46 CADERNOS TEMÁTICOS Nº 5 MAR. 2005
encontra-se na ciência clássica que utiliza o método cartesiano
que veicula idéias como separar e classificar para poder analisar.
Também analisaram-se os axiomas da ciência moderna entre
os quais encontra-se a lógica do terceiro excluído, segundo a
qual não existe um terceiro termo (por exemplo, T) que possa,
ao mesmo tempo, ser A e não-A. Percebeu-se que, sob essa
lógica, temos o aluno portador de necessidades especiais de
um lado e o aluno dito "normal", de outro. Um não pode ser
confundido com o outro, em razão de suas características
especiais. Logo, ambos se excluem. Dessa perspectiva, surge
a necessidade de escolas especiais para aqueles que apresentam
necessidades especiais. Constatou-se, também, que o
princípio da exclusão faz parte do paradigma newtoniano-
cartesiano que rege, ainda hoje, nossa maneira de pensar. Por
outro lado, verificou-se que a evolução da ciência modificou
o terceiro axioma da ciência moderna. Assim, a lógica do
terceiro excluído foi transformada em lógica do terceiro
incluído. A ciência da complexidade mostra a
interconectividade entre todas as coisas e o aspecto produtivo
dessa interconexão. Sendo assim, percebeu-se que o avanço
científico evidenciou que, na natureza, de que o homem faz
parte, os elementos, fatos, coisas e fenômenos não são
considerados excludentes, mas complementares. Isso significa
que qualquer dicotomia é falsa, pois é possível sempre
descobrir um elo de ligação entre os dois pólos das dicotomias.
Logo, nada, nem ninguém deve ser excluído do processo de
construção da realidade. Seguindo essa linha de estudo,
detectou-se que o pensamento emergente trabalha com a
lógica da heterogeneidade, ou seja, trabalha com a noção de
equanimidade, que implica a disposição de reconhecer
igualmente o direito de cada um. Sendo assim, com esse
estudo, concluiu-se que a noção de escola includente, apenas
parece encaixar-se na lógica da inclusão, uma vez que está
voltada somente para os portadores de necessidades especiais.
Entretanto, os excluídos, dependendo do contexto, podem
ser os pobres, os miseráveis, os negros, os gordos, os baixinhos,
muitas vezes as mulheres, os judeus, entre outros, e todos
aqueles conhecidos como os "sem", os sem-teto, os sem- terra,
etc. Diante disso, é possível dizer que, subjacente à noção de
"escola inclusiva", tem-se a lógica da exclusão. Acredita-se
que, na expressão "escola inclusiva", encontrem-se, pelo
menos, dois equívocos: o de que a escola precise ser adjetivada
e o de que o termo inclusão possa ser reduzido aos portadores
de necessidades especiais. Finalmente, defendeu-se a idéia de
que a escola deve ser para todos, sem necessidade de
adjetivação. Para tanto, a escola necessita de ajustes estruturais
e pedagógicos, preparando-se estruturalmente, para receber
os alunos portadores de necessidades especiais e,
pedagogicamente, para atender a esses e aos ditos "normais"
que virão e os que lá estão. Caso contrário, impedirá o ingresso
de alunos portadores de necessidades especiais e, ao mesmo