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considera que no cotidiano as pessoas não se formatam concepções, mas, sim,
vivenciam-se experiências.
Na realidade, não existe uma explicação semântica para o termo
integralidade, que foi criada no contexto do SUS e pode ser compreendida como a
“qualidade de integral” (TEIXEIRA, 2003, p. 89). Integral, por sua vez significa: “Adj.
Total, inteiro, global” e, ainda, diz-se de “cereal que não sofreu beneficiamento;
alimento preparado com cereal integral” (FERREIRA, 1999). Por isso mesmo é que
um dos sujeitos entende que a “SAÚDE INTEGRAL”, a integralidade, é igual a
farinha integral, pois essa é mais enriquecida com ingredientes, o que torna a massa
com mais vigor, ou seja, vários profissionais ou diferentes serviços, sem confusão,
um respeitando o outro, formam um atendimento completo, integral, para o usuário.
Compara-se, assim, a integralidade com a farinha integral, como se fosse uma
farinha acrescida de mais nutrientes.
Integral deve ser tudo. Bom, uma coisa integral é uma coisa que
abrange tudo. Você tem direito... igual a farinha integral, ela é
enriquecida com mais coisa. [...] Nós não tínhamos, nós tínhamos a
farinha pura. Aí hoje em dia já tem a farinha integral. Então ali eles
põe vitamina, põe cálcio, põe isso, põe aquilo. Quer dizer, você faz...
o bolo, o pão e fica mais... tem mais substância, tem mais vitamina,
mais vigor. Vários ingredientes a mais do que a farinha pura. Eu
relaciono por isso, porque chega a pessoa, ela tá com um problema,
não pode ser resolvido aqui, aí a gente manda prum hospital, vai
prum médico especialista, aí ele faz o que for preciso fazer... quer
dizer, a pessoa recebe um atendimento completo. De vários
profissionais. É por exemplo, chega uma pessoa, uma gestante
sentindo dor aí eu pego e passo... quer dizer eu sou um ingrediente.
Bom, eu seria a farinha,... aí eu falo com E 1, é outro ingrediente, um
a mais. Aí ela liga lá pro Sofia Feldman e já manda a pessoa pra lá, e
lá vai ser a totalidade. Vai completar o pão (risos). É... vários
profissionais pra formar um atendimento só. Quer dizer que nós
somos assim, as farinhas e os ingredientes pra formar o atendimento
perfeito. Ferro, cálcio, as vitaminas. Cada pessoa sendo um
ingrediente. E elas todas, as pessoas unidas em torno daquele
paciente, dar o atendimento que ele precisa. Ele que vai receber o
alimento,... com vários ingredientes... com várias pessoas me
ajudando. Todo mundo me ajudou. Saiu um trabalho em equipe. E
sem confusão... a gente respeitando o serviço do outro. [...] Eu acho
que nós aqui a gente somos ingrediente pra formar o pão. O pão
seria aquele atendimento que o paciente precisa. O atendimento
dentro das possibilidades de ter feito o máximo, do que a gente pode
oferecer. Que eu não posso garantir que uma pessoa vá lá pra
policlínica e vai ser atendido, que até aqui nós amassamos, fizemos
aquela massa como devia, agora pra sair daqui e entregou lá a gente