pronunciado pelos cantores e em conseqüência totalmente compreendido pelo
público. Outra razão teria sido a demanda, verificada por Viadana, durante sua
estada em Roma alguns anos antes, por essas obras que teriam sido muito
apreciadas pelos cantores e músicos locais, fazendo com que elas fossem então
impressas.
A seguir Viadana apresenta suas doze regras, que ele chama de conselhos,
para ajudar na performance de seus concertos. São elas
4
:
1) Concertos desse tipo devem ser cantados com refinamento,
discrição e elegância, usando os acentos com ponderação e os ornamentos
com moderação e em lugar adequado; não adicionando nada ao que já está
impresso neles, visto que alguns cantores, por serem favorecidos pela
natureza com uma boa garganta, nunca cantam da maneira que está escrita
a música, desconsiderando que hoje em dia isto não é apreciável,
particularmente em Roma, onde floresce a verdadeira escola do cantar
bem.
2) O organista é obrigado a tocar simplesmente a “Partitura” [parte
do Órgão], particularmente com a mão esquerda, e se ele quiser executar
movimentos com a mão direita, como ornamentos em cadências ou outros
apropriados, deve fazê-lo de modo que o cantor ou cantores não sejam
encobertos por tais movimentos.
3) Será bom se o organista primeiramente der uma olhada no
Concerto que será cantado, porque, entendendo a natureza da música, o
acompanhamento será sempre melhor.
4) O organista deve ser alertado a fazer as cadências sempre nos seus
lugares, ou seja, se um Concerto para Baixo está sendo cantado, ele deve
fazer a cadência no Baixo; se for para Tenor, fazer uma cadência de
Tenor; se for para Contralto ou Soprano, fazê-las respectivamente nos
seus lugares; pois sempre causa um efeito ruim se o Soprano faz sua
cadência e o Órgão a toca no Tenor, ou, se uma cadência de Tenor está
sendo cantada e o Órgão a faz no Soprano.
5) Quando o Concerto começa como uma fuga, o Organista também
deve começar com Tasto solo [uma única nota], e à entrada de cada voz
ele as acompanhará segundo seu critério.
6) Que não se faz Tablatura
5
para estes Concertos, não por evitar o
trabalho, mas para torná-los mais fáceis para o Organista tocar, já que, na
4
As regras foram traduzidas do inglês e do italiano. Fontes: ver Viadana e Bassus Generalis em
Referências Bibliográficas.
5
Sistema de notação que utiliza outros sinais que não as notas musicais, tais como letras e
algarismos, indicando como produzir uma nota ou acorde e sua duração. Nesse caso, porém,
interpreta-se a tablatura como uma espécie de arranjo que o instrumentista de teclado ou alaúde
devia fazer da parte vocal de uma obra que fosse acompanhar. (N.A.)
12