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O tempo da busca, livro de estréia de Carlos Pena Filho, data de 1952
(Edições Região), seguindo-se Memórias do boi Serapião
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, em 1956 (Recife;
Gráfico Amador
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); em 1958, A vertigem lúcida lhe conferiu o prêmio “Vânia Souto
Carvalho” pela Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco e, em 1959,
publica o Livro Geral. Neste último, uma edição da Livraria São José, Rio de
Janeiro, ele reuniu toda a sua obra: os livros anteriormente publicados e mais
“Nordesterro”, “Cinco Aparições”, “Dez Sonetos Escuros”, “Poemas sem data” e
“Guia Prático da Cidade de Recife”. O poema em estudo, Memórias do boi
Serapião
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, seu segundo livro, compõe o “Nordesterro”.
Quase quarenta anos após a 1ª publicação, 1999, e há muito esgotada,
Livro Geral teve sua 2ª edição organizada pela viúva Tânia Carneiro Leão sendo
mais uma prova de que a poesia de Carlos Pena Filho não se calou: versos citados
de cor tornaram-se filme nas mãos do cineasta Cláudio Assis, em Soneto do
desmantelo blue, e música, nas cordas de Antônio Madureira, em Opereta do
Recife.
Tânia Carneiro Leão, hoje artista plástica radicada em Olinda (PE), em
entrevista concedida para a realização deste trabalho (2003), afirmou que à
seleção de textos escolhidos para a reedição, acrescentou depoimentos de Jorge
Amado, Manuel Bandeira e Gilberto Freire além de sete poemas inéditos, em livro.
Esses depoimentos foram reunidos por Edilberto Coutinho em O livro de Carlos,
publicado em 1983.
É através desse trabalho, O livro de Carlos, que Coutinho (1983) restitui e
recria a figura do amigo Carlos Pena Filho, situando sua obra como retrato da
época e da cidade, Recife. Outras vozes – João Cabral de Melo Neto, Jorge
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Por ocasião de minha visita à cidade de Recife (2003) para realização da pesquisa, recebi do poeta e amigo de
Carlos Pena Filho, Eduardo Diógenes, a cópia do poema Memórias do boi Serapião, 1955. Nesse exemplar,
assinado por Carlos Pena Filho, consta a tiragem ser de 140 exemplares, numerados, assinados pelo autor e
pelo ilustrador Aloísio Magalhães. Este é de número 25. Há uma nota informando: “Acabou-se de imprimir em
26 de novembro de 1955.”
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Gráfico Amador era um grupo de intelectuais formado por poetas, escritores, artistas plásticos e arquitetos,
dirigido na época da edição do poema pelo designer e arquiteto Aloísio Magalhães.
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Importante informar que a tiragem de 140 exemplares (1955) apresenta o poema com 30 estrofes. Nas demais
publicações, inclusive a de análise, o número de estrofes é 29. Tal ocorrência despertou surpresa nos jornalistas
de o Jornal do Commércio (alguns trabalharam com o poeta), em 2006, quando confrontei várias publicações e
lhes perguntei. Opinaram, apenas: “…conhecendo Carlos Pena, ele deve ter decidido por isso”.