1. INTRODUÇÃO
A pressão arterial de adultos, em condições normais, varia entre o nível sistólico
médio de 120 mmHg e o nível diastólico médio de 80 mmHg (Chobanian et al, 2003). Para
que a pressão arterial se mantenha nos níveis considerados normais existe um ajuste
importante da resistência vascular periférica (RVP) e do débito cardíaco (DC), as quais são
variáveis hemodinâmicas que controlam a pressão arterial (Lessa et al, 1998).
O DC depende do volume sangüíneo que pode variar com a quantidade de íons sódio
no organismo e com a freqüência e contratilidade cardíacas. Já a RVP depende,
principalmente, do diâmetro das arteríolas, que é determinado pela espessura de suas paredes,
e pela ação de substâncias reguladoras do tônus arteriolar. Estas substâncias podem ser
vasoconstritoras, como: catecolaminas, angiotensina, endotelina, ou vasodilatadoras, como:
fator de relaxamento derivado do endotélio (FRDE) ou óxido nítrico (NO). Alterações no DC
e/ou na RVP podem elevar os níveis pressóricos originando a hipertensão arterial (Robbins,
2001).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença multifatorial e multicausal
caracterizada por elevação persistente dos níveis de pressão sangüínea (pressão sistólica ≥ 140
mmHg e pressão diastólica ≥ 90 mmHg) e, por alterações metabólicas, hormonais e tróficas
(Nobre&Lima, 2000). Desta forma, a HAS consiste em importante fator de risco para
promoção de inúmeras doenças, tais como: insuficiência renal crônica, doença
cerebrovascular, retinopatia hipertensiva, doença vascular de extremidades entre outras. Para
se ter uma idéia da importância deste fator de risco, na população adulta brasileira, a taxa de
prevalência de HAS é alta, variando de 22% a 44% (III Consenso Brasileiro de Hipertensão
Arterial, 1998; IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002).
No que se refere especificamente ao coração, a HAS pode levar à doença coronariana,
insuficiência cardíaca e arritmias (IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002).
As arritmias cardíacas, ventriculares ou supraventriculares, influenciam a mortalidade,
morbidade e qualidade de vida dos hipertensos (Yildirir et al, 2002). Assim, dada sua
importância, inúmeros estudos in vivo e in vitro vêm sendo feitos acerca da relação de HAS e
arritmias cardíacas. Em estudos in vivo efetuados por diversos autores (Bayés-Genís et al,
1995; Gatzoulis et al, 2000; Esler, 2000; Yildirir et al, 2002; Verdecchia et al, 2003; Healey,
2003; Grassi et al, 2003; Reiffel, 2004; Fuenmayor et al, 2004; Noord et al, 2004) foram
avaliados, principalmente, os seguintes parâmetros: