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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
BEBEDOUROS: BEM-ESTAR ANIMAL E PROTEÇÃO AMBIENTAL NO
SUPRIMENTO DE ÁGUA PARA BOVINOS DE CORTE
Zootecnista GABRIELA SCHENATO BICA
Florianópolis, maio de 2005.
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
BEBEDOUROS: BEM-ESTAR ANIMAL E PROTEÇÃO AMBIENTAL NO
SUPRIMENTO DE ÁGUA PARA BOVINOS DE CORTE
Dissertação para obtenção do Grau de
Mestre em Agroecossistemas; Centro
de Ciências Agrárias; Universidade
Federal de Santa Catarina
Orientador Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho
Zootecnista GABRIELA SCHENATO BICA
Florianópolis, maio de 2005.
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iii
BICA, Gabriela Schenato
Bebedouros: bem-
estar animal e proteção ambiental no suprimento
de água para bovinos de corte – Florianópolis, 2005.
96 f.:il., fig., tabs.
Orientador: Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias.
Bibliografia: f. 83-91
1. Suprimento de água 2. Bebedouros 3. Bovinos 4. Desempenho
animal I. Título.
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
FLORIANÓPOLIS/SC, BRASIL
Dissertação submetida por GABRIELA SCHENATO BICA
como um dos requisitos para obtenção do Grau de
Mestre em Agroecossistemas.
Aprovada em 30/05/2005.
Prof. Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho
Coordenador e Orientador
BANCA EXAMINADORA
Prof. Luiz Carlos Pinheiro Machado Prof. Mário Luiz Vincenzi
Presidente - UFSC Membro – UFSC
Prof. Luiz Renato D’Agostini Prof. Ana Maria Bridi
Membro – UFSC Membro - UEL
v
...Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que
poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar...”
William Shakespeare
...A natureza mortal procura, na medida do possível, ser e sempre ficar
imortal. E ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro
ser novo em lugar do velho...jamais somos os mesmos nas ciências...”
Platão (O Banquete)
vi
AGRADECIMENTOS
Agradecer àqueles que de certa forma, ou de muitas formas, foram
importantes no decorrer destes anos parece fácil, mas é muito mais complexo do
que estas palavras podem expressar... Agradecer assim, numa folha de papel não
traduz o sentimento, mas ao menos o expressa...A expressão da gratidão o se
faz necessariamente em ordem e nem sempre é justa, mas sem dúvida é pura e
sincera.
Minha família: Carlito, Angela, Mima e Anna. Amo vocês acima de tudo.
Minha comadre e amiga Raquel, sempre me incentivando e ouvindo,
mesmo de longe. Minhas amigas: Pati, Cristi e especialmente Gi e Day. Me
ouviram, acalmaram, apoiaram, deram palpites, sorriram...Foram minha base em
Floripa...ao Marco, pela paciência e carinho...à Aninha, pela amizade e torcida...
Ao pessoal do LETA: Fernando, Robson, Mila, Bruno Z., Rafinha, Bruno S.,
Cadu, João... Ao pessoal extra-LETA”: Hélder Bubu (o melhor psicólogo de bois
que eu conheço!), Ricardo “gaúcho” e Lico, sem vocês São Gabriel não seria a
mesma!! E Julinho Erpen, obrigada pela amizade!
Ao meu orientador: Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, por acreditar e
confiar em mim...À Prof. Maria José, por suas opiniões e atenção comigo!
Ao Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, por me proporcionar trabalhar
com pessoas incríveis e crescer pessoal e profissionalmente; Ao Departamento de
Zootecnia e Desenvolvimento Rural, seus professores e funcionários,
especialmente Prof. Marília Padilha, Prof. Luiz Carlos Pinheiro Machado, Prof.
Mario Vincenzi e Prof. Ademir Cazella, sempre solícitos e atenciosos!
Ao Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas do Centro de
Ciências Agrárias/UFSC, por oportunizar meu crescimento profissional, a
convivência com os colegas, as amizades, os debates; especialmente à Janete,
imprescindível na Secretaria do curso!
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq,
por financiar a realização de um sonho;
Aos proprietários, Angela e Carlito Bica, e trabalhadores da propriedade
Agropecria Caacupè, especialmente Nelson, Seu Jorge, Dona Zeca e Luciele,
que mesmo incrédulos muitas vezes, respeitaram e apoiaram, tornando posvel a
realizão deste trabalho;
À natureza, sempre sábia e resignada;
À luz que me guia...
vii
SUMÁRIO
SUMÁRIO..............................................................................................................VII
LISTA DE TABELAS.............................................................................................IX
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................X
ABSTRACT...........................................................................................................XII
INTRODUÇÃO......................................................................................................13
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................17
2 EXPERIMENTO 1 .............................................................................................29
COMPORTAMENTO E DESEMPENHO DE NOVILHOS DE CORTE SUPRIDOS
COM AÇUDE OU BEBEDOURO..........................................................................29
2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................29
2.2 OBJETIVO...................................................................................................33
2.3 METODOLOGIA..........................................................................................34
2.3.1 Local.....................................................................................................34
2.3.2 Animais ................................................................................................34
2.3.3 Tratamentos.........................................................................................35
2.3.4 Bebedouros .........................................................................................35
2.3.5 Açudes .................................................................................................36
2.3.6 Comportamentos.................................................................................36
2.3.7 Consumo de água ...............................................................................38
2.3.8 Outras variáveis...................................................................................38
2.3.9 Pesagens dos animais........................................................................39
2.3.10 Análise estatística .............................................................................40
2.4 RESULTADOS.............................................................................................41
2.5 DISCUSSÃO................................................................................................47
2.6 CONCLUSÕES............................................................................................54
3 EXPERIMENTO 2 .............................................................................................55
RELAÇÃO ENTRE A EXPERIÊNCIA PRÉVIA, A HIERARQUIA SOCIAL E A
PREFERÊNCIA DE BOVINOS DE CORTE POR AÇUDE OU BEBEDOURO.....55
3.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................55
3.2 OBJETIVOS.................................................................................................59
3.3 METODOLOGIA..........................................................................................60
3.3.1 Local.....................................................................................................60
3.3.2 Animais ................................................................................................60
3.3.3 Bebedouros .........................................................................................61
3.3.4 Avaliações............................................................................................62
3.3.5 Análise estatística...............................................................................64
3.4 RESULTADOS.............................................................................................65
3.5 DISCUSSÃO................................................................................................69
3.6 CONCLUSÕES............................................................................................74
4 DISCUSSÃO GERAL.........................................................................................75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................79
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................83
7 ANEXOS ............................................................................................................92
ix
LISTA DE TABELAS
T
ABELA
1: O
CORRÊNCIA DOS COMPORTAMENTOS
,
DA LOCALIZAÇÃO E DOS EVENTOS NOS
DIFERENTES PERÍODOS DE AVALIAÇÃO
,
SENDO
P1:
FEVEREIRO
, P2:
MARÇO E
P3:
ABRIL
; T1:
AÇUDE E
T2:
BEBEDOURO
. S
ÃO APRESENTADAS AS MÉDIAS DOS
QUADRADOS MÍNIMOS E SEUS RESPECTIVOS ERROS
-
PADRÃO
. L
ETRAS DIFERENTES NA
MESMA COLUNA DIFEREM ESTATISTICAMENTE
......................................................41
T
ABELA
2: T
EMPERATURAS E UMIDADES AMBIENTE COLETADAS À CAMPO
,
DURANTE OS
DIFERENTES PERÍODOS EXPERIMENTAIS
..............................................................44
T
ABELA
3: T
EMPERATURAS DA ÁGUA DOS AÇUDES E BEBEDOUROS
,
MEDIDAS NOS
DIFERENTES PERÍODOS EXPERIMENTAIS
..............................................................44
T
ABELA
4: H
IERARQUIA SOCIAL
,
TRATAMENTO DE ORIGEM E FONTE DE ÁGUA PREFERIDA
ONDE
: G:
GRUPO DO ANIMAL NO EXPERIMENTO
; A:
NÚMERO DO ANIMAL
; TO:
TRATAMENTO DE ORIGEM
(1-
AÇUDE
; 2-
BEBEDOURO
); PH:
POSIÇÃO HIERÁRQUICA
(D-
DOMINANTE
; I-
INTERMEDIÁRIO
; S-
SUBORDINADO
); PF:
PREFERÊNCIA PELA FONTE
(1-
AÇUDE
; 2-
BEBEDOURO
)....................................................................................67
T
ABELA
5: T
EMPERATURAS DOS AÇUDES E BEBEDOUROS
,
MEDIDAS DURANTE O PERÍODO
EXPERIMENTAL
. D
ADOS COLETADOS A CAMPO
, A
GROPECUÁRIA
C
AACUPÈ
, S
ÃO
G
ABRIEL
/RS, 2004...........................................................................................67
T
ABELA
6: T
EMPERATURAS E UMIDADES AMBIENTE COLETADAS À CAMPO
,
DURANTE O
PERÍODO EXPERIMENTAL
,
DAS
6
ÀS
19
H
. P
RECIPITAÇÃO OCORRIDA NO MUNICÍPIO
SEGUNDO O
S
ISTEMA DE
M
ONITORAMENTO
A
GROMETEOROLÓGICO
......................68
x
LISTA DE GRÁFICOS
G
RÁFICO
1: P
ORCENTAGEM DE OCORRÊNCIA DOS COMPORTAMENTOS NOS PERÍODOS
.
M
ÉDIAS DE SEIS ANIMAIS EM
13
HORAS DE OBSERVAÇÃO
(6
ÀS
19
H
)
EM CADA
PERÍODO
..........................................................................................................42
G
RÁFICO
2: I
NTERAÇÃO PERÍODO X TRATAMENTO PARA OS EVENTOS DE INGESTÃO DE
ÁGUA
. M
ÉDIAS DE SEIS ANIMAIS EM
13
HORAS DE OBSERVAÇÃO EM CADA PERÍODO
.
.......................................................................................................................43
G
RÁFICO
3: I
NTERAÇÃO PERÍODO X TRATAMENTO PARA OS EVENTOS DE INGESTÃO DE SAL
MINERAL
. M
ÉDIAS DE SEIS ANIMAIS EM
13
HORAS DE OBSERVAÇÃO EM CADA
PERÍODO
..........................................................................................................43
G
RÁFICO
4: I
NTERAÇÃO PERÍODO X TRATAMENTO PARA O TEMPO BEBENDO
. M
ÉDIAS DE
SEIS ANIMAIS EM
13
HORAS DE OBSERVAÇÃO EM CADA PERÍODO
...........................43
G
RÁFICO
5: P
ORCENTAGEM MÉDIA DE MATÉRIA SECA PRESENTE NAS AMOSTRAS DE BOSTA
COLETADAS NOS DIFERENTES PERÍODOS DE AVALIAÇÃO
,
PARA ANIMAIS DO AÇUDE E
BEBEDOURO
.....................................................................................................45
G
RÁFICO
6: P
ORCENTAGEM MÉDIA DE MATÉRIA SECA PRESENTE NAS AMOSTRAS DE
PASTO
,
COLETADAS NOS DIFERENTES PERÍODOS DE AVALIAÇÃO
............................45
G
RÁFICO
7: G
ANHO DIO DIÁRIO
(
KG
),
ONDE OS PERÍODOS O
: GMD1 (
JANEIRO A
FEVEREIRO
); GMD 2 (
FEVEREIRO A MARÇO
);
E
GMD 3 (
MARÇO A ABRIL
). L
ETRAS
DIFERENTES NO MESMO PERÍODO DIFEREM ESTATISTICAMENTE
.............................46
G
RÁFICO
8: N
ÚMERO TOTAL DE EVENTOS DE INGESTÃO DE ÁGUA OCORRIDOS NOS
AÇUDES
,
DOS ANIMAIS COM OU SEM EXPERIÊNCIA PRÉVIA COM BEBEDOURO
,
EM CADA
DIA
...................................................................................................................65
G
RÁFICO
9: N
ÚMERO TOTAL DE EVENTOS DE INGESTÃO DE ÁGUA OCORRIDOS NOS
BEBEDOUROS
,
DOS ANIMAIS COM OU SEM EXPERIÊNCIA PRÉVIA COM BEBEDOURO
,
EM
CADA DIA
..........................................................................................................65
xi
RESUMO
A eficácia das técnicas, a crescente preocupação com a degradação ambiental e
um comportamento humano economicamente orientado são fatores relevantes e
indissociáveis na adoção de alternativas para o manejo animal. A garantia de um
adequado suprimento de água na bovinocultura demanda tanto compreender o
comportamento animal quanto demanda compreender a disposição e as
preferências humanas na intervenção nesse suprimento. Para avaliar o
comportamento de bovinos de corte frente a diferentes formas de suprimento de
água foram desenvolvidos dois experimentos. No primeiro, com o objetivo de
avaliar o efeito da fonte de água sobre o comportamento e o desempenho de
bovinos, oito grupos de seis novilhos foram supridos com água fornecida em
bebedouros ou em udes. No segundo experimento, utilizando quatro grupos de
12 animais, dentre os quais seis com e seis sem experncia prévia com
bebedouros, foi verificado se a eventual preferência pelo bebedouro ou pelo açude
seria afetada pelo fato dos animais já terem experiência com as alternativas
apresentadas. Uma avaliação da percepção de produtores rurais sobre o
fornecimento de água para os bovinos foi realizada com oito entrevistados,
ouvidos quanto ao reconhecimento da importância e à disposição em melhorar o
suprimento de água aos animais. Uma vez incorporada a experiência de beber em
bebedouro, os bovinos desenvolveram uma preferência por essa alternativa de
suprimento de água (P=0,0335), bem como ganharam mais peso do que aqueles
que somente podiam beber em açude (P=0,0001), apresentando um ganho médio
diário 29% superior durante o período experimental. É possível inferir que além de
vantagens na crião animal em si, o uso de bebedouros concorre para a
preservação de taludes e da qualidade dos cursos d’água.
xii
ABSTRACT
The efficacy of techniques, the growing concern about environmental degradation
and a human behavior economically oriented are important and factors to consider
when adopting alternatives for animal handling. The guarantee of an adequate
water supply on livestock production systems demands the comprehension of
animal behavior so as demands the comprehension of human preferences and
aptitude for that. To evaluate beef cattle behavior to different water sources on
water supply, two experiments were carried out. In the first, aiming to evaluate the
effect of the water source on the behavior and performance of beef cattle, eight
groups of six steers were supplied with water on ponds or troughs. In the second,
with four groups of 12 animals, of which six with and six without previous
experience with troughs, it was verified if the eventual preference for one or other
would be affected by the previous experience with the alternatives presented.
Once consolidated the experience with troughs, cattle developed a preference for
this source of water (P=0,0335) so as gained more weight than those who could
only drink in ponds (P=0,0001), with a gain 29% higher during the experimental
period. It’s possible to conclude that besides the advantages on animal handling
itself, the use of water troughs comes together to the preservation of slopes and
water quality.
13
INTRODUÇÃO
O Brasil detém o maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca
de 189 milhões de cabeças (FAO, 2005). Entretanto, apesar de ser produtor de
destaque mundial, sendo o maior exportador mundial de carne bovina nos anos de
2003, 2004 e 2005 (IBGE, 2004; CNA, 2005; USDA, 2005), ainda apresenta
baixos índices de produtividade, quando comparado a países como Austrália,
Estados Unidos e Argentina.
Dentre os fatores que contribuem para tal situação está o uso restrito de
tecnologias na bovinocultura de corte extensiva, especialmente a praticada no sul
do Brasil, onde grande parte da criação animal ainda é baseada em tradições e
práticas transmitidas através das gerações, com pouco ou nenhum uso de
técnicas cientificamente testadas. Pode-se citar o manejo de pastagens e,
sobretudo, o modo de fornecimento de água para os animais como exemplos de
práticas que ainda hoje são realizadas da mesma maneira que séculos, ou
seja, sem base cienfica.
A questão se torna relevante quando se atenta para o fato de que pasto
e água são o fundamento da alimentação dos bovinos. Mais do que isso, a água é
um nutriente vital que desempenha várias funções no corpo dos animais, atua no
metabolismo e digestão, transporta nutrientes e regula a temperatura corporal
(LANDEFELD e BETTINGER, 2002). Além de nutrir o tecido celular e compensar
perdas com leite, fezes, urina, saliva e evaporação, e manter a homeotermia
14
(CAMPOS, 2001). No entanto, seu fornecimento aos animais tem sido de certa
forma menosprezado, o que pode trazer sérias conseqüências aos rebanhos.
A água também tem papel fundamental nos agroecossistemas, que são
os locais de produção agrícola. Segundo Gliessman (2001), é importante ressaltar
que o conceito de agroecossistema permite analisar os sistemas de produção de
alimentos como um todo, incluindo seus conjuntos complexos de insumos e
produção e as interconexões entre as partes que os compõe, dentre as quais
estão inseridos o comportamento animal e a intervenção humana na crião
animal.
A infra-estrutura disponível nas propriedades é de suma importância
para o sucesso do processo produtivo (KILGOUR e DALTON, 1984). Sendo
assim, ela deve sempre ser proposta de modo a facilitar o manejo, o qual deve ser
feito com mínimo estresse e prejuízos, tanto para o homem quanto para os
animais. Entretanto, freqüentemente, a infra-estrutura ou mais precisamente, as
instalações, são inadequadas ao que se propõe, pois têm sido desenhadas sob a
ótica humana, desprezando-se a percepção animal.
O estudo do comportamento animal é uma ferramenta útil para
determinar o que é mais adequado para os animais em sistemas de crião
(FRASER et al., 1997), além de ser um método pouco invasivo para indicar como
os animais respondem aos estímulos do ambiente (DAWKINS, 2004). Cada
espécie animal apresenta padrões básicos de comportamento, os quais permitem
aos animais se ajustarem às mudanças de condições internas e externas, de
acordo com suas necessidades (HAFEZ, 1969).
15
A ciência tem se tornado um guia para a produção animal, mas ainda
há muitos cientistas que ignoram julgamentos éticos, emoções e opiniões da
sociedade (ROLLIN, 2001). Segundo Dawkins (2004), duas perguntas chave
para se entender o comportamento animal no avao tecnológico e, mais
importante, nas futuras modificações dos sistemas de crião, as quais são: os
animais estão saudáveis? e, os animais têm o que precisam?
Considerando os animais como seres sensitivos e levando em
consideração veis positivos de produtividade, esta pesquisa de mestrado
examinou a resposta comportamental e produtiva de bovinos de corte em
pastoreio contínuo ao modo de fornecimento de água que conforme citado, é
um nutriente essencial e está presente em todas as funções do organismo e sua
ingestão tem implicão direta na produtividade, comportamento e bem-estar dos
animais.
O trabalho foi desenvolvido numa situação representativa da realidade
das propriedades de uma região tradicional na criação de bovinos de corte, o
município de São Gabriel (RS). Nessa região, por várias gerões os produtores
m repetindo práticas e manejos na criação bovina extensiva, que aprenderam
com seus ancestrais, e nas quais poucas modificações foram introduzidas.
Particularmente, com relação ao fornecimento de água aos bovinos, um senso
comum de que a presença de aguadas naturais ou mesmo construídas (açudes,
diques) é adequada e suficiente para satisfazer as necessidades de todos os
animais do rebanho.
16
Com todas as dificuldades e limitações metodológicas da realização de
um trabalho a campo, em propriedades rurais, foi avaliada a resposta dos animais
quando apenas ude ou bebedouro estava disponível para que ingerissem água.
Além disso, foi avaliado se os animais preferem beber água em um bebedouro
quando comparado a uma fonte natural de água, como osudes. Paralelamente,
a percepção humana sobre estes aspectos foi avaliada através de questionários,
pois as modificações e melhoramentos realizados nas instalações, infra-estrutura
e manejo dependem apenas de ões humanas. Sendo assim, importante
também conhecer qual a percepção dos produtores rurais às mudanças que estão
sendo testadas pela pesquisa.
17
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As reservas naturais de água se apresentam como questão central
tanto para a produção animal quanto vegetal, na chamada agricultura moderna. A
preocupação com a degradação e poluição ambiental tem levado pesquisadores
no mundo todo a realizar estudos mostrando causas e efeitos de processos
danosos ao meio ambiente. No âmbito da produção primária tais estudos têm
focado, entre outros, o uso de fontes ou reservas naturais de água para satisfazer
as necessidades dos animais e os possíveis impactos ambientais que podem
resultar de tal prática.
Um dos desafios mundiais nas próximas décadas é proteger os
recursos naturais ao mesmo tempo em que se produz alimento suficiente para
suprir as demandas de uma população em crescimento. O modo como os
rebanhos o mantidos, e como leite e carne são produzidos, é um dos fatores
chave para a saúde futura do planeta. O desafio será satisfazer o aumento da
demanda de produtos agropecuários em um nível tecnológico no qual a base dos
recursos naturais possa se sustentar (HAAN et al., 2004).
A bovinocultura extensiva, se mal conduzida, pode contribuir para a
degradação de terras, poluição de recursos hídricos, emissão de gases e
prejuízos à biodiversidade. Entretanto, com um bom manejo, pode contribuir
positivamente com os recursos naturais, aumentando a qualidade do solo e
ampliando a biodiversidade de plantas e animais. Sempre que possível isto deve
18
ser promovido, assim como políticas e tecnologias que auxiliem nesse sentido
devem ser identificadas e encorajadas (HAAN et al., 2004).
No século passado houve muitos avanços na ciência animal,
particularmente nas áreas de nutrição e genética, muitos dos quais difundidos
comercialmente e adotados por grande parte dos produtores. Entretanto, áreas
como manejo de pastagens, comportamento e bem-estar animal receberam pouca
atenção e ainda o pouco conhecidas ou mesmo tratadas com certo preconceito
por técnicos e produtores vinculados diretamente à atividade rural.
Durante os últimos 50 anos, alguns aspectos referentes ao manejo de
bovinos de corte têm mudado consideravelmente. Ao mesmo tempo, o
conhecimento sobre a neurofisiologia e o comportamento dos animais também
tem se desenvolvido. Está claro que os bovinos têm um mecanismo cerebral
complexo que regula seus processos comportamentais, a elaboração de
estruturas sociais e uma sofisticada habilidade de aprendizado. Esses resultados
têm levado muitos pesquisadores, e mesmo produtores, a reconsiderarem os
efeitos das condições e dos procedimentos adotados nas fazendas, em termos de
sua eficiência e produtividade e com respeito ao bem-estar dos animais (FRASER
e BROOM, 1990).
A infra-estrutura, inserida no contexto das condições presentes nas
propriedades, é de suma importância para o processo produtivo como um todo,
podendo facilitar o manejo e aumentar a produtividade da propriedade se
adequadas aos objetivos propostos. De acordo com Kilgour e Dalton (1984) é vital,
a proposição de melhorias que facilitem o manejo da propriedade, o qual deve ser
19
feito com mínimo estresse e prejuízos, tanto para o homem quanto para os
animais. Entretanto, tais “melhorias” freqüentemente são impróprias ao que se
propõe, uma vez que têm sido desenhadas sob a ótica humana, ignorando-se a
percepção animal.
Assim, um bom exemplo é o senso comum existente na região Sul do
Brasil de que a existência de uma aguada natural é suficiente para suprir as
necessidades dos rebanhos. O que aparentemente é uma questão simples,
passada de geração a geração de produtores rurais pode, no entanto, levar à
degradação dos recursos naturais através de seu uso intenso e não planejado;
levar os animais a condições de restrição hídrica, estresse, diminuição de
produtividade e, em casos extremos, à morte; podendo, também, levar o produtor
a ter prejuízos financeiros.
Isto tudo porquê a água, nutriente essencial à vida, desempenha várias
funções no corpo: ajuda a eliminar os produtos da digestão e metabolismo; regula
a pressão osmótica; produz leite e saliva; transporta nutrientes, hormônios e
outros mensageiros químicos dentro do corpo, além de atuar na regulação da
temperatura corporal (LANDEFELD e BETTINGER, 2002). A água ingerida serve
para nutrir o tecido celular e compensar as perdas ocorridas com leite, fezes,
urina, saliva, evaporação, bem como serve para manter a homeotermia
(CAMPOS, 2001), entre outras funções.
O estado fisiológico do animal, a temperatura e outros fatores
ambientais, a raça, a idade, o tamanho corporal, o consumo de alimentos, de
matéria seca e de sódio, bem como o nível nutricional dos alimentos consumidos,
20
o fatores que influenciam a ingestão de água. Sabe-se, por exemplo, que raças
européias ingerem mais água do que ras tropicais (NRC, 2001; FRASER, 1980),
especialmente em condições de calor.
O consumo de água é positivamente correlacionado com a ingestão de
matéria seca e aumenta com a maior quantidade de fibras na dieta. De acordo
com Hatendi et al. (1996), animais com disponibilidade diária de água bebem mais
do que aqueles com água fornecida apenas a cada três dias.
A importância de um suprimento adequado de água é melhor entendida
levando-se em consideração as conseqüências da restrição drica nos animais:
diminuição na ingestão de alimentos, diminuição do ganho de peso e da taxa
normal de crescimento, danos à termorregulação, redução da excreção renal de
produtos do metabolismo, ingestão de outros líquidos que podem ser críticos no
que se refere à higiene, problemas comportamentais e, em casos mais graves, em
que a perda da água corporal atinja valores entre 10 e 12%, ocasione a morte do
animal (KAMPHUES, 2000; CAMPOS, 2001; NRC, 2001).
Andersson e Lindgren (1987), estudando os efeitos do acesso restrito à
água e ao alimento e a hierarquia social na performance e no comportamento de
vacas leiteiras observaram que as vacas dominantes bebem mais água, produzem
mais leite e são mais pesadas do que as vacas subordinadas. O acesso restrito à
água pode ser especialmente negativo para vacas em posições hierárquicas
inferiores e vacas secas (HÖTZEL et al., 2003).
As pesquisas citadas foram realizadas com restrições impostas através
de fatores controlados, enquanto que na realidade, as restrições podem ocorrer
21
sem que sejam percebidas. Conforme relato de Little et al. (1980), vacas privadas
de água podem ter sua produção de leite diminuída significativamente, mas não
apresentar mudanças de comportamento ou sinais de estresse imediatamente
observáveis.
Também podem ocorrer situações em que a redução no leite seja
imperceptível ou mesmo não aconteça, mas o bem-estar do animal seja
comprometido, como no caso do estudo realizado por Teixeira (2005), em que
vacas leiteiras com acesso restrito à água (apenas uma vez ao dia por 30 minutos
durante a ordenha), consumiram 30% menos água do que as que tinham acesso
permanente (durante a ordenha e no piquete).
A qualidade da água, além de seu fornecimento, também é muito
importante num sistema de produção (VEIRA, 2003). Os principais fatores que a
afetam o: salinidade, acidez ou alcalinidade, contaminão por bactérias,
elevado crescimento de algas tóxicas, bem como resíduos de produtos como
pesticidas e fertilizantes (MARKWICK, 2002; LANDEFELD e BETTINGER, 2002).
Segundo Landefeld e Bettinger (2002), a qualidade da água pode afetar
o consumo de alimentos e a saúde dos animais, transmitir doenças e,
conseqüentemente, colocar em risco a segurança dos produtos de origem animal
que servem de alimento aos humanos. Pode também, afetar seu próprio consumo
pelos animais. Por exemplo, a ingestão de água pode ser reduzida quando ela
contém altos teores de excremento (WILLMS et al., 2002), ou quando alto teor
de sulfatos presentes (LONERAGAN et al., 2001).
22
Quando os bovinos têm acesso direto aos açudes, córregos, riachos
entre outros, acabam defecando e urinando na água e áreas adjacentes. Os
nutrientes contidos na excreta podem contribuir para um crescimento excessivo de
plantas aquáticas e algas tóxicas, bem como a excreta pode introduzir
microorganismos causadores de doenças como bactérias, rus e parasitas
(HILLIARD e REEDYK, 2003).
De acordo com Surber et al. (2003), organismos como coliformes fecais
e estreptococos encontram-se sedimentados no fundo das fontes de água, porém,
a entrada de animais nestes locais faz com que fiquem novamente suspensos, o
que diminui a qualidade da água. O fato de os bovinos usarem as margens de
rregos e riachos para pastar, se deslocar e ingerir água pode aumentar o
desmoronamento de sedimentos na água, diminuindo a vida útil destas fontes bem
como reduzindo seu potencial de habitat de peixes e outras espécies aquáticas
(HILLIARD e REEDYK, 2003). Outros aspectos relacionados com ecossistemas e
aguadas naturais são os caminhos preferenciais que os bovinos fazem
acompanhando o declive do terreno, que podem ser o início de processos
erosivos de grande monta; e a dificuldade de manutenção de matas ciliares.
Assim, em função da importância da água na criação de bovinos de
corte e da infra-estrutura para o desenvolvimento do processo produtivo, o uso de
sistemas de bebedouros é uma alternativa que vem sendo estudada e discutida
por pesquisadores no mundo todo por levar em consideração importantes
aspectos da crião como, por exemplo, o comportamento animal.
23
A utilização dos recursos disponíveis, a água inclusive, é influenciada
pelo fenômeno conhecido como dominância social (BOUISSOU, 1974), o qual se
torna evidente em competições por alimentação suplementar quando fornecida em
locais restritos, bem como em bebedouros, especialmente em bovinos, ovinos e
eqüinos (FRASER e BROOM, 1990).
Segundo Kilgour e Dalton (1984), a dominância social deve ser levada
em consideração na proposição da infra-estrutura para o manejo dos rebanhos,
como por exemplo, na construção e alocação de bebedouros. Para Albright
(1993), o acesso ao alimento e à água, através de bebedouros e comedouros bem
desenhados e de um manejo adequado pode, ser considerado tão ou mais
importante do que a disposição destes nutrientes.
A distribuição adequada dos bebedouros nas pastagens ou instalações
facilita o acesso dos animais, aumenta a produção e permite melhor desempenho
do rebanho (CAMPOS, 2001). Conforme as observações de Willms et al. (2002)
animais com água disponível em bebedouros passam mais tempo pastando e
menos tempo descansando do que animais que tem apenas açude disponível
para beber água.
Fatores climáticos também influenciam o repertório comportamental dos
animais, especialmente quanto à ingestão de água e alimentos. Segundo Ali et al.
(1994), animais mantidos em pastagem e sem disposição de abrigo consomem
mais água conforme aumenta a temperatura ambiente e diminui a umidade
relativa do ar.
24
Neste sentido, segundo Redbo et al. (2001), novilhas leiteiras adaptam
seu repertório comportamental e escolha de locação às condições climáticas a fim
de reduzir gastos com energia. Kilgour e Dalton (1984) consideram que, em
condições de clima seco, vários bebedouros espalhados pelo campo
proporcionam melhor fornecimento de água para grandes rebanhos bovinos.
Rouda et al. (1994) verificaram que quando havia apenas um bebedouro, em
pastagem numa região de clima árido, vacas mestiças o visitavam apenas uma
vez por dia e isso era suficiente para satisfazê-las em 94% do tempo.
Dentre os estudos que levam em consideração o comportamento
animal para a proposição de melhorias nas propriedades, tanto estruturais quanto
de manejo, estão a observação visual direta do repertório comportamental e os
testes de preferência. Estes testes consistem na observação dos animais em
ambientes complexos em estímulos e repletos de oportunidades, sendo que o
modo como gastam seu tempo e as oportunidades e estímulos escolhidos
fornecem informações sobre suas preferências (FRASER e BROOM, 1990).
Os testes de comportamento e preferência o de grande valia em
função de os animais não poderem se expressar, aos humanos, com palavras.
Assim, muitos estudos têm sido conduzidos para avaliar a preferência de bovinos
por diferentes locais de bebida, entre eles córregos, udes, riachos e cursos
d’água, além de bebedouros ditos “artificiais”, como caixas d’água e reservatórios
de alimentos. Vale ressaltar que a grande maioria das publicações é referente aos
bovinos leiteiros, havendo carência de estudos com outros animais, inclusive com
bovinos de corte.
25
estudos mostrando que vacas preferem beber água de bebedouros
quando comparados com córregos abertos e dedicam 92% de seu tempo de
bebida ao bebedouro (SHEFFIELD et al., 1997). Veira (2003), avaliando bovinos
durante dois anos observou que os animais preferem beber em bebedouros do
que em córregos, ainda que a água seja a mesma em ambas as fontes, sendo
bombeada do córrego ao bebedouro. Além disto, freqüentemente, nesse estudo,
os animais caminhavam mais para ir beber no bebedouro ao invés de beber no
rrego.
É importante considerar que os animais apresentam uma curva de
aprendizado à medida que aprendem a usar outras fontes de água e, de acordo
com estudos realizados por Surber et al. (2003), terneiros demonstram maior
interesse no tanque e o seus usuários mais consistentes. Além disso, a
performance animal também se apresenta suscetível à utilização de fontes
alternativas de água, podendo aumentar mais de 20% quando novilhos são
supridos com outras fontes além das aguadas naturais (WILLMS et al., 1995).
Diversos fatores influenciam a preferência dos animais no momento de
beber água, dentre os quais está o que se refere ao tipo de bebedouro a ser
utilizado. Com relação à forma do bebedouro, Kilgour e Dalton (1984) supõem que
mais animais podem beber ao mesmo tempo em bebedouros estreitos e longos do
que em bebedouros circulares. Entretanto, Mior e Salvador (1990), trabalhando
com 700 novilhos de corte, ao comparar o comportamento de ingestão de água
desses animais em bebedouros circulares e retangulares, verificaram uma
freqüência de bebida sensivelmente superior nos circulares. Também a ingestão
26
de água foi superior nesses bebedouros, sendo 35% maior do que nos outros. Já
a freqüência de interações agonísticas foi inferior nos circulares.
Outras espécies de animais também apresentam preferências por
diferentes tipos de bebdouro. Assim, leitões parecem preferir e bebem mais em
bacias mais largas (PHILLIPS e FRASER, 1990). Suínos adultos quando têm
bebedouros do tipo chupeta disponíveis, preferem beber nos mais elevados
(PHILLIPS et al., 2001). Segundo Nyman e Dahlborn (2001), cavalos bebem maior
quantidade de água em baldes do que em bebedouros tipo concha.
Pinheiro Machado et al. (2004), avaliaram o efeito das características
físicas dos bebedouros no comportamento de bebida de bovinos e concluíram que
vacas leiteiras preferem beber em bebedouros ciculares maiores (139x95 cm) do
que em menores (126x68 cm). Entretanto, o ficou claro se a escolha foi
influenciada pela altura do bebedouro, por sua superficie ou pelo volume de água.
o estudo de Teixeira (2005) mostra que o volume e a área do espelho d’água
do bebedouro devem ser levados em considerão na escolha do melhor
bebedouro a ser utilizado na criação de vacas leiteiras.
Um fator que deve ser levado em consideração quando se realizam
testes comportamentais e de preferência é que os grandes herbívoros possuem
memórias espaciais acuradas e se utilizam de experiências prévias nas decisões
sobre onde pastejar (BAILEY et al., 1996). Aparentemente isso também ocorre na
utilização de outros recursos existentes no ambiente, como a água por exemplo.
Assim, a experiência prévia com as opções em teste é mais um fator que pode
27
afetar a preferência demonstrada pelos animais (FRASER e MATTHEWS, 1997)
ou que pode vir a afetar escolhas futuras.
publicações tratando do assunto, especialmente quanto à influência
da experiência prévia de ovinos em seu comportamento de pastoreio. Assim, o
estudo de Olson et al. (1996), mostrou que a exposição prévia à forrageira
Euphorbia esula L. resultou em uma pequena e breve vantagem no uso dessa
espécie pelos ovinos em relação às demais. No entanto, em três a quatro
semanas tal vantagem desapareceu, e mesmo os animais inexperientes, por
estarem em contato freqüente, passaram a pastejá-la.
Em relação à preferência de bovinos de corte por diferentes locais de
bebida bem como sua relação com a experiência prévia, pouca ou nenhuma
pesquisa publicada (WEB OF SCIENCE, 2005). Isto explica a necessidade da
realizão deste estudo: testar a hipótese de que a experiência prévia tem
influência sobre a preferência de bovinos pela fonte de água. Também foi testada
a hipótese de que o comportamento e o desempenho de animais supridos apenas
com bebedouro, são diferentes dos animais supridos apenas com açude.
Contudo, pouco adianta conhecer a preferência dos animais e seu
repertório comportamental sem também levar em consideração a percepção
humana sobre tais aspectos. É o “homemquem realiza e interpreta as pesquisas
científicas bem como é quem conduz, bem ou mal, os sistemas de criação. É do
“homem” também o interesse pela utilização de tecnologias, a preocupação com o
ambiente e com os animais e grande parte do sucesso (ou insucesso) dos
processos produtivos.
28
Nesse ponto, para tentar compreender a percepção humana sobre
determinados aspectos da criação de animais é possível realizar entrevistas e
questionários, os quais são procedimentos de estudos exploratórios que ilustram a
reflexão teórica, delimitando a questão central do trabalho. Como no caso do
trabalho de Azevedo (2004), que utilizou questionários semi-estruturados na
avaliação da relão entre qualidade de vida e Agricultura Familiar Orgânica e
concluiu que tal estudo ajudou a repensar os conceitos e a relação proposta, bem
como a conhecer novas variáveis do contexto rural de qualidade de vida e
estabelecer pistas para pesquisas futuras.
Nesta dissertação, além das avaliações do comportamento,
desempenho e preferências de bovinos de corte, realizadas através de
observações visuais diretas a campo, também foram aplicados questionários a
produtores rurais, de forma que se pudesse ter uma visão geral de como eles
percebem o processo produtivo e a importância de se estudar a questão da água
em sistemas extensivos de crião de bovinos.
29
2 EXPERIMENTO 1
COMPORTAMENTO E DESEMPENHO DE NOVILHOS DE CORTE SUPRIDOS
COM AÇUDE OU BEBEDOURO
2.1 INTRODUÇÃO
As necessidades de água de bovinos de corte são uma função de
diferentes prioridades metabólicas. O estado fisiológico do animal, fatores
ambientais, a raça, a idade, o tamanho corporal, o consumo de alimentos, de
matéria seca e de sódio, bem como com o nível nutricional dos alimentos
consumidos são fatores que influenciam a ingestão de água, a qual é um nutriente
essencial para os animais domésticos em geral. Tais necessidades diárias são
supridas pela água de bebida, pela água presente nos alimentos e pela água
metabólica, sendo que esta é uma fonte insignificante se comparada com as
demais (NRC, 2001).
A importância de um suprimento adequado de água é melhor
entendido levando-se em consideração as conseqüências da restrição hídrica nos
animais: diminuição na ingestão de alimentos, diminuição do ganho de peso e da
taxa normal de crescimento, danos à termo-regulação, redução da excrão renal
de produtos do metabolismo, ingestão de outros líquidos que podem ser críticos
no que se refere à higiene, modificação de comportamentos considerados
normais, problemas comportamentais e, em casos mais graves, como já
30
registrado, em que a perda da água corporal chegue a valores entre 10 e 12%, a
morte do animal (KAMPHUES, 2000; CAMPOS, 2001; NRC, 2001).
O fornecimento de água, conforme citado, pode provocar mudanças
comportamentais nos animais, seja no comportamento de pastoreio, de
ruminação, de descanso, entre outros. Em seu estudo, Senn et al. (1996)
avaliaram a restrição de água durante 48h para vacas em lactação e verificaram
uma diminuição na ingestão de energia e de alimentos, o que indica que a
desidratão leva a um término prematuro das refeições. Entretanto, apesar da
diminuição na ingestão de alimentos e energia, a freqüência de refeições pode até
mesmo aumentar durante o período de privão de água. Isto pode ser uma
estratégia para que o animal obtenha ao menos alguma água, uma vez que as
forragens utilizadas na alimentação animal apresentam baixo conteúdo de matéria
seca.
Resultados semelhantes foram observados por Houpt et al. (2000)
durante estudos com éguas prenhas, onde quanto maior a restrição hídrica, menor
a ingestão de alimentos e, conseqüentemente, menor o bem-estar animal. Little et
al. (1980) reduziram em 40% o consumo de água de vacas estabuladas
individualmente durante três semanas e observaram uma redução na produção
leiteira na ordem de 16%. Durante a fase de rehidratão, segundo Senn et al.
(1996), as vacas em lactação não conseguem compensar a redução na energia
ingerida ocorrida durante a restrição hídrica.
Esclaro que todas estas pesquisas se dão com restrições impostas
através de fatores controlados, enquanto que, na realidade, as restrições podem
31
ocorrer sem que o produtor perceba. Vacas em pastejo podem, inadvertidamente,
ser privadas de água de modo que isto pode ser suficiente para diminuir sua
produção de leite, mas insuficiente para causar mudanças comportamentais ou
sinais de estresse prontamente observáveis (LITTLE et al., 1980).
As limitações na ingestão de água podem ser resultado de diversos
fatores como a dominância social, infra-estrutura imprópria, manejo inadequado do
rebanho, entre outros. Segundo Little et al. (1980), a privão pode se dar por falta
ou suprimento inadequado de bebedouros, os quais podem também ser
demasiado pequenos para acomodar todos os animais na hora de pico de
ingestão de água. Desse modo, alguns animais podem não beber e também não
retornar ao bebedouro por um período de tempo muito grande, o que pode causar
efeitos adversos na produção de vacas em lactão.
Certamente, os animais mais produtivos apenas exercem
inteiramente sua capacidade biológica sob ótimas condições de ambiente e
produção. Deveria ser verificado, no entanto, em que vel as tecnologias
utilizadas satisfazem as necessidades fisiológicas dos rebanhos (KOCSIS e
MIKECZ, 1986). Isto é especialmente importante quando nos referimos ao
fornecimento de água para bovinos, pois embora seja um nutriente essencial seu
uso pelos bovinos de corte é pouco estudado.
Melhorias na infra-estrutura para o sucesso dos processos produtivos
devem ser feitas de modo a facilitar o manejo, o qual deve ser feito com mínimo
estresse e prejuízos, tanto para o homem quanto para os animais.
Freqüentemente as mudanças são desenhadas sob a ótica humana,
32
desprezando-se a percepção animal e tornando-se inadequadas ao que se
propõe. O sistema de bebedouros é uma alternativa que vem sendo estudada e
utilizada em todo o mundo por levar em consideração importantes aspectos da
criação, como o comportamento animal.
Alguns trabalhos têm avaliado a preferência, o desempenho e o
comportamento de bovinos, entre outras espécies, quando do uso de bebedouros
artificiais na produção animal. Dentre esses está o de Sheffield et al. (1997)
mostrando que vacas preferem beber água de bebedouros quando comparados
com córregos abertos e dedicam 92% de seu tempo de bebida ao bebedouro; bem
como o trabalho de Willms et al. (1995), em que foi verificado que a performance
de novilhos aumentou 23% quando estes animais foram supridos com uma fonte
alternativa de água ao invés de usar apenas um açude como fonte de bebida.
Neste sentido, este trabalho visa testar a hipótese de que o
comportamento e o desempenho de bovinos de corte em regime extensivo,
mantidos em pastagem de campo nativo são modificados em função da presença
de um bebedouro ao invés de um açude como local de bebida.
33
2.2 OBJETIVO
Estudar o efeito da fonte de água (açude ou bebedouro) no
comportamento e desempenho de bovinos de corte em regime extensivo,
mantidos em pastagem de campo nativo.
34
2.3 METODOLOGIA
2.3.1 Local
O experimento foi realizado na Agropecuária Caacupè, situada no
município de São Gabriel, região da Campanha, na fronteira oeste do Estado do
Rio Grande do Sul (ANEXO 1).
O município está a uma altitude de 124m e localizado numa zona
climática Cfa segundo a classificação de Köepen, ou seja, apresenta clima
subtropical em que as temperaturas médias são superiores a 22ºC no verão e não
inferiores a 3°C no inverno (EMBRAPA TRIGO, 2005).
2.3.2 Animais
Foram utilizados 48 bovinos de corte, mestiços das raças Nelore e
Hereford, com idade entre 14 e 15 meses, os quais normalmente permanecem
num grande grupo, em pastejo contínuo. Os potreiros onde permanecem são de
campo nativo com sal mineral à vontade e aguadas naturais (açudes e poças
eventuais).
Antes do início do experimento os animais foram classificados quanto à
pelagem (indicação do grau genético) e peso, para posterior sorteio e formação de
oito grupos. O peso médio dos animais era de 189 kg ao início do experimento.
35
2.3.3 Tratamentos
Para a realização do experimento, cujo período experimental foi de
aproximadamente três meses (86 dias), entre 20 de janeiro e 16 de abril de 2004,
os animais foram divididos em oito grupos de seis e aleatoriamente alocados em
potreiros de quatro hectares em média, os quais eram delimitados por cercas
elétricas. Cada uma das oito parcelas era composta de campo nativo e havia sal
mineral à vontade, entretanto, quatro delas apresentavam aguada natural (ude)
e quatro apresentavam bebedouro artificial (caixa d’água) como fonte de água de
bebida, perfazendo dois tratamentos com quatro repetições (potreiro) cada, sendo:
- Tratamento ude (1): apenas açude disponível
- Tratamento Bebedouro (2): apenas bebedouro disponível
2.3.4 Bebedouros
Os bebedouros utilizados foram caixas d´água circulares em polietileno,
com 500 litros de capacidade, da marca Tigre (aproximadamente 60cm de altura
e 120cm de diâmetro; ANEXO 2). A água utilizada para preencher os bebedouros
era proveniente de um dos açudes, de onde era bombeada (moto-bomba a
gasolina, STILL P-835) até um reservatório de 2000 L. Deste era levada, por
gravidade (mangueiras pretas de ¾, colocadas na superfície do solo), até as
caixas de 500l, que possuíam uma ia, que regulava a entrada de água de
acordo com o nível no interior da caixa.
36
2.3.5 Açudes
Os açudes eram represas existentes na propriedade com a
finalidade de fornecer água para o rebanho (ANEXO 3). Embora o tamanho dos
udes fosse variável, a área de acesso para os novilhos era de, pelo menos,
cinco metros em cada um. Deste modo, tanto no ude quanto nos bebedouros,
havia espaço suficiente para que todos os animais tomassem água ao mesmo
tempo.
2.3.6 Comportamentos
As observões do comportamento se deram durante quatro dias, a
intervalos de 28 dias. Para tanto, os novilhos foram pintados com tinta atóxica,
própria para uso em animais, na região lombar do corpo, medida esta, que facilita
a identificação de cada animal. Os observadores eram sorteados aos potreiros a
serem avaliados momentos antes de se dar início à observação propriamente dita,
a qual ocorria em turnos alternados de seis horas e meia, totalizando 13 horas de
observação por potreiro em cada etapa.
As observações se deram pelo método de observação direta, sendo
que os observadores estavam posicionados dentro dos potreiros de modo que
pudessem fazer as avaliações sem interferir no comportamento normal dos
animais. Comportamentos de curta duração podem ser observados como eventos,
enquanto que aqueles comportamentos de duração mais longa, para efeitos de
37
observação, são classificados como estados e são então amostrados em
intervalos de tempo como instantâneos (ALTMANN, 1974). Assim, nas planilhas
de referência eram anotados os seguintes eventos, sempre que ocorriam durante
a observão: ingestão de mineral e ingestão de água; esses eventos tinham
registro quanto à hora em que ocorriam e, no caso dos eventos de bebida, era
registrado o tempo de duração, resultando na variável tempo bebendo.
Também foram registrados os estados: pastando, ruminando, ócio e
caminhando, em instantâneos a cada dez minutos; e a distribuição espacial dos
animais (localização) nos potreiros: sombra, pasto ou água, a cada 20 minutos. A
descrição dos comportamentos avaliados pode ser verificada na tabela a seguir,
adaptada de Hurnik et al. (1995).
Comportamentos observados
Descrição
Pastando
(pastoreio)
Colhendo e ingerindo pasto, com a cabeça junto à
pastagem, parado ou avançando lentamente
Ruminando
(ruminação)
Manifestando a presença de alimento na boca atras de
típicos movimentos de mastigação
Ócio
Parado, sem estar engajado em alguma atividade
Estados
Caminhando
Se locomovendo, com a cabeça acima da pastagem
Ingestão de sal
mineral
Animal com a boca dentro do saleiro em contato direto com
o sal, lambendo ou engolindo sal
Ingestão de
água
Animal com a boca imersa na água, com sinais aparentes
de tomar goles; Tanto no açude quanto no bebedouro
Eventos
Tempo
bebendo
Duração, em segundos, do tempo de cada evento de bebida
para cada animal
Sombra
Quando o animal estava na sombra das árvores existentes
nos potreiros
Pasto
Quando o animal estava no pasto
Localização
Água
Quando o animal estava junto às fontes de água ou muito
próximos a elas, ou seja, a até 5 metros de distância
38
2.3.7 Consumo de água
Nos potreiros providos de bebedouros foi medida a quantidade de água
ingerida pelos grupos, através de hidrômetros (Tecnobrás
®
, com precisão de
0.01L) colocados antes da entrada de água nas caixas. Os bebedouros possuíam
marcas usadas como referência na parede interna e a quantidade de água era
calculada pela diferença entre as leituras. Isto significa que as caixas eram
preenchidas com água até a marca de referência e a entrada de água era fechada
entre as leituras. Assim, por diferença entre os valores do hidrômetro era possível
verificar a quantidade de água ingerida pelos animais.
As leituras dos hidrômetros eram realizadas diariamente nos dias de
avaliação e uma vez por semana nos intervalos entre avaliações, sempre ao
amanhecer (7h) e anoitecer (19h).
2.3.8 Outras variáveis
2.3.8.1 Temperatura e umidade relativa
A cada duas horas eram medidas e anotadas a umidade relativa do ar e
a temperatura do ambiente, com termômetro da marca Thermo-higro
®
. A
temperatura da água era medida com termômetros flutuantes da marca Dolphin
®
a
aproximadamente quatro centímetros da superfície.
39
2.3.8.2 Matéria seca – amostras de pastagem e de bosta
A fim de se estimar o conteúdo de matéria seca (MS) da pastagem
foram coletadas, mensalmente, amostras de pasto. As amostras eram cortadas
em um quadro de ferro medindo 0,25m
2
, com tesoura utilizada para esquila, sendo
cinco sub-amostras por potreiro. Então, eram acondicionadas em sacos plásticos,
individualmente identificados, e congeladas em freezer de uso doméstico para
posterior análise.
Amostras de bosta de cada animal também foram coletadas, nos
períodos de avaliações. Logo após o bosteamento os pesquisadores, com um
saco de polietileno de uso geral com capacidade para quatro litros, desprezavam a
camada superior e coletavam o resto da bosta. A amostra era então identificada e
congelada.
Para a obtenção dos valores de matéria seca das amostras de pasto foi
realizada a seguinte rotina de laboratório: sacos de papel eram pesados, a
amostra era toda transferida dos sacos plásticos para esses, pesava-se então o
saco mais a amostra e levava-se à estufa de circulação forçada a 50° por 48h. A
matéria seca das bostas seguiu o mesmo procedimento, sendo que eram
acondicionadas em bandejas de alumínio para ir à estufa.
2.3.9 Pesagens dos animais
Os animais foram pesados - sempre pela mesma pessoa - no início do
experimento e a cada 28 dias até o final do período total, em uma balança
40
individual (CAUDURO 40100; 1500kg) situada ao lado das parcelas
experimentais. Antes de cada pesagem, que ocorriam sempre às 9h, os animais
eram submetidos a jejum de sólidos e líquidos durante três horas, numa área de
contenção ao lado da balança e logo após a pesagem retornavam aos seus
potreiros de origem.
2.3.10 Análise estatística
O desenho experimental era do tipo split-plot, ou seja, em parcelas
subdivididas, cuja estrutura se por tratamentos principais nas parcelas e
tratamentos secundários nas sub-parcelas (AQUINO, 1992; COCHRAN e COX,
1957). Neste caso, o tratamento (açude ou bebedouro) foi considerado como
parcela principal e os períodos (fevereiro, março e abril) como sub-parcela.
Para a análise dos dados foi realizado o procedimento PROCMIX (SAS,
1989), sendo calculadas as médias dos quadrados mínimos para valores de F
com significância igual ou inferior a 0,05 (P0,05). Para a análise do ganho de
peso foi seguido o mesmo modelo, substituindo-se o efeito de período por efeito
de ganho e utilizando-se o peso inicial como co-variável, a fim de se eliminar a
varião inicial entre os animais.
41
2.4 RESULTADOS
A análise estatística foi feita pela freqüência de ocorrência dos
comportamentos, conforme pode ser visualizado na Tabela 1.
Tabela 1: Ocorrência dos comportamentos, da localização e dos eventos nos diferentes
períodos de avaliação, sendo P1: fevereiro, P2: março e P3: abril; T1: açude e T2:
bebedouro. São apresentadas as médias dos quadrados mínimos e seus respectivos erros-
padrão. Letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente.
Períodos
Variável
P1 P2 P3
Pastoreio (P<.0001)
T1
39,71 ± 2,52 38,79 ± 2,52 b 51,75 ± 2,52
T2
35,96 ± 2,52
47,39 ± 2,54 a
46,91 ± 2,54
Ócio (P<.0001)
T1
13,92
±
1,84 19,33
±
1,84 a 9,5
±
1,84
T2
15,75 ± 1,84
10,06 ± 1,86 b
11,23 ± 1,86
Caminhando (P=0,0391)
T1
3,17 ± 1,57 6,17 ± 1,57 2,04 ± 1,57
T2
2,96 ± 1,57
4,42 ± 1,58
2,98 ± 1,58
Sombra (P=0,0009)
T1
1,67 ± 1,52 1,5 ± 1,52 1,33 ± 1,52
T2
2,92 ± 1,52
0,12 ± 1,53
3,64 ± 1,53
Pasto (P=0,0036)
T1
35,62 ± 1,33 36,46 ± 1,33 35,92 ± 1,33 a
T2
34,46 ± 1,33
37,31 ± 1,33
33,13 ± 1,33 b
Ingestão mineral (P=0,0015)
T1
2,12 ± 0,32 0,5 ± 0,32 b 0,87 ± 0,32 b
T2
1,79
±
0,32
1,82
±
0,32 a
2,13
±
0,32 a
Ingestão água (P<.0001)
T1
1,42 ± 0,25 a 0,79 ± 0,25 b 1,37 ± 0,25 b
T2
0,54 ± 0,25 b
2,11 ± 0,25 a
2,28 ± 0,25 a
Tempo bebendo (P<.0001)
T1
103,25 ± 18,15 a 62,42 ± 18,15 62,33 ± 18,15
T2
29,58 ± 18,15 b
79,94 ± 18,28
79,07 ± 18,28
Entretanto, para melhor visualização, a seguir os resultados são
mostrados em porcentagem, na forma de gráficos. Conforme apresentado, houve
interação para os comportamentos de pastoreio (P<0,0001),
ócio (P<0,0001) e
42
caminhando (P=0,0391). A localização dos animais no potreiro também
apresentou interação significativa período-tratamento para sombra (P=0,0009) e
pasto (P=0,0036), mas não para localização próximo à água.
Pastoreio
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
P1 P2 P3
Peodos
Porcentagem de
ocorrência
Açude
Bebedouro
Ócio
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
P1 P2 P3
Peodos
Porcentagem de
ocorrência
Açude
Bebedouro
Caminhando
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
P1 P2 P3
Peodos
Porcentagem de
ocorrência
Açude
Bebedouro
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
açude
bebedouro
açude
bebedouro
Sombra (P=0,0009) Pasto (P=0,0036)
P1
P2
P3
Gráfico 1:
Porcentagem de ocorrência dos comportamentos nos períodos. Médias de seis animais
em 13 horas de observação (6 às 19h) em cada período.
Houve, também, interação para os eventos de ingestão de sal mineral
(P=0,0015) e de água (P<0,0001) e para a variável tempo bebendo (P<0,0001).
43
Ingestão água (P<.0001)
b
b
a
a
a
b
0
1
2
3
P1 P2 P3
Períodos
Ocorrência
ude
Bebedouro
Gráfico 2: Interação período x tratamento para os
eventos de ingestão de água. Médias de seis animais
em 13 horas de observação em cada período.
Ingestão mineral (P=0,0015)
b
b
a
a
0
1
2
3
P1 P2 P3
Períodos
Ocorrência
ude
Bebedouro
Gráfico 3:
Interação período x tratamento para os
eventos de ingestão de sal mineral. Médias de seis
animais em 13 horas de observação em cada período.
Tempo bebendo (P<.0001)
a
b
0
50
100
150
P1 P2 P3
Períodos
Tempo (s)
ude
Bebedouro
Gráfico 4: Interação período x tratamento para o tempo
bebendo. Médias de seis animais em 13 horas de
observação em cada período.
44
O consumo de água dos bovinos nos bebedouros não foi diferente entre
potreiros ou períodos (P>0,05). O consumo médio de água em todo o experimento
foi de 14,9 L/animal/24h. As perdas por evaporação foram consideradas de pouca
importância, sendo assim, nenhum ajuste foi feito para tal variável.
As temperaturas ambiente e as umidades relativas, coletadas a campo
durante os períodos de avalião são apresentadas na Tabela 2. Também a
precipitação, segundo a Estação Meteorológica da FEPAGRO (EMBRAPA
TRIGO, 2004). Durante os dias em que as medições do consumo de água foram
feitas, a temperatura nima dia, coletada à campo, foi de 1C e a
temperatura máxima média foi de 30°C. Também nesse período, a precipitação
total no município de São Gabriel foi de 20,5 mm.
Tabela 2: Temperaturas e umidades ambiente coletadas à campo, durante os diferentes
períodos experimentais.
TemperaturaC) Umidade (%) Precipitação (mm)
Período
Mínima
Máxima
Média
Mínima
Máxima
Média
Ocorrida
Normal
Desvio
Fevereiro
22 37 29,5 40 85 62,5 33,5 103 -69,5
Março 17 37 27 26 83 54,5 29,2 86 -56,8
Abril 20 36 28 44 82 63 80,2 120 -39,8
A Tabela 3 mostra as temperaturas da água medidas nos udes e
bebedouros durante os meses de duração do experimento. Não houve diferença
estatística entre as temperaturas da água de açude e bebedouro.
Tabela 3: Temperaturas da água dos açudes e bebedouros,
medidas nos diferentes períodos experimentais.
udes Bebedouros
Período
T mín.
T máx.
T média
T mín.
T máx.
T média
Fevereiro
23 37 29,5 23 35 30
Março 20 32,5 27,7 16 39 28,5
Abril
23 33,5 28,8 24 34 29,5
45
A porcentagem de matéria seca (% MS) calculada para as amostras de
bosta e pasto pode ser visualizada nos Gráficos 5 e 6 a seguir.
MS bosta (P=0,0385)
a
a
a
b
b
b
14
15
16
17
18
1 2 3
Períodos
% MS
ude
Bebedouro
Gráfico 5: Porcentagem média de matéria seca presente
nas amostras de bosta coletadas nos diferentes
períodos de avaliação, para animais do ude e
bebedouro.
% MS Pasto (P=0,0004)
c
b
a
0
20
40
60
1 2 3
Períodos
% MS
1
2
3
Gráfico 6: Porcentagem média de matéria seca
presente nas amostras de pasto, coletadas nos
diferentes períodos de avaliação.
A análise estatística mostrou diferença significativa entre os períodos,
tanto para o pasto (P=0,0004) quanto para a bosta (P=0,0385). Não houve
interação período x tratamento, entretanto, para bosta houve uma clara tendência
de o conteúdo de MS ser maior nos animais do tratamento açude.
O ganho médio diário (GMD) de peso (kg) ocorrido entre as pesagens,
a intervalos de 28 dias, pode ser observado no Gráfico 7.
46
Ganho médio diário
b
b
a
a
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Períodos
GMD (kg)
Açude
Bebedouro
Açude
0,509 0,424 0,142
Bebedouro
0,511 0,616 0,283
GMD 1 GMD 2 (P= 0,0027) GMD 3 (P= 0,0474)
Gráfico 7: Ganho médio diário (kg), onde os períodos são: GMD1 (janeiro a
fevereiro); GMD 2 (fevereiro a mao); e GMD 3 (março a abril). Letras
diferentes no mesmo período diferem estatisticamente.
No período experimental total, entre janeiro e abril, a diferea
estatística entre os tratamentos foi altamente significativa (P=0,0001), e os ganhos
foram de 0,362 kg/dia e 0,467 kg/dia, respectivamente para os tratamentos ude
e Bebedouro. No gráfico acima, pode-se visualizar que foram nos períodos 2 e 3
que essa diferença ocorreu e que não houve diferença estatística (P=0,9786)
entre os tratamentos no período 1.
47
2.5 DISCUSSÃO
As respostas comportamentais dos animais aos tratamentos diferiram
entre os períodos de avaliação, em função de interões períodos x tratamentos.
Houve um maior número de atividades de pastoreio entre os animais do
tratamento bebedouro no período 2 (março). nos períodos 1 e 3 o maior houve
uma maior tendência de pastoreio entre os animais do tratamento Açude. O tempo
em que eles permaneceram em ócio e caminhando seguiu a tendência inversa
esperada, ou seja, menor para os animais do Bebedouro no período 2 e maior
para os do Açude nos períodos 1 e 3.
Também para o número de eventos de bebida houve interação na
mesma direção daquela verificada no pastoreio. A mesma tendência foi observada
para o ganho de peso. As variações na qualidade da pastagem dos potreiros
(%MS) não explicam as diferenças observadas para a variável pastoreio. O que se
pode inferir sobre tais resultados é que no período de avaliação 1, ocorrido apenas
dez dias após a entrada dos animais nos potreiros experimentais, eles ainda
estavam passando por um processo de adaptação (habituação) à sua nova rotina,
a qual incluía fatores como novo grupo, novo potreiro, observadores, nova fonte
de água no caso dos bebedouros, entre outros. Então, é possível supor que no
segundo período os animais do tratamento Bebedouro já estavam mais
familiarizados com o fato de ingerir água no bebedouro, ou seja, tinham
aprendido a usá-lo.
48
O aprendizado é um processo ontogênico de obtenção e memorizão
de informação (HURNIK et al., 1995) que se desenvolve a partir da motivação
para adquirir informações através de experiências. É um processo que se
desenvolve mais rapidamente em bovinos mais jovens, entretanto, eles também
esquecem o que aprendem com maior facilidade (PHILLIPS, 1993).
Vários trabalhos têm demonstrado o efeito da experiência prévia nas
escolhas dos animais. A experiência afetou a escolha da espécie forrageira a ser
pastejada por ovinos (RAMOS e TENNESSEN, 1992; PHILLIPS e YOUSSEF,
2003), o comportamento de bovinos em relão ao seu tratador (BOIVIN, 1998) e
mesmo o manejo e transporte de terneiros (LENSINK et al., 2001). Em nosso
estudo a experiência prévia também parece ter influenciado a preferência dos
bovinos pela fonte de água de bebida.
Aparentemente os animais do tratamento Bebedouro ingeriram mais
água do que os do tratamento Açude. Isto pode ser evidenciado pelo maior
número de eventos de bebida e pela tendência de maior conteúdo de água
presente em sua bosta. Os bovinos perdem de 30 a 70 ml/kg de peso corporal/dia
na bosta, o que representa um conteúdo de cerca de 70 a 85% de água presente
na bosta (MURPHY, 1992). Assim, uma correlão significativa entre o
consumo de água e o conteúdo de matéria seca da bosta (PAQUAY, 1970), a qual
aumenta com a redução da oferta de água para aquém do requerimento diário dos
animais, conforme foi observado em novilhas por Pinheiro Machado Fº et al.
(1998) e Hötzel et al. (2000).
49
Também existe uma correlação positiva entre o consumo de água e a
ingestão de matéria seca (MURPHY, 1983; ANDERSSON e LINDGREN, 1987;
SENN et al., 1996; NRC, 2001). Segundo Murphy (1983), o consumo de matéria
seca influencia mais a variação no consumo de água do que outras variáveis,
seguido da produção de leite, ingestão de sódio, temperatura média mínima,
temperatura média máxima e temperatura média. Senn et al. (1996) também
verificou que a quantidade de alimento consumido é o maior determinante do
consumo de água.
Embora os autores citados considerem o maior consumo de MS causa
de maior ingestão de água, nossos resultados sugerem que também o menor
consumo de água dos animais do Açude pode estar limitando a ingestão de
alimento. De fato, o maior tempo de pastoreio no período 2 pode ser explicado por
essa associação, o que também explicaria o maior ganho de peso, pois é provável
que os animais do tratamento Bebedouro tenham ingerido mais água e consumido
mais MS do que os animais do tratamento Açude.
O primeiro período de pesagem (GMD 1 - entre janeiro e fevereiro)
também não mostrou diferença estatística entre os tratamentos o que pode ser
atribuído à falta de habituação dos animais, especialmente em utilizar o
bebedouro. É importante ressaltar que habituação faz parte do aprendizado e não
é necessariamente permanente, ou seja, se houve habituação com um
determinado estímulo, por exemplo, e ele é removido por um intervalo de tempo,
pode ser que o animal continue respondendo a esse estímulo, quando ele é
apresentado novamente ao animal (CRAIG, 1981).
50
À medida que a habituação foi acontecendo os ganhos diferiram
estatisticamente entre os períodos, sendo maiores no tratamento em que os
animais tinham bebedouros como fonte de água. Porath et al. (2002) também
verificaram que o ganho de peso foi influenciado pelo suprimento de água em
tanques, chegando a 0,27 kg/dia para vacas e 0,14 kg/dia, para terneiros acima do
ganho de peso dos animais supridos apenas com córregos.
No período de avalião 2, ocorrido cerca de um mês após o primeiro,
os animais puderam expressar de fato seu comportamento pois estavam mais
habituados à rotina experimental. A freqüência de caminhadas foi maior, o que
pode ser um indicativo de maior seletividade dos animais em relação aos sítios de
pastejo. Os bovinos têm uma seletividade inter e intra-específica, quer dizer,
preferem certas espécies de plantas e, dentre essas plantas, indivíduos e partes
mais novas e tenras (HURNIK et al., 1995).
Embora não tenha sido diretamente avaliada neste estudo, a
seletividade es diretamente relacionada ao ganho de peso, uma vez que os
animais têm a chance de escolher as plantas mais jovens, de maior palatabilidade
e de maior qualidade para ingerir. Fato é, que o ganho de peso do período 2
chegou a 0,616 kg/dia para os animais do tratamento bebedouro contra 0,424
kg/dia para os do açude.
Também nesse período (2) houve uma maior freqüência de eventos de
ingestão de sal mineral no tratamento 2 (bebedouro). Segundo Murphy (1983), o
consumo de água aumenta cerca de 50 ± 23 mL para cada grama adicional de
dio ingerida. No estudo de Meyer et al. (2004), realizado com vacas leiteiras, o
51
aumento do consumo de água foi de 0,4 kg/dia para cada grama de sódio
ingerida.
No período 3 houve uma estiagem, com um ficit hídrico acumulado
de mais de 160 mm durante os meses do experimento. No vocabulário da
produção animal, seca é a carência de precipitação suficiente, numa época em
que as plantaso dependentes de umidade para crescer. Como resultado, há um
decréscimo significativo na produção de forragem (HORN, 2004).
Nos períodos de estiagem a pastagem lignifica e baixa sua qualidade
nutricional, provocando redução no desempenho animal. Além disso, os animais
não apenas têm que ir mais longe para obter a matéria seca que necessitam mas
também devem consumir mais forragem para satisfazer suas necessidades
nutricionais (HORN, 2004). É um período crítico, quando o abastecimento de água
é decisivo (PINHEIRO MACHADO, 2004).
Não apenas a pastagem sofre modificações com a seca, mas também
os udes, que dependem da chuva para seu abastecimento. Isto foi visível no
período 3 do experimento, onde embora nunca tenha faltado água nos udes, o
nível da água estava abaixo do normal. É provável que isso tenha afetado a
ingestão de água dos animais do tratamento Açude, mas somente durante o
terceiro período. Entretanto, é normal que udes tenham variões no nível de
água em função das oscilações nas precipitações. Já nos bebedouros, é posvel
garantir-se um suprimento regular.
De acordo com Senn et al. (1996), apesar do decréscimo no consumo
total de alimentos e ingestão de energia, a freqüência de refeições pode aumentar
52
durante períodos de privação de água. Provavelmente isso aconteceu com os
animais do Açude no período 3, e a demonstração está nos resultados do
comportamento de pastoreio dos animais que apresenta um valor bem acima dos
períodos anteriores.
A ingestão de alimentos, de água e a ruminação o padrões
comportamentais fixos que podem ser alterados por fatores bióticos (temperatura
corporal, freqüência respiratória) e fatores abióticos (temperatura ambiente,
umidade relativa) (PORTUGAL, 2000). tendência de maior consumo de água
com aumento da temperatura ambiente (OSBORNE et al., 2002). Enquanto que a
temperatura ambiente é o determinante primário da taxa diária de consumo de
água em locais com verão quente, onde o verão é mais ameno e seco o consumo
é mais dependente das variações de umidade relativa (ALI et al., 1994).
Segundo o NRC (1996), a recomendação de ingestão diária de água
para novilhos de corte com peso aproximado de 182 kg, é de 22 a 36 L com
temperatura ambiente média variando de 21,1°C a 32,2°C. Importante notar que
esses valores consideram toda a água consumida, tanto ingerida quanto presente
nos alimentos e proveniente do metabolismo. Assim, os valores observados nesse
experimento, na ordem de 14,6 L/animal/24 h (ingerida apenas) estão dentro dos
padrões para a categoria animal em questão, evidenciando que não houve
deficiência hídrica para os animais nos piquetes com bebedouros, o que também
ficou evidente na apreciação visual das bostas desses animais.
A temperatura da água tem uma leve influência no comportamento de
bebida e performance dos animais (NRC, 2001). Segundo Osborne et al. (2002), o
53
consumo voluntário de água é maior quando ela é fornecida aquecida, entre 30 e
33°C, do que não aquecida, entre 7 e 15°C. No entanto, para Murphy (1992), se a
temperatura da água variar entre 0 e 30°C não influência sobre o
comportamento de bebida de novilhos. No presente experimento, as diferenças de
temperatura entre a água do ude e a do bebedouro foram pequenas e,
certamente, não tiveram influência no comportamento ou performance dos bois.
O manejo da água e da sombra pode otimizar a dispersão dos animais
e diminuir sensivelmente, por exemplo, o uso de áreas de margens de rios e
udes (HOWERY et al., 1998). Em nosso trabalho, os bovinos não gastaram
muito de seu tempo nas áreas de sombra (em média 4,8%) ou próximo à água
(em média 4,2%), divergindo com a literatura consultada de que eles tendem a
permanecer nas áreas próximas à água ou em abrigos (GANSKOPP, 2001;
PINHEIRO MACHADO, 2004).
54
2.6 CONCLUSÕES
O comportamento de novilhos de corte foi sensivelmente modificado
em função da presença de um bebedouro, enquanto fonte de água para beber. No
entanto, essa modificação ficou evidente a partir do segundo período, indicando
que é necessário haver um período de habituação dos animais quando se deseja
introduzir novas tecnologias e formas de manejo nos sistemas de criação.
A fonte de água (açude ou bebedouro) influenciou o ganho médio
diário de peso dos novilhos. Os animais que tinham acesso apenas ao bebedouro
ganharam mais peso do que os outros, com acesso apenas ao açude. Já a
distribuição espacial dos animais (localização) não foi modificada pela presença
dos bebedouros.
55
3 EXPERIMENTO 2
RELAÇÃO ENTRE A EXPERIÊNCIA PRÉVIA, A HIERARQUIA SOCIAL E A
PREFERÊNCIA DE BOVINOS DE CORTE POR AÇUDE OU BEBEDOURO
3.1 INTRODUÇÃO
É possível reconhecer as preferências dos animais observando o
quanto eles se esforçam por um evento ou objeto preferido. Os testes de
preferência consistem na observação dos animais em um ambiente rico em
complexidade de estímulos e oportunidades de atividades, onde os estímulos
escolhidos e o modo como os animais gastam seu tempo fornecem informações
sobre as suas preferências (FRASER e BROOM, 1990).
Contudo, nem sempre é posvel realizar testes estritamente
controlados, o que não invalida estudos de observação que permitam inferir sobre
a predileção dos animais por determinados recursos. A simples observação dos
animais a campo pode ser muito útil na dedução de suas preferências,
especialmente a preferência pela fonte de água, que é importante de ser
reconhecida quando se considera que esse é um recurso essencial para os
animais, para o homem e para o meio ambiente.
No entanto, diversos fatores podem estar influenciando os resultados,
como por exemplo, o quanto o animal tem que se deslocar para chegar a um
ude ou bebedouro; se a localização da fonte está próxima ou distante das áreas
56
utilizadas para pastoreio e descanso; onde está localizado o saleiro; se há sombra
disponível no potreiro; a temperatura da água; etc. Em experimentos controlados
tenta-se minimizar ao máximo os efeitos desses fatores sobre os resultados.
A experiência prévia es entre os vários fatores influindo nas escolhas
dos animais e que pode determinar ou influenciar a preferência. Alguns estudos
têm demonstrado de que modo a experiência pode afetar escolhas futuras, como
por exemplo a escolha da espécie forrageira a ser consumida (RAMOS e
TENNESSEN, 1992; PHILLIPS e YOUSSEF, 2003). Logo, é de se supor que
também a escolha por uma fonte de água possa ser afetada pela experiência do
animal.
Diversos estudos têm avaliado, direta ou indiretamente, a preferência
de bovinos por diferentes fontes de água entre elas córregos, açudes e riachos,
além de bebedouros ditos artificiais como caixas d’água e reservatórios de
alimentos. A importância de tais estudos reside no fato de que melhorias sensíveis
no manejo e infra-estrutura dos sistemas de produção podem ser benéficas aos
animais e ao ambiente e, por conseqüência, aos humanos.
A utilização de aguadas naturais pelos bovinos pode causar a
degradação desses ambientes e/ou suprimentos inadequados de água para os
animais. A disponibilidade de água em bebedouros bem desenhados e localizados
pode melhorar a performance dos animais (ALBRIGHT, 1993; CAMPOS, 2001),
além de possibilitar uma melhor distribuição de nutrientes no solo e uma redução
nos impactos danosos às reservas naturais de água e áreas adjacentes
(SHEFFIELD, 1997; GANSKOPP, 2001; PORATH, 2002).
57
Assim, é possível aliar a preferência animal à maior produtividade e
menor impacto ao ambiente através de estudos que comprovem tais fatos.
Experimentos têm sido realizados e m comprovado a preferência dos bovinos
por fontes artificiaisde água, como por exemplo, o de Sheffield et al. (1997), que
relata que vacas de corte preferem beber água em bebedouros quando
comparados com rregos abertos, dedicando 92% de seu tempo de bebida ao
bebedouro.
Ainda sobre a preferência por fontes alternativas de água, Veira (2003),
que avaliou bovinos durante dois anos concluiu que os animais preferem
bebedouros a córregos, percebeu que essa predileção ocorria mesmo quando a
água era a mesma em ambas fontes, tendo sido bombeada do córrego ao
bebedouro.
Se há trabalhos comprovando a predileção dos bovinos por bebedouros
ao invés de açudes, córregos e riachos, isso suscita a queso de que talvez, os
animais também tenham preferências por diferentes tipos de bebedouros. Pinheiro
Machado et al. (2004) avaliaram tal hipótese e concluíram que vacas leiteiras
preferem beber e bebem mais água de bebedouros maiores do que menores.
Essas preferências parecem estar relacionadas ao maior volume e superfície da
lâmina de água dos bebedouros prediletos (TEIXEIRA, 2005).
Segundo Albright (1993), o acesso ao alimento e à água, através de
bebedouros e comedouros bem desenhados e de um manejo adequado pode ser
considerado tão importante quanto a disposição desses nutrientes. A distribuição
conveniente de bebedouros nas pastagens ou instalações facilita o acesso dos
58
animais, aumenta a produção e permite melhor desempenho do rebanho
(CAMPOS, 2001).
Entretanto, nas bases de dados científicos disponíveis (WEB OF
SCIENCE, 2005), nenhum estudo foi publicado levando em consideração a
influência da experiência prévia na demonstração da preferência por fonte de água
de bebida em bovinos de corte, que é o objetivo do presente experimento.
59
3.2 OBJETIVOS
Verificar se há relação entre a experiência prévia e a preferência de
bovinos de corte, aos dois anos de idade e mantidos em sistema de pastoreio em
campo nativo, por ude ou bebedouro enquanto local para seus eventos de
ingestão de água. Verificar, também, se relação entre a hierarquia social
estabelecida no grupo e a preferência pela fonte de água.
60
3.3 METODOLOGIA
3.3.1 Local
O experimento foi realizado durante a primavera (novembro) do ano de
2004 na Agropecuária Caacupè, situada no município de São Gabriel, região da
campanha, na fronteira oeste do Estado do Rio Grande do Sul. O município está a
uma altitude de 124 m e localizado numa zona climática Cfa segundo a
classificação de Köepen, ou seja, apresenta clima subtropical em que as
temperaturas médias são superiores a 22ºC no verão e não inferiores a 3°C no
inverno (EMBRAPA TRIGO, 2005).
3.3.2 Animais
Foram utilizados 48 bovinos de corte, mestiços das raças Nelore e
Hereford, com idade aproximada de 24 meses, os quais normalmente
permanecem num grande grupo, em pastejo contínuo com sal mineral à vontade e
água disponível em açudes. A metade dos animais (24) tinha experiência prévia
com bebedouros enquanto a outra metade vinha de experiência apenas com
ude.
Tal experiência se deu por três meses, durante um experimento anterior
em que dos 48 animais, 24 tinham apenas bebedouro disponível como fonte de
água e 24 tinham apenas ude. Entre os dois experimentos houve um intervalo
61
de aproximadamente seis meses, em que os animais foram reunidos ao rebanho
geral da propriedade e tinham apenas açudes como fontes de água.
Para esse experimento, o principal critério de selão para a formão
dos grupos foi de que a metade do grupo deveria ser experiente e a metade não.
Dessa forma, após a identificação individual dos animais a respeito de sua
experiência, peso e tipo racial, foram formados quatro grupos com 12 animais
cada (seis com e seis sem experiência prévia).
Os quatro grupos foram, então, aleatoriamente alocados em potreiros
de aproximadamente quatro hectares de tamanho, delimitados por cercas
elétricas. A pastagem de cada parcela era composta de campo nativo e todas
apresentavam uma aguada natural (açude) e sal mineral à vontade. Em cada
parcela foi instalado um bebedouro artificial (caixa d’água).
3.3.3 Bebedouros
Os bebedouros utilizados eram caixas d´água circulares em polietileno,
com 500 L de capacidade, da marca Tigre
(aproximadamente 60cm de altura e
120cm de diâmetro). Embora fosse impossível aleatorizar as posições dosudes
e bebedouros, uma vez que a posição dos açudes era fixa, tentou-se situar os
bebedouros na posição mais próxima/análoga à do açude possível. Assim, foram
posicionados ao lado dosudes no local que, geralmente, os animais usam como
entrada ao ude para beber água, de modo que eles pudessem optar entre um
ou outro no momento do evento de bebida (ANEXO 4).
62
A água usada para encher as caixas era proveniente do respectivo
ude, utilizando-se uma motobomba a gasolina para o enchimento. Essas
medidas visavam minimizar a possibilidade de a preferência ser afetada por outros
fatores posicionamento da fonte de água ou qualidade e características da água
– que não aqueles inerentes à fonte de água.
3.3.4 Avaliações
Para as avaliações, os bovinos foram pintados com tinta atóxica própria
para uso em animais, nas partes anterior e posterior do corpo, numa medida que
torna mais fácil a identificação de cada animal durante a observação a campo. Os
animais foram observados simultaneamente por quatro duplas de observadores,
que foram alocadas aos potreiros aleatoriamente (por sorteio), momentos antes do
início da observão. As observões ocorreram do amanhecer ao pôr do sol, em
12 horas de observação por potreiro em cada dia, num total de quatro dias,
totalizando 48 (quarenta e oito) horas de coleta de dados por potreiro.
A pintura e a pesagem dos animais, bem como a distribuição deles nos
potreiros, ocorreram no dia considerado 0 (zero) e as observões aconteceram
nos dias 1, 2, 4 e 5 a partir desse dia. Os dias de observação foram determinados
de modo que fosse possível verificar o estabelecimento da hierarquia social logo
após a formação dos grupos para avaliar sua relação com a experiência prévia e
com a preferência.
63
Os seguintes eventos foram observados continuamente e eram
anotados, sempre que ocorriam, para cada animal:
- Ingestão de água: animal com a boca imersa na água, com sinais
aparentes de tomar goles; tanto no ude quanto no bebedouro;
- Ingestão de mineral: animal com a boca dentro do saleiro em contato
direto com o sal, lambendo ou engolindo sal;
- Interões agonísticas: sempre que havia um animal instigando outro,
com ou sem contato físico;
Para os eventos de bebida e ingestão de sal mineral foram anotadas
tanto a hora em que ocorriam quanto a sua durão. Para as interações
agonísticas, todas as ocorrências foram observadas segundo o critério de Schein
e Fohrman (1955) para instigador (animal com padrão agressivo sobre outro) e
tima (animal que reage alarmado, foge ou se retrai). A partir desses dados foi
construída uma matriz de dominância social (HURNIK et al., 1995) pelo somatório
de interações de cada animal com os outros de seu grupo. Quando essa soma
resultava em empate entre dois ou mais animais, o confronto direto entre eles e o
índice geral de agressividade eram usados como critérios de desempate.
A cada duas horas eram medidas e anotadas a temperatura do
ambiente, com termômetro da marca Thermo-higro
®
, e a temperatura da água,
com termômetros flutuantes da marca Dolphin
®
comumente utilizados em
aquários, a aproximadamente quatro centímetros da superfície.
64
3.3.5 Análise estatística
Os dados de preferência por local de bebida foram analisados
estatisticamente pelo teste de análise de variância, através do GLM (Modelos
Gerais Lineares) do pacote estatístico SAS (1989).
Para verificar a relação entre a hierarquia social e o local mais visitado
por cada animal durante seus eventos de ingestão de água, foi realizado um teste
de correlação linear simples, segundo o coeficiente de correlação de Pearson
(SNEDECOR e COCHRAN, 1989).
65
3.4 RESULTADOS
Os eventos ocorridos de acordo com a fonte disponível e com a
experiência prévia dos animais, expressos em número total de visitas ocorridas a
cada fonte, são mostrados a seguir.
0
10
20
30
40
s/ experência prévia c/ experiência prévia
Animais
Eventos
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 4
Gráfico 8: Número total de eventos de ingestão de água
ocorridos nosudes, dos animais com ou sem experiência
prévia com bebedouro, em cada dia.
0
10
20
30
40
50
s/ experiência prévia c/ experiência prévia
Animais
Eventos
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 4
Gráfico 9: Número total de eventos de ingestão de água
ocorridos nos bebedouros, dos animais com ou sem
experiência prévia com bebedouro, em cada dia.
Os resultados da análise de variância entre a experiência e o local mais
visitado pelos animais durante seus eventos de ingestão de água mostram que
66
houve efeito da experiência prévia na preferência. A hierarquia social, por não ter
apresentado efeito sobre a preferência, foi retirada do modelo.
Em relação à fonte de água, os bois experientes demonstraram
preferência pelo bebedouro (P=0,0335), enquanto que os sem experiência não
preferiram claramente nenhuma das fontes disponíveis (P=0,1767).
Durante os dias do período experimental, os animais que conheciam
apenas o açude realizaram, em média, 3,37 visitas ao açude e 2,54 ao bebedouro.
os animais experientes visitaram, em média, 1,21 vezes o açude e 2,29 vezes o
bebedouro, durante seus eventos de ingestão de água.
A posição hierárquica de cada bovino, bem como a fonte de água mais
freqüentada por ele para ingerir água pode ser vista na Tabela 4. Como critério
para definir a fonte mais freqüentada tomou-se o número de vezes que o animal
em questão visitava o açude ou o bebedouro durante seus eventos de ingestão de
água, somando-se todos os eventos ocorridos durante o período experimental.
A correlação linear entre a posição hierárquica do animal em seu grupo
e o local que ele mais visitou durante seus eventos de bebida foi positiva (P< 0,05)
entre os fatores em questão, sendo o coeficiente de correlação de Pearson igual a
0,30 (r=0,303).
67
Tabela 4: Hierarquia social, tratamento de origem e fonte de água preferida onde: G: grupo
do animal no experimento; A: número do animal; TO: tratamento de origem (1-açude; 2-
bebedouro); PH: posição hierárquica (D-dominante; I-intermediário; S-subordinado); PF:
preferência pela fonte (
1-açude; 2- bebedouro
).
G A T O PH PF G Al TO PH PF
10 2 D
1
38 1 D
1
12 2 D
1
44 1 D
2
8 1 D
2
33 2 D
2
3 2 D
1
40 1 D
1
9 1 D
1
37 2 D
1
2 2 D
2
42 2 I
1
1 1 I
2
29 1 I
2
5 1 S
2
41 1 S
1
6 1 S
1
34 2 S
1
13 2 S
2
36 1 S
1
4 1 S
1
39 2 S
1
P 1
7 2 S
2
P 3
35 2 S
1
26 2 D
2
43 2 D
1
31 2 D
2
45 2 D
1
15 1 D
2
20 1 D
2
22 2 D
1
21 1 D
2
32 2 D
1
24 1 D
2
17 1 I
1
25 2 D
2
16 1 I
1
48 2 I
2
14 1 S
1
47 2 S
1
19 1 S
1
28 1 S
1
30 2 S
1
27 1 S
1
23 2 S
1
11 1 S
1
P 2
18 1 S
1
P 4
46 2 S
1
As temperaturas C) da água (udes e bebedouros) e do ambiente,
bem como a umidade relativa do ar (%) e a precipitação (mm), são apresentadas
nas Tabelas 5 e 6.
Tabela 5: Temperaturas dos udes e bebedouros, medidas
durante o período experimental. Dados coletados a campo,
Agropecuária Caacupè, São Gabriel/RS, 2004.
udes Bebedouros
Dia
T mín.
T máx.
T média
T mín.
T máx.
T média
1 (1/11/04)
21 33 26 20 32 26
2 (2/11/04)
21 33,5 28 21 34 28
4 (4/11/04)
21 23,5 22,5 21 23 22
5 (5/11/04)
21,5 25 23 21 25 23
68
Tabela 6: Temperaturas e umidades ambiente coletadas à campo, durante o período
experimental, das 6 às 19h. Precipitação ocorrida no município segundo o Sistema de
Monitoramento Agrometeorológico.
Temperatura (°C) Umidade relativa (%)
Dia
mín. máx. média mín. máx. média
Precipitão
(mm)*
1 (1/11/04) 17 41 28,5 21 83 49 0
2 (2/11/04) 19 39 32 38 66 45,5 0
3 (3/11/04) - - - - - - 54,7
4 (4/11/04) 21 25 23 72 88 79 11,7
5 (5/11/04) 16 28 21 64 98 88,5 1,1
*Fonte: adaptado de Agritempo, http://www.agritempo.gov.br, 2004.
As temperaturas ambiente coletadas à campo diferem um pouco das
médias ocorridas no município de 18,6 a 22,9°C (AGRITEMPO, 2004), obtidas
numa estação meteorológica. Entretanto, são representativas das condições
experimentais reais.
69
3.5 DISCUSSÃO
É possível notar que o número de visitas ao ude, pelos animais que
não tinham experiência com bebedouro, foi maior do que o número de visitas
realizado pelos animais experientes. A campo, aparentemente, os animais que
conheciam os bebedouros visitavam ambas as fontes quando iam beber água, ou
seja, como se não importasse onde estavam bebendo. Entretanto, a análise
estatística mostrou que houve, sim, demonstração de preferência pelos
bebedouros por aqueles animais que já os conheciam.
A experiência prévia pode ter um papel importante sobre as atitudes
dos animais, atuais ou futuras. Por exemplo, experimentar novas fontes de água
ou espécies forrageiras pode fazer com que o animal passe a utilizá-las e se
beneficie com isso, ou seja, aumentar sua gama de estímulos e oportunidades no
ambiente pode incrementar a produtividade, facilitar o manejo e ser positivo para o
ambiente também.
Um bom exemplo disso é o estudo de Ramos e Tennessen (1992)
sobre os efeitos da experiência adquirida em duas diferentes idades na aceitão
inicial de uma pastagem e na preferência entre espécies forrageiras. O estudo foi
realizado com cordeiros e suas mães em pastagem de trevo branco e azevém.
Cordeiros com experiência prévia pastaram quase duas vezes mais do que o
grupo controle, formado por animais não expostos previamente à pastagem.
Cordeiros experientes em trevo passaram mais tempo pastando essa espécie do
que os inexperientes (69% x 45% do total de pastejo). A conclusão foi de que um
70
período de experiência pode aumentar tanto a aceitação inicial da pastagem
quanto a preferência por certo tipo de forragem.
Considerando o efeito positivo da experiência prévia dos animais em
relação ao ambiente, especialmente no controle de espécies, há o trabalho de
Walker et al. (1992), avaliando se a exposição de cordeiros à Euphorbia esula L.
faria com que eles consumissem mais essa planta. Os cordeiros experientes
apresentaram maior porcentagem de bocados e preferiram pastagens com alta
disponibilidade de biomassa, além de consumirem a planta em diferentes estágios
de crescimento. Os inexperientes evitaram a forrageira, sempre que possível.
Assim, os autores concluíram que a experiência prévia teve efeito no pastoreio e é
um importante fator a ser considerado quando do uso de ovinos enquanto agentes
biológicos no controle de determinadas espécies forrageiras.
Porém, tanto os períodos de experiência quanto a introdução de
tecnologias e formas de manejo devem acontecer, de preferência, o mais cedo
posvel na vida dos animais, uma vez que fatores e estímulos ambientais têm
influência mais forte e duradoura quando apresentados aos animais ainda jovens
do que se experimentados na vida adulta. (FRASER, 1980).
De acordo com o experimento realizado por Howery et al. (1998), as
experiências ocorridas cedo na vida dos animais afetam sua distribuição a campo.
Em qualquer tempo, o padrão de distribuição de vacas de corte e suas crias é uma
“fotografia instantânea de mudanças comportamentais desenvolvidas de acordo
com as experiências antecedentes de cada indivíduo e com as condições
ambientais e sociais presentes.
71
Phillips e Youssef (2003), estudaram o efeito da experiência prévia
no comportamento de pastejo de ovelhas priparas e suas crias. Verificaram que
tanto as ovelhas quanto os cordeiros passaram mais tempo pastando as espécies
forrageiras às quais já estavam habituadas e que tal efeito foi proporcionalmente
maior nos cordeiros do que nas ovelhas. Apesar disso, os autores verificaram que
um período de duas semanas de experiência aumenta a atratividade de espécies
menos preferidas ou desconhecidas.
Em nosso estudo os animais sem experiência prévia com bebedouros
artificiais visitaram mais vezes o açude durante seus eventos de bebida. Os
animais experientes, no entanto, visitaram mais vezes o bebedouro. Deste modo,
não se pode generalizar e dizer que os bovinos preferiram o açude ou o
bebedouro para ingerir água, uma vez que nem todos conheciam a fonte
alternativa. Assim, fica evidente que a experiência prévia com as opções em
questão influencia a preferência dos animais.
É relevante dizer que os bovinos são animais sociais e que seu
comportamento é influenciado pela facilitação social (PHILLIPS, 1993), sendo que
a hierarquia social estabelecida influencia a utilização dos recursos (BOUISSOU,
1974) e deve ser considerada na proposição de melhorias no manejo e na infra-
estrutura da propriedade (KILGOUR e DALTON, 1984).
Embora a análise de variância não tenha indicado um efeito da
hierarquia social na preferência dos animais pela fonte de água, quando se fez o
lculo do coeficiente de correlação entre a posição social do animal e o local que
ele mais freqüentou para beber água, encontrou-se um valor positivo, sendo
72
posvel inferir que uma tendência de animais dominantes preferirem
bebedouro para ingerir água, quando as duas fontes estão disponíveis. E,
aparentemente, os animais nas posições inferiores da escala social beberam mais
nas fontes de água as quais já estavam familiarizados.
Este fato pode ter influenciado os eventos de ingestão de água, uma
vez que a hierarquia social do grupo pode representar um papel importante na
utilização dos recursos existentes no ambiente, conforme concluíram Anderson e
Lindgren (1987). Entretanto, Teixeira (2005) verificou que o estado fisiológico
influenciou mais o comportamento e a ingestão de água de vacas em lactação do
que a hierarquia social.
Além da ordem social, outros fatores que podem influenciar o
comportamento e a preferência são a temperatura ambiente e a temperatura da
água disponível para ingestão. Vacas leiteiras parecem beber mais água a 30
°
C
do que a 10°C (BAKER et al., 1988), e o consumo voluntário do líquido chega a
ser quase 6% maior quando a água esentre 30 e 33°C do que entre 7 e 15°C
(OSBORNE et al., 2002). A preferência pela água aquecida (27 a 30°C) também
foi demonstrada no estudo de Wilks et al. (1990), entretanto, o consumo de água
mais fria (10°C) além de reduzir as taxas respiratórias e a temperatura corporal,
aumentou o consumo de alimentos e a produção de leite.
Como se pode observar, os trabalhos citados detectaram diferenças no
consumo de água quando a temperatura desta variava 15, 20°C. No presente
experimento, as diferenças de temperatura entre a água do ude e a do
73
bebedouro foram tão pequenas que, certamente, este fator o teve influência na
escolha dos bois.
No que se refere às condições climáticas, segundo Castle e Thomas
(1975), a quantidade de água ingerida por vacas em lactação em seu estudo foi
positivamente correlacionada com a produção leiteira e o conteúdo de matéria
seca da dieta, mas o significativamente relacionada com a temperatura
ambiente média ou a umidade relativa do ar.
no estudo de Loneragan et al. (2001), a temperatura dia diária
explicou 25,7% da variação observada na ingestão de água de novilhos, a qual
também foi influenciada pela umidade relativa. A temperatura ambiente, conjugada
com a umidade relativa do ar, durante o período experimental desta dissertação,
não ultrapassou valores críticos para a mantença dos animais (Curtis, 1983), e,
portanto, não parece ter tido influência importante nos resultados obtidos.
Nos dois primeiros dias de experimento (01 e 02 de novembro) não
choveu, entretanto, no dia de intervalo que seria o dia três, a precipitação chegou
a 54,7 mm. Nos dias quatro e cinco (04 e 05 de novembro) também choveu,
chegando a 12,8 mm de precipitação. A campo, era visível a quantidade de água
acumulada no pasto a qual, involuntariamente, era ingerida juntamente com a
forragem, aumentando, na prática, o teor de água da forragem, e saciando parte
da sede dos bovinos. Como conseqüência, houve uma diminuição na procura
pelos udes e bebedouros e isso pode ter mascarado a demonstrão de
preferência por um ou outro.
74
3.6 CONCLUSÕES
Os bovinos com experiência prévia em bebedouros preferiram beber
água nessa fonte, à qual estavam habituados, enquanto que os animais sem
experiência não demonstraram clara preferência por açude ou bebedouro. A
preferência dos bovinos de corte por ude ou bebedouro enquanto local para
seus eventos de ingestão de água foi, assim, afetada pela experiência prévia,
embora a longo prazo tal resultado possa ser diferente.
A hierarquia social o foi um fator decisivo na demonstração da
preferência dos animais pela fonte de água. Os fatores ambientais não
influenciaram fortemente o comportamento de ingestão de água dos bovinos, nas
condições em que o presente estudo foi conduzido. Entretanto, nos dias de chuva
(precipitação) a procura tanto por bebedouro quanto por açude foi menor.
75
4 DISCUSSÃO GERAL
Os sistemas de produção agroecológicos, baseados nos princípios da
sustentabilidade, devem objetivar uma produção que, ao mesmo tempo em que
não comprometa o equilíbrio ecológico dos agroecossistemas tenha como meta
produzir alimentos de qualidade. Neste contexto, o manejo geral da pecuária deve
considerar o bem-estar dos animais, suas necessidades em relação ao ambiente e
suas exigências nutricionais (AGROSUISSE, 2000).
O termo bem-estar se refere ao estado do indivíduo em relação ao
ambiente (BROOM, 1991) e, segundo Duncan (1993), tal conceito deveria incluir
idéias como: saúde física e mental do animal, harmonia do animal com o ambiente
e adaptação do animal ao ambiente, sem sofrimento. Atualmente, os indicadores
mais utilizados na avalião do bem-estar animal o: saúde, estado fisiológico e
comportamento dos animais.
Infelizmente, não há consenso de como se medir e/ou avaliar na prática
o bem-estar do animal (SUNDRUM, 2001), o que torna necessária a realização de
estudos que avaliem o animal e seu bem-estar em diferentes ambientes de
criação (FRASER, 2001).
Assim, o comportamento do animal esligado ao ambiente de criação
e a melhora deste ambiente pode beneficiar a própria crião. As propriedades
têm sido desenhadas para suprir proposições humanas e econômicas e não o
comportamento dos animais (KILGOUR e DALTON, 1984). Adequar as
76
propriedades para possibilitar a expressão do comportamento animal normal pode
prevenir ou minimizar situações danosas (GONYOU, 1994).
O fornecimento de água e o comportamento animal em relão a isso
o importantes no que se refere ao bem-estar de bovinos criados a campo.
Quando o acesso à água é restrito, há uma grande varião na sua ingestão pelos
animais, o que pode influenciar negativamente o bem-estar de alguns indivíduos
(HÖTZEL et al., 2003). Conhecer seu comportamento de ingestão de água e suas
preferências pode levar a uma melhor distribuição desse recurso, ou seja, aliar o
comportamento a melhorias no manejo e infra-estrutura, de modo que todos os
animais tenham a mesma facilidade de acesso ao recurso e seu bem-estar não
seja comprometido.
Dessa forma, o sucesso de práticas de manejo, e do uso de
bebedouros, deve ser relacionado aos padrões comportamentais dos bovinos e as
características da propriedade (PORATH, 2002). Tais fatos foram levados em
consideração na realização dessa dissertação, quando da proposição do uso de
sistemas de bebedouros em comparação aos açudes (aguadas naturais
existentes na propriedade). Além de respeitar o comportamento e a preferência
animal possibilitou melhor desempenho dos animais supridos com bebedouros.
A preferência do animal pode ser proveniente de experiências prévias e
do conseqüente aprendizado. O comportamento aprendido, então, vai desde
alterações definidas até experiências específicas ocorridas na vida do animal
(ALCOCK, 1993). Desse modo, a experiência prévia pode ser determinante nas
atitudes e decisões dos animais, a curto ou longo prazo. O estudo apresentado
77
nesta dissertação mostra essa relão, em que a experiência com bebedouros
teve influência na preferência dos bovinos pelo local de bebida.
Contudo, o estudo do comportamento e das preferências dos bovinos pode
também ser uma questão chave para os ecossistemas. Especialmente porque a
preocupação com o ambiente tem estado no centro das preocupações mundiais e
o modo de criação dos rebanhos, de produção de alimentos (leite e carne), e de
utilização dos recursos naturais na produção animal são fatores imprescindíveis
para a saúde futura do planeta.
A atividade pecuária utiliza reservas naturais de água para suprir as
necessidades dos animais e há estudos mostrando os impactos ambientais que
podem resultar de tal prática (MINER, 1995; SHEFFIELD et al., 1997; PORATH et
al., 2002). Discute-se a idéia de cercar as reservas naturais de água a fim de
evitar que os bovinos as utilizem para ingerir água bem como fam uso de suas
margens para pastar e se deslocar, e assim causem danos à tais fontes.
Entretanto, o uso de cercas além de ser uma alternativa de custo elevado
acaba trazendo outros problemas como: onde fornecer água para os animais,
maior necessidade de mão-de-obra para manejar os animais nos horários de
fornecimento de água, restrição dos comportamentos normais dos animais e
conseqüentemente, diminuição do seu bem-estar.
O uso de bebedouros é uma alternativa viável e que dispensa a utilizão
de cercas. Entretanto, os produtores rurais parecem mais dispostos a adotá-los
quando resultados econômicos vantajosos comprovados. Se o consumo de
água for maior no bebedouro do que no açude, como é de se esperar, a
78
performance dos animais pode ser incrementada uma vez que grandes
quantidades de água são necessárias para que os animais processem
eficientemente os alimentos ingeridos (MINER, 1995).
A utilização de bebedouros, obviamente, também demanda dispêndios
financeiros, no entanto, utilizando essa alternativa o produtor es levando em
consideração o comportamento animal e obtém retorno econômico com o
incremento no ganho de peso dos bovinos. Como foi demonstrado por essa
dissertação, bovinos ingerindo água em bebedouros ganham mais peso do que
aqueles que ingerem água em udes. Além disso, de acordo com Miner (1995),
os bebedouros possibilitam uma diminuição na utilização das aguadas naturais
pelos animais, diminuindo riscos de contaminação da água e de erosão.
Uma vez que é possível reduzir o tempo gasto pelos animais nas
aguadas naturais através do uso de bebedouros, implicações econômicas e
ambientais sugerem que esta pode ser uma alternativa posvel à exclusão total
do rebanho às áreas mais frágeis desses ecossistemas (MINER, 1995).
Assim, o fator "bem-estar animal" é determinante na viabilidade técnica
e econômica dos sistemas de criação animal, bem como a preservação dos
recursos naturais é um desafio mundial enquanto se produz alimentos para a
população. A partir dessas premissas é que poderemos definir os modelos de
produção mais adequados para a nossa realidade, levando em considerão a
interação humano-animal-ambiente.
79
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de trabalhos de pesquisa requer que diversos fatores se
completem para que os dados obtidos sejam confiáveis e possam ser difundidos.
Tais fatores são mais facilmente controlados quando a pesquisa se realiza, por
exemplo, em uma estação experimental, destinada exclusivamente a este fim.
No caso dos experimentos contidos nesta dissertação, o fato de terem
sido realizados em uma propriedade rural particular possibilitou que fatores alheios
ao nosso controle surgissem como complicadores do processo, os quais podem
inclusive ter influenciado nos resultados obtidos.
A seca, ocorrida durante o Experimento 1 é um bom exemplo de fator
imposvel de ser controlado para que não interfira na expressão dos tratamentos
em estudo, assim como aconteceu com a alta precipitação durante o Experimento
2. A escolha dos materiais e sua instalão também merecem atenção especial,
pois freqüentemente ocorreram problemas com peças e acessórios.
A mão-de-obra o especializada também foi outro ponto de entrave,
mas que deixou a certeza da importância de realizar um trabalho de
conscientização dos produtores e trabalhadores rurais quando da inclusão de
novas tecnologias e formas de manejo nas propriedades.
Além disso, se o período experimental fosse maior ou fosse replicado
no tempo a expressão dos resultados poderia ser mais consistente. Outras
categorias de animais também poderiam ser testadas, especialmente quanto à
experiência prévia na utilização de recursos, pois há carência de estudos sobre
80
esse tema. Contudo, apesar das adversidades encontradas os resultados obtidos
satisfizeram os anseios e responderam as hipóteses propostas.
Com a realização dos experimentos foi possível perceber a importância
do fornecimento de água para os animais e, levando-se em consideração a
citação de Pinheiro Machado (2004) de que “a água deve ir ao animal e não o
animal ir à água”, entender a importância do uso de sistemas de bebedouros nos
sistemas de crião animal.
Dentre as vantagens da utilização de bebedouros estão a possibilidade
de se explorar melhor as áreas de pastagem, fazendo com que os animais utilizem
tios de pastejo que seriam subaproveitados; minimizar problemas como erosão
de áreas próximas às fontes naturais de água e contaminação dessas fontes por
bactérias e outros agentes danosos; melhorar a eficiência produtiva do rebanho
por permitir acesso permanente à água; até a possibilidade de maior rentabilidade
financeira ao produtor através do incremento no ganho de peso dos animais e,
conseqüentemente, maior valor recebido por animal.
Quando se toma a decisão de utilizar tal sistema na crião animal
deve-se levar em consideração pontos importantes como: custo os materiais e
instalações utilizados devem ter custo-benefício justificável; energia empregada
a energia necessária para levar a água até os bebedouros deve, quando posvel,
ser de fontes alternativas, como por gravidade; capacidade do bebedouro deve
ser adequada ao tamanho do rebanho, atendendo aos picos de demanda;
localizão deve ser de fácil acesso, para que os animais não tenham que se
deslocar a grandes disncias para obter água (BCMAF, 2004).
81
Entretanto, ainda uma certa barreira quando se fala em introduzir
inovações no meio rural, se é que os sistemas de bebedouros podem assim ser
considerados, especialmente em lugares onde a questão cultural é muito forte,
como no caso da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde eslocalizado o
município de São Gabriel. Segundo Ribeiro (2005), a resistência inercial à
mudança de posturas consagradas pela tradição explica a reação a qualquer
inovação no campo do conhecimento humano.
Um trabalho de conscientização com os produtores e trabalhadores
rurais é fundamental no momento em que se deseja utilizar novas tecnologias nas
unidades de produção. De acordo com Hemsworth e Coleman (1998), o bom
trabalhador é aquele que é motivado a aplicar habilidades e conhecimentos no
manejo dos animais que estão sob seus cuidados; além do que conhecimentos
adquiridos em treinamentos, formais ou informais, são importantes para um bom
desenvolvimento do trabalho. Durkheim define educação como socialização, ou
seja, garantia de continuidade histórica através da transmissão cultural e de
experiências entre gerações (GHIRALDELLI, 1996).
Nesse ponto, o que se viu na prática durante a realizão dessa
pesquisa, foi realmente uma resistência inicial, por questões culturais
provavelmente, que diminuiu com o passar do tempo, especialmente entre os
peões, como são chamados os trabalhadores rurais na região. Eles se mostravam
sempre dispostos a ajudar, porém sempre incrédulos do que estavam fazendo e
dos possíveis resultados. Além disso, eles não tinham a menor dúvida de que a
preferência dos bovinos seria pelo ude e faziam questão de salientar seu ponto
82
de vista. Entre os produtores/proprietários a resistência foi menor, havendo maior
flexibilidade quanto à idéia de inovações na propriedade, especialmente quando
eles percebiam a viabilidade técnica e principalmente econômica do sistema
proposto.
Desse modo, apesar das vantagens que apresenta, o sucesso do uso de
bebedouros artificiais na criação animal, bem como de novas práticas de manejo e
melhorias na infra-estrutura das propriedades, depende de um conjunto de fatores
que devem ser conciliados pelo produtor e seus trabalhadores, com intuito de não
apenas incrementar a produtividade, mas também de harmonizar a propriedade
com o ecossistema onde está inserida.
83
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92
7 ANEXOS
93
Anexo 1 Mapa do Estado do Rio Grande do Sul onde se pode visualizar a
localização do município de São Gabriel.
Fonte: Ministério dos Transportes, site www.transportes.gov.br , 2005.
94
Anexo 2 – Bebedouro
95
Anexo 3 – ude
96
Anexo 4 - Açude e bebedouro (Experimento 2)
Livros Grátis
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