clínico pouco, por que o que é que acontece? É o volume de pacientes que é muito. Entendeu?
Eles hoje têm torno de 10 cirurgias, já teve época que tinham 13 cirurgias por semana, Então
você tem que ter aquele esquema: você vai naquele dia, num dia tem o que tá internado, o que
internou hoje, os dois que vão operar no dia seguinte, tem os que estão operados de um dia, de
dois dias, de três dias, os que estão na UTI... Você está entendendo? Você vai ter os que estão
em momentos diferentes da trajetória cirúrgica. Como eles ficam em torno de dez dias, então
vão cruzando os pacientes. Então, você vai agora, vão ter o que tem três dias de operado,
quatro dias de operado, outro tá na UTI, outro tá na enfermaria, o outro vai sair de alta hoje, o
outro está internando, então fica em torno de dez pacientes por dia para ver. Tinha épocas que
era mais! Porque teve períodos que eles operavam três por dia, três cirurgias por dia. Então
eles têm um ritmo muito grande de cirurgia, e isso é toda semana! E como é o único serviço
que opera, porque eles operam aqui, é a mesma equipe que opera aqui e opera lá no S.L.,
agora eles têm o H.do C., três lugares, mas é a mesma equipe. Então é um número muito
grande! Para você ver, nós estamos em março. Se for pegar lá a lista de cirurgia, é para
agosto, setembro, tudo gente marcada. É nesse ritmo, e quando eles passam dois dias que não
operam, aí a lista, você sabe como é, vai ter gente que vai morrer antes de chegar, porque não
vai dar tempo. Gente que já está descompensada, que precisa entrar.
C – Enquanto eles esperam, ele vêm, têm acompanhamento com você?
S – Não, porque eles ficam, assim, alguns têm um médico assistente que é do serviço. Por
exemplo, eles fazem consulta no ambulatório, o médico assistente dele daí. Muitos não são,
são de outros hospitais, outros são de outras cidades, que operam aqui, até de outro estado.
Então não tem. E em relação à cirurgia, essa é a rotina de cirurgias comuns, e existe a questão
do transplante, também, que são bem menos cirurgias, mas, quando tem, envolve muita coisa,
que é a questão do paciente que vai entrar no programa do transplante, que aí eu já começo a
entrar em contato com ele desde o início, quando ele está na fase de avaliação, para ver se vai
entrar ou não no programa. Quando ele entra, a gente fica acompanhando, acompanhamento
ambulatorial, porque quando ele não está internado, fica tendo acompanhamento enquanto ele
está aguardando, está na lista de espera. Aí, vez por outra, ele descompensa, ou precisa fazer
um exame, aí ele interna, aí eu acompanho, e vai. E quando tem o transplante, aí também é
muito trabalho, fica muito tempo internado, muito tempo na UTI, então eu já acompanhei uns
quatro, cinco transplantes aqui, também já envolve muita demanda de dedicação, de ficar... E
com relação às cirurgias, é assim: todas as faixas etárias, então, tem bebê que vem da
maternidade, que a mãe ainda não saiu de alta, já vem para cá para fazer cirurgia, depois que
fazem uma avaliação, para saber o diagnóstico, e, às vezes, opera, com poucos dias de vida. E
tem pessoas de 80, 80 e poucos anos que operam. Então é nessa faixa etária: de zero a oitenta
anos, pelos menos, nesse universo, faz parte desse universo de cirurgia, então, já tem aquela
questão que, embora um grupo homogêneo, quer dizer, todos com problema cardíaco, você
vai ter diferença da fase de desenvolvimento, e da implicação que vai ter para aquela pessoa,
dependendo da fase que ela está vivendo, ter se tornado um cardiopata. São situações
diferentes, que requerem uma abordagem diferente.
C – E sua rotina diária, você chega e passa nas enfermarias e na UTI, faz parte da rotina?
S – É , eu, como desde o início, eu já entrei com essa demanda de acompanhar o paciente de
cirurgia, então não funciona como alguns psicólogos de outros hospitais, esperar a solicitação
de avaliação. Então, eu, de rotina, tenho a obrigação de ver os pacientes cirúrgicos, então eu
vou, vejo lá qual o programa da semana, “quem internou hoje para operar?” Então o médico
não coloca a solicitação: “solicito avaliação”. Não, a não ser quando é o paciente de tórax,