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inaugurava” (idem). No plano internacional, a Revolução Russa
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derrubaria um sistema
econômico e político para impor uma nova ideologia – o socialismo. No cenário brasileiro,
mais precisamente em São Paulo, eclode uma greve de operários dispostos a firmar a posição
reivindicatória do proletariado. No decorrer dos três anos seguintes, houve o encontro e a
formação do núcleo de artistas e escritores que promoveriam uma significativa reviravolta
nos rumos da estética então em vigor, não sem despertar a indignação e o repúdio de
ferrenhos detratores, a partir do rumoroso evento realizado no Teatro Municipal de São
Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
Radicais inicialmente, os modernistas rejeitavam o romantismo, o parnasianismo, o
naturalismo e o realismo, e pretendiam que todos os segmentos de imigrantes fossem
integrados no corpo na nacionalidade (e não apenas a trindade étnica brasileira formada pelo
português, o índio e o negro, como elementos exclusivos do homem nacional). Posicionaram-
se contra o regionalismo, que escamotearia a nova realidade das metrópoles, e, do passado,
acatavam somente o simbolismo, que lhes forneceria o desapego às realidades imediatas,
ideal da prosa e da poesia em vigor. O ideário modernista expandiu-se por todo o país e
aportou em vários estados, fazendo com que o país participasse do “grande concerto das
nações”, ao apresentá-lo às novas diretrizes culturais, políticas e socioeconômicas do século
XX, movido pela técnica e pela força mecânica. No arcabouço modernista figuravam os
ícones da vida moderna de então, como a imagética cinematográfica, a velocidade do
aeroplano, o ritmo sincopado do jazz. Aos poucos, porém, contraditoriamente, passaram a
recorrer a aspectos da colonização, valores do passado brasileiro, paisagens e produtos da
terra, festas religiosas, e inclusive aos caipiras – também situados nos grandes centros
urbanos. Paralelamente, o burguês seria crivado pelo ridículo, enquanto representante do
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A Rússia pré-revolucionária vivia sob o absolutismo do Czar Nicolau II. Num país economicamente atrasado e
dependente da agricultura, com 80% da economia concentrada no campo, os trabalhadores rurais pagavam
altos tributos para manter a base czarista, que não cedia espaço para a democracia. Igualmente descontentes
encontravam-se os trabalhadores urbanos que ocupavam os poucos postos de trabalho na incipiente indústria.
Em 1905, no chamado Domingo Sangrento, Nicolau II ordena o extermínio de milhares de manifestantes
oposicionistas, inclusive os marinheiros do encouraçado Potenkim [episódio levado às telas sob a direção de
Eisenstein, em filme homônimo, de 1925]. Após um longo período de greves e manifestações, ocorre a queda
da monarquia e Kerenski assume o poder, em 1917, mas poucas mudanças promoveu no país. Em outubro do
mesmo ano, Lênin e os bolcheviques organizam uma nova revolução, prometendo “paz, terra, pão, liberdade e
trabalho”, até que Lênin assume o governo e implanta o socialismo. Com isso, promoveu-se a redistribuição
das terras para os trabalhadores rurais, a nacionalização das instituições bancárias e a transferência das
fábricas para as mãos dos operários. Ele também retira o país da Primeira Guerra e instala o Partido
Comunista. Após a Revolução implantou-se a URSS, que se tornou uma potência econômica e militar, a
ponto de rivalizar com os Estados Unidos na chamada Guerra Fria. Entretanto, o Partido Comunista reprimia
qualquer manifestação contrária aos princípios socialistas, de modo que a falta de democracia continuava a
imperar na URSS (vide r.m.e.).