_a)_--1.º Escrevem-se com ch as sílabas que são proferidas com palatal dura, segundo os dialectos, explosiva
ou contínua: _chave, chapeu, chuva_; etc. A etimolojia e as línguas conjéneres determinam que sigamos o
exemplo dos nossos clássicos e de vários monumentos escritos usando-se da grafia ch.
2.º Escrevem-se com x (melhor seria _[.x]*_) as sílabas cuja inicial palatal é dura contínua: _xacoco, xadrez,
xarafim; enxárcia, enxada, enxêrga, enxérga, enxertia, enxaimel, enxame, enxúndia; rixa, roixo;_ etc. Cf.
_d)_.
3.º Escrevem-se com s as sílabas cuja final é sibilante dura palatal e, esporádicamente, sibilante dura dental:
_mas; basta; foste; démos, dêmos; bosques; português, portugueses_; etc. A etimolojia, o dialecto
transmontano e as línguas conjéneres determinam a grafia s.
4.º Escrevem-se com s inicial, ou com ss entre vogais, as sílabas em que a sibilante dura é ou dental, ou
supra-alveolar, conforme os dialectos: _saber, classe, diverso, sessão, conselho, sossêgo, sosségo_, etc.
Determinação histórica e comparação.
5.º Escrevem-se com _ç_, ou com _c_(_e, i_), inicial as sílabas em que a sibilante é dental dura, e só é
supra-alveolar nas partes do país onde não ha outra sibilante dura inicial: _peço, ciéncia, concelho, poço,
doçura, preço, çapato, çarça, cárcere_, etc. Determinação histórica e comparação.
6.º Escrevem-se com s entre duas vogais (uma final da sílaba a que pertence a sibilante, outra final da sílaba
precedente) as sílabas em que a sibilante é branda dental ou, segundo o dialecto, supra-alveolar: _posição,
coser_ (consuere), _precioso, preso_ (prehensum, cf. _prezo_), _preciso, pêso, péso_, etc. Determinação
histórica e comparação.
7.º Escrevem-se com z inicial as sílabas em que a sibilante é dental branda em todo o país, à excepção
daqueles pontos em que se não profere sibilante inicial senão supra-alveolar: _azêdo, azédo, azebre, razão,
cozer, prezo_ (cf. _preso_), etc. Determinação histórica e comparação.
8.º Escrevem-se com z final os vocábulos que nos seus derivados são escritos com c (_e, i_) correspondente à
sibilante final deles. Assim o determina a etimolojia, evidente na derivação, e a pronúncia dialectal.
Exemplos: _infeliz, infelicidade; símplez, símplices, simplicidade; ourívez, ourivezaria_; etc.
_Corolário_.--Escrevem-se com z infixo os diminutivos e aumentativos _zito, -zinho, -zão_, etc., e os sufixos
(derivados do latino _-itia_) _-eza, -ez_; bem como os sufixos de verbos, _-izar_, e de nomes, _-ização_.
_Escólio_.--Os plurais dos nomes diminutivos formam-se do tema do plural do nome fundamental e do plural
do sufixo. Dão testemunho os dialectos. Assim, pois, escrevemos: _homemzinho, homemzinhos_, não
_homensinhos; acçãozinha, acçõezinhas_, não _acçõesinhas; pãozinho, pãezinhos_, não _pãesinhos;
mãozinha, mãozinhas; aneizinhos_; etc.
_b)_--1.º Adoptámos, pelo que fica dito em _a)_ 3.º, a representação gráfica s para a sibilante palatal dura
final de sílaba, que muitas pessoas julgam ser absolutamente igual a x (_[.x]*_).
2.º Por falta mais grave na observação se tem confundido as articulações _g_(_a_), _g_(_ue, ui_), _j_(_a_),
_j_(_e, i_), e ainda _c_(_a_), _q_(_ue, ui_). Os pontos articulatórios são diferentes. No congresso trataremos
estes assuntos. Carecemos de caracteres próprios para distinguir na escrita as articulações _j_(_a_), _g_(_e,
i_), _j_(_o, u_), nas palavras _Jacob, Jeremias, José, Jesus, Jutlandia, Jerusalem, geme, gemer, gentes,
gymnasio, Gil_; etc.; e é certo que não podemos, tão pouco, distinguir _Guilherme, guerra, garra, gume_,
causando estranheza invencível a grafia _Geremias, Gesus_, e ficando aínda infiel _gemer, geral_, e sempre
em contradição com uma pronúncia _Gèrusalém_ ou _Jerusalém_; tendo nós, pois, de escrever _Jeremias,
Jesus_, adoptámos o símbolo j para os fonemas articulados das sílabas _ja, jo, ju, ge, gi_, e por êste sistema
Bases da ortografia portuguesa 7