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Dissertação de mestrado
CARACTERIZAÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS
CONTRA ROTAVÍRUS BOVINO E SUAS APLICAÇÕES COMO
FERRAMENTA DE DIAGNÓSTICO
Patrícia Araújo Beck
Salvador – Bahia – Brasil
2005
P
P
G
I
m
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA
Dissertação de mestrado
CARACTERÍZAÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS CONTRA
ROTAVÍRUS BOVINO E SUAS APLICAÇÕES COMO FERRAMENTA DE
DIAGNÓSTICO
PATRÍCIA ARAÚJO BECK
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CARACTERÍZAÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS CONTRA ROTAVÍRUS
BOVINO E SUAS APLICAÇÕES COMO FERRAMENTA DE DIAGNÓSTICO.
PATRÍCIA ARAÚJO BECK
FOLHA DE APROVAÇÃO
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________________________
Dra. Maria Luiza Brito de Souza Atta
Faculdade de Farmácia - UFBA
________________________________________________
Dr. Paulo Henrique Palis Aguiar
Escola de Veterinária - UFBA
__________________________________________________
Dra. Silvia Inês Sardi
ICS-UFBA
Dedico esta dissertação à Minha Mãe,
Zenira Araújo, pela demonstração de amor,
carinho, apoio e paciência em todos os passos da
minha caminhada e sem os quais eu não teria
chegado até aqui.
AGRADECIMENTOS
A Deus por todas as bençãos derramadas sobre minha vida.
À Dra. Silvia Sardi, pelos ensinamentos compartilhados e pelo apoio e dedicação, não
apenas como minha orientadora, mas também como amiga e conselheira.
Ao Dr. Gúbio responsável pelo começo de tudo.
A todos os amigos do Laboratório de Virologia-ICS-UFBA, especialmente a Camila,
pela sua colaboração, esforço, otimismo e paciência.
Ao meu noivo, Flávio Oliveira, pelo carinho e compreensão demonstrados sempre.
À Dilcéia, secretária do PPGIm, por toda ajuda oferecida quando solicitada.
Aos meus colegas do mestrado, especialmente a Ana Luiza, pela cumplicidade e
amizade, para que juntos conseguíssemos ultrapassar mais esta etapa.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Imunologia (PPGIm).
Ao CNPQ
A todos os professores do PPGIm e da UFBA, principalmente a Ivana, Robert e Silvia
Costa.
ÀFundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e a todos os seus integrantes, particularmente, a
Dr. Marcos Vannier e Cláudio Pereira que muito contribuíram com este trabalho.
A Você que, mesmo não tendo sido mencionado, de alguma maneira tornou este
trabalho possível.
“Embora ninguém possa voltar
atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim”.
Chico Xavier
RESUMO
CARACTERIZAÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS CONTRA ROTAVÍRUS
BOVINO E SUAS APLICAÇÕES COMO FERRAMENTA DE DIAGNÓSTICO.
[PATRÍCIA ARAÚJO BECK]. O Rotavírus, pertencente à família Reoviridae, é o
maior agente etiológico de diarréias agudas em bovinos. O vírus é não envelopado, de
simetria icosaédrica e possui capsídeo duplo constituído pelas proteínas estruturais VP1,
2, 3, 4, 6 e 7. O objetivo deste trabalho foi a caracterização dos anticorpos monoclonais
(AcM) produzidos contra Rotavírus bovino para sua aplicação como ferramenta de
diagnóstico, utilizando as técnicas de Isotipificação, Dot-blot, Western-blot,
Imunofluorescência indireta (IFI) e ensaio imunoenzimático (ELISA). A caracterização
imunoquímica demonstrou que todos os AcM (1G5, 4F7, 1E12, 4F3 e 3C12) foram do
isotipo IgG2a, com cadeia leve κ. Através da técnica de Dot-blot, os AcM 1G5, 4F7,
1E12, 4F3 detectaram antígenos do Rotavírus e apenas dois AcM (1E12 e 4F3)
reconheceram proteínas virais pela técnica de Western-blot. Os cinco AcM reagiram
positivamente na técnica de IFI e, também, foram capazes de detectar antígeno viral nas
amostras fecais, pela técnica de ELISA de captura. Desta forma, foi possível identificar
dois grupos de AcM: um formado pelo 4F7, 1E12 e 1G5 que tiveram resultados
animadores para seu uso na detecção de antígeno viral em fezes, e outro pelos AcM 4F3
e 3C12, que podem ser usados para detectar antígeno viral em culturas de células
através de IFI. Portanto, a caracterização imunoquímica dos AcM mostra o seu possível
uso como ferramenta no diagnóstico das rotaviroses em bovinos.
Palavras-chave: Anticorpos monoclonais, Rotavírus e Caracterização
ABSTRACT
CHARACTERIZATION OF MONOCLONAL ANTIBODIES AGAINST BOVINE
ROTAVIRUS AND THEIR DIAGNOSTIC APPLICATIONS. [PATRÍCIA ARAÚJO
BECK]. Rotavirus, a member of the Reoviridae family, is the most important etiologic
agent of diarrheas in bovine. Complete particules measure 70 nm in diameter, are
nonenveloped and have a distinctive double-layered icosahedral protein capsid that
consists of an outer and an inner layer. Within the inner capsid is a third layer, the core,
that contains the virus genome consisting of 11 segments of double-strand RNA. The
genome codes structural proteins VP1, 2, 3, 4, 6 e 7. The objective of this stydy was the
characterization of monoclonal antibodies (MAbs) and the use of these MAbs as
diagnosis tools by Isotyping, Dot-blot, Western-blot, Immunofluorescence and ELISA
techniques. The immunochemistry characterization showed that all were isotype IgG2a
with a kappa light chain. The Dot-blot immunoassay showed that the MAbs 1G5, 4F7,
1E12, 4F3 detected viral antigens and only two MAbs (1E12 e 4F3) recognized viral
proteins by Western-blot. The five MAbs reacted positively to indirecta
immunofluorescence (IFI) and all MAbs can detect rotavirus antigen in fecal samples by
indirect ELISA. We identificated two groups of Mabs: one with 4F7, 1E12 e 1G5
showing stimulant results by use detect rotavirus antigen in fecal samples and other with
4F3 e 3C12 by use detected Rotavirus antigens in cell culture by IFI. The results
obtained discuss the potential use of these MAbs as diagnosis tools in diarrheas by
Rotavirus in bovines.
Key Words: Monoclonal Antibodies, Rotavirus, Characterization.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação esquemática dos 11 seguimentos genômicos do
Rotavírus codificando proteínas estruturais e não-estruturais..................
17
Figura 2A – Perfil eletroforético das proteínas do Rotavírus .................................... 33
Figura 2B – Microscopia eletrônica por contrastação negativa do Rotavírus
bovino ultracentrifugado .......................................................................
33
Figura 3 – Perfil eletroforético do RNA de Rotavírus extraído em suspensão de
fezes..........................................................................................................
34
Figura 4 – Dot-blot. Avaliação da capacidade dos AcM em detectar RTV
bovino.......................................................................................................
42
Figura 5 – Western-blot. Identificação de proteínas do Rotavírus bovino (RVB-P)
por anticorpo monoclonal e policlonal.....................................................
43
Figura 6A – Imunofluorescência indireta (IFI).......................................................... 45
Figura 6B – Imunofluorescência indireta (IFI).......................................................... 46
Figura 7 – Inibição da Hemaglutinação (IHA).......................................................... 48
Figura 8 – ELISA de captura ..................................................................................... 51
Figura 9 – Dot-blot..................................................................................................... 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil imunoquímico dos AcM contra Rotavírus bovino...................................44
Tabela 2 Reatividade dos AcM contra Rotavírus bovino.................................................50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AcM Anticorpo Monoclonal
AS Ácido Siálico
BSA Soro Albumina Bovina
CD do inglês, Clusters of diferenciation
CTLs Linfócitos T Citotóxicos
DAB Diaminobenzidina
DICT Dose Infecciosa em Cultivo de Tecidos
DLP Partícula com Duplo Capsídeo
DO Densidade ótica
EDTA Ácido Etilenodiaminotetracético
EIA Ensaios Imunoenzimáticos
ELISA do inglês, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
FITC Isotiocianato de Fluoresceína
HA Hemaglutinação
IFI Imunofluorescência Indireta
IgA Imunoglobulina A
IgG Imunoglobulina G
IgM Imunoglobulina M
IHA Inibição da Hemaglutinação
kDa Kilodalton
mA miliAmpere
MEM-E Meio Essencial Mínimo-Eagle
MHC Complexo de Histocompatibilidade Principal
NSP Proteína Não Estrutural
NT Neutralização
PAGE Eletroforese em Gel de Poliacrilamida
PBS Tampão Salina Fosfato
PBS-T Tampão Salina Fosfato-Tween
PEG Polietilenoglicol
RER Retículo Endoplasmático Rugoso
RNA Ácido Ribonucléico
RNA f.d. Ácido Ribonucléico de fita dupla
RNA m. Ácido Ribonucléico mensageiro
RTV Rotavírus
RVB-P Proteína do Rotavírus Bovino
SDS Dodecil Sulfato de Sódio
SFB Soro fetal Bovino
Th Linfócito T Auxiliar
TMB 3,3,5,5 Tetrametilbenzidina
UHA Unidade Hemaglutinante
VP Proteína Viral
WB Western-Blot
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 15
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 16
2.1 AGENTE ETIOLÓGICO ........................................................................................ 16
2.1.1 Características Morfológicas ................................................................................ 16
2.1.2 Classificação ......................................................................................................... 18
2.1.3 Ciclo de Replicação Viral ..................................................................................... 18
2.2 ENTRADA DO VÍRUS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS.................................. 20
2.3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA................................................................................ 21
2.4 ANTICORPOS MONOCLONAIS ......................................................................... 23
2.4.1 Definição .............................................................................................................. 23
2.4.2 Anticorpos Policlonais versus AcM...................................................................... 24
2.4.3 Caracterização de AcM: Propriedades.................................................................. 24
2.4.4 Aplicações dos AcM ............................................................................................ 25
2.4.5 Aplicações no Estudo do Rotavírus....................................................................... 26
3.OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 28
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................... 28
3.1.1 Caracterização imunoquímica dos AcM .............................................................. 28
3.1.2 Aplicação dos AcM em testes diagnósticos ......................................................... 28
4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 29
4.1 CULTIVOS CELULARES ..................................................................................... 29
4.2 VÍRUS ..................................................................................................................... 29
4.2.1 Produção do vírus ................................................................................................. 29
4.2.2 Titulação do vírus ................................................................................................. 30
4.2.3 Concentração do vírus .......................................................................................... 30
4.2.4 Dosagem Protéica Viral ........................................................................................ 31
4.2.5 Padrão eletroforético das proteínas virais ............................................................. 31
4.2.6 Microscopia eletrônica por contrastação negativa ............................................... 32
4.2.7 Padrão eletroforético do RNA viral ...................................................................... 32
4.3 CARACTERIZAÇÃO IMUNOQUÍMICA DOS AcM .......................................... 35
4.3.1 Isotipificação ........................................................................................................ 35
4.3.2 Detecção do RTV em diferentes concentrações: Dot-blot ................................... 36
4.3.3 Caracterização das proteínas virais: Western-blot ................................................ 36
4.3.4 Avaliação dos AcM na detecção do Rotavírus bovino em cultura de células:
Imunofluorescência indireta (IFI) ........................................................................ 37
4.3.5 Avaliação da Capacidade Neutralizante ............................................................... 38
4.3.6 Avaliação da Capacidade de Inibição da Hemaglutinação ................................... 38
4.4 APLICAÇÃO DOS AcM EM TESTES DIAGNÓSTICO..................................... 39
4.4.1 ELISA de captura ................................................................................................. 39
4.4.2 Dot-blot ............................................................................................................... 40
5. RESULTADOS ........................................................................................................ 41
5.1 CARACTERIZAÇÃO IMUNOQUÍMICA DOS AcM........................................... 41
5.1.1 Isotipificação ........................................................................................................ 41
5.1.2 Dot-blot ................................................................................................................ 41
5.1.3 Western-blot ......................................................................................................... 41
5.1.4 Imunofluorescência indireta (IFI).......................................................................... 44
5.1.5 Atividade Neutralizante ........................................................................................ 47
5.1.6 Inibição da Hemaglutinação (IHA) ...................................................................... 47
5.2 APLICAÇÃO DOS AcM EM TESTES DIAGNÓSTICO ..................................... 49
5.2.1 ELISA de captura ................................................................................................. 49
5.2.2 Dot-blot ................................................................................................................ 52
6. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 53
7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 57
ESTUDOS FUTUROS................................................................................................. 58
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 59
1. INTRODUÇÃO
Rotavírus tem sido identificado como o maior agente etiológico de gastroenterite
viral aguda em animais jovens de uma variedade de espécies, incluindo a humana
(McCRAE et al., 1982; GREENBERG et al., 1983).
Em bezerros, as diarréias constituem um importante problema mundial e o
Rotavírus é um dos mais freqüentes patógenos envolvidos na doença (BRITO et al,
2000). A diarréia causada pelo Rotavírus é, muitas vezes, mais severa do que aquelas
provocadas por outras viroses, provocando consideráveis prejuízos econômicos. Um
estudo sobre o impacto das infecções entéricas na população bovina, no Brasil, concluiu
que leva a um prejuízo anual de aproximadamente 100 milhões de dólares (SILVA et
al., 2001). O prejuízo econômico é devido ao atraso no crescimento, tempo e peso
inadequado ao abate e, em alguns casos, até a morte dos animais infectados.
As manifestações clínicas da enfermidade não são suficientemente distintas para
permitir o diagnóstico. Por isso, o diagnóstico requer detecção do vírus ou antígeno
viral (KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
O anticorpo monoclonal tornou-se um componente chave para testes diagnósticos
clínico laboratorial. Sua ampla aplicação em detecção e identificação de analitos
séricos, células marcadas, e agentes patogênicos deve-se em grande parte a
especificidade requintada desses reagentes (NELSON et al., 2000).
Neste trabalho, foi realizada a caracterização de anticorpos monoclonais contra
Rotavírus bovino, produzidos no Laboratório de Virologia, ICS-UFBA e avaliada sua
aplicação como ferramenta de diagnóstico.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 AGENTE ETIOLÓGICO
2.1.1 Características Morfológicas
Os Rotavírus pertencem a família Reoviridae, gênero Rotavírus. O vírion mede,
aproximadamente, 70 nm de diâmetro, de simetria icosaédrica, não envelopado, com
seis proteínas organizadas em três camadas concêntricas distintas contendo um genoma
de 11 segmentos de RNA de fita dupla (LUDERT et al., 2002).
O segmento de RNA 1, 2, e 3 codifica proteínas virais (VPs) do core ou cerne
(camada protéica mais interna do vírion), designadas VP1 (125 kDa), VP2 (94 kDa) e
VP3 (88 kDa), ao passo que o segmento 6 codifica a maior proteína da camada
intermediária, o capsídeo interno VP6 (41kDa) e os segmentos 4 e 9 codificam para
proteínas do capsídeo externo VP4 (88 kDa) e VP7 (37 kDa) , respectivamente.
Entretanto, os segmentos 5, 7, 8, 10 e 11 codificam as seis proteínas não estruturais
(NSPs), designadas NSP1 a NSP6 (Figura 1) (KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
No Rotavírus, o capsídeo externo é composto por 780 cópias da glicoproteína
VP7 organizadas em 260 trímeros e, 120 cópias da proteína VP4 que forma as 60
espículas virais (JAYARAM et al, 2004). Ambas induzem, independentemente, a
formação de anticorpos neutralizantes (CHEN et al., 1992; SANTOS et al., 2002).
A proteína VP4 é clivada especificamente pela enzima proteolítica tripsina, para
formar produtos de clivagem designados VP5*(60 kDa) e VP8*(28 kDa) que
permanecem associados ao vírion (KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
.
Esta clivagem proteolítica da VP4 potencializa a infectividade, facilitando a
penetração do vírus na célula. VP4 está implicada não somente na ligação e penetração
à célula mas também, a diversas outras funções biológicas como atividade
hemaglutinante e virulência. O peptídeo VP5* contém sítios responsáveis pela
reatividade cruzada entre diferentes tipos de VP4 e, possivelmente, possui os epítopos
responsáveis pela adsorção do vírus à célula, ao passo que o peptídeo VP8* possui o
maior sítio antigênico para especificidade de sorotipo (KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
A proteína VP6 contém o maior antígeno de subgrupo, assim como, o antígeno
que atua como o principal determinante da reatividade de grupo (SANTOS et al., 2002).
Das proteínas não estruturais, NSP4 (28kDa) tem menção especial, por funcionar
como um receptor intracelular para partículas virais imaturas e participar na montagem
do vírus, além de ser definida como uma enterotoxina, induzindo diarréia. (KATYAL et
al., 2000; MORI et al., 2002).
Figura 1 - Representação esquemática dos 11 seguimentos genômicos do Rotavírus
codificando proteínas estruturais e não-estruturais (JAYARAM et al., 2004).
2.1.2 Classificação
Os Rotavírus são classificados sorologicamente em grupos e subgrupos baseados
em determinantes antigênicos da proteína VP6. Até o momento foram descritos 7
grupos, denominados de A a G (SANTOS, GOUVEA, 1997), sendo o grupo A a causa
mais comum de diarréia neonatal em animais e humanos (LU et al., 1995).
Os vírus do grupo A são classificados em 4 subgrupos: I, II, I e II, não I-não II e
em sorotipos (determinados por reações sorológicas) e/ou genotipos (determinados por
análise do ácido nucléico). Os sorotipos foram definidos com base nas proteínas do
capsídeo externo VP7 (denominados G, por se tratar de uma glicoproteína) e VP4
(denominados P, devido a sua sensibilidade à proteólise) (SANTOS, GOUVEA, 1997).
Até o momento foram descritos 14 sorotipos e genotipos G, 12 sorotipos e 20 genotipos
P (KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
Tipos G e P específicos têm sido associados com espécies de animais. Por
exemplo, Rotavírus bovino geralmente pertence aos tipos G 6, 8 e 10 e tipo P [1], [5] ou
[11] (EL-ATTAR et al., 2002).
2.1.3 Ciclo de Replicação Viral
O receptor celular para os Rotavírus ainda não é conhecido (ESTES, 2001).
Estudos recentes têm mostrado que a entrada do Rotavírus na célula hospedeira é um
processo de múltiplas etapas envolvendo ácido siálico (AS) (N-acetil-neuramínico) e
integrinas (αvβ3, α4β1, α2β1) presentes nas membranas celulares. Porém, o
envolvimento do AS não é uma etapa essencial para todas as cepas do Rotavírus
(JAYARAM et al., 2004), uma vez que a maior parte dos Rotavírus animais e humanos
são AS independente (CIARLET et al., 2002). Com isso, é sugerido que existam pelo
menos dois tipos de receptores: o AS e os glicoconjugados (gangliosídeos, glicolipídio
neutro, glicoproteína) (ISÃ et al., 2004).
Após a adsorção, o vírus é internalizado. Os Rotavírus penetram nas células por
meio de processos que provavelmente requerem VP4 (através do peptídeo VP5*) e VP7
para otimizar a ligação. A ligação inicial é dependente de sódio e ocorre no pH entre 5,5
e 8,0 (ESTES, 2001; MENDEZ et al., 1999).
As partículas são internalizadas em 60 a 90 minutos por um mecanismo ainda
controverso. Estudos com microscopia eletrônica propõem dois mecanismos: endocitose
ou penetração direta do vírus através da membrana. Outros estudos demonstram que o
desnudamento deve ocorrer pelo efeito das enzimas lisossomais (SANTOS et al., 2002).
A transcrição do genoma acontece dentro de partículas com duplo capsídeo
(DLPs). A integridade estrutural da DLP, que é composta das proteínas virais VP1,
VP2, VP3 e VP6, é essencial para a transcrição (PRASAD et al.,1996). A síntese do
RNA mensageiro (RNAm) é mediada pela proteína VP1, uma RNA polimerase RNA-
dependente viral endógena e requer a atividade de uma helicase para desnaturação do
RNA e de uma guanililtransferase (VP3) para o capeamento do RNAm (ESTES, 2001).
O exato sítio de transcrição dentro do citoplasma não tem sido precisamente
localizado (ESTES, 2001). As fitas de RNAm formadas serão traduzida em proteínas ou
servirão como molde para a síntese do RNA fita dupla (RNA f.d.) que irá formar o
genoma da progênie viral (SANTOS et al., 2002).
A replicação é um processo assimétrico e semiconservativo. As fitas de polaridade
positiva servem de molde para a produção da fita negativa e a fita molde permanece
ligada à fita nascente, formando a dupla fita (SANTOS et al., 2002).
A maioria das proteínas estruturais e não-estruturais do Rotavírus são sintetizadas
nos ribossomos livres, em contraste a glicoproteína VP7 e NSP4 são sintetizadas nos
ribossomos associados com a membrana do retículo endoplasmático rugoso (RER),
onde são processadas e inseridas na membrana. A NSP5 é sintetizada nos ribossomos
livres e glicosilada no RER. O processamento dessas proteínas acontece exclusivamente
no RER, não sendo transportadas para o complexo de Golgi (ESTES, 2001).
O processo de montagem do vírus ocorre de forma coordenada com a replicação.
Ele ocorre no citoplasma, inicialmente dentro de estruturas denominadas viroplasmas e,
posteriormente, a partícula sofre maturação dentro do RER, num processo dependente
da concentração elevada de íons cálcio (Ca
++
) para estabilização das proteínas do
capsídeo externo (ESTES, 2001).
O ciclo infeccioso termina quando a progênie do vírus é liberada pela lise da
célula hospedeira (ESTES, 2001).
2.2 ENTRADA DO VÍRUS E MANIFESTAÇÕES CLINICAS
O vírus penetra no organismo por via oral-fecal e o período de incubação da
doença é de, aproximadamente, 48 horas.
O Rotavírus tem tropismo pelas células altamente diferenciadas, apicais, do
epitélio das vilosidades do intestino delgado, principalmente as do jejuno e íleo. A
replicação viral provoca um processo descamativo destas células, levando à diminuição
da capacidade absortiva do intestino (SANTOS; GOUVEA, 1997).
Estudos de amostras de biópsias do intestino delgado de lactentes e de animais
infectados experimentalmente mostram a ocorrência de encurtamento e atrofia das
microvilosidades, infiltração de células mononucleares na lâmina própria, distensão da
cisterna do retículo endoplasmático, aumento do tamanho e escassez mitocondrial.
(KAPIKIAN; CHANOCK, 1996).
O mecanismo pelo qual o Rotavírus causa diarréia não está bem elucidado. O
mecanismo clássico proposto sustenta que, face à extensa lesão epitelial, desencadeiam-
se fenômenos de má absorção que se exacerbam devido ao sensível declínio no nível
das dissacaridases. O acúmulo de dissacarídeos no lúmem intestinal, por conseguinte,
precipitaria quadro diarréico de natureza essencialmente osmótica. Entretanto,
experimentos recentes, utilizando-se modelos murinos, demonstraram que a proteína
viral NSP4 reserva um caráter enterotoxigênico, induzindo fenômenos secretórios que
culminam com a diarréia (OLIVEIRA; LINHARES, 1999; LUNDGREN et al., 2000;
MORI et al., 2002).
Os principais achados clínicos consistem em anorexia, prostração, depressão e
vômitos, seguidos por diarréia que varia de aquosa a cremosa. Como conseqüência da
diarréia, há desidratação e perda de peso. A mortalidade dos animais infectados depende
da severidade do quadro de diarréia e do grau de desidratação (ANKE, 1989). A morte
desses animais pode ocorrer, de 3 a 7 dias após o início da diarréia (COLUCHI;
KROEFF, 2000).
2.3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA
Os mecanismos imunes responsáveis pela resolução da infecção e proteção contra
subseqüentes rotaviroses não são bem compreendidos. Correlação entre proteção e
títulos de anticorpos contra Rotavírus no soro e intestino têm sido reportado
(KAPIKIAN et al., 1983; CHIBA et al., 1986), mas essa correlação não tem sido
consistentemente observada (WARD; BERSTEEN, 1995).
Nos sítios de replicação, os Rotavírus são processados pelas células
apresentadoras de antígeno e apresentados aos linfócitos T auxiliares (Th) e linfócitos T
citotóxicos (CTLs). Posteriormente, os linfócitos Th vírus-específicos, dentro do
intestino, liberam fatores de crescimento e diferenciação dos linfócitos B, e surgem
anticorpos IgM e IgA específicos contra Rotavírus na superfície da mucosa intestinal.
Coincidindo com o aparecimento de linfócitos T e B específicos na circulação,
anticorpos IgM e IgA específicos também aparecem no soro 4 a 6 dias após infecção
(KATYAL et al., 2000).
Estudos realizados por McNEAL et al. (1995) sugeriram três mecanismos de
imunidade ao Rotavírus. O primeiro mecanismo parece ser através da atividade da
célula B, presumivelmente por meio de anticorpo. Esse efetor foi demonstrado ser
necessário para a resolução normal da infecção inicial em camundongos µMt (linhagem
de camundongos deficiente em células B) e como protetor contra reinfecções em
camundongos J
H
D (uma segunda linhagem de camundongo nocaute). O mecanismo de
proteção por anticorpo não têm sido determinado, mas não deve ser através de
neutralização clássica. Diversos estudos têm mostrado forte correlação entre proteção in
vivo e resposta de anticorpos IgA intestinal e sérico (RUGGERI et al, 1998). A resposta
imune típica se traduz inicialmente em termos de imunoglobulina M (IgM) específica,
sucedendo-se a produção dos anticorpos das classes IgG e IgA. Conquanto seja
questionável o papel protetor da imunidade humoral nesse contexto, são múltiplos os
estudos associando a IgA secretora à redução na incidência e na gravidade das infecções
por esses agentes virais (OLIVEIRA, LINHARES, 1999).
Uma segunda função efetora identificada nesses estudos foi, provavelmente,
devido a atividade dos CTLs, que desempenham uma das ações primárias das células
CD8+, cuja importância é demonstrada na resposta imune contra muitas infecções
virais. Embora, a produção de células CD8+ de memória devam durar por toda a vida,
células efetoras têm vida curta, e desse modo considera-se esta associação com a
resolução da infecção inicial, mas falta associação com a proteção contra reinfecção.
Segundo OLDHAM et al. (1993), a população de células CD8+ está envolvida na
limitação da infecção primária por Rotavírus.
Células T CD8+ têm sido postulado mediar in vivo, efeito antiviral por lise direta
das células do hospedeiro infectadas por vírus ou pela liberação de citocinas que
induzem um efeito antiviral (FRANCO et al., 1997).
Finalmente, quando anticorpos não estão presentes e células CD8+ foram
destruídas, outra função efetora parece atuar, pelo menos na resolução da infecção. Esta
se deve à atividade das células natural killer, que têm sido reportadas com papel
protetor em outras infecções virais (McNEAL et al.,1995).
Mecanismos envolvendo a liberação de citocinas como Interferon-gama (IFN-γ) e
Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-α) também têm atividade antiviral direta
(RAMSEY et al., 1993).
2.4 ANTICORPOS MONOCLONAIS
2.4.1 Definição
Anticorpos monoclonais (AcM) são anticorpos de especificidade única, derivados
de um único clone de células B e que respondem a um único epítopo.
A tecnologia da produção de AcM foi desenvolvida em 1975, por Georges Köhler
e Cesar Milstein tornando-se, rapidamente, uma das ferramentas chave da imunologia.
Em essência, a técnica envolve a fusão celular de linfócitos B, que tem a propriedade de
produzir anticorpos específicos, mas que vivem poucos dias em culturas in vitro, com
uma célula de mieloma que tem a propriedade da imortalidade. O produto dessa união é
uma célula, denominada hibridoma, que pode secretar anticorpos da especificidade
desejada e pode viver por tempo ilimitado (KOHLER; MISTEIN, 1975).
A contínua cultura de hibridomas para produção de AcM oferece como vantagens
um suplemento inesgotável de imunoglobulinas com altos títulos, alta reprodutibilidade
e evita o aparecimento de reações cruzadas. Consequentemente, o AcM permite o
desenvolvimento de sistemas imunoensaios padronizados e seguros. Logo, AcM servem
como poderosas ferramentas para a investigação de macromoléculas e células, e têm
provido reagentes efetivos em termos de especificidade para testes diagnósticos clínicos
(NELSON et al., 2000).
2.4.2 Anticorpos policlonais versus AcM
Os anticorpos policlonais detectam uma multiplicidade de epítopos e, portanto,
reconhece antígenos diferentes, importante, por exemplo, em testes onde multivalência
é essencial (imunoprecipitação). Em adição, reagentes policlonais são relativamente
simples e baratos de produzir quando comparados com reagentes monoclonais. Além
disso, o uso de animais como cavalo, cabra e coelho permite a recuperação de grandes
volumes de soro rico em imunoglobulinas. Contudo, existem diferenças na reatividade e
títulos dos anticorpos, e sofrem , geralmente, de uma falta de reprodutibilidade, devido a
heterogeneidade dos anticorpos (NELSON et al., 2000).
2.4.3 Caracterização de AcM: Propriedades
A caracterização de um AcM promove a análise do anticorpo produzido pelo
hibridoma, em termos de reatividade e especificidade. Para tanto, é essencial a
reclonagem dos hibridomas para evitar dados ambíguos, resultando em anticorpos de
diferentes classes, especificidade e afinidade (NELSON et al., 2000).
Um aspecto crucial da caracterização relaciona o perfil do AcM para diferentes
tipos de ensaios. Isso é especialmente pertinente para o potencial do anticorpo como
reagente diagnóstico, já que alguns AcM reagem bem em alguns sistemas mas não em
outros. Esse fenômeno, chamado de restrição de ensaio, define como um anticorpo
reconhece um epítopo alvo no contexto do tipo de ensaio usado, por que os epítopos
poderão ser desnaturados ou tornar-se inacessível. Desta forma, é importante testar o
AcM contra um amplo painel de antígenos ou preparações tissulares, em diferentes
ensaios imunoquímicos (NELSON et al., 2000).
É notável que, embora um hibridoma seja o produto da fusão de uma única célula
B e produza um AcM de excelente especificidade, esse mesmo anticorpo pode ter
reação cruzada com outros antígenos ou exibir dupla especificidade. Isto pode ser
devido ao reconhecimento de sítios combinados mais do que um determinante
antigênico, por alguma similaridade na forma ou composição química.
Consequentemente, uma rigorosa avaliação de um dado AcM e seus epítopos alvo se faz
necessária (NELSON et al, 2000).
2.4.4 Aplicações dos AcM
Os AcM são muito úteis como reagentes imunobiológicos. Algumas das suas
aplicações incluem:
a) Imunodiagnóstico: O diagnóstico de muitas doenças infecciosas e sistêmicas
baseia-se na detecção de antígenos e/ou de anticorpos particulares na circulação ou nos
tecidos (COOK; SELF 1995).
b) Diagnóstico e tratamento de tumores: A produção de AcM contra proteínas
presentes na membrana de células tumorais, permite sua utilização para detectar a
presença dessas células em um tecido ou órgão ou para elimina-las (COLFOR; HALL,
1995)
c) Identificação de marcadores fenotípicos únicos para tipos celulares em
particular: A base da classificação moderna dos linfócitos e de outros leucócitos é a
ligação da população específica de AcM. Esses têm sido usados para definir “clusters de
diferenciação” (marcadores CD) para os vários tipos celulares (NELSON et al., 2000).
d) Análise funcional de moléculas de superfície celular e secretadas: Na pesquisa
imunológica, os AcM que se ligam a moléculas de superfície celular e estimulam ou
inibem funções celulares são instrumentos inestimáveis para definir as funções das
moléculas de superfície, incluindo os receptores de antígenos (ABBAS et al., 2002).
e) Outros: Cromatografia de afinidade baseada em AcM podem ser usadas como
uma etapa na purificação de espécies moleculares que são difíceis para purificação
química. Purificação com colunas de AcM têm sido aplicadas com sucesso para
antígenos do MHC (complexo de histocompatibilidade principal) (GOLDSBY et al.,
2002) .
2.4.5 Aplicações no Estudo do Rotavírus
O desenvolvimento de técnicas empregando-se AcM pode ser um dos passos
essenciais para a elucidação de pontos, ainda obscuros, na morfologia, ciclo de
replicação, imunidade, diagnóstico e prevenção ao Rotavírus (ESTES, 2001).
AcM produzidos contra antígenos virais específicos, têm sido usados
extensivamente para definir a estrutura, função dos componentes virais e as interações
entre proteínas virais e células hospedeiras. Além disso, AcM podem formar a base de
ensaios para o diagnóstico de doenças virais (MCKEATING et al., 1999).
No estudo do Rotavírus os AcM têm sido empregados exaustivamente.
RUGGERI e GREENBERG (1991) identificaram modelos distintos de neutralização
quando compararam a atividade neutralizante de um painel de AcM dirigidos contra
VP4 e VP7. LOPEZ et al. (2000), utilizaram AcM dirigidos contra células MA-104,
para identificar moléculas de superfície celular envolvidas no processo de entrada do
Rotavírus na célula, e em ensaios imunoenzimáticos (EIA) BIRCH et al. (1988),
desenvolveram um EIA capaz de sorotipar Rotavírus humano em extratos fecais,
permitindo estudos epidemiológicos e AL-YOUSIF et al. (2000) mostraram as
aplicações diagnósticas de AcM contra Rotavírus bovino. Portanto, os AcM podem ser
ferramentas importantes no diagnóstico de doenças e, por isto, nosso trabalho visa a
caracterização dos AcM produzidos contra Rotavírus bovino, com o intuito de usá-los
na detecção desta virose bovina.
3. OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo geral a caracterização de anticorpos monoclonais
contra Rotavírus bovino e a avaliação do seu uso como ferramenta no diagnóstico da
doença em bovinos.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3.1.1 Caracterização imunoquímica dos AcM:
- Isotipificação das imunoglobulinas;
- Avaliação da capacidade dos AcM em detectar antígeno viral por Dot-blot;
- Caracterização das proteínas virais reconhecidas pelos AcM por Western-blot;
- Avaliação dos AcM na detecção do Rotavírus bovino em cultura de células
através de Imunofluorescência indireta (IFI);
- Avaliação da capacidade neutralizante viral;
- Avaliação da capacidade de inibição da hemaglutinação;
3.1.2 Aplicação dos AcM em testes diagnósticos:
- Capacidade dos AcM para detectar antígeno viral, em amostras de fezes,
utilizando os testes de ELISA de captura e Dot-blot.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 CULTIVOS CELULARES
Os ensaios para a multiplicação e produção do Rotavírus bovino foram realizados
em monocamadas confluentes de células de rim de macaco, denominadas MA-104.
Estas células foram adquiridas do Banco de Células da Faculdade de Bioquímica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para a multiplicação das células da linhagem MA-104, utilizamos garrafas tipo
Roux, mantendo as células em Meio Essencial Mínimo-Eagle (GIBCO) suplementado
com 10% de soro bovino (GIBCO). Para o repique da cultura celular, foi utilizada a
técnica de desagregação enzimática com tripsina 0,25% (BLAKE; STACEY, 1999).
4.2 VÍRUS
Neste trabalho foi utilizada a cepa de referência Nebraska (Sorogrupo A, sorotipo
G6) do Rotavírus bovino, obtido do National Veterinary Services Laboratories (NVSL /
USA).
4.2.1. Produção do Vírus
A produção do Rotavírus bovino cepa Nebraska foi realizada em monocamadas
confluentes de células MA-104. As células eram lavadas com PBS para remoção do
soro bovino e, após a ativação do vírus por 30 minutos a 37°C com tripsina (20 µg/ml
de meio), seguia-se a adsorção viral durante 1 hora a 37ºC, a uma multiplicidade de
infecção (MOI) de 0,6.
Logo após o período de adsorção viral a monocamada infectada era incubada a
37ºC com Meio Essencial Mínimo-Eagle (MEM-E) contendo tripsina 2µg/ml, até a
produção do efeito citopático total (desprendimento da monocamada de células
infectadas), geralmente 24 a 48h. Posteriormente, as garrafas foram submetidas a um
ciclo de congelamento (-20ºC) e descongelamento, e o sobrenadante e as células
infectadas foram centrifugados a 10000g, durante 30 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi
coletado e armazenado (-20ºC) até seu posterior uso.
4.2.2. Titulação do Vírus
A titulação do vírus infeccioso, obtido como descrito no item anterior, se
realizou por observação do efeito citopático em monocamadas de células MA-104
cultivadas em microplacas de 96 poços (NUNC). A monocamada foi infectada com
diluições logarítmicas (fator 10) do vírus em quadruplicata (0,1 ml) e incubada a 37ºC
em estufa com atmosfera de 5% de CO
2
.
A leitura do título do vírus foi realizada após
72 horas, observando-se o efeito citopático e calculando-se o título infeccioso em
DICT
50
/ml (Dose Infecciosa em Cultivo de Tecidos) segundo o método de REED;
MUENCH (1938). O título infeccioso do vírus foi de 10
5,48
DICT
50
/ml.
4.2.3. Concentração do Vírus
Ao sobrenadante do vírus, obtido segundo o item 4.2.1, foi adicionado
Polietilenoglicol 8000 (PEG, Sigma) numa concentração de 8% e Cloreto de Sódio a
2,3% (NaCl, Sigma), sob agitação constante a 4ºC durante toda a noite. Esse material
foi centrifugado a 10000 g durante 30 minutos a 4°C. O sobrenadante foi desprezado e o
vírus sedimentado ressuspenso em 100X do volume inicial em solução NET (Tris HCl
50mM, EDTA 1mM e Cloreto de Sódio 100mM), centrifugado novamente durante 20
minutos a 5000 g e o novo sobrenadante foi coletado e congelado a -20ºC para posterior
ultracentrifugação.
O volume viral obtido na fase de concentração (100X) foi submetido a uma
ultracentrifugação (140000g) em 55 Ti (Beckman), por 2 horas e 30 minutos, a 4ºC. O
pellet obtido foi ressuspenso em 10X do volume inicial em solução NET.
4.2.4. Dosagem Protéica Viral
A dosagem de proteína foi estimada utilizando um kit comercial baseado no
método de Lowry (BIO-RAD) seguindo as indicações do fabricante.
4.2.5 Padrão eletroforético das proteínas virais
As amostras de vírus ultracentrifugado (Materiais e métodos 4.2.3) foram
submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida a 7,5% na presença de SDS (SDS-
PAGE) (LAEMMLI, 1970). Inicialmente as amostras foram diluídas (1:4) em tampão
desnaturalizante de Laemmli (62,5 mM Tris-HCL, pH 6,8; SDS 2%; β-Mercaptoetanol
5%; glicerol 20%; azul de bromofenol 0,5%) e levadas a 100°C durante 3 minutos em
banho-maria. A corrida eletroforética das proteínas virais se realizou durante 3 horas a
100 volts.
Foram colocados aproximadamente 50 µg/µl de proteína viral por poço e usou-se
como padrão de peso molecular proteínas de diferentes pesos moleculares
(AMERSHAM PHARMACIA BIOTECH): Fosforilase B (97 kDa), Albumina Sérica
Bovina (66 kDa), Ovalbumina (45 kDa), Anidrase Carbônica (30 kDa), Inibidor de
Tripisina de Soja (20 kDa) e α-Lactalbumina (14 kDa). Os pesos moleculares das
proteínas virais foram calculados usando-se o RF (Distância em centímetros de
migração da proteína a partir do gel de corrida / distância da migração do corante
Coomassie blue a partir do gel de corrida) (Figura 2-A).
4.2.6 Microscopia Eletrônica por Contrastação Negativa
O vírus ultracentrifugado foi fixado com glutaraldeído a 5% e tampão cocodilato
de sódio 0,1M (1:2). Esta suspensão foi colocada numa grade de níquel por 10 min e,
após remoção do excesso com papel de filtro, adicionou-se acetato de uranila (AU) a
1% por 10 s (NAKATA et al., 1987). A grade foi observada ao Microscópio eletrônico
de transmissão (ZEISS EM-109) e fotografada (Figura 2-B).
4.2.7 Padrão eletroforético do RNA viral
A técnica de SDS-PAGE tem sido identificada como método de referência para
identificação e caracterização molecular dos rotavírus (HERRING et al.,1982).
Para extração do RNA viral utilizou-se o método Fenol-Clorofórmio (Promega
Corporation, Madison, EUA). Primeiro, as fezes foram diluídas em solução salina
tamponada (PBS) 20% (v/v) e centrifugadas a 3000 g durante 10 minutos a 4°C. O
sobrenadante foi tratado com solução de SDS 10% e uma solução de ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA) 100mM e aquecido a 56°C durante 20 minutos. Em
seguida, foi adicionado Fenol-Clorofórmio em um volume igual ao do sobrenadante das
fezes tratadas e este material foi centrifugado a 12000 g durante 10 minutos a 4ºC,
sendo coletado a fração aquosa. A este sobrenadante foram adicionados 100µl de
Acetato de Sódio 3M e 1 ml de etanol a 95%, sendo deixado a -20°C por toda noite,
para precipitação do RNA. Posteriormente, foi centrifugado a 12000 g por 15 minutos a
4ºC, descartado o sobrenadante, e o precipitado foi ressuspenso em 16µl do tampão
desnaturalizante de Laemmli. O RNA extraído foi submetido à técnica de SDS-PAGE a
7,5% e, posteriormente, submetido a uma coloração com uma solução de Nitrato de
Prata 7mM, para visualizar as bandas correspondentes aos segmentos de RNA viral
(Figura 3).
Figura 2:
A: Perfil eletroforético das proteínas do Rotavírus. Eletroforese em gel de
poliacrilamida 7,5% na presença de SDS (SDS-PAGE) das proteínas de RTV bovino e
coloração de Coomassie blue. As proteínas virais foram obtidas a partir do vírus
concentrado e ultracentrifugado. Os pesos moleculares estão indicados a esquerda.
B: Microscopia Eletrônica por contrastação negativa do Rotavírus bovino
ultracentrifugado. O vírus fixado foi colocado numa grade de níquel por 10 min e,
após remoção do excesso com papel de filtro, adicionou-se acetato de uranila (AU) a
1% por 10 s. A grade foi observada ao microscópio eletrônico de transmissão e
fotografada.
97 kDa
66 kDa
45 kDa
A
30 kDa
20 kDa
B
Figura 3 – Perfil eletroforético do RNA de Rotavírus extraído de suspensão de fezes.
Eletroforese em Gel de Poliacrilamida a 7,5% na presença de SDS (SDS-PAGE) do RNA viral
em isolados de amostras fecais. Coluna 1, fezes humana; 2-7, fezes bovinas. Observa-se a
presença dos 11 segmentos genômicos de RNA f.d.
4
2
3
2
4.3 CARACTERIZAÇÃO IMUNOQUÍMICA DOS AcM
Foram utilizados neste trabalho, 05 (cinco) AcM produzidos no Laboratório de
Virologia, ICS-UFBA. Os AcM empregados foram: 1G5, 4F7, 1E12, 4F3 e 3C12 sob
as formas de sobrenadante de cultura de células hibridomas e líquido ascítico.
4.3.1 Isotipificação
Para determinar a classe de imunoglobulina presente nos sobrenadantes dos clones
produtores de AcM e no líquido ascítico, utilizou-se um kit comercial (BIO RAD
Catalog 172-2055), baseado na técnica de ELISA indireto.
A placa de 96 poços (NUNC-MAXISORP TM) foi sensibilizada com vírus
ultracentrifugado 1:100 (v/v, PBS) e incubada por 1h a 25°C. Em seguida, a placa foi
lavada com PBS-Tween 20 (PBS-T) e bloqueada com uma solução de soroalbumina
bovina em PBS (BSA-PBS) a 1% por 30 min. A lavagem foi repetida e adicionou-se os
sobrenadantes (1:100) e os líquidos ascíticos (1:1000) diluídos previamente em PBS-T.
Incubou-se por 1h a 25°C, lavou-se novamente e, posteriormente, adicionou-se anti-
camundongo de coelho com diferentes padrões de imunoglobulinas (IgG1, IgG2a,
IgG2b, IgG3, IgA e IgM, cadeia leve κ e λ). Incubou-se por mais 1h a 25°C e
acrescentou-se anticorpo anti-coelho de cabra marcado com peroxidase 1:3000 (v/v,
PBS-T). Após incubação de 1h a 25°C, a lavagem foi repetida e a reação revelada com
uma solução de fosfato dissódico 0,2M, ácido cítrico 1M e uma pastilha de TMB
(3,3,5,5-tetrametilbenzidina – SIGMA CHEMICAL CO), na presença de 0,015% (v/v)
de peróxido de hidrogênio por 15 min a 25°C em ausência de luz e lida em um
espectrofotomêtro (Microplate Reader BIO-RAD Model 550) a 630 nm.
4.3.2 Detecção do RTV em diferentes concentrações: Dot-blot
A sensibilidade de detecção do Rotavírus pelos AcM foi determinada através de
Dot-blot. Adicionou-se vírus ultracentrifugado (Materiais e métodos 4.2.3) à uma
membrana de nitrocelulose (AMERSHAM PHARMACIA BIOTECH 0,45µm), em
diluições seriadas, com concentração protéica variando de 0,1 a 3,8 µg, utilizando-se o
Multifiltro Dot-blot. Cortou-se a membrana longitudinalmente, em fitas com
aproximadamente 5 mm de largura, e bloqueou-se, para evitar sítios livres de reação,
com uma solução de PBS com 5% de leite em pó desnatado (PBS-Leite 5%) por 1 h a
temperatura ambiente, sob agitação. Em seguida, colocou-se as fitas em sacos plásticos
selados, adicionou-se individualmente sobrenadante dos AcM 1:5 (v/v, PBS-Leite
0,5%), e deixou-se por toda noite. No dia seguinte, lavou-se as fitas 3 vezes com PBS-T
0,05% e adicionou-se anticorpo de ovelha anti-IgG de camundongo 1:500 (v/v, PBS)
marcado com peroxidase (SIGMA CHEMICAL CO), incubou-se por 1h a 37°C. Lavou-
se as fitas 3 vezes com PBS-T 0,05%. A revelação da reação foi realizada com uma
solução de DAB (3,3’- Diaminobenzidina – SIGMA CHEMICAL CO) na presença de
0,015 % (v/v) de peróxido de hidrogênio. A reação foi interrompida com sucessivas
lavagens em PBS e as membranas foram secas e fotografadas.
4.3.3 Caracterização das proteínas virais: Western-blot
A reatividade dos AcM com proteínas virais foi determinada através de Western-
blot. As proteínas do RTV bovino ultracentrifugado (Materiais e métodos 4.2.3) diluídas
em tampão desnaturalizante de Laemmli ou em tampão não-desnaturalizante (62,5 mM
Tris-HCL, pH 6,8; glicerol 20%; azul de bromofenol 0,5%) fracionadas por SDS-pAGE
a 7,5%, foram eletrotransferidas a uma membrana de nitrocelulose (AMERSHAM
PHARMACIA BIOTECH 0,45µm), por 1h a 100 mA. A verificação da
eletrotransferência e identificação das proteínas virais se realizaram com a técnica de
coloração de vermelho de Ponceau 10%. Uma vez constatada a transferência, a
membrana de nitrocelulose foi descorada, cortada longitudinalmente e bloqueada
(Materiais e métodos 4.3.2). Posteriormente as fitas foram incubadas com soro
hiperimune de coelho ou camundongo 1:500 (v/v, PBS-L 0,5%) (FONTES, 2003) ou
líquido ascítico dos AcM 1:5 (v/v, PBS-L 0,5%), durante toda a noite. Ao fim deste
tempo, foram lavadas com PBS-T 0,05% (10 minutos cada lavado) e incubadas durante
1 hora a 37°C, com um anticorpo de ovelha anti-IgG de camundongo ou de cabra anti-
coelho conjugado à peroxidase 1:500 (v/v, PBS) (SIGMA CHEMICAL CO)). Em
seguida, foram feitas lavagens com PBS-T 0,05%. A revelação das bandas foi realizada
com uma solução de DAB como mencionado anteriormente (Materiais e métodos
4.3.2).
4.3.4 Avaliação dos AcM na detecção do Rotavírus bovino em cultura de células:
Imunofluorescência indireta (IFI)
Lamínulas com cultura de células MA-104, cultivadas em tubos, foram infectadas
com Rotavírus bovino (Materiais e métodos 4.2.1). As lamínulas contendo as células
infectadas foram retiradas da estufa em tempos diversos (3h, 5h, 7h e 24h) pós-infecção,
juntamente com respectivo controle de células não-infectadas. As lamínulas foram
fixadas em acetona por 10min a –20°C. A cada conjunto de lamínulas, adicionou-se
sobrenadante de clones produtores de AcM puro ou soro hiperimune de camundongo
1:500 (v/v, PBS) (FONTES, 2003). Incubou-se por 1h a 37°C, lavou-se com PBS e
adicionou-se anticorpo de ovelha anti-camundongo 1:30 (v/v, PBS) marcado com FITC
(isotiocianato de fluoresceína –SIGMA CHEMICAL CO). Incubou-se por 1h a 37°C e
ao fim deste tempo repetiu-se as lavagens. As lamínulas foram lavadas com uma
solução de azul de Evans (0,1%) durante 3 min e montadas em lâminas com glicerina,
h a 37°C. O título HA foi expresso como inverso da maior diluição do vírus com
completa hemaglutinação.
- Inibição da Hemaglutinação (IHA): Para o teste de IHA, 200 µl de soro hiperimune
de coelho foi inativado a 56°C por 30 min.
Numa placa colocou-se, individualmente, 25 µl de sobrenadante de clones
produtores de AcM 1:5 (v/v, BSA-PBS) ou 25 µl de soro hiperimune de coelho
inativado (controle positivo) e realizou-se diluições seriadas. Em seguida, adicionou-se
25 µl da diluição do vírus contendo 8 unidades hemaglutinantes (UHA). Incubou-se por
1h a 37°C e após este tempo, adicionou-se 50 µl da suspensão de hemáceas. Incubou-se
por mais 1h a 37°C. O título IHA foi o resultado do cálculo do inverso da maior
diluição do AcM ou soro hiperimune de coelho com completa inibição da
hemaglutinação vezes o título hemaglutinante viral .
4.4 APLICAÇÃO DOS AcM EM TESTES DIAGNÓSTICO
As amostras de fezes bovinas e humanas foram diluídas a 20% em PBS e
clarificadas por centrifugação a 2000 g por 15 minutos a 4°C, conforme a metodologia
descrita por Pereira et al. (1985) para seu uso nos testes.
4.4.1 ELISA de Captura
As placas de 96 poços (NUNC-MAXISORP TM) foram sensibilizadas com soro
hiperimune de coelho 1:2000 diluído em tampão carbonato-bicarbonato (Na
2
CO
3
1,7g/l,
NaHCO
3
2,86g/l) 0,05M pH 9,6, e incubadas durante toda a noite a 4°C, em câmara
úmida. No dia seguinte lavou-se com PBS-T 0,05% e bloqueou-se com solução de PBS-
Leite a 5%, por 1h a 37°C. Após o bloqueio, lavou-se as placas com PBS-T 0,05% e
adicionou-se 100 µl de suspensão de fezes clarificadas. Incubou-se por mais 1 h a 37°C,
quando então, repetiu-se a lavagem e acrescentou-se os sobrenadantes dos clones
produtores de AcM. Incubou-se durante toda a noite a 4ºC em câmara úmida, e ao final
desse tempo, lavou-se novamente as microplacas com PBS-T 0,05%. Adicionou-se Ig
de ovelha anti-IgG de camundongo 1:5000 (v/v, PBS) marcado com peroxidase
(SIGMA CHEMICAL CO) e incubou-se a 37ºC por 1 h. Por último, as placas foram
lavadas e revelou-se a reação com uma solução de TMB (SIGMA CHEMICAL CO) na
presença de 0,015% (v/v) de peróxido de hidrogênio. A reação foi lida em
espectrofotômetro com filtro de 630 nm após 10 minutos. Foram consideradas positivas
para rotavírus as reações que apresentaram valores de densidade ótica (DO) pelo menos
duas vezes mais alta do que os do controle negativo.
Utilizou-se como controle positivo soro hiperimune de camundongo 1:100 (v/v,
PBS) e AcM 2H6 e como controle negativo Meio MEM-E a 10% SFB.
4.4.2 Dot-blot
Adicionou-se, individualmente, numa membrana de nitrocelulose sobrenadantes
de clones produtores de AcM 1:5 (v/v, PBS-L 0,5%). Cortou-se a membrana
longitudinalmente e bloqueou-se como descrito anteriormente (Materiais e métodos
4.3.2). Em seguida, colocou-se a suspensão de fezes clarificadas em cada fita e incubou-
se por 1h a 37°C. Ao fim deste tempo, lavou-se as fitas com PBS-T 0,05% sob agitação
e adicionou-se soro hiperimune de coelho 1:2000 (v/v, PBS), incubou-se por mais 1h a
37°C. Em seguida, repetiu-se a lavagem e acrescentou-se Ig de cabra anti-IgG de coelho
1:1000 (v/v, PBS) marcado com peroxidase (SIGMA CHEMICAL CO) e incubou-se
por 1h a 37ºC. Por último, as fitas foram lavadas com PBS-T 0,05%. A revelação da
reação foi realizada com uma solução de DAB (Materiais e métodos 4.3.2).
5. RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO IMUNOQUÍMICA DOS ACM
5.1.1 Isotipificação
Na Tabela 1, apresenta-se os resultados obtidos na reação de isotipificação dos
AcM. Esta reação revelou que todos os AcM foram do isotipo IgG2a e apresentaram
cadeia leve do tipo κ.
5.1.2 Dot-blot
O resultado do Dot-blot é mostrado na Figura 4. O AcM 1G5 detectou RTV
bovino numa concentração de até 0,1µg de proteínas virais, enquanto os AcM 4F7,
1E12 e 4F3 detectaram o vírus numa concentração de até 0,2µg de proteínas virais. O
3C12 não detectou o vírus nestas condições.
5.1.3 Western-blot
O resultado da técnica de Western-blot é mostrado na Figura 5. Os AcM 4F3 e
1E12 reconheceram proteínas virais através desta técnica. O 4F3 reagiu somente em
condições não-desnaturantes e o 1E12 reagiu em condições não-desnaturantes e
desnaturantes. Os AcM 1G5, 4F7 e 3C12 não reconheceram proteínas virais com esta
metodologia.
1G5 4F7 1E12 4F3 3C12
3,8
µ
g
1,9
µ
g
0,9
µ
g
0,5
µ
g
0,2
µ
g
0,1
µ
g
Figura 4 – Dot-blot. Avaliação da capacidade dos AcM em detectar RTV bovino. Em
membranas de nitrocelulose, colocou-se vírus ultracentrifugado em diferentes concentrações e,
em seguida, os sobrenadantes dos hibridomas produtores de AcM (1/5). Posteriormente,
adicionou-se imunoglobulina de cabra anti-IgG de camundongo marcada com peroxidase. A
reação foi revelada com uma solução de DAB.
Controle
negativo
Figura 5 - Western-blot. Identificação de proteínas do Rotavírus bovino (RVB-P)
por anticorpo monoclonal e policlonal.
A) RVB-P em condições não-desnaturantes com AcM 4F3 (1), soro policlonal de
camundongo (2), AcM 1E12 (3); B) RVB-P em condições desnaturantes com AcM
1E12 (4), soro policlonal de camundongo (5), soro policlonal de coelho (6); C) Células
MA-104 lisadas não-infectadas, com soro policlonal de coelho (7), soro policlonal de
camundongo (8). As setas à direita indicam as posições do marcador de peso molecular.
B A C
1 2 3 4 5 6 7 8
97 kDa
66 kDa
45 kDa
30 kDa
20 kDa
5.1.4 Imunofluorescência indireta (IFI)
A IFI foi realizada em diferentes tempos pós-infecção, para demonstração, no
decorrer da infecção viral, da capacidade dos AcM em reconhecerem proteínas virais na
cultura de células.
Os AcM 4F7, 1E12, 4F3 e 3C12 foram claramente positivos na reação de IFI,
com a produção de uma forte fluorescência citoplasmática. Na IFI do AcM 1G5 foi
observada uma fluorescência citoplasmática fraca (Tabela 1).
Observou-se que os AcM 1E12, 4F3, 4F7 e 1G5 reconheceram proteínas desde as
3h pós-infecção, sugerindo proteínas virais iniciais da replicação viral, enquanto o 3C12
reconheceu proteínas virais a partir de 5h pós-infecção, possivelmente sintetizadas mais
tardiamente no ciclo de replicação. Notou-se, também, que as células infectadas
apresentavam as inclusões citoplasmáticas ou viroplasmas (local onde ocorre a
montagem final do vírus prévio a sua liberação) bem delimitados, ao redor do núcleo.
Após, 7h pós-infecção, estas inclusões apresentavam-se de forma mais difusa no
citoplasma celular e em um número maior de células. Finalmente, 24h pós-infecção, as
inclusões aparecem difundidas nas células por todo o citoplasma, sugerindo
proximidade de lise celular (Figuras 6-A e 6-B).
Tabela 1 – Perfil imunoquímico dos AcM contra Rotavírus bovino
AcM Isotipificação Dot-blot W.B. IFI NT IHA
1G5
IgG 2a, κ
+
+ (fraca)
4F7
IgG 2a, κ
+
+
1E12
IgG 2a, κ
+ + +
4F3
IgG 2a, κ
+ + +
+
3C12
IgG 2a, κ
+
Os resultados foram expressos como positivos (+) e negativos ().
WB = Western-blot; IFI = Imunofluorescência indireta; NT = Neutralização; IHA = Inibição da
Hemaglutinação.
Figura 6 A e B - Imunofluorescência indireta (IFI). Células MA-104 foram infectadas com Rotavírus
bovino e fixadas com acetona, em diferentes tempos pós-infecção. Adicionou-se sobrenadantes dos
hibridomas produtores de AcM ou soro hiperimune de camundongo (1:500) (controle positivo) e,
posteriormente, imunoglobulina de ovelha anti-IgG de camundongo (1/30) marcada com FITC. Em seguida,
corou-se com azul de Evans (0,1%) por 3 min e observou-se ao microscópio de fluorescência.
A
3h
1G5
4F7 1E12
5h
7h
24h
4F3 3C12 Controle
3h
5h
7h
24h
B
5.1.5 Atividade Neutralizante
Na técnica de soroneutralização, empregou-se os líquidos ascíticos dos AcM, por
possuírem uma maior concentração de imunoglobulina. Todos os AcM testados
mostraram não possuir atividade neutralizante contra RTV bovino (Tabela 1). Notou-se,
no entanto, que as primeiras diluições dos AcM modificavam o efeito citopático
característico produzido pelo RTV com desprendimento total da monocamada, apenas
era visto um arredondamento celular. Devido a este fato, empregou-se a técnica de IFI,
para confirmar a presença do vírus nas células. Observou-se que todas as células
apresentaram fluorescência citoplasmática, que aumentava esta progressivamente com a
diluição dos líquidos ascíticos e coincidentemente com o efeito citopático.
5.1.6 Inibição da Hemaglutinação (IHA)
A Hemaglutinação tem sido demonstrada em algumas cepas de Rotavírus animal,
que aglutinam eritrócitos de humanos e animais, sendo a proteína VP4 responsável por
esta propriedade. Neste caso, o RTV bovino mostrou ter atividade hemaglutinante com
eritrócitos de humano, obtendo-se um título igual a 128 UHA.
A Figura 7 mostra os resultados obtidos no teste de IHA. O soro hiperimune de
coelho demonstrou a propriedade de inibir a hemaglutinação (título = 1280). Dos cinco
AcM testados, apenas o 4F3 apresentou esta propriedade (título = 80) com uma leve
diferença com respeito ao controle e aos outros AcM com títulos iguais a 40,
considerado negativo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 7 - Inibição da Hemaglutinação (IHA). Colocou-se sobrenadantes dos
hibridomas produtores de AcM (1/5) e diluiu-se progressivamente em PBS com 0,1% de
soroalbumina bovina. Adicionou-se RTV bovino (8 UHA) e, posteriormente hemáceas
humanas do grupo O (0,5%). Coluna 1: Soro hiperimune de coelho (controle positivo); 2:
1G5; 3: 4F7; 4: 1E12; 5: 4F3; 6: 3C12; 7: Meio de cultura com 10% SFB (controle
negativo); 8: Controle de hemáceas; 9 e 10: Titulação do vírus por UHA.
5.2 APLICAÇÃO DOS AcM EM TESTES DIAGNÓSTICO
5.2.1 ELISA de captura
Na Tabela 2 são apresentados os resultados das amostras fecais analisadas com o
teste de ELISA de captura.
Os AcM 1G5, 4F7, 1E12, 4F3 e 3C12 reconheceram antígenos de RTV bovino e
humano nas amostras de fezes (Figura 8). No total de amostras analisadas (n=20), 12
foram positivas para RTV com os AcM 1G5 e 4F7 e 8 foram negativas.
Alternativamente, com o uso do AcM 1E12, detectou-se 13 amostras positivas e 7
negativas. Disto surge que, apesar deste teste de ELISA, ter sido utilizado para análises
preliminares sobre os AcM, observou-se alta concordância entre os resultados
encontrados, quando empregou-se os AcM 1G5, 4F7 e 1E12 (kappa = 0,9; p < 0,05) e
aqueles obtidos no SDS-PAGE (técnica de referência). O resultado divergente
apresentado no SDS-PAGE na amostra de número 8 pode ser em conseqüência da
degradação do RNA viral por ação enzimática, o que dificultou sua detecção. Notou-se
baixa concordância entre os resultados obtidos no SDS-PAGE e no teste de ELISA,
quando utilizou-se os AcM 4F3 e 3C12 (kappa = 0,5; p < 0,05).
Tabela 2 – Reatividade dos AcM contra Rotavírus bovino.
Detecção de Rotavírus em fezes bovinas e humanas por ELISA de captura,
utilizando sobrenadantes de clones produtores de anticorpos monoclonais.
Anticorpos monoclonais (ELISA) Fezes SDS-
PAGE
1G5 4F7 1E12 4F3 3C12
01 + + + + + +
02 + + + + + +
03 + + + + + +
04 + + + + + +
05 + + + + + +
06 + + + + + +
07 + + + + - -
08 - + + + - +
09 - - - - - -
10 - - - - - -
11 - - - - - -
12 - - - - + -
13 - - - - + -
14 - - - - + -
15 + + + + - -
16 + + + + + -
17 + + + + + +
18 + + + + - -
19 - - - - + -
20 - - - + - -
Os resultados foram expressos como positivos (+) e negativos (-).
O SDS-PAGE foi realizado após extração de RNA viral a partir de fezes e, quando visualizada a presença
dos 11 segmentos do RNA viral a amostra era considerada como positiva (+).
Fezes 01 a 14 bovinas; 15 a 20 humanas.
Figura 8 - ELISA de captura. Sensibilizou-se as placas com soro hiperimune de coelho
anti-Rotavírus bovino (1:2000), adicionou-se suspensão de amostras de fezes humanas (1 a
6) e bovinas (7 a 11), controle negativo (12A), controle positivo (12B e F) e,
posteriormente, os sobrenadantes dos clones produtores de AcM e imunoglobulina de
ovelha anti-IgG de camundongo marcada com peroxidase. A reação foi revelada com uma
solução de TMB e lida em espectrofotômetro. Linha A: 1G5; B: 4F7; C:1E12; D: 4F3; E:
3C12.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
B
C
D
E
F
5.2.2 DOT-BLOT
A Figura 9 mostra os resultados obtidos através da técnica de Dot-blot realizada
com amostras de fezes bovinas. Os AcM 4F7, 1E12 e 1G5 detectaram antígenos virais
nas fezes. Notou-se, porém, que o 4F7 apresentou resultados coincidentes com os
apresentados no teste de ELISA indireto. No entanto, os AcM 4F3 e o 3C12 não
detectaram o RTV por esta técnica, nas amostras analisadas.
Figura 9 - Dot-blot. Avaliação da capacidade dos AcM para detectar antígenos virais
em amostras de fezes bovinas (1 a 14). Em membranas de nitrocelulose, colocou-se
sobrenadantes de hibridomas produtores de AcM (1/5), adicionou-se suspensão de fezes
e, em seguida, soro hiperimune de coelho (1/2000) e imunoglobulina de cabra anti-IgG
de coelho marcada com peroxidase. A reação foi revelada com uma solução de DAB.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1G5
4F7
1E12
4F3
3C12
6. DISCUSSÃO
Um diagnóstico acurado, efetivo e rápido do RTV bovino é fundamental para se
estabelecer medidas terapêuticas e profiláticas, uma vez que o quadro diarréico grave
estabelecido em animais, por esta virose, acarreta graves prejuízos econômicos. O
diagnóstico laboratorial baseia-se na detecção das partículas virais ou de antígenos
virais em material fecal, uma vez que o cultivo do Rotavírus é demorado para estes
casos (SANTOS, GOUVEA, 1997). Considerando isto, imunoensaios com anticorpos
monoclonais poderiam constituir eficientes ferramentas de diagnóstico, principalmente
por serem monoespecíficos, reconhecendo apenas um determinante antigênico ou
epítopo nas moléculas, evitando resultados falso-positivos.
Neste estudo, cinco AcM produzidos contra RTV bovino foram caracterizados,
utilizando-se técnicas de Dot-blot, Western-blot, IFI, ELISA de captura, ensaios de
isotipificação, atividade neutralizante e inibição da hemaglutinação. Estes AcM
apresentaram perfis imunoquímicos diferentes nos testes empregados, possivelmente
devido às diversas formas de apresentação das proteínas virais e/ou modificação na
conformação protéica. Desta forma, identificamos dois grupos de AcM, um formado
pelo 4F7, 1E12 e 1G5 para possível uso na detecção de antígeno viral em fezes, e outro
pelo 4F3 e 3C12 que podem ser usados na detecção de antígeno viral em cultura de
células.
É conhecido que as proteínas podem sofrer alterações durante o processamento
das técnicas diagnósticas, o que torna as vezes difícil as interações com os anticorpos,
principalmente, com epítopos conformacionais, produzindo resultados negativos
(NELSON et al., 2000). Este fato, possivelmente aconteceu durante a aplicação da
técnica de Western-blot para caracterização das proteínas virais reconhecidas pelos
AcM. A corrida eletroforética das proteínas e posterior transferência à membrana de
nitrocelulose, mostrou que dos cinco AcM, unicamente os AcM 4F3 e 1E12,
conseguiram reconhecer as proteínas virais em estado desnaturante ou não-desnaturante
através desta técnica. Destes dois AcM foi o 4F3 que reagiu em estado não-
desnaturante, obedecendo quiçá ao reconhecimento de um epítopo conformacional.
Por outro lado, foi o único a demonstrar capacidade de inibir a hemaglutinação, o que
apoiaria a hipótese de reconhecer um epítopo exposto na superfície, tipo
conformacional. Isto sugere, a possibilidade deste AcM estar reagindo contra a proteína
VP4, localizada no capsídeo externo do vírus, responsável pela propriedade de
hemaglutinação (NAKAGOMI et al., 1992; KAPIKIAN; CHANOCK, 1996) e que
pode ser especificamente bloqueada por anticorpos dirigidos contra seus determinantes
antigênicos, inibindo o fenômeno da hemaglutinação (FUKUDOME et al., 1989).
Porém, ao utilizá-lo para a detecção do vírus nas fezes infectadas de forma natural, sua
performance foi questionada e o fato dele estar reconhecendo um epítopo
conformacional apoiaria a discordância de resultados com os outros AcM.
Entretanto, tivemos o AcM 1E12 que, diferente do 4F3, reagiu com proteínas
desnaturadas e não desnaturadas, mostrando que o epítopo reconhecido por ele,
possivelmente, seja uma seqüência de aminoácidos localizados em uma proteína viral, a
qual não sofre, em demasia, as conseqüências das metodologias empregadas,
independente do estado do vírus (infectante ou não). Este fato é confirmado pela
observação de que este AcM se destaca em todos os testes diagnósticos realizados com
RTV (Dot-blot, IFI e ELISA). Resultado semelhante foi observado com o AcM 4F7,
cuja performance também foi destacável, obtendo-se resultados mais alentadores
(diluição de uso e forte sinal nos testes) em todos os testes utilizados, à exceção do
Western-blot. O outro AcM 1G5 também participa do grupo de AcM reativos, porém, a
IFI demonstra que houve leve diminuição da sua reatividade, quando comparado com o
4F7 e 1E12. Como resultante destes AcM podemos perceber que um grupo formado
pelos três AcM 4F7, 1E12 e 1G5 tiveram resultados alentadores em vários dos testes
empregados, e os outros 4F3 e 3C12 de resultados divergentes. A este respeito, o 3C12
apresentou pobres resultados nos testes realizados, apesar de obter-se uma fluorescência
citoplasmática forte em cultura de células infectadas, quando empregou-se este AcM,
podendo, então, ser uma alternativa válida para seu uso como reagente para IFI.
Portanto, neste trabalho pode-se observar que a caracterização imunoquímica
destes AcM contra RTV resultou na eleição de um grupo de AcM como o 4F7, 1E12 e
1G5 fortes candidatos ao seu uso em testes de diagnóstico de antígenos virais em fezes,
através de ELISA de captura, enquanto os outros dois AcM 4F3 e 3C12 não tiveram
resultados animadores para seu uso na detecção do Rotavírus em fezes, mas seriam de
eleição ao se tratar de detectar antígeno viral em culturas de células através de IFI, no
caso de confirmar o isolamento viral.
Pode-se notar, também, que todos os AcM reagiram positivamente com fezes
humanas, o que poderia indicar que estes estariam reconhecendo antígenos de grupo e
teriam reatividade cruzada. Proteínas contendo determinantes que geram estas reações
têm sido investigadas no gênero Rotavírus, e entre elas, a VP6 é considerada a principal
responsável por este tipo de reação, talvez por constituir mais da metade do vírion. Em
adição, a reatividade cruzada dos AcM dirigidos contra outras proteínas como VP4 e
VP7 também tem sido reportada (SHAW et al., 1986; TANIGUCHI et al., 1987; CHEN
et al., 1992).
Desta forma, pode-se concluir que através dos testes imunoquímicos propostos,
conseguimos caracterizar as respostas destes AcM para seu uso na pesquisa de antígeno
viral do Rotavírus bovino, de importância quando os kits disponíveis comercialmente,
são utilizados primariamente para diagnóstico em humanos e não são apropriados para o
diagnóstico em animais.
7. CONCLUSÕES
¾ Os AcM caracterizados, neste estudo, reagem positivamente nos testes de
Imunofluorescência indireta, ELISA de captura e Dot-blot para detecção de antígeno
viral;
¾ A presença de reação positiva no teste de Western-blot, com o AcM 1E12,
utilizando-se proteínas virais desnaturadas, sugere o reconhecimento de epítopos
lineares por este AcM.
¾ Os AcM 4F7, 1E12 e 1G5 podem ser utilizados como ferramentas em testes
diagnósticos, para detecção de antígenos virais em amostras de fezes, baseados no
ELISA de captura, enquanto o 4F3 e 3C12 podem ser empregados em testes para
confirmação do isolamento viral em culturas de células, através de IFI.
ESTUDOS FUTUROS:
Com base neste trabalho, futuros projetos de pesquisa serão desenvolvidos para:
¾ Validar os testes propostos, empregando os AcM como ferramenta, para o
diagnóstico das rotaviroses bovinas, já que o principal ponto de estrangulamento,
neste aspecto, é o número de amostras;
¾ Estudar o reconhecimento de epítopos de grupo por estes AcM;
¾ Identificar a reatividade cruzada, destes AcM, com outras espécies animais (canina,
caprina e suína, por exemplo).
Assim, poderemos conhecer mais profundamente as características destes AcM e
seu uso na pesquisa de antígeno viral para, posteriormente, utilizá-los em testes
diagnósticos com fins comerciais.
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