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CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
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EXPEDIENTE
Expediente
Conselho editorial
Andréa de Faria Barros Andrade, Getúlio Marques Ferreira,
Sandra Branchine e Sonia Ana C. Leszczynski
Coordenação editorial
Cinara Barbosa e Rodrigo Farhat
Produção executiva
Cinara Barbosa
Reportagens e fotografias
Rodrigo Farhat
Revisão
Gráfica Ipiranga
Impressão e Projeto Gráfico
Gráfica Ipiranga
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos estendidos
são de exclusiva responsabilidade dos autores
Agradecimentos
André Vilaron
Mônica Maria Montenegro de Oliveira
E a todos os professores e estudantes que fazem a rede de educação tecnológica no Brasil.
©2005 Ministério da Educação
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Série Cadernos Temáticos
Tiragem: 2.800 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco L, andar
70047-900 - Brasília - DF
Tel.: (61) 2104-8430/9526
Fax: (61) 2104-9744
Endereço na Internet: www.mec.gov.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Cadernos temáticos / Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
v. 1, (nov. 2004) . Brasília : Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica, 2004-.
1. Educação profissional. 2. Práticas educativas. 3. Experiências
pedagógicas.
CDU 377
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Rodrigo Farhat
Apresentação 07
Editorial 09
Reportagens
 Bacia hidrográfica do rio Pato Branco é monitorada desde 1998 10
 Sistema trata efluentes da suinocultura em Santa Catarina 16
Plástico transforma vida de catadores no Rio Grande do Sul 22
Cientistas do Cefet-Pelotas aperfeiçoam tratamento de esgotos 32
Resumos Estendidos
Energia e meio ambiente: construindo a própria conscientização 37
Regina C. Viegas
Diversidade do habitat do igarapé Pricumã 38
Eliana Fernandes Furtado
Projeto Lagoa Recicla 39
Thyrza Schlichting de Lorenzi Pires
Educação ambiental para alunos da rede pública 40
Lúcia Maria Blois Villela, Endrigo Pino Pereira Lima, Bianca Nunes Cazare,
Maria Paula Panazzolo Sarmento, Shirley Grazieli da Silva Nascimento e
Gabriel Rockenbach de Almeida
Interferência geofísica na cultura corporal humana: reflexões
acerca da formação profissional na agropecuária 41
Bartolomeu L. de Barros Jr. e Lílian Regina M. Bartilotti
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) por zona de raízes 42
Eloy Fassi Casagrande Jr., Tamara Simone Van Kaick e Rosélis Augusta de Oliveira Presznhuk
Flebotomíneos das áreas de implantação das usinas hidrelétricas
Capim Branco I e II, na bacia do rio Araguari 44
Jureth Couto Lemos, Samuel do Carmo Lima, Jaqueline Aida Ferrete,
Baltazar Casagrande e Kênia Rezende
Reaproveitamento da água de lavagem de filtros da ETA Santa Bárbara 46
Jailson M. Lima e Ricardo P. Costa
Escassez de água preocupa autoridades 46
Rosana Camargo
Avaliação do comportamento de metais pesados em cultivo
protegido de roseiras 48
Amarílio Augusto de Paula
Metodologia sistêmica de avaliação de impacto ambiental de
mineradoras 49
Analisa de Oliveira e Líbia Patrícia Peralta Agudelo
SUMÁRIO
Sumário
A balneabilidade das praias da grande Natal 51
André Luis Calado Araújo, Andréa Lessa da Fonseca, Luiz Eduardo Lima de Melo,
Milton Bezerra do Vale e Ronaldo Fernandes Diniz
Destinação final de pneus em Pelotas 53
Ricardo Pereira Costa, Fernando R.Guimarães, Liziane de M. Vieira,
Marisa Helena G.de Moura e Rose Beatriz Beheling Schumacher
 O Programa "Selo Município Verde" fomenta a gestão ambiental
no Ceará 54
Geórgia Patrício Pessoa e Nájila Rejanne A. J. Cabral
Sabão ecológico 55
Sérgio Luiz Gonçalves Batista
Gestão integrada de resíduos sólidos em Escolas Agrotécnicas 56
Kelma M. N.Vitorino, Clêidida B. de Carvalho, Noely M. Ferreira,
Caio M.M. de Souza, Aécio José A.P. Duarte, Railton C. A. Duarte, Márcio T. Almeida,
Antonio S. Silva, Francisco H. O. Mendonça e Marcos Antônio M. de Brito
Estudo comparativo da qualidade sanitária de duas lagoas
costeiras em Paraipaba 58
Cláudio Ricardo Gomes de Lima, Francisco Suetônio Bastos Mota e Raimundo Bemvindo Gomes
Projeto piloto da sub-bacia do rio Bambuí: preservação,
revitalização e monitoramento das cabeceiras do rio 59
José Aparecida Bahia
Diálogo entre ensino, pesquisa e extensão 60
Edilene Rocha Guimarães, Marcos Moraes Valença e Maria Núbia Medeiros de Araújo Frutuoso
Educação ambiental : a reflexão dos diversos olhares voltados
para a região de Xingó 61
Marcos Moraes Valença, Maria Elizabete Alves de Figueredo e Elba Maria Nogueira Ferraz
Utilização da industrialização para fabricação de blocos termo-acústicos 63
Jozilene Souza
Jardim contemplativo da Escola Agrotécnica Federal de Barbacena 64
Marília Maia de Souza
Diagnóstico da geração e gestão dos resíduos de
construção e demolição 66
Antonio Eduardo B. Cabral e Valdir Schalch
Tecnologias sustentáveis para a construção civil - uso de
resíduos agroindustriais 68
Marcos A. Soares dos Anjos
Contatos 70
Foco 72
André Vilaron
APRESENTAÇÃO
Apresentação
Leitor,
Um retrato da rede federal de educação tecnológica começa a
ser desenhado e está em suas mãos, neste primeiro Caderno
Temático da Educação Profissional. Aqui, você vai encontrar
reportagens e relatos de experiências e práticas pedagógicas
sobre meio ambiente desenvolvidas por professores e alunos
dessas escolas.
Este caderno inaugura uma série de cinco. O segundo aborda
qualidade de vida, cidadania, saúde, educação e trabalho. O
terceiro volume examina projetos relacionados à produção das
riquezas e tecnologias brasileiras e o quarto exemplar da série,
à comunicação, informática, multimeios e interdisciplinaridade.
O último caderno desta coleção está focado nas experiências
das escolas da rede federal junto às comunidades.
Trabalho nunca antes feito pela Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, estes
cinco cadernos são espaço para divulgação de práticas e
pesquisas científicas. Para produzi-los, a equipe da Secretaria
foi para as ruas ouvir professores, alunos, funcionários e
moradores das vilas e das cidades de diferentes Brasis.
Algumas instituições aparecem nos resumos de práticas
pedagógicas e nos relatos de experiências. Outras foram
focadas pelas reportagens. Uma parcela consta de ambas as
partes desse volume.
As reportagens procuraram mostrar, de outro ângulo, uma
rede de escolas pouco conhecida do grande público. As matérias
abordam, principalmente, o compromisso das instituições com
a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
Esperamos publicar, brevemente, nas próximas edições dos
Cadernos Temáticos da Educação Profissional, novas
experiências, novas práticas e novos relatos. Preferencialmente,
de um Brasil melhor e mais moderno, resultado do ensino, da
pesquisa e de atividades de extensão desenvolvidas nas escolas
da rede federal de educação profissional e tecnológica.
Boa leitura.
Antonio Ibañez Ruiz
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica
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8 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
André Vilaron
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CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
EDITORIAL
Editorial
O Brasil precisa de profissionais com novos perfis. Criativos,
autônomos, que saibam exercer suas atividades em grupos, que
sejam solidários e tolerantes. Eles devem também ser capazes
de avaliar seus resultados. Além de saber como fazer, esses
novos trabalhadores devem ainda entender por que se faz dessa
ou daquela maneira.
Este caderno produzido pela Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação faz um
recorte na formação dos brasileiros pelas instituições federais
de educação profissional e revela um dos retratos possíveis
sobre a forma como o Brasil tem preparado esses novos
trabalhadores.
A rede - integrada por 34 Centros de Educação Tecnológica
(Cefets), 36 Escolas Agrotécnicas (EAFs) e 42 unidades de
ensino descentralizadas e a Escola Técnica de Palmas -, quase
um século, capacita para o mundo do trabalho milhares de
técnicos e tecnólogos, mestres e doutores em 20 áreas
profissionais.
Um esboço dessa rede está neste volume, sob a forma de relatos
de experiências, práticas pedagógicas e de reportagens. Neste
exemplar sobre meio ambiente, desde o impacto da produção
e distribuição de energia no meio ambiente, dos alunos da
professora Regina Viegas, do Cefet do Rio de Janeiro, até o
choque da ocupação do homem sobre as margens do igarapé
Pricumã, em Boa Vista, de pesquisadores do Cefet de Roraima.
O diagnóstico da gestão dos restos da construção civil em
Fortaleza, de Antonio Cabral e Valdir Schalch, do Cefet do
Ceará, e as trilhas sociopedagógicas e o fazer cultura do
sertanejo, de professores da EAF de Senhor do Bonfim, na
Bahia, são outros dos 24 relatos presentes neste volume.
As reportagens tratam da revitalização das águas da bacia do
rio Pato Branco, defendida por professores e alunos do Cefet
do Paraná, e do tratamento de dejetos da suinocultura, projeto
da Escola Agrotécnica Federal (EAF) de Concórdia, em Santa
Catarina. ainda matérias sobre a reciclagem do lixo,
desenvolvida em parceria com as comunidades da Vila Pinto e
da Restinga, em Porto Alegre, e sobre tratamento de efluentes
sanitários, ambos de professores do Cefet de Pelotas.
Como se perceberá em cada prática e reportagem, os projetos
estão relacionados às vocações do homem e das cidades onde
vivem professores e alunos da rede. Como disse um dia um
filósofo, a história determina o homem, mas são eles próprios
que a fazem, conscientes de seus processos e realidades.
Descubra, nas próximas páginas, um retrato de um Brasil que
se renova nas mãos de quem o faz.
10 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Bacia hidrográfica é monitorada
desde 1998
Cefet-PR forma profissionais preocupados com preservação de
mananciais de abastecimento de água
Se não cuidarmos da mata, nossos filhos e netos serão
prejudicados, diz Antônio Ferrazza, da Propriedade Ferrazza,
em Mariópolis, no sudoeste do Paraná. dois anos, ele isolou
a mata ciliar do rio Pato Branco e está vendo a capoeira
aumentar de tamanho e área. Ele admite que, para proteger,
não precisa plantar nada. É deixar o mato crescer.
Criador de quase 300 cabeças de gado mestiço para corte, ele
reconhece que para proteger o meio ambiente todos têm que
agir em conjunto. Ferrazza fez a sua parte, mas não tem visto
seus vizinhos fazerem o mesmo. Ainda assim, mantém 30
metros em cada margem do Rio Pato Branco preservados em
sua propriedade, como recomendam os técnicos da Prefeitura
de Mariópolis.
O professor de Agronomia Ricardo Hernandez Hernandez,
vive pertinho dali, em Pato Branco. Lá, na unidade que o Centro
Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR)
Rodrigo Fahrat
Rio Pato Branco
11
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
mantém na cidade, ele cuida de um projeto de preservação da
qualidade da água da microbacia do mesmo rio que banha as
terras de Ferrazza e abastece a sua cidade.
Criado em 2002 para estudar os impactos da suinocultura
nas margens do rio, o projeto é uma parceria entre o Cefet, a
Universidade Federal (UFPR) e o Instituto Ambiental do
Paraná (IAP). Hernandez, que nasceu em El Salvador e adotou
o Brasil 25 anos, diz que os dejetos dos porcos são jogados
na água e causam diversos problemas para as companhias de
abastecimento. A dificuldade de tratamento da água, que
necessita de mais produtos químicos para ficar apropriada ao
consumo humano, é um deles. Além disso, o excesso de matéria
orgânica eleva os índices de cobre, zinco e nitrogênio na água,
que são prejudiciais à saúde do homem e podem causar lesões
aos órgãos, principalmente o fígado.
Os resultados obtidos até agora pelo professor Hernandez
mostram que os níveis de poluição estão abaixo do limite
permitido pelas autoridades sanitárias. Todos os meses, ele e
sua equipe coletam água do rio Pato Branco e fazem uma série
de testes físicos, químicos e bacteriológicos para verificar
a qualidade da água.
12 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Mariópolis recebe R$ 840 mil por
proteger bacia do rio Pato Branco
Vizinha a Pato Branco, a pequena Mariópolis, onde o produtor
Antônio Ferrazza engorda seu gado, tem 6.024 habitantes e
231,8 quilômetros quadrados de área. Da receita que o estado
envia para os cofres da cidade, 43% são gerados pela consciência
de pessoas como Ferrazza em proteger a bacia hidrográfica do
rio Pato Branco. São cerca de R$ 70 mil por mês provenientes
do ICMS ecológico.
Hoje, os produtores de bois e porcos de Mariópolis têm
colaborado com a preservação da qualidade da água que abastece
Pato Branco. Mas nem sempre foi assim. Em 1998, os
professores Nardel Luiz Soares da Silva e Nilvânia Aparecida
de Mello, do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Paraná (Cefet-PR) em Pato Branco começaram um projeto
com alunos do quinto ano de Agronomia. A idéia era mapear a
microbacia do rio Pato Branco e verificar as condições de sua
mata ciliar.
13
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Professores e alunos foram a campo e descobriram que a mata
estava ocupada por lavouras e pastagens. Em parceria com a
Prefeitura de Mariópolis, começaram então a tentar recuperar
as margens do rio, fazendo um trabalho de conscientização
dos produtores rurais sobre a importância da preservação das
matas que cercam o rio Pato Branco e também de compensação
ambiental.
Em 2000, o professor Ricardo Hernandez Hernandez juntou-
se ao projeto para fazer um levantamento do uso e ocupação
do solo às margens do rio.
Reconhecimento A recuperação da mata compreendeu a
formação de viveiros, a distribuição de mudas e o plantio de
árvores nativas da floresta subtropical, como angicos,
araticuns, bracatingas, canafístulas, cedros, cerejas, guapuviras,
ipês, jabuticabas, louros, paus dalho, pitangas e sete capotes.
O resultado do trabalho deu ao município, em 2001, o Prêmio
Paraná Ambiental, em reconhecimento aos esforços para a
recuperação da bacia hidrográfica do rio Pato Branco, que tem
mais da metade de suas águas em Mariópolis.
Em 2002, por meio do Programa Nacional do Meio Ambiente
(PNMA), a Universidade Federal (UFPR) e os institutos
Ambiental (IAP) e Agronômico do Paraná (Iapar) convidaram
novamente os técnicos do Cefet para fazer outro levantamento
e também o monitoramento da bacia do rio Pato Branco. Dessa
vez, porém, com o uso do Sistema de Posicionamento Global
(GPS). Foi então que o professor Hernandez descobriu que a
maior parte das pocilgas de Mariópolis estava nas áreas de
preservação permanente da bacia do rio Pato Branco. Os dejetos
dos porcos caíam diretamente no rio que abastece os mais de
64 mil habitantes da cidade de mesmo nome.
Corredor de biodiversidade  Em 2002, a exemplo da Lei
Beraldin, que criou o ICMS Ecológico no Paraná em 1991, a
Prefeitura de Mariópolis instituiu a Lei 024/02. Para incentivar
a preservação da bacia do rio Pato Branco, cada proprietário de
menos de 50 hectares que isolar uma faixa de 30 metros nas
margens do rio recebe, além de material e mão-de-obra para
instalação da cerca, cerca de R$ 300 por ano por cada hectare
isolado. Esse valor varia de acordo com o que recebe o município
de ICMS Ecológico. O objetivo da legislação é compensar
economicamente o produtor que tiver áreas de preservação
permanente protegidas.
Como diz a chefe da Divisão de Expansão Econômica da Prefeitura
de Mariópolis, Ieda Cristina Rehbein Bello, a meta é criar um
corredor de biodiversidade de 60 metros, além da largura do rio.
Cerca de 400 das 750
propriedades de suinocultores
estão em áreas de mananciais
de abastecimento. O tamanho
médio dessas terras é de 30
hectares.
14 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Técnica iniciou estudos no Cefet-PR
A responsável pela agricultura, comércio, indústria, meio
ambiente e desenvolvimento do turismo em Mariópolis
formou-se em Agronomia no Centro de Educação Tecnológica
do Paraná, em Pato Branco. Ieda Cristina Rehbein Bello era
estudante em 1999 e fez parte do grupo dos professores
Nardel e Nilvânia no mapeamento do rio Pato Branco.
Nessa época, trabalhava com meio ambiente e era estagiária
do Laboratório de Solos da escola. Segundo conta, os quase
30 alunos do curso de Agronomia começaram a cadastrar as
propriedades. Eram quatro equipes que desciam o rio. Sempre
às sextas-feiras, lembra. A Prefeitura de Mariópolis cedia o
transporte e a alimentação dos estudantes.
Algum tempo depois, trocou o estágio no Laboratório de Solos
do Cefet por outro, na Prefeitura de Mariópolis. Já tinha
bebido da água do rio, brinca.
Em 2000, sua dissertação de mestrado que acabou não
defendendo na Universidade Federal do Paraná foi sobre os
efeitos da enxurrada em diferentes cultivos da bacia do rio
Pato Branco. Continuou a trabalhar na Prefeitura e, como se
embriagou com a água do rio, casou-se em Mariópolis e hoje
dirige a Divisão de Expansão Econômica da Prefeitura.
Legislação favorece produtores
14 anos, a Lei Complementar 59, de outubro de 1991, foi
criada no Paraná. Pela legislação, 5% do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do
Estado é repartido entre municípios com mananciais de
abastecimento e unidades de conservação ambiental.
A lei contempla, com recursos, municípios que tenham em seu
território bacia hidrográfica de mananciais de abastecimento
público de cidades vizinhas ou áreas de proteção ambiental e
interesse ecológico.
O autor do projeto do ICMS Ecológico, deputado Neivo
Beraldin (PDT-PR), diz que cabe à população de cada cidade
acompanhar e cobrar a melhor destinação dos recursos
repassados às prefeituras. De 1992 a 2004, foram distribuídos
um total de R$ 776 milhões para 224 municípios do Paraná.
Cefet-PR e Itaipu têm parceria
Outra unidade do Cefet-PR, a de Medianeira, também trabalha
a questão ambiental. Para isso, mantém parceria, desde 2003,
com a Itaipu Binacional para desenvolvimento do projeto
Cultivando Água Boa.
O convênio prevê a elaboração de planos de adequação
ambiental de propriedades rurais nas bacias dos rios Ocoy
córregos Xaxim e Sabiá, em Matelândia, Medianeira e Céu Azul
e São Francisco.
Para desenvolver o projeto, professores e alunos do curso
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CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
superior de tecnologia em Gerenciamento Ambiental e em
Manutenção Eletromecânica montaram uma empresa-piloto.
Durante 11 meses, Carlos Roberto Juchen, Laercio Mantovani
Frare, Marlos Wander Grigoleto, Paulo César Tonin e mais
11 estudantes catalogam e analisam os dados de 300
propriedades. A meta da equipe é verificar as práticas ambientais
nas propriedades e recomendar, se necessário, sua adequação.
O lago de Itaipu está sendo degradado, principalmente por
causa do recebimento de dejetos de propriedades que atuam
na criação de suínos. Esse impacto ambiental pode ocasionar
a morte de peixes e também afetar a vida aquática do lago, diz
o professor Carlos Roberto Juchen. A erosão causa ainda
sedimentação no lago e pode prejudicar a geração de energia
pela hidrelétrica.
16 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Sistema trata efluentes da
suinocultura em Concórdia
Escola Agrotécnica, Bioexton, Embrapa, Fucaflora, Funilaria
Concórdia, Máquinas Bruno e Mizumo são parceiras
César Schneider é um jovem técnico em Agropecuária. Tem
26 anos e se formou há 9 na Escola Agrotécnica (EAF) de
Concórdia, em Santa Catarina, onde trabalha desde janeiro de
2004. Como ninguém, sabe dos problemas que os dejetos dos
porcos estão causando ao meio ambiente.
Schneider tem passado os dias cuidando, como técnico da EAF,
de um sistema inovador para tratamento de efluentes de suínos
que está sendo testado na escola. Em consórcio com a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Suínos e Aves),
a Fundação Catarinense de Pesquisas Ambientais (Fucaflora)
e as companhias Bioexton e Mizumo, a EAF Concórdia montou
em seu campus, dois anos, um sistema compacto para
tratamento dos dejetos dos porcos. Em 72 horas, os efluentes
estão prontos para serem utilizados como biofertilizantes.
Entre março e maio de 2004, a equipe dos pesquisadores
Airton Kunz, Karine Andrea Rangel, Martha Mayumi
Dejetos Suínos
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CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Medida da capacidade de
consumo de oxigênio pela
matéria orgânica presente na
água. Outro parâmetro
relevante é a Demanda
Bioquímica de Oxigênio
(DBO), ou seja, a quantidade
de oxigênio dissolvida na água
e utilizada pelos micro-
organismos na oxidação
bioquímica da matéria
orgânica.
Higarashi, Paulo Armando Victória de Oliveira e Rosemari
Martini Matei estudou o desempenho do projeto no trato dos
resíduos produzidos na granja da escola. As pesquisas
mostraram que a peneira estática, que separa os dejetos
sólidos todos os dias e os deixa menos úmidos, diminuiu
em 80% a Demanda Química de Oxigênio (DQO). Para
fósforo e nitrogênio, esses parâmetros atingiram 88% e
60,4%, respectivamente. O sistema compacto também se
mostrou eficiente na eliminação do nitrogênio (95,93%), do
fósforo (91,12%) e DQO (98,01%).
18 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Suinocultura faz parte da geografia
brasileira
A produção de porcos tem importância econômica, social e
cultural no Brasil, principalmente nos estados do Sul. De uns
tempos pra cá, entretanto, a sustentabilidade desse negócio
tem sido colocada em cheque por causa da degradação
ambiental que os dejetos dos animais  geralmente jogados
em solos e rios ou produzidos em quantidade superior à
capacidade de tratamento provocam ao meio ambiente. Daí
a importância do projeto da EAF de Concórdia, que está sendo
o campo de provas para um sistema de tratamento realizado
em países como o Japão e a Holanda. Como nessas regiões
escassez de áreas para implantação de lagoas em série, os
efluentes sanitários e industriais são tratados em pequenas
unidades fechadas, com controle total das condições de pH,
oxigênio e temperatura.
Plantel A EAF de Concórdia tem atualmente 160 porcos
em crescimento. São 31 matrizes, conta Schneider. Os animais
produzem por dia entre 700 a 800 litros de esterco. Um
décimo dos dejetos sólidos são jogados nos 32 tanques de
traíras e carpas que a escola mantém em seu campus.
19
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Todos os dias, os técnicos da escola recolhem os resíduos em
carrinhos de mão ou então eles caem diretamente no canal
construído abaixo das pocilgas e são levados até à caixa-
reservatório. Lá, são peneirados e depois vão para o misturador,
onde é adicionado o biocatalisador produzido pela Bioexton,
uma empresa de Uberaba (MG) criada dentro da universidade
local (Uniube).
Enquanto o sólido vai para o misturador, a parte líquida dos
efluentes é jogada na Unidade Compacta de Tratamento de
Dejetos de Suínos criada pela Mizumo. Nesse tanque, processos
anaeróbios e aeróbios reduzem os organismos nocivos. Depois
de tratada, a água é utilizada pela EAF de Concórdia para a
irrigação de cultivos.
O biocatalisador acelera a
degradação dos efluentes,
transformando-os, em 72
horas, em fertilizantes
orgânicos e organomineral,
com grande eficiência para uso
na agricultura. A tecnologia
envolve as áreas de biotec-
nologia, microbiologia e
biometalurgia. São microrga-
nismos que promovem a
redução da celulose e carbono,
além de ativar a solubilização
de minerais.
O diferencial do processo é a
biodegradação acelerada, que
ocorre de 48 a 72 horas. Outros
processos atualmente utiliza-
dos levam no mínimo 60 dias.
A água liberada pelo sistema
Mizumo tem eficiência de 90%
a 96% na remoção de DBO.
Pode ser reutilizada para outros
fins não potáveis, além da
irrigação de plantações, como
lavagem de automóveis,
jardins, pisos e paredes e
também em sistemas de
resfriamentos e arrefecimento.
Tecnologia aproveita diversos resíduos
Vários resíduos sólidos podem ser aproveitados na produção
desses fertilizantes com biocatalisadores, como bagaços de
cana, cascas de cereais, estercos animais, lodo de esgoto e
resíduos agrícolas e industriais.
Quando utilizados na agricultura, esses fertilizantes são
utilizados em menor quantidade que os químicos. outras
vantagens: aumento da produção de alimentos; regulação e
aumento da estabilidade do pH dos solos; redução do custo
em 20%, se comparado ao fertilizante convencional; e aumento
da retenção de água no solo.
20 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Fêmeas reproduzem infinitas vezes
César Schneider conta que as matrizes são criadas para se
reproduzirem. É uma gestação atrás da outra. Cada uma dura
114 dias, em média.
As porcas vão para a maternidade antes do parto, onde ficam
por três semanas. São animais grandes e pesados. Cada uma
tem cerca de 250 quilos e quase 2 metros.
Suas ninhadas são de dez a 12 leitões. Depois do nascimento,
21
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
porcas e leitões são encaminhados para a pré-creche e ficam
por dez dias, até o desmame. Em quatro ou cinco dias, as
matrizes voltam ao cio e estão prontas para serem cobertas
novamente pelo reprodutor MS 60.
É um animal light, resultado
de pesquisas desenvolvidas
pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária Suínos
e Aves (Embrapa). Tem 62,4%
a mais de carne na carcaça.
Atinge 90 quilos aos 139 dias.
É um animal com menos
predisposição ao estresse e com
Enquanto isso, os leitõezinhos vão para a engorda. Atingem
30 quilos em 70 dias. Depois disso, vão para uma pocilga de
piso cimentado ou ficam em uma cama de serragem ou
maravalha. Com 150 dias de vida, têm entre 95 e 100 quilos.
A cama é utilizada por um ano, depois vai para o canal de dejetos
e é peneirada.
Conheça os números da Embrapa
carne de melhor qualidade.
Além de o macho MS 60 ter
percentual de carne na carcaça
acima de 60%, seu toucinho
tem tamanho reduzido. Tem
grande concentração de carne
no pernil, no lombo e na
paleta, que são as de maior
valor comercial.
Aparas de madeira, ge-
ralmente utilizadas para
acender fogo
22 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Plástico transforma vida de
catadores
Pesquisadores do Cefet-Pelotas estudam reaproveitamento de
polímeros
Sabemos tudo sobre o perfil de consumo dos bairros de Bom
Fim, Moinhos do Vento e Três Figueiras. A afirmação de
Marli Medeiros tem fundamento. Ela é uma das lideranças da
Vila Pinto, em Porto Alegre (RS), e comanda o centro de
triagem de lixo local. Lá, 86 associados separam o papel do
plástico, o plástico da lata e a lata do vidro. Com isso, sabem
o que cada morador da cidade compra, consome e desperdiça.
Com o dinheiro da reciclagem, os associados do centro da
Vila Pinto chegam a arrecadar, no total, até R$ 25 mil por
mês. Os R$ 20 mil que sobram após o pagamento das despesas
do empreendimento são divididos entre os catadores.
Em outra parte da cidade, na Restinga, 52 trabalhadores fazem
serviço semelhante. A diferença é a organização do trabalho,
que ainda é baixa. Mesmo assim, recentemente, o grupo
Reciclagem
23
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
destituiu a liderança da associação, por não concordarem com
o processo de administração empregado.
Três homens e um projeto da unidade de Sapucaia do Sul do
Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Pelotas
unem ambos os centros de triagem. Eles são os químicos
industriais Assis Francisco de Castilhos e Ênio César Machado
Fagundes e o engenheiro químico Rafael Zortea, que trabalham
para capacitar os catadores de lixo, ou, no dizer de um deles,
os médicos da natureza.
Foi o professor Assis e seus colegas que ensinaram aos catadores
da Restinga como fazer o controle de receitas e despesas do
trabalho coletivo em um computador. Foram também os
químicos que mostraram como separar corretamente os
materiais para melhor aproveitá-los e vendê-los para as
indústrias recicladoras do plástico, que pagam até R$ 0,60,
em média, por quilo do material. Após a reciclagem, a mesma
quantidade do produto é vendida por cerca de R$ 2,00.
Mas o que leva três profissionais da química a tentarem
compreender o universo dos recicladores de lixo?
24 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Da química ao lixo: uma contribuição
de beija-flor
Conhecimento gera mudança, acredita Assis. E ele quer ajudar
nessa transformação da sociedade e dos grupos que dela fazem
parte. Ele, sua equipe e lideranças dos movimentos sociais,
como Marli Medeiros, são como beija-flores que dão sua
contribuição para apagar o incêndio da desigualdade e da
violência na Porto Alegre do século 21.
Assis diz que essas mudanças ocorrem de forma distinta em
cada grupo social e variam de acordo com a visão de mundo
dos trabalhadores, em estreita relação ao nível da percepção de
sua própria condição. No caso dos catadores, explica, duas
correntes: enquanto uma quer continuar a depender do poder
público, a outra a coleta de lixo como um negócio que pode
ser conduzido pelos movimentos sociais. Essa é a diferença
básica entre a Restinga e a Vila Pinto. Enquanto os associados
da primeira têm uma visão assistencialista, os da segunda
enxergam o setor com olhos na economia solidária, que tem
interfaces com a economia competitiva.
Essa distinção faz com que na Vila Pinto, por exemplo, exista
um centro cultural ao lado da triagem do lixo e também que
os trabalhadores de se reúnam semanalmente para decidir,
em conjunto, todas as questões ligadas à jornada de trabalho.
Marli Medeiros conta que os 86 associados do Centro de
Triagem da Vila Pinto trabalham para aprimorar a
produtividade e o controle da seleção dos resíduos e para
transformar o negócio da associação em uma empresa eficiente.
Assis trabalhou por um ano nas mesas de separação de lixo
25
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Começo O trabalho de Marli nasceu em 1996 da
necessidade de coibir a violência na Vila Pinto, onde vivem
cerca de 9,5 mil pessoas. Era um clube de mulheres que
precisava sair do tráfico e não tinha como subsistir. No início
eram 15, depois o número cresceu para 32. Hoje, além dos
86 integrantes da associação de catadores, outros 460
trabalhadores, que dão a sua contribuição no Centro Cultural
James Kulisz, no reforço escolar dos meninos e meninas da
vila e nas aulas de música e informática.
Perguntem a Marli sobre seu trabalho nos próximos dez anos
e ouvirão uma mulher forte e segura de seus passos dizer:
Quero ser consultora técnica e desejo criar muitos outros
centros como esse no país. Quero ajudar a formar novas
lideranças, pessoas sérias e comprometidas com as comunidades
onde moram.
O trabalho de Marli e seu grupo transformou a vida dos
moradores da Vila Pinto. Tanto que os grandes traficantes
desistiram de disputar aquele espaço. Alguém tem que fazer
algo contra a violência. Antes, o estupro e o assassinato faziam
parte do meu dia-a-dia. Na Vila Pinto estão meus filhos e aqui
vivem meus netos e, se eu não fizesse algo para mudar a vida de
minha comunidade, viveria com uma imensa culpa, diz Marli.
Com simplicidade, ela resume sua vida: Não vou ficar olhando
a floresta pegar fogo. E, por isso, estou formando um batalhão
de beija-flores.
Marli Medeiros alimenta beija-flores
26 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Falta lixo no Rio Grande do Sul
Falta matéria-prima para as empresas recicladoras de plásticos
no Rio Grande do Sul. Os sucateiros são os maiores
fornecedores de material para as recicladoras de plásticos.
Enquanto eles comercializam boa parte do material selecionado
fora do Rio Grande do Sul, há empresas que até importam
matéria-prima de outros estados.
Os dados são de uma pesquisa da Associação Brasileira da
Indústria Química e de Produtos Derivados (Abiquim)/
Comissão Setorial para Reciclagens de Plásticos
Manufaturados (Plastivida), realizada em 2000. Foram
informações como essas que levaram os professores do Cefet-
Pelotas a descobrir e a tentar transformar o universo dos
trabalhadores dos dois centros de triagem de Porto Alegre.
A pesquisa que traçou o perfil da indústria de reciclagem de
plástico do Rio Grande do Sul, identificando potencial e
limitações para o desenvolvimento do setor, descobriu também
que a disponibilidade de matéria-prima de boa qualidade é o
maior obstáculo para o desenvolvimento do setor. Isso reforça
a necessidade de implantação e ampliação de programas de coleta
seletiva nos municípios, bem como investimento em
capacitação da mão-de-obra nos centros de triagem, hoje os
dois gargalos da cadeia produtiva de materiais termoplásticos
no Rio Grande do Sul.
É o intermediário na
comercialização dos resíduos
plásticos
27
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Entenda como funciona o processo
O processo de reciclagem de materiais é simples: após o
consumo e o descarte de resíduos de produtos pela população,
nas cidades onde existem programas de coleta seletiva do lixo,
o plástico é jogado misturado a outros dejetos secos nos
centros de triagem. Lá, ele é separado por tipo (copinho, PET,
plástico filme, plástico misto, PVC, sacolas e tampinhas).
Depois, os plásticos são vendidos para as empresas recicladoras,
que vão converter os resíduos em matéria-prima para a
indústria da transformação. Esses resíduos plásticos são
extremamente valiosos, pois significam redução dos custos
para as empresas recicladoras.
Esses resíduos representam 13,65%, em média, das 1.791,52
toneladas diárias do lixo domiciliar da região metropolitana
de Porto Alegre (são 244,54 toneladas por dia). Em um ano,
são mais de 89 mil toneladas!
Segundo informações do Departamento Municipal de Limpeza
Urbana de Porto Alegre, a cidade gera 1.600 toneladas diárias
de lixo (dados de 2000). Do total, mil toneladas são de lixo
domiciliar, que tem um terço de materiais secos potencialmente
recicláveis. A coleta seletiva é responsável por 60 toneladas
desse lixo seco e os 6 mil catadores de rua, por outras 125
toneladas.
Dos 28 municípios da grande Porto Alegre, somente 17 têm
programas de coleta seletiva implantados e 15 têm galpões de
triagem.
Outro dado revelado pela pesquisa foi que o maior mercado
da reciclagem é o de utilidades domésticas, seguido do da
construção civil e agricultura. O resíduo industrial ainda é
preferido para ser consumido na reciclagem, pois o do pós-
consumo ainda não é bem selecionado, apresenta muitos
contaminantes e exige uma estrutura maior e mais cara para
sua lavagem. Entretanto, na reciclagem da embalagem PET, o
resíduo pós-consumo é o preferido, pois as empresas
dispõem de tecnologia para a remoção dos contaminantes das
garrafas de refrigerantes.
Composto de sobras de processo
industrial
Originado do descarte de
produtos utilizados
28 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Recicladoras reclamam
As empresas preferem não comprar plástico pós-consumo por
diversos motivos. Os principais deles são: tem alto teor de
contaminantes (outros materiais e diferentes tipos de resinas
misturados, como papéis, fitas adesivas, outros plásticos
misturados e umidade); falta de sistema de lavagem; pouca
oferta de material; dificuldade de adquirir plástico bem
classificado e de boa qualidade; difícil identificação dos
materiais; exigências ambientais e legais para o destino dos
efluentes gerados com a lavagem dos plásticos.
As indústrias também não encontram mão-de-obra capacitada
a classificar e reconhecer os diferentes tipos de plástico.
Geralmente, esses trabalhadores são treinados internamente.
Existem empresas transformadoras que fazem a reciclagem
para consumo próprio, mas se conseguissem fornecedores que
atendessem às suas especificações de qualidade, comprariam
plástico reciclado de terceiros, que poderiam ser os centros
de triagem. Para que isso ocorra, basta que haja transferência
de tecnologias desenvolvidas e adaptadas às suas realidades
sociais e econômicas, acompanhada de uma evolução de seus
sistemas de gestão.
29
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Mulheres são maioria na Restinga
A maioria dos trabalhadores do Centro de Triagem da Restinga
é formada por mulheres. O perfil é semelhante em outros
centros, por causa da especificidade do trabalho.
A pesquisa para traçar o perfil do trabalhador de centros de
triagem de lixo foi feita pelos professores Assis, Ênio e Rafael
em 2002, com apoio da Companhia Petroquímica do Sul
(Copesul) e da Petroquímica Triunfo. Eles pretendiam
desenvolver uma metodologia eficiente de capacitação de
trabalhadores em centros de triagem de resíduos sólidos
urbanos. A meta era reduzir o índice de rejeito na triagem de
materiais de 39,1% para 20%. A primeira etapa do trabalho
foi identificar esses trabalhadores. Para isso, foram
entrevistados 46 associados dentre os 54 (85%) existentes
na Restinga.
Assis e seus colegas descobriram que a idade média das mulheres
é superior a 30 anos, enquanto que a dos homens é pouco
maior que 20. O nível de escolaridade do grupo é heterogêneo.
desde analfabetos até trabalhadores com um ou dois anos
completos do ensino médio.
As mulheres dedicam a maior parte do tempo de trabalho para
Associados da Vila Pinto têm reuniões semanais
30 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
as atividades no centro de triagem. Dos trabalhadores da
Restinga, revela a pesquisa do professor Assis, 70% têm na
classificação do lixo sua única fonte para o sustento da família.
Desses, 62% são mulheres e 33%, homens. Entre os que têm
outra atividade remunerada (14%), os homens são 16% e as
mulheres, 8%.
Todos os trabalhadores vivem abaixo da linha de pobreza. A
maioria (87%) não atinge nem mesmo o limite mínimo para
não ser considerada indigente.
O rendimento médio dos trabalhadores do Centro de Triagem
da Restinga é de R$ 220,00. Segundo Cláudia Beatriz de Souza
Prestes, de 24 anos, três dos quais vividos no centro, ganha-
se de R$ 280 a R$ 300 por mês com o trabalho de separação
do lixo seco.
Quando ela começou a trabalhar com a seleção dos resíduos,
tudo era feito nas bolsas plásticas. Agora, somos quatro
trabalhadores por mesa, diz. Enquanto um pega alumínio,
outro separa o papel, o terceiro fica responsável pelo plástico
mole e o quarto, pelo plástico duro. Antes almoçávamos em
cima dos fardos, lembra. Agora, comem no refeitório, que
foi um investimento de R$ 80 mil da Copesul. Foi Assis quem
ajudou os trabalhadores da Restinga a apresentarem os projetos
do refeitório e da creche às empresas do setor. Elas são as
maiores interessadas em diminuir os problemas do processo
de reciclagem, revela.
Assis passou um ano nas mesas de separação de resíduos em
2000 e conhece bem as dificuldades das pessoas que trabalham
ali. Vinha de ônibus, com marmita e tudo, e ficava os dois
turnos de trabalho aqui, no meio dos catadores, conta.
31
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Curso forma profissionais do plástico
O Cefet de Pelotas é a única escola da rede federal a oferecer o
curso de tecnologia em Gestão da Qualidade na Transformação
de Polímeros. O profissional dessa área conhece todo o
processo de produção de plásticos e de recursos humanos para
as indústrias da terceira geração petroquímica.
O curso dura sete semestres e é oferecido na unidade de
Sapucaia do Sul.
Além desse, ainda o curso de especialização em
Processamento de Polímeros Termoplásticos, o curso de
tecnologia em Fabricação Mecânica para Ferramentaria e o
curso técnico industrial, com habilitação em Transformação
de Termoplásticos.
Os profissionais do setor têm uma missão, segundo o
professor Assis: colocar o Brasil no segmento do
consumo de produtos limpos, quando os cidadãos terão
novos comportamentos sociais. Mas antes disso, diz,
teremos ainda que passar pelos temas dos produtos e
tecnologias limpas. É que ainda estamos na política do end-
of-pipe (final do tubo) e precisamos nos ocupar com o
tratamento da poluição e da neutralização dos efeitos
ambientais negativos gerados pelas atividades produtivas da
nossa sociedade.
Nessa etapa, os consumidores
vão procurar conscientemente
por produtos e serviços
produzidos sob a ótica da
conscientização ambiental.
Os produtos serão redese-
nhados e se tornarão susten-
táveis, de forma a atender a
visão de sustentabilidade
ambiental sem, entretanto,
deixarem de ser econômica e
socialmente viáveis.
Haverá interferência nos
processos produtivos que
geram poluição. Os efeitos
ambientais negativos gerados
pelas atividades produtivas
serão eliminados ou reduzidos.
Setor tem 800 empresas no RS
O setor do plástico no Rio Grande do Sul tem
aproximadamente 800 empresas. Cerca de 90% delas são micro
e pequenas. Elas atuam principalmente em embalagens flexíveis
(52%), injeção (19%), sopro (14%) extrusão (8%) e
rotomoldagem (4%). No total, o setor emprega diretamente
23 mil trabalhadores.
32 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Cientistas do Cefet de Pelotas
aperfeiçoam tratamento de esgotos
Processo PAE utiliza menor área de plantas aquáticas
emergentes per capita
dois tipos de tratamento de
esgotos: em lagoas com plantas
aquáticas submersas ou flutuantes
ou em terras úmidas com plantas
aquáticas emergentes, que crescem
na água, em solos cobertos ou
saturados por água, como os brejos.
Essas plantas projetam suas raízes
no interior do solo úmido e mantêm
suas principais superfícies
fotossintéticas acima do nível da
água, de forma permanente ou na
maior parte do tempo.
A tecnologia utilizada nas terras
úmidas difere da que utiliza
aguapés em lagoas de tratamento.
Diferentemente do primeiro método,
no segundo, o excesso de biomassa
acaba tornando-o inviável.
"Eu vou a qualquer lugar, desde que seja em frente". A idéia
persistente do explorador Livingstone emoldurada e pendurada
em diferentes línguas atrás da mesa de trabalho do professor
Wagner Gerber, do Centro Federal de Educação Tecnológica
(Cefet) de Pelotas, revela sua tenacidade de pesquisador. Foi
essa faceta de seu caráter que o levou a desenvolver um sistema
de reutilização da água das chuvas e a aprimorar o tratamento
para efluentes sanitários com plantas aquáticas emergentes
(PAE), utilizado no mundo vários anos.
O sistema desenvolvido no Cefet do Rio Grande do Sul tem
custo cinco vezes menor na implantação e é 15 vezes mais
barato na manutenção do que os sistemas convencionais,
garante Wagner, que não trabalha sozinho no projeto. A seu
lado estão os professores Endrigo Pereira Lima, Luis Wagner
Moreira e Platão Alves da Fonseca, todos do Cefet, o
engenheiro agrônomo Michel Gerber, da Ecocell, uma empresa
de consultoria de Pelotas, e o estudante de tecnologia em
Controle Ambiental Pablo Mendes.
Controle ambiental
33
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
A diferença do sistema desenvolvido no Cefet para os outros
é a área de plantas utilizadas: enquanto os projetos europeus
usam quatro metros quadrados de terras com plantas para
tratar o esgoto sanitário de uma pessoa, os pesquisadores
gaúchos estão utilizando menos de um metro quadrado com a
mesma eficiência.
ainda outras vantagens no processo além da pequena área
utilizada, como: a alta eficiência na remoção de poluentes, a
baixa geração de biomassa, o pequeno investimento e consumo
energético e a boa tolerância das plantas à salinidade e variações
de pH. A desprezível geração de lodo e odor, a facilidade de
construção e a flexibilidade quanto ao tipo de efluente a ser
tratado, que pode ser tanto industrial como doméstico ou
agrícola, são outros dos benefícios do PAE.
Segundo os pesquisadores, o processo criado pela equipe do
Cefet de Pelotas atende aos padrões da Resolução 20/86 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e à Portaria
05/89, do Governo do Rio Grande do Sul, no que diz respeito
à remoção de coliformes, material orgânico e nutrientes
resultantes do tratamento de dejetos.
Os relatórios de pesquisa do Cefet de Pelotas mostram que
principalmente a cor, o fósforo, o material orgânico, metais,
nitrogênio, patogênicos e sólidos suspensos, entre outros
Platão mostra sistema de reuso de
água
34 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
parâmetros, são removidos dos efluentes de forma eficiente.
A eliminação de coliformes totais foi de 99,34% (de
568.117,65 NMP/100mL para 3.771,82 NMP/
100mL) e a dos coliformes fecais, de 99,27% (de
272.095,24 NMP/100mL para 1.994,62 NMP/
100mL). a Demanda Química de Oxigênio (DQO),
após o processo PAE, baixou 87,15% (de 221,65 mg/L para
28,48 mg/L).
Os padrões de emissão exigidos
pela legislação do estado do
Rio Grande do Sul (Portaria 05/
89) e os obtidos pelo Sistema
PAE são os seguintes:
* Segundo Wagner Gerber, devido à alta concentração de nitrogênio total na entrada do sistema, acima de 100 mg/L, o
sistema PAE está sendo modificado para criar uma zona de conversão do nitrogênio na forma de nitrato para nitrogênio
gasoso.
É a medida da capacidade de
consumo de oxigênio pela
matéria orgânica presente na
água. Outro parâmetro
importante é a Demanda
Bioquímica de Oxigênio
(DBO), que é a quantidade de
oxigênio dissolvida na água e
utilizada pelos microor-
ganismos na oxidação
bioquímica da matéria
orgânica.
Tratamento do esgoto utiliza raízes de
junco como filtro
Junco e taboa. Com o uso dessas espécies, o sistema de
tratamento desenvolvido pelos professores do Cefet-Pelotas
trata o esgoto e elimina os microorganismos indesejáveis do
esgoto sanitário que sai do escritório da Ecocell. O conjunto
nada mais é que um sistema biológico de tratamento dos
efluentes que saem dos canos da cozinha e banheiro da empresa.
O processo, que é simples e eficaz, evita a contaminação do
solo e dos rios pelo esgoto não tratado.
Primeiro, os efluentes são jogados em uma fossa séptica.
Depois, caem em um filtro anaeróbio. No passo seguinte, os
efluentes são levados, por gravidade, para tanques seqüenciais
com plantas aquáticas emergentes.
Na fossa e no filtro, explica Wagner, uma degradação
anaeróbia do esgoto. Nas etapas seguintes, as plantas e os
sistemas hidrológico e microbiológico cuidam do restante do
tratamento.
No projeto do Cefet, os pesquisadores estão utilizando menos
de um metro quadrado por habitante para tratar o esgoto e o
resultado tem sido superior aos padrões fixados pela legislação
estadual, que é mais rigorosa que a nacional. O agrônomo
Michel Gerber confirma: "As plantas estão se reproduzindo,
florescendo e frutificando".
Ao final do processo de tratamento, o efluente final pode ser
utilizado na irrigação do jardim e até para a descarga do
banheiro, o que fecha o ciclo.
Talvez Livingstone, se vivesse hoje, revisse sua frase e dissesse:
"Sempre em frente, principalmente se for para preservar o meio
ambiente".
Tanque com sistema biológico
para tratamento de esgoto
sanitário, formado por águas
de banho e de lavagem de
louças e utensílios, detergentes,
fezes, restos de comida, sabões
e urina.
Possui bactérias que crescem e
reduzem a carga orgânica dos
esgotos. Na verdade, é outro
tanque recheado com brita e
areia. Em suas paredes, as
colônias de bactérias se
alimentam de matéria
orgânica e a transformam em
compostos simples.
35
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
A escassez de água no mundo
é causada, principalmente,
pela contaminação dos recursos
hídricos, pelo crescimento
populacional descontrolado,
pelo desperdício, pela política
de utilização e também por
problemas de distribuição.
Sistema de águas pluviais custa R$ 6
por mês
Um projeto-piloto para reutilização das águas pluviais e de
tratamento do esgoto sanitário foi montado no escritório da
Ecocell, uma empresa associada ao Cefet em Pelotas pelos
professores Wagner, Endrigo, Luis e Platão. A idéia era testar
os sistemas criados no Laboratório de Celulose e Efluentes
(Lace) da instituição.
Antes do início da reutilização das águas da chuva, em agosto
de 2003, a rede pública fornecia cerca de cinco metros cúbicos
por mês de água para a Ecocell. Após a implantação do sistema,
o uso de água da rede pública caiu para 0,88 metro cúbico por
mês e o sistema alternativo passou a fornecer 4,11 metros
cúbicos de água mensalmente.
Segundo estimativas dos professores do Cefet de Pelotas, o
consumo médio diário de água de uma residência com quatro
pessoas é de 600 litros. Por mês, são 18 mil litros (18 metros
cúbicos). Com apenas cinco metros quadrados de telhado para
captar a água da chuva pode-se encher um reservatório de um
metro cúbico por um ano.
A água armazenada pode ser utilizada para molhar o jardim,
lavar o carro e até a louça. Se a idéia for usá-la para beber ou
tomar banho, basta adquirir um clorador, segundo Michel, ao
preço de R$ 200, mais dois litros de hipoclorito de sódio a
10% por mês. O produto custa R$ 6 e para manter a
hipotética casa de quatro pessoas fora da rede pública de
abastecimento de água.
Outras vantagens do sistema, além da econômica, são a
ecológica e a legal, lembra Endrigo. Além da preservação dos
mananciais de abastecimento de água das cidades com a
reutilização das águas das chuvas, evitam-se as enchentes nas
cidades. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Lei Municipal
13.276, de 4 de janeiro de 2002, obriga quem edificar 500
metros quadrados de área impermeabilizada a armazenar a água
da chuva para evitar que a cidade seja inundada. É que o concreto
não permite a absorção da água pelo solo.
O projeto de reutilização de águas pluviais é barato, simples e
eficiente, garante Endrigo. Uma pequena fábrica gastaria entre
R$ 4 mil e R$ 5 mil para instalar um sistema semelhante. Porém,
a economia maior é sentida depois, na hora de pagar a conta.
Endrigo aponta vantagens do
reuso
36 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
RESUMOS ESTENDIDOS
Resumos Estendidos
Resumos Estendidos
André Vilaron
37
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Energia e meio ambiente:
construindo a própria conscientização
VIEGAS, Regina C.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca / RJ
A energia move o mundo! Todos estamos acostumados a
utilizar as diversas fontes energéticas em nosso dia a dia, porém
muitas vezes não refletimos sobre o seu uso racional e seus
impactos sobre o meio ambiente. O desenvolvimento
econômico e a qualidade de vida de uma sociedade podem ser
avaliados pela forma e pela intensidade da utilização de energia.
Por outro lado, as atividades relacionadas à produção,
transporte, distribuição e uso final da energia causam impacto
sobre o meio ambiente. Por esta razão, realizamos uma
experiência pedagógica no Cefet - RJ que contemplou as
questões relacionadas à energia e ao meio ambiente. No
programa de Geografia do Ensino Médio-Técnico do Cefet -
RJ, o tema energia - aparece de forma isolada. Propusemos
então aos alunos, integrar este tema à questão ambiental. A
metodologia utilizada consistiu na realização de grupos de
trabalho, onde cada grupo pesquisou sobre uma forma de
energia e os impactos ambientais da mesma. A atividade
mostrou-se tão produtiva, que ao final dos trabalhos, os grupos
promoveram um intenso debate. Além disso, os grupos
reuniram todo o material pesquisado e construíram uma
verdadeira biblioteca sobre o tema, onde outros alunos
pudessem realizar pesquisas. Alguns grupos focaram suas
pesquisas sobre a queima dos combustíveis fósseis. Eles
concluíram que durante a queima de um combustível fóssil,
geração e liberação de dióxido de carbono para a atmosfera,
um dos responsáveis pelo efeito estufa. Não somente a queima
dos combustíveis fósseis, mas várias atividades relacionadas à
a produção e uso de energia liberam para a atmosfera, a água e
o solo diversas substâncias que comprometem a saúde e
sobrevivência não do homem, mas também da fauna e flora.
Alguns desses efeitos são visíveis e imediatos, outros têm a
propriedade de serem cumulativos e de permanecerem por
várias décadas ocasionando problemas. Os alunos constataram
que ao promover a racionalização da queima dos combustíveis
fósseis, estamos contribuindo para a melhoria das condições
ambientais, principalmente nos grandes centros urbanos, onde
o grande número de veículos e indústrias pode causar danos
ao homem. Dentre os temas de maior interesse pesquisados
pelos alunos, destacaram-se as fontes alternativas de energia.
Energia Eólica, Solar, Biomassa, Energia das Marés, Energia
38 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Alunos da professora Regina Viegas
Fotos: Regina Viegas
Geotérmica e outras, foram apontadas como alternativas
viáveis, disponíveis, razoavelmente limpas e com baixo impacto
ambiental. Uma sociedade que deseja se tornar mais justa e
responsável não pode conviver com o desperdício de energia,
afinal o uso racional dos recursos energéticos depende de todos
nós, e pode ser alcançado através de pequenas atitudes
cotidianas que começam com a conscientização.
Diversidade do habitat do igarapé Pricumã
FURTADO, Eliana F.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima
Equipe de Pesquisa
1
: DINIZ, Isabel S.; GONDIM , Márcio G. M.; MONTEIRO, Eveline M. G.
O igarapé Pricumã, situado na área urbana do Município de
Boa Vista/RR, encontra-se degradado pela ação antrópica. É
necessária a caracterização do seu ecossistema para se propor
ações mitigadoras que reduzam os impactos ambientais
provocados pela ocupação humana às margens do igarapé
(foto). Os prejuízos causados pelo mau uso dos recursos
naturais são constatados pelo registro do alto índice de
incidência de hepatite e diarréias, principalmente, no período
chuvoso, como também se faz necessário avaliar a redução da
biodiversidade nestes ambientes, recebedores dos esgotos
domésticos, uma vez que a exposição apresentada pelo ambiente
torna-se altamente emergencial. Este projeto de pesquisa tem
como objetivo principal aplicar um protocolo de avaliação
rápida da diversidade de habitat como ferramenta para
determinar o impacto ambiental em áreas degradadas como as
do igarapé Pricumã. Serão avaliadas as seguintes variáveis
ambientais: temperatura da água, velocidade superficial da
correnteza, cobertura do dossel, largura do igarapé,
profundidade, concentração de oxigênio dissolvido, saturação,
pH, condutividade e turbidez. Com o resultado das análises
do material coletado far-se-á uma exposição tabulando-se os
dados, os quais serão encaminhados às autoridades locais, como
forma de sugestão para minimizar os impactos causados àquele
ambiente e propor uma metodologia de recuperação do referido
igarapé, que vem sendo destruído ao longo dos anos.
1
Gerência Educacional de Educação Básica
(GEEB)
Projeto de Pesquisa financiado pelo CNPq,
através do PIBIC- Júnior, em parceria com
a FEMACT/RR ( Fundação Estadual do Meio
Ambiente, Ciências e Tecnologia de
Roraima)
Divulgação Cefet RR
39
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Projeto Lagoa Recicla
PIRES, Thyrza S. de L.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Grupo executor
1
: MORAES, Ana C. Z. de ; BLASI , Camila R.; CARDOSO, Clarissa S.;
VARELA, Cristina M.; TORRES, Paula C.
O litoral catarinense tem como grande fonte econômica o
turismo. Nesse âmbito, Florianópolis tem destaque por seus
atrativos naturais, sendo a lagoa da Conceição um dos
principais pontos turísticos, atraindo para lá, muitos turistas
e conseqüentemente, estabelecimentos comerciais. Na lagoa,
muitos destes estabelecimentos não separam os resíduos
sólidos para a coleta seletiva. A educação ambiental direcionada
à necessidade da separação de materiais recicláveis do lixo é
vital para a redução dos resíduos depositados em aterros,
proporcionando benefício a várias famílias que sobrevivem da
venda destes e conservando o ambiente. Como forma de
motivação a esta atitude, foi realizado o Projeto Lagoa Recicla,
em fevereiro de 2004, pelas alunas do curso técnico de Meio
Ambiente, Cefet - SC, com objetivo de trazer para o cotidiano
de alguns cafés do Centrinho da lagoa (Figura1), a importância
de separar e destinar corretamente os recicláveis. Ações
realizadas: implantação e implementação da coleta seletiva em
cafés da lagoa da Conceição; orientação aos donos e
funcionários dos cafés à implementação da coleta seletiva;
sugestão à instalação de lixeiras adequadas para a separação de
resíduos (Figura 2); divulgação dos benefícios da coleta seletiva
aos freqüentadores através de folhetos e cartazes (Figura 3);
criação de um selo identificador para os cafés que
participaram do projeto (Figura 4); possibilitar o aumento
da quantidade de materiais recicláveis destinados à Associação
de Recicladores Esperança (Figura 5); diminuição do volume
de resíduos destinados ao aterro sanitário; aumentar o interesse
das pessoas para selecionarem seus resíduos e destinação
correta. A empresa Tractebel - Energiapatrocinou os
panfletos, cartazes de identificação e divulgação, além das
lixeiras padronizadas e lixeira coletiva. Em julho de 2004, foi
realizada uma avaliação da aceitação do projeto Lagoa Recicla,
através de questionários para os funcionários e freqüentadores
dos cafés. Dentre os funcionários, 77% consideraram que os
objetivos foram alcançados parcialmente e 22% acharam os
objetivos plenamente alcançados. Em relação a mudança de
atitude, 55% relataram que passaram a separar os resíduos,
participando efetivamente da coleta seletiva. Quando
perguntados sobre a reação dos freqüentadores frente ao
material de divulgação, responderam que 88% lêem o material
de divulgação. Em relação aos freqüentadores entrevistados
60% disseram conhecer o projeto e aprovar a qualidade do
material de divulgação, sendo que 55% ainda destacaram sobre
a importância do projeto.
1
Curso Técnico de Meio Ambiente
Ana Carolina Zen Fotos: Thyrza Pires
Fig. 4
Fig. 5 - COMCAP recolhendo
recicláveis
Fig.3
Fig. 2
Fig. 1
40 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Educação ambiental para alunos da rede pública
VILLELA, Lúcia M.B.
1
; LIMA, Endrigo P. P.
2
; CAZARE, Bianca N.
3
; SARMENTO, Maria Paula P.
4
;
NASCIMENTO, Shirley G. S.
5
; ALMEIDA, Gabriel R. de
6
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas / RS
1, 2
Coordenadores do projeto
3, 4, 5, 6
Acadêmicos do Curso Superior de
Tecnologia Ambiental
Este projeto surgiu da necessidade de socializar conhecimentos
da área ambiental, na comunidade em geral, tendo em vista
que um dos fatores contribuintes para a deterioração ambiental
relaciona-se à falta de conscientização sobre as conseqüências
danosas que determinadas atitudes podem gerar. Essas atitudes
referem-se, entre outras, ao mau aproveitamento ou
desperdício de recursos, sejam naturais ou não, o que leva a
conseqüências, imediatas e futuras, relacionadas a danos à saúde
e ao meio ambiente, algumas imprevisíveis. Sendo assim, este
projeto pretendeu levar ao conhecimento de alguns setores da
sociedade tópicos envolvidos na questão ambiental, com vistas
a que todos pudessem contribuir para a solução ou minimização
dos impactos causados pela ausência de educação ambiental.
Este trabalho teve, portanto, o objetivo de promover a
compreensão da importância da preservação e manutenção das
boas condições ambientais, tendo como estratégia de
operacionalização a realização de palestras sobre impactos
ambientais provocados pela ação humana e de oficinas
pedagógicas, visando à minimização desses impactos. As
palestras tinham a duração de 45minutos e as oficinas eram
desenvolvidas em cerca de 2 horas. Sob a supervisão de
Arquivo
41
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Interferência geofísica na cultura corporal
humana: reflexões acerca da formação
profissional na agropecuária
BARROS Jr, Bartolomeu L. de ; BARTILOTTI, Lílian R. M.
Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim / BA
Este artigo relata experiências significativas na formação de
alunos de cursos profissionalizantes na agropecuária. Faz
refletir sobre a relação íntima e dinâmica que se estabelece de
forma absoluta entre o corpo e o meio ambiente, apontando
leituras diversas de um cenário geofísico marcado por fatos
históricos que compõem o imaginário do sertanejo e sua
incorporação com a seca, a fauna e a flora híspidas e os rios
que sinuosamente acentuam a esperança e a num viver com
qualidade. A paisagem geográfica, tanto urbana quanto rural,
se entrelaça e muitas vezes se confunde com o corpo humano
a ponto de este se tornar elemento em primeiro plano dessa
paisagem. A interferência geofísica na cultura corporal
1
humana
- tema abordado em aulas externas das disciplinas Geografia e
Educação Física - denotaram reflexões à cerca do viver no
Sertão, quando provocou nos alunos, através do que chamamos
de trilhas sócio-pedagógicas, reflexões sobre o caminhar e
o fazer cultura em situação nômade. Os alunos identificaram
e deduziram hipóteses capazes de fazer entender questões
polêmicas e históricas da região, resgatando fatos socais que
1
Cultura Corporal é o termo usado pela
Educação Física para indicar que toda
manifestação corporal humana é
condicionada pela dinâmica cultural.
(DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o
Conceito de Cultura. Autores Associados,
2004.)
professores-tutores, os responsáveis pela execução do projeto
eram alunos dos cursos superiores de Tecnologia Ambiental,
com ênfase em Controle e em Saneamento Ambiental, do
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas - Cefet -
RS, os quais desenvolviam suas atividades em escolas da rede
pública, tendo como clientela preferencial alunos da série,
abrangendo um total de 32 escolas e atendendo cerca de 1300
alunos anualmente. Jornais, papelão, garrafas PET,
liquidificador e caixas plásticas eram alguns dos recursos
utilizados para a implementação do projeto. Um instrumento
de avaliação era distribuído para a clientela e, após o término
de todas as atividades, os agentes envolvidos no projeto
reuniam-se para proceder à análise dos dados coletados nos
instrumentos de avaliação e discutir o desempenho, tendo em
vista à realização de atividades futuras. A avaliação evidenciou
a importância da realização do projeto, pois a análise dos
instrumentos de avaliação revelou a disposição da clientela
beneficiada pelo projeto por assumir um comportamento
ambientalmente correto.
42 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) por Zona
de Raízes: tecnologia ambiental e socialmente
adequada
CASAGRANDE JR., Eloy F.
1
; VAN KAICK, Tamara S.
2
; PRESZNHUK, Rosélis A. O.
3
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Com o objetivo de ampliar a oferta de tecnologias para o
tratamento de esgoto em nosso país, foi estimulado no Cefet
-PR pesquisas de iniciação científica e de mestrado para
aprimoramento das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)
por Zona de Raízes
1
. Trata-se de um sistema físico-biológico
unifamiliar, descentralizado, que ocupa um pequeno espaço
na área externa da residência, integrando-se de forma não
Fotos: André Vilaron
Romaria em Canudos, Bahia
traduzem a presença da corporeidade dos cangaceiros de
Lampião aos seguidores de Antônio Conselheiro - Canudos,
como marcos que traduzem bem a relação do homem com seu
ambiente, especificamente nas paisagens do sertão baiano. O
sair em bando e em trilhas nessas paisagens hostis são
experiências significantes e sagradas por conterem
representações dos princípios, valores e cultura de um
imaginário nordestino numa perspectiva de poder traduzir,
explorar e apreender, re-significando o termo ser ecológico.
Este fator possibilita ao profissional da agropecuária, nesta
região, refletir e re-significar a produção agropecuária,
ajustando os recursos dentro de uma perspectiva da cultura
local, e atentos às soluções tecnológicas orientadas pelo
conhecimento popular. Por exemplo, as queimadas das matas
e dos vegetais que integram comumente a dieta do homem e
dos animais como a palma; as construções de córregos para o
deslocamento de água; a criação extensiva de animais; o
escoamento da produção agrícola para a cidade e os modos de
domiciliar nessas paisagens. Pode-se a partir do viver
incorporado nesse complexo rural produzir e/ou reproduzir
o conhecimento sob um novo paradigma que atenda e
reconheça as lutas, conquistas e memórias do ser, no Sertão.
1,3
Centro Federal de Educação Tecnológica
do Paraná (Cefet - PR)
2
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
43
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Fig. 1  Esquema de funcionamento da ETE por Zona de Raízes
agressiva ao ambiente e apresentando baixo custo de
implantação e manutenção. A estação de tratamento por meio
de Zona de Raízes é um sistema idealizado seguindo a lógica
do biofiltro, utilizando-se, porém, de mais um filtro
constituído por raízes. Neste sistema, o esgoto é lançado, por
meio de um sistema de tubulações perfuradas instaladas logo
abaixo de uma área plantada, ou seja, na zona de raízes (Figura
1). A área plantada é dimensionada de acordo com a demanda
de esgoto prevista e utilizam-se plantas nativas brasileiras como
a Cladium mariscus, Crinum salsum e Thipha sp, analizando
parâmetros físico-químicos como Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO),
retenção de nitrogênio, fósforo e cálcio, assim como
parâmetros biológicos como coliformes fecais e totais
2
. Nas
raízes das plantas da ETE, fixam-se bactérias que recebem
oxigênio e nitrogênio conduzidos por meio dos aerênquimas
do caule até às raízes e, em troca, a bactéria decompõe a matéria
orgânica, transformando-a em nutrientes, que repassa às
plantas. Nos sistemas convencionais de tratamento de esgoto,
o processo de decomposição da matéria orgânica libera gases
que produzem mau cheiro. No caso da Zona de Raízes, o mau
cheiro é evitado porque as próprias raízes funcionam como
um filtro, eliminando-o. Estas estações são utilizadas na
Europa, principalmente na Alemanha, com registros de
sistemas similares com uso contínuo mais de cem anos,
mantendo ainda a sua eficiência
3,4
. As pesquisas para a adaptação
tecnológica das ETEs à realidade do Paraná, permitiram
atender com tratamento adequado às comunidades da zona
rural, principalmente em áreas alagadas e de linha de maré na
zona do litoral do Estado e também residências da zona urbana
não atendidas por rede coletora de esgoto, sendo que os
resultados finais de análises de eficiência têm atendido às
normas ambientais e de saúde pública. A implantação das
mesmas também levou em consideração princípios das
Tecnologias Apropriadas
5
, como a conscientização da
comunidade a ser beneficiada, capacitação e repasse da técnica
para as comunidades, assim como a construção participativa.
Em parcerias com secretarias do Estado, organizações não
44 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
governamentais e o setor privado, foram instaladas cerca de 50
ETEs, distribuídas em Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
do Paraná, principalmente na Mata Atlântica e litoral e na região
metropolitana de Curitiba, comprovando que este sistema
também é um forte instrumento de educação ambiental.
Referências:
1
VAN KAICK, Tamara Simone. Estação de Tratamento de Esgoto
por Meio de Zona de Raízes: Uma Proposta de Tecnologia
Apropriada para Saneamento Básico no Litoral do Paraná
.
Dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-
Graduação em Tecnologia PPGTE, CEFET-PR, orientada pelo
Prof. Dr. Eloy Fassi Casagrande Jr., Curitiba, 2002.
2
PRESZNHUK, Rosélis Augusta de Oliveira; CASAGRANDE
JR., Eloy Fassi; VAN KAICK, Tamara Simone.
Análise da
Eficiência da Espécie Crinum salsum utilizada em uma Estação
de Tratamento de Esgoto por meio de Zona de Raízes
. VII
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica. Curitiba, 2002.
3
AMBROS; EHRHARDT; KERSCHBAUMER. Pflanzen-
Klaranlagen selbst gebaut
. Sttutgart: L S Verlag, 1998.
4
SEITZ, Paul. Naturnahe Abwasserreinigung mit
Pflanzensystemen
. STADT UND GRÜN, p. 494 497. Jul.
1995.
5
CETEC Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais.
Prática de implantação de disseminação de tecnologias
apropriadas ao meio rural  Projeto Juramento. Belo Horizonte,
1985.
Flebotomíneos das áreas de implantação das
usinas hidrelétricas Capim Branco I e II, na bacia
do rio Araguari
LEMOS, Jureth C.
1
; LIMA, Samuel C.
2
; FERRETE, Jaqueline A.
3
; CASAGRANDE, Baltazar
4
;
REZENDE, Kênia
5
Escola Técnica de Saúde de Uberlândia / MG
O rio Araguari, com os seus 475km de extensão, nasce no
Parque Nacional da Serra da Canastra, no município de São
Roque de Minas, sendo um dos principais afluentes do rio
Paranaíba. Esta Bacia abrange uma área de aproximadamente
21.856Km², sendo formada por 20 municípios do estado de
Minas Gerais. A paisagem apresenta um relevo fortemente
ondulado, com altitude de 800 a 1000m e declividades suaves,
em torno de 30%. Os solos são muito férteis, do tipo latossolo
vermelho e vermelho-escuro. Em todas as suas porções,
verifica-se que a vegetação predominante é o cerrado. O rio
Araguari apresenta um potencial energético que está sendo
1
Professora Mestre e Doutoranda da Escola
Técnica de Saúde da Universidade Federal
de Uberlândia
2
Professor Dr. do Instituto de Geografia da
Universidade Federal de Uberlândia
3
Mestre em Geografia e Estagiária no
LAGEM/IG/UFU
4,5
Alunos de Graduação do Curso de
Geografia e Estagiários no LAGEM/IG/UFU.
45
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
explorado, com as usinas hidrelétricas de Nova Ponte e de
Miranda distantes 80 e 20km da cidade de Uberlândia e
atualmente estão em construção as usinas hidrelétricas Capim
Branco I e II, distantes a 20 e 45km da cidade de Uberlândia.
Nas paisagens da bacia do rio Araguari, no município de
Uberlândia, encontram-se vetores de importância sanitária
como os flebotomíneos, que transmitem as Leishmanioses
Tegumentar Americana (LTA) e Visceral Americana (LVA).
Flebotomíneos são insetos que apresentam hábitos noturnos
e são encontrados nas matas, em tocas de animais, domicílios
e peridomicílios. Somente as fêmeas são hematófagas, o que é
fundamental no desenvolvimento da Leishmania. A LTA e a LVA
são infecções primariamente zoonóticas causadas por espécies
de protozoários do gênero Leishmania. Este trabalho tem como
objetivo demonstrar a fauna flebotomínica das áreas de
implantação das usinas hidrelétricas Capim Branco I e II no
período de abril de 2003 a outubro de 2004, na bacia do rio
Araguari no município de Uberlândia (MG). Isso porque ele
faz parte de uma pesquisa mais ampla que pretende monitorar
a fauna flebotomínica antes, durante e após o enchimento dos
lagos, para verificar se haverá mudança de espécie e/ou
desaparecimento de outras. Para capturar os flebótomos estão
sendo utilizadas armadilhas do tipo Shannon e CDC (Center
on Disease Control). Foram capturados e identificados 2650
flebotomíneos, sendo 170 do gênero Brumptomyia e 2480 do
gênero Lutzomyia. Dentre o gênero Lutzomyia foram encontrados
15 espécies, destas espécies 2393 foram de L. intermedia,
seguida de L. lenti com 17 exemplares, L. sp.(espécie não
identificada) e L. spinosa com 11 espécimens cada, L. lutziana
com 10, L. corumbaensis com 9, L. longipalpis com 7, L. teratodes
com 5, L. evandroi, L. whitmani e L. davisi com 4 cada, L.
termitophila com 2 e L. cortelezzi, L. sallesi e L. shanoni com 1
exemplar cada. A maior quantidade de espécie foi de L. intermedia
(96,49%), esta foi incriminada como a responsável pela
transmissão da LTA na região sudeste, podendo ser também
em Uberlândia.
Início da construção da usina
hidrelétrica Capim Branco II
O trabalho está sendo realizado no
Laboratório de Geografia Médica do
Instituto de Geografia da Universidade
Federal de Uberlândia/LAGEM/IG/UFU.
Início do desmatamento para a
formação do lago da usina
hidrelétrica Capim Branco I
Leito do rio Araguari após o desvio da água para a construção da barragem da usina hidrelétrica Capim Branco I
Fotos: Jureth Couto Lemos
Explosão no início da construção
da usina hidrelétrica Capim
Branco II
46 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Reaproveitamento da água de lavagem de filtros
da ETA Santa Bárbara
LIMA, Jailson M.
1
; COSTA, Ricardo P.
2
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas / RS
Este trabalho apresenta uma forma de minimizar as perdas de
água em um sistema de abastecimento, abordando, em específico,
o efluente da lavagem de filtros. O estudo foi desenvolvido na
Estação de Tratamento de Água (ETA) Santa Bárbara,
responsável por aproximadamente 50% da demanda de água da
cidade de Pelotas.O projeto foi executado através da coleta de
dados da água utilizada na retrolavagem dos filtros rápidos das
ETA, das análises químicas do efluente dos filtros e da água
bruta. Através dos dados coletados, dimensionou-se um sistema
de reaproveitamento que fará com que o efluente retorne ao
ciclo inicial do processo de clarificação. Essa possibilidade do
reuso será executada sem a separação dos sólidos totais e o
sistema não necessitará de alteração de dosagens dos produtos
utilizados para a clarificação e desinfecção no momento em que
a água da lavagem de cada filtro estiver retornando para o salto
hidráulico. Para isso, foi concebido um reservatório com a
localização ajusante do expurgo da ETA, com tamanho capaz
de suportar o efluente da lavagem de um filtro. Esse efluente
deve retornar para o salto hidráulico num período de três horas,
tempo de limpeza entre um filtro e outro. Com essa implantação
de reaproveitamento, ter-se-ia um aumento de vazão de água na
chegada da estação - com possibilidade de redução das horas de
operação da ETA-, aumento da população atendida e,
principalmente, melhoria ambiental no corpo receptor do
efluente da lavagem de filtros.
1
Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas
(SANEP)
2
CEFET - Pelotas
Escassez de água doce preocupa autoridades
CAMARGO, Rosana
1
Centro Federal da Educação Tecnológica de São Paulo
Embora a água seja a substância mais abundante do nosso
planeta, especialistas e autoridades internacionais alertam para
um possível colapso das reservas de água doce, a qual está se
tornando uma raridade em diversos países. A água é a fonte da
vida. É ilimitada e imortal. É o princípio e o fim de todas as
coisas. No corpo humano, a água representa, em média, 60%
1
Mestra, professora da área de Mecânica e
do Curso de Tecnologia em Turismo do
Cefet - SP
47
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Fotos: André Vilaron
de sua composição física. No coração, cérebro e sangue, esse
valor atinge 80%. O ser humano pode passar até cerca de 30
dias sem comer; porém, sem água não resistirá mais que 48
horas.
O consumo mundial de água cresceu 6 vezes, entre 1.900 e
1.995, o que representa mais do que o dobro do crescimento
populacional no período. O mundo cresce à razão de 90
milhões de pessoas o equivalente a um novo país do tamanho
do México a cada ano
1
. Enquanto que a população mundial
cresce desordenadamente, e o consumo mundial de água cresce
de modo acelerado.
As fontes de recursos hídricos são limitadas e estão mal
distribuídas em algumas regiões. Metade delas encontra-se na
América do Sul. E, destas, mais da metade está no Brasil, onde
está o maior aqüífero, reservatório de água doce, do mundo.
Chamado atualmente de Sistema Aqüífero Guarani, acumula
um volume de água estimado em 45 mil quilômetros cúbicos.
Sua extensão é da ordem de 1,2 milhão de quilômetros
quadrados, sendo 840 mil km
2
no Brasil (70%), 225 mil km
2
na Argentina (19%), 71 mil km
2
no Paraguai (6%) e 58 mil
km
2
no Uruguai (5%). Além da dimensão gigantesca, este
aqüífero contém águas que podem ser consumidas sem
necessidade de tratamento prévio, devido aos mecanismos de
filtração e autodepuração biogeoquímica que ocorrem no solo
2
.
Segundo a ONU, em menos de 50 anos, 45% da população
mundial, estarão sofrendo com a falta de água. Falar em escassez
em um planeta que tem 70% de sua superfície cobertos por
água pode parecer um contra-senso. No entanto, a maior parte
desse volume (97,5%) encontra-se nos mares e oceanos. E os
2,5% restantes de água doce também não estão inteiramente
disponíveis para o uso: a maior parte dela (68,9%) encontra-
se nas calotas polares e geleiras, 29,9% constituem as águas
subterrâneas e 0,9% são relativas a umidade dos solos e
pântanos. A água dos rios e lagos representa apenas 0,3% do
total de água doce do planeta. Mesmo pequena, essa parcela de
água doce seria mais que suficiente para atender à necessidade
da população terrestre, se estivesse distribuída de forma
homogênea em todas as regiões
3
.
Referências:
1
Secretaria do meio ambiente Consumo sustentável Governo
do estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Janeiro,
1998.
2
GUARDIA, E. Radiação torna a água mais limpa - Brasil
nuclear. Ano 9.n0. 24, jan-mar, 2002.
3
DANTAS, V. Água: sabendo usar não vai faltar Brasil nuclear.
Ano 9.n0. 24, jan-mar, 2002.
48 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Avaliação do comportamento de metais pesados
em cultivo protegido de roseiras
PAULA, Amarílio A. de
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena / MG
O incremento na circulação de metais pesados (MP) no solo,
na água e no ar e a inevitável transferência para a cadeia
alimentar, levando riscos para a saúde de gerações futuras tem
despertando o interesse, ainda que de forma incipiente em
alguns setores, da comunidade científica e dos órgãos
governamentais nos últimos anos. As atividades
antropogênicas, em áreas de agricultura altamente tecnificada,
incluindo deposição atmosférica de agrotóxicos, resíduos
orgânicos e inorgânicos, fertilizantes, corretivos e água de
irrigação, representam a principal fonte de acúmulo de metais
pesados no ambiente. Neste contexto, a intensificação dos
cultivos altamente tecnificados de flores em estufas, com
elevado aporte de insumos e de resíduos orgânicos e /ou
inorgânicos de diferentes origens, tem apesar de atingido os
padrões de qualidade exigidos pelo mercado motivado os
questionamentos sobre a possibilidade de acúmulo de metais
pesados, denotando assim a necessidade de se destinar atenção
especial ao monitoramento dessas áreas visando a adotar
estratégias específicas de manejo. Nesse sentido, o presente
trabalho teve por objetivo avaliar os teores dos metais pesados
cobre (Cu), cromo (Cr), níquel (Ni), cádmio (Cd), paládio
(Pd), e zinco (Zn) de solos, plantas e água para fins de
irrigação em áreas de cultivo protegido de flores na região de
Barbacena, estado de Minas Gerais. Para isso, foram coletadas
amostras de solos nas profundidades de 0-12 e de 10-20 cm
dentro e fora das estufas, as quais, após caracterizadas
quimicamente quanto à fertilidade foram submetidas à
determinação dos teores totais dos respectivos metais. Para
fins de monitoramento foram também coletadas plantas de
roseiras no interior das estufas e amostras de água em diferentes
pontos de captação. Os resultados obtidos mostraram que os
solos do interior das estufas apresentaram comparativamente
maiores valores de pH e maiores teores de fósfor (P), potássio
(K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), além de CTC e Praseodímio
(Pr) em relação aos solos da parte externa da estufa em ambas
as profundidades. O manejo adotado pelos produtores locais
tem imprimido apenas discreta elevações do teores de Cu e Cd
no lado interno das estufas na camada de 0-10 cm e de Zn e
Cu na camada de 10-20 cm, porém dentro dos níveis
preconizados como adequados na literatura. As correlações
estabelecidas entre os teores de MP no interior das estufas
com as demais
características de fertilidade mostraram pouca
49
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
consistência, mas em geral verificou-se maiores teores de Cu, Cr,
Cd e Zn com a elevação do pH e tendência de redução dos teores
de Ni com a elevação dos teores de P. As análises da água revelaram
teores muito próximos ao limite máximo tolerável pelo Conama
para Cd, em um dos mananciais, e teores abaixo do limite máximo
tolerado ou, na maioria dos casos, não detectado nos demais
pontos de coleta. Os teores foliares de MP nas plantas de roseira
mostraram-se dentro das faixas consideradas adequadas.
Metodologia sistêmica de avaliação de impacto
ambiental de mineradoras
OLIVEIRA, Analisa de
1
; AGUDELO, Líbia P. P.
2
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
A proposta do presente estudo é desenvolver uma metodologia
sistêmica de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), onde os
dados básicos sobre a classificação dos principais impactos
decorrentes da atividade de mineração foram compilados e
analisados de forma sinérgica, utilizando-se de medidas
quantitativas e do uso de técnicas de geoprocessamento. O
parâmetro analisado nessa primeira parte do estudo foi a água,
devido à presença de uma pedreira localizada próxima à área de
estudo. A área é uma Reserva Privada do Patrimônio Natural
(RPPN) na região de encosta, entre o primeiro planalto e a
Serra do Mar do litoral paranaense, na antiga estrada da
Graciosa (20km de Curitiba), no bioma da Mata Atlântica.
A metodologia proposta é composta de duas etapas. Na
primeira, 13 pontos de coleta de amostras de água foram
definidos (Figura 1), de acordo com critérios estabelecidos
através de análise cartográfica e visitas de campo. A análise
cartográfica permitiu avaliar o sistema de bacias hidrográficas
existentes na área. As visitas de campo permitiram estabelecer
1
Depto. de Química e Biologia
2
Programa de Pós-graduação em
Tecnologia , PPGTE
Fig. 01 - Detalhe da área com a localização dos pontos de coleta em relação à hidrografia
50 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Divulgação Cefet PR
quais pontos dentro destas bacias mereciam especial atenção, de
acordo com características específicas como proximidade à
própria pedreira, a locais de criação de animais, a nascentes, a áreas
de cultivo etc.
Na segunda etapa, foram confeccionadas cartas temáticas digitais
a partir da interpretação de fotos aéreas a escala 1:6000 da área
de estudo para avaliar estado da vegetação, hidrografia básica
com delimitação de bacias, infra-estrutura, como são instalações
construídas e estradas. Nestes mapas forma localizados os pontos
de coleta de amostras de água e seus resultados. As informações
derivadas das análises de água compreenderam verificações de
temperatura, pH, turbidez, dureza total, cálcio, magnésio, sólidos
totais, sólidos fixos, sólidos voláteis e sólidos suspensos. Ao
aplicar a metodologia de Overlay Mapping e se comparar os
resultados com a sua localização espacial, chegou-se a resultados
interessantes tais como a verificação de que todas as amostras
estavam dentro dos limites estabelecidos pelo Conama. No
entanto, verificava-se um impacto ambiental evidente em outros
aspectos como solos e vegetação. Este estudo comprova como a
AIA, baseada exclusivamente num parâmetro isolado, pode se
prestar a interpretações errôneas. Os estudos de AIA devem,
portanto, considerar a sinergia dos fatores ambientais. O método
utilizado aqui propõe uma metodologia eficiente e aplicável em
um curto espaço de tempo.
Referências:
BRAGA, Benedito et al.
Introdução à Engenharia Ambiental.
Ed. Prentice Hall, São Paulo, 2002.
SILVA,M.O.S.ª,
Análises físico-químicas para controle das
Estações de Tratamento de Esgoto
, CETESB, (1997).
CARNEVALLI, Cristiane; AGUDELO, Libia Patricia Peralta;
SICA, Yuri C.
Modelo sistêmico para avaliação de impactos
ambientais em atividades de mineração
. In: II SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE ENGENHARIA AMBIENTAL, 2003,
Itajaí. Anais do II Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental.
2003. v. 1, p. 235 [1]
Agradecimentos: ao CNPq pela concessão
de Bolsa de Iniciação Científica.
51
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
A balneabilidade das praias da grande Natal
ARAÚJO, André L. C.
1
; FONSECA, Andréa L. da
2
; MELO, Luiz E. L. de
3
; VALE, Milton B.
do
4
; DINIZ, Ronaldo F.
5
Centro Federal da Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Praia da Redinha, Extremoz-RN (NA-14)
Fotos: Luiz Eduardo Lima de Melo
A classificação das águas para balneabilidade tem como objetivo
principal a identificação da sua qualidade, classificando-as em
própria e imprópria para o banho (contato primário),
conforme especificação da Resolução de 18 de junho de 1986,
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a qual
foi modificada em 29 de novembro de 2000 pela Resolução
n
o
274/Conama.
O programa de monitoramento da balneabilidade das praias
do Rio Grande do Norte foi iniciado em 2001, envolvendo
praias dos municípios de Nísia Floresta, Parnamirim e
Extremoz, com um total de 14 pontos de coleta, avaliados
semanalmente. O estudo foi posteriormente ampliado,
englobando também 15 pontos de coleta nas praias urbanas
de Natal, capital do Estado, sendo estas, as de maior utilização
pela população. O projeto avalia entre outros, estudos
hidrodinâmicos, coleta e análise de água, classificação das praias
quanto à balneabilidade, elaboração de boletins semanais
disponibilizados para divulgação na mídia e relatórios técnicos
periódicos para o órgão financiador do estudo.
As praias envolvidas no estudo e um ponto no rio Pium foram
monitorados, através de análises de coliformes fecais, no
período de janeiro a outubro de 2004. Os locais de coleta
foram determinados, após reconhecimento de toda a área
envolvida, levando-se em conta o fluxo de banhistas e a
proximidade de saídas de corpos dáguas, tais como valas, rios,
riachos e tubulações de águas pluviais, isto é, todos os locais
com maiores riscos de contaminação. As amostragens são
realizadas semanalmente, preferencialmente às quartas e quinta-
feiras, durante as marés baixas, a uma profundidade média em
torno de 1 m e sempre nos mesmos pontos pré-estabelecidos.
Para a quantificação de coliformes, foi usada a técnica de tubos
múltiplos, com a inoculação no meio de cultura A
1
, para
determinação da densidade de coliformes fecais em águas
estuarinas e salgadas, sendo os resultados obtidos em 24 horas.
1 Eng. Civil (UFPA); Mestre em Eng. Sanitária
(UFPB); PhD em Eng. Sanitária (University of
Leeds-Reino Unido); Professor da Gerência de
Recursos Naturais do Cefet - RN; Professor do
Programa de Pós-Graduação em Eng. Sanitária
da UFRN).
2 Eng. Química (UFRN); Mestre em Eng. Química
(UFRN); Professora da Gerência de Recursos
Naturais do Cefet - RN).
3 Biólogo (UFRN); Mestre em Desenvolvimento
e Meio Ambiente (UFPB); Professor da Gerência
de Recursos Naturais do Cefet - RN
4 Eng. Químico (UFRN); Especialista em Química
(UFRN); Professor da Gerência de Recursos
Naturais do Cefet - RN
5 Geólogo (UFRN); Mestre em Geologia ( Nancy-
França); Doutor em Geologia Costeira (UFBA);
Professor da Gerência de Recursos Naturais do
Cefet - RN
52 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Considerando apenas os valores médios, pode ser observado
que todos os pontos monitorados se apresentaram dentro de
valores próprios para balneabilidade (CF < 1000/100 mL,
com exceção do P15, em Mãe Luíza. No entanto, ao se analisar
os gráficos apresentados, verifica-se que os pontos de coleta
P4 (Pirangi do Sul), P5 (rio Pium), P15 (Mãe Luíza), P16
(Miami) e P21 (Redinha rio Potengi), apresentaram em
mais de 10% das semanas analisadas valores de coliformes fecais
superiores ao preconizado pelas resoluções específicas do
Conama, portanto, impróprios para banho.
O ponto P5 (41% impróprio) representa a água do rio Pium
que deságua entre as praias de Pirangi do Sul e Pirangi do
Norte. Como o rio recebe forte carga poluidora, sua qualidade
tem influências nas praias adjacentes à sua foz, dependendo
das condições de correntes. O ponto P15 foi o que apresentou
pior qualidade (média de coliformes fecais = 8000 NMP/
100 mL), estando impróprio em 60% das semanas analisadas.
Vale salientar que este ponto situa-se próximo à descarga de
uma rede de drenagem pluvial que apresenta grande quantidade
de ligações clandestinas de esgotos. Na praia de Miami (P16)
a ocorrência de semanas impróprias provavelmente está
relacionada com a presença de uma estação elevatória de esgotos
próxima à praia. No primeiro semestre, no período de maiores
precipitações, parte do esgoto era extravasado para a praia,
quando o poço úmido atingia seu nível máximo. Este problema
foi resolvido e no segundo semestre praticamente não
ocorreram valores acima do preconizado. Na Redinha (P21),
em aproximadamente 40% das semanas, a praia se encontrava
imprópria para balneabilidade. Este ponto de coleta está situado
dentro do estuário do rio Potengi, sendo portando bastante
influenciado pela qualidade de suas águas. Vale salientar que
grande parte do esgoto coletado na cidade de Natal (doméstico
e industrial) é depositado no estuário sem nenhum tipo de
tratamento.
A grande maioria dos pontos analisados pode ser classificada
como próprios para balneabilidade, dentro da sub-categoria
excelente (< 250 NMP/100 mL), atestando a boa qualidade
ambiental das praias norte-rio-grandenses. Os pontos que
apresentaram maiores índices de semanas impróprias estão
relacionados com a proximidade de lançamento de esgotos ou
com a foz de rios, indicando a influência destes despejos na
qualidade das praias adjacentes. Levando-se em consideração
as questões relacionadas à saúde humana, bem como a
importância das praias para o desenvolvimento do turismo,
uma das principais atividades econômicas do Estado, evidencia-
se a necessidade da continuidade deste projeto de pesquisa,
assim como a contínua divulgação dos resultados na mídia, a
sinalização através de placas indicativas das condições de
balneabilidade em cada praia monitorada, além de um constante
trabalho de educação e conscientização ambiental desenvolvido
junto aos banhistas e demais usuários desse ambiente costeiro.
Praia de Ponta Negra, Natal-RN
(NA 01 e 02)
Praia de Camurupim, Nísia
Floresta-RN (NF-01)
Praia de Tabatinga, Nísia
Floresta-RN (NF-02)
Praia de Pirangi do Norte,
Parnamirim-RN (PA-01 E 02)
53
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Destinação final de pneus em Pelotas
COSTA, Ricardo P.; GUIMARÃES, Fernando R.; VIEIRA, Liziane de M.; MOURA, Marisa H.
G. de; SCHUMACHER, Rose B. B.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas / RS
Em todas as cidades, milhares de pneus velhos são abandonados
diariamente causando preocupação às prefeituras e institutos
de defesa ambiental. Isso porque são abandonados em rios,
ruas, terrenos baldios ou queimados, sem nenhum
planejamento.
Preocupados com a grande quantidade de pneus que são
descartados diariamente em Pelotas e como não conhecemos
nenhuma campanha de reciclagem desse material, decidimos
pesquisar esses números e propormos uma solução para que
seja cumprida a Resolução 258/99 do Conama Conselho
Nacional do Meio Ambiente, que exige que as empresas
fabricantes sejam responsáveis pela coleta e destruição, de
forma adequada, dos pneus inservíveis existentes no território
nacional.
Nosso objetivo não é apenas verificar a quantidade de pneus
descartados em Pelotas, mas também descobrir se as pessoas
que lidam com esse material conhecem a Resolução do Conama,
e qual é o seu destino final e o que pensam os consumidores.
O desenvolvimento do trabalho consta de visitas e aplicação
de questionário junto às empresas de ônibus, transporte de
cargas, passageiros, borracharias e revendedores (totalizando
94 estabelecimentos pesquisados), para verificarmos o
consumo de pneus, a percepção ambiental dessas pessoas e a
existência de programas de reciclagem. Junto ao Departamento
de Trânsito (Detran) foi realizado o levantamento do número
de automóveis por habitantes em Pelotas.
Buscamos a solução para o problema através da conscientização
da população, principalmente para aqueles que lidam
diariamente com esse material, das diversas conseqüências que
o descarte em locais inadequados ou a queima podem causar à
população e ao meio ambiente. Informá-los da responsabilidade
dos fabricantes quanto ao cumprimento da Resolução do
Conama 258/99, que exige dos fabricantes e importadores a
coleta e destinação adequada e da responsabilidade que todos
nós temos de zelar pela saúde pública, uma vez que o acúmulo
de água em pneus favorece a proliferação de insetos vetores de
doenças infecciosas como a dengue, febre amarela etc.; também
de roedores, que transmitem doenças ao homem através da
mordedura, fezes, urina (leptospirose, gastrenterite etc).
Arquivo
54 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Agradecimentos:
Nossos agradecimentos à FUNCAP que
financia nosso Curso de Mestrado em
Tecnologia no Cefet - CE, por meio de Bolsa
de Estudo.
André Vilaron
O Programa Selo Município Verde fomenta a
gestão ambiental no Ceará
PESSOA, Geórgia P.; CABRAL, Nájila R. A. J.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
Existe uma quantidade significativa de normas que
regulamentam a questão ambiental no Brasil e no Ceará
1-3
.
Tornava-se então necessária a criação e consolidação de
instrumentos de implementação e aplicação destas leis. Assim,
o Programa Selo Município Verde (PSMV) foi criado com o
objetivo de transformar obrigação legal em ação efetiva,
estimulando as municipalidades a criarem e a implementarem
suas políticas públicas, seus programas e ações locais. Como
ponto de partida, o estado do Ceará optou em tomar como
referência o modelo do selo Unicef município aprovado. É
neste contexto que o estado Ceará, em 19 de maio de 2003,
por meio da Lei n° 13.304 e dos Decretos n°27.073 e
27.074, em 02 de junho de 2003, instituiu o programa Selo
Município Verde, que consiste num processo de certificação
pública ambiental fomentador do desenvolvimento sustentável,
levando aos municípios a importância de práticas
ecologicamente prudentes, socialmente responsáveis e
economicamente viáveis. Pretende-se com iniciativas eficientes
em ações sócio-ambientais nas políticas públicas municipais,
prioritariamente, a qualidade de vida do povo cearense. O
PSMV conta com um Comitê Gestor, sendo esse o órgão
colegiado deliberativo, autônomo e interdisciplinar, composto
por integrantes da sociedade civil, entidades de classes
profissionais e educacionais, pelo poder público e pelas
universidades. Cabe ao Comitê Gestor avaliar e conceder o
Selo Verde aos municípios qualificados. O processo de
certificação abrangerá três sistemas de avaliação: gestão
ambiental, desempenho ambiental e mobilização ambiental.
Somente receberá o Selo Município Verde e o Prêmio
Sensibilidade Ambiental aqueles municípios que até a data de
entrega do(s) referidos(s) prêmios tenham efetivamente
criado e consolidado seus (Comdemas) Conselhos Municipais
de Defesa do Meio Ambiente.
Referências:
1
MACHADO, Paulo Affonso Leme, Direito Ambiental Brasileiro,
São Paulo: Malheiros Ed, 2003.
2
BRASIL. Lei nº 6.938/81  que dispõe sobre a Política Nacional
para o Meio Ambiente (PNMA). Brasília. D.O.U., 1981.
3
BRASIL. Lei nº 11.411/87  que dispõe sobre a Política Estadual
Cearense do Meio Ambiente. Ceará. D.O.E., 1987.
55
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Sabão Ecológico
BATISTA, Sérgio L. G.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos
Colaboradores
1
: LIMA, Rafael R. P.; GOMES, Marco A.G.B.; FRANCISCO Fernanda R. e
SOUZA, Caroline G. N. de
Muitos estabelecimentos comerciais (restaurantes, bares,
lanchonetes, padarias, pastelarias) e residências jogam o óleo
de cozinha usado na rede de esgoto, o que causa o
entupimento, bem como o mau funcionamento das estações
de tratamento. Para retirar o óleo e desentupir são empregados
produtos químicos altamente tóxicos, o que acaba criando uma
cadeia perniciosa. Além de causar danos irreparáveis ao meio
ambiente constitui uma prática ilegal punível por lei.
A presença de óleos e gorduras na rede de esgoto gera graves
problemas de higiene e mau cheiro. O óleo, menos denso que
a água, fica na superfície, criando uma barreira que dificulta a
entrada de luz e a oxigenação da água, comprometendo assim,
a base da cadeia alimentar aquática: os fitoplânctons.
A partir da observação do destino do óleo de cozinha, após
cumprir seu papel na realização de frituras de salgados em
uma padaria, detectou-se que seu destino era o ralo, com
conseqüências desastrosas para as tubulações de esgoto e ao
meio ambiente, conforme relatado acima, terminando por
desaguar nas águas do rio Paraíba do Sul. Então pedimos aos
funcionários desta padaria que guardasse todos os rejeitos de
óleos de fritura.
No Cefet/Campos, começamos, junto com um grupo de
alunos do curso técnico de Química, a fazer testes de índice
de saponificação desse óleo, obtendo valores bem razoáveis
para aproveitá-lo na produção de sabão.
A base do sabão é o óleo de soja reciclado, que tem apenas que
ser coado em papel de filtro para retirar partículas sólidas
carbonizadas, e misturado com soda cáustica granulada, que é
uma matéria prima muito barata. O óleo possui ácidos graxos,
que são ácidos de cadeia carbônica muito longa, que
saponificam com a presença da soda cáustica (hidróxido de
Divulgação Cefet Campos
1
Alunos do curso técnico de Química
BRASIL. Constituição da República Federativa Brasileira de 1988
(CF, 1988) - que dispõe sobre os princípios gerais da República
Federativa Brasileira. Brasília. D.O.U., 1988.
BRASIL. Lei 8.974/95 que dispõe sobre o Patrimônio
Genético, Biodiversidade e Organismos Geneticamente
Modificados. Brasília. D.O.U., 1995.
BRASIL. Lei 9.433/97 - que dispõe sobre a Política Nacional
de Recursos Hídricos. Brasília. D.O.U., 1997.
BRASIL. Lei 9.985/00 - que dispõe sobre o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (Lei do SNUC). Brasília. D.O.U.,
2000.
Mistura dos componentes
56 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
sódio comercial).
A química da mistura desses ingredientes, conforme a receita,
é que provoca o agente capaz de limpar e desengordurar.
Referências:
NICOLAU, Roselena - Óleo saturado de cozinha pode se tornar
fonte de renda na fabricação de sabão.Disponível em :
www.tabreal.com.br/sospraias/biblioteca/recicla3.htm>. Acesso
em: 9/9/2003
Reciclagem do óleo saturado para fazer sabão. Disponível em
www.br.groups.yahoo.com/group/ecirtec/messge/150
>.Acesso em: 12/07/2004
ALBERICI,R.M;PONTES,F.F.F-Reciclagem de óleo comestível
para preservar o meio ambiente
Disponível em www.creupi.br/evento/projetoreciclagem.htm
>.Acesso em: 22/08/2004
Gestão integrada de resíduos sólidos
em Escolas Agrotécnicas
VITORINO, Kelma M. N.; CARVALHO, Clêidida B. de; FERREIRA, Noely M.; SOUZA, Caio
M. M. de ; DUARTE, Aécio J. A. P. ; DUARTE, Railton C. A.; ALMEIDA, Márcio T. ; SILVA,
Antônio S.; MENDONÇA, Francisco H. O.; BRITO, Marcos A. M. de
Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim / BA
A crescente conscientização da sociedade demonstra uma
preocupação, cada vez maior, com os resíduos sólidos gerados
e com a possibilidade de reaproveitamento e reciclagem dos
mesmos. As escolas que ministram cursos de educação
profissional não podem se limitar apenas ao aspecto da
produção, é necessário que as tecnologias adotadas sejam
ecologicamente corretas e que os resíduos gerados tenham um
destino final adequado. A escola deve ser um exemplo de
instituição que adota um comportamento ambientalmente
responsável com atitudes voltadas para o desenvolvimento
sustentável e melhoria da qualidade de vida, contribuindo para
Receita:
Com a finalidade de diminuir o impacto ao
meio ambiente, reciclar óleo de soja usado
nas frituras e agregar valor comercial a um
rejeito, e economizar, realizamos este
projeto em caráter experimental.
Materiais utilizados:
2L de óleo de soja reciclado e filtrado;
1L de água;
¼ de copo de sabão em pó;
500 g de NaOH (hidróxido de sódio) ;
3 mL de essência para fabricação de sabão.
Procedimento:
- Dissolver o sabão em em ½ L de água
quente;
- Dissolver o NaOH em ½ L de água quente;
- Adicionar lentamente, com ligeira
agitação, as duas soluções ao óleo;
- Mexer por aproximadamente 20 minutos,
podendo ser manual ou mecanicamente;
- Adicionar os 3mL da essência para sabão;
- Despejar em formas de madeira,
revestidas com um plástico, para facilitar a
retirada do sabão daí a 30 horas.
Sabão pronto para uso
57
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
a formação de cidadãos preocupados com a preservação do ambiente
em que vivem. O presente trabalho tem por objetivo propor um
plano de gestão integrada de resíduos sólidos das escolas agrotécnicas,
contribuindo para a definição de técnicas de manejo (acondi-
cionamento, coleta e transporte), reutilização, reciclagem e disposição
final dos resíduos, difundindo na comunidade, tecnologias voltadas
para o desenvolvimento sustentável. O gerenciamento integrado de
resíduos sólidos pode ser definido como o conjunto de ações que
envolvem a geração dos resíduos, seu manejo, coleta, tratamento e
disposição, dando a cada tipo de resíduo, atenção especial. Desse
modo cada tipo de lixo terá seu tratamento e disposição mais
adequada, baseando-se sempre no conceito da minimização através
da redução na fonte, reutilização e reciclagem. Inicialmente foi
desenvolvido um projeto de quantificação e caracterização dos
resíduos sólidos gerados em cada setor da escola, distribuídos do
seguinte modo: refeitório, residências, prédios administrativos e
pedagógicos, cantina, oficina e alojamentos, Unidades Educativas e
de Produção (UEPs) de Agricultura, Zootecnia e Agroindústria.
A amostragem foi efetuada considerando-se o tipo de trabalho
desenvolvido em cada setor. Nessa segunda etapa do trabalho, através
de artigos técnicos e conhecimentos gerais foram discutidas formas
alternativas para o reaproveitamento e reciclagem dos resíduos
gerados, buscando-se economia financeira, redução de impactos
ambientais e promoção de atitudes voltadas para o desenvolvimento
sustentável. A discussão e elaboração do plano de gestão integrada
dos resíduos da escola demonstrou a possibilidade de promoção da
educação ambiental e do desenvolvimento sustentável nos projetos
pedagógicos e de produção desenvolvidos na instituição. O
reaproveitamento e reciclagem de resíduos de forma integrada nos
vários setores propiciará o ensino, aos educandos e demais membros
da comunidade, de práticas economicamente rentáveis e
ambientalmente corretas. Para a implantação do plano de gestão
deverá inicialmente ser desenvolvido um projeto de educação
ambiental, afim de informar e sensibilizar os servidores e alunos sobre
as ações a serem implementadas.
Exemplos extraídos do fluxograma que mostra o destino dos resíduos sólidos
Áreas: Administrativa/Pedagógica Agricultura
RefeitórioAgroindústria
58 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Estudo comparativo da qualidade sanitária
de duas lagoas costeiras em Paraipaba
LIMA, Cláudio R. G. de; MOTA, Francisco S. B.; GOMES, Raimundo B.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
O município de Paraipaba (CE), distante 100 Km de Fortaleza
no litoral oeste, com acesso pela Rodovia CE-085, tornou-se
nos últimos anos um local de forte fluxo turístico graças à
beleza de seus recursos naturais. Dentre os recursos hídricos
explorados pela população local e flutuante (turistas), além
da praia da Lagoinha, existem as lagoas Canabrava e Almécegas
localizadas na sede do município e no distrito de Pedrinhas,
respectivamente. Essas lagoas estão, de forma crescente, sendo
exploradas em atividades que vão desde o abastecimento
humano (lagoa Canabrava), à recreação, pesca e irrigação. Por
outro lado, existe pouca ou nenhuma informação sobre a
qualidade sanitária destes ambientes aquáticos que,
especialmente na lagoa urbana Canabrava, começa a ser
fortemente impactada pela atividade antrópica, em torno de
suas margens. O presente trabalho objetiva comparar a
qualidade sanitária de águas das duas lagoas como reflexo do
uso e ocupação do solo na bacia. Para tanto, foram realizadas
colimetrias completas durante 21 semanas, no período
compreendido entre janeiro e junho de 2004, coletando-se
amostras de quatro pontos estrategicamente escolhidos em
cada uma das lagoas. Os resultados obtidos demonstram que
a lagoa Canabrava, por estar inserida no perímetro urbano de
Paraipaba, apresenta qualidade sanitária inferior à lagoa das
Almécegas, melhor preservada por se encontrar afastada da
área urbana. As conclusões do estudo apontam para
necessidades de medidas de preservação da lagoa das Almécegas
e de urgentes medidas de recuperação da lagoa Canabrava, em
função dos usos irregulares e da poluição pontual e difusa que
hoje atinge esta lagoa. Os estudos realizados permitem concluir
que a lagoa das Almécegas, embora apresente uma qualidade
sanitária boa, em conformidade com as resoluções 20/86 e
274/00 do Conama , caracterizando-se como uma lagoa ainda
preservada, necessita de um programa de gestão e manejo que
garanta esta preservação. a lagoa Canabrava necessita de
medidas urgentes de recuperação e disciplinamento, por parte
do poder público, do uso e ocupação do solo em sua área de
influência, uma vez que, as atividades antrópicas ali observadas,
estão diretamente relacionadas à qualidade sanitária evidenciada
neste estudo.
Referências:
GOMES, R. B. (2000). Qualidade sanitária e grau de eutrofização
de uma lagoa urbana do município de Fortaleza Ceará (lagoa
de Messejana). Campina Grande - PB. UFPB.
59
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Dissertação de Mestrado. 142 p.
GOMES, D.F (1998). Caracterização liminológica de um
ecossistema Lacustre Tropical Lagoa do Uraú Planície
costeira do município de Beberibe Ceará. Fortaleza UFC.
Dissertação de mestrado. 124 p.
MOTA, S. (1995). Preservação e conservação de recursos
Hídricos. Abes. Rio de Janeiro. 2000
CPQT. (2002). Projeto de recuperação ambiental e
monitoramento de 26 lagoas costeiras do Estado do Ceará.
Relatório parcial de atividades, Fortaleza. Ceará
IPLANCE. Perfil Básico Municipal: Paraipaba CE. Fortaleza
Edições Iplance 2000.
O rio Bambuí é um dos primeiros e principais afluentes do rio
São Francisco na região de suas cabeceiras. Como os demais
rios, encontra-se bastante assoreado, as matas ciliares são
mínimas e desmatamento nas nascentes dos afluentes que o
abastecem, causando uma redução de quase 50% de seu volume
de água no período da seca. Esse rio já abastece a cidade de
Medeiros e brevemente suas águas serão utilizadas para
abastecer Bambuí, que conta hoje com uma população urbana
de aproximadamente 17.000 habitantes.
O projeto foi lançado por iniciativa da então Escola
Agrotécnica Federal de Bambuí, atual Cefet - BI, com o apoio
da Emater - MG, Instituto Mineiro de agropecuária, Instituto
Mineiro de Gestão das Águas, Companhia de Saneamento do
Estado de Minas Gerais, Instituto Estadual de Florestas e pelas
prefeituras dos municípios envolvidos, sob supervisão da
Fundação de Apoio da Escola Agrotécnica Federal de Bambuí
(Fundagri) e da Escola Superior de Biologia e Meio Ambiente
de Iguatama.
Projeto piloto da sub-bacia do rio Bambuí:
preservação, revitalização e monitoramento
das cabeceiras do rio
BAHIA, José A.
Escola Agrotécnica Federal de Bambuí / MG
Outras instituições e parceiros:
LIONS Clube de Bambuí, LEO Clube e LEO
Júnior de Bambuí, ROTARY Clube de
Bambuí, Loja Maçônica Acácia de Bambuí,
Prefeitura Municipal de Bambuí, Prefeitura
Municipal de Medeiros, Representantes de
Escolas Municipais e Estaduais do Município
de Medeiros, Produtores Rurais de Bambuí
e Medeiros, Cooperativa Agropastoril e
Industrial de Bambuí (CAPIB), Empresa de
Assistência Técnica E Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais (EMATER -MG/
SEAPA), Instituto Mineiro de Agropecuária
(IMA), Companhia de Saneamento de
Minas Gerais (COPASA), Instituto Estadual
de Florestas (IEF), Comissão Gestora do
Sub-Comitê do Rio Bambuí - Medeiros e
Bambuí que é composta por membros dos
órgãos acima citados.
Fotos: José Bahia
60 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
As ações previstas no projeto contemplam o diagnóstico
ambiental e sócio-econômico e a elaboração de um plano
integrado da Bacia, de forma a preservar as áreas ainda intocadas
e revitalizar as degradadas, estabelecendo um sistema de
monitoramento. O projeto é financiado pela Agência Nacional
de Águas e terá o valor total de 523.345,00, sendo 94.281,00
de contrapartida dos órgãos proponentes. Atualmente o
projeto encontra-se em fase de diagnóstico (a primeira etapa
foi de sensibilização da comunidade por meio de cursos e
palestras). Encerrada essa fase, inicia-se a parte executiva, com
plantio de essências nativas e matas de topo, conservação de
estradas, construção de terraços e barraginhas e cercamento
de nascentes e matas ciliares. Para essa etapa, foram
adquiridos e estão armazenados no Cefet - BI, 3200 estacas,
320 esticadores, 90 rolos de arame farpado, 100 kg de pregos,
100 kg de isca formicida, 500 sacos de calcário, 24 toneladas
de superfosfato simples, 23 toneladas de adubo 30-00-10 e
03 toneladas. de FTE, para implantar o projeto sem ônus para
os produtores.
Diálogo entre ensino, pesquisa e extensão
GUIMARÃES, Edilene R.; VALENÇA, Marcos M.; FRUTUOSO, Maria N. M. de A.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco
O presente trabalho trata do relato de uma experiência
desenvolvida no curso tecnológico em Sistema de Gestão
Ambiental do Cefet - PE, cuja construção vem se dando desde
1998, de forma coletiva e colegiada. O curso tem uma proposta
interdisciplinar e tem como foco o diálogo entre as disciplinas
1
,
estabelecendo uma relação entre ensino, pesquisa e extensão.
No processo de construção da proposta pedagógica do curso,
atividades significativas vêm sendo realizadas e utilizadas para
reflexão da prática pedagógica na sala de aula
2
. Dentre as
atividades realizadas pelos alunos do curso destacamos o
diagnóstico de problemas ambientais com propostas de
intervenção em comunidades, trabalhos de extensão UniSol
3
,
produção de vídeos educativos sobre problemas ambientais,
pesquisas em campo com elaboração de trabalhos monográficos
de temas relevantes para a educação ambiental
4
. Elaborando
uma reflexão sobre a prática pedagógica desenvolvida no curso,
na qual, constatamos que os professores vêm buscando
alternativas para desenvolverem suas práticas de forma criativa
e inovadora. Este fato vem refletindo no desempenho dos
alunos. Estas ações inovadoras concretizam-se na capacidade
e disposição do professor em assumir um trabalho autônomo
e coletivo, propiciando o processo de produção do
conhecimento, que visa a formação da consciência crítica e
61
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
emancipatória dos futuros trabalhadores
5
. Os resultados das
monografias nos levam a constatar a riqueza de se realizar um
diálogo entre ensino, pesquisa e extensão. Com a experiência
vivenciada, concluímos que os centros de formação não devem
desassociar o ensino da pesquisa e da extensão. Limitar o espaço
ao ensino é dedicar-se unicamente à reprodução do
conhecimento. Limitar o espaço à pesquisa é negar o construído
socialmente. Limitar à extensão é arrisca-se numa prática
descontextualizada, sem funda-mentação teórica. Portanto, o
reproduzido deve andar de mãos dadas com o senso comum
para que o novo surja.
Referências:
1
FRUTUOSO, Maria Núbia Medeiros de Araújo. A
interdisciplinaridade no ensino fundamental: o trato com o
conhecimento de 1
a
a 4
a
série. Dissertação de Mestrado, Recife :
UFPE, 2002.
2
VALENÇA, Marcos Moraes. Escola: indústria cultural ou espaço
do prazer cultural?
Dissertação de Mestrado, Recife : UFPE,
2000.
3
SANTOS, Maria Gabriela dos. Meio Ambiente: Transversalidade
no Programa Universidade Solidária - Estudo de Caso no
Município de Gararu SE
. Monografia, Recife : CEFET-PE,
2004.
4
CUNHA, Agenor Luiz R. C. B. C. da. Educação Ambiental em
EJA: Estudo de Caso no Centro de Educação de Jovens e Adultos
CAIC de Peixinhos
Olinda-Pe. Monografia, CEFET-PE, 2004.
5
GUIMARÃES, E. R. A Formação técnica profissional: dos
ruídos do bate-estacas aos bytes da informática.  Estudo
sobre a reformulação curricular do ensino da ETFPE
. Dissertação
de Mestrado, Recife : UFPE, 1998.
Educação ambiental: a reflexão dos diversos
olhares voltados para a região de Xingó
VALENÇA, Marcos M.; FIGUEREDO, Maria E. A. de; FERRAZ, Elba M. N.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco
Este trabalho pretende relatar a experiência interdisciplinar
em educação ambiental realizada com professores e alunos de
diversos cursos do Centro Federal de Educação Tecnológica
de Pernambuco (Cefet PE) na região de Xingó (Sergipe e
Alagoas), com o objetivo de relacionar neste contexto a área
de conhecimento de cada um com os aspectos sócio-ambientais
identificados na Região, propiciando a ampliação da percepção
ambiental. Segundo LUCK a interdisciplinaridade se constitui
em um processo contínuo e interminável de elaboração do
62 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
conhecimento....(LUCK, 1994:67)
1
. Durante quatro dias, no
mês de dezembro de 2003, os alunos dos cursos técnicos de
Turismo, Saneamento Ambiental, Química Industrial e do
curso tecnológico em Sistema de Gestão Ambiental, orientados
por professores de diferentes áreas, realizaram atividades de
percepção ambiental da cidade de Piranhas, da usina hidrelétrica
de Xingó, do Museu Arqueológico, do Museu do Cangaço,
do Instituto Xingó e do rio São Francisco, bem como, da
população local. A avaliação das percepções e vivências foram
trabalhadas em três momentos: o primeiro, individualmente;
o segundo, em grupos divididos por cursos e o terceiro em
grupos com representantes de cada área do conhecimento.
Destacaram-se, como resultado da nossa avaliação, o
planejamento desenvolvido e a estratégia metodológica; e os
alunos ressaltaram a importância de se trabalhar em grupo de
forma interdisciplinar. Revela-se produção de conhecimento,
não mera transmissão (FREIRE, 1987)
2
. Houve constatação
de desigualdades sociais e econômicas e as relações, no modo
de produção e de vida da população, com os fatores ecológicos.
Destaca-se com esta experiência a ampliação da percepção
ambiental, de todo o grupo, com a aquisição de múltiplos
olhares. Assim, concorda-se com Guimarães ao ressaltar que:
... a tem o importante papel de fomentar a percepção da
necessária integração do ser humano com o meio ambiente.
Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico
na natureza, possibilitando, por meio de novos conhecimentos,
valores e atitudes, a inserção do educando e do educador como
cidadãos no processo de transformação do atual quadro
ambiental do nosso planeta (GUIMARÃES. 1995:15)
3
.
Referências:
1
LUCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos
teórico-metodológicos
. 2
a
ed. Petrópolis, RJ, Editora Vozes,
1994.
2
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 18
a
ed. Rio de Janeiro,
Editora Paz e Terra, 1987.
3
GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. 5
a
ed. Campinas, SP, Editora Papirus, 1995 (Coleção Magistério:
Formação e Trabalho Pedagógico)
Arquivo
63
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Utilização de resíduos da industrialização para
fabricação de blocos termo-acústicos.
SOUZA, Jozilene
1
Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima
Equipe de Pesquisa
2
: FILHO, Hermes B. M.; RIBEIRO, T. G. B.
No mundo de hoje, um dos maiores desafios existentes,
consiste na eliminação de resíduos, sejam eles provenientes de
industrias (resíduos de indústria alimentícia, resíduos de
indústrias madeireiras, escórias e os mais diversos tipos de
detritos decorrentes de processos industrias); ou ainda
domésticos (objetos de consumo, restos de alimentos,
embalagem, papelão etc).
A capacidade pertinente ao homem pela qual ele consegue
transformar matérias-primas encontradas na natureza em bens
consumo, gerando em contra-partida um aspecto bastante
negativo, do ponto de vista econômico-ambiental. Durante a
confecção destes bens de consumo formam-se quantidades
significantes de resíduos, que a primeira vista parecem ser
inúteis e que, com o tempo, acabam comprometendo o meio
ambiente.
Do ponto de vista empresarial, surge a necessidade de atender
as exigências de manejo e do gerenciamento adequado dos
resíduos sólidos que vem sendo exigidos, principalmente, nas
últimas duas décadas, pelas leis ambientais, pelos movimentos
ecológicos em todo o mundo e pelas tarifas ambientais que
vêm substituindo as convencionais, além de benefícios como
incentivos fiscais.
Com a finalidade de minimizar a quantidade de resíduo
proveniente das indústrias depositados na natureza e,
conseqüentemente, o impacto por ele gerado, muitos trabalhos
de pesquisa têm sido realizados buscando o aproveitamento
deste resíduo mediante a sua incorporação na confecção de
elementos utilizados na construção civil.
Diante da abundância desses resíduos em Roraima, surge a
necessidade de retirá-los do meio ambiente, visando amenizar
os impactos ambientais locais. Sendo esta escória de baixo
custo, torna-se este produto acessível para construção civil
na execução de: auditórios, danceterias, estúdios, salas de
reuniões, teatros, casas de bombas e habitações em geral, como
um produto isolante acústico.
Os objetivos gerais desta pesquisa são: caracterizar o rejeito
proveniente da industrialização de madeira e indústria
alimentícia e estudar a potencialidade de utilização deste rejeito
na fabricação de blocos termo-acústicos com e sem função
estrutural. Os objetivos específicos são: auxiliar o processo
1
NUPET (Núcleo de Pesquisa Tecnológica)
2
Gerência Educacional das Áreas
Geomática, Indústria e Construção Civil
(GEAGIC) / Cefet - RR
64 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Jardim contemplativo da Escola Agrotécnica
Federal de Barbacena
SOUZA, Marília M. de
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena / MG
Fotos: Marília Maia
de minimização dos efeitos deletérios ao meio ambiente
provocados pela deposição inadequada do resíduo sólido na
natureza; produzir novos materiais de construção,
especificamente blocos termo-acústicos, que apresentem
parâmetros de desempenho satisfatório às necessidades
humanas; auxiliar a indústria madeireira e arrozeira no sentido
de agregar valor aos rejeitos provenientes do processo de
produção e minimizar os efeitos ambientais oriundos da
industrialização.
Desde a construção do Aprendizado Agrícola, hoje, Escola
Agrotécnica Federal de Barbacena MG, foi feito o sistema
de terraços em curva de nível em toda a área frontal do prédio
principal, com o objetivo de conter a erosão. Sobre as
banquetas eram cultivados pomares cítricos. Com o passar do
tempo, essas áreas foram sofrendo modificações. Em 1974,
havia na primeira banqueta sete palmeiras, das quais cinco
foram eliminadas, devido ao fato de estarem obstruindo a bela
vista de veículos, foi construída uma rua paralela às banquetas
principais , permanecendo dois terraços (banquetas).
O processo acelerado do turismo, em nossa cidade, exigiu um
melhoramento estético que oferecesse aos funcionários, alunos
Fig. 1
65
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
e visitantes um ambiente contemplativo para apreciação e bem-
estar de todos , visto que a escola é um acervo turístico.
Considerando-se o relato acima, foi proposto um projeto
paisagístico com objetivo de melhorar a estética local, que é
um dos cartões postais da cidade.
Através de critérios técnicos, avaliou-se a rusticidade e
condições inóspitas do local, tais como: insolação, declividade,
permeabilidade do solo etc, bem como a escolha da vegetação
para compor o conjunto paisagístico.
O projeto se compõe de estudos preliminares para a
caracterização da área, de um memorial descritivo informando
sobre as plantas, de técnicas de implantação e manutenção e
de um projeto arquitetônico.
Em razão da composição paisagística ser de estilo formal, na
primeira banqueta (Fig. 1), fizeram-se dois grandes canteiros,
onde foram plantados pingo de ouro (Duranta repens) e ligustro
(Ligustrum japonicum), podados em bola; bromélias (Vriesea
imperialis, Aechmea blanchetiana); agave dragão (Agave attenuada);
cica (Cycas circinalis) e, no contorno utilizou-se verbena (Verbena
Hybrida Voss). Construiu-se um caminho sinuoso de brita 01,
com uma fonte de cimento no centro e, em torno da mesma,
plantas de lavanda (Lavandula augustifolia). Na segunda banqueta
(Fig. 2), confeccionaram-se dois canteiros contornados de
pedras marroadas, onde plantaram sálvia (Salvia splendens) e
cinerária prata (Senecio cinerária), em associação, utilizaram-se
maciços com estrelitzia (Strelitzia reginae), bananeira de jardim
(Ensete ventricosum) e agave (Agave attenuada). Construiu-se um
mirante em forma de octógono, de piso de granitina com
bolachas de madeira e ornamentado com bancos rústicos em
harmonia com estilo do jardim.
Referências:
Lorenzi, H & de Suza, H.M.
Plantas Ornamentais no Brasil,
Arbustivas, Herbáceas e Trepadeiras
. 3ª. Ed. Nova Odessa,
SP. Instituto Plantarum, 2001.
Fig. 2
66 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Fotos: Arquivo
Diagnóstico da geração e gestão dos
resíduos de construção e demolição
CABRAL, Antonio E. B.; SCHALCH, Valdir
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
A geração de resíduos de construção e demolição (RCD) é
uma preocupação mundial
1-3
. Como em todo processo
industrial, o uso dos insumos da indústria da construção civil
gera resíduos que necessitam de locais apropriados para serem
dispostos
4
. Foram aplicados questionários no órgão da
prefeitura responsável pela coleta e disposição final desses
resíduos e em uma empresa de porte que explora 20%
5
do
mercado de coleta de entulho, nos quais foram obtidos dados
sobre a geração e a gestão desses resíduos. De acordo com os
dados coletados, a cidade de Fortaleza gera aproximadamente
767 toneladas de RCD/dia, valor aquém dos indicadores
encontrados na literatura para cidades brasileiras de porte
similar. Isso pode ser justificado pela ausência de informações
confiáveis por parte da administração do município e da
empresa entrevistada. A geração de RCD corresponde a 56%
do total de resíduos sólidos urbanos (RSU) coletados na
cidade com um gasto aproximado de 3,4 milhões de reais anuais
no gerenciamento dos mesmos. Esse valor, somado aos gastos
com resíduos coletados pelas empresas privadas que exploram
67
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Agradecimentos:
Agradecemos à CAPES e ao Cefet - CE, que
financiaram nosso estágio doutoral através
de Bolsa de Estudo pelo PQI 106/2003.
esse mercado, chega a 4,6 milhões de reais anuais. Tanto na
empresa coletora de RCD quanto no órgão da prefeitura
responsável pela coleta e disposição final desses resíduos. Os
entrevistados declararam desconhecimento da resolução 307
do Conama , ou seja, não se tem nenhuma medida direta por
parte da administração municipal nem das empresas para se
enquadrarem às diretrizes propostas pela Resolução.
Referências:
1
DE SOUZA, P. C.; CARNEIRO, F. P.; MONTEIRO, E. C.
B.; BARKOÉBAS JR, B.
Identificação da atual situação
ambiental dos resíduos de construção e demolição na Região
Metropolitana do Recife
. In: VI Seminário Desenvolvimento
Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. Anais. São
Paulo, IBRACON, CT-206, 2003.
2
DIJK, K.; BOEDIANTO, P.; DORSTHORST, B. J. H.;
KOWALCZYK, T.
Strategy for reuse of construction and
demolition waste role of authorities
. Heron, v. 46, N.2, p.
89-94, 2001.
3
FATTA, D., PAPADOPOULOS, A., AVRAMIKOS, E.,
SGOUROU, E., MOUSTAKAS, K., KOURMOUSSIS, F.,
MENTZIS, A., LOIZIDOU, M.
Generation and management
of construction and demolition waste in Greece
an existing
challenge.
Resources, Conservation and Recycling, v.40, p. 81-91, 2003.
4
PINTO, T. P. Metodologia para gestão diferenciada de
resíduos sólidos da construção urbana
. São Paulo-SP, 1999.
203 p. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo.
5
Informação dada pelo entrevistado.
68 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Tecnologias sustentáveis para a construção civil -
uso de resíduos agroindustriais
ANJOS, Marcos A. S. dos
Escola Técnica Federal de Palmas / TO
A Construção Sustentável é um sistema construtivo que
procura diminuir o impacto das edificações em relação ao meio-
ambiente e seus usuários, através do uso de materiais de baixo
impacto ambiental durante o processo de fabricação. Utilizam
tecnologias inteligentes para uso racional de recursos naturais,
como a água e a energia elétrica, além da diminuição da poluição
e conforto no ambiente construído.
A construção civil é responsável por grandes impactos
ambientais, tanto na produção de seus materiais através da
Figura 1 Comportamento dos fibrocimentos reforçados com
diferentes teores de polpa de bambu
Fotos: Arquivo
69
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Figura 2 Comparação entre as propriedades dos fibrocimentos
comerciais
1
e o CPC8 R20
extração de recursos naturais como na geração de poluição para a
fabricação de produtos como o cimento, a cal, o aço, os
fibrocimentos, entre outros. Os fibrocimentos mais utilizados
na construção são os reforçados por amianto, que além de
provocarem grande extração de matéria-prima são causadores de
doenças como câncer e fibrose pulmonar.
O desenvolvimento de fibrocimentos sem a presença de amianto
é de grande importância para construção. Fibras vegetais
reforçando matrizes frágeis à base de cimento com substituição
parcial por resíduos pozolânicos são de grande interesse nos países
em desenvolvimento, em função de seu baixo custo, grande
disponibilidade e economia de energia.
O presente trabalho mostra os resultados de um trabalho
experimental que procurou desenvolver fibrocimentos isentos de
amianto e com menores teores de cimento.
Este trabalho utilizou matriz cimentícia com substituição parcial
de 20% da massa do cimento por material pozolânico proveniente
do resíduo da industria cerâmica do estado da Paraíba.
A fibra vegetal utilizada para reforço da matriz foi a polpa celulósica
de bambu proveniente de fábrica de papel, localizada no estado do
Maranhão.
Os resultados mostram que a inclusão das polpas celulósica (CP)
promove excelente ductilidade ao material (Figura 1). A Figura
2 mostra que o fibrocimento reforçado com 8% de polpa e com
substituição parcial do cimento (CPC8 R20) apresenta
desempenho superior a maioria dos fibrocimentos comerciais que
utilizam fibras celulósicas.
Os fibrocimentos com substituição de cimento por resíduos
pozolânicos, apresentaram melhores desempenhos nos ensaios de
flexão e a absorção (ABS) que os resultados apresentados para as
chapas comerciais
1
. As propriedades desses compósitos devem
ser determinadas a maiores idades.
Referência:
1
TÉCHNE 79, Chapas cimentícias são alternativa rápida para uso
interno ou externo, p. 62-66, 2003.
70 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
CONTATOS
Contatos
BA
GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
ESCOLAS AGROTÉCNICAS
Kelma M. N.Vitorino
Clêidida B. de Carvalho
Noely M. Ferreira
Caio M. M. de Souza
Aécio José A. P. Duarte
Railton C. A. Duarte
Márcio T. Almeida
Antonio S. Silva
Francisco Harley O. Mendonça*
Marcos Antônio M. de Brito
INTERFERÊNCIA GEOFÍSICA NA CULTURA CORPORAL
HUMANA: REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL NA AGROPECUÁRIA
Bartolomeu L. de Barros Jr.*
Lílian Regina M.
Bartilotti
Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim
Estrada de Igara, Km 04- Zona Rural
Senhor do Bonfim -BA CEP: 48970-000
Telefone: 74 541-3676
Fax: 74 541-3676
CE
DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO E GESTÃO DOS RESÍDUOS
DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Antonio Eduardo B. Cabral
Valdir Schalch
ESTUDO COMPARATIVO DA QUALIDADE SANITÁRIA DE
DUAS LAGOAS COSTEIRAS EM PARAIPABA
Cláudio Ricardo Gomes de Lima
Francisco Suetônio Bastos Mota
Raimundo Bemvindo Gomes
O PROGRAMA SELO MUNICÍPIO VERDE FOMENTA A
GESTÃO AMBIENTAL NO CEARÁ
Geórgia Patrício Pessoa
Nájila Rejanne A. J.Cabral
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
Av. 13 de Maio, 2081- Benfica
Fortaleza - CE CEP: 60040-531
Telefone: 85 288-3666/288-3676/288-3675
Fax: 85 288-3711
E-mail: [email protected] Home Page: www.cefetce.br
MG
PROJETO PILOTO DA SUB-BACIA DO RIO BAMBUÍ:
PRESERVAÇÃO, REVITALIZAÇÃO E MONITORAMENTO
DAS CABECEIRAS DO RIO
José Aparecida Bahia
Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí
Fazenda Varginha, Km 5, Estrada Bambuí/Medeiros- Zona Rural
Bambuí - MG CEP: 38900-000 Cx Postal 05
Telefone: 37 3431-4900
Fax: 37 3431-4954
Home Page: www.cefetbambui.edu.br
FLEBOTOMÍNEOS DAS ÁREAS DE IMPLANTAÇÃO DAS
USINAS HIDRELÉTRICAS CAPIM BRANCO I E II, NA BACIA
DO RIO ARAGUARI NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA
Jureth Couto Lemos*
Samuel do Carmo Lima
Jaqueline Aida Ferrete
Baltazar Casagrande
Kênia Rezende
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Uberlândia -MG CEP: 38400-902
Telefone: 34 3218-2318
Fax: 34 3218-2410
E-mail: [email protected] Home Page: www.ufu.br/estes/
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE METAIS
PESADOS EM CULTIVO PROTEGIDO DE ROSEIRAS
Amarílio Augusto de Paula
JARDIM CONTEMPLATIVO DA ESCOLA AGROTÉCNCIA
FEDERAL DE BARBACENA
Marília Maia de Souza
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena
Rua Monsenhor José Augusto, 2004- São José
Barbacena - MG CEP: 36205-018
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PE
DIÁLOGO ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Edilene Rocha Guimarães
*
Marcos Moraes Valença
Maria Núbia Medeiros de Araújo Frutuoso
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A REFLEXÃO DOS DIVERSOS
OLHARES VOLTADOS PARA A REGIÃO DE XINGÓ
Marcos Moraes Valença*
Maria Elizabete Alves de Figueredo
Elba Maria Nogueira Ferraz
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Recife - PE CEP: 50740-540
Telefone: 81 21251610
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PR
METODOLOGIA SISTÊMICA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO
AMBIENTAL DE MINERADORAS
Analisa de Oliveira
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ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) POR
ZONA DE RAÍZES
Eloy Fassi Casagrande Jr.*
Tamara Simone Van Kaick
Rosélis Augusta de Oliveira Presznhuk
71
CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
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Curitiba - PR CEP: 80230-901
Telefone: 41 310-4545
Fax: 41 310-4432
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RJ
ENERGIA E MEIO AMBIENTE: CONSTRUINDO A PRÓPRIA
CONSCIENTIZAÇÃO
Regina C.
Viegas
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SABÃO ECOLÓGICO
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RN
A BALNEABILIDADE DAS PRAIAS DA GRANDE NATAL
André Luis Calado Araújo*
Andréa Lessa da Fonseca
Luiz Eduardo Lima de Melo
Milton Bezerra do Vale
Ronaldo Fernandes Diniz
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RR
DIVERSIDADE DO HABITAT DO IGARAPÉ PRICUMÃ
Eliana Fernandes Furtado
UTILIZAÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO PARA FABRICAÇÃO
DE BLOCO TERMO-ACÚSTICOS
Jozilene Souza
Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima
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RS
EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DA REDE
PÚBLICA
Lúcia Maria Blois Villela*
Endrigo Pino Pereira Lima**
Bianca Nunes Cazare
Maria Paula Panazzolo Sarmento
Shirley Grazieli da Silva Nascimento
Gabriel Rockenbach de Almeida
DESTINAÇÃO FINAL DE PNEUS EM PELOTAS
Ricardo Pereira Costa*
Fernando R. Guimarães
Liziane de M. Vieira
Marisa Helena G. de Moura
Rose Beatriz Beheling Schumacher
REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA DE LAVAGEM DE
FILTROS DA ETA SANTA BÁRBARA
Jailson M. Lima*
Ricardo P. Costa
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Pelotas - RS CEP: 96015-360
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SC
PROJETO LAGOA RECICLA
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SP
ESCASSEZ DE ÁGUA DOCE PREOCUPA AUTORIDADES
Rosana Camargo
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Rua Pedro Vicente, 625 - Canindé
São Paulo - SP CEP: 01109-010
Telefone: 11 3328-0563 / 3227-2784
Fax: 11 3229-3650
E-mail: [email protected] Home Page: www.cefetsp.br
TO
TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS PARA A CONSTRUÇÃO
CIVIL USO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS
Marcos A. Soares dos Anjos
Escola Técnica Federal de Palmas
AE 310 SUL, AV NS 10, S/N, Centro
Palmas -TO CEP: 77021-090
Telefone: 63 225-1205
Fax: 63 225-1309
E-mail: [email protected].br Home Page: www.etfto.gov.br
72 CADERNOS TEMÁTICOS 1 NOV. 2004
FOCOFoco
Rodrigo Farhat
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