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P: E era um mestrado ligado à educação especial?
S: À educação especial. Era na época que estava estourando a inclusão dos alunos. Aí,
eu falei: “Não, eu vou estudar sobre isso. Porque aqui na APAE a gente não dá conta, e vai
colocar as crianças na rede?”. E eu lembro que, assim, foi legal o processo. Porque quando
eu fui, quando eu fiz faculdade, o professor falou o que era inclusão, o que era integração,
a síndrome do Avestruz. E eu tirava nota, mas tinha construído o conhecimento, conceito.
Quando eu li coisas que já tinha lido na faculdade, foi um bloqueio, assim. Sabe quando você
não consegue ter clareza do que é direito? Aí, eu fiz o projeto. Eu fiz faculdade, fiquei um
ano, né? Final do ano, fiz um projeto. Pedi pra essa professora dar um lida. Eu nunca tinha
feito pesquisa. Aí, ela falou: “Ai, eu acho que está bom”.
P: Foi essa professora que você tinha contado?
S: É, é. Aí, eu voltei, ela falou assim: “Eu acho que está bom. Mas se você não passar,
você não desiste! Porque não é assim que você vai na primeira e passa!”. Aí, eu fiz. Aí, eu
liguei, né? Falaram que eu tinha ficado pra espera. Falaram que, se eu quisesse, eu poderia me
matricular como especial. Aí, eu fui e fiz a matrícula. Quando eu ia começar como especial,
comecei como regular. Aí, eu já estava ansiosa tudo, eu não soube lidar com a situação. Aí, eu
parei. Eu vou voltar ainda, né? Só que agora, como eu saí da educação especial e vim para a
educação regular... Porque, aí, eu fiz um curso de pós, e fiz a monografia da inclusão, só. Eu
sei que foi uma pesquisa bem restrita, tal. E como eu trabalhei como itinerante, eu aprendi
outras coisas. Aí, eu queria estudar, assim, a função, como que o professor de Educação
Especial é visto na escola regular. Mas, agora, como eu estou na educação regular, estou com
um ponto de interrogação na minha cabeça. Porque faz dois anos, três, né? Que eu não lido
com educação Especial. Então, eu não consigo sentar e escrever. Não estou tendo clara a
idéia. Mas, eu quero fazer mestrado. Como eu larguei no meio, eu tenho que terminar!
P: E tem como voltar?
S: Não, esse eu já perdi! Eu tenho que prestar de novo, só que lá em São Carlos você
tem que ter inglês que está sendo eliminatório. Aí, na Unicamp eu pensei em estar prestando.
Aí, eu sei que, assim, seria interessante que eu fosse como ouvinte, pra depois chegar lá, né?
Só que esse ano, eu não vou conseguir estudar para prova e ter clareza do projeto. Porque eu
lembro que, na entrevista, você tem que ter muita clareza do que você quer. Que lá em São
Carlos eles perguntaram o que eu queria, tal; eu tinha mais clareza, e hoje eu não tenho.
Então, por mais que eu escreva, eu não vou ter. Eu quero fazer mestrado. Eu acho que,
assim, eu não quero ser diretora, não quero ser coordenadora, não quero ser vice. Eu tenho
essa vontade de estudar, de ter conhecimento. Não que eu saia da sala de aula, talvez nem
pra tanto, mas pra ter conhecimento maior. Que eu faço curso, e às vezes eu consigo trazer
para a sala. E, às vezes, eu fico assim: nossa falta tanta coisa e eu não, não... Lembra que
eu falei: ai, eu acho que a sala não rende? Eu olho, chegou o meio do ano e parece que não
foi. Aí, tem dia que eu saio coma sensação que eles aprenderam, tem dia que eu saio com a
sensação que não, eles não aprenderam. Então, na educação regular, ela é mais angustiante
que a educação especial, eu acho! Porque a educação especial você está ali. Quando ele está
na educação regular, você luta pra ele ficar, e você tenta convencer o professor que a sala
de aula é muito mais do que ler, escrever, aprender os estados, que aprender matemática. É
muito mais do que isso. Quando você vem pra sala regular, você inverte a situação. Aí, você
recebe um aluno e fala: “Como é que eu vou lidar com isso?”. Que tem a Lauriane que tem
dificuldade, às vezes eu não consigo. O Jordan, o Fabrício. E quando elas falavam alguma
coisa, eu falava: “Não, não é bem verdade”. Às vezes, elas estão com receio de receber. E
não é. Então, eu estou em um mundo complexo assim, sabe? Que eu não estou entendendo