27
gênero do discurso ou gênero textual, partindo da mais simples (qualquer ato de fala, como
um simples cumprimento: Bom dia!) chegando à mais complexa (uma exposição de fatos ou
de argumentos, por exemplo) e, dentro de cada uma dessas ações, encontrar-se-ia um tipo ou
encontrar-se-iam vários tipos textuais: uma injunção (o cumprimento), uma descrição, uma
narração, etc.
Para tornar essas diferenças mais visíveis, Marcuschi (2005, p. 23) expõe o seguinte
quadro:
TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS
1. constructos teóricos definidos por
propriedades lingüísticas intrínsecas;
1. realizações lingüísticas concretas
definidas por propriedades sócio-
comunicativas;
2. constituem seqüências lingüísticas
ou seqüências de enunciados no
interior dos gêneros e não são textos
empíricos;
2. constituem textos empiricamente
realizados cumprindo funções em
situações comunicativas;
3. sua nomeação abrange um conjunto
limitado de categorias teóricas
determinadas por aspectos lexicais,
sintáticos, relações lógicas, tempo
verbal;
3. sua nomeação abrange um conjunto
aberto e praticamente ilimitado de
designações concretas determinadas
pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função;
4. designações teóricas dos tipos:
narração, argumentação, descrição,
injunção e exposição
4. exemplos de gêneros: telefonema,
sermão, carta comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, aula expositiva,
reunião de condomínio, horóscopo,
receita culinária, bula de remédio,
lista de compras, cardápio, instruções
de uso, outdoor, inquérito policial,
resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência,
carta eletrônica, bate-papo virtual,
aulas virtuais, etc.
Tomando-se por base as considerações de Bakhtin e de Marcuschi, poder-se-ia dizer
que o roteiro de cinema, nosso gênero-alvo, é um gênero textual com uma função determinada
(a preparação de falas de personagens, cenas, cenários e música) para um canal determinado
(o cinema), no qual se podem abrigar simultaneamente diversos gêneros textuais (em sua