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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
BENEFICIAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE
RESÍDUOS GERADOS NA PRODUÇÃO DE BLOCOS
CERÂMICOS VISANDO À APLICAÇÃO COMO
ADIÇÃO POZOLÂNICA
Igor Soares Pinheiro
Belo Horizonte
2008
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Igor Soares Pinheiro
BENEFICIAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE
RESÍDUOS GERADOS NA PRODUÇÃO DE BLOCOS
CERÂMICOS VISANDO À APLICAÇÃO COMO
ADIÇÃO POZOLÂNICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Construção Civil da Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Construção
Civil.
Área de concentração: Materiais de Construção
Civil.
Linha de pesquisa: Resíduos como Materiais
de Construção Civil.
Orientadora: Profª. Drª. Adriana Guerra Gumieri
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2008
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Pinheiro, Igor Soares
P654b Beneficiamento e caracterização de resíduos gerados na produção de
blocos cerâmicos visando à aplicação como adição pozolânica.
[manuscrito] - MG / Igor Soares Pinheiro. – 2008.
152p., enc. : il.
Orientador: Adriana Guerra Gumieri
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Engenharia.
Inclui bibliografia
1. Cerâmica (tecnologia) - Teses. 2. Engenharia Civil – Teses. I.
Gumieri, Adriana Guerra. II. Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Engenharia III. Título.
CDU: 666.3.7:624
iii
A Deus e a São Judas Tadeu,
por me manterem no caminho.
Aos meus pais, Jandyra e José,
pelo amor eterno, carinho e dedicação.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as oportunidade que me concede diariamente,
permitindo que eu trilhasse o caminho que me trouxe até aqui.
Aos meus pais, Jandyra e José, por sempre acreditarem na educação
como elemento de transformação, furtando-se de uma vida mais
tranqüila e confortável, não medindo esforços para propiciar toda a
ajuda necessária para a minha formação moral e acadêmica.
Obrigado, sem vocês seria impossível.
Aos meus irmãos, Tarsus e Thiago, por acreditarem em mim, sempre
apoiando e incentivando meus sonhos e projetos.
A Mariana, minha esposa, que sempre está ao meu lado, aturando
meus momentos de mau humor e descrença na vida.
A minha orientadora, Prof.ª Adriana Gumieri, pela atenção e ajuda
dispensada ao longo destes 2 anos, sempre acompanhando e
contribuindo com seus conhecimentos para o engrandecimento da
pesquisa.
Aos professores e servidores do Departamento de Engenharia de
Minas, em especial aos Professores Luiz Cláudio Monteiro
Montenegro e Paulo Roberto Gomes Brandão, e aos servidores
Alberto e Isabel, pela cooperação, orientação e ajuda durante os
ensaios de caracterização das amostras.
Ao Prof. Wander Luiz Vasconcelos, do Departamento de Engenharia
Metalúrgica e de materiais, pelo auxilio e orientação durante os
ensaios para determinação da área superficial específica.
Aos professores e servidores do Departamento de Engenharia de
Materiais e Construção, que de alguma forma contribuíram para a
conclusão deste trabalho.
v
Aos meus colegas e amigos da Procuradoria da República em Minas
Gerais, pela compreensão e apoio durante este período.
A todos aqueles que vencem pelo esforço e que nunca desistem de
aprender e de lutar por uma sociedade mais justa, mesmo diante das
mazelas sociais do nosso país.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................. XII
LISTA DE UNIDADES ............................................................................................XIV
RESUMO..................................................................................................................XV
ABSTRACT.............................................................................................................XVI
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................17
1.1. IMPORTÂNCIA DO TEMA .........................................................................20
1.2. OBJETIVOS....................................................................................................21
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO..................................................................22
2. MATERIAIS POZOLÂNICOS.........................................................................24
2.1. POZOLANAS NATURAIS ..............................................................................28
2.1.1. Vidros Vulcânicos ............................................................................................. 30
2.1.2. Tufos Vulcânicos............................................................................................... 31
2.1.3. Sílicas Opalinas e Terras Diatomáceas............................................................ 31
2.2. POZOLANAS ARTIFICIAIS............................................................................32
2.2.1. Argilas Calcinadas e Metacaulim ..................................................................... 32
2.2.2. Cinzas Volantes................................................................................................. 34
2.2.3. Sílica Ativa ......................................................................................................... 36
2.2.4. Escória de Alto-Forno ....................................................................................... 38
3. CARACTERÍSTICAS E EFEITOS DAS ADIÇÕES POZOLÂNICAS SOBRE
AS PROPRIEDADES DO CIMENTO PORTLAND ...................................................41
3.1. CIMENTO PORTLAND ...................................................................................41
3.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATIVIDADE POZOLÂNICA...........................43
3.3. CIMENTO PORTLAND E CONCRETO COM ADIÇÕES POZOLÂNICAS.....45
3.4. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE ADIÇÕES DE CERÂMICA
VERMELHA MOÍDA ..............................................................................................54
4. CERÂMICA VERMELHA ...............................................................................57
4.1. INDÚSTRIA CERÂMICA.................................................................................57
vii
4.2 MATÉRIAS-PRIMAS DA CERÂMICA VERMELHA ........................................59
5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS E RESULTADOS.............................68
5.1 VISITA À OLARIA E AMOSTRAGEM.............................................................68
5.2. RESÍDUOS CERÂMICOS...............................................................................69
5.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS BLOCOS CERÂMICOS .........................70
5.4 MOAGEM DOS RESÍDUOS ............................................................................77
5.5 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO................................................................86
5.5.1 Granulometria por elutriação (Cyclosizer Warman)......................................... 87
5.5.2 Granulometria a Laser........................................................................................ 89
Considerações Sobre os Ensaios de Granulometria................................................ 94
5.5.3 Densidade (Picnômetro a Gás).......................................................................... 94
5.5.4 Área Superficial Específica................................................................................ 95
5.5.5 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X .................................................. 97
5.5.6 Difração de Raios-X............................................................................................ 98
5.5.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Microanálise (EDS)............... 100
5.5.8 Índice de Atividade Pozolânica com Cimento Portland................................. 112
5.5.9 Índice de Atividade Pozolânica em Cimento Portland Pozolânico ............... 115
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................118
7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ..........................................121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................122
ANEXOS .................................................................................................................133
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Pantheon Romano...........................................................................24
Figura 2.2 - Partícula esférica de cinzas volantes .............................................35
Figura 2.3 - Partículas cenosféricas de cinzas volantes...................................35
Figura 3.1 – Hidróxido de cálcio X cura..............................................................47
Figura 3.2 – Expansão (%) X cura .......................................................................49
Figura 3.3 – Calor de hidratação X % de material pozolânico ..........................51
Figura 3.4 – Resistência à compressão até 28 dias ..........................................51
Figura 3.5 – Resistência à compressão até 1 ano .............................................52
Figura 3.6 – Retração por secagem X tempo.....................................................53
Figura 4.1 – Diagrama das estruturas da caulinita e serpentine......................62
Figura 4.2 – Diagrama das estruturas da montmorilonita e saponita..............63
Figura 4.3 – Diagramas das estruturas da muscovita e ilita e vermiculita.....63
Figura 4.4 – Diagramas das estruturas da haloisita hidratada e não-hidratada
...............................................................................................................................64
Figura 4.5 – Caulinita de origem inglesa - 17 µm...............................................65
Figura 4.6 - Haloisita de origem americana - 2 µm. ...........................................65
Figura 4.7 - Ilita de origem americana – 7,5 µm. ................................................66
Figura 5.1 – Bloco estrutural ...............................................................................69
Figura 5.2 – Vista superior do forno ...................................................................74
Figura 5.3 – Vista superior de uma janela de alimentação ...............................74
Figura 5.4 – Esquema de forno Hoffman – vista superior ................................76
Figura 5.5 – Esquema de forno Hoffman – corte AA.........................................76
Figura 5.6 – Esquema de funcionamento de forno contínuo ...........................76
Figura 5.7– Bloco cerâmico triturado manualmente .........................................77
Figura 5.8 – Moinho utilizado na 1ª tentativa .....................................................78
Figura 5.9 – Amostra após a 1ª tentativa de moagem.......................................79
ix
Figura 5.10 – Britador de mandíbulas.................................................................80
Figura 5.11 – Amostra britada.............................................................................81
Figura 5.12 - Granulometria de entrada no moinho (bloco de vedação) .........82
Figura 5.13 - Granulometria de entrada no moinho (bloco estrutural) ............83
Figura 5.14 – Amostra de vedação após a moagem.........................................85
Figura 5.15 – Amostra estrutural após a moagem.............................................85
Figura 5.16 – Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação) ...92
Figura 5.17 –Granulometria a laser - (lente = 50 mm – bloco de vedação) .....92
Figura 5.18 - Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação) .....93
Figura 5.19 - Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação) .....93
Figura 5.20 – Espectro de difração (bloco de vedação)....................................99
Figura 5.21 – Espectro de difração (bloco estrutural).......................................99
Figura 5.22 – Metalizador...................................................................................101
Figura 5.23 – Porta amostra do metalizador ....................................................101
Figura 5.24 – MEV e EDS ...................................................................................102
Figura 5.25 – Amostra de bloco de vedação (75 X) .........................................103
Figura 5.26 – Amostra de bloco de vedação (1500 X) .....................................104
Figura 5.27 – Amostra de bloco de vedação (1500 X) .....................................104
Figura 5.28 – Bloco de vedação (5000 X) .........................................................106
Figura 5.29 – Bloco de vedação (7500 X) .........................................................107
Figura 5.30 – Bloco estrutural (75 X) ................................................................108
Figura 5.31 – Bloco estrutural (1000 X) ............................................................108
Figura 5.32 – Bloco estrutural (1000 X) ............................................................109
Figura 5.33 – Bloco estrutural (5000 X) ............................................................111
Figura 5.34 – Bloco estrutural (7500 X) ............................................................112
Figura 5.35 – Amostra de bloco de vedação....................................................116
Figura 5.36 - Amostra de bloco estrutural........................................................117
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Exigências químicas........................................................................26
Tabela 2.2 - Exigências físicas ............................................................................26
Tabela 2.3 - Exemplos de pozolanas ..................................................................28
Tabela 2.4 - Composição química de pozolanas naturais ................................29
Tabela 2.5 - Composição mineralógica de pozolanas naturais........................30
Tabela 2.6 - Composição química das cinzas volantes ....................................36
Tabela 2.7 - Composição química da escória de alto-forno moída..................39
Tabela 3.1 – Abreviação dos compostos do clínquer .......................................42
Tabela 3.2 - Penetração de água em pastas de cimento Portland e pozolana 47
Tabela 3.3 - Expansão de corpos-de-prova imersos em sulfatos (solução 10%
Na
2
SO
4
)..................................................................................................................53
Tabela 3.4 - Perda de resistência à compressão (solução 4% Na
2
SO
4
)...........54
Tabela 3.5 - Propriedades físico-químicas.........................................................55
Tabela 3.6 - Atividade pozolânica com CP II F 32 após 28 dias de cura..........55
Tabela 3.7 - Hidróxido de cálcio presente na pasta após 28 dias de cura ......56
Tabela 3.8 - Resistência à compressão simples (MPa).....................................56
Tabela 4.1 - Cerâmica vermelha no Brasil (ano 2003) .......................................58
Tabela 4.2 – Cerâmica no Brasil..........................................................................58
Tabela 5.1 - Composição química de uma lama de alto-forno .........................71
Tabela 5.2 - Resultado do peneiramento da 1ª tentativa de moagem..............79
Tabela 5.3 - Granulometria após britagem (bloco de vedação).......................81
Tabela 5.4 - Granulometria após britagem (bloco estrutural)...........................82
Tabela 5.5 - Percentual retido acumulado após 2ª tentativa de moagem........84
Tabela 5.6 - Fatores de correção.........................................................................88
Tabela 5.7 - Granulometria por elutriação (vedação) ........................................89
Tabela 5.8 - Granulometria por elutriação (estrutural)......................................89
xi
Tabela 5.9 - Granulometria a laser ......................................................................91
Tabela 5.10 – Análise química geral (bloco de vedação)................................105
Tabela 5.11 – Análise química pontual (bloco de vedação)............................105
Tabela 5.12 – Análise química geral (bloco estrutural)...................................109
Tabela 5.13 – Análise química pontual (bloco estrutural)...............................110
Tabela 5.14 – Cimento Portland CP V – ARI.....................................................113
Tabela 5.15 – Índice de consistência................................................................114
Tabela 5.16 – Índice de pozolanicidade............................................................115
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABC Associação Brasileira de Cerâmica
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANICER Associação Nacional da Indústria Cerâmica
ARI Alta Resistência Inicial
ASE Área Superficial Específica
BET Brunauer, Emmett e Teller
C
2
S Silicato Dicálcico
C
3
A Aluminato Tricálcico
C
3
S Silicato tricálcico
C
4
AF Ferroaluminato Tetracálcico
CAD concreto de alto desempenho
CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CH Cristais de Hidróxido de Cálcio
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CP Cimento Portland
C-S-H Silicatos de cálcio hidratado
CST Companhia Siderúrgica de Tubarão
DRX Difração de raios-X
EDS Energy-Dispersive Spectrometer
FRX Espectrometria de Fluorescência de Raios-X
IAP Índice de Atividade Pozolânica
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
IBS Instituto Brasileiro de Siderurgia
MC Metacaulim
MCAR Metacaulim de Alta Reatividade
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
MMA Ministério do Meio Ambiente
NBR Norma Brasileira Registrada
ONU Organização das Nações Unidas
PIB Produto Interno Bruto
PNUMA Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente
RCD Resíduos de Construção e Demolição
TM Tijolo Moído
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UMA Universidade Livre da Mata Atlântica
UN United Nations (Organização das Nações Unidas)
xiv
LISTA DE UNIDADES
# mesh (malha de peneira)
µm micrometro
Å Ångström
kgf/cm² quilograma força por centímetro quadrado
Mega 1 x 10
6
Micro 1 x 10
-6
Mili 1 x 10
-3
Nano 1 x 10
-9
mmHg milímetros de coluna de mercúrio
MPa mega Pascal
nm nanometro
ø diâmetro
ºC graus Celsius
RPM rotações por minuto
Tor Torricelli (mesmo que mmHg)
xv
RESUMO
O emprego de blocos de cerâmica vermelha finamente moídos como
adição pozolânica aos cimentos, argamassas e concretos mostra-se
uma alternativa viável, com vantagens de cunho técnico, econômico e
ambiental, unindo um material desperdiçado pela indústria, e que
nem sempre possui destinação adequada, a insumos e produtos
largamente empregados na construção civil. Este trabalho apresenta
o beneficiamento e caracterização destes resíduos, objetivando sua
aplicação como adição pozolânica às argamassas, cimentos e
concretos. Para tanto, foram utilizadas duas amostras diferentes:
blocos cerâmicos de vedação e estruturais. As amostras fora moídas
durante 150 minutos, obtendo valores abaixo de 19% retidos na
peneira #325 (45 µ m). A densidade obtida através de picnometria foi
de 2,81 e 2,82 g/cm³, respectivamente. A área superficial específica
das amostras foi de 8,46 e 4,26 m²/g, respectivamente, sendo
superiores aos valores médios obtidos no cimento Portland. O ensaio
de difração de raios-x apresentou picos cristalinos identificados
como quartzo e hematita, e parcialmente identificados, como rutilo e
microclina, corroborando com os elementos obtidos na
espectrometria de fluorescência de raios-X. A microscopia eletrônica
de varredura (MEV) e microanálise (EDS) mostraram amostras com
morfologia irregular, com predominância dos óxidos SiO
2
, Al
2
O
3
e
Fe
2
O
3
, cuja soma foi superior a 92%. Os ensaios de atividade
pozolânica com cimento Portand foram satisfatórios quando
comparados à NBR 5752, obtendo índices de atividade pozolânica
superiores à 78%, com água requerida abaixo de 101%,. O ensaio de
atividade pozolânica com cimento Portand pozolânico classificou as
amostras como sendo material pozolânico. Os resultados obtidos
mostraram-se promissores quanto à utilização dos resíduos como
adições pozolânicas, apresentando índices físico-químicos e de
atividade pozolânica dentro dos valores permitidos pelas normas
brasileiras.
Palavras-chave: resíduo cerâmico, chamote, reciclagem, blocos
cerâmicos, adições pozolânicas, índice de atividade pozolânica.
xvi
ABSTRACT
The use of red ceramics bricks finely grinded as pozzolanic addition
to cements, mortar and concrete reveals a viable alternative, with
technical, economic and environmental advantages, joining wasted
material by the industry, which not always has a proper destination,
to the input and products wide used in the civil construction. This
work presents the improvement and characterization of these
residues, objectifying its application as pozzolanic addition to
mortars, cements and concretes. Therefore, two different samples
had been used: structural and seal ceramic bricks. The samples were
grinded during 150 minutes, getting values below of 19% in the sieve
#325 (45 µm). The density gotten through of pycnometer was of 2,82
and 2,81 and g/cm ³, respectively. The surface area of the samples
was 4,26 and 8,46 m²/g, respectively, being superior to the average
values gotten in the Portland cement. The X-rays diffraction analysis
presented crystalline peaks identified as quartz and hematites, and
partially identified, as rutilo and microcline, corroborating with the
elements gotten in the X-rays fluorescence spectrometry. The
scanning electron microscopy and microanalysis had shown samples
with irregular morphology, with predominance of the oxides SiO2,
Al2O3 and Fe2O3, whose addition was superior 92%. The pozzolanic
activity tests with Portland cement were satisfactory if compared to
NBR 5752 values, getting superior indexes of pozzolanic activity to
78%, with required water below 101%. The pozzolanic activity tests
with pozzolanic Portand cement classified the samples as being
pozzolanic materials. The obtained results revealed to be promising
for the use of the studied wastes, presenting physiochemical indexes
and pozzolanic activity within range allowed by the Brazilian norms.
Keywords: ceramic waste, recycling, ceramic bricks, pozzolanic
addiction, pozzolanic activity test.
17
1. INTRODUÇÃO
Através de sua existência, o ser humano tem ocupado e transformado
a superfície terrestre de acordo com suas conveniências. Suas
necessidades de moradia, alimentação, higiene e outras, fizeram com
que o homem habitasse todas as regiões do planeta, com exceção ao
continente antártico. O represamento e mudança de curso de
aqüíferos para captação de água potável, o desmatamento de
florestas para plantio e criação de animais, modificação da topografia
através de escavações e aterros e a extração de minérios são
exemplos das modificações impostas ao meio ambiente.
Essas alterações tornaram-se maiores, mais rápidas e significativas
com o advento da Revolução Industrial. Iniciada na Inglaterra, em
meados do século XVIII, estendeu-se a outros países da Europa,
Japão e Estados Unidos durante o século XIX e caracterizou-se pela
substituição da energia física pela energia mecânica, da ferramenta
pela máquina e da manufatura pela fábrica no processo produtivo.
A Revolução Industrial acelerou o crescimento das cidades. As
populações abandonavam o campo e migravam para os centros
urbanos à procura de oportunidades. Estabelecia-se, então, uma
nova ordem social, onde a escravidão e os produtos agrícolas davam
lugar ao trabalho assalariado e os produtos industrializados.
O impacto das atividades industriais, dos grandes aglomerados
urbanos e da expansão da agricultura sobre a biosfera aumentou. O
crescimento da população urbana trouxe problemas. Não havia a
infra-estrutura para receber a massa de trabalhadores que chegava.
Como conseqüência deste panorama, houve a expansão desmedida
na geração dos resíduos, tanto industrial como urbano. Contudo,
ainda não havia nenhum tipo de gerenciamento sobre os resíduos e
não existiam redes de abastecimento de água e de esgoto sanitário.
18
Os vetores se proliferavam nestas condições, espalhando doenças e
levando milhares de pessoas à morte.
Na Segunda Revolução Industrial, a partir de 1860, novas
transformações técnicas como o motor de combustão interna e o
dínamo, alavancaram ainda mais a produção. A introdução da linha
de montagem em série, nos Estados Unidos, na década de 1920,
revolucionou o parque industrial da época, aumentando a
produtividade e, conseqüentemente, barateando os produtos para o
consumidor. As mercadorias atingiram padronização e quantidades
impensáveis, gerando, posteriormente, o fenômeno da
superprodução. Começava aí o estímulo ao consumo.
Somente a partir da década de 1960, este quadro começou a mudar.
Alguns autores passaram a se preocupar com o impacto causado
pelas atividades antrópicas sobre o meio ambiente. Fatos
importantes como a reunião do Clube de Roma (final dos anos 60), a
Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente (em 1972) e o
relatório Nosso Futuro Comum, elaborado por uma comissão da
ONU em 1987, aumentaram a fomentação sobre o ASSUNTO. A
chamada Carta de Roterdã (elaborada em 1991 pela Câmara
Internacional do Comércio - International Chamber of Commerce)
proporcionou mudanças no posicionamento das empresas em relação
à questão ambiental. Este documento trata dos Princípios do
Desenvolvimento Sustentável - 16 princípios que estabelecem a
gestão ambiental como uma das mais altas prioridades das empresas
(CLUB OF ROME, 2007; MEADOW S, 1972 e ALBERTON, 2003).
Um dos maiores marcos das mudanças ocorridas foi a Conferência
das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
conhecida como ECO-92 (UNITED NATIONS, 2006 e MMA, 2006).
Realizada no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, contou com
a presença de vários líderes mundiais, que discutiram meios para um
desenvolvimento industrial amparado em questões ambientais. A
partir daí foi gerado um documento, conhecido como Agenda 21,
19
onde estão apresentadas as conclusões deste encontro. Destacam-se
as seguintes providências:
Redução de resíduos;
Reutilização de subprodutos;
Reciclagem de resíduos;
Promoção de sistemas adequados de tratamento e
disposição de resíduos e ampliação da cobertura dos serviços
de limpeza urbana.
Os Estados também mudaram, na tentativa de conter os avanços da
degradação ambiental. A partir da década de 1980, a maioria dos
países criou leis ambientais mais restritivas. Surgiram órgãos
específicos para tratar das questões ambientais. Junte a isto o
aumento da conscientização da população, principalmente dos países
desenvolvidos e a maior veiculação de temas relativos a estas
questões em grandes meios de comunicação.
Nas últimas décadas, a sociedade tem experimentado um interesse
maior e crescente quanto a utilização de novos materiais em
substituição à produtos consagrados, numa tentativa de diminuir o
impacto ambiental causado por eles. Uma das formas encontradas é
o aproveitamento de resíduos como substituição total ou parcial de
outros produtos. Dentro deste tema, os diversos setores que
compõem a construção civil, principalmente as indústrias
cimenteiras, têm especial importância, uma vez que são um dos
maiores consumidores de recursos naturais.
A utilização de adições minerais representa a economia de recursos
naturais na produção de cimentos e concretos, uma vez que são
subprodutos industriais. Além de resíduos já consagrados, como
20
escória de alto forno e a sílica ativa, existe uma gama maior de
resíduos e/ou subprodutos com potencial para a substituição ou
incorporação aos cimentos e concretos, como os próprios resíduos
de construção e demolição (RCD) e cerâmicos, como telhas, tijolos e
blocos.
1.1. IMPORTÂNCIA DO TEMA
Os problemas ambientais têm despertado no ser humano,
principalmente aquele que vive nas grandes cidades, um pensamento
mais profundo sobre a minimização de resíduos por intermédio da
reciclagem e reutilização de produtos que simplesmente seriam
considerados inservíveis. A sociedade, preocupada com o futuro do
planeta, está mais consciente e exigente com o destino final
reservado aos seus resíduos.
É neste contexto que o reuso, a reciclagem de resíduos e a redução
do consumo (3 Rs) ganham destaque.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da
resolução n.º 264 (BRASIL, 1999), define procedimentos, critérios e
aspectos técnicos para o licenciamento ambiental para o co-
processamento de resíduos em fornos rotativos de clínquer, para a
fabricação de cimento. Esta resolução define o co-processamento
como sendo a técnica de utilização de resíduos sólidos industriais a
partir do processamento desses como substituto parcial de matéria-
prima e/ou de combustível no sistema forno de produção de clínquer,
na fabricação de cimento. Outrossim, entre os critérios básicos para
a utilização de resíduos ditados por essa resolução, encontra-se a
alternativa da utilização do resíduo como substituto à matéria-prima,
desde que apresente características similares às dos componentes
normalmente empregados na produção de clínquer, incluindo-se os
materiais mineralizadores e/ou fundentes.
21
A construção civil é responsável por entre 15 e 50% do consumo dos
recursos naturais extraídos e é responsável por cerca de 15% do PIB
brasileiro (JOHN, 2007). Segundo METHA e MONTEIRO (1994), o
consumo mundial de concreto é estimado em 5,5 bilhões de
toneladas por ano, enquanto o de cimento atingiu 2,139 bilhões de
toneladas em 2004 (CIMENTO.ORG, 2007).
Um grande número de pesquisadores tem abordado o tema do
aproveitamento e reciclagem de materiais oriundos de resíduos de
construção e demolição, deixando de fora os resíduos gerados na
produção de insumos para a construção civil.
A indústria cerâmica tem um índice de perdas na cadeia produtiva
entre 5 e 10% da produção (SABOYA JÚNIOR et al, 2000 apud
CORDEIRO, VAILLANT & DÉSIR, 2001). Se considerarmos que a
produção brasileira gira em torno de 64 milhões de toneladas/ano
(ABC, 2007), o volume de resíduo poderia chegar a 6,4 milhões de
toneladas/ano, o que por si só justifica o interesse e o estudo de
temas relacionados ao aproveitamento destes resíduos.
Entretanto, além do volume gerado, os subprodutos cerâmicos
apresentam potencial para utilização como adições minerais ao
cimento Portland e concretos, cabendo aos pesquisadores
delinearem suas qualidades e propriedades, além dos aspectos
técnicos, econômicos e sociais. Somente com estudos sobre os
processos envolvidos será possível determinar a aplicabilidade dos
novos materiais, e conseqüentemente, diminuir o volume de resíduos
gerados.
1.2. OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é a caracterização dos resíduos de
cerâmica vermelha gerados durante o processo produtivo de blocos
cerâmicos estruturais e de vedação, com vistas ao beneficiamento e
22
aplicação como adição pozolânica em argamassas, cimentos e
concretos.
Dentre os objetivos específicos deste trabalho, podemos citar:
Estudo do método de beneficiamento do resíduo bruto por meio
da cominuição (trituração e moagem), visando sua aplicação
como adição ao cimento Portland;
Caracterização físico-química e microestrutural dos resíduos
após o beneficiamento;
Avaliação de suas propriedades pozolânicas.
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica dos materiais
pozolânicos, sua história, definições e classificações. Apresenta
também os principais materiais pozolânicos naturais e artificiais,
utilizados dos como adições minerais ao cimento Portland.
O capítulo 3 apresenta uma revisão bibliográfica sobre as
características e efeitos das adições pozolânicas sobre as
propriedades do cimento Portland e concretos, além de
considerações sobre as reações pozolânicas e adições à base de
resíduos cerâmicos.
O capítulo 4 apresenta a cerâmica vermelha e suas aplicações,
fornecendo um panorama sobre a indústria cerâmica brasileira,
principais matérias-primas e suas composições.
O capítulo 5 apresenta os procedimentos experimentais da pesquisa,
desde a visita à olaria, coleta dos resíduos, beneficiamento,
caracterização, ensaios e resultados.
23
O capítulo 6 apresenta as considerações finais sobre a pesquisa,
abordando os resultados obtidos, comparando-os com os modelos
existentes. Outrossim, este capítulo apresenta as dificuldades
encontradas na pesquisa e procedimentos experimentais.
O capítulo 7 apresenta as sugestões e temas para a continuidade da
pesquisa.
24
2. MATERIAIS POZOLÂNICOS
O nome pozolana remete à Roma antiga. Os romanos utilizavam
rochas vulcânicas contendo zeólita, que é uma denominação genérica
de silicatos hidratados de alumínio e/ou cálcio. A zeólita era
encontrada aos pés do Monte Vesuvius, em Pozzuoli. Devido ao
nome da cidade, o material ficou conhecido como pozolana (MEHTA,
1987).
Antes do advento dos cimentos à base de silicatos de cálcio (cimento
Portland) no século XIX, traços de pozolana e cal foram os
precursores dos materiais cimentícios na construção de estruturas
hidráulicas e alvenaria através do mundo.
As pozolanas foram utilizadas pelos Romanos em diversos tipos de
construções (aquedutos, cisternas, diques, etc.), e sua resistência e
durabilidade são comprovadas pelas estruturas que sobreviveram aos
milênios, como por exemplo, o Pantheon Romano (figura 2.1).
Figura 2.1 – Pantheon Romano
Fonte: WIKIPÉDIA, 2006.
25
Embora, o nome tenha sido celebrizado pelos romanos, há indícios
da utilização de argamassas contendo argila calcinada em estruturas
edificadas pela cultura minoana, entre 1500 e 2000 a.C., na ilha de
Creta (LEA, 1971). Os gregos também faziam uso de materiais
pozolânicos, utilizando cinzas vulcânicas oriundas da ilha de
Santorini.
Com a invenção do cimento Portland, o uso de pozolanas naturais
decresceu gradualmente. Este declínio deveu-se às características
comparativas entre os materiais, com vantagens para o primeiro, que
possui tempo de pega mais rápido e maior resistência mecânica.
Segundo a NBR 12653 (ABNT, 1992d), materiais pozolânicos são:
Materiais silicosos ou silicoaluminosos que, por si sós, possuem
pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando
finamente divididos e na presença de água, reagem com o hidróxido
de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com
propriedades aglomerantes.
Para que o material seja considerado com pozolânico, algumas
condições gerais (classificação; embalagem e marcação; transporte e
armazenamento) e específicas (químicas e físicas) devem ser
satisfeitas.
A classificação obedece às seguintes determinações:
Classe N: Pozolanas naturais e artificiais que obedeçam aos
requisitos da NBR 12653 (Ex.: terras diatomáceas e argilas
calcinadas);
Classe C: Cinza volante produzida pela queima de carvão
mineral em usinas termoelétricas que obedeçam aos requisitos da
NBR 12653;
Classe E: Qualquer pozolana cujos requisitos diferem das
classes anteriores, conforme estabelecido na NBR 12653.
26
As tabelas 2.1 e 2.2 apresentam as exigências químicas e físicas
requeridas.
Tabela 2.1 - Exigências químicas
PROPRIEDADES
CLASSE DE MATERIAL POZOLÂNICO
N C E
SiO
2
+ Al
2
O
3
+ Fe
2
O
3
(% mín.) 70 70 50
SO
3
(% máx.) 4,0 5,0 5,0
Teor de Umidade (% máx.) 3,0 3,0 3,0
Perda ao Fogo (% máx.) 10,0 6,0 6,0
Álcalis disponíveis em Na
2
O 1,5 1,5 1,5
Fonte: ABNT, 1992d.
Tabela 2.2 - Exigências físicas
PROPRIEDADES
CLASSE DE MATERIAL POZOLÂNICO
N C E
Material retido na peneira 45 µm
(% máx.)
34 34 34
Índice de atividade pozolânica:
Com cimento aos 28 dias, em relação
ao controle (% mín.)
75 75 75
Com cal aos 7 dias, em MPa 6,0 6,0 6,0
Água requerida (% máx.) 115 110 110
Fonte: ABNT, 1992d.
LEA (1971) cita que não deve haver limitações restritivas quanto à
composição química dos materiais pozolânicos, uma vez que não há
uma correlação exata entre composição química, finura e o estado
vítreo destes materiais. MEHTA e MALHORTA (1987) acrescentam
que a relação entre o estado vítreo e a atividade pozolânica é
complexa e que as normas deveriam considerar características
físicas e mineralógicas, além da composição química dos materiais
pozolânicos.
27
Usualmente, os materiais pozolânicos são divididos em dois grandes
grupos:
a) Pozolanas Naturais: normalmente de origem vulcânica, também
podem ser oriundas de rochas sedimentares ou fósseis. Possuem
grande teor de sílica (dióxido de silício - SiO
2
> 65%);
b) Pozolanas Artificiais: oriundas de processos industriais (Ex.:
escórias, cinzas volantes, etc.) ou tratamento térmico de alguns tipos
de argilas.
Entretanto, existem divergências entre quanto esta classificação,
principalmente quanto à natureza de argilas calcinadas. Alguns
autores, como MONTANHEIRO et al (2002a) e ABNT (1992d),
classificam como pozolanas naturais todas as rochas portadoras de
atividade pozolânica natural. Por outro lado, MEHTA (1987) também
considera como pozolanas naturais os produtos da calcinação dessas
rochas.
FAICK (1963, apud SANTOS, 1992) considera que o termo pozolana
artificial deveria ser reservado apenas aos subprodutos industriais,
incluindo a utilização de tijolos e/ou telhas moídos.
A controvérsia também atinge a qualificação das pozolanas
artificiais. DAL MOLIN (2005) classifica a escória granulada de alto-
forno como material cimentante, que não necessita do hidróxido de
cálcio - Ca(OH)
2
- presente no cimento Portland para formar silicatos
de cálcio hidratados (C-S-H), não lhe atribuindo a denominação de
pozolana. Já MONTANHEIRO et al (2002a) classifica-a como sendo
uma pozolana artificial.
A tabela 2.3 apresenta exemplos de pozolanas naturais e artificiais.
28
Tabela 2.3 - Exemplos de pozolanas
POZOLANAS NATURAIS POZOLANAS ARTIFICIAIS
Rochas Vulcânicas Ácidas Escórias Ácidas de Alto-forno
Tufos Vulcânicos Cinzas Volantes
Terras Diatomáceas
Resíduos Argilosos de Folhelhos Betuminosos
Após Extração
Arenitos e Folhelhos
Opalinos
Microssílica
Argilitos de Argilas Mal
Cristalizadas
Argilas Calcinadas (Metacaulinita)
Fonte: MONTANHEIRO et al, 2002a.
2.1. POZOLANAS NATURAIS
Além das controvérsias citadas anteriormente, a classificação de
pozolanas naturais é dificultada pela variedade de suas composições
e propriedades.
Fatores como forma, tamanho e distribuição do tamanho das
partículas, densidade, composição química e mineralógica podem
influenciar a atividade pozolânica, representando um empecilho à
classificação destes materiais.
Baseado no constituinte químico capaz de reagir com o Ca(OH)
2
presente nos produtos hidratados do cimento, MEHTA (1987) propõe
a classificação das pozolanas naturais em quatro categorias:
a) Vidros Vulcânicos;
b) Tufos Vulcânicos;
c) Argilas ou Folhelhos Calcinados;
d) Terra Diatomácea.
29
Para efeito didático, as argilas calcinadas serão abordadas no item
sobre pozolanas artificiais (2.2.1), uma vez que o metacaulim
(espécie de argila calcinada) já é utilizado em escala industrial na
adição ao cimento Portland e na produção de concretos de alto
desempenho (CAD).
As tabelas 2.4 e 2.5 apresentam, respectivamente, a composição
química e análise mineralógica típicas de algumas pozolanas
naturais.
Tabela 2.4 - Composição química de pozolanas naturais
POZOLÂNA SiO
2
Al
2
O
3
Fe
2
O
3
CaO
MgO
ÁLCALIS
PERDA
AO
FOGO
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
(*)
Terra de
Santorini
65,1 14,5 5,5 3,0 1,1 6,5 3,5 1
Tufo
Vulcânico de
Rheinisch
53,0 16,0 6,0 7,0 3,0 6,0 --- 2
Fenólito 55,7 20,2 2,8 4,2 1,1 10,8 3,6 3
Tufo
Romano
44,7 18,9 10,1 10,3 4,4 6,7 4,4 4
Vidro
Napolitano
54,5 18,3 4,6 7,4 1,0 11,0 3,1 4
Sílica
Opalina
65,4 10,1 4,2 4,6 2,7 1,4 6,3 5
Diatomita 86,0 2,3 1,8 --- 0,6 0,4 5,2 5
Púmice 65,7 15,9 2,5 3,4 1,3 6,9 3,4 5
Púmice de
Jalisco
68,7 14,8 2,3 --- 0,5 9,3 5,6 6
Fonte: ¹MEHTA (1981), ²LOCHER (1985), ³KASSAUTZKI (1983),
4
MASSAZA &
COSTA (1979),
5
MIELENZ, WHITTE & GLANTZ (1950),
6
POO et al (1985) apud
METHA, 1987.
30
Tabela 2.5 - Composição mineralógica de pozolanas naturais
POZOLÂNA
MATÉRIA NÃO-
CRISTALINA
ESTIMADA (%)
PRINCIPAIS
MINERAIS
CRISTALINOS
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA (*)
Terra de Santorini 65 - 75
Quartzo, anortita,
labradorita
1, 7
Tufo Vulcânico de
Rheinisch
50 – 60
Quartzo,
feldspato,
analcine
8
Fenólito Não reportado
Ortoclásio, albite,
piroxênio, calcita
3
Tufo Romano Não reportado
Chabazite,
filipsita,
herschelilite
9
Vidro Napolitano 50 – 70
Quartzo,
feldspato
10
Púmice de Jalisco 90 Sanidina
6
Fonte: ¹MEHTA (1981),
7
NICOLAIDIS (1957),
8
SCHWIETE, LUDWIG & WIGGER
(1961), ³KASSAUTZKI (1983),
9
LEA (1971),
10
MASSAZA (1977),
6
POO et al (1985)
apud METHA, 1987.
2.1.1. Vidros Vulcânicos
Os vidros vulcânicos são rochas extrusivas provenientes do
resfriamento rápido do magma. São ricos em compostos reativos,
principalmente os silicatos de alumínio. As cinzas vulcânicas da ilha
de Santorini, na Grécia, são exemplos deste tipo de pozolana.
De natureza vítrea (não cristalino), possui textura microporosa, que
propicia uma grande superfície específica, responsável pela
reatividade química do material. A área superficial específica obtida
pelo método de BET (adsorção de nitrogênio), apresenta uma faixa
de valores entre 3800 e 15.500 m²/kg. (MEHTA, 1987 e MINEROPAR,
2006).
31
2.1.2. Tufos Vulcânicos
São rochas vulcânicas de granulação média à fina, formadas pela
ação hidrotérmica sobre depósitos de materiais magmáticos (cinzas
vulcânicas) e/ou pulverização de rochas pré-existentes. Seus
componentes possuem diâmetro inferior a 2 mm. A maioria possui de
0,062 a 2 mm (LEINZ & MENDES, 1959, PERONI, 2007 e
MINEROPAR, 2006).
Quanto à composição dos fragmentos, podem ser de três tipos
(SUGUIO, 1998 e GUERRA, 1969):
a) Tufo vulcânico cristalino: O tufo vulcânico cristalino possui em
sua composição mais de 75% de cristais vulcânicos e
fragmentos de cristais ejetados;
b) Tufo vulcânico lítico: No tufo vulcânico lítico predominam
fragmentos de rochas cristalinas geradas do resfriamento
rápido dos materiais vulcânicos;
c) Tufo vulcânico vítreo: Mais de 75% da composição do tufo
vulcânico vítreo é constituída por cinza vulcânica endurecida.
2.1.3. Sílicas Opalinas e Terras Diatomáceas
As sílicas opalinas são formadas pela deposição de sílica gel
hidratada, resultante da deposição de óxidos solúveis lixiviados.
As sílicas opalinas são muito reativas à cal, pois sua alta área
superficial requer um consumo elevado de água. Esta característica
microestrutural é prejudicial à resistência e durabilidade do concreto
(MEHTA & MONTEIRO, 1994).
Geralmente, estes materiais possuem uma grande quantidade de
argilominerais, sendo necessária a calcinação dos mesmos para o
uso como material pozolânico.
32
Um dos principais tipos de sílica opalina é a terra diatomácea. A
terra diatomácea é um sedimento amorfo, de origem orgânica,
formada a partir de compostos hidratados de sílica não-cristalina,
originados a partir da parede celular de organismos unicelulares
aquáticos, como algas microscópicas (SANTOS, 1992). As terras
diatomáceas se destacam como sendo uma das principais
substâncias naturais pozolânicas (MONTANHEIRO, 2002b).
2.2. POZOLANAS ARTIFICIAIS
2.2.1. Argilas Calcinadas e Metacaulim
Como dito anteriormente, existem divergências quanto à
classificação das argilas calcinadas.
Ao contrário dos vidros e tufos vulcânicos, a argila só apresenta
reatividade quando sofre processo térmico. Quando submetidas à
temperaturas entre 600 e 1000 ºC, a estrutura cristalina dos silicatos
presentes na argila é alterada, transformando-a em compostos
amorfos e desordenados, que reagem prontamente com a cal, à
temperatura ambiente. Entretanto, nem todas as argilas calcinadas
apresentam comportamento pozolânico. Argilas compostas por
grande quantidade de minerais muito cristalinos, como quartzo e
feldspato, não produzem um material reativo com cal (MEHTA, 1987).
MIELENZ (1983, apud MEHTA, 1987) descreve que argilas ricas em
minerais caulinita e/ou montmorilonita necessitam ser calcinadas em
temperaturas entre 540 a 980 ºC para apresentarem resultados
satisfatórios de atividade pozolânica. Entretanto, se a montmorilonita
for rica em cátions de sódio livres, seu uso em concretos deve ser
evitado, devido à possíveis reações álcali-agregado. Já as argilas
ricas em vermiculita, clorita e mica não apresentaram atividade
pozolânica satisfatória, se calcinadas abaixo de 1100 ºC.
33
O metacaulim é uma adição mineral originada na calcinação do
rejeito de argilas cauliníticas e caulins em temperaturas entre 600 e
900 ºC. Nesta faixa de temperatura, a argila perde os íons hidroxila
de sua estrutura cristalina, causando a destruição do arranjo
atômico, criando um componente amorfo e de grande instabilidade
química, chamado de metacaulinita (Al
2
Si
2
O
7
), responsável pela
atividade pozolânica, formando predominantemente C-S-H e C
4
AH
x
(DAL MOLIN, 2005).
A temperatura deve ser controlada para evitar a fusão do material,
mas garantindo que o produto final seja reativo com o hidróxido de
cálcio - Ca(OH)
2
. Segundo BARATA (1998), acima de 900 ºC há a
formação de compostos cristalinos estáveis com menor área
superficial específica e pouca atividade pozolânica.
Segundo SOUZA & DAL MOLIN (2002), com a redução do tamanho
das partículas a valores inferiores a 5 µm através da moagem,
constata-se uma excelente atividade pozolânica, sendo denominado
por alguns autores como metacaulim de alta reatividade (MCAR).
Esta capacidade pozolânica faz com que este material possa
substituir parte do cimento no concreto com o objetivo de aumentar a
sua durabilidade e a sua resistência. O nome MCAR também é
atribuído ao resíduo oriundo da indústria de cobertura de papel, que
constitui um caulim beneficiado de extrema finura, brancura e
pureza. Outrossim, o termo também é empregado para distinguir o
produto da calcinação de argilas extremamente finas, com alto teor
de caulinita e material amorfo, de outras, proveniente da calcinação
de argilas ricas em fases pozolanicamente inertes.
De acordo com RAMACHANDRAN et al (2002), a área superficial
específica da metacaulinita é da ordem de 20 m²/g
34
2.2.2. Cinzas Volantes
São resíduos obtidos por meio da precipitação eletrostática ou
captação mecânica das poeiras que acompanham os gases de
combustão dos queimadores de centrais termoelétrico alimentadas
por carvão pulverizado ou granulado (CAMÕES, 2002).
As partículas de carvão pulverizando permanecem na chama oxidante
(1200 a 1600 ºC) durante cerca de dois segundos, promovendo a
fusão total ou parcial do material (SILVA, 1999). Formam-se, assim,
dois tipos de cinzas: pesadas e volantes.
As cinzas pesadas possuem granulometria mais grosseira que as
cinzas volantes, caindo em tanques de resfriamento e removidas.
Devido à finura das partículas, as cinzas volantes são arrastadas
pelos gases oriundos da combustão do carvão. Para coletá-las,
utilizam-se precipitadores eletrostáticos ou métodos mecânicos, que
capturam as partículas antes da emissão na atmosfera. Representam
de 80 a 85% das cinzas produzidas.
É uma das pozolanas artificiais mais comuns. Geralmente, as
partículas possuem formato esférico ou cenosférico, muito fina, com
diâmetros entre 1 e 150 µ m, sendo que a maior parte encontra-se
abaixo de 45 µm. A faixa granulométrica é altamente influenciada
pelo tipo de equipamento (mecânico ou eletrostático) utilizado para
coleta das cinzas. Suas propriedades químicas variam com a
composição do carvão e impurezas contidas no processo. De um
modo geral, 85% da composição química das cinzas é formada
compostos químicos e cristais de sílica (SiO
2
), alumina (Al
2
O
3
), óxido
férrico (Fe
2
O
3
) e cal (CaO) (BERRY & MALHORTA, 1987 e CAMÕES,
2002). As figuras 2.2 e 2.3 apresentam exemplos de partículas de
cinzas volantes.
35
Figura 2.2 - Partícula esférica de cinzas volantes
Fonte: CAMÕES, 2002.
Figura 2.3 - Partículas cenosféricas de cinzas volantes
Fonte: CAMÕES, 2002.
36
A tabela 2.6 apresenta a composição química média das cinzas
volantes.
Tabela 2.6 - Composição química das cinzas volantes
PAÍS SiO
2
Al
2
O
3
Fe
2
O
3
CaO MgO Na
2
O K
2
O SO
3
PERDA
AO
FOGO
Mínimo
Máximo
Alemanha
42
55
24
33
5,4
13
0,6
8,3
0,6
4,3
0,2
1,3
1,1
5,6
0,04
1,9
0,8
5,8
Canadá
48
56
22
33
4,2
11
0,8
9,7
1,9
44
0,3
1,8
2,1
5
--- ---
Dinamarca
48
65
26
36
3,3
8,3
2,2
7,8
---
1,1
2,8
---
3,1
4,9
Espanha
32
64
21
35
5,1
26
1,3
20
0,5
2,7
0,03
0,7
0,4
4
0,2
4
0,5
10
EUA
40
51
17
28
8,5
19
1,2
7
0,8
1,1
0,4
1,8
1,8
3
0,3
2,8
1,2
18
França
47
51
26
34
6,9
8,8
2,3
3,3
1,5
2,2
2,3
6,4
0,1
0,60
0,5
4,5
Fonte: ALONSO & WESCH, 1991 apud CAMÕES, 2006.
2.2.3. Sílica Ativa
A sílica ativa, também conhecida comercialmente como microssílica,
é um produto resultante do processo de fabricação de ferro-silício ou
de silício metálico, e mais raramente, em ligas de ferro-cromo e
ferro-manganês.
O processo é realizado em forno elétrico de fusão, tipo arco-voltaico,
em temperaturas elevadas (mais de 2000 ºC), promovendo a reação
de quartzo de alta pureza com o carvão. Durante o processo de
redução do quartzo, parte do silício é liberada na forma de gás
(monóxido de silício gasoso - SiO), que é transportado à zonas de
temperaturas mais baixas, onde entra em contato com o ar,
oxidando-se na forma de dióxido de silício (SiO
2
).
37
A sílica ativa é constituída por altos teores de SiO
2
(entre 85 a 98%),
com partículas esféricas amorfas, com diâmetro entre 0,1 e 0,2 µm e
superfície específica em torno de 20.000 m²/kg (MEHTA, 1987 e
MALHORTA, 1987).
Quando adicionada ao concreto, a sílica ativa promove reações
pozolânicas, alterando a microestrutura do material. Ao contrário das
pozolanas naturais, escórias e cinzas volantes, a reação do SiO
2
com
o Ca(OH)
2
acontece de forma rápida e pouco variável, permitindo o
desenvolvimento da resistência e da baixa permeabilidade em
períodos curtos. Devido ao reduzido tamanho das partículas, a sílica
ativa produz o efeito microfíler, preenchendo os espaços entre os
grãos de cimento e a pasta, atuando como pontos de nucleação e
melhorando a aderência pasta-agregado (DAL MOLIN, 2005).
Dentre as melhorias atribuídas à utilização da sílica ativa, podemos
citar:
Maior resistência mecânica;
Proteção da armadura;
Retenção de água;
Mais pontos de nucleação;
Redução do volume de vazios;
Elevada resistência à abrasão;
Maior resistência à altas temperaturas (concretos aluminosos);
Menor permeabilidade.
38
2.2.4. Escória de Alto-Forno
Algumas escórias siderúrgicas podem apresentar propriedades
pozolânicas, mas nem todas. Entre as mais estudas e utilizadas,
encontra-se a escória de alto-forno.
A escória de alto-forno é um resíduo siderúrgico industrial,
proveniente da produção de ferro-gusa. O processo é realizado na
unidade industrial chamada alto-forno, onde se reduzem os óxidos
contidos nos minerais de ferro e se separam as impurezas que os
acompanham.
As escórias se formam pela fusão das impurezas do minério de ferro,
juntamente com a adição de fundentes (calcário e dolomita) e as
cinzas do coque. A escória fundida, por sua insolubilidade e menor
densidade, sobrenada no ferro gusa.
As escórias de alto-forno podem ser resfriadas de duas formas (CST,
2006):
a) Resfriada ao ar ou cristalizada
São vazadas em estado liquido em pátios apropriados, onde são
resfriadas ao ar. Por ser um processo lento, os seus componentes
formam distintas fases cristalinas, e, com isto, não adquirem poder
de aglomerante hidráulico. Essa escória recebe o nome de escória
bruta de alto-forno, podendo ser britada ou utilizada como material
inerte em diversas aplicações, substituindo materiais pétreos.
b) Resfriada com Água ou Granulada
A escória liquida é transportada para os granuladores, que são
equipamentos onde ela é resfriada bruscamente por meio de jatos de
água sob alta pressão. Não havendo tempo suficiente para formação
39
de cristais, essa escória se granula "vitrificando" e recebe o nome de
escória granulada de alto-forno. Devido ao seu grande potencial
hidráulico, a escória granulada de alto-forno tornou-se um material
consagrado como adição ao cimento Portland.
A composição química das escórias de alto-forno varia de acordo
com as matérias-primas empregadas e o tipo de ferro-gusa fabricado.
A tabela 2.7 mostra a composição química aproximada de uma
escória de alto-forno.
Tabela 2.7 - Composição química da escória de alto-forno moída
CARACTERÍSTICA QUÍMICA
RESULTADOS (%)
SiO
2
34,2
Al
2
O
3
11,9
CaO 42,0
Fe
2
O
3
0,4
FeO 0,2
MgO 3,2
K
2
O 0,7
Na
2
O 0,1
Mn
2
O
3
0,9
SO
3
0,03
S 0,06
Fonte: VELTEN, 2006.
Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS, 2007), a produção
brasileira de ferro-gusa atingiu 26.733,9 x 10³ toneladas em 2006.
Em 2007, a produção acumulada entre janeiro e outubro já atingia
29.161,0 x 10³ toneladas.
Nos fornos modernos, considerando-se minério de ferro de alta
qualidade, a escória é produzida na razão de 280 a 340 kg por
tonelada de ferro-gusa. Assim, a geração de escória de alto-forno no
Brasil é da ordem de 9 milhões de toneladas.
40
A escória de alto-forno já é considerada como um material tradicional
na adição ao cimento Portland. A ABNT, por intermédio das NBRs
5735 (ABNT, 1991c) e 11578 (ABNT, 1991e), institui a classificação
CP III para cimento Portland de alto-forno e CP II E para cimento
Portland composto com escória.
41
3. CARACTERÍSTICAS E EFEITOS DAS ADIÇÕES POZOLÂNICAS
SOBRE AS PROPRIEDADES DO CIMENTO PORTLAND
3.1. CIMENTO PORTLAND
A palavra cimento deriva do latim caementu, que era usada na Roma
antiga para designar uma espécie de pedra natural de rochedos e
não possuía cortes e/ou ângulos retos (FERREIRA, 2004 e
BATTAGIN, 2007).
O termo cimento Portland é a denominação convencional para o
material usualmente conhecido na construção civil como cimento,
sendo assim reconhecido no mundo inteiro (ABCP, 2002).
O cimento Portland é um aglomerante hidráulico, obtido através do
processo de moagem do clínquer, que é um material sinterizado, com
diâmetro entre 5 e 25 mm, rico em silicatos de cálcio hidráulicos,
geralmente adicionado com sulfatos de cálcio (MEHTA & MONTEIRO,
1994).
Antes da moagem, o clínquer sofre a adição de aproximadamente 5%
de gipsita ou sulfato de cálcio, com o intuito de controlar as reações
iniciais de pega e endurecimento do concreto. O produto então é
moído em partículas pequenas, com diâmetros inferiores a 75 µm.
Os compostos do cimento Portland são expressos através dos óxidos
dos elementos presentes, usando-se as abreviações apresentadas na
tabela 3.1.
42
Tabela 3.1 – Abreviação dos compostos do clínquer
ÓXIDO ABREVIAÇÃO COMPOSTOS ABREVIAÇÃO
CaO C 3CaO.SiO
2
C
3
S
SiO
2
S CaO.SiO
2
C
2
S
Al
2
O
3
A 3CaO.Al
2
O
3
C
3
A
Fe
2
O
3
F 4CaO.Al
2
O
3
.Fe
2
O
3
C
4
AF
MgO M 4CaO.3Al
2
O
3
.SO
3
C
4
A
3
S
SO
3
S 3CaO.2SiO
2
.3H
2
O C
3
S
2
H
3
H
2
O H CaSO
4
.2H
2
O CSH
2
Fonte: MEHTA & MONTEIRO, 1994.
Entre os compostos constituintes do cimento Portland, quatro deles
são considerados principais (NEVILLE, 1997), a saber:
C
3
S (Silicato Tricálcico)
C
2
S (Silicato Dicálcico)
C
3
A (Aluminato Tricálcico)
C
4
AF (Ferroaluminato Tetracálcico)
Para que o cimento Portland adquira as propriedades aglomerantes e
endureça é preciso que uma série de reações de hidratação
aconteça.
Estes compostos, ao hidratarem, cristalizam-se em 3 fases distintas:
silicatos de cálcio hidratados (C-S-H), cristais de hidróxido de cálcio
(CH) e sulfoaluminatos de cálcio.
Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), os sulfoaluminatos de cálcio
correspondem a cerca de 15 a 20% do volume da pasta endurecida,
sendo a fase de menor destaque para o desenvolvimento das
propriedades da pasta.
Já os silicatos de cálcio hidratados possuem uma composição
química que varia de acordo com a relação água/cimento,
temperatura e idade de hidratação. Por isso recebem a abreviação de
43
C-S-H, o que não implica numa composição fixa. Os C-S-H
representam entre 50 e 60% do volume de sólidos da pasta hidratada
de cimento Portland, sendo responsáveis pelas resistências
mecânicas adquiridas após o endurecimento.
Diferentemente do C-S-H, os cristais de hidróxido de cálcio (CH) não
concorrem substancialmente para a resistência mecânica da pasta
endurecida. Dependendo da quantidade de CH, seu efeito pode ser
deletério, tornando a pasta suscetível à ataques químicos.
O Ca(OH)
2
, presente na fase CH, é dissolvido pela água e arrastado
através dos poros. Este processo de dissolução aumenta a
porosidade da pasta endurecida e, com ela, sua permeabilidade. Isto
implica na diminuição da resistência mecânica e tornando o concreto
mais suscetível ao ataque de agentes deletérios.
3.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATIVIDADE POZOLÂNICA
O índice de atividade pozolânica (IAP) é utilizado como parâmetro
para avaliação de amostras de materiais destinados à utilização
como adição pozolânica e/ou mineral.
De acordo com a NBR 12653 (1992d), o IAP é uma das exigências
físicas para a classificação de um material como sendo pozolânico.
Além das definições, classificações e exigências físico-químicas
estabelecidas para os materiais pozolânicos, a ABNT disciplina a
metodologia aplicada à obtenção dos índices de atividade pozolânica
(IAP) através das seguintes normas:
NBR 5751: Materiais Pozolânicos Determinação de Atividade
Pozolânica - Índice de Atividade Pozolânica com Cal (ABNT,
1992a);
44
NBR 5752: Materiais Pozolânicos - Determinação de Atividade
Pozolânica com Cimento Portland - Índice de Atividade
Pozolânica com Cimento (ABNT, 1992b);
NBR 5753: Cimento Portland Pozolânico - Determinação da
Pozolanicidade (ABNT, 1992c).
As NBRs 5751 e 5752 determinam os índices de atividade pozolânica
pelo comparativo de resistência entre corpos de prova originais de
cal ou cimento Portland e amostras com substituição por material
pozolânico. A NBR 5753 utiliza métodos químicos para determinação
da atividade pozolânica. Estes ensaios serão descritos mais
detalhadamente no capítulo 5.
Embora seja reconhecido o mérito das normas em criar metodologias
para a comparação das atividades pozolânicas, considerando que os
materiais com maior atividade pozolânica seriam melhores para o uso
com o cimento Portland, alguns autores criticam as soluções
adotadas por estas normas. RÊGO et al (2007) cita que a
heterogeneidade entre os materiais pozolânicos explicaria a
incapacidade de criar um modelo único para a avaliação dos índices
de atividade pozolânica (IAP), e que estes ensaios apresentariam
apenas tendências gerais sobre a atividade pozolânica do material
ensaiado. ZAMPIERI (1994, apud RÊGO, 2007) cita que os métodos
para a avaliação da atividade pozolânica são uma combinação de
muitos fatores, que na maioria das vezes, não podem ser totalmente
controlados. As características físicas e/ou mineralógicas do
material, bem como a dosagem utilizada, aliados aos fatores
externos como o cimento utilizado, a relação água/(aglomerante +
adição), a temperatura e as condições de cura, são determinantes
nos resultados destes testes. Assim, segundo esse autor, os
requisitos básicos para uma metodologia de ensaio seriam:
45
a) Ser hábil para distinguir entre materiais pozolânicos ou não;
b) Fornecer informações sobre o grau de atividade pozolânica da
mistura, além de dados sobre o desenvolvimento da resistência
da mesma;
c) Permitir a avaliação dos resultados num certo espaço de tempo,
para que possam ser utilizados o quanto antes pela indústria da
construção.
3.3. CIMENTO PORTLAND E CONCRETO COM ADIÇÕES POZOLÂNICAS
Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), a economia de custos deve
ter sido a razão principal para o desenvolvimento de cimentos
Portland compostos com adições minerais, sejam elas pozolânicas,
cimentantes ou de efeito fíler.
A utilização de adições minerais altera as propriedades reológicas,
micro e macroestruturais dos cimentos, argamassas ou concretos,
podendo prover benefícios ou não. A maior parte destas alterações
está associada à granulometria fina das adições (efeito físico), à
atividade pozolânica (efeito químico), ou a combinação de ambos. O
beneficiamento causado pelas adições minerais é função direta da
dosagem, condições de cura, características físico-químicas e
mineralogia do material empregado (DAL MOLIN, 2005).
As adições pozolânicas devem possuir a capacidade de se combinar
com o Ca (OH)
2
produzido durante a hidratação da pasta de cimento
Portland, evitando os efeitos negativos descritos anteriormente.
Os materiais pozolânicos possuem os mesmos óxidos utilizados no
cimento Portland (SiO
2
, Al
2
O
3
e Fe
2
O
3
), que irão reagir com o
Ca(OH)
2
. Esta interação recebe o nome de reação pozolânica.
46
MEHTA & MONTEIRO (1994) descrevem simplificadamente a
formação de C-S-H a partir de cimento Portland e cimento Portland
pozolânico da seguinte forma:
Cimento Portland (reação rápida):
C
3
S + H C-S-H + CH
Cimento Portland pozolânico (reação lenta):
Pozolana + CH + H C-S-H
Das reações pozolânicas decorrem três aspectos positivos para a
qualidade da pasta:
I. A reação é mais lenta, se comparada ao cimento Portland
comum. Assim, a liberação de calor e aumento da resistência
também acontecem de forma mais lenta.
II. A reação pozolânica consome Ca(OH)
2
presente, ao invés de
liberá-lo. Esta interação é responsável pela formação de
produtos com propriedades aglomerantes, do mesmo tipo dos
formados na hidratação dos C-S-H, porém de natureza diferente,
com relação CaO/SiO
2
mais baixa (menos alcalinos), mais
resistente aos meios agressivos. A figura 3.1 mostra as
mudanças na proporção do Ca(OH)
2
durante o período de cura,
comparando uma amostra contendo apenas cimento Portland com
outra, que possui 40% de material pozolânico.
47
Figura 3.1 – Hidróxido de cálcio X cura
Fonte: LEA, 1971
III. Os produtos desta reação são eficientes no preenchimento de
espaços capilares grandes, promovendo incremento da
impermeabilidade, com conseqüentes melhorias da resistência
mecânica e durabilidade. METHA (1987) estudou os efeitos da
hidratação por meio de um teste de penetração de água em
corpos-de-prova com percentuais de terra de Santorini em
substituição ao cimento Portland, conforme apresentado na
tabela 3.2.
Tabela 3.2 - Penetração de água em pastas de cimento Portland e pozolana
PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO (mm)
Terra de Santorini
TEMPO DE
HIDRATAÇÃO
Cimento Portland
10% 20% 30%
28 dias 26 24 25 25
90 dias 25 23 23 22
1 ano 25 23 18 15
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
48
Observa-se a redução significativa na permeabilidade das amostras
contendo 20 e 30% de material pozolânico após um ano. Esta
redução é decorrente da reação pozolânica, que transforma o
Ca(OH)2 em C-S-H, reduzindo, assim, a largura dos poros capilares.
SANTOS (1992) acredita que algumas pozolanas possam apresentar
efeitos benéficos sobre as reações álcali-agregado, inibindo-as ou
impedindo-as, por serem capazes de reagir ou adsorver os álcalis
liberados pelo cimento (geralmente expressos por K
2
O e Na
2
O). Esta
opinião é compartilhada por MEHTA (1987), que cita duas correntes
de pesquisa sobre o assunto. Segundo ele, alguns pesquisadores
acreditam que a reação álcali-agregado é causada pela pressão
osmótica, quando o gel de silicatos alcalinos absorve grandes
quantidades de água. Dependendo do tamanho dos grãos,
reatividade e percentual de material pozolânico na amostra, o gel
poderia ser distribuído uniformemente ao longo do concreto, evitando
a formação de uma massa concentrada do gel, que poderia causar
pressão osmótica localizada suficiente para a ruptura. Entretanto,
outros pesquisadores acreditam que, na presença de material
pozolânico, ao invés de gel de sílica alcalina, são formados silicato
de cálcio alcalinos de baixa razão álcali/agregado, que possui
solubilidade mais leve. Entretanto, o autor alerta que nem todas as
pozolanas naturais são efetivas no combate à reação álcali-
agregado. A figura 3.2 apresenta a expansão percentual de uma
amostra de terra de Santorini, em relação ao tempo de cura.
49
Figura 3.2 – Expansão (%) X cura
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
MIELENZ (1950, apud Santos, 1992), descreve resumidamente as
vantagens e desvantagens decorrentes do emprego de pozolanas em
concretos, a saber:
Vantag en s:
A reação álcali-agregado pode ser muito retardada ou inibida;
A resistência do concreto ao ataque por águas naturais,
especialmente as ricas em sulfato, pode ser aumentada;
A produção de calor por estruturas maciças pode ser reduzida;
A quantidade e o custo do componente cimento podem ser
reduzidos;
A resistência à tração do concreto pode ser aumentada;
A permeabilidade do concreto pode ser reduzida;
50
Propriedades antes no início da pega podem ser melhoradas
(trabalhabilidade, tendência à segregação e exsudação de
água).
Desvantagens:
Aumento do consumo de água, com conseqüente aumento da
retração por secagem;
Possível diminuição da resistência à compressão;
Possível diminuição da resistência ao congelamento e/ou
descongelamento;
Diminuição da velocidade de endurecimento e desenvolvimento
da resistência mecânica;
O efeito de adições pozolânicas sobre o calor de hidratação foi
estudado por MASSAZZA e COSTA (1979) apud MEHTA(1987). Os
pesquisadores demonstraram a redução do calor de hidratação com o
uso de adições pozolânicas, conforme apresentado pela figura 3.3.
Pode-se observar que a relação de decréscimo do calor de
hidratação não é proporcional ao percentual de cimento Portland
substituído.
51
Figura 3.3 – Calor de hidratação X % de material pozolânico
Fonte: MASSAZZA e COSTA (1979) apud MEHTA (1987).
Além dos temas já abordados neste capítulo, MEHTA (1987) também
pesquisou as propriedades de concretos contendo adições
pozolânicas, entre elas: desenvolvimento da resistência à
compressão, resistência ao ataque de sulfatos e a retração por
secagem. As figuras 3.4 e 3.5 mostram os resultados dos ensaios de
resistência à compressão executados pelo ele.
Figura 3.4 – Resistência à compressão até 28 dias
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
52
Figura 3.5 – Resistência à compressão até 1 ano
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
Até o vigésimo oitavo dia, as amostras contendo pozolana
apresentaram incremento substancial à resistência. Entretanto, após
um ano, os resultados das amostras contendo 20 e 30% de terra de
Santorini ficaram muito próximo ao padrão de referência, e a amostra
contendo 10% de pozolana teve um desempenho melhor que o
padrão.
Em relação à retração por secagem, amostras contendo cimento
Portland-pozolana comumente apresentam maiores valores se
comparadas à amostras com somente cimento Portland. Entretanto, o
autor cita que nem sempre isto ocorre. Segundo ele, existem duas
explicações prováveis para os valores de retração de amostras
contendo pozolana nem sempre sejam tão altas quanto o esperado. A
primeira é que o efeito restringente do agregado na retração da pasta
é mais determinante que a influência da pozolana sobre a amostra.
Outra teoria é a de que a presença de pozolana na amostra torna a
zona de transição pasta-agregado mais forte, se comparada à
amostra sem pozolana, considerando-se a mesma relação
água/cimento. Neste caso, há um aumento da resistência à tração e à
flexão, com conseqüente aumento da resistência à retração.
53
A figura 3.6 mostra a retração por secagem percentual em relação ao
tempo de cura de amostras contendo terra de Santorini.
Figura 3.6 – Retração por secagem X tempo
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
Quanto à resistência ao ataque de sulfatos, MEHTA afirma que a
adição de material pozolânico ao cimento Portland traz benefícios,
pois a reação pozolânica, além de diminuir a permeabilidade do
concreto, também forma produtos mais resistentes aos sulfatos
(C-S-H com baixa relação CaO/SiO
2
). As tabelas 3.3 E 3.4
apresentam os resultados das pesquisas do autor sobre a expansão e
a resistência à compressão de corpos-de-prova imersos em solução
de sulfatos.
Tabela 3.3 - Expansão de corpos-de-prova imersos em sulfatos (solução 10% Na
2
SO
4
)
EXPANSÃO
AMOSTRA
4 semanas 8 semanas 12 semanas 26 semanas
Cimento Portland 0,004 0,034 0,212 0,520
10% Terra de Santorini 0,006 0,018 0,071 0,285
20% Terra de Santorini 0,007 0,010 0,048 0,050
30% Terra de Santorini 0,006 0,008 0,027 0,050
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
54
Tabela 3.4 - Perda de resistência à compressão (solução 4% Na
2
SO
4
)
AMOSTRA
RESISTÊNCIA
ANTES DA
IMERSÃO (MPa)
RESISTÊNCIA
APÓS 28 DIAS DE
IMERSÃO
PERDA DE
RESISTÊNCIA
Cimento Portland 18,0 6,1 65%
10% Terra de Santorini 18,5 9,5 49%
20% Terra de Santorini 16,1 12,9 20%
30% Terra de Santorini 15,2 12,8 16%
Fonte: MEHTA, 1981 apud MEHTA, 1987.
Ambos os resultados demonstraram a superioridade das amostras
contendo 20 e 30% de adição pozolânicas. Entretanto, assim como
ocorre nas informações sobre as reações álcali-agregado, nem todas
as pozolanas melhoram a durabilidade do concreto quanto ao ataque
de sulfatos.
Nos dias atuais, com o crescente emprego de adições pozolânicas
aos cimentos e concretos, as vantagens e desvantagens descritas
devem ser verificadas para cada caso, já que existem várias opções,
com diferenças entre si quanto à composição e aplicações, conforme
apresentado nos itens 2.1 e 2.2 do presente trabalho. Os problemas
com o aumento de consumo de água, por exemplo, pode ser
atenuado ou resolvido com a utilização de aditivos plastificantes ou
superplastificantes. Já os problemas relacionados com a retração
plástica podem ser solucionados por métodos eficazes de cura.
3.4. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE ADIÇÕES DE CERÂMICA
VERMELHA MOÍDA
SANTOS (1992) considera que a atividade pozolânica é tanto maior
quanto for o teor de sílica amorfa (não cristalina) do material.
Entretanto, o autor ressalta que não há uma quantificação exata que
defina o teor de sílica para que o material seja considerado como
pozolânico.
55
A potencialidade do uso da metacaulinita e dos resíduos de produção
de tijolos cerâmicos queimados e finamente moídos, como substitutos
parciais do cimento Portland, foram estudados por FARIAS FILHO,
ROLIM e TOLEDO FILHO (2000). Nesse trabalho, os materiais foram
caracterizados física, química e mineralogicamente, além de
determinado o índice de atividade pozolânica com cimento Portland.
A tabela 3.5 e 3.6 apresentam, respectivamente, as características
físico-químicas, resistência à compressão e índice de atividade
pozolânica do tijolo moído e da metacaulinita.
Tabela 3.5 - Propriedades físico-químicas
PROPRIEDADES QUÍMICAS
E FÍSICAS
CP II F 32 METACAULINITA TIJOLO MOÍDO
SiO
2
(%)
17,32 60,02 65,98
Fe
2
O
3
(%) 1,40 1,19 6,15
Al
2
O
3
(%)
6,70 29,91 23,25
CaO
(%)
56,00 traços nulo
MgO
(%) 11,28 traços traços
NaO
2
(%) 0,06 nulo 1,35
K
2
O
(%) 0,73 traços 1,82
Perda ao Fogo (%)
5,58 8,60 0,85
Resíduo Insolúvel (%) 0,41 ---
---
% Grãos <74 µm (via seco) 96,3 100 100
% Grãos <43 µm (via úmida) 69,2 71,2
Densidade (kg/dm³) 3,10 2,69 2,69
Fonte: FARIAS FILHO, ROLIM e TOLEDO FILHO, 2000.
Tabela 3.6 - Atividade pozolânica com CP II F 32 após 28 dias de cura
Traço em Peso
Resistência à
Compressão (MPa)
Índice de Atividade
Pozolânica (%)
Referência
(CP:areia:a/c)
1,0:1,5:0,41 25,03 100
Tijolo Moído
(CP+TM:areia:a/c)
0,65+0,35:1,5:0,41 31,80 127
Metacaulinita
(CP+MC:areia:a/c)
0,65+0,35+1,5+0,41 34,85 139
Fonte: FARIAS FILHO, ROLIM e TOLEDO FILHO, 2000.
56
A tabela 3.7 apresenta o teor de hidróxido de cálcio presente na
pasta dos corpos de prova após 28 dias de cura.
Tabela 3.7 - Hidróxido de cálcio presente na pasta após 28 dias de cura
Material
Substituição do Cimento
Portland (%)
Teor de Hidróxido de
Cálcio (%)
Tijolo Moído 20 7,02
Tijolo Moído 40 4,04
Tijolo Moído 50 3,30
Metacaulinita 20 6,19
Metacaulinita 40 2,13
Metacaulinita 50 0,78
Fonte: FARIAS FILHO, ROLIM e TOLEDO FILHO, 2000.
A tabela 3.6 indicou a boa reatividade pozolânica que ambos os
materiais apresentam, com vantagem para a metacaulinita.
Tanto a metacaulinita quanto o tijolo moído, apresentaram valores
significativos de SiO
2 e
Al
2
O
3,
comprovando a potencialidade destes
materiais quanto à atividade pozolânica. A tabela 3.7 confirma esta
teoria, mostrando o decréscimo do teor de hidróxido de cálcio em
função do aumento da substituição do cimento Portland.
A tabela 3.8 apresenta a evolução da resistência à compressão axial
para argamassas, comparando um traço de referência, com traços
contendo substituição do cimento Portland por 30% de tijolo
queimado moído ou metacaulinita. É possível observar o ganho de
resistência em todas as idades, mais acentuadamente aos 28 dias,
confirmando a reatividade que estes materiais apresentam.
Tabela 3.8 - Resistência à compressão simples (MPa)
MISTURA 28 DIAS 90 DIAS 120 DIAS 200 DIAS 365 DIAS
Referência (1:1,5:0,41) 25,05 30,60 33,54 38,88 40,45
Tijolo Moído
(0,7 CP + 0,3 TM) :1,5:0,41
31,71 33,35 35,32 40,17 40,50
Metacaulinita
(0,7 CP + 0,3 MC):1,5:0,41
37,79 36,67 39,19 42,57 43,05
Fonte: FARIAS FILHO, ROLIM e TOLEDO FILHO, 2000.
57
4. CERÂMICA VERMELHA
4.1. INDÚSTRIA CERÂMICA
O setor industrial da cerâmica é bastante diversificado e pode ser
dividido nos seguintes segmentos: cerâmica vermelha, materiais de
revestimento, materiais refratários, louça sanitária, isoladores
elétricos de porcelana, louça de mesa, cerâmica artística (decorativa
e utilitária), filtros cerâmicos de água para uso doméstico, cerâmica
técnica e isolantes térmicos.
O ramo da cerâmica vermelha compreende materiais com coloração
avermelhada empregados na construção civil (tijolos, blocos, telhas,
elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas expandidas) e
também utensílios de uso doméstico e de adorno.
Os dados do setor cerâmico brasileiro diferem entre as associações
representativas. De acordo com a ABC (Associação Brasileira de
Cerâmica), o setor é deficiente em dados estatísticos e indicadores
de desempenho, dificultando uma visão global sobre o assunto. No
caso especifico da cerâmica vermelha, os dados apresentados pela
ABC são empíricos, de acordo com valores obtidos em artigos
científicos e junto ao mercado. Este levantamento é dificultado pela
quantidade de empresas e sua distribuição, que atinge todo o
território nacional.
As tabelas 4.1 e 4.2 apresentam os dados do setor de cerâmica
vermelha no Brasil, de acordo com a ABC e ANICER.
58
Tabela 4.1 - Cerâmica vermelha no Brasil (ano 2003)
CERÂMICA VERMELHA
Número de Unidade Produtoras (empresas) 7.000
Número de Peças/Ano (bloco) 25.224.000
Número de Peças/Ano (telha) 4.644.000
Quantidade Produzida (em massa t/ano) 64.164.000
Matéria-Prima (argilas) 82.260.000
Produção Média por Empresa (peças/mês) 365.000
Faturamento (R$ bilhões) 4,2
Empregos Diretos 214.000
Fonte: ABC, 2007a.
Tabela 4.2 – Cerâmica no Brasil
N.º DE
EMPRESAS
% POR ÁREA PRODUÇÃO
(PEÇAS/MÊS)
CONSUMO DE
ARGILA
(TON/MÊS)
Blocos / tijolos 3600 63 4 bilhões 7,8 milhões
Telhas 1900 36 1,3 bilhões 2,5 milhões
Tubos 12 0,1 325,5 km
Empregos
Diretos
400.000
Fonte: ANICER, 2007.
Segundo a ABC (2007a), a indústria cerâmica tem participação no
Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 1%, correspondendo a cerca
de 6 bilhões de dólares. Para a ANICER (Associação Nacional da
Indústria Cerâmica, 2006), a indústria cerâmica vermelha
corresponderia a 4,8% da indústria da construção civil brasileira,
com faturamento anual de 6 bilhões de reais.
Embora haja discordância entre os dados das duas associações, os
números são representativos da importância do setor cerâmico na
economia brasileira. São mais de cinco mil empresas atuando na
fabricação de cerâmica vermelha.
59
4.2 MATÉRIAS-PRIMAS DA CERÂMICA VERMELHA
As matérias-primas para produtos em grande escala (tijolos, blocos,
refratários, etc.) tem origem na natureza, recebendo pouco ou
nenhum beneficiamento prévio, diferentemente de cerâmicas para
eletrônica ou eletrotécnica. A matéria-prima básica para fabricação
de cerâmica vermelha é a argila, que corresponde à quase totalidade
de sua composição.
A palavra argila vem do grego árgilos, que em latim chama-se
argila (FERREIRA, 2004). O termo é utilizado para denominar e
caracterizar uma gama de materiais, dependendo da área de
atuação. Vulgarmente, é a designação de um solo de granulação fina,
textura terrosa e comportamento plástico quando umedecidos.
A argila tem propriedades estruturas de um solo coesivo. Os
argilominerais, quando na presença de água, são responsáveis pelas
propriedades frescas das argilas, tais como: plasticidade, resistência
mecânica a úmido, retração linear de secagem, compactação,
tixotropia e viscosidade de suspensões aquosas.
Na mecânica dos solos e engenharia, o termo argila é dado ao
material natural, classificado em ensaio de granulometria, composto
por partículas extremamente pequenas, constituído essencialmente
de argilominerais, principalmente silicatos hidratados de alumínio,
ferro e magnésio, podendo conter outros minerais que não são
argilominerais (quartzo, mica, pirita, hematita, etc.), matéria orgânica
e outras impurezas (SANTOS, 1975).
O termo folhelhos é utilizado para designar rochas laminadas,
estratificadas ou detríticas, cujos componentes possuam
granulometria de siltes ou argilas, podendo possuir a mesma
consistência que esta ou apresentar-se como um material adensado e
duro, chamado de argilito (ABNT, 1995).
60
Sua composição, embora variável, é formada basicamente por silício,
alumínio e água, com quantidades expressivas de ferro, metais
alcalinos e alcalino-terrosos. Entretanto, alguns tipos de argilas, com
as flint-clays, embora possuam boa parte destes atributos, não
apresentam plasticidade quando misturadas à água (SANTOS, 1975).
O termo não está relacionado à origem destes materiais, podendo
designar solos provenientes de intemperismo, ação hidrotermal ou
sedimentos (fluviais, marinhos, lacustres ou eólicos).
A NBR 6502 (ABNT, 1995) trata da terminologia aplicada aos
materiais da crosta terrestre, rochas e solos, para fins de engenharia
geotécnica e fundações. Algumas das definições apresentadas por
ela são descritas a seguir:
a) Argila: solo de granulação fina constituído por partículas com
dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e
plasticidade.
b) Fração argila: designa a parcela de um solo cujas partículas
possuem diâmetros dentro da faixa granulométrica fixada para a
argila.
c) Argilominerais: Silicatos hidráulicos de alumínio, podendo
conter quantidades variáveis de ferro, magnésio, potássio,
sódio, lítio, etc. São geralmente formados por lamelas
constituídas por estratos ou lâminas de tetraedros de SiO
4
e
octaedros de Al(OH)
6
, possuindo cristalinidade variável. Os
argilominerais se formam por alteração de minerais primários
das rochas ígneas e metamórficas, como feldspatos, piroxênios
e anfibólios, ou são constituintes de rochas sedimentares.
Possuem a propriedade de absorver às superfícies de suas
partículas quantidades variáveis de água e íons. Os principais
grupos de argilominerais são: caulinita, micas hidratadas (Ex.:
ilítas) e esmectitas.
61
d) Caulinita: silicato hidratado de alumínio pertencente ao grupo
das canditas, caracterizado por estrutura lamelar formada pelo
empilhamento regular de camadas constituídas por uma folha
tetraédrica de sílica e uma folha octaédrica de alumina.
e) Ilita: argilomineral do grupo das micas hidratadas, formado por
lamelas que são constituídas por dois estratos de tetraedros de
silício e um de octaedro de alumínio. A sua estrutura é mais
estável que a das esmectitas, impedindo a admissão de água
interlamelar. Origina-se das micas por degradação (perda de K
e ganho de H
2
O), sem modificações estruturais. Possui
capacidade de troca catiônica de média a baixa e expansão
baixa.
f) Esmectitas: formadas por lamelas constituídas por um estrato
de octaedros de alumínio entre dois estratos de tetraedros. As
esmectitas possuem a capacidade de admitir H
2
O interlamelar,
o que propicia uma elevada expansão. O principal argilomineral
deste grupo é a montmorilonita.
SANTOS (1975) acredita na tendência de que os argilominerais se
concentrem em faixas de diâmetro menores que 2 µm, defendendo
que materiais não-argilosos geralmente estão ausentes abaixo
deste diâmetro, sendo a melhor maneira de separação (quali-
quantitativa) entre os argilominerais dos não-argilominerais.
Segundo PINTO (2000), dois tipos de estruturas estão presentes na
composição química das argilas. Uma delas é formada por tetraedros
justapostos num plano, com átomos de silício ligados à quatro
átomos de oxigênio (SiO
2
). A outra, é formada por octaedros, onde
átomos de alumínio são circundados por oxigênio ou hidroxilas
[Al(OH)
3
].
Alguns argilominerais, como a caulinita, são formados por uma
camada tetraédrica e uma octaédrica, chamada de estrutura de
62
camada 1:1. Este tipo de constituição apresenta camadas
firmemente empacotadas, com ligações de hidrogênio, que impedem
a penetração de moléculas de água. A figura 4.1 apresenta a
estrutura da caulinita e serpentine. As letrasG eB representam
camadas octaédricas ricas em cátions de alumínio e magnésio,
respectivamente.
Figura 4.1 – Diagrama das estruturas da caulinita (esquerda) e serpentine (direita).
Fonte: MITCHELL, 1976.
Outro tipo de arranjo é composto por a estrutura octaédrica é
encontrada entre duas estruturas tetraédricas (estrutura de camada
2:1). A esmectita e a ilita são exemplos deste tipo de formação.
Diferentemente do arranjo anterior, as ligações entre as camadas é
obtida através de íons O
2-
.e O
2 +
. Este tipo de ligação é mais fraca
que a anterior. As figuras 4.2 e 4.3 apresentam, respectivamente, as
estruturas da montmorilonita e saponita, e muscovita, ilita e
vermiculita. As letras G e B representam camadas octaédricas
ricas em cátions de alumínio e magnésio, respectivamente.
63
Figura 4.2 – Diagrama das estruturas da montmorilonita (esquerda) e saponita (direita).
Fonte: MITCHELL, 1976.
Figura 4.3 – Diagramas das estruturas da muscovita e ilita (esquerda), e vermiculita
(direita).
Fonte: MITCHELL, 1976.
O que diferencia os argilominerais é basicamente o tipo de estrutura
e as substituições que podem ocorrer, dentro da estrutura, do
alumínio por magnésio ou ferro, e do silício por alumínio ou ferro,
principalmente, e a conseqüente neutralização das cargas residuais
geradas pelas diferenças de cargas elétricas dos íons por alguns
cátions. É comum, por exemplo, a substituição de um átomo de silício
(Si
4 +
) por um de alumínio (Al
3+
) na estrutura tetraédrica. Já na
64
estrutura octaédrica, átomos de alumínio podem ser substituídos por
átomos de menor valência, como os do magnésio (Mg
2+
), conforme
apresentado na figura 4.3.
Quando na presença de água, as partículas minerais da argila sofrem
forças de atração e de repulsão entre elas. As forças de atração são
determinadas pelas forças de Van Der W alls e de ligações
secundárias, que atraem materiais adjacentes. As forças de repulsão
decorrem das cargas líquidas negativas das partículas, quando as
camadas duplas encontram-se em contato. A estrutura deste tipo de
solo é determinada pela combinação destas forças. A liberdade de
movimento das placas determina a capacidade de absorção de água
de certas argilas, determinando a expansão e/ou contração das
mesmas. A figura 4.4 apresenta o diagrama estrutural da haloisita
hidratada e não-hidratada.
Figura 4.4 – Diagramas das estruturas da haloisita hidratada (esquerda) e não-
hidratada (direita).
Fonte: MITCHELL, 1976.
As figuras 4.5, 4.6 e 4.7 apresentam as fotomicrografias de amostras
de caulinita, haloisita e ilita.
65
Figura 4.5 – Caulinita de origem inglesa - 17 µm.
Fonte: TOVEY, 1971 apud MITCHELL, 1976.
Figura 4.6 - Haloisita de origem americana - 2 µm.
Fonte: TOVEY, 1971 apud MITCHELL, 1976.
66
Figura 4.7 - Ilita de origem americana – 7,5 µm.
Fonte: TOVEY, 1971 apud MITCHELL, 1976.
SANTOS (1975) considera que a caracterização de argilas é um
problema complexo, face a variabilidade de suas propriedades,
necessitando o emprego de técnicas sofisticadas, como microscopia
eletrônica de transmissão e de varredura. Assim, propõe a
determinação de suas propriedades como segue:
I. Textura;
II. Composição Mineralógica;
III. Íons mutáveis;
IV. Propriedades micrométricas (Granulometria, área superficial
específica, forma dos grãos, porosidades, etc.);
V. Sistema argila + água;
VI. Propriedades tecnológicas.
67
Em alguns casos, em função da aplicação, as argilas podem receber
designações próprias, decorrentes de aplicações tecnológicas,
composição química/mineralógica ou origem geológica, como:
caulins, bentonitas, argilas refratárias, flint-clays, ball clays e terra
fuler.
As argilas mais apropriadas para utilização fabricação de cerâmica
vermelha são aquelas que contêm em sua constituição os
argilominerais ilita, de camadas mistas ilita-montmorilonita e clorita-
montmorilonita, além de caulinita, pequenos teores de montmorilonita
e compostos de ferro (ABC, 2007b).
68
5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS E RESULTADOS
5.1 VISITA À OLARIA E AMOSTRAGEM
Foi realizada uma visita à fábrica de blocos cerâmicos no mês de
agosto de 2006. Os resíduos são provenientes de uma olaria
localizada no município de Ribeirão das Neves, situada na Região
Metropolitana da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Durante a visita, foram observados os processos produtivos, que
serão descritos no item 5.3. Na unidade estudada, a produção de
blocos cerâmicos oscila entre 350 e 400 t/dia útil. O percentual de
perda é de aproximadamente 5% do total produzido (17,5 a 20 t/dia
útil).
Na ocasião, foram coletados separadamente os resíduos de blocos
de vedação e estruturais, que estavam empilhados juntos no pátio da
empresa, à céu aberto. Para não haver dúvidas sobre os tipos de
resíduos, optou-se pela coleta de blocos inteiros da pilha, separados
manualmente pelo tipo de seção, que são diferentes (vedação ou
estrutural). As amostras foram ensacadas, etiquetadas e
transportadas para os laboratórios da Escola de Engenharia da
UFMG.
Os resíduos são relativamente homogêneos, não sendo esperadas
alterações significativas das suas características físico-químicas ao
longo do tempo.
Não foi permitido o registro fotográfico das atividades, equipamentos,
espaços da indústria e o processo de produção das peças cerâmicas.
69
5.2. RESÍDUOS CERÂMICOS
O estudo analisa separadamente as amostras de dois tipos de
resíduo: blocos cerâmicos para alvenaria de vedação e blocos
cerâmicos para alvenaria estrutural.
Trata-se do refugo da produção de tijolos/blocos. São peças que não
apresentaram qualidade de acabamento, conformidade dimensional
ou proveniente de quebras no processo produtivo, tornando-se
inadequadas ao comércio. Estes resíduos são comumente chamados
de chamote.
A figura 5.1 apresenta o resíduo de blocos cerâmicos para alvenaria
estrutural.
Figura 5.1 – Bloco estrutural
70
5.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS BLOCOS CERÂMICOS
Na unidade fabril estudada, o processo produtivo dos blocos
cerâmicos acontece da seguinte forma:
1. Obtenção e Transporte da Matéria-Prima: As argilas que
serão utilizadas na fabricação dos blocos cerâmicos são
obtidas de jazidas localizadas nos arredores dos municípios de
Ribeirão das Neves e Vespasiano, ambos em Minas Gerais. São
adquiridos três tipos de argilas diferentes, variando-se a
plasticidade (teor de areia) entre elas.
2. Preparação da Massa: as argilas são misturadas entre si e
com outro produto, denominado fercok, que é uma espécie de
lama de alto-forno, que é adicionado no traço de 18:1 (em
volume, argilas: fercok), com intuito de acelerar a queima e
baratear o custo, com a diminuição do uso da matéria-prima
original.
De acordo com CST (2007), a lama de alto-forno é um co-
produto gerado após a etapa de lavagem do gás de alto-forno e
a separação dos particulados sólidos. Devido a seu alto teor de
carbono (cerca de 40%), ela proporciona um tempo de
campanha (cozimento) do lote de tijolo ou telha menor que o
usual, contribuindo para a economia de combustível. Esse
tempo cai de algo em torno de 80 horas de cozimento para
aproximadamente 48 horas. A presença do carbono contribui
também para a o equilíbrio térmico dos fornos, evitando o
cozimento mais rápido de parte do lote ou perda de parte que
não foi cozido adequadamente devido às diferenças de
temperatura no forno. Além disto, o teor de óxido de ferro
presente na lama produz um incremento de resistência
mecânica.
71
VIEIRA et al (2007), estudaram a incorporação de lama de alto-
forno em cerâmica vermelha e consideram que este resíduo
possui granulometria adequada para esta finalidade. Entretanto,
sugere que a adição de lama de alto forno seja inferior a 5% do
peso da massa cerâmica, de modo a evitar possíveis efeitos
deletérios às propriedades físicas e mecânicas da cerâmica,
uma vez que sua pesquisa demonstrou o aumento da absorção
de água, redução da tensão de ruptura à flexão e aumento da
retração linear da cerâmica queimada. A tabela 5.1 apresenta a
composição química da lama de alto forno estudada por esses
autores.
Tabela 5.1 - Composição química de uma lama de alto-forno
CONSTITUINTES LAMA DE ALTO FORNO (%)
SiO
2
4,94
Al
2
O
3
2,22
Fe
2
O
3
57,91
TiO
2
0,12
CaO 2,97
MgO 0,77
K
2
O 0,29
Na
2
O 1,18
ZnO 0,51
MnO
2
0,54
P
2
O
5
0,15
SO
3
1,89
Perda ao Fogo 26,22
Fonte: VIEIRA, MARTINS, MOTHÉ, SANCHÉZ e MONTEIRO, 2007.
Na unidade estudada não há um controle tecnológico da
dosagem dos materiais. A proporção entre os tipos de argila é
feita de modo empírico, de acordo com a sensibilidade do
operário, que avalia manualmente a plasticidade da massa.
Segundo a própria indústria, a mistura deve descansar, para
promover uma melhor homogeneização. O tempo ideal para o
72
descanso é de uma semana, mas dificilmente consegue-se este
tempo, sendo o mais comum o período de 72 horas, devido às
necessidades de produtividade da indústria.
3. Produção: A massa é transportada e introduzida numa linha de
produção mecânica, composta pelos seguintes equipamentos:
TRITURADOR LAMINADOR EXTRUSOR CORTADEIRA
A massa passa primeiro pelo triturador, que promove um melhor
destorroamento e homogeneização. Segue então para o
laminador, que tem a função de dar forma às peças.
Segundo ABC (2007b), existem diversos processos de
conformação de produtos cerâmicos, entre eles a fundição, a
prensagem, o torneamento e a extrusão, que é o modelo
adotado pela unidade estudada. A massa cerâmica deve ter
comportamento plástico para este tipo de processo.
A massa cerâmica é colocada numa extrusora (também
conhecida como maromba), onde é forçada por um pistão ou
eixo helicoidal, através de um molde, que dá forma à seção
transversal desejada. A massa extrudada sai de forma contínua
do equipamento, seguindo para a cortadeira, que promove o
corte transversal da coluna, através de um fio de aço. A altura
da peça, então, é dada pela velocidade da esteira.
O tijolo estrutural, quando produzido nas dimensões 39x14x19
(comprimento, largura e altura em centímetros) possui peso
úmido aproximado de 12kg. Após a queima, o peso ficará entre
8,0 e 8,5 kg.
O tijolo de vedação, quando produzido nas dimensões 29x9x19
(comprimento, largura e altura em centímetros) possui peso
úmido aproximado de 5,5 kg, e depois de queimado, de 3,6 a
4,0 kg.
73
4. Secagem: Após ser conformado, o bloco segue para uma
câmara de secagem, onde permanece durante 18 horas, na
temperatura entre 80 e 120 ºC. Esta etapa tem a finalidade de
retirar a água da massa de forma lenta e gradual, evitando que
as peças sofram possíveis tensões durante a queima, evitando-
se trincas e fissuras.
5. Queima: também conhecida como sinterização. O bloco segue
para uma das câmaras do forno e passa por três fases:
i. Aquecimento da temperatura ambiente até a temperatura
desejada;
ii. Tempo determinado na temperatura especificada;
iii. Resfriamento até temperaturas inferiores a 200 ºC.
O forno utilizado é do tipo Hoffmann, contínuo, com canal para
ventilação e retirada da umidade. As paredes são de tijolo
cerâmico maciço, formando câmaras semi-independentes.
As peças são arrumadas em lotes de mil unidades dentro de
cada câmara, dispostos sob aberturas existentes na estrutura
superior do forno (teto), local por onde entra o combustível. A
porta da câmara é selada com uma parede de alvenaria de
tijolos maciços.
Conforme o fogo percorre uma das câmaras, a câmara
adjacente é pré-aquecida pela transferência de calor entre elas.
O combustível utilizado nesta unidade é a lenha. O consumo do
combustível é da ordem de 1 m³/h (720 m³/mês).
A figura 5.2 mostra uma visão da parte superior do forno, onde
é possível observar as janelas superiores do forno, por onde é
inserida a lenha. A figura 5.3 mostra a visão de dentro do forno
através de uma das janelas, sendo possível observar a queima.
74
Figura 5.2 – Vista superior do forno
Figura 5.3 – Vista superior de uma janela de alimentação
75
Após ser pré-aquecida, a câmara recebe o combustível
diretamente, até atingir a temperatura desejada (entre 800 e
1000 ºC). Os blocos permanecem nesta temperatura durante uma
hora.
Na fábrica em questão, assim como acontece na fase de mistura,
não há qualquer controle tecnológico da temperatura de queima.
Os ajustes de quantidade de combustível são feitos de acordo com
a sensibilidade do funcionário responsável pela alimentação do
fogo, que avalia a temperatura por meio da observação da
coloração da chama.
Durante a queima ocorrem uma série de transformações em função
dos componentes da matéria-prima, tais como: perda de massa,
desenvolvimento de novas fases cristalinas, formação de fase
vítrea e a soldagem dos grãos.
Após a queima, o material continua dentro da câmara durante
algumas horas, resfriando lentamente.
A câmara é aberta e retiram-se as peças cerâmicas, que são
inspecionadas visualmente, separando-se aquelas que apresentam
defeitos, como quebras e trincas.
O processo todo, considerando todas as etapas de fabricação,
dura cerca de 96 horas (4 dias).
As Figuras 5.4, 5.5 e 5.6 mostram o esquema de um forno tipo
Hoffman, com alimentação à gás.
76
Figura 5.4 – Esquema de forno Hoffman – vista superior
Fonte: OSHIMOTO & THOMAZ, 1990.
Figura 5.5 – Esquema de forno Hoffman – corte AA
Fonte: OSHIMOTO & THOMAZ, 1990.
Figura 5.6 – Esquema de funcionamento de forno contínuo
Fonte: OSHIMOTO & THOMAZ, 1990.
77
5.4 MOAGEM DOS RESÍDUOS
A segunda parte da pesquisa consistiu na avaliação da
pozolanicidade do material. Para tanto, o resíduo cerâmico deve ser
moído finamente, com percentual máximo de 34% retido na peneira
#325 (45µm), segundo NBR 12653 (1992d).
1ª Ten tativa de Moagem:
A primeira tentativa de moagem foi realizada no Laboratório de
Concreto do DEMC.
Antes da moagem, os blocos foram triturados manualmente com um
martelo, sem controle da granulometria de entrada no moinho. A
figura 5.7 mostra uma das amostras antes da moagem.
Figura 5.7– Bloco cerâmico triturado manualmente
78
Utilizou-se um moinho de bolas, sempre com o torque máximo
permitido pelo equipamento. Foram efetuadas moagens com cargas
de 15 e 45 bolas de louça (1609,8 kg e 4840,1 kg, respectivamente)
para a amostra do bloco de vedação. A figura 5.8 mostra o moinho
utilizado nesta tentativa.
Figura 5.8 – Moinho utilizado na 1ª tentativa
Após 60 minutos de moagem, observou-se uma grande quantidade de
material grosseiro. Os pedaços maiores apresentavam abrasão das
arestas, ganhando formas arredondadas durante a moagem. Esta
observação indicou a falha no processo de moagem, uma vez que o
material não estava sendo triturado, mas apenas desgastado. A
figura 5.9 apresenta uma das amostras após a moagem, onde é
possível observar pedaços grandes com formatos arredondados.
79
Figura 5.9 – Amostra após a 1ª tentativa de moagem
Fez-se, então, um peneiramento grosseiro, com peneira de malha 5,5
mm, que acabou por comprovar a ineficácia do método. Para a
amostra do bloco estrutural foi realizada a moagem apenas com a
carga de 45 bolas, apenas como comparativo em relação ao bloco de
vedação. A tabela 5.2 mostra os percentuais retidos neste
peneiramento.
Tabela 5.2 - Resultado do peneiramento da 1ª tentativa de moagem (60 minutos)
AMOSTRA DE VEDAÇÃO AMOSTRA ESTRUTURAL
15 bolas 45 bolas 15 bolas 45 bolas
Peso (g) 4456,0 4456,0 - 4456,0
% retido 52,5 51,9 39,7
80
2ª Ten tativa de Moagem:
A segunda tentativa de moagem foi realizada nas dependências do
Laboratório de Tratamento de Minérios da UFMG. Desprezaram-se as
amostras que já haviam sido moídas anteriormente, para que não
houvesse influência na nova metodologia.
Para avaliar a eficiência da energética da moagem, optou-se por
fazer uma britagem prévia do material utilizando-se um britador de
mandíbulas. Os blocos foram colocados inteiros, na forma como
foram coletados, nas mandíbulas do equipamento, permitindo a
padronização do material que entraria no moinho posteriormente. As
figura 5.10 e 5.11 apresentam, respectivamente, o britador e parte do
material britado.
Figura 5.10 – Britador de mandíbulas
81
Figura 5.11 – Amostra britada
Após a britagem, as amostras foram peneiradas, fornecendo a
granulometria de entrada, conforme apresentado nas tabelas 5.3 e
5.4, respectivamente para bloco de vedação e estrutural.
Tabela 5.3 - Granulometria após britagem (bloco de vedação)
Peneira (mm) % Passante Acumulado
19 74%
12,7 56%
9,52 41%
6,8 32%
4,76 26%
2,38 16%
1,68 14%
1,2 11%
0,84 10%
Bloco de Vedação
Peso da Amostra = 6,875 kg
0 0%
82
Tabela 5.4 - Granulometria após britagem (bloco estrutural)
Peneira (mm) % Passante Acumulado
19 73%
12,7 53%
9,52 35%
6,8 26%
4,76 19%
2,38 7%
1,68 6%
1,2 2%
0,84 0%
Bloco Estrutural
Peso da Amostra = 8,640 kg
0 0%
As figuras 5.12 e 5.13 apresentam as curvas granulométricas dos
materiais, após a britagem.
Curva Granulométrica - Bloco de Vedação
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,1 1 10 100
Diâmetro das Parculas (mm)
% Passante
Figura 5.12 - Granulometria de entrada no moinho (bloco de vedação)
83
Curva Granulotrica - Bloco Estrutural
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
% Passante
Figura 5.13 - Granulometria de entrada no moinho (bloco estrutural)
As amostras apresentaram granulometria próxima após a britagem,
mesmo possuindo formatos construtivos diferentes.
Após a britagem, as amostras foram moídas num moinho de bolas
maior do que o utilizado na primeira tentativa, com volume
aproximado de 50 litros, utilizando-se uma carga de bolas de ferro
fundido correspondente à 30% do volume. A rotação aplicada foi de
52 RPM.
Após 30 minutos de moagem, foi retirada uma amostra do material
para avaliação. O resíduo foi peneirado a seco nas malhas #200 e
#325. Este tipo de peneiramento mostrou-se ineficaz, pois o material
aglutinava-se durante o processo, possivelmente devido à
polarização das cargas elétricas presentes nas partículas,
considerando-se o baixo peso dos grãos, que se atraem. Assim,
passou-se ao peneiramento por via úmida durante 30 minutos. O
material então foi pesado e levado à estufa durante 48h.
84
O tempo total de moagem foi de 150 minutos, com amostragens em
30, 60 e 90 minutos. A tabela 5.5 apresenta os valores obtidos pelo
peneiramento.
Tabela 5.5 - Percentual retido acumulado após 2ª tentativa de moagem
% RETIDO ACUMULADO
Vedação Estrutural
Tempo (min) #200 #325 #200 #325
30 22 34 35 46
60 16 26 17 32
90 13 21 10 23
150 3 8 5 16
Os resultados mostram que, para ambas as amostras, após 60
minutos de moagem o material retido na peneira #325 (45 µm) é
menor que 34%, conforme exigido pela NBR 12653 (ABNT, 1992d)
para classificação de materiais pozolânicos (tabela 2.2).
As amostras apresentaram colorações diferentes após a moagem. A
amostra de bloco de vedação possui uma coloração avermelhada,
enquanto a amostra de bloco estrutural possui aspecto mais
acinzentado, conforme apresentado pelas figuras 5.14 e 5.15.
85
Figura 5.14 – Amostra de vedação após a moagem
Figura 5.15 – Amostra estrutural após a moagem
86
Devido à metodologia adotada, com a análise apenas dos grãos
retidos nas peneiras #200 e #325, foram utilizadas amostras entre 50
e 100 gramas para o peneiramento à úmido. Isto ocorreu para que
não houvesse perdas significativas do material que continuaria a ser
moído, o que poderia influenciar a análise posterior da moagem.
Entretanto, a pouca quantidade amostrada e a dificuldade no
peneiramento de um material fino, geraram perdas ao longo do
ensaio, que podem ter influenciado nos resultados.
Assim, para uma conferência destes valores, optou-se pela análise
granulométrica por meio de outros métodos: Cyclosizer Warman e
granulômetro a laser, conforme apresentado nos itens 4.5.1 e 4.5.2.
5.5 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO
Para caracterização dos resíduos, além do peneiramento por via
úmida (#200 e #325), foram efetuados os seguintes ensaios:
Granulometria por elutriação (Cyclosizer W arman);
Granulometria a laser;
Massa específica (picnômetro a gás);
Área superficial específica (método de BET);
Espectrometria de fluorescência de raios-X (FRX);
Difração de raios-X (DRX);
Microscopia eletrônica de varredura (MEV);
Microanálise (EDS);
Determinação da atividade pozolânica em cimento Portland
índice de atividade pozolânica com cimento - NBR 5752;
Determinação da atividade pozolânica em cimento Portland
pozolânico aos 14 dias - NBR 5753.
87
5.5.1 Granulometria por elutriação (Cyclosizer Warman)
Além do peneiramento tradicional, utilizou-se também a
granulometria por elutriação centrífuga (Cyclosizer). O Cyclosizer é
um equipamento comumente utilizado na indústria de mineração.
Possui maior precisão que o peneiramento tradicional para partículas
menores que 45 µ m. O equipamento separa os grãos em frações mais
ou menos homogêneas, mediante a sedimentação numa corrente
ascendente de água que passa por colunas verticais.
A corrente de fluido promove a aceleração centrífuga das partículas,
cuja velocidade permite a permanência dos grãos em suspensão e
sua subseqüente separação. São cinco colunas interligadas, que
permitem a separação de cinco diferentes frações granulométricas.
Depois de determinado tempo, as colunas são esvaziadas
separadamente em bécheres e depois filtradas. Os filtros de papel
foram levados à estufa por 48h e depois pesados.
As frações granulométricas são dadas por uma fórmula específica,
que correlaciona os dados do ensaio (vazão aplicada e temperatura)
e os valores obtidos na filtragem. O equipamento é calibrado de
acordo com valores padrão de temperatura, vazão, densidade
aparente e tempo de elutriação.
A fórmula para correção destes parâmetros é dada por
(MONTENEGRO, 2006):
Onde:
a) d
e
= Tamanho efetivo de separação;
b) d
i
= Tamanho limite de separação;
d
e
= d
i
x f
1
x f
2
x f
3
x f
4
88
c) f
1
= fator de correção para a temperatura;
d) f
2
= fator de correção para vazão;
e) f
3
= fator de correção para densidade;
f) f
4
= fator de correção para o tempo de elutriação.
O tamanho efetivo de separação (de) representa o diâmetro no qual
uma porcentagem do material fica retida, de forma análoga ao
peneiramento tradicional.
Os parâmetros medidos durante o ensaio, para ambas as amostras,
foram:
Temperatura = 25 ºC;
Vazão = 11,45 l/min (rotâmetro = 190mm);
Tempo = 20 minutos.
A densidade das amostras, conforme ensaio descrito no item 4.5.4, é
de 2,81 g/cm³ e 2,82g/cm³, respectivamente para bloco de vedação e
estrutural.
A tabela 5.6 apresenta os fatores de correção utilizados para as
variáveis do ensaio. Os valores de densidades dos blocos são muito
próximos, não ocasionando diferença significativa no fator f
3
.
Tabela 5.6 - Fatores de correção
f
1
(TEMPERATURA)
f
2
(VAZÃO)
f
3
(DENSIDADE)
f
4
(TEMPO)
25 ºC 190 mm / 11,45 l/min 2,81 g/cm³ 20 min
FATOR DE
CORREÇÃO
0,94 1,008 0,955 0,955
Fonte: MONTENEGRO, 2006.
89
As tabelas 5.7 e 5.8 apresentam os resultados do ensaio,
respectivamente para as amostras dos blocos de vedação e
estrutural.
Tabela 5.7 - Granulometria por elutriação (vedação)
Tamanho Limite (µm)
Tamanho Efetivo
m)
% Retido
Acumulado
% Passante
Acumulado
42,7 36,9 +/- 0,5 16 84
30,5 26,4 +/- 0,5 25 75
22,1 19,1 +/- 0,5 30 70
15 13, 0 +/- 0,5 37 63
12 10,4 +/- 0,5 43 57
Tabela 5.8 - Granulometria por elutriação (estrutural).
Tamanho Limite (µm)
Tamanho Efetivo
m)
% Retido
Acumulado
% Passante
Acumulado
42,7 36,9 +/- 0,5 19 81
30,5 26,4 +/- 0,5 27 73
22,1 19,1 +/- 0,5 33 67
15 13,0 +/- 0,5 41 59
12 10,4 +/- 0,5 49 51
O método de elutriação centrífuga apresentou resultados
satisfatórios quanto às exigências da NBR 12653 (ABNT, 1992d).
Ambas as amostras obtiveram valores inferiores à 34% retido na
peneira #325.
5.5.2 Granulometria a Laser
Apesar do material em estudo já possuir uma caracterização
granulométrica obtida por meio de peneiramento à úmido (apenas
#200 e #325) e Cyclosizer Warman, optamos pela execução do
ensaio de granulometria a laser, com o intuito de se comprovar a
faixa de valores encontrada nos outros ensaios, já que os métodos e
90
equipamentos apresentam precisões diferenciadas, de acordo com o
tamanho e distribuição dos grãos.
O granulômetro utilizado no ensaio foi da marca Sympatec, modelo
Helos 12LA.
Após a limpeza do equipamento, foi introduzida uma solução
dispersante (hexametafosfato de sódio, em solução de 0,05%) para
facilitar a detecção e leitura pelo equipamento. O equipamento
executa uma leitura inicial da solução, que servirá como padrão de
referência.
Antes de ser colocada no granulômetro, a amostra passou pelo
equipamento de ultra-som, com o intuito de destorroar as partículas,
evitando-se possíveis fontes de erros. As concentrações do
dispersante utilizado para as amostras de vedação e estrutural foram
de 22% e 20%, respectivamente.
Cada amostra foi ensaiada utilizando-se lentes de 20 e 50 mm. Este
procedimento teve como objetivo confirmar e comparar os dados
obtidos, pois as lentes possuem precisões diferentes. A lente de
20 mm é mais precisa na faixa de 0,18 a 35,00 µm, enquanto a de
50 mm tem desempenho melhor entre 0,45 e 87,50 µm.
A tabela 5.9 e as figuras 5.16, 5.17, 5.18 e 5.18 apresentam os
resultados do ensaio.
91
Tabela 5.9 - Granulometria a laser
Bloco de Vedação Bloco Estrutural
20 mm 50 mm 20 mm 50 mm
Diâmetro
das
Partículas
m)
%
Passante
Acumulado
Diâmetro
das
Partículas
m)
%
Passante
Acumulado
Diâmetro
das
Partículas
m)
%
Passante
Acumulado
Diâmetro
das
Partículas
m)
%
Passante
Acumulado
0,18 0,00 0,45 1,99 0,18 0,00 0,45 1,47
0,22 0,00 0,55 3,40 0,22 0,00 0,55 2,58
0,26 0,00 0,65 5,05 0,26 0,00 0,65 3,93
0,30 0,07 0,75 6,90 0,30 0,06 0,75 5,44
0,36 0,38 0,90 9,90 0,36 0,31 0,90 7,93
0,44 1,09 1,10 14,12 0,44 0,94 1,10 11,46
0,52 2,12 1,30 18,40 0,52 1,86 1,30 15,07
0,62 3,76 1,55 23,61 0,62 3,35 1,55 19,47
0,74 6,14 1,85 29,39 0,74 5,52 1,85 24,38
0,86 8,83 2,15 34,52 0,86 7,99 2,15 28,74
1,00 12,17 2,50 39,72 1,00 11,06 2,50 33,17
1,20 17,00 3,00 45,95 1,20 15,51 3,00 38,51
1,50 23,93 3,75 53,45 1,50 21,87 3,75 45,03
1,80 30,20 4,50 59,41 1,80 27,58 4,50 50,31
2,10 35,66 5,25 64,13 2,10 32,52 5,25 54,61
2,50 41,76 6,25 68,90 2,50 38,04 6,25 59,10
3,00 47,92 7,50 73,30 3,00 43,72 7,50 63,47
3,60 53,87 9,00 77,42 3,60 49,34 9,00 67,80
4,20 58,74 10,50 80,91 4,20 54,01 10,50 71,53
5,00 64,04 12,50 84,85 5,00 59,15 12,50 75,75
6,00 69,23 15,00 88,65 6,00 64,33 15,00 79,92
7,20 74,02 18,00 91,81 7,20 69,31 18,00 83,54
8,60 78,33 21,50 94,04 8,60 73,98 21,50 86,29
10,20 82,25 25,50 95,55 10,20 78,35 25,50 88,46
12,20 86,29 30,50 96,91 12,20 82,87 30,50 90,97
14,60 90,42 36,50 98,47 14,60 87,46 36,50 94,26
17,40 94,54 43,50 99,88 17,40 92,09 43,50 97,82
20,60 98,02 51,50 100,00 20,60 96,29 51,50 100,00
24,60 100,00 61,50 100,00 24,60 99,36 61,50 100,00
29,40 100,00 73,50 100,00 29,40 100,00 73,50 100,00
35,00 100,00 87,50 100,00 35,00 100,00 87,50 100,00
92
Ensaio de Granulometria a Laser - Bloco de Vedação (Lente 20mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10 100
Diâmetro das Parculas (mm)
% Passante Acumulado
Figura 5.16 – Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação)
Ensaio de Granulometria a Laser - Bloco de Vedação (lente 50 mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10 100
Diâmetro das Parculas (mm)
% Passante Acumulado
Figura 5.17 –Granulometria a laser - (lente = 50 mm – bloco de vedação)
93
Ensaio de Granulometria a Laser - Bloco Estrutural (Lente 20mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10 100
Diâmetro das Parculas (mm)
% Passante Acumulado
Figura 5.18 - Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação)
Ensaio de Granulometria a Laser - Bloco Estrutural (Lente 50mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
% Passante Acumulado
Figura 5.19 - Granulometria a laser - (lente = 20 mm – bloco de vedação)
94
As diferenças entre as curvas granulométricas entre as amostras
foram pequenas, considerando-se o tempo e o método de moagem
aplicado. Estas diferenças podem estar ligadas à queima e forma
original de cada tipo de bloco. No entanto, a diferença entre as
lentes aplicadas mostrou-se significativa. Enquanto a lente de 20 mm
apresenta uma distribuição granulométrica abaixo de 25 µm
(aproximadamente), a lente de 50 mm mostra partículas retidas em
44 µm (aproximadamente).
Considera ções Sobre os Ensaios de Gr anu l ometria
Os métodos de ensaio de granulometria apresentaram diferenças
entre si, mas são adequados à faixa granulométrica das amostras.
Qualquer que seja o método escolhido, os resultados obtidos foram
satisfatórios, qualificando o material para o uso pozolânico - com
percentual máximo de 34% retido na peneira #325 (45 µm).
5.5.3 Densidade (Picnômetro a Gás)
Uma das técnicas mais utilizadas para determinação da densidade é
utilizar o hélio como gás de intrusão, uma vez que as pequenas
dimensões atômicas deste elemento asseguram uma penetração
entre as cavidades e poros de até um Ångström.
A determinação da densidade foi feita utilizando-se um picnômetro a
gás, marca/modelo Quanta Chrome Stereopycnometer. Os resultados
do ensaio encontram-se no anexo B.
As densidades médias obtidas são praticamente iguais entre si (2,81
e 2,82 g/cm³, respectivamente para os blocos de vedação e
estrutural). Estes valores são relativamente próximos àqueles obtidos
por FARIAS FILHO, ROLIM e TOLEDO FILHO (2000) - 2,69 g/cm³ - e
VIEIRA (2000) - 2,72 g/cm³.
95
5.5.4 Área Superficial Específica
A área superficial específica (ASE) pode ser definida como a soma
total da área superficial de um material particulado, por unidade de
massa. Pode ser obtida por duas técnicas: a indireta (empírica), em
que se usa o permeabilímetro de Blaine, e a direta (científica), por
adsorção gasosa, baseada na equação de BET Brunauer, Emmett e
Teller (BRANDÃO, 2007).
A técnica de adsorção gasosa, utilizada neste ensaio, baseia-se no
princípio de que a quantidade de um gás ou líquido fisicamente
adsorvido sobre a superfície de uma amostra para formar uma
monocamada é uma função direta da sua área superficial. A
quantidade de gás adsorvido pode ser determinada por gravimetria,
volumetria ou por uma técnica de fluxo contínuo. Antes de qualquer
determinação de área superficial faz-se necessário a remoção de
gases ou de vapores adsorvidos na superfície do sólido durante o
seu processamento, manuseio ou armazenamento. A remoção desses
gases ou vapores tem por objetivo evitar a redução ou variação da
área superficial decorrente de uma prévia ocupação da superfície por
outras moléculas. As condições de temperatura, pressão e tempo
para a remoção de gás ou vapor adsorvido devem ser bem definidas
a fim de que a determinação da área superficial da amostra seja
reproduzida com máxima fidelidade. A medida da adsorção do gás é
realizada a baixa temperatura uma vez que a quantidade de gás
adsorvido numa dada pressão tende a baixar ou aumentar a
temperatura durante o ensaio. Os dados gerados pela determinação
são tratados de acordo com a conhecida função de Brunauer, Emmett
e Teller (BET). (SANTOS, VEIGA e PINA, 2006).
Para a realização dos ensaios, as amostram foram secas em estufa
(140 ºC), para que a umidade não influenciasse a absorção do N
2
pela superfície das partículas dos materiais.
96
O método adotado para a obtenção da área superficial específica foi
o de BET multiponto. Este ensaio consiste na injeção de dosagens de
nitrogênio, que variam de baixa a alta densidade, com o intuito de
achar vários pontos da isoterma. A quantidade de pressão de
nitrogênio inserida inicialmente é conhecida como P
0
e a relação
P/P
0
pode variar de 0,05 a 0,035, faixa onde o comportamento da
isoterma é linear. O gráfico obtido pela relação volume (V) x P/P
0
fornece o valor do coeficiente linear C através do prolongamento da
reta, no eixo vertical.
Os valores encontrados para a área superficial específica, segundo o
método de BET, foram 8,46 m²/g e 4,26 m²/g, respectivamente para
as amostras do bloco de vedação e estrutural.
A diferença entre os valores obtidos para cada amostra mostrou-se
grande (cerca de 100%), considerando-se a paridade encontrada nos
ensaios de granulometria e a natureza idêntica dos materiais. Além
disto, estes valores são superiores aos valores médios obtidos em
cimentos Portland, que variam entre 0,35 e 0,60 m²/g.
A ABNT, através das NBRs 5732 (1991a), 5733 (1991b), 5735
(1991c), 5736 (1991d) e 11578 (1991e), prescreve valores mínimos
para a área superficial específica do cimento Portland comum e
composto (a partir de > 0,24 m²/g), e cimento Portland de alta
resistência inicial (> 0,30 m²/g).
Entretanto, mesmo sendo a ASE um parâmetro importante para a
avaliação da finura do material, estando ligada diretamente à
reatividade do mesmo, a ABNT não adota a ASE como exigência
física para classificação dos cimentos Portland pozolânico e de alto
forno.
Os resultados completos e gráficos (isotermas) do ensaio encontram-
se no anexo A.
97
5.5.5 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X
A análise por fluorescência de raios X é um método quali-
quantitativo, baseado na medida das intensidades dos raios X
característicos emitidos pelos elementos que constituem a amostra
(BOUMANS & KLOCKENKÄMPER, 1989 apud NASCIMENTO FILHO,
1999). Os raios X emitidos por tubos de raios X, ou raios X ou gama
por uma fonte radioativa, excitam os elementos constituintes, os
quais, por sua vez, emitem linhas espectrais com energias
características do elemento e cujas intensidades estão relacionadas
com a concentração do elemento na amostra (NASCIMENTO FILHO,
1999).
A amostra consiste de uma pequena porção do material, com uma
fina camada de ácido bórico em sua superfície, compactados
manualmente em uma pequena forma metálica cilíndrica. O
equipamento utilizado foi o Philips PW2400 Spectrometer.
Os resultados dos ensaios de espectrometria de raios X para as
amostras do bloco de vedação e estrutural encontram-se dispostos
sequencialmente no anexo C.
Os resultados de cada amostra são parecidos entre si, o que era
esperado, posto que ambos possuem a mesma matéria-prima.
Os elementos com presença mais significativa são o silício (Si),
oxigênio (O) e alumínio (Al), corroborando com a hipótese que as
amostram possuam algum grau de pozolanicidade. Em nível baixo,
apresentam-se o ferro e magnésio (Fe e Mg, respectivamente). Além
destes, os resultados apresentam traços de zinco (Zn), níquel (Ni),
manganês (Mn), cromo (Cr), titânio (Ti), cloro (Cl), cálcio (Ca), cério
(Ce), fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), enxofre (S) e chumbo
(Pb).
98
5.5.6 Difração de Raios-X
A difração de raios X ocorre devido ao espalhamento desses raios
pelos átomos da rede cristalina. Quando os raios X são espalhados
pelo ambiente ordenado de um cristal, ocorre a interferência entre os
raios espalhados (tanto construtiva como destrutiva), pois as
distâncias entre os centros espalhadores são da mesma ordem de
grandeza que o comprimento de onda da radiação, resultando, então,
numa figura de difração, que é captada pelo equipamento e
comparada com um banco de dados, fornecendo assim, um gráfico.
O equipamento usado foi da marca Philips, Série PW, regulado para
40KV de voltagem e 20mA de corrente (Figura 4). O step size foi de
0,060 e o ângulo de leitura variou entre 3 e 80.
Os espectros de difração de raios X são apresentados nas figuras
5.20 e 5.21, respectivamente, para as amostras de bloco de vedação
e estrutural.
99
Figura 5.20 – Espectro de difração (bloco de vedação)
Figura 5.21 – Espectro de difração (bloco estrutural)
100
Ambos os difratogramas das amostras apresentaram materiais
cristalinos em sua composição, como o quartzo e a hematita, e
pequenos halos amorfos. Os espectros também mostram a presença
de picos parcialmente identificados, provavelmente microclina e/ou
rutilo, pois possuem elementos encontrados no ensaio de
espectrometria de fluorescência de raios X (Ti, Al, K, Si e O),
conforme apresentado no item anterior. A presença de ambos os
minerais dificulta a detecção precisa, pois um interfere na medição
do outro.
5.5.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Microanálise (EDS)
O ensaio de microscopia eletrônica de varredura (MEV) obtém
imagens a partir da varredura da superfície de uma amostra sólida
por um padrão de rastreamento com um feixe de elétrons finamente
focalizado. O procedimento consiste no deslocamento do feixe de
elétrons sobre uma superfície em linha reta (direção x), que retornam
à posição inicial e deslocam-se para baixo (direção y), com um
incremento padrão. Esse processo é repetido até que uma área
desejada da superfície tenha sido totalmente coberta. Durante o
processo de varredura, um sinal é recebido acima da superfície
(direção z) e armazenado em um computador, no qual ele é
finalmente convertido em imagem.
Como o material não possui boa condutividade elétrica, a amostra
recebeu uma capa metálica (metalização), de forma a melhorar sua
condutibilidade. O material utilizado foi o ouro. Utiliza-se uma fita
adesiva de dupla face, onde um dos lados é preso a um pequeno
cilindro maciço de latão, e no outro é aderido o pó da amostra.
Posteriormente, o cilindro é introduzido no aparelho metalizador
(marca/modelo Denton Vacuum), permanecendo por cerca de 20
minutos, até obtermos uma baixa pressão. A amostra pode atingir a
pressão de até 100 mili-tor, utilizando-se uma corrente de 10 mA. A
partir daí o material foi exposto a uma nuvem de vapor de ouro
101
durante 30 minutos, promovendo a aderência do metal à superfície
da amostra. As figuras 5.22 e 5.23 apresentam, respectivamente, o
equipamento para a metalização e a amostra já metalizada.
Figura 5.22 – Metalizador
Figura 5.23 – Porta amostra do metalizador
Embora o tempo de exposição seja importante, a qualidade e a
espessura da metalização dependem também de outros fatores.
Desta forma, para uma quantificação química mais precisa, devemos
O peq u eno qu a dr ad o no
cen t r o é a cam ada d a
amo st r a já r ecob ert a
pel a p el í c ul a de our o.
102
analisar e retirar as possíveis interferências do ouro na composição
geral obtida.
O equipamento usado para a microscopia eletrônica foi da marca Jeol
JSM-5410, que continha um EDS da marca NORAN acoplado a ele,
conforme apresentado na figura 5.24.
Figura 5.24 – MEV e EDS
Durante a microanálise (EDS), podem ser utilizados dois tipos de
elétrons: os secundários, que possuem melhor resolução e são
indicados para mostrar a topografia (relevo) da amostra, e os
elétrons retroespalhados, que fornecem imagens com melhor
contraste.
A primeira amostra analisada foi a de bloco de vedação, seguida pela
amostra de bloco estrutural. Para a imagem de partículas bem
pequenas, próximas a 3 µm, foi retirado o tubo de elétrons
retroespalhados e diminuiu-se a tensão, a fim de se obter uma
melhor imagem.
103
Análise da Amo st ra de Bloco Cer âmi co de Vedação
As figuras 5.25, 5.26 e 5.27 apresentam as imagens da amostra do
bloco de vedação a partir de elétrons retroespalhados.
Figura 5.25 – Amostra de bloco de vedação (75 X)
104
Figura 5.26 – Amostra de bloco de vedação (1500 X)
Figura 5.27 – Amostra de bloco de vedação (1500 X)
A tabela 5.10 apresenta um resumo da análise química geral para a
área obtida com o EDS, com base na figura 5.25. A análise completa
encontra-se no anexo D.
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 2
Ponto 1
105
Tabela 5.10 – Análise química geral (bloco de vedação)
ÓXIDOS % EM PESO
SiO
2
51,40
Al
2
O
3
26,94
Fe
2
O
3
13,98
K
2
O 2,73
ZnO 2,21
TiO
2
1,28
CaO 0,57
MgO 0,55
Na
2
O 0,34
Apesar de a análise ser obtida por meio de uma área muito pequena
do material, os resultados mostram coerência com os elementos
obtidos no ensaio de FRX. Há uma predominância dos óxidos de
silício, alumínio e ferro, com quantidades menores dos óxidos de
magnésio, potássio, titânio, sódio, cálcio e zinco. A soma dos
percentuais de SiO
2
, Al
2
O
3
e Fe
2
O
3
é de 92,32%, acima do valor
mínimo exigido pela NBR 12653 (1992d), que é de 70%.
A tabela 5.11 apresenta um resumo da análise química obtida nos
pontos demarcados nas figuras 5.26 e 5.27.
Tabela 5.11 – Análise química pontual (bloco de vedação)
FIGURA 5.26
(% EM PESO)
FIGURA 5.27
(% EM PESO)
ELEMENTO PONTO 1 PONTO 2
PONTO 1 PONTO 2
SiO
2
2,26 92,83 97,68 33,31
Al
2
O
3
1,53 5,56 1,33 11,78
Fe
2
O
3
96,21 1,61 0,69 54,90
Na figura 5.26, a análise do ponto 1 apresenta uma grande
quantidade de Fe
2
O
3
. Já o ponto 2 apresenta o que pode ser um grão
de quartzo.
106
Na figura 5.27, a análise do ponto 1 também é rica em SiO
2
, no que
provavelmente é uma partícula de quartzo. Já no ponto 2, a análise
mostra a predominância de ferro, em menor proporção que na figura
5.26, sobre outras quantidades menores de silício e alumínio.
As figuras 5.28 e 5.29 apresentam as imagens da amostra do bloco
de vedação utilizando eletros secundários, com aumentos de 5.000 e
7.500 vezes. Estas imagens apresentam uma quantidade enorme de
partículas finas, com diâmetros de aproximadamente 1 µm, com
morfologia irregular, que podem estar relacionados não só com a
mineralogia, mas também com a moagem do material. Estas
características podem ter influenciado nos valores obtidos no ensaio
para a obtenção da área superficial específica (método de BET).
Figura 5.28 – Bloco de vedação (5000 X)
107
Figura 5.29 – Bloco de vedação (7500 X)
108
Análise da Amo st ra de Bloco Cer âmi co Estrut ural
As figuras 5.30, 5.31 e 5.32 apresentam as imagens da amostra do
bloco estrutural a partir de elétrons retroespalhados.
Figura 5.30 – Bloco estrutural (75 X)
Figura 5.31 – Bloco estrutural (1000 X)
Ponto 2
Ponto 1
109
Figura 5.32 – Bloco estrutural (1000 X)
A tabela 5.12 apresenta um resumo da análise química geral para a
área obtida com o EDS, com base na figura 5.30. A análise completa
encontra-se no anexo D.
Tabela 5.12 – Análise química geral (bloco estrutural)
ÓXIDOS % EM PESO
SiO
2
55,10
Al
2
O
3
23,09
Fe
2
O
3
16,67
K
2
O 2,61
TiO
2
1,17
CaO 0,64
Na
2
O 0,47
MgO 0,25
Assim como ocorreu com a amostra do bloco de vedação, apesar de
a análise ser obtida por meio de uma área muito pequena do
material, os resultados mostram coerência com os elementos obtidos
no ensaio de FRX. Há uma predominância dos óxidos de silício,
alumínio e ferro, com quantidades menores dos óxidos de potássio,
Ponto 1
Ponto 3
Ponto 2
110
titânio, cálcio, sódio e magnésio. A soma dos percentuais de SiO
2
,
Al
2
O
3
e Fe
2
O
3
representam 94,86% da amostra, acima do valor mínimo
exigido pela NBR 12653 (1992d), que é de 70%.
A tabela 5.13 apresenta um resumo da análise química dos pontos
demarcados nas figuras 5.31 e 5.32.
Tabela 5.13 – Análise química pontual (bloco estrutural)
FIGURA 5.31
(% EM PESO)
FIGURA 5.32
(% EM PESO)
ELEMENTO
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3
C 100 --- --- --- 100
SiO
2
--- 1,26 99,45 2,83 ---
Al
2
O
3
--- 0,64 0,55 2,07 ---
Fe
2
O
3
--- 96,69 --- 46,48 ---
MnO --- 1,41 --- 3,14 ---
TiO
2
--- --- 45,47 ---
A análise química geral é muito parecida com a da amostra de bloco
de vedação, como era esperado, corroborando mais uma vez com o
ensaio de fluorescência de raios X.
A análise do ponto 1 da figura 5.31 e do ponto 3 da figura 5.32
apresenta 100% de carbono. Isto é explicado pela presença de
cinzas de madeiras utilizadas no forno de queima da cerâmica e pela
incorporação de lama de alto-forno durante a fabricação das peças.
No ponto 2 da figura 5.31, existe a predominância de óxidos de ferro
sobre outros óxidos. A presença destes elementos provavelmente
está ligada ao tipo de argila e ao fercok misturado à massa durante a
fabricação.
Na figura 5.32, observa-se no ponto 2 a predominância de óxidos de
ferro e titânio. No ponto 1 da figura 5.32 há a predominância de
sílica, no que provavelmente é um grão de areia (quartzo).
111
As figuras 5.33 e 5.34 apresentam as imagens da amostra do bloco
estrutural utilizando-se elétrons secundários, com aumentos de 5.000
e 7.500 vezes. Estas imagens apresentam uma quantidade enorme
de partículas finas, com diâmetros de inferiores a 5 µm. Estas
imagens são muito próximas àquelas obtidas com as amostras de
bloco de vedação. Apresentam uma quantidade enorme de partículas
finas, com diâmetros de aproximadamente 1 µm, com morfologia
irregular, que podem estar relacionados não só com a mineralogia,
mas também com a moagem do material. Estas características podem
ter influenciado nos valores obtidos no ensaio para a obtenção da
área superficial específica (método de BET).
Figura 5.33 – Bloco estrutural (5000 X)
112
Figura 5.34 – Bloco estrutural (7500 X)
5.5.8 Índice de Atividade Pozolânica com Cimento Portland
De acordo com a NBR 12653 (ABNT, 1992d), o índice de atividade
pozolânica (IAP) com o cimento Portland é uma das exigências
físicas para a classificação de um material como sendo pozolânico.
A metodologia para a determinação do IAP com cimento Portland é
dada pela NBR 5752 (ABNT, 1992b). O método tem como objetivo
comparar a resistência de duas argamassas com dosagem e
consistência padronizadas. A argamassa de controle, chamada de
A, é preparada com areia normal, de acordo com a NBR 7214
(ABNT, 1982), usando-se como aglomerante apenas o cimento
Portland, no traço de 1:3 (em massa). Para o preparo da segunda
argamassa (argamassaB), o volume absoluto do cimento Portland
deve ser substituído em 35% pelo material pozolânico.
113
A quantidade de água necessária para cada argamassa é dada pelo
índice de consistência, que deve ser de (225 ± 5) mm, determinado
de acordo com a NBR 7215 (ABNT, 1996).
De acordo com a norma, é recomendada a moldagem de três corpos-
de-prova cilíndricos de 50 x 100 mm, que seguem para cura em
câmara úmida durante (24 ± 2) horas, à temperatura de (23 ± 2) ºC.
Após este prazo, são retirados das formas e transferidos para
recipientes hermeticamente fechados, sendo submetidos à cura
durante mais 27 dias, com temperatura de (38 ± 2) ºC.
A determinação da resistência à compressão dos corpos-de-prova e
seus resultados seguem as recomendações da NBR 7215 (ABNT,
1996).
O tipo de cimento Portland utilizado no preparo das argamassas foi o
CP V - ARI, que, segundo a NBR 5733 Cimento Portland de Alta
Resistência Inicial (ABNT, 1991b), deve possuir de 95 a 100% de
clínquer e sulfatos de cálcio (componentes em massa), sendo
permitido até 5% de adição de material carbonático (mínimo de 85%
de CaCO
3
). Algumas das características do cimento utilizado são
apresentadas na tabela 5.14.
Tabela 5.14 – Cimento Portland CP V – ARI
Resíduo na peneira 75 µm (%) 0,2
Resíduo na peneira 45 µm (%) 3
Área Específica (cm²/g) 4671
Finura
Blaine (cm²/g) 4500
Tempo de início de pega (h) 02:07
Expansibilidade a quente (mm) <2
1 dia 26
3 dias 41
7 dias 46
Resistência à Compressão (MPa)
28 dias 54,2
114
A moldagem dos corpos-de-prova e realização do ensaio de índice de
consistência foram realizados no Laboratório de Concreto do DEMC
(Departamento de Engenharia de Materiais e Construção).
O índice de atividade pozolânica é obtido por:
Onde:
f
c B
= resistência média, aos 28 dias, dos corpos-de-prova
moldados com cimento e material pozolânico (argamassa B);
f
c A
= resistência média, aos 28 dias, dos corpos-de-prova
moldados só com cimento (argamassa A).
A água requerida é dada por:
Onde:
A e B = quantidades de água necessárias para a obtenção de
índices de consistência normais de (225 ± 5) mm para as
argamassas A e B, respectivamente.
Os valores obtidos para o índice de consistência estão representados
na tabela 5.15.
Tabela 5.15 – Índice de consistência
AMOSTRA
RELAÇÃO
ÁGUA/AGLOMERANTE
ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA
(mm)
Referência 0,52 230
Bloco de Vedação 0,54 230
Bloco Estrutural 0,54 230
(B/A) x 100 (%)
(f
cB
/f
cA
) x 100 (%)
115
O ensaio de resistência à compressão foi realizado do Laboratório de
Materiais Metálicos do DEMC. A tabela 5.16 apresenta o resultado
dos ensaios.
Tabela 5.16 – Índice de pozolanicidade
AMOSTRA
ÁGUA REQUERIDA
(%)
RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO
(MPa)
IAP (%)
Referência --- 49,7 ---
Bloco de Vedação 100,2 39,1 78,7
Bloco Estrutural 100,3 39,5 79,5
O valor do IAP das duas amostras é superior ao determinado pela
NBR 12653 (1992d), que é de 75%, assim como os valores de água
requerida, que estão abaixo de 110%.
5.5.9 Índice de Atividade Pozolânica em Cimento Portland Pozolânico
A NBR 5753 (ABNT, 1992c) visa à obtenção do índice de atividade
pozolânica em cimentos Portland pozolânicos, por meio de um
método químico, que busca determinar o consumo de hidróxido de
cálcio da amostra.
A pozolanicidade é obtida pela comparação da quantidade de
Ca(OH)
2
presente na fase líquida em contato com o cimento
hidratado e a quantidade de Ca(OH)
2
que poderia saturar um meio da
mesma alcalinidade.
O ensaio foi realizado nos Laboratórios de Química da ABCP. O
resultado é expresso por uma isoterma de solubilidade do Ca(OH)
2
, à
temperatura de 40 ºC, na presença de uma solução alcalina.
As amostras enviadas para ensaio foram compostas por 65% de
cimento Portland CP V - ARI e 35% de material pozolânico,
misturados. O percentual da pozolana (35%) foi escolhido de acordo
com o valor prescrito pela NBR 5752 (ABNT, 1992b), possibilitando a
116
comparação dos resultados entre este método e o anterior (item
4.5.9).
As figuras 35 e 36 apresentam os resultados dos ensaios.
Figura 5.35 – Amostra de bloco de vedação
117
Figura 5.36 - Amostra de bloco estrutural
Ambas as amostras foram consideradas como cimento Portland
pozolânico, corroborando com os resultados obtidos nos ensaios do
item 4.5.9.
118
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Poucos trabalhos na área fazem referências ao beneficiamento
(moagem) do material estudado, apresentando somente resultados de
caracterização e aplicação.
Os três métodos utilizados para a caracterização granulométrica
(peneiramento à úmido, Cyclosizer Warman e granulômetro a laser)
possuem acuidades diferenciadas, não havendo uma comparação
direta entre eles. Contudo, embora diferentes entre si, todos os
resultados mostraram-se adequados aos exigidos pela ABNT para
caracterização granulométrica do material pozolânico (% retido na
peneira 45 µm < 34%).
Métodos para caracterização granulométrica como o peneiramento à
úmido e o Cyclosizer Warman permitem a inspeção visual e análise
dos grãos retidos por faixa, fato que não ocorre no granulômetro a
laser.
A amostra de bloco de vedação apresentou uma área superficial
específica cerca de 100% maior que o resultado da amostra do bloco
estrutural (8,46 m²/g contra 4,26 m²/g). Em ambos os casos, são
valores superiores aos do cimento Portland, que normalmente variam
entre 0,35 e 0,60 m²/g, mas abaixo dos valores médios obtidos com o
metacaulim (cerca de 20 m²/g).
A análise química obtida pelo EDS mostrou a predominância de SiO
2
,
Al
2
O
3
e Fe
2
O
3
. O somatório destas frações foi de 94,86% e 92,32%,
para as amostras de bloco de vedação e estrutural, sendo superiores
às exigências químicas para a classificação de uma amostra como
sendo pozolânica, que, segundo a NBR 12653 (1992d), é de 75%.
Os resultados dos índices de atividade pozolânica com cimento
Portland atingiram 78,7 e 79,5%, respectivamente para as amostras
de bloco de vedação e estrutural. Estes valores são superiores ao
exigido pela NBR 5752 (ABNT, 1992b), que é de 75%.
119
No ensaio para determinação do IAP em cimento Portland pozolânico,
embora as amostras tenham sido preparadas com o teor máximo
permitido (35% de adições pozolânicas), os resultados foram
satisfatórios, classificando ambas as amostras como pozolânicas.
Os ensaios de caracterização das amostras demonstraram o
potencial de ambos os materiais na utilização como adições
pozolânicas em cimento Portland, argamassas e concretos.
Além de possíveis ganhos econômicos e ambientais, a utilização de
adições pozolânicas está relacionada à durabilidade das estruturas,
uma vez que as pozolanas consomem o Ca(OH)
2
e formam
compostos do tipo do C-S-H, só que menos alcalinos, que auxiliam
na diminuição da permeabilidade do material por meio do
preenchimento de espaços capilares.
A quantidade de resíduos gerados pela indústria cerâmica estudada é
relevante, chegando a 20 toneladas por dia.
O processo de fabricação de blocos de cerâmica vermelha não possui
controle tecnológico rigoroso, contribuindo para o elevado índice de
perdas. As indústrias deveriam investir na tecnologia de produção,
principalmente na queima mais eficiente dos artefatos, economizando
matéria-prima, combustível e energia, com conseqüente redução dos
resíduos gerados.
A diminuição nas perdas teria efeitos benéficos maiores que a
reciclagem do resíduo. Entretanto, a possibilidade do aproveitamento
deste resíduo como adição pozolânica, transformando-o num produto,
cria novas alternativas para a gestão ambiental das industriais
cerâmicas, dando uma destinação mais nobre e adequada que a sua
simples deposição em aterros sanitários.
As conclusões apresentadas referem-se apenas aos resultados
obtidos, para os materiais específicos analisados neste trabalho,
paras as condições de ensaios adotadas, e para as técnicas de
execução utilizadas. Sua representatividade deve ser confirmada por
120
meio de novas pesquisas, que apresentem resultados que possam
complementá-la e confirmá-la.
121
7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Para a caracterização completa dos resíduos estudados, visando sua
utilização como adição pozolânica ao cimento Portland, argamassas
e concretos, propõe-se a complementação da pesquisa com as
seguintes sugestões:
Para os ensaios de caracterização, utilização de amostras do
material com granulometria inferior a 45 µm (100% passante na
peneira #325), visando determinar a influência da granulometria da
reatividade do material;
Avaliação da influência dos teores de material pozolânico em
substituição ao cimento Portland, variando-se os percentuais de
substituição;
Análises termogravimétricas, com vistas ao possível beneficiamento
térmico dos resíduos, visando à melhoria da atividade pozolânica dos
mesmos;
Estudo sobre a durabilidade de artefatos confeccionados com estes
materiais pozolânicos, contemplando pesquisas sobre as reações
álcali-agregado, expansão e retração.
Avaliação dos processos produtivos envolvidos na confecção de
produtos de cerâmica vermelha, visando a redução dos resíduos
gerados;
Estudos sobre o balanço energético das atividades de beneficiamento
(moagem, tratamento térmico, etc.) e a viabilidade econômica na
utilização destes materiais em escala industrial.
122
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133
ANEXOS
134
Anexo A Resultado dos Ensaios de Área Superficial Específica
Amostra 01 Bloco de Vedação
135
136
137
.
138
139
Amostra 02 Bloco Estrutural
140
141
142
143
144
Anexo B Resultado dos Ensaios de Densidade
145
146
Anexo C Resultado dos Ensaios de FRX
147
148
149
150
151
Anexo D Análises Químicas (EDS)
Amostra do Bloco de Vedação
152
Amostra do Bloco de Estrutural
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