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legitimidade que buscavam mascarar as suas ações autoritárias com o segmento da oposição,
em particular, e da população, em geral.
A intenção do governo com o chamado “Estado de compromisso” foi criar condições,
no País, para a acumulação do capital nacional. Através do fortalecimento da burguesia, que
passou a dispor sob o patrocínio da União, de infra-estrutura como a construção de energia
elétrica, abertura de estrada para escoar a produção, em particular, as rodovias, as metalurgias
para o fornecimento de ferro e aço, matérias-primas para as indústrias de produção.
Explicando o mecanismo de acumulação do capital, Karl Marx informa que para
acumular é preciso transformar uma parte da produção suplementar em mais investimentos.
Segundo Marx “é preciso que uma parte do sobretrabalho anual seja consagrada a criar meios
suplementares de produção e subsistência, excedendo a quantidade necessária à substituição
do capital empregado.” (MARX, 1982, p. 148) Esses investimentos são carreados para novas
técnicas de produção, implementos voltados para dinamizar a produção e, conseqüentemente,
ampliar o capital, fazendo frente à concorrência no mercado.
Para Marx, a mais-valia só é conversível em capital porque a produção suplementar,
da qual ela é o valor, contém, em si, os elementos materiais do novo capital. De modo que
para fazer funcionar esses elementos, como capital, o setor capitalista teria necessidade de um
excedente de trabalho. Na afirmação de Marx, a grandeza da acumulação do capital estaria na
razão inversa do consumo do capitalista. Por essa análise o capitalista precisa acumular para
reproduzir o capital, uma vez que a concorrência obriga cada capitalista particular a aumentar
ininterruptamente seu capital, a fim de conservá-lo.
Qual o efeito da acumulação sobre os operários? Segundo Marx, quando a acumulação
ou o desenvolvimento da riqueza, em base capitalista, produz uma superpopulação operária,
essa população contribui, por sua vez, para a acumulação capitalista, tornando-se uma das
condições de existência do modo de produção capitalista. Marx acrescenta que a produção
capitalista forma, para a indústria, um exército de reserva sempre disponível, e do qual o
capital tem total controle. Veja, na seqüência, como Marx pontua essa relação.
[...] O trabalho excessivo dos operários empregados engrossa os quadros do
exército de reserva, ao passo que à pressão, cada vez maior, exercida pelo
exército de reserva sobre os trabalhadores efetivos, graças à concorrência,
força estes últimos a trabalhar sempre mais e a se submeter às exigências do
capital. Condenando uma parte da classe operária a uma ociosidade forçada,
pelo trabalho excessivo da outra parte, o capitalista particular encontra o
meio de se enriquecer. (MARX, 1982, p. 163)