![](bg18.jpg)
capitania para com as fontes de água
10
. Tal levantamento documental corroboram com a
colocação de Reis, citada acima, sobre a crescente atenção dos núcleos urbanos para com as
fontes d’água.
Através da análise dos mapas acima, percebe-se que a formação urbana de João Pessoa
atende a um traçado linear, racional. Em seus cruzamentos as ruas formam ângulos de 90°, ou
seja, com uma disposição ortogonal.
(...) seguindo as diretrizes das cidades novas derivadas dos planos renascentistas,
embora com as adaptações necessárias e decorrentes da implantação em suas origens
da praça principal, deslocada para o lado do rio, onde se situam a Matriz de N. Sa.
das Neves e a Casa de Câmara e Cadeia c/ açougue. (...) Na verdade, o aspecto
regular desse primeiro núcleo tem passado desapercebido, porquanto a cidade é vista
em conjunto com as ampliações que ocorreram depois, ao se estender para a direção
do varadouro e do parque Solon de Lucena, ampliações irregulares, no traçado, (...).
(MENEZES, 1985, p. 13-14).
Reis (2000), ao tratar da cidade de João Pessoa como um centro menor, portanto
irregular e em terreno acidentado, faz uma generalização que termina por distorcer a realidade
local. No mapa abaixo podemos perceber claramente que as primeiras ruas (destacadas em
vermelho) da cidade possuem um traçado claramente ortogonal, enquanto que o traçado só
começa a ficar irregular a partir do século XVII com a abertura de novas ruas. Apesar da
cidade de João Pessoa ter sido fundada durante a União Ibérica
11
, durante este período “as
autoridades portuguesas foram conservadas na colônia” (HOLANDA, 1985, p. 180.), a idéia
era tratar Portugal como uma terra da coroa espanhola e não como um país dominado. A
noção de ordenamento já vinha presente na colonização brasileira antes da União Ibérica, em
cidades como Rio de Janeiro e Salvador. Segundo Gasparini (s/d, p. 6):
O traçado de Salvador, na Bahia, fundada em 1549, se adapta à plataforma na qual
está assentada, com um critério de ordenamento evidente, nas ruas retilíneas, que,
mesmo não apresentando o obsessivo parcelamento em tabuleiro de damas
quadriculado, como nas cidades hispano-americanas, revela a preocupação de
realizar as coisas com uma certa ordem, ultrapassando os inconvenientes
topográficos do lugar.
10
São eles: AHU_ACL_CU_014, Cx.10, D.791; AHU_ACL_CU_014, Cx.10, D.1060; AHU_ACL_CU_014,
Cx.10, D.1085; AHU_ACL_CU_014, Cx.10, D.1537; AHU_ACL_CU_014, Cx.10, D.2144. Apesar de
sabermos pelo resumo contido no Catálogo dos documentos manuscrtios avulsos referentes à capitania da
Paraíba, existentes no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa de que todos os documentos acima identificados
trazem alguma informação sobre fontes d’água, os dois documentos que se encontram em negrito não puderam
ser analisados. O primeiro encontra-se com boa parte do documento manchado de tinta e o segundo encontra-se
completamente apagado, o que impediu as suas respectivas transcrições.
11
Em 1580, com a morte do cardeal-rei D. Henrique, chega ao fim a dinastia de Avis. Sem descendentes diretos,
o reino português é anexado a Espanha. esta situação dura até 1640, quando há revolução restauradora que leva
ao trono de Portugal D. João, Duque de Bragança.
23