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Outra forma de comunicação entre o feto e sua mãe, é através da corrente sanguínea.
Alterações emocionais, como ansiedade, medo e raiva, assim como alegria, felicidade e
sensação de bem-estar, acarretam mudanças bioquímicas, ou seja, fazem o cérebro da gestante
liberar determinadas substâncias na corrente sanguínea, que, através da placenta, são
compartilhadas pelo feto. No caso das emoções negativas, essa modificação na composição
do sangue materno pode deixar o feto em estado de alerta, aumentando sua atividade motora e
os batimentos cardíacos. Dependendo da duração desses estados emocionais, essa situação
pode se tornar crítica, havendo maior possibilidade de o neonato apresentar baixo peso ao
nascer e parto prematuro, e manifestar diversos distúrbios, como irritabilidade, dificuldades
de sono, choro excessivo e problemas com a alimentação.
Diante disto, se o nível de angústia e ansiedade da gestante tiver intensidade muito elevada ou
mesmo se sofrer traumas emocionais ou stress, crônico ou agudo, há de desencadear grande
sofrimento fetal, marcando-o profundamente, podendo mesmo acarretar problemas orgânicos e
psíquicos, com decréscimo de seu desenvolvimento físico. (RICO, s/d)
É possível perceber que, através destas duas vias de contato e troca de informações
entre a gestante e o feto, não só este é capaz de perceber as alterações emocionais da mãe e
decodificá-las, como também, de modo indireto, a forma como esta se relaciona com sua
família e pessoas de convívio direto, trabalho, e também com o ambiente em geral. Dentro
deste contexto, é preciso que se estude, também, o ambiente sonoro em que vive a gestante,
pois, os sons, por suas características de propagação, que permitem que sejam ouvidos mesmo
a longas distâncias, e pela anatomia humana, que faz que o contato com o ambiente sonoro
seja contínuo e direto, pois não existe proteção mecânica natural para os ouvidos, podem se
constituir tanto em fonte de prazer, quanto em fonte de irritação e estresse. O mesmo som,
para duas pessoas distintas, pode ter conotações opostas, sendo que, para uma, pode ser fonte
de prazer, e para a outra, causar irritação, ou, mesmo, ter conotação neutra. É possível chegar
a uma lista de sons que agradem a maior parte das pessoas, e a outra lista que desagrade a
maior parte das pessoas, mas dificilmente se chegará a um consenso, pois muitos fatores
podem influenciar estas escolhas, como experiências pessoais que remetam a sensações
particulares. Uma pessoa que tenha passado por situação traumática no mar, por exemplo,
pode ter sensações desagradáveis ao ouvir seu som, enquanto outra, com experiência diversa,
pode achá-lo muito agradável e tranqüilizador, remetendo-a a sensações de acolhimento e
calma. A percepção e modificação, tanto voluntária quanto involuntária, da paisagem sonora,
será tratada com mais detalhes e propriedade no capítulo 3. Por hora, deve-se ter em mente