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A espécie Callithrix aurita, endêmica das regiões de floresta de altitude da
Mata Atlântica do Sudeste do Brasil (Coimbra-Filho et al., 1983; Stevenson e
Rylands, 1988; Rylands, 1994b; Auricchio, 1995; Fonseca et al., 1996; Mendes,
1997b; Grelle e Cerqueira, 1999; Melo, 1999; Carrol, 2002; Rylands e Chiarello,
2003), ocorre nos estados de Minas Gerais (Martins, 1998; Cosenza e Melo,
1998; Martins e Setz, 2000; Melo et al., 2005; Tabacow et al., 2005), São Paulo
(Coutinho, 1996; Brandão e Develey, 1998; Brandão, 1999; Corrêa et al., 1999;
Oliveira et al., 1999a,b) e Rio de Janeiro (Cerqueira et al., 1998; Bergallo et al.,
2000; SEMADS, 2001; Cunha, 2003, 2004a,b; Geise et al., 2004) (Figura 6).
Pouco se sabe sobre o comportamento social ou a biologia reprodutiva da
espécie em estado selvagem (Coutinho, 1996; Carrol, 2002). Os critérios que
enquadram C. aurita como espécie ameaçada de extinção são diversos, sendo os
mais relevantes: destruição do habitat, incapacidade de adaptação a florestas
secundárias degradadas, declínio populacional, distribuição restrita, introdução de
espécies exóticas invasoras (Rylands, 1994b; Mendes, 1997a; Brandão e
Develey, 1998; Melo, 1999; Bergallo et al., 2000; SEMADS, 2001; Cunha, 2003;
Rylands e Chiarello, 2003; Cunha, 2004a,b; Hilton-Taylor et al., 2004; Costa et al.,
2005).
Segundo Terborgh (1985, apud Auricchio, 1995), a associação mista é uma
estratégia utilizada por espécies de primatas para formar territórios diferentes
daqueles originais de cada espécie, defendendo-os de outros grupos de formação
semelhante. É considerado um processo pelo qual as espécies buscam um
equilíbrio ótimo entre proteção contra predadores e eficiência de alimentação.
Esta associação entre espécies de primatas simpátricos (espécies similares, que
ocupam a mesma área, ou cujas áreas coincidem em boa parte) e com habitats
similares tem sido documentada na floresta amazônica, com aparentes benefícios
mútuos (Auricchio, 1995; Boubli, 2002; Lopes e Rehg, 2003). Entretanto, a
associação entre primatas nativos e exóticos é pouco estudada, podendo resultar,
dentre outras coisas, em competição por recursos e troca de parasitas entre as
duas espécies (Auricchio, 1995; Affonso et al., 1999; Ruiz-Miranda et al., 2000;
Aiello e Mays, 2001; Ruiz-Miranda et al., 2006), o que constitui uma ameaça à
conservação da espécie nativa (Morsello, 2001; Primack e Rodrigues, 2001;
Ricklefs, 2003). Brandão e Develey (1998) relatam a potencial ameaça da