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lavoura e colhendo seu produto. Seus familiares, sua mulher e seus filhos, ajudam-
no sempre. O dia regulava a atividade produtiva, a família era parte integrante da
força de trabalho. O sapateiro, também, com sua família, trabalha na sua casa, a
oficina onde ele fabricava sapatos era o seu ambiente familiar; ou seja, seu espaço
de trabalho era o lar; assim espaço de trabalho e familiar, muitas vezes, se
confundiam. Da mesma forma, o alfaiate, trabalhava juntamente com seus familiares
confeccionando roupas no espaço doméstico do seu lar, em sua casa ele morava,
alimentava-se, dormia e trabalhava. Assim, verifica-se que, o espaço do trabalho era
o próprio espaço do lar e vice-versa.
A migração do campo para as cidades ocorreu no início desse período e
as crianças eram demandadas para o trabalho nas indústrias. É importante ressalvar
que, tanto o trabalho feminino como o trabalho infantil estavam presentes na
sociedade medieval. As necessidades de sobrevivência e as obrigações servis
corroboravam para tal. As crianças, quando tinham condições de realizar alguma
atividade laborativa, ingressavam no mundo do trabalho contribuindo, dessa forma,
com a economia familiar. As mulheres e crianças eram preferidas, vez que, no
entendimento industrial burguês, esses dois grupos de trabalhadores eram mais
facilmente adestrados, ou seja, mais fáceis de serem disciplinados e intimidados.
Com o crescimento do comércio urbano nos anos finais da Idade Média, o
mercado tornou-se o espaço por excelência das trocas, do comércio, ainda que
incipiente. Desse modo, o mercado assumiu relativa importância no contexto das
mudanças do trabalho. A utilidade do mercado, onde se efetuavam as trocas, se
deram quando a cidade assumiu, na sociedade medieval, o papel de centro
aglutinador de indivíduos e de produtos, fruto do trabalho de agricultores e artesãos,
passando a ser, por si só, o espaço, cada vez mais, do trabalho. Rompendo,
portanto, com as velhas fronteiras do espaço temporal do dia e do espaço físico dos
lares, o trabalho foi sendo executado no espaço da cidade, não importando se
durante o dia ou a noite, se em casa ou nas fábricas. Entretanto, não somente o
espaço do trabalho é rompido, mas também a estrutura feudal que vigorou durante
quase toda a Idade Média foi gradativamente sendo substituída.
Nesse sentido, pouco a pouco a produção manual e rural foi sendo
substituída pela industrial e urbana. Com o aniquilamento do sistema feudal, surgiu o