)
ressalta que “o objetivo de uma pesquisa descritiva, em geral, é construir, por ensaio e erro,
um modelo de comportamento das variáveis implicadas no processo descrito”. Neste sentido,
a pesquisa seria uma “fotografia” da realidade em um dado momento. Na visão de Cooper &
Schindler (2003), a pesquisa descritiva busca descobrir quem, o que, onde, quando ou quanto.
Esta visão é corroborada por Yin (2001), que explicita as mesmas questões, como as que
favorecem a descrição da incidência de fenômenos, ilustrando certos tópicos dentro de uma
avaliação.
4.2 UNIVERSO E AMOSTRA
O universo da pesquisa é composto por empregados próprios da Petrobras/E&P/UN-BC, que
totaliza 5.352 empregados de nível médio e nível superior, sendo 198 gerentes, gerentes
setoriais e gerentes setoriais de plataforma. Engloba, também, empregados da área técnica e
da área administrativa.
Os questionários foram enviados no mês de julho/2005, através de e-mail na Intranet local.
Dos 346 formulários encaminhados, houve retorno de 129, sendo 70 de empregados de nível
médio e superior, e 59 de gerentes, gerentes setoriais e gerentes setoriais de plataforma, o que
representa uma amostra de 2% do total de empregados da UN-BC. Foram enviados
formulários para 6% de todos os empregados da UN-BC.
A literatura de pesquisa está repleta de maneiras de melhorar o retorno das surveys por
correspondência, sugerindo acompanhamento ou lembrete – contatos insistentes com os
respondentes; notificação preliminar – comunicação antecipada; e algumas técnicas
concorrentes, como tamanho do questionário, patrocinador, garantia do anonimato, tamanho,
clareza das instruções, reprodução e cor (COOPER e SCHINDLER, 2003). Todas estas foram
utilizadas pela pesquisadora, como esforço para aumentar o índice de retorno, ficando a
amostra em 5%.
96
O teste final de uma definição de amostra é o quanto essa amostra retrata bem as
características da população que representa.
11
Considera-se esta amostra aceitável, tendo em vista a grande quantidade de empregados da
UN-BC e a dispersão geográfica do local de trabalho (Imbetiba e Plataformas continentais) e
de residência (os empregados offshore estão dispersos por todo o país).
Para Cooper e Schindler (2003), apesar de todos os cuidados, a amostra real atingida nunca
será perfeitamente compatível com a amostra originalmente escolhida. Algumas pessoas vão
se recusar a participar, outras serão difíceis, senão impossíveis de encontrar.
Ainda segundo Cooper e Schindler (2003), há muito folclore em relação ao tamanho
necessário da amostra. Os mitos mais difundidos são: uma amostra deve ser grande, ou não
será representativa, e uma amostra deve ter alguma relação proporcional com o tamanho da
população na qual ela é baseada.
Uma vez que a única característica exigida era ser empregado da Petrobras/E&P/UN-BC,
considera-se que a amostra reflete a necessidade da pesquisadora, pois a precisão desejada é
baixa e existem poucos subgrupos de interesse dentro da amostra (apenas divididos por tempo
de trabalhos prestados à empresa – com 5 anos ou menos; de 6 a 25 anos e acima de 26 anos)
e função exercida – empregado de nível médio ou superior, gerente, gerente setorial e gerente
setorial de plataforma).
Segundo Cooper e Schindler (2003), alguns princípios que influenciam o tamanho da amostra
incluem:
Quanto maior a dispersão ou variância dentro da população, maior deve ser a amostra
para propiciar precisão estimativa;
Quanto maior a precisão estimativa desejada, maior deve ser a amostra;
Quanto menor a amplitude do intervalo, maior deve ser a amostra;
Quanto mais alto o nível de confiança na estimativa, maior deve ser a amostra;
Quanto maior o número de subgrupos de interesse dentro de uma amostra, maior ela
deve ser, pois cada subgrupo deve atender às exigências mínimas de amostra.
A tabela a seguir mostra a distribuição percentual de respostas em relação ao nível
11
COOPER, Donald R., SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre:
Bookman, 2003.
97
hierárquico.
Para Cooper e Schindler (2003), segundo o Teorema do Limite Central, a prática geral da
estatística é assumir que para a maioria das aplicações, a distribuição amostral de x¯ pode ser
aproximada por uma distribuição normal de probabilidade sempre que o tamanho da amostra
é 30 ou mais. Com efeito, considera-se que um tamanho de amostra de 30 ou mais satisfaz a
condição de grande amostra do teorema do limite central.
A distribuição amostral de x¯ pode ser aproximada por uma distribuição normal de
probabilidade sempre que o tamanho da amostra for grande. A condição de grande
amostra pode ser considerada para amostras aleatórias simples de tamanho 30 ou
mais.
12
Tabela 5 – Distribuição percentual de respostas X nível hierárquico
NÍVEL
HIERÁRQUICO
N° DE
COLABORADORES
N° DE
RESPOSTAS
% SOBRE O
NÚMERO DE
COLABORADORES
DO GRUPO
GERÊNCIA 14 6 43%
GERÊNCIA
SETORIAL
94 37 39%
GERÊNCIA
SETORIAL DE
PLATAFORMA
90 16 18%
NÍVEL
SUPERIOR
773 31 4%
NÍVEL MÉDIO 4.381 39 1%
TOTAL :
5.352 129 2%
Fonte: elaborada pela autora
De acordo com Richardson et al. (1999), cada membro de um determinado universo, é
chamado elemento. O questionário utilizado por este estudo foi aplicado aos elementos da
amostra nas diversas áreas da empresa pesquisada, quais sejam, contabilidade e finanças,
12
COOPER, Donald R., SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre:
Bookman, 2003.
98
planejamento e marketing, recursos humanos, suporte técnico, suporte operacional e técnica
(profissionais diretamente ligados à atividade fim), ou seja, não houve nenhuma restrição
quanto à área de atuação interna dos elementos. Os questionários foram encaminhados às 346
pessoas através de e-mail interno pela pesquisadora, ressaltando a importância da pesquisa
para a UN-BC, instruções gerais para o preenchimento e autorização da área de Recursos
Humanos, conforme apêndices. Este procedimento facilitou que se atingisse todo o universo.
Maior detalhamento deste procedimento será feito na seção seguinte.
4.3 COLETA DE DADOS DOS QUESTIONÁRIOS
Uma vez que se considera um tamanho de amostra de 30 ou mais satisfaz a condição de
grande amostra do teorema do limite central, obtém-se a segurança estatística com a amostra
de 129, desta pesquisa.
Para o universo de 5.352 pessoas, foi verificado que uma amostra de 129 pessoas seria
suficiente para cumprir os requisitos citados, conforme o teorema do limite central. Desta
forma, verifica-se que a amostra possui representatividade em todo o grupo e, também, se for
dividida nos dois grupos que foram estudados, separadamente.
O período de coleta das respostas aos questionários foi durante o mês de julho de 2005. Após
o envio do questionário, a pesquisadora contatou vários empregados e gerentes, alguns
pessoalmente e outros por reforço através do próprio e-mail, em função da distribuição
geográfica, com o objetivo de esclarecer dúvidas e reforçar a importância da devolução dos
questionários respondidos corretamente, inclusive quanto às informações pessoais, a fim de
que se pudesse fazer a análise correta dos dados, garantindo a confidencialidade dos dados.
O questionário utilizado foi elaborado utilizando-se perguntas fechadas para o tema em si, e
combinando-se perguntas abertas e fechadas, quanto aos dados pessoais. O modelo descrito
no livro de Richard Barret (2000) sobre os Sete Níveis de Consciência Corporativa, foi a base
sobre a qual o questionário foi construído. O formulário possui questões para a identificação
dos valores dos elementos em duas dimensões: a de valores pessoais; aquela em que, na sua
percepção, demonstra os valores organizacionais atuais. Os valores organizacionais ideais
para o sucesso da empresa foram os valores descritos no Planejamento estratégico 2015.
Para Richardson et al. (1999), “os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever
as características e medir determinadas variáveis de um grupo social”. Dentro desta linha de
raciocínio as questões do questionário são agrupadas em duas partes distintas, de forma a
99
identificar e facilitar a descrição das características das duas dimensões de valores acima
citadas. O modelo de Richard Barret (2000) relata que existem, em cada dimensão, valores
positivos e limitadores, bem como, quatro categorias diferentes de valores: valor pessoal
(integridade, por ex.), de relacionamento ou equipe (confiança, por ex.), organizacional (foco
no cliente, por ex.) ou social (respeito ao meio ambiente, por ex.). Foi solicitado então aos
elementos, que marcassem em cada parte, apenas sete valores dos 49 listados.
Os dados foram coletados individualmente, mas os esclarecimentos de dúvidas quanto ao
preenchimento e quanto à importância da pesquisa, foram dados coletivamente. Caso ainda
houvesse dúvidas, estas poderiam ser tiradas com a pesquisadora, através de e-mail interno. A
devolução do material foi identificada, pois foi feita também através de e-mail interno,
diretamente para a pesquisadora, porém, sendo reforçada a confidencialidade de todos os
dados, o que poderia influenciar nas respostas, caso não fosse garantida.
Como último comentário a respeito da escolha da pesquisadora quanto à utilização de
questionários como sua principal fonte de coleta de dados, cabe salientar suas vantagens.
Segundo Costa (2001), os questionários alcançam muitas pessoas com poucos recursos
financeiros, prescindem de entrevistadores no campo, necessitam de pouquíssimo treinamento
para aplicação e o registro de respostas é fácil.
4.4 VALIDADE DO INSTRUMENTO
Foram aplicados questionários de pré-teste a quatro membros da organização, representando,
cada um, empregados de nível médio, empregados de nível superior, gerentes setoriais e
gerentes setoriais de plataforma.
Foi realizada, também, uma entrevista com um empregado de nível superior e um gerente
setorial.
Ambos, questionários e entrevista, validaram o instrumento de pesquisa, eliminando, apenas,
o espaço destinado a comentários adicionais e sugestões, conforme sugestão dos participantes,
como segue:
“O campo aberto dá margem a diversas colocações, podendo perder o foco da
pesquisa. Não considero que vá agregar valor ao resultado da pesquisa”;
“Se fosse retirado o campo de comentários adicionais e sugestões, o formulário ficaria
mais atrativo”;
“O campo aberto talvez seja um dificultador para a devolução dos questionários”.
100
Para Cooper e Schindler (2003), há várias razões para se utilizar um pré-teste, tais como,
descobrir as reações dos respondentes às perguntas, onde há redundâncias ou repetições, se há
perguntas ameaçadoras, se a linguagem é adequada e evoca o significado pretendido pelo
pesquisador, se as perguntas são ceis de ler, se estão na melhor seqüência e a duração média
de aplicação. Costa (2001) reforça que o pré-teste é válido para que o pesquisador reduza “(...)
os riscos de coletar mal, medir mal, avaliar mal e concluir o que não pode, em rigor, ser
concluído”.
4.5 TRATAMENTO DE DADOS
O emprego de questionários estruturados para a investigação da cultura organizacional atual e
posterior verificação de alinhamentos com a cultura organizacional ideal e com as metas
pessoais, considerou a classificação de valores pessoais e organizacionais em relação aos
níveis de consciência.
A classificação foi elaborada conforme tabelas 6, 7, 8 e 9, inserindo-se sete valores em cada
dimensão que caracterizassem o significado central de cada uma.
Para o enquadramento dos valores, crenças, comportamentos e políticas corporativas de
recursos humanos, constantes do Planejamento Estratégico Petrobras 2015, a autora
relacionou cada um dos 31 itens com um nível de consciência organizacional.
Tabela 6 – Valores Pessoais X Nível de Consciência
NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA
VALORES PESSOAIS
7. SERVIÇO/SOCIAL Ajo como conselheiro; Sou ético; Sou voltado para resultados; Sou
paciente; Reservo parte do meu tempo para reflexões; Sou
intuitivo; Preocupo-me com as gerações futuras.
6. FAZER A
DIFERENÇA /
COMUNIDADE
Faço a diferença; Envolvo-me com a comunidade; Sou acessível;
Cuido da natureza; Tenho vida balanceada; Tenho cuidado com o
meio ambiente; Valorizo o crescimento pessoal e profissional.
5. SIGNIFICADO /
COESÃO
Preocupo-me com a satisfação do cliente; Trabalho bem em
equipe; Tenho bom humor; Busco satisfação pessoal plena; Sou
criativo; Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos;
Gosto de aprender.
101
4. TRANSFORMAÇÃO Tenho reexaminado minhas crenças e valores; Sou responsável por
meus infortúnios; Confio nas pessoas; Sou íntegro; Sou
transparente; Não tenho medo de expressar minhas emoções;
Busco qualidade de vida.
3. AUTO-ESTIMA Gosto de ser respeitado; O poder me atrai; Tenho dificuldade em
confiar; Valorizo o crescimento profissional; Gosto de status;
Preocupo-me com a imagem pessoal; Quero ser o melhor.
2.
RELACIONAMENTO
A camaradagem é importante; Sou leal aos meus colegas; Sou leal
à empresa; Importo-me em ser querido; Sou generoso; Sou
cauteloso ao expressar minhas opiniões; Sou obediente.
1. SOBREVIVÊNCIA Segurança financeira é importante; Acredito que posso conseguir
apesar das dificuldades; A vida é uma batalha; Guio-me por regras;
Sinto insegurança quanto ao futuro; Sou adaptável; Sou
controlador.
Fonte: elaborada pela autora
Tabela 7 – Valores Organizacionais Atuais X Nível de Consciência (Visão do Empregado)
NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA
VALORES ORGANIZACIONAIS ATUAIS
7. SOCIEDADE Procura estimular o desenvolvimento à consciência ecológica;
Valoriza a preocupação com as gerações futuras; Valoriza a ética;
Valoriza a justiça
Valoriza o altruísmo; A empresa obtém o respeito da sociedade em
geral;
A empresa é orientada por resultados.
6. COMUNIDADE Valoriza as parcerias com clientes e fornecedores; Valoriza o apoio
à comunidade local; Valoriza a iniciativa a auditorias ambientais e
sociais voluntárias; Apóia os funcionários que buscam realização
pessoal no trabalho; Estimula as pessoas a fazerem a diferença; Há
a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e
espirituais da equipe;
Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e
102
profissional.
5. COESÃO INTERNA Preocupa-se com as necessidades dos funcionários; Considera que
nossos fracassos servem de lição; Incentiva o aprendizado;
Respeita a senioridade; Valoriza o trabalho em equipe; Valoriza o
funcionário que tem bom humor; Valoriza a inovação.
4. TRANSFORMAÇÃO Valoriza o consenso; Valoriza a responsabilidade e autonomia;
Confia nas pessoas; Encoraja o risco; Busca o envolvimento dos
funcionários;
Estimula a cooperação; Procura aproveitar todo o potencial das
pessoas.
3. AUTO-ESTIMA Reconhece-nos como parte de uma grande organização;
Reconhece-nos por nosso alto desempenho; Considera que o
treinamento da equipe deve refletir diretamente na melhoria dos
resultados financeiros; Considera que o controle é mantido por
meio de estruturas hierárquicas; Valoriza a burocracia em excesso;
Minha empresa é competitiva; Valoriza a busca da qualidade.
2.
RELACIONAMENTO
Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos; Considera
comprometida a empresa que não tenha bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores; Valoriza a tradição e a
imagem da empresa; Valoriza as regras; Valoriza a disciplina e a
obediência; É centralizador; Valoriza o ambiente de camaradagem.
1. SOBREVIVÊNCIA Valoriza principalmente os resultados financeiros; Busca sempre
maior produtividade; É controlador; Considera as pessoas como
recursos para o lucro; Valoriza a sobrevivência da empresa;
Valoriza a obediência ; Valoriza o poder autoritário.
Fonte: elaborada pela autora
Tabela 8 - Valores Organizacionais Atuais X Nível de Consciência (Visão do Gerente)
NÍVEL DE VALORES ORGANIZACIONAIS ATUAIS
103
CONSCIÊNCIA
7. SOCIEDADE Procuro estimular o desenvolvimento à consciência ecológica;
Existe preocupação com as gerações futuras; Valorizo a ética;
Valorizo a justiça; O altruísmo é comum; A empresa obtém o
respeito da sociedade em geral; A empresa é orientada por
resultados.
6. COMUNIDADE Há parcerias com clientes e fornecedores; Valorizo o apoio à
comunidade local; Valorizo a iniciativa a auditorias ambientais e
sociais voluntárias; Apóio os funcionários que buscam realização
pessoal no trabalho; Estimulo as pessoas a fazerem a diferença; Há
a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e
espirituais da minha equipe; Valorizo os funcionários que buscam
o crescimento pessoal e profissional.
5. COESÃO INTERNA Há preocupação com as necessidades dos funcionários; Nossos
fracassos servem de lição; Incentivo o aprendizado; Respeito a
senioridade; Valorizo o trabalho em equipe; Valorizo o funcionário
que tem bom humor; Valorizo a inovação.
4. TRANSFORMAÇÃO Valorizo o consenso; Valorizo a responsabilidade e autonomia;
Existe confiança; Encorajo o risco; Busco o envolvimento dos
funcionários; Estimulo a cooperação; Procuro aproveitar todo o
potencial das pessoas.
3. AUTO-ESTIMA Somos reconhecidos como uma grande organização; Somos
reconhecidos por nosso alto desempenho; O treinamento de minha
equipe deve refletir diretamente na melhoria dos resultados
financeiros; O controle é mantido por meio de estruturas
hierárquicas; Existe burocracia em excesso; A empresa é
competitiva; Valorizo a busca da qualidade.
104
2.
RELACIONAMENTO
Valorizo relacionamentos interpessoais harmoniosos; Considero
comprometida a empresa que não tem bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores; Valorizo a tradição e a
imagem da empresa; As regras são importantes; Valorizo a
disciplina e a obediência; O processo decisório é centralizado;
Valorizo o ambiente de camaradagem.
1. SOBREVIVÊNCIA Valorizo principalmente os resultados financeiros; Busco sempre
maior produtividade da minha equipe; Controlo minha equipe; As
pessoas são recursos para o lucro; Valorizo a sobrevivência da
empresa; Valorizo a obediência; O poder é autoritário.
Fonte: elaborada pela autora
Tabela 9 – Valores Organizacionais Ideais constantes do Planejamento Estratégico Petrobras 2015 e dos
Princípios do E&P X Nível de Consciência
NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA
VALORES ORGANIZACIONAIS IDEAIS CONSTANTES
DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PETROBRAS 2015
E DOS PRINCÍPIOS DO E&P
7. SOCIEDADE Ética nos negócios; Crença na ética como valor fundamental.
6. COMUNIDADE Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas,
clientes, empregados, sociedade, governo, parceiros, fornecedores
e comunidades em que a Companhia atua; Transparência nas
relações com os acionistas, empregados, comunidades e com os
demais públicos de interesse da Petrobras; Estimular uma cultura
empresarial única e humanizada, que respeite os valores locais,
valorize a consolidação e troca de conhecimentos e priorize o
reconhecimento pelos resultados das equipes e das pessoas;
Estimular e reconhecer o exercício da cidadania pelos
trabalhadores e apoiar as iniciativas vinculadas à responsabilidade
social do Sistema Petrobras; Manter um processo permanente de
negociação para a construção de soluções com a representação
sindical dos empregados; Adequar as práticas de contratação de
serviços, compatibilizando-as com as Políticas de RH, Gestão do
Conhecimento, SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) e de
105
Segurança da Informação sobre os negócios e atividades do
Sistema Petrobras; Crença na identidade com o Brasil e no
compromisso com o desenvolvimento nacional e regional; Crença
na responsabilidade social com as comunidades onde o E&P atua;
Crença de que os projetos do E&P devem contemplar os interesses
dos clientes e dos acionistas; Crença de que parcerias e alianças
estratégicas são formas de compartilhamento de riscos e
oportunidades de negócios.
5. COESÃO INTERNA Espírito empreendedor e de superar desafios; Espírito competitivo
e inovador com foco na diferenciação em serviços e competência
tecnológica; Crença de que as atividades do E&P devem ser
desenvolvidas de forma integrada com as outras áreas da
Companhia.
4. TRANSFORMAÇÃO Excelência e liderança em questões de saúde, segurança e
preservação do meio ambiente; Liderança pelo exemplo; Ênfase na
integração e no desenvolvimento do trabalho de equipe; Promover
práticas e processos de gestão que levem à satisfação no trabalho e
ao comprometimento de todos os empregados com as metas e os
princípios éticos do Sistema Petrobras; Crença de que a gestão do
E&P deve ser aberta, transparente e participativa; Crença de que os
gerentes são os responsáveis pelas decisões da Companhia; que o
E&P se realiza nas frentes operacionais; que todos são
responsáveis pela segurança operacional, pela saúde das pessoas e
pela preservação do meio ambiente; Crença na capacidade de
vencer desafios e atingir a auto-suficiência de petróleo no Brasil.
3. AUTO-ESTIMA Foco na obtenção de resultados de excelência; Foco no
desenvolvimento e sustentação de vantagens competitivas; Atrair,
desenvolver, treinar e reter pessoas, investindo em seus talentos e
aprimorando as competências técnicas e gerenciais, atendendo à
dinâmica dos negócios visando sustentar a excelência competitiva;
Assegurar efetivos adequados aos objetivos dos negócios e
promover práticas de compensação competitivas em relação ao
mercado; Crença de que o conhecimento e a tecnologia são fatores
106
estratégicos para alcançar a excelência empresarial.
2.
RELACIONAMENTO
Busca permanente da liderança empresarial; Acompanhamento
rigoroso dos resultados com reconhecimento e responsabilização
pelo desempenho; Crença de que todos são responsáveis pela
melhor aplicação dos recursos e pela imagem da Petrobras.
1. SOBREVIVÊNCIA -
Fonte: elaborada pela autora
4.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Esta pesquisa utiliza um método de natureza eminentemente quantitativa descritiva, a
abordagem de comunicação e a surveys por correspondência, cujo principal ponto fraco é o
erro de não-resposta. Segundo Cooper e Schindler (2003), muitos estudos mostraram que
respondentes com nível educacional mais alto e aqueles mais interessados no assunto
respondem a este tipo de pesquisa. Um alto percentual daqueles que respondem a uma
determinada pesquisa normalmente já respondeu a outras, enquanto que uma grande parcela
daqueles que não respondem é composta de não-respondentes habituais. As surveys por
correspondência com retorno de aproximadamente 30% em geral são consideradas
satisfatórias.
Ainda segundo Cooper e Schindler (2003), a segunda grande limitação das surveys por
correspondência diz respeito ao tipo e à quantidade de informações que podem ser obtidas.
Normalmente não se esperam obter grandes volumes de informação e não se pode aprofundar
nas questões (...). Uma regra geral é que o respondente deve ser capaz de responder ao
questionário em não mais de 10 minutos.
Cabe observar que a coleta de dados foi acompanhada de várias orientações sobre a aplicação
do questionário e da garantia da confidencialidade das respostas. Algumas dúvidas podem ter
ficado ainda remanescentes, prejudicando as respostas, bem como estas também podem ter
sido diferentes da realidade por medo de identificação do respondente.
107
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO
5.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através da aplicação dos questionários
estruturados à amostra.
A empresa estudada possui uma estrutura de seis Ativos de Produção, um Ativo de
Exploração, uma Gerência de Recursos Humanos, uma Gerência de Suporte Operacional,
uma Gerência de Suporte Técnico, uma Gerência de Planejamento e Marketing e uma
Gerência de Contabilidade e Finanças. É composta por um Gerente Geral, 13 Gerentes, 94
Gerentes Setoriais, 90 Gerentes Setoriais de Plataforma, 773 profissionais de nível superior e
4.381 empregados de nível médio. Considerou-se o Gerente Geral incluído no grupo de
Gerentes, para cálculo da população.
Na UN-BC o conceito predominante é de uma administração de recursos humanos
descentralizada, ficando a cargo da Gerência de Recursos Humanos a elaboração de políticas
locais, a busca de ferramentas adequadas e a assessoria aos gestores de pessoas. Cabe ao
Órgão Central de Recursos Humanos, localizado na cidade do Rio de Janeiro, orientar e
avaliar as atividades relacionadas à gestão de pessoas, coordenando ou executando, em nível
estratégico, ações de interesse corporativo. Ao gestor de pessoas cabe a responsabilidade de
acompanhar o desenvolvimento de sua equipe, adequá-la quantitativa e qualitativamente,
acompanhar o desempenho, reconhecer e recompensar, monitorar o clima organizacional, etc,
de acordo com as políticas estabelecidas e utilizando as ferramentas disponíveis.
A UN-BC é responsável por 54% da produção nacional de petróleo. Com a quebra do
monopólio em 1995, a Petrobras investe no processo de internacionalização, tornando-se uma
equipe competitiva dentro e fora do país. É uma multinacional.
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Para que se conheça melhor a amostra que respondeu ao questionário, a tabela 10 apresenta as
suas características no que se refere a faixa etária, sexo, nível hierárquico, tempo de empresa e
área de atuação.
108
Tabela 10 – Caracterização da amostra
CATEGORIAS CLASSIFICAÇÃO NÚMERO DE
PARTICIPANTES
PERCENTUAL
Entre 24 e 30 anos 3 3%
Entre 31 e 40 anos 35 27%
Entre 41 e 50 anos 75 58%
Acima de 51 anos 16 12%
Faixa Etária
Total 129 100%
Masculino 101 78%
Feminino 28 22%
Sexo
Total 129 100%
Gerente 6 5%
Gerente Setorial 37 29%
Gerente Setorial de
Plataforma
16 12%
Profissional de
Nível Superior
31 24%
Profissional de
Nível Médio
39 30%
Nível Hierárquico
Total 129 100%
Técnica 24 34%
Administrativa 46 66%
Área de Atuação dos
Empregados sem
Função Gerencial
Total 70 100%
Até 5 anos 18 14%
Entre 6 e 25 anos 104 81%
Acima de 26 anos 7 5%
Tempo de Empresa
Total 129 100%
Fonte: elaborada pela autora
Por meio de análise da tabela 10, pode-se perceber que a faixa etária predominante na
Unidade pesquisada é a de 41 a 50 anos, representando 58%. Em segundo lugar, está a faixa
109
etária de 31 a 40 anos, com 27%. A amostra não contemplou pessoas com menos de 24 anos
de idade. Este é o motivo pelo qual esta faixa não aparece na compilação dos dados. Verifica-
se, também, que a maioria é do sexo masculino, cerca de quatro quintos da amostra, o que faz
do ambiente da Unidade mais racional e lógico do que intuitivo e sentimental.
Com relação ao nível hierárquico, foi verificado que a maioria (30%) pertence ao grupo de
profissionais que ocupam cargos de nível médio, compostos de técnicos e administrativos. Na
empresa a ocupação de funções gerenciais não exige a graduação como nível de escolaridade.
Percebe-se que, dos empregados sem função gerencial, a maioria é da área administrativa
(66%).
Por fim, quanto ao tempo de empresa, há predominância de colaboradores entre 6 e 25 anos
(81%). Isto ocorre porque a Petrobras ficou doze anos sem admitir ninguém (desde 1990), só
voltando a admitir a partir de 2002. Porém, pode-se perceber que o percentual de novos
empregados (14% - até 5 anos de empresa) é maior do que o percentual de empregados com
26 anos ou mais de empresa (5%).
5.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS
A consolidação dos dados coletados através dos questionários é demonstrada a seguir através
de tabelas e figuras, com o objetivo de facilitar o entendimento do tema. O trabalho de análise
foi feito em função de proporções de votos para os diversos valores, nas dimensões pessoal e
organizacional atual. A dimensão organizacional ideal foi analisada pela autora, mediante
enquadramento dos principais tópicos do Planejamento Estratégico 2015 no respectivo
constructo de Richard Barret (2000). A partir de então, foram classificados os sete primeiros
colocados em cada dimensão e foi verificado o percentual de votos para cada nível de
consciência, conforme apresentado no capítulo 3, para todos os colaboradores. Em seguida,
foi feita uma comparação entre o grupo de gerentes da organização, formado pelos gerentes,
gerentes setoriais e gerentes setoriais de plataforma, e o da equipe, composto pelos demais
colaboradores, com o objetivo de verificar similaridades e diferenças entre eles. Também foi
feita uma comparação por tempo de empresa, para que fosse verificada a cultura instalada e a
que está se criando com a chegada dos novos empregados.
5.3.1 Apresentação dos Resultados de Todo o Grupo
110
As tabelas 11 e 12 apresentam a classificação dos níveis de consciência dos empregados e da
organização UN-BC.
Tabela 11 – Sete Principais Níveis de Consciência dos Empregados
Categoria
Contar de
Resposta
Organização 171
Transformação 141
Sociedade 129
Relacionamento 124
Sobrevivência 123
Comunidade 113
Auto-estima 102
Fonte: elaborada pela própria autora
Tabela 12 – Sete Principais Níveis de Consciência da Organização UN-BC
Categoria
Contar de
Resposta
Transformação 179
Relacionamento 161
Organização 148
Comunidade 117
Sociedade 113
Auto-estima 95
Sobrevivência 90
Fonte: elaborada pela própria autora
Pelas tabelas acima, pode-se verificar os níveis de consciência mais votados. Os níveis
pessoais mais votados foram “sou ético”, “gosto de ser respeitado” e “sou leal à empresa”,
demonstrando que, ao mesmo tempo em que o maior valor pessoal está no nível mais alto de
consciência do empregado (consciência social), ainda há uma preocupação grande no
atendimento de necessidades de níveis inferiores (consciência da auto-estima e do
relacionamento).
Quando se comparam aos níveis de consciência organizacional mais votados, que são
111
“valoriza o trabalho em equipe”, “valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos” e
“valoriza a ética”, percebe-se que o mais votado está localizado em um dos níveis mais altos
da consciência organizacional, o nível de consciência da organização. Em segundo lugar, o
grupo de colaboradores como um todo considera que o valor da organização está em um dos
níveis mais baixos da consciência, o de relacionamento. E, em terceiro lugar, o valor do nível
de consciência social foi o mais votado, cuja localização na escala de Barret (2000) é a mais
elevada.
Comparando ambos, níveis de consciência dos empregados e níveis de consciência da
organização, percebe-se que, embora a Petrobras seja uma empresa de sucesso e esteja
consolidada no mercado em que está inserida, ainda se encontram preocupações com a
sobrevivência e reconhecimento pela sociedade brasileira, na amostra analisada. Infere-se que
sejam reflexos da quebra do monopólio, onde a empresa se viu ameaçada, colocando em teste
a competência do seu grupo de empregados e de sua capacidade de ser competitiva. Se esta
pesquisa fosse feita imediatamente após a quebra do monopólio em junho de 1995, imagina-
se que os resultados seriam um pouco diferentes, aparecendo como níveis de consciência da
organização mais votados os níveis mais inferiores do constructo de Barret (2000). Os níveis
de consciência dos empregados estão coerentes com a situação da grande maioria deles, ou
seja, localizam-se nos níveis mais altos, por terem estabilidade no emprego, com suas
necessidades mais básicas atendidas.
Os valores classificados conforme tabelas 11 e 12, foram representados nos diagramas abaixo,
a fim de facilitar a visualização da distribuição dos valores pessoais, organizacionais atuais e
organizacionais ideais, estes últimos classificados pela autora, conforme valores, crenças,
comportamentos e políticas de RH, constantes do Planejamento Estratégico 2015. Cada bola
representa um nível da consciência dentre os três mais votados. A análise da figura 9 permite
perceber os principais valores pessoais, organizacionais atuais e organizacionais ideais.
112
Valores Pessoais Valores Organizacionais Atuais Valores Organizacionais Ideais
Figura 9 – Distribuição dos sete níveis de consciência
Fonte: adaptação de Barret (2000)
Pela observação da figura 9, percebe-se um desalinhamento entre os valores pessoais e os
organizacionais atuais, na amostra estudada. Enquanto o grupo de empregados, cuja grande
maioria tem entre 6 e 25 anos de empresa, já está localizado nos níveis mais altos da
consciência do empregado, a organização valoriza, na prática, um nível ainda bem baixo, que
é o de relacionamento, buscando relacionamentos interpessoais harmoniosos, não pelo que ela
possa dar, mas pelo que possa receber (BARRET, 2000). Considera relacionamentos
puramente da perspectiva de satisfação de suas necessidades. O que coloca num
relacionamento é simplesmente baseado no que possa receber. Ainda segundo Barret (2000),
empresas neste nível são fortes na tradição e na imagem e fracas na flexibilidade e iniciativa.
As regras são importantes porque há pouca confiança. Exigem disciplina e obediência de seus
empregados. Em contrapartida, percebe-se um alinhamento quase total entre os valores
organizacionais atuais e os ideais, constantes do Planejamento Estratégico Petrobras 2015. A
diferença reside apenas nos níveis mais baixos da escala, enquanto que os valores atuais se
referem a relacionamento e os ideais, a auto-estima, como também os níveis de consciência
atuais valorizam a organização, sua conexão interna, concentrando-se na necessidade de seu
pessoal, encorajando níveis mais elevados de criatividade e produtividade das pessoas, como
resultado natural do desenvolvimento da confiança, mediante o encorajamento em assumir
riscos, onde os fracassos viram lições. Os valores ideais referem-se à comunidade,
extrapolando os limites internos da organização, buscando a conexão externa. Segundo Barret
(2000), as empresas atingem este ponto criando parcerias com cientes e fornecedores e dando
113
apoio à comunidade local. Apóiam os funcionários para que encontrem realização pessoal no
trabalho e criam oportunidades para que façam uma diferença na comunidade local. Nesse
nível de consciência as organizações se preocupam com o funcionário como um todo – suas
necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais.
Uma análise que se torna bastante interessante é com relação ao valor coincidente,
identificado nas três dimensões. Trata-se da transformação. Isto quer dizer que ambos,
empregados e organização, estão partindo para o autoconhecimento e a renovação. Não se
pode afirmar o motivo exato deste posicionamento, porém, pode-se inferir que seja, mais uma
vez, atribuído à quebra do monopólio estatal do petróleo, uma vez que a viabilidade da
Petrobras pareceu ameaçada. Independente do motivo, este processo começa com a
participação e com o envolvimento dos empregados. Todos devem ser responsabilizados em
fazer da empresa um sucesso. Ressalta-se a mudança da cultura organizacional durante a
transformação, que passa do controle para a confiança, da punição para o incentivo, da
exploração para a propriedade e do medo para a verdade. São estabelecidos mecanismos para
promover a inovação e o aprendizado. Para Barret (2000), a tirania do resultado financeiro
começa a desaparecer na medida em que a organização começa a medir seu sucesso em
comparação com um amplo conjunto de indicadores. Visão, missão e valores são
reconhecidos como meios para desenvolver uma forte identidade central e uma coesão
interna. Logo, devem ser rigorosamente cobrados de todos os colaboradores – gerentes e não
gerentes (visão, missão e valores).
Para o enquadramento dos valores, crenças, comportamentos e políticas corporativas de
recursos humanos, constantes do Planejamento Estratégico Petrobras 2015, a autora
relacionou cada um dos 31 itens com um nível de consciência organizacional, fazendo a
proporção de cada nível em relação ao total.
As figuras 10, 11 e 12 demonstram a distribuição percentual de votação de todos os valores,
dentro dos sete níveis de consciência, nas dimensões pessoal, organizacional atual e
organizacional ideal.
114
0
10
20
30
40
50
60
Sou ético Gosto de ser
respeitado
Sou leal à empresa Valorizo o
crescimento
pessoal e
profissional
Trabalho bem em
equipe
Acredito que posso
conseguir apesar
das dificuldades
Sou sincero ao
expressar minhas
opiniões e
sentimentos
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário (Tudo) Pergunta Valores Pessoais
Contar de Questionário
Descrição
Categoria
Figura 10 – Distribuição dos Sete Principais Valores Pessoais de Todos os Empregados X Níveis de
Consciência
Fonte: elaborada pela autora
0
10
20
30
40
50
60
70
Valoriza o trabalho
em equipe
Valoriza
relacionamentos
interpessoais
harmoniosos
Busca o
envolvimento dos
funcionários
Valoriza a ética Valoriza os
funcionários que
buscam o
crescimento
pessoal e
profissional
Valoriza a
responsabilidade e
autonomia
Estimula as
pessoas a fazerem
a diferença
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário (Tudo) Pergunta Organizacionais
Contar de Questionário
Descrição
Categoria
Figura 11 – Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais Atuais na Visão de Todos os Empregados
X Níveis de Consciência
Fonte: elaborada pela autora
115
Níveis de Consciência Organizacional
segundo Planejamento Estratégico 2015
0%
10%
16%
26%
10%
32%
6%
1-Sobrevivência
2-Relacionamento
3-Auto-estima
4-Transformação
5-Organização
6-Comunidade
7-Sociedade
Figura 12 – Distribuição dos Valores Organizacionais Ideais constantes do Planejamento Estratégico 2015 X
Níveis de Consciência
Fonte: elaborada pela autora
Percebe-se, pela análise das figuras 10 e 11, que, em todo o grupo pesquisado, há coincidência
entre três valores pessoais e organizacionais, quais sejam: a ética, crescimento pessoal e
profissional e o trabalho em equipe.
A figura 12 demonstra que a maioria dos valores organizacionais ideais estão posicionados
nos níveis mais altos da consciência, colocando como prioridade o bem-comum (organização,
comunidade e sociedade), em detrimento dos interesses individuais (sobrevivência,
relacionamento e auto-estima).
A seguir, as tabelas 13 e 14 demonstram os sete principais valores pessoais e organizacionais
identificados.
Tabela 13 – Os sete principais valores pessoais da UN-BC
Número (Tudo)
Pergunta Valores Pessoais
Descrição Contar de Descrição
Sou ético 56
Gosto de ser respeitado 56
Sou leal à empresa 50
Valorizo o crescimento pessoal e profissional 46
Trabalho bem em equipe 46
Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades 44
Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos 36
Fonte: elaborada pela autora
116
Tabela 14 – Os sete principais valores organizacionais atuais
Pergunta Organizacionais
Questionário (Vários itens)
Descrição Contar de Descrição
Valoriza o trabalho em equipe 66
Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos 49
Busca o envolvimento dos funcionários 45
Valoriza a ética 45
Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional 42
Valoriza a responsabilidade e autonomia 40
Estimula as pessoas a fazerem a diferença 34
Total geral 321
Fonte: elaborada pela autora
Pela análise das Tabelas 13 e 14, percebe-se que os valores dos empregados que estão em
primeiro lugar no grupo pesquisado localizam-se no nível mais alto da escala de níveis da
consciência de Richard Barret (2000), enquanto que os valores da organização que estão em
primeiro lugar localizam-se no 5º. nível da mesma escala.
5.3.2 Apresentação dos Resultados do Grupo de Gerentes e dos Demais Colaboradores
As tabelas 15 e 16 apresentam os sete primeiros colocados em termos de valores pessoais e
organizacionais atuais, para todo o grupo de gerentes da UN-BC pesquisados. Este grupo é
composto por pessoas que ocupam funções de gerência, gerência setorial e gerência setorial
de plataforma.
Tabela 15 – Os sete primeiros colocados em Valores Pessoais – Gerentes
Fonte: elaborada pela autora
Pergunta Valores Pessoais
Questionário Gerentes
Descrição Contar de Descrição
Sou ético 29
Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades 25
Sou leal à empresa 22
Confia nas pessoas 21
Valoriza o crescimento pessoal e profissional 20
Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos 20
Gosto de ser respeitado 19
Sou transparente 19
Trabalho bem em equipe 19
Total geral 194
117
Tabela 16 – Os sete primeiros colocados em Valores Organizacionais Atuais – Gerentes
Fonte: elaborada pela autora
Pela análise da Tabela 15, pode-se perceber que os três valores pessoais mais votados pelos
gerentes pesquisados foram “sou ético”, “acredito que posso conseguir apesar das
dificuldades” e “sou leal à empresa”. Enquadrando-os nos níveis da consciência do
empregado, percebe-se que o primeiro pertence ao nível de consciência social, o segundo
pertence ao nível de consciência da sobrevivência e o terceiro pertence ao nível de
consciência do relacionamento. Os demais valores pertencem aos níveis de consciência da
transformação, da comunidade, organização e da auto-estima, respectivamente. Todos os
níveis da consciência estão representados nos valores pessoais dos gerentes.
Através da análise da Tabela 16, percebe-se que os três valores organizacionais mais votados,
no grupo pesquisado, foram “valoriza o trabalho em equipe”, “valoriza os funcionários que
buscam o crescimento pessoal e profissional” e “valoriza relacionamentos interpessoais
harmoniosos”. O primeiro pertence ao nível de consciência da organização, o segundo
pertence ao nível de consciência da comunidade e o terceiro pertence ao nível da consciência
de relacionamento. Os demais valores pertencem aos níveis de consciência da sociedade e
transformação.
Para melhor visualização e análise, as Figuras 13 e 14 demonstram o enquadramento nos
respectivos níveis de consciência.
Pergunta Organizacionais
Questionário Gerentes
Descrição Contar de Descrição
Valoriza o trabalho em equipe 37
Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional 30
Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos 28
Valoriza a ética 22
Valoriza a responsabilidade e autonomia 19
Valoriza a justiça 18
Busca o envolvimento dos funcionários 18
Estimula as pessoas a fazerem a diferença 18
Total Global 190
118
0
5
10
15
20
25
30
35
Sou ético Acredito que
posso
conseguir
apesar das
dificuldades
Sou leal à
empresa
Confio nas
pessoas
Valorizo o
crescimento
pessoal e
profissional
Sou sincero ao
expressar
minhas
opiniões e
sentimentos
Gosto de ser
respeitado
Sou
transparente
Trabalho bem
em equipe
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário Gerentes Pergunta Valores Pessoais
Contar de Resposta
Descrição
Categoria
Figura 13 - Distribuição dos Sete Principais Valores Pessoais na Visão dos Gerentes X Níveis de Consciência
Fonte: elaborada pela autora
Na figura 13 foram listados 9 valores, uma vez que os 3 últimos valores possuem números
idênticos.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Valoriza o trabalho em equipe
Valoriza os funcionários que
buscam o crescimento pessoal e
profissional
Valoriza relacionamentos
interpessoais harmoniosos
Valoriza a ética
Valoriza a responsabilidade e
autonomia
Valoriza a justiça
Busca o envolvimento dos
funcionários
Estimula as pessoas a fazerem a
diferença
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário Gerentes Pergunta Organizacionais
Contar de Resposta
Descrição
Categoria
Figura 14 - Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais Atuais na Visão dos Gerentes X Níveis de
Consciência
Fonte: elaborada pela autora
Na figura 14 foram listados 8 valores, uma vez que os 2 últimos valores possuem números
idênticos.
119
Pode-se perceber que os valores pessoais dos gerentes pesquisados localizam-se em todos os
níveis da consciência do empregado, o que se justifica pela função de confiança que exercem.
Por ser designação, não há nenhuma segurança de que o padrão de vida dos gerentes será
mantido até a saída da empresa. Isto justifica a preocupação com valores constantes dos níveis
mais baixos da escala. Porém, ao mesmo tempo em que estão voltados para si próprios, em
que valorizam a segurança financeira, o controle de suas equipes, são cautelosos ao tomarem
as decisões e julgam difícil confiar nas pessoas, também há uma preocupação com a coesão
externa, com sua ligação com a organização, comunidade e sociedade. Buscam reexaminar
suas crenças, como também um significado para o trabalho em suas vidas, reconhecem a
importância de compartilhar e trabalhar em equipe e têm como foco fazer uma diferença no
mundo e se preocupam com a ética, a intuição e a criação.
Com relação aos valores organizacionais, percebe-se que são localizados nos níveis mais altos
da consciência corporativa, o que significa dizer que cobram mais a coesão externa de suas
equipes. Valorizam a organização, em primeiro lugar, concentrando-se nas necessidades de
seu pessoal, encorajam níveis mais altos de produtividade e criatividade. Valorizam, também,
as parcerias com clientes e fornecedores, apoiando a comunidade local. Apóiam empregados
que encontram a realização pessoal no trabalho e criam oportunidades para que façam a
diferença. Estão preocupados com todas as necessidades de suas equipes. Com uma
freqüência menor, aparece os nível de consciência de transformação, o que representa a
renovação da organização, a busca do envolvimento e da responsabilização de todos pelo
sucesso da empresa. O único fato que salta aos olhos é a freqüência com que aparece o nível
de consciência de relacionamento, que se encontra em terceiro lugar na escala. Isto significa
que há a necessidade de ter relacionamentos interpessoais harmoniosos, não pelo que possam
dar, mas pelo que possam receber em troca no que se refere a resultados. Fortalecem a
imagem e a tradição da organização, em detrimento da flexibilidade e iniciativa. Mais uma
vez pode-se ver refletida, no grupo pesquisado, a preocupação com a imagem e manutenção
da tradição da Petrobras, o que se atribui ao sentimento de ameaça provocado pela quebra do
monopólio.
Para que se possa analisar como se comportam os valores pessoais e organizacionais atuais
nos empregados não-gerentes, mostram-se as Tabelas 17 e 18 e as Figuras 15 e 16.
120
Tabela 17 - Os sete primeiros colocados em Valores Pessoais – Empregados Não-Gerentes
Categoria (Tudo)
Questionário Empregados
Pergunta Valores Pessoais
Descrição Contar de Resposta
Gosto de ser respeitado 36
Sou leal à empresa 27
Sou ético 27
Valorizo o crescimento pessoal e profissional 26
Trabalho bem em equipe 26
Segurança financeira é importante 22
Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades 19
Busco qualidade de vida 19
Sou adaptável 19
Total geral 221
Fonte: elaborada pela autora
Tabela 18 - Os sete primeiros colocados em Valores Organizacionais – Empregados Não-Gerentes
Categoria (Tudo)
Questionário Empregados
Pergunta Organizacionais
Descrição Contar de Resposta
Valoriza o trabalho em equipe 29
Busca o envolvimento dos funcionários 27
Valoriza a ética 23
Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos 21
Valoriza a responsabilidade e autonomia 21
Valoriza as regras 19
Procura aproveitar todo o potencial das pessoas 18
Fonte: elaborada pela autora
Analisando a Tabela 17, percebe-se que os três valores pessoais mais votados no grupo
pesquisado são “gosto de ser respeitado”, “sou leal à empresa” e “sou ético”. Os dois
primeiros mais votados pertencem a escalas inferiores dos níveis de consciência do
empregado, que são auto-estima e relacionamento, respectivamente. Em terceiro lugar, está o
nível de consciência social. Logo após vêm os níveis de consciência da comunidade, da
organização, da sobrevivência e da transformação. Neste caso, em especial, foram colocados
nove valores pessoais, uma vez que os três últimos valores tiveram o mesmo número de votos,
impossibilitando a escolha de apenas uma dos três para compor a tabela. Na estratificação por
tempo de empresa, será identificada a localização dos níveis de consciência mais baixos.
Acredita-se que estejam localizados nos novos empregados, uma vez que, até mesmo por suas
121
idades, buscam atendimento às necessidades básicas.
No que se refere aos valores organizacionais, pode-se perceber que o valor mais votado, no
grupo pesquisado, pertence ao nível de consciência da organização, o que pressupõe o
aprendizado com os erros, o encorajamento em assumir riscos, na produtividade e
criatividade. Percebe-se, também, que os empregados julgam que a organização espera a
entrada num processo de renovação, buscando a participação e envolvimento de todos para o
sucesso da empresa. Tem como valor a ética, que se posiciona no nível de consciência da
sociedade. Em contrapartida, os empregados ainda julgam que a organização espera deles
relacionamentos harmoniosos apenas em busca de resultados e não pelo que estes
relacionamentos possam trazem em termos de satisfação de todos. Mais uma vez, reforçam
aqui a necessidade do fortalecimento da tradição e da imagem, em detrimento da flexibilidade
e iniciativa.
Objetivando uma melhor análise, seguem as Figuras 15 e 16.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gosto de ser
respeitado
Sou leal à
empresa
Sou ético Valorizo o
crescimento
pessoal e
profissional
Trabalho bem
em equipe
Segurança
financeira é
importante
Acredito que
posso
conseguir
apesar das
dificuldades
Busco
qualidade de
vi da
Sou adaptável
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário Empregados Pergunta Valores Pessoais
Contar de Resposta
Descrição
Categoria
Figura 15 - Distribuição dos Sete Principais Valores Pessoais na Visão dos Empregados Não-Gerentes X Níveis
de Consciência
Fonte: elaborada pela autora
Na figura 15 foram listados 9 valores, uma vez que os 3 últimos valores possuem números
idênticos.
122
0
5
10
15
20
25
30
35
Valoriza o trabalho
em equipe
Busca o
envolvimento dos
funcionários
Valoriza a ética Valoriza
relacionamentos
interpessoais
harmoniosos
Valoriza a
responsabilidade e
autonomia
Valoriza as regras Procura aproveitar
todo o potencial
das pessoas
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformação
3-Auto-estima
2-Relacionamento
1-Sobrevivência
Questionário Empregados Pergunta Organizacionais
Contar de Resposta
Descrição
Categoria
Figura 16 - Distribuição dos Sete Principais Valores Organizacionais na Visão dos Empregados Não-Gerentes X
Níveis de Consciência
Fonte: elaborada pela autora
Nota-se que o nível de consciência da transformação aparece três vezes entre os sete valores
organizacionais mais votados no grupo pesquisado, o que significa dizer que os empregados
percebem que a Petrobras se encontra num momento de transição entre seus sistemas de
crenças do interesse próprio para o bem comum, que a empresa espera deles o envolvimento e
participação, que a cultura está mudando de controle para confiança, de punição para
incentivo, da exploração para a propriedade e do medo para a verdade.
As Tabelas 19, 20, 21 e 22 propõem-se a demonstrar os dados em grupos por faixa etária,
sexo, nível hierárquico detalhado e tempo de empresa, respectivamente.
Tabela 19 – Valores Pessoais e Organizacionais conforme Faixa Etária
Contar de Questionário Faixa Etária
Pergunta Categoria Faixa 1:<=30 anos Faixa 2:>30 <=40anos Faixa 3:>40 <=50anos Faixa 4:>50anos Total geral
Organizacionais 21 245 525 112 903
4-Transformação 8 54 95 22 179
2-Relacionamento 3 40 100 18 161
5-Organizão 5 40 88 15 148
6-Comunidade 28 73 16 117
7-Sociedade 2 32 66 13 113
3-Auto-estima 3 24 52 16 95
1-Sobrevivência 27 51 12 90
Valores Pessoais 21 245 525 112 903
5-Organizão 3 42 108 18 171
4-Transformação 8 44 81 8 141
7-Sociedade 2 27 78 22 129
2-Relacionamento 33 73 18 124
1-Sobrevivência 2 33 72 16 123
6-Comunidade 1326416113
3-Auto-estima 5 34 49 14 102
Total geral 42 490 1050 224 1806
Fonte: elaborada pela própria autora
Tabela 20 – Valores Pessoais e Organizacionais conforme Sexo
123
Contar de Questionário Sexo
Pergunta Categoria Feminino Masculino Total geral
Organizacionais 196 707 903
4-Transformão 35 144 179
2-Relacionamento 37 124 161
5-Organizão 26 122 148
6-Comunidade 26 91 117
7-Sociedade 25 88 113
3-Auto-estima 25 70 95
1-Sobrevivência 22 68 90
Valores Pessoais 196 707 903
5-Organizão 39 132 171
4-Transformão 26 115 141
7-Sociedade 25 104 129
2-Relacionamento 28 96 124
1-Sobrevivência 22 101 123
6-Comunidade 25 88 113
3-Auto-estima 31 71 102
Total geral 392 1414 1806
Fonte: elaborada pela própria autora
Tabela 21 – Valores Pessoais e Organizacionais conforme Nível Hierárquico
Contar de Questionário Função
Pergunta Categoria Gerente Gerente Setorial
Gerente
Setorial de
Plataforma Níveldio Nível Superior Total geral
Organizacionais 42 259 112 273 217 903
7-Sociedade 3 41 11 28 30 113
6-Comunidade 3 41 21 36 16 117
5-Organização 14 52 19 29 34 148
4-Transformação 7 45 18 55 54 179
3-Auto-estima 5 23 11 37 19 95
2-Relacionamento 8 41 23 49 40 161
1-Sobrevivência 2 16 9 39 24 90
Valores Pessoais 42 259 112 273 217 903
7-Sociedade 5 41 17 32 34 129
6-Comunidade 4 27 18 35 29 113
5-Organizão 6 52 21 55 37 171
4-Transformação 6 50 24 32 29 141
3-Auto-estima 5 16 11 44 26 102
2-Relacionamento 6 40 8 43 27 124
1-Sobrevivência 10 33 13 32 35 123
Total geral 84 518 224 546 434 1806
Fonte: elaborada pela própria autora
124
Tabela 22 – Valores Pessoais e Organizacionais conforme Tempo de Empresa
Contar de Questionário Faixa Tempo
Pergunta Categoria Faixa 1:<=5 anos Faixa 2:>5 <=25 anos Faixa 3:>25 anos Total geral
Organizacionais 126 728 49 903
7-Sociedade 21 85 7 113
6-Comunidade 8 103 6 117
5-Organização 26 117 5 148
4-Transformação 33 142 4 179
3-Auto-estima 8 81 6 95
2-Relacionamento 20 132 9 161
1-Sobrevivência 10 68 12 90
Valores Pessoais 126 728 49 903
7-Sociedade 16 104 9 129
6-Comunidade 16 89 8 113
5-Organização 26 136 9 171
4-Transformação 20 117 4 141
3-Auto-estima 18 79 5 102
2-Relacionamento 12 107 5 124
1-Sobrevivência 18 96 9 123
Total geral 252 1456 98 1806
Fonte: elaborada pela própria autora
2
5
8
33
2
1
3
8
5
2
32
28
40
54
24
40
27 27
32
42
44
34
33 33
66
73
88
95
52
100
51
78
64
108
81
49
73
72
13
16
15
22
16
18
12
22
16
18
8
14
18
16
0
20
40
60
80
100
120
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
Organizacionais Valores Pessoais
Faixa 1:<=30 anos
Faixa 2:>30 <=40anos
Faixa 3:>40 <=50anos
Faixa 4:>50anos
Questionário (Tudo)
Contar de Questionário
Pergunta Categoria
Faixa Etária
Figura 17 - Valores Pessoais e Organizacionais conforme Faixa Etária
Fonte: elaborada pela própria autora
125
25
26 26
35
25
37
22
25 25
39
26
31
28
22
88
91
122
144
70
124
68
104
88
132
115
71
96
101
0
20
40
60
80
100
120
140
160
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
Organizacionais Valores Pessoais
Feminino
Masculino
Questionário (Tudo)
Contar de Questionário
Pergunta Categoria
Sexo
Figura 18 - Valores Pessoais e Organizacionais conforme Sexo
Fonte: elaborada pela própria autora
126
33
14
7
5
8
2
5
4
66
5
6
10
41 41
52
45
23
41
16
41
27
52
50
16
40
33
11
21
19
18
11
23
9
17
18
21
24
11
8
13
28
36
29
55
37
49
39
32
35
55
32
44
43
32
30
16
34
54
19
40
24
34
29
37
29
26
27
35
0
10
20
30
40
50
60
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformão
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organizão
4-Transformão
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
Organizacionais Valores Pessoais
Gerente
Gerente Setorial
Gerente Setorial de Plataforma
Nível Médio
vel Superior
Questionário (Tudo)
Contar de Questionário
Pergunta Categoria
Função
Figura 19 - Valores Pessoais e Organizacionais conforme Nível Hierárquico
Fonte: elaborada pela própria autora
127
21
8
26
33
8
20
10
16 16
26
20
18
12
18
85
103
117
142
81
132
68
104
89
136
117
79
107
96
7
6
5
4
6
9
12
9
8
9
4
55
9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
7-Sociedade
6-Comunidade
5-Organização
4-Transformação
3-Auto-estima
2-
Relacionamento
1-Sobrevivência
Organizacionais Valores Pessoais
Faixa 1:<=5 anos
Faixa 2:>5 <=25 anos
Faixa 3:>25 anos
Questionário (Tudo)
Contar de Questionário
Pergunta Categoria
Faixa Tempo
Figura 20 - Valores Pessoais e Organizacionais conforme Tempo de Empresa
Fonte: elaborada pela própria autora
Analisando a Tabela 18 e a Figura 17, percebe-se que, em todo o grupo pesquisado, de acordo
com a faixa etária, as pessoas com idade igual ou inferior a 30 anos estão localizadas no nível
de consciência da transformação (do empregado e corporativa), significando estarem num
momento de revisão de valores pessoais e acreditando que a organização também passa por
mudanças, ambos (pessoais e organizacionais) saindo da visão individualizada para uma visão
mais do todo, da organização, da comunidade e da sociedade. Com relação à faixa etária
seguinte, de 31 a 40 anos, encontra-se na mesma dimensão, ou seja, no nível de consciência
da transformação (tanto do empregado como corporativa). Na faixa etária de 41 a 50 anos,
percebe-se uma predominância no nível da consciência do relacionamento como valor
organizacional, e no nível de consciência da organização como valor pessoal. São pessoas que
julgam que a organização espera relações harmoniosas com o único objetivo de obter
resultados financeiros e que, individualmente, vêem o trabalho como meio de dar significado
à vida; estão constantemente buscando aprender e crescer. Na última faixa etária, acima de 51
anos, acreditam que a organização está em fase de mudanças, pois o maior valor está
localizado no nível da consciência da transformação, e, como valor pessoal, estão no topo da
escala de níveis da consciência do empregado, ou seja, na consciência da sociedade, onde a
preocupação central é com a ética, tudo que fazem tem um propósito e são pessoas intuitivas e
criativas.
128
Ao analisar a Tabela 20 e a Figura 18, nota-se que as mulheres julgam que a organização
busca apenas relacionamentos harmoniosos para viabilizar sua sobrevivência, enquanto que os
homens julgam que a organização passa por mudanças, buscando o seu conhecimento e
renovação. No que tange aos valores pessoais, ambos, homens e mulheres estão localizados
na quinta faixa mais alta da escala, ou seja, no nível de consciência da organização, buscando
significado para o trabalho.
Mediante a análise da Tabela 21 e da Figura 19, que demonstram os valores organizacionais
e pessoais conforme nível hierárquico, percebe-se que Gerentes e Gerentes Setoriais têm
como valor organizacional o nível de consciência da organização, ou seja, percebem que a
organização passa por um momento de coesão interna, onde seus fracassos viram lição e o
trabalho se torna divertido. Já os Gerentes Setoriais de Plataforma acreditam que a
organização trabalha para ter bons relacionamentos para que sobreviva. Os profissionais de
nível médio e superior imaginam que a organização encontra-se no nível de consciência da
transformação, buscando a participação e envolvimento dos empregados para seu sucesso. No
que se refere aos valores pessoais, os Gerentes Setoriais e os profissionais de nível médio e
superior estão localizados no nível de consciência da organização, ou seja, possuem um forte
senso de valores e buscam ativamente expressá-los por intermédio de seu trabalho. Já os
Gerentes Setoriais de Plataforma estão localizados no nível de consciência da transformação,
começando a parar de culpar os outros por seus infortúnios e sofrimento, passando a ver a
realidade objetivamente. Os Gerentes estão no nível mais baixo de consciência pessoal, ou
seja, o da sobrevivência. Esta localização sinaliza uma insegurança com relação ao futuro e
uma preocupação exagerada com a segurança financeira; temem as mudanças e acham difícil
confiar nas pessoas.
A última Tabela, a de número 22, juntamente com a Figura de número 20, sugerem que os
empregados com até 5 anos de empresa e entre 6 e 25 anos de empresa, julgam que a
organização se encontra no nível de consciência da transformação, buscando coesão interna,
conhecimento e renovação. Os empregados com 26 anos ou mais de empresa acham que a
organização busca a sobrevivência, isto é, está preocupada com o lucro. No que se refere a
valores pessoais, os empregados das três faixas de tempo de empresa estão localizados no
nível de consciência da organização, que significa dizer que não têm medo de ser vulneráveis
e pode-se contar com eles para expressarem suas opiniões e sentimentos com honestidade.
129
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo tem por objetivo dissertar sobre as conclusões do estudo, baseadas nos
resultados dos questionários, dispostos no capítulo anterior, como também, são feitas algumas
recomendações de ações para a UN-BC em função destas conclusões, além de recomendações
sobre novos estudos a respeito do tema. Antes, porém, será feita, a seguir, uma revisão geral
do processo utilizado neste estudo de caso.
A pesquisa destinou-se a investigar os valores existentes na cultura da Unidade de Negócio de
Exploração e Produção da Bacia de Campos da Petrobras, localizada na cidade de Macaé, no
Estado do Rio de Janeiro, e verificar seu alinhamento em termos de metas pessoais, valores
pessoais, organizacionais atuais e organizacionais ideais, estes últimos constantes do
Planejamento Estratégico Petrobras 2015. Para tanto, foi elaborada uma revisão bibliográfica
dos principais autores sobre o tema cultura organizacional, tema este que apresenta diferentes
posicionamentos entre os diversos autores e, por isso, a escolha da melhor abordagem para o
seu estudo depende do tipo de pesquisa. Esta revisão teve como objetivo esclarecer conceitos
e modelos de estudo que servissem de base para a compreensão da amplitude e importância
do tema.
Para a pesquisa foi adotado o modelo de avaliação de valores pessoais e da cultura
organizacional de Richard Barret (2000), que utiliza questionários estruturados como fonte de
coleta de dados, e cujos resultados foram apresentados em forma de tabelas, gráficos e
diagrama, para facilitar a visualização, além de comentários e análises. Este modelo não
classifica a cultura em tipologias, mas verifica em que nível de consciência pessoal e
organizacional estão os colaboradores e a empresa. A sua principal base de sustentação é
proveniente da teoria de hierarquia de necessidades de Abraham Maslow (2003), expandida
por Barret (2000). O questionário utilizado foi elaborado a partir da teoria explicitada na obra
de Barret (2000) e aplicado aos gerentes e demais empregados da UN-BC. O autor validou
seu questionário em várias empresas das quais foi consultor, mas também foi necessário fazer
uma validação do questionário elaborado para este estudo, conforme explicitado no capítulo
de metodologia.
Com o objetivo de conduzir de forma objetiva a investigação do problema da presente
pesquisa, foram detalhados objetivos geral e específicos e questões de estudo, cujas respostas
serão consolidadas no próximo sub-item. Embora a pesquisa seja de natureza quantitativa
130
descritiva, e tenha o interesse primário de “fotografar” a situação sem necessariamente buscar
explicações causais, procurou-se complementar a análise dos dados com foco qualitativo
também, devido à natureza social do estudo.
6.2 CONCLUSÕES
Para facilitar o aprofundamento do estudo e a resposta à questão problema, foram propostas
duas questões, que serão respondidas abaixo, uma de cada vez.
Existe consenso entre os sete primeiros colocados em termos de valores pessoais e
valores organizacionais no grupo pesquisado?
Pela observação das Tabelas 13 e 14, percebe-se, na amostra, que ambos, organização e
empregados, valorizam o trabalho em equipe, a ética e o crescimento pessoal e profissional,
porém, em escala de prioridades diferentes. Estes valores estão localizados nas escalas mais
altas dos níveis da consciência de Barret (2000). Os demais quatro valores permeiam
predominantemente as escalas mais baixas, destacando-se que a transformação é forte nos
valores organizacionais e a auto-estima aparece em segunda posição nos valores pessoais.
Estas análises sugerem que não existe consenso entre os sete primeiros colocados em termos
de valores pessoais e valores organizacionais no grupo de gerentes e empregados da UN-BC.
Como se apresentam as semelhanças e as diferenças, entre os sete principais valores
pessoais e organizacionais atuais dos gerentes e demais colaboradores?
Os valores pessoais dos empregados não gerentes do grupo analisado, estão localizados nas
escalas mais baixas dos níveis da consciência do empregado, em desalinhamento com o que
os empregados julgam que a organização espera deles, que está localizado principalmente nos
níveis de consciência da organização, da transformação e da sociedade.
Os valores pessoais dos empregados não gerentes possuem uma freqüência maior no nível de
consciência mais baixo da escala: o da sobrevivência, o que sugere que suas metas pessoais
estão mais relacionadas com a competência pessoal, enquanto que os valores pessoais dos
gerentes estão distribuídos uniformemente entre os sete níveis da consciência do empregado,
porém, o primeiro mais votado foi o nível de consciência da sociedade, sugerindo o
posicionamento das metas pessoais um pouco mais voltado para as competências de
agregação de valor.
Os valores pessoais dos empregados não-gerentes, localizados nas escalas mais baixas dos
131
níveis de consciência do empregado, de acordo com a amostra, está em desalinhamento com
os valores organizacionais dos gerentes, que estão localizados nas escalas mais superiores,
cuja freqüência maior, inclusive, é dos níveis de consciência da sociedade e da transformação.
Os valores organizacionais dos empregados não-gerentes e gerentes estão em alinhamento,
uma vez que os valores organizacionais mais votados em ambos estão localizados no nível de
consciência da Organização.
Os valores organizacionais dos empregados não-gerentes diferem dos valores pessoais dos
gerentes. Os empregados julgam que a organização espera deles níveis da consciência mais
elevados, enquanto que os gerentes têm como valores pessoais alguns níveis de consciência
do empregado mais baixos da escala.
Como última análise destes dados, percebe-se que os valores pessoais dos gerentes estão
distribuídos uniformemente entre as escalas dos níveis de consciência do empregado,
demonstrando uma preocupação dos mesmos com todos os níveis, enquanto que estes
mesmos gerentes acreditam que a empresa espera de todos os empregados níveis de
consciência organizacional mais altos na escala.
Com base na análise das Tabelas 13, 14, 15, 16, 17 e 18, foram atendidos os objetivos
específicos destacados no capítulo 1, destacados abaixo:
Identificar os sete principais valores pessoais e valores organizacionais atuais da UN-
BC como um todo e por grupo hierárquico;
Identificar alinhamentos e desalinhamentos entre os valores pessoais e organizacionais
na UN-BC;
Descrever a predominância da cultura organizacional em relação ao interesse próprio,
na transformação e no bem comum;
Correlacionar as metas pessoais com os valores pessoais e com a posição hierárquica
na Companhia.
Considerando que a questão-problema formulada reside na preocupação do cumprimento do
Planejamento Estratégico 2015 da Petrobras, entende-se que, no grupo analisado, em função
da predominância do nível de consciência da organização estar localizada no nível da
Transformação, a cultura instalada na Petrobras favorecerá o alcance do que se pretende em
seu Posicionamento Estratégico, em especial, se considerado o horizonte de tempo de 10 anos
restantes.
Identificamos que a cultura instalada na UN-BC tem como predominância o aspecto da
transformação, o que significa a existência de um fator facilitador para a criação das quatro
132
culturas necessárias ao desenvolvimento do capital humano, quais sejam: cultura da
confiança, cultura de significado, cultura da comunidade e cultura do domínio. O alinhamento
dos valores pessoais e organizacionais de todos os empregados favorecerá o alcance de níveis
mais elevados da consciência da organização da escala de Barret (2000).
Percebe-se a influência dos valores dos empregados antigos sobre os empregados novos,
sugerindo que a cultura que está sendo criada com a chegada destes novos empregados está
perpetuando a cultura já instalada, não devendo ser objetivo de preocupação da alta
administração, mas foco de potencialização para resultados cada vez melhores para a
organização e seus empregados.
Neste trabalho procurou-se discorrer sobre o aspecto da cultura e suas intercorrências na
organização, como um norte para alinhamentos e considerações aqui tratados, visando à
abordagem particularizada da cultura organizacional no ambiente da UN-BC, sobre a qual
conclusões mais direcionadas foram apresentadas.
Em uma análise mais “lato”, a par de existirem algumas diferenças entre as várias culturas
organizacionais, é lícito afirmar que as necessidades das organizações de repensarem seus
modelos estratégicos – principalmente pela aceleração da competitividade dos mercados –
tornou-se de certa maneira assemelhadas, não em conteúdo, mas pela necessidade de
adaptação e evolução de suas práticas, políticas e concepções, de modo a que espelhassem
modelos mais proativos do que reativos às necessidades de mudança, indo bem mais além do
que a análise de meros cenários de ameaças e oportunidades, pois o que estava em jogo era a
manutenção de sua sobrevivência e mais que isso, seu crescimento sustentado, por força de
estarem inseridas em um sistema eminentemente capitalista.
A cultura corporativa assim, passa a ser um elemento estratégico, estritamente vinculado e
decorrente da missão, dos valores e dos objetivos da empresa, com a finalidade de sustentar a
vantagem competitiva, baseada em um desempenho alinhado das pessoas com estas mesmas
filosofias. Por óbvio, torna-se conseqüência natural do “desenvolvimento organizacional” o
desenvolvimento das competências internas.
Entende-se que o capital humano é o grande alavancador das mudanças que estarão ocorrendo
no novo cenário inter-corporativo. Os dados apresentados não têm a pretensão de esgotar a
discussão sobre contribuição da cultura organizacional para a construção do futuro; pelo
contrário, devem ser olhados sobre um prisma de material de consulta de base, já que
apresenta respostas somente para algumas questões principais, que foram investigadas dentro
de um enfoque particularizado.
133
6.3 RECOMENDAÇÕES
A partir da análise dos dados coletados na UN-BC e do referencial teórico serão feitas
algumas recomendações consideradas prioritárias entre as necessidades identificadas, com o
objetivo de apoiar a empresa no processo de busca de melhores resultados. Após isto, serão
feitas algumas recomendações para novos estudos.
6.3.1 Recomendações de Ações na Empresa
Conforme relatado, a pesquisa sugere que os empregados possuem metas pessoais
relacionadas com a competência pessoal. Como recomendação, sugere-se que os gerentes
implementem práticas que possibilitem aos demais empregados desenvolver as competências
de agregação de valor, destacadas por Rodriguez (2002).
Por outro lado, o ambiente propício ao desenvolvimento de níveis mais altos da consciência
organizacional e pessoal identificados indicam que a UN-BC deverá fazer uso deste ambiente
para potencializar valores organizacionais e pessoais relacionados aos níveis mais elevados da
consciência.
Sugere-se atenção especial no que tange aos valores organizacionais identificados pelos
empregados não gerentes e pelos empregados gerentes, pois os primeiros entendem que a
organização tem como segundo valor a busca do envolvimento de seus funcionários, enquanto
que os empregados gerentes entendem que este valor se apresenta em sétimo lugar na escala,
uma vez que o Planejamento Estratégico 2015 se materializa com a busca cada vez maior do
envolvimento de todos.
Para finalizar, é importante ressaltar que uma das preocupações da UN-BC deve ser com os
valores dos empregados mais antigos, com tempo de empresa igual ou superior a 26 anos,
uma vez que estes voltam suas necessidades para os níveis de consciência mais baixos da
escala. Considera-se que uma organização que valoriza o capital humano deve criar
mecanismos para dar a tranqüilidade a seus mais antigos colaboradores, os quais ajudaram a
construí-la, alguns, ainda, fizeram parte das gerações de missionários e de competência
tecnológica.
6.3.2 Recomendações de Novos Estudos
Este subitem tem por objetivo apresentar recomendações para futuras pesquisas, já que o tema
134
tratado neste estudo – valores e cultura organizacional – é bastante amplo e possui diversas
variáveis. Além disso, é considerado atualmente como imprescindível para a gestão das
organizações, conseqüentemente, para a gestão das mudanças e gestão das pessoas, esta
última considerada como fator-chave para o sucesso das empresas.
Para complementar o presente estudo, recomenda-se a aplicação das Ferramentas de
Transformação Corporativa, desenvolvidas com base nos Sete Níveis de Consciência
Corporativa, para apoiar a organização na formação do capital cultural, no fortalecimento da
capacidade das pessoas, no desenvolvimento da liderança baseada em valores e na promoção
do desenvolvimento social e ambiental sustentável.
Recomenda-se, ainda, um aprofundamento dos dados encontrados, através de técnicas
qualitativas, como entrevistas, grupos de foco, dinâmicas de grupo, por exemplo, as quais
poderiam ser úteis para a explicação das causas de diversos problemas atuais.
Como última recomendação, Richard Barret (2000) também faz menção em sua teoria sobre o
“registro de despesas equilibradas”, que é uma forma de interpretar os valores da cultura
organizacional, dentro das dimensões do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (1996). A
extensão do estudo para a compreensão deste aspecto da cultura organizacional poderia
ampliar o escopo de visão sobre o tema para uma perspectiva de negócios, além da humana e
de desenvolvimento organizacional e levar ao entendimento de como a cultura está
relacionada ao desempenho da organização como um todo.
135
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2001.
139
8 APÊNDICES
8.1 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA POR E-MAIL AOS GERENTES DA UN-BC
PESQUISA “A Contribuição da Cultura Organizacional para a Construção do Futuro
Desejado – Um Estudo de Caso na Unidade de Negócio de Exploração e Produção da
Bacia de Campos”- PETROBRAS/E&P/UN-BC
Prezado Colega,
De acordo com a autorização da Área de Recursos Humanos, envio, em anexo, uma pesquisa
que será usada na minha dissertação de Mestrado. Como será feito um estudo de caso na UN-
BC, é muito importante que você, que pertence a esta Unidade, responda-a. A análise dos
resultados desta pesquisa nos ajudará a contribuir na construção do futuro desejado.
Este é um questionário rápido (levará, no máximo 15 minutos para ser respondido) e é preciso
ser devolvido até o dia 25/07/2005, impreterivelmente.
O questionário respondido deverá ser enviado, através do Correio Notes, para a chave UMEK.
Não existem respostas certas ou erradas. Significa, apenas, um levantamento da cultura
presente na UN-BC. Todas as suas respostas terão o tratamento de confidencialidade.
Relaciono, a seguir, uma lista de valores, crenças ou comportamentos observados, divididos
em duas modalidades: pessoais (relativos a quem você é e no que acredita) e organizacionais
atuais (relativos a como a empresa opera hoje). Você precisará marcar com um “X” aqueles
que, na sua opinião, são os sete principais em cada modalidade.
Uma dica para o preenchimento: leia toda a lista primeiro. Somente após a leitura total,
marque as sete alternativas de cada questionário que mais se aproximam do que você é,
como você age e em que você acredita e NÃO o que GOSTARIA que fosse. Talvez haja
mais de 7 (sete) alternativas, porém, você deve escolher apenas as 7 (sete) mais importantes.
Conto com sua colaboração.
Atenciosamente,
140
Dilza Taranto Pereira
Mestranda em Sistema Integrado de Gestão da
Universidade Federal Fluminense
MSG – UFF
8.2 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA POR E-MAIL AOS EMPREGADOS DA UN-BC
PESQUISA “A Contribuição da Cultura Organizacional para a Construção do Futuro
Desejado – Um Estudo de Caso na Unidade de Negócio de Exploração e Produção da
Bacia de Campos”- PETROBRAS/E&P/UN-BC
Prezado Colega,
De acordo com a autorização da Área de Recursos Humanos, envio, em anexo, uma pesquisa
que será usada na minha dissertação de Mestrado. Como será feito um estudo de caso na UN-
BC, é muito importante que você, que pertence a esta Unidade, responda-a. A análise dos
resultados desta pesquisa nos ajudará a contribuir na construção do futuro desejado.
Este é um questionário rápido (levará, no máximo 15 minutos para ser respondido) e é preciso
ser devolvido até o dia 25/07/2005, impreterivelmente.
O questionário respondido deverá ser enviado, através do Correio Notes, para a chave UMEK.
Não existem respostas certas ou erradas. Significa, apenas, um levantamento da cultura
presente na UN-BC. Todas as suas respostas terão o tratamento de confidencialidade.
Relaciono, a seguir, uma lista de valores, crenças ou comportamentos observados, divididos
em duas modalidades: pessoais (relativos a quem você é e no que acredita) e organizacionais
atuais (relativos a como a empresa opera hoje). Você precisará marcar com um “X” aqueles
que, na sua opinião, são os sete principais em cada modalidade.
Uma dica para o preenchimento: leia toda a lista primeiro. Somente após a leitura total,
marque as sete alternativas de cada questionário que mais se aproximam do que você é,
como você age e em que você acredita e NÃO o que GOSTARIA que fosse. Talvez haja
mais de 7 (sete) alternativas, porém, você deve escolher apenas as 7 (sete) mais importantes.
Conto com sua colaboração.
Atenciosamente,
141
Dilza Taranto Pereira
Mestranda em Sistema Integrado de Gestão da
Universidade Federal Fluminense
MSG – UFF
8.3 QUESTIONÁRIO – VERSÃO FINAL
8.3.1 Enviado aos empregados gerentes
Idade: ____________
Sexo: ( ) M ( ) F
Função na UN-BC:
( ) Gerente
( ) Gerente Setorial
( ) Gerente Setorial de Plataforma
( ) Profissional de Nível Superior
( ) Profissional de Nível Médio
Tempo na Petrobras: _________________
QUESTIONÁRIO
1) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES PESSOAIS:
( ) Confio nas pessoas
( ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( ) Sou adaptável
( ) Sou controlador
( ) A camaradagem é importante
( ) Sou responsável por meus infortúnios
( ) Sou leal aos meus colegas
( ) Importo-me em ser querido
( ) Sou generoso
( ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( ) Sou obediente
( ) Gosto de ser respeitado
142
( ) Envolvo-me com a comunidade
( ) Tenho dificuldade em confiar
( ) Valorizo o crescimento profissional
( ) Segurança financeira é importante
( ) Ajo como conselheiro
( ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( ) Sou ético
( ) Sou leal à empresa
( ) Quero ser o melhor
( ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( ) Sou transparente
( ) O poder me atrai
( ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( ) Busco qualidade de vida
( ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( ) Trabalho bem em equipe
( ) Preocupo-me com as gerações futuras
( ) Tenho bom humor
( ) Busco satisfação pessoal plena
( ) Sou criativo
( ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( ) Gosto de status
( ) Gosto de aprender
( ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
( ) Faço a diferença
( ) Sou acessível
( ) Cuido da natureza
( ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
( ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( ) Sou íntegro
( ) Sou voltado para resultados
( ) Sou paciente
( ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( ) Sou intuitivo
143
( ) A vida é uma batalha
( ) Guio-me por regras
2) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES ORGANIZACIONAIS (O QUE VOCÊ,
COMO GERENTE, VALORIZA NOS COMPONENTES DE SUA EQUIPE):
( ) Busco sempre maior produtividade da minha equipe
( ) As pessoas são recursos para o lucro
( ) Valorizo a obediência
( ) O poder é autoritário
( ) Valorizo relacionamentos interpessoais harmoniosos
( ) Valorizo os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
( ) Considero comprometida a empresa que não tem bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( ) Valorizo a tradição e a imagem da empresa
( ) Valorizo a inovação
( ) As regras são importantes
( ) Valorizo a disciplina e a obediência
( ) Valorizo principalmente os resultados financeiros
( ) O processo decisório é centralizado
( ) Valorizo o ambiente de camaradagem
( ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( ) Respeito a senioridade
( ) Somos reconhecidos como uma grande organização
( ) O treinamento de minha equipe deve refletir diretamente na melhoria dos resultados
financeiros
( ) O controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
( ) Existe burocracia em excesso
( ) Há parcerias com clientes e fornecedores
( ) Valorizo o trabalho em equipe
( ) A empresa é competitiva
( ) Controlo minha equipe
( ) Valorizo a busca da qualidade
( ) Valorizo a sobrevivência da empresa
( ) Valorizo a responsabilidade e autonomia
( ) Existe confiança
144
( ) Somos reconhecidos por nosso alto desempenho
( ) Busco o envolvimento dos funcionários
( ) Estimulo a cooperação
( ) Procuro aproveitar todo o potencial das pessoas
( ) Há preocupação com as necessidades dos funcionários
( ) Nossos fracassos servem de lição
( ) Incentivo o aprendizado
( ) Valorizo o consenso
( ) Valorizo o funcionário que tem bom humor
( ) Valorizo o apoio à comunidade local
( ) Valorizo a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( ) Apóio os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( ) Estimulo as pessoas a fazerem a diferença
( ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
minha equipe
( ) Procuro estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
( ) Existe preocupação com as gerações futuras
( ) Valorizo a ética
( ) Valorizo a justiça
( ) O altruísmo é comum
( ) A empresa é orientada por resultados
( ) Encorajo o risco
8.3.2 Enviado aos empregados não-gerentes
Idade: ____________
Sexo: ( ) M ( ) F
Função na UN-BC:
( ) Profissional de Nível Superior
( ) Profissional de Nível Médio
Tempo na Petrobras: _________________
Área de Atuação:
( ) Área Técnica
( ) Área Administrativa
145
QUESTIONÁRIO
1) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES PESSOAIS:
( ) Sou intuitivo
( ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( ) Sou adaptável
( ) Sou controlador
( ) Envolvo-me com a comunidade
( ) A camaradagem é importante
( ) Sou leal aos meus colegas
( ) Sou responsável por meus infortúnios
( ) Sou leal à empresa
( ) Cuido da natureza
( ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
( ) Importo-me em ser querido
( ) Sou generoso
( ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( ) Sou obediente
( ) Gosto de ser respeitado
( ) Tenho dificuldade em confiar
( ) Valorizo o crescimento profissional
( ) Gosto de status
( ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( ) Quero ser o melhor
( ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( ) Sou Confio nas pessoas
( ) Sou íntegro
( ) Sou transparente
( ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( ) O poder me atrai
( ) Busco qualidade de vida
146
( ) Segurança financeira é importante
( ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( ) Trabalho bem em equipe
( ) Tenho bom humor
( ) Busco satisfação pessoal plena
( ) Sou criativo
( ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( ) A vida é uma batalha
( ) Guio-me por regras
( ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( ) Gosto de aprender
( ) Faço a diferença
( ) Sou acessível
( ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
( ) Ajo como conselheiro
( ) Sou ético
( ) Sou voltado para resultados
( ) Sou paciente
( ) Preocupo-me com as gerações futuras
2) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES ORGANIZACIONAIS (O QUE O SEU
SUPERIOR IMEDIATO VALORIZA):
( ) Valoriza a justiça
( ) Valoriza principalmente os resultados financeiros
( ) Busca sempre maior produtividade
( ) Valoriza a sobrevivência da empresa
( ) Encoraja o risco
( ) Busca o envolvimento dos funcionários
( ) Valoriza a obediência
( ) Valoriza o consenso
( ) Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos
( ) Considera comprometida a empresa que não tenha bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( ) Estimula a cooperação
147
( ) Valoriza a tradição e a imagem da empresa
( ) Valoriza as regras
( ) Valoriza a disciplina e a obediência
( ) Minha empresa é competitiva
( ) Valoriza a busca da qualidade
( ) É centralizador
( ) Valoriza o ambiente de camaradagem
( ) Reconhece-nos como parte de uma grande organização
( ) Reconhece-nos por nosso alto desempenho
( ) É controlador
( ) Considera as pessoas como recursos para o lucro
( ) Considera que o treinamento da equipe deve refletir diretamente na melhoria dos
resultados financeiros
( ) Considera que o controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
( ) Valoriza a burocracia em excesso
( ) Valoriza a responsabilidade e autonomia
( ) Confia nas pessoas
( ) Procura aproveitar todo o potencial das pessoas
( ) Preocupa-se com as necessidades dos funcionários
( ) Considera que nossos fracassos servem de lição
( ) Incentiva o aprendizado
( ) Respeita a senioridade
( ) Valoriza o trabalho em equipe
( ) Valoriza o funcionário que tem bom humor
( ) Valoriza a inovação
( ) Valoriza as parcerias com clientes e fornecedores
( ) Valoriza o apoio à comunidade local
( ) Valoriza a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( ) Apóia os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( ) Estimula as pessoas a fazerem a diferença
( ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
equipe
( ) Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
( ) Procura estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
148
( ) Valoriza a preocupação com as gerações futuras
( ) Valoriza a ética
( ) Valoriza o altruísmo
( ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( ) A empresa é orientada por resultados
( ) Valoriza o poder autoritário
8.4 CORRELAÇÃO DOS ITENS DO QUESTIONÁRIO COM OS NÍVEIS DA
CONSCIÊNCIA
8.4.1 Empregados gerentes
Gerentes
Sexo: ( 1 ) M ( 2 ) F
Função na UN-BC:
( 1 ) Gerente
( 2 ) Gerente Setorial
( 3 ) Gerente Setorial de Plataforma
( 4 ) Profissional de Nível Superior
( 5 ) Profissional de Nível Médio
Tempo na Petrobras: _________________
VALORES PESSOAIS
sobrevivência
( 17 ) Segurança financeira é importante
( 02 ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( 48 ) A vida é uma batalha
( 49 ) Guio-me por regras
( 03 ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( 04 ) Sou adaptável
( 05 ) Sou controlador
relacionamento
( 06 ) A camaradagem é importante
( 08 ) Sou leal aos meus colegas
( 21 ) Sou leal à empresa
149
( 09 ) Importo-me em ser querido
( 10 ) Sou generoso
( 11 ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( 12 ) Sou obediente
auto-estima
( 13 ) Gosto de ser respeitado
( 25 ) O poder me atrai
( 15 ) Tenho dificuldade em confiar
( 16 ) Valorizo o crescimento profissional
( 35 ) Gosto de status
( 19 ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( 22 ) Quero ser o melhor
transformação
( 23 ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( 07 ) Sou responsável por meus infortúnios
( 01 ) Confio nas pessoas
( 43 ) Sou íntegro
( 24 ) Sou transparente
( 26 ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( 27 ) Busco qualidade de vida
organização
( 28 ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( 29 ) Trabalho bem em equipe
( 31 ) Tenho bom humor
( 32 ) Busco satisfação pessoal plena
( 33 ) Sou criativo
( 34 ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( 36 ) Gosto de aprender
comunidade
( 38 ) Faço a diferença
( 14 ) Envolvo-me com a comunidade
( 39 ) Sou acessível
( 40 ) Cuido da natureza
( 41 ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
150
( 42 ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( 37 ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
social
( 18 ) Ajo como conselheiro
( 20 ) Sou ético
( 44 ) Sou voltado para resultados
( 45 ) Sou paciente
( 46 ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( 47 ) Sou intuitivo
( 30 ) Preocupo-me com as gerações futuras
Organizacionais/Gerentes
sobrevivência
( 12 ) Valorizo principalmente os resultados financeiros
( 01 ) Busco sempre maior produtividade da minha equipe
( 24 ) Controlo minha equipe
( 02 ) As pessoas são recursos para o lucro
( 26 ) Valorizo a sobrevivência da empresa
( 03 ) Valorizo a obediência
( 04 ) O poder é autoritário
relacionamento
( 05 ) Valorizo relacionamentos interpessoais harmoniosos
( 07 ) Considero comprometida a empresa que não tem bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( 08 ) Valorizo a tradição e a imagem da empresa
( 10 ) As regras são importantes
( 11 ) Valorizo a disciplina e a obediência
( 13 ) O processo decisório é centralizado
( 14 ) Valorizo o ambiente de camaradagem
auto-estima
( 17 ) Somos reconhecidos como uma grande organização
( 29 ) Somos reconhecidos por nosso alto desempenho
( 18 ) O treinamento de minha equipe deve refletir diretamente na melhoria dos resultados
financeiros
( 19 ) O controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
151
( 20 ) Existe burocracia em excesso
( 23 ) A empresa é competitiva
( 25 ) Valorizo a busca da qualidade
transformação
( 36 ) Valorizo o consenso
( 27 ) Valorizo a responsabilidade e autonomia
( 28 ) Existe confiança
( 49 ) Encorajo o risco
( 30 ) Busco o envolvimento dos funcionários
( 31 ) Estimulo a cooperação
( 32 ) Procuro aproveitar todo o potencial das pessoas
organização
( 33 ) Há preocupação com as necessidades dos funcionários
( 34 ) Nossos fracassos servem de lição
( 35 ) Incentivo o aprendizado
( 16 ) Respeito a senioridade
( 22 ) Valorizo o trabalho em equipe
( 37 ) Valorizo o funcionário que tem bom humor
( 09 ) Valorizo a inovação
comunidade
( 21 ) Há parcerias com clientes e fornecedores
( 38 ) Valorizo o apoio à comunidade local
( 39 ) Valorizo a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( 40 ) Apóio os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( 41 ) Estimulo as pessoas a fazerem a diferença
( 42 ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
minha equipe
( 06 ) Valorizo os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
sociedade
( 43 ) Procuro estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
( 44 ) Existe preocupação com as gerações futuras
( 45 ) Valorizo a ética
( 46 ) Valorizo a justiça
( 47 ) O altruísmo é comum
152
( 15 ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( 48 ) A empresa é orientada por resultados
8.4.2 Empregados não-gerentes
Sexo: ( 1 ) M ( 2 ) F
Função na UN-BC:
( 1 ) Gerente
( 2 ) Gerente Setorial
( 3 ) Gerente Setorial de Plataforma
( 4 ) Profissional de Nível Superior
( 5 ) Profissional de Nível Médio
Área de Atuação:
( 1 ) Área Técnica
( 2 ) Área Administrativa
VALORES PESSOAIS
sobrevivência
( 30 ) Segurança financeira é importante
( 36 ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( 37 ) A vida é uma batalha
( 38 ) Guio-me por regras
( 02 ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( 03 ) Sou adaptável
( 04 ) Sou controlador
relacionamento
( 06 ) A camaradagem é importante
( 07 ) Sou leal aos meus colegas
( 09 ) Sou leal à empresa
( 12 ) Importo-me em ser querido
( 13 ) Sou generoso
( 14 ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( 15 ) Sou obediente
auto-estima
( 16 ) Gosto de ser respeitado
( 28 ) O poder me atrai
153
( 17 ) Tenho dificuldade em confiar
( 18 ) Valorizo o crescimento profissional
( 19 ) Gosto de status
( 20 ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( 22 ) Quero ser o melhor
transformação
( 23 ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( 08 ) Sou responsável por meus infortúnios
( 24 ) Confio nas pessoas
( 25 ) Sou íntegro
( 26 ) Sou transparente
( 27 ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( 29 ) Busco qualidade de vida
organização
( 31 ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( 32 ) Trabalho bem em equipe
( 33 ) Tenho bom humor
( 34 ) Busco satisfação pessoal plena
( 35 ) Sou criativo
( 39 ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( 40 ) Gosto de aprender
comunidade
( 41 ) Faço a diferença
( 05 ) Envolvo-me com a comunidade
( 42 ) Sou acessível
( 10 ) Cuido da natureza
( 11 ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
( 43 ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( 44 ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
social
( 45 ) Ajo como conselheiro
( 46 ) Sou ético
( 47 ) Sou voltado para resultados
( 48 ) Sou paciente
154
( 21 ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( 01 ) Sou intuitivo
( 49 ) Preocupo-me com as gerações futuras
Organizacionais/empregados
Meu superior imediato:
sobrevivência
( 02 ) Valoriza principalmente os resultados financeiros
( 03 ) Busca sempre maior produtividade
( 21 ) É controlador
( 22 ) Considera as pessoas como recursos para o lucro
( 04 ) Valoriza a sobrevivência da empresa
( 07 ) Valoriza a obediência
( 49 ) Valoriza o poder autoritário
relacionamento
( 09 ) Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos
( 10 ) Considera comprometida a empresa que não tenha bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( 12 ) Valoriza a tradição e a imagem da empresa
( 13 ) Valoriza as regras
( 14 ) Valoriza a disciplina e a obediência
( 17 ) É centralizador
( 18 ) Valoriza o ambiente de camaradagem
auto-estima
( 19 ) Reconhece-nos como parte de uma grande organização
( 20 ) Reconhece-nos por nosso alto desempenho
( 23 ) Considera que o treinamento da equipe deve refletir diretamente na melhoria dos
resultados financeiros
( 24 ) Considera que o controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
( 25 ) Valoriza a burocracia em excesso
( 15 ) Minha empresa é competitiva
( 16 ) Valoriza a busca da qualidade
transformação
( 08 ) Valoriza o consenso
( 26 ) Valoriza a responsabilidade e autonomia
155
( 27 ) Confia nas pessoas
( 05 ) Encoraja o risco
( 06 ) Busca o envolvimento dos funcionários
( 11 ) Estimula a cooperação
( 28 ) Procura aproveitar todo o potencial das pessoas
organização
( 29 ) Preocupa-se com as necessidades dos funcionários
( 30 ) Considera que nossos fracassos servem de lição
( 31 ) Incentiva o aprendizado
( 32 ) Respeita a senioridade
( 33 ) Valoriza o trabalho em equipe
( 34 ) Valoriza o funcionário que tem bom humor
( 35 ) Valoriza a inovação
comunidade
( 36 ) Valoriza as parcerias com clientes e fornecedores
( 37 ) Valoriza o apoio à comunidade local
( 38 ) Valoriza a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( 39 ) Apóia os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( 40 ) Estimula as pessoas a fazerem a diferença
( 41 ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
equipe
( 42 ) Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
sociedade
( 43 ) Procura estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
( 44 ) Valoriza a preocupação com as gerações futuras
( 45 ) Valoriza a ética
( 01 ) Valoriza a justiça
( 46 ) Valoriza o altruísmo
( 47 ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( 48 ) A empresa é orientada por resultados
8.5 QUESTIONÁRIOS DO PRÉ-TESTE
8.5.1 Empregados gerentes
156
Idade: ____________
Sexo: ( ) M ( ) F
Função na UN-BC:
( ) Gerente
( ) Gerente Setorial
( ) Gerente Setorial de Plataforma
( ) Profissional de Nível Superior
( ) Profissional de Nível Médio
Tempo na Petrobras: _________________
QUESTIONÁRIO
1) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES PESSOAIS:
( ) Confio nas pessoas
( ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( ) Sou adaptável
( ) Sou controlador
( ) A camaradagem é importante
( ) Sou responsável por meus infortúnios
( ) Sou leal aos meus colegas
( ) Importo-me em ser querido
( ) Sou generoso
( ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( ) Sou obediente
( ) Gosto de ser respeitado
( ) Envolvo-me com a comunidade
( ) Tenho dificuldade em confiar
( ) Valorizo o crescimento profissional
( ) Segurança financeira é importante
( ) Ajo como conselheiro
( ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( ) Sou ético
157
( ) Sou leal à empresa
( ) Quero ser o melhor
( ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( ) Sou transparente
( ) O poder me atrai
( ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( ) Busco qualidade de vida
( ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( ) Trabalho bem em equipe
( ) Preocupo-me com as gerações futuras
( ) Tenho bom humor
( ) Busco satisfação pessoal plena
( ) Sou criativo
( ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( ) Gosto de status
( ) Gosto de aprender
( ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
( ) Faço a diferença
( ) Sou acessível
( ) Cuido da natureza
( ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
( ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( ) Sou íntegro
( ) Sou voltado para resultados
( ) Sou paciente
( ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( ) Sou intuitivo
( ) A vida é uma batalha
( ) Guio-me por regras
2) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES ORGANIZACIONAIS (O QUE VOCÊ,
COMO GERENTE, VALORIZA NOS COMPONENTES DE SUA EQUIPE):
( ) Busco sempre maior produtividade da minha equipe
( ) As pessoas são recursos para o lucro
( ) Valorizo a obediência
158
( ) O poder é autoritário
( ) Valorizo relacionamentos interpessoais harmoniosos
( ) Valorizo os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
( ) Considero comprometida a empresa que não tem bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( ) Valorizo a tradição e a imagem da empresa
( ) Valorizo a inovação
( ) As regras são importantes
( ) Valorizo a disciplina e a obediência
( ) Valorizo principalmente os resultados financeiros
( ) O processo decisório é centralizado
( ) Valorizo o ambiente de camaradagem
( ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( ) Respeito a senioridade
( ) Somos reconhecidos como uma grande organização
( ) O treinamento de minha equipe deve refletir diretamente na melhoria dos resultados
financeiros
( ) O controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
( ) Existe burocracia em excesso
( ) Há parcerias com clientes e fornecedores
( ) Valorizo o trabalho em equipe
( ) A empresa é competitiva
( ) Controlo minha equipe
( ) Valorizo a busca da qualidade
( ) Valorizo a sobrevivência da empresa
( ) Valorizo a responsabilidade e autonomia
( ) Existe confiança
( ) Somos reconhecidos por nosso alto desempenho
( ) Busco o envolvimento dos funcionários
( ) Estimulo a cooperação
( ) Procuro aproveitar todo o potencial das pessoas
( ) Há preocupação com as necessidades dos funcionários
( ) Nossos fracassos servem de lição
( ) Incentivo o aprendizado
159
( ) Valorizo o consenso
( ) Valorizo o funcionário que tem bom humor
( ) Valorizo o apoio à comunidade local
( ) Valorizo a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( ) Apóio os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( ) Estimulo as pessoas a fazerem a diferença
( ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
minha equipe
( ) Procuro estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
( ) Existe preocupação com as gerações futuras
( ) Valorizo a ética
( ) Valorizo a justiça
( ) O altruísmo é comum
( ) A empresa é orientada por resultados
( ) Encorajo o risco
3) COMENTÁRIOS ADICIONAIS E SUGESTÕES:
8.5.2 Empregados não-gerentes
Idade: ____________
Sexo: ( ) M ( ) F
Função na UN-BC:
( ) Profissional de Nível Superior
( ) Profissional de Nível Médio
Tempo na Petrobras: _________________
Área de Atuação:
( ) Área Técnica
( ) Área Administrativa
QUESTIONÁRIO
1) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES PESSOAIS:
( ) Sou intuitivo
( ) Sinto insegurança quanto ao futuro
( ) Sou adaptável
160
( ) Sou controlador
( ) Envolvo-me com a comunidade
( ) A camaradagem é importante
( ) Sou leal aos meus colegas
( ) Sou responsável por meus infortúnios
( ) Sou leal à empresa
( ) Cuido da natureza
( ) Tenho vida balanceada (física/emocional/mental/espiritual)
( ) Importo-me em ser querido
( ) Sou generoso
( ) Sou cauteloso ao expressar minhas opiniões
( ) Sou obediente
( ) Gosto de ser respeitado
( ) Tenho dificuldade em confiar
( ) Valorizo o crescimento profissional
( ) Gosto de status
( ) Preocupo-me com a imagem pessoal
( ) Reservo parte do meu tempo para reflexões
( ) Quero ser o melhor
( ) Tenho reexaminado minhas crenças e valores
( ) Sou Confio nas pessoas
( ) Sou íntegro
( ) Sou transparente
( ) Não tenho medo de expressar minhas emoções
( ) O poder me atrai
( ) Busco qualidade de vida
( ) Segurança financeira é importante
( ) Preocupo-me com a satisfação do cliente
( ) Trabalho bem em equipe
( ) Tenho bom humor
( ) Busco satisfação pessoal plena
( ) Sou criativo
( ) Acredito que posso conseguir apesar das dificuldades
( ) A vida é uma batalha
161
( ) Guio-me por regras
( ) Sou sincero ao expressar minhas opiniões e sentimentos
( ) Gosto de aprender
( ) Faço a diferença
( ) Sou acessível
( ) Tenho cuidado com o meio ambiente
( ) Valorizo o crescimento pessoal e profissional
( ) Ajo como conselheiro
( ) Sou ético
( ) Sou voltado para resultados
( ) Sou paciente
( ) Preocupo-me com as gerações futuras
2) MARQUE OS 7 PRINCIPAIS VALORES ORGANIZACIONAIS (O QUE O SEU
SUPERIOR IMEDIATO VALORIZA):
( ) Valoriza a justiça
( ) Valoriza principalmente os resultados financeiros
( ) Busca sempre maior produtividade
( ) Valoriza a sobrevivência da empresa
( ) Encoraja o risco
( ) Busca o envolvimento dos funcionários
( ) Valoriza a obediência
( ) Valoriza o consenso
( ) Valoriza relacionamentos interpessoais harmoniosos
( ) Considera comprometida a empresa que não tenha bons relacionamentos com
funcionários, clientes e fornecedores
( ) Estimula a cooperação
( ) Valoriza a tradição e a imagem da empresa
( ) Valoriza as regras
( ) Valoriza a disciplina e a obediência
( ) Minha empresa é competitiva
( ) Valoriza a busca da qualidade
( ) É centralizador
( ) Valoriza o ambiente de camaradagem
( ) Reconhece-nos como parte de uma grande organização
162
( ) Reconhece-nos por nosso alto desempenho
( ) É controlador
( ) Considera as pessoas como recursos para o lucro
( ) Considera que o treinamento da equipe deve refletir diretamente na melhoria dos
resultados financeiros
( ) Considera que o controle é mantido por meio de estruturas hierárquicas
( ) Valoriza a burocracia em excesso
( ) Valoriza a responsabilidade e autonomia
( ) Confia nas pessoas
( ) Procura aproveitar todo o potencial das pessoas
( ) Preocupa-se com as necessidades dos funcionários
( ) Considera que nossos fracassos servem de lição
( ) Incentiva o aprendizado
( ) Respeita a senioridade
( ) Valoriza o trabalho em equipe
( ) Valoriza o funcionário que tem bom humor
( ) Valoriza a inovação
( ) Valoriza as parcerias com clientes e fornecedores
( ) Valoriza o apoio à comunidade local
( ) Valoriza a iniciativa a auditorias ambientais e sociais voluntárias
( ) Apóia os funcionários que buscam realização pessoal no trabalho
( ) Estimula as pessoas a fazerem a diferença
( ) Há a preocupação com as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais da
equipe
( ) Valoriza os funcionários que buscam o crescimento pessoal e profissional
( ) Procura estimular o desenvolvimento à consciência ecológica
( ) Valoriza a preocupação com as gerações futuras
( ) Valoriza a ética
( ) Valoriza o altruísmo
( ) A empresa obtém o respeito da sociedade em geral
( ) A empresa é orientada por resultados
( ) Valoriza o poder autoritário
3) COMENTÁRIOS ADICIONAIS E SUGESTÕES:
163
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