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PCN NA ESCOLA
C A D E R N O S D A
MATEMÁTICA 2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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Livros Grátis
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Jogos e atividades para trabalhar as operações
Mírian Louise Sequerra
A natureza da multiplicação
Jorgina de Fátima Pereira de Deus
e Simone Panocchia Tahan
A natureza da divisão
Jorgina de Fátima Pereira de Deus
e Simone Panocchia Tahan
Algoritmos de multiplicação e divisão
Jorgina de Fátima Pereira de Deus
e Simone Panocchia Tahan
O cálculo e a vida moderna
Antônio José Lopes Bigode
As ferramentas de cálculo
Antônio José Lopes Bigode
A calculadora e o raciocínio da criança
Antônio José Lopes Bigode
Atividades com medidas
Marcelo Lellis e Luiz Márcio Imenes
Medindo áreas
Marcelo Lellis e Luiz Márcio Imenes
Tratamento da informação
Marcelo Lellis e Luiz Márcio Imenes
SUMÁRIO
5
13
19
24
32
36
43
48
53
58
Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação e do Desporto
Paulo Renato Souza
Secretário de Educação a Distância
Pedro Paulo Poppovic
Secretária de Educação Fundamental
Iara Glória Areias Prado
Secretaria de Educação a Distância
Cadernos da TV Escola
Diretor de Produção e Divulgação
José Roberto Neffa Sadek
Coordenação Geral
Vera Maria Arantes
Edição
Elzira Arantes (texto) e Alex Furini (arte)
Ilustrações
Gisele Bruhns Libutti
Consultoria
Cláudia Aratangy e Cristina Pereira
©1998 Secretaria de Educação a Distância/MEC
Tiragem : 110 mil exemplares
Este caderno complementa as séries da programação da TV Escola
PCN na Escola -
Matemática 2
Informações:
Ministério da Educação e do Desporto
Secretaria de Educação a Distância
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, sala 325 CEP 70047-900
Caixa Postal 9659 – CEP 70001-970 – Brasília/DF - Fax: (061) 321.1178
Internet: http://www.mec.gov.br/seed/tvescola
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Cadernos da TV Escola: PCN na Escola/Coordenação Geral Vera Maria
Arantes. - Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de
Educação a Distância, Secretaria de Educação Fundamental, © 1998.
64p. : .il.
Conteúdo: Matemática 2
1-Matemática. 2-Desenvolvimento do cálculo. 3-Aritmética. 4-Conceito
matemático. 5-Aritmética. I- Título
CDU 373.3:51
ads:
4
5
Programa 9
4
s quatro operações fundamentais – adição, sub-
tração, multiplicação e divisão – ocupam gran-
de espaço no ensino da Matemática nas séries
iniciais. O método mais comum consiste nos proble-
mas de enunciado’ – mas existem maneiras bem mais
dinâmicas e significativas de desenvolver esse conhe-
cimento.
A utilização de jogos é um ótimo recurso. Pelo
jogo, as crianças exercitam o raciocínio, o senso de
observação, o cálculo e o pensamento lógico, de for-
ma divertida e gostosa, além de desenvolver seus
conhecimentos a respeito dos números. Isso sem fa-
lar na socialização e no aprendizado com os colegas.
É importante que o professor selecione os jogos
mais adequados ao objetivo que pretende alcançar,
isto é, de acordo com os conhecimentos que preten-
de trabalhar com os alunos.
Jogo: Vinte e um
Uma professora de 2
a
série, que já havia trabalhado
as quatro operações com sua classe a partir de dife-
rentes problemas, resolveu apresentar esse jogo. Ela
achou que seria bem bom para exercitar intensamen-
te as operações de adição e subtração.
A professora preparou um cartaz com as regras.
Leu essas regras e depois deixou o cartaz exposto,
para que as crianças pudessem consultá-lo.
AA
AA
A
JOGOS E ATIVIDADES PARA
TRABALHAR AS OPERAÇÕES
Programa 9
6
7
Jogos e atividades para trabalhar as operações
Embora a classe estivesse ruidosa, o clima era de
grande concentração: as crianças falavam muito e come-
moravam cada jogada. Algumas escolhiam rapidamen-
te a carta a colocar, calculavam mentalmente o resulta-
do da soma e diziam logo, ao colocar a carta. Outras se
sentiam inseguras e precisavam apoiar sua contagem nos
dedos. Atenta, a professora incentivava a participação de
cada aluno, de acordo com seus recursos.
Quando percebeu sinais de cansaço, e achou que
já era suficiente, avisou que o jogo ia terminar. De-
pois, comentou o jogo com a classe. Pediu para al-
guns explicarem como haviam escolhido a carta a jo-
gar, a cada vez. As respostas variaram:
Marcos: Eu sabia em que número tinha parado, en-
tão contava quanto faltava para chegar ao 21; de-
pois que contava, escolhia uma carta que tivesse o
mesmo valor, ou chegasse bem perto.
Júlia: Escolhia uma carta qualquer e somava baixi-
nho quanto ia dar se juntasse com as cartas da mesa;
se desse mais de 21, escolhia outra, até achar uma
que desse menos de 21.
Leonardo: Pegava a minha carta mais baixa, para
não passar do 21, então somava para ver se não pas-
sava mesmo; só então colocava na mesa.
Sandra: Pegava a minha carta mais alta, e calcula-
va se passava ou não de 21; se passasse, escolhia a
segunda mais alta e assim por diante, até encontrar
uma que não passasse.
Lígia: Contava assim: começava do 21 e ia voltan-
do até chegar no número que estava na mesa; esco-
lhia uma carta que fosse igual ou um pouco menor
do que o resultado dessa conta.
A professora encerrou a atividade e repetiu o jogo em
outra aula. Dessa vez, antes de começar, discutiu as me-
lhores estratégias para ganhar, entre as que haviam sido
Regras
Jogadores: 4 a 7
Distribuição: Cada jogador recebe seis cartas, que são
entregues uma a uma. As cartas que sobrarem são
postas de lado e não são utilizadas nessa rodada.
Partida: Inicia o jogo o jogador à esquerda de quem
distribuiu.
O jogo: O primeiro jogador abre uma carta no centro
da mesa e diz seu valor. Os ases e as figuras (rei, dama
e valete) valem 1 ponto cada. O próximo jogador co-
loca sua carta no centro e diz o valor da soma de sua
carta com a anterior.
Nenhum jogador pode ultrapassar 21. Se um jo-
gador completar 21 com a carta que colocou, ele pega
todas as cartas e as coloca em um outro monte, diante
de si. Mas se a carta que ele coloca der um resultado
superior a 21 ele diz ‘stop’; quem fica com todas as
cartas é o jogador anterior, que começa novamente o
jogo, colocando uma carta na mesa.
O jogo termina quando um dos jogadores fica sem
cartas na mão.
Quem vence: O vencedor é aquele que consegue jun-
tar o maior número de cartas ganhas.
Para tornar bem clara a explicação, ela começou com
uma simulação: chamou quatro crianças para jogar dian-
te dos colegas. Nessa demonstração, elas mantiveram as
cartas abertas, para que todos pudessem vê-las. A pro-
fessora foi relendo cada um dos passos e os jogadores
foram executando. Ela esclareceu as dúvidas, pediu opi-
niões e fez os alunos explicarem as jogadas.
Quando achou que todos haviam entendido bem,
organizou grupos de quatro ou cinco crianças e o jogo
começou. Foi caminhando entre os grupos, para es-
clarecer dúvidas e auxiliar quando fosse necessário.
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9
Jogos e atividades para trabalhar as operações
dois ou três algarismos, compará-los (quando procu-
ravam o lugar correto de colar no álbum) ou ordená-
los (ao organizar as figurinhas, antes de colá-las).
A professora sabia muito bem que todas essas ativi-
dades (interpretar, comparar e ordenar) são fundamen-
tais para a compreensão do sistema de numeração. Con-
cluiu então que o álbum de figurinhas seria uma ótima
atividade para sua classe, que estava tendo alguma difi-
culdade com os números altos, de dois ou três dígitos.
Por outro lado, ela estava também desenvolven-
do com a classe um estudo dos mamíferos brasilei-
ros, que despertava grande interesse nas crianças.
Juntando as duas coisas, a professora resolveu pro-
por a realização de um álbum de figurinhas com os
animais estudados. A idéia foi aceita com entusiasmo.
Durante algumas aulas, discutiram como fariam o
álbum. Decidiram que cada página teria seis
figurinhas e seria dedicada a um animal, com um
pequeno texto referente a seu modo de vida. As
figurinhas, por sua vez, apresentariam informações
relativas à alimentação, ao ambiente em que o bicho
vive, a seus predadores etc.
A classe tinha 25 alunos. Eles dividiriam entre si as
tarefas de escrever o texto e desenhar as figurinhas.
Quando terminassem de preparar o álbum, ele seria
xerocado para que cada um tivesse sua própria coleção.
Propostas de cálculo
As crianças conheciam o dobro e a metade de alguns
números e estavam habituadas a buscar formas pes-
soais de resolver alguns problemas de multiplicação,
mas ainda não haviam estudado a conta armada. A
professora lançou então a seguinte pergunta:
Quantas figurinhas teremos em um álbum, se cada
um de vocês desenhar seis figurinhas?
Pedro: Temos de colocar 25 vezes o número 6 e de-
comentadas anteriormente. Além disso, usou o jogo como
base para alguns problemas de enunciado, tais como:
Num jogo de 21, Carlos tinha um Ás, um 5 e um 8. Se
no centro da mesa já jogaram um 10 e um 5, qual a
carta que ele deve pôr? Por que você acha isso?
Nesse mesmo jogo, Maria pôs um 8 e completou
21, ganhando todas as cartas daquela rodada. Em
que número havia chegado a soma das cartas an-
tes de ela jogar?
Numa das rodadas, dois jogadores lançaram suas
cartas. José era o terceiro. Jogou um 9 e completou
21. Que cartas podem ter sido jogadas pelos dois
colegas que jogaram primeiro? Discuta com seus
colegas quantas possibilidades existem para José
conseguir esse resultado.
Avaliação da atividade
Ao avaliar a atividade, a professora constatou que seus
alunos haviam podido operar de diversas formas com
os números, em uma situação de grande envolvimento.
Além disso, pensaram em critérios diferentes para esco-
lher a carta e, ao explicar suas opções, no final do jogo,
cada um aprendeu um pouco com as propostas dos co-
legas, ampliando suas possibilidades.
Enquanto estavam jogando, as crianças realizaram
muitas contas diferentes. Ela concluiu que um jogo
adequado às possibilidades dos alunos e àquilo que
se pretende ensinar pode valer por mil problemas!
O álbum de figurinhas
Observando seus alunos no recreio, a professora de
uma classe de 3
a
série viu o enorme envolvimento de
todos com os álbuns de figurinhas.
Refletindo, percebeu que, nessa brincadeira, as
crianças eram obrigadas a interpretar números de
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Jogos e atividades para trabalhar as operações
2+2+2+2+2=
2+2+2+2+2+2+2+2+2+2=
20
PACOTES
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
100=10+10+10+10+10+10+10+10+10+10
50=10+10+10+10+10
10
PACOTES
150 = 100 + 50
20 + 10
As crianças formaram duplas, pois seria mais fá-
cil resolver a situação apresentada discutindo com o
colega e confrontando os resultados. Apareceram di-
versas formas de resolução, como por exemplo esta:
150 = 100 + 50
EM CADA DEZENA HÁ 2 PACOTES DE 5 FIGURINHAS
PRECISAREMOS 30 SAQUINHOS PARA CADA ÁLBUM.
Então, compraram os saquinhos e se encarrega-
ram de colocar cinco figurinhas em cada um. Come-
çaram assim a coleção.
Todos os dias, a professora distribuía no final da
aula três pacotes para cada criança. Elas colavam as
figurinhas novas e guardavam bem as repetidas para
o momento da troca, que acontecia uma vez por se-
mana. Na troca, as crianças eram organizadas em
duplas e tinham de dizer em voz alta os números das
figurinhas repetidas. O colega consultava seu contro-
le e realizava a troca, se tivesse interesse.
Nessa atividade, as crianças estavam a todo mo-
mento interpretando, comparando e localizando nú-
meros, o que contribuía para ampliar seu conheci-
mento sobre eles.
A professora reparou que várias crianças estavam
curiosas por saber quantas figurinhas faltavam para com-
pletar o álbum. Aproveitou esse interesse para fazer uma
pois contar de seis em seis, para ver quanto dá.
Ana: Eu sei um jeito mais fácil: podemos fazer 6
vezes 10, que sabemos que dá 60. Fazemos isso 2 ve-
zes, que dá 120. Até agora, já contamos 20 vezes o
seis. Faltam só cinco vezes. Mas se eu sei que 6 vezes
10 é 60, 6 vezes 5 é a metade, então dá 30. 120 mais
30 dá 150, é isso que dá, 150 figurinhas!
O álbum teria uma folha de controle, com os núme-
ros das figurinhas representados, para seu dono assi-
nalar cada figurinha nova que ganhasse. Esse controle
seria uma boa oportunidade para os alunos compara-
rem números e localizá-los na seqüência numérica.
Por fim... e os saquinhos? Afinal, em toda boa
coleção, as figurinhas são compradas em saqui-
nhos... Poderiam comprar saquinhos do vendedor
de cachorro quente que ficava na porta da escola,
para empacotar as figurinhas. A professora aprovei-
tou essa situação para colocar um novo problema:
Se em cada um dos álbuns temos 150 figurinhas e
colocaremos cinco figurinhas em cada pacote,
quantos saquinhos serão necessários para empaco-
tar todas as figurinhas de um álbum?
Reflexões da professora
Todos os alunos estavam muito envolvidos na ati-
vidade e interessados em participar.
As crianças ainda não haviam aprendido o algoritmo
da divisão, nem tinham trabalhado com quantida-
des tão altas nesse tipo de problema.
Os conhecimentos dos alunos eram suficientes para per-
mitir que chegassem ao resultado. Já haviam realizado
problemas de enunciado envolvendo situações de divi-
são; além disso, estavam habituados a recorrer à decom-
posição decimal para resolver situações-problema.
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Programa 10
12
SS
SS
S
A NATUREZA DA MULTIPLICAÇÃO
erá que sabemos o que é multiplicar? O raciocí-
nio multiplicativo envolve muitos aspectos.
Apresentamos a seguir cinco problemas. Será
que a multiplicação é o único modo de resolvê-los?
Veja a maneira pela qual as crianças resolveram cada
um, sem conhecer o algoritmo da multiplicação.
Problema 1
Paulo tem 4 canetas e seu amigo João tem 3 vezes o
que Paulo tem. Quantas canetas João tem?
Mariana e Pedro resolveram assim:
A situação deste problema está associada à idéia de com-
paração, o mesmo tipo de comparação que ocorre em pro-
blemas que envolvem o dobro, ou o triplo. O raciocínio da
resolução é essencialmente aditivo e, neste caso, a multi-
plicação é a estratégia mais econômica.
nova proposta. Cada aluno faria uma tabela, como esta
abaixo, para registrar diariamente as figurinhas novas e
as que faltavam para completar a coleção.
A tabela era preenchida todos os dias e os alunos
se viam diante de novas questões, como por exem-
plo: Recebi 15 figurinhas hoje, mas 7 eram repetidas.
Quantas figurinhas novas colei em meu álbum? Ou
então: Se ontem precisava de 124 figurinhas para com-
pletar meu álbum e hoje colei 12, quantas ainda estão
faltando?
A atividade durou cerca de um mês e os alunos
puderam operar com os números de diferentes ma-
neiras. Para isso, precisaram utilizar conhecimentos
que já haviam construído, discutiram com os colegas
da classe e compararam as soluções.
Essa classe absorveu vários conteúdos matemáticos
e aprendeu a conceber a Matemática de uma nova
forma. Em vez de receber técnicas de cálculo pron-
tas, os alunos puderam inventar suas próprias
estratégias; em vez de se dedicar a resolver situações
distantes, utilizaram seus conhecimentos em contex-
tos nos quais se sentiam diretamente envolvidos.
Mariana
Pedro
PAULO 4
PAULO 4
PAULO 4
JOÃO 12
TRÊS VEZES 4 CANE-
TAS SÃO 12 CANETAS
Figurinhas que
eu tinha
Data
Figurinhas
novas
Total Quanto
falta
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A natureza da multiplicação
Explicação de Luís:
Eu pensei: 27 é 10 + 10 + 7 quilos. Aí, eu multipliquei 5
por 10, que eu já sei, é só pôr um zero; 10 é metade de 20.
Então, fiz duas vezes. Depois somei os 7 quilos que falta-
vam para cada criança. Foi fácil saber que o barco não
pode carregar as 5 crianças, porque 135 é mais que 130.
As estratégias de resolução foram diferentes: o racio-
cínio de Leonardo foi essencialmente aditivo, enquanto
Luís utilizou o raciocínio multiplicativo. O fato de conhe-
cer a multiplicação por dez ajudou Luís na resolução e
promoveu um avanço na forma de registro.
Problema 3
Mário coleciona figurinhas. Seu álbum tem 30 pá-
ginas e em cada página cabem 9 figurinhas. Quantas
figurinhas terá o álbum depois de preenchido?
Resolução de Gabriel:
Eu pensei na atividade que eu tinha feito com tabela,
outro dia, e resolvi criar uma tabela para esse problema.
Comecei colocando 1 página e fui aumentando; quan-
do cheguei no 5, percebi que para 10 era só dobrar o
resultado e assim fui fazendo até chegar ao 30.
Neste problema está presente a noção de
proporcionalidade: 1 está para 9, enquanto 30 está para...
Quando esse tipo de problema é apresentado aos alunos
desde as séries iniciais, eles aprendem a realizar associa-
ções importantes entre a multiplicação e a divisão.
Problema 2
Cinco crianças vão dar uma volta de barco. O barco
não pode carregar mais de 130 quilos. As crianças
pesam, em média, 27 quilos cada uma. Será que o
barco agüenta carregar as 5 crianças?
Leonardo e Luís resolveram assim:
Leonardo
Explicação de Leonardo:
Primeiro, eu somei 27 + 27 e vi que deu 54. Então,
juntei os outros, de dois em dois, e sobrou um 27.
Fiz a mesma coisa com 54 + 54 e deu 108. Então, eu
somei o 27 que sobrou e vi que o barco não pode
levar todas as crianças.
O raciocínio de Leonardo foi brilhante. Embora te-
nha se atrapalhado no último cálculo (o total correto
é 135), isso não tira seu mérito, pois ele acertou o pro-
cesso de elaboração da resolução. Nós, educadores,
devemos tirar o foco do resultado e valorizar o pro-
cesso.
Luís
5 X 10 = 50
5 X 10 = 50
7 + 7 + 7 + 7 + 7 = 35
100 + 35 = 135
27 + 27 + 27 + 27 + 27
>
>
>
>
>
>
54 + 54
134
108 + 27
>
>
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A natureza da multiplicação
Desenhei os sorvetes. Depois, fui colocando as 2 co-
berturas nos 6 sorvetes, uma de cada vez, e deu 12.
Acho que se eu fizer 2 vezes 6 também dá certo.
Esse problema envolve a idéia de combinação
são tantas coberturas para cada sorvete. À medida que
vão reconhecendo os problemas desse tipo como
multiplicativos, os alunos passam a utilizar procedi-
mentos de cálculo mais econômicos.
Problema 5
Um azulejista reservou 147 azulejos para colocar em
uma das paredes do banheiro de sua casa. Ele já sabe
que são 8 fileiras e 15 colunas de azulejos. Serão su-
ficientes as peças que ele reservou?
Marcela explica seu procedimento.
Eu desenhei a parede, com as 8 fileiras e as 15 colu-
nas de azulejo. Então, separei 10 colunas, porque eu
já sabia que 10 vezes 8 é 80, é só aumentar um zero
no número que a gente multiplica por 10. Aí, eu vi
que faltavam 5 colunas. Pensei: “5 é metade de 10;
se 8 vezes 10 é igual a 80, então 8 vezes 5 é igual a
40”. Somei 80 com 40, deu 120. Já sei que vão sobrar
azulejos. É bom, porque alguns podem quebrar.
Procure utilizar sempre esse tipo de problema, ao tra-
balhar com a multiplicação. Como se vê, não é necessá-
rio aprender regra de três para operar com proporções.
Problema 4
Em uma sorveteria, há 6 sabores de sorvete, que
podem ser servidos com 2 tipos de cobertura: cho-
colate e caramelo. De quantos modos diferentes você
pode pedir um sorvete, se escolher só um sabor?
Ian mostrou como resolveu o problema.
CHOCOLATE
CARAMELO
22
22
2
1
1 2
34
5
6
78
9
10
1211
11
11
1
22
22
2
33
33
3
44
44
4
55
55
5
66
66
6
18
19
Programa 11
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UU
UU
U
A NATUREZA DA DIVISÃO
m dos desafios essenciais – e, ao mesmo tem-
po, uma das dificuldades principais – do ensi-
no da Matemática consiste em fazer com que o
conteúdo seja carregado de significado, fazer com que
tenha sentido para o aluno. A construção desse signi-
ficado deve ser pensada em dois níveis: no nível ex-
terno (campo de utilização desse conhecimento) e no
nível interno (como funciona tal recurso, e por que
funciona).
Quando se pensa no ensino da divisão, muitas
vezes se considera como ponto central o algoritmo.
Mas isso faz com que se deixe de lado alguns aspec-
tos essenciais, como:
Que problemas escolher para ensinar divisão?
As crianças estão em condições de resolver um
problema de divisão antes de aprender o
algoritmo convencional? Com que recursos?
Os diferentes procedimentos apresentados pe-
las crianças implicam um mesmo nível de
conceitualização?
Em que momento apresentar a conta armada?
O cálculo mental ajuda os alunos a resolver pro-
blemas de divisão?
Como os alunos concluem que a conta de divi-
dir resolve o problema de divisão?
Marcela representou a situação com um desenho e,
com isso, percebeu que a multiplicação era o melhor
recurso. Nesse caso há a idéia de configuração retangu-
lar. Os problemas dessa natureza não devem ser aban-
donados em função de sua complexidade. Os alunos
podem resolvê-los, apoiados em suas experiências an-
teriores com multiplicação, como demonstrou Marcela.
Conclusão
As estratégias pessoais dos alunos mostraram que os
problemas apresentados podem ser resolvidos também
com outras operações, e não apenas com a multiplica-
ção. Mas a multiplicação é o processo mais econômico.
Para levar os alunos a fazer essa constatação, o profes-
sor precisa apresentar grande diversidade de situações
que envolvem a multiplicação, oferecendo-lhes:
a) Grande variedade de atividades destinadas a cons-
truir o repertório multiplicativo. É importante pro-
curar trabalhar com as propriedades, estabelecen-
do relações e organizando resultados.
b) Programação freqüente desse tipo de ativida-
de. Não será da primeira vez que enfrentam si-
tuações desafiadoras como as descritas no texto
que os alunos irão encontrar as soluções.
Saber multiplicar é:
Reconhecer se a multiplicação é, ou não, o recurso
mais adequado para a resolução de um problema.
Dispor de procedimentos para calcular produtos.
Estabelecer relações entre diferentes sentidos do con-
ceito – comparação, proporcionalidade, combinação
e produto de medidas ou configuração retangular.
Eleger as estratégias mais econômicas, de acordo
com a situação abordada.
Programa 11
20
21
A natureza da divisão
Todos estes problemas envolvem a divisão de 47
por 6, de uma maneira ou de outra, embora em situa-
ções variadas.
Algoritmos e comparações
É fácil organizar o ensino de algoritmos do ponto de
vista do saber institucionalizado, bem como verificar sua
aquisição. Para ver se os alunos sabem dividir, basta
apresentar-lhes algumas contas e depois verificar os re-
sultados. As técnicas são bem conhecidas, e os pais fi-
cam sabendo se os filhos aprenderam a dividir.
Porém, tanto os professores quanto os pais deseja-
riam que a escola conseguisse transmitir aos alunos não
só o saber institucional, mas também a compreensão das
situações de divisão e o significado dos conceitos. Mas
com freqüência a aprendizagem dos algoritmos acaba
eliminando a busca da compreensão.
Isolados de seu contexto, os algoritmos nada mais
são que respostas adquiridas para perguntas futuras;
servirão para resolver problemas, mas ninguém sabe
de que problema se trata.
Em geral, as crianças não dispõem de recursos para
reconhecer se sua solução está errada. Nem chegam a
analisar o número obtido para avaliar se, do ponto de
vista do significado, pode ser o resultado do problema.
O quociente obtido pela aplicação do algoritmo
nem sempre coincide com o número procurado. De
acordo com o problema a ser resolvido, é preciso
muitas vezes fazer uma escolha. Quando se fala em
dividir um número por outro, nem sempre se trata de
algo preciso. Veja como, nestes dois problemas, a
mesma conta pede resultados diferentes.
Quero distribuir igualmente 25 lápis entre 3 crian-
ças. Quantos lápis deverá receber cada uma?
Como a divisão se relaciona com a multiplica-
ção, a adição e a subtração?
Para refletir a respeito desses aspectos, vejamos
o que têm em comum os seguintes problemas:
Se dispusermos de 47 azulejos para a parede do
banheiro e colocarmos 6 azulejos em cada fila,
quantas filas poderão ser feitas?
Se contarmos para trás de 6 em 6, a partir de 47,
qual será o último número enunciado?
Em quantos pedaços de 6 centímetros se pode cortar
uma vara de madeira de 47 centímetros?
Quero fazer 6 varas com o mesmo comprimento,
cortando uma vara de 47 centímetros. De que
comprimento ficará cada uma?
Em cada caixa para fita cassete cabem 6 fitas;
quantas caixas eu preciso para 47 fitas?
Vou repartir eqüitativamente 47 bolinhas de gude
entre 6 crianças, dando a cada uma delas o máximo
possível. Com quantas bolinhas ficará cada uma?
Se repartirmos eqüitativamente 47 bolinhas de
gude entre 6 crianças, dando a cada uma delas o
máximo possível, quantas bolinhas ficarão de fora
da distribuição?
Se repartirmos eqüitativamente 47 reais entre 6
pessoas, quanto receberá cada uma?
Preciso repartir 47 litros de vinho em garrafões de 6
litros. Quantos garrafões serão necessários?
Seis pessoas receberam de herança um terreno de 47
hectares; decidem repartir a área em 6 lotes com a
mesma superfície. Que tamanho terá cada lote?
Ao multiplicar certo número por 6 se obtém 47.
Qual é esse número?
Eu pressiono na calculadora, consecutivamente, as
teclas: 4, 7, :, 6 e =. O que aparece no visor?
Programa 11
22
23
A natureza da divisão
Para concluir
A representação da divisão não pode se reduzir ao
conhecimento de uma estratégia de solução acompa-
nhada de um suposto sentido’ ou significado que
permita aplicar a operação. Na verdade implica a ca-
pacidade de controlar várias estratégias, passando de
uma a outra de acordo com as circunstâncias.
A resolução dos problemas e, em particular, a utiliza-
ção de um procedimento em lugar de outro, dependem do
significado que o aluno atribui à situação proposta.
O ensino deve provocar a evolução do sentido da
divisão a partir de três aspectos:
Resolução de problemas que impliquem divisão,
admitindo que os problemas favorecem a cons-
trução de novas aprendizagens. Os problemas
para os quais um conhecimento é útil dão sen-
tido a esse conhecimento.
Manuseio de textos e representações dessa ope-
ração, com suas possíveis variações. Isso impli-
ca assumir que os conhecimentos e suas repre-
sentações não são estáticos, estão em constante
aperfeiçoamento e reelaboração.
Uso e domínio do algoritmo, como conseqüên-
cia do trabalho na resolução de problemas, as-
sumindo a relação entre o significado da divi-
são e seu algoritmo.
Se 3 pacotes de bolacha custaram 25 reais, e todos
tinham o mesmo preço, quanto custou cada um?
Cada um destes problemas se resolve com a mesma
operação: 25 dividido por 3. Porém, a cada um corresponde
uma resposta diferente. Quando se fala em dividir um nú-
mero por outro, nem sempre se trata de algo preciso.
Solução do problema 1
São 8 lápis para cada criança e sobra 1 lápis, pois
não se pode distribuir 1 lápis.
Neste problema, se espera que o resultado seja
um número natural.
Nos livros didáticos há uma grande variedade de
problemas que remetem à divisão inteira. São dados
dois números naturais (dividendo e divisor), para que
sejam encontrados outros dois números naturais
(quociente e resto), de maneira que:
dividendo = divisor x quociente + resto (com o resto
igual ou maior que zero e menor que o divisor).
Solução do problema 2
Cada pacote custou 8 reais e 33 centavos.
Já este problema poderia ser um bom candidato
a modelo para divisão exata. Porém, nosso sistema
monetário aceita apenas duas casas decimais e uma
precisão maior do resultado não seria possível.
25 : 3 = 8 X 3 + 1
25
10
10
1
3
8,33
Programa 12
24
25
Algoritmos de multiplicação e divisão
na o próprio pensamento e estabelece relações entre
os conhecimentos que já possui. Veja, por exemplo,
como resolver um problema assim:
Quantos reais vou precisar para comprar 30 choco-
lates, se cada chocolate custa 2 reais?
Uma forma de calcular mentalmente pode ser:
10 chocolates = 20 reais
10 chocolates = 20 reais
10 chocolates = 20 reais
Agora, basta somar: 20 + 20 + 20 = 60 reais
O professor precisa levar as crianças a perceber
que podem usar os conhecimentos que já têm para
resolver a questão. Por exemplo:
Preciso saber o resultado de 5 x 6. E já sei que o
resultado de 5 x 5 é 25. Então, não fica difícil pensar
em 5 x 6 como 5 x 5, + 5 = 30. Ou então:
Quero saber o resultado de 27 x 5. Então, posso
decompor o número 27 e calcular assim:
É desse jeito que resolvemos as questões no dia-
a-dia, com as chamadas contas de cabeça. Por que não
valorizar esses cálculos dentro da escola?
Pense em outra situação corriqueira: você tem
uma receita calculada para um certo número de pes-
soas e precisa adaptá-la para o jantar que vai ofere-
cer, com mais convidados. Como adaptar? Provavel-
mente, você não irá fazer as proporções no papel,
nem utilizar uma calculadora. Veja a seguir a situa-
ção que a professora propôs aos alunos da 3
a
série.
100
25
10
20 x 5 =
5 x 5 =
2 x 5 =
135
+
AA
AA
A
ALGORITMOS DE
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
s contas armadas são em geral a maneira mais
comum de ensinar multiplicação. Mas, será que
o aluno compreende o que está fazendo, ao
resolvê-las? Pense nestas contas:
Você acha que ele percebe estar multiplicando deze-
na por centena, unidade por dezena e assim por diante?
E se ele não conhecesse a conta armada, como re-
solveria a situação? Pense um pouco: como você faz isso
no dia-a-dia, sem lápis e sem papel?
Em geral, a gente faz, de cabeça, um cálculo apro-
ximado: arredonda os números, decompõe as parce-
las, arranja um jeito mais fácil de calcular. Enfim, nós
acionamos os recursos de que dispomos, ou então
usamos uma calculadora.
Se a multiplicação aparece para a criança apenas
como uma conta armada, ela não precisa desenvol-
ver suas próprias formas de pensar e de resolver os
problemas, nem mesmo precisa compreender como
funciona uma conta armada.
Ao pensar de várias maneiras em uma situação
que envolve multiplicação, a criança sente que domi-
322
33
45
2
32
2
xx x
27 x 5
Programa 12
26
27
Algoritmos de multiplicação e divisão
8 + 8 = 16 (É POUCO)
16 + 8 = 24 (AINDA É POUCO)
24 + 8 = 32 (PRECISA AUMENTAR 4 VEZES)
Cebolas para 32 pessoas
8 + 8 = 16
8 + 8 = 16 +
32 CEBOLAS
Creme de leite para 32 pessoas
DUAS VEZES UM QUARTO DE LATA DÁ MEIA
LATA. ENTÃO, PRECISO DUAS VEZES MEIA
LATA, ISTO É, UMA LATA.
Manteiga para 32 pessoas
2 COLHERES X 4 = 8 COLHERES
A partir de situações cotidianas como estas fica
bem claro que armar a conta’ não é a única forma de
aprender a dividir e multiplicar.
Nós, professores, precisamos valorizar os recur-
sos pessoais na resolução de problemas, para que
os alunos avancem na compreensão dessas opera-
ções, bem como na compreensão dos algoritmos
convencionais.
A multiplicação por 10, 100 e 1.000 em geral é um re-
curso de apoio bem útil nessas situações, já que grande
parte dos cálculos mentais se baseia na decomposição
multiplicativa.
Sopa de cebola
para 8 pessoas
8 cebolas
1 litro de água (= 5 copos tipo americano)
4 cubos de caldo de galinha
2 colheres de sobremesa de manteiga
¼ de lata de creme de leite
Quais as modificações necessárias para adaptar esta re-
ceita para 4 pessoas? E para 32 pessoas?
Para 4 pessoas
Neste caso, a grande maioria das respostas foi obtida
partindo as quantidades pela metade, ou seja, divi-
dindo:
Para 32 pessoas
Aqui, as crianças usaram alguns recursos interessan-
tes. Em primeiro lugar, precisaram descobrir quantas
vezes iriam aumentar a receita.
CEBOLAS PARA 8 PESSOAS CEBOLAS PARA 4 PESSOAS
CREME DE LEITE
PARA 8 PESSOAS
CREME DE LEITE
PARA 4 PESSOAS
Programa 12
28
29
Algoritmos de multiplicação e divisão
18 X 100 = 1.800
18 X 120 = 2.160 (É MUITO)
18 X 110 = 1.980 (NÓS PASSAMOS)
18 X 108 = 1.944
18 X 104 = 1.872
18 X 106 = 1.908
18 X 105 = 1.890
(SÃO 105 FILAS E SOBRAM 7 AZULEJOS)
Outro aluno resolveu assim:
Tenho 1.897 azulejos para distribuir em 18 colunas.
Quantas fileiras terei?
134
23
12
90
300
80
600
2.000
3.082
x
3 x 4
3 x 30
3 x 100
20 x 4
20 x 30
20 x 100
Veja este exemplo:
Mesmo que às vezes o aluno erre o cálculo, a opção pelo
uso de estratégias pessoais permite que ele ‘faça’ mate-
mática; ou seja, nessas tentativas e aproximações ele
adquire uma visão mais plena da Matemática, transcen-
dendo sua dimensão mecânica.
Para dar um significado aos procedimentos
adotados pelas crianças para resolver uma multipli-
cação por dois algarismos você pode procurar reor-
ganizar os passos, vinculando o raciocínio aos pas-
sos do algoritmo convencional. Veja este exemplo,
para fazer a multiplicação 50 x 13:
50 x 13 = 50 x 10 + 50 x 3 = 500 + 150 = 650
Aqui se utiliza o número todo (3 x 50, em vez de
3 x 0 e 3 x 5, como se faz no algoritmo convencio-
nal). Isso favorece o controle do resultado obtido.
É comum os alunos errarem a conta armada por
esquecer (ou por não compreender) o que se ele-
va, ou por não fazer o posicionamento correto. Eles
precisam entender o que estão fazendo, para avaliar
o resultado obtido.
Aqui, as crianças introduziram algoritmos interme-
diários para a operação: 134 x 23. Observe.
50
13
150
500
650
x
+
50 x 3
50 x 10
35 x 5 =
30 x 5 =
5 x 5 =
150
25
175
+
X
134
23
2.000 + 900 + 170 + 12
2.000 + 600 + 80
100 + 30 + 4
20 + 3
300 + 90 + 12
x
+
3.082
X
134
23
Programa 12
30
31
Algoritmos de multiplicação e divisão
Conclusão
O trabalho com os algoritmos deve ser simultâneo e
complementar com o processo de entendimento da
natureza das operações. Assim, os alunos vão identi-
ficando as operações com suas representações e com
os problemas que elas permitem resolver.
As estratégias pessoais, bem como as que são cria-
das em grupo e socializadas, permitem que a criança
se aproxime do algoritmo convencional de maneira
significativa. Mesmo que não cheguem a ele, o pro-
fessor pode apresentar o algoritmo e levar seus alu-
nos a explicar seu funcionamento. Assim, o algoritmo
convencional passa a ser mais uma ferramenta para
enfrentar situações problemáticas.
Em cada situação, o aluno irá decidir qual o pro-
cedimento mais adequado: se achar melhor, usa o
algoritmo convencional; mas, se tiver alguma dúvida,
pode recorrer a outras formas de resolução.
Outro aluno resolveu assim:
Veja estes casos de divisão:
1.243 :- 8 =
1.243
8
100
-800
443
443
8
50
-400
43
43
8
5
-40
3
100 + 50 + 5 = 155.
SOBRAM 3
8.273 :- 24 =
8.273
24
100
-2.400
5.873
-2.400
3.473
-2.400
1.073
- 480
593
- 480
113
- 96
17
1.897
1.800
97
97
72
25
25
18
7
SÃO 105 FILAS E SOBRAM 7 AZULEJOS
-
-
-
100 + 4 + 1 = 105
1.800 = 18 x
100
72 = 18 x 4
18 = 18 x 1
100
100
20
20
4
344
Programa 13
32
33
O cálculo e a vida moderna
Chegando em casa, JotaSilva abriu sua correspondência
e resolveu conferir o extrato bancário. Foi ticando, no
talão, os cheques já descontados e verificou quais ainda
não tinham entrado. Agora, sabia aproximadamente quan-
to dispunha na conta.
No dia seguinte, JotaSilva foi à feira, para comprar alguns
legumes e frutas frescas. Em vez de levar o carrinho de feira,
pegou a sacola; ele sabia que ia comprar poucas coisas, pois
levou somente 10 reais, calculando Deve dar para o gasto.
Aqui, seu JotaSilva realizou uma operação pouco
prestigiada nos currículos de dez anos atrás. Ele fez
uma estimativa.
Antes de voltar para casa, o senhor JotaSilva passou pelo
banco para pagar uma conta que havia vencido dois dias
antes de ele ter recebido seu salário. Pensou: Puxa!! Vou
ter de pagar uma multa de 10 por cento! A conta, que era
de R$ 27,50, passou a ser R$ 30,25. Para fazer a conta, ele
usou a calculadora que sempre carrega no bolso.
Depois da feira, do banco e do almoço, uma espiada no
jornal, para relaxar. Ele logo vê a manchete: Malé foi comprado
pelo Esporte Clube Perna de Pau por R$ 40.000,00. E JotaSilva
pensa: Humm!! Daria para comprar a casa do vizinho!
Seu JotaSilva sabe a dimensão de algo em torno
de 40 mil reais, relacionando com cifras familiares,
como o preço da casa do vizinho.
Mas logo vem a outra notícia Siderúrgica foi vendida por
3,8 bilhões de dólares. Será que foi caro, ou barato demais?
Um número da ordem de bilhões de dólares não
é familiar para seu JotaSilva. Ele não tem referências
confiáveis para avaliar um número tão grande.
Para finalizar a leitura, ele passou os olhos pela página
de esportes e calculou as chances de seu time ir à final.
HH
HH
H
O CÁLCULO E A VIDA MODERNA
ouve um tempo em que um indivíduo era con-
siderado bom de Matemática se soubesse mui-
to bem fazer contas. Tudo era resolvido na pon-
ta do lápis. Mas, e hoje? Que desafios esperam aque-
les que serão os cidadãos do século 21?
Você já pensou nas habilidades matemáticas que
serão necessárias para enfrentar os futuros proble-
mas? Pensemos em um dos componentes do conhe-
cimento matemático: o cálculo. Para isso, vamos ima-
ginar o dia-a-dia de um cidadão comum, um típico ci-
dadão de classe média, o senhor JotaSilva.
Seu JotaSilva foi com sua esposa fazer uma compra no
supermercado. Foram escolhendo os produtos nas pra-
teleiras, de acordo com os preços, a marca e a qualida-
de. Com tudo no carrinho, passaram pelo caixa.
Nem seu JotaSilva nem sua esposa memorizaram os
preços. Tinham apenas uma idéia da ordem de grande-
za: sabiam, por exemplo, que o quilo de feijão custava
menos de 3 reais. Seu JotaSilva reparou que o funcioná-
rio do caixa não precisava fazer os cálculos, nem digitar
os preços, graças ao código de barras.
Seu JotaSilva passou os olhos pelo ticket, com a indica-
ção dos produtos que comprou, a quantidade e os respecti-
vos preços. Não passou por sua cabeça conferir a conta.
Afinal, ele deve ter pensado: as máquinas não erram.
Até aqui, parece que as pessoas dessa história não
realizaram qualquer operação de cálculo.
Programa 13
34
35
O cálculo e a vida moderna
A calculadora e as estimativas
Um homem precisa calcular: 34 + 27 + 16; e, logo depois: 3
x 13. Se ele pegar um lápis e um papel, com certeza não
está bem preparado. Seria também absurdo usar uma cal-
culadora em uma situação tão simples.
Agora, e se alguém lhe pedir a raiz quadrada de
234,25? É muito difícil imaginar outro recurso que não
seja a calculadora. O algoritmo da raiz quadrada é
peça de baú, não deve mais ser ensinado nas escolas,
como era antigamente.
Imagine agora que seja necessário, na escola ou na
vida profissional, ter uma idéia aproximada (não exata)
da medida do lado de uma sala quadrada cuja área é
234,25 m
2
. Podemos imaginar: “Deve ser uma medida
entre 10 e 20 metros”; ou então: “Deve ser algo entre 15
e 16 metros”. Uma ou outra resposta pode ser aceita,
dependendo do grau de aproximação desejado.
Mas pense em uma pessoa que recorre à calcu-
ladora para efetuar uma operação de troco do tipo
R$ 20,00 - R$13,50. Novamente, este é um caso fácil
de ser resolvido apenas com cálculo mental.
Um dos papéis da escola é ensinar a decidir, com in-
teligência, se é mais adequado calcular com lápis e
papel, mentalmente, com a calculadora, ou ainda es-
timar o resultado.
Caminhamos para uma época em que saber cal-
cular, conhecer todos os algoritmos e propriedades é
muito importante. Mas não basta para preparar nos-
sos alunos para a diversidade de situações que eles
vão encontrar em suas vidas pessoais ou profissio-
nais. Se é fato que as máquinas se encarregarão da
maioria dos cálculos, resta ao indivíduo controlar esse
cálculo por meio de todo seu acervo de conceitos,
técnicas e habilidades, que estarão também a serviço
de situações novas, diversificadas e significativas.
Fez tudo de cabeça: Ufa! Parece que vai dar. São quase
80 por cento de chances a favor.
Na sala de aula
Vamos fazer uma pausa e analisar toda essa história
do ponto de vista do ensino. Seu JotaSilva é um ho-
mem comum, que faz relações matemáticas a cada
momento, de acordo com suas necessidades. Sem
dúvida ele realiza muitos cálculos, mas quase nunca
precisa usar lápis e papel.
Essa é a realidade: fora de atividades profissionais,
são raras as situações que requerem resultados exatos.
Quando a precisão é indispensável, como por exemplo
no pagamento da conta com 10 por cento de multa, tan-
to os indivíduos quanto as empresas empregam instru-
mentos adequados, como calculadoras e computadores.
Em suas aulas, o professor precisa propiciar situa-
ções que levem os alunos a usar equilibradamente as
várias formas de cálculo.
A idéia central dessa proposição pode ser imagina-
da como uma mesa apoiada em seus quatro pés.
O tampo da mesa corresponde às competências de
cálculo. Os quatro pés correspondem a: cálculo escrito
(compreensão dos algoritmos e propriedades); estimati-
va; cálculo mental; e uso de instrumentos como a calcu-
ladora. O ensino de Matemática deve saber equilibrar es-
ses quatro pés, para evitar que nossa mesa fique bamba.
Programa 14
36
37
As ferramentas de cálculo
Os pontos de referência adotados por Maria foram
os números 900 e 1.600, que são quadrados perfeitos.
A outra questão apresentada foi:
Achar ‘de cabeça quanto é um terço de 280.
As respostas:
Luís: 1/3 de 280 é aproximadamente 90.
Paulo: Meu resultado é melhor, dá uns 93.
Profa.: Como vocês pensaram?
Luís: Eu parti do número 270, pois 3 x 90 = 270
Paulo: 1/3 de 280 é quase 270 + 9 dividido por 3,
então dá 90 + 3. O resultado aproximado é 93.
O resultado de 12,34 x 4,87 é aproximadamente 60.
Qual foi o raciocínio?
13 x 5 = 65 12 x 4 = 48
12 x 4 < 12,34 4,87 < 13 x 5
12,34 x 4,87 é um número entre 48 e 65.
Tendo como referência que 4,87 é quase 5, é pos-
sível chutar, sem receio, que o resultado é aproxima-
damente 12 x 5 = 60.
A experiência é fundamental para estimativas mais
seguras. A realização sistemática de estimativas au-
menta a capacidade de fazê-las, bem como de utili-
zar outras modalidades de cálculo.
Convém que o professor planeje regularmente ati-
vidades com o objetivo específico de exercitar o cál-
culo de estimativas, para que os alunos aperfeiçoem
seus métodos, tomando consciência de que a estima-
tiva é um recurso de cálculo.
Uma boa estratégia consiste em apresentar no dia-
a-dia situações variadas, que não exijam um cálculo
NN
NN
N
AS FERRAMENTAS DE CÁLCULO
o mundo todo, os currículos de Matemática deste
final de século conferem um lugar especial às ha-
bilidades de fazer estimativa e cálculo mental, que
se combinam com as atividades de cálculo escrito e com
o uso de calculadoras.
A estimativa
Em nosso dia-a-dia fazemos muitas estimativas, para
avaliar um resultado ou tomar uma decisão: ao fazer as
compras no mercado, ao colocar combustível no carro
ou ao organizar uma festa de aniversário. Os cientistas
fazem estimativas para determinar a idade da Terra, ou
a quantidade de estrelas do Sistema Solar. Os geógrafos
e planejadores econômicos fazem estimativas da popu-
lação, ou da safra agrícola.
Uma das principais características da estimativa é
a possibilidade de fazer um cálculo aproximado, rá-
pido, com métodos simples. É ideal em situações nas
quais não é indispensável conhecer o valor exato.
Para estimar algum valor, em geral partimos de
uma informação conhecida, ou de um ponto de refe-
rência. Veja alguns exemplos.
A professora pediu para seus alunos acharem a
raiz quadrada de 1.000.
Maria: Com certeza é trinta e qualquer coisa.
Profa.: Como você sabe?
Maria: Ué! 30 x 30 é 900 e 40 x 40 = 1.600!
Programa 14
38
39
As ferramentas de cálculo
A base para o cálculo mental reside no conhecimento
das operações e no uso adequado de suas propriedades.
Tal como no caso da estimativa, é uma forma de ra-
ciocínio que exige experiência. Quem treina sempre,
desenvolve a capacidade de fazer rapidamente cálcu-
los mentais e outras modalidades de cálculo.
As situações de troco sempre requerem cálculo
mental. Por exemplo:
Vendedor: São R$ 8,30 senhora.
[A freguesa dá uma nota de R$ 10,00.]
Vendedor: A senhora teria 30 centavos, para facili-
tar o troco?
[A freguesa dá os 30 centavos e o vendedor lhe
devolve R$ 2,00 de troco.]
Vamos analisar o que ocorreu. O troco a que a fregue-
sa tem direito é: R$ 10,00 - R$ 8,30 = R$ 1,70
Quando a freguesa dá os 30 centavos pedidos, a nova
situação fica assim: R$ 10,30 - R$ 8,30 = R$ 2,00
QUANTO A
FREGUESA
DEU AO
VENDEDOR
CUSTO DA
MERCADORIA
TROCO DEVIDO
(R$ 10,00 + R$ 0,30) - R$ 8,30 = (R$ 1,70 + R$ 0,30)
>
———>
———>
QUANTO A
FREGUESA
DEU AO
VENDEDOR
CUSTO DA
MERCADORIA
TROCO DEVIDO
R$ 10,00 - R$ 8,30 = R$ 1,70
>
———>
———>
exato e permitam fazer estimativas, ou aproximações.
Alguns exemplos: dizer quantos minutos faltam para
o final de uma aula sem olhar no relógio; estimar a
distância de casa à escola; avaliar a altura de uma
montanha ou de um edifício.
Atividade 1
Distribua feijões entre os alunos e leve-os a fazer a es-
timativa da quantidade de feijões existente em um
determinado punhado. Observando e verificando
quantos feijões há no punhado de cada aluno, o grupo
passa a ter uma referência para essa estimativa. Podem
determinar, com pequena margem de erro, quantos fei-
jões há em dois punhados, o total de punhados de toda
a classe, ou tentar avaliar quantos feijões há no punha-
do que está na mão de um adulto.
Atividade 2
Colocar na lousa o enunciado:
a) 1.234 - 237
b) 1.234 - 147
Quantos algarismos tem cada resultado?
Situações desse tipo, em que o objetivo da tarefa
não é chegar ao resultado exato, contribuem para que
as crianças desenvolvam estratégias próprias para fa-
zer novas estimativas e para controlar um resultado,
avaliando se é razoável.
O cálculo mental
Quando fazemos operações ‘de cabeça, sem escrever
os elementos que intervêm na operação nem usar
instrumentos de cálculo como a calculadora, dizemos
que estamos efetuando um cálculo mental.
c) 5 x 231
d) 124 + 679
e) 124 + 879
f) 2.004 : 4
Programa 14
40
41
As ferramentas de cálculo
Essas duas situações evidenciam alguns recursos
simples e espontâneos utilizados pelas crianças:
partir de dobros conhecidos: 9 e 9 são 18; 7 e 7
são 14; 11 e 11 igual a 22;
subir de 1 em 1: 11 e 9 mais ... 12, 13, 14, ..., 18, 19, 20;
somar múltiplos de 10: tem 53, mais 10 é 63, mais
10 ...;
partir de múltiplos de 10: 40 mais 53 dá 93, me-
nos 1, é 92;
trabalhar separadamente dezenas e unidades: 30
mais 50 são 80 e 9 + 3 são 12 ...;
É importante que o professor leve os alunos a explicitar
a técnica que estão utilizando. Ao fazerem isso e ao so-
cializarem com os colegas sua linha de raciocínio, todos
aprimoram seus recursos, para poder resolver mental-
mente cálculos mais complexos.
Há outras técnicas comuns como:
descobrir somas que dão 10 ou 100: 2 + 8; 7 + 3;
12 + 88; 47 + 53;
buscar dezenas cheias:
7 + 5 = (7 + 3) + 2 [o 5 foi decomposto em 3 + 2]
25 + 7 = (25 + 5) + 2 [o 7 foi decomposto em 5 + 2]
2 x 13 = 2 x (10 + 3) = 2 x 10 + 2 x 3 = 20 + 3
Aqui foi usada a propriedade distributiva. Mesmo
que inconscientemente, este é um dos recursos mais
utilizados.
Embora não saibam disso, as crianças sempre uti-
lizam diversas propriedades das operações.
18 + 47 + 32 = 50 + 47 = 92
uso da associativa (18+32) + 47
O recurso utilizado foi a compensação, ou seja a
freguesa deu mais 30 centavos e os recebeu de volta,
embutidos nos R$ 2,00 que recebeu de troco.
Atividades de cálculo mental
Ao fazer um cálculo mental, um recurso bem comum
consiste em multiplicar por 10, ou por 100, acrescen-
tando um ou dois zeros:
8 x 10 = 80 13 x 100 = 1.300
Mas as crianças às vezes recorrem a estratégias mais
originais de cálculo mental para resolver contas simples.
Veja estas duas situações, nas quais alunos de 1
a
série calcularam os resultados sem conhecer o
algoritmo da adição.
A professora coloca na lousa: 9 + 11 =
Ribamar: 9 e 9 são 18, mais dois são 20.
Adão: 7 e 7 são 14, portanto 8 e 8 são 16, 9 e 9 seria
18, assim 9 + 11 deve ser igual a 20.
Josélia: 11 e 11 igual a 22, 10 e 11 igual a 21. 9 e 11
igual a 20.
Rodrigo: 11 e 9 mais ... 12, 13, 14, ..., 18, 19, 20
A professora coloca na lousa: 39 + 53 =
Guilherme: 40 mais 53 dá 93, menos 1, é 92.
Ana: 50 mais 30 dá 80, então 9 mais 1 seria 90, mais
2 seria 92.
Joel: Tem 53, mais 10 é 63, mais 10 ... 73, mais 10 ...
83, mais 9 ... 92.
Otávio: Deixa ver, 39 mais 50 é 89, depois junta 3, faz 92.
Mônica: 30 mais 50 são 80 e 9 mais 3 são 12. Pondo
tudo isto junto dá 92.
42
43
Programa 15
42
TT
TT
T
A CALCULADORA
E O RACIOCÍNIO DA CRIANÇA
al como o computador, a calculadora de bolso é
uma máquina matemática, muito útil para fazer-
mos cálculos precisos com rapidez. Ela é utilizada
no mundo todo, em praticamente todas as atividades pro-
fissionais, para evitar as tarefas demoradas, enfadonhas
e repetitivas de certos cálculos.
As primeiras máquinas mecânicas de calcular fo-
ram inventadas há cerca de 350 anos. Mas as peque-
nas calculadoras eletrônicas de bolso surgiram há
cerca de trinta anos. Foram sendo aperfeiçoadas, di-
minuindo de tamanho e de preço e, agora, são obje-
tos tão indispensáveis quanto o relógio ou a caneta.
Porém, apesar de sua importância incontestável e de
sua presença obrigatória no dia-a-dia da maioria das
pessoas, as calculadoras têm sido pouco utilizadas nas
salas de aula. Sua ausência é explicada pela crença em
alguns mitos, como o de que as crianças vão deixar de
raciocinar’, ou ‘vão ficar preguiçosas. No entanto, querer
que uma criança faça, como lição de casa, cinqüenta con-
tas com lápis e papel não garante que ela vá raciocinar.
A calculadora pode e deve ser usada em sala de aula
sempre que o cálculo for um passo do trabalho, e não a
atividade principal. Para que seus alunos usem a calcu-
ladora com inteligência, o professor precisa selecionar
atividades adequadas, que sejam motivadoras e desper-
tem a curiosidade, ajudando a raciocinar.
4 X 23 = 80 + 12 = 92
uso da distributiva (4 x 20) + (4 x 3)
7 X 9 = 70 - 7 = 63
reconhecimento de que 9 = 10-1 e uso da
distributiva: 7 x 9 = 7 x (10 - 1) = (70 - 7)
8 X 99 = 800 - 8 = 792
uso da distributiva 8 x 99 = 8 x (100 - 1) = 800 - 8
Analise estas outras técnicas de cálculo mental e
as propriedades que as legitimam:
Multiplicar por 5, reconhecendo que 5 = 10 : 2
18 x 5 —> (18 : 2) x 10 —> 9 x 10 —> 90
Multiplicar por 25, reconhecendo que 25 = 100 : 4
12 x 25 —> (12 : 4) x 100 > 3 x 100 —> 300
Multiplicar por 4, dobrando o dobro: 4 x 13
13 —> 26 —> 52
Multiplicar por 8, dobrando o dobro do dobro:
8 x 7
7 —> 14 —> 28 —> 56
Calcular 10% de desconto:
120 : 10 —> 120 - 12 = 108
Neste final de século, cada vez mais as pessoas se
vêem diante de situações em que precisam tomar
decisões que envolvem cálculos numéricos. Preparar
nossos alunos para tais situações implica desenvol-
ver suas competências de cálculo, equilibrando o en-
sino dos algoritmos e as idéias e propriedades das
operações, por meio do cálculo escrito, do cálculo
mental, das estimativas e do uso da calculadora.
Programa 1
44
45
A leitura na escola primária brasileira
Depois dessa exploração, a professora pediu para
os alunos confirmarem suas hipóteses na calculado-
ra. Ao obter 59,68858, um deles comenta:
Tonico: Êba! A Joana matou na mosca. É quase 60.
Essa atividade mobilizou três modalidades de cál-
culo: o cálculo mental, a estimativa e o uso da calcu-
ladora. O foco da atividade proposta era o cálculo
mental e a estimativa. Nesse caso, não é necessário o
resultado exato, 59,68858, com todas suas casas deci-
mais. No dia-a-dia, são raras as atividades que pedem
um resultado com esse grau de precisão.
Os estudos demonstram que, quando liberados do
cálculo, os alunos conseguem se concentrar melhor
nas relações entre os dados, nas condições e nas va-
riáveis dos problemas. Em outras palavras, canalizam
suas energias para o raciocínio.
Veja esta outra situação, que pode ser bem comum
em uma sala de aula.
A classe do João pretende organizar uma festa junina. Eles
se dividiram em grupos para comprar doces, salgados e
refrigerantes.
Alguém lembrou das bandeirinhas: vão ter de com-
prar papel de seda, barbante e cola. Querem montar bar-
racas de correio elegante, prisão, bola na lata e outras
brincadeiras.
O objetivo é cobrir as despesas e obter um lucro para
engordar a caixinha da formatura. Então, eles vão cobrar
uma entrada e estipular um preço para cada barraca.
A organização da festa vai exigir que os alunos façam
estimativas de custos, calculem o número de barracas e a
quantidade de comes e bebes. Envolve cálculos diversos,
para as crianças decidirem quanto comprar e quanto co-
brar. Trata-se de uma atividade de planejamento.
A calculadora permite que a criança pense mate-
maticamente diante de determinadas situações do
mundo real, quando aparecem aqueles números
malcomportados, com todas suas vírgulas e casas
decimais. Imagine que você se veja diante do seguin-
te problema:
Tenho R$ 419,50. Posso comprar uma dúzia e meia de
camisas por R$ 23,49, ou duas dúzias por R$ 17,39?
Você faria esta conta com lápis e papel? Pode até
ser que sim. Porém, no mundo de hoje, no comércio,
nas indústrias e nos escritórios, o cálculo com lápis e
papel é coisa do passado. Além de consumir tempo
precioso, oferece grande risco de provocar erros às
vezes fatais.
A calculadora é muito útil para os alunos aperfeiçoa-
rem suas estratégias ao fazer estimativas e cálculo
mental.
A professora escreveu na lousa:
12,34 x 4,837
Depois, pediu aos alunos para tentarem encontrar
a maior aproximação possível desse resultado. Veja
algumas das respostas:
João: É maior que 48, pois é 12 e alguma coisa mul-
tiplicado por 4 e alguma coisa.
[João se baseou no cálculo: 4 x 12 = 48]
Maria: E também é menor que 65, pois 13 x 5 é igual
a 65.
[Maria raciocinou: 5 x 10 + 5 x 3 = 50 + 15 = 65]
Joana: Acho que deve estar muito perto de 60, que é
igual a 12 x 5.
[Joana levou em consideração que 4,837 é quase 5]
Programa 1
46
47
A leitura na escola primária brasileira
Bia pensa no que Alice falou e, depois de alguns
minutos, comenta.
Bia: Número que termina em 5 também.
Atenta ao que estava acontecendo, a professora in-
tervém, para socializar o tema:
Profa.: Muito interessante a descoberta da Alice e da
Bia. Vamos tentar descobrir com que outros núme-
ros essa regra vale.
Com a calculadora, os alunos fazem tentativas e logo
descobrem que a regra é válida para todos os núme-
ros que terminam em 0, 1, 5 e 6.
Percebendo o potencial dessa atividade, a professo-
ra ampliou a pesquisa, pedindo para os alunos presta-
rem atenção nas dezenas finais. Eles descobriram que
qualquer número terminado em 25 multiplicado por ele
mesmo resulta em um número terminado em 25. O
mesmo ocorre com os que terminam em 76.
Essa atividade ajuda a memorizar fatos importan-
tes da multiplicação, muito úteis em cálculos mentais
e na confirmação de resultados. Além disso, sem sa-
ber, os alunos estão explorando a noção de quadra-
do de determinados números.
Tal como a régua e o compasso, a calculadora é mais um
instrumento para promover a aprendizagem. Entretanto,
ela possui um potencial bem mais amplo de aplicações em
situações extra-escolares. E isso a coloca numa situação
privilegiada, como poderoso auxiliar da aprendizagem.
Se o objetivo principal do ensino da Matemática
é levar os alunos a desenvolver a compreensão
conceitual das idéias matemáticas, para ativar o racio-
cínio e resolver problemas, então não cabem dúvidas
acerca do uso da calculadora em aula. Nossa tarefa
consiste em saber utilizá-la com inteligência.
Aprofundamento de conceitos
Você já tentou obter o resto da divisão de 1.997 por
23 usando uma calculadora? Experimente. Pegue uma
calculadora simples e faça a divisão. O visor vai exibir
86,826086, que é uma aproximação.
Aí está: as calculadoras comuns não dão direta-
mente o resto de uma divisão. A professora de uma
4
a
série propôs esse problema e os alunos levaram de
5 a 10 minutos para resolvê-lo, com duas estratégias.
Estratégia 1
Se 1.997 : 23 = 86,826086, então o quociente apro-
ximado é 86.
O resto será: 1.997 - (86 x 23) —> 86 x 23 = 1.978
1.997 - 1978 = 19 —> O resto é 19.
Estratégia 2
Se 1.997 : 23 = 86,826086, então o quociente é 86 e
a parte decimal é o resto, que foi dividido por 23.
Para obter o total do resto, basta multiplicar a parte
decimal por 23.
0,826086 x 23 = 18,999978, ou seja, aproximada-
mente 19, que é o resto.
Aí está uma atividade que exige raciocínio. Ela articu-
la o uso da calculadora com a estrutura do algoritmo da
divisão. Esse exemplo serve para derrubar o mito de que
as crianças ficam preguiçosas por usar a calculadora.
Um instrumento de investigação
No meio de uma aula de Matemática, Alice cochicha
para sua colega Bia:
Alice: Descobri que qualquer número terminado em
1, multiplicado por ele mesmo, dá como resultado
um número que termina em 1.
Programa 16
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49
Atividades com medidas
Deixe as crianças testarem algumas vezes. Para tor-
nar o jogo mais interessante e instrutivo, proponha fa-
zer uma contagem dos pontos em cada lançamento.
Consulte os alunos, para que eles decidam como fazer
a contagem. Uma boa idéia para contar os pontos é me-
dir quantos dedos a moeda ficou longe da linha de giz.
Um ou mais alunos podem ir registrando os pon-
tos. Esse registro é um desafio, enquanto as crianças
ainda não sabem escrever os números. Mas certamen-
te descobrirão um jeito de anotar os pontos. Um modo
prático consiste em fazer risquinhos.
Essa atividade desempenha diversos papéis
educativos. Em primeiro lugar, as crianças desenvol-
vem a habilidade motora, ao tentar lançar a moeda
no lugar certo. Em segundo lugar, desenvolvem o co-
nhecimento da idéia de medir.
Ao usar a largura de seus dedos para verificar quantas
unidades de medida cabem no comprimento, as
crianças aplicam na verdade o procedimento básico
de todo sistema de medida.
3 pontos
5 pontos
NN
NN
N
ATIVIDADES COM MEDIDAS
enhum professor deixa de trabalhar os números e
as operações, ao ensinar Matemática nas primei-
ras séries. No entanto, o ensino de medidas mui-
tas vezes é erroneamente abandonado, embora seja de
extrema utilidade.
Um jogo com medidas
Este jogo pode ser proposto às crianças no início da
1
a
série. O campo’ pode ser a mesa do professor.
A uma distância de seis ou sete dedos da borda
da mesa, trace com giz uma linha paralela à borda e
dentro dessa faixa coloque uma moeda.
Explique que um aluno deverá dar um peteleco na
moeda, de maneira que ela deslize pela mesa. O ob-
jetivo é fazer a moeda ultrapassar ao máximo possí-
vel a linha de giz, sem cair para fora da mesa.
Programa 16
50
51
Atividades com medidas
Mostrou para os alunos e procurou fazer com que
eles interpretassem o que estava registrado, pergun-
tando por exemplo: O que é peso líquido? O que signi-
fica essa escrita, 0,155 kg? E 0,075 kg?
Combinou com as crianças: elas perguntariam a
seus pais, para trazer as explicações no dia seguinte.
No dia seguinte conversaram a respeito. Todos jun-
tos, foram decifrando as etiquetas e concluíram:
peso líquido é o peso do produto, descontando
o peso da embalagem;
0,155 kg indica 0,155 quilogramas (ou 0,155 qui-
los) ou, ainda, 155 gramas;
0,075 kg corresponde a 75 gramas.
Continuando, a professora perguntou como seria
a etiqueta correspondente a apenas 5 gramas. Houve
quem pensasse que seria 0,5 kg; mas depois, com base
na etiqueta de 0,075 kg, concluíram que 5 gramas
correspondem a 0,005 kg.
Os alunos já sabiam que 1 quilograma contém
1.000 gramas. (Em símbolos: 1 kg = 1.000 g) Partindo
desse ponto, a professora desenvolveu diversas no-
ções de números decimais.
Por exemplo, ensinou que cada grama é 1 milé-
simo do quilograma: dividindo o quilo em 1.000
partezinhas iguais, cada uma dessas partes é 1 gra-
ma, ou 1 milésimo do quilograma. E continuou a
desenvolver o tema, explorando as perguntas das
crianças.
Para complementar, o jogo da moeda desafia as
crianças a representar o número de pontos obtidos.
Com isso, elas percebem a necessidade de representar
números em uma situação que é de seu interesse. E de-
senvolvem as noções que têm dos números, tornando-
se mais receptivas ao aprendizado dos algarismos.
O comprimento do quilômetro
Uma professora de 2
a
série notou que seus alunos ti-
nham alguma noção do significado da palavra quilô-
metro, sem possuir o conceito. Então, ela resolveu le-
vantar o assunto. Perguntou: Vocês sabem quanto é um
quilômetro?
As opiniões variaram. Uma menina achava que de
sua casa até a escola havia um quilômetro; um cole-
ga discordou, dizendo que eram muitos quilômetros.
Sabendo que da escola até uma pracinha próxima ha-
via cerca de um quilômetro, a professora combinou
uma caminhada com a classe.
Fizeram a caminhada em menos de quinze minu-
tos e as crianças tiveram uma idéia de qual é a dis-
tância correspondente a um quilômetro.
No aprendizado das medidas, são importantes as ex-
periências que ajudam a perceber o tamanho das uni-
dades. Na prática, isso contribui para as crianças esco-
lherem a unidade adequada a cada situação.
Quilograma e grama
No supermercado, as balanças utilizadas para pesar
produtos como frios, queijo, legumes e outros emi-
tem uma etiqueta com os dados da pesagem. Uma
professora de 4
a
série levou para a classe algumas
etiquetas como esta:
QUEIJO
52
53
Programa 17
52
ÉÉ
ÉÉ
É
MEDINDO ÁREAS
comum encontrarmos nos jornais anúncios
como estes abaixo. Nos dois casos aparece o
símbolo m
2
, que significa metro quadrado. Isso
indica a presença do conceito matemático de
área. O que é área?
A medida de área, ou superfície, serve para identifi-
car o tamanho de um espaço – uma sala, um terreno,
um tapete, uma parede, um país etc.
Partindo da observação de etiquetas, as crianças refor-
çaram seu conhecimento acerca de quilogramas e gra-
mas e aprenderam bastante sobre a escrita decimal com
vírgula. Isso mostra que o ensino das medidas pode
contribuir para o aprendizado de outros assuntos, como,
neste caso, os números decimais.
Conclusões
Horas e minutos, quilogramas e gramas, quilômetros
e metros, litros e mililitros fazem parte de nosso dia-
a-dia. Assim, as medidas estão sempre presentes em
nossas atividades; aprender a utilizá-las e dominar
esse conceito tem grande valor prático.
Além disso, como vimos nos exemplos, o trabalho
com medidas sempre cria oportunidades de aprendi-
zagem de outros temas. Os alunos de 1
a
série tiveram
noções geométricas e de registro de números; os de
2
a
identificaram distâncias na cidade; os de 4
a
amplia-
ram seu conhecimento acerca de decimais.
Por tudo isso, o trabalho com medidas não pode ser
esquecido na Matemática de 1
a
a 4
a
série. E ensinar
medidas não se resume a dar nomes de unidades e di-
zer quanto valem. Há muito mais idéias envolvidas.
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Programa 17
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Medindo áreas
A figura A é um polígono, com área de 10,5
quadradinhos, porque nele cabem 10 quadradinhos
inteiros mais meio quadradinho. Confira, fazendo a
contagem. No entanto, se multiplicarmos o compri-
mento total pela largura o resultado será 13,5.
Atenção! A idéia de multiplicar comprimento por lar-
gura para obter a área só funciona para quadrados e
retângulos.
A figura B não é um polígono. É a superfície de
uma folha. Você acha estranho calcular a área de uma
folha? Saiba que para as pessoas que estudam os ve-
getais, como os engenheiros agrônomos, pode ser um
cálculo importante. A área da folha é de 4
quadradinhos, aproximadamente, pois contamos 2
quadradinhos quase inteiros, mais 4 metades de
quadradinho.
Os quadradinhos com lados de 1 cm das figuras
Agora, preste atenção a estas duas salas. Qual de-
las é mais espaçosa? Em qual delas cabe mais gente,
ou cabem mais cadeiras?
Para achar as respostas, basta saber qual é a área
de cada uma delas.
Para medir alguma coisa, precisamos de uma uni-
dade de medida adequada. Por exemplo: para medir
um comprimento, a unidade pode ser nosso palmo,
ou então o metro.
Para medir a superfície de uma sala, ou seja, para obter
a área da sala, podemos usar também o metro ou, então,
recorrer aos ladrilhos como unidade de medida. Nas duas
salas acima, os ladrilhos são iguais e servem como uni-
dade de medida para fazer a comparação. A área de cada
sala é o número de ladrilhos que cabem no chão.
A sala da esquerda tem 10 ladrilhos e a da direita, 9.
Então, a sala da esquerda é a de maior área. Como as
salas são retangulares, fica mais fácil calcular multipli-
cando o número de filas pelo de colunas.
Observe agora estas figuras.
Programa 17
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57
Medindo áreas
Mede-se a área de um tapete para fixar seu preço.
O preço depende da quantidade de matéria-prima
utilizada e do volume de trabalho, fatores que va-
riam de acordo com o tamanho do tapete.
Sabendo a área de sua cozinha, a dona de casa
pode saber quantos metros quadrados de ladri-
lho comprar para cobrir o piso.
Para construir um conjunto de casas populares em um
terreno, é necessário saber quantos hectares ele tem.
E, para calcular quantas casas cabem, é preciso saber
a área ocupada por uma casa.
E o ensino?
Tratamos aqui do conceito matemático de área, não
da maneira de transmiti-lo aos alunos. Na verdade,
este texto aborda alguns conhecimentos que serão
adequados apenas para os alunos de 5
a
ou 6
a
série.
No entanto, convém que os alunos já tenham algumas
noções ao terminar a 4
a
série.
Há professores que, já na 4
a
série, avançam muito
mais no ensino do conceito de área. Fazem os alunos
decorar fórmulas para calcular áreas de triângulos ou
trapézios e para transformar unidades de área.
Na maioria das vezes, esses alunos não sabem o que
estão calculando, nem para que fazem isso. Não fixaram
o conceito de área e não sabem, por exemplo, que a área
de uma sala dá uma idéia do espaço da sala.
Esse é o típico exemplo de aprendizado não-sig-
nificativo, que deve ser evitado. Antes de aprender a
calcular a área, o aluno precisa ter absorvido o con-
ceito e saber a utilidade desse cálculo.
Quanto ao ensino de fórmulas de cálculo de área
ou de transformação de unidades, certamente isso só
é adequado após a 4
a
série.
anteriores correspondem à unidade de área chamada
centímetro quadrado, cujo símbolo é cm
2
. Podemos
escrever que a figura A tem 10,5 cm
2
de área.
No dia-a-dia, as unidades de medida de área mais usa-
das são o metro quadrado (símbolo: m
2
) e o quilôme-
tro quadrado (símbolo: km
2
). Outras unidades bastan-
te usadas, especialmente na zona rural, são o hectare
(símbolo: ha) e o alqueire (que não tem símbolo).
É fácil dar às crianças uma idéia do tamanho de 1
metro quadrado. Basta riscar no chão um quadrado
com 1 metro em cada lado.
O hectare corresponde a um quadrado com 100
metros de lado. A área de um quadrado desses é:
100 m x 100 m = 10.000 m
2
O hectare tem 10.000 metros quadrados. Você conse-
gue ter uma idéia do que representa essa área? Se você
morar na cidade, é mais fácil. Em geral, os quarteirões são
quadrados com lados de aproximadamente 100 metros.
Cada quarteirão, portanto, tem cerca de 1 hectare de área.
Ter uma idéia do tamanho do quilômetro quadrado
já é mais difícil. Ele corresponde a um quadrado com 1
quilômetro em cada lado. Dá para imaginar? É a mesma
coisa que um quadrado com 1.000 metros de lado. Um
quilômetro tem 1.000 metros, mas um quilômetro qua-
drado tem 1.000.000 de metros quadrados!
A medida do alqueire varia de acordo com a re-
gião do país. No Sul, corresponde a 2,4 hectares; em
Minas Gerais e Goiás, tem 4,8 hectares; e no Norte a
medida de 1 alqueire é 2,7 hectares. Trata-se de uma
medida usada para dar a área de sítios e fazendas.
Por que medir a área?
São diversas as situações em que a medida da área é
importante. Por exemplo:
Programa 18
58
59
Tratamento da informação
as informações, selecioná-las e usá-las. Disso depen-
de o desempenho no trabalho e o exercício crítico da
cidadania (votar, preservar o meio ambiente, recla-
mar direitos etc.).
Vamos aqui dar alguns exemplos de atividades que
podem ser desenvolvidas na sala de aula, particular-
mente o trabalho com tabelas e gráficos. Pesquise
mais esse assunto em guias curriculares, livros didá-
ticos, revistas que tratam de educação e nos progra-
mas da TV Escola.
Para entender e construir tabelas
A tabela é uma maneira prática de organizar e apresentar
informações; aprender a ler e construir uma tabela contri-
bui para que as crianças organizem melhor o raciocínio.
Exemplo 1
Crianças de 1
a
ou 2
a
série podem resolver este problema.
sabores de 2 bolas
OO
OO
O
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
s Parâmetros Curriculares Nacionais recomen-
dam que um dos conteúdos de Matemática seja
o Tratamento da Informação. O que vem a ser
isso? Qual sua importância?
Atualmente, milhares de informações são
divulgadas a cada momento. Esse volume não era tão
significativo no passado, quando pouca gente tinha
aparelho de TV e não existiam satélites de comunica-
ção, computadores pessoais e Internet.
O Tratamento da Informação está associado à Mate-
mática porque:
inúmeras informações divulgadas incluem dados
numéricos (índices, taxas, porcentagens, valores em
dinheiro etc.);
há um ramo da Matemática, a Estatística, que visa
organizar, resumir, apresentar e interpretar as infor-
mações. A Estatística trabalha com médias, porcen-
tagens, tabelas, gráficos etc.
Pelo menos uma parte da informação que recebe-
mos pode ser de grande importância. Pense na notí-
cia de um novo tratamento para uma doença grave,
de uma nova política do governo em relação à edu-
cação, da elevação ou da queda dos preços e muitas
outras. São informações que influenciam nosso dia-
a-dia, no trabalho e em casa.
É indispensável que cada um de nós saiba tratar
Desenhe os sorvetes que completam a tabela
sabores de
1 bola
coco
morango
chocolate
Programa 18
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61
Tratamento da informação
A construção de um gráfico
As informações que aparecem em uma tabela podem ser
visualizadas rapidamente quando transpostas para um grá-
fico. Não faltam oportunidades nem assuntos que motivem
o trabalho com gráficos, em todas as séries do 1
o
grau.
Vamos mostrar a estratégia utilizada por uma pro-
fessora para trabalhar gráficos pela primeira vez.
Em primeiro lugar, ela desenvolveu uma conversa a
respeito da família. Algumas crianças disseram, por exem-
plo, que seus pais tinham muitos irmãos, mas que elas
mesmas tinham só um, ou dois irmãos. A professora
propôs então que descobrissem qual era o número de
irmãos mais freqüente nas famílias atuais. Ela colocou
em sua mesa pequenos cartazes, assim:
A FERRUGEM - Loja de ferragens
Artigo
Preço
Unitário
Pedido Total
TOTAL GERAL R$
pacote pregos 10mm
pacote parafusos
lata de solvente 0,5L
tinta spray
1,20
1,65
4,20
2,80
3
2
1
4
Para completar a tabela, é preciso compreender sua
organização. Por exemplo, deve-se perceber que, na pri-
meira linha da tabela a ser preenchida, todos os sorve-
tes têm a bola de chocolate na parte de baixo. Veja no
final do texto a Resposta 1.
Exemplo 2
Na região Sul do País, cerca de 31 por cento dos
professores têm o magistério completo e cerca de
51 por cento têm 3
o
grau completo. Em valores
aproximados, esses números são respectivamente 40
e 50 por cento na região Sudeste e 37 e 47 por
cento na Centro-Oeste. Nas regiões Nordeste e
Norte o quadro muda e os percentuais passam a
ser aproximadamente de 50 e 22 por cento na pri-
meira e 52 e 16 por cento na segunda.
Apresentada assim, essa informação é complicada e
confusa, mas pode ser resumida e organizada em uma
tabela. A tabela pode ser feita de várias maneiras. Veja
na Resposta 2, no final do texto, uma das possibilidades.
No entanto, o assunto não é de interesse para nos-
sos alunos. A partir da 4
a
série, você pode orientá-los
para construir tabelas a respeito de temas que sejam
de seu interesse, como por exemplo:
o Campeonato Brasileiro de Futebol;
a audiência de programas de TV;
as preferências dos eleitores em época de eleições.
Exemplo 3
Temos aqui um problema aritmético que sugere um tipo
de tabela muito usado no comércio. É adequado para a
3
a
ou a 4
a
série. Veja a Resposta 3 no final do texto.
Em uma loja de ferragens, o vendedor fez um pedi-
do de compra para um freguês. Veja o pedido, com-
plete-o e calcule quanto o freguês gastou.
Programa 18
62
63
Tratamento da informação
A exploração das questões levantadas a partir de
um gráfico como esse faz com que as crianças come-
cem a aprender a ler gráficos. A professora pergun-
tou, por exemplo: quantos alunos têm 2 irmãos,
quantos têm 3 ou mais irmãos, qual é o número de
irmãos mais freqüente etc. Também se pode levantar
duas questões um pouco mais difíceis:
Quantos alunos tem a classe representada no
gráfico?
Faça uma tabela com a mesma informação dada
pelo gráfico. Veja a Resposta 4 no final deste texto.
Você pode criar situações na classe para levar as
crianças a construir gráficos e, aos poucos, começar a
lhes propor questões de interpretação de gráficos.
Para concluir
Hoje em dia, para ler jornais e revistas não basta ser
realmente alfabetizado. É indispensável saber tam-
bém ler e compreender tabelas e gráficos. Por esse
motivo, não se pode deixar de trabalhar o Tratamen-
to da Informação desde o início do 1
o
grau.
Neste texto demos algumas idéias do trabalho com
tabelas e gráficos, mas – atenção! – isso é apenas uma
pequena parte do que se pode fazer.
Resposta 1
sabores de 2 bolas
Depois, distribuiu entre os alunos caixinhas de
fósforos vazias. Disse para cada um colocar sua
caixinha no grupo em que estivesse incluído, isto é,
no lugar referente a zero irmão, ou a um irmão etc.
Veja o resultado:
Todos perceberam logo que a pilha mais alta era
a referente a um irmão; então, o mais comum era as
crianças terem um só irmão. Naquela classe, era mais
comum a família com duas crianças.
Depois, a professora pediu para os alunos copia-
rem no caderno a disposição das pilhas de caixinhas,
registrando a quantos irmãos correspondia cada pi-
lha. Com alguma ajuda e orientação da professora, as
crianças desenharam o primeiro gráfico de sua vida:
Programa 18
64
Resposta 2
Resposta 3: R$ 22,30
Resposta 4
A classe tem trinta alunos.
A tabela equivalente ao gráfico pode ser assim:
Região
Formação
Sul
Sudeste
Centro-
Oeste
Nordeste Norte
Magistério
completo
3
o
grau
completo
31%
51%
40%
50%
37%
47%
50%
22%
52%
16%
irmãos
número de
alunos
0
1
2
3
4
5 OU MAIS
4
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6
4
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4
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