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MARIA JANAÍNA ALVES DA SILVA
CAMINHOS E DESCAMINHOS DOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE
PETRÓLEO:
O PAPEL DOS ROYALTIES NO DESEMPENHO DAS FINANÇAS PÚBLICAS
MUNICIPAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Economia, do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Ciências Econômicas. Área de
Concentração: Desenvolvimento Regional.
Orientador: Profº. Dr. João Matos Filho.
NATAL
2007
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MARIA JANAÍNA ALVES DA SILVA
CAMINHOS E DESCAMINHOS DOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE
PETRÓLEO:
O PAPEL DOS ROYALTIES NO DESEMPENHO DAS FINANÇAS PÚBLICAS
MUNICIPAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Economia, do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Ciências Econômicas. Área de
Concentração: Desenvolvimento Regional.
Apresentada em: ____/____/____.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Dr. João Matos Filho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Orientador
____________________________________
Prof. Dr. Lincoln Moraes de Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Examinador
_____________________________________
Prof. Aécio Cândido de Sousa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
Examinador
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DEDICATÓRIA
DEDICATÓRIADEDICATÓRIA
DEDICATÓRIA
edico esta dissertação aos meus pais, Manoel e Gilvaneide
Manoel e GilvaneideManoel e Gilvaneide
Manoel e Gilvaneide pela excelente
educação que me foi dada e que me permitiu chegar aqui, pela oportunidade
de realizar mais um sonho, pelo incentivo, pela força e pelo grande amor a
mim dedicado.
Às minhas queridas irmãs Jane, Elaine e Vanessa
Jane, Elaine e VanessaJane, Elaine e Vanessa
Jane, Elaine e Vanessa pelo incentivo, pelo
imenso amor, pela amizade incondicional fundamental em minha vida e
compreensão pela minha ausência durante a elaboração deste trabalho.
D
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, a quem devo a força, determinação e que foram essenciais
para realização de mais uma conquista em minha vida;
Á PETROBRÁS, pelo patrocínio e incentivo na elaboração desta dissertação, através do Programa
de Concessão de Bolsas de Pós-Graduação (PCBP) que é coordenado pela Universidade Petrobras, e pela
oportunidade que me foi oferecida contribuindo para a minha formação. E aos Funcionários Jorge Félix e
Gustavo Viola, pelo apoio durante a execução deste trabalho.
Agradeço em especial ao professor Profº. Dr. João Matos FIlho, não só pela brilhante orientação na
elaboração desta dissertação, pelas críticas proferidas e agregadas ao corpo do trabalho, mas por todos os
ensinamentos ao longo da minha vida acadêmica durante os quais trabalhamos juntos, pela confiança
depositada em mim, pela amizade e confiança conquistadas;
A Eduardo Stênio, meu grande amor, pela dedicação, compreensão, admiração, pela paciência nos
momentos de dificuldades, pelo grande amor dedicado a mim, pelo incentivo e apoio que foram essenciais
durante o meu mestrado;
À família do meu namorado, pelo amor, carinho, amizade, respeito e por todo a apoio e compreensão
irrestrito que tive durante a elaboração deste trabalho.
À todos os meus colegas do mestrado, pelos momentos agradáveis que passamos juntos e pelo
companheirismo durante todo o curso;
À todos os meus amigos e amigas pela grande amizade cultivada no decorrer da minha vida que, de
alguma maneira, contribuíram para a elaboração deste trabalho;
A Ivan Alves Rolim (in memoriam) e família pela oportunidade, pelo carinho e por terem me
adotado como parte da família. Apoio essencial durante toda a minha vida acadêmica;
À todos os professores do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Economia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelos ensinamentos, sem os quais não seria possível chegar
até aquí, pois este trabalho é resultado do produto dos anos de aprendizado;
E, por fim, agradeço a todos, ainda que não tenha citado, mas que me ajudaram indiretamente, e
foram imprescindíveis na construção deste trabalho. A todos o meu muito abrigado.
RESUMO
SILVA, Maria Janaína Alves da.
CAMINHOS E DESCAMINHOS DOS MUNICÍPIOS PRODUTORES
DE PETRÓLEO: O PAPEL DOS ROYALTIES NO DESEMPENHO DAS FINANÇAS PÚBLICAS
MUNICIPAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. 128 f. Dissertação (Mestrado em economia)
Programa de s-graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal,
2007
Analisa a magnitude, a natureza e a direção das receitas e dos gastos públicos nos municípios
produtores de petróleo e gás natural no estado do Rio Grande do Norte no período pós-
constituinte, e, mais precisamente, a partir da aprovação da Lei
9.478/97, denominada “Lei do
Petróleo”. Discute a teoria normativa do federalismo fiscal, a tipologia e o papel das
transferências intergovernamentais no desempenho das finanças públicas dos governos locais.
Mostra que a economia do Rio Grande do Norte passou por profundas mudanças sócio-
econômicas nas últimas décadas, entre as quais se incluem a descoberta do petróleo e do gás
natural e a sua importância para o crescimento dos setores industrial e de serviços. Destaca
que o aumento da produção e do preço internacional do petróleo contribuiu para o
crescimento
nas receitas dos royalties e das participações especiais nos municípios beneficiários, o que não
significou um aumento automático n
os recursos destinados ao investimento e na qualidade na
provisão dos bens e serviços voltados para o desenvolvimento local
. Ao contrário, a principal
conclusão do trabalho é que a trajetória dos municípios produtores de petróleo é marcada por
caminhos e descaminhos no desempenho das finanças públicas e na provisão de bens e serviços
públicos. Caminhos, que levam à melhoria do desempenho das finanças públicas e da qualidade
dos bens e serviços públicos. Descaminhos, que levam à ineficiência na provisão de bens e
serviços e na captura dos recursos blicos. Ou seja, a descentralização fiscal
é uma condição
necessária, porém não suficiente para melhorar a quantidade e a qualidade dos bens e serviços
públicos prestados por esses municípios. Por isto é preciso avançar nas teorias normativas do
federalismo fiscal, em busca do melhor modelo de federalismo em municípios onde ainda
predominam o patrimonialismo, o clientelismo, a ilusão fiscal e a captura dos recursos
públicos em benefício dos interesses privados.
Palavras-chaves: federalismo fiscal; descentralização fiscal; transferências
intergovernamentais; royalties.
ABSTRACT
SILVA, Maria Janaína Alves da. PATHS AND EMBEZZLEMENTS OF THE OIL PRODUCING CITIES:
THE ROLE OF THE ROYALTIES IN THE MUNICIPAL PUBLIC FINANCES PERFORMANCE IN THE
STATE OF RIO GRANDE DO NORTE. 128 f. Dissertation (Master degree in economy) - Federal University of
Rio Grande do Norte (UFRN) After-graduation Program, Natal, 2007
It analyzes the magnitude, the nature and the direction of public revenues and the public
expenses in oil and natural gas producing municipalities in the state of Rio Grande do Norte
in the post-constituent period, and, more precisely, from the approval of Law 9.478/97, called
“Oil Law”. It argues the fiscal federalism normative theory, the typology and the role of the
intergovernamental transferences in the performance of the public finances of the local
governments. Shows that the economy of Rio Grande do Norte went through deep social-
economic changes in the last few decades, among which includes the discovery of the oil and
the natural gas and its importance for the growth of the industrial and services sectors. It
points out that the increase of the production and the international price of the oil contributed
for the growth in revenues of royalties and the special participation in the beneficiary cities,
what did not mean an automatic increase in the resources destined to the investment and in the
quality on the provision of the goods and services come back toward the local development.
On the contrary, the main conclusion of the work is that the trajectory of the oil producing
municipalities is marked by paths and embezzlements in the performance of the public
finances and in the provision of public goods and services. Paths, that lead to the
improvement of the performance of the public finances and the quality of the public goods
and services. Embezzlements, that lead to the inefficiency in the provision of goods and
services and the capture of the public resources. That is, the fiscal decentralization is a
necessary condition, however not enough to improve the amount and the quality of the public
goods and services given by these municipalities. For that it is necessary to advance in the
fiscal federalism normative theories, in search of optimum model of federalism in local
governments where still predominated by patrimonialism, clientelism, fiscal illusion and the
capture of the public resources in benefit of the private interests.
Word-keys: fiscal federalism; fiscal decentralization; intergovernamental transferences;
royalties.
LISTAS DE TABELAS
Tabela 4.1: Partilha dos royalties e participações especiais para as esferas de governo,
1999 a 2005 .............................................................................................................................. 52
Tabela 4.2: Média do pessoal ocupado total nos municípios petrolíferos do RN, 1999
a 2005 ....................................................................................................................................... 58
Tabela 5.1: Valores da arrecadação per capita, 1999 a 2005 ................................................... 64
Tabela 5.2: Grau de dependência municipal, 1999 a 2005 ....................................................... 67
Tabela 5.3: Capacidade de poupança municipal, 1999 a 2005 ................................................. 70
Tabela 5.4: Grau de comprometimento da receita, 1999 a 2005 ............................................ 782
Tabela 6.1: Gastos municipais per capita com educação e cultura, 1999 a 2005 .................... 79
Tabela 6.2: Percentual da evolução do corpo docente, segundo os municípios e níveis de
ensino 1991-2005 ..................................................................................................................... 82
Tabela 6.3: Gastos municipais per capita com saúde e saneamento, 1999 a 2005 .................. 84
Tabela 6.4: Doença trans. de not. compulsória – Dengue ........................................................ 86
Tabela 6.5: Doença trans. de not. compulsória – Hepatite ....................................................... 86
Tabela 6.6: Doença trans. de not. compulsória – Tuberculose ................................................. 87
Tabela 6.7: Doença trans. de not. compulsória – Tuberculose ................................................. 87
Tabela 6.8: Gastos municipais com administração e planejamento sobre despesas com
pessoal e encargos, 1999 a 2005 ............................................................................................... 89
Tabela 6.9: Gastos municipais per capita com habitação e urbanismo, 1999 a 2005 .............. 91
Tabela 6.10: Gastos municipais per capita com assistência e previdência social, 1999 a
2005 .......................................................................................................................................... 93
Tabela 6.11: Gastos municipais com o legislativo por número de vereadores, 1999 a 2005 ... 95
Tabela 6.12: Receita tributária municipal, 1999 a 2005 ........................................................... 96
Tabela 6.13: Despesas com o poder legislativo, 1999 a 2005 .................................................. 96
Tabela 6.14: Gastos municipais per capita com transporte, 1999 a 2005 ................................ 98
Tabela 6.15: Gastos per capita com demais despesas, 1999 a 2005 ...................................... 100
Tabela 6.16: Percentual dos gastos por função sobre a receita não financeira ....................... 101
LISTA DE FUGURAS
Figura 2.1: Transferência incondicional e sem contrapartida................................................... 25
Figura 2.2: Transferência condicional e sem contrapartida ...................................................... 26
Figura 2.3: Transferência condicional com contrapartida e ilimitada ...................................... 27
Figura 4.1: Evolução do PIB do Brasil, Nordeste e RN, 1985 – 2003. .................................... 40
Figura 4.2: Percentual do PIB por setores em relação ao PIB do RN, 1980 – 2004 ................ 41
Figura 4.3: Percentual da participação das indústrias no PIB industrial do RN, 1980 –2004 .. 41
Figura 4.4: Municípios norte-rio-grandenses produtores de petróleo. ..................................... 44
Figura 4.5: Fluxograma da distribuição e pagamento dos royalties ......................................... 51
Figura 4.6: Média per capita das rendas petrolíferas nos municípios produtores do RN de
1999 a 2005 .............................................................................................................................. 55
Figura 4.7: Média das rendas petrolíferas sobre a receita orçamentária dos municípios
produtores do RN, 1999 a 2005 ................................................................................................ 57
Figura 4.8: Média das rendas petrolíferas sobre investimentos nos municípios produtores de
petróleo do RN de 1999 a 2005 ................................................................................................ 59
Figura 4.9: Média do Índice de Especialização/ Diversificação do Mercado de Trabalho, 1999
a 2005 ....................................................................................................................................... 61
Figura 6.1: Evasão escolar no ensino municipal de 2001 a 2004 ............................................. 80
Figura 6.2: Número de habitantes por leito existente na rede hospitalar do SUS, 1999 a
2005 .......................................................................................................................................... 85
Figura 6.3: Número de residências ligadas ao abastecimento de água, 1999 a 2005 ............... 87
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1:
Quadro 5.1:
Eixos estruturantes de ações de políticas sociais e econômicas municipais....
Tendências dos indicadores de desempenho das finanças públicas nos municípios
produtores de petróleo do estado do rio grande do norte, 1999 – 2005..............
35
73
LISTA DE SIGLAS
ANP
BCC
BPC
BTN
CA
CNP
CP
CPI
FPE
FPM
FUNDEB
FUNDEF
GCR
GD
IBGE
ICMS
IDEMA
IGP – DI
IPCA
IPEA
IPI
IPVA
ITR
IULC
LDO
LOA
LRF
PCPR
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Brasil Criança Cidadão
Benefício de Prestação Continuada
Bônus do Tesouro Nacional
Capacidade de Arrecadação
Conselho Nacional do Petróleo
Capacidade de Poupança
Comissão Parlamentar de Inquérito
Fundo de Participação dos Estados
Fundo de Participação dos Municípios
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação
Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério
Grau de Comprometimento da Receita
Grau de Dependência
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço
Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Imposto sobre Produto Industrializado
Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotivo
Imposto Territorial Rural
Imposto Único sobre Líquidos e Combustíveis
Lei de Diretrizes Orçamentárias
Lei Orçamentária Anual
Lei de Responsabilidade Fiscal
Programa de Combate a Pobreza Rural
PETI
PETROBRÁS
PIB
PR
RGPS
STF
STN
SUS
TCE
TCU
UCAM
VTP
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
Petróleo Brasileiro S/A
Produto Interno Bruto
Preço de Referência
Regime Geral de Previdência Social
Supremo Tribunal Federal
Secretaria do Tesouro Nacional
Sistema Único de Saúde
Tribunal de Contas do Estado
Tribunal de Contas União
Universidade Cândido Mendes
Volume Total de Produção
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 2
O DEBATE TEÓRICO SOBRE O FEDERALISMO FISCAL E A SUA
APLICABILIDADE NA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ......................... 17
2.1 – CONCEITUAÇÃO E TIPOLOGIA DE DESCENTRALIZAÇÃO ............................... 18
2.1.1 – A descentralização brasileira a partir dos anos 1980 .............................................. 20
2.2 ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO, FEDERALISMO FISCAL E
TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS ............................................................. 22
2.2.1 A teoria normativa e o papel das transferências intergovernamentais .................... 24
2.2.1.1 Transferência incondicional sem contrapartida .......................................................... 24
2.2.1.2 Transferência condicional sem contrapartida ............................................................. 26
2.2.1.3 Transferência condicional, com contrapartida e ilimitada .......................................... 27
2.2.2 Variedade, virtudes e defeitos das transferências intergovernamentais no Brasil .. 28
CAPÍTULO 3
ASPECTOS CONCEITUAIS E PROCEDIMENTOS MEDOTOLÓGICOS ................. 31
3.1 – ASPECTOS CONCEITUAIS ......................................................................................... 31
3.2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 33
3.3 – TRATAMENTO DOS DADOS ...................................................................................... 34
3.4 – PERÍODO ANALISADO................................................................................................ 36
3.5 – BASE DE DADOS .......................................................................................................... 36
3.6 – PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO................................................................................ 37
3.7 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................................... 37
CAPÍTULO 4
TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA ECONOMIA DO RIO GRANDE DO NORTE:
EVOLUÇÃO E IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E DOS ROYALTIES . 39
4.1 ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................... 39
4.2 – A IMPORTÂNCIA DO PÉTRÓLEO NA ECONOMIA DO ESTADO ........................ 42
4.3 – PARTICIPAÇÕES GOVERNAMENTAIS À LUZ DA LEGISLAÇÃO ...................... 45
4.4 – A PARTILHA DAS PARTICIPAÇÕES GOVERNAMENTAIS .................................. 50
4.5 – ROYALTIES PER CAPITA: MUNICÍPIOS RICOS COM POPULAÇÃO POBRE .... 53
4.6 RENDAS PETROLÍFERAS: DINHEIRO DEMAIS PARA INVESTIMENTO DE
MENOS .................................................................................................................................... 58
4.7 – ESPECIALIZAÇÃO VERSOS DIVERSIFICAÇÃO ..................................................... 60
CAPÍTULO 5
FINANÇAS PÚBLICAS NOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE PETRÓLEO:
DESPESAS SEGUNDO AS CATEGORIAS .......................................................................... 62
5.1 – CAPACIDADE DE ARRECADAÇÃO (CA) ................................................................ 63
5.2 – GRAU DE DEPENDÊNCIA (GD) ................................................................................. 66
5.3 – CAPACIDADE
DE POUPANÇA (CP) .......................................................................... 69
5.4 – GRAU DE COMPROMETIMENTO DAS RECEITAS (GCR) ................................... 771
CAPÍTULO 6
FINANÇAS PÚBLICAS NOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE PETRÓLEO:
DESPESAS SEGUNDO AS FUNÇÕES ................................................................................. 75
6.1 – GASTOS COM EDUCAÇÃO E CULTURA ................................................................. 76
6.1.1 – Gastos públicos em educação .................................................................................... 77
6.1.2 – Características do corpo docente .............................................................................. 81
6.2 – GASTOS COM SAÚDE E SANEAMENTO ................................................................. 83
6.3 – GASTOS COM ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO ......................................... 88
6.4 – GASTOS COM HABITAÇÃO E URBANISMO .......................................................... 90
6.5 – GASTOS COM ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL ...................................... 91
6.6 – GASTOS COM O LEGISLATIVO ................................................................................ 94
6.7 – GASTOS COM TRANSPORTE ..................................................................................... 97
6.8 – GASTOS COM DEMAIS DESPESAS ........................................................................... 98
6.9 -- PARTICIPAÇÃO RELATIVA DAS DESPESAS POR FUNÇÃO NAS
RECEITAS..............................................................................................................................100
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 109
APÊNDICE A........................................................................................................................115
APÊNDICE B....................................................................................................................... 118
APÊNDICE C........................................................................................................................121
ANEXO 1 ............................................................................................................................... 124
ANEXO 2 ............................................................................................................................... 125
ANEXO 3 ............................................................................................................................... 128
INTRODUÇÃO
A economia do setor público dos municípios brasileiros vem passando por profundas
mudanças de natureza institucional e fiscal desde o início da década de 1980. As
manifestações mais visíveis dessas mudanças foram a elevação dos municípios à categoria de
entes autônomos da Federação, a ampliação das suas responsabilidades pela provisão de bens
e serviços públicos, e, o aumento das transferências intergovernamentais.
O crescimento das receitas e dos gastos públicos municipais incluíram-se, então,
entre os fenômenos recentes e inter-relacionados que mais chamaram a atenção dos estudiosos
das finanças públicas brasileiras a partir da promulgação da Constituição Federal em 1988 e
da aprovação da Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000, denominada Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), voltada, dentre outras exigências voltadas para o aumento da
eficiência, da efetividade e da responsabilização democrática da gestão pública.
No caso das regiões produtoras de petróleo, nas quais se incluem quinze municípios
do Rio Grande do Norte, a formalização dessas exigências foi objeto de lei específica, de
número 9.478/97, denominada Lei do Petróleo, que assegurou aos municípios produtores
transferências adicionais de recursos, provenientes do recebimento de royalties e das
participações especiais, que vieram a se somar às transferências constitucionais e negociadas
que já faziam parte da composição das receitas públicas municipais em todo o Brasil.
O volume de recursos transferidos para os municípios produtores de petróleo do Rio
Grande do Norte corresponderam, no ano de 2005, a um total de R$ 336.866.192,19
1
,
segundo dados publicados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Apesar disto, pouco se
sabe sobre os efeitos deste vultoso movimento de transferências inter-governamentais sobre as
finanças públicas municipais e sobre a quantidade e a qualidade na provisão dos bens e
serviços públicos, o que justifica as questões de pesquisa que a seguir são formuladas:
i) Em que medida o aumento das transferências inter-governamentais, decorrentes
dos royalties do petróleo, contribuíram para o aumento da autonomia e para a melhoria das
1
O valor não corresponde ao total das receitas correntes dos 15 municípios petrolíferos, pois os municípios de
Alto do Rodrigues, Areia Branca, Caraúbas, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Macau, Pendências e
Serra do Mel não tinham seus dados disponíveis no site da STN.
condições sociais da população nos municípios produtores de petróleo no estado do Rio
Grande do Norte?
ii) Por que alguns municípios reduziram suas dependências em relação às
transferências inter-governamentais e melhoram seus indicadores sócio-econômicos, enquanto
outros não o fizeram, apesar de todos terem aumentado suas receitas públicas em decorrência
das transferências dos royalties?
iii) A descentralização fiscal está contribuindo para aumentar a eficiência na
alocação dos recursos e a cooperação entre os governos locais, ou, ao contrário, são as formas
predatórias de competição e as externalidades negativas que estão marcando a realidade dos
municípios como entes autônomos da Federação brasileira?
Os estudos até agora realizados no Rio Grande do Norte não dão respostas para essas
questões. Na realidade, o estado ainda se ressente de pesquisas que contribuam, de um lado,
para a compreensão dos aspectos mais gerais relacionados com a magnitude, a direção e a
natureza dos gastos públicos decorrentes das receitas dos royalties e das participações
especiais, e, de outro, para a avaliação dos seus efeitos sobre a autonomia e as condições de
vida da população nos municípios produtores petróleo e de gás natural.
No entanto, qualquer estudo que pretenda analisar esses aspectos, como é o caso
desta dissertação, encontrará dificuldades impostas pela insuficiência de dados relativos à
alocação dos royalties segundo as categorias econômicas e as funções, tal como são definidas
na metodologia de apuração e de divulgação das receitas e dos gastos públicos no Brasil.
Apesar disto, é possível ter uma boa aproximação a esse objetivo, considerando que os
royalties explicam a maior parte do aumento das receitas dos municípios produtores de
petróleo no Rio Grande do Norte.
Diante disto, o pressuposto básico desta dissertação diz que o aumento da
transferência de recursos e de responsabilidades para os veis sub-nacionais de governo, e,
no caso em estudo, para os municípios produtores de petróleo, mediante o pagamento de
royalties, é uma condição necessária, porém não suficiente para aumentar a quantidade e a
qualidade dos bens e serviços públicos nesses municípios, a cooperação e as externalidades
positivas nos municípios.
Com efeito, os dados trabalhados evidenciaram que os municípios que receberam os
maiores volumes de royalties e que ostentaram as maiores receitas per capita, não foram,
simultaneamente, os que apresentaram os melhores índices de desempenho nas finanças e nas
políticas públicas. Um maior aporte de recursos financeiros é, sem vida, uma condição
necessária, porém não suficiente para garantir uma boa gestão pública, tal como foi mostrado
ao longo das avaliações realizadas neste estudo.
Para chegar a essas conclusões, procurou-se realizar uma avaliação comparada das
diferenças econômicas e sociais que se configuraram nos municípios produtores de petróleo
do Rio Grande do Norte, nos últimos anos, quando uma sucessão de acontecimentos
históricos da mais alta relevância como a promulgação da Constituição Federal de 1988, a
aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei do Petróleo contribuiu para mudar a
realidade das finanças, da gestão e das políticas públicas nesses municípios.
Para isto, o trabalho ficou dividido em cinco capítulos, além desta introdução, das
considerações finais, dos anexos e dos apêndices. O capítulo 2 contém o referencial teórico
que foi construído a partir das contribuições e das conceituações desenvolvidas por diversos
autores a respeito do federalismo fiscal e da descentralização fiscal e político-institucional
ocorrida no Brasil. O capítulo 3 está desenvolve a metodologia adotada para construção do
trabalho bem como os conceitos utilizados. O capítulo 4 discorre sobre as participações
governamentais, ou seja, os royalties e participações especiais e sobre os aspectos
fundamentais da legislação, além de analisar a magnitude do valor destinado às receitas
públicas. O capítulo 5 analisa a evolução dos gastos públicos municipais, examinando como
se encontram os indicadores financeiros nos municípios produtores de petróleo do Rio Grande
do Norte, evidenciando o nível de auto-sustentação dos mesmos. O capítulo 6 trata da análise
dos gastos por função, apresentados segundo os municípios estudados, mostrando sua
evolução e seu comportamento no período de 1999 a 2005. As considerações finais
apresentam um balanço de tudo que foi apresentado no trabalho, seguido de recomendações
para futuros estudos. Finalmente, os apêndices são compostos de tabelas que foram utilizadas
para a construção das ilustrações que se encontram no capítulo 4 e os anexos contêm artigos
de lei.
CAPÍTULO 2
O DEBATE TEÓRICO SOBRE O FEDERALISMO FISCAL E A SUA
APLICABILIDADE NA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
A descentralização das finanças públicas e das atribuições do governo federal para
os governos sub-nacionais, a constituição dos municípios brasileiros como entes autônomos
da Federação, e, a instituição de medidas relativas ao aumento da eficiência, da efetividade e
da responsabilização democrática na gestão pública brasileira podem ser caracterizadas como
as mudanças mais profundas que foram consagradas na Constituição Federal de 1988 e na Lei
de Responsabilidade Fiscal de 2001.
No caso particular da responsabilização democrática, objeto de capítulo específicos
da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foram
estabelecidos distintos instrumentos de controle, entre os quais se incluíram: os Planos
Plurianuais (PPA), as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), as Leis Orçamentárias Anuais
(LOA), os Tribunais de Contas, as Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI), as auditorias
financeiras, o orçamento participativo, os limites de endividamento público, e, as regras de
restrição orçamentária e de responsabilidade fiscal
2
.
Foi com base nesses instrumentos novos ou renovados, que os municípios, uma vez
elevados à categoria de entes autônomos da Federação, passaram a assumir um conjunto bem
mais amplo de responsabilidades, comparativamente às suas atribuições anteriores: legislar
sobre assuntos de interesse local; instituir e arrecadar os tributos de sua competência;
organizar e prestar diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local; manter, com a cooperação técnica da União e do Estado,
programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; prestar, com a cooperação
técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
promover adequado ordenamento territorial; e, proteger o patrimônio histórico-cultural,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
2
Abrucio & Loureiro (2004 p. 81 - 82)
Para o cumprimento dessas atribuições, os municípios passaram a contar com
receitas oriundas de sua própria arrecadação, de parte do produto da arrecadação da renda e
proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, e, de outros tipos de
descentralização ou transferências de recursos ou atribuições, objeto de convênios, acordos ou
contratos específicos, como é o caso dos royalties do petróleo, que são o objeto de estudo
desta dissertação.
Fica evidente, a partir dessas considerações iniciais, que a descentralização de
recursos e responsabilidades e a concessão de autonomia aos municípios, passaram a fazer
parte de um mesmo propósito, subjacente à concepção da Constituição Federal de 1988 e à
Lei de Responsabilidade Fiscal de 2001. Quer dizer, para que a provisão dos bens e serviços
públicos seja o mais eficaz, eficiente e efetiva, deve ela ser prestada o mais próximo possível
dos cidadãos e cidadãs que a demandam; dispor de recursos próprios ou de transferências que
a financiem; ser planejada e implementada por governos autônomos, e, ser objeto de
responsabilização democrática, entendida como a obrigatoriedade que têm os gestores
públicos de prestarem contas dos seus atos e omissões perante a sociedade.
Apesar da importância desses conceitos como orientadores de uma nova gestão
pública, descentralizada, participativa e eficiente, não existe unanimidade quanto aos seus
significados. Por isto, torna-se necessário problematizá-los, e, assim procedendo, encontrar o
sentido operacional dos termos que serão utilizados
, e, uma vez operacionalizados, decompô-
los em variáveis e indicadores, aplicá-los na avaliação da direção, da magnitude, da natureza e
dos efeitos dos gastos públicos, e, finalmente, responder às questões de pesquisa que
orientaram a presente dissertação.
2.1 – CONCEITUAÇÃO E TIPOLOGIA DE DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização fiscal e político-institucional que ocorreu no Brasil a partir da
década de 1980 é em geral definida como a transferência de recursos financeiros, atribuições e
poder decisório do governo federal para os governos dos estados e dos municípios, e, além
disto, da esfera governamental para as instâncias não-governamentais que implementam
políticas públicas (MATOS FILHO, 2002, p. 35).
Apesar da aparente unanimidade do conceito, um exame mais atento mostra que a
descentralização pode se manifestar de diferentes formas, podendo ser visualizada numa
gradação que vai da simples desconcentração de responsabilidades executivas de programas,
projetos e atividades, a a transferência de autonomia e efetivo poder decisório entre
instâncias, independente desta se dar dentro de uma mesma instituição ou entre instituições e
esferas distintas de governo. Somente este último caso caracterizaria um verdadeiro processo
de descentralização (BUARQUE, 2002, p. 42 e 43).
Com a distinção entre os dois conceitos descritos acima, percebe-se que ambos são
parecidos, e talvez por esta razão, o termo descentralização seja muitas vezes empregado de
forma inadequada, nem sempre relacionado à transferência de poder e de autonomia. Por esta
razão, é ainda importante, para uma melhor precisão do conceito, fazer a distinção entre
descentralização autônoma que ocorre “quando a unidade institucional descentralizada
assume responsabilidades com base em recursos próprios, de forma que suas decisões
independem das esferas superiores”, e, descentralização dependente, que é diretamente
“associada ao repasse de recursos das instâncias superiores para as unidades hierarquicamente
inferiores, por vontade e decisão das primeiras”. Neste caso, as instâncias menores e/ou
inferiores não teriam autonomia em suas decisões, pois estas estariam diretamente ligadas às
decisões tomadas pelas instâncias superiores.
O segundo tipo de descentralização é classificado em dois blocos: no primeiro bloco
está a descentralização Estado Estado que “[...] inclui a transferência de poder e
responsabilidade da União para os estados e municípios, transferências dos estados para os
municípios, e transferência de responsabilidade dentro da mesma instância para unidades
descentralizadas no espaço”; ou seja, as esferas espacialmente maiores delegam poderes e
responsabilidades para as esferas municipais e estas, por sua vez, delegam responsabilidades
dentro do mesmo espaço para comunidades e instituições parceiras; o segundo bloco
classifica-se como descentralização Estado – sociedade que resulta na “[...] transferência para
a sociedade da capacidade de decisão e execução de atividades, gestão de recursos e prestação
de serviços, tradicionalmente concentrada nas o das unidades estatais e governamentais”.
(BUARQUE, 2002 op, cit. p. 44-45)
Prud’homme (1994), citado por Matos Filho (2002, p. 46-47), distingue a
descentralização em três modelos denominados de: descentralização espacial ou política
regional que corresponde a “um processo de redistribuição da população e das atividades
urbanas para longe dos grandes aglomerados”; o segundo modelo é o de descentralização de
mercado, que é definido “como um processo pelo qual os bens e serviços são fornecidos por
mecanismos de mercado ao invés de decisão governamental”, como é o caso da terceirização
dos serviços que são prestados por outras entidades que não são ligadas ao governo, que,
anteriormente, estes serviços eram prestados pelas esferas governamentais; e o terceiro e
último modelo é o de descentralização administrativa, que corresponde a ”transferência de
responsabilidades pelo planejamento, administração, obtenção e alocação de recursos do
governo central e suas agências, para unidades ou níveis de governos subordinados [...]”. O
autor ainda sub-dividiu o terceiro modelo em três partes que são: a desconcentração, a
delegação e a devolução.
A desconcentração corresponde ao repasse do poder decisório entre diferentes níveis
dentro do governo. A delegação relaciona-se com a atribuição de responsabilidade e poder do
governo central para organizações semi-autônomas, sendo essas organizações parcialmente
controladas pela esfera central, a quem devem prestar contas. A devolução corresponde ao
repasse ou transferência de poder do governo central para os sub-nacionais independentes.
Para além dos distintos tipos de descentralização acima caracterizados, o Brasil é o
um caso paradigmático de alternância de processos históricos de centralização e
descentralização que remontam às origens da própria Federação brasileira. Da promulgação
da Constituição Federal de 1891 até 1934, verificou-se um claro movimento de
descentralização com a substituição do Estado unitário, vigente em todo o Império, por uma
República Federativa, onde a União, os Estados e os Municípios foram formalmente
reconhecidos como entes autônomos.
Ao contrário, no período de 1930 a 1945, verificou-se no país um movimento de
centralização administrativa e fiscal que somente foi interrompido com a instituição pioneira
do sistema de transferências intergovernamentais, a volta do regime democrático e da
autonomia das esferas sub-nacionais de governo, de 1946, o qual perdurou até 1964, com o
golpe militar. O regime militar trouxe de volta o fenômeno da centralização administrativa e
fiscal, desta vez projetando-se para os demais entes da federação com a eleição indireta
(nomeação) dos governadores dos estados e prefeitos das capitais.
A redemocratização do início dos anos 1980 traz de volta a descentralização fiscal e
político institucional com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o aumento da
autonomia dos estados e municípios.
2.1.1 – A descentralização brasileira a partir dos anos 1980
A retomada do processo de descentralização no início da década de 1980, não foi
conseqüência da crise fiscal; ela aconteceu principalmente por causa das várias Emendas
Constitucionais que fizeram com que o Fundo de Participação dos Estados e Municípios (FPE
e FPM) tivessem seus percentuais aumentados. Afonso (1996, p. 3), enfatiza que a aprovação
das Emendas foi um dos pontos importantes para retomada e o avanço desse processo no
Brasil.
As Emendas Constitucionais n. 23/83 e n. 79/84, de autoria, respectivamente, do
senador Passos Porto (PDS CE) e do deputado Airton Sandoval (PMDB SP),
fizeram parte desses avanços descentralizadores anteriores à Constituição de 1988,
que ratificou e aprofundou esse movimento.
A primeira Emenda Constitucional, além de ampliar as alíquotas do FPE e FPM,
aumentou também suas participações no Imposto Único sobre Líquidos e Combustíveis
(IULC) e ampliou a base tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS).
A segunda Emenda partilhou o Imposto Territorial Rural (ITR) com os municípios, e
criou o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de competência dos
estados, mas sendo repartido com os municípios.
Os maiores favorecidos com essas Emendas Constitucionais foram os municípios,
que tiveram sua participação na receita disponível elevada de 9% para 15%, no período
correspondente aos anos de 1980 e 1994, respectivamente. Entretanto, a evolução das receitas
próprias apresentou um tímido aumento de 3% para 5%, no mesmo período, evidenciando que
os ganhos da participação municipal nas receitas se dão, predominantemente, em decorrência
das transferências intergovernamentais.
Autores como Afonso (1996) e Buarque (2002), caracterizaram o processo de
descentralização ocorrido no Brasil após a Constituição Federal de 1988 como descoordenado
e irregular. O primeiro autor diz que a descentralização brasileira foi comandada pelos estados
e municípios, e que não existiu um planejamento para isso. A União foi quem mais saiu
perdendo com esse movimento que ainda não foi concluído e encontra-se cheio de conflitos.
A Constituição de 1988 não explicita de forma clara as atribuições de encargos destinados às
esferas sub-nacionais. Isto ocorreu devido a descoordenação existente no processo
descentralizador estabelecidos em uma federação tão heterogênea quanto o Brasil.
Com a promulgação da Constituição de 1988, iniciou-se no Brasil um processo
desorganizado de descentralização político administrativa, com distribuição de
responsabilidades e poder decisório para os estados e municípios, reduzindo o peso
da União. Desde então, tal processo avança de forma irregular e desconexa, tratando
de forma desequilibrada o repasse de responsabilidade e de recursos, e apresentando
distorções na gestão da coisa pública, além de estimular uma excessiva
fragmentação do corte político administrativo no território, com a criação de um
grande número de municípios. (BUARQUE, 2002, P. 47)
O Artigo 158 da Constituição Federal de 1988 atribuiu novos recursos aos estados e
municípios, instituindo maneiras mais eficientes de transferência de recursos. Os municípios
hoje em dia representam maior poder político devido ao avanço da descentralização, e, com o
passar do tempo, sua autonomia vai se tornando cada vez mais forte e abrangente. Cada qual
com suas diferentes peculiaridades, lutando para obter êxito em suas reivindicações perante o
governo central.
No entanto, a experiência e as contribuições teóricas mais recentes têm demonstrado
que a descentralização fiscal é uma condição necessária, porém não suficiente para aumentar
a eficiência dos governos sub-nacionais e o bem-estar social das populações locais na
proporção gerada pelos pioneiros da economia do setor público, da descentralização fiscal e
das transferências intergovernamentais nas décadas de 1950 e 1970.
2.2 ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO, FEDERALISMO FISCAL E
TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS
Os pioneiros da economia do setor público e do caráter virtuoso da descentralização
fiscal, Charles Tibout (1956) e Wallace Oates (1972), in Mendes, reconheceram na
descentralização fiscal, e, consequentemente, nas transferências intergovernamentais, um
importante instrumento para aumentar a eficiência na alocação de recursos pelos governos
sub-nacionais e na melhoria do bem-estar social das populações locais.
De acordo com Mendes
3
, a descentralização fiscal seria um instrumento útil para
levar o consumidor a revelar suas preferências por bens públicos. Estando os governos locais
mais próximos dos usuários, poderiam eles não somente conhecer as suas preferências, como
serem por eles fiscalizados no cumprimento de suas responsabilidades democráticas perante a
sociedade que os elegeu.
Cada governo aparecia, então, com uma cesta diferente de bens públicos, dando
oportunidade às famílias de escolherem a cesta de bens e os impostos de suas preferências, o
que justificava a expressão “votar com os pés no chão”. A descentralização apareceria, assim,
como uma forma de mimetizar o mercado, na medida em que os governos locais poderiam ser
associados às firmas; as famílias aos consumidores e o “preço” dos bens públicos à carga
tributária cobrada pelos governos locais.
Neste tipo de abordagem os governos locais o somente teriam as condições de
ofertar uma cesta de bens públicos, como arrecadar os tributos requeridos para financiá-la; a
população local, por sua vez, teria todas as informações necessárias para exercer o seu direito
de fiscalizar e de exigir dos gestores públicos o cumprimento de suas responsabilidades em
benefício do bem-estar social.
Diante dessas dificuldades, a proposta de Wallace Oates, formulada em 1972,
explorou uma nova dimensão das relações intergovernamentais, que foi a possibilidade de
cooperação entre os níveis de governo como estratégia para aumentar a eficiência da ação
pública. Diferente de Tiebout, que pregava a competição, Oates defendia uma espécie de meio
termo entre a administração pública centralizada e a descentralizada, de modo a minimizar os
defeitos da centralização e aproveitar as virtudes da descentralização.
Um setor público totalmente descentralizado não teria condições de implementar
políticas macroeconômicas, nem como garantir bens públicos com abrangência interestadual,
como segurança e defesa nacionais. De forma análoga, um governo centralizado não teria
condições de atender preferências locais ou promover a responsabilização democrática,
mediante o estímulo à fiscalização dos governos locais pelos cidadãos.
Apesar dos pontos positivos atribuídos à descentralização, a prática e os estudos
posteriores demonstraram que esses efeitos poderiam ser neutralizados por problemas
relativos à exportação de tributos, comportamentos oportunistas, regressividade tributária,
captura dos recursos blicos, “guerra fiscal” e diversos tipos de externalidades negativas.
3
Mendes (2004, p. 424 – 425)
Daí as contribuições da teoria normativa, que procura minimizar os efeitos negativos e
maximizar os benefícios da descentralização fiscal, ao lado das contribuições da literatura
empírica e positiva que analisa os efeitos indesejados das transferências fiscais, das quais
resultaram as contribuições quanto às dificuldades práticas para estabelecer um sistema de
transferências em conformidade com o receituário teórico (MENDES 2004, p. 448 – 457).
2.2.1 A teoria normativa e o papel das transferências intergovernamentais
Todo esse debate deu origem a uma extensa literatura normativa, com o objetivo de
encontrar um modelo ótimo de federalismo que permitisse maximizar os benefícios da
concorrência entre os governos locais e da divisão de tarefas entre os veis de governo, de
modo a minimizar as externalidades negativas, estimular a cooperação entre os entes
federativos e minimizar os desequilíbrios financeiros decorrentes da distribuição de renda
entre as regiões e os municípios.
Além da ampla legislação produzida como decorrência da teoria normativa, uma das
medidas mais frequentemente utilizadas para assegurar os benefícios da descentralização
foram os condicionantes associados às transferências intergovernamentais. Às transferências
constitucionais, legais e voluntárias, foram acrescentadas outras possibilidades, como as
transferências condicionais ou incondicionais; com contrapartida ou sem contrapartida;
limitada ou ilimitada, as quais são a seguir caracterizadas:
2.2.1.1 Transferência incondicional sem contrapartida
As transferências incondicionais sem contrapartida podem ser definidas como
aquelas em que a esfera doadora não estabelece critérios específicos de onde e como devem
ser aplicados esses recursos, também não mantêm vinculação quanto ao montante transferido
e ao montante aplicado pela esfera recebedora, como por exemplo, os recursos do FPE, FPM
e ICMS.
Neste tipo de transferência, o governo central determina um aumento no repasse de
determinado recurso, a aplicação do mesmo pode ser direcionada para o aumento dos gastos
públicos de qualquer área, pois a esfera beneficiária não tem a obrigação de aplicar em áreas
pré-determinadas pela esfera doadora. Minimizar o desequilíbrio vertical é um dos objetivos
desse tipo de transferência, e uma das formas é através da partilha seguindo o princípio da
derivação, como é o caso do ICMS, onde o estado que mais arrecadar este imposto receberá,
via transferência do governo central, a maior parte referente a arrecadação feita pela esfera
central.
Bem privado
Fonte: Shah, in Mendes (2004)
Bem público
Figura 2.1: Transferência incondicional e sem
contrapartida
Além de diminuir o desequilíbrio vertical, as transferências incondicionais e sem
contrapartida também servem para reduzir o hiato entre as regiões, reduzindo as diferenças
existentes entre elas. No caso brasileiro, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (menos
desenvolvidas) recebem transferências advindas da arrecadação das regiões Sul e Sudeste
(mais desenvolvidas). Portanto, de acordo com os critérios da partilha, os estados mais pobres
recebem a maior parte do FPE, comparativamente com os estados mais ricos.
O intuito é reduzir essa desigualdade entre estados pobres e ricos, fazendo com que
ambos sejam competitivos econômico e socialmente. Porém, há certa discordância em relação
a esse assunto, que as regiões mais desenvolvidas não concordam com estes benefícios
C
E
A
w
-h
z
-h -h
G
B D
direcionados às regiões menos desenvolvidas, pois eles teriam suas próprias vantagens
comparativas
4
.
2.2.1.2 Transferência condicional sem contrapartida
As transferências condicionais e sem contrapartida são aquelas em que a esfera local
ao receber o recurso transferido tem predefinido em qual área deve ser aplicado o montante
doado, isto porque a esfera central ao fazer a doação estabelece onde deve ser gasto essa
verba, como por exemplo, o caso do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico e de
Valorização do Profissionais da educação (FUNDEB) em que o município beneficiário é
obrigado a aplicar esta verba, de acordo com os critérios estabelecidos pelo governo central.
Na Figura 2.2 a restrição orçamentária da esfera local é igual a AB. No entanto,
quando o governo central transfere um montante AC = OE, este deve ser obrigatoriamente
gasto na área pré-estabelecida pela esfera doadora, como acontece com os recursos do
FUNDEB. Portanto, a restrição orçamentária da esfera local passa a ser ACD.
Outros bens públicos
Bem público incentivado
Fonte: Shah, in Mendes (2004)
Figura 2.2: Transferência condicional e sem
contrapartida
4
Mendes (2004)
A
C
O E B D
Esta é uma forma de o governo central garantir recursos aos municípios para que
estes possam fornecer a suas populações serviços com um padrão nimo que garanta o
suprimento das necessidades básicas para aqueles mais carentes que não conseguem usufruir
dos serviços de origem privada. Dessa forma o governo central garante o provimento de bens
e serviço públicos aos que mais necessitam.
2.2.1.3 Transferência condicional, com contrapartida e ilimitada
Transferências condicionais com contrapartida o definidas como aquelas em que a
esfera central transfere um montante proporcional de recurso de acordo com o valor investido
pela esfera local em determinada área incentivada. Isto é uma forma de incentivo às esferas
locais para que elas invistam em bens e serviços públicos que venham a beneficiar as áreas
condicionadas pelo governo central, e por serem ilimitadas não têm um valor máximo
estabelecido para a transferência desses recursos. Por exemplo, a cada real investido pelo
governo local, o governo federal transfere 25% para o mesmo como forma de incentivo
5
.
Outros bens públicos
Bem público incentivado
Fonte: Shah, in Mendes (2004)
Figura 2.3: Transferência condicional com
contrapartida e ilimitada
5
Mendes (2004)
A
N
M 25% - subsídio
B C
Deste modo o governo central subsidia os custos na prestação de bens e serviços
públicos incentivados. Por exemplo, para cada valor que os municípios investem em políticas
de preservação do meio ambiente, um valor correspondente estabelecido pelo governo
central e repassado aos municípios para subsidiar seus custos na área investida. Os benefícios
poderão ser usufruídos por residentes e não-residentes.
Isto faz com que os municípios subsidiados sejam estimulados a dar continuidade
aos seus investimentos públicos. Porém, quem discorde deste tipo de transferência, pois
elas tenderiam a beneficiar os municípios mais ricos que seriam privilegiados por terem mais
recursos que serviriam como contrapartida, diferentemente dos municípios pobres em que
seus recursos financeiros são poucos. O mesmo acontece com a divisão de recursos que segue
o princípio da derivação.
2.2.2 Variedade, virtudes e defeitos das transferências intergovernamentais no Brasil
A principal característica das transferências intergovernamentais no Brasil é a sua
ampla variedade. As transferências constitucionais e legais são realizadas com recursos
alocados ao Fundo de Participação dos Estados; ao Fundo de Participação dos Municípios; ao
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB) que entrou em vigor no mês de janeiro de 2007,
sucedendo do antigo FUNDEF; ao ressarcimento do ICMS para os estados, previsto na Lei
Kandir; à cota-parte dos estados e municípios no Imposto de Renda e no IPI; e, à cota-parte
dos municípios no IPVA, no ICMS e no ITR.
As transferências voluntárias, que resultam de convênios, acordos ou cooperação
financeira entre a União, os Estados e os Municípios, são realizadas por intermédio de
convênios, cujo número e valor dependem das relações políticas e do poder de barganha dos
governos municipais com os estaduais e com o central, assim como das relações políticas e do
poder de barganha dos governos estaduais com o governo central.
Como virtudes, as transferências intergovernamentais trouxeram um aumento
significativo no volume de recursos destinados às esferas sub-nacionais, assim como, um
aumento no grau de liberdade para os gestores poderem aplicá-las nas prioridades locais,
salvo algumas exceções como é o caso das transferências condicionais com ou sem
contrapartida, conforme visto nos sub-itens 2.2.1.2 e 2.2.1.3, anteriormente.
Entretanto, as transferências intergovernamentais também têm seus defeitos, como é
o caso das transferências negociadas, visto que nem sempre as esferas sub-nacionais são
beneficiadas com esse tipo de recursos, o que acontece por causa das barganhas existentes no
meio político, o que depende do grau de importância e da força política exercidos por alguns
eleitos nos governos em vigor. As barganhas políticas trazem vantagens para alguns entes e
desvantagens pra outros, por exemplo, quando um político de determinado estado brasileiro
participa ou exerce função em alguma área estratégica que possa disponibilizar recursos para
investimentos nos governo sub-nacionais, este político exerce sua força/influência política
para angariar mais recursos pro seu estado de origem. E assim vai acontecendo a cada vez que
novos políticos vão tendo a oportunidade de “brigar” por mais recursos para o seu estado,
com isso, a esfera que tem um representante de “peso” em situação privilegiada terá
vantagens sobre aquelas esferas que não têm políticos com tanta representatividade e poder
em determinado período.
No caso particular dos royalties, os estudos realizados no estado do Rio Grande do
Norte não dão conta de avaliar as virtudes e os defeitos das transferências
intergovernamentais, pois a legislação brasileira não estabelece onde e nem como se deve
alocar o montante de recursos públicos provenientes das participações governamentais. No
entanto, o que a legislação estabelece é onde não devem ser empregados esses recursos: é
vetada a sua aplicação no pagamento de dívida, e, na folha de pagamento de funcionários
permanentes.
A descentralização fiscal contribui para aumentar a autonomia, a eficiência na
alocação dos recursos e a cooperação entre os governos locais, desde que haja uma efetiva
fiscalização tributária na aplicação desses recursos para que estes sejam bem alocados,
favorecendo, sobretudo, o desenvolvimento socioeconômico dos entes beneficiados ainda é
muito presente.
Por essa razão, as contribuições dadas pelos aportes teóricos relativos à avaliação do
ponto de vista do gasto e financiamento das políticas públicas serão utilizadas, nos capítulos
seguintes, onde são feitas análises relativas às transformações na economia do Rio Grande do
Norte e à importância dos royalties para os municípios do estado; à magnitude, natureza e
direção dos gastos públicos segundo as categorias econômicas receitas e despesas correntes
e de capital – e, às suas respectivas funções, entre as quais se incluem as relativas às
competências municipais exclusivas ou compartilhadas, como saúde, educação e assistência
social. O próximo capítulo discorre sobre os conceitos e a metodologia adotada para a
construção e análise deste trabalho.
CAPÍTULO 3
ASPECTOS CONCEITUAIS E PROCEDIMENTOS MEDOTOLÓGICOS
Este capítulo é dedicado às questões analíticas que orientaram este trabalho. Sua
finalidade é apresentar os aspectos conceituais e metodológicos que foram utilizados no
processo de pesquisa, bem como, o caminho percorrido na elaboração para chegar às
respostas para as questões de pesquisas propostas. Compreende, em primeiro lugar, a
definição dos principais conceitos utilizados na construção deste trabalho.
Em seguida são apresentados os procedimentos metodológicos adotados na
realização da análise dos indicadores de desempenho das finanças públicas municipais,
especialmente, as provenientes dos recursos do petróleo e a direção dos seus gastos sociais
nos municípios produtores de petróleo do Rio Grande do Norte. Os municípios produtores
selecionados são Mossoró, Guamaré, Macau, Alto do Rodrigues, Pendências, Carnaubais,
Apodi, Areia Branca, u, Caraúbas, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Porto do
Mangue e Upanema.
3.1 – ASPECTOS CONCEITUAIS
De acordo com a exigência da Constituição Federal, a Lei 4.320 “[...] estatui normas
gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal [...]”.
O art. 11 e 12 da Lei 4.320/64 caracteriza a receita orçamentária em duas
categorias econômicas: receitas correntes e receitas de capital. E a despesa também em duas
categorias: despesas correntes e despesas de capital. Ambas são compostas por recursos
auferidos no período de gestão.
a) Receitas Correntes
correspondem à soma dos recursos provenientes da receita
tributária, receitas de contribuição, receita patrimonial, receita industrial,
transferências correntes e outras de natureza semelhante. As receitas correntes,
também denominadas de receitas ordinárias, aumentam o patrimônio não
duradouro do Estado, constituindo-se como rendimentos de fontes certas,
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, com a finalidade de
sanar as despesas correntes.
b) Receitas de Capital são compostas pelos recursos provenientes das operações de
crédito, alienação de bens, transferências de capital e outras de natureza
semelhante. As receitas de capital são também conhecidas como receitas
extraordinárias, porque não fazem parte do quadro permanente do orçamento
público. Podendo ou não constar na estrutura orçamentária em certos períodos,
estas receitas têm por finalidade atender às despesas de capital.
c) Transferências Correntes são recursos provenientes de transferências
intergovernamentais, provenientes da União e dos estados, além de outras
transferências correntes. Definidas como dotações destinadas a terceiros sem a
correspondente prestação de serviços incluindo as subvenções sociais, os juros da
dívida a contribuição de previdência social, etc
6
.
d) Despesas Correntes correspondem ao total de despesas realizadas pelos órgãos
com despesas de custeio, obrigações patronais e outras. Em síntese, são as
realizadas com a manutenção dos equipamentos e com o funcionamento dos
órgãos.
e) Despesas de Capital – são compostas por investimento, como obras públicas,
materiais permanentes, equipamentos e instalações etc.; inversões financeiras,
como aquisição de imóveis, concessão de empréstimos dentre outras; e
transferências de capital que são as amortizações da Dívida Pública, auxílio para
obras públicas entre outras.
A Lei 9.478, de 06 de agosto de 1997, também conhecida como Lei do Petróleo, que
trata da política energética nacional, expõe, entre outros pontos, em seus artigos 45 a 51 sobre
a participação na remuneração dos entes da Federação União, Estados e Municípios –
referentes aos royalties, participação especial, nus de assinatura e pagamento pela retenção
6
Segundo definição da STN.
e ocupação da área. Este assunto será abordado no decorrer do trabalho, visto que este
capítulo refere-se apenas à metodologia adotada.
Conceitualmente, o termo royalties refere-se a um “valor pago ao detentor de uma
marca, patente, processo de produção [...]. Os detentores recebem porcentagens das vendas
dos produtos produzidos com um concurso de suas marcas, processo e etc. ou dos lucros
obtidos com essa operação” (Sandroni, p. 540, 1999).
Royalties é uma das formas mais antigas de pagamento de direitos. A palavra royalty
foi originada da língua inglesa royal, que significa algo “da realeza” ou “relativo ao rei”. Era
conferido aos reis o direito de receber pagamento pela extração de minerais explorados em
suas terras. No Brasil, os royalties são pagos sobre a exploração e produção de recursos
energéticos, como o petróleo e o gás natural, sendo uma compensação financeira que as
empresas exploradoras e produtoras desses bens não-renováveis devem ao Estado e cujo
pagamento é feito mensalmente
7
.
3.2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi elaborado com base em dois tipos de pesquisa, a bibliográfica e a
documental. O primeiro tipo foi utilizado com o objetivo de reunir os elementos teóricos que
permitam a compreensão do significado e da importância da descentralização como estratégia
de transferência de recursos, encargos e de poder decisório do nível central de governo para as
esferas subnacionais. Para tal procedimento, foram consultados diversos autores, conforme
referências bibliográficas no final deste trabalho.
O segundo tipo, por sua vez, foi adotado com a finalidade de reunir elementos
empíricos, como dados de registro e de recenseamento que possibilitassem uma análise
comparativa das mudanças ocorridas no período em estudo. Os dados foram coletados na
forma bruta, (vide item base de dados) e em seguida, foram reelaborados conforme o objetivo
pretendido pelo trabalho.
7
http://www.comciencia.br
De acordo com GIL (2000 p. 57), “[...] a pesquisa documental vale-se de materiais
que não receberam tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com o
objetivo da pesquisa”.
3.3 – TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados quantitativos coletados estão apresentados em tabelas, quadros e gráficos.
As tabelas são compostas por valores referentes ao comportamento das receitas de municipais
e suas despesas, ou seja, sua aplicação nos municípios selecionados para analise no período
que corresponde aos anos de 1999 a 2006. Mostram também dados de indicadores sociais
municipais em 14 municípios produtores de petróleo no estado do Rio Grande do Norte. As
ilustrações que estão apresentadas na dissertação foram construídas a partir de dados
coletados junto às prefeituras dos municípios, ao site da Secretaria do Tesouro Nacional, ao
site da Universidade Cândido Mendes – Campos, ao site do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e outros.
Os resultados encontrados na análise de dados mostram a direção e/ou a aplicação
dos gastos feitos pelos municípios, em percentual, bem como a evolução/retração e a
importância das rendas petrolíferas, junto às prefeituras municipais a partir do ano de 1999 até
ano de 2005. O comportamento dos gastos ao longo do tempo, a comparação entre municípios
que mais recebem royalties e participações especiais e os que menos recebem. Em seguida foi
feita uma análise para averiguar seus indicadores econômicos verificando se diferença na
quantidade e qualidade dos benefícios sociais prestados por esses municípios.
O tratamento metodológico adotado na elaboração e organização dos dados,
referente à aplicação das receitas, para os municípios beneficiários dos royalties e
participações especiais, seguiu o modelo apresentado pelos autores Fagnani e Castro &
Cardoso Jr. (2005). Os dados utilizados na pesquisa foram organizados e divididos em eixos
estruturantes de acordo com a área de atuação, conforme Quadro 1 a seguir.
Quadro 1: Eixos Estruturantes de ações de políticas sociais e econômicas municipal
Eixos Políticas Sociais /
Econômicas
Variáveis Indicadores
Social
Educação
Saúde e saneamento
Evasão escolar
Corpo docente
Leitos hospitalares
Doenças transmissíveis por
notificação compulsória
Saldo de matrícula /ano
Nº de docente / ano
Habitantes / leito
Doenças transmissíveis / ano
Econômico Econômicas
Investimento
Grau de dependência
Capacidade de arrecadação
Capacidade de poupança
Grau de comprometimento
da receita
Investimento
% das transferências inter-
governamentais nas receitas
públicas municipais / ano
Arrecadação per capita /ano
% da relação entre as
receitas e as despesas / ano
Grau de comprometimento
da receita / ano
Royalties / investimento
Ambiental Habitação e urbanismo Abastecimento de água de residências com
abastecimento de água
Político-institucional Gasto público Gasto com administração e
planejamento
Gasto com legislativo
Recursos despendidos com
administração e
planejamento / ano
Recursos despendidos com o
legislativo/ ano
Outros Transporte
Demais gastos
Gasto com transporte
Recursos despendidos com
transporte / ano
Demais gastos / ano
Fonte: Castro & Cardoso Jr. (2005)
O quadro acima está dividido por eixos estruturantes de ação e por políticas sociais
e econômicas implementadas pelos municípios, o que permitiu observar em que de fato foi
empregado o valor referente às receitas correntes, juntamente com a transferência dos
royalties e das participações especiais recebidos pelas 14 prefeituras do Rio Grande do Norte,
e também, quais estão sendo as áreas priorizadas com a aplicação desses gastos sociais. Os
eixos estruturantes estão divididos em políticas sociais e econômicas como: educação; saúde
e saneamento; econômicas; investimento; habitação e urbanismo; gasto público; transporte; e
demais gastos. As políticas sociais serão subdivididas em diversas variáveis e estas em
indicadores, para melhor visualização e compreensão do leitor, de forma que os dados possam
retratar o comportamento do poder público municipal. (CASTRO & CARDOSO JR. 2005).
3.4 – PERÍODO ANALISADO
O período analisado teve como marco inicial o ano de 1997, quando foi aprovada a
Lei 9.478, de 06 de agosto de 1997, que regulariza a transferência de royalties para os cofres
públicos municipais. A descentralização fiscal e político-institucional, que vinha desde os
anos 1980, juntamente com essa lei, contribuíram para o significativo aumento dos gastos
sociais nos municípios brasileiros e do Rio Grande do Norte, em particular.
3.5 – BASE DE DADOS
A obtenção dos dados necessários à elaboração deste trabalho se deu por intermédio
de visitas de pesquisa aos sites de órgãos e instituições governamentais que coletam, analisam
e publicam dados oficiais. Os sites visitados foram: Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – www.ibge.gov.br; Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do
Rio Grande do Norte (IDEMA) www.idema.rn.gov.br; Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) www.ipea.gov.br; Secretaria do tesouro Nacional
www.stn.fazenda.gov.br; Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRÁS) www.petrobrás.com.br,
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) www.anp.gov.br; e
royalties do petróleo da Universidade Cândido Mendes Campos
www.royaltiesdopetroleo.ucam-campos.br. A obtenção desses dados permitiu a elaboração e
construção do trabalho, com a pretensão de elucidar as questões de pesquisa inicialmente
formuladas.
Também foram coletados dados através de pesquisa direta em visita feita à sede do
Tribunal de Contas do Estado, em Natal, e às Prefeituras dos Municípios produtores de
petróleo no estado do Rio Grande do Norte. A obtenção desses dados permitiu a elaboração e
construção do trabalho, com a pretensão de elucidar as questões de pesquisa inicialmente
formulada.
3.6 – PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO
Para uniformizar os dados coletados nas instituições e nos sites, foi necessário adotar
um procedimento estatístico de deflacionamento de valores, visto que, os dados são em geral
encontrados em valores correntes e em moeda vigente correspondente a diferentes períodos. O
Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi utilizado para deflacionar os
valores monetários correntes, transformando-os em valores constantes, tendo como base o ano
de 2005.
Apesar das limitações do IGP-DI, particularmente no que se refere à sua referência
mais específica, que é São Paulo, justifica-se a sua utilização pelo fato do Índice de Preço ao
Consumidor Amplo (IPCA), formulado pelo IBGE, ter sido criado em meados da década de
1990, e, além disso, devido o difícil acesso para obtenção do mesmo.
3.7 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Na análise e interpretação dos dados, foram seguidos os seguintes passos (Gil, 2000,
p. 151 179): a) estabelecimento de categorias; b) codificação; c) tabulação; análise
estatística; e, d) interpretação dos dados.
De acordo com esse autor,
I. O conjunto das categorias deve ser derivado de um único princípio, de modo a evitar
repetições e garantir o critério de mútua exclusividade;
II. a codificação consiste na transformação dos dados brutos em símbolos para que
possam ser tabulados;
III. a tabulação permite agrupar e contar os casos que estão nas suas várias categorias de
análise;
IV. a análise estatística consiste na descrição dos dados, construção de índices e avaliação
das generalizações obtidas por meio dos dados; e finalmente
V. a interpretação dos dados tem por objetivo estabelecer explicações e relações causais
entre as variáveis selecionadas e obter conclusões à luz do referencial teórico
selecionado para o estudo.
Esses procedimentos metodológicos subsidiaram e orientaram a elaboração dos
capítulos que a seguir são apresentados.
CAPÍTULO 4
TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA ECONOMIA DO RIO GRANDE DO NORTE:
EVOLUÇÃO E IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E DOS ROYALTIES
4.1 ASPECTOS GERAIS
A economia do estado do Rio Grande do Norte vem passando por significativas
transformações estruturais nas últimas décadas. O principal indicador dessas transformações,
o Produto Interno Bruto (PIB), cresceu acima do PIB da região Nordeste e também do país,
conforme ilustra a Figura 4.1, adiante.
Este crescimento ascendente na economia estadual não pode ser observado em todo
o período, particularmente na segunda metade dos anos 1980 e início dos 1990, em
conseqüência dos problemas nacionais relacionados com a crise da dívida externa, as
reduções dos níveis de emprego, a crise fiscal e financeira do Estado, a implantação de planos
de estabilização para conter a alta inflação e o predomínio de políticas restritivas que
dificultaram o crescimento econômico.
Na realidade, os investimentos públicos no estado foram seguidamente limitados à
medida que se aprofundava a crise fiscal e financeira do setor público. Outros acontecimentos,
como a abertura comercial para importação de algodão, a concorrência do algodão paulista e
do Centro-Oeste com maiores níveis de produtividade –, e o aparecimento da praga do
bicudo, praticamente exterminaram a produção do algodão, que por mais de dois séculos
exerceu o posto de principal produto na economia agrícola do Rio Grande do Norte.
Porém, a partir dos anos 1990 o PIB estadual passou a definir outra trajetória, e, no
ano de 1993, o crescimento econômico passou a ser superior ao apresentado pela região
Nordeste. A partir do final da década de 1990, especialmente, a partir de 1999, a expansão do
PIB estadual passa a ser maior que a do nacional (Figura 4.1).
Evolução do PIB real
Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte
80
85
90
95
100
105
110
115
120
125
130
1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
Anos
(%)
BRASIL NORDESTE Rio Grande do Norte
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais, Contas Regionais do Brasil
1985-2003, microdados. Valores deflacionados pelo Deflator Implícito – (DI) para o ano de 2003, 2006
Figura 4.1: Evolução do PIB do Brasil, Nordeste e RN, 1985 – 2003.
De acordo com os últimos dados publicados com as estimativas das Contas
Regionais do IBGE, o PIB do Rio Grande do Norte em 2005, foi estimado em R$ 17,8
bilhões, o equivalente a 6,37% do produto nordestino e a 0,83% do nacional. O bom
desempenho apresentado com a retomada no crescimento do PIB norte-rio-grandense, nos
últimos anos, se deve em parte à dinâmica ocorrida na indústria da construção civil e na de
extração mineral, principalmente em virtude da aceleração da cadeia petrolífera do estado.
A indústria petrolífera exerce forte influência sobre a economia tanto no Rio Grande
do Norte como no Brasil, não pelos ganhos obtidos diretamente da atividade petrolífera e
pelo seu efeito multiplicador sobre as demais cadeias produtivas, mas também por
proporcionar efeitos positivos sobre o balanço de pagamentos e as contas públicas. A Figura
4.2, a seguir, mostra o comportamento do PIB por setores de atividade do Rio Grande do
Norte.
52
35
13
54
35
7
51
39
2
50
40
2
48
39
6
46
41
5
46
41
5
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1980 1990 2000 2001 2002 2003 2004
PIB Serviços PIB Indústria PIB Agropecuário
Fonte: IPEADATA
Figura 4.2: Percentual do PIB por setores em relação ao
PIB do RN, 1980 – 2004
Na realidade, a indústria do petróleo passou a exercer uma forte influência na
economia do estado, mais precisamente, a partir do o final de década de 1990, quando houve
um aumento na atividade petrolífera. A Petrobrás, empresa responsável pela exploração de
petróleo e gás natural, dobrou sua produção de s no estado, no ano de 2000, onde construiu
uma segunda unidade de processamento de gás natural em Guamaré, município-sede do Pólo
Gás-Sal, que também passou a produzir diesel e nafta no estado. O Rio Grande do Norte é o
maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo maior produtor no mar, ficando
atrás apenas do estado do Rio de Janeiro. Na exploração de gás natural ele aparece como o
terceiro maior produtor do país, com 9% da produção brasileira.
24
27
2
36
33
9
34
29
11
36
26
12
35
24
10
40
24
10
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1990 2000 2001 2002 2003 2004
Ind. extrativa mineral Ind. construção civil
Ind. serviços de ult. pública
Fonte: IPEADATA
Figura 4.3: Percentual da participação das indústrias no
PIB industrial do RN, 1980 – 2004
A Figura 4.3, acima, mostra a participação relativa dos setores industriais em relação
ao total do PIB industrial no Rio grande do Norte nas últimas décadas. Nos anos 1990 a
indústria da construção civil representava um percentual um pouco maior que a indústria
extrativa mineral, porém, quando analisado seu comportamento durante todo o período,
verifica-se que a construção civil vem apresentando uma tendência de redução em sua
participação, que passa a apresentar uma redução linear a partir do ano 2000. O contrário
acontece com a indústria extrativa mineral que a partir do final da década de 1990 vem
ganhando maior peso em conseqüência da evolução da indústria petrolífera no estado, como
será visto a seguir.
4.2 – A IMPORTÂNCIA DO PÉTRÓLEO NA ECONOMIA DO ESTADO
Foi com a perfuração de poços para encontrar água para abastecer as piscinas de um
hotel no município de Mossoró, que foi mais uma vez confirmada a existência de petróleo em
terras potiguares, no ano de 1979. Na realidade, os primeiros indícios da existência de
petróleo na região de Mossoró foram registrados na Coleção Mossoroense, editada pelo
professor Vingt-Un Rosado, como tendo ocorrido na metade do século XIX.
Logo que comunicada, a Petrobrás intensificou a pesquisa e encontrou petróleo em
níveis comerciais, e, a partir de então, passou a perfurar dezenas de campos e a produzir
petróleo comercialmente. O Rio grande do Norte passou a ser o maior produtor em terra com
45 campos, enquanto a bacia potiguar produz em 6 campos, colocando o estado em segundo
lugar na produção de petróleo, ficando atrás apenas do estado do Rio de janeiro (Bacia de
Campos).
O maior campo petrolífero está localizado em Mossoró, com cerca de 5 mil poços
em propriedades particulares. Estes proprietários de terras recebem da Petrobrás uma
participação referente ao uso dos equipamentos em sua propriedade, conforme será visto no
item 4.3 deste trabalho. A produção marítima aconteceu por volta de 1973 no campo de
Ubarana. O pólo petrolífero de Guamaré processa toda a produção de petróleo e gás do Rio
Grande do Norte e Ceará, compreendendo o complexo petrolífero do estado
8
. E com todo
aumento de produção, aumento de preço internacional do petróleo e de investimentos feitos
pela Petrobrás, os municípios produtores de petróleo e gás natural do Rio Grande do Norte
passaram a serem grandes beneficiários de rendas petrolíferas, tornando esta renda de suma
importância na composição de suas receitas públicas.
Com a revogação da Lei 2.004/53, a antiga lei que regia as normas de aplicação dos
recursos provenientes da exploração de petróleo e gás natural, que determinava estritamente
às esferas subnacionais onde elas deveriam gastar esses recursos e a aprovação da Lei 9.478 a
nova “Lei do petróleo” que veio para deixar os gestores públicos menos comprometidos com
despesas vinculadas por liberar o uso dessa participação governamental, destinando-a em
quase todos os tipos de despesas.
A antiga lei não dava muitas alternativas para o emprego desses recursos em
determinadas despesas, pois nela estava afirmado que a renda petrolífera deveria ser usada
pelos gestores nas áreas de saneamento básico; abastecimento e tratamento de água; energia;
irrigação; e proteção ao meio ambiente.
Porém, a lei que a substituiu deixou os gestores liberados para usar esta renda da
melhor forma que lhe conviesse. Uma das conseqüências deste fato foi que a responsabilidade
pela prestação de bens e serviços públicos para a população ganhou papel secundário. O que
farão os municípios produtores de petróleo quando esse recurso se exaurir e não mais fizer
parte de suas receitas? Como as futuras gerações irão se comportar quando suas receitas
forem reduzidas pela metade, como irá acontecer em alguns lugares?
Os recursos provenientes da atividade petrolífera são de tamanha importância para
os municípios que causam um sobre-financiamento de seus gastos públicos. Por esta razão,
pode ocorrer um aumento nos gastos relacionados e uma redução de sua qualidade,
particularmente onde um maior nível de pobreza, de desigualdade social e de informação.
Diante da deficiência na qualidade da prestação dos serviços públicos municipais, uma das
hipóteses compatíveis com o referencial teórico anteriormente apresentado é que os
municípios relaxam quanto a sua arrecadação própria, deixando de cobrar tributos de sua
competência, e, como conseqüência, aumentando sua dependência em relação às
transferências inter-governamentais.
8
Agencia Petrobrás de notícias
No Rio Grande do Norte apenas 15 municípios exercem atividade petrolífera, porém,
96 municípios são contemplados com esses recursos petrolíferos em virtude dos critérios
incluídos na Lei do Petróleo, que habilita parte dos municípios não produtores a receberem
royalties, deixando os restantes na dependência das transferências inter-governamentais e de
suas arrecadações próprias.
A figura abaixo mostra que os quinze municípios norte-rio-grandenses que
desempenham atividade petrolífera, estão localizados nas regiões norte e oeste do estado
potiguar.
Fonte: Alexandre (2003)
Figura 4.4: Municípios norte-rio-grandenses produtores de petróleo.
4.3 – PARTICIPAÇÕES GOVERNAMENTAIS À LUZ DA LEGISLAÇÃO
Apesar de anteriormente ter sido monopólio estatal e, segundo a atual Constituição
Federal seja bem da União, a exploração de petróleo e gás natural não remunera apenas o ente
Federal. Na verdade sempre foi garantida aos estados e aos municípios uma participação no
valor obtido com a exploração de petróleo. A primeira previsão legal desta parcela
indenizatória se deu na lei 2004 de 1953 que em seu artigo 27 assevera:
Art. 27. A Sociedade e suas subsidiárias ficam obrigadas a pagar aos Estados e
Territórios onde fizerem a lavra de petróleo e xisto betuminoso e a extração de gás,
indenização correspondente a 5% (cinco por cento) sobre o valor do óleo extraído, ou do
xisto, ou do gás.
O sistema de indenizações passou por várias alterações, até chegar ao atual
regramento apresentado pela lei 9.478/97
9
. O que anteriormente se chamava de indenização
passou a ser chamado de participações governamentais. A supracitada lei, em seu artigo 45
determina que existem quatro tipos de participações governamentais:
I - bônus de assinatura;
II - royalties;
III - participação especial;
IV - pagamento pela ocupação ou retenção de área.
O bônus de assinatura é um montante pago integralmente pelo vencedor da licitação
no momento da assinatura do contrato de concessão, sendo que parcela do valor é repassada à
ANP. A participação especial é uma compensação financeira extraordinária paga quando há
grande volume de produção ou grande rentabilidade, de maneira escalonada sendo maior seu
percentual quanto maior for a produção, variando a alíquota de 10% a 40%.
O pagamento pela ocupação ou retenção de área é repassado integralmente à ANP e
é calculado através do tempo de vigência do contrato no ano civil, com base nas
características geológicas e na localização da bacia sedimentar, bem como em outros fatores
constantes do Decreto 2.705/98 que define os critérios de cálculo.
9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9478.htm
O bônus de assinatura e o pagamento pela ocupação ou retenção de área não serão
objeto de estudo mais aprofundado no presente trabalho pelo fato da primeira não fazer parte
dos pagamentos destinados aos municípios norte-rio-grandenses produtores de petróleo, e a
segunda por não ter impacto na renda dos municípios, que é integralmente repassada à
ANP.
os royalties serão estudados principalmente por suas características de:
regularidade; natureza jurídica da verba e, segundo Santos
10
: por serem “... compensação
financeira devida, principalmente, a Estados, Distrito Federal e municípios pelo
concessionário de exploração e produção de petróleo ou gás natural a partir do mês em que
ocorrer a respectiva data de início da produção, vedada quaisquer deduções”. Esta
compensação financeira tem origem constitucional, nos termos do artigo 20, §1º que assevera:
Art. 20. São bens da União:
(...)
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
A lei referida na constituição é a lei 9.478/97 que determina o modo do cálculo do
valor devido a título de royalties, na regulamentação dada pelo Decreto 2.705/98, e leva em
consideração o local da exploração, a dificuldade e os riscos na lavra, bem como a
rentabilidade, segundo o artigo 47, como pode ser visto no anexo 1 ao final do trabalho.
Ficando disposto nesta lei a forma de pagamento dessas participações governamentais para
esferas beneficiárias.
Ficam assim estabelecidos os critérios para cálculo dos royalties, tendo como
variáveis principais o volume da produção e o valor do petróleo. Nestes termos, chegamos à
conclusão de que, via de regra, o cálculo do valor dos royalties se dá através da seguinte
fórmula:
Royalties = 10% (VTP x PR),
10
SANTOS, 2002. P. 31.
Em que VTP é o Volume Total de Produção e PR é o Preço de Referência do
Produto. No entanto, devem ser feitas duas observações: o percentual de 10% pode variar
segundo o §1º do artigo 47, anteriormente mencionado, podendo chegar a um mínimo de 5%
e; a rmula deve ser aplicada uma vez para o petróleo e outra para o gás natural, que
normalmente as duas produções estão associadas e o valor total de royalties de um Estado ou
Município é a soma dos dois.
A questão do preço de referência surge justamente porque os royalties são pagos em
dinheiro, não em petróleo. Logo, quando a lei fala em 10% da produção logicamente está se
referindo à sua quantificação em pecúnia. Surge então a questão da especificação do preço de
referência. A Lei do Petróleo delega a competência para estabelecer a regulamentação do
preço ao presidente da República, e este o faz através do Decreto 2.705/98, conforme pode ser
visto nos artigos 7 e 8 exposto no anexo 2.
Por ser compensação financeira por exploração e produção, o percentual de royalties
é dividido entre os municípios de acordo com a quantidade, importância e impacto ambiental
das atividades praticadas em cada um, bem como municípios que, embora não atendendo ao
critério de contigüidade, possam ser social ou economicamente atingidos pela produção do
petróleo ou do gás natural, de acordo com o RT. 4º, §da Lei 7.525/86
11
e no artigo 20, §2º,
inciso III do Decreto 1/91
12
.
Os municípios são enquadrados em 4 categorias: zona de produção principal; zona
de produção secundária; zona limítrofe à zona de produção principal e; zona de influência de
instalação. Este enquadramento serve para calcular como os valores serão divididos. Além
deste critério, interfere também o critério populacional.
A cada município é atribuído um coeficiente individual de participação, que varia de
1,00, para municípios até 10.000 habitantes, até 2,00, para municípios com mais de 144.000
habitantes. Cabe à ANP publicar os coeficientes de participação, baseado em dados
fornecidos pelo IBGE e pelas concessionárias.
Para o cálculo do que deve ser destinado a cada município, basta multiplicar o valor
total atribuído à sua zona pelo resultado da divisão de seu coeficiente individual pela soma
dos coeficientes individuais de participação dos municípios da mesma zona.
11
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1980-1988/L7525.htm
12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0001.htm
Outra divisão importante se pela origem da extração: se extraído da bacia
sedimentar terrestre ou lavra em terra ou; se extraído da plataforma continental ou lavra na
plataforma continental. Esta divisão é importante, pois interfere na repartição dos valores
recebidos. Isto porque, no caso da exploração ser efetuada em lavra terrestre, o valor de até
5% é dividido apenas entre Estado e Municípios produtores, e o que extrapolar os 5% é
dividido entre Estados, Municípios e o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Acaso a exploração se em plataforma continental, o percentual até 5% é dividido
entre o Comando da Marinha, Estados e Municípios confrontantes, fundo especial dividido
entre todos os Estados e Municípios; Estados e Municípios produtores. O que ultrapassar os
5% é dividido entre Estados e Municípios produtores; Comando da Marinha; Municípios
afetados pelas operações; Fundo Especial e Ministério da Ciência e Tecnologia.
Como o interesse do presente trabalho não consiste no detalhamento dos percentuais
de divisão, e como o decreto que estipula os índices é absolutamente claro, didático e intuitivo
não apenas com os percentuais, mas como com os conceitos utilizados, remete-se o leitor que
porventura tenha interesse em se aprofundar no tema à letra da lei que figura como anexo no
presente trabalho. Ultrapassada a exposição do modo de cálculo e de divisão dos royalties,
passaremos à análise das duas características que o tornam diferenciado no aspecto do
impacto econômico na vida dos municípios. Primeiramente falaremos da regularidade de seu
pagamento.
Os royalties são recolhidos mensalmente pelos concessionários à conta do Tesouro
Nacional, e distribuídos pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda aos
Estados e Municípios através de depósito em contas específicas de titularidade dos mesmos
no Banco do Brasil, chamadas conta especial ou conta vinculada, como será visto no item 4.5
do presente trabalho.
Por ter periodicidade mensal, os royalties permitem que os governos municipais não
apenas tenham sempre “capital de giro” disponível, como também que, baseado na média de
valores, possam inclusive programar investimentos e pagamentos. No entanto isso poderia
gerar um desperdício do dinheiro público, pois permitiria a um município criar verdadeiros
cabides de emprego ou endividar-se a perder de vista, tudo tendo como lastro o dinheiro
advindo das participações governamentais. Preocupados com estas situações os legisladores,
historicamente, sempre vincularam o gasto dos valores recebidos através de rendas
petrolíferas, fazendo com que o gasto não fosse puramente discricionário, mas tivesse certa
vinculação.
A vinculação a investimentos como, por exemplo, construção de vias, amarrava de
certo modo a atuação de vários municípios que têm sua economia baseada nessas receitas.
Assim, a última alteração legislativa materializada na lei 8.001/90 levou ao atual sistema que,
ao invés de fazer uma vinculação positiva (determinando onde se deveria gastar o dinheiro)
adotou uma vinculação negativa (determinando onde não se pode gastar a verba), conforme o
artigo 3º, que altera o Art. 8º da Lei 7.990/89, que regula as participações governamentais
A questão do controle dos gastos dos royalties levou a inúmeras ações judiciais que
têm como objeto o ponto seguinte a ser abordado: mas afinal, qual a natureza jurídica dos
royalties?
Isto interfere de maneira substancial no seguinte sentido: se forem verbas da União
repassadas aos Estados, a lei pode determinar como ela será gasta e sua aplicação estará
sujeita ao controle do Tribunal de Contas da União (TCU) que mesmo repassada, é verba
federal; se for verba original dos municípios, a lei federal não pode determinar como será
gasta e o controle a ser exercido será dos Tribunais de Contas dos Estados (TCE).
A discussão judicial teve decisão do Tribunal de Contas da União, a decisão número
101/2002, que determinou que a competência era do TCU, conforme como pode ser visto
parte do acordo no anexo 3 ao final do trabalho.
Vale salientar que, apesar de ter sido proferido por unanimidade, a questão foi
absolutamente controversa. Assim, reconhecendo que os recursos são originais dos Estados e
dos Municípios, o Supremo Tribunal Federal (STF) sedimentou a posição de que as verbas
oriundas do pagamento de royalties podem ser livremente gastas pelos municípios,
respeitando-se apenas as restrições da lei 8.001/90 que dispõe veda apenas a aplicação em
quadro permanente de pessoal e pagamento de dívidas.
Esta liberdade na aplicação dos recursos faz com que as verbas de royalties sejam
um ganho sui generis para os municípios, que atribui uma liberdade muito grande ao
administrador, podendo haver, inclusive, captura desses recursos públicos não em benefício
coletivo, mas em benefício próprio dos gestores e suas equipes. E justamente por agregar as
características de grande valor, regularidade e liberdade na aplicação, é que os royalties são
objeto do presente estudo. A intenção deste tópico foi esboçar os pontos referentes à
legislação e a distribuição espacial, ou seja, o seu repasse a Estados e municípios produtores
ligados as atividades petrolíferas.
4.4 – A PARTILHA DAS PARTICIPAÇÕES GOVERNAMENTAIS
Após ter visto no item anterior como vigoram as leis que regem o cálculo e o
pagamentos das participações governamentais, este item apresenta um breve panorama da
partilha feita dos valores dessas participações destinadas à União, aos Estados e aos
Municípios, mostrando sua evolução nos últimos anos. O repasse desses recursos representa
forte influência econômica nos entes beneficiários e é de grande importância em suas contas
públicas.
A indústria energética foi uma das que mais cresceram no Brasil nos últimos anos, o
aumento na exploração e na produção de petróleo e gás natural, bem como, a evolução nos
preços internacionais destes produtos fez com que aumentasse também o valor das rendas
petrolíferas destinadas aos cofres públicos.
Além da possibilidade de desenvolvimento econômico e social que esses recursos
trazem para os entes da federação, eles também podem abrir portas para o ingresso de outras
empresas nas localidades que exercem atividades petrolíferas, como e o caso dos municípios,
levando também ao aumento do número de empregos a da qualificação da mão-de-obra na
região. Independente de se conhecer o que realmente ocorre com o emprego dessas
participações governamentais nas esferas de governo dessas regiões petrolíferas, este tópico
mostra, como dito outrora, os valores distribuídos com a partilha dos royalties e participações
especiais em todas as esferas de governo.
O controle e a distribuição dessas rendas petrolíferas está sob a responsabilidade da
Agência Nacional do Petróleo (ANP), como mostra a Figura 4.5 a seguir. A ANP também é
responsável pela divulgação dos valores correspondente ás participações governamentais para
o conhecimento público.
Fonte: Caçador, 2005, p. 31
Figura 4.5: Fluxograma da distribuição e pagamento dos royalties
A figura acima mostra os caminhos percorridos pelas participações governamentais
desde a empresa concessionária até o destino desses recursos, ou seja, aos Estados,
Municípios e Ministérios. Mostra tanto o fluxo dos recursos financeiros como também o fluxo
dos documentos entre os órgãos responsáveis: na primeira etapa ocorre o fornecimento dos
dados documentais das concessionárias, referente às suas atividades exercidas, à ANP para
que em seguida esta possa calcular e enviar os dados para a STN constando os valores
correspondentes ao que os beneficiários irão receber, ao mesmo tempo em que as
concessionárias passam o fluxo financeiro para a STN; na segunda etapa a STN repassa uma
parte dos recursos financeiros diretamente para os Ministérios do Meio Ambiente, da Ciência
e Tecnologia, das Minas e Energia e para o Comando da Marinha como montante que lhes
cabe na partilha, e repassa também para o Banco do Brasil a outra parte destinadas aos
demais entes da federação; e na terceira etapa o Banco do Brasil, por sua vez, destina os
recursos diretamente para as contas dos Estados e Municípios. A Tabela 4.1 utiliza dados
coletados junto ao site da ANP no que concerne a partilha dos recursos entre os beneficiários.
Tabela 4.1: Partilha dos royalties e participações especiais para as esferas de governo, 1999 a 2005
Discriminação
Royalties + Participações Especiais, ( valores constantes para 2005, em R$ mil)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total Estados e Municípios 1.334.727,9
3.148.431,3
3.866.185,8
4.763.978,7
6.244.487,4
6.310.373,6
7.577.721,4
Total Estados 670.410,8
1.852.423,6
2.344.945,1
2.882.788,2
3.955.643,8
3.949.839,8
4.770.194,5
Rio Grande do Norte 100.828,1
151.845,7
146.908,4
147.248,2
172.128,3
196.433,8
206.992,5
Total Municípios 664.317,1
1.295.959,6
1.521.240,8
1.881.190,5
2.288.843,5
2.360.533,7
2.807.526,9
Municípios do RN 53.620,1
78.068,5
76.962,0
95.688,8
114.645,6
124.658,7
139.048,3
União 521.907,4
1.800.948,5
2.374.359,4
3.009.451,6
4.271.896,6
4.229.019,9
5.182.347,6
Camando da Marinha 277.961,8
467.424,6
526.851,5
665.300,6
627.782,2
655.984,5
770.013,4
Min. da Ciência e Tecnologia 243.945,6
407.351,3
456.301,9
557.433,8
747.395,3
779.796,8
929.769,4
Min. das Minas e Energia 740.938,1
1.112.964,9
1.429.373,9
2.317.375,4
2.234.590,7
2.785.864,9
Min. do Meio Ambiente 185.234,5
278.241,1
357.343,6
579.343,7
558.647,7
696.699,9
Fundo Especial 138.911,5
233.711,0
263.426,7
332.650,2
373.697,7
390.739,1
411.146,9
Total Brasil 1.995.546,9
5.183.042,7
6.503.972,0
8.106.080,8
10.890.082,0
10.930.132,4
13.167.215,8
Proprietários de Terras no RN 16.971,5
25.487,5
22.178,2
24.218,7
26.274,9
28.268,3
27.047,5
Fonte: ANP
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
No ano de 2005 o total repassado para os cofres da União a título de royalties e
participações especiais de mais de R$ 5 bilhões superou em quase dez vezes ao que fora
repassado no ano de 1999, conforme mostrado na tabela acima. A maior parte dos recursos
destinada à União é para o Ministério das Minas e Energias, correspondente a cerca de R$ 2,8
bilhões no último ano analisado. De acordo com que está descrito na Lei 9.478, art.50 § 2º,
este recurso está vinculado ao “financiamento de estudos e serviços de geologia e geofísica
aplicados à prospecção de petróleo e gás natural, a serem promovidos pela ANP”.
No ano de 2003 foram repassados R$ 580 milhões, para o Ministério do Meio
Ambiente, o que correspondeu a 1/3 de seu orçamento anual, mostrando ser um recurso
extremamente importante e representativo para aquele ministério
13
.
O total repassado aos cofres estaduais no ano de 2005 aumentou o equivalente a sete
vezes o valor de 1999, correspondente a mais de R$ 4,7 bilhões. Porém a maior parte desses
recursos tem como beneficiário principal o estado do Rio de Janeiro, que responde pela maior
parte da extração e exploração de petróleo e gás natural do país. A Bacia de Campos é a maior
produtora do país, e com isso os municípios da região são os maiores beneficiários em
território nacional.
Mesmo o estado do Rio Grande do Norte apresentando ganhos muito inferiores aos
recebidos pelo Rio de Janeiro, ele é o segundo maior beneficiário entre os estados brasileiros.
As participações governamentais destinadas ao Rio Grande do Norte corresponderam a
13
Serra (2006)
aproximadamente 11% do total de suas receitas orçamentárias de R$ 1.9 bilhão, no ano de
2005.
Quanto ao repasse às esferas locais, os municípios fluminenses são os maiores
beneficiários, mas os municípios do Rio Grande do Norte são os que recebem mais recursos
petrolíferos, depois dos municípios do Rio de Janeiro. Esses últimos apresentaram evolução
no recebimento de rendas petrolíferas chegando a quase triplicar seus valores, quando
comparados aos anos de 1999 e 2005, ambos com valores equivalentes a R$ 53.6 milhões e
R$ 139 milhões, respectivamente.
A magnitude dos valores repassados ao Fundo Especial também aumentou
significativamente, e cabe lembrar que estes recursos também são repassados aos estados e
municípios, visto que, o Fundo especial é distribuído de acordo com os critérios estabelecidos
para o FPE e o FPM.
Outro dado que chama a atenção é o valor repassado aos proprietários de terras nos
municípios do Rio Grande do Norte onde ocorrem atividades e extração e exploração de
petróleo e gás natural, os chamados “xeiques do petróleo”. Estes proprietários recebem uma
renda da PETROBRÁS pelo “aluguel” de sua terra para uso dos equipamentos (cavalo de
pau) da empresa em suas propriedades. Muitos desses donos de terras sobreviviam da
agricultura familiar e hoje em dia recebem uma renda significativamente superior ao que
dantes era retirado da agricultura. O valor total destinados a esses proprietários exibidos na
Tabela 4.1 a cima, mostram que no decorrer dos sete anos houve variações, mas que no último
ano analisado o total chegou a R$ 27 milhões. O item seguinte mostra o quanto os municípios
norte-rio-grandenses receberam por habitante nos últimos anos.
4.5 – ROYALTIES PER CAPITA: MUNICÍPIOS RICOS COM POPULAÇÃO POBRE
Quando o assunto é renda petrolífera municipal no estado do Rio Grande do Norte, o
município de Guamaré se destaca dentre os demais por receber recursos proporcionalmente
maiores em relação ao demais, principalmente quando se trata de receita per capita. uma
grande diferença, por exemplo, quando se compara as rendas do petróleo por habitante entre
os municípios de Guamaré e Mossoró: em primeiro lugar pelo número de habitantes. Mossoró
tem uma população que é aproximadamente 24 vezes maior que a de Guamaré; e, em segundo
lugar, os dois recebem valores de recursos do petróleo muito altos, porém o impacto maior é
sentido no menor município. uma grande disparidade quando se compara a renda per
capita entre ambos, e, de acordo com informações coletadas no site royalties do petróleo da
Universidade Cândido Mendes – Campos, Guamaré está entre os municípios com maior renda
per capita do Brasil, no ano de 2006 ficando com a 8ª maior renda.
Em trabalho realizado por Serra (2006) para dados referentes ao ano de 2003, onde
são mostradas as maiores receitas per capita municipais do país, o município de Guamaré
exibiu a 17ª posição entre as maiores rendas municipais por habitante, com uma receita por
habitante de R$ 3.620,00.
Apesar de possuírem receitas elevadas, os “municípios do petróleo” demonstram ser
em alguns casos ineficientes e incapazes de proporcionar para suas populações bens e serviços
de qualidade, o que também ocorre em todo o território brasileiro. Vários deles alocam seus
recursos na produção de bens e serviços que não têm ligação alguma com crescimento e o
desenvolvimento do município, como é o caso citado por Serra
14
“Vários municípios beneficiários de participações governamentais nos estados do
Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte “investem” em times de futebol, o que levou
um ex-secretário de governo de Guamaré RN a afirmar que “é tanto dinheiro que
entra que os políticos têm que encontrar um jeito de gastar”.
De uma maneira geral, os municípios possuem precários serviços de educação, saúde, e etc.,
porém exibem gastos elevados com o poder legislativo e com outras despesas, conforme será visto no
capítulo 6.
Como evidenciam os dados da Figura 4.6 que mostram a média per capita das
rendas petrolíferas destinadas aos municípios que produzem petróleo e gás natural no Rio
Grande do Norte, é perceptível o quanto o município de Guamaré, por exemplo, se sobressai
diante dos demais, apresentando uma média anual de recebimento desses recursos de R$
12.607.060,38 o equivalente a R$ 1.800,00 per capita, três vezes mais do que o que recebe o
município de Porto do Mangue que é o segundo maior beneficiário per capita da região
petrolífera do estado. Nove municípios recebem por habitante uma faixa equivalente a até R$
200,00 e os demais recebem valores superiores a R$ 300,00 anuais, conforme evidencia a
figura apresentada adiante.
14
Serra (2006, p. 231)
Este resultado foi elaborado a partir de dados contidos nos apêndices, ao final deste
trabalho, referente às receitas de royalties e participações especiais que mostram que esses
recursos praticamente foram triplicados do ano de 1999 a 2005, e, segundo esta mesma
tendência esse aumento deverá ter continuidade nos próximos anos, visto que, o preço
internacional do petróleo vem aumentando significativamente no decorrer do período em todo
o mundo. Vale ressaltar que o petróleo é um recurso finito, portanto, sua exploração tem um
prazo final previsto pelos especialistas, pois ele não se trata de uma fonte renovável, sendo
assim, quanto mais escasso ele vai ficando mais valorizado se torna e seu preço no mundo,
que só tente a aumentar cada vez mais.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
1.000,00
1.100,00
1.200,00
1.300,00
1.400,00
1.500,00
1.600,00
1.700,00
1.800,00
1.900,00
u
C
araúbas
Mo
ss
or
ó
Apod
i
S
er
r
a
d
o
Me
l
Up
a
nema
Carnaubais
P
en
dê
n
cia
Gov. D.-S. Rosa
d
o
Feli
p
e Guerra
Alt
o
dos Rodrigues
Areia Branca
Macau
Porto do Mangue
Gu
a
mar
é
Fonte: UCAM; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Figura 4.6: dia per capita das rendas petrolíferas nos
municípios produtores do RN de 1999 a 2005
Para se ter uma noção do peso e da importância do valor dos recursos financeiros
oriundos da atividade petrolífera no Brasil, no ano de 2004 o montante do repasse dos
royalties mais as participações efetivadas no Brasil foram de mais R$ 11 bilhões, valor
superior ao que fora gasto pelo Governo Federal em investimento que chegou ao valor
correspondente a R$ 10,87 bilhões.
Esses recursos são de uma magnitude tão importante para os cofres públicos
municipais que se administrados e empregados de forma correta pelos gestores poderiam
proporcionar serviços de excelente qualidade para sua população, quer seja em educação,
saúde, habitação, saneamento, entre inúmeros outros benefícios, assim como acontece em
alguns países desenvolvidos.
Municípios como Guamaré – o mais beneficiado com os royalties no Rio Grande do
Norte –, poderiam servir de modelo para todos aqueles que mantêm atividades petrolíferas,
caso aplicasse seus recursos petrolíferos de forma a beneficiar o crescimento e
desenvolvimento econômico local. Porém, o que acontece é que eles apresentam grandes
deficiências sociais e pouco investimento, o que, na verdade, corresponde a gastos públicos
elevados, porém com baixa qualidade.
O que pode ser afirmado é que esses municípios são ricos, enquanto seus habitantes
em sua maioria são pobres e carentes de bens e serviços públicos, dado que a maior parte dos
recursos são apropriados pela burocracia pública do Poder Executivo composta por um
grande número de cargos comissionados e, pelos gastos públicos no Poder Legislativo
Municipal.
O petróleo, por ser uma fonte finita e não renovável, poderia ter o emprego de sua
renda investida em benefício das gerações futuras tanto quanto da geração atual que é deveras
privilegiada com tamanho recurso. A idéia do uso adequado dos recursos do petróleo seria
não só em prol do presente, mas também construindo algo que possa ser plenamente utilizado
e dado continuidades pelas gerações futuras como promover a pesquisa e o desenvolvimento
de fontes alternativas de energia, minimizando a dependência futura em relação ao recurso
finito
15
.
Ainda segundo este autor, o modo como foi escolhida a repartição e destinação
desses recursos entre as esferas sub-nacionais foi feita de forma injusta, pois existem muitos
municípios beneficiados com essa participação governamental que sequer têm qualquer
ligação com a atividade petrolífera. Um dos critérios de escolha para que os municípios não
produtores fossem agraciados com esse benefício foi simplesmente serem vizinhos de
municípios produtores. Portanto, a proximidade do local de exploração petrolífera foi
suficiente para que alguns entes da federação recebessem essa renda sem ao menos ter uma
participação efetiva na atividade, o que faz com que estes levem vantagem sobre aqueles que
ficam geograficamente mais distantes dessa tão importante região.
Não é tão difícil entender porque as rendas petrolíferas são tão importantes para os
municípios produtores do Rio Grande do Norte, uma vez que elas representam um percentual
alto na composição das receitas totais destes, como mostra a figura abaixo.
15
Serra, (2006: p. 211)
10,57
11,57
12,56
15,42
18,64
20,93
21,25
26,15
26,76
27,56
35,20
39,71
41,99
49,98
Mossoro Caraubas Acu
Carnaubais Apodi Pendencias
Upanema Felipe Guerra Alto do Rodrigues
Gov. D-S Rosado Areia Branca Macau
Porto do Mangue Guamare
Fonte: UCAM; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Figura 4.7: Média das rendas petrolíferas sobre a receita
orçamentária dos municípios produtores do RN, 1999 a 2005
A Figura 4.7 mostra o quão é importante o repasse dos royalties e das participações
especiais no total das receitas orçamentárias municipais. No município de Guamaré a renda
petrolífera corresponde em média a cerca de 50% do total de suas receitas, de acordo com os sete
anos analisados, mas no ano de 2003 o município mostra que essa renda foi equivalente a mais de
55%. Porto do Mangue também mostra uma forte dependência dessa participação governamental com
média de 42%. Em 2 municípios esse recurso representa entre 30% e 40% de suas receitas. Em 5
deles a representação fica entre 20% e 30%. Nos demais as rendas petrolíferas correspondem a um
percentual abaixo dos 20%. Mossoró é o município em que esse recurso representa o menor
percentual com média de 10,6% anual.
Nos municípios que desenvolvem atividades petrolíferas as participações
governamentais têm impacto significativo sobre a disponibilidade total de suas receitas, a
exploração de petróleo não gera a necessidade de despesas públicas adicionais, pois a empresa
responsável pela exploração e extração de petróleo se responsabiliza pelas despesas realizadas
na execução desta atividade. Mas, mesmo assim o nível das despesas municipais aumentam
significativamente em todos os municípios, como será visto no capítulo 6 deste trabalho.
A tabela abaixo mostra em média a quantidade de pessoas ocupadas em diversas áreas nos
municípios que exercem atividades de exploração de petróleo. Nela é possível constar que na maioria
dos municípios, que forneceram informações, houve aumentos significativos no decorrer do período,
mas em algumas localidades e em certos anos nota-se redução com recuperação no ano seguinte. O
único município que apresentou redução no final do período foi Upanema, conforme informações da
Tabela 4.2 abaixo.
Tabela 4.2: Média do Pessoal Ocupado Total16 nos municípios petrolíferos do RN, 1999 a 2005
Beneficiários
Pessoal Ocupado Total (exceto pessoal ocupado na Administração Pública)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Açu 1.606
1.695
2.132
2.323
2.343
2.533
3.089
Alto do Rodrigues
N/A
ou
N/D*
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Apodi 276
295
679
532
504
530
671
Areia Branca N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Caraúbas N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Carnaubais 779
182
352
727
918
867
1.091
Felipe Guerra N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Governador D-S.
Rosado N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Guamaré 418
428
487
615
1.091
2.816
1.103
Macau N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Mossoró 21.509
23.358
24.994
26.345
28.826
31.871
33.979
Pendências N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
N/A ou N/D
Porto do Mangue 0
0
232
341
721
860
527
Upanema 40
68
73
77
171
99
45
Fonte: UCAM; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
* Não se aplica ou não disponível
4.6 RENDAS PETROLÍFERAS: DINHEIRO DEMAIS PARA INVESTIMENTO DE
MENOS
O dilema sobre onde e em que os municípios beneficiários gastam os recursos petrolíferos é
algo que aguça a curiosidade de todos aqueles que são atraídos pelo assunto. Pois bem, esse é um
tema de difícil acesso e mais difícil ainda de encontrar uma resposta clara e precisa. Isso acontece,
como sevisto no decorrer desta dissertação, devido à precariedade na disponibilidade dos dados
fornecidos pelos órgãos responsáveis, mas um dado disponível ao conhecimento público é o quanto as
“prefeituras do petróleo” destinam ao investimento e qual a representatividade dos recursos do
petróleo nesses gastos.
16
Exceto pessoal ocupado na Administração Pública.
O investimento é a forma mais sensata e mais correta de serem aplicadas as rendas
petrolíferas, uma vez que, sendo feito um planejamento no sentido de promover desenvolvimento
sustentável municipal continuado, evita-se possíveis privações futuras por aqueles que substituirão a
geração atual e não terão mais o mesmo privilégio de poder contar com essa renda em suas receitas
totais. Aqueles municípios que procuram de alguma forma aplicar apenas uma parte menor desses
recursos em investimento, certamente, estarão alimentando e financiando a máquina pública ou até
mesmo usando-a em benefício de uma pequena elite privilegiada.
A Figura 4.8 apresenta em percentuais para cada município, a relação existente entre o
valor recebido dos royalties e das participações especiais com o valor referente receitas que são
destinadas ao investimento pelas prefeituras municipais.
Um dado preocupante é o que foi exibido por alguns municípios que chegaram a receber
por ano, de recursos do petróleo, valores muito superiores ao que eles dispuseram para investimento
público local, como é o caso de Porto do Mangue que em 2005 chegou a receber de renda petrolífera
o equivalente a R$ 4.730.589,00 e investiu apenas o montante de R$ 784.311,00, ou seja, ele recebeu
6 vezes mais do que o valor que fora destinado para investimento. Areia Branca em 2004 recebeu o
equivalente a quase 5 vezes mais do que o valor destinado ao investimento, foram recebidos R$
10.894.617,00 e investidos apenas R$ 2.293.195,00, assim como Macau, que no mesmo ano recebeu
4 vezes mais do que o que fora destinado à investimentos no município, ambos apresentam uma
média anual de aproximadamente 368%, 299% e 283%, respectivamente. Os dados em detalhes
podem ser conferidos no apêndice exposto no final deste trabalho, mas as médias anuais apresentadas
por todos os municípios estão expostas na figura a seguir.
130,81
76,02
125,89
131,69
151,11
165,69
169,99
174,06
182,82
189,38
220,53
282,75
298,61
367,83
Mossoró Caraúbas Açu
Guama Upanema Apodi
Felipe Guerra Gov. D.-S. Rosado Carnaubais
Alto do Rodrigues Penncia Macau
Areia Branca Porto do Mangue
Fonte: UCAM; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Figura 4.8: Média das rendas petrolíferas sobre
investimentos nos municípios produtores de petróleo do RN
de 1999 a 2005
Apenas o município de Mossoró mostrou em média que gastou com investimentos
mais do que o que lhe foi destinado de recursos petrolíferos, com média anual de 76%, porém
a grande maioria recebe muito mais do que o que é capaz de investir. Mas o que é feito com o
restante das rendas do petróleo?
O diagnóstico encontrado nessa análise revela uma situação preocupante, pois os
gastos desordenados no presente poderão acarretar crises financeiras no futuro, visto que, os
atuais gastos municipais vêm aumentando significativamente a cada ano, conforme será
mostrado nos próximos capítulos. Não se sabe até que ponto existem gestores preocupados
com problemas futuros, pois não é comum se ver medidas sendo tomadas nesse sentido, para,
por exemplo, quando os campos de petróleo alcançarem sua exaustão.
4.7 – ESPECIALIZAÇÃO VERSOS DIVERSIFICAÇÃO
A Figura 4.9 a seguir resume o comportamento dos municípios segundo o Índice de
Especialização/Diversificação do Mercado de Trabalho.
17
Este índice foi apresentado pela
Universidade Cândido Mendes Campos, ele mensura o grau de diversificação produtiva dos
municípios. Sua variação ocorre entre 0 e 1: valores aproximados a zero indicam uma diversificação
produtiva nos municípios; valores aproximados a um indicam uma elevada especialização setorial nos
municípios.
O exame da figura a seguir mostra que doze municípios, dos quatorze analisados,
apresentam uma diversificação produtiva acima de 0,20, Mossoró é o que mostra menor índice com
0,06, sendo ele o segundo maior município do estado e também o segundo mais rico e importante tem
uma diversificação maior em sua área de atividade produtiva. Mossoró além de exercer a atividade
petrolífera também tem instalado em seu território indústrias de diversos segmentos
econômico/produtivos, comércio, serviços, turismo, entre inúmeras atividades produtivas.
17
O Índice é derivado da normalização do Índice de Especialização de Herfindahl, cuja definição pode ser assim
expressa: ou, o somatório do quadrado das participações relativas de cada um das 59
divisões de atividade econômica [CNAE/95] para cada município. (www.royaltiesdopetroleo.ucam-campos.br).
Diferentemente dos outros municípios, que são de pequeno a médio portes, do estado que apresentam
poucas atividades produtivas.
0,06
0,14
0,21
0,25 0,25
0,27
0,36
0,39
0,40
0,45
0,46
0,54
0,66
0,95
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
Fonte: UCAM; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Figura 4.9: Média do Índice de Especialização/
Diversificação do Mercado de Trabalho, 1999 a 2005
Os municípios de Upanema e Felipe Guerra mostram índices de 0,66 e 0,95, sendo os mais
altos dentre os quatorze, o que significa dizer que eles apresentam uma elevada especialização setorial.
Ou seja, existe pouca diversidade produtiva e a atividade petrolífera pode ser é a mais importante em
ambos os municípios, visto que, os dois são de pequeno porte.
O capítulo seguinte faz uma análise das finanças públicas municipais, mostrando o
comportamento de suas receitas e despesas num período de sete anos, assim como também, de
seus indicadores financeiros e econômicos.
CAPÍTULO 5
FINANÇAS PÚBLICAS NOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE PETRÓLEO:
DESPESAS SEGUNDO AS CATEGORIAS
Como foi anteriormente observado, as medidas descentralizadoras iniciadas com o
processo de redemocratização do início dos anos 1980 e ampliadas com a Constituição
Federal de 1988, conferiram às administrações municipais um papel renovado como
instâncias responsáveis pela implementação de políticas públicas e de promoção do
desenvolvimento local.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 foi o marco para o início deste
novo ciclo de descentralização do público que muito tempo vem sendo vivenciado no
Brasil. As esferas subnacionais, especialmente os municípios, foram mais aquinhoados com a
nova repartição de receita, muito embora a situação em que se encontram hoje em dia ainda
não seja a que foi idealizada pelos constituintes, uma vez que assumiram encargos
proporcionalmente maiores. À instância municipal, foi outorgado inclusive, o poder de
instituir e promover o desenvolvimento local, bem como executar políticas blicas
objetivando o melhoramento das suas condições sociais e financeiras.
Este novo papel contrasta com o período anterior aos anos 1980, quando as
atividades fundamentais das gestões públicas municipais se concentravam na administração
da burocracia pública, na execução de pequenos investimentos em infra-estrutura física e
social e na prestação de alguns serviços de educação e saúde.
O processo de descentralização trouxe mudanças positivas nas estruturas
burocráticas tanto nos estados como nos municípios. Sem dúvida, os municípios ganharam
uma posição de destaque devido aos grandes poderes decisórios que lhes foram atribuídos,
proporcionando-lhes ganhos de receitas devido às novas regras de distribuição entre as esferas
de governo. De fato, eles foram beneficiados não com o aumento de vantagens e
benefícios, mas também, com o aumento de suas responsabilidades e deveres.
No caso do Rio Grande do Norte, o aumento das receitas públicas municipais teve
um impacto relativamente maior nos municípios produtores de petróleo e gás natural,
principalmente no final da década de 1990, mais precisamente com a aprovação da Lei
9.478/97 – também conhecida com a Lei do Petróleo – que aumentou o percentual no
pagamento dos royalties do petróleo e as participações especiais transferidas para os
municípios que exercem a atividade.
As estruturas burocráticas municipais e os recursos humanos tiveram que ser
ampliados para assumir as novas responsabilidades que lhes foram sendo transferidas nos
campos das políticas públicas e do desenvolvimento local, ainda que a descentralização fiscal
e as arrecadações próprias não tenham ocorrido na mesma proporção, pois, na realidade, os
municípios continuam altamente dependentes das transferências inter-governamentais.
Os indicadores financeiros adiante calculados e analisados ilustram e dimensionam a
descentralização ocorrida na administração blica brasileira, cujas manifestações mais
visíveis são aumento da arrecadação, do elevado grau de dependência das receitas municipais,
da capacidade de poupança e do grau de comprometimento das receitas, especialmente nos
municípios potiguares que produzem petróleo e gás natural.
A princípio o trabalho analisa o comportamento financeiro dos municípios
potiguares que exercem atividades petrolíferas, porém, neste trabalho só farão parte da análise
quatorze municípios, de um total de quinze, visto que, não foram encontrados dados
disponíveis para Serra do Mel no período estudado.
5.1 – CAPACIDADE DE ARRECADAÇÃO (CA)
A capacidade de arrecadação foi definida como a relação existente entre as receitas
correntes e a população de cada um dos municípios, que, neste trabalho, correspondem aos
que são produtores de petróleo e gás natural no estado do Rio Grande do Norte.
CA = Receitas correntes municipais
População
Para uma melhor compreensão dos dados analisados a seguir, foi construída a
Tabela 5.1 contendo os dados referentes à arrecadação per capita dos 14 municípios nos sete
anos estudados. Na última coluna da tabela encontram-se as médias calculadas para cada um
desses entes, com os dados dispostos em ordem crescente.
Uma análise comparada da arrecadação desses municípios a partir de 1999 até o ano
de 2005, mostrada na Tabela 5.1, abaixo, confirma um aumento da receita per capita total na
grande maioria dos municípios. Como pode ser observado, todos o municípios apresentam
uma tendência de aumento da arrecadação de 1999 a 2005. Os municípios de Pendências e
Guamaré são os que apresentam os maiores ganhos proporcionais, pois quando comparados o
primeiro e último ano analisados, esse desempenho em suas arrecadações sobressaiu-se entre
os demais entes. Os municípios de Areia Branca, Carnaubais e Alto do Rodrigues mostram
uma estabilidade em sua arrecadação nos sete anos. Mesmo assim, a média no período de
ambos está entre a (sétima), (quinta) e a (terceira), respectivamente, correspondendo
às maiores arrecadações per capita da região produtora de petróleo, e quiçá, às maiores dentre
todos os municípios do estado do Rio Grande do Norte neste período.
Tabela 5.1: Valores da arrecadação per capita, 1999 a 2005
Municípios
Arrecadação per capita
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Média
Açu 451,99
515,97
517,10
543,07
495,16
511,41
576,42
515,87
Apodi 483,82
528,41
584,14
607,72
568,52
554,79
646,94
567,76
Caraúbas 556,95
591,91
615,20
799,16
663,75
706,78
- 655,62
Mossoró 628,00
644,02
654,00
776,93
722,36
804,68
871,99
728,86
Upanema - - 723,69
831,73
810,74
822,08
937,01
825,05
Gov. D-S Rosado - 753,85
852,10
910,79
957,81
- - 868,64
Pendências 661,46
894,15
862,90
1.093,85
1.028,55
1.077,99
- 936,48
Areia Branca 1.023,59
1.277,52
- 1.336,38
1.353,17
1.181,94
- 1.028,77
Felipe Guerra - 879,96
- 1.656,14
1.493,77
- - 1.343,29
Carnaubais - 1.211,02
1.332,14
1.359,20
1.212,52
1.147,33
1.205,94
1.244,69
Macau 916,40
1.038,56
1.067,42
1.479,78
1.532,27
1.553,18
- 1.264,60
Alto do Rodrigues - - 1.395,32
1.585,46
1.462,72
1.434,04
- 1.469,39
Porto do Mangue - - 1.572,02
1.573,40
1.695,38
1.920,07
2.130,56
1.778,29
Guamaré 2.971,79
3.093,91
2.683,25
3.563,76
3.986,94
- 5.376,88
3.612,75
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Entretanto, esse bom desempenho não é explicado pela arrecadação própria, mas sim
pelo aumento das transferências de recursos repassados pela União, por intermédio dos fundos
de participação e das políticas sociais, e principalmente, pelo aumento significativo do
recebimento das rendas petrolíferas nesses municípios, onde esse valor pode representar mais
de 40% do total da receita arrecadada, em alguns deles, como foi visto no capítulo anterior.
Mas o município que mais chama a atenção pelo grande valor de sua arrecadação
per capita em todo o período é Guamaré, onde está localizado o pólo industrial da
PETROBRÁS. Por esta razão, este município teve sua arrecadação quase que dobrada no
curto período de sete anos, apresentando em 1999 um valor de aproximadamente, R$
2.972,00, e nos anos seguintes mostrando uma ascendência exponencial, chegando em 2005 a
alcançar um valor per capita equivalente a R$ 5.377,00.
A atividade petrolífera nesta região, e principalmente, neste município, fez com que
ele ostentasse a maior arrecadação em relação aos demais municípios produtores. Mesmo no
ano de 2001, em que Guamaré apresentou uma redução na arrecadação per capita, sua
posição foi bastante destacada no contexto dos demais municípios.
GOMES (2000, p. 15), discorre a respeito do aumento da receita per capita, por
faixa populacional:
[...] para os municípios menores, são as regras de repartição do FPM que respondem
pela grande receita por habitante; à medida que vão sendo considerados tamanhos
maiores, entretanto, as quotas per capita do FPM decrescem muito rapidamente, sem
que aumente na mesma velocidade a arrecadação própria per capita ou parcelas
recebidas do ICMS, por habitante. Essa conjunção de fatores faz com que os
municípios médios sejam os que exibem, tipicamente, a pior situação fiscal, em
termos de recursos disponíveis por habitante.[...] A partir de um certo tamanho de
município, entretanto, as receitas por habitante voltam a crescer, o que reflete o seu
maior produto per capita.
Porém, quando se trata de municípios como os que compõem a Área do Petróleo
Potiguar, não se pode afirmar que para todos esses municípios o FPM e ICMS fazem parte da
maior receita por habitante, pois os royalties do petróleo e as participações especiais são as
receitas que causam maior impacto em seus cofres públicos.
É correto afirmar, com base nesses dados, que o processo de descentralização fiscal
contribuiu, de forma efetiva, para aumentar as receitas públicas dos municípios, medidas em
termos de arrecadação per capita. Entretanto, em que medida esse mesmo processo de
descentralização contribuiu para aumentar a arrecadação própria dos municípios do Rio Grande
do Norte?
Este tipo de avaliação pode ser feito mediante a utilização de outro indicador, o grau
de dependência das receitas municipais em relação às transferências inter-governamentais,
como será visto a seguir.
5.2 – GRAU DE DEPENDÊNCIA (GD)
O grau de dependência é dado pela participação relativa das transferências
intergovernamentais nas receitas correntes de cada município, como mostra a expressão
abaixo. A análise comparada do grau de dependência dos municípios produtores de petróleo do
Rio Grande do Norte mostra um comportamento oscilante no período de 1999 a 2005.
GD = Transferências intergovernamentais x 100
Receitas correntes municipais
Na Tabela 5.2 estão expostos os dados que representam o grau de dependência com
relação às transferências intergovernamentais para cada município analisado, e como no item
anterior, a última coluna da tabela mostra a média anual para cada município.
No período de sete anos o grau de dependência apresenta-se de forma diferenciada, na
maioria dos munipios variações para mais e para menos. Em alguns municípios como
Mosso, Macau e Areia Branca existe uma tenncia clara de redução em seu grau de
dependência ano após ano, essa evidência é mais visível em Macau.
O município de Guamaré apesar de mostrar um pico em 2002 que chama a atenção
por apresentar um aumento muito grande de sua dependência de um ano para o outro, nos
demais anos ele mostra uma estabilidade, assim como, Pendências que também mostra uma
estabilidade de sua dependência. Talvez o que possa ter ocorrido com Guamaré seja alguma
falha no fornecimento dos dados enviados ao órgão responsável pela divulgação dos mesmos,
de certo não se sabe o que aconteceu para que houvesse tal discrepância. Os municípios de
Porto do Mangue e Alto do Rodrigues mostram uma tendência de elevação em sua
dependência, mesmo mostrando uma redução em alguns anos, mesmo assim, na média do
período prevalece o aumento.
Essas constatações evidenciam, de um lado, a fragilidade da base econômica desses
municípios do Rio Grande do Norte, e, de outro, o seu corolário, isto é, a sua baixa capacidade
de arrecadação própria. Todavia, isto não significa dizer que nos municípios que apresentaram
um grau de dependência menor apresentem uma arrecadação própria satisfatória. O grande
peso dos recursos do petróleo sobre a receita arrecadada é o que faz a diferença nesses
municípios. Os recursos advindos das atividades petrolíferas são de grande importância para
eles, pois é ela que lhes garante melhores condições financeiras.
Tabela 5.2: Grau de dependência municipal, 1999 a 2005
Municípios
Grau de dependência municipal
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Macau 69,81 62,20 60,14 46,46 42,06 43,87 - 54,09
Guamaré 42,42 45,18 45,39 93,79 38,62 - 78,24 57,27
Areia Branca 67,26 59,64 - 59,13 52,63 58,66 - 59,46
Alto do Rodrigues - - 71,93 53,09 58,55 87,09 - 67,67
Porto do Mangue - - 66,95 59,14 50,44 97,64 97,53 74,34
Pendências 96,38 72,49 69,96 70,43 69,28 93,31 - 78,64
Mossoró 87,52 89,68 88,01 67,92 77,75 78,38 76,67 80,85
Apodi 95,02 74,97 91,67 73,38 95,42 95,37 93,61 88,49
Carnaubais - 84,81 81,04 90,81 91,53 93,46 93,13 89,13
Gov. D-S Rosado - 74,91 68,48 96,68 94,85 - - 83,73
Felipe Guerra - 98,34 - 92,22 69,28 - - 86,61
Açu 92,49 85,54 82,49 95,32 92,53 90,95 88,30 89,66
Caraúbas 91,63 99,25 88,25 97,63 79,89 97,96 - 92,44
Upanema - - 98,34 95,20 93,12 92,32 91,35 94,07
Fonte: STN; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Percebe-se ainda que os municípios de Upanema e Felipe Guerra mostram uma
tendência decrescente em sua dependência das transferências inter-governamentais em todo o
período, com uma pequena melhora ano a ano. Mesmo assim, Upanema ainda mostra uma
dependência muito elevada chegando em 2005 a 91%, configurando, entre os 14 municípios,
apresentado na tabela, a maior média geral, conforme média feita para o período.
Alguns municípios como Apodi, Caraúbas e Açu apresentam um comportamento
com oscilações ano a ano, o que no final pode ser definido como uma possível estabilidade
quando analisado os sete anos.
Essas constatações supõem que, mesmo em municípios considerados “ricos” por
causa da intensa atividade petrolífera, como é o caso dos quatorze que fazem parte desta
análise, o alto grau de dependência das transferências intergovernamentais ainda é uma
realidade, assim como naqueles em que essa atividade é inexistente, o que leva a crer que, a
arrecadação própria é algo muito pequena perante as transferências intergovernamentais.
Na realidade, as receitas dos municípios em geral são predominantemente formadas
por recursos provenientes dos Governos Federal e Estadual, ou, mais precisamente, pelas
quotas-partes do FPM, do ICMS e do IPVA, porém, no caso dos munipios norte-rio-
grandenses produtores de petleo, o valor recebido dos royalties e das participações especiais é
muito importante e têm peso muito significativo no total de suas receitas .
Entretanto, algumas mudanças ocorridas na composição das receitas municipais
precisam ser melhor qualificadas. Deve ser ressaltado, em primeiro lugar, que o elevado grau de
dependência das receitas municipais em relação às transferências não é uma especificidade do
Rio Grande do Norte. A maioria dos municípios brasileiros ostenta esta característica, que é
própria do caráter centralizador da Federão Brasileira, cujos recursos tributários e de
contribuões sociais ainda são concentradas nas esferas nacionais de governo.
As receitas dos municípios da “Área do Petróleo Potiguar aumentaram muito,
chegando em alguns casos a mais do que dobrar, em termos reais, quando se considera a
arrecadação total em 2005, comparativamente a 1999, portanto em um período de apenas sete
anos, como é o caso do município de Guamaré que em 1999 apresentou uma receita corrente
real de R$ 23.789.163,97 e em 2005 de R$ 51.709.474,61.
Trata-se, entretanto, de um tipo de descentralização dependente e vinculada. Mesmo
assim, em que medida a descentralização fiscal contribuiu para aumentar a capacidade de
investimento dos municípios? A resposta a esta indagação pode ser obtida pelo lculo da
capacidade de poupança, que a seguir é dimensionada e interpretada.
5.3 – CAPACIDADE
DE POUPANÇA (CP)
A capacidade de poupança é definida como a participação relativa das receitas
disponíveis após a realização dos gastos com despesas correntes, ou seja, a relação entre as
receitas correntes menos as despesas correntes em relação às receitas correntes, conforme
expressão a seguir.
CP = Receitas correntes - Despesas correntes x 100
Receitas correntes municipais
A Tabela 5.3 a seguir, foi construída atras dos dados coletados no site da STN e
mostra a poupança de cada um dos municípios num período que vai de 1999 a 2005. Os dados
disponíveis evidenciam que nem todos os quatorze municípios melhoraram as suas poupanças;
ao contrário, alguns inclusive apresentam redução.
Nela é possível observar que a maioria dos municípios apresenta variações para mais e
para menos em suas poupanças, porém, Felipe Guerra, Caraúbas, Mosso e Pendências
mostram uma tendência a aumentar suas poupanças, mas o maior aumento foi apresentado por
Felipe Guerra que em 2000 estava negativo em -12% chegando em 2002 a apresentar 26%. O
município de Areia Branca mostra considerável redução durante todo o período, juntamente
com Carnaubais que mostrou uma sensível tendência a reduzir seu nível de poupança. Os
demais apresentam uma tendência à estabilidade, conforme tabela a seguir.
Tabela 5.3: Capacidade de poupança municipal, 1999 a 2005
Municípios
Capacidade de poupança municipal
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Pendências -5,05 5,46 11,59 19,61 15,22 18,29 - 10,85
Felipe Guerra - -12,00 - 25,50 18,92 - - 10,81
Upanema - - 14,96 7,60 13,17 16,17 12,78 12,93
Carnaubais - 10,97 16,63 19,24 9,84 13,66 8,01 13,06
Areia Branca 18,55 19,86 - 13,10 12,14 5,62 - 13,85
Caraúbas 11,20 15,24 4,85 19,08 14,07 18,87 - 13,89
Porto do Mangue - - 20,13 9,65 16,00 14,99 11,12 14,38
Apodi 20,24 20,79 13,78 13,44 14,08 14,12 12,48 15,56
Açu 18,86 20,71 18,16 12,25 16,02 14,01 11,26 15,90
Mossoró 5,21 5,74 8,64 25,55 26,04 21,23 21,11 16,22
Alto do Rodrigues - - 16,39 17,25 17,27 16,35 - 16,82
Gov. D-S Rosado - 16,75 12,10 19,72 20,53 - - 17,27
Macau 15,62 16,65 14,57 29,59 20,28 16,19 - 18,82
Guamaré 56,75 56,23 35,21 43,19 38,74 - 18,65 41,46
Fonte: STN; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
O município de Guamaré foi, mais uma vez, o que mais chamou a atenção, pois
ostenta o maior nível de poupança entre os quatorze municípios. Apesar disto, mostra uma
tendência a queda no decorrer do período. Nos dois primeiros anos ele ostentou um percentual
de mais de 56% no nível de poupança, mas nos anos seguintes ele mostrou uma tendência a
redução desse indicador. Apodi e Açú também mostraram tendência à redução de sua poupança,
apresentando deslocamento decrescente ao longo dos sete anos analisados.
Ao que parece os encargos estão subindo mais que proporcionalmente ao aumento das
receitas em alguns anos analisados. Por outro lado, os municípios poderiam estar realizando
despesas de custeio para além das suas próprias necessidades, o que não é comprovado.
Todavia, o lculo do grau de comprometimento das receitas, a seguir apresentado, sugere
algumas pistas para possíveis respostas a esta questão.
5.4 – GRAU DE COMPROMETIMENTO DAS RECEITAS (GCR)
O grau de comprometimento das receitas é definido como a participação relativa dos
gastos públicos com pessoal e encargos sociais nas receitas correntes municipais, conforme
mostrado na expressão abaixo.
GCR = Gastos com pessoal e encargos sociais
x 100
Receitas correntes municipais
A Tabela 5.4 abaixo mostra os percentuais de comprometimento da receita dos
quatorze municípios. Nela os percentuais de comprometimento da receita estão entre 14% e
49%, o município de Guamaré mostra uma tendência de queda no comprometimento de suas
receitas em quase todo o período, porém, apenas no ano de 2001 ele apresenta um aumento,
Mossoró e Pendências também seguem a tendência de redução. Macau, Carnaubais e Porto do
Mangue mostram uma tendência crescente do comprometimento de suas receitas, com a
melhor situação sendo apresentada por Carnaubais. Os demais demonstram certa estabilidade
em seus percentuais neste indicador, conforme mostra a tabela a seguir. Percebe-se que
apenas o município de Felipe Guerra apresenta de 2000 para 2002 uma queda surpreendente
de 91% para 24% respectivamente, não se sabe o porquê dessa queda tão brusca, mas uma vez
fica a dúvida quanto a veracidade no fornecimento dos dados pelos responsáveis junto ao site
da Secretaria de Tesouro Nacional.
Tabela 5.4: Grau de comprometimento da receita, 1999 a 2005
Municípios
Grau de comprometimento das receitas municipais
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Macau 14,13 14,49 18,12 16,28 18,03 30,37 - 18,57
Porto do Mangue - - 22,61 28,86 27,58 26,33 30,92 27,26
Gov. D-S Rosado - 30,95 34,84 33,32 32,06 - - 32,79
Areia Branca 35,85 32,91 - 38,04 35,77 32,93 - 35,10
Guamaré 38,44 32,43 42,43 36,17 31,84 - 30,93 35,37
Alto do Rodrigues - - 36,02 37,51 32,49 36,57 - 35,65
Carnaubais - 25,36 30,72 32,86 39,08 39,07 47,52 35,77
Apodi 26,22 21,61 32,24 38,50 42,11 45,01 44,80 35,78
Açu 31,39 30,46 36,92 39,81 40,81 41,33 41,10 37,40
Upanema - - 35,69 37,18 39,78 42,20 38,61 38,69
Pendências 48,96 47,99 45,33 30,34 34,04 38,74 - 40,90
Mossoró 44,63 45,14 44,75 43,15 40,55 40,34 43,15 43,10
Caraúbas 38,01 38,86 48,03 41,21 49,06 44,07 - 43,21
Felipe Guerra - 90,72 - 23,62 24,66 - - 46,33
Fonte: STN; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
É possível que um baixo comprometimento das receitas com pessoal e encargos
sociais esteja sendo obtido à custa de salários aviltantes ou mediante alocação de recursos em
favor de distintas modalidades, como é o caso dos serviços terceirizados prestados por
empresas privadas. Na realidade, este tipo de execução de serviços é uma prática comum em
todas as prefeituras do Rio Grande do Norte e no particular em que se enquadram os
municípios que têm atividades petrolíferas, esse tipo de serviço terceirizado em mais comum
ainda.
Outro motivo que leva a entender esse baixo comprometimento das receitas com
pessoal e encargos pode ser as experiências de parceria com associações e cooperativas para
prestação de serviços ou execução de obras, o que merece estudos mais aprofundados para
verificar se realmente ocorre de fato esse tipo de prestação de serviço. Em que medida essas
modalidades de implementação de políticas públicas são próprias de um movimento de
descentralização e democratização da gestão pública e podem ser difundidas como práticas
inovadoras em todos os municípios.
Quadro 2: Tendências dos indicadores de desempenho das finanças públicas nos municípios
produtores de petróleo do estado do rio grande do norte, 1999 – 2005
Municípios
Indicadores de desempenho
Arrecadação per
capita
(R$/habitante)
Grau de
dependência (%)
Nível de poupança
(%)
Grau de
comprometimento
da receita (%)
Açu
crescente decrescente decrescente crescente
Alto do Rodrigues
estável crescente estável estável
Apodi
crescente estável decrescente crescente
Areia Branca
estável decrescente decrescente decrescente
Caraúbas
crescente estável crescente crescente
Carnaubais
estável crescente decrescente crescente
Felipe Guerra
crescente decrescente crescente decrescente
Gov. Dix-Sept Rosado crescente crescente crescente estável
Guamaré crescente estável decrescente decrescente
Macau crescente decrescente crescente crescente
Mossoró crescente decrescente crescente decrescente
Pendências crescente estável crescente decrescente
Porto do Mangue crescente crescente decrescente crescente
Upanema crescente decrescente estável estável
Analisando-se o quadro acima à luz dos aportes teóricos sobre a teoria da
descentralização fiscal, e, em particular sobre as transferências intergovernamentais, pode-se
afirmar que o padrão predominante na maioria dos municípios produtores de petróleo é de um
aumento em seus indicadores de desempenho em finanças públicas, o que aparentemente é
um resultado positivo em suas finanças.
O padrão na arrecadação per capita na maioria dos municípios é crescente, em
alguns municípios como Guamaré e Pendência a evolução é mais significativa que nos
demais. Entretanto, essa evolução não é resultado a arrecadação própria, mas sim do volume
das participações governamentais, proveniente ou do aumento a produção de petróleo e gás
natural ou do seu preço que é estabelecido internacionalmente.
O padrão de dependência na maioria dos municípios é de redução, o que seria um
indicador positivo, mas mesmo assim o grau de dependência ainda é elevado, conforme visto
anteriormente no sub-item 5.2. Quanto a capacidade de poupança o padrão dos municípios
está dividido, metade deles se encontra crescente enquanto a outra metade se mostra
decrescente. Já com relação ao grau de comprometimento das receitas a maioria dos
municípios mostra uma tendência à evolução, alguns deles apresentando apenas um sensível
aumento, enquanto três deles permanecem estáveis e os demais decrescentes.
No entanto, para continuar aprofundando a análise e interpretação do material
empírico à luz das questões de pesquisa e daquelas contribuições teóricas, torna-se necessário
analisar os dados relativos aos gastos públicos nos municípios pesquisados segundo as
funções, o que será feito no capítulo seguinte.
CAPÍTULO 6
FINANÇAS PÚBLICAS NOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE PETRÓLEO:
DESPESAS SEGUNDO AS FUNÇÕES
No capítulo anterior foram analisados os indicadores de desempenho das finanças
municipais e verificada a situação em que se encontram os municípios estudados. Este sexto
capítulo se propõe a analisar a evolução dos gastos por função dos municípios localizados na
Área do Petróleo Potiguar, ou seja, aqueles gastos realizados em educação e cultura; saúde e
saneamento; administração e planejamento; habitação e urbanismo; assistência e previdência
social; legislativo; transporte, e, demais despesas.
Foram analisados os gastos públicos de quatorze dos quinze municípios que fazem
parte região petrolífera do estado do Rio Grande do Norte, por não ter sido possível incluir na
análise dos gastos por função o município de Serra do Mel em virtude da indisponibilidade de
dados no site da Secretaria do Tesouro Nacional.
Com a aprovação da Lei do Petróleo, de número 9.478/97 em complemento à
Emenda Constitucional 9/95, as esferas subnacionais tiveram aumentadas as suas
participações nos ganhos referentes às atividades petrolíferas exercidas em seu território. No
Rio Grande do Norte, cerca de 96 municípios, como mostra a Figura 4.4, passaram a receber
transferências relativas a essas atividades, ainda que apenas quinze municípios do estado,
estudados neste trabalho, sejam produtores de petróleo e gás natural e se destaquem,
naturalmente, como aqueles que recebem os maiores valores de transferências relativas aos
royalties e participações especiais.
A Lei do Petróleo fez com que esses municípios produtores de petróleo e gás
natural, obtivessem ganhos significativos, alguns chegando a quase dobrar suas receitas
públicas. Com isso, seus gastos também apresentaram comportamento similar, como pode ser
observado nas figuras adiante apresentadas. Neste contexto, houve de fato um crescimento
das finanças públicas na região denominada de Área do Petróleo Potiguar, porém não se sabe
se houve melhora na provisão dos serviços públicos na Região. Por isso, buscou-se analisar a
situação em que se encontram os gastos por função dos municípios produtores no período
imediatamente posterior à Lei do Petróleo, tomando como referência o período de 1999 a
2005.
Como está descrito na metodologia deste documento, a base de dados utilizada na
elaboração das tabelas e figuras apresentadas neste capítulo, foi coletada e construída com a
partir dos sites da Secretária do Tesouro Nacional e dos royalties do petróleo da Universidade
Cândido Mendes Campos, e, em seguida, foi dado o tratamento necessário para que se
pudesse comparar e analisar os resultados encontrados.
Para verificar se realmente houve crescimento real dos gastos municipais, os valores
encontrados foram deflacionados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preço – Disponibilidade
Interna) da Fundação Getúlio Vargas, tornando-os constantes. Para poder comparar os
resultados apresentados pelos municípios, os gastos foram calculados e apresentados em
valores per capita para cada um dos municípios. Dessa forma não poderia haver divergência
na comparação entre os valores encontrados em municípios com grande população com
outros com pequeno número de habitantes.
A direção dos gastos permitiu mostrar quais os caminhos percorridos pela receita
pública municipal até sua aplicação, seja ela com fins sociais ou de infra-estrutura. Também
mostrou a magnitude do gasto, e não apenas onde foram aplicados os recursos financeiros,
como pode ser visto a seguir.
6.1 – GASTOS COM EDUCAÇÃO E CULTURA
Na literatura sobre políticas sociais a educação pode ser enquadrada perfeitamente
como um bem de investimento assim também como um bem de consumo, uma vez que,
medidas e decisões governamentais em investir, como por exemplo, na construção,
equipamentos e qualificação humana podem levar a um aprendizado de qualidade mais
eficiente. Porém, fica a cargo das famílias fazerem as escolhas para seus filhos decidindo
assim o nível de educação que elas desejam.
Com a descentralização da educação, os entes municipais em sua grande maioria
ficaram responsáveis principalmente pela educação básica, como o ensino infantil, ensino
fundamental e muitas vezes pelo ensino médio, porém, existem muitos municípios que são
pequenos e não podem fornecer o ensino médio. Então, nestes casos, esse nível de ensino é
fornecido por uma instancia mais elevada como é o caso do governo estadual. Dos 15
municípios localizados na Área do Petróleo Potiguar, alguns não dispõem de escolas
municipais com ensino médio, ficando a cargo do governo do estado suprir esta necessidade.
Neste item do trabalho o enfoque principal será a análise dos gastos financeiros per
capita com educação e cultura, bem como, uma apreciação de alguns indicadores sociais
relativos ao comportamento da educação nos municípios produtores de petróleo do Rio
Grande do Norte.
6.1.1 – Gastos públicos em educação
Com o processo de descentralização veio também a municipalização do ensino
fundamental como forma dos municípios prestarem a suas populações serviços básicos e
necessário de educação, este período compreende da a série estudantil, também
conhecido como primeiro grau.
Mesmo com esse processo, os governos locais são incentivados pelo governo federal
a suprirem suas necessidades básicas na rede de ensino através de transferência dos recursos
do FUNDEB. Isto acontece porque muitas vezes os governos estaduais que não têm condições
de garantir um valor mínimo por aluno e por isso o governo federal repassa aos cofres locais
esses recursos, esta é uma forma de transferência condicional sem contrapartida
18
. Existem
argumentos a favor da municipalização da educação, o motivo é a proximidade entre o
público beneficiado e o governo municipal fornecedor do serviço, uma vez que se supõe que a
administração local por estar mais próxima do público alvo teria mais possibilidade de saber
sobre os anseios e necessidades, diferentemente das instancias superiores. Esta é uma forma
de aumentar a participação da população (pais, alunos, professores e outros) na elaboração,
18
Mendes (2004)
implementação e avaliação do processo de ensino municipal, assim como, também no
aprendizado em geral
19
.
Nos sete anos estudados para a elaboração deste trabalho, verificou-se que houve
variações por vezes crescentes, em alguns anos e decrescente em outros, no que se refere aos
gastos públicos municipais com educação e cultura em todos os municípios pertencentes à
Área do Petróleo Potiguar. Porém, com esses dados estatísticos não se pode afirmar se
houve uma evolução no quadro social e qualitativo na educação desses municípios. Para
avaliar se houve mudanças positivas nessa área, será necessário analisar alguns indicadores
sociais para se verificar se as mudanças se dão na mesma proporção e no mesmo sentido.
Inicialmente serão analisados os dados referentes aos valores financeiros que foram gastos
com educação e cultura pelas esferas municipais em estudo.
A tabela a seguir mostra o comportamento dos gastos com educação e cultura nos
anos de 1999 a 2005. É possível observar que apenas três municípios apresentam no decorrer
do período uma tendência a estabilidade, mostrando pequenas variações no investimento per
capita em educação e cultura, como é o caso de Caraúbas, Felipe Guerra e Mossoró.
A maioria dos municípios sete ao todo –, demonstra uma tendência de redução
neste tipo de gasto, o que não significa dizer que eles prestem serviços de qualidade inferior
aos demais entes. Quanto àqueles que apresentam uma tendência crescente desse tipo de
gasto, um chama mais a atenção se sobressaindo por mostrar um aumento mais expressivo,
que é, mais uma vez, o caso de Guamaré que se destaca por mostrar gastos superiores aos
demais, com uma tendência significativamente crescente em todo período, com pico no ano
de 2001 chegando a gastar cerca de R$ 767,00 por habitante, e a quase dobrar o valor do ano
anterior, como mostra a Tabela 6.1, a seguir.
.
19
Nazareth (2005)
Tabela 6.1: Gastos municipais per capita com educação e cultura, 1999 a 2005
Beneficiário
Gastos per capita com educação e cultura
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Acu 154,67
150,79
180,99
137,43
117,66
125,05
143,91
144,36
Apodi 142,51
170,49
185,68
161,90
156,97
143,52
196,11
165,31
Mossoró 174,99
188,98
191,92
173,29
161,47
176,49
156,55
174,81
Gov. D-Sept Rosado - 255,47
281,70
232,64
236,84
231,00
- 247,53
Upanema - - 236,52
282,96
257,47
236,01
253,65
253,32
Caraúbas 253,66
252,57
269,69
253,73
262,67
267,80
- 260,02
Areia Branca 275,05
293,13
296,65
320,16
232,57
175,18
- 265,46
Pendências 275,49
303,54
258,43
327,66
291,58
320,59
- 296,22
Macau 276,98
299,49
340,85
329,36
279,39
295,79
- 303,64
Carnaubais - 384,19
390,33
345,56
337,71
322,43
364,49
357,45
Alto do Rodrigues - - 482,86
398,97
384,14
369,39
- 408,84
Felipe Guerra - 398,07
425,49
488,02
425,87
371,30
- 421,75
Porto do Mangue - - 488,96
424,20
449,01
446,79
524,46
466,69
Guamaré 385,65
395,00
767,29
692,01
744,18
666,70
- 608,47
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Considerando os dados apresentados na tabela acima, percebe-se que o município de
Guamaré destacou-se entre os demais por apresentar gastos per capita significativamente
maiores, porém será que este mesmo comportamento será apresentado pelos municípios no
que se refere, por exemplo, à qualidade dos serviços de educação neste período? Para
responder a esta pergunta, será necessário averiguar os dados oficiais sobre o comportamento
da educação nos anos de 1999 a 2005. Indicadores sociais serão apresentados em seguida para
fazer uma contraposição com os indicadores financeiros aqui encontrados.
A função educação é composta por diversas sub-funções de ensino, como por
exemplo, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, entre outras.
No entanto, cabe ao trabalho mostrar apenas o valor total gasto em educação já que os dados
não estão disponíveis segundo essas sub-funções.
0
250
500
750
1.000
1.250
1.500
1.750
2.000
2.250
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2001
2002
2003
2004
Fonte: anuários estatísticos do Rio Grande do Norte
Figura 6.1: Evasão escolar no ensino municipal de 2001 a
2004
A figura acima mostra a evasão escolar no ensino municipal nos anos de 2001 a
2004. O valor referente à evasão escolar foi encontrado através do número das matriculas
finais subtraído do número de matrículas iniciais, com isso obtendo-se o resultado esperado.
Na análise da figura acima, vê-se que a grande maioria dos resultados mostrados é de
elevação no número de evasão escolar, o que quer dizer que um grande número de alunos
que se matricularam no início do ano, porém não concluíram o ano letivo. Isso fez com que o
número de matrículas finais tenha sido significativamente menor que o das iniciais, salvo
algumas exceções como os casos apresentados por Carnaubais, Governador Dix-Sept Rosado
e Mossoró. No ano de 2002 esses municípios não apresentaram números de evasão escolar,
respectivamente
O ano de 2002 foi o que apresentou um número menor de evasão escolar. O
município de Mossoró chama atenção por ter apresentado uma maior diferença entre os anos
analisados. Em 2001 ele mostra um pico de mais de 3.200 alunos que se evadiram da escola,
porém no ano seguinte mostra que não houve evasão, conforme mencionado anteriormente, e
nos anos seguintes mostra números de evasão significativos. Todos os municípios mostram
variações para mais e para menos nos quatro anos analisados, mas Alto do Rodrigues, Apodi,
Areia Branca, Caraúbas, Carnaubais, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Macau,
Pendências e Upanema, exibem em 2004 um número de evasão escolar maior do que nos anos
anteriores.
6.1.2 – Características do corpo docente
A tabela a seguir mostra se houve ou não aumento no número de funcionários para
fazer parte do corpo docente dos municípios. Com isso pode-se perceber se a variação do
quadro de professores municipais acompanhou o aumento dos gastos públicos em educação,
já que o aumento da população foi proporcional ao aumento desses gastos.
Durante o período de 5 anos analisados os municípios apresentaram aumentos e
reduções em alguns anos no seu quadro de docente. Dentre os treze municípios que
aumentaram o quadro de docentes o que apresentou a maior porcentagem anual foi
Pendências com 63% em 2001.
Como foi dito anteriormente, o ano de 2002 apresentou um menor número de evasão
escolar em todos os quatorze municípios, e em quase todos eles houve um aumento do
número de docente neste mesmo ano, apenas o município de Caraúbas mostrou uma queda no
número de docentes de 12%, os demais ostentaram um aumento nesse quadro, porém, menos
do que o ocorrido no ano anterior.
Comparando a figura dos gastos com educação e a Tabela 6.2, o município de Areia
Branca apresentou uma redução em seus gastos com educação e cultura de 2002 a 2004,
porém, nesse mesmo período apresentou um aumento no corpo de docente municipal em 2002
e 2003 de aproximadamente 9%, conforme tabela a seguir.
Dando continuidade a análise, Porto do Mangue manteve um aumento de seus gastos
per capita com educação e cultura de 2002 a 2005, mas no ano de 2004 ele apresentou uma
queda de 20% no número de docentes. O município de Guamaré, foi o que apresentou maior
gasto per capita com educação comparativamente aos outros municípios, mas mesmo assim
apresentou números significativos de evasão escolar, porém, mostrou aumento no número de
docente em todos os anos, em alguns anos com percentuais mais elevados e em outros com
percentuais muito baixos.
Tabela 6.2: Percentual da evolução do corpo docente, segundo os municípios e níveis de ensino 1991-
2005
Municípios
Corpo docente municipal - %
Dependência administrativa e localização
2001
2002
2003
2004
2005
Açu -22,43
3,17
6,36
-4,89
4,26
Alto do Rodrigues 26,36
18,35
-29,51
13,48
-31,78
Apodi 18,08
2,21
-4,62
2,81
-0,56
Areia Branca -19,26
9,40
8,59
-1,24
0,62
Caraúbas 8,93
-12,00
22,28
-11,56
2,26
Carnaubais 27,71
7,78
7,22
-6,59
14,15
Felipe Guerra 11,76
0,00
10,53
-15,15
16,46
Governador Dix-Sept Rosado 8,70
4,17
27,27
-3,13
4,95
Guamaré 33,71
1,11
22,41
20,00
4,61
Macau 6,96
1,25
14,89
7,39
-4,10
Mossoró 24,74
1,70
10,71
-8,55
-0,88
Pendências 63,37
15,13
17,36
-5,88
0,00
Porto do Mangue 3,33
10,45
14,10
-20,00
26,14
Upanema 19,23
7,14
8,70
4,17
-3,23
Fonte: Anuários estatísticos do Rio Grande do Norte
*Referente aos ensinos infantil, fundamental e médio
Os dados apresentados mostram uma sensível melhora na freqüência escolar durante
os anos de 1999 a 2005 em alguns municípios com aumentos e reduções no número de
matrículas. No apêndice é mostrado o comportamento das matrículas finais, onde o resultado
demonstra a quantidade de alunos que concluíram o ano letivo, de onde foi originada a tabela
anterior. Apenas com esses dados não se pode afirmar se está havendo uma melhora na
qualidade do ensino ou não, uma vez que, para se chegar a tal resultado é necessário um
estudo mais detalhado.
A área de educação e composta por diversas categorias de ensino, como foi exposto
anteriormente, no que se refere aos valores financeiros correspondentes aos gastos com
educação e cultura, neste trabalho foi utilizado o valor total das categorias, ou seja, a soma
dos níveis de ensino fornecidos pelos municípios. Da mesma forma, quando foram analisados
os dados sociais sobre números de docentes e evasão escolar, foram selecionados os mesmo
níveis de ensino, deixando de fora os dados referentes às instituições estaduais e federais de
ensino.
6.2 – GASTOS COM SAÚDE E SANEAMENTO
Assim como aconteceu com a educação, o processo de descentralização
intensificado com a Constituição Federal de 1988, também trouxe a municipalização da saúde
no Brasil, pois, em seu artigo 198 ficou estabelecido que: I - descentralização, com direção
única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e III - participação da comunidade. Aos
entes municipais ficou estabelecido que eles prestariam serviços públicos de saúde atendendo
a população, mas com cooperação técnica dos Governos Federal e Estadual. Contudo, eles
devem se responsabilizar pelo controle, avaliação e auditoria dos prestadores de serviços
localizados em seu território
20
.
Com a aprovação da Emenda Constitucional 29, de 13 de setembro de 2000, ficou
estabelecido que os Municípios devem destinar pelos menos 7% de suas receitas advindas de
impostos para saúde, que este percentual deverá ser aumentado anualmente até atingir 15%
em 2004. O resultado disso seria uma melhora na prestação de serviços de saúde, bem como,
uma ampliação desses serviços. (TEIXEIRA & BARROSO, 2003).
O fortalecimento do poder público municipal desde a Constituição Federal de 1988,
fez com que os gestores tivessem uma maior importância na contribuição do crescimento do
desenvolvimento local. Mantendo-se o mesmo modelo de análise visto no tópico anterior,
procura-se apresentar a seguir informações mais gerais sobre os gastos per capita em saúde e
saneamento nos 14 municípios dos quais foram coletados dados para análise. A Tabela 6.3
permite visualizar o comportamento apresentado pelas esferas municipais nos sete anos
analisados.
A dinâmica do comportamento apresentado mostra que na maioria dos municípios
uma tendência crescente em seus gastos, com algumas pequenas oscilações anuais em alguns
entes. Apenas os municípios de Açu, Alto do Rodrigues e Carnaubais demonstram uma
estabilidade neste tipo de gasto, o que não significa dizer que eles não tenham melhorado a
prestação desses serviços perante os demais entes. Dentre aqueles que apresentam evolução
em seus gastos encontra-se o município da Guamaré, como aqueles que mais investe em
saúde a saneamento por habitante. Ele se destaca mais uma vez dos demais, ostentando um
20
Nazareth (2005)
gasto real per capita com tendência significativamente crescente e superior aos outros
municípios: R$ 292,00 em 1999; e R$ 862,00 em 2004.
Tabela 6.3: Gastos municipais per capita com saúde e saneamento, 1999 a 2005
Beneficiário
Gastos per capita com saúde e saneamento
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Acu 80,52
76,84
87,67
104,23
79,63
89,58
95,10
87,65
Caraúbas 90,29
61,60
90,04
96,41
90,12
101,57
- 88,34
Apodi 68,69
61,21
93,13
127,56
90,97
59,10
120,04
88,67
Gov. D-Sept Rosado - 106,94
147,23
176,45
187,77
68,39
- 137,36
Pendências 108,54
148,16
115,67
207,06
183,90
191,19
- 159,09
Areia Branca 109,55
173,48
188,14
201,19
207,42
216,32
- 182,68
Macau 119,06
161,78
155,92
166,39
247,06
248,38
- 183,10
Mossoró 169,11
186,00
215,60
225,96
207,85
220,99
241,05
209,51
Upanema - - 159,88
233,13
193,44
190,43
273,68
210,11
Alto do Rodrigues - - 224,45
235,47
220,51
228,57
- 227,25
Carnaubais - 270,73
221,34
238,59
232,61
214,50
237,64
235,90
Felipe Guerra - 231,03
253,77
322,36
297,79
312,77
- 283,54
Porto do Mangue - - 235,70
250,92
287,76
305,74
383,93
292,81
Guamaré 291,67
247,98
561,48
510,24
659,72
861,83
- 522,15
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Apesar do resultado apresentado na tabela acima em um período de tempo
relativamente curto, onde os municípios tiveram comportamentos parecidos e nem sempre se
mostrando crescentes, houve no geral uma pequena evolução na maioria deles, ficando com o
município de Guamaré o maior aumento apresentado.
Diante do exposto, será necessário analisar alguns indicadores sociais ligados a saúde
para poder mostrar se houve alguma mudança qualitativa nos serviços prestados pela
administração pública municipal nesse segmento. Foram escolhidos como indicadores sociais:
o número de habitantes por leito hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS); o número de
doenças transmissíveis por notificação compulsória, porém, dentre os vários tipos de doenças,
foram escolhidas quatro tipos de incidência: dengue, hepatite, tuberculose e meningite; por
fim, foi considerado o número de residências ligadas ao sistema de abastecimento de água,
tais como mostrados a diante.
Em primeiro lugar, será mostrado na figura a seguir o comportamento apresentado
pela gestão municipal no que diz respeito ao investimento e/ou prestação de serviço à
população, dados esses referentes à quantidade de habitantes para cada leito hospitalar
disponível em cada município. Pode ser observado, então, em quais deles houve uma melhora
na quantidade de leitos oferecidos e em quais houve uma redução.
Quando se analisa o gasto com saúde e saneamento per capita e, em seguida, o
número de habitantes por leito, é possível ver que o município de Guamaré foi o que teve o
maior gasto per capita. Apesar disto, ele não mostra o mesmo resultado positivo quanto ao
aumento na quantidade de leitos hospitalares. Na Figura 6.2 é possível verificar que a maioria
dos municípios apresenta uma redução neste indicador, mostrando que o número de leitos per
capita vem diminuindo gradativamente durante todo o período. Caraúbas e Felipe Guerra
foram os únicos a apresentar uma sensível melhora na disponibilidade de leitos, mesmo não
mostrando, como lustrado na Tabela 6.3, aumentos significativos em investimentos em saúde
e saneamento.
O município de Macau chega a ostentar por dois anos o menor número de habitantes
por leito, porém a melhor situação é apresentada pelo município de Mossoró, com média
equivalente a 210 habitantes por leito hospitalar. Ironicamente a pior situação é apresentada
por Guamaré, que tem o maior gasto per capita nesta sub-função. Governador Dix-Sept
Rosado e Upanema também demonstram a mesma fragilidade neste serviço, ambos em
situação desconfortável.
Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte; UCAM
Figura 6.2: Número de habitantes por leito existente na
rede hospitalar do SUS, 1999 a 2005
O segundo indicador social que mostra mudanças na saúde pública municipal é o
número de doenças contagiosas diagnosticada nos municípios, nas tabelas 6.4, 6.5, 6.6 e 6.7 a
seguir. Nelas está presente o número de ocorrências de doenças como dengue, hepatite,
tuberculose e meningite. A primeira delas mostra que o número de casos de dengue foi
reduzido de 1999 a 2005 na maioria dos municípios, porém com oscilações em alguns anos.
Apenas os municípios de Upanema, Guamae Macau mostraram um aumento de casos da
doença de 2003 a 2005.
No que se refere aos casos de hepatite, a Tabela 6.5 mostra que o número de
ocorrência da doença diminuiu em quase todos os quatorze municípios produtores de petróleo,
exceto Areia Branca onde o número de ocorrências foi dobrado no último ano. Macau
manteve em 2005 a mesma quantidade de casos que mostrou em 1999 com uma pequena
redução entre esse período e Porto do Mangue que foi o que apresentou maior aumento no
número de casos registrados de hepatite.
Quanto aos casos de tuberculose, a grande maioria dos municípios apresentou
aumento no número de pessoas que contraíram a doença no decorrer do período, os maiores
aumentos foram apresentados pelos de municípios de Macau, Pendências e Mossoró, do início
ao final do período, variações que podem ser vistas da Tabela 6.6. A tabela 4.7 mostra o
registro dos casos de meningite ocorridos nos municípios, alguns deles o forneceram dados
e por esse motivo não constam na referida tabela, as maiores reduções no número de casos da
doença ficaram com Açu e Mossoró, os demais mostraram pequenas variações.
Tabela 6.4: Doença trans. de not. compulsória – Dengue
Tabela 6.5: Doença trans. de not. compulsória - Hepatite
Municípios
Dengue
Municípios
Hepatite
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Açu
203
370
162
215
16
54
20
u
35
11
32
64
28
54
30
Alto do Rodrigues
39
195
282
130
28
20
9
Alto do Rodrigues
13
2
10
4
1
2
8
Apodi
21
55
436
70
38
12
20
Apodi
42
6
18
9
1
8
-
Areia Branca
18
3
82
204
-
2
1
Areia Branca
6
3
4
-
1
8
19
Caraúbas
2
29
19
6
-
-
7
Caraúbas
16
1
3
13
-
-
2
Carnaubais
11
25
64
39
14
2
-
Carnaubais
9
4
1
6
-
-
1
Felipe Guerra
70
19
532
86
37
4
-
Felipe Guerra
9
5
9
6
-
2
1
Gov. D-S Rosado
2
-
32
15
103
2
20
Gov. D-S Rosado
5
-
2
3
-
4
5
Guamaré
77
19
103
63
15
-
61
Guamaré
2
-
10
-
1
2
2
Macau
111
125
93
161
43
6
68
Macau
6
1
4
4
-
4
6
Mossoró
235
210
242
272
193
38
160
Mossoró
62
42
37
40
30
142
53
Pendências
156
124
94
91
32
2
10
Pendências
8
1
5
6
2
-
4
Porto do Mangue
-
-
7
4
-
-
-
Porto do Mangue
-
-
2
1
1
2
21
Upanema
19
6
299
188
55
56
81
Upanema
2
2
11
4
-
12
1
Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte
Tabela 6.6: Doença trans. de not. compulsória – Tuberculose
Tabela 6.7: Doença trans. de not. compulsória - Meningite
Municípios
Tuberculose
Municípios
Meningite
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
1999 2000 2001
2002 2003 2004 2005
Açu
22
23
29
13
17
26
-
Açu
14
9
15
8
7
12
3
Alto do Rodrigues
11
9
7
2
4
4
-
Alto do Rodrigues
1
4
-
1
4
6
1
Apodi
17
18
12
20
9
22
-
Apodi
1
1
2
1
4
6
3
Areia Branca
19
16
14
9
10
38
-
Areia Branca
2
-
5
2
1
4
1
Caraúbas
7
16
8
5
6
18
-
Caraúbas
4
4
5
1
2
-
4
Carnaubais
5
3
5
1
1
8
-
Carnaubais
-
-
3
1
-
-
Felipe Guerra
2
-
-
2
1
2
-
Felipe Guerra
-
-
-
-
-
-
Gov. D-Sept Rosado
2
12
3
1
2
10
-
Gov. D-Sept Rosado 2
1
-
-
-
-
Guamaré
1
2
8
1
-
-
-
Guamaré
2
-
-
2
2
-
Macau
8
22
28
14
23
66
-
Macau
10
4
3
1
3
4
7
Mossoró
139
117
111
125
102
278
-
Mossoró
31
29
24
13
22
18
19
Pendências
4
4
9
11
11
30
-
Pendências
1
2
2
-
2
-
Porto do Mangue
-
1
2
-
2
-
Porto do Mangue 1
1
1
-
-
-
Upanema
4
7
5
2
8
-
Upanema
1
1
1
-
-
-
1
Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte
Observando com atenção as tabelas anteriores é possível ver que no ano de 2001, na
maioria dos municípios da região petrolífera, foi registrado o maior número de doenças como
a dengue, hepatite e meningite. Em alguns municípios o índice de caso de dengue foi maior
nos anos de 2001 e 2002, assim como também ocorreu no país inteiro, quando houve um surto
deste tipo doença, mas a grande maioria aconteceu no ano anterior. Não se sabe se o que
levou ao crescimento de pessoas doentes neste ano se foram as precárias condições de saúde
oferecidas pelo município ou se foi a falta de implementação de políticas públicas para
melhorar na prevenção de tais doenças.
0
3.000
6.000
9.000
12.000
15.000
18.000
21.000
24.000
27.000
30.000
33.000
36.000
39.000
42.000
45.000
48.000
51.000
A
ç
u
A
l
t
o
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o
R
o
d
r
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g
u
e
s
A
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s
P
o
r
t
o
d
o
M
a
n
g
u
e
U
p
a
n
e
m
a
199 9
200 0
200 1
200 2
200 3
200 4
200 5
Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte
Figura 6.3: Número de residências ligadas ao abastecimento de
água, 1999 a 2005
A figura acima mostra o número de domicílios residenciais ligados ao abastecimento
de água nos quatorze municípios de 1999 a 2005, em quase todos eles houve ano a ano um
aumento no número de casa com abastecimento permanente de água, Os municípios que não
apresentam melhoras nesse indicador em todos os anos foram Carnaubais, Guamaré
Pendência e Porto do Mangue ambos demonstrando oscilações no número de residências com
abastecimento de água durante todo o período analisado. Procura-se adiante mostrar o
movimento dos gastos municipais em administração e planejamento.
6.3 – GASTOS COM ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
A análise dos gastos per capita com administração e planejamento nos quatorze
municípios da Área do Petróleo Potiguar mostra em valores reais a quantidade de recursos
desempenhados pelos cofres públicos para suprir as necessidades nessa sub-função. Neste
item os gastos realizados com administração e planejamento estão calculados em termos
percentuais com referência ao montante que fora despendido com as despesas com pessoal e
encargos municipais.
Na Tabela 6.8, é possível observar que no decorrer dos sete anos analisados, a
maioria dos municípios demonstra uma tendência a elevação de seus gastos. Felipe Guerra é o
que apresenta o maior aumento no decorrer dos anos, passando de apenas 22% em 2000, para
cerca de 73% em 2003. Cinco municípios apresentam tendência decrescente no percentual dos
gastos com administração em relação ás despesas com pessoal, Porto do Mangue é um deles,
apesar de ostentar os percentuais mais elevados dentre os demais, com dia anual de 88%.
Apenas Açu, Apodi e Mossoró apresentam certa estabilidade, contudo, exibem pequenas
oscilações em alguns anos, assim como os demais, mas que no contexto geral mostram uma
tendência ao equilíbrio.
As despesas dependidas com os custos administrativos do governo local com
administração de pessoal, planejamento, assessoria jurídica, etc. é a única sub-função dos
governos locais em que sua despesa não está associada ao fornecimento de bens e serviços
públicos bem definidos que sirvam para a população em geral, tal como limpeza urbana,
coleta de lixo ou iluminação pública
21
. Esta seria uma forma de captura de recursos públicos
por parte de um grupo seleto de indivíduos privilegiados e que não teria como beneficiário a
população local.
Tabela 6.8: Gastos municipais com administração e planejamento sobre despesas com pessoal e
encargos, 1999 a 2005
Municípios
Gastos com administração e planejamento / despesas com pessoal e encargos - %
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Média
Açu 38,64
51,55
36,28
42,64
39,38
33,79
40,00
40,33
Alto do Rodrigues - - 43,73
48,48
44,73
48,25
- 46,30
Apodi 35,48
49,99
37,98
60,26
34,78
89,34
36,49
49,19
Areia Branca 30,60
30,39
- 31,53
38,65
71,46
- 40,53
Caraúbas 35,13
39,30
42,35
62,86
47,41
40,19
- 44,54
Carnaubais - 80,04
63,08
65,15
54,40
47,37
42,78
58,80
Felipe Guerra - 21,72
- 66,49
73,14
- - 53,78
Gov. Dix-Sept Rosado
- 32,23
37,04
36,79
36,85
- - 35,73
Guamaré 59,06
48,32
50,96
51,78
57,98
42,97
- 51,85
Macau 28,18
35,35
34,22
30,22
32,63
- - 32,12
Mossoró 53,97
51,87
52,89
44,42
48,31
48,50
54,23
50,60
Pendências 46,65
40,09
47,17
53,91
46,85
40,84
- 45,92
Porto do Mangue - - 99,44
94,13
82,10
85,17
77,14
87,59
Upanema - - 61,48
52,72
51,12
42,71
41,31
49,87
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Apesar da grande necessidade de poder mostrar a aplicação das verbas públicas, bem
como avaliá-las em sua aplicação, ainda se encontram muitas dificuldades na disponibilidade
de dados necessários que sirvam para se comprovar os resultados. Muitas vezes não se
consegue coletar dados suficientes, e, em outras vezes nem sequer é possível encontrá-los
para o período desejado. Neste tópico que faz explanação sobre os gastos com a administração
e o planejamento é um exemplo, visto que, não foi possível coletar informações mais
específicas dos municípios que pudessem ser comparadas com o total dos gastos com esta
sub-função. Porém, o que pode ser observado na tabela acima é que na maioria dos
municípios, é grande a representatividade que estes gastos têm sobre as despesas com pessoal
e encargos, com caso que chegam a quase 100%, como é o caso do município de Porto do
Mangue no ano de 2001.
21
Mendes (http://www.stn.fazenda.gov.br/Premio_TN/VIIIPremio/mh_permio_tefp.pdf)
6.4 – GASTOS COM HABITAÇÃO E URBANISMO
Na análise desse tópico sobre os gastos municipais despendidos com habitação e
urbanismo no período de 1999 a 2005, ressalta-se a grande divergência apresentada entre o
município de Guamaré e os demais presentes na análise da Tabela 6.9 a seguir.
A tabela mostra que seis municípios mostram uma sensível tendência de redução em
seus gastos per capita, mas entre eles o destaque está no município de Guamaré que mais uma
vez mostra gastos muito maiores que os demais, em determinado ano ele exibe um gasto
muito elevado que chega a ser o equivalente a quatro vezes mais do que o maior gasto
apresentado pelos demais entes, com média anual de R$ 1.509,00. Porém, quando analisado
todo o período ele demonstra uma tendência de redução nesse tipo de gasto.
Tendência crescente neste tipo de gasto é apresentada também por seis municípios.
Mossoró apresenta, durante o período, uma evolução em quase todos os anos, mesmo assim
ele é quem mostra um gasto por habitante menor que os demais. Dentre os municípios que
apresentam evolução, Apodi é o que mostra a menor tendência ao aumento, quando
comparado com os demais. Os municípios de Areia Branca e Pendências são os únicos que
mostram uma tendência ao equilíbrio. Mesmo assim, Areia Branca exibe o maior gasto por
habitante em habitação e urbanismo, com valor aproximado de R$ 270,00, conforme está
exibido na Tabela 6.9.
Essa quase estagnação dos valores investidos em habitação e urbanismo acontece
enquanto os cofres públicos recebem cada vez mais recursos, pois suas receitas correntes
aumentam a olhos vistos todos os anos, porém, nem todos eles demonstram tendência positiva
com relação a esse tipo de gasto.
Tabela 6.9: Gastos municipais per capita com habitação e urbanismo, 1999 a 2005
Beneficiário
Gastos per capita com habitação e urbanismo
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Mossoró 31,12
26,84
19,07
53,08
45,92
54,63
64,42
42,15
Caraúbas 99,77
97,22
62,95
33,86
44,06
71,13
- 68,17
Acu 76,71
81,04
80,53
75,80
67,25
65,56
103,49
78,63
Apodi 86,24
107,40
107,42
112,48
89,47
34,33
108,25
92,23
Upanema - - 117,48
109,62
100,90
77,08
144,71
109,96
Gov. Dix-Sept Rosado - 105,39
145,87
111,87
142,04
48,70
- 110,78
Carnaubais - 139,14
150,85
134,53
102,92
111,85
113,20
125,42
Alto do Rodrigues 118,47
115,97
210,12
388,44
303,97
274,39
- 235,23
Pendências - - 189,44
248,26
262,69
222,52
- 230,73
Felipe Guerra - 263,27
330,19
241,66
223,09
126,97
- 237,04
Areia Branca 234,98
278,53
270,74
267,05
325,04
240,75
- 269,51
Porto do Mangue - - 415,72
472,53
302,60
353,31
322,54
373,34
Macau 254,05
363,79
289,74
392,73
544,12
465,99
- 385,07
Guamaré 1768,33
2002,66
1063,16
1459,95
1413,70
1348,58
- 1509,40
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Os dados apresentados acima não permitem constatar em que, exatamente, foram
aplicadas as verbas, se investidas em infra-estrutura e construção de obras publicas como
hospitais, escolas, pavimentação, casas populacionais ou em saneamento básico, aterro
sanitários, entre várias outras atividades que poderiam ser feitas, cabe agora encontrar essas
respostas em outros indicadores e na apresentação de outros dados, os quais não foram
possíveis coletá-los devido a pouca disponibilidade deste tipo de informação fornecida pelos
órgãos responsáveis.
6.5 – GASTOS COM ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Neste item a análise dos gastos municipais com a previdência e a assistência social
expostos na Tabela 6.10 abaixo, revela que, diferentemente do que está mostrado nas figuras
anteriores, o município de Guamaré não mostra um desempenho melhor que os demais em
todo o período analisado, nos primeiros anos ele demonstra ter gastos per capita compatíveis
com os realizados por alguns municípios, inclusive, ficando abaixo dos gastos despendidos
por municípios como Areia Branca, Alto do Rodrigues, Governador Dix-Sept Rosado, Macau
e outros, a exceção foi no ano de 2004 em que ele apresenta um aumento significativo,
passando de um pouco mais de R$ 200,00 para algo superior a R$ 500,00, embora ele
demonstre crescimento em todos os anos.
Os gastos com previdência e assistência social per capita na Tabela 6.10, mostram
que na maioria dos municípios uma sensível tendência de aumento, apenas Guamaré e
Felipe Guerra mostram evoluções mais expressivas. Os municípios de Governador Dix-Sept
Rosado e Carnaubais são os únicos, dentre os demais, a apresentarem uma tendência
decrescente dos gastos nesta sub-função, mas Apodi, Caraúbas e Alto do Rodrigues apesar de
mostrar variações significativas, para mais e para menos, no decorrer dos anos, eles exibem
uma tendência a estabilidade.
É importante salientar que não se sabe ao certo se essa evolução se deve ao aumento
do número de beneficiários ou ao aumento do valor dos benefícios pagos as estas pessoas.
Também não é possível afirmar com esses dados se as mudanças se deram pelo fato de ter
ocorrido um aumento nos serviços prestados de assistências social, através do aumento de
novos profissionais ou até mesmo uma melhora na qualidade dos serviços prestados a
população, como por exemplo, tentativas de reduzir a fome e a pobreza no município ou até
mesmo problemas ligados a criança e ao adolescente, entre outras ações. No atendimento à
assistência social estão relacionados ações como, pagamentos de Benefícios de Prestação
Continuada (BPC) aos portadores de deficiência, idosos, crianças e adolescente, também
existem outros programas como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI),
Brasil Crianças Cidadão (BCC) e outros programas criados pelo Governo Federal. (Castro &
Cardoso Jr. 2005 p. 291).
Tabela 6.10: Gastos municipais per capita com assistência e previdência social, 1999 a 2005
Beneficiário
Gastos per capita com assistência e previdência
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Apodi 34,56
26,62
49,62
48,45
64,03
23,05
33,16
39,93
Upanema - - 4,34
24,50
32,75
49,52
48,69
31,96
Acu 40,37
36,20
32,80
60,51
49,41
49,14
56,95
46,48
Caraubas 40,64
29,15
29,70
103,22
41,06
38,70
- 47,08
Pendencias 23,83
48,16
42,40
85,67
52,08
59,60
- 51,96
Mossoro 38,38
41,84
64,52
78,24
62,77
64,91
74,04
60,67
Felipe Guerra - 25,01
49,10
85,59
98,81
148,30
- 81,36
Carnaubais - 91,31
140,22
142,50
108,55
75,41
82,73
106,79
Porto do Mangue - - 56,38
105,29
104,34
139,37
187,58
118,59
Gov. Dix-Sept Rosado - 114,56
123,87
151,02
136,88
101,26
- 125,52
Macau 70,74
87,61
114,33
191,41
214,48
223,01
- 150,26
Alto do Rodrigues - - 159,74
218,28
209,43
149,42
- 184,22
Areia Branca 136,40
202,61
199,44
198,14
217,16
159,19
- 185,49
Guamare 85,08
64,42
111,70
234,49
234,91
507,25
- 206,31
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Nos municípios produtores de petróleo e gás natural, é bem possível que a
transferência dos royalties e das participações especiais tenha peso relevante no aumento
desses gastos sociais municipais.
O sistema previdenciário no Brasil vem passando por mudanças estruturais nos
últimos anos, principalmente, a partir do final dos anos 1990. Hoje em dia ele está composto
basicamente pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), a Previdência Especial dos
Funcionários Públicos e a Previdência Complementar. Para tentar resolver os problemas
gerados pelos desequilíbrios financeiros no país, o Governo Federal instituiu reformas pra
tentar ajustar as contas públicas. O aumento dos gastos com o pagamento dos benefícios da
previdência social é uma das propostas principais para alcançar o objetivo de reequilibrar as
contas públicas (Castro & Cardoso Jr. 2005 p. 286 e 287).
6.6 – GASTOS COM O LEGISLATIVO
O comportamento dos gastos municipais com o Legislativo nos anos de 1999 a 2005
se mostrou bastante oscilante na maioria dos quatorze municípios apresentando variações ano
a ano no período analisado.
Começando a análise pelos dados expostos na Tabela 6.11, percebe-se que apenas o
município de Guamaré apresenta evolução significativa nos últimos anos analisados, porém,
Mossoró ostenta o maior gasto com o Legislativo por número de vereadores,
comparativamente com os outros entes, chegando a gastar mais de R$ 1 milhão de reais por
vereador no ano de 2000, entretanto, nos anos seguintes este valor foi reduzido pela metade e
de forma decrescente, a média anual apresentada por este município é de aproximadamente
R$ 700.000 gastos por vereador eleito, conforme pode ser visto na tabela. Municípios como
Apodi, Caraúbas e Alto do Rodrigues, mostram uma tendência à estabilidade em todo o
período. Uma tendência decrescente pode ser observada em, praticamente, metade dos
municípios analisados, mas no geral, boa parte destes entes apresenta oscilações anuais.
Quando se analisa a média anual, os menores gastos por vereadores foram apresentados por
Porto do Mangue, Felipe Guerra, Upanema e Governador Dix-Sept Rosado, com médias entre
R$ 27.000 e 46.000. A grande maioria dos municípios exibe, no período, uma média de
gastos entre os R$ 62.000 e R$ 196.000 por vereador, como é possível ser observado em
detalhes na tabela seguinte.
Tabela 6.11: Gastos municipais com o legislativo por número de vereadores, 1999 a 2005
Municípios
Despesas com legislativo / número de vereadores
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Média
Acu 113.693
148.721
107.736
121.996
99.960
98.838
110.954
114.557
Alto do Rodrigues 59.871
59.283
69.866
63.860
63.220
Apodi 90.648
83.898
91.605
96.548
93.992
94.563
104.164
93.631
Areia Branca 251.196
316.932
151.962
140.756
117.961
195.761
Caraúbas 50.767
52.386
52.446
51.818
51.472
51.778
Carnaubais 70.498
55.896
71.746
66.070
63.866
47.097
62.529
Felipe Guerra 36.016
30.378
29.572
31.339
29.097
31.281
Governador Dix-Sept Rosado 50.135
45.811
45.545
41.128
45.832
45.690
Guamaré 62.018
61.277
87.002
76.153
96.211
128.775
85.239
Macau 176.225
180.833
175.219
118.818
127.451
155.709
Mossoró 958.733
1.080.457
580.915
523.264
530.619
506.443
696.738
Pendências 61.541
39.231
45.243
49.633
51.771
53.762
50.197
Porto do Mangue 26.532
34.510
25.697
24.518
27.686
27.788
Upanema 38.930
40.680
37.080
30.495
40.197
37.476
Fonte: STN; Terra. Elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Porém, um dado que chama a atenção é a magnitude financeira despendida para
custear o poder legislativo municipal, que muitas vezes em vários municípios chega a ser
significativamente superior ao montante dos recursos proveniente da arrecadação própria, ou
seja, das receitas tributárias municipais. O grande volume de recursos recebido pelos
municípios petrolíferos norte-rio-grandenses pode facilitar a captura de recursos, uma vez que
os municípios receptores de royalties apresentam despesa com o poder legislativo muito
elevada, conforme Tabelas 6.12 e 6.13.
O poder legislativo municipal tornou-se um reconhecido locus de captura de
recursos públicos. o bastante significativos os valores gastos para manter as despesas das
câmaras de vereadores em todos os municípios analisados. Quando essas despesas
ultrapassam o total da receita tributária, elas são pagas com parte das transferências recebidas.
Tabela 6.12: Receita tributária municipal, 1999 a 2005
Beneficiários
Receita tributária municipal, valores reais para 2005
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Acu 718.281
467.842
972.981
1.188.780
1.462.218
2.176.204
3.152.667
Alto do Rodrigues - - 320.671
3.212.071
1.568.023
1.811.252
-
Apodi 332.704
163.145
1.631.055
1.716.767
881.575
725.910
1.233.269
Areia Branca 595.157
662.409
- 1.527.110
1.208.816
2.736.724
-
Caraúbas 86.596
67.180
88.129
303.505
227.224
234.935
-
Carnaubais - 155.683
222.772
725.147
617.572
554.554
669.765
Felipe Guerra - 10.666
- 117.971
233.274
- -
Gov. D-S. Rosado - 60.960
246.117
319.292
517.918
- -
Guamaré 1.023.723
582.033
294.039
1.457.483
2.079.939
- 10.887.418
Macau 409.016
508.303
675.085
1.919.090
2.231.688
1.901.327
-
Mossoró 11.923.535
11.658.017
11.571.824
14.569.448
13.427.491
19.074.408
23.014.267
Pendência 75.222
132.947
178.401
757.443
824.094
806.956
-
Porto Mangue - - 125.922
233.683
170.290
149.325
220.764
Upanema - - 124.040
250.867
405.154
758.618
888.924
Total 15.164.234
14.469.185
16.451.036
28.298.660
25.855.274
30.930.213
40.067.074
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Tabela 6.13: Despesas com o poder legislativo, 1999 a 2005
Beneficiários
Despesas com legislativo municipal
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Acu 1.136.931
1.487.213
1.077.357
1.219.957
999.603
988.382
1.109.541
Alto do Rodrigues - - 538.842
533.543
628.795
574.736
-
Apodi 815.830
755.080
824.445
868.930
845.929
851.067
937.475
Areia Branca 2.260.760
2.852.390
- 1.367.662
1.266.801
1.061.653
-
Caraúbas - 456.901
471.472
472.016
466.358
463.249
-
Carnaubais - 634.478
503.066
645.710
594.628
574.794
423.876
Felipe Guerra - 324.144
273.401
266.150
282.054
261.875
-
Gov. D-S. Rosado - 451.213
412.302
409.902
370.153
412.485
-
Guamaré 558.165
551.490
783.018
685.380
865.900
1.158.971
-
Macau 1.586.024
1.627.497
- 1.576.973
1.069.366
1.147.058
-
Mossoró 12.463.526
14.045.938
7.551.898
6.802.426
- 6.898.045
6.583.755
Pendência 553.866
353.079
407.184
446.700
465.937
483.854
-
Porto Mangue - - 238.784
310.588
231.277
220.659
249.173
Upanema - - 350.372
366.120
333.721
274.455
361.771
Total 19.375.103
23.539.424
13.432.141
15.972.058
8.420.522
15.371.282
9.665.590
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
Analisando as tabelas a cima, percebe-se que os municípios de Açu, Apodi,
Caraúbas, Felipe Guerra, Pendência e Porto do Mangue, apresentam gastos com o poder
legislativo maiores do que suas respectivas receitas tributárias durante quatro anos ou mais.
No ano de 1999 o município de Pendência teve despesas com legislativo de aproximadamente
R$ 553.870, sete vezes maior do que seus tributos com R$ 75.220. Porém, em termos
proporcionais, Felipe Guerra foi o que mostrou maior gastos nesta sub-função, com cerca de
30 vezes mais do que sua receita tributária, a maioria dos municípios apresentam esse
comportamento durante três anos ou mais.
Uma das hipóteses apresentada por Mendes
22
é a de que uma ilusão fiscal por
parte do eleitor mediano, o que facilita a captura de recursos públicos por parte dos gestores.
Eleitores desinformados não sabem o quanto de recursos financeiros entra nos cofres públicos
municipais, nem tampouco quanto é aplicado no fornecimento de bens e serviços públicos em
benefício da população ou em qualquer outra tipo de despesas.
6.7 – GASTOS COM TRANSPORTE
As informações geradas sobre os municípios que exercem atividade petrolífera,
contidas neste tópico revelam que não foi possível coletar dados sobre todos os entes e nem
tampouco para todo o período estabelecido, pois alguns municípios não forneceram nenhum
dado sobre suas despesas com transportes. A Tabela 6.12 revela que o município de Mossoró
foi o único que apresentou queda significativa em seus gastos per capita com transporte,
enquanto os demais mostraram uma discreta evolução nessa sub-função nos sete anos
analisados.
Na Tabela 6.12 o destaque está nos gastos apresentados pelos municípios de
Guamaré e Felipe Guerra, o primeiro com significativa evolução, mostrando um pico
expressivo de 2003 para 2004 de aproximadamente R$ 116,00 para R$ 364,00,
respectivamente; e o segundo mostra evolução em seus gastos, porém, com valores menos
proporcionais do que o município anterior, exibindo aumento significativo no ano de 2002,
mas com oscilações durante o período. Ocorreram casos em que foram gastos valores
inferiores a R$ 1,00, como é o caso apresentado pelo município de Açu que chamou a atenção
por desembolsar de seu cofre a ínfima quantia de apenas R$ 0,46 por habitante no ano de
2003. Mossoró e Pendências foram os únicos a demonstrarem redução em seus gastos nesta
sub-função, conforme exposto a seguir.
22
Mendes (http://www.stn.fazenda.gov.br/Premio_TN/VIIIPremio/mh_permio_tefp.pdf)
Tabela 6.14: Gastos municipais per capita com transporte, 1999 a 2005
Beneficiários
Gastos com transporte per capita
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Média
Areia Branca - - - - - - - -
Gov. Dix-Sept Rosado - - - - - - - -
Macau - - - - - - - -
Caraúbas 1,74
- - 3,18
- - - 2,46
Acu - - - - 0,45
- 1,39
0,92
Apodi 4,10
12,76
14,90
9,17
6,46
6,72
16,22
10,05
Mossoró 28,58
27,91
18,49
7,60
2,55
4,47
1,31
12,99
Upanema - - 7,61
11,68
10,46
23,02
14,56
13,47
Porto do Mangue - - 16,41
- - - - 16,41
Pendências - 35,4
23,9
- - - - 29,60
Carnaubais - 23,25
36,65
- - - - 29,95
Alto do Rodrigues - - 39,08
- - - - 39,08
Felipe Guerra - 36,68
32,85
102,74
14,96
68,57
- 51,16
Guamaré 124,86
141,03
61,29
66,61
115,95
363,99
- 145,62
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
De acordo com os dados apresentados acima, aparentemente alguns municípios não
aumentaram sua frota de transportes públicos para prestação de serviços, conclusão tirada
devido à pequena evolução apresentada em seus gastos com valores pouco significativos
gastos por habitante no período. Não se tem evidência do que poderá ter acontecido neste
caso, se apenas houve manutenção dos transportes existentes ou simplesmente ter
acontecido de a administração pública ter terceirizado os serviços de transporte público
municipal. Caminho diferente poderá ter sido tomado por aqueles que mostraram gastos um
pouco maiores, como o caso de Guamaré e Felipe Guerra. Porém a precariedade destes dados
não permite que se façam afirmações sobre as decisões tomadas pela administração pública.
6.8 – GASTOS COM DEMAIS DESPESAS
Seguindo o modelo de análise das figuras anteriores, o objetivo deste item é fazer
análise dos gastos com demais despesas per capita de 1999 a 2005 nos quatorze municípios
pesquisados. A partir dos dados apresentados na Tabela 6.13 é interessante notar que todos os
municípios apresentaram comportamentos mais variados, aumentos e reduções de gastos,
diferentemente do que se visualizou nas figuras anteriores deste capítulo.
Desta vez, diferentemente da maioria das vezes, o município de Guamaré se mostra
com gastos que giram em torno da média dos demais entes, porém quem se sobressaiu com
gastos superiores ao demais foi o município de Areia Branca com uma média anual de gastos
com demais despesas por habitante superior a R$ 111,00. Mas a maioria dos entes mostra
uma tendência de evolução nesses gastos. Pendências e Governador Dix-Sept Rosado se
mostram tendenciosos na redução desses seus gastos, mostrando sensível declínio. O
município de Apodi, apesar das oscilações anuais, é o único que demonstra uma tendência a
certo equilíbrio.
O que não se sabe é em que realmente estão sendo despendidas essas quantias tão
significativas de recursos. Não se sabe se parte desses recursos está sendo destinada a
financiamentos de bens e serviços que talvez não sirvam para melhorar a qualidade dos
serviços prestados a população, a sua qualidade de vida e nem para proporcionar o
desenvolvimento do município.
É possível que parte dos recursos advindos das rendas petrolíferas esteja sendo usada
no financiamento de despesas de custeio e demandas sociais pulverizadas, o que pode ser
ilustrado pela grande quantidade de pessoas que diariamente podem ser vistas na sede das
prefeituras municipais em busca de dinheiro para pagamento de despesas pessoais e
domiciliares, transporte, material esportivo e festas tradicionais como carnavais fora de época
e festejos juninos. Na realidade, as receitas deveriam ser usadas em benefício da população
atual e também pensando nas gerações futuras que poderão não contar com esse recurso,
devido a sua finitude. Os municípios exibem gastos variados como aumentos e reduções
anuais, conforme mostram a tabela a seguir.
Tabela 6.15: Gastos per capita com demais despesas, 1999 a 2005
Beneficiários
Demais despesas per capita
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Média
Pendências 11,12
56,74
15,98
10,87
5,79
5,40
17,65
Felipe Guerra 34,15
15,45
14,09
14,57
36,66
22,98
Caraúbas 9,77
35,88
17,55
42,92
17,27
17,79
23,53
Apodi 27,88
38,44
38,17
10,69
37,35
12,80
38,29
29,09
Mossoró 17,90
7,70
38,05
26,47
37,70
40,58
45,88
30,61
Upanema 20,75
41,79
39,49
29,87
40,79
34,54
Acu 27,04
21,73
42,52
43,72
44,52
46,09
44,02
38,52
Guamaré 27,99
20,60
41,06
50,22
47,34
79,71
44,49
Macau 0,28
1,58
30,41
40,16
102,43
92,77
44,61
Porto do Mangue 19,87
70,61
34,90
75,43
76,80
55,52
Carnaubais 57,49
67,59
69,65
74,58
55,91
79,42
67,44
Gov. Dix-Sept Rosado 79,01
64,80
68,92
96,76
42,28
70,36
Alto do Rodrigues 46,38
93,78
82,93
63,20
71,57
Areia Branca 74,26
107,66
111,28
120,33
147,63
108,30
111,58
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
Deflator: IGP-DI, ano base 2005
6.9 – PARTICIPAÇÃO RELATIVA DAS DESPESAS POR FUNÇÃO NAS RECEITAS
Este último item do capítulo tem como objetivo mostrar o peso relativo de cada gasto
por função em relação ao valor real da sua receita não financeira, mostrando quais são as
funções que apresentam maior participação no total das receitas, no período de 1999 a 2005.
Na Tabela 6.14 a seguir, fica claro que os gastos médios com educação e cultura são
os que têm maior peso no total da receita municipal, salvo algumas exceções como a caso do
município de Guamaré que mostrou que os investimentos em habitação e urbanismo
representam cerca 43,12% do total das receitas, enquanto educação e cultura representam
apenas 17,66%, em Macau também pode ser verificado o mesmo comportamento com
aproximadamente 31,02% investidos em habitação e urbanismo e 24,47% em educação e
cultura. Mossoró mostra que 28,91% dos gastos médios vão para saúde e saneamento
enquanto 24,19% são destinados a educação e cultura.
Esta análise global apresentada na tabela abaixo torna-se interessante porque mostra
a evolução dos gastos por função municipais em termos gerais, facilitando a interpretação dos
dados.
Tabela 6.16: Percentual dos gastos por função sobre a receita não financeira
Beneficiários
% das médias dos gastos por função sobre a receita não financeira municipal
Educação
e cult.
Saúde e
san.
Adm.
e plan.
Habit.
e Urb
Assist. e
prev.
Legislat. Transp.
Demais
desp.
Felipe Guerra 30,66
20,57
16,48
17,29
5,86
3,81
3,71
1,67
Porto do Mangue 26,63
16,82
24,10
21,16
6,87
3,12
0,87
3,21
Upanema 30,47
25,40
18,85
13,24
3,92
3,38
1,64
4,17
Gov. D-Sept Rosado 27,92
18,44
18,91
12,47
14,17
3,81
0,00
7,93
Carnaubais 29,71
16,48
20,92
10,41
8,86
5,55
2,44
5,61
Pendência 29,84
16,04
17,14
23,74
5,24
3,96
2,97
1,77
Caraúbas 40,99
13,91
20,34
10,79
7,41
3,98
0,39
3,71
Alto do Rodrigues 28,92
16,10
25,70
16,10
12,84
3,98
2,66
4,99
Apodi 29,93
16,09
12,50
16,66
7,22
4,34
1,82
5,26
Açu 28,49
17,35
15,37
15,56
9,22
4,60
0,19
7,65
Areia Branca 21,60
14,92
13,96
21,98
15,13
6,28
0,00
9,11
Guamaré 17,66
15,30
10,42
43,12
6,13
2,55
4,27
1,30
Macau 24,47
14,75
10,22
31,02
12,10
4,41
0,00
3,59
Mossoró 23,93
28,79
21,75
5,82
8,35
5,63
1,74
4,23
Fonte: STN; UCAM – Campos; elaboração própria
De acordo com os dados mostrados acima, é possível que os municípios que
mostraram gastos por função per capita maiores do que aqueles que ficaram em um nível
menor de gastos também apresentem uma arrecadação per capita maior do que os demais.
Com isso, o nível de vida da população nos municípios que apresentam maiores gastos na
provisão de bens e serviços públicos pode ser qualitativamente melhor.
O grande volume de recursos destinados aos cofres públicos municipais
provenientes da atividade petrolífera exercida pelos municípios estudados é o grande
responsável pela evolução dos gastos nesses municípios, uma vez que essas rendas quase não
apresentam restrições no que poderão ser empregadas.
Uma medida de controlar gastos excessivos por parte dos governos sub-nacionais
seria transformar parte das transferências incondicionais em condicionais. Esta é uma forma
de limitar, em partes, a liberdade do gestor municipal na aplicação de alguns recursos. De
certa forma, esta medida diminuiria a autonomia dos gestores públicos e com isso também
diminuiria a captura de verbas públicas para benefícios particulares.
Havendo algumas limitações na aplicação de determinados recursos, os benefícios
seriam sentido positivamente pelas suas populações que seriam beneficiadas. No caso dos
municípios com atividades petrolíferas, os recursos dos royalties e participações especiais
recebidos por eles não há limites para a sua aplicação, salvo algumas exceções, como é o caso
em que é vetado o uso deste benefício para a folha de pagamento do pessoal efetivo e para o
pagamento de dívidas do município. Em geral, as transferências estão mais sujeitas a captura
quanto maior a ilusão fiscal e menor o poder de barganha do eleitor mediano
23
.
Analisando-se as tendências gerais desses indicadores à luz dos aportes teóricos
anteriormente discutidos, verifica-se que a hipótese de captura dos recursos públicos como
pode ser observado nos gastos realizados na função administração e planejamento e na função
legislativo, é possível de ser verificada, uma vez que nas despesas despendidas com estas
funções não é comum que a população seja beneficiada com a prestação de bens públicos.
Entretanto, quando se retoma as demais hipóteses apresentadas por Mendes, de
ilusão fiscal do eleitor mediano, e, de baixo poder de barganha do eleitor para exigir do gestor
público uma aplicação eficaz das transferências recebidas por sua municipalidade, verifica-se
que elas se confirmam no decorrer do trabalho.
Com efeito, o estudo dos municípios produtores de petróleo e gás natural do Rio
Grande do Norte, abordados neste trabalho, mostrou, com freqüência, a ilusão fiscal do eleitor
mediano, pois, a desinformação da população, juntamente com a ausência de
responsabilização e de transparência dos gestores, faz com que estas localidades tão
financeiramente beneficiadas não consigam, em alguns casos, fazer uma aplicação de seus
recursos com eficiência.
A falta de informação por parte da população no que se refere ao quanto
financeiramente, em termos reais, é recebido pelos cofres públicos e o quanto de recursos
efetivamente está sendo aplicado na provisão de bens e serviços públicos que possam
beneficiar e promover um desenvolvimento econômico e sustentável nas localidades é algo
que ainda preocupa àqueles que não sofrem desse tipo de ilusão.
O baixo poder de barganha por parte do eleitor mediano também é preocupante.
Principalmente naqueles municípios onde a maioria da população, por diversas vezes, não tem
suas reivindicações acatadas pelos administradores por causa da existência de um seleto grupo
de indivíduos que detêm maior força política e acabam beneficiando apenas uma pequena
porção da população. Desta forma, a falta de poder de barganha por parte da população só
vem agravar as necessidades sentidas naqueles municípios onde não uma boa aplicação de
suas receitas, corroborando, assim, com a teoria da captura de recursos públicos por parte dos
administradores.
23
Mendes (http://www.stn.fazenda.gov.br/Premio_TN/VIIIPremio/mh_permio_tefp.pdf)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desta dissertação procurou-se mostrar o comportamento das finanças
públicas dos municípios produtores de petróleo e gás natural no Rio Grande do Norte, no
período pós-constituinte e, principalmente, a evolução das transferências intergovernamentais
e da direção do gasto público segundo as categorias econômicas e as funções.
As receitas provenientes das rendas petrolíferas possibilitam um sobre-
financiamento dos gastos públicos nos municípios produtores, criando um clima propício para
o aumento na provisão de bens e serviços públicos, mas, também, para captura de recursos
públicos por parte dos administradores, pois, de acordo com algumas correntes teóricas do
federalismo fiscal, analisadas ao longo desta dissertação, municípios mais pobres ou menos
desenvolvidos estão sujeitos à captura dos recursos transferidos em decorrência da ilusão
fiscal do eleitor mediano ou do pequeno poder de controle da população sobre os gestores.
O governo brasileiro estabelece regras para aplicação de algumas verbas destinadas
às esferas estaduais e municipais, como é o caso das transferências condicionais com
contrapartida onde se enquadra o FUNDEB e das transferências condicionais sem
contrapartida, nas quais o governo local recebe um subsídio sobre o valor aplicado
anteriormente em determinada área pública.
Entretanto, outras receitas não têm qualquer regulação quanto à categoria ou função
onde devem ser aplicadas, ficando sob total responsabilidade dos gestores locais, em
exercício, a escolha das prioridades no âmbito local, o que pode contribuir para a redução dos
instrumentos institucionais e sociais de controle e facilitar a captura dos recursos públicos.
Os municípios produtores de petróleo no estado do Rio Grande do Norte podem ser
tomados como paradigmáticos dessas situações, visto que, as receitas destes entes mais do
que dobraram num curto período de sete anos, resultado do aumento dessas rendas
petrolíferas, na ausência de condicionalidades quanto às transferências intergovernamentais
adicionais que passaram a compor essas receitas.
No ano de 1999, o total de royalties e de participações especiais destinados aos
quatorze municípios estudados neste trabalho, foi de aproximadamente R$ 46,4 milhões, em
valores reais para 2005. Com o passar de sete anos este valor alcançou patamares ainda mais
elevados, cerca de R$ 118 milhões. Em pouco mais de
¼
desses municípios as transferências
provenientes dos royalties, chegaram a representar, em média, mais de 35% do total de suas
receitas. Guamaré é o maior beneficiário per capita desse tipo de recurso no Rio Grande do
Norte, com uma média anual de aproximadamente 50% da sua receita total oriunda da
exploração de petróleo e gás natural no estado.
Segundo a legislação brasileira esses recursos não podem ser empregados para o
pagamento de dívidas e da folha de pagamento do pessoal efetivo. Portanto, uma enorme
liberalidade quanto ao emprego dessas verbas, na medida em que elas podem ser usadas em
benefício da população, promovendo a crescimento e desenvolvimento da localidade ou,
alternativamente, em benefício de poucos privilegiados, o que corrobora a possibilidade de
captura desses recursos.
O referencial teórico e a análise do comportamento dos gastos públicos e do
aumento dos repasses referentes às participações governamentais para os municípios
produtores de petróleo e gás natural do Rio Grande do Norte, no período subseqüente à
aprovação da Lei 9.478/97, também conhecida como a Lei do petróleo, permitem agora
responder às questões de pesquisas inicialmente formuladas e apresentar as considerações
finais do trabalho e recomendações para futuras pesquisas nos seguintes termos:
Em primeiro lugar, ficou evidenciado que a economia do estado nas últimas décadas
vem passando por profundas mudanças econômicas e sociais. As manifestações mais visíveis
dessas mudanças foram a decadência dos dois pilares fundamentais da economia primário-
exportadora o algodão e a schelita o surgimento ou a ampliação de outras atividades,
como a fruticultura irrigada, a carcinicultura e a pecuária leiteira, e, principalmente, o
crescimento e a consolidação dos setores industrial e de serviços como principais
responsáveis pela formação da riqueza estadual.
Nesse novo ciclo de crescimento, o setor industrial foi liderado pela construção civil
e pela extração mineral, com destaque, neste último caso, para a produção de petróleo e de gás
natural. De outro lado, quando analisado sob a ótica social, o estado passou por um intenso e
desordenado processo de urbanização que resultou em uma completa inversão da distribuição
demográfica estadual: nos últimos 50 anos, a participação relativa da população rural na
população total reduziu-se de 70% para 30% no meio rural, ao mesmo tempo em que a
participação relativa da população urbana passou de 30% para 70% da população total.
No que diz respeito às finanças públicas, também ocorreram mudanças
significativas: todos os municípios aumentaram de forma bastante expressiva as suas receitas
totais, no período pós-constituinte. Todavia, no caso dos municípios produtores de petróleo as
receitas dos royalties não somente aumentaram, mas chegaram a representar em alguns casos
mais de 40% das receitas totais, caracterizando o fenômeno conhecido como “municípios
ricos com povo pobre”.
A análise das receitas e dos gastos públicos por categoria e por função deixou
evidente que os recursos financeiros são uma condição necessária, mas não suficiente para o
alcance da eficiência, da eficácia e da efetividade das políticas públicas, visto que, alguns
municípios, mesmo apresentado uma receita per capita entre as maiores do país e,
consequentemente, entre os municípios produtores de petróleo, não conseguiram atender a
demanda social por bens e serviços de qualidade.
Os dados relativos ao desempenho das finanças públicas mostraram que a
arrecadação per capita desses municípios aumentou significativamente em todo o período
analisado, porém, não resultou em uma melhora na arrecadação própria vis-a-vis o aumento
do repasse dos royalties. Os municípios produtores de petróleo, com exceção de Mossoró,
apresentam uma fraca base de arrecadação própria, deixando-os vulneráveis às transferências
intergovernamentais e, em particular, aquelas provenientes da atividade petrolífera.
O grau de dependência mostrou-se um indicador econômico preocupante, visto que,
mesmo apresentando redução ainda uma grande dependência das transferências
intergovernamentais, mesmo nos municípios que exercem atividades petrolíferas e que as
participações governamentais têm um peso muito grande no total de suas receitas.
A análise da capacidade de poupança mostrou que a metade dos municípios
apresenta uma tendência crescente de suas poupanças, contra um movimento decrescente da
outra metade. O grau de comprometimento das receitas com pessoal e encargos, na maioria
dos municípios apresenta no decorrer do período uma tendência crescente, mas, em alguns
municípios, como Guamaré, houve redução nos sete anos analisado.
Quando analisados os dados sob o ponto de vista das funções, verificou-se que
houve aumento significativo em todos os gastos per capita municipais em todas as áreas, ou
seja, educação e cultura, saúde e saneamento, previdência e assistência social, habitação e
urbanismo, administração e planejamento e gastos com o legislativo, entre outras.
O extraordinário crescimento dos royalties vem permitindo às prefeituras municipais
ampliarem cada vez mais seus gastos sociais. Todavia, quando analisados os indicadores
sociais, percebe-se que eles não evoluíram na mesma proporção, e em alguns municípios, o
que se observa é uma estagnação generalizada.
A constatação da possibilidade de uma maior captura de recursos nos municípios
pode ser observada nos gastos com administração e planejamento e nos gastos com o poder
legislativo, pois estas sub-funções são mais propícias à captura, uma vez que, não é comum
que a população seja beneficiada com bens e serviços públicos executados por essas áreas
específicas.
Estas sub-funções apresentaram despesas bastante significativas durante os sete anos
analisados, com municípios apresentando gastos em administração e planejamento com média
anual superior a 80% em relação despesas com pessoal e encargos. Entretanto, quando
analisado os gastos municipais por ano com o poder legislativo, teve município que chamou a
atenção pelo montante que foi despendido com esta sub-função, pois os valores alcançados
com este tipo de despesas foram superiores e R$ 1 milhão por vereador, gastos no ano de
2000. Este caso foi observado no município de Mossoró, que apresentou média anual de,
aproximadamente, R$ 700.00. O comportamento apresentado pela maioria dos municípios
apresentou média anual inferior a R$ 200.000 com o legislativo por vereador.
A magnitude deste tipo de gasto apresentado pelos municípios produtores de petróleo
e gás natural do Rio Grande do Norte, com as sub-funções administração e planejamento e
com o legislativo municipal, só vem a corroborar com a hipótese de que estas sub-funções são
mais propícias à captura de recursos públicos.
A aprovação da Lei do Petróleo produziu mudanças significativas na arrecadação
fiscal de todos os entes da federação União, Estados e Municípios –, principalmente com o
aumento da alíquota básica dos royalties de 5% para 10% destinados aos cofres públicos,
além de novas compensações que foram introduzidas, gerando ganhos financeiros dos
governos e ampliando as margens do orçamento público.
O aumento do volume das participações governamentais repassado para as esferas
estaduais e municipais, também ocorre em virtude do aumento do preço internacional do
petróleo e da evolução da produção petrolífera no Brasil, tendo o estado do Rio grande do
Norte como o segundo maior beneficiário deste tipo de receita. Todos os municípios
aumentaram de forma bastante expressiva as suas receitas, todavia, também ficou evidente,
como dito, que os recursos financeiros são uma condição necessária, mas não suficiente para
o alcance da eficiência, da eficácia e da efetividade das políticas públicas.
Entretanto, é de suma importância que o uso dessa importante fonte de recurso seja
feito com responsabilização para que se possa promover o desenvolvimento nesses
municípios. Nesse sentido, é importante lembrar que essas receitas petrolíferas são finitas e
deveriam ser usadas como instrumento de ressarcimento às gerações futuras, podendo ser
aplicadas na construção de infra-estrutura de longo prazo e na diversificação produtiva desses
municípios para um possível desenvolvimento sustentável num futuro pós-petróleo, entre
vários outros benefícios.
O aumento das transferências intergovernamentais resultou em ganhos
extraordinários de receitas e permitiu um maior grau de liberdade aos gestores públicos
municipais. Porém, quando analisados sob a ótica social, esses bons resultados não foram
observados com a mesma magnitude em relação às condições sociais da população.
Apesar de todos os municípios terem sido contemplados com aumentos de suas
receitas em decorrência das rendas petrolíferas, alguns se mostraram mais eficientes na
redução de sua dependência em relação às transferências intergovernamentais, na aplicação
desses recursos e até mesmo na diversificação econômica. Nesses casos, o processo de
descentralização fiscal contribuiu para aumentar a eficiência na alocação dos recursos por
parte das esferas locais, uma vez que o governo local, por manter uma proximidade maior
com sua população, comparativamente aos governos estadual e federal, exerceu a sua
capacidade de atender as necessidades da população com maior eficiência.
O fato é que, se de um lado existem ganhos econômicos e sociais gerados pela
atividade petrolífera nesses municípios, do outro lado ainda existe uma forte dependência das
transferências intergovernamentais por parte dessas esferas locais e muitas oportunidades de
captura dos recursos públicos em benefícios de interesses privados.
Na realidade, a trajetória dos municípios produtores de petróleo é ambígua, posto que
marcada por caminhos e descaminhos no desempenho das finanças públicas e na provisão de bens
e serviços públicos. Caminhos, que levam à melhoria do desempenho das finanças públicas e da
qualidade dos bens e serviços públicos. Descaminhos, que levam à ineficiência na provisão de
bens e serviços e na captura dos recursos públicos.
Ou seja, a descentralização fiscal
é uma condição necessária, porém não suficiente
para melhorar a quantidade e a qualidade dos bens e serviços públicos prestados por esses
municípios. Por isto é preciso avançar nas teorias normativas do federalismo fiscal, em busca
de um melhor modelo de federalismo fiscal nos municípios onde ainda predominam o
patrimonialismo, o clientelismo, a ilusão fiscal e a captura dos recursos públicos em benefício
dos interesses privados.
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APÊNDICE A
Royalties + Participações Especiais anuais em valores reais per capita, 1999 a 2005
Beneficiário Ano População Vr Corrente Vr. Constante Vr. per capita
Açu 1999 47.590
1.039.418,53
2.108.793,89
44,31
Açu 2000 48.130
1.758.010,70
3.134.999,21
65,14
Açu 2001 48.676
1.950.423,63
3.151.412,79
64,74
Açu 2002 49.229
2.567.843,53
3.655.521,46
74,26
Açu 2003 49.788
2.976.203,18
3.450.260,06
69,30
Açu 2004 50.353
2.930.274,03
3.105.079,55
61,67
Açu 2005 50.925
3.324.724,02
3.324.724,36
65,29
Alto do Rodrigues 1999 9.409
1.460.676,93
2.963.451,68
314,96
Alto do Rodrigues 2000 9.564
2.253.148,83
4.017.961,78
420,11
Alto do Rodrigues 2001 9.722
2.023.773,10
3.269.927,79
336,34
Alto do Rodrigues 2002 9.882
2.831.172,91
4.030.390,95
407,85
Alto do Rodrigues 2003 10.045
3.784.116,09
4.386.859,30
436,72
Alto do Rodrigues 2004 10.210
3.427.388,07
3.631.848,93
355,71
Alto do Rodrigues 2005 10.379
3.509.498,42
3.509.498,77
338,13
Apodi 1999 33.955
1.262.474,79
2.561.335,06
75,43
Apodi 2000 34.331
2.371.069,16
4.228.245,00
123,16
Apodi 2001 34.711
2.657.343,06
4.293.623,59
123,70
Apodi 2002 35.096
2.648.722,15
3.770.658,36
107,44
Apodi 2003 35.484
3.436.230,23
3.983.561,33
112,26
Apodi 2004 35.877
2.980.171,64
3.157.953,80
88,02
Apodi 2005 36.275
3.301.211,07
3.301.211,40
91,01
Areia Branca 1999 22.433
2.959.380,76
6.004.053,12
267,64
Areia Branca 2000 22.599
5.907.219,71
10.534.139,03
466,13
Areia Branca 2001 22.766
5.457.171,46
8.817.469,02
387,31
Areia Branca 2002 22.935
7.070.263,79
10.065.060,71
438,85
Areia Branca 2003 23.104
10.461.598,49
12.127.947,33
524,93
Areia Branca 2004 23.275
10.280.814,80
10.894.116,88
468,06
Areia Branca 2005 23.448
11.712.649,52
11.712.650,70
499,52
Caraúbas 1999 18.920
329.018,40
667.519,36
35,28
Caraúbas 2000 18.732
578.903,53
1.032.338,49
55,11
Caraúbas 2001 18.545
661.032,57
1.068.068,73
57,59
Caraúbas 2002 18.361
1.190.709,08
1.695.065,35
92,32
Caraúbas
2003 18.178
1.751.444,16
2.030.418,44
111,70
Caraúbas
2004 17.997
1.593.936,23
1.689.022,51
93,85
Caraúbas 2005 17.818
1.993.845,58
1.993.845,78
111,90
Carnaubais 1999 8.144
702.343,43
1.424.928,93
174,97
Carnaubais 2000 8.226
1.086.795,00
1.938.043,65
235,60
Carnaubais 2001 8.309
1.123.239,28
1.814.882,97
218,42
Carnaubais 2002 8.393
1.348.926,67
1.920.300,18
228,80
Carnaubais 2003 8.477
1.666.329,98
1.931.747,07
227,88
Beneficiário Ano População Vr Corrente Vr. Constante Vr. per capita
Carnaubais 2004 8.563
1.580.681,65
1.674.977,22
195,61
Carnaubais 2005 8.649
1.775.507,11
1.775.507,29
205,28
Felipe Guerra 1999 5.573
643.822,51
1.306.200,47
234,38
Felipe Guerra 2000 5.506
1.044.329,06
1.862.315,62
338,23
Felipe Guerra 2001 5.440
1.141.653,57
1.844.636,01
339,09
Felipe Guerra 2002 5.375
1.322.705,64
1.882.972,54
350,32
Felipe Guerra 2003 5.310
1.808.541,86
2.096.610,80
394,84
Felipe Guerra 2004 5.247
1.678.786,14
1.778.934,14
339,04
Felipe Guerra 2005 5.184
2.215.623,34
2.215.623,56
427,40
Governador D-S Rosado 1999 11.676
641.321,21
1.301.125,78
111,44
Governador D-S Rosado 2000 11.841
1.159.340,49
2.067.411,49
174,60
Governador D-S Rosado 2001 12.008
1.699.045,44
2.745.246,44
228,62
Governador D-S Rosado 2002 12.178
2.212.108,47
3.149.105,42
258,59
Governador D-S Rosado 2003 12.350
3.241.663,84
3.758.003,94
304,29
Governador D-S Rosado 2004 12.525
3.348.440,37
3.548.191,60
283,29
Governador D-S Rosado 2005 12.702
3.731.433,18
3.731.433,56
293,77
Guamaré 1999 8.005
5.971.658,63
12.115.425,00
1.513,48
Guamaré 2000 8.253
7.346.876,95
13.101.429,62
1.587,47
Guamaré 2001 8.510
6.995.026,41
11.302.270,62
1.328,12
Guamaré 2002 8.774
10.656.431,91
15.170.245,03
1.729,00
Guamaré 2003 9.046
16.337.691,76
18.939.999,02
2.093,74
Guamaré 2004 9.327
18.607.404,72
19.717.429,58
2.114,02
Guamaré 2005 9.617
22.334.332,28
22.334.334,53
2.322,38
Macau 1999 25.721
2.788.112,12
5.656.579,75
219,92
Macau 2000 25.685
5.037.288,75
8.982.821,47
349,73
Macau 2001 25.648
5.691.675,13
9.196.370,23
358,56
Macau 2002 25.612
12.113.357,12
17.244.289,38
673,29
Macau 2003 25.575
16.665.733,51
19.320.292,05
755,44
Macau 2004 25.539
18.159.348,28
19.242.644,33
753,46
Macau 2005 25.502
22.362.010,42
22.362.012,68
876,87
Mossoró 1999 212.273
3.229.007,27
6.551.076,98
30,86
Mossoró 2000 214.968
4.995.826,74
8.908.883,71
41,44
Mossoró 2001 217.698
6.521.081,96
10.536.491,04
48,40
Mossoró 2002 220.462
10.058.205,29
14.318.623,73
64,95
Mossoró 2003 223.261
17.172.877,31
19.908.214,95
89,17
Mossoró 2004 226.095
28.926.345,95
30.651.947,32
135,57
Mossoró 2005 228.966
32.126.477,46
32.126.480,70
140,31
Pendências 1999 11.375
706.201,25
1.432.755,76
125,96
Pendências 2000 11.419
1.371.724,32
2.446.148,17
214,22
Pendências 2001 11.464
1.457.847,39
2.355.528,74
205,47
Pendências 2002 11.508
1.966.959,74
2.800.117,48
243,32
Pendências 2003 11.553
2.332.021,88
2.703.471,99
234,01
Pendências 2004 11.598
2.461.369,02
2.608.202,01
224,88
Pendências 2005 11.643
2.838.755,74
2.838.756,03
243,82
Porto do Mangue 1999 3.985
527.963,95
1.071.144,22
268,79
Beneficiário Ano População Vr Corrente Vr. Constante Vr. per capita
Porto do Mangue 2000 4.121
1.108.589,82
1.976.909,59
479,72
Porto do Mangue 2001 4.263
1.277.997,13
2.064.934,22
484,39
Porto do Mangue 2002 4.409
1.784.939,89
2.540.998,31
576,32
Porto do Mangue 2003 4.560
3.106.343,37
3.601.129,29
789,72
Porto do Mangue 2004 4.716
4.053.683,31
4.295.505,82
910,84
Porto do Mangue 2005 4.877
4.730.588,98
4.730.589,46
969,98
Serra do Mel 1999 8.221
263.151,44
533.887,10
64,94
Serra do Mel 2000 8.249
521.886,67
930.662,31
112,82
Serra do Mel 2001 8.277
563.461,69
910.417,79
109,99
Serra do Mel 2002 8.305
821.094,93
1.168.891,37
140,75
Serra do Mel 2003 8.333
1.099.871,66
1.275.061,89
153,01
Serra do Mel 2004 8.362
1.404.211,54
1.487.979,79
177,95
Serra do Mel 2005 8.390
1.434.211,43
1.434.211,57
170,94
Upanema 1999 10.826
610.647,30
1.238.893,92
114,44
Upanema 2000 11.111
1.008.332,09
1.798.123,47
161,83
Upanema 2001 11.404
1.037.855,26
1.676.923,05
147,05
Upanema 2002 11.704
1.499.935,74
2.135.273,13
182,44
Upanema 2003 12.012
2.236.789,22
2.593.070,44
215,87
Upanema 2004 12.329
1.923.758,47
2.038.520,29
165,34
Upanema 2005 12.654
2.092.352,99
2.092.353,20
165,35
APÊNDICE B
Royalties + participações especiais anuais sobre despesas com investimento, 1999 a 2006
Beneficiário Ano
Royalties + Part. Esp. Desp. c/ Invest.
% (Royalties +
PE) / Desp. c/
Inv. Vr. Nominal Vr Constante
Vr. Nominal Vr Constante
Açu
1999 1.039.418,53
1.853.558,84
2.008.106,05
3.580.985,53
51,76
Açu
2000 1.758.010,70
2.840.520,04
1.584.928,01
2.560.860,28
110,92
Açu 2001 1.950.423,63
2.776.577,06
2.694.789,59
3.836.238,88
72,38
Açu 2002 2.567.843,53
2.976.855,89
2.095.637,25
2.429.435,44
122,53
Açu
2003 2.976.203,18
3.153.748,60
1.673.273,97
1.773.093,14
177,87
Açu
2004 2.930.274,03
2.930.274,33
1.197.827,00
1.197.827,12
244,63
Açu 2005 3.324.724,02
3.324.724,02
2.452.750,19
2.452.750,19
135,55
Alto do Rodrigues 1999 1.460.676,93
2.604.774,26
N/D
N/D
N/D
Alto do Rodrigues 2000 2.253.148,83
3.640.543,49
N/D
N/D
N/D
Alto do Rodrigues 2001 2.023.773,10
2.880.995,63
1.434.895,11
2.042.682,82
141,04
Alto do Rodrigues 2002 2.831.172,91
3.282.129,01
1.482.877,82
1.719.074,20
190,92
Alto do Rodrigues 2003 3.784.116,09
4.009.857,56
1.964.855,97
2.082.069,47
192,59
Alto do Rodrigues 2004 3.427.388,07
3.427.388,42
1.471.173,29
1.471.173,44
232,97
Alto do Rodrigues 2005 3.509.498,42
3.509.498,42
N/D
N/D
N/D
Apodi 1999 1.262.474,79
2.251.327,29
788.275,27
1.405.703,82
160,16
Apodi 2000 2.371.069,16
3.831.074,22
1.456.691,81
2.353.661,60
162,77
Apodi 2001 2.657.343,06
3.782.930,88
1.519.555,53
2.163.203,40
174,88
Apodi 2002 2.648.722,15
3.070.617,05
2.383.996,69
2.763.725,48
111,10
Apodi 2003 3.436.230,23
3.641.218,57
1.756.805,05
1.861.607,27
195,60
Apodi 2004 2.980.171,64
2.980.171,94
1.323.447,16
1.323.447,29
225,18
Apodi 2005 3.301.211,07
3.301.211,07
2.536.714,19
2.536.714,19
130,14
Areia Branca 1999 2.959.380,76
5.277.360,57
1.933.418,13
3.447.797,17
153,06
Areia Branca 2000 5.907.219,71
9.544.638,13
2.967.158,54
4.794.210,46
199,09
Areia Branca 2001 5.413.342,80
7.706.307,08
N/D
N/D
N/D
Areia Branca 2002 7.070.263,79
8.196.432,59
2.096.613,51
2.430.567,21
337,22
Areia Branca 2003 10.461.598,49
11.085.685,22
3.183.781,18
3.373.709,67
328,59
Areia Branca 2004 10.280.814,80
10.280.815,84
2.164.096,28
2.164.096,50
475,06
Areia Branca 2005 10.761.734,18
10.761.734,18
N/D
N/D
N/D
Caraubas 1999 329.018,40
586.727,05
705.620,86
1.258.309,09
46,63
Caraúbas 2000 578.903,53
935.368,07
940.109,62
1.518.989,74
61,58
Caraúbas 2001 661.032,57
941.030,37
403.006,37
573.710,36
164,03
Caraúbas 2002 1.190.709,08
1.380.368,12
1.502.685,70
1.742.037,13
79,24
Caraúbas 2003 1.751.444,16
1.855.926,57
714.716,59
757.353,01
245,05
Caraúbas 2004 1.593.936,23
1.593.936,39
1.003.646,27
1.003.646,37
158,81
Caraúbas 2005 1.993.845,58
1.993.845,58
N/D
N/D
N/D
Carnaubais 1999 702.343,43
1.252.464,56
N/D
N/D
N/D
Carnaubais 2000 1.086.795,00
1.755.997,83
6.018.517,00
9.724.467,63
18,06
Beneficiário Ano
Royalties + Particip. Especiais Receita Orçamentária
(Royalties + PE)
/Rec. Orçam.
Vr. Nominal Vr Constante Vr. Nominal Vr Constante
Carnaubais 2001 1.123.239,28
1.599.016,94
1.102.410,74
1.569.365,92
101,89
Carnaubais 2002 1.348.926,67
1.563.786,99
1.185.326,03
1.374.127,64
113,80
Carnaubais 2003 1.666.329,98
1.765.734,91
665.830,48
705.550,60
250,26
Carnaubais 2004 1.580.681,65
1.580.681,81
557.736,38
557.736,44
283,41
Carnaubais 2005 1.775.507,11
1.775.507,11
538.843,24
538.843,24
329,50
Felipe Guerra 1999 643.822,51
1.148.106,24
N/D
N/D
N/D
Felipe Guerra 2000 1.044.329,06
1.687.383,14
565.824,00
914.234,71
184,57
Felipe Guerra 2001 1.141.653,57
1.625.231,09
N/D
N/D
N/D
Felipe Guerra 2002 1.322.705,64
1.533.389,41
1.246.893,38
1.445.501,59
106,08
Felipe Guerra 2003 1.808.541,86
1.916.430,44
824.645,52
873.839,75
219,31
Felipe Guerra 2004 1.678.786,14
1.678.786,31
N/D
N/D
N/D
Felipe Guerra 2005 2.215.623,34
2.215.623,34
N/D
N/D
N/D
Governador D-S.
Rosado 1999 641.321,21
1.143.645,76
N/D
N/D
N/D
Governador D-S.
Rosado 2000 1.159.340,49
1.873.213,79
798.273,07
1.289.816,18
145,23
Governador D-S.
Rosado 2001 1.699.045,44
2.418.721,00
982.850,19
1.399.162,34
172,87
Governador D-S.
Rosado 2002 2.212.108,47
2.564.458,48
1.139.100,10
1.320.538,73
194,20
Governador D-S.
Rosado 2003 3.241.663,84
3.435.045,32
1.762.374,22
1.867.508,67
183,94
Governador D-S.
Rosado 2004 3.348.440,37
3.348.440,71
N/D
N/D
N/D
Governador D-S.
Rosado 2005 3.731.433,18
3.731.433,18
N/D
N/D
N/D
Guamaré 1999 5.971.658,63
10.649.050,71
6.690.315,60
11.930.606,64
89,26
Guamaré 2000 7.346.876,95
11.870.775,99
8.326.056,60
13.452.893,44
88,24
Guamaré 2001 6.995.026,41
9.957.954,55
6.543.121,35
9.314.633,17
106,91
Guamaré 2002 10.656.431,91
12.353.814,29
8.744.879,66
10.137.785,35
121,86
Guamaré 2003 16.337.691,76
17.312.316,87
10.182.329,63
10.789.756,57
160,45
Guamaré 2004 18.607.404,72
18.607.406,60
N/D
N/D
N/D
Guamaré 2005 22.334.332,28
22.334.332,28
9.996.438,28
#DIV/0! #DIV/0!
Macau 1999 2.788.112,12
4.971.943,17
1.025.424,14
1.828.603,13
271,90
Macau 2000 5.037.288,75
8.139.040,13
2.884.074,73
4.659.967,12
174,66
Macau 2001 5.691.675,13
8.102.534,42
1.869.263,07
2.661.038,80
304,49
Macau 2002 12.113.357,12
14.042.802,09
4.278.245,18
4.959.694,47
283,14
Macau 2003 16.665.733,51
17.659.927,96
6.788.701,42
7.193.681,45
245,49
Macau 2004 18.159.348,28
18.159.350,11
4.356.486,61
4.356.487,05
416,83
Macau 2005 22.362.010,42
22.362.010,42
N/D
N/D
N/D
Mossoró 1999 3.229.007,27
5.758.176,13
6.590.592,30
11.752.773,56
48,99
Mossoró 2000 4.995.826,74
8.072.047,55
9.383.540,00
15.161.530,82
53,24
Mossoró 2001 6.521.081,96
9.283.258,41
17.429.872,33
24.812.754,99
37,41
Mossoró 2002 10.058.205,29
11.660.300,68
23.288.951,91
26.998.472,78
43,19
Mossoró 2004 28.926.345,95
28.926.348,87
20.369.441,74
20.369.443,79
142,01
Mossoró 2005 32.126.477,46
32.126.477,46
24.617.003,99
24.617.003,99
130,51
Mossoró 2003 17.172.877,31
18.197.325,42
22.356.690,66
23.690.379,19
76,81
Beneficiário Ano
Royalties + Particip. Especiais Receita Orçamentária
(Royalties + PE)
/Rec. Orçam.
Vr. Nominal Vr Constante Vr. Nominal Vr Constante
Pendências 1999 706.201,25
1.259.344,08
174.989,95
312.053,48
403,57
Pendências 2000 1.371.724,32
2.216.374,69
378.132,89
610.971,28
362,76
Pendências 2001 1.457.847,39
2.075.357,15
835.963,46
1.190.057,86
174,39
Pendências 2002 1.966.959,74
2.280.261,87
2.696.993,17
3.126.576,80
72,93
Pendências 2003 2.332.021,88
2.471.138,66
1.524.106,90
1.615.027,51
153,01
Pendências 2004 2.461.369,02
2.461.369,27
1.572.803,96
1.572.804,12
156,50
Pendências 2005 2.838.755,74
2.838.755,74
N/D
N/D
N/D
Porto do Mangue 1999 527.963,95
941.499,71
N/D
N/D
N/D
Porto do Mangue 2000 1.108.589,82
1.791.212,99
N/D
N/D
N/D
Porto do Mangue 2001 1.277.997,13
1.819.326,56
1.019.396,54
1.451.188,86
125,37
Porto do Mangue 2002 1.784.939,89
2.069.249,45
1.238.368,36
1.435.618,68
144,14
Porto do Mangue 2003 3.106.343,37
3.291.652,30
744.210,17
788.606,03
417,40
Porto do Mangue 2004 4.053.683,31
4.053.683,72
738.227,34
738.227,41
549,11
Porto do Mangue 2005 4.730.588,98
4.730.588,98
784.311,31
784.311,31
603,15
Serra do Mel 1999 263.151,44
469.268,79
N/D
N/D
Serra do Mel 2000 521.886,67
843.242,62
N/D
N/D
Serra do Mel 2001 563.461,69
802.130,77
N/D
N/D
Serra do Mel 2002 821.094,93
951.880,93
N/D
N/D
Serra do Mel 2003 1.099.871,66
1.165.484,51
N/D
N/D
Serra do Mel 2004 1.404.211,54
1.404.211,68
N/D
N/D
Serra do Mel 2005 1.434.211,43
1.434.211,43
N/D
N/D
Upanema 1999 610.647,30
1.088.946,05
N/D
N/D
N/D
Upanema 2000 1.008.332,09
1.629.220,75
N/D
N/D
N/D
Upanema 2001 1.037.855,26
1.477.466,26
839.524,69
1.195.127,54
123,62
Upanema 2002 1.499.935,74
1.738.849,15
1.041.491,60
1.207.382,91
144,02
Upanema 2003 2.236.789,22
2.370.224,90
1.272.875,50
1.348.808,90
175,73
Upanema 2004 1.923.758,47
1.923.758,66
1.014.345,70
1.014.345,80
189,66
Upanema 2005 2.092.352,99
2.092.352,99
1.707.674,38
1.707.674,38
122,53
APÊNDICE C
Royalties + participações especiais anuais sobre receita orçamentária, 1999 a 2006
Beneficiários Ano
Royalties + Particip. Especiais
Receita Orçamentária
(Royalties +
PE) /Rec.
Orçam.
Vr. Nominal Vr. Constante
Vr. Nominal Vr. Constante
Açu 1999 1.039.418,53
2.108.793,89
12.043.124,82
24.433.341,65
8,63
Açu 2000 1.758.010,70
3.134.999,21
14.076.766,39
25.102.606,91
12,49
Açu 2001 1.950.423,63
3.151.412,79
15.612.627,34
25.226.229,18
12,49
Açu 2002 2.567.843,53
3.655.521,46
17.393.817,49
24.761.428,17
14,76
Açu 2003 2.976.203,18
3.450.260,06
19.779.865,56
22.930.450,62
15,05
Açu 2004 2.930.274,03
3.105.079,55
23.428.605,60
24.826.239,23
12,51
Açu 2005 3.324.724,02
3.324.724,36
27.750.201,59
27.750.204,39
11,98
Alto do Rodrigues 1999 1.460.676,93
2.963.451,68
N/D N/D N/D
Alto do Rodrigues 2000 2.253.148,83
4.017.961,78
N/D N/D N/D
Alto do Rodrigues 2001 2.023.773,10
3.269.927,79
8.410.911,82
13.589.998,95
24,06
Alto do Rodrigues 2002 2.831.172,91
4.030.390,95
11.130.391,86
15.844.963,23
25,44
Alto do Rodrigues 2003 3.784.116,09
4.386.859,30
12.121.814,96
14.052.607,11
31,22
Alto do Rodrigues 2004 3.427.388,07
3.631.848,93
13.019.645,75
13.796.332,81
26,32
Alto do Rodrigues 2005 3.509.498,42
3.509.498,77
N/D N/D N/D
Apodi 1999 1.262.474,79
2.561.335,06
8.234.504,53
16.706.333,74
15,33
Apodi 2000 2.371.069,16
4.228.245,00
10.272.826,18
18.319.172,91
23,08
Apodi 2001 2.657.343,06
4.293.623,59
12.551.619,93
20.280.381,65
21,17
Apodi 2002 2.648.722,15
3.770.658,36
14.933.740,41
21.259.320,49
17,74
Apodi 2003 3.436.230,23
3.983.561,33
16.138.598,97
18.709.194,24
21,29
Apodi 2004 2.980.171,64
3.157.953,80
17.799.208,57
18.861.020,48
16,74
Apodi 2005 3.301.211,07
3.301.211,40
21.834.851,56
21.834.853,76
15,12
Areia Branca 1999 2.959.380,76
6.004.053,12
11.354.010,09
23.035.251,38
26,06
Areia Branca 2000 5.907.219,71
10.534.139,03
16.307.844,15
29.081.210,12
36,22
Areia Branca 2001 5.413.342,80
8.746.652,51
N/D N/D N/D
Areia Branca 2002 7.070.263,79
10.065.060,71
21.610.172,22
30.763.731,28
32,72
Areia Branca 2003 10.461.598,49
12.127.947,33
25.274.335,24
29.300.092,79
41,39
Areia Branca 2004 10.280.814,80
10.894.116,88
25.961.052,30
27.509.759,05
39,60
Areia Branca 2005 10.761.734,18
10.761.735,27
N/D N/D N/D
Caraúbas 1999 329.018,40
667.519,36
5.268.809,51
10.689.470,11
6,24
Caraúbas 2000 578.903,53
1.032.338,49
6.410.011,03
11.430.749,27
9,03
Caraúbas 2001 661.032,57
1.068.068,73
7.191.108,43
11.619.091,74
9,19
Caraúbas 2002 1.190.709,08
1.695.065,35
9.599.835,26
13.666.098,97
12,40
Caraúbas 2003 1.751.444,16
2.030.418,44
9.625.526,69
11.158.703,98
18,20
Caraúbas 2004 1.593.936,23
1.689.022,51
11.120.562,10
11.783.959,31
14,33
Caraúbas 2005 1.993.845,58
1.993.845,78
N/D N/D N/D
Carnaubais 1999 702.343,43
1.424.928,93
N/D N/D N/D
Carnaubais 2000 1.086.795,00
1.938.043,65
6.018.517,00
10.732.611,61
18,06
Carnaubais 2001 1.123.239,28
1.814.882,97
6.894.183,17
11.139.332,34
16,29
Beneficiários Ano
Royalties + Particip. Especiais
Receita Orçamentária
(Royalties +
PE) /Rec.
Orçam.
Vr. Nominal Vr Constante Vr. Nominal Vr Constante
Carnaubais 2002 1.348.926,67
1.920.300,18
7.566.549,92
10.771.561,93
17,83
Carnaubais 2003 1.666.329,98
1.931.747,07
8.251.581,01
9.565.912,89
20,19
Carnaubais 2004 1.580.681,65
1.674.977,22
9.088.965,94
9.631.168,27
17,39
Carnaubais 2005 1.775.507,11
1.775.507,29
9.758.291,01
9.758.291,99
18,19
Felipe Guerra 1999 643.822,51
1.306.200,47
N/D N/D N/D
Felipe Guerra 2000 1.044.329,06
1.862.315,62
3.761.281,56
6.707.362,32
27,77
Felipe Guerra 2001 1.141.653,57
1.844.636,01
N/D N/D N/D
Felipe Guerra 2002 1.322.705,64
1.882.972,54
5.925.244,83
8.435.038,73
22,32
Felipe Guerra 2003 1.808.541,86
2.096.610,80
6.374.805,17
7.390.199,63
28,37
Felipe Guerra 2004 1.678.786,14
1.778.934,14
N/D N/D N/D
Felipe Guerra 2005 2.215.623,34
2.215.623,56
N/D N/D N/D
Governador D-S Rosado 1999 641.321,21
1.301.125,78
N/D N/D N/D
Governador D-S Rosado 2000 1.159.340,49
2.067.411,49
5.450.642,89
9.719.941,50
21,27
Governador D-S Rosado 2001 1.699.045,44
2.745.246,44
6.622.631,05
10.700.569,80
25,66
Governador D-S Rosado 2002 2.212.108,47
3.149.105,42
7.534.210,60
10.725.524,44
29,36
Governador D-S Rosado 2003 3.241.663,84
3.758.003,94
9.544.541,87
11.064.819,70
33,96
Governador D-S Rosado 2004 3.348.440,37
3.548.191,60
N/D N/D N/D
Governador D-S Rosado 2005 3.731.433,18
3.731.433,56
N/D N/D N/D
Guamaré 1999 5.971.658,63
12.115.425,00
11.725.611,47
23.789.163,97
50,93
Guamaré 2000 7.346.876,95
13.101.429,62
14.378.581,91
25.640.824,01
51,10
Guamaré 2001 6.995.026,41
11.302.270,62
15.055.468,25
24.325.994,87
46,46
Guamaré 2002 10.656.431,91
15.170.245,03
20.916.931,19
29.776.849,71
50,95
Guamaré 2003 16.337.691,76
18.939.999,02
29.498.369,88
34.196.941,94
55,39
Guamaré 2004 18.607.404,72
19.717.429,58
N/D N/D N/D
Guamaré 2005 22.334.332,28
22.334.334,53
49.587.601,31
49.587.606,31
45,04
Macau 1999 2.788.112,12
5.656.579,75
11.647.185,10
23.630.050,92
23,94
Macau 2000 5.037.288,75
8.982.821,47
15.495.934,66
27.633.360,23
32,51
Macau 2001 5.691.675,13
9.196.370,23
16.943.790,76
27.377.067,27
33,59
Macau 2002 12.113.357,12
17.244.289,38
26.704.845,69
38.016.388,23
45,36
Macau 2003 16.665.733,51
19.320.292,05
32.220.887,39
37.353.108,65
51,72
Macau 2004 18.159.348,28
19.242.644,33
35.522.389,13
37.641.477,50
51,12
Macau 2005 22.362.010,42
22.362.012,68
N/D N/D N/D
Mossoró 1999 3.229.007,27
6.551.076,98
71.320.437,10
144.696.383,38
4,53
Mossoró 2000 4.995.826,74
8.908.883,71
84.084.728,00
149.945.364,98
5,94
Mossoró 2001 6.521.081,96
10.536.491,04
100.742.024,50
162.774.742,72
6,47
Mossoró 2002 10.058.205,29
14.318.623,73
112.858.019,50
160.662.013,68
8,91
Mossoró 2003 17.172.877,31
19.908.214,95
130.734.595,15
151.558.319,24
13,14
Mossoró 2004 28.926.345,95
30.651.947,32
161.450.834,30
171.082.184,92
17,92
Mossoró 2005 32.126.477,46
32.126.480,70
187.969.894,91
187.969.913,87
17,09
Pendências 1999 706.201,25
1.432.755,76
4.424.841,22
8.977.209,73
15,96
Pendências 2000 1.371.724,32
2.446.148,17
5.777.992,85
10.303.693,28
23,74
Pendências 2001 1.457.847,39
2.355.528,74
6.122.403,67
9.892.323,36
23,81
Pendências 2002 1.966.959,74
2.800.117,48
10.362.351,09
14.751.598,51
18,98
Pendências 2003 2.332.021,88
2.703.471,99
10.328.841,29
11.974.044,24
22,58
Beneficiários Ano
Royalties + Particip. Especiais
Receita Orçamentária
(Royalties +
PE) /Rec.
Orçam.
Vr. Nominal Vr Constante Vr. Nominal Vr Constante
Pendências 2004 2.461.369,02
2.608.202,01
11.997.375,21
12.713.078,71
20,52
Pendências 2005 2.838.755,74
2.838.756,03
N/D N/D N/D
Porto do Mangue 1999 527.963,95
1.071.144,22
N/D N/D N/D
Porto do Mangue 2000 1.108.589,82
1.976.909,59
N/D N/D N/D
Porto do Mangue 2001 1.277.997,13
2.064.934,22
4.183.202,79
6.759.043,82
30,55
Porto do Mangue 2002 1.784.939,89
2.540.998,31
5.289.131,57
7.529.482,91
33,75
Porto do Mangue 2003 3.106.343,37
3.601.129,29
6.364.013,27
7.377.688,77
48,81
Porto do Mangue 2004 4.053.683,31
4.295.505,82
8.163.643,01
8.650.645,19
49,66
Porto do Mangue 2005 4.730.588,98
4.730.589,46
10.023.194,86
10.023.195,87
47,20
Serra do Mel 1999 263.151,44
533.887,10
N/D N/D
Serra do Mel 2000 521.886,67
930.662,31
N/D N/D
Serra do Mel 2001 563.461,69
910.417,79
N/D N/D
Serra do Mel 2002 821.094,93
1.168.891,37
N/D N/D
Serra do Mel 2003 1.099.871,66
1.275.061,89
N/D N/D
Serra do Mel 2004 1.404.211,54
1.487.979,79
N/D N/D
Serra do Mel 2005 1.434.211,43
1.434.211,57
N/D N/D
Upanema 1999 610.647,30
1.238.893,92
N/D N/D N/D
Upanema 2000 1.008.332,09
1.798.123,47
N/D N/D N/D
Upanema 2001 1.037.855,26
1.676.923,05
5.245.919,80
8.476.137,44
19,78
Upanema 2002 1.499.935,74
2.135.273,13
7.458.771,65
10.618.131,33
20,11
Upanema 2003 2.236.789,22
2.593.070,44
8.074.230,20
9.360.313,21
27,70
Upanema 2004 1.923.758,47
2.038.520,29
9.216.600,10
9.766.416,44
20,87
Upanema 2005 2.092.352,99
2.092.353,20
11.757.024,49
11.757.025,68
17,80
ANEXO 1
Art. 47. Os royalties serão pagos mensalmente, em moeda nacional, a partir da data
de início da produção comercial de cada campo, em montante correspondente a dez por cento
da produção de petróleo ou gás natural.
§ Tendo em conta os riscos geológicos, as expectativas de produção e outros
fatores pertinentes, a ANP poderá prever, no edital de licitação correspondente, a redução do
valor dos royalties estabelecido no caput deste artigo para um montante correspondente a, no
mínimo, cinco por cento da produção.
§ Os critérios para o cálculo do valor dos royalties serão estabelecidos por
decreto do Presidente da República, em função dos preços de mercado do petróleo, gás
natural ou condensado, das especificações do produto e da localização do campo.
ANEXO 2
Capítulo IV – Dos preços de referência
Art O preço de referência a ser aplicado a cada mês ao petróleo produzido em
cada campo durante o referido mês, em reais por metro cúbico, na condição padrão de
medição, será igual à média ponderada dos seus preços de venda praticados pelo
concessionário, em condições normais de mercado, ou ao seu preço nimo estabelecido pela
ANP, aplicando-se o que for maior.
§ 1º Os preços de venda de que trata este artigo serão livres dos tributos
incidentes sobre a venda e, no caso de petróleo embarcado, livres a bordo.
§ Até o dia quinze de cada mês, a partir do mês seguinte àquele em que
ocorrer a data de início da produção de petróleo de cada campo, o concessionário informará à
ANP as quantidades vendidas, os preços de venda do petróleo produzido no campo no mês
anterior e o valor da média ponderada referida neste artigo.
§ O concessionário apresentará, sempre que exigida pela ANP, a
documentação de suporte para a comprovação das quantidades vendidas e dos preços de
venda do petróleo.
§ Os preços de venda do petróleo, quando expressos em moeda estrangeira,
serão convertidos para a moeda nacional pelo valor médio mensal das taxas de câmbio
oficiais diárias para a compra da moeda estrangeira, fixadas pelo Banco Central do Brasil para
o mês em que ocorreu a venda.
§ 5º O preço mínimo do petróleo extraído de cada campo será fixado pela ANP
com base no valor médio mensal de uma cesta-padrão composta de até quatro tipos de
petróleo similares cotados no mercado internacional, nos termos deste artigo.
§ 6º Com uma antecedência mínima de vinte dias da data de início da produção
de cada campo e com base nos resultados de análises físico-químicas do petróleo a ser
produzido, realizadas segundo normas aceitas internacionalmente e por sua conta e risco, o
concessionário indicará até quatro tipos de petróleo cotados no mercado internacional com
características físico-químicas similares e competitividade equivalente às daquele a ser
produzido, bem como fornecerá à ANP as informações técnicas que sirvam para determinar o
tipo e a qualidade do mesmo, inclusive através do preenchimento de formulário específico
fornecido pela Agência.
§ Dentro de dez dias, contados da data do recebimento das informações
referidas no parágrafo anterior, a ANP aprovará os tipos de petróleo indicados pelo
concessionário para compor a cesta-padrão ou proporá a sua substituição por outros que
julgue mais representativos do valor de mercado do petróleo a ser produzido.
§ Sempre que julgar necessário, a ANP poderá requerer nova análise das
características físico-químicas do petróleo produzido, a ser realizada por conta e risco do
concessionário, bem como o fornecimento das informações técnicas de que trata o § deste
artigo.
§ 9º A ANP emitirá, a cada mês, uma consolidação do preço mínimo do
petróleo extraído de cada campo no mês anterior, incorporando as atualizações relativas às
variações dos preços internacionais dos tipos de petróleo que compõem a cesta-padrão
respectiva, ocorridas no mês anterior, e eventuais revisões na composição da cesta-padrão,
resultantes da inadequação dos tipos de petróleo originalmente selecionados.
§ 10. Os preços internacionais dos tipos de petróleo que compuserem a cesta-
padrão serão convertidos para a moeda nacional pelo valor médio mensal das taxas de câmbio
oficiais diárias para a compra de moeda estrangeira, fixadas pelo Banco Central do Brasil para
o mês anterior à emissão da consolidação do preço mínimo.
§ 11. Caso o concessionário não apresente as informações referidas nos §§ e
6º deste artigo, a ANP fixará o preço de referência do petróleo, segundo seus próprios
critérios.
ArtO preço de referência a ser aplicado a cada mês ao gás natural produzido
durante o referido mês, em cada campo de uma área de concessão, em reais por mil metros
cúbicos, na condição padrão de medição, será igual à média ponderada dos preços de venda
do gás natural, livres dos tributos incidentes sobre a venda, acordados nos contratos de
fornecimento celebrados entre o concessionário e os compradores do gás natural produzido na
área da concessão, deduzidas as tarifas relativas ao transporte do gás natural até os pontos de
entrega aos compradores.
§ Até o dia quinze de cada mês, a partir do mês seguinte àquele em que
ocorrer a primeira data de início da produção de gás natural na área de concessão, o
concessionário informará à ANP as quantidades vendidas, os preços de venda, as tarifas de
transporte do gás natural produzido e o valor calculado do preço de referência do gás natural.
§ As tarifas de transporte do gás natural, referidas neste artigo, assim como
os cálculos utilizados para a sua fixação, serão informados à ANP pelos concessionários
produtores de gás natural e incluídos expressamente em cada contrato de venda.
§ Os preços de venda do gás natural ou as tarifas de transporte, de que trata
este artigo, quando expressos em moeda estrangeira, serão convertidos à moeda nacional pelo
valor médio mensal da taxas de câmbio oficiais diárias para a compra da moeda estrangeira,
fixadas pelo Banco Central do Brasil para o mês em que ocorreu a venda.
§ Na inexistência de contratos de venda do gás natural produzido na área de
concessão, na ausência da apresentação, pelo concessionário, de todas as informações
requeridas pela ANP para a fixação do preço de referência do gás natural, ou quando os
preços de venda ou as tarifas de transporte informados não refletirem as condições normais do
mercado nacional, a ANP fixará o preço de referência para o gás natural segundo seus
próprios critérios.
ANEXO 3
O Tribunal de Contas do Rio de Janeiro impetrou então Mandado de Segurança
junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 19.02.2003 julgou o MS 24.312 / DF em
que encerrou a questão com a seguinte decisão:
MANDADO DE SEGURANÇA. ATO CONCRETO. CABIMENTO.
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO, XISTO BETUMINOSO E GÁS NATURAL.
PARTICIPAÇÃO, EM SEU RESULTADO, DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E
MUNICÍPIOS. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 20, § 1º. COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA A
FISCALIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS ORIUNDOS DESTA
EXPLORAÇÃO NO TERRITÓRIO FLUMINENSE. 1 - Não tendo sido atacada lei em tese,
mas ato concreto do Tribunal de Contas da União que autoriza a realização de auditorias nos
municípios e Estado do Rio de Janeiro, não tem aplicação a Súmula 266 do STF. 2 - Embora
os recursos naturais da plataforma continental e os recursos minerais sejam bens da União
(CF, art. 20, V e IX), a participação ou compensação aos Estados, Distrito Federal e
Municípios no resultado da exploração de petróleo, xisto betuminoso e gás natural são
receitas originárias destes últimos entes federativos (CF, art. 20, § 1º). 3 - É inaplicável, ao
caso, o disposto no art. 71, VI da Carta Magna que se refere, especificamente, ao repasse
efetuado pela União - mediante convênio, acordo ou ajuste - de recursos originariamente
federais. 4 - Entendimento original da Relatora, em sentido contrário, abandonado para
participar das razões prevalecentes. 5 - Segurança concedida e, ainda, declarada a
inconstitucionalidade do arts. 1º, inc. XI e 198, inc. III, ambos do Regimento Interno do
Tribunal de Contas da União, além do art. 25, parte final, do Decreto nº 1, de 11 de janeiro de
1991.
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