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ciência e independência do seu mercado local. E é essa plura-
lidade permite o aparecimento de compositores como o
paraibano Chico César e o pernambucano Lenine. Ambos
temperam as matrizes dos ritmos nordestinos com molho
pop eletrônico e, não por acaso, Chico César e Lenine são
dois dos artistas mais bem-sucedidos no exterior. Também
faz sucesso no exterior uma cantora carioca que soube como
ninguém soar universal cantando samba, balada, pop e qual-
quer ritmo. Seu nome? Marisa Monte, uma das campeãs de
vendas no mercado fonográfico brasileiro.
Na ala pop, fortalecida no mercado contemporâneo
desde 1982, quando o estouro da Blitz abriu o mercado para
o rock nacional, a repercussão externa é bem menor. Talvez
pelo fato de a maioria dos grupos reproduzir em seu som a
estética universal do rock. Mas é inegável a importância na
cena nacional de grupos como Titãs, Barão Vermelho e
Paralamas do Sucesso,esta a primeira banda a mesclar ritmos
brasileiros com reggae e rock, já em 1986.
Os grupos de rock desempenharam, a partir dos anos
80, o papel revolucionário feito pela estupenda geração reve-
lada nos anos 60, quando despontaram nomes como Chico
Buarque, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Milton Nascimento
(estrela quase solitária no céu mineiro),Martinho da Vila e os
já citados Caetano e Gil. Hoje, estes compositores produzem
de forma menos profícua e, não raro, dedicam-se a projetos
revisionistas, mas é essencial a importância deles para a cons-
trução e solidificação da música brasileira contemporânea.
Aos olhos do Mundo, o Brasil é cada vez mais reconheci-
do pela sua produção nacional.E este reconhecimento já não
se limita ao visual exótico de Carmen Miranda ou à batida da
Bossa Nova, que bebeu nas águas do jazz americano e, por
isso, foi rapidamente assimilada nos Estados Unidos.A músi-
ca brasileira contemporânea hoje tem identidade própria e,ao
incorporar sotaque pop, esta rica música nacional,longe de se
diluir, fica cada vez mais forte para conquistar o mundo.
Mauro Ferreira, 37 anos,é jornalista, crítico e pesquisador musical.
Atua no mercado desde 1987. Foi repórter e crítico de MPB do jornal
carioca O Globo de 1989 a 1997, ano em que foi convidado a ingressar
no jornal carioca O DIA, onde assina até hoje a coluna Estúdio, sobre
novidades do meio musical. Paralelamente, Mauro faz críticas de discos
para a revista IstoÉGente, de circulação nacional.
Ilustração sobre foto de Mario Thompson