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CARACTERIZAÇÃO DE MISTURAS ASFÁLTICAS COM O USO DE ESCÓRIA DE
ACIARIA COMO AGREGADO
Verônica Teixeira Franco Castelo Branco
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
CIVIL.
Aprovada por:
_________________________________________________
Profa. Laura Maria Goretti da Motta, D.Sc.
_________________________________________________
Prof. Jorge Barbosa Soares, Ph.D.
_________________________________________________
Prof. Jacques de Medina, L.D.
_________________________________________________
Dra. Leni Figueiredo Mathias Leite, D.Sc.
_________________________________________________
Prof. Salomão Pinto, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MAIO DE 2004
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ii
CASTELO BRANCO, VERÔNICA TEIXEIRA FRANCO
Caracterização de Misturas Asfálticas Com o Uso
de Escória de Aciaria como Agregado
[Rio de Janeiro] 2004
XVIII, 135 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese – Universidade Federal do Rio deJaneiro,
COPPE
1.Misturas asfálticas 2.Escória de aciaria
I. COPPE/UFRJ II. Título (série).
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iii
Aos meus queridos Caio e Cristiano, para quem, neste período, não fui
suficiente mãe nem esposa, mas por me amarem tanto contribuíram
para que eu me tornasse suficientemente mais profissional.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço sinceramente:
À Deus, em primeiro lugar e acima de qualquer coisa, por ter permitido que eu
passasse por este processo engrandecedor e por ter me dado coragem e
perseverança para superar todos os “contratempos” encontrados durante esta
caminhada chamada “mestrado”;
À minha família que sempre me apoiou, incentivou e educou para a vida. Em
especial a minha querida mãe, Aurilêda Teixeira Franco Cavalcante, meu “espelho”
profissional e principalmente pessoal, que mesmo com saudades me encorajou em
todos os momentos;
Ao meu marido, Cristiano Ribeiro Castelo Branco, pelo amor, companheirismo,
compreensão e paciência e por ter me dado, neste período, o presente mais
perfeito que meus olhos já viram: Caio Teixeira Franco Castelo Branco;
À minha orientadora, Laura Maria Goretti da Motta, por ter me recebido de braços
e coração abertos, por ter permitido que eu compartilhasse da sua sabedoria que
me foi tão importante, pela cordialidade e atenção que sempre me deu, pelo
carinho com que sempre me tratou, pelas lições de humildade e generosidade que,
mesmo sem querer, me ensinou e, principalmente, por ter acreditado que eu era
capaz;
Ao meu co-orientador, Jorge Barbosa Soares, a quem ouso chamar de amigo, por
ter mantido as “portas” do LMP sempre abertas para mim, me dado atenção e
carinho nos momentos mais difíceis desta caminhada, por ter aumentado
infinitamente meu potencial todas as vezes que se referiu a mim em público e me
criticado, de forma muito construtiva, em particular e, principalmente, por ter sido o
grande responsável pelo meu interesse por pesquisa e vida acadêmica;
Às famílias Maya e Paulino Cavalcante, por terem me ajudado durante a minha
estada no Rio de Janeiro, sempre me recebendo com muito carinho;
Às amigas Cíntia Cunha e Socorro São Mateus, por terem dividido o mesmo teto e,
por vezes, os mesmos problemas durante esta jornada. E por me ensinarem que
longe nem sempre quer dizer separado;
Aos professores Ian Martins e Willy Lacerda por terem contribuído sobremaneira
para a minha formação, em especial ao prof. Ian por ter sido sempre muito
prestativo me ajudando antes mesmo que eu iniciasse o curso e durante o decorrer
do mestrado (às vezes até a distância);
v
À turma da COPPE/UFRJ: Adriana Martins, Álvaro Dêlle, Ana Maria (que
gentilmente realizou os ensaios na COPPE/UFRJ), Bororó, Fabrício Mourão,
Fernando Affonso, Ricardo Gil, Sidclei Magalhães e em especial à amiga Vivianne
Pessoa Cardoso Guedes simplesmente por ter deixado que eu me tornasse sua
amiga, por nunca ter medido esforços para “quebrar todos os meus galhos de
jequitibá” fossem eles quais fossem e por ter dividido comigo as angústias por
estar longe de casa;
À turma do LMP/DET/UFC: Annie Kariny, Conceição Lucena, Daniel Rodrigues
Aldigueri, Everton Bezerra Parente, Heberton Souto Moreira, Jorge Magalhães
Pinheiro, Thiago Aragão e Thiago Loureiro por terem dividido comigo as
preocupações do dia-a-dia, feito sugestões que me ajudaram nas soluções dos
problemas encontrados, e pelos momentos de diversão que vivemos, dentro ou
fora do laboratório. Em especial à Kamilla Lima Vasconcelos (amiga de todas as
horas, principalmente nas mais difíceis), por ter me ajudado tanto profissional
quanto pessoalmente, por ter sido a amiga fiel de sempre e por ter me ensinado a
encarar a vida de uma forma mais alegre;
Ao professor Sérgio Armando de Sá e Benevides, que gentilmente me cedeu seus
dados para que algumas análises pudessem ser feitas e respondeu a todos os
meus questionamentos sobre o assunto;
Aos laboratoristas Claiton Lopes e Rômulo Jácome pela disposição e “boa
vontade” sempre demonstradas para a realização das atividades laboratoriais tão
necessárias para a realização deste estudo;
Ao CNPq pelo apoio financeiro fundamental para o desenvolvimento desta
pesquisa;
À Gerdau Cearense S.A. e à Sobremetal Recuperação de Metais Ltda. pelo
fornecimento da escória utilizada neste estudo, mas acima de tudo por terem me
recebido e me ouvido com muito carinho;
À Lubnor/Petrobras e ao Cenpes/Petrobras, em especial aos engenheiros João
Augusto Araújo Paiva e Leni Figueiredo Mathias Leite, pelo fornecimento do CAP,
apoio operacional e pelo fiel incentivo e confiança sempre em mim depositados;
À todos, que direta ou indiretamente, me ajudaram na concretização deste sonho.
vi
Resumo da Tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
CARACTERIZAÇÃO DE MISTURAS ASFÁLTICAS COM O USO DE ESCÓRIA DE
ACIARIA COMO AGREGADO
Verônica Teixeira Franco Castelo Branco
Maio/2004
Orientadores: Laura Maria Goretti da Motta
Jorge Barbosa Soares
Programa: Engenharia Civil
Este trabalho trata da caracterização de misturas asfálticas com utilização de
escória de aciaria como agregado. A escória de aciaria elétrica, proveniente da
Gerdau Cearense S.A., foi caracterizada química e fisicamente através dos ensaios
exigidos pela norma DNER – EM 262/94 e por outros considerados relevantes pela
autora. A expansibilidade da escória foi avaliada através do método PTM 130/78. As
misturas asfálticas são do tipo CBUQ com o uso de CAP 50/60, DOPE, escória de
aciaria e areia de campo. Estas misturas foram caracterizadas mecanicamente através
dos ensaios de resistência à tração estática por compressão diametral, módulo de
resiliência, fadiga por compressão diametral a tensão controlada e resistência à tração
retida por umidade induzida. Os resultados foram comparados com os obtidos para
uma mistura dosada com brita de origem granítica, areia de campo, pó de pedra, filer
mineral e o mesmo CAP, porém sem DOPE. A escória de aciaria apresentou
possibilidade de uso em revestimentos asfálticos. O aperfeiçoamento da metodologia
mostrou-se necessário face à dificuldade encontrada devido à heterogeneidade dos
agregados de escória de aciaria. O efeito do DOPE para as misturas avaliadas
mostrou-se irrelevante. O condicionamento prévio dos corpos de prova acarretou
aumento nos resultados dos ensaios de resistência à tração estática e módulo de
resiliência.
vii
Abstract of thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fullfilment of the
requirements for the degree of Masters of Science (M.Sc.)
CHARACTERIZATION OF HOT ASPHALT MIXES USING STEEL SLAG AS
AGGREGATE
Verônica Teixeira Franco Castelo Branco
May/2004
Advisors: Laura Maria Goretti da Motta
Jorge Barbosa Soares
Department: Civil Engineering
This study is about the characterization of hot asphalt mixes using steel slag as
aggregate. The electric steel slag, from Gerdau Cearense S.A., had its physical and
chemical characteristics determined by the DNER – EM 262/94 test procedure and
other tests considered important by the author. The expansive characteristics of the
steel slag aggregates were determined by PTM 130/78. The hot asphalt mixes
investigated had an asphalt cement 50/60, DOPE, steel slag and field sand. The
mixture properties tested included split tensile strength, resilient modulus, fatigue and
test moisture induced damage. The testing mixtures are compared with another mix
made with natural aggregates and the same asphalt cement, but without DOPE.The
steel slag can be use in hot mix asphalt concrete. The mixture design needs to be
adapted because the surface texture of the slag is variable (from very dense and solid
to vesicular). According to the result of the test moisture induced damage, the use of
the DOPE was not significant for the mixtures using steel slag. The mix which was
maintained under a temperature of 160°C during two hours before the compaction had
the highest value of split tensile strength and the highest value of resilient modulus.
viii
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS............................................................................................ x
ÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................. xv
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO............................................................................... 01
CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................... 04
2.1 - Aço............................................................................................................ 04
2.2 - Escória...................................................................................................... 08
2.3 - Produção da escória de aciaria no Ceará................................................. 11
2.4 - Uso da escória de aciaria.......................................................................... 17
2.5 - A utilização da escória de aciaria em obras rodoviárias........................... 22
2.6 - Expansibilidade da escória....................................................................... 27
2.7 - Ocorrência de tufo..................................................................................... 33
CAPÍTULO 3 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS............... 34
3.1 - Obtenção da escória de aciaria................................................................ 34
3.2 - Caracterização da escória de aciaria........................................................ 35
3.3 - Obtenção e caracterização dos demais agregados.................................. 50
3.4 - Obtenção e caracterização do CAP.......................................................... 52
3.5 - Obtenção e caracterização do DOPE....................................................... 55
CAPÍTULO 4 DOSAGEM MARSHALL................................................................ 56
4.1 - Densidade Máxima Teórica (DMT)........................................................... 58
4.2 - Agregados................................................................................................. 67
4.3 - Teor de Projeto (TP)................................................................................. 70
4.4 - Absorção de ligante.................................................................................. 80
ix
CAPÍTULO 5 CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA................................................. 84
5.1 - Resistência à tração estática por compressão diametral (DNER – ME
138/94).............................................................................................................. 85
5.2 - Módulo de resiliência (DNER – ME 133/94)............................................. 92
5.3 - Fadiga por compressão diametral a tensão controlada............................ 101
5.4 - Resistência à tração retida por umidade induzida (AASHTO T – 283/89) 105
5.5 - Comparação dos resultados.. ..................................................................
109
CAPÍTULO 6 APLICAÇÃO DOS RESULTADOS................................................ 113
6.1 - Dados gerais do trecho............................................................................. 113
6.2 - Análises utilizando o FEPAVE2............................................................... 116
CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES................................................... 122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 125
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1.1 - Produção mundial de aço bruto por região, 10
6
toneladas (IBS,
2001)............................................................................................
04
Tabela 2.1.2 - Produção de aço bruto por processo de refino, no Brasil (IBS,
2002)..........………………………………………………………….. 06
Tabela 2.1.3 - Processos de fabricação do aço (MACHADO, 2000).................. 07
Tabela 2.1.4 - Tipos de fornos utilizados pelas siderúrgicas brasileiras (IBS,
2002 apud ROHDE, 2002)...........................................................
08
Tabela 2.2.1 - Composição da escória produzida pelo processo LD no Brasil
(IBS, 1998)…………………………………………………………… 09
Tabela 2.2.2 - Composições das escórias de aciaria elétrica (PEREIRA, 1994
apud MASUERO et al., 2000)......................................................
09
Tabela 2.4.1 - Campo de aplicação das escórias de diferentes origens (BRUN
e YUAN, 1994 apud GEYER, 2001)............................................ 19
Tabela 2.4.2 - Características das escórias de aciaria (NOURELDI e
McDANIEL, 1989)........................................................................ 20
Tabela 2.4.3 - Preços e receitas dos agregados siderúrgicos (IBS, 1998)......... 21
Tabela 2.4.4 - Comparação entre valores de insumos, para camada de base
(ALVARENGA, 2001).................................................................. 22
Tabela 2.5.1 - Proporções de escória utilizadas por SILVA (2003a).................. 26
Tabela 2.6.1 - Produtos formados na oxidação e corrosão do ferro
(MACHADO, 2000)...................................................................... 29
Tabela 2.6.2 - Variação de volume dos compostos após a hidratação
(WEAST, 1971 apud MACHADO, 2000)..................................... 29
Tabela 3.2.1 - Análise química quantitativa da amostra de escória .................. 37
Tabela 3.2.2 - Análise química semi-quantitativa da amostra de escória
realizada com a utilização do Microscópio de Varredura
Eletrônica (MVE).....................................………………………… 38
Tabela 3.2.3 - Ensaio de granulometria, em peso retido e porcentagem
passando da escória....................................................................
41
Tabela 3.2.4 - Graduação para o ensaio Los Angeles da norma ME 035
(1998).........................................………………………………...... 42
Tabela 3.2.5 - Resultado do ensaio de abrasão Los Angeles da escória .......... 42
Tabela 3.2.6 - Densidades e absorção da escória de aciaria graúda ................ 43
xi
Tabela 3.2.7 - Expansão da escória de aciaria até o 14º dia do ensaio PTM
130/78.......................................................................................... 48
Tabela 3.2.8 - Expansão da escória após o 14º dia do ensaio PTM 130/78...... 49
Tabela 3.3.1 -. Densidade real da areia de campo ............................................. 51
Tabela 3.4.1 - Especificações e valores medidos para a amostra de CAP
50/60 Fazenda Alegre (Lubnor/Petrobras) ................................. 53
Tabela 3.4.2 - Composição química da amostra de CAP 50/60 Fazenda
Alegre (Cenpes/Petrobras).......................................................... 52
Tabela 3.4.3 - Resultados das análises relativas às especificações Superpave
da amostra de CAP 50/60 Fazenda Alegre (Cenpes/Petrobras).
53
Tabela 3.4.4 - Temperatura máxima do pavimento na região de Fortaleza e
grau de classificação SHRP do CAP necessário para atender
essa condição (SOARES, 2000)................................................. 54
Tabela 3.5.1 - Especificações do CAP-DOP (PETROBRAS, 2003)................... 55
Tabela 4.1.1 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e de Densidade
Máxima Medida (DMM) das misturas 1, 2 e 3, com 40,0%;
60,0% e 80,0% de escória, respectivamente.............................. 61
Tabela 4.1.2 - Valores de Densidade Máxima Medida (DMM) para a mistura 6
(40,0% de escória).......................................................................
62
Tabela 4.1.3 - Valores de Teor de Projeto (TP) (%) calculados a partir de
valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade
Máxima Medida (DMM) para as misturas experimentais............ 63
Tabela 4.1.4 - Valores de Densidade Máxima Teórica (para as misturas 1 e
6) e Densidade Máxima Medida (para as misturas 2 e 3) para o
Teor de Projeto (TP).................................................................... 64
Tabela 4.1.5 - Valores de Densidade Máxima Teórica com obtenção das
densidades reais de maneira convencional (DMT) e não-
convencional (DMT*) das misturas 1, 2 e 3, com 40,0%; 60,0%
e 80,0% de escória respectivamente…………………….............. 66
Tabela 4.2.1 - Granulometria da mistura comparativa e limites da faixa C do
DNER para CBUQ....................................................................... 68
Tabela 4.2.2 - Porcentagem de uso dos agregados nas misturas
experimentais com escória.......................................................... 69
Tabela 5.1.1 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para as
misturas 1, 2 e 3 (40,0%; 60,0% e 80,0% de escória,
respectivamente) e comparativa..........................................…… 87
xii
Tabela 5.1.2 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a
mistura 4 (40,0% de escória) e comparativa............................... 88
Tabela 5.1.3 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a
mistura 5 (60,0% de escória) e comparativa............................... 88
Tabela 5.1.4 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a
mistura 6 (40,0% de escória), ensaiada na UFC e na COPPE,
e comparativa.......................................……………..................... 90
Tabela 5.2.1 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas 1, 2 e
3 (40,0%; 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e
comparativa.................................................................................
94
Tabela 5.2.2 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) obtidos em corpos de
prova em duas posições (0º e 90º) para a mistura 3 (80,0% de
escória)...........................................................................……….. 95
Tabela 5.2.3 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 4
(40,0% de escória)......................…............................................. 96
Tabela 5.2.4 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 5
(60,0% de escória)....................................................................... 97
Tabela 5.2.5 - Valores de Teor de Projeto (TP) convencional e acrescido do
percentual de ligante absorvido para as misturas experimentais
com escória de aciaria.................................................................
99
Tabela 5.2.6 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 6
(40,0% de escória), ensaios realizados na UFC e na UFRJ, e
comparativa.................................................................................
100
Tabela 5.2.7 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) obtidos em um corpo
de prova ensaiado em três posições (0º, 90º e 180º) para a
mistura 6 (40,0% de escória)....................................................... 101
Tabela 5.3.1 - Constantes (MPa) do ensaio de fadiga para as misturas 2 e 6
(60,0% e 40,0% de escória, respectivamente) e
comparativa…………...................................................................
104
Tabela 5.4.1 -
Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 6
(40,0% de escória) com utilização de DOPE, sem DOPE e
mistura comparativa - corpos de prova sem condicionamento...
108
Tabela 5.4.2 - Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 6
(40,0% de escória) com utilização de DOPE, sem DOPE e
mistura comparativa - corpos de prova com condicionamento...
108
xiii
Tabela 5.5.1 - Resultados dos ensaios mecânicos para as misturas testadas
no projeto COPPETEC (1996)..................................................... 110
Tabela 5.5.2 - Constantes (MPa) do ensaio de fadiga para as misturas do
projeto COPPETEC (1996).......................................................... 111
Tabela 6.1.1 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de revestimento do trecho
Pajuçara-Pacatuba………………………………………………….. 114
Tabela 6.1.2 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de base do trecho Pajuçara -
Pacatuba......................................................................................
114
Tabela 6.1.3 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de sub-base do trecho
Pajuçara - Pacatuba.................................................................... 115
Tabela 6.1.4 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) do material de subleito do trecho Pajuçara
- Pacatuba................................................................................... 115
Tabela 6.1.5 - Equações do Módulo de Resiliência (MR) e correlações para
as camadas granulares do trecho Pajuçara-Pacatuba
(BENEVIDES, 2000)....................................................................
115
Tabela 6.1.6 - Resistência à Tração (RT), Módulo de Resiliência (MR) e
relação MR/RT para as misturas comparativa, 2 (60,0% de
escória) e 6 (40,0% de escória), utilizadas como revestimento
nas análises deste estudo........................................................... 116
Tabela 6.1.7 - Constantes (MPa) do ensaio de fadiga a tensão controlada, em
função da diferença de tensões, para as misturas comparativa,
2 (60,0% de escória) e 6 (40,0% de escória), utilizadas como
revestimento nas análises deste estudo......................................
116
Tabela 6.2.1 - Parâmetros K
1
e K
2
para dimensionamento das camadas
granulares do trecho Pajuçara-Pacatuba (BENEVIDES, 2000).. 117
Tabela 6.2.2 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2,
utilizando a mistura comparativa como revestimento, para o
trecho Pajuçara-Pacatuba...........................................................
118
xiv
Tabela 6.2.3 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2,
utilizando a mistura 2 (60,0% de escória) como revestimento,
para o trecho Pajuçara-Pacatuba................................................ 119
Tabela 6.2.4 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2,
utilizando a mistura 6 (40,0% de escória) como revestimento,
para o trecho Pajuçara-Pacatuba................................................
119
Tabela 6.2.5 -
Resistência à Tração (RT), Módulo de Resiliência (MR) e
relação MR/RT para o revestimento (CBUQ original) do trecho
Pajuçara Pacatuba, estudado por BENEVIDES (2000)..............
121
Tabela 6.2.6 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2,
utilizando a mistura original (CBUQ) como revestimento, para o
trecho Pajuçara-Pacatuba (BENEVIDES, 2000)......................... 121
xv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1.1 - Regionalização da produção de aço bruto no Brasil (IBS,
2002)............................................................................................
05
Figura 2.3.1 - Localização do município de Maracanaú, Ce (BOAVISTA,
2003)………………………………………………………………….. 12
Figura 2.3.2 - Fluxo de produção da Gerdau Cearense S.A. (ADERALDO,
2003)............................................................................................ 13
Figura 2.3.3 - Esquema de produção de escória em forno de arco elétrico
(GEYER et al., 1996 apud GEYER, 2001).................................. 14
Figura 2.3.4 - Etapas para separação da matéria-prima e fornos utilizados no
processo de beneficiamento do aço, Gerdau Cearense S.A....... 15
Figura 2.3.5 - Escória de aciaria elétrica produzida pela Gerdau Cearense
S.A...........................………………………………………………… 16
Figura 2.3.6 - Etapas do beneficiamento da escória na Sobremetal
Recuperação de Metais Ltda....................................................... 16
Figura 2.6.1 - Pavimento com utilização de escória não curada (SILVA,
2002)............................................................................................
28
Figura 2.6.2 - Exemplo de taxa de expansão do ensaio PTM 130/78............... 32
Figura 3.1.1 - Coleta da escória na Sobremetal Recuperação de Metais Ltda. 34
Figura 3.1.2 - Etapas do armazenamento e homogeneização da escória no
LMP/DET/UFC.............................................................................
35
Figura 3.2.1 - Fluxograma dos ensaios para caracterização da escória de
aciaria.......................................................................................... 36
Figura 3.2.2 - Picos dos elementos existentes na escória obtidos com a
utilização do Microscópio de Varredura Eletrônica (MVE) ......... 38
Figura 3.2.3 -
Fotos dos grãos da escória, escalas variadas (a) 50 µm, (b)
100 µm e (c) 500 µm....................................................................
38
Figura 3.2.4 - Exemplo de difratograma da escória utilizada............................. 39
Figura 3.2.5 - Granulometrias das amostras de escória.................................... 41
Figura 3.2.6 - Comparação entre as amostras de escória de aciaria e padrão. 44
Figura 3.2.7 - Tentativas para obtenção da curva de compactação da escória 46
Figura 3.2.8 - Determinação da umidade ótima da escória na energia
modificada, com a curva interpolada a partir dos resultados da
terceira tentativa..................................………….………………… 46
xvi
Figura 3.2.9 - Etapas para realização do ensaio de expansão da escória
pelo método PTM 130/78............................………...................... 47
Figura 3.2.10 - Percentuais de expansão diária e acumulada (leitura zero até o
14º dia) da escória no ensaio PTM 130/78.................................. 49
Figura 3.2.11 - Percentuais de expansão diária e acumulada para a escória
em continuação ao observado no ensaio PTM 130/78 (14º ao
30º dia)......................................................................................... 50
Figura 3.3.1 - Vista da pedreira e coleta dos agregados................................... 51
Figura 3.3.2 - Granulometria da areia de campo............................................... 51
Figura 4.1 - Metodologia adotada nesta pesquisa.......................................... 58
Figura 4.1.1 - Equipamento para medição da densidade máxima..................... 60
Figura 4.1.2 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade
Máxima Medida (DMM) das misturas 1, 2 e 3 com 40,0%;
60,0% e 80,0% de escória, respectivamente versus teor de
CAP............................................................................................. 61
Figura 4.1.3 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade
Máxima Medida (DMM) para a mistura 6 (40,0% de escória)
material no estado original (misturado e sem condicionamento)
e separado e condicionado versus teor de CAP...................…... 63
Figura 4.1.4 - Esquema agregado com ligante (VASCONCELOS et al. 2003). 65
Figura 4.1.5 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade
Máxima Teórica Rice (DMT*) para as misturas 1, 2 e 3 com
40,0%; 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente versus
teor de CAP................................................................................. 66
Figura 4.1.6 - Valores de Densidade Máxima Medida (DMM) e Densidade
Máxima Teórica Rice (DMT*) paras as misturas 1, 2 e 3 com
40,0%; 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente versus
teor de CAP………………………………………………................ 67
Figura 4.2.1 - Proporção dos agregados e fracionamento da escória ………… 68
Figura 4.2.2 - Enquadramento das misturas de agregados (experimentais e
comparativa) na faixa C do DNER……….................................... 69
Figura 4.2.3 - Granulometria Superpave das misturas experimentais e
comparativa................................................................................. 70
Figura 4.3.1 - Exemplo de obtenção do Teor de Projeto (TP)........................... 71
Figura 4.3.2 - Viscosidade (Poise) da amostra de CAP 50/60 Fazenda Alegre
versus temperatura (ºC)............................................................... 72
xvii
Figura 4.3.3 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura comparativa.................................................................... 72
Figura 4.3.4 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 2 (60,0% de escória)....................................................... 74
Figura 4.3.5 - Diferenças entre os aspectos da escória utilizada...................... 74
Figura 4.3.6 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 1 (40,0% de escória) ..............................……................. 75
Figura 4.3.7 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 3 (80,0% de escória) ..............................……………...... 76
Figura 4.3.8 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 4 (40,0% de escória) ..............................……………….. 77
Figura 4.3.9 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 5 (60,0% de escória) ..............................……………….. 78
Figura 4.3.10 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a
mistura 6 (40,0% de escória) ..............................…………......... 79
Figura 4.3.11 - Ilustração da separação da escória de aciaria em dois grupos
pela aparência dos grãos para compor a mistura 6 (40,0% de
escória)........................................................................………….. 80
Figura 4.4.1 - Tomografia computadorizada do grão da escória utilizada
neste estudo................................................................................ 82
Figura 4.4.2 - Tomografia computadorizada dos corpos de prova moldados
com e sem a utilização de escória de aciaria como agregado.... 82
Figura 5.1.1 - Esquema do ensaio de Resistência à Tração indireta (RT) e
equipamento usado nesta pesquisa.......................................…. 85
Figura 5.1.2 - Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para as misturas
1, 2 e 3 (40,0%; 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e
comparativa................................................................................. 87
Figura 5.1.3 - Variação dos valores de Resistência à Tração indireta (RT)
versus teores de CAP para a mistura 4 (40,0% de escória) ....... 89
Figura 5.1.4 - Variação dos valores de Resistência à Tração indireta (RT)
versus teores de CAP para a mistura 5 (60,0% de escória)........ 90
Figura 5.1.5 - Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 6
(40,0% de escória), ensaiada na UFC e na COPPE, e
comparativa................................................................................. 91
Figura 5.2.1 - Equipamento para ensaio de Módulo de Resiliência (MR) de
misturas asfálticas usado nesta pesquisa................................... 92
xviii
Figura 5.2.2 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas 1, 2 e
3 (40,0%; 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e
comparativa………………………………………………................ 94
Figura 5.2.3 - Variação dos valores de Módulo de Resiliência (MR) para a
mistura 4 (40,0% de escória)....................................................... 96
Figura 5.2.4 - Variação dos valores de Módulo de Resiliência (MR) para a
mistura 5 (60,0% de escória)......................................…............. 97
Figura 5.2.5 - Esquema interação ligante-agregados para a compensação da
heterogeneidade do material……………………………………… 99
Figura 5.2.6 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas
comparativa e 6 (40,0% de escória), ensaiada na UFC e na
UFRJ............................................................................................ 100
Figura 5.3.1 - Esquema da diferença de tensões e do equipamento utilizado
para o ensaio de vida de fadiga...................................................
103
Figura 5.3.2 - Vida de fadiga a tensão controlada (25ºC) para as misturas 2 e
6 (60,0% e 40,0% de escória, respectivamente) e comparativa. 104
Figura 5.4.1 - Ilustração da falta de recobrimento dos agregados pelo ligante
durante a moldagem Marshall dos corpos de prova................... 107
Figura 5.4.2 - Variação do Vv (%) com o número de golpes para a mistura 6
(40,0% de escória) no Teor de Projeto (TP)................................ 107
Figura 5.5.1 - Vida de fadiga a tensão controlada (25ºC) para as misturas
comparativa, 2 e 6 (60,0% e 40,0% de escória,
respectivamente) e para a mistura 1 do projeto COPPETEC
(1996).......................................................................................... 112
Figura 6.1.1 - Localização do trecho utilizado para análise de
dimensionamento........................................................................ 113
Figura 6.1.2 - Estrutura do trecho Pajuçara-Pacatuba....................................... 114
1
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
Diante da escassez de recursos financeiros para aplicação nos mais diversos setores
econômicos e da necessidade de proteção ambiental, torna-se viável o uso de
técnicas e materiais alternativos. A escória de aciaria, um subproduto da produção do
aço, é um rejeito que já vem sendo utilizado de várias formas desde a utilização na
construção de quebra-mares até na infra e superestrutura rodoviária.
A escória de aciaria gerada é cerca de 12,0% a 16,0% em massa da produção de aço
mundial. No Brasil, cada tonelada de aço produz entre 70 e 170 kg de escória de
aciaria e por ano são produzidas mais de 4 milhões de toneladas deste material. No
estado do Ceará são produzidas em torno de 10.000 toneladas de aço por mês,
resultando em, aproximadamente, 1.500 toneladas de escória de aciaria elétrica
produzidas.
O aproveitamento da escória é vantajoso para a indústria siderúrgica que gera este
rejeito, e pode ser vantajoso para sua utilização pela indústria de construção civil como
alternativa do uso de pedra britada a partir dos afloramentos rochosos. Para a primeira
pode agregar-se valor ao rejeito e diminuir os gastos com a ocupação de áreas de
deposição e tratamentos impostos pelas regras de proteção ambiental. Para a
construção, o preço do material granular pode cair, além do agregado de escória ser
tecnicamente competitivo.
A utilização da escória de aciaria, sozinha ou combinada, como agregado em
revestimentos asfálticos já vem sendo realizada desde 1970 em vários países, como
Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Canadá, França, Alemanha, Polônia e Rússia. No
Brasil, as cidades de Vitória e Vila Velha, no estado do Espírito Santo, utilizam este
rejeito nas camadas de seus pavimentos e em vias não pavimentadas desde 1980
(SILVA, 1994; 2001b).
Como desvantagens do uso da escória de aciaria em projetos de pavimentação estão
a heterogeneidade do rejeito (devido à matéria-prima utilizada, ao processo de
fabricação do aço, à forma de resfriamento e ao armazenamento deste rejeito), a
2
porosidade (aumenta o consumo de cimento asfáltico e, conseqüentemente o custo), o
alto potencial expansivo deste material e a formação de tufo (precipitação do
carbonato de cálcio – CaCO
3
) que danifica o sistema de drenagem. A expansão é a
maior causadora dos defeitos encontrados nos pavimentos que utilizaram escória de
aciaria em suas camadas de revestimento e sub-camadas.
O objetivo geral desta pesquisa é:
Avaliar o potencial de utilização da escória de aciaria elétrica, proveniente da
Gerdau Cearense S.A., como agregado em misturas asfálticas do tipo Concreto
Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
Caracterizar o rejeito escória de aciaria através de ensaios laboratoriais
normatizados e por outros considerados relevantes para este estudo;
Realizar a dosagem Marshall de misturas asfálticas com a utilização de escória de
aciaria, em diferentes proporções;
Caracterizar mecanicamente as misturas experimentais;
Comparar os parâmetros volumétricos obtidos na dosagem Marshall e os
parâmetros mecânicos das misturas com escória de aciaria como agregado, com
os parâmetros de uma mistura dosada com agregados pétreos no Laboratório de
Mecânica dos Pavimentos (LMP) / Departamento de Engenharia de Transportes
(DET) / Universidade Federal do Ceará (UFC).
A metodologia escolhida para obtenção destes objetivos foi a caracterização da
escória de aciaria química e fisicamente, e a avaliação do seu potencial expansivo,
observando-se o tempo de cura mínimo da escória. Os riscos de danos ambientais
causados por este resíduo, através dos ensaios de lixiviação e solubilização foram
avaliados. As misturas experimentais foram dosadas com diferentes proporções de
escória, 40,0%, 60,0% e 80,0%, aproximadamente, e as curvas granulométricas das
misturas foram propositadamente coincididas para que o número de variáveis a avaliar
diminuísse. Os parâmetros da dosagem Marshall foram obtidos para as misturas
asfálticas experimentais do tipo CBUQ, utilizando Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)
50/60, substância adesivadora comercial DOPE, escória de aciaria, areia de campo e
fíler mineral. Utilizou-se a faixa C do DNER para CBUQ. As misturas foram avaliadas
mecanicamente através dos ensaios de Resistência à Tração estática por compressão
diametral (RT), Módulo de Resiliência (MR), fadiga por compressão diametral a tensão
controlada e resistência a tração retida por umidade induzida. As misturas com
3
utilização de escória de aciaria foram comparadas com uma mistura dosada somente
com agregados naturais, isto é, brita ¾” e 3/8” (origem granítica), pó de pedra, areia de
campo, fíler mineral e o mesmo CAP.
O presente trabalho está assim organizado:
O Capítulo 1 é este capítulo de introdução;
O Capítulo 2 é uma revisão bibliográfica, nacional e internacional, sobre o assunto
escória de aciaria. O processo de formação deste rejeito foi apresentado desde a
fabricação do aço, geração do rejeito, vantagens e desvantagens do uso deste
material em diversos campos de aplicação (em especial na construção rodoviária),
estudos já realizados com o uso de escória de aciaria e algumas características
deste material. Foi ainda dada ênfase à produção da escória de aciaria no Ceará,
visto que este estudo foi desenvolvido neste estado;
O Capítulo 3 trata da obtenção e caracterização dos materiais utilizados na
presente pesquisa, isto é, escória de aciaria, areia de campo, filer mineral, CAP e
DOPE. Os ensaios utilizados para a caracterização, bem como seus resultados,
encontram-se também neste capítulo;
O Capítulo 4 trata da dosagem Marshall das diversas misturas utilizadas neste
estudo. Discussões sobre a Densidade Máxima Teórica (DMT), misturas de
agregados, Teor de Projeto (TP) e absorção de ligante pelos agregados estão
neste capítulo;
O Capítulo 5 apresenta a caracterização mecânica das misturas asfálticas através
dos ensaios: Resistência à Tração estática por compressão diametral (RT), Módulo
de Resiliência (MR), fadiga por compressão diametral a tensão controlada e
resistência à tração retida por umidade induzida;
O Capítulo 6 é a análise dos resultados encontrados a partir do dimensionamento
de um trecho;
O Capítulo 7 apresenta as conclusões deste estudo e as recomendações para
futuras pesquisas.
4
CAPÍTULO 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - AÇO
O aço é uma liga metálica formada de ferro, pequenas quantidades de carbono (até
2,0%) e outros elementos (MAIA, 2002). A produção mundial de aço bruto passou de
30×10
6
toneladas em 1901 para 847×10
6
no ano de 2000. O desenvolvimento desta
produção, a partir de 1995 até 2000, pode ser visualizado na Tabela 2.1.1, bem como
a participação (%) de cada região/país no ano de 2000 (IBS, 2001). Atualmente, esta
produção já supera 945×10
6
toneladas (IBS, 2003).
Tabela 2.1.1 - Produção mundial de aço bruto por região, 10
6
toneladas (IBS, 2001)
Região / Ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 % (2000)
Europa 203,1 193,5 210,5 207,4 197,7 209,5 24,8
União Européia 155,8 146,6 159,9 159,9 155,1 163,2 19,3
Outros 47,3 46,9 50,6 47,5 42,6 46,3 5,5
C.E.I* 79,1 77,2 81,0 74,4 86,1 98,6 11,7
Rússia 51,6 49,3 48,5 43,8 51,5 59,1 7,0
Ucrânia 22,3 22,3 25,6 24,4 27,5 31,4 3,7
Outros 5,2 5,6 6,9 6,2 7,1 8,1 1,0
América do Norte 109,6 110,2 114,1 114,6 113,6 118,1 14,0
Estados Unidos 95,2 95,5 98,5 98,7 97,4 101,5 12,0
Canadá 14,4 14,7 15,6 15,9 16,2 16,6 2,0
América Latina 47,8 50,1 52,4 51,4 51,0 56,1 6,6
Brasil 25,1 25,2 26,2 25,8 25,0 27,9 3,3
Outros 22,7 24,9 26,2 25,6 26,0 28,2 3,3
África 13,7 12,7 12,9 12,8 12,7 13,5 1,6
África do Sul 8,7 8,0 8,3 8,0 7,9 8,4 1,0
Outros 5,0 4,7 4,6 4,8 4,8 5,1 0,6
Oriente Médio 8,3 9,4 10,1 9,4 10,1 11,0 1,2
Ásia 279,6 288,0 308,6 297,8 308,3 331,4 39,1
China 95,4 101,2 108,9 114,6 124,0 127,2 15,0
Japão 101,6 98,8 104,5 93,5 94,2 106,4 12,6
Outros 82,6 88,0 95,2 89,7 90,1 97,8 11,5
Oceania 9,3 9,2 9,5 9,7 8,9 9,2 1,0
Total 750,5 750,3 799,1 777,5 788,4 847,4 100,0
*Comunidade dos Estados Independentes
5
O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço bruto do mundo, com 3,7% da
produção mundial no ano de 2003 (dados coletados até outubro). É, também, o maior
produtor da América Latina sendo sua produção 52,5% do total neste mesmo ano. Em
relação ao ano de 2002, a produção do aço aumentou em 6,0%, passando de 24,4
para 25,9×10
6
toneladas (IBS, 2003).
O estado do Ceará produz cerca de 0,3% da produção brasileira de aço bruto. O maior
produtor de aço bruto do Brasil é o estado de Minas Gerais com aproximadamente
41,0% da produção do país. A regionalização da produção de aço bruto pode ser
visualizada na Figura 2.1.1 (IBS, 2002).
3,8%
2,5%
93,7%
Sul
Nordeste
Sudeste
Figura 2.1.1 - Regionalização da produção de aço bruto no Brasil (IBS, 2002)
A siderurgia é dividida em dois grandes ramos: a íntegra (que possui como principais
matérias-primas, ferro e carvão) e a elétrica (que possui como principal matéria-prima,
sucata ferrosa). A segunda é mais atuante por possuir uma matéria-prima de menor
custo, mais disponível e, ainda, ser reciclável. A utilização da sucata é ainda superior
porque esta apresenta melhores características mecânicas se comparada com as
outras matérias-primas utilizadas no processo de produção do aço. Isto ocorre devido
à maior porcentagem de elementos químicos, tais como: cobre, níquel, cromo e
estanho nas sucatas que ficam presentes nas escórias (MAIA, 2002; BELGO, 2003).
São ainda utilizadas outras matérias-primas no processo: ferro gusa, obtido através da
redução do minério de ferro por adição de cálcio, ferro, silício, manganês e enxofre ao
processo, ferroligas (ajustam as composições químicas do aço e lhe conferem as
características mecânicas desejadas), cal (retém as impurezas do metal, forma a
6
escória e protege o forno contra os ataques químicos) e oxigênio (diminui o teor de
carbono e o tempo de fusão).
Existem três grandes processos de fabricação do aço, divididos pelo processo de
refino: LD (Linz-Donawitz) ou BOF (Blast Oxygen Furnace) que utiliza o conversor a
oxigênio, elétrico ou EAF (Eletric Arc Furnace) que utiliza o forno de arco elétrico e OH
(Open Heart) que utiliza o forno Siemens-Martin. No Brasil, são responsáveis por
cerca de 77,9%; 20,2% e 1,9% da produção de aço e conseqüentemente de escória,
respectivamente. A Tabela 2.1.2 mostra a produção do aço bruto no Brasil por
processo de refino (MACHADO, 2000; IBS, 2002).
Tabela 2.1.2 - Produção de aço bruto por processo de refino, no Brasil (IBS, 2002)
Processo de Aciaria 10
6
toneladas Forno de Refino
Oxigênio (LD / BOF) 20,8 Conversor a Oxigênio
Elétrico (EAF) 5,4 Forno de Arco Elétrico
OH 0,5 Forno Siemens-Martins
No processo LD não há necessidade de fonte de calor externa. Mistura-se ferro gusa
líquido, sucatas ferrosas, escorificantes (cal e fluidificante) e oxigênio na cuba. O aço é
fabricado através das seguintes operações: carregamento do conversor, sopragem,
observação do banho (temperatura e composição química), ressopragem e formação
do aço líquido e da escória. A última parte do processo é o lingotamento contínuo
onde o aço líquido é transformado em barras.
No EAF existe a necessidade de utilização de uma fonte de calor externa. As
matérias-primas são colocadas em cestões em quantidades pré-determinadas (a
depender das características do aço que se deseja obter) e, posteriormente, são
colocadas em uma abóboda (espécie de tampa do forno) fechada. O forno é então
ligado e os materiais fundidos. Este processo pode ser assim dividido:
Carregamento do forno: adiciona-se carga metálica e escorificante (cal), se
necessário;
Afinação oxidante: através da injeção de oxigênio consegue-se eliminar
elementos como carbono e fósforo;
Afinação redutora: redução do teor de oxigênio e enxofre;
Ajustamento da composição química: realizada através de adições;
Formação da escória.
7
Finalizando, as barras de aço são desbastadas, preparadas e acabadas. O material
final ainda passa por um rigoroso controle de qualidade. A produção do aço segue as
especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 7480/1996,
barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. A referida norma
determina propriedades como massa linear, dobramento, nervuras e entalhes, para
aços do tipo CA 25, CA 50 e CA 60. Os processos de fabricação do aço são
detalhados na Tabela 2.1.3.
Tabela 2.1.3 - Processos de fabricação do aço (MACHADO, 2000)
Processos
OH
LD ou BOF EAF
Forno de
Refino
Siemens-Martin
Conversor a oxigênio Forno de arco elétrico
Produtividade 300 ton/5 a 14 hs
*
250 ton/30 a 60 min **
Detalhamento
do Processo
Adição de sucata
metálica, calcário e
minério de ferro,
injeção de oxigênio
para provocar a
fusão e a agitação do
banho metálico
Adição de sucata e
gusa líquido (1300 a
1450ºC), injeção de
oxigênio gasoso em
alta velocidade. Após
a fusão, adiciona-se
cal virgem
Fusão da sucata de
aço, gerada por um
arco elétrico, formado
entre o aço e os
eletrodos de grafite ou
carvão amorfo. Após a
fusão, injeta-se
oxigênio
Escórias
Geradas
Oxidantes Oxidantes Oxidantes e Redutoras
Objetivo
Remoção de fósforo
através da adição de
CaO na fase de
refino
Redução dos teores
de carbono do ferro
gusa (de 4,0% para
0,1%), silício, enxofre
e fósforo
Oxidação de carbono,
silício e fósforo;
desulfuração do aço
líquido e adição de
elementos de liga
*Em desuso no Brasil
**Produção variável, cerca de 100 a 150 kg de escória por tonelada de aço líquido
Os tipos de fornos utilizados pelas siderúrgicas brasileiras podem ser vistos na Tabela
2.1.4 (IBS, 2002
*
apud ROHDE, 2002). Grande parte da literatura publicada sobre a
utilização de escórias de aciaria não faz distinção entre os fornos utilizados para
produção das mesmas.
*
IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia. Contato Pessoal de Rohde. 2002. Brasil.
8
Tabela 2.1.4 - Tipos de fornos utilizados pelas siderúrgicas brasileiras (IBS, 2002 apud
ROHDE, 2002)
Tipo de Forno
Empresa Localização
OH LD/BOF EAF
Acesita S.A. MG X X
Aço Minas Gerais S.A. (AÇOMINAS) MG/SP X
Aços Villares S.A. SP X
Cia. Siderúrgica Belgo Mineira MG/SP/ES X X
Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) RJ X
Cia. Siderúrgica Paulista (COSIPA) SP X
Cia. Siderúrgica Tubarão (CST) ES X
Gerdau S.A. MG/PE/RS/PR/CE/BA X X X
Siderúrgica Barra Mansa S.A. RJ X
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A.
(USIMINAS)
MG X
Vallourec & Mannesman Tubes - V & M do
Brasil S.A.
MG X
Villares Metais S.A. SP X
2.2 - ESCÓRIA
Os rejeitos siderúrgicos são oriundos do processo industrial para beneficiamento do
aço. Dentre outros, é possível citar como rejeito da indústria do aço: escória de alto-
forno, pó de alto forno, lama de alto-forno, escória de dessulfuração, escória de aciaria
LD, lama grossa de aciaria, lama fina de aciaria e carepa (GEYER, 2001). As escórias
são os resíduos de maior geração (mais de 60,0% da geração de resíduos) neste tipo
de processo. Existem dois tipos de escórias siderúrgicas produzidos em larga escala:
Alto-forno: resultante da fusão redutora dos minérios para obtenção do ferro gusa
(obtido diretamente do alto forno, em geral com elevado teor de carbono e várias
impurezas), obtidas em conversores;
Aciaria: resultante da produção do aço. São obtidas em fornos elétricos e
conversores a oxigênio, durante a conversão de sucata em aço. Estas escórias
podem ser tanto oxidantes (produzida pela injeção de oxigênio no aço fundido
para oxidar carbono, silício e enxofre) quanto redutoras (gerada após o
vazamento da escória oxidada através da adição de óxido de cálcio - CaO e de
fluorita- CaF
2
. Estes dois compostos são injetados no processo para dessulfurar o
aço líquido e adicionar elementos de liga) (MACHADO, 2000).
9
Durante o processo de produção do aço são eliminados carbono, CaO e os íons de
alumínio, silício e fósforo que tornam o aço frágil, quebradiço e difícil de ser
transformado em barras (ZIEMKIEWIC, 1998). Todos estes elementos e compostos
eliminados entram na composição da escória. Dentre as impurezas do processo que
formarão a escória estão silicatos de cálcio (CaSiO
3
), óxido de silício (SiO
2
), ferrita
cálcica (CaFe
2
O
4
), óxido de magnésio (MgO) e outros. Os altos teores de CaO e MgO
livres, presentes nas escórias, são devidos ao fato de que, depois que o fósforo e o
silício se oxidam, estes elementos precipitam porque ultrapassam os limites de
solubilidade da escória fundida (JOHN, 2003). As composições típicas de algumas
escórias de aciaria elétrica produzidas no Brasil e no mundo podem ser vistas nas
Tabelas 2.2.1 e 2.2.2.
Tabela 2.2.1 - Composição da escória produzida pelo processo LD no Brasil (IBS,
1998)
Composto CaO MgO SiO
2
Al
2
O
3
FeO MnO
Quantidade (%) 6 - 45 1 - 9 7 - 16 1 - 4 8 - 30 3 - 7
Tabela 2.2.2 - Composições das escórias de aciaria elétrica (PEREIRA, 1994
*
apud
MASUERO et al., 2000)
País
Geração
kg/ton
CaO
(%)
MgO
(%)
SiO
2
(%)
Al
2
O
3
(%)
FeO
(%)
MnO
(%)
P
2
O
5
(%)
S
(%)
Brasil 150 33 10 18 6 30 5 0,9 0,1
Japão 127 40 4 25 5 19 7 - 0,06
Suécia 100 46 5 11 5 28 4 0,7 -
EUA 160 41 10 17 8 18 4 0,6 0,2
Alemanha 120 32 10 15 4 31 4 1,4 0,1
Itália 120 41 8 14 7 20 6 0,9 0,1
As escórias de aciaria, tanto de alto forno quanto elétrica (NBR 5019/82), depois de
beneficiadas tornam-se agregados siderúrgicos. Estes agregados são definidos como
material não metálico e podem ser classificados como agregado bruto, graduado de
alto forno (oriundo da escória de alto forno) ou como agregado graduado de aciaria
(oriundo da escória de aciaria elétrica) (IBS, 1998).
*
Pereira, E.A.C. Aspectos Técnicos de Gestão de Resíduos nas Siderúrgicas Integradas a Coque. In: 25º
Seminário de Redução, Matérias-Primas e Resíduos na Siderurgia. Volta Redonda, RJ, p. 187-199, 1994.
10
Em 2000, cerca de 85×10
6
toneladas de escória foram geradas no mundo. No Brasil,
em 1998, foram produzidas mais de 4×10
6
toneladas deste rejeito (MACHADO, 2000;
FILEV, 2003). Em média, cada tonelada de aço gera 150 kg de escória (SILVA e
MENDONÇA, 2001a; COSIPA, 2003). A parte metálica da escória de aciaria (20,0%) é
removida com um imã e recirculada no processo, enquanto que 80,0% ficam sem
utilidade e são armazenados em grandes áreas e vendidos como rejeito
(www.inventabrasil.hpg.ig.com.br, 11/06/2003).
Tanto a produção quanto a composição da escória dependem de alguns fatores,
dentre eles: o processo ou tipo de forno utilizado no beneficiamento do aço, o tipo de
matéria-prima utilizada, a especificação do aço produzido, o resfriamento do rejeito,
etc. Este material sai do forno com uma temperatura, aproximada, de 1500ºC. O tipo
de resfriamento deste rejeito afeta também a granulometria deste material, porque é
neste momento que ocorre a maior parte das reações químicas (LIMA et al., 2000).
Escórias que são resfriadas ao ar são, geralmente, inertes devido à cristalização de
seus óxidos. Escórias resfriadas rapidamente (ar ou vapor) possuem natureza
expandida e tornam-se leves. Escórias resfriadas bruscamente (jato d’água) são
vítreas, com granulometria semelhante a areia de rio, estrutura porosa e textura
áspera. As escórias ácidas costumam ser mais densas, enquanto que as básicas são
mais porosas (com estrutura vesicular) (GEYER, 2001). A composição química de
uma determinada escória pode variar, para um mesmo dia de produção, de 30,0% a
60,0% para o CaO, de 0,0% a 35,0% para o óxido de ferro (Fe
2
O
3
) e de 15,0% a
30,0% para o SiO
2
(MACHADO, 2000).
Segundo o DNER (1994j), a escória para uso em pavimentação deve obedecer aos
seguintes limites:
Máximo de 3,0% de expansão;
Isentas de impurezas orgânicas, contaminação com escórias de alto forno, solos
e outros materiais;
Granulometria: 40,0% até 12,7 mm e 60,0% entre 12,7 e 50,8 mm de abertura
nominal e atender a granulometria de projeto;
Absorção de água: 1,0% a 2,0% em peso;
Massa específica: 3,0 a 3,5 g/cm
3
;
Massa unitária: 1,5 a 1,7 kg/dm
3
;
Desgaste por abrasão Los Angeles: no máximo igual a 25,0% para sub-base,
base e revestimento;
11
Durabilidade ao sulfato de sódio: 0,0% a 5,0%, em 5 ciclos.
Vale salientar que, a citada norma do DNER para uso de escória de aciaria em
pavimentos rodoviários não especifica o tipo de processo de refino utilizado na
fabricação do aço que será responsável pela geração da escória. A norma EB – 2103
(1994) da ABNT, materiais para sub-base ou base de pavimentos estabilizados
granulometricamente, especifica que para utilização em sub-base e base de
pavimentos a expansão da escória, utilizando o método PTM 130/78, deve ser no
máximo igual a 1,0% e 0,5%, respectivamente (MACHADO, 2000).
Outros países já especificaram o uso da escória para construção rodoviária. A França,
por exemplo, especificou o que chamam de grave-laitier que consiste na mistura deste
rejeito com agregados comuns ou com cal hidratada (Ca(OH)
2
), que também é
chamada de hidróxido de cálcio, para ser utilizada em construções de base ou sub-
base de pavimentos. Cerca de 65,0% das rodovias francesas utilizam este material. A
África do Sul utiliza mistura de escória com cal (na proporção de 4:1) em seus
pavimentos (SHERWOOD, 1995
*
apud ROHDE, 2002).
2.3 - PRODUÇÃO DA ESCÓRIA DE ACIARIA NO CEARÁ
No Ceará são produzidas em torno de 120.000 toneladas de aço por ano, resulta
deste total, 15,0% em massa de escória de aciaria. A produção cearense pode ser
considerada pequena se comparada com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),
cuja produção atinge o valor de 85.000 toneladas por mês (ALVARENGA, 2001). A
Gerdau Cearense S.A. foi fundada em 1982 e é a única siderúrgica do Estado.
Localizada no município de Maracanaú, distante 30 km da capital Fortaleza (Figura
2.3.1), utiliza o processo EAF em seu refino. O fluxo de produção da empresa é
mostrado na Figura 2.3.2 e um esquema do processo utilizado está mostrado na
Figura 2.3.3.
*
Sherwood, P.T. Alternative Materials in Road Construction. London: Thomas Telford, 124p., 1995.
12
Figura 2.3.1 - Localização do município de Maracanaú, Ce (BOAVISTA, 2003)
13
Figura 2.3.2 - Fluxo de produção da Gerdau Cearense S.A. (ADERALDO, 2003)
Produção da
escória de aciaria
14
Figura 2.3.3 - Esquema de produção de escória em forno de arco elétrico (GEYER et
al., 1996
*
apud GEYER, 2001)
A Gerdau Cearense S.A. utiliza como matéria-prima a sucata ferrosa e o ferro gusa,
aproximadamente 90,0% e 10,0% de cada, respectivamente. A sucata é colocada em
um pátio onde a mesma é separada e prensada (para o caso da sucata leve) ou
cortada (para o caso da sucata pesada), com o intuito de reduzir o volume.
Posteriormente este material é colocado em cestões com capacidade para dez
toneladas e conduzido para os fornos através de pontes rolantes. A matéria-prima é
então fundida em dois fornos. No primeiro, forno elétrico, são feitas adições de grafite,
carbono e oxigênio e é gerada a escória de refino oxidante. Neste forno são gerados
em torno de 80,0% da escória produzida. No segundo, forno panela, são feitas adições
de ligas ferro-silício, ferro-manganês e cal (com a finalidade de absorver e neutralizar
os óxidos ácidos que seriam responsáveis por ataques ao forno) e é gerada a escória
de refino redutor. Estas adições são também feitas para ajustar a composição química
do aço. As etapas para separação da matéria-prima, bem como os fornos da Gerdau
Cearense S.A. estão na Figura 2.3.4.
*
Geyer, R. M. T.; Dal Molin, D.; Vilela, A.C. Possibilidades e fatores limitantes da reutilização de escórias
de aciaria na construção civil. In: Congresso Anual da ABM, 51. Porto Alegre, RS. 1996, p.5-9.
15
(a) Pilha de matéria-prima (sucata) (b) Pátio de separação da matéria-prima
(c) Forno de arco elétrico (d) Forno panela
Figura 2.3.4 - Fornos utilizados no processo de beneficiamento do aço, Gerdau
Cearense S.A.
A escória é transportada posteriormente para a empresa que comercializa este
resíduo, Sobremetal Recuperação de Metais Ltda., também localizada no estado do
Ceará. Após o resfriamento que transforma a escória líquida em sólida com cor
acinzentada e forma cúbica (ALVARENGA, 2001), a mesma é transportada por
esteiras e passada através de um eletro-imã. Cerca de 20,0% da escória de aciaria é
metálica e, depois de separada, é recirculada no processo (chamada de sucata “C” ou
recuperada). O aspecto da escória produzida pode ser visualizado na Figura 2.3.5.
16
Figura 2.3.5 - Escória de aciaria elétrica produzida pela Gerdau Cearense S.A.
O material é britado e por meio de correias rolantes e separado nas graduações de 1”,
3” e 8”. A escória é estocada pela empresa em pilhas a céu aberto, o que provoca uma
pré-expansão da mesma. Porém, o rejeito é estocado sem controle de idade e/ou de
tipo, o que é um entrave à sua comercialização. As etapas para o beneficiamento
deste rejeito na indústria que comercializa o mesmo podem ser visualizadas na Figura
2.3.6.
(a) Britagem da escória (b) Pilha de escória armazenada
Figura 2.3.6 - Etapas do beneficiamento da escória na Sobremetal Recuperação de
Metais Ltda.
Atualmente, a Sobremetal Recuperação de Metais Ltda. vende a maior parte deste
rejeito para ser utilizado em aterros na capital Fortaleza. Porém, a Prefeitura Municipal
de Maracanaú já utiliza este material em rodovias primárias com o intuito de facilitar o
tráfego e diminuir a formação de poeira (ADERALDO, 2003).
A Gerdau Cearense S.A. realiza, a cada seis meses, no estado de São Paulo a
avaliação do potencial contaminante deste rejeito. Este material é classificado como
Classe – II (NBR 10004), isto é, não inerte, merecendo, porém acondicionamento
17
especial para evitar o contato com o solo e sua posterior contaminação. Este
procedimento não é adotado pela citada siderúrgica.
2.4 - USO DA ESCÓRIA DE ACIARIA
Na Europa em 1982 foram produzidas, aproximadamente, 9×10
6
toneladas de escória,
o que alertou para o fato de que este material deveria ser reutilizado para muitos
outros fins, além de matéria-prima para a indústria de fertilizantes (MACHADO, 2000).
No Brasil, a maior parte da escória de aciaria é LD e elétrica. Cerca de 56,0% e 65,0%
destas escórias, respectivamente, são estocados enquanto o restante é utilizado na
construção de bases e sub-bases de rodovias ou em lastros ferroviários (IBS, 1998).
Porém as escórias podem ser utilizadas em diversos fins, como:
Matéria-prima na indústria de vidro e vitro-cerâmica, principalmente, as escórias
de alto forno, após tratamento térmico, são utilizadas para este fim como
substituto ao feldspato devido ao seu alto teor de sílica e óxidos metálicos;
Produção de fertilizantes agrícolas termofosfatados, ou aditivo no cultivo de
plantas e algas devido à composição química da escória (devido aos seus
elevados teores de CaO e pentóxido de fósforo - P
2
O
5
). Esta aplicação, a partir de
1982 na Europa, passou a ser controlada por causa do alto teor de fósforo e de
metais pesados (chumbo, por exemplo) presentes nas escórias evitando, assim, a
toxicidade;
Estabilização de solos, por apresentar maior rugosidade superficial, excelente
índice de forma, maior angulosidade, maior resistência ao desgaste e aumento da
resistência dos solos (MACHADO, 2000). Esta utilização é limitada pelo alto
potencial expansivo deste rejeito;
Matéria-prima para produção de cimento, devido à presença dos silicatos
dicálcico e tricálcico (2CaO-SiO
2
e 3CaO-SiO
2
) que tornam o material com
composição química muito parecida com o clínquer formado na produção do
cimento Portland. Além disso, a substituição parcial do calcário por escória traz
vantagens como: diminuição do calor para formação do clínquer e da formação de
gases poluentes (como o gás carbônico - CO
2
). Para este uso, a escória precisa
ser reajustada quimicamente. GEYER (2001) classificou como viável a utilização
de 10,0% da escória de refino redutor como adição ao cimento para produção de
concreto;
18
Nas próprias siderúrgicas, tanto como material reciclado, que é novamente
incorporado ao processo como fundente, quanto como protetor do revestimento
refratário dos fornos (substituindo a cal e o calcáreo) (ROHDE, 2002);
Agregado na produção de concreto, por possuir alta resistência à compressão e
durabilidade à abrasão. É necessário atentar, porém, para o alto potencial de
desintegração que este rejeito possui. MASUERO et al. (2000) avaliaram a adição
de 20,0% de escória de aciaria elétrica em concreto. Como resultados obtiveram
que as propriedades mecânicas (resistência à compressão e resistência à tração
na flexão) avaliadas foram superiores para o concreto com adição deste rejeito
em relação ao concreto sem adição. Além disto, houve redução do consumo de
cimento para o concreto produzido com escória;
Construção de lastros no leito de ferrovias, por possuir alta massa específica. É
necessário garantir a baixa condutividade deste rejeito, quando for utilizado para
este fim, para garantir a não formação de fagulhas no caso de transporte de
cargas inflamáveis;
Controle na drenagem de ácidos. A escória de aciaria tem altas taxas de
alcalinidade capazes de neutralizar ácidos. Estas taxas podem ser mantidas
durante anos a céu aberto, porque a mesma não absorve o CO
2
do ar e re-
converte em calcita insolúvel. O pH deste material é próximo de 10 devido à
grande presença de CaO, MgO e SiO
2
. Por apresentar, em sua maioria, aspecto
poroso, possui alta permeabilidade permitindo a passagem d’água, o que facilita a
drenagem dos ácidos;
Utilização na infra e superestruturas rodoviárias, bem como em forma de cascalho
em vias não pavimentadas para evitar a formação de poeira. Este material tanto
pode ser utilizado em base e sub-base de pavimentos quanto como agregado na
confecção de misturas asfálticas. A escória é mais utilizada em camadas
inferiores do que como agregado em revestimentos;
Outros fins, tais como: execução de aterros, construção de peças de quebra-mar,
contenção sendo utilizada na fabricação de gabiões, etc.
BRUN e YUAN (1994)
*
apud GEYER (2001) mostram as diferentes origens das
escórias aplicadas em vários campos. A procedência deste rejeito, em relação ao
campo de aplicação da mesma, pode ser visualizada na Tabela 2.4.1. O tipo de
resfriamento da escória também interfere no seu potencial de utilização. Escórias
*
Brun, D.W. e Yuan, W.C. Caracterização e aproveitamento dos resíduos siderúrgicos principais gerados
pela aciaria elétrica. Porto Alegre: PPGEMM/UFRGS, 1994, 34p. (Seminário da disciplina MTMD99 –
Tópicos especiais – Resíduos industriais siderúrgicos: caracterização e aproveitamento).
19
resfriadas ao ar são utilizadas, principalmente, como agregados para construção de
estradas e em lastros de ferrovias. Já as escórias resfriadas bruscamente (granuladas)
são potencialmente utilizadas como agregado em concreto, aterro, fabricação de
tijolos, adições em concreto de cimento Portland, vidros, granito sintético, concreto
leve e matéria-prima para produção do cimento (GEYER, 2001).
Tabela 2.4.1 - Campo de aplicação das escórias de diferentes origens (BRUN e
YUAN, 1994 apud GEYER, 2001)
Procedência da Escória
Campo de Aplicação
Aciaria Alto-forno Ferro-liga
Ferroviário X
Rodoviário X X X
Construção Civil X X X
Agricultura X X X
Fábrica de Cimento X X
Metalúrgico X X
A utilização da escória de aciaria pode trazer benefícios:
Ambientais: diminui-se o problema da deposição deste rejeito que necessita de
grandes áreas para descarte e ao mesmo tempo diminui-se a degradação
ambiental provocada pela extração de agregados pétreos. A legislação ambiental
exige a disposição em contêiners de concreto para evitar a contaminação do solo
e a emissão de poeira (JOHN, 2003). A avaliação através dos processos de
lixiviação (NBR 10005/ABNT, 1987) e solubilização (NBR 10006/ABNT, 1987) se
faz necessária. Estudos realizados nos Estados Unidos verificaram que não há
escoamento de nenhum metal pesado (UFPR, 2003). Porém, ROHDE (2002)
classificou a escória de aciaria elétrica utilizada em seu estudo como resíduo de
classe II (não inerte), capaz de causar danos ao meio ambiente e à saúde pública.
A partir da análise do extrato solubilizado, a citada autora verificou concentrações
de cádmio, chumbo, cromo e carbonato de cálcio (CaCO
3
) superiores ao
especificado pela norma, além de uma dureza acima do estabelecido pela NBR
10004/ABNT 1987 (resíduos sólidos). A escória utilizada neste estudo também é
classificada como classe II (ADERALDO, 2003);
Técnicos: apresenta várias possibilidades de uso e vantagens em relação aos
materiais que pode substituir. Os grãos da escória, devido a sua forma e textura,
apresentam maior resistência à derrapagem e ao desgaste superficial. Além de
serem 100,0% trituráveis, apresentam melhor trabalhabilidade e compacidade se
20
comparados com grãos de outros agregados (MACHADO, 2000). Apresenta boa
adesividade para emulsões e Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP), se
comparada com agregados pétreos (SILVA, 1991). Possui alto coeficiente de
atrito (0,58; 0,53 e 0,48 para revestimentos executados com escória de aciaria,
com brita e com concreto de cimento Portland; respectivamente), o que confere
ao pavimento qualidades anti-derrapantes (CARNEIRO, 1993
*
apud MACHADO,
2000). Desde que britada, atende às várias faixas granulométricas existentes,
possui alto Índice de Suporte Califórnia (ISC), baixa abrasão Los Angeles, alto
poder hidráulico por possuir estrutura vesicular, comparativamente com a brita
apresenta maior peso próprio e menor equivalente de areia, comportamento
tensão-deformação pouco dependente da umidade e da energia de compactação
(SILVA, 1994; KHAN e WAHHAB, 1998; ALVARENGA, 2001). Apresenta
hidraulicidade, quando em contato com a água há reação com os CaO e SiO
2
formando hidratos. Em atmosferas alcalinas, ocorre a formação de hidratos com o
óxido de alumínio (Al
2
O
3
) que aumenta significativamente a dureza do rejeito.
Este fato faz com que o pavimento, que utiliza escória como agregado, tenha um
comportamento estrutural semi-rígido ou rígido (LIMA et al., 2000). As
características típicas de escórias de aciaria são apresentadas na Tabela 2.4.2;
Tabela 2.4.2 - Características das escórias de aciaria (NOURELDIN e McDANIEL,
1989)
Característica Valor
Densidade Aparente 3,2 – 3,6
Porosidade (%) > 3
Abrasão Los Angeles (%) 20 – 25
Durabilidade ao sulfato de sódio (%) < 12
Dureza 6 – 7
ISC (%) > 300
Polaridade Alcalina (pH 8 –10)
Teor de ligante (%), misturas densas > 6,5
Econômicos: ROHDE (2002) cita que a demanda por agregados para construção
civil gerada pelo crescimento econômico é muito significativa. A construção de
estradas representa cerca de 1/3 desta demanda. Este rejeito possui alta
produção e custo bem inferior ao da brita (Tabela 2.4.3), até uma certa distância
*
Carneiro, F.A.V., Emprego de Escórias Siderúrgicas Integradas na Engenharia Civil, Tese M.Sc., UFF,
Niterói, RJ, Brasil, 1993.
21
média de transportes, ideal para utilização em zonas urbanas. ALVARENGA
(2001) mostrou que para a região de Volta Redonda, tanto a aquisição da escória
quanto a execução de um pavimento utilizando este rejeito, seriam mais baratas
do que a execução e a construção utilizando brita num raio de aproximadamente
120 km (Tabela 2.4.4). LIMA et al. (2000) acreditam que a escória de aciaria é um
agregado competitivo para distâncias de até 80 km para utilização do transporte
rodoviário e até 150 km para utilização do transporte intermodal (ferroviário e
rodoviário). Se usada em contenções ou lastros, o seu maior peso próprio resulta
em diminuição dos custos no dimensionamento devido à economia de material
(GEYER, 2001). BAYOMY e WAHHAB (1985)
*
apud BAGAMPADDE et al. (1999)
citam que o aumento no valor do transporte deste material, devido ao seu peso
próprio, é compensado com a redução da espessura do pavimento que utiliza
este rejeito como agregado. É necessário ainda contabilizarem-se os custos
ambientais, tais como: custo da remoção e estocagem da camada vegetal, custos
das obras de proteção ambiental das áreas de bota-fora, custo do transporte do
material utilizável, custo da recuperação ambiental das áreas degradadas, custos
burocráticos junto aos órgãos ambientais e governamentais, etc. GALDEANO et
al. (1994)
**
apud GEYER (2001) comentam que o custo do transporte e da
preparação da área para descarte deste rejeito é em torno de 25 dólares por
tonelada deste material.
Tabela 2.4.3 - Preços e receitas dos agregados siderúrgicos (IBS, 1998)
Preço (R$ / m
3
)
Receita (R$ × 10
6
/ anual)
Tipo
Atual Potencial Atual Potencial
Alto forno granulado 7,50 15,00 41,63 84,00
Aciaria LD 2,10 4,00 1,11 9,20
Aciaria elétrica graduada 2,20 4,00 1,14 2,40
Alto forno moído - 45,00 - 252,0
*
Bayomy, F. e H.I. Abdul Wahhab, 1985, “Utilization of Hadeed Slag in Pavement Construction in Saudi
Arabia”, Proc. 3
rd
IRF Regional Conf., Ministry of Communications, Riyadh, Saudi Arabia, 5.97-5.111.
**
Galdeano, O.V.R. et al. A experiência da CSN na reciclagem de resíduos sólidos nas sinterizações da
CSN. In: Seminário de Redução e Matérias-Primas Resíduos na Siderurgia, 25, Volta Redonda, RJ, 1994,
p. 271-285.
22
Tabela 2.4.4 - Comparação entre valores de insumos para camada de base
(ALVARENGA, 2001)
Preço (R$/ m
3
)
Insumo
Material Execução
Escória de Aciaria 3,60 6,31
Brita Graduada 25,00 27,71
2.5 - A UTILIZAÇÀO DE ESCÓRIA DE ACIARIA EM OBRAS RODOVIÁRIAS
Desde 1979 a escória de aciaria vem sendo utilizada na infraestrutura de estradas em
países como Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Canadá. No Brasil, baseada nas
informações disponíveis, este uso teve início em 1986 com a execução de 100 km de
base e sub-base no estado do Espírito Santo (SILVA, 1994; SILVA e MENDONÇA,
2001b). Países como Grã-Bretanha, Alemanha, Polônia, França, Japão, Estados
Unidos e Rússia utilizam escória de aciaria, sozinha ou combinada, como agregado
em revestimentos asfálticos. SILVA e MENDONÇA (2001a) relatam que pavimentos
construídos com este material suportaram tráfego pesado, como, por exemplo, o
transporte de placas de aço, por 16 anos.
NOURELDIN e McDANIEL (1989) avaliaram a utilização de escória de aciaria em
diferentes porcentagens (87,0%; 73,0% 59,0% e 40,0%) em misturas asfálticas para
serem utilizadas em pavimentos com alto volume de tráfego. Como resultado
obtiveram que as misturas com utilização deste rejeito apresentaram alta estabilidade
Marshall (até 1.273 Kg) e resistência à tração da ordem de 1,1 MPa. Os autores ainda
realizaram avaliação em campo e verificaram uma boa condição de superfície e
resistência à derrapagem. Foi sugerido então, que a expansibilidade da escória fosse
combatida com a utilização de um maior teor de cimento asfáltico apesar da redução
de estabilidade que esta atitude produz. O alto teor de ferro e Fe
2
O
3
neste material
provocou um endurecimento da mistura asfáltica e aumentou o trincamento quando a
mesma foi utilizada em baixas temperaturas. Sugeriram então o uso de cimentos
asfálticos menos viscosos. Ainda recomendaram o uso de misturas asfálticas mais
“abertas” e a substituição dos finos da escória por finos de agregados naturais para
diminuir o alto peso específico do material.
SILVA (1991) verificou a potencialidade de uso de escória de aciaria estabilizada
granulometricamente com e sem mistura com argila (em diferentes proporções) em
bases e sub-bases de pavimentos e em misturas usinadas a frio que utilizaram
23
escória, areia e emulsão asfáltica. Estas misturas asfálticas foram confeccionadas com
80,0% e 100,0% deste rejeito nas faixas C do DER-SP e B da Ipiranga,
respectivamente. O autor propôs algumas seções tipo, a depender da capacidade de
suporte do subleito, para pavimentos construídos com a utilização deste rejeito.
SILVA (1994) avaliou misturas de escória, argila e areia (em várias proporções) em
sub-bases, bases e em misturas asfálticas a frio (faixas C do DER-SP e B3 da
Ipiranga). A mistura com argila do tipo A7-6 foi indicada para combater a expansão do
rejeito nas camadas de base e sub-base. Neste estudo foram utilizadas emulsões de
Ruptura Lenta (RL-1C) e Ruptura Média (RM-1C). A mistura que utilizou a faixa C do
DER-SP apresentou maior estabilidade Marshall quando comparada com a mistura na
faixa B3 da Ipiranga.
COOMARASAMY e WALZAK (1995) investigaram a falência precoce de alguns
pavimentos, em Ontário, Canadá, que utilizaram a escória de aciaria. A avaliação
química e morfológica de diferentes escórias foi feita através de microscópios de
varredura eletrônica e difração de raio-X. Foram confeccionadas misturas asfálticas
com utilização de escórias de forno elétrico e de conversor de oxigênio. Os resultados
mostraram que o CaCO
3
foi o principal responsável pelo insucesso dos pavimentos
investigados. A presença deste composto provocou uma “colagem” das interfaces do
rejeito o que provoca a expansão do material e o conseqüente trincamento do
pavimento.
FARRAND e EMERY (1995) utilizaram a escória de aciaria como agregado em
misturas asfálticas em rodovias americanas. O desempenho dos pavimentos foi
considerado satisfatório, porém os autores recomendam o controle tanto da produção
do material (para evitar a alta heterogeneidade), quanto do potencial expansivo do
mesmo.
KANDHAL e HOFFMAN (1998) propuseram o uso da parcela fina (passando na
peneira de 4,8 mm) curada deste material para a produção de misturas asfálticas a
quente. Fizeram também uma correlação entre a expansão das parcelas fina e grossa
(retida na peneira de 4,8 mm) indicando o uso da parcela fina curada deste material.
Para obtenção desta conclusão realizaram ensaios de expansão e resistência à tração
retida por umidade induzida - Lottman (AASHTO T-283) com materiais de diferentes
fontes, a fim de verificar possíveis problemas ocasionados pelo inchamento e pela
umidade. As misturas asfálticas a quente contendo agregado miúdo de escória de
24
aciaria apresentaram estabilidade Marshall até 35,0% superior às das misturas
convencionais. Após este estudo, algumas recomendações sobre o agregado miúdo
de escória de aciaria foram incorporadas às normas do Departamento de Transportes
da Pensilvânia, tais como: apresentar qualidade e densidade uniformes, expansão não
superior a 0,5% (avaliada pelo método PTM 130), percentual retido da estabilidade
Marshall a 60ºC superior a 75,0% e expansão dos corpos de prova (cps), quando
imersos em água a 71ºC durante 48 horas, no máximo 1,0%. Os cps, quando
condicionados, não devem apresentar trincas ou destacamento de agregados.
KHAN e WAHHAB (1998) estudaram a aplicação de escória pura ou misturada com
agregados calcários para a realização de selagens com lama asfáltica na parte
Oriental da Arábia Saudita. Os autores concluíram que estes dois agregados quando
combinados apresentam melhor desempenho do que quando são utilizados separados
porque suas qualidades são complementares. A cal apresenta boa afinidade com o
betume e a escória apresenta alta resistência ao esmagamento e à abrasão. Misturas
asfálticas realizadas sem a mistura destes dos agregados acima citados não
apresentaram bom desempenho. As misturas que utilizaram apenas agregados
calcários apresentaram alta abrasão e aquelas que utilizaram apenas escória
apresentaram trincamento. Os melhores resultados foram obtidos com a mistura de
agregado calcário e escória de aciaria passando na peneira nº 30 (0,6 mm) com
15,0% de emulsão catiônica. Os autores ainda admitem a utilização deste tipo de
mistura com menores teores de emulsão (9,0% e 11,0%) para aplicações econômicas
em campo.
BAGAMPADDE et al. (1999) avaliaram oito tipos de misturas utilizando escória de
aciaria. As misturas utilizaram, além de agregado calcário e aditivos, este rejeito em
diferentes proporções e de diferentes formas (tanto como agregado graúdo como
miúdo). Verificaram que misturas com a parcela grossa da escória, agregados
calcários e CAP modificado com polímero demonstraram maior vida de fadiga (carga
dinâmica, tempo de ciclo 0,1s) e maior resistência à deformação permanente (creep
dinâmico). As misturas com o uso de cal e polímero apresentaram maior resistência à
umidade (maior Módulo de Resiliência - MR depois de condicionadas em contato com
água a 60ºC durante 35 minutos e após 24 horas). As misturas que utilizaram CAP
modificado com polímero ainda apresentaram menor susceptibilidade térmica. A
mistura que utilizou apenas escória de aciaria como agregado não se mostrou
adequada para ser utilizada no local da pesquisa, visto que a mesma apresentou a
maior deformação permanente (creep dinâmico) e faliu prematuramente não podendo
25
ser ensaiada para tensões acima de 689,5 kPa. Os autores atribuem este fato ao
caráter muito áspero dos grãos da escória, que leva a maiores tensões cisalhantes
nas misturas.
HUNT e BOYLE (2000) avaliaram a utilização de escória de aciaria em misturas
asfálticas usinadas a quente (faixa B do Departamento de Transportes de Oregon).
Para a realização deste estudo um pavimento foi construído, com utilização de 30,0%
deste rejeito como agregado na mistura do revestimento, e avaliado durante cinco
anos. O desempenho do pavimento foi considerado satisfatório visto que, neste
período, não apresentou trincamento ou diminuição da resistência à derrapagem. A
mistura com utilização de escória de aciaria elétrica apresentou maior estabilidade
devido à textura rugosa e ao formato angular dos grãos que conferem um maior
intertravamento.
LIMA et al. (2000) compararam dois pavimentos, sendo um com Concreto Betuminoso
Usinado a Quente (CBUQ) e outro com Tratamento Superficial Duplo (TSD),
construídos com utilização de escória de aciaria nas camadas de base e sub-base
com um terceiro que utilizou Brita Graduada Simples (BGS) e Brita Graduada Tratada
com Cimento (BGTC) nestas mesmas camadas. As avaliações estruturais foram feitas
através de retroanálise dos MRs in situ de todas as camadas do pavimento e do
subleito, utilizando o programa RETRAN5-L. Para tanto, foram realizadas avaliações
estruturais com a utilização da viga Benkelman. Os autores concluíram que
pavimentos delgados feitos com a utilização de escória de aciaria são equivalentes
aos espessos executados com agregados convencionais. Os módulos retroanalisados
das camadas executadas com escória de aciaria mostraram-se de 3 a 4 vezes
superiores ao da camada com BGS. Apesar da grande diferença entre as capacidades
estruturais (análise visual e levantamento deflectométrico) dos dois tipos de pavimento
(o convencional tinha aproximadamente o dobro da capacidade estrutural do
pavimento com TSD e camada de base e sub-base com escória de aciaria), as
deflexões máximas mostraram-se apenas 37,0% superiores para o pavimento com
escória. O pavimento experimental apresentou ainda melhor distribuição de carga por
apresentar maiores raios de curvatura.
ALVARENGA (2001) comparou as propriedades resilientes e o custo de pavimentos
que utlizaram escória de aciaria e agregado convencional (brita) em suas bases. O
autor determinou os MRs destes materiais e utilizou o programa FEPAVE2 para
dimensionar estes pavimentos. Concluiu que este rejeito pode ser usado como
26
material de base porque o mesmo possui comportamento tensão versus deformação
pouco dependente da umidade e da energia de compactação, além de ter um custo
bastante inferior ao da brita. Para este estudo, foi verificado que a utilização deste
rejeito é considerada recomendável para regiões no entorno da CSN, até 120 km de
transporte por meio rodoviário.
SILVA e MENDONÇA (2001a) apresentaram a dosagem Marshall de uma mistura
asfáltica do tipo CBUQ utilizando 97,0% de escória de aciaria com graduação menor
do que 12,5 mm, fíler calcário e CAP 20. A mistura foi enquadrada na faixa C do
DNER e a escória utilizada foi envelhecida durante mais de 3 anos, o que lhe conferiu
expansão (1,83%) abaixo do limite estabelecido pela norma do DNER (ME 262/94)
(3,0%)
ROHDE (2002) avaliou a utilização de Escória de aciaria elétrica com Granulometria
Corrigida (EGC), na faixa C do DNER, como material de base e sub-base em
pavimentos. O rejeito foi corrigido granulometricamente devido aos baixos valores de
ISC encontrados (abaixo de 100,0%) não condizentes com a bibliografia consultada
que indica ISC de até 300,0%. Após a correção, o rejeito apresentou melhorias na
trabalhabilidade e compactação. A autora encontrou para a EGC valores de ISC cerca
de duas vezes superiores ao da brita graduada. Investigou ainda o MR desse material,
que apresentou-se, para todos os níveis de tensões, superior aos de outros materiais,
como basalto, saibro e granito.
SILVA (2003a, 2003b) estudou o uso em camadas de sub-base, base, binder (faixa A
do DNER), capa (Faixa B do DNER), Pré Misturado a Quente (PMQ), camada de
vedação (faixa C do DNER) e microrevestimento (faixa III do DNER). Utilizou
diferentes graduações e proporções de escória nas diversas camadas do pavimento.
Estas proporções estão mostradas na Tabela 2.5.1. Além disto, o autor utilizou escória
de aciaria como agregado para produção do concreto utilizado para a construção de
valetas, meio fios e sarjetas do citado pavimento.
Tabela 2.5.1 - Proporções de escória utilizadas por SILVA (2003a)
Camada Sub-base Base Binder Capa Camada de Vedação PMQ Micro
% escória 70,0 87,0 76,2 75,6 66,3 98,6 88,0
PARENTE et al. (2003) compararam o uso de solo e escória de aciaria, para a
construção de bases e sub-bases, através do comportamento mecânico (ensaios
27
triaxiais cíclicos e ISC) de duas misturas (utilizando 70,0% e 50,0% de escória), com
misturas de solo-brita com a mesma granulometria (faixa D do DNER). As misturas em
teste apresentaram maiores valores de massa específica seca máxima e menores
valores de umidade ótima, quando comparadas às misturas de solo-brita. Quanto aos
valores de ISC, as misturas em teste apresentaram ISC três vezes superiores aos das
misturas solo-brita e duas vezes superiores ao do solo puro. Concluíram, também, que
os valores de MR, para qualquer nível de tensão, para as misturas solo-escória foram
superiores aos das misturas solo-brita e solo puro.
Existem algumas obras brasileiras onde foi utilizada escória de aciaria na
pavimentação. Entre elas: BR-393 (Volta Redonda-Três Rios), RJ-157 (Barra Mansa-
Divisa RJ/SP), RJ-141 (BR-393-Vargem Alegre), BR-116 (Volta Redonda-Divisa
RJ/SP), 13 km da rodovia que liga Volta Redonda e o distrito Nossa Senhora do
Amparo (Barra Mansa), várias ruas dos municípios de Volta Redonda, Resende, Barra
do Piraí, Itaguaí, Barra Mansa e Magé (RJ) e no município de Mogi das Cruzes (SP),
vias no interior da CST e revestimentos primários na região Sul Fluminense
(ALVARENGA, 2001).
2.6 - EXPANSIBILIDADE DA ESCÓRIA
Um dos maiores entraves quanto à utilização da escória de aciaria na construção
rodoviária é o seu potencial expansivo. Esta expansão pode chegar a 10,0%,
ocasionando erupções na pista, que podem atingir até 10 cm de altura (SILVA e
MENDONÇA, 2001a). A Figura 2.6.1 ilustra pavimentos com utilização de escória não
curada.
A identificação destes defeitos nas pistas pode ser prevista através da observação da
formação de trincas radiais de tamanho reduzido e do estufamento do revestimento. A
formação de defeitos no pavimento ocasionados pela expansão pode ocorrer tanto
quando a escória é utilizada em base e/ou sub-base, ou como agregado em
revestimentos asfálticos. Neste segundo caso, apesar de inicialmente o ligante
impermeabilizar os grãos da escória, com o desgaste, ocorre o contato entre a escória
e a água provocando reações de hidratação e, conseqüentemente, a expansão do
material (KANDHAL e HOFFMAN, 1998; SILVA, 2002).
28
(a) Erupções na pista (b) Pavimento trincado
Figura 2.6.1 - Pavimento com utilização de escória não curada (SILVA, 2002)
Alguns autores citam que o aumento do conteúdo da cal (Ca(OH)
2
) nas escórias está
diretamente relacionado com o aumento da expansibilidade das mesmas, assim como
o aumento da temperatura e da quantidade de espécies no estado livre (ROHDE,
2002). Já existem países que limitam o teor de cal nas escórias para que as mesmas
possam ser utilizadas em camadas granulares, entre 4,0% e 7,0% (GEYER, 2001).
Uma forma de minimizar estes efeitos danosos causados pela cal é utilizá-la com o
menor tamanho de grão possível para que a mesma sofra completa dissolução.
A hidratação dos CaO e MgO livres é a principal responsável pela expansão da
escória no curto e longo prazos, respectivamente (KANDHAL e HOFFMAN, 1998).
SILVA et al. (2003) concluíram, após 15 anos de estudo, que a cinética da reação de
hidratação do MgO é muito lenta. O grau de instabilidade destes compostos depende
do tamanho dos cristais. Os cristais pequenos hidratam-se rapidamente, enquanto
cristais grandes são formados por um processo de resfriamento lento. A cal livre
quando hidratada forma o Ca(OH)
2
, de acordo com a reação indicada na Equação
2.6.1. O MgO quando reage com a água forma o hidróxido de magnésio ou brucita
(Mg(OH)
2
) (Equação 2.6.2). Além das reações de hidratação, a reação de
carbonatação (Equação 2.6.3) também é responsável pela expansão do material.
CaO + H
2
O
Ca(OH)
2
(2.6.1)
MgO + H
2
O
Mg(OH)
2
(2.6.2)
CaO + CO
2
+ H
2
CaH
2
CO
3
(2.6.3)
Além disto, a expansão da escória deve-se, em menor escala, à:
29
Corrosão do ferro metálico (Fe
0
): a causa deste processo é a diferença de volume
molar dos produtos de oxidação e corrosão. Os produtos formados neste
processo estão mostrados na Tabela 2.6.1;
Mudanças nas formas alotrópicas do 2CaO-SiO
2
de β (larnita) para γ (calco-
olivina). Esta transferência instável ocorre durante o resfriamento lento da escória
a, aproximadamente, 725ºC, gerando uma alta expansão volumétrica (da ordem
de 11,0%) causando o fenômeno do esfarelamento.
Tabela 2.6.1 - Produtos formados na oxidação e corrosão do ferro (MACHADO, 2000)
Reações Formação Produto
Fe
0
+ ½ O
2
FeO
Wüstita
2 Fe
0
+ 3/2 O
2
Fe
2
O
3
Hematita
Oxidação
3 Fe
0
+ 2 O
2
Fe
3
O
4
Magnetita
Fe
+2
+ 2OH Fe(OH)
2
Hidróxido Ferroso
Corrosão
4 Fe(OH)
2
+ O
2
+ 2H
2
O 4 Fe(OH)
3
Hidróxido Férrico
A hidratação das espécies químicas presentes na escória causa uma grande variação
no volume das mesmas. Os compostos, bem como a variação do volume dos
mesmos, estão na Tabela 2.6.2.
Tabela 2.6.2 - Variação de volume dos compostos após a hidratação (WEAST, 1971
*
apud MACHADO, 2000)
Fórmula Nome Densidade Variação de Volume(%)
Em relação ao MgO
Mg(OH)
2
Brucita 2,36 119,5
Em relação ao CaO
Ca(OH)
2
Portlandita 2,24 99,4
Calcita 2,93 105,9
CaCO
3
Aragonita 2,71 122,6
CaCO
3
. MgCO
3
Dolomita 2,87 287,3
Em relação ao Fe
0
FeO Wustita 5,70 77,4
Fe
2
O
3
Hematita 5,24 328,7
Fe(OH)
2
Hidróxido 3,40 271,7
FeO(OH) Goetita 4,28 192,0
*
Weast, R.C. HandBook of chemistry and physics. 52 ed. Cleveland, 1971.
30
Para que o fenômeno indesejável de expansão das escórias não ocorra, faz-se uma
pré-hidratação do material denominada cura, que pode ser realizada a céu aberto
submetendo-se o material ao contato com a água. Este processo tem duração média
de três meses a um ano, a depender da composição química da escória (MACHADO,
2000).
Uma forma de diminuir a expansão da escória de aciaria é armazená-la em pequenas
pilhas e com altura reduzida (de 1,5 a 2,0 metros). LIMA et al. (2000) sugerem no
máximo 10.000 toneladas de material por pilha e que as mesmas não sejam muito
altas para evitar que alguma parte do material não seja curada. Estas medidas devem
ser tomadas para que o processo expansivo ocorra o mais rápido possível.
Outra forma de minimizar os prejuízos causados pela expansão deste material, para o
uso em camadas de reforço do subleito, base e sub-base, é misturá-lo com outro
material capaz de absorver esta expansão, como argila, por exemplo (SILVA, 1991).
Este processo é apenas físico, nenhuma reação química ocorre entre a escória e o
material utilizado na mistura. Geralmente usa-se um material mais fino do que a
escória para diminuir a permeabilidade e também o contato escória-água. Deve-se
atentar também para a qualidade do material utilizado. Para o caso da argila, a mesma
deve ser laterítica não possuindo caráter expansivo. SILVA (1994) utilizou várias
amostras de escória adquiridas na Companhia Siderúrgica Tubarão (CST), em
substituição aos agregados convencionais, misturadas com argila da região, para a
construção das camadas de sub-base e base. Essa escória foi usada sem nenhuma
espécie de cura, utilizando tal argila para combater a expansão. A maior expansão
encontrada para as misturas que utilizaram estas misturas foi de 0,5%.
GEYER (2001) cita ainda que é possível obter-se uma cura acelerada deste rejeito. A
escória é submetida a um spray de água quente e em seguida à injeção de vapor ou
passagem através de zona de vapor. Com o uso destas técnicas é possível reduzir o
tempo de cura das escórias para vinte dias. Existe ainda o resfriamento brusco onde a
mesma é fragmentada por um jato d’água e resfriada em um tanque com água. Deve-
se atentar, porém para a presença de MgO que possui um alto potencial expansivo e
neutraliza somente a longo prazo.
São métodos de avaliação da expansibilidade das escórias (MACHADO, 2000):
Norma japonesa JIS A 5015/92: avalia a expansão em cps que, depois de
imersos em água, são aquecidos a 80ºC em ciclos de 6 horas diárias. Esta norma
31
recomenda uma expansão máxima de 2,5% aos dez dias para que o pavimento
não sofra perda de resistência, para misturas asfálticas do tipo CBUQ. Fixa ainda
outras condições, tais como: massa específica (em torno de 2,45 kg/dm
3
),
absorção de água (< 3,0%) e abrasão (< 30,0%);
ASTM D 4792/95: potencial de expansão dos agregados com reações de
hidratação. Analisa a expansão de cps a partir do aumento vertical dos mesmos,
depois de imersos em água a 71 ± 2ºC;
ASTM 1260/94 e NBR 11582/91: métodos adaptados da avaliação da expansão
em concretos. O primeiro é a avaliação do potencial da reatividade álcali-
agregado e o segundo é a determinação da expansibilidade nas agulhas de Le
Chatelier em cps de argamassa de cimento Portland e água;
Método das Barras: adaptado do método do National Building Research Institute
(NBRI). Moldam-se barras (NBR 9773) de argamassa que após 24 horas são
desmoldadas e medidas. Posteriormente, estes cps são condicionados em água a
80ºC. Durante doze dias são realizadas leituras. Ao final do ensaio a expansão
deve ser inferior a 0,11% (MASUERO et al., 2000);
Ensaio de Autoclave: consiste em colocar cps de pasta de cimento (após 24
horas) em autoclave durante 3 horas com pressão de 2 MPa. Posteriormente as
amostras são condicionadas a 23ºC durante 15 minutos. São realizadas leituras
antes e após o condicionamento descrito acima (MASUERO et al., 2000).
Este trabalho utilizará o método do Departamento de Transportes da Pensilvânia (PTM
130/78) por ter sido adaptado pelo DMA-1/DER-MG/82 (Departamento de Rodagem
de Minas Gerais) de acordo com o DNER-DPT 49/64 (MACHADO, 2000). Este método
é também o utilizado para estabelecimento do limite de expansão pelo DNER (ME –
262/94). O método é assim descrito (KANDHAL e HOFFMAN, 1998):
Preparar a amostra, seca ao ar, passando-a na peneira de 50,8 mm (2”),
desprezando a fração retida nesta citada peneira;
Determinar a umidade ótima através do ensaio de compactação (DNER - ME
049/94);
Compactar a amostra no molde ISC (diâmetro de 152 mm). A compactação é
realizada na umidade ótima, em três camadas e com energia modificada (56
golpes por camada);
Submergir a amostra em água (colocando o conjunto molde + cp dentro de um
tambor com água) e colocar a mesma em estufa a 71 ± 3ºC;
Realizar uma leitura inicial após 2 horas da amostra na estufa;
32
Medir a expansão vertical durante sete dias, realizando uma leitura por dia;
Retirar o cp da condição submersa e mantê-lo na condição saturada
(adicionando-se água ao molde) por mais sete dias, realizando uma leitura diária;
Calcular a porcentagem total de expansão volumétrica através da seguinte
relação:
amostra
inicial14dias
h
leituraleitura
=talExpansãoTo
-
(2.6.4)
Onde: leitura
14dias
= leitura do extensômetro após quatorze dias de ensaio;
leitura
inicial
= leitura realizada após duas horas de colocação da amostra na
estufa;
h
amostra
= altura inicial da amostra.
A taxa de expansão é ilustrada pelo gráfico da Figura 2.6.2:
Figura 2.6.2 - Exemplo de taxa de expansão do ensaio PTM 130/78
MACHADO (2000) comparou alguns métodos para avaliação do potencial expansivo
das escórias de aciaria, dentre eles: ASTM 1260/94, JIS A 5015/92, ASTM D 4792/95
e DNER ME 228/89 e M 192/89. Em seu estudo concluiu que o método das barras
prismáticas (ASTM 1260/94) possui um tempo de execução em torno da metade ou
um terço dos tempos gastos nos outros citados ensaios. Este método ainda
apresentou algumas vantagens em relação aos demais, tais como: não necessitar da
obtenção da umidade ótima através do ensaio de compactação, poder ser realizado
com pequenas quantidades de material e não utilizar aparelhos exclusivos para
realização do mesmo o que facilita o procedimento.
33
2.7 - OCORRÊNCIA DE TUFO
O tufo é a precipitação do CaCO
3
, após a solubilização do CaO presente na escória,
em água, seguida da carbonatação (MACHADO, 2000). Quando este processo ocorre
em rodovias que utilizaram escória de aciaria na construção de suas bases e/ou sub-
bases, as mesmas têm os seus sistemas de drenagem prejudicados devido ao
entupimento dos mesmos.
Ocorrem basicamente duas reações químicas: entre o CaO e a água das chuvas
formando o Ca(OH)
2
(reação descrita pela Equação 2.6.1) e entre o CO
2
e a água das
chuvas formando o ácido carbônico (H
2
CO
3
), que por sua vez reage com o Ca(OH)
2
e
forma o bicarbonato de cálcio, Ca(HCO
3
)
2
(Equações 2.7.1 e 2.7.2). A água contendo
o Ca(HCO
3
)
2
evapora com o aumento da temperatura e libera o CO
2
e provoca a
precipitação do CaCO
3
(Equação 2.7.3). Alguns outros fatores aceleram este
processo, como: reatividade da escória com a água, área superficial, porosidade,
quantidade de água a que a escória está exposta e teor de CO
2
(MACHADO, 2000).
CO
2
+ H
2
O
H
2
CO
3
(2.7.1)
2H
2
CO
3
+ Ca(OH)
2
Ca(HCO
3
)
2
+ 2H
2
O (2.7.2)
Ca(HCO
3
)
2
CaCO
3
+ H
2
O + CO
2
(2.7.3)
34
CAPÍTULO 3
3 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
3.1 - OBTENÇÃO DA ESCÓRIA DE ACIARIA
Para o presente estudo, a escória de aciaria foi obtida na Sobremetal Recuperação de
Metais Ltda., localizada no município de Maracanaú, nas dependências da Gerdau
Cearense S.A. Este material encontrava-se a céu aberto, o que certamente provocou
uma pré-expansão da escória antes mesmo de ser adquirida pelo LMP/DET/UFC.
Nenhum procedimento normatizado de amostragem foi realizado neste estudo. As
amostras apenas foram retiradas de locais diferentes da pilha, onde a mesma estava
estocada, para garantir a representatividade do material (Figura 3.1.1). A primeira
amostra (70 kg) foi coletada em Outubro de 2002, a segunda (150 kg) em Janeiro de
2003 e a terceira em Outubro de 2003 (500 kg). O material coletado destinou-se a este
estudo e a ao estudo de Parente
et al. (2003).
Figura 3.1.1 - Coleta da escória na Sobremetal Recuperação de Metais Ltda.
A escória foi estocada a céu aberto, nas dependências do LMP/DET/UFC, para
propiciar a cura do rejeito. O material foi disposto sobre uma lona impermeável para
evitar a perda de finos. Depois de colocado sobre a lona, o rejeito foi misturado para
garantir a homogeneização do material (Figura 3.1.2). Esse procedimento foi repetido
a cada coleta de escória realizada.
35
(a) Lona para dispor o material (b) Disposição do material
(c) Início da homogeneização do material (d) Final da homogeneização do material
Figura 3.1.2 - Etapas do armazenamento e homogeneização da escória no
LMP/DET/UFC
3.2 - CARACTERIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE ACIARIA
A caracterização da escória de aciaria foi realizada por meio dos ensaios exigidos pela
norma DNER – EM 262/94 (Escórias de aciaria para pavimentos rodoviários) conforme
mencionado no Capítulo 2. Outros ensaios considerados importantes foram realizados.
A caracterização deste rejeito seguiu o fluxograma da Figura 3.2.1.
A avaliação da cura do rejeito foi realizada com a primeira amostra de escória de
aciaria coletada. O material foi empilhado e disposto a céu aberto durante
aproximadamente três meses. O rejeito foi colocado em bandejas, para evitar a perda
de finos, e submetido às intempéries (sol e chuva). Além disso, era constantemente
regado para hidratação dos compostos responsáveis pelo processo expansivo.
36
Figura 3.2.1 - Fluxograma dos ensaios para caracterização da escória de aciaria
Com relação ao material recolhido, as amostras de escória de aciaria foram
misturadas e homogeneizadas para permitir a representatividade do material. A
tendência dos grãos maiores é se localizarem na periferia das pilhas de material
(DNER, 1996). O quarteamento da amostra foi realizado manualmente. O montante de
escória foi colocado em um monte em forma de tronco de cone e dividido em quatro
partes iguais. A partir daí, as duas partes opostas foram misturadas. Esta operação foi
repetida algumas vezes até que a amostra ficasse visivelmente homogênea.
A análise química quantitativa foi realizada pelo Departamento de Engenharia Química
da UFC, tendo apresentado os resultados contidos na Tabela 3.2.1 para as duas
amostras de escória, onde C = Concentração e DP = Desvio Padrão.
As amostras de escória sofreram primeiramente uma digestão, ou “abertura”, um
processo no qual a escória é misturada com ácido clorídrico, ácido anídrico e peróxido
e colocada em um forno de microondas. Esse processo de digestão é realizado para
que os elementos que não serão analisados sejam dissolvidos e, conseqüentemente,
eliminados da caracterização. A primeira amostra utilizada pesava 0,0509 g, enquanto
que a segunda pesava 0,0501 g. Após a digestão, as amostras foram dissolvidas em
30 ml de água bidestilada e feita a análise química quantitativa dos elementos
presentes no material.
Escória de Aciaria
Química
Física Expansibilidade
Análise química quantitativa
Análise química
MVE
Difração de raio-X
Granulometria
Los Angeles
Absorção
Durabilidade
Massa específica
EA / Impurezas orgânicas
Índice de forma
Método PTM 130
Adesividade
Ambiental
Lixiviação
Solubilização
37
Tabela 3.2.1 - Análise química quantitativa da amostra de escória
Amostra 1 Amostra 2
Elemento
C (g/100 g) DP (g/100 g) C (g/100 g) DP (g/100 g)
Fe 13,26 0,0707 14,97 0,1078
Si 9,84 0,1120 12,51 0,2455
Ca 6,60 0,0472 8,80 0,1138
Mn 2,38 0,0165 2,70 0,0293
Mg 1,50 0,0147 2,39 0,0323
Al 1,33 0,0000 2,31 0,0443
A análise química qualitativa foi realizada no Microscópio de Varredura Eletrônica
(MVE) do Departamento de Engenharia Mecânica da UFC com uma amostra (décimos
de grama) de escória de aciaria passada na peneira de nº 200. A amostra foi
desidratada e posteriormente sofreu um recobrimento com carbono (para tornar o
material condutor). Os resultados estão apresentados nas Figuras 3.2.2 e 3.2.3, onde
é possível perceber, respectivamente, os elementos existentes nesta amostra
(carbono, oxigênio, magnésio, alumínio, silício, cálcio e ferro), bem como a forma e a
textura dos grãos. As constantes Ka e Kb que aparecem na Figura 3.2.2 são
referentes aos diferentes níveis de radiação dos elementos. Foi ainda realizada uma
análise semi-quantitativa (devido a imprecisão do equipamento para este tipo de
análise) dos elementos presentes na escória apresentada na Tabela 3.2.2. Percebem-
se os altos teores de carbono e oxigênio. Através das fotos, verifica-se que os grãos
da escória de aciaria possuem tamanhos variados, desde tamanhos menores do que
50
µm até maiores do que 500 µm.
Verifica-se que em relação aos elementos manganês e cálcio os resultados das
análises químicas semi-quantitativa (MVE) e quantitativa apresentaram-se bem
próximos. Provavelmente, as diferenças encontradas, em relação aos outros
elementos, são devidas ao fato de que a análise feita pelo MVE é somente uma
aproximação. Percebe-se que para a primeira análise química, apenas alguns
elementos foram detectados, pois a soma da quantidade dos mesmos é diferente de
100 g. Os elementos carbono e oxigênio, principais na análise semi-quantitativa, feita
pelo MVE, não está presente na análise quantitativa.
38
Figura 3.2.2 - Picos dos elementos existentes na escória, obtidos com a utilização do
Microscópio de Varredura Eletrônica
(a) (b) (c)
Figura 3.2.3 - Fotos dos grãos da escória, escalas variadas (a) 50
µm, (b) 100 µm e (c)
500
µm
Tabela 3.2.2 - Análise química semi-quantitativa da amostra de escória realizada com
utilização do Microscópio de Varredura Eletrônica (MVE)
Elemento C O Fe Ca Si Al Mg
% em massa 51,77 23,14 9,48 6,53 5,50 2,02 1,56
A difração de raio-X foi realizada pelo Departamento de Física da UFC, em um
difratômetro de raio-X convencional (modelo DMAXB operado numa potência de 40
kV/25mA) a 23ºC. Este ensaio tem como intuito identificar a composição mineralógica
da escória de aciaria. A difração é o efeito da interferência entre ondas que reforça as
intensidades dos picos. As partículas são formadas por estruturas cristalinas com
padrões de difrações diferentes e característicos de cada fase. O feixe de raios-X é
incidido em ângulos variáveis na amostra de policristal (em forma de pó e com arranjo
atômico ou molecular com estrutura que se repete de forma periódica e tridimensional)
(BLEICHER e SASAKI, 2000).
39
Como resultado, este ensaio fornece o difratograma, que é um gráfico do ângulo de
espalhamento (2
θ) versus intensidade dos picos de incidência. Este ângulo é aquele
formado entre a onda incidente e a onda espalhada. Percebe-se que para um mesmo
composto existem vários picos, com várias intensidades, porque o mesmo é formado
por vários planos. Um exemplo de difratograma, para a amostra de escória de aciaria,
é mostrado na Figura 3.2.4. Os resultados são encontrados a partir da comparação
com padrões de difração já conhecidos.
Position [°2Theta]
10 20 30 40 50 60 70
Counts
0
400
1600
3600
a00304.CAF
Figura 3.2.4 - Exemplo de difratograma da escória utilizada
Para a amostra de aciaria ensaiada (décimos de grama passando na peneira nº 200)
foram encontrados cerca de 340 compostos diferentes, sendo o carbonato de cálcio
(CaCO
3
) e o óxido de silício (SiO
2
) encontrados em maior quantidade. Alguns
compostos encontrados são formados por metais, como prata, níquel, mercúrio e
zinco. A não existência dos compostos responsáveis pela expansão do material é um
indicativo de que a escória foi realmente curada.
O ensaio de durabilidade seguiu a norma DNER – ME 089/94 (Agregados – Avaliação
da durabilidade pelo emprego de soluções de sulfato de sódio ou magnésio). A
amostra de escória foi imersa em uma solução de sulfato de sódio (NaSO
4
) durante 16
horas, aproximadamente. Depois, a amostra foi drenada e seca em estufa (110ºC).
Este processo foi repetido cinco vezes (ciclos), em temperatura constante (20ºC). A
perda de massa, definida como a porcentagem em peso de cada fração da amostra
que após o ensaio passou na peneira na qual originalmente era retida, foi de 4,7%.
40
A avaliação da adesividade ao ligante seguiu a norma DNER – ME 078/94 (Agregado
graúdo – adesividade a ligante betuminoso). Este ensaio verifica a adesividade entre a
película de ligante e os grãos do agregado graúdo, depois que os mesmos são
submetidos ao contato com a umidade (submersão em água destilada a 40ºC, por 72
horas). O ensaio é dito satisfatório quando não há deslocamento da película de asfalto
e não satisfatório quando há. Para o caso de haver deslocamento da película de
ligante pode-se utilizar melhoradores de adesividade como: cimento Portland, cal
hidratada ou aditivos químicos líquidos. Estes aditivos fazem com que haja maior
recobrimento do agregado pelo ligante, diminuindo a tensão superficial entre o ligante
e o agregado (BERNUCCI
et al., 1999).
Como houve o deslocamento da película de asfalto com o uso apenas do CAP 50/60
de origem Fazenda Alegre, optou-se por utilizar um aditivo químico líquido, o CAP-
DOP, da BR Distribuidora. Primeiramente executou-se o ensaio com 0,5% de DOPE e
obteve-se novamente o deslocamento da película. Executou-se então com 1,0% de
DOPE, não sendo verificado o deslocamento da película e a adesividade considerada
satisfatória.
Este ensaio vem sendo questionado no meio técnico devido à sua subjetividade.
Trata-se de uma avaliação visual fornecida pelo executor do ensaio. Alguns autores
preferem utilizar a metodologia AASHTO T – 283 (Resistência à tração retida por
umidade induzida) (BERNUCCI
et al., 1999). Neste estudo este método também foi
empregado e os resultados serão discutidos no Capítulo 5 (Caracterização Mecânica).
A granulometria do rejeito foi avaliada através da norma DNER – ME 083/98
(Agregados – análise granulométrica). Após a homogeneização das duas primeiras
amostras de escória coletadas, o material foi separado em quatro sacos plásticos de
50 kg. Foram realizados dois ensaios para cada porção de material, totalizando,
assim, oito ensaios. Na Figura 3.2.5 é possível verificar que as distribuições
granulométricas das amostras são bem semelhantes, o que garante a homogeneidade
do material, pelo menos no que diz respeito a este parâmetro. As médias dos
resultados estão mostradas na Tabela 3.2.3 em peso retido e em porcentagem
passando, respectivamente.
41
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
abertura das peneiras (mm)
% passando
Figura 3.2.5 - Granulometrias das amostras de escória
Tabela 3.2.3 - Ensaio de granulometria, em peso retido e porcentagem passando da
escória
Porção 1 Porção 2 Porção 3 Porção 4 Média Peneira
(mm)
(g) (%) (g) (%) (g) (%) (g) (%) (g) (%)
25,4 - 100,0 - 100,0 - 100,0 - 100,0 - 100,0
19,1 305,5 84,7 285,7 85,7 269,0 86,5 243,2 87,8 275,9 86,2
12,7 573,3 56,6 591,5 56,1 592,4 56,9 530,3 61,3 571,9 57,7
9,5 189,3 46,6 233,1 44,3 219,9 45,8 199,7 51,2 210,5 47,0
4,8 364,7 28,3 357,0 26,4 406,0 25,5 345,2 33,9 368,2 28,5
2,0 340,5 11,3 273,3 12,8 288,9 11,0 371,6 15,3 318,6 12,6
0,42 148,2 3,8 164,2 4,5 144,3 3,7 207,1 4,9 166,0 4,2
0,18 31,5 2,3 44,2 2,3 33,5 2,1 44,1 2,7 38,3 2,6
0,074 23,3 1,1 29,4 0,8 24,9 0,8 29,6 1,2 26,8 1,0
< 0,074 18,5 - 16,7 - 18,6 - 19,8 - 18,4 -
O ensaio de abrasão foi feito segundo a norma DNER – ME 035/98 (Agregados –
determinação da abrasão
Los Angeles). As graduações para este ensaio, segundo a
norma citada, estão na Tabela 3.2.4. Foram realizados dois ensaios: para as
graduações B e C (1º ensaio), e para as graduações B, C e D (2º ensaio). Apesar de
ter sido realizado um ensaio para a graduação D, as graduações B e C apresentam
granulometrias mais próximas da obtida para a escória deste estudo (conforme
discutido acima). A massa total foi de 5.000 g
± 10 g para as três graduações e foram
realizadas 500 rotações do tambor. A carga abrasiva foi de 4.584 g
± 25 g, 3.330 g ±
42
20 g e 2.500 g ± 15 g para as graduações B, C e D, respectivamente. Os resultados
estão contidos na Tabela 3.2.5.
Tabela 3.2.4 - Graduação para o ensaio
Los Angeles da norma ME 035 (1998)
Peneiras (mm) Amostra – massa parcial (gramas)
Passando Retido Grad. B Grad. C Grad. D
38,1 25,4
1.250
± 25
- -
25,4 19,1
1.250
± 25
- -
19,1 12,7
1.250
± 25 2.500 ± 10
-
12,7 9,5
1.250
± 25 2.500 ± 10
-
9,5 6,3 - -
2.500
± 10
6,3 4,8 - -
2.500
± 10
4,8 2,0 - - -
Tabela 3.2.5 - Resultado do ensaio de abrasão
Los Angeles da escória
Faixa Nº de esferas Abrasão Los Angeles (%)
B1
*
11 34
B2
*
11 37
C1 8 36
C2 8 38
D2 6 73
* 1 referente ao 1º ensaio e 2 referente ao 2º ensaio
Os resultados encontrados para este ensaio são todos superiores ao limite
estabelecido pelo DNER para o uso da escória de aciaria em pavimentação (25,0%).
Porém na literatura estudada foram encontrados valores de até 44,0% para perda de
peso por abrasão
Los Angeles (ROHDE, 2002). Para agregados tradicionais o
Departamento de Edificações Rodovias e Transportes (DERT, CE) estabelece um
limite de até 55,0% (DERT, 1994) e o próprio DNER estabelece um limite de 40,0%
para agregados graúdos, inclusive escórias (DNER – ES 313/97).
Avaliou-se a absorção e a densidade dos agregados de escória através das normas
DNER – ME 081/98 (Agregados – determinação da absorção e da densidade de
agregado graúdo) e ASTM C 127/88 (
Standard test method for specific gravity and
absorption of coarse aggregate
). Foram realizados três ensaios e a média dos valores
encontrados foi de 3,30 para a densidade real da escória graúda; 2,92 para a
43
densidade aparente da escória graúda e 4,5% para a absorção d’água. Os valores
encontrados para as três amostras ensaiadas, bem como as médias, estão mostrados
na Tabela 3.2.6. Nota-se que o valor encontrado para a absorção d’água da escória
utilizada neste estudo foi muito elevado, sendo superior ao estabelecido pela norma
DNER – ME 262/94. A densidade real da escória miúda (passando na peneira nº 4)
também foi determinada (DNER – ME 084/95). O valor encontrado (média de três
determinações) foi de 3,51.
Tabela 3.2.6 -
Densidades e absorção da escória de aciaria graúda
Parâmetro Valores
Peso da Amostra Seca (g) 947,90 961,80 972,70
Peso da Amostra Saturada (g) 1.001,60 1.002,30 1.007,00
Peso da Amostra Imersa (g) 660,70 670,20 677,50
Densidade Real 3,30 3,30 3,30
Densidade Aparente 2,78 2,90 2,95
Absorção (%) 5,67 4,21 3,53
Média Densidade Real 3,30
Média Densidade Aparente 2,88
Média Absorção (%) 4,47
O ensaio de Equivalente de Areia (EA) realizado segundo o método DNER – ME
054/94 confirmou que a escória de aciaria deste estudo não apresenta material
argiloso. Seu EA é de 100,0%. Com relação às impurezas orgânicas, devido a não
existência de norma brasileira específica para realização deste ensaio em escórias de
aciaria, utilizou-se o método DNER – ME 055/95 para areias. A amostra de escória de
aciaria passando na peneira nº 10 foi ensaiada. O material estudado apresentou-se
livre de impurezas orgânicas como pode ser visto na Figura 3.2.6. A amostra com
escória e solução de hidróxido de sódio, depois de 24 horas de observação,
apresentou-se mais clara do que a solução padrão.
44
Figura 3.2.6 - Comparação entre as amostras de escória de aciaria e padrão
O ensaio de índice de forma foi realizado segundo os procedimentos da norma DNER
ME 086/94. A escória utilizada neste estudo se enquadrou na graduação C e a média
das três amostras ensaiadas foi de 0,29 (indicando que a escória possui formato
cúbico). Este valor está bem abaixo do encontrado na literatura para este tipo de
agregado. SILVA
et al. (2002) encontraram 0,74. A norma DNER – ES 313 (1997)
estabelece um limite de 0,50 para agregados graúdos. Porém, a norma DNER – ME
262 (1994) não estabelece limites para este índice.
Os ensaios de lixiviação (separação de certas substâncias contidas nos resíduos
industriais por meio de lavagem ou percolação) e solubilização (realização de análise
química de amostra representativa do resíduo, depois de dissolvido em água
deionizada ou destilada e filtrado) não foram realizados pela autora, devido à
impossibilidade de realização dos mesmos no Ceará. A Gerdau Cearense S.A.
realiza, a cada seis meses (no laboratório TASQA localizado em Paulínia no estado de
São Paulo), a avaliação do rejeito em relação ao seu potencial contaminante. O último
relatório recebido em 2003 classifica o material como classe II, isto é, não inerte
devendo ser acondicionado de maneira especial (ADERALDO, 2003).
O ensaio de expansibilidade foi realizado segundo o método PTM 130/78 (Método de
ensaio para avaliação do potencial de expansão de escória de aciaria), adaptado pelo
DER-MG. Este estudo utilizou os resultados obtidos por Parente
et al. (2003). Antes da
realização do ensaio de expansibilidade, a amostra de escória de aciaria foi
compactada, segundo os procedimentos da norma DNER – ME 049/94 (Solos –
determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas),
para a obtenção da umidade ótima de compactação. O peso do soquete utilizado na
compactação foi de 4,50 kg e a altura de queda foi igual a 45,7 cm. A amostra de
6.000 g foi obtida com material dividido da seguinte forma:
Solução
Padrão
Amostra com
Escória
45
1.000 g de material retido entre as peneiras com aberturas de 4,8 mm e 2,0 mm;
1.000 g de material retido entre as peneiras com aberturas de 2,0 mm e 0,42 mm;
1.000 g de material retido entre as peneiras com aberturas de 0,42 mm e 0,18 mm;
1.000 g de material passando na peneira com abertura de 0,18 mm;
2.000 g de material não fracionado, isto é, no estado bruto.
Esta divisão foi efetuada para que o cp apresentasse coesão, visto que com o material
no estado original (sem fracionamento) não foi possível moldar os cps. Foi passada
vaselina na parte interna do molde e um papel filtro circular foi colocado na base
inferior do mesmo. Os cps foram compactados em três camadas, com a energia
modificada (56 golpes). O material foi seco em estufa e adicionou-se água nas
seguintes proporções: 3,0%; 2,0%; 2,0%; 2,0% e 2,0%, em relação a massa total de
escória (6.000 g). Para cada proporção de água adicionada foi moldado um cp, o
conjunto molde + amostra foi pesado após a compactação. Uma amostra do material,
restante da moldagem, foi retirada, pesada e colocada em estufa, a 100ºC, por
aproximadamente 3 horas. Depois de seca, a amostra foi novamente pesada para
obtenção do peso seco da amostra e, posteriormente, da umidade.
Algumas tentativas foram realizadas para a obtenção da curva de compactação.
Curvas com formatos não característicos foram encontradas (Figura 3.2.7). Outros
autores já haviam se deparado com este problema para materiais com Limite de
Liquidez (LL) fora do intervalo entre 30,0% e 70,0% (LEE e SUEDKAMP, 1972
*
apud
ROHDE, 2002 e ROHDE, 2002). A escória utilizada neste estudo apresentou-se não
plástica e não líquida (DNER - ME 082/94 e 122/94).
*
Lee, P. Y. e R.J. Suedkamp. Characteristics of Irregularly Shaped Compaction Curves of Soils. Highway
Research Record, Washington, D.C., n.381, p. 1-9, 1972.
46
2400
2450
2500
2550
2600
2650
2700
2750
2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
Umidade (%)
Massa Específica Aparente Seca
(g/cm
3
)
Tentativa 1
Tentativa 2
Figura 3.2.7 - Tentativas para obtenção da curva de compactação da escória
Para que a curva de compactação desta amostra de escória de aciaria apresentasse
formato característico, os valores obtidos na terceira tentativa foram interpolados. A
curva manipulada ficou com um ramo ascendente, outro descendente e um pico bem
definido (Figura 3.2.8). A umidade ótima de compactação é aquela correspondente a
maior massa específica seca.
2,44
2,45
2,46
2,47
2,48
2,49
2,50
2,51
2,52
3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
Umidade (%)
Massa Específica Aparente Seca (g/cm
3
)
Figura 3.2.8 - Determinação da umidade ótima da escória na energia modificada, com
a curva interpolada a partir dos resultados da terceira tentativa
Com a determinação da massa específica aparente seca máxima (2,52 g/cm
3
) e da
umidade ótima (6,4%), moldou-se um cp para o ensaio de expansibilidade segundo o
Umidade
Ótima
Massa
Específica
Aparente Seca
47
método PTM 130/78. O conjunto, cp, tambor com água para submersão do cp e
extensômetro, foi colocado na estufa, a 71ºC, no dia 29/04/2003. As etapas deste
processo podem ser visualizadas na Figura 3.2.9.
(a) Compactação do cp (b) Cp + Molde
(c) Imersão do cp em água (d) Extensômetro
Figura 3.2.9 - Etapas para realização do ensaio de expansão da escória pelo método
PTM 130/78
A leitura inicial foi realizada após duas horas. As outras leituras foram realizadas
durante quatorze dias, no mesmo horário, para avaliação do potencial expansivo da
escória de aciaria. Estas leituras, em milímetros, estão contidas na Tabela 3.2.7, bem
como o percentual de expansão e a expansão diária. O gráfico, percentual de
expansão diária e expansão acumulada versus tempo de cura (dias), está na Figura
3.2.10. A expansão diária é dada pela Equação (3.2.1) e a expansão total é dada pela
Equação (2.6.4), item 2.6, do Capítulo 2.
amostra
inicial.ext
h
leituraleitura
=DiáriaExpansão
-
(3.2.1)
48
Onde: leitura
ext.
= leitura do extensômetro no dia desejado;
leitura
inicial
= leitura realizada após duas horas de colocação da amostra na
estufa;
h
amostra
= altura inicial da amostra.
Durante os sete primeiros dias, a amostra foi mantida na condição submersa, para o
período compreendido entre o 8º e 14º dia a amostra foi mantida na condição saturada
(adicionando-se dois litros de água por dia ao molde). Esta mudança é feita para
avaliar a diferença entre os potenciais expansivos nas duas condições. A expansão
volumétrica total é aquela obtida após quatorze dias de ensaio. Nesta amostra foi de
0,61%. A altura da amostra utilizada neste ensaio foi de 115,5 mm. A norma ASTM D
2940/1992 estabelece um limite máximo de expansão aos sete dias no valor de 0,5%
(ROHDE, 2002). Para o material utilizado neste estudo, este valor não foi
ultrapassado, visto que nesta data a expansão foi de 0,34%.
Tabela 3.2.7 - Expansão da escória até o 14º dia do ensaio PTM 130/78
Condição Dia Data Leitura (mm) Expansão Diária (%) % Expansão Acumulada
0 29/04 0 0 0
1º 30/04 0,10 0,09 0,09
2º 01/05 0,15 0,04 0,13
3º 02/05 0,20 0,04 0,17
4º 03/05 * * *
5º 04/05 * * *
6º 05/05 0,35 0,13 0,30
Submersa
7º 06/05 0,39 0,04 0,34
8º 07/05 0,43 0,04 0,37
9º 08/05 0,45 0,02 0,39
10º 09/05 0,50 0,04 0,43
11º 10/05 * * *
12º 11/05 * * *
13º 12/05 0,65 0,13 0,56
Saturada
14º 13/05 0,70 0,04 0,61
*Leituras não realizadas, final de semana
49
Figura 3.2.10 - Percentuais de expansão diária e acumulada (leitura zero até o 14º dia)
da escória no ensaio PTM 130/78
Apesar da norma utilizada neste estudo só exigir que o ensaio seja realizado até o 14º
dia, o ensaio foi continuado até o 30º dia (Tabela 3.2.8). Esta decisão foi tomada a fim
de verificar como a escória de aciaria se comportaria em relação ao parâmetro
expansão em um período superior ao estipulado pela norma.
Tabela 3.2.8 - Expansão da escória após o 14º dia do ensaio PTM 130/78
Condição Dia Data Leitura (mm) Expansão Diária (%) % Expansão Acumulada
15º 14/05 0,75 0,04 0,65
16º 15/05 0,80 0,04 0,69
17º 16/05 0,90 0,09 0,78
18º 17/05 * * *
19º 18/05 * * *
20º 19/05 1,00 0,09 0,87
Submersa
21º 20/05 1,10 0,09 0,95
22º 21/05 1,11 0,01 0,96
23º 22/05 1,17 0,05 1,01
24º 23/05 1,21 0,03 1,05
25º 24/05 * * *
26º 25/05 * * *
27º 26/05 1,32 0,10 1,14
28º 27/05 1,35 0,03 1,17
29º 28/05 1,39 0,03 1,20
Saturada
30º 29/05 1,42 0,03 1,23
*Leituras não realizadas, final de semana
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
01236789101314
Dias
% Expansão
Expansão Acumul
a
Expansão Diária
Submersa
Saturada
50
A Figura 3.2.11 apresenta o gráfico percentual de expansão diária e expansão
acumulada versus tempo de cura (dias) para esta segunda parte do ensaio. Percebe-
se que, com a continuação do ensaio, a porcentagem de expansão acumulada
continua aumentando. Porém, ao final do ensaio (30º dia) o valor encontrado (1,25%)
foi inferior ao estabelecido pelo DNER (1994) (3,0%).
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
15 16 17 20 21 22 23 24 27 28 29 30
Dias
% Expansão
Expansão Acumulada
Expansão Diária
Figura 3.2.11 - Percentuais de expansão diária e acumulada para a escória em
continuação ao observado no ensaio PTM 130/98 (14º ao 30º dia)
Percebe-se que, tanto para a primeira parte do ensaio (1
° ao 14° dia) quanto para a
segunda parte (15
° ao 30° dia), a inclinação média da reta dada pela expansão
acumulada é igual à média da expansão diária. Para a parte inicial, este valor é de
0,04 e para a segunda parte é de 0,05.
3.3 - OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS DEMAIS AGREGADOS
Tanto os agregados utilizados nesta pesquisa, quanto aqueles utilizados na pesquisa
que serviu de comparação para este estudo (CTPETRO, 2003) foram coletados na
Pedreira Itaitinga. Esta pedreira localiza-se no município de Itaitinga, distante 30 km da
capital Fortaleza.
Além da escória de aciaria, este estudo utilizou em suas misturas areia de campo e
filer mineral. Os agregados convencionais utilizados na pesquisa comparativa foram:
brita ¾” e 3/8” (origem granítica), areia de campo, pó de pedra e filer mineral. Estes
materiais foram coletados em meados de Abril de 2003. Uma vista da pedreira, bem
como da coleta dos agregados para esta pesquisa estão na Figura 3.3.1.
Submersa
Saturada
51
(a) Vista da pedreira Itaitinga (b) Coleta dos agregados
Figura 3.3.1 - Vista da pedreira e coleta dos agregados
A granulometria da areia de campo foi determinada segundo a norma DNER – ME
083/98 (Agregados – análise granulométrica) e pode ser visualizada na Figura 3.3.2. A
densidade real deste agregado foi determinada seguindo a norma DNER – ME 084/95
(Agregado miúdo – determinação da densidade real). Para facilitar a expulsão das
bolhas de ar da amostra, optou-se por substituir a etapa de fervura dos picnômetros
por aplicação de -88 kPa de pressão (VASCONCELOS e SOARES, 2003b). Os
resultados dos três ensaios realizados, bem como a média desses valores, encontram-
se na Tabela 3.3.1. A densidade aparente deste agregado também foi determinada
pelo método ASTM C 128-97 (
Standard Test Method for Specific Gravity and
Absorption of Coarse Aggregate
). O valor encontrado foi de 2,641.
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
0.01 0.1 1 10 100
abertura das peneiras (mm)
% passando
Peneira (mm) % Passando
25,4 100,0
19,1 100,0
12,7 100,0
9,5 100,0
4,8 99,3
2,0 98,3
0,42 63,7
0,18 34,9
0,074 13,6
Figura 3.3.2 - Granulometria da areia de campo
52
Tabela 3.3.1 - Densidade real da areia de campo
Parâmetros Valores encontrados
Peso do Picnômetro (g) 158,60 158,60 158,60
Peso do Picnômetro + Amostra Seca (g) 643,00 658,00 657,50
Peso da Amostra Seca (g) 484,40 499,40 498,90
Peso do Picnômetro + Amostra + Água (g) 954,90 964,40 964,90
Peso da Água Complementar (g) 311,90 306,40 307,40
Peso do Picnômetro + Água (g) 656,40 656,40 656,40
Peso da Água (g) 497,80 497,80 497,80
Volume de Água Deslocada (cm
3
) 185,90 191,40 190,40
Densidade Real da Amostra 2,606 2,609 2,620
Média das Densidades Reais 2,612
A areia de campo apresentou EA (ME – 054/94) igual a 40,4%. Este valor encontra-se
abaixo do recomendado (55,0%) pelas especificações do DNER (1997a) quanto ao
EA.
O fíler utilizado foi natural, proveniente da areia de campo (apenas passado na peneira
de 0,074 mm, n
° 200) utilizada como agregado miúdo. A densidade do mesmo foi
determinada através do método DNER - ME 367/97 (Material de enchimento para
misturas betuminosas). O resultado encontrado foi de 2,640.
3.4 - OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAP
O ligante escolhido para este estudo é classificado por penetração como CAP 50/60.
Originado da Fazenda Alegre e fornecido pela Lubnor/Petrobras, o mesmo atendeu às
especificações brasileiras regulamentadas pelo Departamento Nacional de
Combustíveis (DNC, 1993). Estas especificações e os valores medidos no CAP
encontram-se na Tabela 3.4.1. A composição química deste CAP foi realizada no
Cenpes/Petrobras e pode ser vista na Tabela 3.4.2.
53
Tabela 3.4.1 - Especificações e valores medidos para a amostra de CAP 50/60
Fazenda Alegre (Lubnor/Petrobras)
Característica Método Especificação Unidade Resultados
Penetração ASTM D 5 50 a 60 0,1 mm 57
ECA – % Penetr. Original X 021* 50 min % 72
ECA – Variação de massa ASTM D 1754 1,0 max % 0,3
Índice de Susc. Térmica X 018 -1,5 a 1,0 - -0,9
Ponto de fulgor ASTM D 92 235 min ºC 296
Solubilid. no tricloroetileno ASTM D 2042 99,5 min % massa 100
Visc. Saybolt Furol a 135ºC ASTM E102 110 min s 222
Aquecimento a 175ºC X 215 Não espuma - Não espuma
*Calculado do percentual da penetração original determinada pelo método ASTM D 5
Tabela 3.4.2 - Composição química da amostra de CAP 50/60 Fazenda Alegre (Cenpes/Petrobras)
Ensaios Método CAP 50/60
Teor de nitrogênio total (%p/p) - 0,65
Teor de nitrogênio básico (%p/p) - 0,19
Fracionamento SARA (%) IATROSCAN TLC/FID
Saturados 15
Aromáticos 46
Resinas 21
Asfaltenos
Cromatografia em camada fina com
detecção por ionização de chama
18
Tamanho molecular (%)
Alto (APM > 3700) 17,5
Médio (425 < MPM < 3700) 59,5
Baixo (BPM < 425)
HP-GPC
23,1
Carbono aromático (%) NMR – Ressonância nuclear magnética 31,3
Teor de asfaltenos (%p/p) IP143 11,3
Este CAP pode ainda ser classificado, de acordo com as especificações Superpave,
como um PG (
Performance Grade = grau de desempenho) 64-28 (SOARES et al.,
1999a). Esta classificação advém de um estudo realizado entre 1987 e 1993 nos
Estados Unidos. O programa
Strategic Highway Research Program (SHRP) inseriu a
especificação do CAP a partir do desempenho dos pavimentos. Logo, um PG 64-28
seria adequado para pavimentos com temperaturas máxima de 64ºC e mínima de
-28ºC (SOARES
et al., 1999b). A Tabela 3.4.3 apresenta os resultados das análises
realizadas no Cenpes/Petrobras relativas às especificações Superpave do CAP
utilizado nesta pesquisa (ASTM D 6373-99). A densidade da amostra de CAP 50/60 foi
54
determinada a 25ºC pelo densímetro digital para amostras escuras (ASTM D 5002,
1994). O valor encontrado foi de 1,0252.
Tabela 3.4.3 - Resultados das análises relativas às especificações Superpave da
amostra de CAP 50/60 Fazenda Alegre (Cenpes/Petrobras)
Ensaios CAP 50/60
Viscosidade Brookfield 135ºC, 20 rpm, cP 474
Viscosidade Brookfield 150ºC, 20 rpm, cP 238
Viscosidade Brookfield 175ºC, 20 rpm, cP 89
Ductilidade a 25ºC, cm > 150
Cisalhamento G
*
/sen
δ
(ºC)
64
Penetração a 35ºC, 100g, 5s, dmm 143
Penetração a 25ºC, 100g, 5s, dmm 51
Penetração a 15ºC, 100g, 5s, dmm 16
Ponto de Amolecimento (ºC) 51,1
Viscosidade a 60ºC, P 3972
PVN - 0,4
Após RTFOT
Perda em massa, % RTFOT 0,08 (p)
Viscosidade a 60ºC, P 10510
Ductilidade a 25ºC, cm > 150
Relação viscosidade após/antes RTFOT 2,7
Cisalhamento G
*
/sen
δ
(ºC)
64
Penetração a 25ºC, 100g, 5s, dmm 36
Ponto de Amolecimento, ºC 57
Após RTFOT/PAV
Cisalhamento G
*
/sen
δ
(ºC)
19
Fluência – BBR, ºC -18
Grau de Desempenho Superpave 64-28
Classificação DNC 50/60
Na Tabela 3.4.4 está a indicação das temperaturas de interesse para a classificação
SHRP para a capital Fortaleza. Nesta tabela, T
máx.
foi calculada a partir da média das
máximas temperaturas do ar durante os sete dias mais quentes do ano (T
ar
) e da
latitude local (lat.), através da equação 3.4.1. O PG do CAP é apresentado de duas
formas, considerando apenas esta citada T
máx.
e para o caso do tráfego local ser
pesado. É possível perceber que o PG 64-28 é adequado para esta localidade.
7,17)9545,0()2,42lat2289,0latl00618,0T(T
2
ar.máx
×+×+×=
(3.4.1)
55
Tabela 3.4.4 -
Temperatura máxima do pavimento na região de Fortaleza e grau de
classificação SHRP do CAP necessário para atender esta condição (SOARES, 2000)
Local Lat. (graus) T
ar
(ºC) T
máx.
(ºC) PG (T
máx.
) PG (T
máx.
, tráfego)
Fortaleza 3,46 34,4 56 58- 64-
3.5 - OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO DOPE
O DOPE escolhido para ser utilizado foi o CAP-DOP, fornecido pela Petrobras
Distribuidora S.A. Este melhorador de adesividade é definido como um composto
orgânico derivado do óleo de xisto (PETROBRAS, 2003). O fornecedor afirma que
este produto além de melhorar a adesividade, aumenta a durabilidade da mistura
asfáltica porque aumenta a resistência à desagregação dos agregados. É um material
que pode ser facilmente misturado ao CAP, não afeta as especificações do mesmo e
resiste às temperaturas de uso. O DOPE utilizado nesta pesquisa tem como
especificações básicas às descritas na Tabela 3.5.1.
Tabela 3.5.1 - Especificações do CAP-DOP (PETROBRAS, 2003)
Característica Resultado
Aparência visual (aspecto a 25ºC) Líquido e sem grumos
Ponto de fulgor (ºC) > 150
Viscosidade a 40ºC (sSF) 85
Densidade a 25ºC 0,97 a 1,03
Adesividade (teste de fervura por 1 minuto) Cobertura > 90%
56
CAPÍTULO 4
4 DOSAGEM MARSHALL
A intenção inicial deste estudo foi comparar o desempenho mecânico de uma mistura
asfáltica utilizando escória de aciaria como agregado com uma outra mistura asfáltica
dosada com agregados convencionais (mistura comparativa). A mistura comparativa
escolhida foi uma mistura asfáltica do tipo CBUQ dosada no LMP/DET/UFC para o
projeto “Estudo de Resíduo de Vácuo de Petróleo Nacional como Matéria Prima para
Pavimentação” (CTPETRO, 2003). Os dois tipos de misturas foram dosados segundo
a metodologia Marshall. As misturas, experimentais e comparativa, apresentam a
mesma curva granulométrica em peso dos agregados, diminuindo assim o número de
variáveis a serem avaliadas.
O presente estudo foi iniciado com a utilização da escória de aciaria em uma mistura
asfáltica na proporção de 60,0% em peso do agregado mineral (denominada
posteriormente de Mistura 2 - M2). Porém, nesta dosagem foi encontrada uma grande
variação (até 44,0%) nos parâmetros volumétricos para os cps moldados com escória.
Em vez de apenas quinze cps normalmente utilizados para a dosagem Marshall foi
necessário moldar sessenta cps. Mesmo assim, a partir de cps moldados no Teor de
Projeto (TP) realizou-se a caracterização mecânica desta mistura. Com relação aos
ensaios de Resistência à Tração estática por compressão diametral (RT) e Módulo de
Resiliência (MR) para cps moldados no TP, foram obtidos valores com pequena
variação. Nesta ocasião foi detectado que o material, escória de aciaria, era bastante
heterogêneo, isto é, grãos com mesmo tamanho possuíam diferentes características
(tanto vítreo quanto poroso). Porém as dosagens continuaram sendo feitas com o
material bruto, isto é, sem nenhuma separação de grãos com diferentes aspectos.
Depois de eliminado o risco de erro operacional, partiu-se para a dosagem de mais
duas misturas asfálticas com escória, variando-se a proporção deste agregado no
peso total, denominadas Mistura 1 (M1) e Mistura 3 (M3). Foram escolhidas
proporções de escória abaixo e acima daquela escolhida para a M2, isto é, 75,6%
(aproximadamente 80,0%) e 40,0%. Os cps moldados com estes teores de escória de
aciaria também apresentaram grande variação no que diz respeito aos parâmetros
57
volumétricos. Estas misturas foram caracterizadas mecanicamente no TP e também
em relação a esta caracterização houve grande variação.
Com a intenção de pesquisar possíveis fatores causadores da variação nos
parâmetros volumétricos que vinha sendo encontrada, a compactação foi trocada de
mecânica para manual. Esta mudança foi realizada para verificar se as variações
encontradas não estavam associadas com problemas no compactador automático.
Desta nova maneira, foram dosadas as Misturas 4 (M4) e 5 (M5) com as mesmas
proporções de escória utilizadas nas Misturas 1 (M1) e 2 (M2), 40,0% e 60,0%
respectivamente. As variações nos parâmetros volumétricos persistiram. Foi, contudo,
realizada a caracterização mecânica destas misturas não apenas para o TP, mas para
todos os teores utilizados na dosagem a fim de verificar se havia alguma tendência
com relação aos demais teores. A grande variação nos valores de MR persistiu. Estas
variações, bem como todas as outras já mencionadas, serão discutidas e
quantificadas neste capítulo.
Como última tentativa de obter resultados mais homogêneos, o material foi separado
manualmente, com a intenção de reduzir a heterogeneidade do rejeito, e a dosagem
da Mistura 6 (M6), com 40,0% de escória, foi realizada. O material escolhido para ser
utilizado foi aquele de aspecto poroso por ser o mais abundante, descartando-se os
agregados de aspecto vítreo. Esta separação também pode ser feita em grande
escala, visto que estes dois tipos de escória são vazados em dois momentos distintos
do processo siderúrgico, a escória porosa é proveniente do forno de arco elétrico
(chamada de escória de refino oxidante) e a escória lisa é proveniente do forno panela
(chamada de escória de refino redutor). Além desta separação, as misturas, antes de
serem utilizadas para a moldagem dos cps, foram condicionadas durante duas horas
em estufa com a temperatura de mistura (aproximadamente 160ºC). Este
condicionamento foi realizado para que pudesse ocorrer uma melhor interação ligante-
agregado, visto que o mesmo é bastante poroso. Depois de tomadas estas
precauções a variação nos parâmetros volumétricos diminuiu para um valor
considerado aceitável neste estudo (< 10,0%). Foi possível obter-se o TP da maneira
convencional. A M6 foi caracterizada mecanicamente, no TP, para verificação da não
variação dos resultados dos ensaios mecânicos. Esta última mistura foi caracterizada
no LMP/DET/UFC e no Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. Essa decisão foi
tomada a fim de verificar a dispersão dos resultados para diferentes equipamentos e
operadores.
58
A variação na preparação da amostra está sintetizada no fluxograma da Figura 4.1.
Maiores detalhes em relação à metodologia de pesquisa estão no texto que se segue.
Figura 4.1 - Metodologia adotada nesta pesquisa
4.1 - DENSIDADE MÁXIMA TEÓRICA (DMT)
Encontra-se em ROBERTS et al. (1996) a definição de DMT como a razão entre a
massa total de agregados e ligante asfáltico e a soma dos volumes de agregados, dos
vazios impermeáveis, dos vazios permeáveis não preenchidos com asfalto e do total
de asfalto. Este parâmetro é importante, porque é necessário para o cálculo de vários
outros, como (VASCONCELOS
et al., 2003):
Densidade efetiva do agregado;
DMT
Dosagem Marshall
(material misturado)
Dosagem Marshall
(material separado e
condicionado)
Compactação
Mecânica
Compactação
Manual
Compactação
Manual
40,0%
(
M1)
40,0%
(
M6)
80,0%
(
M3)
Caracterização
Mecânica
(Teor de Projeto)
40,0%
(
M4)
60,0%
(
M5)
60,0%
(
M2)
Caracterização
Mecânica
(Todos os teores)
Caracterização
Mecânica
(Teor de Projeto)
UFC
UFRJ
59
Absorção de asfalto pelo agregado;
Teor de asfalto efetivo;
Volume de vazios (Vv);
Valores alvo para compactação de misturas asfálticas compactadas com
compactador giratório (ASTM D 2041, 2000);
Massa específica de misturas asfálticas já compactadas em campo.
No Brasil, a DMT costuma ser calculada pela equação 4.1.1:
n
n
2
2
1
1
CAP
CAP
n21CAP
D
P
...
D
P
D
P
D
P
P...PPP
DMT
++++
++++
= (4.1.1)
Onde: P
CAP
, P
1
, P
2
e P
n
= proporção dos materiais;
D
CAP
, D
1
, D
2
e D
n
= densidades reais dos materiais.
Para o presente estudo, a DMT, além de calculada pela expressão 4.1.1, foi medida
em laboratório com aplicação de vácuo, segundo os procedimentos da norma ASTM D
2041 (2000) e nesta situação passou a ser chamada de Densidade Máxima Medida
(DMM). As vantagens de se usar a DMM são:
Não precisar determinar as densidades reais individuais dos agregados;
Descontar os poros preenchidos com ligante e não a absorção total medida com
água, que é muito menos viscosa que o ligante.
O ensaio é realizado seguindo os passos abaixo:
Realizar a mistura de agregados e ligante nas proporções pré-estabelecidas em
um recipiente metálico de peso conhecido;
Preencher o recipiente com água (25ºC) suficiente para cobrir a mistura;
Aplicar, durante 15 minutos, uma pressão residual no manômetro de 30 mm de
mercúrio no recipiente contendo a mistura para expulsar os vazios existentes entre
os filmes de ligante;
Restabelecer, no recipiente, a pressão ambiente;
Colocar o conjunto, recipiente + mistura + água, imerso em água durante 10
minutos;
Pesar o conjunto, recipiente + mistura + água, imerso em água.
A DMM, para este caso, é obtida pela seguinte fórmula:
60
B) - (C -A
A
= DMM
(4.1.2)
Onde A: massa da mistura seca ao ar (g);
B: massa do recipiente metálico imerso em água (g);
C: massa do recipiente + mistura, imersos em água (g).
A Figura 4.1.1 apresenta uma visão geral do equipamento para a realização do ensaio
bem como do medidor de pressão, utilizados neste estudo.
(a) Equipamento para medição da densidade
máxima
(b) Detalhe do medidor de pressão
Figura 4.1.1 - Equipamento para medição da densidade máxima
As DMMs para as misturas estudadas foram obtidas com a mesma proporção dos
materiais utilizados na moldagem dos cps, para as M1, M2 e M3 (com 40,0%; 60,0% e
80,0% de escória, respectivamente), porém com uma massa de 1.600 g. As misturas
foram feitas com o material misturado, isto é, da forma que o mesmo foi obtido,
apenas fracionado. Para as misturas M4 e M5 utilizaram-se os valores de DMT e DMM
das M1 e M2, respectivamente. Essa decisão foi tomada porque a única diferença
existente entre as M1 e M3, M2 e M4, é o tipo de compactação. Tanto os valores
calculados (DMT), como os medidos (DMM), para os três tipos de misturas com
escória de aciaria, estão na Tabela 4.1.1. Para os valores calculados, as densidades
reais utilizadas são as médias dos três ensaios realizados para cada material. Em
relação aos valores obtidos, foram realizados três ensaios e o valor apresentado na
Tabela 4.1.1 é uma média dos resultados encontrados. Os teores de CAP (%) foram
escolhidos de acordo com a dosagem das misturas asfálticas. Os valores podem ser
melhor visualizados na Figura 4.1.2.
61
Tabela 4.1.1 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e de Densidade Máxima
Medida (DMM) das misturas 1, 2 e 3, com 40,0%; 60,0% e 80,0% de escória
respectivamente
Teor de CAP (%)
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
%
Escória
DMT DMM DMT DMM DMT DMM DMT DMM DMT DMM DMT DMM DMT DMM
40,0 (M1) 2,617 2,685 2,596 2,666 2,575 2,637 2,555 2,600 2,535 2,583 2,515 2,560 2,495 2,546
60,0 (M2) 2,711 2,734 2,688 2,718 2,665 2,695 2,643 2,669 2,621 2,639 2,599 2,613 2,578 2,595
80,0 (M3) 2,847 2,929 2,829 2,897 2,795 2,895 2,776 2,849 2,750 2,838 2,724 2,808 2,699 2,786
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
2,300
2,400
2,500
2,600
2,700
2,800
2,900
3,000
DM
Mistura e % CAP
DMT DMM
Figura 4.1.2 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade Máxima
Medida (DMM) das misturas 1, 2 e 3 com 40,0%; 60,0% e 80,0% de escória,
respectivamente versus teor de CAP
Acreditava-se que um maior valor de DMT seria obtido com a utilização da fórmula, já
que desta maneira um menor volume é considerado, conforme encontraram
VASCONCELOS
et al. (2003), porém para este estudo isto não foi constatado. Como
é possível perceber, na Figura 4.1.2, para todas as misturas e em todos os teores de
CAP, os valores calculados (DMT) são inferiores aos medidos (DMM). Os valores, de
DMT e DMM, aumentaram com o aumento do teor de escória de aciaria utilizado nas
misturas. Isto era esperado, visto que a escória é mais densa que os outros
componentes da mistura.
5,0% 5,5% 6,0% 6,5% 7,0% 7,5% 8,0%
62
Alguns valores, tanto calculados quanto medidos, para a mistura com 60,0% de
escória podem ser considerados iguais, visto que a repetibilidade do ensaio é de 0,02
(ASTM D 2041). A menor diferença encontrada foi de 0,01 (60,0% de escória e 7,5%
de ligante) e a maior de 0,1 (80,0% de escória e 6,0% de ligante). De maneira geral,
as diferenças encontradas entre os citados valores foram, em ordem crescente,
mistura com 60,0% < mistura com 40,0% < mistura com 80,0%. Acreditava-se que
quanto maior fosse a proporção de escória utilizada, maior seriam as diferenças
encontradas entre os valores da DMT e DMM, porém a heterogeneidade do rejeito
deve ter afetado estes resultados.
As DMMs para a mistura com 40,0% de escória de aciaria como agregado, com
material separado e condicionado em estufa por duas horas (M6), também foram
medidas. Os valores estão na Tabela 4.1.2, sendo estes uma média dos resultados
encontrados em três ensaios. Os teores de CAP (%) foram escolhidos de acordo com
a dosagem das misturas asfálticas. Os valores podem ser melhor visualizados na
Figura 4.1.3. Percebe-se que os valores de DMM com o material separado (somente
poroso) foi superior aos calculados e medidos com o material misturado. Apesar de
não terem sido obtidas as densidades reais da escória separada (somente material
poroso), é justificável que os valores de DMM encontrados com o uso apenas do
material poroso sejam superiores aos valores encontrados para o material misturado.
Para o primeiro caso, DMM somente com material poroso, o volume considerado
torna-se menor do que aquele considerado com a utilização do material misturado.
Tabela 4.1.2 - Valores de Densidade Máxima Medida (DMM) para a mistura 6 (40,0%
de escória)
Teor de CAP (%)
% Escória
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
40,0 (M6) 2,702 2,679 2,663 2,628 2,595 2,579
63
1/4/6
1/4/6
1/4/6
1/4/6
1/4/6
1/4/6
2,300
2,350
2,400
2,450
2,500
2,550
2,600
2,650
2,700
2,750
DM
Mistura x teor de CAP
DMT calculada DMM DMM - material separado e condicionado
Figura 4.1.3 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade Máxima
Medida (DMM) para a mistura 6 (40,0% de escória), material no estado original
(misturado e sem condicionamento) e separado e condicionado versus teor de CAP
Tanto os valores de DMT quanto os de DMM foram testados nas dosagens Marshall a
fim de verificar a diferença que seria encontrada quando da determinação dos TPs. Os
valores encontrados estão na Tabela 4.1.3. Para algumas misturas, não foi possível
obter-se o TP com os cps moldados, visto que os parâmetros volumétricos
encontrados estavam fora dos limites estabelecidos pelo método utilizado nesta
pesquisa (SOARES
et al., 2000). Os valores encontrados, utilizando as duas
densidades máximas (calculadas e medidas) para a M2 (60,0% de escória) podem ser
considerados iguais segundo a variação admitida em campo de ± 0,3%. Para as
outras misturas, os valores podem ser considerados diferentes até 0,6% (caso da M4)
(DNER, 1997).
Tabela 4.1.3 - Valores de Teores de Projeto (TP) (%) calculados a partir de valores de
Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade Máxima Medida (DMM) para as
misturas experimentais
Mistura
TP (%)
1 2 3 4 5 6
TP (%) - DMT 6,2 6,9 - 5,7 - 6,2
TP (%) - DMM 6,6 7,2 6,8 6,3 6,2 6,6
5,0%
5,5%
6,0%
6,5%
7,0%
7,5%
64
Para os casos em que foi necessário moldar cps no TP, as DMTs e DMMs utilizadas
foram as que estão na Tabela 4.1.4. Para as M1 e M6 foram utilizados os valores de
DMT e para as M2 e M3 foram utilizados os valores de DMM. Os valores para as
misturas M4 e M5 não estão reportados nesta Tabela porque para estas misturas não
foi necessária a moldagem de cps no TP, porque a caracterização mecânica foi
realizada com os mesmos cps da dosagem.
Tabela 4.1.4 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) (para as misturas 1 e 6) e
Densidade Máxima Medida (para as misturas 2 e 3) para o Teor de Projeto (TP)
Mistura
Parâmetros
1 2 3 6
DM 2,561 2,639 2,843 2,561
TP (%) 6,2 7,0 6,8 6,2
Para o caso de materiais pétreos, os valores de DMT devem ser aproximadamente
iguais aos valores de DMM. As diferenças encontradas podem ser justificadas pelo
fato de que o material em teste é não convencional, poroso e bastante heterogêneo.
Além deste fato, a correta interpretação da norma é que a pressão a ser aplicada é a
pressão residual = 30 mm (diferença entre -760 mm e -730 mm). Uma pressão bem
abaixo da exigida em norma foi de fato aplicada. A bomba de vácuo utilizada não
possui capacidade para aplicação de pressão de vácuo acima de 140 mm de
mercúrio. Algumas hipóteses foram levantadas.
A primeira hipótese para as diferenças encontradas foi que a pressão feita pelo
equipamento de vácuo, a má adesividade ligante-escória e a alta porosidade da
escória tivessem feito com que os vazios tidos como “impermeáveis” nos agregados
de escória tivessem sido atingidos e passassem a ser preenchidos com água e/ou
ligante. Isto teria levado a um maior valor de DMM se comparada com a DMT. A
Figura 4.1.4 apresenta um esquema da interação ligante-agregado durante o ensaio
de DMM. Esta hipótese, posteriormente, foi descartada por considerarmos que estes
vazios são de fato inatingíveis.
65
Figura 4.1.4 - Esquema agregado com ligante (VASCONCELOS
et al., 2003)
A segunda hipótese levantada foi que as diferenças estariam sendo encontradas
devido à diferença entre a obtenção das densidades reais (utilizadas no cálculo da
DMT) e da DMM. Isto é, a DMM é obtida com utilização do vácuo enquanto que as
densidades reais não. Isto estaria levando a menores valores de densidades reais e
conseqüentemente a menores valores de DMT (MARQUES, 2004).
A fim de verificar estes fatos, optou-se por determinar as densidades reais dos
agregados com aplicação de vácuo. O procedimento utilizado foi o mesmo para
obtenção da DMM, sem a utilização de ligante. Foram feitas três determinações e as
diferenças persistiram, os valores de DMT tornaram-se ainda menores se comparados
com os valores de DMM. Acredita-se que a perda de finos durante a imersão da
mistura de agregados levou a estes resultados.
Optou-se então pela obtenção somente da densidade da escória com aplicação de
vácuo. A densidade foi obtida segundo os procedimentos da norma ME 081/98. Para
provocar a expulsão do ar da amostra, a mesma foi submetida a uma fervura de
aproximadamente 15 minutos e posteriormente a uma pressão de 30 mm de mercúrio
no equipamento Rice. O resultado encontrado (média de três determinações) para a
densidade real da escória foi de 3,59. Este valor foi 8,0% superior ao encontrado com
o procedimento convencional (DNER – ME081/98). Apesar da pressão aplicada ser
inferior a recomendada pela norma ASTM D 2041 (2000), conforme mencionado
anteriormente, tanto a DMM quanto a densidade real da escória foram obtidas da
mesma forma.
Os ensaios para obtenção das densidades reais da escória miúda (passando na
peneira nº 4) e da areia também foram refeitos. O procedimento convencional (DNER
– ME 084/95) foi adaptado da mesma maneira que o descrito para o ensaio realizado
66
com a escória graúda. O valor da densidade real da escória miúda passou de 3,51
para 3,67 e da areia de 2,61 para 2,62. Os valores encontrados para as DMTs
calculadas com utilização destes valores de densidades reais estão na Tabela 4.1.5.
Tabela 4.1.5 - Valores de Densidade Máxima Teórica com a obtenção das densidades
reais de maneira convencional (DMT) e não-convencional (DMT*) das misturas 1, 2 e
3, com 40,0%; 60,0% e 80,0% de escória respectivamente
Teor de CAP (%)
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
% Escória
DMT DMT* DMT DMT* DMT DMT* DMT DMT* DMT DMT* DMT DMT* DMT DMT*
40,0 (M1) 2,617 2,690 2,596 2,667 2,575 2,645 2,555 2,623 2,535 2,602 2,515 2,580 2,495 2,560
60,0 (M2) 2,711 2,816 2,688 2,790 2,665 2,765 2,643 2,741 2,621 2,717 2,599 2,693 2,578 2,670
80,0 (M3) 2,847 2,980 2,829 2,966 2,795 2,922 2,776 2,906 2,750 2,876 2,724 2,847 2,699 2,819
Como era de se esperar, as DMTs calculadas com o valor de densidade real da
escória com o procedimento adaptado (utilização de fervura e vácuo) foram superiores
às calculadas com a densidade real obtida de maneira convencional (DNER – ME
081/98). Os valores calculados foram ainda superiores aos obtidos (DMM), como era
esperado e compatível com o encontrado na literatura (VASCONCELOS e SOARES,
2003). Estas diferenças podem ser melhor visualizadas nas Figuras 4.1.5 e 4.1.6.
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
1
2
3
2,300
2,400
2,500
2,600
2,700
2,800
2,900
3,000
DM
Mistura e % CAP
DMT DMT* Rice
Figura 4.1.5 - Valores de Densidade Máxima Teórica (DMT) e Densidade Máxima
Teórica Rice (DMT*) para as misturas 1, 2 e 3 com 40,0%; 60,0% e 80,0% de escória,
respectivamente versus teor de CAP
5,0%
5,5%
6,0% 6,5%
7,0%
7,5% 8,0%
67
1
3
1
3
1
3
1
3
1
3
1
3
1
3
2,300
2,400
2,500
2,600
2,700
2,800
2,900
3,000
DM
Mistura e % CAP
DMM DMT* Rice
Figura 4.1.6 - Valores de Densidade Máxima Medida (DMM) e Densidade Máxima
Teórica Rice (DMT*) para as misturas 1, 2 e 3, com 40,0%; 60,0% e 80,0% de
escória, respectivamente versus teor de CAP
Apesar das diferenças, optou-se por utilizar os valores de DMM, ao invés dos
calculados, por acreditar-se que estes são mais realistas. Para as misturas com 40,0%
de escória, foi utilizada a DMT (convencional, sem o procedimento para a obtenção da
densidade real adaptado). Isto ocorreu devido à quebra do equipamento de medida da
densidade no período em que as dosagens destas misturas estavam sendo realizadas
e porque a decisão por obter as densidades reais com o procedimento adaptado só foi
tomada no final da pesquisa. Nesta época as dosagens e a caracterização das
misturas já haviam sido feitas, logo não havia tempo hábil para a realização desta
mudança. Acredita-se que estes fatos não serão relevantes para este estudo devido à
grande dispersão encontrada para os parâmetros volumétricos, como será discutido a
seguir.
4.2 - AGREGADOS
A mistura comparativa escolhida foi um CBUQ convencional tendo como agregados
brita ¾” e 3/8” (origem granítica), areia de campo, pó de pedra e filer mineral. A
granulometria desta mistura, bem como os limites da faixa C do DNER para CBUQ,
podem ser vistos na Tabela 4.2.1 (CTPETRO, 2003).
5,0% 5,5% 6,0% 6,5% 7,0% 7,5% 8,0%
68
Tabela 4.2.1 - Granulometria da mistura comparativa e limites da faixa C do DNER
para CBUQ
Faixa C - % passando, em peso
Peneira
Abertura
(mm)
Granulometria
Comparativa
Limite inferior Limite superior
Tolerâncias fixas
de projeto
(%)
¾” 19,1 100,0 100,0 100,0
± 7,0
½” 12,7 89,4 85,0 100,0
± 7,0
3/8” 9,5 75,6 75,0 100,0
± 7,0
Nº 4 4,8 58,4 50,0 85,0
± 5,0
Nº 10 2,0 47,2 30,0 75,0
± 5,0
Nº 40 0,42 28,3 15,0 40,0
± 5,0
Nº 80 0,18 15,4 8,0 30,0
± 2,0
Nº 200 0,074 7,2 5,0 10,0
± 2,0
O estudo teve início com uma mistura asfáltica do tipo CBUQ que utilizou escória de
aciaria (60,0%) e areia de campo, como agregados (M2), como é ilustrado na Figura
4.2.1(a). No decorrer da pesquisa mais duas proporções de escória foram testadas,
40,0% e 80,0%, aproximadamente. As porcentagens de uso dos agregados para as
três proporções de escória estão na Tabela 4.2.2. Neste trabalho optou-se por utilizar
a faixa C do DNER para revestimentos do tipo CBUQ por ser a mais usada no estado
do Ceará. Caso fosse feita a opção pelas faixas A ou B do DNER seria necessária
uma correção granulométrica das misturas de escória e agregados utilizados. O
fracionamento da escória pode ser visualizado na Figura 4.2.1(b).
(a) Mistura de agregados naturais
e escória
(b) Fracionamento escória de aciaria
Figura 4.2.1 - Proporção de agregados e fracionamento da escória
Percebe-se, na Figura 4.2.2 que as misturas experimentais (com escória) e
comparativa (com brita de origem granítica) se enquadram nos limites da faixa C do
69
DNER para revestimentos do tipo CBUQ, aproximando-se do limite inferior para
peneiras com abertura igual ou acima de 10 mm. Com a intenção de diminuir o
número de variáveis nas misturas, optou-se por fazer com que as curvas
granulométricas das misturas com escória coincidissem com a curva da mistura de
referência (em peso dos agregados, mas não em volume). A semelhança das quatro
curvas é verificada, visto que a norma DNER – ES 313/97 estabelece tolerâncias fixas
de projeto.
Tabela 4.2.2 -
Porcentagem de uso dos agregados nas misturas experimentais com
escória
Misturas
40,0% escória (M1, M4 e M6) 60,0% escória (M2 e M5) 80,0% escória (M3)
Material % Material % Material %
Escória (3/4” e ½”) 10,6 Escória (3/4” e ½”) 10,6 Escória (3/4” e ½”) 10,6
Escória (1/2” e 3/8”) 13,8 Escória (1/2” e 3/8”) 13,8 Escória (1/2” e 3/8”) 13,8
Escória (3/8” e Nº 4) 15,6 Escória (3/8” e Nº 4) 16,9 Escória (3/8” e Nº 4) 17,0
A. Campo (Nº 4 e 10) 13,0 Escória (Nº 4 e 10) 10,8 Escória (Nº 4 e 10) 11,0
A. Campo (Nº 10 e 40) 15,0 Escória (Nº 10 e 40) 4,8 Escória (Nº 10 e 40) 12,1
A. Campo (Nº 40 e 80) 15,0 Areia de Campo 43,2 Escória (Nº 40 e 80) 7,1
A. Campo (Nº 80 e 200) 10,0 - Escória (Nº 80 e 200) 4,0
Fíler mineral 7,0 - Areia de Campo 20,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
abertura das peneiras (mm)
% passando
Faixa C - DNER
Comparativa
Escória de Aciaria -
40%
Escória de Aciaria -
60%
Escória de Aciaria -
80%
Figura 4.2.2 -
Enquadramento das misturas de agregados (experimentais e
comparativa) na faixa C do DNER
70
Apesar da não utilização da dosagem Superpave nesta pesquisa, a título de
curiosidade, as granulometrias das misturas experimentais e comparativa foram
avaliadas em relação a esta metodologia. Percebe-se na Figura 4.2.3 que as mesmas
atendem aos requisitos propostos no que diz respeito aos pontos de controle e a zona
de restrição (MOTTA
et al., 1994).
Figura 4.2.3 - Granulometria Superpave das misturas
4.3 - TEOR DE PROJETO (TP)
Os TPs foram baseados num valor selecionado a partir dos teores obtidos para
atender os limites do DNER de Volume de vazios (Vv entre 3,0% a 5,0%) e Relação
Betume-Vazios (RBV entre 75,0% a 82,0%) para CBUQ. O Vv e o RBV são obtidos
por meio das Equações 4.3.1 e 4.3.2, respectivamente.
%100
DM
D - DM
Vv
a
×=
(4.3.1)
VAM
VCB
RBV =
(4.3.2)
Onde: DM = Densidade Máxima (a depender da mistura, DMT ou DMM)
D
a
= densidade aparente da mistura;
VCB = Vazios Com Betume;
VAM = Vazios no Agregado Mineral.
0
20
40
60
80
100
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
(d/D)^0,45
% passando
Pontos de Controle Zona de Restrição
Linha de densidade máxima Granulometria Misturas
71
imersoar
ar
a
P - P
P
=D
(4.3.3)
CAP
CAPa
D
PD
VCB
×
=
(4.3.4)
VCBVvVAM +=
(4.3.5)
Onde: P
CAP
= teor de CAP;
D
CAP
= densidade do CAP.
Para obtenção do TP foram moldados cinco grupos de cps com diferentes teores de
ligante, três cps para cada grupo. O TP foi estimado e com incrementos de 0,5% foram
moldados dois grupos acima e dois grupos abaixo do teor estimado. Com os valores
de Vv e RBV encontrados para estes quinze cps foi obtido o gráfico Vv e RBV versus
teor de CAP (%). A partir dos quatro limites especificados, são obtidos quatro valores
de CAP. O TP é a média dos dois valores centrais. Este método é adotado DNER e foi
descrito em SOARES
et al. (2000). Por exemplo, no caso representado pela Figura
4.3.1, o TP será a média dos valores centrais (6,9 e 7,2), isto é, 7,1 aproximadamente.
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
5,5 5,7 5,9 6,1 6,3 6,5 6,7 6,9 7,1 7,3 7,5
Teor de CAP (%)
Vv (%)
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
95,0
100,0
RBV (%)
Figura 4.3.1 - Exemplo de obtenção do Teor de Projeto (TP)
Os cps foram compactados com um esforço de 50 golpes por camada, igual ao que se
utilizou para a mistura comparativa simulando um tráfego médio. A temperatura do
ligante para a realização da mistura ficou entre 155 e 162ºC e a temperatura de
TP
72
compactação entre 144 e 149ºC. Estas temperaturas foram determinadas a partir da
viscosidade do CAP utilizado (DNER, 1995a) (Figura 4.3.2).
1,0
10,0
135 137 139 141 143 145 147 149 151 153 155 157 159 161 163 165 167 169 171 173 175
Temperatura (ºC)
Viscosidade (Poise)
Viscosidade
Faixa de mistura
Faixa de compactação
Figura 4.3.2 - Viscosidade (Poise) da amostra de CAP 50/60 Fazenda Alegre versus
temperatura (ºC)
A mistura comparativa, utilizada como referência neste estudo apresentou os
parâmetros volumétricos mostrados na Figura 4.3.3. O TP encontrado foi de 6,4% de
CAP e a maior variação no Vv foi de 7,3% para o teor de 6,0% de CAP.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
5,5 5,7 68,6
6,0 4,7 74,3
6,4 4,5 74,6
6,5 4,2 77,8
7,0 2,5 86,7
7,5 2,3 87,9
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV
médios por teor
de ligante
Figura 4.3.3 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura
comparativa
A M2 (60,0% de escória) foi compactada mecanicamente. Primeiramente, os cps
foram moldados com 1.200 g, porém os mesmos não atingiram a altura especificada
TP 6,4%
10 cps
Variação 7,3%
Comp. Mecânica
73
(63,5 mm ± 1,3 mm) pela norma DNER – ME 043/95 (Misturas betuminosas a quente
– ensaio Marshall). Optou-se então por moldá-los com 1.300 g. De certa forma isto já
era esperado, porque a densidade da escória é maior do que a da brita, logo um
menor volume foi utilizado na confecção dos cps com 1.200 g. As médias dos valores
de Vv e RBV encontrados estão na Figura 4.3.4. O valor do TP encontrado foi de
7,2%. Optou-se por utilizar o teor de 7,0% de ligante, visto que com este teor os
parâmetros Vv e RBV estão dentro dos limites estabelecidos pelo DNER e os cps não
apresentaram exsudação, o que foi observado com o teor de 7,2%. Destaca-se
novamente que por tratar-se de uma mistura não convencional, a metodologia teve
que ser adaptada.
Percebe-se que, o Vv e o RBV diminuem e aumentam, respectivamente, com o
aumento do teor de ligante, exceto para o teor de 7,2%. Em relação ao Vv, somente as
misturas com teores de ligante de 7,0%; 7,2% e 7,5% encontram-se dentro dos limites
estabelecidos pelo DNER para CBUQ. Para o RBV, somente a mistura com 7,0% de
ligante apresentou valores dentro da faixa recomendada pelo DNER.
Inicialmente, a intenção era moldar três cps para cada um dos teores de 5,0%; 5,5%;
6,0%; 6,5% e 7,0% de ligante. Todavia, os valores encontrados para Vv e RBV foram
muito discrepantes, apesar de terem sido mantidas todas as variáveis do ensaio.
Foram encontradas diferenças de até 44,0% para o teor de 7,5% de CAP, conforme
Figura 4.3.4(a). Um total de sessenta cps foi moldado. Aqueles que apresentaram
diferenças acima de 10,0% em relação à média dos parâmetros volumétricos foram
descartados. Esta tolerância em relação à variação de Vv e RBV foi estabelecida visto
que a variação permitida do teor de ligante é de ± 0,3% (DNER, 1997a) e da
densidade dos agregados é de, no máximo, ± 3,2% (ASTM, 1988). Estas variações
admissíveis induzem a variações dos valores de Vv e RBV maiores do que a adotada
neste estudo. A fim de estabelecer um critério rigoroso e tornar ainda menor a
variação permitida para os parâmetros volumétricos deste estudo, optou-se por
estabelecer a tolerância de 10,0%. Esta tolerância, em relação à variação nos
parâmetros volumétricos, foi estabelecida também para as outras misturas
experimentais.
74
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0
12.0
14.0
5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
5,0 11,2 51,3
5,5 9,0 59,5
6,0 8,2 63,7
6,5 6,4 71,2
7,0 4,9 77,8
7,2 3,0 85,7
7,5 3,2 85,4
8,0 2,1 90,2
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV
médios por teor
de ligante
Figura 4.3.4 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 2
(60,0% de escória)
Primeiramente, as diferenças encontradas na dosagem foram atribuídas a erros
operacionais, porém observou-se que a escória de aciaria utilizada neste estudo é
muito heterogênea, como é possível verificar na Figura 4.3.5. Os grãos, de mesmo
tamanho, apresentam diferentes texturas, tanto lisa e vítrea, quanto quebradiça e
porosa.
Figura 4.3.5 - Diferenças entre os aspectos da escória utilizada
Partiu-se então para a dosagem das misturas asfálticas chamadas de M1 (40,0% de
escória) e M3 (80,0% de escória). As médias dos valores de Vv e RBV encontrados
para a M1 estão na Figura 4.3.6 e para a M3 estão na Figura 4.3.7. Os cps tiveram
TP 7,0%
60 cps
Variação 44,0%
Comp. Mecânica
Porosos
Vítreos
75
que ser moldados com 1.280 g e 1.400g, respectivamente, para que os mesmos
atingissem a altura especificada (DNER ME 043/95). O TP encontrado para a M1 foi
0,8% inferior ao teor de 7,0% utilizado na M2 (60,0% de escória). O TP encontrado
para a M3 (6,7%) pode ser considerado igual ao adotado para a M2 (DNER, 1997).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
6,0 3,5 80,3
6,2 2,8 84,5
6,5 2,2 87,7
7,0 1,4 92,4
7,5 0,2 98,7
8,0 0,5 97,7
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV médios
por teor de ligante
Figura 4.3.6 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 1
(40,0% de escória)
Considerando um mesmo teor de CAP, a variação encontrada entre os Vv para a M1
foi bastante elevada (84,8% para o teor de 7,0% de CAP). Os cps foram moldados nos
teores contidos na Figura 4.3.6(b) porque era esperado que o teor de ligante para a
mistura com Vv igual a 4,0% estivesse entre eles, como aconteceu para a M2. Nota-se
que isto não ocorreu. A confecção de outros cps poderia indicar um TP ainda inferior
ao encontrado. Optou-se por não confeccioná-los devido à grande variação
encontrada nos parâmetros volumétricos iniciais.
Depois que os valores de Vv e RBV discrepantes foram eliminados, percebeu-se
coerência nos resultados: Vv diminuiu com o aumento do teor de ligante (exceto para
7,5% e 8,0%) e o RBV aumentou (exceto para os teores de 7,5% e 8,0%). Apenas
para o teor de 6,0% de CAP os parâmetros volumétricos encontram-se dentro dos
limites estabelecidos pelo DNER. Os parâmetros volumétricos para o TP estão fora
dos limites estabelecidos pelo DNER, porém estes foram os valores encontrados,
quando foram moldados cps neste teor para caracterização mecânica.
TP 6,2%
21 cps
Variação 84,8%
Comp. Mecânica
76
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
6,0 5,8 72,2
6,5 4,7 78,3
6,7 5,3 77,0
7,0 3,6 83,8
7,5 3,4 85,5
8,0 2,5 89,3
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV médios
por teor de ligante
Figura 4.3.7 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 3
(80,0% de escória)
Comparativamente às M1 e M2, a M3 apresentou menor variação entre os Vv (máximo
de 42,4% para o teor de 7,0% de CAP). Para esta mistura, a escolha dos teores de
ligante que seriam utilizados foi baseada na escolha para a M2. Diferentemente do
que aconteceu com a M1, para a M3 o teor de ligante para a mistura com Vv igual a
4,0% está entre os teores escolhidos na dosagem.
Os valores de Vv e RBV apresentaram-se coerentes para a M3: o Vv diminuiu com o
aumento do teor de ligante e o RBV aumentou (exceto para o TP). Em relação ao Vv,
somente as misturas com teores de ligante de 6,5%, 7,0% e 7,5% encontraram-se
dentro dos limites estabelecidos pelo DNER. Para o RBV, somente a mistura com
6,5% e 6,7% de ligante apresentou valores dentro destes citados limites. Apesar da
M3 utilizar uma maior porcentagem de escória (80,0%) comparativamente com a M1
(40,0%), a M3 apresentou dados mais coerentes do que a M1. Deve-se levar em
consideração que o material é bastante heterogêneo e isto pode ter influenciado os
resultados.
O estudo prosseguiu com as dosagens de mais duas misturas, chamadas de M4
(40,0% de escória) e M5 (60,0% de escória). Os valores médios de Vv e RBV
encontrados para a M4 estão nas Figuras 4.3.8 e para a M5 estão na Figura 4.3.9. Os
cps tiveram que ser moldados com as mesmas quantidades de material das M1 e M2,
respectivamente. O TP encontrado para a M4 foi inferior aos encontrados para as M5
TP 6,7%
19 cps
Variação 42,4%
Comp. Mecânica
77
e M1 (DNER, 1997). Acredita-se que a proporção menor de escória utilizada na M4
acarretou em um menor teor de ligante requerido.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
5,0 7,0 62,6
5,5 3,4 78,3
6,0 2,2 87,1
6,5 1,3 92,3
7,0 0,7 96,0
7,5 0,4 97,7
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV médios
por teor de ligante
Figura 4.3.8 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 4
(40,0% de escória)
A M4 apresentou uma variação nos parâmetros volumétricos relativamente baixa (até
25,8% para o teor de 6,0% de CAP) e próxima da admissível para este estudo. Para
esta mistura, optou-se por aumentar os teores de ligante utilizados na dosagem dos
cps, devido à experiência adquirida com a M1. Como era de se esperar, o teor de
ligante utilizado na mistura que produziria um Vv igual a 4,0% está abaixo de 6,0%.
Com relação aos valores encontrados para Vv e RBV na M4, os mesmos
apresentaram-se inconsistentes. Um aumento de 0,5% no teor de ligante acarretou
uma diminuição de 47,0% no Vv, para os teores de 5,0% e 5,5% de CAP. Para os
teores de 5,5% a 7,5% os valores de Vv e RBV diminuíram e aumentaram com o
aumento do teor de CAP, respectivamente. Somente para o teor de 5,5%, os valores
de Vv e RBV encontraram-se dentro dos limites estabelecidos pelo DNER. Apesar da
determinação do TP, para esta mistura, não foram moldados cps neste teor porque a
caracterização mecânica desta mistura foi feita ainda na dosagem.
TP 5,7%
24 cps
Variação 25,8%
Comp. Manual
78
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
6,0 3,0 84,1
6,5 3,3 83,3
7,0 1,5 91,4
7,5 0,9 95,4
8,0 0,4 98,1
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV médios
por teor de ligante
Figura 4.3.9 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 5
(60,0% de escória)
A variação encontrada entre os Vv para a M5 (> 100,0% para o teor de 8,0% de CAP)
foi bastante superior a da M4. Para esta mistura, os teores de ligante escolhidos para
serem utilizados na dosagem foram baseados naqueles utilizados para a M2.
Acreditava-se que, como estas duas misturas (M2 e M5) foram dosadas com a mesma
proporção de escória, os seus TPs seriam próximos. Isto não foi constatado. Como é
possível perceber, o TP que seria utilizado na mistura que produziria um Vv igual a
4,0% não está entre os escolhidos. Para os teores de 7,0%, 7,5% e 8,0% foram
encontrados valores de Vv muito abaixo de 4,0%. Apenas para os teores de 6,0% e
6,5% o Vv está dentro dos limites estabelecidos para o DNER, enquanto que para o
RBV nenhum teor de ligante testado levou a valores dentro da faixa especificada. O Vv
e o RBV para o TP não foram obtidos porque, assim como na M4, a caracterização
mecânica desta mistura foi realizada ainda na dosagem, não sendo necessária a
moldagem destes cps.
A M6 foi a única mistura experimental que se comportou como uma mistura
convencional, isto é, os parâmetros volumétricos encontrados não variaram além de
10,0% em relação à média dos mesmos (Figura 4.3.10). A maior variação encontrada
foi de 7,8% para o teor de 5,5% de CAP. O TP encontrado para esta mistura foi
superior aos das M1 e M4 (DNER, 1997). Para os teores de 5,0% e 7,0% de ligante os
valores de Vv estão fora dos limites estabelecidos pelo DNER. Para o RBV, isto só
não ocorreu para o teor de 6,0%. Percebe-se que apesar desta mistura ter utilizado
TP 6,2%
54 cps
Variação > 100,0%
Comp. Manual
79
somente agregados porosos, o TP (6,2%) foi inferior ao encontrado para a M2 (7,0%)
que utilizou agregados brutos, isto é misturados. Porém, o percentual de escória
porosa na siderúrgica e, acredita-se, no laboratório também, é de 80,0% (percentual
de escória de refino oxidante). Logo, a M2 (com 60,0% de escória misturada) contêm
48,0% de escória porosa e 12,0% de escória lisa. Sendo assim, é justificável que o TP
para a M2 seja superior ao encontrado para a M6.
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
Teor de ligante (%)
Volume de vazios (%)
CAP
(%)
Vv
(%)
RBV
(%)
5,0 6,7 63,8
5,5 4,7 73,7
6,0 4,7 75,3
6,2 3,1 82,9
6,5 3,2 82,9
7,0 2,7 86,2
(a) Variação do Vv com o teor de ligante
(b) Vv e RBV médios
por teor de ligante
Figura 4.3.10 - Variação dos parâmetros volumétricos (Vv e RBV) para a mistura 6
(40,0% de escória)
A consistência nos resultados encontrados para esta mistura reforça o que já era
imaginado. O fato desta mistura ter sido dosada com material separado (somente
partículas porosas, para a escória graúda, ver Figura 4.3.11) diminuiu a
heterogeneidade do rejeito e, conseqüentemente, as variações nos parâmetros
volumétricos das misturas. Outro fato que deve ter contribuído para os valores
encontrados foi o condicionamento ao qual esta mistura foi submetida antes da
compactação. A permanência da massa asfáltica em estufa (160ºC) durante duas
horas deve ter aumentado a interação ligante-agregado e contribuído para redução
das variações encontradas para as outras misturas.
TP 6,2%
30 cps
Variação 7,8%
Comp. Manual
80
Figura 4.3.11 - Ilustração da separação da escória de aciaria em dois grupos pela
aparência dos grãos para compor a mistura 6 (40,0% de escória)
4.4 - ABSORÇÃO DE LIGANTE
Devido à alta porosidade da escória de aciaria utilizada, optou-se por avaliar o
percentual de ligante absorvido pelos agregados. A metodologia escolhida foi a
proposta por ROBERTS
et al. (1996). A M2 (60,0% de escória) foi utilizada para
realização deste ensaio.
Para a obtenção do percentual de ligante absorvido, outros parâmetros são
necessários:
Densidade aparente da mistura asfáltica (DNER ME 117/87): a média dos seis
ensaios realizados foi de 2,51;
Densidade efetiva dos agregados (D
ef
) (ROBERTS et al., 1996) (Equação 4.4.1): o
valor encontrado foi de 2,99;
CAP
CAP
CAP
ef
D
%
DMM
1
%1
D
=
(4.4.1)
Onde: %
CAP
= teor de ligante utilizado;
DMM = Densidade Máxima Medida para a M2, para o teor de 7,0% de CAP.
Densidade aparente dos agregados (DNER ME 081/98 e ASTM C 128-97) (D
ap.ag.
):
as médias dos três ensaios realizados foram de 2,92 e 2,64 para agregados
graúdo e miúdo, respectivamente. A densidade aparente da mistura dos agregados
foi calculada através de uma ponderação dos resultados encontrados para
agregados graúdos e miúdos. O valor encontrado foi de 2,76. A densidade
81
aparente do agregado miúdo foi realizada como descrito em VASCONCELOS e
SOARES (2003).
O percentual de ligante absorvido (%CAP
abs
) encontrado foi 2,9%, obtido através da
Equação 4.4.2. Logo, parte do ligante que imaginava-se que estivesse sendo utilizado
na mistura para impermeabilizar e unir os agregados está sendo absorvido pela
escória. Esta absorção pode ser considerada alta visto que a variação admissível em
relação ao teor de ligante em campo é de ± 0,3% (DNER, 1997). Apesar disso, este
valor já era esperado porque o valor da absorção d’água encontrada para a escória de
aciaria (4,5%) foi superior ao estabelecido pela norma do (DNER, 1994j) (1,0% a 2,0%
em peso). Este rejeito, além de bastante poroso, apresenta reentrâncias e até mesmo
vazios internos.
efap.ag.
ap.ag.ef
CAPabs
DD
DD
100D%CAP
=
(4.4.2)
Com a intenção de melhor avaliar a porosidade do agregado de escória foram
realizadas tomografias computadorizadas no próprio grão do material e em cps
moldados com escória em diferentes proporções (M1, M2 e M3) e sem escória
(mistura comparativa).
Segundo BRAZ (1993): “a tomografia computadorizada é um processo que, utiliza a
radiação para obter a reconstrução, de uma seção transversal de um corpo, quando
um certo número de projeções unidimensionais, em diversos ângulos são
processadas; e desta forma, obtêm-se uma imagem bidimensional ou tridimensional
da seção transversal do corpo”. Para este estudo, as tomografias foram realizadas em
um Sistema Tomográfico Auxiliado por Computador (STAC) ou equipamento de feixe
paralelo, do laboratório de engenharia nuclear da COPPE/UFRJ.
Os resultados estão nas Figuras 4.4.1 e 4.4.2 para o grão de escória e para os cps,
respectivamente. É possível perceber através da tomografia realizada no grão da
escória que a mesma é bastante porosa e possui até vazios internos. Percebe-se,
para as tomografias realizadas nos cps, que existe diferença de cores nos mesmos.
Esta diferença de cores é o chamado coeficiente de atenuação que está relacionado
com a facilidade ou a dificuldade que o feixe de fótons emitido teve para passar
através do corpo analisado. Este coeficiente é correlacionado com a densidade do
82
material. Logo, os pontos mais claros representam maiores densidades, enquanto que
os mais escuros, menores densidades. Como era de se esperar, quanto maior o
percentual de escória, maior a quantidade de pontos claros devido a maior densidade
dos grãos de escória de aciaria.
Figura 4.4.1: Tomografia computadorizada do grão da escória utilizada neste estudo
(a) M1 - 40,0% de escória (b) M2 - 60,0% de escória
(c) M3 - 80,0% de escória (d) Mistura comparativa
Figura 4.4.2: Tomografias computadorizadas dos corpos de prova moldados com e
sem a utilização de escória de aciaria como agregado
Percebe-se com os resultados obtidos que a dosagem de misturas asfálticas com
utilização de escória deve ser reavaliada. A maneira tradicional de obtenção do TP
para este tipo de mistura deve ser repensada devido à heterogeneidade e a absorção
do rejeito. Embora não tenha sido realizada uma comparação de custos, parte do que
83
se economizaria com a redução do preço do agregado seria perdido com o aumento
do teor de ligante. Há de se computar, porém, o ganho ambiental não quantificado.
Este ganho é justificado por atividades que provavelmente serão canceladas com a
utilização deste rejeito na pavimentação rodoviária, são elas: disposição da escória de
aciaria, aumento da degradação ambiental provocada pelas pedreiras, etc.
Apesar dos resultados encontrados terem sido bastante dispersos, para a maioria das
misturas investigadas, as dosagens realizadas serviram como aprendizado para uma
visão crítica dos resultados encontrados. Os resultados indicam que, para este tipo de
mistura a preocupação deva estar concentrada nos parâmetros mecânicos e não nos
volumétricos. A caracterização mecânica destas misturas é o foco da discussão no
próximo capítulo. Outro fato que deve ser levado em consideração é que a densidade
aparente dos cps foi obtida da maneira tradicional (DNER – ME 117/87), isto é, com a
superfície apenas seca e não com a superfície seca e saturada (ASTM D 2726 – 00).
Este fato tem influência direta na obtenção dos parâmetros volumétricos e talvez na
variação dos mesmos.
84
CAPÍTULO 5
5 CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA
A partir de 1970, o dimensionamento de pavimentos deixou de ser unicamente por
métodos empíricos, surgindo as primeiras análises do comportamento estrutural dos
pavimentos baseados no cálculo de tensões e deformações por meio da utilização de
programas computacionais que facilitaram a análise mecanística dos sistemas em
camadas (as fórmulas e ábacos já existiam antes da década de 70). O método
correntemente utilizado no Brasil, introduzido pelo professor Murilo Lopes de Souza,
desde 1966 para o dimensionamento de pavimentos é baseado no ensaio
California
Bearing Ratio
(CBR). O CBR é um ensaio de capacidade de carga estático que
compara os valores obtidos para os materiais em uso com um material padrão (brita
graduada oriunda da Califórnia). O comportamento estrutural dos pavimentos é melhor
avaliado a partir dos estudos sobre a deformabilidade elástica ou resiliência dos
materiais. Estes estudos foram motivados pela vontade de se obter um
dimensionamento mais racional a partir do entendimento do pavimento como uma
estrutura e um sistema de camadas (MEDINA, 1997; SOARES, 2000; MOTTA, 2002).
A caracterização mecânica das misturas asfálticas utilizadas no presente estudo foi
feita através dos ensaios de Resistência à Tração estática por compressão diametral
(RT), Módulo de Resiliência (MR), fadiga por compressão diametral a tensão
controlada e resistência à tração retida por umidade induzida. As M1, M2, M3 e M6,
com 40,0%; 60,0%; 80,0% e 40,0% de escória, respectivamente, foram caracterizadas
mecanicamente com cps moldados no TP. As M4 e M5 (com 40,0% e 60,0% de
escória, respectivamente) foram caracterizadas mecanicamente com cps moldados
nos teores utilizados para a dosagem Marshall, conforme mencionado no Capítulo 4. A
M6 foi ainda caracterizada através do ensaio de resistência à tração retida por
umidade induzida, para avaliação da adesividade.
85
5.1 - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO ESTÁTICA POR COMPRESSÃO DIAMETRAL
(DNER – ME 138/94)
O ensaio de Resistência à Tração por compressão diametral (RT) foi desenvolvido
pelo professor Lobo Carneiro, em 1943 (CARNEIRO, 1943), para avaliar misturas de
concreto-cimento e posteriormente passou a ser utilizado também para misturas
asfálticas (MEDINA, 1997). Apesar deste ensaio não medir diretamente a resistência à
tração, o mesmo é de fácil execução. Duas forças concentradas diametralmente
opostas são aplicadas no cp e geram (perpendicular ao diâmetro) tensões de tração
(MEDINA, 1997; FALCÃO e SOARES, 2002) (Figura 5.1.1(a)). A prensa para
realização deste ensaio é uma prensa Marshall adaptada para tal, conforme Figura
5.1.1(b).
(a) Esquema do ensaio de RT
(DNER, 1994g)
(b) Prensa utilizada para o ensaio de RT
Figura 5.1.1 - Esquema do ensaio de Resistência à Tração indireta (RT) e
equipamento usado nesta pesquisa
Para realização do ensaio de RT, geralmente o cp é posicionado entre dois frisos
metálicos de 1,27 cm de largura (para o caso de haver desvios no contato cp-prato da
prensa) e com curvatura para melhor acomodação do mesmo. FALCÃO e SOARES
(2002) discutiram a influência do friso e da temperatura no resultado deste ensaio.
Avaliaram, dentre outras, misturas asfálticas, e utilizaram quatro tipos diferentes de
86
friso e duas temperaturas para a realização do ensaio. Concluíram que os ensaios
realizados com frisos de diferentes larguras e em diferentes temperaturas
apresentaram valores de RT variáveis. Porém, para misturas asfálticas, a variação
encontrada pode ser considerada muito pequena (inferior a 10,0%). Para este estudo,
isto não deve ser levado em consideração, visto que se trata de uma comparação
entre misturas ensaiadas com frisos idênticos e na mesma temperatura (25ºC).
A aparelhagem necessária para a realização deste ensaio é (DNER, 1994i):
Prensa mecânica com sensibilidade inferior ou igual a 19,60 N (2 kgf) e velocidade
do êmbolo de 0,80 ± 0,1 mm/s;
Estufa para condicionamento dos cps;
Sistema de refrigeração capaz de manter a temperatura de ensaio (25ºC);
Paquímetro para medição das dimensões dos cps.
O ensaio é realizado da seguinte forma:
Medir a altura (H) (média de quatro determinações) e o diâmetro (D) (média de três
determinações) do cp com o paquímetro;
Submeter o cp a um condicionamento em estufa, por duas horas, a 25ºC;
Colocar o cp entre os dois frisos metálicos;
Ajustar os pratos da prensa para manter a posição do cp;
Aplicar a carga progressivamente (0,80 ± 0,1 mm/s) até que ocorra a ruptura do cp;
Realizar a leitura no extensômetro (L);
Multiplicar o valor da leitura pela constante do anel dinamométrico da prensa
utilizada para obtenção da carga de ruptura (F). Para este estudo a prensa
utilizada possui um anel com constante igual a 1,8633.
O valor de RT é dado pelas Equações 5.1.1:
πDH
2F
RT =
(kgf/cm
2
) (5.1.1)
Onde: F é dada em unidade de força;
D e H são dados em unidade de distância.
No presente estudo, os ensaios de RT foram realizados com cps moldados em
laboratório (altura de 6,35 cm ± 0,13 cm e diâmetro de 10 cm ± 0,02 cm) e
87
condicionados a 25ºC. Estes cps foram submetidos a este ensaio ainda “virgens”, isto
é, não passaram antes pelo ensaio de MR. Para as M1, M2 e M3, os cps moldados
com os teores de 6,0%, 7,0% e 6,8% de ligante, respectivamente, foram submetidos
aos ensaios. A média aritmética e o desvio padrão dos resultados de três cps para os
ensaios de RT, tanto das misturas com escória em estudo quanto da mistura
comparativa, nos TPs, estão na Tabela 5.1.1. Estes resultados podem ser melhor
visualizados na Figura 5.1.2.
Tabela 5.1.1 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para as misturas 1, 2
e 3 (40,0%, 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e comparativa
Mistura
RT (MPa, 25ºC)
M1 M2 M3 Comparativa
Média 0,77 0,62 0,76 0,75
Desvio Padrão 0,02 0,01 0,03 0,07
0,75
0,77
0,62
0,76
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
Comparativa Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3
RT Média (MPa)
Figura 5.1.2 - Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para as misturas 1, 2, 3
(40,0%, 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e comparativa
Com relação aos valores de RT, em ordem decrescente, para as três misturas, os
valores encontrados para a M1 > M3 > M2. As M1 e M3 apresentaram valores
superiores ao da mistura comparativa e a M2 apresentou valor inferior ao da referida
mistura. Os valores dos desvios padrões encontrados para os resultados dos ensaios
de RT das misturas com escória foram inferiores àquele encontrado para a mistura
comparativa, na seguinte ordem desvio padrão M2 < M1 < M3 < mistura comparativa.
A comparação dos valores de RT não pode ser dissociada dos teores de ligante. De
88
certa forma é esperado que misturas com teores de ligante maiores, como é o caso da
M2, apresentem menor resistência estática, uma vez que o ligante lubrifica o
intertravamento entre os agregados.
Para as M4 e M5 (40,0% e 60,0%, respectivamente) os cps moldados nos cinco teores
adotados na dosagem Marshall foram submetidos aos ensaios de RT. O número de
cps (n) utilizados nestes ensaios foi variável devido a grande dispersão encontrada
nos resultados. Para alguns teores chegaram a ser ensaiados nove cps. A média
aritmética e o desvio padrão dos resultados para os ensaios de RT das M4 e M5, bem
como da comparativa, estão nas Tabelas 5.1.2 e 5.1.3, respectivamente. Estes
resultados podem ser melhor visualizados nas Figuras 5.1.3 e 5.1.4 para as duas
misturas, respectivamente.
Tabela 5.1.2 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 4
(40,0% de escória) e comparativa
Teor de CAP (%)
Mistura 4 Comparativa
RT (MPa, 25ºC)
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 6,4
Média 1,19 0,81 0,83 1,14 1,12 0,75
Desvio Padrão 0,06 0,10 0,07 0,07 0,07 0,07
N 3 4 4 3 3 3
Tabela 5.1.3 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 5
(60,0% de escória) e comparativa
Teor de CAP (%)
Mistura 5 Comparativa
RT (MPa, 25ºC)
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 6,4
Média 0,79 0,72 0,78 0,60 0,48 0,75
Desvio Padrão 0,12 0,14 0,07 0,12 0,07 0,07
n 9 9 6 9 9 3
Com relação aos resultados de RT da M4, para todos os teores de CAP foram
encontrados valores superiores ao da mistura comparativa. O maior valor de RT
encontrado foi para a mistura com 5,0% de CAP. Os desvios padrões para os valores
de RT foram todos inferiores ao encontrado para a mistura comparativa. Para a M4 há
diminuição do valor de RT com o aumento do teor de CAP de 5,0% para 5,5% e
89
posterior aumento deste valor para os teores acima de 5,5% de CAP, sendo que para
os teores de 6,5% e 7,0% os valores de RT são praticamente iguais. As variações nas
médias dos valores de RT para os diferentes teores de CAP e a dispersão dos valores
podem ser melhor visualizados nas Figuras 5.1.3(a) e (b), respectivamente. Para esta
mistura (M4), observou-se que a grande dispersão nos parâmetros volumétricos não
se estendeu para este tipo de caracterização.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
% CAP
RT Média (MPa)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
%
CAP
RT (MPa)
(a) RT médio × % CAP para a M4
(b) Variação dos valores de RT para a M4
Figura 5.1.3 - Variação dos valores de Resistência à Tração indireta (RT) versus
teores de CAP para a mistura 4 (40,0% de escória)
Com relação aos resultados de RT da M5, para as misturas com os teores de CAP de
6,0% e 7,0% os valores encontrados foram superiores ao da mistura comparativa, o
mesmo não ocorrendo para as misturas com os teores de 6,5%, 7,5% e 8,0% de CAP.
Os desvios padrões para os valores de RT foram inferiores ao encontrado para a
mistura comparativa para os valores de 7,0% e 8,0% de CAP e superiores (porém
próximos) para os teores restantes. Para a M5, o valor de RT diminuiu com o aumento
do teor de CAP de 6,0% para 6,5%. Com a continuação da caracterização mecânica, o
aumento do teor de CAP de 6,5% para 7,0% levou a um aumento do valor de RT. A
partir deste teor (7,0% de CAP) o valor de RT tendeu a diminuição com o aumento do
teor de CAP. As variações nas médias dos valores de RT para os diferentes teores de
CAP e a dispersão dos valores podem ser melhor visualizados nas Figuras 5.1.4(a) e
(b), respectivamente.
90
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
% CAP
RT Média (MPa)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
% CAP
RT (MPa)
(a) RT médio × % CAP para a M5
(b) Variação dos valores de RT para a M5
Figura 5.1.4 - Variação dos valores de Resistência à Tração indireta (RT) versus
teores de CAP para a mistura 5 (60,0% de escória)
Os ensaios de RT para a M6 (60,0% de escória) foram realizados no LMP/DET/UFC e
na COPPE/UFRJ. Os resultados estão apresentados na Tabela 5.1.4 e ilustrados na
Figura 5.1.5. O tamanho das amostras (n) foi variável, três determinações na UFC e
quinze determinações na COPPE/UFRJ. O número de determinações na COPPE foi
muito superior ao da UFC porque foram realizados ensaios também com cps após o
ensaio de MR.
Tabela 5.1.4 - Resultados de Resistência à Tração indireta (RT) para a mistura 6
(40,0% de escória), ensaiada na UFC e na COPPE, e comparativa
RT (MPa, 25ºC)
Mistura
Média
Desvio
Padrão
n
M6 (UFC) 1,42 0,20 3
M6 (COPPE) 1,29 0,19 15
Comparativa 0,75 0,07 3
91
0,75
1,42
1,29
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
Comparativa M6 - UFC M6 - COPPE
RT Média (MPa)
Figura 5.1.5 - Valores de Resistência à Tração indireta (RT) para mistura 6 (40,0% de
escória), ensaiada na UFC e na COPPE, e comparativa
Esta mistura (M6) apresentou os maiores valores de RT e também de desvios
padrões, se comparada com as outras misturas experimentais e com a mistura
comparativa (exceto para o teor de 5,0% de CAP da M4). A mesma mistura (M6)
apresentou diferentes valores de RT para equipamentos e operadores diferentes,
porém próximos. Os resultados obtidos na UFC foram apenas 9,0% superiores aos
obtidos na COPPE/UFRJ. O valor do desvio padrão para a M6 para os ensaios
realizados na UFC também foi superior ao encontrado para os ensaios realizados na
COPPE/UFRJ. O fato dos tamanhos das amostras serem diferentes tem que ser
levado em consideração, principalmente porque esta mistura foi confeccionada com
rejeito. O menor desvio padrão para as determinações realizadas na COPPE/UFRJ
reforça a hipótese de que os cps não estão sendo danificados durante o ensaio de
MR, apesar da não limitação da carga em 30,0% do valor de RT (como será discutido
no próximo item deste capítulo).
Já era esperado que a M6 apresentasse maiores valores de RT, se comparada com
as outras misturas experimentais, porque a mesma contém o menor teor de ligante.
Quanto menor o teor de ligante, maior o efeito do intertravamento dos agregados. Este
efeito é ainda mais significativo para esta mistura que utilizou apenas agregados de
escória porosos, que também são os mais rugosos. Por se tratar de uma mistura com
utilização de rejeito, o tamanho da amostragem tem que ser repensado, um maior
número de cps precisa ser ensaiado para que comparações possam ser mais
fundamentadas.
92
5.2 - MÓDULO DE RESILIÊNCIA (DNER - ME 133/94)
O Módulo de Resiliência (MR) é o módulo elástico das misturas asfálticas medido sob
carga repetida e em Compressão Diametral (CD) (Figura 5.2.1). Este ensaio é
realizado por compressão diametral com frisos de carga, com aplicação de carga
durante 0,1 s e repouso de 0,9 s. O MR para misturas asfálticas é dado pela relação
entre a tensão de tração (σ
t
) e a deformação específica recuperável total
correspondente à tensão aplicada (ε
t
), para este caso a 25ºC (Equação 5.2.1). A
norma brasileira não distingue deformação específica instantânea de deformação
específica total, como é feito na norma americana (ASTM D 4123, 1982). A
importância da realização deste ensaio reside no fato de que o mesmo é utilizado, no
Brasil, para o cálculo de tensões e deformações nos pavimentos e posterior
dimensionamento dos mesmos.
T
t
t
ε
σ
MR
=
(5.2.1)
(a) Equipamento CD usado nesta
pesquisa (LMP/DET/UFC)
(b) Esquema equipamento CD
(DNER, 1994h)
Figura 5.2.1 - Equipamento para ensaio de Módulo de Resiliência (MR) de misturas
asfálticas usado nesta pesquisa
A aparelhagem necessária para realização deste ensaio é a seguinte:
93
Sistema pneumático de carregamento;
Sistema de medição de deformação da amostra;
Estrutura de suporte com acessórios.
O ensaio é realizado da seguinte forma (DNER, 1994h):
Posicionar o cp;
Ajustar o
Linear Variable Differential Transformer (LVDT). Para este estudo o LVDT
foi ajustado em 1 volt;
Assentar o pistão de carga;
Condicionar o cp;
Registrar as deformações para 300, 400 e 500 aplicações da carga vertical
repetida.
O MR é determinado pela Equação (5.2.2):
0,2692)+(0,9976µ
H
F
=MR (kgf/cm
2
) (5.2.2)
Onde: F = carga vertical repetida aplicada diametralmente no cp (kgf);
= deformação elástica ou resiliente registrada para 300, 400 e 500 aplicações
da carga F, (cm);
H = altura do cp (cm);
µ = coeficiente de Poisson (0,30 é o valor recomendado).
Apesar de saber que o MR varia com o tempo de carregamento e com a temperatura
de ensaio, além de não ser um parâmetro puramente elástico (SOUZA e SOARES,
2003), estes fatos não foram levados em consideração. Para este estudo foi feita uma
comparação entre misturas experimentais (com escória de aciaria) e uma mistura
comparativa (com agregados convencionais) sendo que os dois tipos de mistura foram
ensaiados sob as mesmas condições.
Os ensaios de MR foram realizados com cps moldados em laboratório (altura de 6,35
cm ± 0,13 cm e diâmetro de 10 cm ± 0,02 cm) e condicionados a 25ºC. Estes ensaios
foram realizados sem considerar o valor de RT. Esta decisão foi tomada devido à alta
variação encontrada nos valores de RT e à baixa sensibilidade dos LVDTs (0,006 mm)
do equipamento de compressão diametral do LMP/DET/UFC. Para que o LVDT fosse
sensibilizado era necessária uma carga superior a 30,0% do valor de RT,
94
recomendado pela norma (DNER – ME 133/94). Esse procedimento é comumente
adotado na COPPE/UFRJ. Outras normas, como a ASTM D 4123 (1982) estabelece
este limite de carga em função da espessura do cp. Para as M1, M2 e M3 (com 40,0%,
60,0% e 80,0% de escória, respectivamente), os cps moldados com os teores de
6,0%, 7,0% e 6,8% de ligante (TPs), respectivamente, foram submetidos aos ensaios.
A média aritmética e o desvio padrão dos resultados de três cps para os ensaios de
MR, tanto das misturas em estudo quanto da comparativa, estão na Tabela 5.2.1, que
também apresenta os valores de MR/RT. Estes resultados podem ser melhor
visualizados na Figura 5.2.2.
Tabela 5.2.1 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas 1, 2 e 3
(40,0%, 60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e comparativa
MR (MPa, 25ºC) MR/RT
Mistura
Média Desvio Padrão
M1 2.276 220 2.520
M2 1.836 34 2.944
M3 2.188 607 2.977
Comparativa 2.051 264 2.728
2.188
1.836
2.276
2.051
0
500
1000
1500
2000
2500
Comparativa Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3
MR Média (MPa)
Figura 5.2.2 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas 1, 2 e 3 (40,0%,
60,0% e 80,0% de escória, respectivamente) e comparativa
Com relação aos resultados dos ensaios de MR, os valores encontrados foram: M1 >
M3 > M2. Estes resultados já eram, de certa forma, esperados devido a maior
quantidade de ligante na M2. As M1 e M3 apresentaram valores superiores, mas
próximos, ao da mistura comparativa e a M2 apresentou valor inferior. Com relação
aos desvios padrões desses ensaios, as M1 e M2 apresentaram valores inferiores ao
95
da comparativa, enquanto o valor encontrado para a M3 foi superior, indicando que
maior percentual de escória acarreta maior variabilidade nos resultados deste ensaio.
Os desvios padrões apresentaram-se na seguinte ordem: M2 < M1 < mistura
comparativa < M3.
Para verificar se havia alguma variação nos valores de MR quando o cp é colocado
em diferentes posições, para a M3 os ensaio de MR foram realizados a 0º e a 90º. Os
valores encontrados foram bastante próximos nos dois casos (Tabela 5.2.2). A maior
diferença encontrada entre os valores foi de 1,5%. Isto indica que a carga aplicada
durante o ensaio não provocou fissuras no cp capazes de comprometer os valores de
MR.
Tabela 5.2.2 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) obtidos em corpos de prova
ensaiados em duas posições (0º e 90º) para a mistura 3 (80,0% de escória)
MR (MPa, 25ºC)
CP Nº
0º 90º
01 2.617 2.656
02 1.759 1.780
As relações MR/RT para as M2 e M3 foram superiores a da comparativa, indicando
um valor de MR cerca de 3.000 vezes superior ao de RT. Esta relação ficou bem
próxima da variação (de 3.000 a 3.500) para misturas na faixa C do DNER para CBUQ
que utilizam o CAP 50/60 oriundo do petróleo Bachaquero (SOARES
et al., 2002). Já
para a M1, o valor da relação MR/RT encontrado foi inferior ao da mistura
comparativa, cerca de 7,5%. Apesar desta pesquisa utilizar petróleo de origem
Fazenda Alegre, a comparação é válida visto que o petróleo Bachaquero foi utilizado
com sucesso em várias pesquisas realizadas no LMP/DET/UFC, e possui
características semelhantes.
Para as M4 e M5, os cps moldados nos teores utilizados para a dosagem Marshall
foram submetidos aos ensaios de MR. O número de cps (n) utilizados para estes
ensaios foi superior a três (para alguns teores chegou-se a realizar seis ensaios),
sendo variável conforme a dispersão encontrada nos resultados. A média aritmética e
o desvio padrão dos resultados dos cps para os ensaios de MR, das duas misturas
estão nas Tabelas 5.2.3 e 5.2.4, respectivamente. Os valores de MR/RT também
estão nestas referidas tabelas. Estes resultados são apresentados nas Figuras 5.2.3 e
5.2.4 para as duas misturas.
96
Tabela 5.2.3 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 4 (40,0% de
escória)
MR (MPa, 25ºC)
Teor de CAP (%)
Média Desvio Padrão
MR/RT n
5,0 3.014 556 2.520 3
5,5 2.062 1.005 1.447 6
6,0 2.361 1.147 1.891 6
6,5 3.445 220 3.039 3
7,0 2.770 249 2.482 3
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
% CAP
MR Média (MPa)
0
1000
2000
3000
4000
5000
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
% CAP
MR (MPa)
(a) MR médio por teor de CAP (b) Todos os valores de MR por teor de CAP
Figura 5.2.3 - Variação dos valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 4
(40,0% de escória)
Com relação aos resultados de MR para a M4, para todos os teores de CAP foram
superiores ao da mistura comparativa (2.051 MPa). O maior valor foi para a mistura
com 6,5% de CAP. Os desvios padrões para os valores de MR foram inferiores ao da
comparativa (264) para as misturas com os teores de 6,5% e 7,0% de CAP e
superiores ao da comparativa para as misturas com os teores de 5,0%, 5,5% e 6,0%
de CAP. Os valores da relação MR/RT apresentaram-se na seguinte ordem: mistura
com 5,5% < mistura com 6,0% < mistura 7,0% < mistura 5,0% < mistura comparativa
(2.728) < mistura 6,5%. A mistura que se apresentou mais próxima da variação (de
3.000 a 3.500) para misturas na faixa C do DNER para CBUQ que utilizam o CAP
50/60 oriundo do petróleo Bachaquero (SOARES
et al., 2002) foi aquela com 6,5% de
CAP.
97
Com relação às médias dos valores de MR encontradas para a M4, o aumento do teor
de CAP de 5,0% para 5,5% levou a uma diminuição do valor de MR (31,5%), sendo
este o menor valor de MR encontrado. O aumento do teor de CAP de 5,5% para 6,0%
e de 6,0% para 6,5% acarretou um aumento do valor de MR. A mistura com 6,5% de
CAP apresentou o maior valor de MR e este por sua vez voltou a cair com o aumento
do teor de CAP de 6,5% para 7,0% (Figura 5.2.3 (a)).
Apesar do tamanho das amostras (n) serem diferentes para os diferentes percentuais
de CAP é possível ter idéia da variação dos valores de MR encontrados para a M4,
como é possível observar na Figura 5.2.3 (b). A mistura com teor de ligante de 6,0%
apresentou as maiores variações, sendo encontrada uma diferença de até 69,0%, em
relação à média dos valores. A mistura com teor de 6,5% foi a que apresentou menor
variação em relação à média.
Tabela 5.2.4 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 5 (60,0% de
escória)
MR (MPa, 25ºC)
Teor de CAP (%)
Média Desvio Padrão
MR/RT n
6,0 2.044 331 2.712 6
6,5 1.886 863 3.142 6
7,0 1.617 328 2.269 6
7,5 1.564 306 3.566 6
8,0 1.408 397 3.688 6
0
500
1000
1500
2000
2500
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
%CAP
MR Médio (MPa)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
6,0 6,5 7,0 7,5 8,0
% CAP
MR (MPa)
(a) MR médio por teor de CAP (b) Todos os valores de MR por teor de CAP
Figura 5.2.4 - Variação dos valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 5
(60,0% de escória)
98
Para a M5, os valores de MR para todos os teores de CAP apresentaram valores
inferiores ao da mistura comparativa (2.051 MPa), sendo que para o teor de 6,0% são
praticamente iguais. Vale ressaltar que para esta dosagem, os valores encontrados
para a mistura com 7,0% de CAP foram diferentes dos encontrados para a M2. Os
desvios padrões para os valores de MR foram todos superiores ao encontrado para a
mistura comparativa (264). Os valores da relação MR/RT apresentaram-se na seguinte
ordem crescente: mistura com 7,0% < mistura com 6,0% < mistura comparativa
(2.728) < mistura 6,5% < mistura 7,5% < mistura 8,0%. A mistura que se apresentou
mais próxima da variação (de 3.000 a 3.500) para misturas na faixa C do DNER para
CBUQ que utilizam o CAP 50/60 oriundo do petróleo Bachaquero (SOARES
et al.,
2002), anteriormente utilizado nas pesquisas do LMP/DET/UFC, foi aquela com 6,5%
de CAP.
Com relação às médias dos valores de MR encontradas para a M5, o aumento do teor
de CAP levou a uma diminuição do valor de MR. O maior valor de MR encontrado foi
para a mistura com 6,0% de CAP e o menor para a mistura com 8,0% de CAP (Figura
5.2.4(a)). Isto pode ser considerado razoável, uma vez que o ligante torna a mistura
menos rígida. Os valores de MR mostraram-se bastante variáveis, como é possível
observar na Figura 5.2.4(b). A mistura com teor de ligante de 6,5% apresentou as
maiores variações, sendo encontrada uma diferença de até 80,0%, em relação à
média dos valores. A mistura com teor de 6,0% foi a que apresentou menor variação.
O que foi observado para as misturas onde o ensaio de MR foi feito com cps ainda na
dosagem Marshall (M4 e M5) é que existe uma zona onde a dispersão dos valores é
maior. Para a M4 entre os teores de 5,5% e 6,0% de CAP e para a M5 entre os teores
de 6,0% e 6,5% de CAP. Os TPs para esta duas misturas estão localizados entre
estes teores. Para a M4 o TP foi de 5,7% e para a M5 o TP foi de 6,2%. Isto sugere
que para um teor baixo de ligante o mesmo penetra os poros da escória graúda
(Figura 5.2.5(a)), sobrando pouco ligante para o recobrimento total dos agregados. O
aumento do teor de ligante, mas em pequena quantidade (0,5% por exemplo) conduz
ao preenchimento dos poros da escória, porém ainda em quantidade insuficiente para
compensar a heterogeneidade deste rejeito (Figura 5.2.5(b)). Com a continuação do
aumento do teor de ligante, a heterogeneidade deixa de ser relevante e a dispersão
dos valores, conseqüentemente, diminui (Figura 5.2.5(c)). Este fato é um indicativo de
que, a fim de minimizar a dispersão nos resultados, o TP poderia ser aumentado.
99
(a) Pouco ligante (b) Maior quantidade
de ligante, mas ainda
insuficiente
(c) Ligante em
quantidade suficiente
Figura 5.2.5 Esquema da interação ligante-agregados para a compensação da
heterogeneidade do material
Caso os TPs fossem acrescidos do valor de ligante absorvido pelos agregados, os
novos valores ficariam os contidos na Tabela 5.2.5. Percebe-se que os TPs ficariam
bem superiores ao obtido para a mistura comparativa (6,4%), porém bastante
próximos do obtido para a mistura do projeto COPPETEC (1996) (9,0%) que utilizou
escória proveniente da CSN e CAP 20. Os resultados obtidos no projeto COPPETEC
(1996) serão discutidos adiante no item 5.5 deste Capítulo.
Tabela 5.2.5 - Valores de Teor de Projeto (TP) convencional e acrescido do percentual
de ligante absorvido, para as misturas experimentais com escória de aciaria
Misturas
TP (%)
M1 M2 M3 M4 M5 M6
TP convencional 6,2 7,0 6,7 5,7 6,2 6,2
TP conv. + % ligante absorvido 9,1 9,9 9,6 8,6 9,1 9,1
Os ensaios de MR para a M6 (40,0% de escória) foram realizados no LMP/DET/UFC e
na COPPE/UFRJ para verificar a dispersão dos resultados para diferentes
equipamentos e operadores. Os resultados estão apresentados na Tabela 5.2.6 e
podem ser visualizados na Figura 5.2.6.
100
Tabela 5.2.6 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para a mistura 6 (40,0% de
escória), ensaios realizados na UFC e na UFRJ, e comparativa
MR (MPa, 25ºC)
Mistura
Média Desvio Padrão
MR/RT n
M6 (LMP/DET/UFC) 4.715 1.293 3.322 3
M6 (COPPE/UFRJ) 4.626 1.136 4.177 10
Comparativa 2.051 264 2.728 3
2.051
4.715
4.626
1000
2000
3000
4000
5000
Comparativa M6 - UFC M6 - COPPE
MR Média (MPa)
Figura 5.2.6 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas comparativa e 6
(40,0% de escória), ensaiada na UFC e na UFRJ
A M6 (40,0% de escória) apresentou valores de MR superiores a todas as outras
misturas experimentais e também à comparativa. Já era esperado, devido aos valores
encontrados nos ensaios de RT, que os valores de MR também fossem mais altos
para esta mistura. Os valores obtidos para os ensaios realizados na UFC e na COPPE
mostraram-se bastante próximos, apesar do tamanho da amostra ter sido diferente
para estes dois locais. Esperava-se que para esta mistura os valores de MR fossem
menos dispersos, devido à pequena dispersão encontrada nos parâmetros
volumétricos, porém os valores dos desvios padrões não indicam isso. Esta mistura
apresentou os maiores valores de desvios padrões, se comparada com as outras
misturas experimentais e com a comparativa. A relação MR/RT para os ensaios
realizados no LMP/DET/UFC foi inferior (cerca de 20,0%) à encontrada para os
ensaios realizados na COPPE/UFRJ. Isto já era esperado visto que o valor de RT
encontrado no LMP/DET/UFC foi superior ao encontrado na COPPE/UFRJ.
101
Para verificar a correta execução do ensaio e também se o procedimento adotado
(não limitação do valor de carga a ser aplicada em 30,0% do valor de RT), o ensaio foi
realizado para o mesmo cp em três posições diferentes. Os resultados podem ser
observados na Tabela 5.2.7. O baixo desvio padrão encontrado indica que para um
mesmo cp os resultados são muito próximos.
Tabela 5.2.7 - Valores de Módulo de Resiliência (MR) obtidos em um corpo de prova
ensaiado em três posições (0º, 90º e 180º) para a mistura 6 (40,0% de escória)
MR (MPa, 25ºC)
CP Nº
0º 90º 180º Média Desvio padrão
01 5.532 5.493 5.401 5.475 67
Os altos valores de MR encontrados para a M6 podem ter sido influenciados pelo
condicionamento de curto prazo (duas horas em estufa) ao qual esta mistura foi
submetida. Outros autores já constataram que misturas utilizando escória de aciaria
como agregado têm seus valores de MR aumentados quando submetidas a
condicionamentos de curto e longo prazo (COPPETEC, 1996).
Apesar dos valores de MR para esta mistura em questão serem altos, não é correto
afirmar que quanto maior o valor do MR melhor será esta mistura. O ideal é que a
mistura tenha flexibilidade para suportar as solicitações do tráfego e resistência para
combater o trincamento precoce. Um dos prováveis fatores causadores da grande
dispersão encontrada é que acredita-se que os grãos devem apresentar além de
forma e textura, resistências diferentes. Outro fato deve ainda ser levado em
consideração, uma vez que percebeu-se, apesar da separação manual feita para esta
mistura, o material apresenta grãos mistos (porosos e lisos) o que tornou quase
impossível a completa separação dos grãos da escória. A presença deste tipo de grão
pode ter influenciado estes resultados.
5.3 - FADIGA POR COMPRESSÃO DIAMETRAL A TENSÃO CONTROLADA
A vida de fadiga a tensão controlada é o número de aplicações de um certo valor de
carga necessário para levar a amostra à ruptura (PINTO, 1991; MEDINA, 1997). Este
ensaio pode ser realizado no mesmo equipamento utilizado para o ensaio de MR,
também com temperatura controlada. O ensaio de fadiga pode ser realizado a tensão
ou a deformação controlada. O primeiro caso é mais comum no Brasil e não necessita
da utilização do LVDT e nem do suporte para fixação do mesmo. A carga aplicada
102
deve induzir tensões normais horizontais de 10,0% a 50,0% do valor de RT (MEDINA,
1997). Esta carga é aplicada com duração de 0,1 s e descanso de 0,9 s. A deformação
aumenta até o rompimento completo da amostra. Para o caso da deformação
controlada, a deformação é mantida constante e a tensão inicial é diminuída até o final
do ensaio, que é convencionado por alguns autores como a diminuição do módulo de
rigidez (S
o
) em 50,0% do valor inicial (EPPS e MONISMITH, 1969
*
; PRONK e HPMAN,
1990
**
; TAYEBALI et al., 1993
***
apud LOUREIRO, 2003).
O objetivo deste ensaio é simular a passagem de roda de um veículo no pavimento e é
de fundamental importância, visto que a maioria dos defeitos encontrados nos
pavimentos brasileiros é devido ao fenômeno da fadiga (PINTO, 1991; MEDINA,
1997). A vida de fadiga pode ser expressa pelas Equações 5.3.1 e 5.3.2. A Figura
5.3.1 mostra um esquema da diferença de tensões no centro da amostra e o
posicionamento do cp para a realização do ensaio na prensa de compressão diametral
de ensaios dinâmicos.
n
t
σ
1
KN
= (5.3.1)
n
∆σ
1
K N
=
(5.3.2)
Onde: N = vida de fadiga;
σ
t
= tensão de tração repetida atuante;
∆σ = diferença entre as tensões de compressão e tração no centro da amostra;
K, n = constantes determinadas a partir dos resultados de laboratório, em
escalas logarítmicas.
*
EPPS, J.A. e C.L. MONISMITH, 1969, Influence of Mixture Variables on the Flexural Fatigue Properties of
Asphalt Concrete. Journal of
Association of Asphalt Paving Technologists, Volume 38.
**
PRONK, A.C. e P.C. HPMAN, 1990, Energy Dissipation: The Leading Factor of Fatigue. In Highway
Research: Sharing the Benefits.
Proceedings of a Conference of the United States Strategic Highway
Research Program
, London, p. 255-267.
***
TAYEBALI, A.A.; J.A. DEACON; J.S. COPLANTZ e C.L. MONISMITH, 1993, Modeling Fatigue
Response of Asphalt-Aggregate Mixtures.
Proceedings Journal of the Association of Asphalt Paving
Technologists
, AAPT, v. 62, p. 285-421.
103
P
P
σ
σ
σ= −3σ
ct
c
t
(a) Esquema ∆σ no centro da amostra
(PINTO, 1991; MEDINA, 1997)
(b) Posicionamento cp para o ensaio de
vida de fadiga (LOUREIRO, 2003)
Figura 5.3.1 - Esquema da diferença de tensões e do equipamento utilizado para o
ensaio de vida de fadiga
O ideal seria realizar o ensaio a deformação controlada a fim de avaliar a evolução do
dano sofrida no material durante o ensaio de fadiga (PINTO, 1991; MEDINA, 1997).
Porém, este tipo de ensaio é mais difícil de ser executado devido à necessidade de se
ajustar a força aplicada com os desvios da deformação (MEDINA, 1997). PINTO
(1991) determinou o MR nas primeiras aplicações de carregamento, para cada nível
de tensão. Com isso, expressou a vida de fadiga em função da deformação resiliente
inicial. LOUREIRO (2003) propôs o estabelecimento de um critério de ruptura no
ensaio realizado a tensão controlada que não fosse a ruptura total do cp. Este critério
foi a observação da formação das primeiras trincas (através da medida de
deformações no ensaio a tensão controlada) no cp capazes de gerar um decréscimo
na rigidez. Para o presente estudo, os ensaios foram realizados de maneira
convencional a tensão controlada devido à disponibilidade de execução no laboratório
utilizado para realização desta pesquisa.
Para as M2 (60,0% de escória) e M6 (40,0% de escória), os cps moldados com o teor
de 7,0% e 6,2% de ligante, respectivamente, foram submetidos aos ensaios de fadiga
por compressão diametral a tensão controlada. Os valores de K e n para as três
misturas estão na Tabela 5.3.1. Os resultados do ensaio de fadiga das três misturas
(M2, M6 e mistura comparativa) estão na Figura 5.3.2. Os ensaios foram realizados
para tensões de tração equivalentes de 10,0%, 20,0%, 30,0% e 40,0% do valor de RT
para as misturas M2 e comparativa e 20,0%; 30,0%; 40,0% e 50,0% para a M6. Para a
M2, foram ensaiados quatro cps para cada nível de tensão, exceto para a menor
104
diferença de tensões devido à longa duração do ensaio (48 horas) foi realizado apenas
um ensaio. Este único ponto para a tensão mais baixa pode ter sido responsável pela
maior inclinação da reta no gráfico log-log, fazendo com que a diferença em relação a
reta da mistura comparativa fique maior. Para a M6 foram ensaiados dois cps para
cada nível de tensão, assim como para a mistura comparativa.
Tabela 5.3.1 - Constantes (MPa) do ensaio de fadiga para as misturas 2 e 6 (60,0% e
40,0% de escória, respectivamente) e comparativa
Mistura K n
M2 672 -4,0
M6 64.407 -5,1
Comparativa 688 -2,1
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
0,10 1,00 10,00
Diferença de tensões (MPa)
Número de aplicações
Comparativa
Mistura 2
Mistura 6
Figura 5.3.2 - Vida de fadiga a tensão controlada (25ºC) para as misturas 2 e 6 (60,0%
e 40,0% de escória, respectivamente) e comparativa
Percebe-se que para baixas tensões a M2 (60,0% de escória) apresenta uma
tendência a maior vida de fadiga, se comparada com a mistura convencional. Já para
altas tensões, estas duas misturas (M2 e comparativa) apresentaram vidas de fadiga
praticamente iguais. A M6 (40,0% de escória) apresentou uma tendência de maior vida
de fadiga para todas as diferenças de tensões, se comparada com as outras duas
misturas (M2 e comparativa). A comparação entre as vidas de fadiga para este tipo de
ensaio é limitada porque o desempenho das misturas em serviço estará associado às
tensões na estrutura do sistema de camadas como um todo (CTPETRO, 2003). O
105
ideal é fazer um projeto e verificar a posição da curva de fadiga a partir das tensões
geradas num sistema de camadas. A partir daí, estabelecendo-se uma mesma
espessura de pavimento, as curvas podem ser comparadas e será possível estimar
para qual mistura seria esperada maior vida de fadiga, como se verá no próximo
capítulo.
Percebe-se que os Ks para a M2 e a comparativa não são muito diferentes, o mesmo
não sendo verificado para o expoente n da curva com aciaria que é quase o dobro do
expoente da curva de comparação. Apesar dos valores de MR das misturas M2 e
comparativa terem a mesma ordem de grandeza, esperava-se que a mistura com
maior valor de MR (mistura convencional) apresentasse uma curva de fadiga acima
daquele com menor valor de MR (M2). Para estas misturas isto não foi constatado,
apesar dos ensaios terem sido realizados por compressão diametral a tensão
controlada. Deve-se atentar, porém que a mistura utilizada não é convencional. O
agregado, escória de aciaria, pode ter formado um esqueleto mineral mais intertravado
do que aquele formado pelo agregado convencional. O K para a M6 mostrou-se
bastante superior aos outros dois. Com relação ao expoente n para esta mistura (M6),
apresentou-se ainda maior do que o da M2. Para este caso, a mistura que apresentou
os maiores valores de RT e MR (M6) também apresentou uma tendência de maior
vida de fadiga.
É importante também observar que como em campo o número de aplicações é bem
maior do que ocorre no ensaio, a inclinação das retas torna-se mais importante do que
o fato de uma estar ou não sobre a outra. Desta forma, a M6 apresenta-se com maior
inclinação, se comparada com as misturas M2 e comparativa, e com isso tende a
apresentar também uma melhor vida de fadiga. Deve-se atentar que para baixas
tensões (equivalentes a 20,0% do valor de RT) só foram realizados dois ensaios o que
pode ter aumentado a inclinação da reta obtida para a M6.
5.4 - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO RETIDA POR UMIDADE INDUZIDA (AASHTO T-
283/89)
O dano causado pela umidade nas misturas asfálticas afeta diretamente o
desempenho e a vida de serviço dos pavimentos. Com o intuito de melhor avaliar a
adesividade, capacidade do ligante de aderir aos agregados (MOURA, 2001), foi
realizado o ensaio de resistência à tração retida por umidade induzida.
106
A importância deste ensaio é devida ao fato do mesmo associar resultados
laboratoriais com o desempenho das misturas asfálticas em campo. O método
utilizado neste estudo, AASHTO T-283/89, é uma junção de dois outros métodos:
TUNNICLIFF e ROOT NCHRP-274/84 (ASTM-D 4867/88) e o Ensaio de
Lottman
NCHRP-246/82 (MOURA, 2001). Este método avalia o efeito danoso da água em cps
com Vv entre 6,0% e 8,0%. O ensaio de RT é realizado em dois grupos de cps. O
primeiro sem condicionamento e o segundo com o mesmo condicionamento do grupo
III do Ensaio de
Lottman, isto é:
Saturação: submeter os cps (imersos em água a 25ºC) a uma pressão de 254 mm
- 660 mm de coluna de mercúrio por aproximadamente 5 minutos para garantir a
completa saturação dos mesmos (entre 55,0% e 80,0%);
Aquecimento: imergir os cps durante 24 ± 1 hora em água a temperatura de 60ºC
±1ºC;
Congelamento: depois de envolver os cps em filme plástico e colocá-los em um
saco plástico com 10 ml de água (25ºC), refrigerar os mesmos a -18ºC ±3ºC por no
mínimo 16 horas;
Descongelamento: submergir os cps em água (60ºC ±1ºC) por 24 horas ainda com
o filme e o saco e posteriormente, depois de retiradas as proteções (filme e saco
plástico) submergi-los e em água (25ºC) por duas horas.
Apesar deste ensaio utilizar o mesmo tipo de condicionamento severo do ensaio
Lottman, este processo não simula as condições climáticas ocorridas em campo. Este
ensaio (AASHTO T-283, 1989) se compromete unicamente a avaliar o comportamento
de misturas asfálticas diante da ação deletéria da água (MOURA, 2001).
O ensaio foi realizado na COPPE/UFRJ apenas para a M6 (40,0% de escória), no TP.
Optou-se por realizar este ensaio devido à falta de recobrimento nos agregados pelo
ligante durante a moldagem dos cps, apesar da utilização do CAP-DOP, como pode
ser observado na Figura 5.4.1.
107
(a) Interação ligante-agregado (b) Adesividade não satisfatória no cp
Figura 5.4.1 - Ilustração de falta de recobrimento dos agregados pelo ligante durante a
moldagem Marshall dos corpos de prova
Para a realização deste ensaio, os cps têm que possuir um Vv entre 6,0% e 8,0% no
TP. Para obtenção de tal Vv, o número de golpes para compactação dos cps foi sendo
diminuído até alcançar o objetivo desejado. Iniciou-se com 50 golpes e diminuiu-se o
número de golpes de 10 em 10. O valor considerado ideal para a realização do ensaio
foi de 15 golpes. O gráfico número de golpes versus Vv (%) pode ser visualizado na
Figura 5.4.2.
0
10
20
30
40
50
60
3,1 3,2 4,0 5,9 7,1
Vv(%)
Nº de Golpes
Figura 5.4.2 - Variação do Vv (%) com o número de golpes para a mistura 6 (40,0% de
escória) no Teor de Projeto (TP)
Percebe-se que, como era de se esperar, a diminuição do número de golpes gerou um
aumento do Vv nos cps. A diminuição do número de golpes de 50 para 40, 40 para 30,
30 para 20 e 20 para 10 levou a um aumento de 0,1%; 0,8%; 1,9% e 1,2% no Vv,
respectivamente.
Falta de
recobrimento
108
Optou-se por moldar quatro grupos de cps. Os dois primeiros foram confeccionados
com o uso do CAP-DOP, sendo um para realização do ensaio com condicionamento e
o outro para realização do ensaio sem o condicionamento. Os outros dois grupos de
cps foram confeccionados com a utilização de 1,0% de CAP-DOP e os ensaios foram
realizados da mesma maneira descrita para os dois primeiros grupos. Os cps
moldados com 15 golpes apresentaram um Vv médio de 6,9%, dentro do exigido pela
norma. Os cps moldados com DOPE apresentaram um Vv médio igual a 7,6%,
enquanto que aqueles que foram moldados sem DOPE apresentaram Vv médio igual
a 6,1%, para o mesmo teor de ligante (6,2%).
Os resultados encontrados para ensaios de RT com e sem adição de CAP-DOP para
a M6 e comparativa estão na Tabela 5.4.1, para cps sem condicionamento e na
Tabela 5.4.2, para cps com condicionamento. As médias são resultados de três
determinações.
Tabela 5.4.1 - Valores de Resistência à Tração Indireta (RT) para a mistura 6 (40,0%
de escória) com utilização de DOPE, sem DOPE e mistura comparativa - corpos de
prova sem condicionamento
RT (MPa, 25ºC) com DOPE RT (MPa, 25ºC) sem DOPE
Mistura
Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão
M6 (COPPE) 1,16 0,06 1,18 0,13
Comparativa - - 0,75 0,07
Tabela 5.4.2 - Valores de Resistência à Tração Indireta (RT) para a mistura 6 (40,0%
de escória) com utilização de DOPE, sem DOPE e mistura comparativa - corpos de
prova com condicionamento
RT (MPa, 25ºC) com DOPE RT (MPa, 25ºC) sem DOPE
Mistura
Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão
M6 (COPPE) 0,96 0,06 0,98 0,15
A Razão de Resistência à Tração por compressão diametral (RRT) é obtida dividindo-
se o valor da RT com condicionamento dos cps (média de três determinações) pelo
valor da RT sem condicionamento dos cps. Este percentual deve ser maior ou igual a
80,0% para que a amostra seja aprovada (MOURA, 2001). A mistura com utilização de
DOPE apresentou uma RRT de 83,0%, ou seja, uma perda de resistência de 17,0%.
Enquanto que a mistura sem utilização de DOPE apresentou uma RRT de 82,6%, ou
109
seja, uma perda de resistência de 17,4%. As duas misturas (com e sem utilização de
DOPE) apresentaram RRT maior do que o mínimo admissível (80,0%).
Percebe-se que os valores encontrados para as duas misturas avaliadas neste ensaio
são bastante próximos. A diferença encontrada entre os valores de RRT foi de 0,4%.
Este fato indica que, com relação à ação deletéria da água, a utilização do DOPE nas
misturas não foi relevante, apesar do ensaio empírico do DNER ME – 078 (1994) ter
apontado a necessidade de utilização de 1,0% de DOPE.
5.5 - COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
Diante da grande dispersão encontrada nos resultados dos ensaios mecânicos,
procurou-se comparar os resultados encontrados com outros estudos realizados com
utilização de escória de aciaria. Apesar da revisão bibliográfica realizada para este
estudo, a grande maioria dos trabalhos consultados não havia utilizado este rejeito na
camada de revestimento ou realizado os mesmos ensaios utilizados nesta pesquisa.
Este fato dificultou a comparação com outros trabalhos, embora confirmando relativa
originalidade deste estudo.
O único trabalho consultado que reportou os valores de RT, MR e vida de fadiga foi o
projeto: “Pavimento econômico a partir de carboquímicos e escórias de aciaria da
CSN” (COPPETEC, 1996). Este projeto tinha como objetivo caracterizar misturas
asfálticas com utilização de escória de aciaria (proveniente da CSN), pó de pedra, fíler
de cimento Portland e ligante CSN (75,0% de CAP e 25,0% de alcatrão). Os
resultados encontrados para os ensaio de RT e MR, bem como a relação MR/RT,
estão na Tabela 5.5.1. A mistura 1 utilizou CAP 20 (9,0%) e a mistura 2 utilizou CAP
CSN (7,0%). Estas duas misturas utilizaram aproximadamente a proporção de 70,0%
de escória de aciaria, em peso do agregado mineral.
110
Tabela 5.5.1 - Resultados dos ensaios mecânicos para as misturas testadas no projeto
COPPETEC (1996)
RT (MPa), 25ºC MR (MPa), 25ºC
Mistura
Condicionamento
Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
MR/RT
Sem condicionamento 0,62 0,02 2.330 128 3.758
SHRP - 4 horas/135ºC 1,40 0,09 4.700 815 3.357
SHRP - 4 horas/135ºC +
2 dias/100ºC
0,75 0,03 2.763 221 3.684
Mistura 1
(COPPETEC)
SHRP - 4 horas/135ºC +
5 dias/85ºC
0,99 0,08 3.857 592 3.896
Sem condicionamento 0,58 0,01 1.840 53 3.172
SHRP - 4 horas/135ºC 0,80 0,02 3.933 320 4.916
SHRP - 4 horas/135ºC +
2 dias/100ºC
0,80 0,04 3.780 544 4.725
Mistura 2
(COPPETEC)
SHRP - 4 horas/135ºC +
5 dias/85ºC
0,96 0,12 4.120 298 4.292
Os valores de RT (sem condicionamento) encontrados para as misturas testadas no
projeto COPPETEC (1996), foram inferiores aos valores encontrados para as misturas
experimentais deste estudo (exceto para a M2 e para os teores de 7,5% e 8,0% de
CAP da M5). Os desvios padrões encontrados foram inferiores aos encontrados para
as misturas M3, M4, M5 e M6 e superiores aos das M1 e M2, testadas nesta pesquisa.
Para os valores de MR (sem condicionamento), o valor encontrado para a mistura 1
(COPPETEC, 1996) foi superior aos encontrados para as M1, M2, M3 e para o teor de
5,5% de CAP da M4. Já o valor encontrado para a mistura 2 (COPPETEC) só foi
superior aos encontrados para a M2 e para os teores de 7,0%; 7,5% e 8,0% de CAP
para a M5. Os desvios padrões para estas misturas (COPPETEC) foram inferiores a
todos encontrados para as misturas experimentais investigadas nesta pesquisa
(exceto para a M2).
Para os ensaios de RT e MR, realizados após os condicionamentos, percebe-se que
os valores encontrados foram superiores aos encontrados sem o condicionamento. A
mistura 1 (COPPETEC, 1996) apresentou um valor de MR próximo do encontrado
111
para a M6 quando o ensaio foi realizado com condicionamento de curto prazo (SHRP -
4horas/ 135ºC). Já a mistura 2 (COPPETEC, 1996) só apresentou um valor de MR
próximo do encontrado para a M6 quando o ensaio foi realizado após o
condicionamento de longo prazo (SHRP - 4 horas/135ºC + 5 dias/85ºC). Apesar dos
condicionamentos para este projeto (COPPETEC, 1996) terem sido diferentes do
realizado para esta pesquisa, percebe-se que de maneira geral o envelhecimento do
ligante faz com que os valores de RT e MR se elevem.
As misturas que utilizaram escória de aciaria (COPPETEC, 1996) apresentaram
curvas de fadiga com os valores de K e n contidos na Tabela 5.5.2. Os resultados do
ensaio de fadiga por compressão diametral a tensão controlada podem ser
visualizados na Figura 5.5.1 para a mistura 1 do projeto COPPETEC e para as três
misturas deste estudo (comparativa, M2 e M6). Para a mistura do projeto COPPETEC
o ensaio foi realizado para tensões de tração equivalente a 10,0%; 20,0%; 30,0% e
40,0% do valor de RT e sem condicionamento em estufa. Foram ensaiados dois cps
para cada nível de tensão (exceto para a menor diferença de tensão, onde foram
ensaiados três cps). Os valores necessários para a confecção do gráfico de vida de
fadiga versus diferença de tensões a 25ºC, para a mistura 2, não estão no documento
consultado, o que impossibilitou esta comparação. Pode-se perceber que a mistura 1
(COPPETEC) apresentou vida de fadiga praticamente coincidente com a mistura
comparativa deste estudo.
Tabela 5.5.2 - Constantes (MPa) do ensaio de fadiga para as misturas do projeto
COPPETEC (1996)
Mistura K n
Mistura 1 (COPPETEC) 540 -2,28
Mistura 2 (COPPETEC) 114 -2,40
Os resultados encontrados para as misturas confeccionadas pela COPPE/UFRJ
apresentaram menor dispersão. Porém, deve-se levar em consideração que os
materiais utilizados neste projeto são diferentes daqueles utilizados nesta pesquisa,
tanto o CAP (tanto o tipo quanto o teor) quanto a escória (para o projeto COPPETEC,
os grãos eram todos porosos). Acredita-se que a origem da escória é um fator
determinante nas características da mesma.
112
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
0,10 1,00 10,00
Diferença de tensões (MPa)
Número de aplicações
Comparativa
Mistura 2
Mistura 6
Mistura 1 - COPPETEC
Figura 5.5.1 - Vida de fadiga a tensão controlada (25ºC) para as misturas comparativa,
2 e 6 (60,0% e 40,0% de escória, respectivamente) e para a mistura 1 do projeto
COPPETEC (1996)
113
CAPÍTULO 6
6 APLICAÇÃO DOS RESULTADOS
6.1 - DADOS GERAIS DO TRECHO ANALISADO
A fim de verificar a influência dos resultados encontrados nos ensaios mecânicos, bem
como a dispersão dos mesmos, foi realizado o dimensionamento de um trecho. Este
trecho foi avaliado por BENEVIDES (2000). Para realização do presente estudo, a
camada original de revestimento (CBUQ convencional) foi substituída por algumas
misturas investigadas nesta pesquisa. As misturas escolhidas para as análises foram:
a mistura comparativa, a M2 (60,0% de escória) e a M6 (40,0% de escória). O trecho
encontra-se na Região Metropolitana de Fortaleza, entre os municípios de Pajuçara e
Pacatuba (CE – 060) e a sua localização pode ser visualizada na Figura 6.1.1.
Figura 6.1.1 - Localização do trecho utilizado para análise de dimensionamento
O trecho foi originalmente dimensionado pelo método empírico do DNER e apresenta
a estrutura mostrada na Figura 6.1.2. O revestimento executado é do tipo CBUQ (faixa
C do DNER) enquanto as camadas granulares e o subleito foram classificados da
forma tradicional. O número N (número de repetições do eixo simples padrão de 8,2 tf)
previsto à época é igual a 3,74 × 10
6
, para dez anos de período de projeto, Volume
Médio Diário (VMD) de 560 veículos, taxa de crescimento de 2,0% ao ano, Fator
climático Regional (FR) igual a 1,4 e Fator de Veículo (FV) de 1,3.
114
5,0 cm
16,0 cm
20,0 cm
Subleito argiloso/siltoso
Sub-base Areia Siltosa
Revestimento - CBUQ
Base Solo-Brita
Figura 6.1.2 - Estrutura do trecho Pajuçara-Pacatuba
As características das diversas camadas, obtidas na fase de projeto, do trecho
Pajuçara-Pacatuba estão nas Tabelas 6.1.1 a 6.1.4. A fim de verificar estas
características, os ensaios foram refeitos em laboratório por BENEVIDES (2000) e os
resultados também estão nestas Tabelas. Para a camada de revestimento (R), foram
obtidos os valores de estabilidade (Est.), fluência (Fl.) e peso específico (P). Para as
camadas granulares (base, sub-base e subleito) a caracterização foi baseada na
energia de compactação (En.), podendo ser: modificada (M), intermodificada (IM),
intermediária (I) ou normal (N). Ainda para estas camadas, Ex. = expansão e Hot. =
umidade ótima. Com relação ao Limite de Liquidez (LL) e ao Índice de Plasticidade
(IP), as camadas granulares são não líquidas e não plásticas.
Tabela 6.1.1 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de revestimento do trecho Pajuçara-Pacatuba
Caract. R Faixa CAP (%) Vv (%) RBV (%) Est. (kgf) Fl. (1/100”) P (kgf/m
3
)
Projeto CBUQ C 5,4 4,2 70 430 13 2.326
Lab. CBUQ C 5,4 4,4 73 580 13 2.336
Tabela 6.1.2 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de base do trecho Pajuçara-Pacatuba
Caract. Composição Faixa CBR (%) En. P (kgf/m
3
) Ex. (%) Hot. (%)
Projeto Solo-Brita (60-40)% D 84,5 IM 2.048 - 4,40
Lab. Solo-Brita (60-40)% D 84,5 IM 2.195 - 4,40
115
Tabela 6.1.3 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) da camada de sub-base do trecho Pajuçara-Pacatuba
Caract. Composição CBR (%) En. P (kgf/m
3
) Ex. (%) Hot. (%)
Projeto S/ mistura 54,0 I 2.080 0,10 5,50
Lab. S/ mistura 57,0 I 2.164 0,10 5,50
Tabela 6.1.4 - Características físicas de projeto e obtidas em laboratório por
BENEVIDES (2000) do material de subleito do trecho Pajuçara-Pacatuba
Caract. CBR (%) En. P (kgf/m
3
) Ex. (%) Hot. (%)
Projeto 9,0 N 1.803 0,70 10,80
Lab. 8,0 N 2.113 0,30 8,50
Para as camadas granulares, os resultados dos ensaios triaxiais dinâmicos estão na
Tabela 6.1.5, para os dois valores de umidade ensaiados (Hot. e Hot. - 1,0%). Para a
camada de revestimento, os resultados reportados na Tabela 6.1.6 são referentes às
misturas avaliadas neste estudo, já que as mesmas serão utilizadas nesta análise em
substituição à camada de revestimento original do trecho. Os resultados dos ensaios
de RT e MR, além da relação MR/RT estão na citada Tabela. Para a M6, ensaiada na
UFC e na UFRJ, os resultados são uma média dos valores encontrados nas duas
instituições. As equações obtidas no ensaio de fadiga em função da diferença de
tensões (∆σ) para as misturas comparativa, M2 (60,0% de escória) e M6 (40,0% de
escória) estão na Tabela 6.1.7.
Tabela 6.1.5 - Equações do Módulo de Resiliência (MR) e correlações para as
camadas granulares do trecho Pajuçara-Pacatuba (BENEVIDES, 2000)
Camada Umidade (%) MR (MPa) MR (kgf/cm
2
) R
2
Hot. = 4,40
968,6 σ
3
0,3021
4.893,4 σ
3
0,3021
0,62
Base
Hot. - 1,0% = 3,40
1671,7 σ
3
0,5147
5.163,2 σ
3
0,5147
0,89
Hot. = 5,50
1198,0 σ
3
0,4688
4.114,1 σ
3
0,4688
0,79
Sub-base
Hot. - 1,0% = 4,50
916,5 σ
3
0,1304
6.907,8 σ
3
0,1304
0,45
Subleito Hot. = 10,80
237,4 σ
d
-0,2131
3.966,2 σ
d
-0,2131
0,56
116
Tabela 6.1.6 - Resistência à Tração (RT), Módulo de Resiliência (MR) e relação
MR/RT para as misturas comparativa, M2 (60,0% de escória) e M6 (40,0% de escória),
utilizadas como revestimento nas análises deste estudo
RT (kgf/cm
2
, 25ºC) MR (kgf/cm
2
, 25ºC)
Mistura
Média
DP Média DP
MR/RT
Comparativa 7,50 0,74 20.510 2.640 2.728
M2 6,20 0,06 18.360 340 2.944
M6
13,60
1,97
46.710
12.150 3.750
Tabela 6.1.7 – Constantes (MPa) do ensaio de fadiga a tensão controlada, em função
da diferença de tensões, para as misturas comparativa, M2 (60,0% de escória) e M6
(40,0% de escória), utilizadas como revestimento nas análises deste estudo
Mistura K n
Comparativa 688 -2,1
M2 672 -4,0
M6 64.407 -5,1
6.2 - ANÁLISES UTILIZANDO O FEPAVE2
As análises foram feitas utilizando o programa computacional FEPAVE2 (MOTTA,
1991
*
e SILVA, 1995
**
apud BENEVIDES, 2000), usando o modelo elástico linear para
a camada de revestimento e elástico não-linear para as outras camadas. A partir de
alguns dados de entrada, é feita a análise de tensões e deformações no pavimento e
como resultados o programa fornece: deflexão máxima admissível na superfície,
deformação específica de tração, diferença de tensão no revestimento, tensão vertical
no subleito e tensão de tração no revestimento. Estes resultados são então
comparados com os critérios de aceitação estabelecidos pelo projetista. Caso algum
destes critérios não seja aceito, a estrutura ou até mesmo alguma camada do
pavimento é modificada e os cálculos são refeitos.
Os dados de entrada utilizadas nesta análise foram os seguintes:
Raio da área de carregamento: 10,80 cm;
Pressão na área de carregamento: 5,60 kgf/cm
2
;
*
MOTTA, L.M.G., 1991, Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis: Critério de Confiabilidade
e Ensaios de Carga Repetida
. Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
**
SILVA, P.D.E.A., 1995, Contribuições para o Aperfeiçoamento do Emprego do Programa FEPAVE2 em
Estudos e Projetos de Pavimentos Flexíveis
. Tese de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
117
Número de camadas: 4;
Espessura das camadas: determinadas a partir das alternativas estabelecidas.
Estas alternativas serão discutidas adiante;
Peso específico das camadas: os valores adotados para as camadas granulares
foram os descritos anteriormente, obtidos em laboratório por BENEVIDES (2000).
Para as misturas que utilizaram escória de aciaria em seus revestimentos, o valor
de 2.500 kgf/m
3
foi considerado baseado nos valores obtidos em laboratório na
presente pesquisa;
Módulo de resiliência: os valores de MR foram também os descritos anteriormente,
sendo que somente para a camada de revestimento foi considerado o desvio
padrão;
Parâmetros K
1
e K
2
: os valores para as camadas granulares estão na Tabela 6.2.1;
Código dos materiais: os códigos adotados foram: 3 (para materiais com MR
constante), 1 (para solos granulares), 1 (para solos granulares) e 6 (para solos
coesivos – função da σ
d
), para as camadas de revestimento, base, sub-base e
subleito respectivamente;
Coeficiente de Poisson: foram assumidos os seguintes valores: 0,25; 0,35; 0,35 e
0,40 para as camadas de revestimento, base, sub-base e subleito
respectivamente.
Tabela 6.2.1 - Parâmetros K
1
e K
2
para dimensionamento das camadas granulares do
trecho Pajuçara-Pacatuba (BENEVIDES, 2000)
Coeficiente
Camada/Código
K
1
K
2
Base (1) 5.028 0,4084
Sub-base (1) 5.511 0,2996
Subleito (6) 3.966 -0,2131
Os critérios de aceitação adotados foram (BENEVIDES, 2000):
Deflexão máxima admissível (D) (0,01 mm): adotada como log D
adm.
= 3,148 -
0,188 log N
p
(DNER PRO 269/94) (PREUSSLER, 1983
*
apud BENEVIDES, 2000);
Diferença de tensões no revestimento (∆σ) (kgf/cm
2
): a partir das equações obtidas
no ensaio de fadiga, o número N e considerando 0,0% de área trincada ao final do
período de projeto. A fim de considerar a heterogeneidade da escória de aciaria
*
PREUSSLER, E.S., 1983, Estudo da Deformação Resiliente de Pavimentos Flexíveis e Aplicação ao
Projeto de Camadas de Reforço
. Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
118
usada nas misturas que utilizaram escória de aciaria como agregado (M2 e M6), foi
considerado um Fator Campo Laboratório (FCL) igual a 10
3
. Este fator é menor do
que o considerado por PINTO, 1991
apud BENEVIDES, 2000 (10
4
), porém
recomendado para áreas urbanas (RAMOS, 2003). Para a mistura comparativa
(confeccionada com agregados convencionais) o FCL considerado foi o mesmo
que BENEVIDES (2000);
Tensão vertical admissível no subleito (σ
vadm.
) (kgf/cm
2
): obtida através da
equação: σ
vadm.
= 0,006 MR
médio
/ (1 + 0,7 log N).
Foram testadas três alternativas:
Alternativa 1 - considerando as espessuras iniciais projetadas no método empírico
do DNER para as camadas granulares e aumentando a espessura do revestimento
de 5,0 cm para 6,0 cm;
Alternativa 2 - considerando as espessuras iniciais projetadas no método empírico
do DNER (semelhante à alternativa dois proposta por BENEVIDES, 2000);
Alternativa 3 - considerando as espessuras iniciais projetadas no método empírico
do DNER para as camadas granulares e diminuindo a espessura do revestimento
de 5,0 cm para 4,0 cm.
Foram adotados níveis de confiabilidade de 75,0% a 99,9% (TRIOLA, 1999),
recomendados para rodovias estaduais (BENEVIDES, 2000). Os resultados
encontrados considerando como revestimento as misturas investigadas na presente
pesquisa, ou seja, comparativa, M2 (60,0% de escória) e M6 (40,0% de escória), estão
nas Tabelas 6.2.2, 6.2.3 e 6.2.4, respectivamente.
Tabela 6.2.2 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2, utilizando a
mistura comparativa como revestimento, para o trecho Pajuçara-Pacatuba
Nível de Confiabilidade (%)
Mistura Alt.
Parâmetros
Calculados
Média
Desvio
Padrão
75,0 85,0 95,0 99,9
Critérios de
aceitação
D (mm) 32 1 33,15 33,44 33,96 35,09 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,51 0,01 0,52 0,52 0,53 0,54 2,28
1
∆σ (kgf/cm
2
)
9,48 0,55 10,11 10,27 10,56 11,18 13,33
D (mm) 33 0 33 33 33 33 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,33 0,01 0,34 0,34 0,35 0,36 2,28
2
∆σ (kgf/cm
2
)
10,70 0,34 11,09 11,19 11,37 11,75 13,33
D (mm) 34 0 34 34 34 34 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,36 0,01 0,37 0,37 0,38 0,39 2,28
Comparativa
3
∆σ (kgf/cm
2
)
10,30 1,00 11,45 11,74 12,26 13,39 13,33
119
Tabela 6.2.3 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2, utilizando a
mistura 2 (60,0% de escória) como revestimento, para o trecho Pajuçara-Pacatuba
Nível de Confiabilidade (%)
Mistura Alt.
Parâmetros
Calculados
Média
Desvio
Padrão
75,0 85,0 95,0 99,9
Critérios de
aceitação
D (mm) 33 0 33,00 33,00 33,00 33,00 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,52 0,00 0,52 0,52 0,52 0,52 2,28
1
∆σ (kgf/cm
2
)
9,49 0,38 9,93 10,04 10,23 10,66 6,47
D (mm) 34 0 34 34 34 34 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,34 0,00 0,34 0,34 0,34 0,34 2,28
2
∆σ (kgf/cm
2
)
10,53 0,91 11,58 11,84 12,31 13,34 6,47
D (mm) 35 0 35 35 35 35 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,37 0,00 0,37 0,37 0,37 0,37 2,28
Mistura 2 (60,0% de escória)
3
∆σ (kgf/cm
2
)
10,12 1,69 12,06 12,55 13,43 15,34 6,47
Tabela 6.2.4 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2, utilizando a
mistura 6 (40,0% de escória) como revestimento, para o trecho Pajuçara-Pacatuba
Nível de Confiabilidade (%)
Mistura Alt.
Parâmetros
Calculados
Média
Desvio
Padrão
75,0 85,0 95,0 99,9
Critérios de
Aceitação
D (mm) 28 2 30,30 30,88 31,92 34,18 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,43 0,03 0,46 0,47 0,49 0,52 2,28
1
∆σ (kgf/cm
2
)
13,03 0,51 13,62 13,76 14,03 14,61 17,52
D (mm) 30 2 32,3 32,88 33,92 36,18 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,29 0,02 0,31 0,32 0,33 0,35 2,28
2
∆σ (kgf/cm
2
)
11,21 0,46 11,74 11,87 12,11 12,63 17,52
D (mm) 31 1 32,15 32,44 32,96 34,09 82
σ
v
(kgf/cm
2
)
0,32 0,02 0,34 0,35 0,36 0,38 2,28
Mistura 6 (40,0% de escória)
3
∆σ (kgf/cm
2
)
18,64 2,47 21,48 22,20 23,48 26,27 17,52
Os resultados encontrados para a mistura comparativa indicam que quase todas as
estruturas avaliadas foram aceitas para todos os níveis de confiabilidade investigados.
A única alternativa que não foi aceita foi a terceira (onde a estrutura do revestimento
foi diminuída de 1 cm em relação a original investigada por BENEVIDES, 2000) e
apenas para o nível de 99,9% de confiabilidade. Para este caso onde houve rejeição,
o critério ultrapassado foi a ∆σ. A diferença entre a ∆σ calculada e a admissível foi
muito pequena (0,06 kgf/cm
2
).
Para a M2 (60,0% de escória), os resultados indicam que para as estruturas
analisadas, o critério de aceitação (∆σ) foi ultrapassado em todas as alternativas
avaliadas, para todos os níveis de confiabilidade.
Para a última mistura avaliada (M6 com 40,0% de escória), a estrutura escolhida foi
aceita para as alternativas 1 e 2, para todos os níveis de confiabilidade. A alternativa 3
120
foi rejeitada para todos os níveis de confiabilidade avaliados. Para esta mistura, assim
como para as outras duas avaliadas, o critério de aceitação ultrapassado foi a ∆σ.
Percebe-se que, para a análise realizada, a diferença entre os valores de MR e a
dispersão dos resultados encontrados para as misturas com escória investigadas
neste estudo é relevante no dimensionamento de pavimentos. A mistura comparativa
com valor de MR e desvio padrão intermediários (entre as M2 e M6) foi a mistura que
apresentou o menor número de estruturas rejeitadas. Já a M2 (60,0% de escória), com
o menor valor de MR entre as três misturas avaliadas, teve todas as estruturas
analisadas rejeitadas, apesar de ter apresentado o menor valor de desvio padrão. A
utilização da M6 (40,0% de escória), que apresentou maiores valores de MR, RT e
uma tendência de maior vida de fadiga, fez com que duas das três estruturas
analisadas fossem aceitas, apesar desta mistura (M6) também ter apresentado o
maior valor de desvio padrão para os resultados de MR. O critério de aceitação ∆σ foi
sempre o ultrapassado, para os casos em que as alternativas não foram aceitas. Nota-
se também que a alternativa crítica foi a terceira, isto é, o caso onde a estrutura
estudada por BENEVIDES (2000) teve a camada de revestimento diminuída de 1 cm.
A estrutura avaliada por BENEVIDES (2000), isto é, a camada de revestimento com
uma mistura do tipo CBUQ convencional, coincidentemente apresentou o mesmo
comportamento da mistura convencional estudada nesta pesquisa. Ou seja, para a
alternativa onde as espessuras iniciais projetadas pelo método empírico do DNER
foram mantidas com a camada de subleito em função de σ
d
(alternativa 2), a estrutura
foi rejeitada apenas para o nível de 99,9% de confiabilidade. Porém, estas misturas
(comparativa deste estudo e convencional de BENEVIDES, 2000) apresentaram
valores de MR na mesma ordem de grandeza. Estes resultados estão nas Tabelas
6.2.5 e 6.2.6. Vale ressaltar que os níveis de confiabilidade estudados por
BENEVIDES (2000) foram diferentes dos utilizados nesta pesquisa, assim como as
alternativas avaliadas por este autor. A única alternativa coincidente foi a citada, isto é,
aquela onde a camada de revestimento foi mantida com a dimensão original de 5 cm.
121
Tabela 6.2.5 - Resistência à Tração (RT), Módulo de Resiliência (MR) e relação
MR/RT para o revestimento (CBUQ original) do trecho Pajuçara-Pacatuba, estudada
por BENEVIDES (2000)
RT (kgf/cm
2
, 25ºC) MR (kgf/cm
2
, 25ºC)
Mistura
Média
DP Média DP
MR/RT
CBUQ original 9,50 1,012 25.160 5.148 2.648
Tabela 6.2.6 - Resultados das análises feitas com utilização do FEPAVE2, utilizando a
mistura original (CBUQ) como revestimento, para o trecho Pajuçara-Pacatuba
(BENEVIDES, 2000)
Nível de Confiabilidade
Mistura Alt.
Parâmetros
Calculados
Média
Desvio
Padrão
50,0 85,0 95,0 99,9
Critérios de
Aceitação
D 20 0 20 20 20 20 82
σ
v
0,21 0,01 0,21 0,22 0,23 0,24 2,28
CBUQ
original
2
∆σ
10,82 0,72 10,82 11,57 12,00 13,04 12,63
Com a diminuição do FCL de 10
4
(PINTO, 1991), utilizado por BENEVIDES (2000),
para 10
3
(utilizado para áreas urbanas) a análise tornou-se mais “conservadora” o que
fez com alguns dos critérios de aceitação fossem ultrapassados e conseqüentemente
algumas alternativas estudadas fossem descartadas. Para estas alternativas que
foram descartadas, a solução seria alterar as estruturas (dimensão das camadas) ou
até mesmo trocar os materiais. Se o FCL tivesse sido mantido igual ao utilizado por
BENEVIDES (2000), o critério ∆σ (kgf/cm
2
) passaria de 6,47 e 17,52 para 11,60 e
27,58 para as M2 e M6, respectivamente. Esta mudança faria com que grande parte
das alternativas descartadas fosse aceita.
122
CAPÍTULO 7
7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Após o trabalho experimental, foi possível concluir:
A escória de aciaria objeto desta pesquisa apresenta possibilidade de uso em
revestimentos asfálticos. Porém a metodologia de dosagem tem que ser
compatibilizada para torna-se adequada diante da natureza do rejeito.
Diante da alta heterogeneidade do rejeito, sugere-se que a empresa geradora do
mesmo (Gerdau Cearense S.A.) faça a devida adequação no seu processo de
vazamento e disposição da escória, a fim de garantir a homogeneidade do rejeito e
assim incentivar o seu uso na pavimentação.
Com relação à expansibilidade da escória utilizada, a mesma mostrou-se inferior
ao limite estabelecido pelo DNER ME 262/94, porém alta (0,61%) visto que o
rejeito será utilizado como agregado em revestimentos asfálticos. Com a
continuação do ensaio (até o 30° dia) foi possível concluir que a expansibilidade
não estabilizou, aumentando para 1,25% ao final do ensaio. Uma readequação do
processo de armazenagem do rejeito pela Sobremetal Recuperação de Metais
Ltda. através do controle de idade das pilhas de escória de aciaria e
conseqüentemente da cura deste material seria indicado. Esta atitude facilitaria a
comercialização do rejeito para fins rodoviários.
Com relação aos ensaios exigidos pela norma ME 262/94 (DNER), sugere-se que
para a melhor caracterização do rejeito, alguns ensaios adicionais sejam inseridos
na mesma, como a difração de raio-X e a análise química (quantitativa e feita pelo
microscópio de varredura eletrônica). Além do aumento da duração do ensaio de
expansibilidade, segundo o método PTM 130/78, para melhor avaliação desta
característica do rejeito.
Com relação às densidades máximas, o estudo indicou que é necessário
compatibilizar os procedimentos para obtenção da densidade máxima com o
123
utilizado para obtenção das densidades reais dos agregados. Isto é, para o caso
em estudo, agregado muito poroso, recomenda-se a utilização do vácuo também
para a obtenção das densidades reais dos agregados para que a densidade
máxima teórica apresente valores superiores aos de densidade máxima medida, o
contrário não é possível conceitualmente.
O procedimento para obtenção do teor de projeto tem que ser investigado para
utilização deste rejeito como agregado em misturas asfálticas. Há um indicativo de
que com o aumento do teor de ligante, computando-se o percentual absorvido pela
escória ou parte dele, as variações encontradas nos parâmetros volumétricos
diminuirão. Qualquer comparação entre os teores de projeto pode ser considerada
precipitada devido à alta variação encontrada nos parâmetros volumétricos para as
misturas que utilizaram escória no estado bruto, isto é, com grãos lisos e porosos.
Há uma tendência de que o condicionamento de curto prazo (duas horas em
estufa) ao qual a mistura 6 (40,0% de escória) foi submetida contribuiu para o
aumento dos valores de resistência à tração e módulo de resiliência. Este fato
(envelhecimento) pode ter sido mais relevante até do que a separação da escória,
no que diz respeito a estes resultados.
De um modo geral, os resultados para os ensaios de módulo de resiliência foram
mais dispersos do que os de resistência à tração e de fadiga. Há uma tendência de
que as análises para o estado limite de resistência são menos afetadas pela
heterogeneidade do material do que aquelas que utilizam valores de pequenas
deformações. Nenhuma bibliografia consultada pela autora reportou o efeito da
heterogeneidade da escória nos parâmetros mecânicos para misturas asfálticas
utilizados nesta pesquisa. A literatura internacional utiliza outros parâmetros e a
nacional, na sua grande maioria, só reporta valores de estabilidade e fluência
Marshall.
A necessidade de uso de DOPE, segundo o método empírico do DNER – ME 078
(1994), mostrou-se inadequada diante dos resultados do ensaio de resistência à
tração retida por umidade induzida (AASHTO T-283, 1989). Os resultados deste
segundo ensaio não revelam qualquer vantagem na adição de DOPE ao ligante.
O tamanho da amostragem utilizada para realização tanto das dosagens quanto da
caracterização mecânica das misturas experimentais tem que ser repensado. Três
124
corpos de prova, quantidade geralmente utilizada para caracterização de misturas
dosadas com agregados pétreos, podem ser insuficientes para que conclusões
mais embasadas sejam feitas sobre misturas com utilização de rejeito em suas
confecções.
Com relação ao dimensionamento realizado, as diferenças encontradas nos
valores dos parâmetros mecânicos bem como os valores de desvios padrões para
as misturas com utilização de escória foram relevantes. A utilização de um Fator
Campo Laboratório mais “conservador” fez com que algumas alternativas
avaliadas fossem descartadas. Para que um maior número de alternativas fossem
aceitas as estruturas teriam que ser modificadas ou os materiais trocados.
Como recomendações para futuras pesquisas podem ser citadas:
Acompanhamento do desempenho de um pavimento com utilização de escória
de aciaria, proveniente da Gerdau Cearense S.A., como agregado;
Estudar um procedimento de projeto de misturas asfálticas do tipo Concreto
Betuminoso Usinado a Quente utilizando escória de aciaria como agregado;
Avaliação da expansão da escória de aciaria com diferentes tempos de cura e
maior número de corpos de prova;
Realização de dosagens Marshall sem adição de DOPE e verificação das
diferenças encontradas nos parâmetros volumétricos e mecânicos;
Realização de dosagens Marshall com diferentes tempos de condicionamento
em estufa e verificação das diferenças encontradas nos parâmetros
volumétricos e mecânicos;
Realização de dosagens Marshall com obtenção da densidade aparente dos
corpos de prova com a superfície saturada e seca (e não da maneira
convencional realizada neste estudo) e com correção da composição
granulométrica das misturas experimentais devido à diferença entre as
densidades da escória de aciaria e de agregados pétreos. Verificação das
diferenças encontradas nos parâmetros volumétricos e mecânicos;
Realização de dosagens Marshall para misturas asfálticas com utilização
apenas de escória de aciaria como agregado, inclusive fíler;
Realização de dosagem Superpave para as misturas utilizadas neste estudo e
comparação dos resultados;
125
Realização de um estudo estatístico a partir da realização de maior número de
ensaios mecânicos para verificar se as diferenças encontradas são
significativas ou não;
Avaliação da contaminação ambiental provocada pelo rejeito escória dentro de
uma mistura asfáltica.
126
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