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apresenta seu posicionamento a este respeito:
...”Logo vê-se que o clientelismo se manifesta em todos os modos de poder, concorrendo
para a sua conservação e distribuição nos espaços não regidos pela lei. Por ter , inclusive,
uma forma de costume. No passado essencialmente, e em nossa época, o clientelismo
aparece como fator endógeno às sociedades estruturadas. Não podem elas – organização e
hierarquia – prescindir dele”... (10)
...”No sistema político partidário é de boa norma condenar farisaicamente todo o
clientelismo, como se a reação fosse bastante para eliminá-lo. Esta crítica ignora estar o
fenômeno relacionado a qualquer forma de organização ou de ordem. Por isso, o grau de
imoralidade da prática clientelista será sempre graduado pela avaliação ética de sua
finalidade”... (11)
O padrão clientelista atual nasce na Antiguidade com ‘Roma’ e se aperfeiçoa durante
o Feudalismo, quando os servos passam a relacionar-se com o senhor feudal, dentro de
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a trabalhar em empresas privadas Estudou economia política no Instituto Paolo Sarpi, em Veneza, e no
Instituto Bocconi, em Milão, Itália. Retornou ao Brasil em 1930 e passou a trabalhar em empresas
privadas. Em 1932, participou como aviador do Movimento Constitucionalista deflagrado pelas forças
políticas paulistas contra o governo de Getúlio Vargas. Por conta disso, esteve foragido por um breve
período na Argentina e no Paraguai, após a derrota do movimento. De volta ao Brasil, passou a se dedicar
às atividades empresariais. Fez fortuna durante a Segunda Guerra Mundial quando, de posse de
informações governamentais sigilosas, realizou grandes negócios no comércio de algodão. Em 1945,
através de financiamento federal, adquiriu três emissoras de rádio, transformando-as em instrumento de
propaganda do governo Vargas Ainda em 1945, integrou-se ativamente ao movimento queremista, que
defendia a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte com Vargas no poder. O nome do
movimento surgiu do slogan "Queremos Getúlio", utilizado nas manifestações de rua pró-Vargas. Após a
deposição de Getúlio, deu apoio à candidatura presidencial do general Eurico Gaspar Dutra, insistindo
junto a Vargas para que fizesse o mesmo. Quando o ex-presidente, já na reta final da campanha eleitoral,
finalmente recomendou o voto em Dutra, Borghi criou o slogan "Ele disse", para divulgar o referido
apoio entre as massas populares. Foi Borghi também que atribuiu ao candidato adversário, o brigadeiro
Eduardo Gomes, a declaração segundo a qual não necessitava do "voto dos marmiteiros", caracterizando-
o como um candidato elitista e antipopular. No mesmo pleito que deu a vitória a Dutra, elegeu-se
deputado federal constituinte por São Paulo, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
agremiação criada a partir das bases sindicais atreladas ao Ministério do Trabalho, durante o Estado
Novo. Durante os trabalhos constituintes, foi obrigado a responder a um inquérito no qual era acusado de
se beneficiar ilicitamente com o comércio de algodão durante o Estado Novo. Apesar das investigações
apontarem a sua culpabilidade, teve seu processo arquivado no Ministério da Justiça. Nos anos
seguintes, adquiriu e arrendou diversas outras emissoras, chegando a controlar cerca de 130
estações de rádio.
10 BAHIA, Luiz Henrique N. O poder do clientelismo. Raízes e fundamentos da troca política.
Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 105.
11 Ibid., p. 106.