Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA
TOXICOLÓGICA
β-NADH DIMINUI A SENSIBILIDADE DA SUCINATO
DESIDROGENASE A INIBIÇÃO POR ÁCIDO
METILMALÔNICO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Aledson Rosa Torres
Santa Maria, RS, Brasil
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
β-NADH DIMINUI A SENSIBILIDADE DA SUCINATO
DESIDROGENASE A INIBIÇÃO POR ÁCIDO
METILMALÔNICO
por
Aledson Rosa Torres
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Bioquímica Toxicológica da Universidade Federal de Santa Maria,
como requisito parcial para a obtenção de grau de
Mestre em Bioquímica Toxicológica
Orientador: Carlos Fernando de Mello
Santa Maria, RS, Brasil
2007
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA
TOXICOLÓGICA
A comissão examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
β-NADH DIMINUI A SENSIBILIDADE DA SUCINATO
DESIDROGENASE A INIBIÇÃO POR ÁCIDO METILMALÔNICO
elaborada por
Aledson Rosa Torres
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Bioquímica Toxicológica
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Carlos Fernando de Mello
(Orientador)
____________________________________
Maria Ester Pereira
(Examinadora)
____________________________________
Adriana Coitinho
(Examinadora)
Santa Maria, 04 de Maio de 2007
DEDICATÓRIA
Dedico a Deus por tudo que me destes, grato pela vida e família que me
concedeste. Pela Sua infinita sabedoria, e pelas oportunidades que me
proporcionou.
A minha esposa Cris e ao Mateus, meu filho amado, que pacientemente
suportaram minha ausência. Pela sua compreensão, pelo exemplo de luta e
dignidade, pelo amor, companheirismo, atenção, dedicação e paciência em todos
estes anos. Obrigado por estar sempre ao meu lado e suportar as viagens semanais
do trecho Tapejara – Santa Maria.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Carlos Mello, por ter me concedido a oportunidade de trabalhar sob sua
orientação, oferecendo uma oportunidade única, e também por sua ajuda, dedicação
e principalmente pela sua amizade e experiência.
Ao Nando, parceiro de longa data, e a Michele, pela disponibilidade que
demonstraram em me auxiliar sempre que precisei.
À Ana Flávia, Mauro, e a Natasha, pela amizade, pelos momentos de descontração,
mas principalmente um especial agradecimento pelo fato de manterem as condições
de funcionalidade deste laboratório na ausência do Carlos.
Ao grupo da pirexia: Ju, Ana, Vivi e André, que “moram” neste laboratório, e nos
finais de semanas e horários mais improváveis que escolhia para desenvolver meu
trabalho, sempre me faziam companhia.
Ao André, IC emprestado, que auxiliou no desenvolvimento da parte prática deste
trabalho, por compartilhar as alegrias e as tristezas, sem nunca desistir, obrigado
pelo seu empenho.
À Flávia e a Lia, as primeiras criaturas que encontrei quando vim prestar a prova de
seleção, pelo carinho, amizade e companheirismo.
Agradeço a Universidade Federal de Santa Maria pela oportunidade e a CAPES,
pelo apoio financeiro.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
β-NADH
DIMINUI A SENSIBILIDADE DA SUCINATO
DESIDROGENASE A INIBIÇÃO POR ÁCIDO METILMALÔNICO
Autor: Aledson Rosa Torres
Orientador: Carlos Fernando de Mello
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 04 de maio 2007.
A acidemia metilmalônica, uma das mais frequentes acidemias orgânicas, é causada pela
deficiência da enzima metilmalonil-CoA mutase, ocasionando acumulação tecidual de ácido
L-metilmalônico (MMA). Os indivíduos afetados apresentam letargia, coma, vômito,
hipotonia muscular, episódios recorrentes de acidose metabólica e encefalopatia
progressiva. Em decorrência do acúmulo de MMA ocorre inibição da sucinato desidrogenase
(SDH), E.C.
5.5.99.2,
diminuição da produção de ATP, aumento dos níveis de lactato e
dano excitotóxico. No presente estudo confirmamos que o MMA inibe a SDH
competitivamente e investigamos se a presença de uma agente redutor no meio enzimático
alteraria a atividade da SDH, ou sua inibição por MMA. A atividade da SDH em córtex
cerebral de ratos foi determinada usando o 2-(p-iodofenil)-3-(p-nitrofenil)-5-feniltetrazólio
(INT), como aceptor de elétrons. A pré-incubação com β-NADH (160 µM) preveniu a inibição
da SDH causada por 5 mM de MMA [F(1,5)=9,31; p=0,028]. Posteriormente, foi determinado
os parâmetros cinéticos (K
m
e V
max
) da SDH pré-incubada na presença e ausência de β-
NADH. O K
m
da SDH pré-incubada com β-NADH (K
m
=0,216 nmol INT) é menor que o K
m
da SDH pré-incubada na ausência de β-NADH (K
m
=0,272nmol INT), [T(2)=10,375; p=0,009].
Por outro lado a pré-incubação da enzima com β-NADH não alterou a V
max
(4,72 ± 0,28.10
-8
mol INT/mg proteína/min) [T(2)=-1,0; p=0,423]. A constante de inibição (K
i
) do MMA para a
SDH pré-incubada com β-NADH (K
i
=20,05 mM) foi maior que o Ki do MMA para a SDH pré-
incubada sem β-NADH (Ki=11,60 mM) [T(2)=18,806; p=0,003]. Os dados mostram que a
presença de β-NADH diminui a sensibilidade da sucinato desidrogenase a inibição por ácido
metilmalônico.
ABSTRACT
Msc. Program in Toxicological Biochemistry
Federal University of Santa Maria, RS, Brazil
β-NADH REDUCES SUCCINATE DEHYDROGENASE SENSITIVITY TO THE
COMPETITIVE INHIBITOR METHYLMALONIC ACID IN CEREBRAL CORTEX OF RATS
Author: Aledson Rosa Torres
Advisor: Prof. Dr. Carlos Fernando de Mello
Place and date: Santa Maria, May 04th, 2007.
Methylmalonic acidemia, one of the most frequent organic acidemias, is caused by
deficiency of the methylmalonyl CoA mutase, leading to tissue accumulation of L-
methylmalolonic acid (MMA). Affects individuals present lethargy, coma, vomiting, muscular
hypotonia, recurrent episodes of metabolic acidosis and progressive encephalopathy. In this
context, it has been proposed that MMA inhibits succinate dehydrogenase (SDH) and leads
to ATP depletion, lactate accumulation and excitotoxic damage. In the present study we
confirmed that MMA competitively inhibits of SDH, and later were investigated the enzymatic
medium reduction alters the activity of SDH or its inhibition by MMA. SDH activity was
determined in cerebral cortex homogenates, using 2-(p-iodophenyl)-3-(p-nitrophenyl)-5-
phenyltetrazolium chloride (INT), as the electorn acceptor. The reduction enzymatic medium
was promoted by preincubation with β-NADH (160 µM). The preincubation of β-NADH
prevented the inhibition of the activity of SDH induzed by 5mM of the MMA [F(1,5)=9.31;
p=0.028]. In addition, was determined of the kinetic parameters (K
m
and V
max
) and inhition
constant (K
i
) of SDH preincubated in the presence and absence of β-NADH. The K
m
of SDH
preincubated with β-NADH (K
m
=0.216 nmol INT) was different of the K
m
of SDH preincubated
in the absence of the β-NADH (K
m
=0.272nmol INT) [T(2)=10.375; p=0.009]. The presence of
β-NADH in the incubation medium did not alter V
max
= 4.72 ± 0.28.10
-8
mol INT/mg
protein/min) [T(2)=-1.0; p=0.423]. The K
i
of the MMA by SDH activity in presence of the β-
NADH (K
i
=20.05 mM) is increased that of K
i
of the MMA by SDH activity in absence of the
β-NADH (K
i
=11.60 mM), [T(2)=18.806; p=0.003]. In conclusion, we showed that, in the
presence of β-NADH, SDH is less sensitive to the inhibition by MMA.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Participação dos ácidos orgânicos no metabolismo intermediário.....18
Figura 2 – Metabolismo do metilmalonil-COA... .................................................19
Figura 3 – Alterações induzidas pela presença de MMA - Falência energética .22
Figura 4 – Estrutura da SDH de E. coli .. ...........................................................27
Figura 5 – Interconversão de succinato à fumarato.. .........................................28
Figura 6 – Efeito do MMA sobre a atividade da SDH..........................................44
Figura 7 – Determinação da concentração de β-NADH sem efeito per se......... 45
Figura 8 – Efeito da pré-incubação do meio enzimático com β-NADH sobre a
atividade da SDH e sua inibição por MMA........................................46
Figura 9 – Determinação do K
m
e V
máx
para SDH pré-incubada na presença e
ausência de β-NADH.........................................................................48
Figura 10 – Determinação do Ki do MMA para SDH pré-incubada na presença e
ausência de β-NADH – Método gráfico: K
m
ap vs [MMA]................ ...50
Figura 11 – (A) Determinação do Ki do MMA para SDH pré-incubada com
β-NADH – Método gráfico de Dixon...................................................51
(B) Determinação do Ki do MMA para SDH pré-incubada sem
β-NADH – Método gráfico de Dixon...................................................51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Dados clínicos que, na ausência de uma causa definida, sugerem
EIM......................................................................................................................17
Tabela 2 – Potencial de redução dos centros redox da SQR da E. coli.....................28
Tabela 3 – Valores de Ki obtido através de diferentes gráficos.................................49
LISTA DE ABREVIATURAS
3-NPA – Ácido 3-nitropropiônico
ANOVA – Análise de variância
ATP – Adenosina trifosfato
CR – Cadeia respiratória
DCIP – Diclorofenol-indofenol
FAD – Flavina adenina dinucleotídio
GSH – Glutationa reduzida
GSH-Px – Glutationa peroxidase
INT – Cloreto de 2-[4-iodofenil]-3-[4-nitrofenil]-5-feniltetrazólio
mg – miligrama
mM – milimolar
MMA – Ácido metilmalônico
NaCl – Cloreto de sódio
NAD+ – Nicotinamina adenina dinucleotídio oxidada
NADH – Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzida
NMDA – N-metil-D-aspartato
O
2
– Oxigênio molecular
OAA – Oxalacetato
PO
4
– Tampão fosfato
RLs – Radicais livres
ROS – Espécies reativas de oxigênio
SDH – Sucinato desidrogenase
SNC – Sistema nervoso central
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... 15
2.1 Erros inatos do metabolismo.................................................................16
2.2 Acidemia Metilmalônica......................................................................... 19
2.2.1 Tratamento da Acidemia Metimalônica............................................. 25
2.3 Sucinato desidrogenase....................................................................... 26
2.3.1 Estrutura da sucinato desidrogenase................................................ 26
2.3.2 Atividade da sucinato desidrogenase................................................ 30
3 OBJETIVOS................................................................................................... 33
3.1 Objetivo Geral......................................................................................... 34
3.2 Objetivos Específicos............................................................................. 34
4 MATERIAIS E METÓDOS.............................................................................. 35
4.1 Reagentes................................................................................................ 36
4.2 Equipamentos......................................................................................... 37
4.3 Preparo das soluções............................................................................. 38
4.3.1 Solução de Homogeneização............................................................ 38
4.3.2 Solução salina-sacarose.................................................................... 38
4.3.3 Tampão fosfato de potássio.............................................................. 38
4.3.4 Solução azida sódica......................................................................... 38
4.3.5 Solução cianeto de potássio.............................................................. 39
4.3.6 Solução de INT.................................................................................. 39
4.3.7 Solução de ácido metilmalônico........................................................ 39
4.3.8 Solução de sucinato sódico............................................................... 39
4.3.9 Solução de β-NADH.......................................................................... 39
4.3.10 Reagente de Coomassie................................................................. 40
4.4 Animais.................................................................................................... 40
4.5 Preparação da fração enriquecida em mitocôndrias.......................... 40
4.6 Determinação da atividade da SDH....................................................... 41
4.7 Influência do meio reacional sobre a SDH e sua inibição por MMA.. 42
4.8 Análise estatística................................................................................... 42
5 RESULTADOS............................................................................................... 43
5.1 Determinação do efeito do MMA sobre atividade da SDH................ 44
5.2 Determinação da concentração da β-NADH sem efeito per se.......... 45
5.3 Efeito de pré-incubação com β-NADH sobre inibição da SDH
por MMA................................................................................................. 46
5.4 Estudo dos parâmetros cinéticos......................................................... 47
5.4.1 Determinação do K
m
e V
max
da SDH pré-incubada na ausência
e presença de β-NADH...................................................................... 47
5.4.2 Determinção do Ki do MMA para a SDH pré-incubada na ausência
e presença de β-NADH........................................................................ 49
6 DISCUSSÃO................................................................................................... 52
7 CONCLUSÕES............................................................................................... 58
8 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 60
12
___________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO
Introdução
13
1. INTRODUÇÃO
Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios hereditários, resultado
de deficiências em atividades enzimáticas, o que ocasiona um bloqueio de diversas
rotas metabólicas. Esse bloqueio, além de induzir um acúmulo de substâncias
tóxicas e/ou a falta de substâncias essenciais, gera distúrbios no desenvolvimento
físico e mental (Oberholzer et al., 1967). Atualmente, o termo EIM se aplica a um
grupo de doenças geneticamente determinadas, decorrente de deficiência em
alguma via metabólica que está envolvida na síntese (anabolismo), degradação
(catabolismo), transporte ou armazenamento de uma substância (Benson e Fenson,
1985).
Apesar de serem eventos raros, os EIM representam importante problema de
saúde e seu diagnóstico, freqüentemente, se constitui em um desafio para o clínico,
uma vez que, a maioria dos sinais e sintomas que acompanham os EIM são comuns
a outras doenças mais freqüentes. Em algumas populações e grupos étnicos
isolados, certos erros do metabolismo, bastante raros na população geral, podem
ser extremamente freqüentes. Como exemplos, temos as doenças de Tay-Sachs e
Gaucher entre os judeus originários do Leste europeu, conhecidos como
Ashquenazim, e a tirosinemia tipo I nos canadenses de ascendência francesa
(Fenton et al., 2001).
Tem sido observado, entre os EIM, uma prevalência maior de acidemias
orgânicas do que aminoacipatias. De fato, em função dos progressos feitos no
campo do diagnóstico dos erros inatos do metabolismo, evidenciou-se que as
acidemias orgânicas são, realmente, os erros inatos mais freqüentes na população
brasileira ( Wajner et al., 2002).
Introdução
14
A acidemia metilmalônica, um erro inato do metabolismo autossômico
recessivo, é causado por inibição ou pouca atividade da enzima L-metilmalonil-CoA
mutase (EC.5.5.99.2), resultando em acúmulo de ácido metilmalônico e de outros
metabólitos secundários (Fenton et al., 2001).
Os sinais e sintomas da doença variam em gravidade, de acordo com a idade
que se instala o distúrbio metabólico. Quando o quadro se instala precocemente (até
21 dias) o paciente geralmente vai a óbito (Fernandes et al., 1990).
Os pacientes que sobrevivem (menos de 15 %) apresentam convulsões,
retardo mental e psicomotor, além de alterações comportamentais e
neuropsiquiátricas, tais como déficit de atenção, quadros de agressividade e
comportamento autista (Hoffmann et al., 1993).
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Revisão Bibliográfica
16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Erros inatos do metabolismo
O termo “erro inato do metabolismo” foi sugerido por Garrod, em 1908, para
caracterizar quatro situações clínicas que estudava (alcaptonúria, albinismo,
pentosúria e cistinúria). Garrod achava que essas doenças eram devidas a um
bloqueio metabólico. Reunindo suas observações com o fato de os casos ocorrerem
mais freqüentemente em irmãos, filhos de pais consangüíneos, estabeleceu uma
relação com as recém redescobertas leis de Mendel (Giugliani, 1988).
Conceitualmente, erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios
hereditários transmitidos, em sua maioria, de maneira autossômica recessiva e
resultam da deficiência de atividades enzimáticas, o que ocasiona um bloqueio de
diversas rotas metabólicas. Esse bloqueio, além de induzir um acúmulo de
substâncias tóxicas e/ou falta de substâncias essenciais, pode gerar distúrbios no
desenvolvimento físico e mental (Fenton e Rosemberg, 1995).
Os EIM compreendem mais de 500 distúrbios
(Scriver, 2001), a maioria deles
envolvendo processos de síntese, degradação, transporte e armazenamento de
moléculas no organismo (Benson e Fensom, 1985).
Embora individualmente raros, os EIM são relativamente freqüentes em seu
conjunto, estimando-se que possam ocorrer em até 1 em cada 1000 recém nascidos
vivos (Giugliani et al., 1988). Estudos realizados em grupos considerados de alto
risco indicam uma freqüência de EIM mais de 100 vezes maior nesses indivíduos,
em relação à população em geral (Wannmacher et al., 1982).
Em estudo realizado nas unidades pediátricas de tratamento intensivo em
Porto Alegre (Brasil), a freqüência dos EIM encontrada em pacientes selecionados
Revisão Bibliográfica
17
através de sintomas e sinais sugestivos foi de 1:15 (Wajner et al., 2002). Coelho et al
(1997) realizaram estudos no Serviço de Genética Médica do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre (Brasil) com 10.000 pacientes que apresentavam sinais e sintomas
sugestivos de EIM, no período entre 1982 a 1995, que revelaram 647 casos de EIM
(6,5%), valor similar ao registrado por Wannmacher et al. (1982).
A maioria dos sinais e sintomas que acompanham os EIM são comuns a
outras doenças mais freqüentes, fazendo com que o diagnóstico correto possa ser
retardado ou amesmo ignorado. Uma relação de sinais e sintomas apresentados
pelos pacientes com EIM nos primeiros meses de vida (Tabela 1) ilustra como estes
podem ser facilmente confundidos com situações mais comuns na prática clínica
(Giugliani, 1988).
Tabela 1. Dados clínicos que, na ausência de uma causa definida, sugerem EIM.
Coma, hipotonia, irritabilidade, convulsões, acidose, distúrbio hidro-eletrolítico,
hipoglicemia, sepsis, icterícia, vômitos ou diarréia em recém-nascidos.
Retardo no desenvolvimento neuromotor e/ou deficiência mental
Regressão neurológica, com perda de habilidades anteriormente adquiridas.
Hepato e/ou esplenomegalia, icterícia colestástica e diarréia crônica.
Deficiência de crescimento e/ou alterações ósteo-articulares
Episódios recorrentes de hipoglicemia, acidose metabólica, desequilíbrio
hidroeletrolítico.
Relato de irmão falecido precocemente sem diagnóstico definido
Consangüinidade entre os pais
Fonte: Giugliani, R., Erros inatos do metabolismo: uma visão panorâmica. Pediatria Moderna,
vol. 23(01) – 1988.
Revisão Bibliográfica
18
Em 1980, Chalmers e colaboradores observaram uma prevalência maior de
acidemias orgânicas do que aminoacidopatias. De fato, em função dos progressivos
avanços no diagnósticos dos EIM, evidenciou-se que as acidúrias
orgânicas são os EIM mais freqüentes na população (Goodmam e Frermam, 2001).
As acidemias ou acidúrias orgânicas são caracterizadas bioquimicamente
pelo acúmulo de um ou mais ácidos orgânicos nos tecidos dos pacientes afetados e
são causados pela grave deficiência ou ausência na atividade de uma enzima
(Chalmers et al., 1980). Os ácidos orgânicos compreendem metabólitos de,
virtualmente, todas as vias do metabolismo intermediário (Figura 1), assim como de
compostos exógenos (Hoffmann, 1996).
Figura 1. Participação dos ácidos orgânicos no metabolismo intermediário.
O diagnóstico das acidemias orgânicas é realizado através da identificação de
ácidos orgânicos na urina. Uma vez que a maioria das acidemias orgânicas
apresentam, nesse material, um padrão anormal e característico de excreção de
ácidos orgânicos. Entretanto, é importante a análise de ácidos orgânicos no plasma
para a investigação de algumas doenças, como os distúrbios da oxidação dos
ácidos graxos, ou no liquor, para as acidemias orgânicas cerebrais, como por
exemplo, a acidemia láctica cerebral e a deficiência da glutaril CoA desidrogenase
(Buchanan e Thoene, 1991).
Revisão Bibliográfica
19
2.2. Acidemia Metilmalônica
A acidemia metilmalônica é um erro inato do metabolismo autossômico
recessivo, causado por inibição ou pouca atividade da enzima L-metilmalonil-CoA
mutase (EC.5.5.99.2), uma enzima dependente de vitamina B
12
, responsável pela
conversão de L-metilmalonil-CoA a succinil-CoA (Figura 2), resultando em acúmulo
de ácido metilmalônico (MMA), e de outros metabólitos secundários como
propionato, metilcitrato, β-OH-propionato e cetonas de cadeia longas (Fenton et al.,
2001).
Figura 2. Metabolismo do metilmalonil-CoA. Adaptado de Devlin, 1998.
Revisão Bibliográfica
20
Os sinais e sintomas da doença variam em gravidade, de acordo com a idade
que se instala o distúrbio metabólico. Quando o quadro se instala precocemente (até
21 dias) o paciente geralmente vai a óbito (Fernandes et al., 1990).
O diagnóstico laboratorial da acidemia metilmalônica é realizado através do
teste da p-nitroanilina, um resultado positivo indica a possibilidade de acidemia
metilmalônica, sendo que o resultado final deve ser confirmado através da
cromatografia gasosa preferivelmente acoplada à espectrometria de massa
(Carakushanski, 1998).
O quadro laboratorial é caracterizado principalmente por acidose metabólica,
hipercetonemia, hiperamonemia, hipoglicemia, hiperglicinemia, neutropenia e
trombocitopenia (Fenton & Rosemberg, 1995). Os pacientes que sobrevivem (menos
de 15 %) apresentam convulsões, retardo mental e psicomotor, além de alterações
comportamentais e neuropsiquiátricas, tais como déficit de atenção, quadros de
agressividade e comportamento autista (Hoffmann et al., 1993). O tônus muscular
apresenta-se geralmente comprometido, e a hipotonia se acentua após crises de
descompensação metabólica (Fernandes et al., 1990).
Os pacientes podem apresentar alterações morfológicas no sistema nervoso
central como edema da substância branca nas primeiras semanas, podendo evoluir
para um aumento no volume ventricular, desmielização e degeneração dos núcleos
da base (Brismar & Ozand, 1994).
Em crianças e adultos normais a excreção diária de MMA é menor que 0,04
mmol, enquanto que crianças com acidemia metilmalônica podem excretar 2,1 a 49
mmol deste metabólito em um período de 24 horas. As concentrações plasmáticas
de MMA , que são quase indetectávies em indivíduos normais, podem estar entre
0,22 a 2,9 mmol em pacientes (Fenton et al., 2001). O nível de MMA no sangue e no
Revisão Bibliográfica
21
fluído cerebroespinhal pode atingir 2,5 a 5 mM durante as crises de
descompensação metabólica, e estes níveis podem aumentar ainda mais nas
células neuronais (Hoffmann et al., 1993).
Tem-se demonstrado que o acúmulo de MMA inibe competitivamente a SDH
e a β-OH-butirato desidrogenase cerebral in vitro (Dutra et al., 1993). Wajner et al.,
em 1992, observaram que este ácido reduz a produção de CO
2
e aumenta a
produção de lactato pelo cérebro. O aumento de lactato pode contribuir para o dano
cerebral, uma vez que, o acúmulo de ácido lático e o aumento na pCO
2
tecidual
podem provocar acidose grave, levando o pH para valores próximos a 6,0 (Siesjö et
al., 1981). A diminuição do pH intracelular é capaz de inibir a recaptação de
glutamato pela glia, mesmo havendo níveis normais de ATP e, com isso, contribuir
para o dano neuronal excitotóxico (Swanson et al., 1995).
Pacientes com acidemia metilmalônica ou propiônica, em acidose,
apresentam uma redução de a 70% da atividade da enzima citocromo oxidase
(Hayasaka et al., 1982). Em função destes dados tem sido postulado que o MMA
possa causar interferência no metabolismo aeróbico celular, levando provavelmente
a uma diminuição na produção de ATP.
A inibição da SDH e conseqüente redução de ATP levam a despolarização
parcial por falência de ATPases (Figura 3) que mantém o gradiente de íons através
das membranas celulares, principalmente da Na
+
, K
+
-ATPase (Nathanson et al.,
1995). A despolarização da membrana leva à saída do Mg
+2
, que bloqueia o canal
do receptor glutamatérgico subtipo N-metil-D-aspartato (NMDA) de maneira
voltagem dependente, e permite a entrada de íons, particularmente Na
+
e Ca
++
para
meio intracelular (Macdonald & Schoepp, 1993).
Revisão Bibliográfica
22
Figura 3 - Prováveis alterações induzidas pela presença de MMA: inibição da SDH neuronal e glial
ocasionando diminuição na produção de ATP e conseqüente falência das ATPases, causando
despolarização neuronal e alterações nos gradientes iônicos. A despolarização provoca liberação de
glutamato armazenado em vesículas sinápticas, e o desaparecimento do gradiente nico leva a
inibição e reversão dos transportadores responsáveis pela recaptação do glutamato a nível neuronal
e glial aumentando a concentração de glutamato no compartimento extracelular, que liga-se ao
receptor NMDA. A falência energética atinge também a pós-sinapse, causando despolarização e
saída do Mg
2+
que impedia o fluxo de Ca
2+
e Na
+
através do canal NMDA, além de inibição da Ca
2+
-
ATPases do retículo endoplasmático, levando a um aumento na concentração intracelular de Ca
2+
,
que ativa proteases, fosfolipases, endonucleases, proteínas quinases e formação de radicais livres,
provavelmente envolvidos na propagação do foco de despolarização, na gênese da convulsão e
talvez no dano celular
.
Revisão Bibliográfica
23
O aumento na concentração celular de Ca
++
leva à ativação de enzimas
dependentes deste íon envolvidas no fenômeno de neurotoxicidade, incluindo
calpaína (Brorson et al., 1995), fosfolipase C (Umemura et al., 1992), proteína
quinase C (Rothman, 1992; Pavlakovic et al., 1995), calcineurina (Armstrong, 1989;
Snyder & Sabatini, 1995) e a óxido nítrico sintetase, que produz NO
(Snyder e
Bredt, 1992). O NO
parece interagir com radicais superóxido e formar peroxinitrito,
que pode difundir-se para o meio intra ou extracelular e então promover a oxidação
de lipídios, proteínas e DNA (Beckman et al., 1990; Almeida et al., 1998).
Além destes mecanismos de lesão celular envolvendo a despolarização da
membrana pós-sináptica, a diminuição dos níveis de ATP leva ao aumento na
liberação de glutamato através de mecanismos dependente de cálcio e pela inibição
e/ou reversão de mecanismos de recaptação deste aminoácido excitatório na pré-
sinápse (Madl & Burgesser, 1993). Ativando assim, os receptores glutamatérgicos
subtipo NMDA e AMPA/Kainato.
Vários inibidores metabólicos são capazes de induzir lesão celular por
mecanismos glutamatérgico, particularmente via ativação do receptor subtipo NMDA.
Entre eles pode-se citar a rotenona, cianeto, oxiaminoacetato, 3-nitropropionato e
malonato; estes últimos inibidores da SDH, como o MMA (McDonald & Shoepp,
1993; Brouillet et al., 1994; Zeevalk et al.,1995; Behrens et al., 1995; Pavlakovic et
al., 1995).
Na acidemia metilmalônica pode-se destacar a ação do ácido metilmalônico
na inibição da atividade da creatina quinase total e mitocondrial em córtex cerebral
de ratos com 30 dias de idade e a prevenção deste efeito pela glutationa reduzida
(Schuck et al., 2004). A glutationa também preveni totalmente a ação inibitória do
MMA sobre a atividade da Na
+
, K
+
-ATPase em membrana plasmáticas sinápticas de
Revisão Bibliográfica
24
córtex cerebral de ratos tratados aguda e cronicamente, o que permite a conclusão
de que grupos tiol ou outra demanda oxidativa pode ser responsável pelos efeitos
desencadeados pelo MMA (Wyse et al., 2000).
A administração de MMA intraestriatal causa convulsões e rotações
contralaterais em ratos adultos, que são inibidas por MK-801 e atenuadas por
sucinato, sugerindo o envolvimento de receptores NMDA, e provavelmente da
inibição da SDH nas convulsões induzidas por MMA (Mello et al., 1996). Estas
convulsões são atenuadas pela administração de antioxidantes como a vitamina C e
a vitamina E (Fighera et al., 1999, 2003). Também foi demonstrado que o MMA
induz a formação de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico in vitro e reduz a
capacidade antioxidante total do sistema nervoso, confirmando que a presença de
MMA induz a formação de radicais livres (Fontella et al., 2000), além de alterar a
atividade da Na
+
, K
+
-ATPases em estriado e córtex cerebral de ratos (Mafaltti et al.,
2000).
O dano celular oxidativo, que ocorre pela formação de radicais livres, parece
estar relacionado à patogênese de diferentes doenças neurodegenerativas, incluindo
esclerose lateral amiotrófica (Plaitakis & Constantakakis, 1993), mal de Parkinson
(Jenner, 1994; McNaught et al., 1995), doença de Alzheimer (Jenner, 1994; Harris et
al., 1995), Coréia de Huntington (Jenner, 1994; Lipton & Rosemberg, 1994; Ludolph
et al., 1993; Burns, 1995), bem como em um considerável número de EIM, incluindo
as acidemias orgânicas glutárica, propiônica e metilmalônica (Fighera et al., 1999,
Wajner et al., 2004, Cechini et al., 2003).
Entre as evidências que mostram o envolvimento de espécies reativas em
doenças neurodegenerativas estão o aumento dos parâmetros do estresse oxidativo
no cérebro, incluindo níveis aumentados de ácido malondialdeído (MDA), 4-
Revisão Bibliográfica
25
hidroxinonenal (HME) e a oxidação protéica de grupos carbonil e 3-nitrotirosina,
assim como concentrações reduzidas de antioxidantes não enzimáticos GSH e
ascorbato, e das enzimas antioxidantes CAT e Glutationa peroxidase (GSH-PX)
(Jenner e Olanow, 1996; Perry et al., 1982).
2.2.1. Tratamento da acidemia metilmalônica
O tratamento dos pacientes portadores de acidemia metilmalônica inclui
medidas terapêuticas como: a) remoção de toxinas através de transfusões de
sangue ou hemodiálises; b) restrição protéica (dieta isenta de aminoácidos valina,
isoleucina, leucina, metionina e treonina); c) terapia com vitamina B
12
, nas acidemias
metilmalônicas por deficiência de cofator (Orgier de Baurny e Saudubray, 2002); d)
administração de L-carnitina, propiciando a excreção urinária de propionil-carnitina, e
redução da toxicidade do propionato (Burns et al. 1996); e) administração de
metronidazol para reduzir os níveis de propionato (Leonard et al., 2001); f)
administração de ascorbato para diminuir os efeitos da deficiência de glutationa
(Treacy et al., 1996).
Recentemente, estudos utilizando células neuronais em cultura,
demonstraram que o uso de drogas que ativam os canais de K
+
, como o diazóxido,
é capaz de proteger tecidos isquêmicos, prevenir lesões celulares e teciduais
provocadas por ácido metilmalônico (Kowaltowsk et al., 2006).
Revisão Bibliográfica
26
2.3. Sucinato Desidrogenase
2.3.1. Estrutura
A sucinato desidrogenase (SDH) está localizada na menbrana mitocondrial
interna, e sua estrutura é composta por quatro sub-unidades SDH A, B, C e D
(Figura 4), sendo as sub-unidades A e B, hidrofílicas enquanto que as sub-unidades
C e D são hidrofóbicas. A sub-unidade A, uma proteína de 70 kDa e 621
aminoácidos, é onde a flavoproteína (FAD) esta ancorada e onde se localiza o sítio
de ligação do substrato, o sucinato. Também é o local de ligação do oxalacetato, um
impportante inibidor e regulador da atividade da SDH (Yankovskaya et al., 2003;
Cechini et al., 2003). A sub-unidade B, tem 27 Kda e 280 amminoácidos, contém
três “clusters” de ferro-enxofre: [2Fe-2S], [4Fe-4S], e [3Fe-4S]. Já as sub-unidades C
e D são proteínas ancoradas na membrana com 15 e 13 Kda, respectivamente, e
contém uma porção protéica heme b que se liga a ubiquinona (Yankovskaya et al.,
2003; Cechini et al., 2003; Brièri et al, 2005).
Estudos têm mostrado que o potencial redox do FAD/FADH
2
está
significativamente aumentado quando o FAD/FADH
2
liga-se a flavoproteína,
sugerindo que o alto potencial redox do FAD/FADH
2
é um pré-requisito importante
para oxidação do sucinato (Efimov et al., 2001).
Revisão Bibliográfica
27
Figura 4. Estrutura da SDH de E. coli, sub-unidades SDH A, B, C e D, são mostradas em cor
púrpura, laranja, verde e azul, respectivamente. O FAD é mostrado em ouro e o OAA em verde.
Heme b em magenta e a ubiquinona em amarelo. Os átomos de Fe e S, pertencente aos clusters”
de Fe-S, em vermelho e amarelo, respectivamente. Ao lado, em parênteses as distâncias entre os
centros redox.
Fonte: Yankovskaya et al. Architecture of succinate dehydrogenase and reactive oxigen species
generation. Science, v. 299, p. 700-704, 2003.
Revisão Bibliográfica
28
Uma vez que ocorre a oxidação do sucinato e a transferência de elétrons para
a sub-unidade A, estes passam seqüencialmente pelos “clusters” de ferro-enxofre, e
têm-se sugerido, que para que ocorra a redução até a ubiquinona é necessário que
o “cluster” [3Fe-4S] encontre-se intacto. Os elétrons podem passar para a porção
protéica heme b, e então, serem entregues a ubiquinona, ou ainda, passarem
diretamente dos “clusters” de ferro-enxofre para a ubiquinona. Esta possui potencial
redox mais alto do que o heme b (Tabela 2), e tem a preferência pelos elétrons.
Portanto, o heme b não é essencial para redução da ubiquinona, sendo sua
importância fisiológica discutível (Cechini et al., 2003).
Tabela 2. Potencial de redução dos centros redox da
SQR da E. coli
Centro redox Potencial redox (mV)
FAD - 79
[2Fe-2S] + 10
[4Fe-4S] - 175
[3Fe-4S] + 65
Heme b + 36
Ubiquinona + 90
Fonte: Cecchini G. Function and Structure of Complex II of the
Respiratory Chain. Ann. Rev. Biochem, 72:77-109, 2003.
As mutações dos genes da SDH podem se manifestar numa variedade de
fenótipos clínicos, entre eles atrofia óptica, formação de tumores, miopatia e
encefalopatia (Rustin e tig, 2002). Mutações da SDH A tem sido associados à
síndrome de Leigh (Bourgeron et al., 1995). Mutação causada pela substituição da
porção ARG544 por um resíduo de triptofano, implica em uma baixa atividade da
SDH. Mutações nas sub-unidades SDH B, SDH C e SDH D causam um fenótipo
clínico diferente que as mutações da SDH A (Baysal et al., 2001). Mutações na
proteína ferro-enxofre e no citocromo b estão associados à síndrome do
Revisão Bibliográfica
29
paraganglioma familiar e ao feocromocitoma (Baysal et al., 2001; Rustin e tig,
2002). O feocromocitoma é causado pela mutação na sub-unidade SDH B, onde
ocorre a substituição da porção PRO197 por arginina (Astuti et al., 2001). Mutações
na sub-unidade SDH C, leva ao paraganglioma, uma condição hereditária
autossômica dominante. Tendo sido sugerido também que mutações na sub-
unidade SDH C causam hipersensibilidade para o oxigênio e desenvolvem
envelhecimento celular prematuro, tendo sido sugerido que essa desordem pode
ser a causa do estresse oxidativo produzido pela inibição do complexo II (Senoo-
Matsuda et al., 2001; Ishii et al., 1998).
Mutações da SDH D estão relacionadas com um grande número de doenças
do complexo II. Por exemplo, as mutações na porção His102Leu que contribuem
para o paraganglioma hereditário, baixando o potencial redox do heme b para 100
mV, deixando a enzima menos estável. Outros exemplos são as mutações nas
porções Arg70, Pro81, Asp92, Leu95, na segunda hélice transmembrana, que
rompem o heme, afetando o potencial redox do heme b e a estabilidade do
complexo enzimático (Maklashima et al., 2001).
Revisão Bibliográfica
30
2.3.2. Atividade da SDH
A SDH, EC. 1.3.99.1, é uma enzima participante do ciclo do ácido cítrico e
desempenha importante função nos mecanismos de transporte de elétrons e
produção de energia. Nas células aeróbicas a SDH catalisa a oxidação do sucinato a
fumarato (Figura 5) transferindo elétrons para ubiquinona (complexo II).
Figura 5. Interconversão de succinato à fumarato
A atividade e inibição da SDH m sido objeto de estudo de muitos autores
vários anos. Gutman e Silman (1975) demonstraram que a atividade da SDH
depende de um equilíbrio entre quatro formas estáveis da enzima: forma ligada ao
Oxalacetato (OAA), oxidada ou reduzida, ambas não ativas; e forma livre de OAA,
oxidada ou reduzida, estas ativas. A concentração da forma ativa da enzima
depende do balanço do potencial redox e da concentração da forma livre de OAA,
que atua como um regulador da atividade da SDH.
Várias outras moléculas interferem na atividade do complexo II da cadeia
respiratória. Entre as moléculas ativadoras da SDH podemos destacar: a) o
sucinato, substrato da SDH; b) componentes fisiológicos ligados a CoQH2, ATP e
ITP; c) certos ânions, como o Br
-
(Kearney et al., 1974). Entre os inibidores
competitivos citamos: D- e L-malato (Gutman et al., 1975; Kearney et al., 1974);
Revisão Bibliográfica
31
malonato (Fleck et al., 2004) e metilmalonato (Brusque et al., 2002), e o inibidor
irreversível 3-NPA.
Além das condições do ensaio, a técnica usada contribui ou não para
demonstrar a atividade da SDH, ou inibição, por determinados componentes. Uma
técnica muito usada é a da redução do diclorofenol-indofenol (DCIP), em que na
maioria das vezes contém no meio de incubação fenazina metasulfato (PMS), que
tem como papel facilitar a captação dos elétrons pelo DCIP, e conseqüentemente
sua redução. Outra técnica é a que utiliza sais de tetrazólio, 2-[4-iodofenil]-3-[4-
nitrofenil]-5-feniltetralio (INT), como aceptor final de elétrons, que uma vez
reduzido produz cor (Green e Narahara, 1980). Esta técnica, por ter a vantagem de
não usar intermediários como a PMS foi a técnica de escolha para este estudo.
Em recente estudo, usando tecidos de ratos jovens, Petenuzzo e
colaboradores (2006) demonstraram que a atividade da SDH e sua inibição por
MMA sofrem variações em função do tecido estudado, bem como da concentração
de substrato (sucinato) no meio. A SDH apresentou maior atividade no rim e no
coração quando comparado ao estriado, hipocampo e fígado. A a inibição da SDH
por MMA na concentração de 2,5 mM, ocorreu apenas no estriado e no
hipocampo, e somente em baixas concentrações de sucinato (0,5 1,0 mM). Tal
perfil de inibição é característico de um mecanismo inibitório competitivo. Estes
resultados estão de acordo com outros estudos que também mostraram que o
MMA inibe significativamente o complexo II em estruturas cerebrais (Marisco et al.,
2003; Fleck et al., 2004; Brusque et al., 2002; McLaughlin et al., 1998; Wajner et al.,
1992; Toyoshima et al., 1995; Dutra et al., 1993). Desta forma, sugere-se que o
efeito inibitório do MMA sobre o complexo II é seletivo para as estruturas cerebrais.
Revisão Bibliográfica
32
Em seus estudos, Kolker e colaboradores (2003), mostram que em
partículas submitocondriais de coração bovino e fibroblastos de camundongo, o
complexo II não é inibido pelo MMA, o que está parcialmente de acordo com dados
de Petenuzzo et al (2006), que também não encontrou inibição da SDH em coração
de os. Porém Kolker e colaboradores (2003) equivocaram-se ao concluir, baseados
em seus estudos, que o MMA não exerce efeito neurotóxico.
Recentemente, tem sido mostrada a influência do estresse oxidativo e a
presença conseqüente de ROS em diversas doenças neurológicas, inclusive na
acidemia metilmalônica (Wajer et al., 2004). De fato, evidências de que espécies
reativas alteram a atividade de diversas enzimas, principalmente as possuidoras de
grupos ferro-enxofre, como a SDH (Liochev, 1996).
Em 1967, Willianson preconizou que durante o processo de fracionamento e
isolamento das frações mitocondriais ocorria a alteração na razão NAD+/NADH,
alterando o estado redox do meio tecidual. A alteração da razão NAD+/NADH,
modifica a proporção de substratos oxidantes e redutores, e conseqüentemente a
atividade de diversas enzimas.
Tem sido relatado que crianças com acidemia metilmalônica, não raramente,
apresentam episódios de febre, infecção e muitas vezes um quadro septicêmico
antes de desenvolver uma crise metabólica. Estes episódios desencadeiam a
formação de substâncias reativas, sugerindo que o estresse oxidativo pré-dispõe a
crise metabólica. A crise metabólica, por sua vez, gera a formação de mais
substâncias reativas, tornando-se um episódio cíclico de agressão celular.
33
3 OBJETIVOS
Objetivos
34
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
- Investigar a influência da redução do meio reacional sobre a atividade da SDH.
3.2 Objetivos Específicos
- Comprovar a inibição de SDH por MMA, em córtex cerebral de ratos;
- Verificar se a atividade da SDH é influenciada por adição de agente redutor
(160 µM β-NADH) ao meio reacional;
- Verificar se a inibição da SDH por MMA é alterada pela presença de 160 µM
β-NADH;
- Verificar se os parâmetros cinéticos da atividade da SDH sofrem alterações
na presença de β-NADH no meio reacional, através da determinação do K
m
e
V
máx
;
- Verificar a influência da presença de β-NADH no meio reacional sobre a
inibição da SDH por MMA, através da determinação do K
i
;
35
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Materais e Métodos
36
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Reagentes
Para a realização do presente estudo foram utilizados os seguintes reagentes:
Ácido clorídrico – Vetec
Ácido etilenodiamino tetracético – sal de potássio – Reagen
Ácido fosfórico – Synth
Ácido sucínico – Sigma
Ácido sulfúrico – Synth
Albumina bovina – Sigma
Azida sódica – Merck
Azul de Coomassie - Sigma
β-NAD+ – Sigma
β-NADH – Sigma
Cianeto de potássio – Merck
Cloreto de magnésio – Reagen
Cloreto de sódio – Ecibra
Etanol – Synth
Fosfato de potássio dibássico – Synth
Fosfato de potássio monobásico – Synth
Glicose – Merck
Hidróxido de potássio – Merck
Hidróxido de sódio – Merck
Sacarose – Vetec
Trizma base – Sigma
Violeta de p-iodonitrotetrazolio – Sigma
Materais e Métodos
37
4.2. Equipamentos
Agitador de tubos – marca Phoenix AP56
Agitador magnético – marca IKR – Combimag – RCT
Balança analítica – marca Gilbertini
Banho-maria – marca
Centrífuga BE 5100 – marca Bio Eng
Centrífuga refrigerada – marca Eppendorf
Cronômetros – marca Casio
Espectrofotômetro – marca Hitachi U-2001
Fita indicadora de pH – marca Merck
Freezer a – 20°C – marca Cônsul
Geladeira a 4°C – marca Cônsul
Guilhotina
Material cirúrgico (tesoura, bisturi, espátula)
pHmetro – marca Quimis
Pipetas automáticas marca Labsystems de volume variável
Purificador de água
Materais e Métodos
38
4.3. Preparo das soluções
4.3.1 Tampão de Homogenização
O tampão de homogeneização, contendo Trizma-HCl (10 mM), Sacarose (320
mM) e EDTA-K+ (0,5 mM), foi preparado em água ultrafiltrada tipo 1. O pH 7,4 foi
alcançado com o uso de HCl.
4.3.2 Tampão Salina-Sacarose
O tampão de salina-sacarose: glicose (20 mM), sacarose (270 mM), cloreto de
magnésio (5 mM) e cloreto de sódio (0,9%), foi solubilizado em solução tampão
fosfato de potássio (270 mM), pH final 7,2. Para seu preparo foi utilizado água tipo I.
4.3.3 Tampão Fosfato de Potássio
O meio reacional foi estabilizado com tampão fosfato de potássio (50 mM),
pH 7,4. Sendo o sal solubilizado em água tipo I.
4.3.4 Solução Azida Sódica
A azida sódica (10 mM) foi solubilizada em água do tipo I.
Materais e Métodos
39
4.3.5 Solução de Cianeto de Potássio
O Cianeto de potássio (1 mM) foi solubilizado em água do tipo I.
4.3.6. Solução p-iodonitrotetrazólio
O p-iodonitrotetrazólio (0,8 mM) foi solubilizado em água ultrapurificada do
tipo 1.
4.3.7 Solução MMA
O MMA (2,5 - 10 mM) foi solubilizado em água tipo I, sendo o pH 7,4
alcançado com adição de solução de KOH.
4.3.8 Solução Sucinato
O succinato de sódio (1,0 mM) foi solubilizado em água tipo I.
4.3.9 Solução β-NADH
O β-NADH (160-800 mM) foi solubilizado em tampão fosfato de potássio
(0,1 M), pH 7,4.
Materais e Métodos
40
4.3.10. Reagente de Coomassie
O reagente de Coomassie contém: 25 mg azul de Coomassie, 12,5 ml de
etanol, 25 ml de ácido fosfórico (85%) e água q.s.p. 250 ml.
4.4. Animais
Foram utilizados ratos Wistar, machos, com aproximadamente 3 meses de
idade, pesando entre 270-300 g fornecidos pelo Biotério Central da UFSM,
mantidos em ciclo claro-escuro de 12 horas (ciclo claro entre 7 e 19h), em
temperatura de 22
o
C, com alimento e água “ad libitum”.
4.5. Preparação da fração enriquecida em mitocôndrias
Os animais foram mortos por decapitação e o cérebro rapidamente dissecado
em uma placa de Petri invertida sobre gelo. O córtex foi cuidadosamente retirado e o
restante do cérebro descartado. O córtex foi homogeneizado em 10 volumes (p/v) de
tampão de homogeneização. O homogeneizado foi centrifugado a temperatura de 4
°C, a 3.000 rpm (1.000 x g) por 10 minutos e o sobrenadante obtido centrifugado a
10.000 rpm (12.000 x g) por 20 minutos. O precipitado resultante foi resssuspendido
em solução salina-sacarose, na proporção de 60% do seu volume e congelado por
24 horas para promover a liberação do conteúdo enzimático. O conteúdo de proteína
foi determinado pelo método de Bradford (1976) e ajustado para 1 mg/mL com
Materais e Métodos
41
solução salina-sacarose. Esta preparação foi utilizada para a determinação da
atividade da SDH.
4.6 Determinação da atividade da sucinato desidrogenase
A atividade enzimática da sucinato desidrogenase foi determinada pelo
método de Green e Narahara (1980) modificado, utilizando o cloreto de 2-[4-
iodofenil]-3-[4nitrofenil]-5-feniltetrazólio (INT) como aceptor de elétrons em um meio
de incubação contendo tampão fosfato 50 mM (pH 7,4), azida dica (10 mM),
solução de INT 0,8 mM, sucinato de sódio 1,0 mM (pH 7,2) e ácido metilmalônico (0
- 10 mM) pH 7,4.
A reação foi iniciada com a adição de 25 µl da suspensão do enriquecido de
mitocôndrias. Após 15 minutos de incubação a 37°C, a reação foi parada pela
adição de 1,5 mL de álcool etílico. Os tubos foram agitados e colocados em banho
de gelo por 10 minutos. Após esse tempo, os tubos foram centrifugados por 10
minutos a 800 g a temperatura ambiente. A absorbância de 1 mL do sobrenadante
foi medida em espectrofotômetro a 458 nm, que corresponde à redução do INT.
Para a determinação da atividade da SDH, foi realizado a padronização da
técnica, sendo os parâmetros concentração de enzima (proteína), concentração de
substrato, tempo de ensaio e demais procedimentos utilizados, considerados ideais.
Materais e Métodos
42
4.7. Influência do estado redox sobre a atividade da SDH e a inibição por
MMA.
A influência do estado redox foi avaliada incubando o preparado mitocondrial
com diferentes concentrações de β-NADH (0, 160, 320, 480, 800 µM), por 20
minutos a 37 °C. Imediatamente após a incubação, alíquotas do preperado
mitocondrial pré-incubada com β-NADH foram adicionadas no meio reacional,
contento o MMA, na proporcão de 1 mM de sucinato/5 mM de MMA, iniciando a
reação.
A concentração de β-NADH foi escolhida a partir de uma curva de
concentração, onde foi determinado que a concentração de 160 µM de β-NADH não
apresentava efeito per se.
4.8. Análise estatística
Os dados foram avaliados por análise de variância de uma ou duas vias
(ANOVA), dependendo do desenho experimental utilizado. O teste de comparação
múltipla utilizado foi o teste de Tukey.
43
5 RESULTADOS
Resultados
44
5. RESULTADOS
5.1 Determinação do efeito do MMA sobre a atividade da SDH
A atividade da SDH em enriquecido mitocondrial de córtex de ratos foi
determinada na presença de MMA (0; 2,5; 5,0 e 10 mM), e 1,0 mM de sucinato. A
análise estatística mostrou que o MMA inibiu a atividade da SDH [F(3,12)=12.06,
p=0.001], de maneira dose-dependente (r=0.98). As diferenças entre as médias dos
vários grupos foram analisadas por ANOVA seguida pelo teste Tukey (Figura 6).
Fig. 6. Efeito do ácido metilmalônico sobre a atividade da sucinato desidrogenase em córtex cerebral
de ratos. Valores representam a média ± E.P. de n= 4 experimentos realizados em triplicata. A
atividade da SDH foi medida na presença e ausência de MMA. *Indica diferença significativa em
relação ao grupo controle, P = <0.05, “pos-hoc” teste de Tukey.
Resultados
45
5.2 Determinação da concentração de β-NADH sem efeito sobre o meio
reacional
Na Figura 7 pode-se observar o efeito da pré-incubação com β-NADH (160-
800 µM), sobre a atividade da SDH. A concentração escolhida, a qual não
apresentou efeito per se, foi de 160 µM de β-NADH [F(4,13)=5,319, p=0,009]. As
diferenças entre as médias dos vários grupos foram analisadas por ANOVA
seguidas pelo teste Tukey.
Fig. 7. Efeito da pré-incubação do β-NADH sobre a atividade da SDH em córtes cerebral de ratos.
Dados representam a media ± E.P. de n= 4 experimentos (animais) realizados em triplicata.*P < 0,05
comparado com o grupo controle incubado sem β-NADH, post-hoc teste de Tukey.
Resultados
46
5.3 Efeito da pré-incubação de β-NADH sobre a inibição da SDH por MMA
Após a escolha da concentração de β-NADH sem efeito per se, verificou-se o
efeito da pré–incubação com (160µM de β-NADH) sobre a inibição da SDH por
MMA. A análise estatística (ANOVA com medidas repetidas) mostrou que a pré-
incubação de 160 µM de β-NADH protegeu a SDH da inibição por 5,0 mM de MMA
[interação significativa: pré-incubação (ausência ou presença de 160µM β-NADH) x
inibidor (ausência ou presença de 5 mM de MMA) F(3,20)=9,42, p=0,028] (Figura 8).
Fig. 8. Efeito da pré-incubação com 160
µM de β-NADH sobre a atividade da SDH e sua inibição
por 5 mM de MMA. Os dados representam a média ± E.P. de n = 6, experimentos realizados em
triplicata * P < 0,05 comparando o grupo controle com os outros grupos (Controle-β-NADH e β-
NADH-MMA), ANOVA (para medidas repetidas).
Resultados
47
5.4. Estudo dos parâmetros cinéticos da reação entre SDH e MMA na ausência
e presença de β-NADH
5.4.1. Determinação do K
m
e V
máx
da SDH pré incubada ou não com β-NADH
Tendo sido observado que a pré incubação de enzima com 160 µM de β-
NADH protege a enzima da inibição pelo MMA, determinamos os parâmetros
cinéticos (K
m
e V
máx
) da enzima pré-incubada com e sem β-NADH.
Na determinação do K
m
foram utilizadas as seguintes concentrações de
sucinato: 0,05; 0,075; 0,1; 0,15; 0,2; 0,3; 0,5; 1,0 e 2,0 mM. Os resultados foram
obtidos com a média de três diferentes ensaios, todos em triplicata.
O gráfico do duplo recíproco, Lineweaver-Burke (Figura 9), foi utilizado para
estimar o K
m
e a V
máx
da reação. Sendo que a K
m
para SDH do córtex de ratos,
incubada com 160 µM de β-NADH foi de 0,216 nmol INT, diferente da K
m
da
enzima incubada sem β-NADH, K
m
= 0,272 INT, [T(2)=10,375; p=0,009]. A V
máx
=
4,72 ± 0,28 x 10
-8
mol INT/ mg proteína/minuto, foi igual em ambos os tratamentos
[T(2)=-1,0; p=0,423].
Resultados
48
Fig. 9. Determinação do K
m
e V
máx
da SDH de córtex cerebral de ratos, pré-incubada na ausência e
presença de 160 µM de β-NADH. Representação gráfica de Lineweaver-Burk. Grupo controle
(ausência de β-NADH ): K
m
= 0,272 nmol INT, grupo pré-incubado com β-NADH, K
m
= 0,216 nmol
INT. V
máx
= 4,72 ± 0,28 x 10
-8
INT/mg/min. Figura gráfica representativa de um experimento isolado.
Resultados
49
5.4.2. Determinação da constante de inibição (K
i
) do MMA para a SDH pré-
incubada com ou sem β-NADH
Para esclarecer ausência de inibição da SDH pré-incubada com β-NADH,
determinamos o K
i
do MMA para a SDH em ambas as situações, pré-incubada na
ausência e/ou presença de 160 µM de β-NADH. Para isso, foi realizada uma curva
de substrato (0,05; 0,075; 0,1; 0,133; 0,2 e 1 mM) na presença das seguintes
concentrações do ácido: 0, 1, 3, 6 e 10 mM. Todos os experimentos foram
realizados em triplicata.
Conforme a representação gráfica K
m
ap vs [MMA], para a enzima pré-
incubada com β-NADH o K
i
foi calculado como sendo 20,05 mM, diferentemente da
enzima pré-incubada sem β-NADH, que apresentou um K
i
=11,60 mM;
[T(2)=20,05;p=0,003] (Figura 10). Valores semelhantes aos valores de K
i
obtidos
através do cálculo pelo método gráfico de Dixon (Dixon e Webb, 1964), (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores de k
i
obtidos através de diferentes gráficos
Gráfico
Ki (enzima sem NADH)
Ki (enzima com NADH)
1/V vs [MMA] - Dixon
12,20 mM 23,88 mM
K
m
ap vs [MMA]
11,60 mM 20,05 mM
Resultados
50
Fig. 10. Determinação do K
i
: análise do plot Km
ap
vs [MMA], o intercepto do eixo do x representa -K
i
.
Para o grupo controle, enzima pré-incubada sem β-NADH, K
i
= 11,60 mM, enquanto que para a
enzima pré-incubada com β-NADH, K
i
= 20,05 mM. Figura gráfica representativa de um experimento
isolado.
51
Fig. 11– Determinação do K
i
do MMA para SDH pré imcubado na presença de β-NADH (A) e na
ausência de β-NADH (B) – Segundo método gráfico de Dixon. Figuras representativas de um
experimento isolado.
52
6 DISCUSSÃO
Discussão
53
6. DISCUSSÃO
O efeito de análogos do sucinato, como o malonato e o metilmalonato, sobre
a atividade da SDH vem sendo investigado por muitos autores vários anos. Tem
sido mostrado que o MMA inibe competitivamente a SDH de várias estruturas
cerebrais como: hipocampo, estriado e córtex cerebral. Contudo, um grupo, de forma
isolada, descreveu que o MMA não inibe diretamente a SDH em frações
submitocondriais de coração (Kolker et al., 2003). Os mesmos autores, neste
mesmo estudo, sugeriram que o MMA não inibia a sucinato desidrogenase de
fibroblastos de camundongo, em um experimento com um “n” reduzido, que beirou a
significância estatística. A principal conclusão do estudo de Kolker et al (2003) é que
o MMA não inibe a SDH de coração bovino e, por esta razão, não seria neurotóxico.
Os dados apresentados no presente estudo reforçam os estudos prévios que
mostraram que o MMA inibe a SDH competitivamente em enriquecido mitocondrial
de córtex de ratos (Figura 6), confirmando os resultados descritos por Marisco et al.,
(2003); Fleck et al., (2004); Brusque et al., (2002); McLaughlin et al., (1998); Wajner
et al., (1992); Toyoshima et al., (1995); Dutra et al., (1993); Petenuzzo et al., (2006).
Contudo, dada a importância do veículo no qual os dados de Kolker e
colaboradores foram publicados, e a recente publicação do grupo do Dr. Moacir
Wajner (Petenuzzo et al., 2006), segundo a qual a SDH de coração é insensível ao
MMA, cabe uma discussão um pouco mais detalhada sobre a divergência de nossos
dados com os dados do grupo alemão. A partir de uma análise crítica e detalhada
dos estudos publicados por Kolker e colaboradores citamos como causa provável de
tal divergência os seguintes fatores: a) origem do tecido estudado: os resultados
54
obtidos nos ensaios com coração bovino e homogeneizado de músculo de rato não
podem ser aplicados a outros tecidos, e muito menos podem servir de evidência de
mecanismo neurotóxico do MMA. De fato, Pettenuzzo et al. (2006) mostraram que a
atividade da SDH, bem como sua inibição por MMA, são característicos aos
diferentes tecidos estudados (Pettenuzzo et al., 2006); b) A concentração de
substrato utilizada foi inadequada. Tratando-se de um mecanismo de inibição
competitiva, a concentração alta de sucinato (> 10 mM) prejudicou a observação da
inibição da SDH por MMA. Conforme Dutra et al (1993), concentrações baixas de
substrato (1 mM) são requeridas para mostrar que o MMA (2,5 mM) inibe a
atividade da SDH em cérebros e fígado de ratos, e esta inibição é reversível por
adição de 5 a 16 mM de substrato (Brusque et al., 2002), respectivamente; c) A
concentração de inibidor foi inadequada. Para mostrar que o MMA não inibe SDH,
em homogeneizado de músculo esquelético de ratos, Kolker e colaboradores
usaram uma concentração baixa de MMA (1 mM); d) Os métodos estatísticos
utilizados foram inadequados (teste T para amostras não-pareadas). Uma vez que o
mesmo homogeneizado de músculo esquelético de ratos foi incubado na presença e
ausência de inibidor, a medida da atividade enzimática nestas condições é
dependente entre os grupos. Portanto, deveria ter sido utilizado o teste T para
amostras pareadas. O tratamento de variáveis dependentes como independentes
diminui o poder de prova do teste estatístico, aumentando a probabilidade de ocorrer
um erro tipo II (não encontrar uma diferença estatística onde ela de fato existe).
Esses fatores foram decisivos para que o grupo alemão chegasse à
conclusão equivocada de que o MMA não inibe a SDH em fibroblastos e não exerce
efeito neurotóxico direto. Na verdade, a partir dos dados publicados por Kolker, só se
55
pode afirmar que em partículas submitocondriais de coração bovino o MMA não
inibe o complexo II.
Contudo, havia um dado de nosso grupo que sugeria que a inibição da SDH
por MMA em enriquecido mitocondrial de estriado de ratos era dependente da
presença de fenazina no meio de incubação (Marisco et al., 2003). De fato, na
ausência de fenazina o malonato inibia claramente a SDH, mas o MMA, em
nenhuma das concentrações testadas, foi capaz de inibir a redução do DCPIP. Este
dado (reproduzido, de certa forma pelo grupo alemão) foi interpretado como um
“artefato” de medida da atividade enzimática. Nós, por outro lado, o interpretamos
como uma suscetibilidade diferencial conferida pela fenazina ao complexo II ao
MMA, de maneira análoga aos estudos pioneiros de Gutman na década de 70, que
mostraram que a inibição da SDH por oxalacetato dependia do estado de oxidação
do grupo prostético da SDH (Gutman, 1975). De acordo com Gutman, a oxidação do
FAD deixava a enzima mais suscetível à inibição (competitiva) por oxalacetato.
Assim, nós resolvemos investigar se a modificação do estado redox da SDH poderia
modificar a sensibilidade da SDH ao inibidor competitivo metilmalonato.
Para mostrar o efeito do MMA sobre a SDH, utilizamos a técnica da redução
do 2-[4-iodofenil]-3-[4nitrofenil]-5-feniltetrazólio (INT) como aceptor final de elétrons.
Esta técnica que apresenta a vantagem de não usar intermediários como a PMS,
sendo os elétrons entregues diretamente ao reagente de cor, e se pode parar a
reação quando desejado.
Tem sido descrito que o processo de fracionamento e isolamento das frações
mitocondriais altera a razão NAD+/NADH, e conseqüentemente, o estado redox do
meio tecidual, modificando, assim, a proporção de substratos oxidantes e redutores
56
disponíveis as reações enzimáticas (Willianson 1967). Para determinar se a
disponibilidade maior de um agente redutor modificaria a atividade da SDH e/ou
sua inibição por MMA, reduzimos o meio enzimático pela adição de β-NADH. Desta
forma, estaríamos induzindo a redução do FAD antes da incubação com o substrato,
e poderíamos avaliar se a pré-incubação com o agente redutor modificaria a
suscetibilidade da SDH ao MMA. Contudo, havia relatos na literatura que indicavam
que o β-NADH poderia reduzir o reagente de cor (INT) diretamente (Smith and
McFeters, 1997; Uppu, 1995; Whitaker, 1968). Para afastar essa possibilidade,
realizamos uma curva de concentração de β-NADH sobre a atividade da SDH. A
concentração de 160 µM de β-NADH foi escolhida por ser a menor sem efeito per se
(figura 7), ou seja, que fosse incapaz de modificar a atividade da SDH.
Ainda, para nos certificar de que o haveria qualquer tipo de interação entre
β-NADH e o INT realizamos a determinação da V
max
e do K
m
(Lineweaver-Burk)
para a enzima pré-incubada na presença e na ausência de 160 µM de β-NADH
(figura 9). A enzima pré-incubada com β-NADH apresentou menor valor de K
m
=
0,216 nmol/L INT do que a enzima pré-incubada sem β-NADH, K
m
=0,272 nmol /L
INT, enquanto que a V
máx
foi igual para ambas as condições de pré-incubação..
A redução do valor de K
m
para a enzima pré-incubada com β-NADH, sugere
que o nucleotídeo reduzido aumenta a afinidade entre a enzima e o substrato. Por
outro lado, a determinação de valores idênticos de V
max
para as duas condições
comprova que o β-NADH, nesta concentração, o é capaz de promover a redução
direta do INT. Esses resultados cinéticos nos asseguram que usamos uma
concentração de β-NADH sem efeito “per se” no ensaio.
57
A seguir, testamos a influência do β-NADH sobre a inibição da SDH por 5
mM de MMA. Neste ensaio verificamos que pré-incubação com β-NADH não
alterou a atividade da SDH, mas preveniu a inibição induzida por MMA (figura 8).
Para esclarecer o mecanismo envolvido na diminuição da sensibilidade da
SDH à inibição por MMA na presença do nucleotídeo, determinamos a constante de
inibição (K
i
) do MMA para a SDH, na presença e ausência de β-NADH. O valor de
K
i
para MMA da enzima pré-incubada com β-NADH (K
i
= 20,05 nmol) foi maior do
que o determinado no grupo controle (K
i
=11,60 nmol) (figuras 10, 11A e B). O
aumento do valor determinado de K
i
mostra que a pré-incubaçao com β-NADH
diminui sensibilidade da SDH à inibição por MMA.
Em suma, nossos resultados sugerem que a pré-incubaçao com um agente
redutor (β-NADH) aumenta a afinidade entre a SDH e o substrato, e diminui a
sensibilidade da enzima a inibição por MMA, provavelmente por alterar a
conformação da enzima. Estes dados também sugerem que a inibição da SDH por
MMA pode ser precipitada por situações de estresse metabólico (e oxidativo), nos
quais há uma diminuição na proporção de equivalentes reduzidos em relação aos
oxidados. Estes dados, de certa forma, podem explicar a maior suscetibilidade dos
pacientes metilmalônicacidêmicos a desenvolver crises de acidose metabólica
quando lhes é infringido um estresse metabólico, como uma infecção viral, por
exemplo. Nestes casos a SDH se tornaria mais sucetível à inibição por MMA, que
se encontra geralmente aumentado nestes pacientes, propiciando uma inibição
metabólica (ao nível do Ciclo de Krebs) e as conseqüências neurológicas que a
inibição do complexo II acarreta, como morte celular e convulsões.
58
7 CONCLUSÕES
Conclusões
59
7. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que:
A atividade da SDH , em córtex de ratos, é inibida de maneira dose-dependente
por ácido metilmalônico.
A Atividade da SDH não é alterada pela presença de 160 µM de β-NADH.
A redução do meio reacional, e conseqüentemente da enzima, promove a
proteção da SDH à inibição por MMA.
A pré-incubação da enzima com β-NADH aumenta a afinidade (K
m
) da enzima
pelo substrato, e não altera o valor da V
max
.
A pré-incubação da enzima com β-NADH, aumenta o valor de K
i
do MMA para
a SDH.
60
8 REFERÊNCIAS
Referências
61
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.; HEALES, S. J. R.; BOLAÑOS, J. P. et al. Glutamate neurotoxicity is
associated with nitric oxide-mediated mitochondrial dysfunction and glutathiona
depletion. Brain Research, v.790, p. 209-216, 1998.
ARMSTRONG, D. L. Calcium channel regulation by calcineurin, a Ca
2+
-activated
phosphatase in mammalian brain. Trends in Neurosciences, v.12, p.117-122,
1989.
ASTUTI, D.; LATIF, F.; DALLOL, A. et al. American Journal of Human Genetic, v.
69, p. 49-54, 2001
BAYSAL, B. E., RUBINSTEIN, W. S.; TASCHNER, P. E.M. phenotype dichotomy in
mitochondrial complex II genetic disorders. Journal Molecular Medicine, v. 79,
p. 495-503, 2001.
BECKMAN, J. S.; BECKMAN, T. W.; CHEN, J. et al. Apparent radical hidroxy radical
production by peroxynitrite: implications for endothelial injury from nitric oxid on
superoxide. Proceedings of The National Academy of Sciences USA, v. 87,
p. 1621-1624, 1990.
BEHRENS, M. I.; KOH, J.; CANZIONERO, L. M. T. et al. 3-Nitropropionic acid
induces apoptosis in cultured striatal and cortical neurons. NeuroReport, v. 6,
p. 545-548, 1995.
BENSON, P. F. & FENSON, S. H. Genetic biochemical disorders. Oxford University
Press, Oxford, 1985.
BOURGERON, T.; RUSTIN, P.; CHRETIEN, D. et al. Mutation of nuclear succinate
dehydrogenase gene results in mitochondrial respiratory chain deficiency.
Nature Genetic, v. 11, p. 144-149, 1995
Referências
62
BRADFORD, M. A rapid end sensitive method for the quantification of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Annalytical
Biochemistry, v. 72, p. 248-254, 1977.
BRIÈRE, J. J.; RUSTIN, P.; FAVIER, J. et al. Succinate dehydrogenase deficiency in
human. Cellular and molecular Life Sciences, v. 62, p. 2317-2324, 2005.
BRISMAR, J. & OZAND, P. T. CT and MR of the brain in the diagnosi of organic
acidmias. Experience from 107 patients. Brain and Development, v. 16, p.
104-124, 1994.
BRORSON, J. R.; MARCUCCILLI, C. J.; MILLER, R. J. Delayed antagonism of
calpain reduces excitotoxicity in cultured neurons. Stroke, v. 26, p. 1259-1267,
1995.
BROUILLET, E.; HENSHAW , D. R.; SCHULZ, J. B. et al. Aminooxyacetic acid
striatal lesions attenuated by 1,3-butanedial and coenzyme-Q10. Neuroscience
Letters, v. 177, p. 58-62, 1994.
BRUSQUE, A.M.; BORBA ROSA, R.; SCHUCK, P. F.; et al. Inibition of the
mitochondrial respiratory chain complex activities in rat cerebral cortex by
methylmalonic acid. Neurochemistry International, v. 40, p. 593-601, 2002.
BUCHAMAN, D. N.; THOENE, H.J.G. Volatile organic acid profiling in physiological
fluids using gas chromatography/mass spectrometry In: Hommes F.,
Techniques in diagnostic human biochemical genetics, ed. New York,
Wiley-Liss Inc., 1991.
BURNS, L. H. Selective putaminal excitatoxic lesions in non-human primates model
the movement disorder of Huntington disease. Neuroscience, v. 64, p. 1007-
1017, 1995.
Referências
63
BURNS, S.P.; ILES, R.A.; SAUDUBRAY, J.M.; CHALMERS, R.A. Propionylcarnitine
excretion is not affect by metronidazole administration to patients with disorders
os propionate metabolism. European Journal of Pediatric, v. 155, p. 31-35,
1996
CARAKUSHANSKI, G. Investigação Laboratorial de Erros Inatos do Metabolismo,
em: Doenças Genéticas em Pediatria. Ed Univ. Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 1998.
COELHO, J. C.; WAJNER, M.; BURIN, M. G. et al. Selective screening of 10,000
high-risk Brazilian patients for the detection of inborn errors of metabolism,
European Journal of Pediatric, v. 156980, p. 650-654, 1997
CHALMERS, R. A.; PURKISS, P.; WATTAS, R. W. et al. Screening for organic
acidúrias and aminoacidopathies in newborns and children. Journal Inherited
Metabolic Disease, v. 3, p. 27-43, 1980.
CHECCHINI, G. Function and structure of Complex II of Respiratory Chain. Annual
Review Biochemistry, v. 72, p. 77-109, 2003.
DUTRA, J. C.; DUTRA-FILHO, C.; CARDOSO, S. E. C. et al. Inhibition of succinate
dehydrogenase and beta-hydroxybutyrate dehydrigenase activities by
methylmalonate in brain and liver of developing rats. Journal Inherited
Metabolic Disease, v. 16, p. 147-153, 1993.
EFIMOV, I.; CRONIN, C. N.; McINTIRE, W.S. Effects of noncovalent and covalent
FAD binding on the redox and catalytic properties of p-cresol methylhydroxylase
FENTON, W.A., GRAVEL, R.A., ROSENBLATT, D.S., 2001. Disorders of
propionate and methylmalonate metabolism. In: Scriver CR, Beaudet AL, Sly
WS, Valle D. eds. The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease. 8th
ed. New York: McGraw-Hill, pp 2165-2193
Referências
64
FENTON, W.A.; ROSEMBERG, L.E. Disorders of propionate and methylmalonate
metabolism, in: The Metabolic Bases of Inherited Disease, ed, MacGraw-
Hill, New York, 1995.
FERNADES, J.; SAUDUBRAY, J. M.; TADA, K. eds. Organic acidemias. In: Inborn
Metabolic Diseases, 1º ed., Berlin, Springer-Verlag, 1990, p. 271-299.
FIGHERA, M. R.; BONINI, J. S.; OLIVEIRA, T. G. et al, GM1 ganglioside
attenuates convulsions and thiobarbituric acid reactive substances production
induced by intrastriatal injection of methylmalonic acid. International Journal
Biochemistry Cellular Biological, v. 35, p. 465-473, 2003.
FIGHERA, M. R.; QUEIROZ, C. M.; STRACKE, M. P. et al. Ascorbic acid and α-
tocopherol attenuate methylmalonic acid-induced convulsions. NeuroReport,
v. 10, p. 2039-2043, 1999.
FLECK, J.; RIBEIRO, M.C.P.; SCHNEIDER, M.C. et. al. Intrastriatal malonate
administration induces convulsive behavior in rats. Journal Inherited
Metabolic Disease, v. 27, p. 211-219, 2004.
FONTELA, F.U.; PULROLNIK, V.; GASSEN, E., et. al. Propionic acid and L-
methylmalonic acids induce oxidative stress in brain of young rats.
NeuroReport, v. 11, p. 541-544, 2000.
GIUGLIANI, R. Erros inatos do metabolismo: uma visão panorâmica. Pediatria
Moderna, v. 23 (01), p. 29-40, 1988.
GOODMAN, S. I.; & FRERMAN, F. E. Organic acidemias due to defects in lysine
oxidation: 2-ketoadipic acidemia and glutaric acidemia. In: Scriver C. R.;
Beaudet, A. L.; Valle, D. eds; Childs, B.; Kinzler, K. W.; Vogelstein, B. assoc.
eds. The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease, 8
th
edn. New
York: McGraw-Hill, 2195-2204, 2001.
Referências
65
GREEN, J. D.; NARAHARA, H. T.; Assay of succinate dehydrogenase activity by
tetrazolium method: evaluation of an improved technique in skeletal muscle
fractions. The Journal of Histochemistry and Cytochemistry, v. 28, p. 408-
412, 1980.
GUTMAN, M.; SILMAN, N.; The steady state activity of succinate dehydrogenase
in the presence of opposing effectors. Molecular and Cellular Biochemistry,
v. 7, p. 51-58, 1975.
HARRIS, M. E.; CARNEY, J. M.; COLE, P. S. et al. β-amyloid peptide-derived,
oxygen-dependent free radicals inhibit glutamate uptake in cultured astrocytes:
implications for Alzheimers disease. NeuroReport, v. 6, p. 1875-1879, 1995.
HAYASAKA, K.; METOKI, K.; SATOH, T.; NARISAWA, K.; TADA, K.; KAWAKAMI,
T.; MATSUO, N.; AOKI, T. Comparison of cytosolic and mitochondrial enzyme
alterations in the liver of propionic or methylmalonic acidemia: a reduction of
cytochrome oxidase activity. Tokoku Journal of Experimental Medicine, v.
137, p. 329-34, 1982.
HOFFMANN, G. Organic Acid Analys´s. In: Blau N.; Duran M.; Blaskovics, m. E.
Physician´s Guide to the Laboratory Diagnosis of Metabolic Disease,
ed. London, Chapman and Hall. 1996.
HOFFMANN, G.F.; MEIER-AUGENSTEIN, W.; STOCKER, S.; SURTEES, R.:
RATING, D.; NYHAN, W.L. Physiology and pathophysiology of organic acids in
cerebrospinal fluids. Journal Inherited Metabolic Disease, v. 16, p. 648-666,
1993.
ISHII, N.; FUJII, M.; HARTMAN, P.S. et al. A mutation in succinate dehydrogenase
citochrom b causes oxidative stress and againg in nematodes. Nature, v. 394,
p. 694-97, 1998.
Referências
66
JENNER, P. Oxidative damage in neurodegenerative disease. Lancet, v. 344, p.
796-798, 1994.
JENNER, P.; OLANOW, C. W. Oxidative stress and the pathogenesis of Parkinson's
disease, Neurology, v. 47, p. 161-170, 1996.
KEARNEY, E. B.; ACKREEL, B. A. C.; MAYR, M. Et al. Activation of succinate
dehydrogenase by anions and pH. Journal of Biological Chemistry, v. 249
(7), p. 2016-2020, 1974.
KOLKER, S.; SCHWAB, M.; HORSTER, F.; et al. Methylmalonic acid, a
biochemistry hallmark of methylmalonic acidurias but no inhibitor of
mitochondrial respiratory chain. Journal of Biological Chemistry, v. 278, p.
47388-47393, 2003.
KOWALTOWSKI, A. J.; CASTILHO, R. F.; MACIEL, E. N. et al. Diazoxide protects
against methylmalonate-induced neuronal toxicity. Experimental Neurology, v.
201, p.165-171, 2006.
LEONARD, J. V.; WALTER, J. H.; McKIERNAN, P. J. The management of organic
acidemias: The role of transplantation. Journal Inherited Metabolic Disease,
v. 25, p. 309-311, 2001.
LIOCHEV, S.L. The role of iron-sulfur clusters in in vitro hydroxyl radical production.
Free Radicals Research, v. 25, p. 369-384, 1996
LIPTON, S. A. & ROSEMBERG, P. A. Excitatory amino acids as a final cammon
pathway for neurologic disorders. New England Journal of Medicine, v. 330,
p. 613-622, 1994.
LUDOLPH, A. C.; RIEPE, M.; ULLRICH, K. Excitotoxicity energy metabolism and
neurodegeneration. Journal Inherited Metabolic Disease, v.16, p. 716-723,
1993.
Referências
67
MAKLASHIMA, E.; ROTHERY, R. A.; WEINER, J. H. et al. Retention of heme in axial
ligand mutants of succinate ubiquinone oxidoredutase (complex II) E. coli
Journal of Biological Chemistry, v. 272, p. 18968-76, 2001.
MALD, J. E. & BURGESSER, K. Adenosine triphosphate depletion reverse sodium-
dependent, neuronal uptake of glutamate in rat hippocampal slices. The
Journal of Neuroscience, v. 13, p. 4429-4444, 1993.
MALFATTI, C.R.M.; ROYES, L.F.F.; FRANCESCATO, L., et al. Intrastriatal
methylmalonic acid administration induces convulsions and TBARS
production, and alters Na
+
, K
+
-ATPase activity in the rate striatum and cerebral
cortex. Epilepsy Research, v. 44, p. 761-767, 2000.
MARISCO, P. C.; RIBEIRO, M. C. P.; BONINI, J. S. et al. Ammonia potentiates
methylmalonic acid-induced convulsions and TBARS production.
Experimental Neurologic, v. 182, p. 455-460, 2003.
McDONALD, J. W. & SCHOEPP, D. D. Aminooxyacetic acid produces excitotoxic
brain injury in neonatal rats. Brain Research, v. 624, p. 239-244, 1993.
McLAUGHLING, B. A.; NELSON, D.; SILVER, I. et al. Methylmalonate toxicity in
primary neuronal cultures. Neuroscience, v. 86, p. 279-290, 1998.
McNAUGHT, K. S. P,; ALTOMARE, C.; CELLAMARES, S. et al. Inhibition of α-
Ketoglutarate deydrogenase by isoquinoline derivates structurally related to 1-
methyl-4phenyl-1,2,3,6-tetrahydropyridine. NeuroReport, v. 6, p. 1105-1108,
1995.
MELLO, C. F.; BEGNINI, J.; JIMENEZ-BERNAL et al,; Intrastriatal methylmalonic
acid administration induces rotational behavior and convulsions through
glutamatergic mechanisms. Brain Research, v. 721, p. 120-125, 1996.
Referências
68
NATHANSON, J. A.; SCAVONE, C.; SCANZON, C. et al. The cellular sodium pump
as a site of action for carbon monoxide and glutamate: a mechanism for log-
term modulation of cellular activity. Neuron, v. 14, p. 781-794, 1995.
OBERHOLZER, V.C.; LEVIN, B; BURGESS, E.A; YOUNG, W.F. Methylmalonic
aciduria. An inborn error of metabolism leading to chronic metabolic acidosis.
Archives of Disease in Childhood, v. 42, p. 492-504, 1967
OGIER, H. & SAUDUBRAY, J.M.; Branched-chain organic acidúrias. Seminars in
Neonatology. v. 7, p. 65-74, 2002.
PAVLAKOVIC, G.; EYER, C. L.; ISON, G. E. Neuroprotective effects of PKC
inhibition against chemical hypoxia. Brain Research, v. 676, p. 205-211, 1995.
PERRY, T. L.; GODIN, D. V. HANSEN, Parkinson's disease: a disorder due to nigral
glutathione deficiency? Neuroscience Letters, v. 33 (3), p. 305-310, 1982.
PETTENUZZO, L. F.; FERREIRA, G. C.; SCHIMIDT, A. L.; DUTRA-FILHO, C. S.;
WYSE, A. T.S.; WAJNER, M. Differential inhibitory effects of methylmalonic acid
on respiratory chain complex activities in rats tissues. International Journal of
Developmental Neuroscience, v. 24, p. 45-52, 2006.
PLAITAKIS, A. & CONSTANTAKAKIS, E. Altered metabolism of excitatory amino
acids, N-acetyl-aspartate and N-acetyl-glutamate in amyotrophic lateral
sclerosis. Brain Research, v. 30, p. 301-306, 1993
ROTHMAN, S. M. Excitotoxins: possible mechanism of action. Annals of the New
York Academy of sciences, v. 648, p.132-139, 1992.
ROYES, L.F.F., FIGHERA, M.R., FURIAN, A.F. et al. Creatine protects against the
convulsive behavior and lactate production elicited by the intrastriatal injection
of methylmalonate. Neuroscience, v. 118, p. 1079-1090, 2003.
Referências
69
ROYES, L.F.F., FIGHERA, M.R., FURIAN, A.F., et al. Involvement of NO in the
convulsive behavior and oxidative damage induced by the intrastriatal injection
of methylmalonate. Neuroscience Letters, v. 376 (2), p. 116-120, 2005.
RUSTIN, P.; ROTIG, A. Inborn errors of complex II usual human mitochondrial
disease. Biochimica Biophysica Acta, v. 1553, p. 117-122, 2002
SCRIVER, C.R., BEAUDET, A.L., SLY, W.S., VALLE, D. (eds). The Metabolic and
Molecular Bases of Inherited Disease, 8th Ed., McGraw- Hill, New York.
2001.
SCHUCK, P.F., ROSA, R.B., PETTENUZZO, L.F., SITTA. A, WANNMACHER, C.M.,
WYSE, A.T., WAJNER, M. Inhibition of mitochondrial creatine kinase activity
from rat cerebral cortex by methylmalonic acid. Neurochemistry International,
v. 45 (5), p. 661-667, 2004.
SENNO-MATSUDA, N.; YASUDA, K.; TSUDA, M. et al. A defect in the cytochrome b
large subunit in complex II causes both superoxide anion overproduction and
abnormal energy metabolism in Caenorhabditis elegans. Journal of Biological
Chemistry, v. 276, p. 41553-58, 2001.
SIESJO, B. K., Cell damage in the brain: a speculative synthesis. Journal of
Cerebral Blood Flow and Metabolism, v. 1(2), p. 155-177, 1981.
SMITH, J. J.; MCFETERS, G. A., Effects of substrates and phosphate on INT (2-(4-
iodophenyl)-3-(4-nitrophenyl)-5-phenyl tetrazolium chloride) and CTC (5-cyano-
2,3-ditolyl tetrazolium chloride) reduction in Escherichia coli. Journal Applied
Bacteriology, v. 80, p. 209-215, 1996.
SNYDER, S. H. & BREDT, D. S. Biological roles of nitric oxide. Scientific American,
p. 28-35, 1992.
Referências
70
SWANSON, R.A.; FARREL, K.; SIMON R.P. Acidose causes failure of astrocyte
glutamate uptake during hypoxia. Journal of Cerebral Blood Flow and
Metabolism, v. 15, p. 417-424, 1995.
TOYOSHIMA, S.; WATANABE, F.; SAIDO, H. et al. Methylmalonic acids inhibits
respiration in rat liver mitochondria. Journal Nutrition, v. 125, p. 2846-2850,
1995
TREACY, E; ARBOUR, L; CHESSEX, P.; GRAHAN, G.; KASPRZAK, L.; CASEY, K.;
BELL, L.; MANER, O.; SCRIVER, C. R. glutatione deficiency as a complication
of methylmalonic acidemia: Response to high doses of ascorbato. The Journal
of Pediatrics, v. 129 (3), p. 445-447, 1996.
UMEMURA, A.; MABE, H.; NAGAI, H. A phospholipase C inhibitor ameliorates
postischemic neuronal damage in rats. Stroke, v.23, p. 1163-1166, 1992.
UPPU, R. M. Novel kinetics in biomimetic redox reaction involving NADH and
tetrazolium salts in aqueous micellar solutions. Journal of Inorganic
Biochemistry, v. 58, p. 193-207, 1995.
WAJNER, M.; LATINI, A.; WYSE, A.T.S.; DUTRA-FILHO, C.S. The role of oxidadtive
damage in the neuropathology of organic acidurias: Insights from animal
studies. Journal of Inherited Metabolic Disease, v. 27, p. 427-448, 2004.
WAJNER, M.; DUTRA, J. C.; CARDOSO, S. E. et al. Effect of methylmalonate on in
vitro lactate release and carbon dioxide production by brain of suckling rats.
Journal of Inherited Metabolic Disease, v. 15, p. 92-96, 1992.
WAJNER, M.; RAYMOND, K.; BARSCHAK, A. et al. Detection of organic acidemias
in Brazil, Archives of Medical Research,v. 33(6), p. 581-585, 2002
Referências
71
WANNMACHER, C. M. D.; WAJNER, M.; GIUGLIANI, R. et al. Detection of
metabolic disorders among ligh risk patients. Revista Brasileira de Genética,
v..5, p.187-194, 1982.
WHITAKER, J. F. Ageneral colorimetric procedure for the estimation of enzymes
which are linked to the NADH/NAD+ system. Clinical Chimistry Acta, v. 25, p.
23-37, 1968.
WILLIAMSON, D.H.; LUND, P.; KREBS, H. A. The redox state of free nicotinamide-
adenine dinucleotide in the cytoplasm and mitochondria of rat liver.
Biochemistry Journal, v. 103, p. 514-527. 1967
WYSE, A.T.S.; STRECK, E.L.; BRUSQUE, A.M. et al. Methylmalonic administration
decreases Na
+
, K
+
-ATPase activity in cerebral cortex of rats. NeuroReport, v.
11, p. 2331-2334, 2000.
YANKOVSKAYA, V., HORSEFIELD, R., TORNROTH, S., LUNA-CHAVEZ, C.,
MIYOSHI, H., LEGER, C., BYRNE, B., CECCHINI, G., AND IWATA, S.
Architecture of succinate dehydrogenase and reactive oxygen species
generation, Science, v. 299, p. 700–70, 2003
ZEEVALK, G. D.; DERR-YELLIN, E.; NICKLAS, W. J. et al. NMDA receptor
involvement in toxicity to dopamine neurons in vitro caused by the succinate
dehydrogenase inhibitor 3-nitropropionic acid. Journal of Neurochemistry, v.
64, p. 455-458, 1995.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo